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_—____JATURAS : BS ‘+ 0 Armamentismo @ © Brasil: A Guerra Deles — Ricardo Amt (org.) «= Carajés — Desatio Politico, Ecologia e Desenvolvimento ~ Diversos Autores ‘A“"Coneliagao” © Outras Estratégias — Michel M. Debrun 0 Estado Nuclear no Brasil — Carlos A. Girotti Exterminismo © Guerra Fria ~ Diversos Autores + 0 Extremo Oeste — Sérgio Buerque de Holanda + Guerra em Surdina — Hist6ria do Brasil na Segunda Grande Guerra — Boris Schoaiderman + 0 Ocidente Diante da Revolucso Soviética — Marc Ferro * Sociedade @ Estado na Filosofia Politica Moderna — Norberto Bobbio/Michelangelo Bovero Colegio Primeiros Passos # Oque ¢ Diteito Internacional — José Monserrat Fiho © O que & Geografia — Ruy Moreira 1 O que ¢ Ideologia — Marilena’Chaui © © que 6 Imperalismo — Afranio Mendes Catan’ "+ O que ¢ Poder — Gérard Lebrun + O quo é Politica — Wolfgang Leo Moar #0 quo 6 Propaganda Ideolégica — Nelson Jahr Garcia Marlene Suano O QUEE MUSEU 44342 ) 994101 tan 37585 =|brasiliense Coxiyright © Marlene Suano Copa: Carlos Matuck Reviséo: Carlos T. Kurata C.M. dos Santos Esteves 01228 — Séo Paulo — SP Fone (011) 231-1422 = Introducao ...... = Origens da Instituigéo = 0 Museu como Instit = As primeiras transformagées do Museu Pa- blico: museu, pesquisa e educagZo no século XIX... c = As transformagées do século XX =A situagao atual dos Museus: caréncia e pers: pectivas .. = Indicagées para leitura . . INTRODUGAO Sempre houve preocupacio, por parte dos segmentos mais variados de nossa sociedade, com 2 compreensio de nosso passado © sua preservagdo. No se deve confundir ‘essa “/preservaco do passado" com a manutencio de ‘caracteristicas de uma época, Trata-se de manter e preservar ‘estemunhos materials dessa época que nos sirvam como pontos constantes de partida para reflexdo ¢ andlise. E reservar tais testemunhos do passado 6, substancialmente, dar-lhes condicées de continuarem a’ ser utilizados no presente om toda sua potencialidade. Contudo, a vida moderna — ou, melhor dizendo, 3 tecnologia moderna — vem tornando cbsoletos, inoperantes fu economicamente invidvel uma variedade muito grande de tais testemunhos, De pequenos objetos a edificios Inteiros, pasando por:-méquinas das mais diversas, nosso. Universo se renova com espantosa velocidade e tudo é trocado em nome da “rentabilidade”, da “facilidade”, da “implicidada’. Esses testemunhos passam, entJo, por fase de completo abandono, quando sfo esquecidos, escondidos ‘ou simplesmente destrufdos, fase a qual se segue, quase sempre, perfodo de “revalorizaglo": A soviedade ~ isto 6, Seus 6rgéos preservacionistes — emprega, entéo, grande esforgo para svar aquilo que abandonara pouco tempo atrds. Nem sempre, porém, sous objetivos sf0 alcancados. A degeneresoéncia, tanto orgénica quanto de uso, uma vez instalade,€ de dificil recuperacdo. ‘Assim tem inicio © movimento preservacionista, que representa um enorme esforco visando despertaro interesse © obter verbas junto &s autoridades piiblicas. Os edificios ue se conseguern"salvar” devem, entZo, fazer jus a tanto esforgo e assumir toda sua “importancia": viram “marcos”, “monumentos", © passam a abrigar ou museus ou minis: rios, secretaries’ de estado, escolas de arte ou alguma ativi- dade considerada “nobre", raramente voltando a servi &s funedes 3s quais se prestava antes de ser considerado “patriménio cultural <6 a trajetério dos objetos tradicionais, quando revalori- zados, 6 bem mais simples: eles so entronizados em algum museu, ou passam a fazer parte de alguma das indmeras ColegSes privadas do pais. [No caso do objeto, sua aparicSo como "pega de museu” the confere, quase sempre, uma aura de importancia e um estatuto de “valor cultural” que ele antes no possuta Em alguns casos, isso gera um mecanismo que fomenta @ alimenta © mercado privedo de antiguidades, contribuindo para que pecas sejam retiradas de seu contexto original e ‘wazidas para as vitrinas dos antiquérios. Seria ilusério, contudo, acreditar que tal movimento possa ser impedido ou revertido, [6 que a circulacko de bens entre os diferentes segmentos da sociedade ¢ prética que responde a osclacBes inerentes& vida socal. Os museus deveriam, portanto, conhecer os diferentes perceigos que objetos enfrentam até chegar ao museu e amealhar amostras consistentes de material que dissesse Tespeito as suas disciplines. A maior parte dos musous, @ontudo, esté voltada para recuperar o passado e 0s Gnicos museus cue se preocupam em coletar o presente so os milseus de histbria naturale os de artes plasticas. Os museus tmnciclopédicos © os histéricos e teonolégicos, entre nés, ‘eontinuam voltedos para um passado cheio de lacunas que tentam preencher, continuam vendo o presente passar 80 largo, como se nfo Ihes dissesse respeito e, dentro de ‘algumas ‘déosdas, coletaro sequiosamente alguns restos dos dias de hoje, que nio thes sero suficientes para enter er 0 universo formal de nosso per odo, A interrupcéo desse circulo vicioso nfo 6 tarefa fécil & fem pode ser realizada solitariamente, Alguns pastos Mareantes, contudo, tim sido dados, A propria definigfo ‘ficial de “museu” do Conselho Internacional de Museus da UNESCO (Organizagdo das Nacées Unidas para a Educagio, Giincia e Cultura}, que o tinha como"... um estabele: felmento permanente, sem fins lucrativos, com vistas a ‘eoletar, conservar, estudar, explorar de vérias maneiras e, bbasicamente, exibir para educacdo e lazer, objetos de ago foultural’, tom sofrido algumas alteragSes, 2 principal sendo 4 troca de “objetos de valor cultural” pela expresso “pro ‘dutos da ago cultural humana’, 0 que amplia considera Volmente o campo de atuacdo do museu. Esperamos, com este livro, contribuir para o debate, itando, de forma abrangente, 0 que é em nosse ‘sociedad, o fenomeno “*museu. 6 Museu u "dds do que serem contempladas pelo homem. Foi sequranca econémica da dinastia dos Ptolomeus, ‘ho Egito do sfailo il antes de Cristo, que permitiy 4 Aloxandria formar © seu grande mousefon, cuja principal preocupacio era o saber enciclopédico. Ou seja, buscava-se ‘icutir e ensinar todo © saber existente no tempo nos fempos de religido, mitologia, astronomia, Filosofia, medi ina, zoologia, geografa, etc: O mouseion de Alexandria Dossuio, além de estétuas © obras de arte, instrumentos irGrgicos e estrondmicos, eles de animals raros, presas de Ulefantes, pedras e minérios trazidos deterras dstantes, etc, |e dispunha de biblioteca, antiteatro, observatério,zalas de Irabalho, refeitéri, jardim botanico e zool6gico. & entre {96 grandes trabathos por ele abordado figuravam um dicio - nirio de mitos, um sumério do pensamento filosotico e Aim detathado ievantamento. sobre todo 0 conhecimento _wourdtico de entzo. ‘Assim, com 0 correr do tempo, a idéia de compilagso f#xaustiva, quase completa, sobre um tema ficou ligada 8 "pala “museu”, dispensando mesmo as instalagesfsicas, se), compilagSes sobre diversos temas eram publicados "Wom 9 nome de "musau”. Assim fo com o Museum Me lullicum, publicado por volta de 1600 pelo naturalista e | olecionedor Aldovrando de Bologna e do. qual so dizla fonter todo o conhecimento da epace sobre metas. No Mculo XVIM publicouse, em Frankfurt, Alemanha, © Museum Museorum (que era um elenco de especaris) e, my Londres, 0 Poetical Museum (coleténes de cangées 6 powmas). £0 Museum Britanicum, folhetinho publicad> 1781, nada mais ers que compilaedes sobre "assuntos leguntes para conversagio" “coisas curiosas,pitorescas © fara’, segundo sua prépriaapresentacdo. Pesquisadores que estudem 0 museu em nosta sociedade {iocuparamso, evidentemente, em estudar 0 fendmeno do ‘lecionismo © passaram a dividir as colegBes em categorias AS ORIGENS DA INSTITUICAO No nosso entender cotidiano, 0 termo “museu” se refere: ‘2 uma colepo de espécimes de qualquer tipo e esté, em, teoria, ligado com a educacio ou diversio de qualquer, pessoa que queira visité-a ‘Costuma:te dizer que a instituigo “museu'” teve origem na Grécia antiga, mas meu intuito & demonstrar como essa instituigdo, embora mantendo a unidade do nome, assumiu, ccaracter{sticas diversas ao longo do tempo. Na Grécia, 0 mousefon, ou casa das musas, era uma’ mistura de templo e instituicdo de pesquisa, voltado sobre- tudo para o saber filoséfico. As musas, na mitologia grea, ‘eram as filhas que Zeus gorara com Mnemosine, a divindad ‘da meméria, As musas, donas de meméria absoluta, imag} nnagdo criative © presciéncia, com suas dangas, mésicas e, narrativas, ajudavam os homens a esquecer a ansiedade e. a tristeza. O mouseion era entdo esse local privilegiado, | ‘onde @ mente repousava e onde 0 pensamento profundo e, criativo, liberto dos problemas e afliodes cotidianos, pod se dedicar as artes e ds ciéncias. As obras de arte expostas no mouseion existiam mais em funcdo de agradar as divin- do tipo “reserve;prestigio soci”, de. “valor _mégico” If lango dos corredores de edificios pablicos romans, como 10 ee ofertalos para pedir ou oferecergracas de deuses HB Tetras, os foruns, as basilica, ee. Joli Cosa doou suas (objeto. of an Panerse 60 sobronstutall,de “ialdade | Uoltgbes so templo de Vénus Genetrix vrios outros impe- de grupo” (necessidade de firmar raizes e origens culturais), Tidores seguiram seu exemplo. As colecSes dos templos de “curiosidade”e do "pesquisa". fram perfertarente Vsitévels pelo pUblico comum e alg: Heese ete Go colegees de objetos 6 provavelmente | Hs colecGes particulares eram abertas & visitaeéo, como as quae eee Saas quanta © homem e, contudo, sempre | Imperador Agripa, que conclamava outros romanos a Se are ce diversos Gependendo do contexto IM. O sentido de tis colegbes era demonstrar “inex, sere se nuora, Estudiosos do coleconismo créem que wlucarfo © bom gosto", sobretudo em relagdo a cultura a ae eae a Gojetor © "colaae” sala como recolher Hijfagn, Tanto assim que a partir do século Il, a.C. colecio cee jen unde que se quer eompreender e do qual ffiimo entre os romanso ricos se transformara em compe- Peas oe ar sunte ou entSo dominar: Por isso € que a [Uso que elevara tanto os prevos dor objetos (robretudo Rae feeet to ricaro tempo, a realdade ea historia Plnturas« escultras) que 0 proprio imperador Tibério fot de uma parte do mundo, onde foi formada, e, também, @ igado a intervir no mercado para normalizar os pregos. seco Parenou socedede que a coletoue transformou Gontxlo, na falta de objetos originals, o& romanos ricos fincomondavam cépias de obras famosas aos steliés de fem "colegio" 1a arqueologia nos revela a existéncia de extraordindrias faftistas areqos. Foram feitas, assim, cdpias em série de colepées de objetos em propriedade dos faraés e impera- |ugntenas das obras gregas mais famosas e pouqui Fee tio mundo antigo, Objetos em ouro, prata, metais MPENAM Os romenos capazes de distinguir ~ ou que faziam illos formavam colegées que funcionavam como verda- (Ua om distinguir — entre originale cépia Weee elias economices™ para os tempos de guerra e As coleqes romanas, no entanto, para além de simples serena paz, consistiom em marca indubitvel de poderio e |Iilemonstragdo de riqueza e “gosto”, tinham por fim titimo siesta social, A Iliada, de Homero, contém varias men- illvstrer 0 poderio @ forga dos inimigas conquistados por Press estas colegSertesouros, tanto em poder de privedos fJMloma. Néo raro tais riquezas faziam parte do “triunfo” se de tomplog E virios autores romanos, entre os quais fue era o desfile do vencedor de volta a Roma exibindo seu Flim tistovarrras pecas pertencentes 8s colecdes dos ricos (Mbotim. E de tal demonstrago muitas vezes fazia parte 0 reve ios, Foram os romans, alds, os grandes colecions- fpfbprio vencido, na pessoa do governante ou do principal ares, antiguidade, amoaihando em Roma objetos fiusiteiro. Assim foi com Vercingetorix, chefe dos gauleses, Seeds de botins de guerra no Oriente, na Briténia, no fiom Arsinot, irms de Prolomeu XIV’ e que pratendia o sea da Africa, enfim, de todo seu vastissimo império. [posto de Cledpatra, © mesmo Juba Il, da Mauriténia, que Temos, deseas colegBes, tanto as privadas quanto as dos linha cinco anos de idade quando fol exibido em um dos tempiog, listas detathadas dos autores cléssicos ¢ 0 teste- Melimorosos triunfos de César. tele’ da arguelogia: até mesmo anexos eram construi- I 90 colecionismo mudou de face durante a Idade Média Te junto aos templos para alojar essas colecdes. E a partir Mlshernos que o imperador Carlos Magno (742-814 de nossa Se aiio iil a.C., estatuas e pinturas eram colocadas a0 WBara) possuta fabvlosa colegio de pegas antigas da Ilia, 4 é Museu tesouros presenteados pelos embaixadores do califa Har alRachid, parte do tesouro dos hunos, ete. Nessa époc janismo pregava 0 despojamento pessoal, o desprek imento dos bens materiais supérfluos. A lareja passe a s a principal receptors de donee form asin verdadeirg tesouros, © principal tendo sido 0 “tesouro de So Pedro! Grande forca politica de entdo, a Igreja usava seus tesoure para lastreer aliangas, formalizar pactos politicos e financi Guerres contra os inimigos do Estado papal. E 36 no fir da Idade Média que a forca de alguns principes das cidades Fepiblicas italianas comeca a se fazer sentir pela formacd de tesouros privados. Datam, assim, do sfeulo XIV, as primeiras colegi principescas de que temos noticia e que chegaram até n6f Guer integrelmente — transformadas em museus — ai tesparsas, mas cujo contetdo esté presente em catélogos tlencos do perfodo, Dentre as primeiras as mais notéve foram as do doge de Veneza, as dos duques de Borgonht ha Franga, e as do duque de Berry, que enchia seus deze fete castelos com manuscritos, pedras preciosas, reliquls \érias, entre as quais um suposto anel de noivado de ‘José e um dente de leite da Virgem Mari 'Até 0 século XV 0 cerme dessas colegdes era constitu por manuscritos, livros, mapas, gemas, porcelanas, inst Tentos Sticos, astronémicos e musicals, moedas, ar tspectarias, poles. Nos séculos XV e XVI a divulgacio d Certos manuseritos gregos e romanos em poderio dg . Grabes ¢ a revelaco de estétuas e vesos romanos durat f escavactes fortuitas na Itdlia, despertaram a atengio P ? 2 Antiguidade, sobretudo sua arte, filosofia e literatura. Neste perfodo, bem a propésito chamado de Renasd mento, objetos das civlizagBes grega romana passaram Imerecer grande interesse por parte dos colecionadores fesburacava-se a esmo em busca desses tesouros do passad ‘pecs emontoadas em torno das uines arqueotdeteds que Jardim de um colecionador de antiguidades em Roma, com as despontavam ai mermo (Grovura de i Cock. 1581, hoje no Gabinete de Gravuras de Beri) 16 Agquela arte que nada tinha @ ver com a civilizagdo cris fascinou tanto of leigos quanto os principes da Igreja. Mas os séeulos XV e XVI foram também muito prolific na criaglo de obras de arte, sobretudo nos dominios day pintura, escultura o arquitetura (Os principes. das casas reinantes européias, felizmente nfo satisfeitos com os tesouros que obtinham de todas as] ppartes do mundo com que comerciavam e dos novos mun: dos que descobriam (6 a época dos descobrimentos. da terras de alémmar), ainda financiavam os artistas conte: pordneos (Botticelli, Leonardo da Vinci, Michelangel Rafael, Cellini, Palladio, Tintoretto, Fra Angelico, etcy ‘ete,) incorporavam boa parte dessa produgao em suas ji magnificas coleeSes. Dentre elas devemos destacar as col ‘Bes Aldovrandi/Cospi, de Bolonha; a5 colecées Borghes Farnese ¢ Doria, de Foma;a coleedo dos duques de Este, da} Médena; dos Gonzaga, de Mantua; dos duques de Urbino 2, a mais espetacular de todas, a colecdo dos Médicis, de Florenga, da qual faz parte até mesmo um rar(ssimo manta} de plumas dos Tupinambs, do Brasil, levado para a Europi ainda no século XVI. Estas colegGes eram simbolo vivo do poderio econdmiea das familias principescas e serviam como verdadeiro termd} ‘metro das rivalidades entre el ‘Se a Itélia foi, sem duvida, onde se reuniram as maiores| colacées do Renascimento, 2s demais casas européias nia Ihe ficaram muito atrds. As colegies reais de Francisco | d Franga (1494-1547) enchiam alas e galerias dos palécio franceses. As inglesas eram também riquissimas ¢ nem disperséo das colegSes de Carlos |, vendidas pelo governg Tevoluciondrio de Cromuvell apés @ decapitacdo do rel e 1649, afetou_ sua importancia. Allés, a maior parte dai colecées de Carlos | foi comprada por colecionadores i Franga e na Austria, como a Inglaterra compraria, ump sfeulo mais tarde, as colegses dos Gonzaga. 70 RXTE stg RES begcs es 38 Be e828 Seek Hig aiake rag SEES ag ay ie E are pres Wla também riquissimas coleces formadas por estu- {da natureza quer para seu proprio deleite quer para lusadas em suas aulas nas universidades européias, @olegSes primavam pela quantidade de espécimes ia clareza da organizacdo. ira geral, sd0 essas grandes coleetes principescas ldo Renascimento que vo dar origem a instituiggo Wu" que conhecemos hoje. A ampliacg0 do acesso a Wpoleces — normalmente restrito apenas as familias gos do colecionador ~ foi lentissima e mot I Virias, como voremos a seguir da por a lidificouse em verdadeiroexército, extremamente icplinado, a servigo do Pepado e tendo como principal iso so ranemito de clture Deft, cone ima compreendeu perfeitamente o papel da cultura na Wotesa © preservacdo da sociedade cristd, tanto assim que {GoM tal objetivo foram criados, em 1601, por Federico Horromeo, arcebispo de Miléo, 9 Biblioteca Ambrosiana & fi Academia de Belas-Artes, Nesta ditima, Borromeo reuniu incontdveis obras de arte e fez daquilo que chamava seu museurn, um centro didético para a producéo artistica ‘Ou seja, este museu, visitavel por piblico seleto, sobretudo tists, servia como “receituério” da estética aprovada fila lareia, No mesmo periodo, © Collegio Romano, sede Hin Companhia de Jesus em Roma, dave espago 20 padre ‘Atanasius Kircker para a organizacdo de um museu com- osto tanto de material cldssico quanto de pecas vindas Hs missBes jesuticas espalhadas por todo o mundo, museu ‘gue ele dirigria até sua morte, em 1680. O segundo Giietor, Bonanni, reestruturou 0 museu e deu inicio 8 sua transformacdo em maquina pedagégica a ser largamente Utlizada pelos jesuitas. Assim é que o final do século XVIl © comeco do XVIII viram a cristalizagao da inst {igo museu em sua tuncfo social de expor objetos que Alocumentassom 0 passado € 0 presente © cslebrassem a fiincia ¢ a historiografia oficiais. Esta problemética foi tnilizada por Lanfranco Binni e Giovanni Pinna, profs Slonais de museu italianos que bem notaram que néo havie Jugar, nesses museus, para as idéias e descabertas de Galileo Galt: Interessantissimo notar_que havia pensadores nesse Deriodo dedicados a0 método experimental das ciéncias #8 fll6sofos empenhados em divulgar idéias sobre educa iivergentes da. escoldstica oficial e mesmo em propor Jormas alternativas de governo, sendo que a maior parte ‘doles sofreram nas malhas da Inquisicdo, Dentre eles, 0 O MUSEU COMO INSTITUICAO PUBLICA E importante distinguir entre o significado de cole “abertas a0 pilblica’" e 0 verdadeiro sentido de uma ins twice a servico do pablico. Nos tempos modernos, foi 0 Papado, que nio escay a0 colecionismo do perfodo, que pela primeira vez abr suas colecdes 20 publico em 1471, num antiguari organizado pelo papa Pio VI. Este final do século XV € grande parte do XVI vira Europa alvorocada pelo movimento da Reforma religic ‘que tirou da lgreja Catélica Romana o controle de qu: metade do mundo cristéo. A contrareforma, cat romana, entra em aco relativamente tarde, quando} Reforma jé havia solidificado religibes protestantes sobf ‘tudo nos paises anglo-germénicos mas que atinairam taf bém a Franca, Pafses-Baixos e 2 Europa Oriental. Ni ‘contra-reforma catélica tiveram importante papel, além instituigso da Inquisicfo, as congregacdes.religiosas. entre as congregacSes, deveros ressaltar @ Compania ‘Jesus, fundada pelo espanhol Inécio de Loyola, em Pai 'e aprovada pelo Papado em 1540. A Companhia de J Marlene Si Tommaso Campanella (1568-1639), frei domini- juuscreveu magnitica obra, chamada A Cidade do Sol, sf. onde se encontrave por ter divulgado manifesto esa de Galileo. Nesta us6pica cidade, haveria um jon bem diferente do modelo da época, Ele seria fwolvcionéris sede do. pensamento cientifico, sem onde 0s criancas sprenderiam brincando todas as fs-e artes, Tal “rmuseu seria a modelar antltese do excoldstico jesuita, de férrea disciplina e com ii2ado baseado na memorizacao. Nests mesma Soca inaugurava'se, na Inglaterra, © io museu pUblico europeu: 0 Ashmolean Muscum, HOxlord, aberto em 1683. Sua origer foi « doacio da lode John Tradeskin a Elias Ashmole, com a reco: Midagdo especitica de que este a transformasce em musel Ti Universidade ce Oxford Gontudo, tanto a visitagSo as instituigées da lgraja 0 00 Ashmolean era bastante restrta, No primeira Wa ela tinham direto os convidados expecias da copula WW lores, os artistas ea olite governante, enquante no ‘Wipindo éra reserved 0 especalistes, estudiosos e estudan Ws universitéros Wi nesse final de século XVI havia algumes galeras de ‘pulicios resis que eram abectas 8 visitaedo. Era o cat0, por | titmplo, de Galeria de Apolo, no Paldcio do Louvre, em Nis abertas, desde 1681, visitas de artistas eestudanies Mas foi a politica econdmica dos séculos XVI-XVIII que | vou uma politica edueacional e cultural responsével, em pe, i eracto do acon ts panes coe. A fa vigonte nesse perfodo, significava Insleamente o actmulo de divisss nos tesouros nacionais, fijbtetudo em forma de ouro e prata. A importacdo de {obras de arte ora vista como escoamento de riquazas parfel mente evitével caso os artistas nacionais produzissem de Horma a contentar © mercado interno, Era necetsdrio, (0 Museu Kirckerian, organizado neta padre Kircker no Collegio Romano, see da ordem dos jesuitas em Roma, ede onde vier ‘lqumas pesos da prenitoneitllana hoje no Museu de ‘Arqueologiae Bimologia da Universidade de So Paulo. I comportamento serve entéo para atgar ocidme que os aclonadores tinham de suas preciosidedes, fazendo com les atrmaster que "as vstes do povo™ rompiam © lima de contemplago" em que os objetos deveriam ser a Br) 1773, 00 loglters, tal problema 6 muito bom strado pele publiaeio. de ‘uma nota da parte de Sir Beco Alctogcia al (Msverier} on fotrals lace, portanto, propiciar-Ihes oportunidades de convivio com as bras de arte das colegGes reais e criarem-se academias de arte que servissem a0 aprendizado e ao crescimento artis tico. De fato, por volta de 1730, um ministro dinamarqués, Struensee, chegava a afirmar textualmente que “a Academia| de Arte 6 itl a0 Estado e as financas dos reis porque forma| artistes que serdo menos caros que os estrangeiros". ‘Assim, pouco 2 pouco, permissio para visitas a galerias dos paldcios, aos “gabinetes”, “quardarobas” © mesmo) “museus", como eram chamados 05 lugares onde se guar davam_as’colegSes, comegam a surgir em toda 2 Europa. Em 1747, 0 polemista frandus Lafont de Saint-Yenne escreve um panfleto contra o segredo das colecbes reals, conde os "nd joe" (isto 6, nfo-artistas) nao tinham, ingresso. Em 1750, patte da colecdo real francesa foi aberta 20 pablico em geral, no Paldcio de Luxemburgo, em Paris, dois dias por semana, além daqueles jé dedicados aos} artistas e estudantes. Em 1755 © pdblico era admitido as} sgalerias do Palicio de Potsdam, na Prissia de Frederico II, © Grande (1712-1786). Na Russia, Catarina Il (17294 1796) também permitia visitas do’ piblico as colectes alojadas no Palécio Hermitage, em So Petersburgo, atual Leningrado: desde que as pessoas se encontrassem vestida: ‘com 0s trajes de cerimonial da corte russa! E fécil compreender as restrig6es que se faziam a visita ‘edo publica indiscrimineds, Elas no so atinham somente, ‘como se poderia imaginar, a0 problema de_seguranca} ‘contra roubos. O grande problema era que na Europa, até © século XVIII @ mesmo XIX, era muito grande o nimero) de pessoas incapazes de ler ou escrover, sem nenhuma educacio ou informacdo sobre o mundo para além de sua pequena vila ou cidade, E para esse enorme contingente, | ‘coisas raras e curiosas estavam astociadss 20s circos efeiras) ambulantes. Dessa forma, suas visitas ds coleg®es da nobrez feram sempre feitas em alegre “desrespoitosa”” algazarra. “Isto & para informar o PGblico que, tendo-me censado Insoléncia do Povo comum, a quem beneficiei com isitas a meu museu, cheguei a resolugfo de recusar acesso. tlasse baixa, exceto quando seus membros vierem acom- inhados com um bilhete de um Gentleman ou Lady do feu circulo de amizades. E por meio deste eu autorizo ‘uidi um de meus amigos @ fornecer um bilhete a qual- 1 homem ordeiro para que ele traga onze pessoas, além le proprio, e por cujo comportamento ele seja respon vel, de acordo com as instrugdes que ele receberé na fyntrada, Eles no serdo admitidos quando Gentlemen Ladies estiverem no Museu. Se eles vierem em momento Gonsiderado impréprio para sua entrada, devergo voltar fom outro dia”. Devemos sempre lembrar que 2 Europa vivia, nesse perfodo, sob crescente tensfo social. © autoritarismo dos iis © da nobreza atingira pontos extremos © a reacio popular comecava a se fazer sentir, iniciando-se com a Wpposic¥o decapitagso do rei Carlos | na Inglaterra (1849), langando rafzes no continente e culminando com. W RevolugSo Francesa de 1789, que teve conseqiéncias uradouras em toda a Europa 'Na realidad, foi somente o movimento revolucionério J do final do século XVIII que abriu definitivamemte o eosso grandes colegdes, tornando.as ofetivamente piblicas, A revolugo burguesa organizou 0 saber @ © conheci mento de forma a consolidar o poder reodm-adquirido, E fruto desse perfodo a vultosa empresa de redocéo of Enciclopédia das Citncias, das Artes ¢ dos Oficios, dirt sida por Diderot, em Paris, de 1751 a 1772 e que resultox fem 28 volumes ‘com verbetes escritos por estudiosos a cada assunto. Os enciclopedistas, e todos aqueles influet ciados por seu espirito, muito insistiam na necessidade di educagio como a grande arma dos paises modernos. aristocracia @ a loreja tentaram inutilmente impedir que bburguesia reinstaurasse 0 primado da descoberta e dé transformagio sobre a estagnago daqueles Gitimos duzen tos anos, ‘© museu prestavase muito bem as_necestidades bburguesia de se estabelecer como classe dirigente, No an de 1791, as assembléias revolucionérias propuseram, e Convenedo Nacional aprovou em 1792, a criaego de quatr Museus, de objetivo explicitamente politico e a servico ds nova ordem. Foram eles: (1) © Museu do Louvre, aber fem 1793 © dispontvel 20 pablico, indiscriminadamente, trés dias em cada dez, com o fim de educar a nagdo frances os valores clissicos da Grécia e de Roma e naquilo qui ‘epresentava sua heranga contempordnea; 0 Louvre, alé das colegdes reais, foi enriquecido por material vindo di igrejas saqueadas polos revoluciondrios e, mais tarde, pole botins que Napolezo trazia de toda 2 Europa e até di Egito; (2) o Museu dos Monumentos, destinado a reconstrui © grande passado da Franca revolucionéria e que privilegiot 08 frutos do neoclassicismo em detrimento do patrimonic herdado do perfodo medieval. sso 6 muito compreensivel ois 0 neoclassicismo eo imperialismo de Napoledo si fruto da mesma ideologia de uma Franga que se julgaval herdeira “de Grécia ¢ Roma na hegemonia da Europay (3) 0 Museu de Historia Natural e (4) 0 Museu de Artes, clos, ambos voltados a0 desenvolvimento do pensa- into cientifico em funcio de suas realizacbes préticas Foi na esteira dessa movimentagdo social que, entre os do século XVIII e primeira matade do século XIX, im inaugurados aqueles que, slém do Louvre, so, je, 05 maiores e mais importantes museus ds Europa: alvedere de Viens (1783), 0 Museu Real dos Pafses- Iixos, em Amsterdam (1808), 0 Museu do Prado, em lidri (1819), 0 Altes Museum, em Berlim (1816), 0 isu do Hermitage, em Leningrado (1852). A lareja continuava atenta 8 importancia da instituigso sou. Aquele primeira antiquarium de 1471 organizado lo papa Pio Vi, foi reformulado pelo pape Benedito XIV, M17, trrendos 0 Mumo Coptoine, dao Paren JJilio Il, deu especial atengo as colecées papai jando 2 nomear Rafael como “superintendents. das aries” de Roma. Os papas Clemente XIII, Clemente IV e Pio V reuniram, a partir de meados do século XVIII, {das essas colegSes rio chamedo Museu Pio-Clementino, Instalado em 1782 e célula daquilo que sS0 hoje os Museus |Vaticanos, que contam entre os maiores © mais impor- Auntes do mundo. ‘Além das grandes colesdes principescas transformadas 4m museus na Itélia e Franca e dos demais museus acima Imencionados, apenas trés outros grandes museus europeus ilgnos de nota tiveram diverso infcio. Um é 0 mais importante museu da Dinemarca, a Glipto- oca Ny Carlsbers, aue abriga colesGes egipcias, areco- Fomenas, de arte oriental, pinturas e esculturas de quase ‘lodos 0 estilos e perfodos da arte européia. Tais colecdes “fuertenciam a Carl Jacopsen (1842-1914), formadas a partir Hip 1882 e por ele doadas ao Estado em 1888, lguaimente originado @ partir de doacSo particular foi | Museu Briténico, em Londres. Em 1753, a grande colecdo “iW antiguidades, pinturas, moedas, livros, pedras, minérios, s Marlene {scis, animais, plantas, ete, etc, formada por Sir Ha Sloane, foi por ele doads a nagi0. Alojada inicialmente bairro londrino de South Kensington, o museu fo! auine tando, sempre devido a doagSes particulares, e desmeqgiall MDS revelam que 0 Museu Britanico néo diteria absolu browse, no século XIX, em Museu de Historia Naturglmmante dos demals museus dessa 6poca. (até hoje em South Kensington) e museu de antiguidadag] WoNtudo, nem todos os museus pablicos desse per (odo © etnografia, que conservou a denominacdo de MusagioMuem historia semelhante. Nos Estados Unidos, onde se Britinico e recebeu 0 prédio de estilo neocidssico onde ggfibanitram hoje alguns dos maiores museus do mundo, a encontra até hoje. Deste museu, por sva vez, desmembrolgilluaeo deservolveuse de forma bastante diversa. All @ se, em 1970, toda a seco de etnografia, que passou apilMfil® maioria dos museus jé nasceu como instituicgo cconstituir 0 Museu da Humanidade (Museum of Mankind). (§M@lltd® para 0 publico, onde qualquer um tinha acesso © ‘Museu Briténico, constituido, desde seus iniciospili@lints pequeno pagamento, Uma galinha com quatro como museu pablico, tinha 8 obrigatoriedade de abrir-sgllll ® Quatro pernas, 0 dedo indicador (que pressiona o 4 vistagdo. O ingreso,porém se fava mediante papamentfill) de um criminoso condenado, eram alguns dos aliés bastante alto, de bilhete que deveria ser adquirido conf MMetO® due faziam parte da colegio Peale, de Filadsifia, antecedéncia de pelo menos duas semanas. A visita e 20 ppblico em 1782. Em 1786 a colegio era jé, Fépida, quiada por funcionérios descorteses @ impacientegsifglalmente, © Museu Peale. Apesar do estranho inicio, © Regulemento do Museu ("Rules and Acts") referente agaale Museu foi responsivel por importantes. inovacdes admissio de “artistas ¢ estranhos”, publicado em 180g EiMPO do educseso, como 2 de exibir animais em estabelecia que 0 museu esteria aberto as segunda, tercanllaf6es de seus habitats naturais, com espelhos represen quartas © quintas-feiras e que qualquer pessoa que qui ‘gua, rochas para os répteis’e assim por diante, No visitélo deveria.ingcreverse, "no" préprio. rmsseut ceergilt Pedestals de mérmore, estantes e vtrinas de madeira onze horas © meio-dia. Apenas oito grupos, de no maximape MM@lal: sursiam os “dioramas”, recriacfo artificial de ‘uinze pessoas cada, eram admitidos por dia. A autorizepagpinblantes de que os americanos’sfo, até hoje, mostres para @ visita, contudo, lovava até meses para ser concedidai Mbontestiveis. E, uma vez dentro do museu, o que via 0 visitante? Sabe-salj . Outro museu americano do mesmo perfodo ¢ o Museu que, pelo menos até 1840, a situapZo era bastante cacti Chireston, na Carolina do Sul, tido como o mais antigo Materiais diversos cram colocados 20 acaso, com parcgill Pals. De fato, a Sociedade da Biblioteca de Charles identificaedo, amontoados, sem iluminagdo. Ha um livretaf Ml «iada em 1748, lonou a idéia de museu em 1773. Publicado em 1838, por ‘um certo Edwards, interessadg segundo ele, em orientar sous sobrinhos, « que se cham Uma Visita a0 Museu Briténica, Nele een deserito o sayuad de entrada do museu como contendo uma estétua d Shakespeare, ‘dolos hindus, o esqueleto de um hipopécamd pinturas ilustrando as Metamorfoses de ‘Ovidio, qua bronzes do Oriente, guidédes romanas. Um grande nGmero de dados espar- yM enviados espécimes de solo, rochas, minerals, las, frutos, animais, coisas raras e'interessantes, assim 1 Observacdes dteis sobre cada exemplar. Em poucos 8 colecio era jé bastante grande @, entre animals, UM, 08S0s, vestimentas, existiam também as terriveis 32 Marlene Siiiue é Museu ‘euriosidedes”, como 2 cabeca de “um chete da Noff| © da Escola Nacional de BelasArtes do Rio de Janeiro Zeléndia”! © museu, que cobrava um quarto de déler pif [que teve inicio em 1816, como Escola Real de Ciéncias, ingrasso, cresceu, estabeleceu lagos com a Universidad Avtes e Oficios) eo Museu Nacional do Rio de Janeiro de Charleston em 1857 a revista Harpor’s 0 dava com (ciao om 1818 como Museu Real), ambos iniciative de sendo um dos melhores museus des Estados Unidos. Hoje D. Jodo VI. modernizado, ele & mantido pela prefeitura ‘Apenas cinco anos mais tarde 0 continente teria outros Outro grande museu criedo nos Estados Unidos ag Mscus: 0 Museu de Historia Natural de Buenos Aires ¢ final do século XVIII foi 0 da Sociedade Marftima dag 0 Museu Nacional de Bogots, ambos abertos em 1823. Indias Ocidentais, em Salem, em 1799, ¢ conhacido com Os damais museus nacionais dae capitals sul-americanas Museu de Salem ‘eté meados do século XIX, quando fq} foram criados nesses primeiros dez anos que te sequiram & compraclo @ anexsdo &s colegées do Instituto Essex, tran Gonquista da independéncia por parte das nacdes sul formando-se no Museu Peabody da Universidade de Harvard americanas.. Essa ligacdo de interesses privados com o interesfq) No Brasil, tanto 2 Excola Real quanto o Museu Real Pablico, grande constante na criagdo de tantas institvigse] foram criados nos moldes europeus, embora muito mais americanas, ainda perdura naquele pafs. No mais associ] inodestamente, Para o acervo inicial da Escola Real, D. Jodo 888 para promover a reunio de “curiosidades”, as social VI doou os quadros que trouxera em sua bagagem quando dades foram, de fato, inteligente solueSo para 2 criaed@) dolxara Portugal as pressas, fugindo de Napolofo, em @ manutenofo de escols, institutos, hospitsis, muzeus, etgf 1808. Jé o Museu Real, ou Museu Nacional ~ nossa pri Assim € que em 1872 se criava, em Nova lorque, aqueld] mira instituicdo cientifica —, hoje o maior museu do pats, que 0 maior @ mais importante museu das Américas | We por ndcleo uma pequena cole¢so de historia natural, aquele que, entre todos os museus ocidentais, engloba Bf eonhecids, antes da criapdo do museu, como “Casa dos erfodo mais longo da historia humana, com quase cineef Plssaros". mil anos de nossa histéria representados, da pré-historia (0 Museu Nacional era voltado principalmente & histéria Oriente & arte moderna: 0 Museu Metropolitano de Novag mutural do Brasil e pouquissimo herdou da familia real Torque. portuguesa. Unico acréscimo por ela feito, digno de nota, é Sendo mantidos, om grande parte, por fundos e doagSe 0 das colegdes de arqueologia cldssica trazidas pela impera- Ge privados, a cobranga de ingressos nos museus dos Estado) I1lz Teresa Cristina, princesa da casa de Bourbon, quando Unidos mais comum do que na Europa. De fato, na de seu casamento com D. Pedro II, em 1853, Coma Repii- Inglaterra, por exemplo, a cobranga de ingressos & proibidg] blica, 0 Museu foi instalado, em 1892, na Quinta da Boa por lei. Nos Estados Unidos, contudo, of lacos do musalf) Vista, onde permanece até hoje, ligado & Universidade Gom a comunidade sfo bem fortes. As Sociedades dg Nacional do Rio de Janeiro desde 1946, ‘Amigos do Museu so organizagSes poderosas e ricas, co ‘Outros museus surgiram no Brasil em fins do século XIX: muita autoridade nos consolhos diretores dos museus, ef] tomo 0 Musou do Exéreito (1864); 0 Museu da Marinha ‘nada compardveis 3s suas congéneres européi (1868); 0 Museu Paraense Emilio’ Goeldi, criedo como ‘Quanto & América do Sul, of mais antigos museus aiff Sociedade Filomética (1866), pastado a0 Estado em 1871 ¢ Marlene Si transformado por Emilio Goeldi (1894) em instituicso de pesquisa; 0 Museu Paranaense, eriado como instituredol privada, em 1876 e oficializado em 1883; 0 Museu Paulista, © Geogréfico da Bahia| eriado em 1894 junto com o proprio Instituto. A esmagadora maioria dos demais museus brasileros fo eriada a partir dos anos 30 ¢ 40, sempre como iniclatva pficias. Alguns tiveram tremitagdo demorade, como. Museu da Cidade do Rio de Janeiro, solicitado e diseutido tm 1891 6 criado em 1934. Outros foram criados pel simples assinatura de decretos, como a série de ceres di inte, museus “histéricos © pedagogicos” do Estado di Slo Paulo criados pelo governo do estado de fins dos ano 50 gos anos 60 e até hoje nio totalmente 1s primeiros cingilenta anos do museu péblico europeu terse) Gonsiderando-se 1759, a abertura do Museu Britanico, Um dos: mais notév ponto de partida’ ~ no foram seu perfodo mais 8 fecundo, Os edificios, mas principalmente as cole- | estavam carregados de um simbolismo negativo, ipletamente alheio a origem e funcfo dos objetos que mpunham. Para o pov, ‘ais riquezas representavam, Sikima andlise, a expropriaefo @ que tinhem sido subme 40 longo de séculos e os desmandos e arrogéncia da ‘¢ monarauia enfim suplantadas ou, 20 menos, com res agore bastante diminutdos. Ndo é de se estranher, to, que os revoluciondrios ingleses tivessem vendido lect reais de Carlos 1, como vimos acima, nem que ss, em 1789, tivessem destruido com tanto prazer Wkio, camo objetos. indesejéveis, tantos pertences, sive mobiisrio pesado, dos paldcios francesns. fentimentos da nobreza e das classes educadas para © museu eram também extremamente negativos, com porentes de cidme pela perda de algo que, antes, era ufruto apenas seu. AS PRIMEIRAS TRANSFORMAGOES DO MUSEU PUBLICO: MUSEU, PESQUISA E EDUCAGAO NO SECULO XIX idéias de contemplagio, de templo do’ saber, até as de Fepresentante do “cardter nacional”, sob cuja égide fol criada a esmagadora maioria dos museus em pater rec independentes, sobretudo no Tercelro Mundo, E a partir da sequnda metade do século XIX que use vai_comegar a sofrer alteragSes de manta, com veremos seguir, “Tudo 6 siléncio, estou neste deserto para encontrar- ‘2, amada Roma? Todas aquelas figuras que uma vee, em ‘outro tugar, eu prazerosamente cumprimen: tava... Aqui um fragmento de estétua, ali um busto, eras cruelmente desmembradas — tudo amontoado esta Idgubre sala: em um museu! Medo e tristeza me perseguem,”” Era como se exprimia o poeta aleméo J. Herder (1744 “E meu desejo que os obj i jo que os objetos de arte que contri- bufram para minha felicidade no sejam enterrados ‘a fria sepultura de um museu.”” Datam, contudo, do inicio do século XIX . jo do século XIX estuda sérios sobre 0 aprendizado, a educacio e a necessidade di sducarso 0 maior némero possvel de pessoas, de todas a lasses da socivdade e que terminatiam por influir direta mente no museu, Estamos: 2 educacio'e 0 progres 19,8 que combatiaoautoritarsmo to espotions, oe ‘Or, qual seria o papel do mureu em ur tl Quadro? lise, controle & inteligibilidade, solidamente interli Was, atingem a politics, a economia e a tecnologia cientt- fen, Em outras palavras, ndo se domina 0 que nfo se nhece e conhece-se melhor pelo ordenamento sistemético Tealidade @ ser conhecida. Por isto a sociedade procedeu Tegistro geral permanente das Forgas Armadas, a0 or- Hunamento especial dos homens, a requlamentacdo da cir gio dos bens, & classificaco do mundo natural animal Wogotal, clasificaggo das doeneas, tudo em funéo de um Iuadro éconémico que levasse ad enriquocimento acele- instituigdo ideal para abrigar as colegBes neces. 4s ciéncias naturais para suas tarefas classificat6rias. 0 ideal para espelhar as Wudencas em curso na sociedade européia. A burguesia, a smemplo da aristocracia, passou a fazer uso do museu como, leo para exibig&o de suas conquistas, Nessa primeira metade do século XIX, a Europa, liderada Inglaterra, despertara para a era das méquinas, cujo Iproveitamento causou mudangas to radicais na sociedade Ie entio que 0 perfodo € conhecido como sendo o da olugéo Industrial. Centenas e centenas de fabricas, de 08 tipos, s80 construidas, e nelas trabalham homens, ores @ criangas em jornadas de eatorze horas. A popu Hilo das cidades cresce enormemente, concentrada em Wo das fabricas, A dupla necessidede de matérie-prima. ly mercados consolida 0 colonialismo europeu na Asia, nas Américas, Para nosso argumento interessa saber que objetos © iiurumentos hé séculos produzidos manualmente sf0 agora Mnsados em maquinas em grande escala. Iss0 causou ss0es © debates inflamados sobre o artesanato, a arte, 2 Marlene $e é Museu *senhor, depois que o Patrdo Ié 0 Times eu 0 pego ‘stamos ‘contentes com 0 que 0 senhor diz da Expo- figio, ns empregados e outras pessoas medianas. E ostariamos que o senhor publicasse que s6 alguns ympregados podem ir & Exposicdo, pols os trens néo hos ajudam nem um pouco. Um trem de excursio sai Je manhi e volta 2 noite e outro leva cinco dias; assim, nenhum serve:_um é muito curto e 0 outro longo demais; 0 Patrdo no pode passar sem nds e hem ads sem o dinheiro. NOs queremos trés dias a0 Invés de cinco e esperamos que o senhor diga isso @ {oia, de trens) Western. Seu, humildemente, Um ermpregado do Interior fxposiBes” internaconais paras mostra de_ pro industrializados. E Se aad fara lojra Grande Mostra de Todes a Nag, zada em Londres em 1851, consruitse expecainente tmagntce Palsio de Cristal enorme site neta dan rechten no o' Gbular Certre tf, com espagorwedados por vio Eo eis Londies poss, incisive, um Departamento en de "arte, onde’ se dicta com erpeme. neh Dole aus © ate pin ee Bea Mento ‘warsormouse, apes 6 Tal tere Victoria ard Alber Musou, om Ronen ei Vitoria e su consort, grande prottor der aren Dentro. desw debate, carne eam wists bs museus pie rn nis coins de] way pin od ea ex, in De fato, instalados em enormes e surtuosos pall Jode ser atingida de nenhuma outra forma’, conforme Palécios OMe um certo senhor Worshop, funciondrio do Museu mas sempre. imitando” palscos ou. fochades Sithat estar de temples grego-omanos, ws susan, ea inbwores por excaenain © pablce ect w ant pe 8 vontade, deioeado no moe eta grandostinns inn te expositiva’ Um dos primeiros sinais de que 0 museu néo deveria ypenas servir para produzir espanto e choque diante de Intas riquezas mas sim funcionar como local de prazer, laxamento e aprendizado tranquilo foi a introdugso, nesse smo ano de 1857, de grandes sales para descanso, ché Iv tefrescos, no novo ediffcio do Museu de Historia Natural de Londres. Para a maioria, contudo, 0 museu continuava sendo “o Jocal onde os grandes mestres residem, na serenidade de Juma gléria que ndo esté mais em discussio", conforme fim patel, lutomente ea pines. re tsunaiatrias a respeito de apres det aes endente, da luminaedo, dor horton. ee © papal das erandessxposgSes dusts 0 desert de 1851 ‘mesmo momento no émago dos principais museus europeu 8 sua transformagio em instituigBes de pesquisa clenttic ‘Que tal mudanca pouco significou em termos de provelt imediato para 0 piblico € bastante Sbvio pelas critic que reproduzimos acima, mas a tal ponto voltaremol oportunament Foram a paixio pela antiguidade cléssica vigente ng século XVII, os debates levantados pelas “grandes ex} "do século XIX @ a mentalidade clessficatéria xd ciéncia de entio as razdes principais de tal mudanea, Por um lado, a arte cléssica passava a ser vista com| importante instrumento para o estudo da civilizagdo grec romana. Assim, além dos textos, devia-se buscar os objeto: ‘que eram revelados pela Arqueologia. E a Arqueologi Obrigava, justamente, o museu a sair de seu papel de simp depésito para transformar-se em promotor das pest de campo. A descoberta, em 1750, de Pompéia, cidad: romana de 30 mil habitantes que fora soterrada pel Vestivio em 79 .C, @ sua escavaco, que se procede lentamente, deram grande impulso a tal mudanga. O alemio Winckelmann publicou sua Mistéria da Arte na Antiguidad em 1764. Era a primeira publicacdo do gbnero e gerantia o estatuto de documento de valor e importancia 3 art antiga. Na Franga, a decifracio dos hieroglifos eg(pcios pod ‘Champotlion, em 1822, onsolidou as pesquises em epigrati antiga. Em 1826, 0 Museu do Louvre eriava o Departamento Egipeio e pouco tempo depois o Museu Briténico expli tava suas dreas de especialidade, E interessante notar que os museus de etnografia nasce ram separadamente daqueles de “arte”, sobretudo dos df “arte antiga”. O primeiro deles foi o Museu das Colonial fundado na Dinamarca em 1839, € por muito tempo. maior da Europa, subsistindo hoje com o nome de Muse Etnografico Dinamarqués. Os demais se sequiram na segung metade do século XIX, grandemente incentivados pel iofm-fundadas Sociedades de Etnografia. So na Alemanha ym criados, nesse perfodo, cinco museus etnogréficos e Principals capitais européias também criaram os seus. mem. De fato, a publicacso, em 1852, da obra Teoria da plucdo de Herbert Spencer muito influenciou a Arqueo: ja, a Histéria © a Antropologia de forma geral. No rastro ‘as origens”” © que provasse que As expedictes erqueolégicas & va a Etnografia e a PréHistoria e que o etndgrafo dina: jarguds Kristian Bahson exortava indivfduos © governos ste etndgrafo publicou, em 1888, uma apresentacdo de dos os museus de etnografia entdo existentes, defendendo ‘Nessa segunda metade do século XIX 0 museu, enquanto Tercsiro Mundo, que criam — com 0 expresso objetivo de » sobretudo no: Ou remodelam — seus museus exalter 0 caréter “nacional”, Wyanto as tendéncias nacionalistas ou regionalistas que Wcriaram. ‘Mas nem todos os museus possufam ume politica aw isso @ orientasse ~ por mais negativa que ela fosse Himplesmente se acumulava e se exibia E assim, a “fadiga, desinteresse ¢ tédio diante dos sales Wie se sucediam", conforme descriefo de visita ao Museu Louvre feita por Emile Zola em seu livro L“Assomoir, ip 1877, tornou:se 0 lugar-comum das visitas @ museus. Foi a introdugio da pesquisa no museu que o levou nfo ones a especializar-se enquanto érea de conhacimento, , ainda, obrigou-o a um remanejamento intemo de lapies, cistribuicio de responsabilidades @ estabeleci- Hnto de planos de aco. Nessa reformulacio, 0 museu, Wlscutide © questionado exaustivamente, Pontos vitais, JO sua arquiteturs, sua ambientacSo, os servicos qué ii@ecia co pablico, sé0 t6picos constantes dos debates, Podemos ver, nas revistas dos ditimos trinta anos do. lo XIX que’ tratavam de assuntos culturais, sobretudo Hrancesa Gazette des Beaux Arts, sugestdes para “rotel WF pretixados” dentro dos museus e para “guias perma Wynies" para escolares e criancas, idéias para se implantar departamento. especialmente voltado para 0 publico, etc, As transformagses propostas, todavia, eram tantes e de monta que acabaram por ficar a meio caminho, semi- pletas, 8s vezes apenas esbocadas. Verbas e pessoal WMuficiente e/ou inadequado so as causas isoladas como ponsiveis pela impossibilidade de se executarem as gas propostas. neressante notar que jé se comecava a apontar a sidade de “pessoal especializado” para o trabalho h muscus. Mas um dos critérios era numérico: quanto is museus conhecesse a pessoa, mais indicada seria ela @ trabalhar em um, Proliferam, nesse perfodo, as viagens Marlene. a7 conseqilentes publicacties de tais visitas. cae grandes tentativas de reformulacdo dos ander eed muitos objetos tossem descartados, colocados em dong deveriam ser aceitas. ce on oe tanto na Suécia quanto na Dinamarca, Noruega, Holanda ictoria and Albert Museum de Londres, fruto da Grand Mostra de 1851 ee ae papel junto & sociedade. A especializecio por areas de bet era, sem divida, o paso mais importante até entio judo rumo a maioridade da instituigo. [Mas esse importante passo no chegava a beneficiar 0 Wiblico porque 0 museu, ensimesmado, tentava definit-se sm, contudo, tragar um plano cultural ou educacional que Titendesse sua clientela imediata. Esse descompesso entre Que © museu faz e o que ele efetivamente mostra é, até ipje, um dos problemas cruciais da instituigso. O impor: te & perceber-se que havia, no perfodo em pauta, plena onsciéncia da importéncia do museu no processo educa flonal mas nfo dos mecanismos para tornar efetivo qual juer programa especifico. Nos paises colonizados ou simplesmente periféricos & Europa, « situagao refletia, com cortos agravantes, 0 quadro {juropeu. O piblico escolar, principal cliente do museu, em igs visites obrigatérias 2 instituiggo, iam "... andando, Ihando, passando ... como um fio d'agua passa numa mina de vidro engordurada’’, uma “tristeza de se ver", ‘eortorme palavras de Roquete Pinto sobre visitas de esco- es 20 Museu Nacional do Rio de Janeiro, que ele dirigi Tho comego deste século e que aparecem na sua A Hist6ria Nitural dos Pequeninos, publicada no Rio de Janeiro 1926. Se no Europa e pafses dela dependentes culturalmente situacdo podia ser promissora porém ainda pouco clara, fuadro. bem diverso. comecava a ganhar contornos nos Pastados Unidos. Era ali filosofia bastante corrente acreditar ‘pessoas perfeitamente capazes de “autoeducar-so”, ide que oportunidades apropriades hes fossem fornecidas “pelo poder pUblico. O museu seria o local por exceléncia finde tal processo teria lugar. A publicacdo de Thomas Greemwood, em 1888, denominada Museus e Gelerias de arte (Museums and Art Galleries), continha, além de “iyrazoado critico de museus existentes nos dois lados do 48 Atlintico, um pequeno manual de “Regras cteis pa terse em mente quando visitando um museu" que divi entre outras coisas ‘— Antes de entrar num museu, pergunte-se o que voc? quer ver, (...) consulte o atendente sobre os espécimes interescantes em cada sala, — Lembre-se que o principal objetivo dos espécimes: Einstein. AS TRANSFORMAGOES ~ Tet um cadens onde aotar sas inp DO SECULO XxX ~ Visite ‘périodicamente o museu mais préxime de oct face dele su0 esc0le avencade de auto. instragto" onda gral avs fora» Inept eu tro (erife meu, imprecee "muse ~ de corde com sv apman soca seep” Tal filosofia, contudo, embore nfo desconhecida na Europa, nunca chegou a angariar adeptos de peso. Ali, de. ‘maneira geral, foi criticado por muitos, desprezado pola Grande maioria, desprotegido pelas autoridades publicas om grave crise interna de identidade que o museu iniciou 0 século XX, Nao ¢ de estranhar, portanto, que o Menifesto Futurista de F. Marinetti, publicado na Itélia, em 1909, contivesse. ‘um item “‘demolir os museus” pois estes, segundo ele, nada’ ‘mais eram que “cemitérios idénticos pela sinistra promis. ‘uidade de tantos corpos que nio se conhecem, dormitérios Ublicos onde se repousa para sempre junto a seres odiados 0 ignotos, absurdas misturas de pintores e escultores que’ se vio trucidando ferozmente a golpes de cores ¢ de linha, ‘contidas 20 longo de paredes”’ O século XX veria, contudo, grandes transformaces no ‘museu, como serd exposto a seguir. F. Taylor, 1938, inicio do século XX se vi as voltas com os problemas xls pela grande proliferacao dos museus do final do 0 XIX, conforme apontamos anteriormente Para terse idéia numérica, basta dizer que a Inglaterra possuia miuseus em 1850 e que deste ono a 1814 outros 295 ym criadosl Havia tanto interes em reformar “dina 05 muses que fol pose ris, em T8BB, do ciagio de Museus ingleso, hoje internacional, e que 3 unioareevanens no int de nots el, ido ura revista especializada, a Museums Journal, & oletim informativo, 0 Museum News. Os objetvos utiios dessa Associapfo mostram bem a problemética inante no periodo 1) Meios para realizar intercdmbios de duplicatas fe espécimes extras. . “ep «¢Dp 2) Meios para obter modelos, moldes e reprodus ‘Nesse quadro o museu vai viver, contudo, experidncias Bes, ite interessantes. A primeira é aquela projetada por 3) Esquema para fornecimento de etiquetas, Jet ¢ nunce concluida, @ @ segunda se refere aos usos do legendas, ilustraSes,informactes, Ju pels revolugdes socalistas. 4) Plano’ uniforme’ para organizer colegSes de jurante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) Hitler historia natural, io da instituigdo museu come o lugar privlagiado para 5) Esquema para assegurar servioos de especialistas. 8 aécensz0 germénica @ tua hegemonia sobre a 6) Methoria da regulamantagdo de uso dos museus 2. No projeto de reurbanizapSo de cidade de Linz, e bibliotecas. ital da provincia natal de Hitler na Austria, 0 musou 7) Indexeeao do acerco dos museus. 8) Promogo de conferéncias para os trabalhadores dos botins que Hitler jf vinha realizendo na Europa 9) Preparo de pequenas coledSes para circular, sob | ja por sous exéroitos. Esse musou proporcionaria ‘empréstimo, nas escolas. os do historia © educaria artisticamente © visitante 10) Ago coordenada para obter fundos do governo, Wés de enfoque especial dedo ao “melhor” da produgio. aldm de doagses, empréstimos, etc. sd. artista OU de cada perfodo ou lugar da histéria da 11) Publicagko de revista periédica sobre assuntos Como bem notam os estudiosos italianos miliava a6 necessidades de propaganda do Estado com Eram jé, embora camufladas de entusiasmo de novidadflmimh possibiidades de educaeSo individual e sinttizava todas 4s primeiras tentativas de salvar uma instituigéo que nguistas dos museus europeus criados pelas burguesias encontrava & beica da feléncia total. plonais do siculo XIX com a mais moderna critica de De fato, no século XX, som’a fungéo de retratar européia do perfodo. Tal proposta seria, assim, um escalada da burguesia e de representar © mito da “civ jeendimento de vanguarda em relacSo. 8’ museologia zee" por ela criado, 0 musou estagnou. A in jntal, caso se tivesse concretizado, pois ele seria, na ontetido nfo respondiam as necessidedes e inquictagS lizacz0 profisional do. museu burgués, @ melhor ex- da sociedade pésrevoluego industrial, O. proletark 0 da sociadade capitalist, conscientizava'se de seus direitos © pasiava a exigilos ANNs A RevolurSo Russa de 1917 no depredou nem saqueou @ bburguesia no conseguia mais gerir a. soviedade: com © soverno revolucionsrio ‘mesma faciidade de antes..O museu, dispensével nes VO ddez anos pars comecar a concretizar Guaciro de tens6es, assume ares de ilha protegida e calm ms Metas estabelecidss pelo Comité Central para a Guarda ‘olta-se para si mesmo, deixa de ter apelo junto ao publicgay ie Objetos de Arte e Arqueologia, criado em 1921. De fato, sobrevive pela inércia. Nas primeiras décadas de. no: ora tarefa de pouca monta invontariar, reordenar, séeulo, tal estado de coisas provocou, inclusive, a deteriq Misiicare recistribuir aquele patrimonio tdo vasto. Alguns apio e consealiente perda de muitos objetos, até mesmd™y Milicios foram adeptados para servir como colénies de Colegées inteiras, em quase todos or museus do mundo. fas © de repouso para operérios doentes, outros passaram

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