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2, ALGEBRA DE BOOLE E CONTROLADORES COMBINACIONAIS Tradicionalmente, o projecto (sintese) de um controlador légico comporta 3 fases. 1 - Inicialmente ter-se-4 de elaborar 0 cademno de encargos do controlador, ou seja, especificar o seu funcionamento. As especificagées devem ser sujeitas a uma validagdo. Sempre que se registem faltas ou incongraéncias, devem corrigir-se as especificagées. 2- A fase seguinte comega com a identificagdo dos sinais de entrada e de safda do controlador, que receberdo a informagao e actuardo sobre o processo que se pretende controlar. Nesta altura, aplica-se um método de sintese mais ou menos intuitivo que visa a realizagio do controlador. Por método de sintese, entende-se um método que permite transformar as especificagdes em linguagem corrente em equagdes logicas. O resultado obtido no fim desta fase é um conjunto de fungdes légicas que definem o autémato. 3-Numa ultima fase, procede-se a implementagdo das equagées obtidas, utilizando uma dada tecnologia. A distingfio entre esta fase e a anterior poderd néo ser perfeitamente nitida, na medida em que, muitas vezes, 0 método de sintese tem jé em vista uma dada tecnologia. Partindo deste padrio basico, que 6 sempre util ter em mente, podem realizar-se diferentes variagdes, de maior ou menor sofisticagao, na metodologia de projecto. Em qualquer caso, dada a natureza dos controladores, a utilizagao da flgebra de Boole das proposigses aparece como uma ferramenta conceptual 13 Cap.2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais “ indispensavel. Recorde-se que os controladores légicos combinacionais ficam perfeitamente definidos através de equagées légicas que caracterizam as saidas como fungées booleanas apenas das entradas. Para este tipo de controladores, a algebra de Boole fornece um método praticamente directo, no s6 para a sintese das equagdes, como também para a simplificagdo destas, de modo a reduzir o custo € complexidade da implementagao. 2.1 Algebra de Boole A designac&o “Algebra de Boole" como entidade genérica, é actualmente algo enganadora pois, existe, nfo uma, mas sim uma infinidade de algebras de Boole. Estaremos interessados na dlgebra de Boole dos valores légicos ve f, que representaremos respectivamente por 1 e 0. Comegamos por definir formalmente 0 conceito. 2.1.1 Definigaio Seja um sistema algébrico B definido como um quintuplo ordenado: B=(B,+,,0,U) em que B é um conjunto com mais de um elemento, + e - sdo operagées bindrias em B, Oe U sao elementos distinguidos de B. B seré uma dlgebra de Boole no domtnio B, se forem satisfeitos os seguintes postulados: Comutatividade: VabeB at+b=bta a-beb-a Distributividade: VabceB a+(b-c)=(atb)-(ate) a-(b+c)=(a-b)+(a-c) Identidades: VaeB a-O=0 at+U=U Cap.2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 6 Existéncia de complementar: VaeB,jacB a+a=U Defina-se B por B = (0, 1), Oe 1 representando como se disse os valores de verdade ou valores légicos ve f, e definam-se as duas operagées + e - pelas tabelas: 0 0 pe oe 11 Ent&o o quintuplo ({0, 1),+,-,0,1) ¢ a Algebra de Boole dos valores légicos v e f. A operagdo + significa a operagao de adigdo légica ou disjungio ("Ou") e a operagio - significa a operagéio de multiplicagdo légica ou conjungéo ("E"). O complementar de uma variAvel, a , significa "Nao" a. Destaque-se que as condigées da teoria das dlgebras de Boole, chamadas axiomas ou postulados, sdo simétricas relativamente as operagies + e-, donde resulta o prinefpio da dualidade: - todo 0 teorema relative a algebras de Boole, enunciado em termos de adigfo (+) e/ou multiplicagéo (.), continua a ser verdadeiro se se trocarem entre si estas operagies e os respectivos elementos identidade, 0 ¢ 1. 2.1.2 Teoremas A partir dos postulados de uma qualquer algebra de Boole, podem deduzir-se como teoremas as seguintes propriedades: a V abceB (a+b)+e=a+(bee) (a+b)-c=a+(b-c) Idempoténcia: VaeB a+a=a cap.2 ‘Aigobra de Boole ¢ Cotroladores Combinacionsis 16 acaza VabeB at(a-b)=a a-(a+b)=a Inyolucso: VacB “a =a Vabe B a¢(a-b)=atb a-(a+b)=a-b FY oe VabeB (a-b)+(a-b)=a (a+b)-(a+b)=a 2 factor “inclutdo": Vabce B (a-b)+(@ -c)+(b-c)=(a-b)+(a -e) (a+b)-(@ +ce)-(b+e)=(atb)-(a +e) 2.1.3 Fungées e expressdes booleanas Dada uma dlgebra booleana #, uma fung&o booleana fy ¢ uma projecpio de B™ para B: fy:B" > B Exemplo Seja B= (0, 1). Entio, B?= ( (0,0) , (0,1), (1,0) , (1,1) }, Existem 16 fungtes de B* para B.A fungi "Ou Exclusivo’, por exemplo, corresponde & seguinte associagto de elementos de B? a elementos de B: foux = {((0,0),0),((O, 1, 1),((1,0), 1), ((1,19,0)} Cap. 2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais aw Dada uma Algebra booleana B com dominio B define-se uma expresso booleana por - 08 elementos de B séio expresses, ~ a8 varifveis 1,,%2,...%;,... 8o expressdes € - se F e G so expressdes entio também o so (F)+(G) (F)-(@) F Na eserita de uma expresstio booleana omitir-se-Go os parénteses, desde que tal nao cause ambiguidade, assumindo-se que a operagao. tem precedéncia sobre +. Aexpressio ((a)-(6)) +(c) seré assim mais simplesmente escrita a. b +c. Uma expresso booleana determina ou representa univocamente uma fungdio booleana, mas o contrério ndo verdade: em geral, para uma fungio booleana, existiré uma infinidade de expresses booleanas que a representam. Dado que estamos a considerar a Algebra de Boole dos valores légicos v e f, no seguimento referiremos fungées e expressdes booleanas como fungbes & expressées légicas. Estamos agora em posigéo de entender, de uma forma um pouco mais precisa, as questées de projecto de um controlador Idgico como um dispositive que realiza um conjunto de fungdes légicas. O ponto de partida para a sintese do controlador séo as especificagdes do automatismo a implementar. Estas especificagses -definem as varidveis de entrada e de safda do controlador. (Implicitamente, definiréo também as varidveis internas se implicarem um controlador sequencial.) - e podem ser traduzidas num conjunto de equagdes que definem cada uma das varidveis de safda (e cada uma das varidveis internas) do controlador & custa de uma expressdo ldgica envolvendo as varidveis de entrada (e as varidveis internas). Confrontem-se os exemplos no capitulo anterior. A tradugdo das especificagdes em equagdes em que o membro esquerdo é uma varidvel de safda (ou interna) e o membro direito é uma expresso légica 6 efectivamente 0 passo crucial no projecto. Nao estamos em posigéo de apresentar um método sistemético para a sua realizagao. Um tal método envolveria a anélise das especificagdes como determinando um conjunto de proposigdes ou frases Cap. 2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 18 elementares sobre o estado do proceso. A cada proposicao elementar é atribufdo uma varidvel légica cujo valor de verdade corresponde & saida do sensor associado. As especificagdes implicam também que as proposigdes elementares sejam combinadas em proposigdes compostas a custa de conectivas légicas. Esta combinagdio traduz-se nas expressées légicas que definem as varidveis de saida a custa das variéveis de entrada. De momento, deveremos confiar no conhecimento obtido por experiéncia para realizar esta tradugdo. Agora, visto que, uma expresso légica determina univocamente uma fungao Logica, torna-se claro que qualquer safda de um controlador légico € uma fungéo das entradas (e das varidveis internas). Mas, visto que uma fungdo pode ser representada por diferentes expressées, no hé garantia que a expresso obtida, como resultado do processo intuitive de tradugdo seja a mais eficiente (ou elegante) em termos de implementagao fisica. Isto coloca 0 problema de minimizar ou, pelo menos, simplificar as express6es légicas obtidas. Esta questao tem métodos sisteméticos de resolugdo e dedicaremos 0 resto deste capitulo a uma abordagem elementar. Existem 4 formas das expressées logicas que tem interesse referir: - forma candnica soma de produtos - forma canénica produto de somas - forma minima soma de produtos - forma minima produto de somas Uma expresso légica esté na forma soma de produtos quando € constituida por somas ldgicas de produtos légicos (estes produtos siio também designados por termos). Exemplo: (aD c)t(b- ad )+Ca ed) Uma expresso légica esta na forma produto de somas quando é constituida por produtos légicos de somas légicas (estas somas so também designadas por factores). Exemp! (a+b4d)-(b +4)-Ca tet d )-Ca +d) As formas canénicas so titeis na andlise de circuitos légicos e constituem Cap. 2 Algebra de Boole ¢ Controladores Combinacionais 19 ponto de partida de alguns métodos (gréficos, tabulares, ete.) de simplificagao de fangées légicas. Diz-se que uma expresso légica esté na forma canénica soma de produtos quando todos os seus termos contém todas as varidveis (da fungéo que implicitamente a expresso define). Estes produtos so também designados por produtos desenvolvidos, termos desenvolvidos ou mintermos. A forma canénica soma de produtos é também designada por soma de produtos desenvolvidos. Exemplo: de@ Fabed)=(@-b-ed)+ (abe d)+(a-b-e-d)+(a-d- +(abe d) Diz-se que uma expressio légica esté na forma candnica produto de somas quando todos os seus factores contém todas as varidveis (da fungio que implicitamente a expressao define). Estas somas séo também designados por somas desenvolvidas, factores desenvolvidos ou maxtermos. A forma canénica produto de somas é também designada por produto de somas desenvolvidas. Exemplo: Fla,b,c,)=(a+b+e)-(a+b+e)-(a+b+e) & normalmente a partir das formas minimas que se procede a implementagdo de circuitos légicos com "portas légicas" (gates) discretas porquanto conduzem normalmente a implementacdes mais simples. Ha varias definigdes possiveis para as formas minimas: - menor numero de literais (um literal 6 uma varigvel no-negada ou uma varidvel negada); - menor numero de termos /factores - somatério do mimero de termos / factores e de literais minimo. Adoptar-se-d a ultima definigao. Assim, uma expresso l6gica esté na forma minima soma de produtos quando a expresso légica € constitufda por uma soma de produtos tal que o somatério do numero de termos e do numero de literais é minimo. Uma expressao légica est4 na forma minima produto de somas quando a expressio logica é constituida por um produto de somas tal que 0 somatério do mumero de factores e do ntimero de literais ¢ minimo. Cop.2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 20 Tabelas de verdade As tabelas de verdade constituem outro processo de descrever as fungdes légicas. A sua utilizagéo deve-se ao modo simples como so obtidas a partir da especificagao informal da fungéo. Além disso, permitem a obtengdo directa das formas canénicas das expressbes algébricas das fungGes. A tabela de verdade apresenta todas as combinagies possiveis das varidveis da fangao, juntamente com os correspondentes valores assumidos pela fungéo para cada uma dessas combinagées. Exemplo o 0 0 1 0 Ope Og eee ial o 1 0 t 41 o 1 1 1 0 ees 0a laa 0 lee Olea 0 2 91 0 Ft 2 1 1 1 + 0 Esta tabela descreve uma funcao F de 3 varidveis a, be c que assume o valor l6gico 0 para as seguintes combinagbes dos valores das variaveis: Bde, abe, ab-e, ab-e, ab-e E assume o valor légico 1 para as combinagoes: “a-Dec, a-bee, abee A obtengio da expresso légica da fungdo na forma canénica soma de produtos reduz-se a escrever a fun¢éo como uma soma das expressdes das combinagies de valores das varidveis para os quais o valor da fungao € 1. Exemplo Para a tabela anterior, tem-+ F(ab) Para se obter a expresso ldgica na forma canénica produto de somas, pode Cap. 2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 21 escrever-se o complementar da fungéo como uma soma de produtos e complementar a expresso resultante, usando as leis de De Morgan. Exemplo Para a tabela anterior, tem-se: F(a,b,¢) )+ (-b-c)+(a-B-6)+(a-b-c)+(a-b-c) F(a,b,¢) =F =(atb+e)(a+b+8)-(E+b+e)-(E+b+e)-(E+b +8) A partir da tabela de verdade também se preenchem facilmente os mapas de Kamaugh que constituem a principal ferramenta gréfica de simplificagio de fung6es légicas. 2.2 Simplificagiio de Expressdes Légicas 2.2.1 Utilizagio dos teoremas da dlgebra de Boole A simplificagdo de expressées légicas recorrendo aos teoremas da algebra de Boole néo 6 um processo sistemdtico. O processo de aplicagao dos teoremas repete-se até que jé ndio existam mais partes da expressfo susceptiveis de serem simplificadas. Nao existe, no entanto garantia que a expressio obtida esteja realmente minimizade. Os teoremas mais utilizados na simplificagéo de expressdes légicas sfo: ‘Teorema da absorcio : VabeB at(a-b)=a a-(atb)=a rm “mens VabeB a+(a-b)=a+b a-(a+b)=a-b VabeB (a-b)+(a-b)=a Cap.2 Aigebra de Boole ¢ Controladores Combinacionais 22 (atb)-(a+b )=a © teorema da absordo aplica-se quando um termo ou expresso esté jnclufdo num termo "maior". Esse termo "maior" tem uma parte que é idéntica ao termo "menor" para além da ocorréncia de outras varidveis. O termo maior, nestes casos, é redundante. Se um termo ou uma expresséio ocorre num termo "maior" na forma negada da que ocorre num termo "menor", entdo essa ocorréncia na forma negada é redundante (teorema do termo/factor "menor"). O teorema da adjacéncia légica aplica-se no caso de dois termos de uma expressio diferirem apenas numa varidvel, que ocorre na sua forma directa num dos termos e inversa no outro termo. Neste caso essa varidvel € redundante em ambos os termos. Exemplo bec tbee-d ee-d+ ‘Aplicando 0 teorema de absorgio, pois o primeiro termo estd incluido no terceiro termo, obtém-se: Fee-dta-b-c Em algumas expressdes estes teoremas nao podem ser aplicados directamente. Exemplo Soja a fungto Fea-b+b-ef+ a-c-d+ b-c-d ‘No entanto, recorrendo & propriedade da distributividade Fea-b+b-ef+ @-c-d-(atb) e pela lei de De Morgan Fea-b+be ‘Agora o primeiro termo aparece inclufdo na forma de complemento no tereeiro termo pelo que se pode aplicar 0 teorema do terma/factor menor. Fea-b+b-e-f+ ed Cap. 2 Algebra de Boole o Controladores Combinacionais 23 Exemplo Seja agora a fungdo: Fea-b-e+abe+-a-b-e+a-bec Aqui pode aplicar-se directamente o teorema da adjacéncia légica b+-a-b Recorrendo apenas aos teoremas nem sempre se obtém a expresso mais simples, pelo que néo constituem a ferramenta mais eficaz para a minimizagéo de expressdes légicas. Os mapas de Karnaugh e os métodos tabulares (em particular o de Quine- McCluskey) so alternativas a considerar. Para a utilizagio manual os mapas de Karnaugh afiguram-se mais convenientes. 2.2.2 Mapas de Karnaugh Os mapas de Karnaugh constituem outra representagao para as fungies légicas. Tem especial utilidade por permitirem obter de forma quase totalmente sistemética, e relativamente expedita, as expressdes minimas das fungdes logicas. A minimizagao nao é totalmente sistematica, no sentido de que ha casos em que uma parte do processo de obteng&o da forma minima tem que ser feita por tentativa e erro. © mapa de Karnaugh para uma dada fungdo consiste num quadro com tantas células quantas os possiveis mintermos da fungdo, em que as células sao dispostas por forma a possibilitarem uma aplicagdo mecanica do teorema da adjacéncia l6gica (os mintermos a que é possfvel aplicar o teorema da adjacéncia logica ficam colocados em células ‘adjacentes’). Ora pode demonstrar-se que, quando o ponto de partida € a forma canénica soma de produtos, 0 teorema da adjacéneia légica € 0 vinico necessério para aleancar a forma mfnima - assim, 0 mapa de Karnaugh permite a minimizagéio através da deteccHo gréfica de mintermos adjacentes. Cap. 2 Algebra de Boole o Controladores Combinacionais m4 Exemplo O mapa de Karnaugh para uma fungto de 3 varidveis A, B e C poderia ser: H ‘A fungiio € representada no mapa de Karnaugh inserevendo um 1 nas células correspondentes aos mintermos que fazem parte da expresso da fungi, e inscrevendo um (0 nas células correspondentes aos mintermos que no fazem parte da expressio da fungto. c ‘Seja a funp&o cuja expresstio algébrica é dada a seguir na forma canénica soma de produtos: FA,B,C)=A-B-C+A-B- G+ A-B-C ‘A sua representago no Mapa de Karnaugh acima seria: B c Examinando a expressto da fungio pode verificar-se que € possfvel aplicar 0 teorema da agjacéncia aos dois wltimos termos. K-B-C+A-B.C =B-C Observando agora o mapa de Karnaugh, verifica-se que aqueles dois termos correspondem a células geometricamente ‘adjacentes’ com o 1 inscrito, A simplificago pode ser assinalada “agrupando” essas células como se ilustra na figura seguinte. cop. 2 ‘Algebra do Boole o Controladores Combinacionais 25 Torin “TEE c A expressdo simplificada resulta agora directamente do mapa de Karnaugh. 0 1 isolado, que nfo foi posstvel ‘agrupar com outro(s), corresponde ao termo (A - B -C Jenquanto o 'par' de 1s corresponde ao termo (B- C ) A expressto ‘simplificada’, forma mfnima soma de produtes, € assim: FAB,C)=A-B-C+B-C No mapa que temos vindo a utilizar como exemplo, a correspondéncia entre células e mintermos é, pois, a que se ilustra a seguir: B ABC | AEC. | ABC. FB. ‘| [ees Abc. | ABC. | ABC € S&o obviamente possiveis outras correspondéncias entre células e mintermos. A tinica condigéo a cumprir é a de que essa correspondéncia seja tal que fiquem colocados em células geometricamente ‘adjacentes’ mintermos aos quais seja aplicével o Teorema da Adjacéncia Légica. 86 deste modo ser possivel a aplicagiio 'mecfinica’ desse teorema. Usando a convengio de que a uma varidvel negada corresponde o sfmbolo 0 e que a uma varidvel na forma directa corresponde o simbolo 1, podemos representar os mintermos por um cédigo bindrio, Fazendo corresponder aos mimeros do eédigo bindrio os respectivos equivalentes decimais, podemos numerar 0s mintermos como se ilustra a segu: A-B-C 0000 A-B-C 1004 A-B-C 0011 A-B-C 1015 K-B-C 0102 A-B-G 1106 A-B-C O11 3 A-B-C 17 Cap.2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 26 B 0 1 a 2 al fa o = c Duas células so adjacentes se os mintermos a elas associados forem iguais a menos da ocorréncia de uma das varidveis (que aparece directa num e complementada noutro). Assim, células com um lado comum séo adjacentes e eélulas com um vértice comum nfo sio, Células nos extremos opostos do mapa também s&o adjacentes. Por exemplo as células 0 e 2 do mapa acima sido adjacentes. Um mapa de Karnaugh para uma fungfo de 8 varidveis requer 8 células, uma para cada termo desenvolvido (mintermo) possivel - 23 = 8. Um mapa de Karnaugh para uma fungdo de 2 varidveis terd 22 = 4 células, um mapa de Karnaugh para uma fungdo de 4 varidveis teré 24 = 16 células, ete. Q B 2 Variéveis 3 Variévels ¢ 4 Varisveis 8 A 5 Varlévels E eS c 8 8 A A Cap. 2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 2 Grupos de adjacéncia e simplificagfio dos termos ‘Até agora considerov-se apenas a simplificagdo resultante do agrupamento de 2 células adjacentes, por aplicagéo directa do teorema da adjacéncia logica. Podem, no entanto, existir grupos de adjacéncia com mais células, que Jevam a simplificagdes maiores. Por exemplo, num mapa para 4 varidveis podem existir grupos de adjacéncia com 2, 4 ¢ 8 células. Um grupo de adjacéncia é um grupo de mintermos que mantém ocorréncias idénticas de uma parte das varidveis, ao passo que as restantes tomam todas as possiveis combinagdes de ocorréncias. Exemplo O grupo A.B-C-D, A-B-C-D, A-B-C-D, A-B-C-D mantém ocorréncias idénticas de A e D, do mesmo passo que inclui todas as combinagtes possiveis das ocorréncias de Ce B. Considerando a soma légica dos mintermos do grupo, podemos aplicar a propriedade associativa: F(A,B,C,D) =A-B-C-D+A-B- 0 -D+A-B-C -D+A-B-C-D =A-D-(B-C+B-C+B-C +B-C) Notando que dentro dos paréntesis est4 a soma légica de todos os mintermos de uma fungio das variaveis B e C, temos F(A,B,C,D)=A-D-1=A-D De uma maneira geral, a soma do grupo de mintermos que constituem um grupo de adjacéncia é equivalente ao obtido tomando as varidveis com ocorréncias idénticas e suprimindo todas as outras. Cap. 2 Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 28 ‘Exemplos de grupos de adjacéncia de 2 células: P ZI - D B. BCD A.B.C Exemplos de grupos de adjacéncia de 4 células: c c =! 5 6 > Cop.2 Algebra de Boole ¢ Controladores Combinacionais 29 Exemplos de grupos de adjacéncia de 8 células: Cc B—| Cc 9 D Leitura de mapas na forma minima soma de produtos Porventura a utilizagdo mais comum (se bem que ndo a tinica) dos mapas de Karnaugh ¢ a obtengiio da forma minima soma de produtos (FMSP) para uma fangdo, quando o ponto de partida é a forma candnica soma de produtos. Para chegar a um processo sistemético (ou quase...) de obtengdo da FMSP vamos comegar por definir, grupos (de adjacéncia) primarios: Um grupo de adjacéneia diz-se primério se ndo estd totalmente incluido em outro grupo maior. Exemplo: c Grupo n°2 ABC commun Cay, rupo ni ie uh ala) Grupo n°3 5 Bc 0 grupo n*2 nfo é primério, pois esté totalmente inclufdo no grupo n°3. Os grupos n‘l e 3 ‘so primérios. E bem claro que um termo relativo a um grupo néo-primério nfo deve aparecer na FMSP, uma vez que os 1s por ele "representados" séio englobados num termo mais simples correspondendo a um grupo primério que o inclua. Cap.2 Aigebra de Boole e Controladores Combinacionais 30 Por outras palavras, na FMSP sé aparecem termos correspondentes a grupos primdrios. Resta o problema de escolher quais os grupos primdrios que formam a FMSP. Cada célula 1 deve estar incluida em pelo menos um dos grupos primérios escolhidos, Ora, haveré muitas vezes 1s que estdo incluidos em apenas um grupo primério, Um grupo primério diz-se essencial se incluir uma ou mais células 1 que néo estao incluidas em qualquer outro grupo primério. Também € claro que todos os grupos primérios essenciais devem estar inclufdos na FMSP. No entanto, nem sempre a FMSP consta apenas de grupos primérios essenciais. Isso acontece se, apés remogéo dos 1s contidos em grupos primérios essenciais, subsistirem um ou mais 1s. Exemplo CU 5 J Grupos primérios ‘Apés remogéo dos grupos primérios essenciais "* assinala as células que s6 so inclufdas num grupo primério e que portanto definem os grupos primérios essenciais - estas células so chamadas células essenciais. Apés @ remog&o dos 1s contidos em grupos primérios essenciais haverd que “representar” os 1s remanescentes por termos adicionais o mais simples possiveis. Para esses termos udicionais pode-se, se isso resultar em termos menores, retomar Is jé inclufdos nos grupos primarios essenciais que tinham sido removidos, de maneira a formar grupos 0 maior possivel. No exemplo anterior, isso corresponde a incluir o 1 remanescente no grupo do quadrado central. Pode acontecer que depois da remogdo dos grupos primérios essenciais exista inclusivamente mais de um 1 remanescente. Nesse caso, a obtengdo da FMSP faz-se através de um processo de tentativa e erro. Cap.2 Aigobra do Boole ¢ Contratadores Combinacionais a Exemplo: Grupos primérios 1" tentativa de extracpio 2" tentativa de extraclio essenciais dos restantes 1s dos restantes 1s = = ABC pp BCD B.C.D ae \ eee) 1 nC q IB B 1) all ain A ( J wD D D ‘Uma andlise simples permite verificar que a 2* tentativa fornece jé a FMSP. Os 4 1s restantes, depois da remopio do grupo primério essencial, nao podem ser agrupados num grupo de 4, nem num grupo de 4 mais um grupo de 2. Assim por ordem de simplicidade decrescente a melhor hipétese a seguir ¢ a de 2 grupos de 2. Este € precisamente o agrupamento efectuado na 2* tentativa, Se bem que o processo de obtengao da FMSP a partir do mapa de Karnaugh no seja inteiramente sistematico, podem delinear-se, de acordo com 0 jé exposto, 0s passos para um método a seguir: 1 - Identificar no mapa os grupos que é possivel formar, nfo omitindo nenhum dos maiores. 2 - Dos grupos identificados, manter e marcar ("rodear") apenas os primérios, Neste ponto, verificar: = todos os 1s esto incluidos? = ndo hé grupos maiores que por lapso ainda falta identificar? - por lapso néo se teréo marcado grupos néo primérios, isto é, totalmente inclufdos dentro de outros grupos maiores? 3 - Dos grupos primérios, salientar os essenciais. Por exemplo, distinguindo com asteriscos as células essenciais, pertencentes s6 a um grupo primério. Cap.2 Algebra de Boole ¢ Controladores Combin: 32 4 -"Extrair” os termos correspondentes aos grupos primérios essenciais. 5 - Se depois de removidos os 1s inclufdos nos grupos primérios essenciais ainda restarem 1s no mapa, encetar um processo de tentativa e erro para minimizar os termos que representam esses 1s restantes. 5.1 - Comegar por identificar quais os grupos maiores que é possivel formar com os 1s restantes. "Extrair” esses grupos, notando que se isso simplificar os termos que se estdo a extrair, devem ser utilizados, para formar grupos maiores, 05 18 j4 considerados em passos anteriores. 5.2 - Como o miimero de 1s restantes é reduzido, geralmente ¢ fécil ver qual 60 melhor nivel de simplificagdo dos 1s que ficaram depois do passo 4. Assim que se chegar a uma solugdo com esse nivel de simplificagdo, dé-se por concluida a minimizagao. Exemplo: Grupos primérios As restantes A maior simplificagto (hé 2 grupos essenciais) 62 grupos de 2 c c c TOA |. if4 7 D ns A an ala Al 1 Sze) U > D D Nota: se no fosse possivel cobrir os 3 1s restantes por meio de 2 grupos de 2, terfamos de ensaiar a seguir a hipdtese de 1 grupo de 2 e 1 grupo de 1, e assim sucessivamente. Geralmente, ao resolver um problema de minimizagdo ndo se explicitam todos os passos indicados, passando-se, por exemplo, directamente aos grupos primdrios sem identificar todos os grupos menores. Condigses indiferentes Ha fungGes logicas para as quais certas combinagdes das varidveis de entrada nunca podem ocorrer, pelo menos, em termos de funcionamento normal dos dispositivos.. Também surgem casos em que para determinadas condigdes de entrada, que podem ocorrer, as saidas do circuito simplesmente n&o sao Cap. 2 Aagobra de Boole ¢ Controladores Combinacionais utilizadas. Exemplo (combinagées de entrada que no podem surgir): 33 ‘Num tangue de Iiquido os sensores 1 e 2 ficam a "1" quando imersos. ‘A combinapfo $2=1, S1=0 nunca poder4 surgir. Exemplo (combinagSes de entrada para as quais as saidas nio sio utilizadas): x0 pertiow Xt —} |_pOvertic x2 | xo}. : Le» 3B bez 3 bz oe 2 eel [ze Ys} pes — O cireuito multiplicador da figura acima multiplica uma palavra X de 4 bits por outra palavra Y também de 4 bits, apresentando o resultado numa palavra de 7 bits. ‘No entanto, quando o resultado, por demasiado grande, jé nfo 6 exprimtvel em 7 bits, apenas deve activar a safda Overflow, que indica ultrapassagem da capacidade, Nessa situagdio ¢ indiferente o estado das safdas Z, porque no vio ser utilizadas. Por outras palavras, para todas es combinagSes de entrada que resultarem num produto no exprimfvel em 7 bits, as safdas Z sto opcionais dado que nto serio utilizadas. ‘Quer num caso quer noutro, para essas combinagbes de entrada as safdas sto indiferentes, isto é, a fancionalidade do circuito nfo é afectada pelos valores que as safdas possam ento tomar. Hé entdo completa liberdade para estabelecer valores para as safdas relativas a esses combinagdes, de acordo com o que seja mais vantajoso para a simplificagdo do circuito. Para realgar esse facto, os valores indiferentes das Cap. 2 ‘Algebra de Boole e Controladores Combinacionais 34 le safdas representam-se (numa tabela de verdade ou num mapa de Karnaugh) por x. Num mapa de Karnaugh, 0 procedimento a tomar em relagéo aos Xs € 0 seguinte: - se tomar um [ou mais] X como 1 resultar na compactagdo de um termo necess4rio para “extrair" alguns dos 1s do mapa, o X é tomado como 1; - caso contrério, o X é tomado como 0. Exemplo: ‘$6 um dos Xs é que ¢ tomado a 1: Ee :

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