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SUMARIO INTRODUCAO 2 UNIDADE 1 — PROJETOS NA ESCOLA — QUESTOES NORTEADORAS...............3 UNIDADE 2 — UM HISTORICO DAS POLITICAS EDUCACIONAIS.. 2.1 Compreensao historica da Ciéncia Politica... UNIDADE 3 — HISTORICO DAS LEGISLACOES E DAS. S RELAGOES COM AS. POLITICAS PUBLICAS NO BRASIL. 28 UNIDADE 4 ~ 0 PAPEL DA GESTAO ESCOLAR DEMOCRATICA FRENTE AO PRP ascsssnttntee seni 36 4.10 PPP na legisiacdo .. ese ecntenttestesineseedll UNIDADE 5 - GESTAO DEMOCRATICA E SEUS TIPOS 46 UNIDADE 6 — PRINCIPIOS NORTEADORES E DESAFIOS ENFRENTADOS EM UMA GESTAO DEMOCRATICA. 52 REFERENCIAS. ........0:sccsessee ST INTRODUCGAO Este 6 um material que foi concebido no sentido de provocar reflexdes sobre a gestéo democrética na escola, portanto, vamos estabelecer discussdes com fundamentacao teérica e conceitual sobre os processos que envolvem as organizagées dos ambientes escolares, dando énfase a condugao politica e pedagégica da escola. O que possibilitara analisar as politicas educacionais em determinados momentos histéricos. Para tanto, veremos que a legislacao, ao mesmo tempo em que define normas para a educacao nacional, é formulada em fungao dos projetos que o Pais tem para esse setor. A politica da gestéo educacional brasileira 6, portanto, a operacionalizacéo dessa legislagao e, simultaneamente, orienta a formulagao das leis educacionais brasileiras. Neste guia de estudo, vocé tera oportunidade, também, de refletir sobre a gestao escolar; saber como se desenvolve, na pratica cotidiana da escola, as agdes de um gestor democratico e conhecera os processos que integram um PPP (Projeto Politico-Pedagégico). Vera também como se organiza os espacos e tempos escolares e como se estabelece uma escola auténoma. Ent&o, desejamos Ihe uma boa leitura e, acima de tudo, boas reflexes! Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 1 — PROJETOS NA ESCOLA - QUESTOES NORTEADORAS Antes de qualquer coisa, que tal levantarmos algumas questées para nos situar frente ao tema de nosso guia? Entao vamos la! eeu a + & prose eu 7 he a fa et een a at Oe a WE, we prone we” 2 an Fake ees e Rs @B @ vo a” 2 Com essas perguntas, espero ter lancado uma semente. Essa semente, que vamos cultivar com a leitura deste material, é 0 pensar critico por sobre nosso tema — Projet Politico-Pedagégico (PPP). Assim, nao pretendemos responder as questées acima destacadas, mas, através da leitura deste texto, espero que vocé possa alcangar criticamente por concepgées de projetos em contextos educacionais de forma contextualizada com a sua realidade. Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Mas, que tal iniciarmos a germinagao dessa semente com algumas definigdes para podermos munir nosso pensar de bons subsidios basicos? Com certeza, se vocé esta fazendo este curso, vocé tem sonhos, objetivos, metas. Entéo, vocé tem projetos! Assim, sem consultar nenhum material, responda segundo suas concepgtes, as seguintes questbes: Como vocé lida, por exemplo, com seus projetos pessoais e profissionais? O planejado é sempre alcangado? (ustifique sua resposta) Depois de ter realizado a atividade anterior, vocé deve ter percebido que voce j lida com projetos de alguma forma. Contudo, convidamos vocé a comparar suas experiéncias com projetos aos conceitos a seguir destacados. No sentido etimolégico, a expresso projeto vem do latim projectu, que ¢ 0 partic{pio pasado do verbo projicere e que significa “langado para diante’. Assim, tal termo nos remete a ideia de executar ou realizar algo, no futuro, tal como um plano, Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilzada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. intento ou designio. Ou seja, podemos entender como um empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema. Assim, 0 termo projeto se mostra como um esforgo empreendido, em um determinado espago de tempo, para criar algo, seja um produto, um servigo ou mesmo um resultado no futuro. Mas 6 importante nao confundirmos projetos com operagées, pois esses diferem especialmente no aspecto de sua duragao. Os projetos sdo temporarios e exclusivos, jA as operagdes s4o ages continuas e recorrentes. Normalmente os projetos sé planejados, implantados e executados objetivando por resultados que satisfagam uma ou mais necessidades estratégicas ou mesmo como um requisito legal Principais caracteristicas dos projetos: v _ devem ser devidamente planejados, implantados e executados; v — devem haver algum tipo de mecanismo de controle para que a execugao e os resultados sejam sempre monitorados frente ao que foi planejado’ ¥ _possuem um inicio e um fim definidos, ou seja, tem um espaco de tempo definido para serem executados: ¥ — devem sempre entregar resultados; v _ geralmente s4o elaborados de forma progressiva e em etapas; ¥ sao cumpridos por pessoas; Y 098 recursos utiizados no planejamento e execucdo sao geralmente limitados. Assim podemos entender que ao se construir um projeto, na verdade estamos buscando 0 possivel, ou seja, buscamos um futuro de forma que esse se apresente diferente ao presente. E um planejamento do que temos intencaio de fazer, de realizar. E um langamento de nés mesmos a busca do possivel. Lidamos diretamente com 0 desejo de tornar-se, ou seja, como o devir, pois: Todo projeto supse rupturas com o presente @ promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortavel para arriscar-se, atravessar um periodo de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em fungao da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que 0 presente (GADOTTI, 2001, p. 37). Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Devir & um conceito filos6fico que qualifica a mudanga constante, a perenidade de algo ou alguém. Traduz-se de forma mais literal a eterna mudanga do ontem ser diferente do hoje. Nas palavras de Herdclito: “O mesmo homem nao pode atravessar o mesmo tio, porque o homem de ontem nao é o mesmo homem, nem o rio de ontem 6 0 mesmo do hoje”. Assim vemos que os fenémenos se repetem, mas nao se repete 0 mesmo fendmeno. Por exemplo, o raio de hoje & sempre um raio, mas nado é aquele de ontem; os seres viventes sao sempre classificdveis em espécies, mas os seres que vivem hoje n&o sto mais aqueles do passado. Allds, cada coisa jamais 6 a mesma; dia a dia perde e conquista algo, mesmo quando aos nossos olhos desapareceu para sempre. Machado (1997, p. 63) afirma que “Como esbogo, desenho, guia da imaginacéo somente de agao, um projeto significa sempre uma antecipacao, uma referéncia ao futuro” indo, portanto, na mesma direcao que Barbier (1993, p. 52) quando diz: “O projeto nao é uma simples representagao do futuro, do amanha, do possivel, de uma ‘ideia’, é o futuro ‘a fazer’, um amanha a coneretizar, um possivel a transformar em real, uma ideia a transforma em ato”, Assim vemos que um projeto se mostra como uma como promessa frente a determinadas rupturas do ontem e do hoje na direcao do ser diferente no amanha. Tais promessas tornam potencialmente visiveis os campos de acéio, comprometendo seus atores e autores, ou seja, a coletividade, E quando falamos em coletividade, nao ha de deixar de lado 0 conceito de politica. Desmistificando © uso desse termo vemos que longe do sentido que usualmente verios na midia e que se refere a uma doutrina ou partido, esse termo aqui é aplicado no sentido da busca do bem comum coletivo. Dessa maneira, que tal situarmos 0 conceito politico no contexto educacional? Para entendermos o termo politico no contexto educacional, faz-se importante ressaltar que toda agao pedagégica deve ser entendida também como uma acgao politica Assim vemos que 0 termo politico aqui nao se refere & pratica de guiar ou influenciar 0 modo de govern pela organizagao de um partido politico, pela influéncia da opiniao publica, pela aliciacao de eleitores. Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Em sua origem, o termo politica ¢ derivado do grego antigo TroArteia (polite/a) que se referia aos procedimentos referentes a polis. Lembrando que polis nesse contexto pode ser entendido por cidade-estado, mas também por sociedade, comunidade, coletividade. Isso nos leva a entender que o termo politico aqui se direciona a uma construgéo que envolva toda a comunidade escolar, ou seja, um projeto que considere a participacao ativa e participativa de alunas e alunos, pais e maes, professores e professoras, funciondrios, diregao, enfim, todos os diversos segmentos que compéem a escola. Tendo em vista que a escola é, como destaca Canen (s.d. apud MEDEL, 2008, p. 3), compreendida como espago cultural por exceléncia, pois no geral lida com a diversidade cultural, étnica, racial, de género, de historia de vida, de crengas € linguagens miltiplas, tanto por parte do corpo docente como do discente e de todos os outros que nela atuam Assim, esses dois termos — projeto e politico — no contexto educacional, combinam-se para que se possa obter a definig&o de algo no sentido de uma: (..)sistomatizagao, nunca definitva, de um process de Planejamento Participativo, que se aperieigoa © se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de agao educativa que se quer realizar. & um importante caminho para a construgao da identidade da instituigao. E um instrumento teGrico-metodolégico para a intervencdo e mudanca da realidade. E um elemento de organizacao e integracao da atividade pratica da insttuigo neste proceso de translormagao (VASCONCELLOS, 2002, p. 168). Vé-se que estamos lidando com 0 que se entende por praxis, ou seja, uma ago humana transformadora e que resulta de um planejamento dialégico. Algo que se mostra como um movimento de agdo-retlexdo-acdo, no sentido de resistir a pratica educacional burocrética, centralizada, hierdrquica e linear. Nessa perspectiva, o PPP nao pode resultar em uma simples aglomeragao de planos de ensino e outras tarefas educacionais e administrativas. Tampouco, nao deve ser visto apenas como uma prova do cumprimento de tarefas burocraticas, no qual se constrdi um texto que se destina ao repouso em prateleiras, nem em arquivos ou mesmo apenas para o simples atendimento de exigéncias feitas por autoridades educacionais. Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Para nos inspirar sobre as proximas reflexdes sobre o entendimento que um projeto 6 na verdade um instrumento coletivo de transformacao, que tal um video? Acesse: http://www. youtube, com/watch?v=Hfd8ui-kLEA Por se tratar de um instrumento coletivo de transformagao, observa-se que as pessoas, 20 construlrem e executarem tals projetos, tendem a considerar as suas experiéncias, suas préticas, resgatando e reafirmando seus valores. Assim, o PPP & construido através de sonhos, crencas, utopias, conviegdes, conhecimentos, projetos individuais, reafirmagbes das identidades de pessoas, além dos conhecimentos da comunidade escolar, na qual se observa a presenga delimitadora do contexto social e cientifico. Mas como construir um projeto no qual coisas t4o diversas e importantes estao envolvidas? Para que vocé possa responder a questo acima, deve-se levar em conta: vas finalidades da escola: Yo papel social que esta instituig&o se propée; va clara definig&o dos caminhos, formas operacionais e acdes a serem empreendidas por todos os envolvidos no processo educacional: vas diferengas existentes entre seus autores sejam eles docentes, discentes, equipe técnico-administrativa, direg4o, pais e representantes da comunidade local. va efetiva patticipacdo_ reflexivo-investigativa desses autores na construgao desse empreendimento. Para que esse tipo de projeto seja realmente algo, que se prope coletivamente a transformar, podemos afirmar que esse é um empreendimento fundamentalmente participativo. Contudo, para que esse empreendimento seja realmente patticipativo, hd de se entender que a instituigao escolar tenha a comunidade, nao apenas como clientela, mas sim como parte constitutiva de sua praxis educacional. Uma comunidade que tenha espago para efetivamente participar da proposta pedagégica da escola. Mas vocé deve estar pensando: essa nao é a imagem tradicional de escola que temos? Realmente nao 6! Nessa nova concepgao de escola, ha de se entender Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. por uma descentralizagao das decisdes no sentido da potencializacao do coletivo para definir e desenvolver a proposta pedagogica. Essa nova concepgao de escola ¢ decorrente de uma tendéncia na qual os 6rgaos centrais ¢ regionais tendem a nao mais se encontrar no cerne do sistema educacional. Esses érgaos, dessa forma, passam a exercer fungées, tals como o apoio, a superviséo, 0 acompanhamento e a avaliagéo do centro do sistema educacional — a escola. Dessa mesma maneira, hd uma nova concepcao do conceito de gestao escolar, veremos na unidade seguinte Segundo sua vivéncla académica, seja como aluno ou como professor responda as seguintes questdes: O quanto os orgaos administrativo-educacionais centrais e regionais se mostram realmente como 0 apoio, a supervisdo, 0 acompanhamento e a avaliagao das escolas? E as escolas, estao efetivamente como os centros do sistema educacional? Justifique. Para que a escola se mostre apta a essa centralidade no sistema educacional, ha de se entender que a comunidade, que envolve tal escola, deve ser entendida, nao apenas como clientela ou pUblico alvo a ser atendido por um servigo. educacional. A comunidade deve, no entanto, ser vista e também atuar como parte Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenao internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 constitutiva da praxis educacional da instituigao de ensino. Uma relagao de simbiose deve ser fomentada, ou seja, uma relacéo mitua de interacao. E preciso que tenhamos uma comunidade que tenha espago para efetivamente participar da proposta pedagégica da escola e uma escola que possa participar da comunidade em suas particularidades. Assim, na unidade seguinte, convidamos vocé a refletir um pouco mais sobre como essa simbiose pode ocorrer. Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 1 UNIDADE 2 - UM HISTORICO DAS POLITICAS EDUCACIONAIS ‘Ao fazer um recorte na histéria e pontuar um marco histérico que da fundamentagao aos processos de ‘liberdade e solidariedade” para tempos atuais, estamos nos referindo A Revolucdo Francesa, pois foi nesse periodo histérico que a burguesia foi levada ao poder e provocou mudangas ideolégicas no povo. De acordo com Valle: [... somente a partir do séoulo XIX 6 que diferentes tendéncias politicas se formaram, em oposicao aos efeitos da Revolucdo Francesa, ao liberalismo, & grande inddstria e mesmo ao capitalismo. Passa-se a admitir que a sociedade pode ser mudada. No século XIX, Marx e Engels criam um modelo préprio de explicagao cientifica para as lutas polticas do proletariado, por meio da andlise dialética da perspectiva social da classe dos trabalhadores. Participaram ativamente das lutas politicas ¢ a partir da critica a economia da época e ao socialismo uténico, elaboram uma teoria de formagao, desenvolvimento © dissolugao da sociedade capitalista, criando 0 materialismo histérico e tornando-se os principais representantes, do comunismo no pensamento moderno (VALLE, 1994) No inicio do século XX, Gramsci alertava que a educacdo como parte do Estado tornou-se um processo de formacao destinado ao conformismo social. Em sua analise, as escolas e as igrejas sdo vistas como as maiores organizacées culturais de cada pai dominantes exercem a governabilidade ao estabelecer 0 controle sobre as classes . produtoras de hegemonia como processo no qual as classes dominadas que esto a elas ligadas por meio da lideranga moral e intelectual. Vamos aprofundar um pouco mais sobre a questao discutida acima? Para tanto convido-os a lerem ° artigo no ink: http:/www.estudosdotrabalho.org/anais6seminariodotrabalho/cezarluizdema pdt Enfim, em varios momentos da histéria, a relagao entre educag&o como um direito pUblico e 0 desenvolvimento social e econémico brasileiro permeou a discussao do papel que a educagao desempenha para a construgao do pais que se deseja ter. E, se destacarmos que os avangos apresentados na Constituigéo Federal de 1988 — que apresenta uma concepcao ampla de educagdo, que a entende como formag&o do cidadao ative, apto a participar da sociedade de seu tempo — observaremos que avangamos muito em relagao & compreensao de que Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convengao internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 todos os brasileiros devem ter acesso & educac&o. Por isso ela é gratuita e obrigatéria, para que todos tenham a oportunidade de se formar como cidadaos. Portanto, quando verificamos que a nossa Constituigao de 1988 apresenta esses dispositivos, como se estivesse fixando a meta de construir uma sociedade demoeratica, pois, ao longo da histéria das constituigbes, sé esta comporta e, 20 mesmo tempo, exige cidadaos ativos. © que se petcebe também é que a Constituiggo Federal de 1988 6 a expresso dos debates ocorridos, depois de anos de ditadura militar, em relag&o aos. cidad&ios que queremos para o Brasil e como se desenvolve nesse sentido. Um projeto de sociedade que seja democratica nao apenas nas suas relagdes politicas, mas também nas suas relagées sociais e econémicas 6 desejo de muitos e esta presente na nossa Constituigao. 2.1 Compreensio histérica da Ciéncia Politica Logo no inicio do século XX, com fortes influéncias do pensamento marxista que foram difundidos em anos anteriores, o cenario mundial apresentava agitado, com a dominacao do ideario comunista em varias regides da Europa, irrompendo assim com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), liderada pela Alemanha. O que se via nesta época era um crescimento do comunismo e a criagéo da Unido das Repiblicas Socialistas Soviéticas (URSS), tendo Moscou, capital da Russia, como 0 grande centro do poder dos comunistas, contribuiu para a diviséo do mundo em socialismo e capitalismo. Temos, portanto, um momento histérico importantissimo para as novas geragdes, de um lado 0 poder econdmico, que nao deixa de ser politico por ser um poder e conduzir vidas, e do outro lado, as ideologias da época, o capitalismo inicia © seu processo de fortalecimento e conquista de adeptos a este modo econdmico e politico. O fim da Primeira Guerra nao trouxe a paz. Anos depois, a Alemanha, domi: nada pelo pensamento antijudaico sob a lideranca de Hitler e seus aliados, levariam 0 mundo 4 Segunda Guerra Mundial, que foi o fato histérico- politico mais importante do século XX. A Ciéncia Politica trabalha com os cenarios atuais, com vistas a uma prospectiva. Nos diferentes momentos, histéricos ela se incumbe da critica aos fatos histérico-sociais, analisando 08 que acenam para o futuro e poderao contribuir para 0 delineamento de projetos e de agdes governamentais @ sociais que conduzam ao bem-estar Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencao internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 social. O final da Segunda Guerra Mundial (1989-1945), assim como a da Primeira, nao trouxe a paz ao mundo. A ebulicao de ideias politicas que se sucede e as transformacées sociais e tecnolégicas que marcaram a segunda metade do século XX foram acompanhadas de grandes transformagées politicas, resultantes da divisdo dos paises em dois grandes blocos — comunistas e capitalistas — tendo a Alemanha no centro, dividida pelo muro de Berlim, construido para impedir a circulagao das pessoas de um mundo para 0 outro. O cenério dos anos 1980 continuou marcado por uma polarizacao politico-filoséfica entre as correntes socialistas — de origem marxista — e, no campo especifico da Educacéo, altamente influenciadas pelo pensamento de Gramsci e Althusser e as correntes liberais, por vezes, de forte cunho conservador, outras, utiizando discursos progressistas de liberdade e igualdade. No final dessa década, fatos politicos de repercusséo mundial abalaram a divisdo dos paises em dois grandes blocos: os seguidores do ideario capitalista americano © os adeptos do ensamento comunista soviético. O fim da Guerra Fria (1945-1989) entre os dois grandes Iideres politico-econémicos — Unido Sovitica e Estados Unidos — veio contribuir para acelerar um processo de transformacao no equilibrio de forgas que se mantinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial (VALLE, 2009) Fomos oportunizados a acompanhar Mikhail Gorbachev, na URSS entre 1984/85 com o advento da lideranca entre as nacdes, o que deu inicio a perestroika, com reflexos politicos no s6 para seu proprio pais, mas também para 0 mundo. Setenta anos apés a implantacao do comunismo, este lider soviético passou a pregar uma nova revoluc&o, que geratia profundas mudancas em todos os campos no final do século XX. Em seu pais, liderou a transicéo soviética da economia planificada para a economia de mercado. De acordo, ainda, com Valle (2009) Paralelamente, foi tomando forma nos paises europeus, a necessidade de extingao das barreiras politicas e econémicas que os separavam, ampliando © proceso iniciado em 1987, com o Tratado de Roma, que criou a Comunidade Econémica Europeia, com objetivos econémicos para contrabalangar com peso comercial dos Estados Unidos. O ano de 1993, foi determinado, pelo Tratado de Maastricht, para ser o inicio da Unido Europeia com as fronteiras abertas para os cidadéios de todos os paises- membros, tendo a economia como carter integrador e as discussées politicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar social dos europeus, conduzindo a lutas comuns pela preservagao do meio ambiente, pela defesa dos direitos humanos: saiide, habitacao, seguranca, transporte e Educacdo. Em 1989, com a queda do muro de Berlim, principal simbolo da Guerra Fria, que separava a Alemanha em duas nagoes, ¢ a unificagdo germanica em 1990, as discusses sobre a Unido Europeia foram retardadas. Nesse mesmo ano, fez-se a unificacao politica alema, passando Berlim, em 1991, a ser a capital do pais. Outros fatos politicos viriam a abalar as relagdes mundiais no final da década de 1980 e inicio dos anos 1990, entre eles a guerra contra o Iraque, originada pela invasao do Kwait, que foi liderada pelo presidente Saddam Hussein e deflagrada, a partir do que fora considerado pela Organizagao das Nagdes Unidas (ONU), Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 uma agressao & soberania de um pais-membro da ONU e um acinte & democracia mundial. Meses antes, a ONU determinara 0 bloqueio econémico do Iraque, como forma de pressioné-lo a desocupar o pais, vizinho. Como tal medida ndo surtiu o efeito desejado, em 27 de janeiro de 1991 iniciou-se a Guerra do Golfo Pérsico, sob a lideranga dos Estados Unidos, que duraria cerca de 40 dias, terminando com a vitéria dos paises aliados (VALLE, 2009). Com fundamentagao nestes aspectos hist6ricos mundiais, iniciaremos uma discussao das nossas raizes histéricas. vocé acompanhard, portanto, uma evolugao histérica das relagdes politicas e econémicas, que ocorreram aqui no Brasil, permeada pelos fatos histéricos que de certa forma inspiraram as mudancas ocorridas em nosso pais. Muitos historiadores consideram que a Histéria da Educagao Brasileira nao & uma Histéria dificil de ser estudada e compreendida. O que temos so evolugdes ocorridas e rupturas de processos que marcam de forma signiticativa a nossa condugo politica, vejamos alguns fatos historicos e a correlagao mundial com os mesmos. Para iniciarmos, vamos apontar que a primeira grande ruptura ocorrida em nosso pais travou-se com a chegada dos portugueses ao territério do Novo Mundo. N&o podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram um padrao de educagao proprio da Europa, o que nao quer dizer que as populagSes que por aqui viviam j4 nao possuiam caracteristicas proprias de se fazer educagdo. E convém ressaltar que a educagao que se praticava entre as populagées indigenas nao tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu. Bello (2005), conta-nos que: num programa de entrevista na televisdo, o indigenista Orlando Villas Boas contou um fato observado por ele numa aldeia Xavante que retrata bem a caracteristica educacional entre os indios: Orlando observava uma mulher que fazia alguns potes de barro. Assim que a mulher terminava um pote, seu filho, que estava ao lado dela, pegava o pote pronto e jogava ao chao quebrando. Imediatamente ela iniciava outro e, novamente, assim que estava pronto, seu filho repetia 0 mesmo ato e o jogava no chao. Esta cena 58 repetiu por sete potes até que Orlando nao se conteve @ se aproximou da mulher Xavante e perguntou por que ela deixava 0 menino quebrar 0 trabalho que ela havia acabado de terminar. No que a mulher india respondeu: ‘Porque ele quer’. Podemos também obter algumas nogdes de como era feita a educagao entre os indios na série Xingu, produzida pela extinta Rede Manchete de Televisao. Neste seriado, podemos ver criancas indigenas subindo nas estruturas de madeira das construgdes das ocas, numa altura inconcebivelmente alta. Quando os jesuitas chegaram por aqui, Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 eles no trouxeram somente a moral, os costumes ¢ a religiosidade europeia; trouxeram também os métodos pedagégicos. Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a Histéria da Educagao no Brasil: a expulsdio dos jesuitas por Marqués de Pombal. Se existia alguma coisa muito bem estruturada em termos de educacdo, 0 que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentaram-se as aulas régias, 0 subsiaio literério, mas 0 caos continuou até que a Familia Real, fugindo de Napoleao na Europa, resolve transferir 0 Reino para o Novo Mundo (BELLO, 2005). De acorde com Bello (2005), n&o se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Familia Real permitiu uma nova ruptura com a situagao anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil, D. Joao VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botanico, e sua iniciativa mais marcante em termos de mudanga, a Imprensa Régia. Segundo alguns autores, o Brasil foi finalmente “descoberto” e a nossa Historia passou a ter uma complexidade maior. A educacéo, no entanto, continuou a ter uma importancia secundaria. Basta ver que, enquanto nas coldnias espanholas ja existiam muitas universidades, sendo que, em 1538, ja existia a Universidade de Sao Domingos e, em 1551, a do México e ade Lima; nossa primeira Universidade s6 surgiu em 1934, em Sao Paulo. Por todo o Impétio, incluindo D. Joao VI, D. Pedro | e D. Pedro II, pouco se fez pela educagdo brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamacao da Republica, tentaram-se varias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas, se observarmos bem, a educacao brasileira nao sofreu um processo de evolugdo que pudesse ser considerado marcante ou significative em termos de modelo Reflital Observe que podemos dizer que a Educacao Brasileira tem um principio, meio e fim bem demarcado e facilmente observavel a seguir. Vocé vera que os tempos histéricos sao bem demarcados em nosso pais. Se considerarmos a Historia como um processo em eterna evolugao, sabemos que novas rupturas aconteceréo e outros contextos delimitarao os fatos histéricos. Portanto, reflita que novas rupturas esto acontecendo no exato momento em que esse texto esta sendo lido. A educagao brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas diregdes. De acordo com Valle (2009), no Brasil, engessado por séculos de um periodo colonial, no qual nossas riquezas eram levadas para a Europa e a escravidao era 0 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convengao internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 grande comércio, as diferentes tentativas de revolugéo foram abafadas pelo colonizador portugués. Mesmo apés a independéncia do Brasil, durante todo o Império, as ideologias politicas que estavam em discusséo em diferentes paises pouco afetavam a realidade social e educacional brasileira. Citando um exemplo, vocé percebera que as politicas educacionais do Brasil sempre se mostraram inconsistentes. Na verdade, a historia da Educagao brasileira No registra, ao longo do periodo colonial, nem do Império, preocupacéo com politicas publicas de Educagao Neste periodo, a educac&o indigena foi interrompida com a chegada dos jesuitas. Veja os relatos de Bello: Os primeiros chegaram ao territério brasileiro em margo de 1549. Comandados pelo Padre Manoel de Nobrega, quinze dias apés a chegada, edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmao Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmao Vicente tornou-se 0 primeiro professor nos moldes europeus em terras brasileiras, & durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino @ a propagacao da 16 religiosa. No Brasil, 0s jesuitas se dedicaram A pregaco da fé catdlica € a0, trabalho educative. Perceberam que nao seria possivel converter os indios a fé catélica sem que soubessem ler e esorever. De Salvador, a obra jesuttica estendou-se para o sul 0, om 1570, vinto @ um anos apés a chegada, j4 era composta por cinco escolas de instrugao elementar (Porto Seguro, lihéus, Sao Vicente, Espirito Santo e Sao Paulo de Piratininga) € 1rés colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Quando os jesuitas chegaram por aqui, eles nao trouxeram somente a moral, os costumes © a religiosidade europeia; trouxeram também os métodos pedagogicos. Todas. as escolas jesuitas eram regulamentadas por um documento escrito por Inacio de Loiola, o Ratio Studiorum. Eles nao se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar, mantinham cursos de Letras e de Filosofia, considerados secundérios, ¢ 0 curso de Teologia e Ciéncias Sagradas, de nivel superior, para formagao de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramatica Latina, Humanidades e Retérica; e no curso de Filosofia estudava-se Logica, Metafisica, Moral, Matematica e Ciéncias Fisicas e Naturais. Este modelo funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a Histéria da Educacao no Brasil: a expulsdo dos jesuitas por Marqués de Pombal. Se existia algo muito bem estruturado, em termos de educacao, 0 que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. No momento da expulsdo, os jesuitas tinham 25 residéncias, 36 misses e 17 colégios e seminérios, além de seminérios menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educagdo brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histérica num processo j4 implantado ¢ consolidado como modelo educacional (BELLO, 2008). Logo em seguida, iniciamos outro proceso no Brasil com a expulsdo dos Jesuitas, que levaram com eles também a organizagao monolitica baseada no Ratio Studiorum. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenao internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 Aqui vocé sera convidado a realizar uma pesquisa sobre o significado de Ratio Studiorum, que importancia teve este documento para o Pals, em principal para a educacao, e efeitos que apresenta para os tempos atuais. Os jesuitas foram expulsos das coldnias em fungao de radicais diferengas de seus objetivos com os dos interesses da Corte. Enquanto os jesuitas preocupavam- se com 0 proselitismo @ 0 noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadéncia que se encontrava diante de outras poténcias europeias da época. Além disso, de acordo com Bello: Lisboa passou por um terremoto que destruiu parte significativa da cidade e precisava ser reerguida. A educagao jesuitica nao convinha aos interesses comerciais emanados por Pombal. Qu seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado. Desta ruptura, pouca coisa restou de pratica educativa no Brasil. Continuaram a funcionar © Seminério Episcopal, no Para, e os Seminérios de Sao José e Sao Pedro, que nao se encontravam sob a jurisdi¢ao jesuitica; a Escola de Artes © Edificagdes Miltares, na Bahia, a Escola de Artiharia, no Rio de Janeiro. Através do alvaré de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuiticas de Portugal e de todas as colénias, Pombal criava as aulas régias de Latim, Grego e Retorica. Criou também a Diretoria, de Estudos que sé passou a funcionar apés 0 alastamento de Pombal. Cada aula régia era auténoma e isolada, com professor tinico ¢ uma nao se articulava com as outras. Portugal logo percebeu que a educagao no Brasil estava estagnada e era preciso oferecer uma solucao. Para isso, instituiu 0 ‘subsidio literdrio’ para manutengao dos ensinos primério e médio. Criado em 1772, 0 ‘subsidio’ era uma taxacdo, ou um imposto, que incidia sobre a came verde, 0 vinho, 0 vinagre e a aguardente. Além de exiguo, nunca foi cobrado com regularidade € os professores ficavam longos perfodos sem receber vencimentos A espera de uma solugdo vinda de Portugal. Os professores geralmente no tinham preparagdo para a fungao, ja que eram improvisados © mal pagos. Eram nomeados por indicagdo ou sob concordéincia de bispos e se tornavam ‘proprietarios’ vitalicios de suas aulas régias. O resultado da decisao de Pombal foi que, no principio do século XIX, a educagao brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesultico foi desmantelado ¢ nada que pudesse chegar préximo deles foi organizado para dar continuidade a um trabalho de educagéio (BELLO, 2005). Continuando na nossa trajetéria de estudo sobre o passado das relagdes educacionais no Brasil, chegamos ao periodo Joanino, compreendido entre 1808 & 1821, um periodo curto. A vinda da Familia Real, em 1808, permitiu uma nova ruptura com a situagao anterior. Para atender as necessidades de sua estadia no Brasil, D. Joao VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenao internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 Botanico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudanga, a Imprensa Régia Segundo alguns autores, o Brasil foi finalmente “descoberto” e a nossa Historia passou a ter uma complexidade maior. O surgimento da imprensa permitiu que os fatos € as ideias fossem divulgados e discutidos no meio da populagao letrada, preparando terreno propicio pata as questées politicas que permearam o periodo seguinte da Histéria do Brasil. A educagao, no entanto, continuou a ter uma importancia secundaria. Para 0 professor Lauro de Oliveira Lima (1921 apud BELLO, 2005) a ‘abertura dos portos’, além do significado comercial da expresso, significou a permissao dada aos ‘brasileiros' (madeireiros de pau-brasil) de tomar conhecimento de que existia, no mundo, um fenémeno chamado civilizagao e cultura. Veja a citacao de Bello: D. Jodo VI volta & Portugal em 1821. Em 1822, seu fiho D. Pedro | proclama a Independéncia do Brasil e, em 1824, outorga a primeira Constituigéo brasileira. O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a ‘instrucao priméria & gratuita para todos os cidadaos’. Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores, institui-se 0 Método Lancaster, ou do ‘ensino ‘mituo’, no qual um aluno treinado (decurido) ensinava um grupo de dez alunos (deciria) sob a rigida vigilancia de um inspetor. Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrucdo: Pedagogias (escolas primérias), Liceus, Gindsios © Academias. Em 1827. um projeto de lei prope a criagéo de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever 0 exame na selegao de professores, para nomeagao. Propunha ainda a abertura de escolas para meninas. Em 1834, 0 Ato Adicional a Constituigao dispoe que as provincias passariam a ser responséveis pela administracao do ensino primario e secundario. Gracas a isso, em 1835, surge a primeira Escola Normal do pais, em Niterdi. Se houve intengéio de bons resultados nao foi 0 que aconteceu, ja que, pelas dimensées do pais, a educagdo brasileira perdeu-se mais uma vez, obtendo resultados pifios. Em 1837, onde funcionava 0 Semindrio de Sao Joaquim, na cidade do Rio de Janeiro, ¢ criado 0 Colégio Pedro Il com 0 objetivo de se tomar um modelo pedagégico para o curso secundério. Efetivamente, o Colégio Pedro Il no conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. Até a Proclamago da Republica, em 1889, praticamente nada se fez de concreto pela educagao brasileira, © Imperador D. Pedro Il, quando perguntado que profissao escolheria nao fosse Imperador, afirmou que gostaria de ser ‘mestre-escola’. Apesar de sua afeicao pessoal pela tarefa educativa, pouco foi feito, em sua gestdo, para que se criasse, no Brasil, um sistema educacional (BELLO, 2008), As primeiras décadas do século XX marcaram a politica educacional brasileira pela criagao da Universidade do Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1920 (depois Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 Universidade do Brasil e hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ). 0 movimento da Escola Nova, liderado pelos reformadores da época, leva a criacdo da Associacdo Brasileira de Educagao (ABE), em 1924, pelos intelectuais da Educagao com 0 objetivo de influir na implantacao de novas politicas de Educagao. A Republica proclamada adotou o modelo politico americano baseado no sistema presidencialista. Na organizagao escolar, percebe-se influéncia da filosofia positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como principios orientadores a liberdade e a laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primaria Esses principios seguiam a orientagao do que estava estipulado na Constitui¢ao brasileira. Uma das intenges dessa reforma era transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e nao apenas preparador; outra intengao era substituir a predominancia literaria pela cientifica, Essa reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, j4 que nao respeitava 08 principios pedagégicos de Comte; pelos que defendiam a predominancia literaria, jd que 0 que ocorreu foi o acréscimo de matérias cientificas as tradicionais, tornando © ensino enciclopédico. Cédigo Epitécio Pessoa, de 1901, inclui a légica entre as matérias e retira a Biologia, a Sociologia e a Moral, acentuando, assim, a parte literéria em detrimento da cientifica. A Reforma Rivadavia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundatio se tornasse formador do cidadéo e néo como simples promotor a um nivel seguinte, Retomando & orientagdo positivista, que prega a liberdade de ensino, entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensino que no seja por escolas oficiais, ¢ de frequéncia. Além disso, prega ainda a aboliggo do diploma em troca de um cettificado de assisténcia e aproveitamento e transfere os exames de admissao ao ensino superior para as faculdades. Os resultados dessa Reforma foram desastrosos para a educagao brasileira Pesquise sobre a Reforma Rivadavia Correa e veja os seus fundamentos & beneficios para a populagao. Estabeleca uma reflexdo sobre a continuidade da mesma em tempos atuais. Sera que da para fazer um paralelo? Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 Num periodo complexo da Histéria do Brasil, surge a Reforma Joao Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e Civica com a intencgao de tentar combater os protestos estudantis contra 0 governo do presidente Arthur Bernardes. A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de mudanga das caracteristicas politicas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu 0 Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a fundacao do Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) ¢ a Coluna Prestes (1924 a 1927) Além disso, no que se refere & educago, foram realizadas diversas reformas de abrangéncia estadual, como as de Lourengo Filho, no Ceara, em 1923, a de Anisio Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas, em 1927, a de Femando de Azevedo, no Distrito Federal (atual Rio de Janeiro), em 1928 e a de Carneiro Leao, em Pernambuco, em 1928. No Manifesto dos Pioneiros, em 1932, e no Manifesto dos Educadores, em 1959, houve toda uma histéria de lutas por uma escola melhor. Nos anos seguintes, as reformas educacionais previstas nas Leis 4.024 (de 1961, que estabelecia as diretrizes e bases da Educagao Nacional), a 5.540 (de 1968, que fixava as normas do Ensino Superior) e a 5.692 (de 1971, que implantou o ensino de 1° e 2° graus) sofreram, ¢ ainda sofrem, criticas severas de todos os setores. De acordo com Bello, a Revolucdo de 30 foi o marco referencia para a entrada do Brasil no mundo capitalista de produgao. A acumulagao de capital do periodo anterior permitiu que 0 Brasil pudesse investir no mercado interno @ na produgo industrial. A nova realidade brasileira passou a exigir uma mao de obra especializada e para tal era preciso investir na educacao. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educacao e Saude Publica ©, em 1931, 0 governo provisério sanciona decretos organizando o ensino secundério e as Universidades brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram conhecidos como ‘Reforma Francisco Campos’. Em 1932, um grupo de educadores langa & nagao 0 Manifesto dos Pionsiros da Educacao Nova, redigido por Femando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores da época. Em 1994, a nova Constituigéo (a segunda da Republica) ispse, pela primeira vez, que a educacao é direito de todos, devendo ser ministrada pela familia e pelos Poderes Péblicos. Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de Sao Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. Em 1935, 0 Secretario de Educagio do Distrito Federal, Anisio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, no atual municipio do Rio de Janeiro, com uma Faculdade de Educacao na qual se situava o Instituto de Educagao (BELLO, 2008), Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. at Em 14 de novembro, logo no inicio da Era Vargas, foi criado 0 Ministério da Educacao e Satide. Entretanto, os intelectuais renovadores da Educacdo, entre eles Anisio Teixeira, Lourengo Filho, Femando de Azevedo e outros, nao tiveram suas propostas politicas de transformagao da Educacao brasileira apoladas pelo movimento de 1930, que iria culminar com o periodo de ditadura de Gettlio Vargas @ © autoritarismo do Estado Novo (1937-1945). Refletindo tendéncias fascistas, 6 outorgada uma nova Constituico em 1937. A otientagdo politico-educacional para o mundo capitalista fica bem explicita em seu texto sugerindo a preparagéo de um maior contingente de m&o de obra para as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido, a nova Constituicéo enfatiza © ensino pré-vocacional e profissional. Por outro lado, propée que a Arte, a Ciéncia e o ensino sejam livres & iniciativa individual e a associac&o ou pessoas coletivas publicas e particulares tirando do Estado o dever da educacdo. Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primario. Também dispde como obrigatério 0 ensino de trabalhos manuais em todas as escolas normais, primarias e secundétias, No contexto politico, o estabelecimento do Estado Novo, segundo a historiadora Otaiza Romanelli, faz com que as discuss6es sobre as questées da educaco, profundamente ricas no periodo anterior, entrem “numa espécie de hibernagao”. As conquistas do movimento renovador, influenciando a Constituigao de 1934, foram enfraquecidas nessa nova Constituigao de 1937. Marca uma distingao entre o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as classes mais desfavorecidas. Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, s&o reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas receberam o nome de Leis Organicas do Ensino e séo compostas por Decretos-lei que criam o Servico Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAl) e valoriza o ensino profissionalizante. O ensino ficou composto, neste periodo, por cinco anos de curso primario, quatro de curso ginasial e trés de colegial, podendo ser na modalidade classico ou cientifico. O ensino colegial perdeu o seu carater propedéutico, de preparatorio para © ensino supetior, ¢ passou a se preocupar mais com a formacao geral. Apesar Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por moios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 dessa divisAo do ensino secundario, entre classico e cientifico, a predominancia recaiu sobre o cientifico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial. Convem lembrar que, nos anos 1960, acreditévamos ingenuamente que a Educagao era a alavanca do desenvolvimento e nao enxergavamos os limites da pratica pedagégica. Nos anos 1970, as ideias da teoria da reproducao abrandaram o entusiasmo com que muitos educadores haviam abragado 0 bindmio Educagao e Desenvolvimento. Lembrar dos anos 1960 e 1970 é rememorar um periodo marcado por movimentos estudantis — reflexo das dificuldades por que passavam os educadores, inseridos na massa brasileira, oprimida pelo movimento de 1964. E 0 ano de 1968 sera sempre um marco na histéria politica do Brasil, pelo endurecimento das agées da ditadura. No campo social foi um periodo marcado pela influéncia velada e oprimida por forga da repressao da ditadura, das ideias de Karl Marx, de Marcuse e pelas leituras do pensamento de Althusser e Gramsci. © fim do Estado Novo consubstanciou-se na adogéo de uma nova Constituigéo de cunho liberal e democréttico. Esta nova Constituigéo, na area da Educacao, determina a obrigatoriedade de se cumprir 0 ensino primério e d4 competéncia & Uniao para legislar sobre diretrizes e bases da educacao nacional. Além disso, a nova Constituigao fez voltar o preceito de que a educacao 6 direito de todos, inspirada nos principios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros da Educacao Nova, nos primeiros anos da década de 30. Ainda em 1946, o entao Ministro Raul Leitéo da Cunha regulamenta o Ensino Primario eo Ensino Normal, além de criar_ 0 Servigo Nacional de Aprendizagem Comercial — SENAC -, atendendo as mudangas exigidas pela sociedade apés a Revolucao de 1930. Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de 1946, 0 Ministro Clemente Mariani, cria uma comissao com 0 objetivo de elaborar um anteprojeto de reforma geral da educagéio nacional. Esta comissao, presidida pelo educador Lourenco Filho, era organizada em tres subcomissdes: uma para o Ensino Primério, uma para o Ensino Médio outra para o Ensino Superior. Em novembro de 1948, este anteprojeto foi encaminhado & Camara Federal, dando inicio a uma luta ideoldgica em torno das propostas apresentadas. Num primeiro momento, as discussées estavam voltadas 8s interpretagdes contraditérias das _propostas, constitucionais. Num momento posterior, apés a apresentacéo de um substitutivo do Deputado Carlos Lacerda, as discuss6es mais marcantes, relacionaram-se & questo da responsabilidade do Estado quanto & educacao, inspirados nos educadores da velha geragao de 1930 e A participacao das instituigSes privadas de ensino. Depois de 13 anos de acitradas discussdes, fol promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujanca do anteprojeto original, prevalecendo as reivindicagoes da Igreja Catélica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino ‘no confronto com os que defendiam o monopélio estatal para a oferta da educagdo aos brasileiros.Se as discussdes sobre a Lei de Diretrizes © Bases para a Educacao Nacional foi o fato marcante, por outro lado, muitas iniciativas marcaram este periodo como, talvez, o mais fértil da Histéria da Educagao no Brasil: em 1950, em Salvador, no Estado da Bahia, Anisio Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utiizada seja por meios eletrénicos ou mecénicos, inclusive fotocépias ou gravagses, ou, por sistemas de armazenagem e recuperagao de dados — sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 Teixeira inaugura 0 Centro Popular de Educacao (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando inicio a sua ideia de escola-classe e escola- parque; em 1952, em Fortaleza, Estado do Cearé, 0 educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didética baseada nas toorias ciontificas de Jean Piaget: 0 Método Psicogenético: em 1953, a educacdo passa a sor administrada por um Ministério préprio: 0 Ministério da Educagao e Cultura; em 1961, tem inicio uma campanha de alfabetizacdo, cuja didatica, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40 horas adultos analtabetos; em 1962, € criado 0 Conselho Federal de Educagao, que substitui o Conselho Nacional de Educacao e os Conselhos Estaduais de Educacao e, ainda, em 1962, 6 criado o Plano Nacional de Educacao © 0 Programa Nacional de Alfabetizagao, pelo Ministério da Educagao @ Cultura, inspirado no Método Paulo Freire (BELLO, 2005) Com a chegada dos anos 1980, inicia-se uma revisdo do exagero das teorias reprodutivistas, uma postura menos ingénua e mais realista em relag&o ao papel social da Educacao. Percebe-se com clareza que ha limites econ6micos, ideolégi- cos, culturais e de classe, que fazem com que a Educagao nao possa fazer tudo 0 que pensdvamos. Ha uma distancia entre a adeso intelectual as ideias progres- sistas e a insercdo na pratica progressista. A mudanga sé se sela quando a pratica politico-pedagégica ultrapassa a reflex e passa a aco. Assim, 0 inicio da década de 1980 6 marcado por movimentos sociais, pela organizacao de diferentes categorias em associagées, pela mobilizagao dos professores por melhores salarios, melhores condigdes de trabalho, melhor formagao profissional, melhores escolas. Surgem, em todo o Brasil, entidades nacionais representativas dos educadores, sem contar com intimeros sindicatos e outras associagSes estaduais, ¢ até municipais, que passaram a congregar grupos de professores por especificidade de atuacao pedagégica. As Conferéncias Brasileiras de Educagao (CBE) foram, nos anos 1980 e no inicio da década de 1990, féruns de debates das questées educacionais, nos quais as politicas educacionais foram temas de simpésios e painéis A “década perdida’ - como os economistas chamaram os anos 1980 foi, politicamente falando, para os brasileiros, a década da busca da cidadania. Iniciou- se com grande movimentacao da sociedade civil, organizando-se em sindicatos — que passaram a liderar as greves e as lutas por melhores salarios e condigbes de vida. As eleig6es diretas para governador, apés varios anos e eleigdes indiretas, fizeram os brasileiro vibrar por seus candidates. Fato marcante na primeira metade desta década foi 0 movimento popular pelas eleigdes diretas para presidente. A Todos 0s direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convencdo internacional de direitos autorais. 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