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APARECIMENTO DA CONSCIENCIA HUMANA. 1. As condigdes de aparecimento da consciéneia ‘A passagem & consciéncia é o inicio de uma etapa superior 20 desenvolvimento psiquico. O reflexo consciente, diferentemente do reflexo psiquico proprio do animal, é 0 reflexo da realidace conereta destacada das relagdes que existem entre ela € 0 sujeito, ou seja um reflexo que distingue as propriedades objetivas estiveis da realidade, Na conseigneia, a imagem da realidade nfo se confunde com a do vivido do sujeito: o reflexo é como “presente” ao sujeito. [sto significa que quando tenho consciéncia de um livro, por exemplo, ow muito simplesmente conscigncia do meu proprio pensamento a ele respeitante, 0 livro no se confunde na minha conseiéneia com o sentimento que tenho dele, tal como © pensamento deste livro nao se confunde com o sentiment que tenho dele, ‘A conscigneia humana distingue a realidade obj reflexo, 0 que leva a distinguir 0 mundo das impress8es interiores e Lorna possivel com isso o desenvolvimento da observagaio de si mesmo. © problema que se nos pde consiste cm estudar as diversas condigdes que engendram esta forma superior do psiquismo que ¢ a consciéneia humana, va do seu vet da ign Sabe-se que a hominizagao dos antepassados animais do homem se sleve ao apareciment do trabalho e, sobre esta base, ca sociedade. “O uahalho, escreve Engels, eriow 0 proprio homem**.” Ele eriow também a conseiéneéa do homem, © aparceimento © 6 desenvolvimento do trabatho, condigéo mcira € fundamental da existéneia do homem, acarretaram a trans formagdio € a hominizagao do eérehro, dos drglos de atividade externa los Orgiios dos sentidos. *Primeito o trabalho, esereve Lingels. depois dele, © a mesmo tempo que ele. a linguagem: tais sio os dois estimulos essenelais sob a influéneia dos quais o eérebro de um macaco se trans- fimo pouso a pouen num eérebro humano, que mau grado tod a 0 stupera de Longe em tamanho ¢ em perfeigiio”™ © Srgao principal da atividade do trabalho do homem, a sua mao, vis pode atingir a sua perfeigao gragas ao proprio trabalho. “sé gragas a cle, Wits at axlaplagiio @ operagdes sempre novas ... & que a mao do homem ingin este allo grau de perfeigio que pode fazer surgir o milagee dos yuadros de Rafael, as estétuas de Thorwaldsen, a missica de Paganini” .” Se se compara o volume maximo do crinio nos simios antropdides © no homem primitivo, apereebemo-nos de que o eérebro deste dltimo ultrapassa mais de duas vezes 0 dos simios mais evoluidos das espécies modertiay (1.400 contra 600 cm’), A diffrenga de tamanho entre os eérebros inais nitida se © comparamos quanto ae peso: 0 eércbro do orangotango pest 350 gramas, 0 do homem 1400 gramas. ou seja, quatro vezes mais, Além disto, a estrutura do eérebro humano € muito mais complexa ‘e mais evolutda que a do eérebro simio, No homem de Neanderthal distinguem-se ji muito nitidamente as ovas areas (ou campo) corticais, como o mastram as moldagens da superficie interna do seu erinio, Nos simios anteopoides, estas areas ostao ia imperfcitamente diferenciadas: elas atingem 0 seu pleno ‘mio c humano é ainda PL yyels, Piafeots da Nammresa Fe Sot Tt 178 ful p17 S19TS, pH desenvolvimento no homem atual, & © caso especialmente das areas designadas pelos nimeros 44, 45 © 46 (segundo a classificagio de Brodman) do lobo frontal, das freas 30 e 40 do labo parietal, das reas 4) 42 do lobo temporal (Fig. 18). ‘Vemos bem como os novos tragos especificamente humanos se refletem na esirutura do cértex cerebral quando se estuida a area de projeydo motriz (designada pelo n® 4 na figura 18). Se excitarmos cletricamente, com precaugio, diferentes pontos desta drea, podemos com Indo Beodenan) Fig. 18 Car das des cerebrais (se preciso determinar 0 lugar que ai ocupa a projegao de tal ou tal Srgio, gmagas a contragdo dos grupos musculares provecada pela excitagao, Penfield resumin estas experitneias num desenlio _esquemiitico, evidentemente convencional. que reproduzimos aqui (Fiz, 19). Realizado a uma escala definida, mostra a superficie que ocupa, relativamente, a projegdo de drgiios motores (camo a mao) ¢ sobretudo a dos Srgios da inguagem sonora (misculos da boca, da lingua, laringe) eujas fungdes estio muito. mais desenvolvidas nas condigdes da sociedade humana (trabatho, io verbal), somunie: ¥ @ Desenvolvimento do Psiguismo Os Grytos dos sentidos est4o igualmente aperfeigoados sob a influéncin do trabalho © em ligagtio com 0 desenvolyimento do cerebro Tal como os orgios da atividade exterior, também eles adquiriram tagos qialitativamemte novos. O sentido do tato tornou-se mais preciso, o olho Hnumunizado vé muito mais nas coisas do que o olho da ave mais Fig. 19,0 homem-cérebro” de Penfield Psigunson perscrutante, 0 ouvido tomou-se capaz de perceber as diferengus, ¢ as Femelhangas mais ligeiras entre os sons da linguagem articulada do homem, © desenvolvimento do cérebro ¢ dos érgaos dos senticlos contrapartida sobre o trabalho © sobre a linguagem para [hes “day sutra. impulsdes sempre novas para continuar a aperfeigaar-se™ ‘As modificagdes anatmicas ¢ fisiokigicas devidas ao trabalho acarretaram necessariamente uma transformagio ylobal do organismo, dada a interdependéncia natural dos drgdos. Assim, © aparecimento ¢ 0 desenvalvimento do trabalho, modificaram a aparéncia fisiea do homem bem como a sua organizagio anatomica e fisioldgien, Um outro elemento deveria igualmente preparar 0 aparecimento do trabalho, Com efeito, o trabalho s6 poderia nascer entre os animais que vivessem em grupo e apresentassem formas suficientemente desenvolvicl de vida em comum, mesmo se estivessem ainda bastante afastadas das formas mais primitivas da vida social humana, As experiéneias deveras interessantes de N. 1, Voltonis e de N, A. Tikh praticadas com simios da criagao de Soukhoumi testemunham o alto nivel de desenvolvimento que podem atingir as formas de vida comum entre os animals, Estas Experiéneias mostram a existéneia, nas hordas de simios, de um sistema constituido de inter-relagdes ¢ de uma hierarquia e de um sistema de comunicagiio corresponlente muito complexo. Além disso, essas pesquisas permilem convencer-nos uma vez. mais que mau grado a sua comple- Nidade, as relagdes no interior de uma hiorda de simios esto limitadas pelas suas relagdes biolégicas diretas e que jamais so determinadas pelo ‘conteiido objetivo conereto da atividade animal, Por fim, uma outra condigfo nezessiria ao aparecimento do trabalho € a existéncia cle formas muito desenvolvidas de reflexo psiquico da realicade nos representantes superiores do mundo animal. como vimos, ‘Todos estes elementos conjuntamente constituiram as condigdes prineipais que permitiram o aparesimento, no decurso da evolugao, do trabalho e da sociedade humana assente no trabalho. Praectica cla Nature=a Ka. Sociales, p. 17 “ 2 Desenvolvimento de Psiguisina ‘Que atividade & esta, especificamente humana, a que chamamos trabalho? © trabalho é um proceso que liga o homem & natureza, © proceso ake agao do homem sobre a natureza, Mary esereve: “OQ trabalho & primeiramente um alo que se passa entre o homent e a natureza. O homem desempenha ai para com a natureza o papel de uma poténcia natural. As forgas de que 0 scu corpo € dotaco, bragos ¢ pemas, eabepas © mos, cle as poe em movimento a fim de assimilar as matérias dando-Ihes uma forma {iil sua vida, Ao mesmo tempo que age por este movimento sobre a halureza exterior ¢ a modifica. cle modifica a sta propria natureza também ec desenyolve as faculdades que nele esto adormecidas™ O trabalho & antes de mais nada caracterizado por dois elementos interdependentes. Um deles & 0 uso € 0 fabrico de instrumentos. “O trabalho, diz Engels. comega com a fabricagio dos instrumentos. - © senundo € que o trabalho se efetua em condigdes de atividade comum coletiva, de modo que o homem, no seio deste processo, nao entra penas numa relagdio determinada com a natureza, mas com outros homens, membros ce uma dada sociedade. E apenas por intermédio desta relagio a outros homens que 0 homem se encontea em relago com a nature. © trabalho, & portanto, desde a origem mediatizado, simultanea- mente pelo instrumento (em sentido lato) ¢ pela sociedade. ‘A preparagio dos instrumentos pelo hiomem tem tambént sua historia natural, Como sabemos, certos animais tem uma atividade instrumental rudimentar que se manifesta pela ulilizagdo de meios esteriores que thes permitem realizar operagdes (ef. 0 uso do pau nos simios antropéides), Estes meios exteriores, os “instrumentos” dos animais sto todavia muito diferentes, qualitativamente, dos do homem que sto os instrumentos do trabalho. ‘A diferenga nao esti apenas em que os animais utilizem os seus sinstrumentos” mais raramente que os homens primitives, Muito menos a A. Marys 0 Capital, Lives It L 1, Sociales. p. 180. PPpels. diudee inca da Notureze, Bd. Sueiates. p. 176 @ Desenvodvimenta do Pruguistan 8 podemos limitar as dissemethangas de forma exterior. Para descobrir a yerdadeira diforenga entre os instrumentos humanos ¢ os “instrumentos” animais, devemos examinar objetivamente a atividade em que eles tomam parte, Por mais complexa que seja @ atividade “instrumental” dos animes jamais tem o cardter de um processo social, no ¢ realizada coletivamente fe nfo determina as relagdes de comunicagiio entre os seres que a efetuam, Por outro lado, por complexa que seja, a comunicagao instintiva entre os membros de uma associagao animal jamais se confunde com a atividade “produtiva” dos animais, nao depende dela, nao & mediatizada por ela, © trabalho humano é em contrapartida, unia atividade originaria- mente social, assente na cooperagdo entre individwos que supde uma divisao técnica, embriondvia que seja, das fungdes do trabalho: assim, 0 trabalho & uma agiio sobre a natureza, ligando entre si os participant mediatizando a sua comunicagio. Marx esereve: “Na produgao os homens nfo agem apenas sobre a natureza, Fles sé produzem eolaborando de una delerminada maneira ¢ trocando entre si as suas atividades. Para produzir. centram em ligagaes ¢ relagdes determinadas uns com os outros © no & sendo nos limites destas relagdes ¢ destas liyagdes seciais que se estabelece fa sua agao sobre a naiuireza, a produgao! Para compreender o significado conerelo deste fato para 0 desenvolvimento do psigquismo humano, basta analisar as formas que reveste a estrutura da atividede ao modifiear-se, quando ela se realiza nas condigdes do trabalho coletivo. Logo no inicio do desenvolvimento da sociedade humana surge inevitavelmente a partilha, entre os diversos participantes da produgio, do proceso le atividade anteriormente nico. Inicialmente, esta divisto & verossimilmente fartuita ¢ instivel. No decurse do desenvolvimento ela toma ji a forma primitiva da divisto téeniea do trabalho. ‘A cettos individuos, por exemplo, ineumbe a conservagao do fogo © a preparagdo das refeigéies, a outros a proeura de alimento. Entre as K. Marys of Naver Glace evana, tN ba. Sociales, p 297, © Desenvolvimento da Psiguisina pessoas enearregadas de cag coletiva, umas tem por fangdo bater a caga, ‘outras espreité-la e apanha-la. Tio acarreta uma modificagio profunda radical da propria catratura da atividade dos individues. que participa do processo de trabalho. Vimos anteriormente que toda atividade animal, re ando as relagdes imediatamente bioldgica istintivas, entre OS animais ¢ @ vie eircundante, tinha por caraeteristica set sempre orfentada para hiclos que poderiam satisfazer uma nevessidade bioldgica © ser ceniendrada por esses abjetos. Nao ha atividade animal que nao respond: qualquer necessidade estritamente biolégica, que nfo s¢ja provoeada por inp agente com uma signifieugao biolégica para um ‘animal (a de um objeto ‘que satisfaz. tal ou tal necessidade) e cujo {iltimo elo da cadeia nfo esteja se nmente orientado para este objeto. Como dissemos, © objeto da dks dos animais confunede-se sempre com seu motivo hioligico: estes dois elementos coincidem sempre. studemos agora, sob este dngulo, a estrutura fundamental da atividade de um individuo colocado nas condigdes do trabalho colet Quando um membro da coletividade realiza a atividade de trabalho, realiza-a também com o fim de satisfazer uma necessidade sua. Assim, a alividade do batedor que participa na cagada coletiva primitiva & auvanutada pelt necessidade de se alimentar ou talvez de se vestir com @ pele do animal, Mas para que est diretamente orientada a sua atividade? Pode ser, por exemplo, assustar a caga orienté-la na diregdo de outros gadores que esto 4 ospreita, E propriamente isso que deve ser © resultado da atividade do cagador. Fela para al; os outros cagadores fazem 0 testo, Hi evidente que este resultado (assustar a capa) niio acarreta por mesino a nao poderin acarretar a satisfagiio da necessi jade de alimento, de ‘Vesluario ete., que o batedor sente, Assim, aquilo para que esto orientados ‘os seus processes de atividade nao coincide com 0 seu ‘motivo: os dois so SGpmalos, Chamaremos ages aos progessos am que o objeto ¢ o mative wie caineidem, podemos dizer, por exemplo, que @ cagada € a atividade do hatedor, ¢ o fata de levantar a caga € a sua agaio. 2 Desenvolviawent do Peiguisoy 8 Como pode nascer uma ago, isto é a separagdio do objeto da atividade e do seu motivo? Visivelmente a ato 86 6 possivel no seia de tin processo coletivo agindo sobre a natureza, O produto de processo global, que responde a uma necessidade da coletividade, acarreta igualmente a satisfagio da necessidade que experiment um individuo particular, se bem que cle possa nao efetuar as operagSes finais ( 0 ataque direto a0 animal ¢ a sua matanga, por exemplo) que condurzem direlamente f posse do objeto desta necessidade, Geneticamente (isto é pela sun origem), a separagdo entre 0 motivo e o abjeto da atividade individual é 0 esultado do. parcelamento em diferentes operagSes de uma atividade ‘complex, inicialmente “polifésica”, mas tniea, Fssas diversas operagdes, abeorvendo doravante todo o contetido de uma dada atividade do individuo, transforma-se para cle em agdes independentes, continuando bem entendido a nfo ser sendo um s6 dos numerosos ¢los do proceso global do trabatho coletivo, Dois dos elementos principais (mas née tinicos) constituem ‘ores naturais desta separagdo de operagdes particulares ¢ da fo por elas de uma certa independéncia na atividade individual. O -primeiro é 0 catéter muitas vezes coletivo da atividade instintiva © a presenga de uma “hierarquia” primitive nas relagdes entre os individuos, Gue se observa as associagdes de animais superiores, tos simios especialmente. O segundo é a diviste da atividade animal, que conserva todavia a sua globalidade em duas fases distintas: a fase preparatoria ¢ a fase de execugdo, que podem ser muito afastadas uma da outra no tempo. ‘Assim, as experiéneias mostra que a interrupgdo forgada de uma atividade numa das duas fases apenas permite retardar mediocremente & feaydio ulterior dos animais, ao passo que a interrupedio entre as duns fases deixa-thes um retardamento dez a cem vezes mais comprido que no primeiro caso (A. V. Zaparojets). “Fodavia, mau grado a existéncia indubitivel de uma relaglo genética entre a atvidade intelectual “biisica” dos animas superiores a de fim individuo humano que participa num proceso de trabalho coletivo na taualidade de elo, hé uma diferenga muito grande entre clas. Esta diferenga LO Desenvolvimento de Peau estdio na base destas mo sinne ae nivel das figagdies ¢ relagdes objetives aue clus atividades, as quais elas respondem, e que se retletem no psiqui sys individuos agentes. A atividade intelectual biffisica dos animais cantteriza-se como Limos, pelo Tato de que a ligayto entre duas (ou virias) fases ¢ deter- minada por ligagdes © relagdes fisieas, materiais, espaciais, temporais, inceiinicas. Nas condigdes naturais da existéncia humana, estas relagdes © liqaigdes so forgasamente naturais, O psiquismo dos animais superiores tem, por conseqiléneia, 1 propricdade de refletir estas relagdes ¢ ligagdes alurtis, atendo-se as coisas. Quando um animal efetua um movimento de toidcio e se afasta da sua presa para s6 a apanhar em seguida, esta atividade complesa esti subordinada as relagdes espaciais da situagao considerada, cs pereebidas pelo animal: a primeira parte do trajeto, primeira fase dade natural, a slay da atividade, conduz 0 animal, com una ne possibilidade de realizar a segunda fase : ‘\ base objetiva da forma de atividade humana que aqui estudamos: Soutra Bater a eaga conduz a satistagio de uma neeessidade, mas de modo Jgunt porque sejam esas as relagdes naturais da situaglio material dada; & ntes © contrario: normalmente estas relagdes naturais so tais que amedrontar a caga rotira toda a possibilidade de a apanhar. O que entio, neste caso, religa o resultado imediato desta atividade ao seu resultado final? Evidentemente nao é outra coisa senda a relagio do individue aos outros membros da coletividade, gragas uo qual ele recebe a sua parte da presa. parte do produto da atividade do trabalho coletiva. Esta relagiio, esta », tealiza-se gragas as atividades dos outros inclividuos, [sso signifien que € precisamente @ atividade dos outros homens que constitul & base material objetiva da estrutura especitica da atividade do individuo humano; mente, pelo seu modo de aparigo, a ligagio entre 0 motivo € 0 objeto de uma agio nao reflete relagdes c ligagdes naturais, mas ligagdes © relagdes objetivas sociais, Assinn, « atividade complexe telagous naturais entre coisas, transforma: dos animais superiores. submetida a e. no homem, numa atividade 0 Deswmetvineno Ilyas ss submetida a relagdes socinis desde a sua origem. Esta é a causa imediata que dé origem & forma especificamente ftumana do reflexo da realidade, a consciéncia humana, A decomposi¢io de uma ago supde que o sujeito que age tem a possibilidade de refletir psiquicamente a relaglo que existe entre o motivo objetivo da relagio ¢ 0 sett objeto, Sendo, a ago ¢ impossivel, & vazin de sentido para 0 sujeito. Assim, se retomarmos 0 nosso exemplo do batedor, € evidente que a sua agdo s6 & possivel desde que reflita as ligagses que existem entre o resultado que ele goza antecipadamente da ago que realiza pessoalmente ¢ o resultado final do processo da eagada completa, isto & 0 ataque do animal em fuga, a sia matanya, e por fim 0 seu consumo, Na origem. esta ligagda é percehida pelo homem sob a sua forma sensivel, sob 4 forma de agées reais efetuadas pelos outros participantes no trabalho, As sam um sentido ac objeto da ago ao batedor. O inverso © igualmente verdadeira: s6 as agdes do batedor j homem que espreita o animal e the dao um sentido; scm a ago do batedor, a espera seria desprovida de sentido e injustificada. Assim, estamos ainda perante uma relagfo, uma ligagio que condiciona a orientagao da atividade. Lista relagdo é, todavia, fundamen- (almente diferente das relagies que governam a atividade do animal, Ela cria-se no seio dle uma atividace humana colctiva e nao poderia existir fora dela, Aquilo para que é orientada a agao governada por esta nova telagio pode em si nio ter sentido biolégico imediaio para 0 homem ¢ mesmo contradizé-lo, Por exemplo, assustar a caga é em si desprovido de sentido bioldgico. [sso 86 toma um significado nas condig6es do trabalho coletivo. Siio clas que conferem a esta agao o seu sentido lhumano ¢ racional. Com @ elo, “esta unidade™ principal da atividade humana, surge assim “a unidade” fundamental, social por natureza, do psiquismo humano, o sentido racional para o homem daquilo para que a stia alividade se orienta, Devemos deter-nos especialmente aqui, pois & exteemamente importante para compreender a génese da conscigneia numa dtica de Psicologia conereta, Precisemos uma vex mais © nosso pensamento. uw 0 Desenvolvimento do Psiquisme eset de Pine = Quando uma aranha se dirige para um objeto vibragio, esta arividade obedece a relagio bioldgica natural que religa a vibraglo as tropriedades nutrtivas do inseto preso nn (ei Em virtude desta relagdo a Mibragio toma para @ aranba o significndo pioldgico de alimento. Se bem (ive a Figagdo que existe entre a propriedade due © insoto tem de provocar a ibrayao na tela e a sua propriedade de ser aliments determina de fato atividade da aranha, ela permanece dissimulada 4 aranha_enguanto Tiyagio, enguanto relagio: ele “nto exis Pee ela”. RazBo por que # aaninha se dirige para todo o objeto em vibragko due 5° aproxime da sua (cia, seja ele um diapasdo. © batedor, quando assusta o animal, submete igualmente @ sua vio a uma certa Tigapao, 8 uma relagto deter inada, que une a fuga da presa a tia eaptura ulterior, mas 1ilo encort nos nna base desta ligacio evn relagio natural, mas uma relagao social. 0 relagio de trabalho do edor com os outros participantes na cayada coletiva. Como dissemos, a visto do animal 86 por nfo incita naturalmente assusté-lo, Para que um omen $= encarregue da sua fungio tle batedor & nevesséria que as suas agbes estela”) ‘uma correlaglo para que ela “exista para ele” em outros termes é preciso que 0 sentida das sige ages se descubra, que ele cenha consciénete dele. A consciéncia do Tiifiendo de uma aga0 realiza-se sob & forma de reflexo do seu objeto tenqqanto fim eonseiente Doravante, esté presente ao sujeito a Tigaga> Ie existe entre 0 cinjeto de ua ago (0 seu fim) ¢ 0 gerador dda atividade (o seu motivo). Ela Surge-the na sua forma imediatamente sens vel, sob a forma da atividade de trabatho da coletividade humana, Esta atividade, reflete-se agora 0a cabeya do homem nao 4 em fuse subjeliva co ¢ objeto, mas como Telagdo pritico-objetiva do sujelto pars © objeto, Evidentemente, nas vconuligdes estudadas, trata-se sempre de Um sujeito coletivo: por este fato, semolagaes. dos participantes individuals do trabalho so inicialmente a evden por eles, ria medida em que apenas 4s SUS proprias relagdes re rineaian com as da cotetividade de trabalho. a Desenvofvimento do P “Todavia, o passe decisivo ji est dado, A eonsciéneia humana far doravante a distingdo entre a ati jdade e os objetos, Eles comegam a tomar serecigneia tambem dostes pela sua relaglo, Isto signifies que « propria ratoreza (os objetos do mundo circundante) se destaca também pa eles ¢ que cla aparece na sud relagdo estivel com as necessidades da coletiv ‘idade ¢ com a sua atividade, Assim, 0 homem recebe 0 alimento, por ¢x emplo, Scare objeto de uma atividade parfieular ~ procura, caga, preparagto e sovmesnto tempo, como objeto que satisfaz determinadas nocessidades emanas, independentemente do fato do homem considerado sentir ou nfo paaree jade mediata ou de ela ser ou no atuaimente 0 objeto da sua ftividade propria, Conseqientemente 0 alimento pode ser disting ido, entre outros objets de at ‘idade, nao apenas “praticamente™ mas também caarmicanfente” isto quer dizer que ele pode ser conservado na conseiéneia tornar-se “idéia”. 2. 0 estabelecimento do pensamento ¢ da linguagem ‘Acabamos de analisar as condigdes gerais que tornam possivel 0 aparecimento da conseigneia. Encontramo-las nas ativiade de wabalho, apvam aos homens. Vimios que s6 nestas condigdes é que o contetdo dlaquilo para que 58 orienta uma agdo humana se desloca da sua Fusio com as relagdes biolégicas Tncontramo-nos agora diante de outro problema, o da formaglio dos processos especiais aos quais se liga 0 reflexo conseiente da realidade. Vimos que a consciéneia do fim de uma ago de trabalho supie reflexo dos objetos para os quais ela se orienta, independentemente da relagilo que existe entre eles ¢ 0 sujeito. donde encontramos ns as condigdes especiais deste reflexo? Tencontramo-las de novo ne pr6prio processo do trabalho. © trabalho nfo modifica apenas a estratura geral da iv dade humana, ‘dio engendra Tnieamente agdes orientadas: 0 contedido da atividade a que chamamos ; 0 Desenvolvimento do Psiguisme, pas aes LO enna ne fre também uma transformagio qualitative no processo de pperagoes § wabalho. Esta transformagao das operagdes efetua-se com 0 aparecimento € ‘wo desenvolvimento dos instramentos de trabalho. As operagées de trabalho ‘los homens tm isto de notavel: so realizadas com a ajuda de instrumentos, de meios de trabalho. © que 6 um instrumento? “O meio de trabalho, diz Marx, é uma coisa ou um eonjunto de coisas que © homem interpde entre ele eo objeto lo seu trabalho como condutor da sta agi” .” © instrumento 6, portanto, iu objeto com © qual se realiza uma agio de trabalho, operagdes: de trabalho, © fabrico ¢ 0 uso de instrumentos 86 € possivel em Ligagéio com a cin do fim da agio de trabalho. Mas a utilizagio de um instrumento acarreta que se tenba consciéneia do objeto da agao nas suas propriedades objetivas. O uso do machado, por exemplo, nie responde 20 tinieo Fim de wma agao conereta; ele reflete objetivamente as propricdades do objeto de trabalho para o qual se orienta @ ago. O golpe do ‘machado suhmete as propriedades do material de que é feito este objeto a uma prova infalivel: assim se realiza uma andilise pritiea e uma generalizagiio das propriedades objetivas dos abjetos segundo um indice determinado, objetivado no proprio instrumento. Assim, & o instrumento que & de cert inaneira portador da primeira verdadeira abstragio consciente ¢ racional. la primeira generalizagao consciente ¢ racional. Devemos agora tomar em eonsideragdo um outro elemento que 4 0 instrumento. O in é conse rumtento nao & apenas uni objeto de forma r de propricdades fisieas determinadas; € também um objeto social, isto €, tendo um certo modo de emprego, elaborado socialmente no iecurse do. trabalho eoletive. © atribuido a ele. Assim, quando Cansideramos © machado enquanto instrumento © nao enquanto simples corpo fisica, ele nfo & apenas a reunido de duts partes conjuntas, uma @ {que chamamos eqbo e€ a oulra que € a parte verdadeiramente effeazs € Ke Mins 2 Caquadl. [veo it ep. 0 Ea. Sociales, Pats. 0 Devenvoteiment do Pogue também este meio de agio, elaborado socialmente, {rabatho realizadas materiaimente e coma eristalizadas nele. Razao por que dispor de um instrumento nao significa simplesmente possui-lo, mas domninar 0 meio de ago de que ele & o objeto material de reali nstrumento dos animais realiza igualmente uma certa operagdo, mas este iitima nao se Fina para ele, Logo que o pau desempenhou a sua fungiio nas mos clo macaco. ela toma-se para o animal um objeto qualquer, sse. Nao se tornow suporte permanente du operagio considerad: Razo porque os animais no fabricam instrumentos ¢ tio os conservam. © instramento do homem, em contrapartida, & fabricado e & procurado, & conservado pelo homem ¢ ele proprio conserva o meio de ago que realizs. $6. considerando, portante. 08 instrumentos —humanos como instrumentos da atividade de trabatho do homem & que descobriremos a jerenga que os separa dos “instramentas” dos animais. No set 0 animal s6 encontra uma possibilidade natural de realizar a atividade instintiva, por exemplo, aproximar o fruto de si, © homem ve no instrumento uma coisa que encerra em si um meio de agdo determinado, labora socialmente, Razo por que, mesmo quando utiliza um instrumento humane especializado ¢ artificial, um simio sé age nos limites organicos dos seus modos instintivos de atividade, Em contrapartida, nas mios do homem, @ mais simples objeto natural torma-se muitas vezes um verdadeiro instrumento, quer isto dizer que ele efelua uma operagio verdadeiramente instrumental, elaborada socialmente. Nos animais, © “instrumento” ndo etia nova operagio, esti submetida aos seus movimentos naturais no sistema dos quais se inclui, No homem, & 0 contrério que se verifica: a sa propria mao esté inclufda num sistema de operagdes elaborado socialmente ¢ fixaco no proprio instrumento © est submetida a ele. As investigagdes atuais demonstram com bastante precisio estes dois fatos. Razfio por que se pode dizer, a propésito do simio, que o desenvolvimento natural da sua mao determina nrele 0 uso do pau enquanto “instrument”, temos as nossas razHes para estas operaydes de ™ 0 Desenvolvimento do Psigismo afirmar que no homem foi a sua atividade instrumental que eriew ae particularidades especificas da mao. ‘Aasiin o instramento & um objeto social, © produto de uma préticn inlividual Por este fato, o conhecimento humano mais simples. que 5° stu dietamsente muna ago conereta de (raballo com a ajuda de um jmita 4 experiéneia pessoal de um indivicuo, antes se instrmmento, nao se assy na base da aquisigdo por ele dn experiéneia e da pritica social, Vor fim, o conhcimento humano, assente iniciaimente na ativida: cle instrumental de trabalho, & capa, diretamente da atividade intelectual instintiva dos animais. de passtr ao pensamento autntico, Chamamos pensanento, em sentido proprio, 0 processo de reflex conseiente da realidade, nas suas propriedades, ligagBes ¢ relaghes abjetivas, incluindo os mesmos objetos inacessiveis, & percepyio sensivel Fgiata, O homem, por exemplo, nfo pereebe os raios ultravioletas, mas hem por isso desconhece a sua existéncia eas suas propriedades Que torna possivel este conhecimento? Ele é posstvel por via de mediagdes. Fi esta via que éa via do pensamento, © seu prinepio geval € que submelSm O° rece prova de outras coisas e, tomando eonscigneia das relagces ¢ Trormgaes que se estabelecem entre las, julgamos a partir das stihengdes que at percebemos, as propriedades que nos who sto diretamente acessiveis. Ravdo por que & condigdo necessiria do aparecimento do pense nento a-distingao e a tomada de consciéncin das interagdes objetivas. Nas ary emada de conseiéneia & impossivel nos limites da atividade instintiva ee pias, Una vez ainda, ela s6 se realiza no processo de trabalho, de Mializagao. dios. instrumentos com os quis 6s omens agem sobre, @ ‘ ‘amente a transformagaio da natureza pelo homem ¢ trae a natureza apenas enquanto fal, o furidamento mais esseneial © 9 mals iret do pensamento humano ¢ a inteligéncia do homem auimentou na ‘meilida em que ele aprendeu a transformar 8 natureza” .” J Fupets fiteetese de manures, id Sociales, p, 233, envatvinaenta do Psiguisin © pensamento do homem distingue-se, por isso radicalmente da imetiggucia dos animais, que, como o mostram experiéne s.6 se realizam uma adaptagao as condigdes de uma dada situagdo € nao pode transformar estas titimas a niio ser pelo acaso, pois a atividade animal no seu conjunto permanece sempre orientada ndo para estas condigdes, mas para tal ot tal objeto das suas _necessidaces biolégicas. No homem, & diferente. A toma-se contetido de ages Independentes ortentadas para um fin ¢ pode, posteriormente, fornar-se atividade independente, eapaz de se transformar Frama atividade totalmente inten, isto é, mental. Por fim, 0 pensumento, como 0 conlieeimento humane em geral ¢ fundamentaimente do intelecto dos animais porque s6 ele ¢ em unido com o desenvolvimento da social. Os fins da agdo intelectual no homem nfo so apenas soeiais por natureza, vimos que os morlos @ os meios desta ago sitio igualmente elaborados socialmente, Por consegiléncia, quando aparece © pensamento verbal abstrato, ele nfo pode efetuar-se a nao ser pela aquisigdo pelo homem de generalizaydes elahoradas soc almente, a saber ‘os conccilos yerbais ¢ as operagées logicas, igualmente claboradas soeialmente ‘O tilimo problema sobre 0 qual nos devemos deter particularmente 0 da forma em que sc produz 0 reflexo consciente pelo homem da realidade circundante. ‘A imagem consciente, a representagdo, o coneeito tem um base sensivel. Tedavia, 0 roflexo consciente da realidade nao se limita ao serttimento sensivel que dele se tem. J a simples percepgao de um ‘objeto no o reflele apenas como possuindo uma forma, uma cor ete, mas também como tendo uma signi ficado objetivo ¢ estavel determinado, como, por exemplo, alimento, instrumento ete, Por conseqiiéneia, deve existir uma forma particular de reflexo consciente da realidade, qualitati: samente diferente da forma sensivel imediata do reflexo psiquico proprio dos animais. 1s espe se de preparagaio” donde surge o pensamento fumano 0 Desenvolvimento do Psiguisino > May entio, sob que forma concreta opera realmente a consei dle rvalidade cireundante? Esta forma é a Tinguagem que, segundo Marx & Sa consviéneia pritica” dos homens. Razdo por que a conseiéneia & inseparavel da linguagem. Como a consciéneia humana, a,linguagem $6 apurece no processo de trabalho, ao mesmo tempo que ele, Fal como a niscidueia,a lingwagem & © produto da coletividade, 0 produto da le humana, mas & igualmente “o ser falante da coletividade™ FA); € apenas por isso que existe igualmente para o homem tomado mente, “A linguagem ¢ tao velha como a consciéneia, a linguagem & a que existe também para outros homens, que individ conseineia real, prati I portanto, entao, apenas para mim também." 0 naseimento da Tinguagem s6 pode ser compreendido em relaglio necessidade, nascida do tabalho, que os homens sentem de dizer esiste. coisa. Como se formaram a palavra € a linguagem? No trabalho os homens entram forgosamente em relago, em cémuinicagio uns com os outros. Originariamente, as suas ages, o trabalho propriamente, © a sua comunicagzo formam um processo (inico, Agindo sobre a natureza, os ntos de trabalho dos homens agem igualmente sobre os outros participantes na produgao. Isto significa que as agdes do homem tém nestas condigdes uma dupla fungi: uma fangdo imediatamente produtiva © uma ingao de agdo sobre os outros homens, uma fungdo de comunicagao. Posterionmente, ostas duas fangs separam-se, Para isso, basta que a propria experiéneia sugira aos homens que se em certas condigGes tia movimento de trabalho ndo conduz, por uma razdo ou outra, ao resultado prético esperado, ele esta, mau grado tudo, apto para agir sobre os outros. participantes, por exemple, levé-los a efetuar essa ago caletivamente. Nascem assim os movinientos que conservam a sua forma le movimentos de trabalho, mas que perdem o contato pritico com o objeto v gue, por conseqiiéncia perdem assim o esforgo que os transforma movin Sociales, 1975, K Mary Fudedagiealend, "Feuerbach" p. 159. 2 Peseuvolyinente da Psiguasiie on verdadciramente em movimentos de trabalho. Estes movimentos, bem como os sons voeais que os acompanham, separam-se da tareta de air sobre 0 objeto, separam-se da agiio de trabalho © s8 conservam a fungio que consisie em agir sobre os homens, a funigio de comunicagao verbal. Por outras palavras, teansformam-se em gesto, O gesto nada mais & que um movimento separado do seu resultado, isto & um movimento que nao se aplica ao objeto para 0 qual esta orientado. ‘Ao mesmo tempo, © papel principal na comunicagdo passa dos gestos ao som da vo7: assim aparece a linguagem sonora articulada, Tal ou tal conteiido, signific . fixa-se na Tinguagem, Mas para que um fendmeno possa ser significado e refletirse na linguagem. “deve ser destacado, tomar-se fato de eonscigneia, o que, come vimos, se faz inicialmente na atividade prética dos homens, na produgiio. “Os homons, esereve Mars. comegaram efetivamente por se apropriar ete. ete., de certas coisas do mundo exterior como meios de satisfazer as suas propria necessidades; mais tarde comegaram a designar igualmente pela linguagem 0 que clas sfo para eles na experiéneia pritica, a saber meios de satisfuzer as sizas neces ett) A produgio da linguagent como da conseigneia e do pensamento, esti dirctamente misturada na origem, A atividade produtiva, a comunicagio material dos homens, O elo direto que existe entre a palavra ea Hinguagem, de um lado, & a atividade de trabalho dos homens, do outro, & a condigao primordial sob a influéneia da qual eles se desenvalveram enquanto portadores do reflex consciente ¢ “objetivado” da realidade, Significance no proceso de trabalho, um objeto, a palavra distingue-o € generaliza-o para a conseiéneia individual, precisamente na sua telagdo objetiva € social, isto & como objeto social Assim, a linguagem nao desempenha apenas 0 papel de meio de comunicagdo entre os homens, ela & também um meio, uma forma da conseiéneia © do pensamento humanos. nao destacado ainda da produgao ladles, casas que 08 “satis °K. Mars: Notas marginals sore @ “Pratade d'econonia politica” de Adalphe Wagner nO Cape, Ld. Sociales, edigdes de bolso, 1976, tiv I 0 Bresenvolvimento do Psiquisma 2 Mas entto, sob que forma eonereta apera realmente a coi se tealidade eireundante? Esta forma é a inguagem que, segundo Marx & | cunsciéneia pratiea” dos homens, Razio por que a conseiéneia & ineparavel da Finguagem. Como a conscigucia humana, a finguagem 36 nyuirece no processo de trabalho, ao mesmo tempo que ele. Tal como Conseidneia,a_linguagem € 0 produto da coletividade, © produto da Guvidade humana, mas & igualmente “o ser falante da coletividace” {Mars}: & apenas por isso que existe igualmente para o homem tomado individuatmente, “A linguagem é tao yelha como a consciéneia, a linguagem é a conseigneia real, prétiea, que existe também para outros homens, que existe, portanto, enti, apenas para mim também a? ( naseimento da lingtagem s6 pode ser compreendido em relagdo ‘com a uecessidade, nascida do trabalho, que os homens sentem de dizer alauima coisa. Como se formaram a palavra e a linguagem? No trabalho os homens entram forgosamente cm relagiio, em comunicagio uns com os outros. Originariamente, as suas ages, 0 trabalho propriamente, ¢ @ sua Ccomunicagiio formam um processo nico. Agindo sobre @ natureZa, 0s mevimentos de trabatho dos homens agem igualmente sobre os outros partieipantes na produgao. Isto signifiea que as agdes do homem (Gm nests Condigdes uma dupla fungio: uma fungdo imediatamente produtiva © uma io de agdo sobre os outros homens, uma fungio de comunicugto Posteriormente, estas duas fungdes separam-se. Para isso, basia que a propria experigneia sugira aos homens que se em certas conclighes tim movimento de trabalho ndo conduz, por uma ravdo ou outa, A ado pratico esperado, ele esti, mau grado tudo, apto para agir sobre os outros. participantes, por exemplo, levi-los a efetuar essa _ag20 oletivamente, Naseem assim os movimentos que conservam a sua forma tke movimentos de trabalho, mas que perdem o contato pritico com o fabjeto © que, por conseqiiéneia perdem assim o esforgo que os transforma resul Ke Mary frdeutaygaa alema, "Feuerbach", p. 159. Ed. Sociales, 1975, 0 Desenvolvimento do Pargusie a verdadeiramente em movimentos de trabaltio. Estes movimentos, bem camo os sons vocais que os acompanham, separam-se ca tarefa de agir sobre 0 objeto, separam-se da ago de trabalho e sé conservam a Tungéio que consiste em agir sobre as homens, a fungio de comunicagio verbal, Por outras palavras, transformam-se em geste. O gesto nada mais ¢ que um movimento separado do seu resultado, isto é um movimento que ndo se aplica ao objeto para o qual esta orientado, ‘Ac mesmo tempo, o papel principal na comunicagdo passa dos 1m aparece a linguagem sonora articulada, Jo, significado na palavra, fixa-se na Tinguagem, Mas para que um fendmeno possa ser significado ¢ refletir-se na linguagem.deve ser destacado, tornar-se fato de consciéneia, © que, como vvimos, se fiz inicialmente na atividade prética dos homens, na produgio. “Os homens, escreve Marx, comegaram efetivamente por se apropriar ete. tc... de certas coisas do mundo exterior como meios de satisfazer as st proprias necessidades: mais tarde comegaram a designar igualmente pela inguagem o que elas sio para eles na experiéneia pritiva, a saber meios de satisfizer as suas necessidades, coisas que os “satisfazem™ ™ +A produgao da lingitagem como da conseigneia © do pensamento, esti dirctamente misturda na origem, a atividade produtiva, comunicayio material dos homens. O elo direto que existe entre a palavra e a linguage a atividade de trabalho dos homens, do outro, & a eondigdo primordial sob a influéneia ca qual cles se desenvolveram enguanto portadores do refleso consciente ¢ “objetivado” da realidade, Signifieando no processo de trabalha, um objeto, a palavra distinguc-o ¢ generaliza-o para a consciéneia individual, precisamente na sua relagio objetiva ¢ social, isto & como objeto social ‘Assim, a lingnagem nao desempenha apenas o papel de meio de comunicagio entre os homens, ela & também um meio, uma forma da conscidneia e do pensamento humanos. nao destacado ainda da produgio OR Mars: Nowas marginats sobre 9 “Trasade d'economia politea”, de Adolphe Wagner 1G Capita, Ed. Sociales, edges de halso, 1976, livra I de um lado, e * “4 @ Desenvolvimento de Ps mnaterial, Torna-se a forma eo suporte da generalizagao consciente da realidad, Por isso, quando, posteriormente, @ palavra € a Tingungem 3° separam da atividade pratica imediata, as significaydes verbais straidas do objeto real e s6 podem portanto existir como fato de como pensamento, consciéneia, isto & ‘Ao estudar as condigdes de passayem do psiquismo pré-conse dos animais a conseiéneia do homem, encontramos eertos tragos cearacteristicos desta forma superior do reflexo psiquico. Vimos igualmente que a consciéncia niio podia aparecer a nie ser nay condigdes em que a rekagio do homem com a natureza era mediatizade peli suas relagdes de trabalho com outros homens. Por conseguinte, & ncia & bem um “produto historico desde o inicio” (Marx). Vimos em seguida que a conscigncia sé podia aparecer nas condigées de uma agdo efetiva sobre a natureza, nas condigGes de uma ‘aividade de trabalho por meio de instrumentos, & qual é ao mesmo tempo ‘forma pratica do conheeimento human, Nestes termos, a consciéncia & a forma do reflexo que conhece ativamente. Vimos que a consciéncia 50 podia existir nas condigées da cexisténcia da Jinguagem, que aparece ao mesmo tempo que ela no processo de trabalho. Por fim, vimos — € devemo-lo sublinhar partieularmente ~~ que consciéneia individual do hometn sé podia existir nas eondigdes em que caiste a consciéneia social. A conscigncia & reflex da realidade, fefkatada através do prisma das significagdes ¢ dos conceitos tinglsticos, elaborados socialmente. Estes tragos caracteristicos da conseiéneia sto todavia apenas os inais gerais ¢ os mais abstratos. A consciéneia do homem é a forma histariea conereta do seu psiquismo. tla adquire particularidades diversas segundo as condigdes soviais da vida dos homens ¢ transforma-se na seqtincia do desenvolvimento das suas relaydes econdmicas, SOBRE 0 DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA CONSCIENCIA 1. A psicologia da conseiéneia = Aconseiéneia hum Ds cara Jw & uma evisa imutivel, Aleuns dos seus em dadas condigées histiricas coneretas, progressivos. com perspectivas de desenvalvimento, outros silo sobrevi- véncias condenadas a desaparecer. Portanto, devemes considerar a consciéncia (0 psiquismo) no sen devir ¢ no seu desenvolvimento, na sua dependéncia essencial do modo de vida, que & determinado pelas relagdes sociais existentes ¢ pelo lugar que o individuo considerade ocupa nestas relagdes, Assim, devemos considerar o desenvolvimento do psiquismo humano como um proceso de transtormagdes qualitativas. Como efeito. visto que ax condigdes sociais da existéncia dos homens se clesenvolvem por modificagses qualitativas © mio apenas quantitativas, 0 psiquismo humano, a conscigneia humana, transforma-se igualmente de maneira qnalitativa no decurso do desenvolvimento hist6rico e social. Em que consistem estas transtirmagdes qualitativa Podem consistir apenas auma modificagiio do contetido que os homens percebem, sentem, pensam? Este panto de vista foi sustentado na psicologia tradicional especialmente por W. Wand. que considerava as propriedades do psiquismo humano “sto em toda a parte © sempre cteristicos x

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