MARCIO BOLDA DA SILVA
METAFISICA E ASSOMBRO
CURSO DE ONTOLOGIA
“En esto que llamamos civilizacién,
desde que el hombre abandoné la metafisica,
no hay sino muerte”
Fernando Gonzélez
INTRODUGAO,
Acelaboracao deste manual nasce da necessidade
de afrontar a questo da metafisica como reflexao
atuale indispensavel para uma visao de mundo mais
critica, Assume o estilo de manual, pois sua intencao
éservir de roteiro para um curso de Ontologia, como
também para quem deseja explorar as riquezas que
0 ambito da Metafisica encobre.
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que 0
esquema deste manual foge da sistematizacdoestereo-
tipada dos manuais classicos. Nao comungamos a
idéia de fazer um pré-lineamento da questo do ser,
a partir da abordagem de um elenco de categorias ja
preconcebidas, vistas como elementos magnetiza-
dores da compreensio do ser. Nao seguiremos, por
isso, a trilha que analisa a Metafisica como sistema
filos6fico vertebrado em categorias medulares: a no-
cao de ser; a importéncia da analogia; o sentido de
transcendentalidade; os transcendentais: unidade,
5verdade, bondadee beleza; os prinefpios primeiros:de
identidade, de ndo-contradico, de teleologia; a ques-
taodacausalidade; as categorias fundamentais: subs-
tancia e acidente, ato e poténcia, matéria e forma.
O nosso ponto de partida 6 outro, por acreditar-
mos que a metafisica nasce do “assombro”, da “sur-
presa”, uma vez que fazemos nossa a afirmacao de
Platao: “surpreender-se é, por exceléncia, 0 sentimen-
to metafisico”, como também a de Aristételes:°é pela
surpresa que os homens, agora e desde a origem,
primeiramente comecaram a filosofar”. B, ainda,
compartilhamos as palavras de Schopenhauer: “
homem 60 tinico animal que se surpreende de existir
€ a si mesmo pergunta o que ele &”. O “assombro”,
entio, a “surpresa’, a “admiracao” é experiéncia
presente na histéria da filosofia, e é, também, a ca-
‘tegoria que nos ajudaré a des-velar a questao do ser.
Se admitimos este principio iluminador e nortea-
dor, s6 existe um caminho, um método, a sertrilhado:
a prépria historia da filosofia, para assim, nos dife-
rentes perfodos hist6ricos, perceber como a questao
do ser foi tratada, des-velada.
Além disso, nao esquecamos que o estudo aqui
delineado reveste-se da roupagem de ser apenas um,
manual. Enquanto manual, tem somente uma fina-
lidade: a de servir de roteiro, de itinerario. Dessa
maneira, pode ser remodelado, repensado e adapta-
doas necessidades da complexa e rica reflexaometa-
fisica. Acreditando, também, que a filosofia se faz
com a leitura ¢ a reflexao, valorizamos a anélise dos
textos dos pensadores estudados e estimulamos a
reflexaocritica atravésdosexercicioshermenéuticos.
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