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9. Movimento Escolinhas de Arte em cena memorias de Noémia Varela e Ana Mae Barbosa Fernando Antonio Goncalves Azevedo A meméria é poder de organizacao de um todo a partir de um fragmento. GILBERT DURAND Atrilha percorrida para a construcao deste trabalho de pesquisa, aqui transformado em artigo, foi a da historia — histoiia da arte/educa- ao no Brasil — e o atalho, descontinuo e prazeroso, da memoria de arte/educadoras sobre 0 Movimento Escolinhas de Arte (MEA). Tal compreensao de histdria se apdia na seguinte afirmagao de Marilena Chaui: ‘a historia é descontinua e nado progressiva, cada sociedade tem sua historia propria em vez de ser apenas uma etapa numa histé- tia universal das civilizagdes”'. Em Meméria e Sociedade, de Ecléa Bosi, encontrei a compreen- sao de histéria como memoria que estabeleci como base para a inter- pretagao das entrevistas: “Nosso interesse esta no que foi lembrado, no que foi escolhido para perpetuar-se na histéria de sua vida. Recolhi aquela evocacao em disciplina que chamei de meméria trabalho”. Ao entendimento de Bosi sobre a memoria e ao de Chaui sobre histéria, articulei o que destaca Antonio Novoa: “nao é possivel se- parar 0 eu pessoal do eu profissional, sobretudo numa profissao for- temente impregnada de valores e ideais e muito exigente do ponto de vista do empenhamento e da relacdo humana”. Neste sentido destaca Névoa que . Convite & Filosofia, p. 50. Memiéria e Sociedade, p.37. . Vidas de Professores, p. 9. woies 218 ENSINO DA ARTE; MEMORIA E HISTORIA a identidade no é um dado adquirido, nao é uma propriedade, nao é um produto. A identidade é um lugar de lutas ¢ de conflitos, é um espago de construgo de maneira de ser e estar na profissdo. Por isso, € mais adequado falar em processo identitirio. realcando a mecha dindmica que caracteriza a maneira como cada um se sente e se diz professor’, A aventura, em seu sentido mais profundo, s6 se tornou possivel através das entrevistas concedidas — memorias vivas — por dois mar- cos da arte/educagao de nosso pais: Noémia de Aratijo Varela e Ana Mae Barbosa. Parto do principio de que é necessario ao arte/educador se reconhecer como sujeito histérico de uma minoria, no coletivo dos educadores, por compreender que o olhar hist6rico centra-se no hoje e revisita o passado pela via dos fragmentos da memoria das personagens escolhidas. Isso pode contribuir para se reinventar o presente de ma- neira mais reflexiva e critica diante do desafio ensinar/aprender/ensinar arte no contexto do mundo em que vivemos, caracterizado por intensas transformag6es cientificas, tecnoldgicas, politicas, artisticas e culturais. A metafora é a de um caminho histérico percorrido e a percorrer, inventado e reinventado constantemente. Caminho que por ser histé- rico nao é homogéneo e linear, mas miultiplo, heterogéneo e contra- ditério, cheio de altos e baixos, atalhos, trilhas, obstaculos e desafios. Caminho complexo que exige ser compreendido em, pelo menos, al- guns aspectos de sua multidimensionalidade. Um outro aspecto a destacar é 0 fato de que eu proprio como pesquisador ja possuia lagos estabelecidos com essa historia e, para justificar tal envolvimento, cito Walter Benjamin em seu famoso tex- to, “O Narrador”, pois nao acredito em neutralidade na pesquisa e sim em desejo de conhecer melhor um determinado acontecimento, ou seja, contextos de sua complexidade. Diz Benjamin sobre o nar- rador: “a sua marca pessoal revela-se nitidamente na narrativa, pelo menos como relator, se nao como alguém que tenha sido diretamente envolvido nas circunstancias apresentadas”*. Lembro que um trabalho de pesquisa, por mais que se estabele- gam suportes tedricos, constitui-se em um angulo de visdo, uma for- ma peculiar de perceber, olhar, organizar e recriar um ponto de vista que é permeado de marcas subjetivas, pois envolve interpretacao, hermenéutica, inven¢do e imaginacao. Um ultimo destaque desta introdugao é 0 motivo que desencadeou 0 desejo de pesquisar 0 MEA, aqui colocado em sintese reinventiva. No ano de 1987 acontecia em Brasilia o 1 Encontro Latino-Ameti- cano de Arte/Educadores articulado ao 1 Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (I FLAAC). O encontro foi coordenado pela professora Lais Ademe e nele aconteceu a cena que motivou este trabalho de pesquisa. 4, Idem, p. 16. 5. O Narrador, em W. Benjamin, Textos Escolhidos, p. 69. MOVIMENTO ESCOLINHAS DE ARTE 219 Sao minhas experiéncias de arte/educador que devo narrar a partir deste momento, e por isso recorro 4 memoria e ao imagindrio como possibilidade de dar sentido ao presente. Comecei minha vida profissional trabalhando em uma esco- la publica estadual localizada no Alto do Mandi, no bairro de Casa Amarela, um dos mais populosos da cidade do Recife. Essa escola atendia uma clientela de baixa renda. A experiéncia construida na Escola Sao Miguel foi de carater polivalente, pois predominava a proposta tecnicista dos anos de 1970. Em arte/educagao, a énfase era nas técnicas, transformando cada aula em um acontecimento tinico e sem liga¢ao com outro. Mais tarde, nos anos de 1980, aos poucos foi nascendo em mim um desejo de aprimorar minha pratica pedagdgica, tentando com- preender melhor o papel do arte/educador no processo educativo. Foi entao que busquei a Anarte (Associagao Nordestina de Arte/ Educadores), encontrando outros profissionais que desejavam tam- bém atualizar e fundamentar suas teorias e praticas pedagdgicas. O contato com outros arte/educadores, através da associagao, possibilitou minha participaco no 1 FLAAC, em 1987, e durante a pro- gramagao do festival, assisti 4 marcante cena que m.idou os rumos de minha vida profissional instigada pela necessidade de aperfeic¢oar meus saberes estéticos e artisticos. Tudo comegou quando Noémia Varela interrompeu uma palestra de Ana Mae, provocando uma discussao histérica — acalorada — entre ambas. Essa discussdo, do meu ponto de vista, é extremamente repre- sentativa da transi¢do entre a proposta de arte/educag&o modernista € a pés-modernista. Mas sé hoje compreendo que esse embate pode ser considerado uma metdfora dos transitos entre a concepgao de arte/ educa¢ao modemista e a pos-modernista. Algumas informagées acerca do contexto em que aconteceu 0 en- contro histérico langam flashes reveladores sobre certos aspectos poli- ticos, ideolégicos e conceituais, que permeiam a cena da discussao. Lais Aderne, na qualidade de membro da equipe que organizou 1 FLAAC, publicou um artigo que ajuda na contextualizacao da cena. Esse artigo foi publicado, como encarte, no jornal Fazendo Artes, da Funarte. Ele convida o leitor a pensar sobre a conjuntura politica edu- cacional brasileira nos anos de 1980, e mais especificamente fala sobre questées cruciais enfrentadas pelos arte/educadores naquele momento®. Apesar de a palavra tendéncia constar nesse artigo no singular, 0 acontecer da cena, no entanto, revelava a busca de demarcacao terri- torial, de fronteiras existentes entre um modo e outro de compreender a arte/educagao (transi¢ao entre a tendéncia modernista e a tendéncia 6. Espago Nacional das Associagdes: tendéncia da arte-educagdo no pais em 987, Fazendo Artes, n. 2. 220 ENSINO DA ARTE: MEMORIA E HISTORIA pos-modernista). Enfatizo a seguir 0 que afirma a autora em sua refle- xo sobre o ano de 1987: ano comega com a noticia bomba que foi para nés a resolugdo 06/86 e o parecer 785 do Consetho Federal de Educagio. Documentos sofismaticos que camuflam um retorno a velha filosofia do ler, escrever e contar, considerando que nossas criangas che- gam semi-analfabetas as Universidades, porque perdem tempo com a ecologia, historia em quadrinhos, cinema ou mesmo aprendendo 0 que vem a ser uma catedral gética’. Os documentos oficiais, resolugéo 06/86 e o parecer 785, pro- vocaram a indignacao e a critica dos arte/educadores ja organizados, naquela ocasido, em algumas associagées ao longo do territério na- cional (Aesp — Sao Paulo; Anae — Roraima; Amarte — Minas Gerais; Anarte — regional Nordeste). As associagées elaboraram documentos contra-argumentando a posic¢ao imposta pelo Conselho Federal de Educagao (cre), defendendo a importancia da arte-educagao, e tais documentos reivindicatérios se- quer foram respondidos pelo conselho. Assim realga Lais Aderne: um outro documento, sintese de todos os anteriores para ser encaminhado ao Conselho Federal de Educagao ¢ como a resposta ndo vem, comega-se a trabalhar para o futuro, elaborando material para a nova constituigao brasileira a partir de toda a documenta- go anterior: Manifesto de Diamantina‘, Carta de Sao Jodo Del Rei’, documentos da Aesp ~ Sao Paulo, da Anarte~ Nordeste, Anae — Roraima, Encontro de associagdes € Funarte — Rio de Janeiro, Esse documento teve a participagdo de representantes de Sao Paulo, Amazonas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Distrito Federal, englobando 29 entidades de classe da drea de arte-educagdo, cultura e esportes. Sua elaborago foi pre- sidida pelo deputado Hermes Zanetti que vinha acompanhando essa trajetéria de luta!, Nesse contexto aconteceu o 1 Encontro Latino-Americano de Arte/Educadores, como parte do | Festival Latino-Americano de Arte e Cultura, reunindo, em Brasilia, cerca de 1,5 mil arte/educadores do Brasil inteiro, entre os dias 13 e 25 de setembro de 1987. Além do destaque para o Brasil, que se fez representar, entre ou- tros, pelas arte/educadoras Ana Mae Barbosa, Noémia Varela, Lais Aderme, Ivone Richter, também estiveram presentes ao encontro re- presentantes dos seguintes paises: Argentina — Néstor Garcia Canclini 7, Idem, p. 3. 8. Documento elaborado e aproyado durante o encontro de arte/educagao reali- zado em Diamantina (MG) em julho de 1985. Este encontro aconteceu durante 0 17% Festival de Inverno da UFMG, apés amplos debates que detectaram questdes cruciais da arte em seus varios desdobramentos, em suas relagdes com a sociedade e em sua fundamental importincia no processo de desenvolvimento nacional. 9. Elaborada no segundo encontro nacional de arte-educacao realizado em Sao Joao Del Rei (MG). O encontro aconteceu entre os dias 7 € 10 de julho de 1986 na pro- gramagao do 18° Festival de Inverno da UFMG. 10. Espago Nacional das Associagdes..., op. cit., p. 3. MOVIMENTO ESCOLINHAS DE ARTE 221 e Victor Kohn; México — Suzane Alexander; Paraguai — Olga Blinder; Peru — Manoel Pantigoso; Uruguai — Salomon Azar. Lais Aderne considera dois aspectos importantes do encontro a destacar: primeiro, ele reuniu quase que a totalidade dos membros do Conselho Latino-Americano de Arte/Educadores (CLEA); segun- do, as mesas especiais foram importantes para repensar a teoria e a pratica da arte/educagio no sentido de proposta politica de nao ne- gar as dimens6es estética e artistica na formagao das novas geracées. Participaram delas os seguintes paises: Cuba, México, Equador, Venezuela, Colémbia, Chile, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai. Para muitos dos arte/educadores presentes, esse foi o inicio da busca de novas propostas pedagdgicas, porque tal encontro possibi- litou uma espécie de mergulho profundo e intenso, do ponto de vista conceitual e politico, no universo da arte/educa¢ao. Além disso, sua propria estrutura permitiu um contato com a produgao artistica latino- americana (em todas as linguagens), deflagrando a discussdo sobre a arte, estética e ética, na situacao dialética entre opressio versus resis- téncia que vivia (e ainda vive) a América Latina em relacao aos pai- ses considerados centrais. Com sensibilidade, Lais Aderne afirma: Desse “encontro marcado para sempre” fica um incrivel acer o a partir dos pronunciamentos dos convidados especiais como: Néstor Gareia Canelini, Suzane Alezander, Olga Blinder, Fayga Ostrower, Ana Mae Barbosa, Noémia Varela, Manoel Pantigoso, Salomon Azar, Victor Kon!" Por essasrazées, o 1 Encontro Latino-Americano de Arte/Educadores foi um marco histérico politico e conceitual, 4 medida que se delineava a reorganizacao da sociedade civil, associada 4 critica ao sistema que se implantou no Brasil a partir de 1964. Dessa maneira, formatava-se © processo de abertura politica, permitindo 4 educa¢do uma revisao dos projetos pedagégicos nao criticos (projeto pedagdgico tradicional, projeto pedagégico Escola Nova e projeto pedagégico tecnicista) e, de certa forma, o pensamento critico de Paulo Freire encontra eco nos quatro cantos do pais. Para Ana Mae, é necessario olhar criticamente o periodo entre 1958- 1963 para que se efetive a construgao de nossa historia da arte/educagao: Para se compreender a arte/educac20 no Brasil hoje ou qualquer outra manifes- tagio social, faz-se necessdrio compreender a dinimica deste tiltimo periodo [...]. As tendéncias culturais mais vivas hoje tem sua origem neste periodo ou na sua curta fase de “renascimento™ em 1968". - Sobre os acontecimentos que dinamizaram essa fase, Ana Mae des- taca: uma lei federal que sanciona as classes experimentais favorecendo 11, Idem, ibidem, 12. A.M, Barbosa. Recorte e Colagem, p. 18. 222 ENSINO DA ARTE; MEMORIA E HISTORIA a experimentagao em arte/educagao na escola regular; e a democrati- zacao de algumas idéias de Paulo Freire. Na educacao, de um modo geral, esse periodo é marcado pela afirmagao de um modelo nacional: fundagao da Universidade de Brasilia; desenvolvimento das concep- gdes e métodos de Paulo Freire; e a decretagao da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educagao Nacional, conquistas que foram repri- midas pelo golpe de 1964. De certa forma, contrapondo-se ao projeto implementado a par- tir de 1964, surge, entre 1980 e 1990, os projetos considerados mais progressistas de educagao escolar: Dermeval Saviani e José Libanio chamam atengao para a importancia de projetos mais criticos de edu- cacao tomando como referéncia 0 ponto de vista histérico social. Em arte/educagao a metodologia triangular'*, nesse momento, comega a ser gestada, com Ana Mae liderando um grupo de arte/edu- cadores, no Museu de Arte Contemporanea da Universidade de Sao Paulo. Cabe também contextualizar: em 1987, nesse clima de intensas discussdes nasce a Federagao de Arte/Educadores do Brasil (Faeb) com 0 intuito, entre outros, de organizar os congressos nacionais de arte/educagao para mobilizar conceitual e politicamente os arte/ educadores, e, de maneira mais especifica, elaborar o documento “Declaracao de Brasilia”. O 1 Encontro Latino-Americano de Arte/Educadores foi tao sig- nificativo para mim e para meus colegas e amigos arte/educadores pernambucanos que, na volta para Recife, todos nés fizemos prova de seleg&o para o curso de especializag&o em arte, oferecido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Passamos todos, eu, Rejane Coutinho, Patricia Barreto, Ida Korosse, Fred Nascimento, Fatima Serrano e Maria das Vitorias do Amaral. A discussao politica mais ampla no Brasil durante a década de 1980 era a elaboragao de uma nova Constituigdo e, para tanto, era necessdrio uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educagdo Nacional 13. Estamos denominando metodologia com 0 intuito de enfatizar historicamen- te como ela surgiu. Vejamos a seguir o que afirma Regina Machado: “A proposta triangular define o objeto da drea, ponto de partida estrutural para a conseqiiente enun- ciagdo de objetivos, conteidos e procedimentos metodolégicos a serem articulados pelo professor, tendo em vista — e isto é muito importante — as condigdes particulares em que se inscreve sua ag&o: caracteristicas socioculturais da sua escola, faixa etaria e nivel de desenvolvimento dos alunos. Com base na proposta triangular, o professor de arte pode compreender que existem conteiidos a serem trabalhados: no sentido de propiciar aos seus alunos um conhecimento de arte, advindo ndo apenas de sua atividade criadora, ou seja, realizando formas artisticas, mas também de sua aprendi- zagem estética. Esta tiltima, desenvolvida através da apreciagao da obra de arte, vista dentro da histéria da cultura, da historia das formas artisticas e da histéria pessoal dos artistas, bem como da leitura das mais diversas imagens do cotidiano”. Anpap, Anais, Arte-Educagao, p. 134. MOVIMENTO ESCOLINHAS DE ARTE 223 (LDBEN). Esta necessidade conferiu ao encontro de arte/educagao, no I FLAAC, maior importancia, pois, com a criagao da Faeb, os arte/edu- cadores puderam se organizar e interferir na nova situagao politica e social que se desenhava no Brasil. Enfatiza Lais Aderne: A proxima etapa dessa trajetoria integrando FAEB, Associagées, Sobreart, é a con- vocacao de todos os que trabalham com arte na educacao para definir o papel da arte na escola, sua fungao social, suas especialidades dentro do contexto da Educacao, da mesma forma como a matematica est para as estruturas légicas ou o portugués para a organizacao do pensamento, da fala ou da escrita's, Pensamos que congregar pensadores eminentes da cultura e da arte/ educacao brasileira e da América Latina, na segunda metade dos anos de 1980, foi possivel porque viviamos sob o clima do movimento de abertura politica e também por causa da inteligéncia e sensibilidade dos que nao se conformavam com o modelo de educagao artistica vigente. Tendo apresentado 0 contexto geral em que se inscreve a cena tao importante mobilizadora deste artigo, podemos agora retoma-la de modo mais significativo. Surge mais um flash da cena reconstituida pelo fio da meméria imaginativa: sobre o palco, Ana Mae fa: ia um discurso bastante desa- fiador, pelo menos para aquele momento, pois os arte/educadores pre- sentes estavam sendo provocados perante sua afirmagao: “no Brasil os arte/educadores ainda nao chegaram a modernidade, enquanto que em outros paises discute-se a pés-modernidade, aqui muitos de nés encontram-se na pré-modernidade”. No decorrer da palestra, Ana Mae criticou a concepgao de arte/ educagao modernista, baseada na idéia da livre expressao, propagada pelo MEA, instigando Noémia Varela a se levantar de seu lugar na pla- téia e defender de puiblico o MEA, por seu valor libertario e suas bases tedricas em Herbert Read e Victor Lowenfeld. Imaginem como foi para mim assistir 4 indignagfo de Noémia Varela diante das idéias expostas por Ana Mae. Ali, diante dos meus olhos, estavam em posic¢ao de “combate intelectual” dois marcos de nossa arte/educagaéo, que néo pouparam argumentos para defender suas idéias. No entanto, uma tinha formado a outra e o vinculo nascido dessa relagdo permanecia vivo entre elas: guardavam (e guardam até hoje) lacos de respeito, amizade e admiragao afetiva e intelectual. . Dai 0 encantamento tomou conta de mim tornando aquele mo- mento magico. Elas tiveram a coragem de se enfrentar de modo com- bativo e ao mesmo tempo afetuoso, afinal naquele momento eram como mie e filha diante de um publico enorme, confrontando suas historias e seus tempos de aprendizagem. 14. Espago Nacional das Associagdes..., op. cit., p. 3.

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