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F GOUPraNOLo is DAS EXAS DA PROVINCIA ;, DO PARA, nS) ; POR Awronto Lapistau Monreimo Barna Mogo Fidalgo da Imperial Caza, Cavalleiro da Ordem Militar de S, Bento de Ayiz, Sargento Mor e Commandante que foi do Corpo de Artilheria de Vinha a re rida Provincia, € Professor da sua igedla Militar, Sct, Paré 1838. Typogrephia de Sane. e Santos me- nor, Rua @Alfama N, 15. vis passadas facanhas seguranda 4 Grecia na memoria, Quan‘os cliros varoes esta mostrande Com o Fanal da Historia t Antonio Diniz da Cruz e Silva, Ode Pindarics a Duarte Pacheco. Epodo:( 1). : Biblioteca Arthur Reis Registro: 1164 Data: 05. 03.02. DISCURSO PRELIMINAR. Des vezes encarregado da Statistica da Pra. vineia do’ Para vi-me na preeizad de entrar na luborioza fadiga de revolver a Secretaria do Go- verno, € os mais Archivos publicos da Cidade pa- ¥a extrahir delles os apontamentos que deveriad servir de fundamenta 4 composigan da obra, que me fora commettida em o anno de 1823 sem o concurso de pessoa alguma, que me subsidiasse com o seu acerto e discrigad, © no anno de 1832 como Secretario da Commissaéd (a) creada pelo Gaverno, Razoens, cuja exposicad he alheia do prezente Jogar, fizeraS abortar uma empreza, a qual me prestei com assiduidade e gosto nad obstante en- carar a sua arduidade, ~Todos os meus aponta- Inentos por mim coacervados estavad no risco de sotrerem descaminho; para evitar este succedimen- io dei-me ad penoso trabalho de reuni-los em um volume copiando-os indiscriminadamente; isto he, sem alguma ligagao systematica ou derivacto de (a) Mella forao Membros os Senhores Antonia Correa Seara, Tenente Coronel de Cacadores da Primeira: Linha do Exercito, Dignitarin da Tin- perial Ordem do Cruzeira, e Commandante das Jdrmas de Paré; José Thomas Nabuco de rauja Corsiel da extincta Linha Miliciana, Commen- dador da Ordem de Christo, Cuvalleira da Im- periel Ordem do Cruzeiro, ¢ Juiz da Alfandega do Para; Doulor Ingelo Cusladio Correa; ¢ Rui- mundo Fernandes de Soura, Vieario Geral do Baizo Amasonas e Vigario da Villa de Santurem. uns de outros nad inferrupta nem vialenta. ~ No meio desta fadiga apographa concebi que melhor faria se organizasse a materia observando uma «deducyao chronologica singela: fiz o esboco debaixo deste ponto de vista, © parecendo-me to- Jeravel conclui o curisso 6 breve quadro, que. me isonjeio somente de haver delineado. I he o titulo de Compendio das Eras da Provincia do Para porque nad tinha achado abastanca de docil- mentos para uma historia ci*il_em Archivos nesse ‘momento defraudados de alguns papeis por clan- destina curiosidade: e sobre tudo porque eu me apercebin que nad girava na orbita de um Joaé de Barros ¢ de um Wduardo Gibbou para ser His- toriador como elles tad recommendaveis pela cle- fante e nitida forma, que derao ads seus escriptos, pelo rastreamento exacto, pelas reflexdes, e pelos delicados aleances esparsos no tecido dos acante- -clmentos, Outros de cuja amisade me honro, e cuja_lite- ratura e conhecimentos sed sobranceiros ad que possno da natureza e da appli 6 no desenvol- vimento das faculdades intellectunes nad sé) aba- Jangarad por condescenden com a amisade a emprehender esta tire fa ap das reflex “Tn toxas, que fix sobre a oecessidadeé @ gloriade uma Narracio escrita com critica, erudigho, e gosto, dos acontecinentos, que formao o assumpto da historia do puiz. *ortanta arite: a falta de uma historia civil pri- vatira’ do Para, ele ito persistir a mesma falta, supra medianamente bem o men desayulta- do trabalho: no qual nie rutilad garbos e bela: des da lingeagem, mas existe com positiva cer- *teza a verdade dos factos manente nos esecritos Officiags ¢ nos registos autheuticos, que passarag “pelo meu exame ocular. at aa Tambem consultei os Annaes Uistoricosdo Bs- tado do Maranhio de Bernardo Pereira de Ber- redo, que limitou o termo desta sua obra no an- no de i718, em que reeebeo o bastf#o de Gene- ral Governador do mesmo Estado, e que se ha tornado da ultima raridade por carencia de se- unda vez ser dada ad prelo. Elles me merecem, e devem merecer ads Lei- tores o justo conceito de veridicos tanto’ pelo caracter, luzes, @ circunstancias em que se acha- ya o Historiador no momenta em qué escreveo, como pelos documents que elle examinou, ¢ sous de quem recebeo as nad dubitandas no- s, que transmittio 4s geragoes fituras. Nesta parte pois fazendo-se-lhe a justica que entendo ser-lbe devida nada se lhe pode exprobrar. Te- ria sem duyida produzido tna ebra completa se nad omitth Bane a correspondente ads fie ctos referidos, as descubertas e uzo das opulen-' cias vaturaes, as épocas das fundaedes dos Povas, das instituieses politicas ¢ religiosas, do conmer- ein, da industria, e de outros suceessos que nar-— rou uubladamente : e se nad tivesse adoptada o estilo de fazer implexa a. exposigad historica do ! o, ¢ Pard. sa razio porque supra-proferi que havia fal- ta de huima historia privativa do Parad; pois sen- do os ditos Aitmaes Pisturicos a unica obra pressa que trata desta Prov 1 nelles se vé Tatthatiy arracad a ui e outro pa © seu escriptor melhor teri cue Quanda aborada se divilisse o seu traballio em duas partes dedicando uma 4 historia civil do Pars, e aoutra 4 do Maranhad, Todavie no meu sentir a imperfeicad, que ucabo de nofar no plano dos meucionados Anuaes, nao apaga o merito, que pertence ad seu illustre acs thor por ser quem primeiro procurou com tanto ardor, interesse e constancia, fazer conhecidas as duas Capitanias. Nao dea avanear mais para nad transcender os limites, em que me propuz circunscrever este discurso; @ passo a remata-lo com a necessartia prenotacao de que duas eras em linha com um pequeno traco de penna entre si servem de mar. car a divisad do assumpto historico, e denotio que durante os annos comprehendidos no seu in- tervalo succedeo tudo o que se refere debaixo das mesmas eras assim dispostas. + COMPENDIO DAS ERAS DA PROVINCIA DO PART, ——S 6 SS LIVRO UNICO, Que comprehende os Fastos da gente Lusitana desde que Francisco Caldeira de Castello Branco lancou os cimentos da Provincia do Pard até que esta adherio ad Systema Brasilico. ——<—_—__ 6- Ss —— 1615 — 1640. Governo intriso Castelhano: de cuja politica fraudulenta durante doze lustros de oprobrio e dominacad comecados em 1580 depois da funes- ta perda de El-Rei.Dom Sebastiao na horroroza e disforme batalha de Alcacer-Quivir (a) brotdrad consequencias fataes tanto ads interesses e cos- tumes dos Portuguezes, como as Sciencias e Ar- tes, que entre elles se cultivavad. 1615 — 1626. ae: Governo das Conquistas do Maranhio, e Gran (4) Wo dia 4 de dgosto de 1978, sre ope] ; Para subdito ad Govertto do Estado do Brazil. (1615 —-1617. Gaspar de Sousa, do Conselho de Wl-Rei, ¢ “Geutil Homem da sua Camera, forma o oitavo anne! da-cadea dos Governadores e Capitaens Generaes do Estado do ‘Brazil comeeada no ah- no de 1578, em que se reunio 4 Cidade do Sal- vador Bahia de Todos os Santos o governo ge- ral do dito Estado, cessando alli em diante a’ sua diyisad operada no anno de 1574 em dtas QWapitwnias distinctas uma do Nerte cuja Metro- no” era, a Cidade da Bahia, e a outra do Sul cuia Aewtnol eraa Cidade de Sad Sebastiao do Rio de Janeiro. r Foi este Governador a quem Philipe HI [a] de Hespanha em 8 de Outubro de 1612 deo Ins- truccdes para a conquista e descobrimento das terras e Rio Maranhad, e ordem de residir na Capitania de Pernambuco por ser o sitio mais accommodado a activar a expedicao, que devia effeituar o projécto da referida, conquista conce- hida e enviado para o Governo de Lisboa em 1604 por Pedro Botelho sexto Governador Ge- yal do Brasil, e adoptade pelo seu successor Dom Diogo de Menezes, o qual nad obstante ver-se em um tempo, em que o Governo de Portugal se achava acefalo, porque a sua cabega residia na distancia da Corte de Madrid, aonde sohiad chegar tarde as noticias, ou sd chegarao na for- ma’ que servia que se participassem a dita Cor- te, insistio em repetir mui vivamente ads Gover- nadores do Reino a pond 6 do grande peri ae — pee i a [a] Para os Portuguezes 1, . terras'se introduzissem Nacoens estranhas. EF co- at, lis MAD IRNIETG a Soins #0 que corria a Costa do Maranhad ge nas suas mo as reflexoens do seu escrito, a que deo o titulo de ,, Razad do Estado do Brazil ,, fossem a- companhadas de uma relacad de piratas France- 2es prisionados no resto da Bahia de Todos 08 “Santos com o intuito talyez de as constituir dignas ‘de credito. ¢ de uma positiva determinacad, jul- gou-as o Ministerio de aleum pezo, e assenton ae Se exigisse mais cabal exame, @ que depois elle Yista entad conforme o seu valor intrinseco se deliberasse sobre ‘as disposigdes canvenierites. ‘Cumpre com grande actividade Dom Diogo: da Menezes a ordem da ultima indagacad, Unvia a sua resulta ad Gabinete Real, IE finalmente he encarregado de ‘pér em acead as suas medidas, as quaes elle principia em 1610. \ Vrimeiro Capitao-Mor do Parad Francisco Cal- | ‘deira de Castello-Branco, | - He nomeado em Novembro de 1615 com este! ' ‘posto para o descobrimento do Gran-Pard por Alexandre de Moura, General Conquistador do Maranhas. Parte para a sua empreza no fim do Metcionado mez com a forga de duzentos homens em tm Caravelaé, um Pataxo, e um Lanchad. Nivega conservando a terra a vista em demanda do Rio Amazonas. A direccad ella o conduz & barra chamada Seperard pelos Gentios naturaes é proprios indigenas do paiz, que jaz ad Oriente € visinho da fox do Amazonas. Bntrana dita barra. Jesembarca em diyersos sitios: ¢ he Antonio dé Weos oO primeiro que poja em terra no primeiro desses desembarques, nos quaes sempre oppugna 9 estorvo dos broncos Sylvicolas. Prosegue a sua digressad até que alstispende agradado de uma pon-

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