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Vale de Besteiros Almada Maria de Belém

Trabalhar Projecto Criarte Roseira


a autonomia para reciclar As mulheres
dos jovens têxteis e as Misericórdias
Educação Pág. 19 Em Acção Pág. 8 Opinião Pág. 23

VOZDAS União das Misericórdias


Portuguesas

MISERICÓRDIAS
director: Paulo Moreira | ano: XXVII | março 2011 | publicação mensal

Santas Casas
AEV 2011 União promove
concerto contra a indiferença

reencontram-se
com a história
A solidariedade mobilizou milhares de pes-
soas para o concerto promovido pela União
das Misericórdias Portuguesas, no Campo
Pequeno a 26 de Março. “Contra a indiferen-
ça: sê voluntário” reuniu diversos artistas
que actuaram em prol dos doentes de Al-
zheimer, para os quais vão reverter todas
as receitas angariadas. A iniciativa foi
organizada no âmbito do Ano Europeu Os hospitais de doze Misericórdias Administrações Regionais de Saúde, nos hospitais públicos. “Este acto é
do Voluntariado. Reportagem, 12 e 13 passam a fazer parte, a partir de 1 na Misericórdia do Porto, a 29 de um reencontro com a história. Não
de Abril, da rede do Serviço Nacio- Março. A partir de agora, os utentes um regresso qualquer, mas em com-
nal de Saúde (SNS). Os acordos que do SNS podem optar pelos hospitais plementaridade com o Estado”, afir-
oficializam a integração foram as- das Santas Casas, pagando apenas as mou Manuel de Lemos, presidente
sinados entre as Santas Casas e as taxas moderadoras, como acontece da UMP. Saúde, 17

Investigação Entrevista Teleassistência


Tesouro Solidariedade Tecnologia
em Viana entre gerações para apoiar
do Castelo em Coimbra idosos em casa
No dia em que começou o restauro da A intergeracionalidade vai mar- As recentes notícias sobre idosos que
Igreja da Misericórdia de Viana do Cas- car o X Congresso Nacional, a morreram sozinhos em casa retomaram
telo, foi desvendado um dos tesouros decorrer entre 16 e 18 de Junho o debate sobre a necessidade de mais e
daquele templo religioso: uma pintura em Coimbra, com sessão de encer- maior acompanhamento dos seniores
seiscentista, intitulada “Adoração dos ramento em Arganil. O presidente no seu próprio domicílio. Nas Mise-
Pastores”, que se encontra num dos do Secretariado Regional de Coim- ricórdias do distrito de Coimbra, essa
retábulos da igreja, da autoria de Cor- bra da UMP e provedor da Santa preocupação já tem oito anos. Naquela
nelis de Beer, um pintor holandês até Casa de Arganil, José Dias Coim- região, foi desenvolvido um projecto de
agora desconhecido. A sessão de lan- bra, explica o que determinou a teleassistência. Através de um telefone,
çamento do livro sobre a pintura teve escolha do tema. 24 os idosos podem pedir ajuda sempre
lugar a 4 de Março. Património, 20 que necessário. Destaque, 4 e 5
2 vm março 2011 www.ump.pt

panorama

A FOTOGRAFIA
espaço sénior

Março foi
marcante
Na Academia, o dia 2 de Março foi marcante A subir
para a sua história: foi empossado o novo Recolhidas 1500
Conselho Directivo, nomeado já há alguns toneladas de lixo
meses. O acto realizou-se nas instalações da
União das Misericórdias Portuguesas. Mais de 1500 toneladas
de lixo foram recolhidas
durante a segunda

N
edição da iniciativa
a Academia, o dia 2 de Março Limpar Portugal, que
decorreu nos dias 19 e
foi marcante para a sua história:
20 de Março, um pouco
foi empossado o novo Conselho por todo o país.
Directivo, nomeado já há alguns
meses.
O acto realizou-se nas instalações da

Rodrigo Pereira
União das Misericórdias Portuguesas
(UMP) e foi presidido pelo seu Presidente,
Exmo. Senhor Dr. Manuel Lemos.
Para a Academia este acontecimento
é muito importante pois passa a ter Manifestações Várias gerações à rasca
uma Direcção cujos membros, dentro A intergeracionalidade foi uma das surpresas que marcou as diversas manifestações da geração à rasca,
dos seus pelouros, se vão empenhar no a 12 de Março em várias cidades do país. Em Lisboa, mais de 200 mil pessoas se juntaram na Avenida
seu funcionamento e desenvolvimento. da Liberdade. No Porto, cerca de 80 mil encheram a Avenida dos Aliados. Pais, filhos e netos foram
Ultimamente, o Conselho Directivo só para rua protestar contra os problemas que são transversais às várias gerações: precariedade, desemprego,
contava com três elementos, pois motivos baixos salários. Em Faro, Coimbra, Viseu, Leiria, Guimarães, Braga, Castelo Branco, Funchal e Ponta Delgada
pessoais tinham levado à saída de as pessoas também se manifestaram.
alguns membros, o que era nitidamente
insuficiente e os sobrecarregava
demasiado. Confiança e esperança
O Número
resultam desta nova situação. Os colegas
A Descer

10
empossados farão com dedicação o seu
Contracção
melhor para o bem da nossa Academia.
de 0,9% do PIB
MIL mortes no Japão
A assinalar também neste mês o belíssimo O número de vítimas mortais do sismo e do tsunami que devastaram
passeio realizado nos dias 4, 5 e 6 com As novas projecções do o Nordeste do Japão a 11 de Março não pára de aumentar. Ao fecho deste
governo apontam para
o fim de admirar as amendoeiras em jornal, estavam contabilizadas mais de dez mil mortes.
uma contracção de 0,9
flor que, nesta época apresentam um por cento do Produto
espectáculo deslumbrante. Rumo às Beiras Interno Bruto (PIB).
A anterior previsão
o grupo partiu de Lisboa bem cedo e a O Caso
apontava para um
primeira paragem foi em Seia para uma crescimento de 0,2 por
visita ao Museu do Pão e ao Solar dos cento.
Queijos Depois de um belo almoço seguiu Gaia
em direcção a Celorico da Beira, onde
também se podia encontrar uma feira de
Torneio de
A Frase futsal para
queijos de várias qualidades. A dificuldade
só estava na escolha. A viagem seguiu estreitar laços
para Trancoso onde decorria uma grande
feira de fumeiros, uma tentação para os As “Bestiais” e os “Reumáticos”
apreciadores dos deliciosos enchidos. Aí se foram os grandes vencedores do II
pernoitou, num confortável hotel e onde os Torneio de Futsal da Misericórdia
participantes se divertiram, ao serão, com de Gaia, que se realizou a 26 de
jogos engraçados, onde todos participaram, Fevereiro, no Pavilhão Municipal
Pinto Monteiro
num ambiente de alegre camaradagem No Procurador-geral
daquela localidade. Um ano depois,
2º dia seguiu-se Almeida, Barca de Alva da República o sucesso repetiu-se. Foram muitos
e Foz Côa, onde então se pode admirar a os colaboradores e os elementos dos
lindíssima brancura das amendoeiras em “A tentativa órgãos sociais que marcaram e ven- mais os laços de misericórdia que A equipa “Bestiais” marcou dois
flor. Ao 3º dia a visita foi a Belmonte, uma de resolver ceram mais um torneio de futsal. nos unem”. Para o próximo já está penaltis, protagonizados por Telma
linda aldeia histórica, e Castelo Branco. problemas Este torneio tem dois grandes objec- confirmada a presença da congéne- Campos e Fernanda Resende.
políticos através
O tempo tinha passado depressa e tivos. Além de visar o fortalecimen- re do Porto. No jogo misto participou a equipa
de processos
era altura de regressar. Alegres e to dos laços entre colaboradores O primeiro jogo foi disputado entre “Boazonas”, constituída por Luís
judiciais é um
reconfortados por tão agradável dos exemplos e dirigentes, a iniciativa também a equipa as “Bestiais”, constituída Gomes, Pedro Nobre, Carla Cida-
convívio, os participantes só da nefasta serve para a angariação de fundos por Maria Fátima Pereira, Márcia de, Fernanda Alves, Laura Oliveira,
pensam no próximo passeio. intromissão e bens de higiene e conforto para as Pinto, Simone Correia, Telma Cam- Maria Lucinda Adrega, Sónia Re-
Onde será? da política crianças do Centro de Acolhimento pos, Cláudia Gonçalves e Fernanda sende, Maria Fátima Sousa, Susana
na Justiça” Temporário N.ª Sr.ª da Misericór- Resende, e a equipa “Lar Residen- Cardoso, Olívia Silva, Luís Pedro,
dia, que assistiram aos jogos. cial Conde das Devezas”, consti- Fernanda Resende, Jorge Sousa e
O sucesso da iniciativa tem sido tuída por Carla Cidade, Fernanda José Maria Lopes, e a equipa “Reu-
tal que o provedor, Joaquim Vaz, Alves, Laura Oliveira, Maria Lucin- máticos”, constituída por Valentim
já pensa nos próximos. “Pretende- da Adrega, Sónia Resende, Maria Machado, Maria Fátima Pereira,
mos convidar outras Misericórdias, Fátima Sousa, Susana Cardoso e Márcia Pinto, Simone Correia, Jor-
Isabel Rodeia
Academia de Cultura primeiro do distrito do Porto, e de- Olívia Silva. Com um resultado em ge Sousa, Telma Campos, Cláudia
e Cooperação da UMP pois de outras partes do país para campo 3-3, foi nas grandes pena- Gonçalves, Francisco Cardoso, Rui
academiadecultura@ump.pt
participarem e reforçarmos ainda lidades que ficou tudo decidido. Ferreira e Miguel Castro.
www.ump.pt março 2011 vm 3

RADAR
ON-LINE
Opinião
Livros
Lisboa promove
AS MISERICÓRDIAS acervo documental
E O SEU PATRIMÓNIO A Misericórdia de Lisboa lançou,
a 15 de Março, duas publicações re-
lacionadas com o arquivo histórico: a
O património cultural constitui um
segunda edição do catálogo “A arte do
transmissor imprescindível e encorajador
das raízes identificadoras das comunidades, livro na Misericórdia de Lisboa: os ci-
assim como permite perpetuar a sua mélios da Santa Casa” e “À descoberta
cultura e é dentro deste contexto que as do arquivo: roteiro da visita ao Arquivo Esposende
Misericórdias portuguesas devem actuar Histórico da Santa Casa da Misericórdia Igreja vai ser
de Lisboa”. As duas obras visam promo- requalificada

O
Património Cultural das Misericórdias criado ver a utilização do património cultural
através dos tempos, desde a fundação da primeira por todos os cidadãos, especialmente no A Santa Casa da Misericórdia de
Misericórdia em 1498, constitui uma fonte inesgotável que diz respeito ao acervo documental Esposende, juntamente com a Câmara
de história artística e cultural, que reflecte a da instituição. Municipal e o Forum Esposendense, as-
identidade destas Instituições e vinca profundamente sinou, recentemente, com a Autoridade
a sua ligação às comunidades onde foram instaladas e às de Gestão do Programa Operacional da
pessoas que pela arte quiseram deixar um testemunho de bem- Região Norte – ON2, os Contratos de
fazer e de amor ao próximo. O Património das Misericórdias é Financiamento das Operações do Pro-
um somatório de herança de séculos, destacando-se o período grama de Acção URBI – Esposende. O
áureo da Idade Moderna, com iniciativas e períodos cíclicos objectivo deste programa é a requali-
diversos, que nos permitem interpretar e analisar factos ficação da igreja da Misericórdia. Com
passados, dando a perspectiva da vivência de várias gerações um investimento global de 6,68 milhões
no ser e no criar. E foi indo ao encontro de acervos valiosos de euros, o URBI Esposende integra 16
e à multiculturalidade das Misericórdias, na sua dispersão e projectos.
valor patrimonial, que a União das Misericórdias Portuguesas
teve a visão de criar o Gabinete do Património Cultural, que Angra do Heroísmo Reguengos de Monsaraz
hoje constitui uma referência nacional. É aceite como exemplo Workshop para Exposição integra
pelos parceiros públicos e privados, pela competência técnica, apoiar voluntários 150º aniversário
pela qualidade e quantidade do trabalho produzido de norte a
sul do país e pelo espírito que às Misericórdias foi transmitido, A Santa Casa da Misericórdia de Integrada no programa de come-
sensibilizando-as para os seus valores patrimoniais e a Angra do Heroísmo promoveu o pri- morações do seu 150º. Aniversário, a
necessidade de os inventariarem e os conservarem. Merece meiro workshop dirigido a voluntários. Misericórdia de Reguengos de Monsaraz,
realce o valioso trabalho já produzido até 31 de Dezembro A iniciativa decorre no âmbito do Ano vai apresentar a Exposição Itinerante
de 2010, que se reflecte nos seguintes dados estatísticos: 80 Europeu a 11 de Fevereiro e contou com Internacional “Os Caminhos de Santia-
Misericórdias inventariadas; 182 locais visitados; 14137 fichas a participação de quinze pessoas, todas go”, em parceria com a Associação da
elaboradas; 21650 peças inventariadas; 11232 fichas online e voluntárias naquela instituição. O ob- Amizade e das Artes Galego Portuguesa.
13927 peças online. Em 2011, indo de encontro à inventariação, jectivo era proporcionar uma formação A exposição é constituída por obras de
estudo, preservação e divulgação do património cultural, vão mais completa aos voluntários para o pintura, escultura e fotografia de vários
desenvolver-se iniciativas incidentes em diversos pontos do “cuidar” dos idosos residentes em lares, artistas portugueses e espanhóis e estará
país. Uma das iniciativas, “ViVer o Património”, tem especial realçando os facilitadores que podem ser patente entre 12 de Março e 10 de Abril
interesse pois coincide com o ano Europeu do Voluntariado, utilizados no dia-a-dia. no Celeiro dos Beltrans.
por ser dirigida para os voluntários seniores e mobilizar ao
mesmo tempo as Misericórdias para mostrar o seu património
à sociedade. No X Congresso Nacional das Misericórdias SLIDESHOW
Portuguesas, em Coimbra, no mês de Junho, vai decorrer, em
simultâneo, uma exposição no Museu Machado de Castro,
em parceria com a Direcção Regional de Cultura do Centro e
também participará no Congresso “Alentejo: Património do
Tempo”, em Portalegre, no mês de Abril. Coincidindo com o
“Dia Internacional dos Monumentos e Sítios”, vai ocorrer uma
exposição “Dar de beber a quem tem sede – Iconografia de
uma Obra de Misericórdia”. Uma vez que em 2012 a cidade de
Guimarães vai ser a Cidade Europeia da Cultura, vai realizar-se
ali o “Dia do Património das Misericórdias”, em 6 de Maio. O
património cultural enquanto exercício de cidadania constitui
um transmissor imprescindível e encorajador das raízes
identificadoras das comunidades, assim como permite perpetuar
a sua cultura e é dentro deste contexto que as Misericórdias
portuguesas devem actuar, salvaguardando o seu património,
Presidência da República

promovendo as boas práticas de preservação e


conservação.
O património perspectivado e analisado nas
suas diversas vertentes permite revelar ou
rever a identidade histórica das Misericórdias,
contextualizadas nas letras e nas artes,
evidenciando o humanismo voltado para Congresso Cavaco Silva no encerramento
o homem, em diversos períodos da sua O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, aceitou o convite para estar presente
história assistencial. no encerramento do X Congresso Nacional das Misericórdias. A audiência teve lugar
a 23 de Março no Palácio de Belém, e nela participaram Manuel de Lemos e Bernardo
Reis, membros do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, e
Bernardo Reis José Dias Coimbra, provedor em Arganil e presidente do Secretariado Regional de
Membro do Secretariado Nacional da UMP
Coimbra.  Os trabalhos do congresso, dedicado à intergeracionalidade, vão decorrer na
cidade de Coimbra e a sessão de encerramento em Arganil, entre 16 e 18 de Junho.
4 vm março 2011 www.ump.pt

DESTAQUE
Estar em casa e não estar só
Para os idosos que vivem sozinhos, em aldeias, vilas ou cidades, a teleassistência proporciona segurança
e bem-estar aos idosos que estão sós em casa, podendo mesmo adiar a institucionalização em lar
receber era grande. Tem 83 anos e
Sónia Morgado
mora sozinha há vários anos, desde
Para os idosos que vivem sozinhos, que o marido faleceu, e não tem fi-
em aldeias, vilas ou cidades, a so- lhos. A entrada de pessoas novas e
lidão e o medo “acabam por bater estranhas em casa é coisa que não
à porta” nos dias e dias que, sem lhe agrada. Contudo, com algum
conversarem com alguém, têm cuidado e ajuda da equipa técnica
apenas por companhia a televisão, (enfermeira Cátia Fernandes, fisio-
um animal de estimação, o rádio, terapeuta Maria João Coelho e assis-
ou simplesmente as recordações tente social Vera Simões) consegui-
de tempos passados. Em Arganil, mos que nos recebesse e conversasse
com uma grande percentagem de connosco.
população idosa, são muitos os que Do sistema da teleassistência diz
resistem em abandonar as suas ca- “ser muito bom” para quem, como
sas, contando com a colaboração ela, está sozinho. “Trago sempre o
e apoio de entidades e instituições botão ao pescoço porque posso ter
locais. Neste concelho, onde o ser- algum problema e precisar de pedir
viço de teleassistência é mantido ajuda”, afirma. Mostrando o peque-
em funcionamento pela Santa Casa no “pendente”, explica: “Carrego


da Misericórdia de Arganil, o “estar aqui no botão e logo depois já me
sozinho”ganha novos contornos. estão a falar no aparelho. Quem diria
O serviço de teleassistência está que podia ser possível? E falam-me a
ligado no terreno com três equipas qualquer hora!”. Quanto às pessoas
distintas de profissionais: a equipa que lhe falam do outro lado diz “se-
técnica composta por assistentes so- rem simpáticas e parecem ser novas,
ciais e psicólogos, a equipa de saúde noto pela voz”, conta.
composta por enfermeiros, fisiotera- O aparelho para onde lhe ligam,
peutas, terapeuta da fala e nutricio- assim que é accionado o botão, O sistema de teleassistência
nista e a equipa de apoio directo que encontra-se instalado no quarto, tem um raio de cobertura
é composta por ajudantes familiares mesmo ao lado da cama. “É aqui de 200 metros. Mesmo que
(apoiam nas actividades de vida di- que a maioria dos idosos gosta de o se afastem do aparelho,
ária). O Voz das Misericórdias foi ter, porque é à noite que os medos se forem ao quintal
ver de perto como tudo se processa. e a solidão são mais fortes”, conta- por exemplo, os idosos
À porta da casa de Maria dos -nos Vera Simões. “Durante o dia até conseguem pedir ajuda
Prazeres, a incerteza de que nos iria podem menosprezar o botão porque se necessitarem

Idosos de Arganil têm apoio 24 horas por dia


ligado a uma central que através de Voz das Misericórdias Nuno Gomes, Foi assim que surgiu o projecto
Misericórdia de Arganil um código atribuído previamente a director da Santa Casa. “Revitalizar um Território Rural”,
aposta na tecnologiae nos cada utente, identifica de quem se Nesse sentido, sentiram necessi- que incide “numa região do país em
cuidados humanizados


trata, entra em contacto, e reenca- dade de “encontrar uma forma de re- que a taxa de idosos é já superior a
para combater o isolamento minha para a Misericórdia que toma tardar a institucionalização dos ido- 25 por cento da população e onde o
e adiar a institucionalização as medidas necessárias para acom- sos, de complementar a resposta de isolamento geográfico é muito sig-
em lar panhar a pessoa em questão. Tudo apoio domiciliário e centro de dia e nificativo”.
à distância do toque de um único a única forma era estabelecer um ca- O conceito defendido e mantido
botão que os idosos são aconselha- nal permanente de apoio 24 horas”. pela Misericórdia de Arganil conju-
Fundada em 1967, a Santa Casa da dos a usar ao pescoço, como se de É aqui que surge o projecto, acolhido ga a teleassistência enquanto fer-
Misericórdia de Arganil, tem cres- um fio se tratasse. no âmbito do PROGRIDE, Medida 1, ramenta tecnológica (assegura um
cido e desenvolvido o seu trabalho Este projecto da teleassistência de 2005 a 2010. Actualmente, “somos canal de comunicação 24 horas) e Misericórdia de Arganil
em prol do bem-estar da população partiu da evidência de que havia das poucas Misericórdias a manter o a prestação de um leque de servi- queria complementar
mais idosa do concelho. A pensar muitos idosos a sofrer por causa do serviço, já não com o financiamento ços humanizados e personalizados a resposta de apoio
nisso, tem em funcionamento, desde isolamento e da solidão e “na Mise- do PROGRIDE mas com estrutura (através de equipas multidiscipli- domiciliário e centro
2005, o serviço de teleassistência ricórdia de Arganil a capacidade de própria da instituição que mantém nares). Desta forma, segundo Nuno de dia e a única forma
associado ao do apoio domiciliário. acolhimento em lar não era capaz no terreno as equipas operacionais Gomes, “ encaixa perfeitamente no era estabelecer um canal
Esse serviço consiste na instalação de corresponder ao número de so- de enfermeiros, psicólogos e assis- apoio domiciliário e no centro de dia, permanente de apoio
na casa do idoso de um aparelho licitações que existiam”, explica ao tentes sociais”, diz. permitindo ganhos significativos ao 24 horas
www.ump.pt março 2011 vm 5

Assembleia-geral a 9 de Abril
A próxima assembleia-geral da União das Misericórdias Portuguesas
está marcada para 9 de Abril. Os provedores vão reunir-se, em Fátima,
no para apreciar o relatório de actividades e contas 2010.

Projecto
surgiu há
8 anos em
Coimbra
A teleassistência no
distrito de Coimbra surgiu
é maçudo andar com ele ao pescoço ras”. No entanto, antes de chegar a em 2002, através de
mas à noite praticamente todos o essas entidades, há um conjunto de um projecto-piloto do
têm junto de si”. Este tem um raio ligações de retaguarda. Quando um Secretariado Regional da
de cobertura de 200 metros. Mesmo não funciona, passam ao seguinte e União das Misericórdias
que se afastem do aparelho, se forem esgotando todas as possibilidades
ao quintal por exemplo, conseguem são chamados os bombeiros ou a
pedir ajuda se necessitarem. Hoje GNR. Esses contactos são recolhidos A teleassistência no distrito de Coim-
são em média 180 os idosos a benefi- na fase de diagnóstico. “O utente bra surgiu em 2002, através de um
ciar deste serviço por ano, sobretudo informa-nos das pessoas que sente projecto-piloto do Secretariado Regio-
mulheres, com a média de idades a serem o seu suporte social”, elucida nal da União das Misericórdias Por-
rondar os 82 anos. a assistente social. tuguesas (UMP) naquela região. Ao
E é de facto em casa, no seu cír- Os elementos da equipa sentem longo de oito anos, foi possível adiar
culo social e familiar que se sentem que fazem a diferença. “A nossa in- a institucionalização de idosos em lar.
bem. Que o diga Maria Carvalho, de tervenção acaba por ser muito gra- A solução tecnológica no com-
86 anos. Trata da casa, toma conta tificante em termos profissionais e bate à solidão do idoso foi apresen-
dos seus três gatos e gosta de ler. pessoais”, afirmam. “Quando os vi- tada ao então secretário de Estado
Quando alguma coisa não está bem, sitamos, muitos destes idosos ficam da Segurança Social, Marco Antó-
não hesita em carregar no botão, satisfeitos. É outra segurança para nio Costa, resultando em 2002 num
embora admita não o fazer muitas eles, porque sentem que se precisa- apoio financeiro para a sua aqui-
vezes. “Não carrego muito porque rem de ajuda podem apenas carregar sição. O Secretariado Regional de
se não estou mal, não chateio nin- num botão e têm ali uma resposta Coimbra adquiriu um conjunto de
guém”, afirma. eficiente”, afirma Cátia Fernandes. equipamentos e distribuiu-os pelas
Sempre que um utente está al- É um verdadeiro trabalho de equipa. Misericórdias do distrito.
gum tempo sem comunicar, “a pró- “Arranjamos estratégias para melho- Posteriormente, numa segunda
pria central tem o cuidado de ligar rar o bem-estar da pessoa, para que fase, desta feita envolvendo apenas
para saber se está tudo bem e caso deixem de se sentir tão dependentes o concelho Arganil, foi feita uma
se detecte algum problema, são ac- e isso é uma mais-valia para eles”, candidatura ao PROGRIDE. Uma das
cionados todos os mecanismos de explica-nos a fisioterapeuta Maria acções desse programa, designada de
apoio”, diz Vera Simões. “Tentamos João, acrescentando que, por vezes, “centro de atendimento permanen-
que a necessidade do idoso seja su- passam mais tempo a conversar te”, assentava na operacionalização
primida de forma individualizada, do que a tratar. “Estão sedentos de da prestação directa de um conjunto
personalizada e o mais rápido pos- atenção e nós vamos colmatar um de serviços através de um apoio 24
sível e para isso contamos ou com a bocadinho essa falta, o que é muito horas com o recurso à teleassistência.
nossa equipa ou com outros profis- gratificante”, confirma. O projecto encerrou em 2010, com
sionais ligados a instituições parcei- uma média de 150 utentes por ano.
Se este serviço viesse a ser im-
plementado a nível nacional, seria
possível ter no terreno o verdadeiro
serviço de apoio de domicílio inte-
grado. “Conjugando com os servi-
ços tradicionais, conseguiríamos um
serviço permanente 24 horas com
profissionais de saúde sem que isso
representasse um custo extravagan-
te face ao que se preconiza em ter-
mos de empenhamento do Estado
social”, conta ao VM o director da
nível do retardamento da institucio- apoio “têm a companhia, atenção desconhecidas para nós”. Desta for- Santa Casa de Arganil, Nuno Gomes,
nalização do idoso em lar”. e cuidados de jovens profissionais ma, o director é da opinião que “o que acompanhou todo o processo.
Mas as vantagens deste serviço que dão a conhecer outra realidade projecto tem uma avaliação muito Outra vantagem deste sistema


não se ficam por aqui, pois permite e aliviam o dia-a-dia desse idoso que positiva tendo sido seleccionado no é o facto de permitir que “o idoso
ainda melhorar as respostas exis- passa o dia sozinho sendo muitas ve- âmbito do Portugal Solidário que mantenha as suas capacidades re-
tentes, na medida que os idosos zes essa a única visita que recebem”. decorreu em 2010 e por isso temos lacionais e a família as suas compe-
ultrapassam, por meio desta con- Com uma experiência de cinco de ter orgulho”. tências afectivas e suas obrigações, o
jugação de tecnologia e serviços, o anos no terreno, esta instituição Futuramente, a Misericórdia de que não acontece tanto na resposta
isolamento e a solidão, motivo da regista um maior retardamento na Arganil está interessada em “gizar social do lar”. Além disso, segundo a
grande percentagem de contactos institucionalização dos idosos, man- um plano que venha permitir com- experiência do Secretariado Regional
que recebemos todos os dias”. tendo-os por mais tempo no contexto bater a questão do isolamento dos de Coimbra, a teleassistência adia
Quando o provedor da Misericór- familiar e social. “É uma nova forma Teleassistência é uma idosos e a situação de ficarem de- aproximadamente em dois anos a
dia de Arganil, José Dias Coimbra, de combate ao isolamento e altera nova forma de combate samparados em questão de emer- institucionalização do idoso em lar. O
decidiu abraçar esta iniciativa foi, de o perfil do idoso que existia há uns ao isolamento e altera gência”, afirma Nuno Gomes. “É de país só teria proveitos a retirar dessa
facto, no sentido de dinamizar uma anos”, atesta Nuno Gomes. Por ou- o perfil do idoso que total interesse que o Instituto da Se- medida, assevera aquele responsável.
resposta social que viesse atenuar tro lado, no que respeita à saúde, existia há uns anos, gurança Social aproveite estas expe- Este projecto da teleassistência foi
as dificuldades da população idosa: é feita a prevenção das principais atesta o director da riências”, atesta. “Consideramos ter ainda apresentando, em 2009, ao Ins-
falta de contacto com outras pessoas patologias que surgem nesta idade Santa casa de Arganil, todas as condições para ser feita aqui tituto da Segurança Social, num en-
e de outras idades. Com este nosso e “quando vêm para o lar já não são Nuno Gomes uma experiência piloto”, conclui. contro realizado na Figueira da Foz.
6 vm março 2011 www.ump.pt

em acção
Porto de abrigo para
quando já não há saída
O abrigo para mulheres da Misericórdia da Praia da Vitória, na ilha Terceira, é uma das poucas
opções para quem está num beco sem saída. Em 2010, a Solisvita acolheu 25 mulheres e 12 crianças
No fundo, sabem que aquilo não é
verdade”.
Se no caso de Cecília a mãe foi
viver para o continente - “gostou
muito de lá estar e ficou” -, a família
da Paulina “não tinha condições para
ajudar”. No dia antes, Paulina, de 27
anos, havia chegado do hospital com
a terceira filha, uma menina que se
veio juntar a ela e ao outro filho de
dois anos na casa. O mais velho, com
nove anos, de um outro relaciona-
mento, vive com o pai.
Cecília chegou à Solisvita grávida
de três meses, com um filho peque-
no nos braços e uma cara marcada
Solisvita existe pela violência. “Sozinha uma pessoa
desde 2003 desenrasca-se, mas com um filho é
diferente. Os primeiros dias foram
difíceis, mas a gente faz tudo pelos
filhos”, explica. O companheiro, que
já a tinha agredido aquando da pri-
meira gravidez, não soube aprovei-
tar a oportunidade que ela lhe deu.
“Sempre que estou grávida acontece
isto, mas agora basta!”.
Pôr um ponto final numa his-
tória, por pior que esta seja, nem
sempre é coisa fácil. Que o diga Mi-

Segundo a responsável
pelo equipamento social,
a violência doméstica
não é o principal problema
daquelas mulheres

lência doméstica, mas todo o tipo de ocupadas por sete mulheres e cinco filhas, mas como chega a casa de guelina que com 38 anos está aqui
Ana Brasil
situações”, explica Cátia Branco, a crianças que aqui chegaram devido manhã perde a hora da visita. Nunca pela quarta vez. “Houve uma vez em
A casa é difícil de encontrar entre responsável pelo Serviço de Apoio a problemas associados ao consu- as foi ver”, conta. que cheguei aqui uma noite e saí no
as moradias do centro da cidade da Integrado à Mulher da Santa Casa mo de álcool e de droga, à violência As filhas são a sua prioridade. dia a seguir. Arrependi-me”, conta.
Praia da Vitória, na ilha Terceira. da Misericórdia da Praia da Vitória doméstica ou simplesmente por não Sobretudo depois da instituição que O dia a seguir à entrada no abrigo
A ideia é mesmo essa: que quem (SCMPV). terem para onde ir. as recebeu ter levantado a possibili- é um teste a que muitas mulheres
encontrou um refúgio na Solisvita, o Quando abriu portas, em 2003, Antes de vir para o abrigo, Cecí- dade de elas serem adoptadas. “Ago- não resistem. “Eu costumo dizer que
abrigo para mulheres da Santa Casa o grande objectivo da Solisvita “era lia morava numa casa velha de dois ra é arranjar trabalho, seja lá o que um mês aqui é um sucesso. Já não
da Misericórdia deste concelho aço- ser uma resposta para a violência do- quartos, com a mãe, as duas filhas for! Se eu tivesse um trabalho era o querem ser o saco de boxe que eram
riano, passe despercebido ao mundo méstica, mas então era a única casa e o resto da família num total de suficiente para as ter aqui comigo. A antes de sair de casa, mas deixar
lá fora. direccionada para o apoio à mulher sete pessoas. Não se queixava, mas casa podia arranjar depois”. tudo para trás é muito difícil”, ex-
Não há nenhum sinal exterior e havia uma série de situações que depois de uma denúncia, as filhas, A falta de apoio familiar destas plica Cátia Branco. A saudade da
que identifique a instituição ou o ficavam sem resposta e, por isso, de quatro e doze anos, que partilha- mulheres é o princípio da história casa, da rotina e do ambiente fa-
público a que se destina e também fomos aceitando um pouco de tudo”, vam a cama com a mãe foram-lhe que as trouxe até aqui. miliar transformam-se num verniz
o interior surpreende por se parecer explica Cátia Branco antes de afirmar retiradas. “A ideia é que a casa abrigo seja cor-de-rosa que cobre a realidade,
com um lar. Um lar cuidado com que “a violência doméstica não é Desempregada, com 31 anos, um último passo, mas normalmente tornando-a apetecível outra vez. Ou-
crianças, brinquedos, televisão e a principal razão que traz aqui as natural de um bairro problemático é o primeiro. Ou não procuram a fa- tras vezes, a realidade bate à porta
cheiro a comida caseira. Contudo, a pessoas”. e com apenas o sexto ano de esco- mília para os proteger ou porque não na forma de um homem arrependido
entrada nesta casa é um passo que No ano passado, a Solisvita aco- laridade completo, Cecília reunia se sentem bem com eles”, explica ou ameaçador.
todas as mulheres que aqui vivem lheu 25 mulheres e 12 crianças, já todos os requisitos para estar na mó Cátia Branco, a técnica responsável
quereriam ter evitado. que a situação mais comum é que de baixo. Quando a mãe perdeu a pela Solisvita. “Às vezes com a ca- *Os nomes das utentes da Solis-
“Ao contrário do que acontece as utentes sejam mães que chegam casa, ela acabou na rua. “O meu ex- beça quente dizem que têm casas de vita referidos nesta reportagem são
em outras casas de abrigo, acolhe- acompanhadas pelos filhos. Actu- -marido está casado com o álcool e família para onde podem ir, mas se fictícios para proteger a identidade
mos não só mulheres vítimas de vio- almente, as suas 12 camas estão as noitadas. Ele quer ir ver as nossas lhes abrirmos a porta ninguém sai. das mesmas.
8 vm março 2011 www.ump.pt
em acção

Receitas nas misericórdias


Almada inaugurou
espaço Santa Casa
Carapaus Alimados
Santa Casa da Misericórdia
A loja, inaugurada a 4 de Março,
vai comercializar as peças criadas
apoio com pequenos trabalhos que
até funcionam como um bom entre- de Vila do Bispo
de Almada inaugurou um no âmbito do Criarte, assim como tenimento, referiu o provedor.
novo espaço para divulgar divulgar as actividades da Miseri- Em declarações ao VM, a direc-
as actividades da instituição, córdia de Almada. “Poderá funcionar tora técnica do projecto, Carla Gon-
mas também dinamizar como ponto de encontro dos nossos çalves, explicou que também está
o projecto Criarte voluntários e espaço para organiza- prevista a organização de uma feira
ção de eventos. Ainda é muito cedo mensal para venda dos produtos
Bethania Pagin para sabermos ao certo”, contou ao Criarte, workshops sobre transfor-
VM o provedor, Joaquim Barbosa. O mação de roupa e passagens de mo-
A Misericórdia de Almada inaugurou horário de funcionamento do Espaço delos. “A ideia é envolver a comuni-
um novo espaço no centro da locali- Santa Casa também está por definir. dade o mais possível neste projecto”.
dade. São dois os objectivos: divul- Face à sua natureza, a loja vai fun- Actualmente, a Misericórdia de
gar as actividades da instituição, mas cionar com voluntariado. Almada apoia mais de 1500 pessoas,
também dinamizar o projecto Criarte. As peças do Criarte são de ves- entre crianças e idosos. No âmbito
Financiado pela Fundação EDP, este tuário, mas também há têxteis em do acompanhamento de famílias
projecto recupera e cria peças de ves- geral, calçados, acessórios etc. A beneficiárias do Rendimento Social
tuário que depois são vendidas a pre- maior parte das peças são confec- de Inserção, a instituição é respon-
ços sociais. Reduzir, recuperar, reciclar cionadas por duas costureiras, mas sável pelo processo de mais de 1200
e revalorizar são as palavras-chave. alguns utentes da Santa Casa dão pessoas.

Ingredientes (4 Pess0as) MODO DE PREPARAção:

1 kg de carapaus de tamanho médio; Amanha-se o peixe, tirando tripas e


1.200 kg de batata doce; cabeça.
1 cebola pequena; Passam-se bem por água e vão-se
Uma dúzia de dentes de alho; dispondo num alguidar em camadas
Salsa (qb); alternadas com sal.
Orégãos (qb); Deixam-se ficar assim, de um dia para
Azeite e vinagre; o outro.
Sal. Põe-se uma panela com água ao lume
e, quando levantar fervura, junta-se os
Para acompanhar carapaus depois de passados por água,
Coza as batatas com pele, tire-lhes a pele para tirar o sal, deixando cozer.
após a cozedura e corte em quartos. Após a cozedura mete os carapaus
Tempere a gosto com azeite e vinagre, em água fria para lhe permitir (sem se
cobrindo-as com os restantes dentes de partirem) tirar toda a pele e algumas
alho picadas e orégãos. espinhas que estejam à vista.
Acompanhe com salada a gosto. Colocam-se então os carapaus numa
travessa, temperam-se de azeite e vi-
nagre a gosto e cobrem-se com alho
picado, cebola às rodelas e salsa picada.
Pode ser servido quente ou bastante
informação nutricional: frio.

 50 Kcal
3
34 g Proteínas
35 g Hidratos de carbono
5 g Gordura

Preço:

€€€€€
DIFICUDADE:

,,,,,
www.ump.pt março 2011 vm 9

Concurso de fotografia
Para celebrar o Dia Internacional de Monumentos e Sítios, que em 2011
celebra o tema “Água: cultura e património”, a UMP está a promover um
concurso de fotografia sob o tema “Dar de beber a quem tem sede”.

Tomadas de posse
em 65 Misericórdias
a alteração da Mesa Administrativa No centro do país, Penela, Galizes de Famalicão tem nova direcção, en- Faro, Tavira, Vila do Bispo, Meda,
Para o triénio 2011-2013, deveu-se ao falecimento do prove- e Coimbra também têm novos diri- cabeçada por Maria Helena Lacerda. Ansião, Alvaiázere, Pombal, Póvoa de
a União das Misericórdias dor: Castelo Branco, Penela da Beira gentes: Armando Lopes Porto, Bruno Em Évora, Entradas também tem Santo Adrião, Felgueiras, Gondomar,
Portuguesas teve e Viana do Castelo. Miranda e Fernando Antunes, res- novo provedor: Carlos Contreiras. Vila do Conde, Canha, Santiago do
conhecimento de 65 actos No distrito de Aveiro, três Santas pectivamente. No distrito de Leiria, Nos Açores, a Santa Casa de Corvo é Cacém, Arcos de Valdevez, Caminha,
eleitorais. Há duas Casas têm novos provedores: Ílhavo, Batalha, Pedrógão Grande e Alcobaça agora dirigida pelo padre Hélio Soares Monção, Alijó, Boticas, Montalegre,
novas provedoras Ovar e São João da Madeira contam também registaram alterações: Carlos e Lajes das Flores conta com Félix Pe- Murça, Peso da Régua, Ribeira de
agora, respectivamente, com João Costa Monteiro, José Gomes Marques reira Martins. Na Madeira, na Calheta Pena, Mortágua, Santar, Viseu, An-
Bethania Pagin Manuel de Bela, Adelino de Almeida e João Rosa Carreira são os novos tomou posse mais uma provedora: gra do Heroísmo, Vila das Velas e
e José Pais Vieira. provedores. Maria Cecília Cachucho. Machico.
Todos os anos, muitas Santas Casas Em Bragança, houve apenas No distrito do Porto, as Misericór- As Misericórdias onde também Em Castelo Branco, Viana do
realizam eleições para os seus corpos uma alteração: Vila Flor é agora en- dias da cidade invicta, de Penafiel e se registaram eleições são: Mealhada, Castelo e Penela da Beira, o infor-
sociais. Para o triénio 2011-2013, a cabeçada por Quintino Gonçalves. de Paços de Ferreira têm novos pro- Vila de Cucujães, Ferreira do Alente- túnio obrigou à alteração na Mesa
União das Misericórdias Portugue- No distrito de Castelo Branco, José vedores: António Tavares, Júlio Mes- jo, Cabeceiras de Basto, Celorico de Administrativa. Depois do falecimen-
sas teve conhecimento de 65 actos França Gouveia é o novo provedor de quita e Augusto Barros Bismarck. Em Basto, Póvoa de Lanhoso, Miranda to daqueles que estavam à frente da
eleitorais. Alguns provedores man- Monsanto. Também na Beira, a Mise- Paredes, a provedora Idaliana Seabra do Douro, Mogadouro, Santulhão, instituição, os novos provedores são
tiveram-se no lugar, mas há muitas ricórdia de Sabugal, na Guarda, conta foi substituída pelo padre Vitorino Alpedrinha, Covilhã, Góis, Vila Cova José Mendonça Horta, José Moreira
mudanças. Em três Misericórdias, agora com António Gomes Dionísio. Soares. Em Braga, apenas Vila Nova do Alva, Alandroal, Vimieiro, Alvor, Reis e Serafim de Jesus Pinto.

VOLTAAPORTUGAL

Amadora celebra 25.º aniversário com conferências


Para assinalar o 25º aniversário, a Santa Casa da Misericórdia da Amadora
vai organizar, durante este ano, o ciclo de conferências “Conversas… e Palavra(s)”
dedicadas à solidariedade. As duas primeiras já têm orador e data marcada. A
primeira contará com o Frei Fernando Ventura, Franciscano Capuchinho, que
falará sob o tema “Ser Solidário…”, no dia 23 de Março. A segunda conferência
terá como orador D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa, e será sobre “A
Solidariedade e o homem moderno”, dia 21 de Junho. As iniciativas são abertas
ao público e têm entrada livre. No Centro Santa Isabel, em Alfragide.

1380
milhões de euros a menos. De acordo com o Boletim Estatístico do
Banco de Portugal, os novos empréstimos da banca nacional às famílias
e às empresas diminuíram em Janeiro, face a Dezembro.

Secretariado Regional de Aveiro


homenageia ex-provedor
O Secretariado Regional de Aveiro da União das Misericórdias Portuguesas
(UMP) homenageou, recentemente em Aveiro, Manuel de Oliveira Dias,
ex-provedor da Santa Casa de Ovar pelo “muito que fez pelas Santas Casas
do distrito e pela obra deixada em Ovar”. O Secretariado Nacional da UMP
associou-se a este acto. Manuel de Oliveira Dias agradeceu, realçando que
o trabalho da Misericórdia de Ovar deve-se a uma equipa coesa e dinâmica
de 22 anos e que essa obra irá continuar com a actual equipa. Quanto às
Santas Casas do distrito, referiu que “basta ver o que eram há 20 anos e o
que são hoje. É gratificante verificar a união que existe”.

ERRATA
O Voz das Misericórdias errou
Na edição de Fevereiro, por lapso desta redacção, na peça sobre as ses-
sões de esclarecimento sobre o protocolo de cooperação com o Minis-
tério do Trabalho e da Solidariedade Social (página 6), não publicamos o
valor de referência para lar de idosos referente ao ano de 2009. Assim,
recordamos que nos actuais moldes da cooperação (determinados pelo
protocolo de 2010), o valor de referência para lar de idosos passou de
775,77 (valor de 2009) para 869,91 euros.
www.ump.pt março 2011 vm 11

EM FOCO

Rigor e transparência NÚMEROS

nos cuidados de saúde 24


Santas Casas
O Grupo Misericórdias Saúde foi fundado
pela União das Misericórdias Portuguesas
com o apoio de 24 Santas Casas. Hoje
são 144 as associadas.

O Grupo Misericórdias Saúde foi criado em 2003 com o objectivo de apoiar


e representar junto da tutela as Santas Casas com actividade na área da saúde 680
mil consultas
As Misericórdias prestaram cerca de
680 mil consultas entre 2007 e 2009.
Oftalmologia e ortopedia são as especia-
lidades com maior procura, 113942 e
100649, respectivamente.

75
mil cirurgias
Entre 2007 e 2009, as Santas Casas fo-
ram ainda responsáveis pela realização
de quase 75 mil cirurgias. Ao todo, estas
instituições têm 24 salas de cirurgia, com
292 camas.

66%
da RNCCI
As Santas Casas são responsáveis por
cerca de 66% da Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados. São
2335 camas em 118 unidades.

131
Misericórdias
Quando estiver concluída a segunda fase
do Programa Modelar, a Rede Nacional
de Cuidados Continuados Integrados vai
contar com 131 Santas Casas.

as Santas Casas junto do Ministé- Actualmente são 144 as associa- da UMP, Manuel Caldas de Almeida.
Bethania Pagin
rio da Saúde, mas que também as Software para das, um aumento em grande parte De acordo com este responsável, na
Em Outubro de 2010, iniciamos um apoiasse tecnicamente. Na fundação gestão de processos justificado pela criação da Rede Na- área dos cuidados continuados, foram
trabalho de divulgação das diversas do GMS estiveram 24 Misericórdias. cional de Cuidados Continuados In- criados núcleos de trabalho que visam
instituições da União das Misericór- A primeira reunião plenária foi no dia O GMS está a trabalhar em sistemas de tegrados (RNCCI), na qual as Santas apoiar os profissionais das Santas Ca-
dias Portuguesas (UMP). A Academia 15 de Julho de 2003. informação e processo clínico electró- Casas têm sido, desde os primeiros sas no desenvolvimento e consolida-
de Cultura e Cooperação inaugurou Ainda segundo Salazar Coimbra, nico para apoiar as Misericórdias que tempos, os parceiros prioritários do ção de boas práticas. “Esses núcleos
este espaço, mas também já fomos um dos momentos altos do trabalho integram a RNNCI. Segundo Manuel governo. “Não foi por acaso que fo- trabalham no sentido de desenvolver
conhecer o Centro João Paulo II, a realizado pelo GMS foi a assinatu- Caldas de Almeida, a ideia surgiu por- mos chamados a participar”, contou conteúdos técnicos, de promover a sua
Escola de Enfermagem, o lar Virgílio ra do protocolo, em Março de 2010, que muitas Misericórdias têm sentido Salazar Coimbra, destacando que já adopção e de apoiar as Misericórdias
Lopes e o laboratório de análises clí- entre UMP e Ministério da Saúde, a necessidade de optimizar os tempos há muito tempo que estas instituições na sua implementação e também de
nicas. Março é a vez do Grupo Mise- que representou “uma etapa conclu- de registo de informação, produzir uma tentavam descobrir respostas mais manter apoio permanente de peritos
ricórdias Saúde (GMS), cujo objectivo ída” do trabalho realizado por aquela informação clínica e de gestão fiável. adequadas para as doenças crónicas. na área de infecção hospitalar, feridas e
é apoiar e representar as Santas Casas anexa, que sempre apostou “numa Assim, no sentido de desenvolver um Foi na altura da criação da RNC- questões clínicas pontuais” (ver caixa).
com actividade na área da saúde. postura de rigor e transparência nas software de processo clínico e de plano CI que o GMS viu a sua estrutura Para o futuro, Salazar Coimbra
Com sede na Maia, mesmo junto negociações com o Ministério”. Recor- de cuidados, a UMP tem vindo a fazer dividida por causa do volume de refere que ainda há muito trabalho
às instalações da Misericórdia daque- de-se que aquele documento colocou uma selecção de produtos existentes trabalho. Neste momento, Salazar para fazer “porque há muitos portu-
la localidade, o Grupo Misericórdias as Santas Casas em pé de igualdade no mercado, estando neste momento Coimbra é o responsável pelos cui- gueses ainda a precisar de melhores
Saúde foi criado, conforme explicou com os serviços públicos de saúde, em fase de avaliação. Dentro de pouco dados agudos. Para os cuidados con- cuidados de saúde, sejam agudos ou
o seu presidente Joaquim Salazar revendo as condições de uma parceria tempo, refere aquele responsável, “po- tinuados, aquela anexa conta com o continuados”.
Coimbra, porque havia a necessidade estabelecida em 1995, altura em que deremos apresentar as conclusões às provedor da Misericórdia de Mora e
de uma estrutura que representasse o ministro era Paulo Mendo. Misericórdias. membro do Secretariado Nacional Ver página 17
12 vm março 2011 www.ump.pt

reportagem

Voluntários
juntos
contra a
indiferença
Diversos músicos
portugueses se associaram
à União das Misericórdias
Portuguesas num
espectáculo no âmbito
do AEV 2011

Bethania Pagin
Fotografias: Bethania Pagin
e Rodrigo Pereira

“Somos todos voluntários e estamos


todos juntos contra a indiferença”.
A frase é da fadista Katia Guerreiro
e ilustra o espírito que marcou o es-
pectáculo de solidariedade promo-
vido pela União das Misericórdias
Portuguesas (UMP), a 26 de Março,
no Campo Pequeno em Lisboa, cujas
receitas revertem em favor dos doen-
tes de Alzheimer.
O dia começou cedo, muito antes
das luzes do palco se acenderem. São
Pedro trouxe a chuva, mas mesmo
assim foi possível recolher dádivas de
sangue e identificar dadores de medu-
la óssea. Na tenda montada em frente
ao Campo Pequeno, os dadores foram
atendidos pelos técnicos do Instituto
Português do Sangue e do Centro de
Histocompatibilidade do Sul.
Enquanto isso, ultimavam-se os
pormenores do espectáculo, com
João Quintela e Né Cordeiro, produ-
tores voluntários, a dar as derradei-
ras instruções. Lá fora, já era possível
notar o movimento de Misericórdias
à porta da praça de touros.
Quem abriu a festa foi João Pe-
dreira, tendo sido seguido por En-
semble Escola de Jazz Luiz Villas-
-Boas/Hot Clube de Portugal, Katia
Guerreiro, Mafalda Arnauth, Rita
Guerra, Jorge Palma, Miguel Gamei-
ro e Miguel Ângelo, Muxima e Quin-
ta do Bill. Para encerrar, o coro da
Academia de Cultura da UMP brin-
dou os presentes com uma actuação.
Os apresentadores Carla Salgueiro e
Pedro Penim brindaram o público
com toda a sua simpatia.
O evento contou ainda com a pre-
sença de várias personalidades, entre
elas, a ministra da Saúde, Ana Jorge, a
secretária de Estado Adjunta e Reabi-
litação, Idália Serrão, a presidente do Diversos músicos se
Conselho Nacional para a Promoção associaram à UMP para
do Voluntariado, Elza Chambel, o pre- angariar receitas para
doentes de Alzheimer.
sidente da Confederação Portuguesa
O concerto teve lugar
do Voluntariado, Eugénio Fonseca, e no Campo Pequeno a
a presidente da Alzheimer Portugal, 26 de Março
Maria Rosário Zincke. A comissão de
honra contava ainda com Gabriela
Canavilhas, António Costa, Maria de
Belém Roseira, Maria José Nogueira
Pinto, Júlio Pomar e Mário Laginha. A
UMP contou ainda com o patrocínio
de diversas entidades privadas.
www.ump.pt março 2011 vm 13

As Misericórdias vieram de todo


o país para o concerto promovido
pelo Serviço de Voluntariado
da UMP, sob a orientação
de Infância Pamplona
www.ump.pt março 2011 vm 15

Terceira idade
Mais apoio
domiciliário
em Reguengos
de Monsaraz
Misericórdia de Reguengos
de Monsaraz implementou
um projecto de ampliação
do apoio domiciliário que
abrange, desde Janeiro,
todo o concelho

A Santa Casa da Misericórdia de Re-


guengos de Monsaraz implementou
um projecto de ampliação do apoio
domiciliário que abrange, desde Ja-
neiro, todo o concelho de Reguengos
e zonas limítrofes. Além dos serviços
habituais, a instituição também pas-
sou a organizar passeios para que os
idosos possam conviver mais. Neste
momento, já são apoiados mais de
20 idosos.
A ideia de alargar o apoio do-
miciliário nasceu da percepção de
Conselho directivo que o melhor local para os idosos
da Academia tomou passarem a sua velhice é, sem dú-
posse na sede da UMP vida, a sua própria casa, lê-se em
comunicado enviado por aquela ins-
tituição. “Seguindo a lógica de uma

Academia da União
intervenção baseada na proximida-
de, na satisfação das necessidades
dos idosos e de apoio à comunidade
que nos rodeia, foram alargados os

tem nova direcção


serviços e foi criada uma equipa de
trabalho com toda a disponibilidade
apenas para esta resposta social.”
Além dos serviços habituais de
apoio domiciliário (cuidados de ali-
mentação, higiene pessoal, limpeza

Além dos serviços habituais,


a instituição também passou
a organizar passeios para que
A tomada de posse do novo Conselho Directivo da Academia de Cultura e os idosos do apoio domiciliá-
rio possam conviver mais
Cooperação da União das Misericórdias Portuguesas decorreu a 2 de Março
da casa etc), existe ainda um serviço
de Lemos referiu ainda que institui- morrem sozinhas em suas casas”, re- olisipografia”, disse. de acompanhamento aos médicos,
Bethania Pagin
ções como as Santas Casas são o feriu o dirigente, destacando que nas Anualmente, a Academia pro- de análises clínicas ao domicílio, de
“Nas Misericórdias celebramos o único suporte com as populações universidades seniores as pessoas move diversos passeios e ainda uma actividades de animação sociocul-
voluntariado todos os dias”. A afir- podem contar. Por isso, continuou, descobrem novas oportunidades de exposição com todos os trabalhos tural e serviço de lavandaria. Mas a
mação foi feita pelo presidente do “é importante replicar exemplos vida e ocupação dos tempos livres. de artes plásticas realizados pelos maior novidade, e também a mais
Secretariado Nacional durante a to- como o da Academia, buscando Com quase 25 anos de existên- alunos. Além disso, a universidade apreciada, são as saídas a locais de
mada de posse do novo Conselho uma aproximação cada vez maior cia, aquela universidade sénior é sénior da UMP conta também com interesse, que todas as semanas fa-
Directivo da Academia de Cultura e das comunidades ao movimento das um espaço de valorização pessoal, um coro, que promove diversas ac- zem os idosos sair da sua própria
Cooperação da União das Misericór- Misericórdias”. esperança e combate à solidão, con- tuações durante o ano. casa e conviver com outras pessoas,
dias Portuguesas (UMP), que decor- O novo conselho directivo da Os alunos mais jovens da Acade- em diversas actividades.
reu a 2 de Março na sede da UMP. Academia de Cultura e Cooperação Com quase 25 anos de mia têm cerca de 50 anos. Os mais Dois meses passados do início
Para Manuel de Lemos, a equi- da UMP continua a ser liderado por existência, a Academia velhos já ultrapassaram os noventa, do projecto, o balanço é muito po-
pa empossada é o garante de um Luís Aires, que conta ainda com o de Cultura e Cooperação mas continuam activos nas aulas e sitivo. “As inscrições chegam todos
trabalho bem feito e representa um apoio de João Sampaio, Vítor Almei- tem cerca de 600 alunos passeios. os dias, solicitando resposta todo o
dos bons exemplos de voluntariado da, Manuel Simões, António Mas- e 90 disciplinas Apesar da localização no centro tipo de necessidades e por isso são
praticado na União. Recordando o carenhas, Maria da Graça Soares e de Lisboa, o espaço da Academia já já apoiados mais de duas dezenas
Ano Europeu do Voluntariado que Purificação Noronha. cluiu Luís Aires. Neste momento, a não chega para comportar toda a ac- de idosos”, concluiu o comunicado
se celebra em 2011, o presidente da Para o presidente Luís Aires, a Academia de Cultura e Cooperação tividade. “Temos alunos em lista de da Misericórdia de Reguengos de
UMP foi peremptório: “Nas Miseri- Academia é uma mais-valia para a tem cerca de 600 alunos e 90 discipli- espera e professores que gostariam Monsaraz.
córdias celebramos o voluntariado UMP, mas também para toda a socie- nas, entre literatura, música, dança, de partilhar seu tempo connosco e
todos os dias”. dade portuguesa, na medida em que sociologia, informática, educação não conseguem. Gostaríamos ainda
Destacando o momento de ajuda a combater o drama da solidão para saúde, desenho, filatelia etc. de desenvolver outros projectos, como
“grande dificuldade” por que passa na terceira idade. “Temos assistido “Também temos disciplinas inédi- uma tuna académica, mas não temos
o Estado social actualmente, Manuel a inúmeros casos de pessoas que tas como história das iluminuras e espaço para isso”, concluiu Luís Aires.
www.ump.pt março 2011 vm 17

saúde
Santas Casas regressam
ao Serviço Nacional de Saúde
Os hospitais de doze Misericórdias passam a fazer parte, a partir de 1 de Abril, da rede
do Serviço Nacional de Saúde. Os acordos foram assinados a 29 de Março na Santa Casa do Porto
Vera Campos

Os hospitais de doze Misericórdias


passam a fazer parte, a partir de 1
de Abril, da rede do Serviço Nacio-
nal de Saúde (SNS). Os acordos que
oficializam a integração foram as-
sinados entre as Santas Casas e as
Administrações Regionais de Saúde,
na Galeria dos Benfeitores da Miseri-
córdia do Porto, a 29 de Março. Com
a entrada em vigor dos acordos, os
utentes do SNS podem optar pelos
hospitais das Santas Casas, pagando
apenas as taxas moderadoras, como
acontece nos hospitais públicos.
“Este acto é um reencontro com
a história. Não um regresso qualquer,
mas em complementaridade com o
Estado. É a maior conquista do Es-
tado social que interessa preservar”
afirmava Manuel de Lemos, presiden-
te do Secretariado Nacional da UMP.
A medida vem na sequência de
um protocolo histórico, celebrado
em Março de 2010 entre UMP e Mi-
nistério da Saúde. Durante o período
que decorreu desde então, ambas
as entidades avaliaram e aprofun- Assinatura dos acordos
daram, no terreno, as necessidades contou com a presença
reais da sociedade civil. Para Ma- de altos represnetantes
nuel Pizarro, secretário de Estado
da Saúde, um trabalho de extrema
importância para que “esta seja uma
semente para um futuro com mais Fão, Felgueiras, Lousada, Marco de existem, de facto, algumas carências ainda mais o tempo de espera, quer com os acordos celebrados, é dada
audácia, mais desenvolvimento sem- Canaveses, Póvoa de Lanhoso, Riba reais de falta de recursos médicos”, nas consultas, quer nas cirurgias”. às Misericórdias a possibilidade de
pre ao serviço dos portugueses”. d’ Ave, Vila do Conde e Vila Verde, referiu Ana Jorge, acrescentando que cumprirem “melhor” com a missão
A maioria destes 12 hospitais estando ainda abrangido o hospi- “ao aumentarmos a capacidade de Acabar com as listas de espera das mesmas, e que passa pelo “tratar


situa-se na região Norte: Esposende, tal da Misericórdia na Mealhada, resposta aos cidadãos, reduzimos Manuel de Lemos acredita que, dos doentes, porque esta é uma das
na região Centro, e os hospitais da obras da misericórdia”.
Misericórdia de Benavente e Entron- Os hospitais que firmaram o
camento, em Lisboa e Vale do Tejo. acordo foram avaliados pela Entida-
A medida representa um inves- de Reguladora da Saúde, e conside-
timento do Estado de 22 milhões rados “na linha da frente”.
de euros, sendo que na opinião Melhorar SNS com as Misericórdias Em complementaridade com o Es-
da ministra da Saúde, Ana Jorge, tado, o objectivo passa por “beneficiar
“Este acto é um reencontro o mesmo consubstancia também Responder a quem precisa de cuidados o acesso e a qualidade dos cidadãos aos seriamente os cidadãos ” e, acima de
com a história. Não um uma poupança, na medida em que de saúde, de forma equitativa e com cuidados de saúde”. tudo, acabar com as listas de espera.
regresso qualquer, mas “fortalecemos o SNS e aumentamos qualidade, é na opinião da ministra da Ana Jorge recordou, ainda, que em cin- “É nosso objectivo acabar com as lis-
em complementaridade a capacidade de resposta”. Saúde o grande objectivo dos acordos co anos, as listas de espera para cirurgia tas de espera e, principalmente, não
com o Estado” Por ano prevê-se que sejam rea- assinados com os doze hospitais das reduziram de 8,6 para 3 anos. A cirurgia permitir que se voltem a constituir
Manuel de Lemos
lizadas entre 15 e 25 mil cirurgias e Misericórdias, que Ana Jorge considera oncológica tem a espera reduzida para outras”, afirmou o presidente da UMP.
Presidente da UMP
mais de 100 mil consultas de especia- serem “um parceiro natural do Estado, 24 dias. Ainda assim, a governante en- Em tempo de crise e de alguma
lidade. Avaliando as áreas com mais num papel de extrema relevância e de tende que “são números que ainda não instabilidade, Manuel de Lemos as-
“Acordos são o espelho
necessidade, cujas listas de espera proximidade com a comunidade. Com nos confortam”, pelo que é necessário segura que a “maturidade e sereni-
do esforço do Ministério
apresentam um maior número de uma capacidade de resposta mais rápi- “reforçar o SNS e aumentar a sua capa- dade das Misericórdias” permitirão
para aumentar o acesso e
utentes e uma demora superior, as da, e pela experiência que têm, ajudam- cidade de resposta, o que conseguimos construir “um futuro de cooperação,
a qualidade dos cidadãos
prioridades vão para a oftalmologia, -nos a colmatar insuficiências nacionais. em complementaridade com o sector com capacidade de inovação e dota-
aos cuidados de saúde”
Ana Jorge dermatologia, otorrino e cirurgia vas- Estes acordos são o espelho do esforço social, em particular, com as Misericór- do de profissionais que garantem a
Ministra da Saúde cular. “São especialidades em que do Ministério da Saúde para aumentar dias”. prestação de serviços de qualidade”.
18 vm março 2011 www.ump.pt
SAÚDE

Irmandade de S. Roque Auditorias


financeiras
discute limites da medicina internas já
começaram
apresentadas no parlamento contem-
Testamento vital foi o tema plar a noção de família. Contudo, as Misericórdia do
que marcou o primeiro alterações nas estruturas sociais e o Entroncamento foi a
de vários encontros aumento de pessoas que vivem sós primeira instituição a realizar
promovidos pela Irmandade fazem com que faça sentido o debate uma auditoria âmbito do
da Misericórdia em torno do testamento vital, que, va- protocolo assinado entre
de S. Roque de Lisboa ticinou o médico, “não se pode tornar UMP e a MJC Consulting
uma rotina nos cuidados médicos”.
Bethania Pagin Segundo o neurocirurgião, a noção Licinio Lima
da autonomia do doente foi ganhan-
Até onde pode ir a medicina quando do cada vez maior importância nas A Santa Casa da Misericórdia do En-
uma pessoa já não pode exprimir as últimas décadas. “Tradicionalmente troncamento foi a primeira instituição
suas vontades? Foi essa a questão a medicina favoreceu a beneficência a realizar uma auditoria financeira
principal que marcou o primeiro de João Lobo Antunes foi
e até mesmo um certo paternalismo”, interna no âmbito do protocolo assi-
vários encontros promovidos pela o primeiro orador tendo sido substituída por um conceito nado recentemente entre União das
Irmandade da Misericórdia de S. Ro- convidado da iniciativa mais ligado à autonomia pessoal. O Misericórdias Portuguesas e a MJC
que de Lisboa. O orador da iniciativa equilíbrio, continuou, está a ser al- Consulting. O objectivo desta parceria
que inaugurou os “Encontros de fim cançado através de uma autonomia é assegurar que as Misericórdias estão
de tarde em S. Roque” foi o neuroci- Mundial de Saúde, e as tendências de um instrumento que se destina a partilhada, onde o papel do médico preparadas para as acções de acom-
rurgião João Lobo Antunes, que falou da medicina, que passaram de uma situações em que as pessoas não con- é ajudar o doente a identificar o que panhamento e controlo por parte das
sobre o testamento vital numa sala visão paternalista para um registo de seguem exprimir as suas preferências. é importante. “A confiança é o que Administrações Regionais de Saúde,
repleta de pessoas. Foi a 11 de Março. maior autonomia do doente, embora A discussão é retomada numa al- dá consistência moral à medicina”, no caso do Programa Modelar, e do
O tema está na ordem do dia. o pêndulo “esteja a voltar para o pa- tura em que o envelhecimento da po- afirmou, destacando ainda que as pro- reforço das acções de controlo dos
Todos os partidos com assento par- ternalismo” porque a “medicina não pulação e o aumento exponencial das postas de lei devem ser cautelosas no apoios do PO Norte/QREN. 
lamentar já apresentaram propostas pode ser fria e calculista”. doenças relacionadas com demências sentido de evitar a “judicialização” Em declarações ao VM, o prove-
e a Comissão Parlamentar de Saúde Por testamento vital entende-se marcam a sociedade. Mas para o efei- do problema, transferindo a decisão dor, Fanha Vieira, afirmou-se satisfei-
recentemente promoveu um debate a autorização prévia dos limites da to, João Lobo Antunes acredita que, final a profissionais – juristas – que to com a “situação de tranquilidade”
sobre o assunto. Em causa, para João intervenção médica. Por isso, con- além da intervenção médica, também não estão acostumados ao problema. que a auditoria permite, visto acaute-
Lobo Antunes, estão duas questões: tinuou o neurocirurgião, o termo os familiares podem ser cruciais para Estão previstos outros encontros, lar algumas situações que, em caso de
o aumento exponencial das de- “declaração antecipada de vontade é que se faça a vontade aos doentes, mas o provedor, Pedro Vasconcelos, auditorias inspectivas, poderia acar-
mências, previsto pela Organização mais razoável”, uma vez que se trata apesar de nenhuma das propostas não quis avançar os temas. retar devoluções ou mesmo coimas.

VOLTAAPORTUGAL

Escola Superior de Enfermagem celebra 61 anos


A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias
(ESESFM), da União das Misericórdias Portuguesas, celebrou, no dia 19
de Março, o seu 61º aniversário. Em comunicado oficial, a direcção da
escola destaca que “juntamos à alegria de celebrar mais um ano, a satisfa-
ção de podermos contribuir para uma formação de excelência dos nossos
estudantes e, o orgulho de sabermos que podemos contar com dezenas
de pessoas para o bom funcionamento da Escola. Toda a comunidade
escolar está de parabéns”. Saiba mais sobre a ESESFM em http://www.
enfermagem.edu.pt.

17
mil sessões de hidroterapia
Estudo sobre Parkinson
arranca em Abril
A Associação Portuguesa de Do-
entes de Parkinson (APDPk) pro-
move, em Abril, o primeiro estudo
Em 2010, a Santa Casa da Mi- epidemiológico de avaliação da
sericórdia de Vila Verde reali- prevalência da doença de Parkin-
zou, no âmbito da fisioterapia, son (DPk) em Portugal. A iniciativa
cerca de 10.086 consultas, conta com o apoio da Direcção-
17.633 sessões de hidrotera- -Geral da Saúde e vai abranger
pia, 65.930 sessões de elec- cinco mil pessoas, com idade igual
troterapia, 1.883 sessões de ou superior a 50 anos. A avaliação
terapia ocupacional e mais de no terreno consiste, numa primeira
trinta mil sessões de ginásio. A fase, na aplicação de um questio-
informação consta do relatório nário e uma escala de diagnóstico
de actividades e contas daquela de presunção da doença, presen-
instituição. cialmente, em domicílios escolhi-
dos aleatoriamente.
www.ump.pt março 2011 vm 19

EDUCAÇÃO
Trabalhar a
fruir daquele equipamento.
Bethania Pagin
A maior parte dos residentes do
A casa é grande e nela há espaço para Convívio Jovem está na idade dos
32 rapazes, com idades entre os 12 e amigos: têm entre 16 e 18 anos. Entre

autonomia desde
18 anos, e todos eles têm o mesmo os restantes, três têm 12, seis estão
objectivo: recuperar um projecto de com 16 e outros seis já completaram
vida fora dali. No lar de infância e 19 anos de idade. Aquele lar rece-
juventude da Santa Casa da Miseri- be jovens até aos 18 anos, mas as

o primeiro dia
córdia do Vale de Besteiros, no distri- medidas de promoção e protecção
to de Viseu, toda a equipa trabalha estendem-se até 21, ou seja, quando
para ajudar os jovens a recuperar as um jovem não consegue preparar
competências necessárias para ultra- um projecto de vida até aos 18, pode
passar os problemas que os levaram continuar na instituição até aos 21.
até ali. O esforço compensa, garante E diga-se: muitos lá chegam pouco
a equipa técnica do Convívio Jovem. tempo antes do 18.º aniversário.
A autonomia dos jovens começa Hoje em dia, explicam, a maior
a ser trabalhada desde o primeiro parte dos jovens que cá estão sob
dia, explica a directora técnica res- medidas de promoção e protecção por
No lar de infância e juventude da Santa Casa do Vale de ponsável pelo equipamento, Sandra
João. “Numa primeira fase, importa
motivos de negligência parental. Ali
são mais de 50%. Por isso, importa
Besteiros, objectivo é ajudar jovens a recuperar a vida lá fora conhecer o novo residente para que também fomentar alguns hábitos que
se comece a preparar um projecto de dantes não existiam. “Limpezas, cui-
vida, que pode passar por voltar para dados de higiene pessoal, postura à
casa dos familiares ou prepará-lo mesa, estudos, frequência na escola,
para dar os primeiros passos na vida organização do espaço e do vestuá-
adulta, ou seja, assegurar formação, rio”, referiu Bruna Pereira, também
emprego, casa etc”. ela técnica de serviço social. Mas para
Os jovens em situação de perigo, isso, também são necessários horá-
explica aquela responsável, ainda so- rios. Se numa casa de família pode
frem o estigma da institucionalização ser complicado, imagine-se com 32.
e por isso é fundamental trabalhar a Quem entra nas instalações do
integração na comunidade e a auto- Convívio Jovem apercebe-se logo
nomia. Para isso, o Convívio Jovem quando se depara com horários afi-
(CJ) conta com uma equipa técnica- xados numa das paredes. Lavandaria,
-educativa composta por três técnicos internet, Playstation, refeições etc.
de serviço social e um psicólogo. Mas Para tudo – ou quase tudo – há horá-
há uma equipa educativa alargada que rios ou seria impossível gerir a casa.
conta com todos os funcionários. “To- Mas algumas situações são decidi-
dos são importantes para o trabalho das individualmente. Um dos rapazes
que desenvolvemos junto dos jovens”. está a trabalhar, já tem uma casa e
O envolvimento com a comunida- dentro de pouco tempo estará a viver
de consegue-se de várias maneiras. Já sozinho e, por isso, tem autorização
se realizaram acções de sensibilização para ficar até mais tarde. Como gerir
para directores de turma na escola, a diferença entre os outros? A solução
mas os jovens também integram equi-
pas desportivas na região (natação e “Numa primeira fase, impor-
andebol, por exemplo) e frequente- ta conhecer o novo residente
mente são organizados passeios com para que se comece a pre-
outras instituições. Segundo o técnico parar um projecto de vida”,
responsável pela interacção comunitá- afirmou a directora técnica
ria, Fernando Ribeiro, acampamentos
e actividades outdoor, como rapel, são foi criar uma assembleia entre técni-
frequentes. Pela altura da Páscoa, há cos e residentes. Todas as semanas há
ainda um intercâmbio com o lar de reuniões, As dúvidas esclarecem-se,
infância de juventude da Misericórdia mas também são feitas muitas suges-
de Albufeira. Troca-se assim, por uns tões por parte dos jovens.
dias, o ar puro da serra pela brisa ma- Mas a autonomia tem mais as-
rinha algarvia. pectos que também precisam de ser
No que diz respeito à interacção trabalhados: a emoção e a cognição,
com a comunidade, as instalações por exemplo. O psicólogo da equipa
No Convívio Jovem tendem a ser um problema. No Con- técnica, Rui Coimbra, explica-nos que
vivem 32 rapazes vívio Jovem há campo de futebol e é “preciso desconstruir para cons-
piscina, de onde “no Verão é difícil truir”. O objectivo é ajudar os jovens
tirá-los”, refere a técnica de serviço a desenvolver aspectos como racio-
social, Romina Simões. Na altura em cínio, lógica, espírito crítico, reflexão
que foi construído, um projecto do etc. “Em suma, mostrar alternativas
então provedor, João Almiro, a noção comportamentais diferentes daquelas
de importância do convívio com a que eles conheceram a vida toda”.
comunidade não era tão forte, pelo Neste momento, entre os 32 que
que tudo era preparado neste sentido, vivem naquele lar de infância e juven-
ou seja, para garantir mais e melhores tude, 50% estão sob medidas de pro-
actividades, mas sem contar com o moção e protecção por motivos de ne-
exterior. Para contornar a tendência gligência parental, 25% por ausência
de isolamento – tão compreensível de retaguarda familiar e os restantes
durante o Verão, já que se tem ali uma por motivos relacionados com álcool,
piscina à disposição –, os jovens têm drogas e violência. O tempo médio de
autorização para convidar amigos, internamento é de dois anos, mas já
para que também eles possam usu- houve casos de estadia mais curta.
20 vm março 2011 www.ump.pt

património

Tesouro desvendado ARTE NAS MISERICÓRDIAS

em Viana do Castelo
cácia e conhecimento que permitiram desenvolvida em torno do retábulo
No dia em que começou conhecer melhor esta obra”. onde está a pintura Adoração dos
o restauro da Igreja O livro - Uma brisa holandesa na Pastores revelou-se muitas vezes,
da Misericórdia de Viana foz do Lima: a Adoração dos Pastores e tal como confessou, “frustrante”.
do Castelo, foi desvendado da Misericórdia de Viana do Castelo Havia pouca informação clara que
um dos tesouros daquele e o pintor Cornelis de Beer – está foi possível extrair da documentação
templo religioso dividido em duas partes. A primeira prospectada no Arquivo Histórico da
fala da obra e a segunda fala do pin- Misericórdia, fundo que se encon-
Susana Ramos Martins tor. Isso mesmo explicou à plateia tra depositado no Arquivo Distrital
Carlos Moura, professor da Univer- de Viana do Castelo. Mesmo assim,
No dia em que começou o restauro sidade Nova de Lisboa, responsável as pistas encontradas conduziram
da Igreja da Santa Casa da Miseri- pela apresentação do livro. a um final satisfatório. “Consegui-
córdia de Viana do Castelo, “uma O historiador elogiou o inventá- mos comprovar a identificação do Retábulo de altar
obra-prima do barroco português”, rio sistemático do património mó- encomendante, as circunstâncias SCMMU 0009
foi desvendado um dos tesouros da- vel e integrado que as Misericórdias em que retábulo terá sido erguido Deus Pai e glória de anjos Século XVIII
quele templo religioso: uma pintura portuguesas têm realizado na última e a datação aproximada para a sua SCMG 0244 SCM Murça
seiscentista, intitulada “Adoração década, pois “só se consegue prote- execução”, explicou. Segunda metade do século XVI (?)
dos Pastores”, que se encontra num ger o que se conhece”. E foi durante Este foi um património salvaguar- SCM Guimarães Retábulo de altar de estilo barroco na-
dos retábulos da igreja, da autoria de este processo que Pedro Raimundo, dado graças ao trabalho da Miseri- cional, em madeira entalhada e dou-
Cornelis de Beer, um pintor holandês o autor, se fixou nesta pintura seis- córdia, como fez questão de lembrar, Pintura a óleo sobre madeira provavel- rada, localizado no lado da Epístola do
até agora desconhecido. centista, que evidenciava “invulgar durante a apresentação do livro, o mente originária de um retábulo ma- presbitério da Capela da Misericórdia
“A única pintura de verdade do qualidade artística”. E foi graças a presidente do Secretariado Nacional neirista e reaproveitada como tampo de Murça. Inserido numa capela em
século XVII em Viana do Castelo”, essa atenção que descobriu a sua da UMP. Manuel de Lemos afirmou de arcaz. Trata-se de tábua de altura arco de volta perfeita sobre pilastras
nas palavras do prof. António Serrão, autoria, um pintor “muito pouco co- que “Portugal trata mal o seu patri- acentuada em que a parte figurativa da almofadadas,é constituído por planta
é esmiuçada por Pedro Raimundo nhecido”, segundo Carlos Moura. mónio” e que essa é uma realidade pintura se concentra na metade supe- recta de perfil côncavo, organizado
através do livro “Uma brisa holande- “Um dos pontos centrais deste livro, que a União das Misericórdias Por- rior, consistindo na representação de num só corpo e num só tramo. O em-
sa na foz do Lima”, publicado pela para além de um estudo meticuloso tuguesas tem procurado contrariar. Deus Pai - no topo -, de uma glória de basamento constitui-se de sotobanco
União das Misericórdias Portuguesas da pintura, é ter incluído o historial Pedro Raimundo é licenciado em cabeças de querubins - situada abaixo - recto e liso, preenchido por mesa de
(UMP). A obra foi apresentada ao do pintor”, revelou, sublinhando que História da Arte pela Faculdade de e da Pomba do Paracleto - na parte su- altar ornamentada com frontal pinta-
público da capital do Alto Minho “ficámos a conhecer também, em Ciências Sociais e Humanas da Uni- perior do interior da glória de querubins. do com ramos de flores imitando te-
num fim de tarde do início de Março, termos internacionais, a arte euro- versidade Nova de Lisboa. Iniciou-se As figuras representadas emergem de cido. Este é constituído por frontaleira
dia 4, naquela mesma igreja, ao som peia e um pouco mais deste homem no trabalho de inventário no Mu- nuvens. Estas são pintadas em branco- subdividida em onze painéis e campo
de música clássica. (o pintor Cornelis de Beer) sobre seu dos Coches, em 2005, passando -chumbo, entrando também na sua ela- subdividido em três. As divisões são de-
Perante o bispo da diocese de Via- quem pouco se sabia”. no ano seguinte para a União das boração tons cinzentos e violáceos, que finidas por galão, sendo este franjado
na do Castelo, D. Anacleto Oliveira, Apenas duas das pinturas deste Misericórdias Portuguesas. Nesta se misturam, nas margens das nuvens, na tira que separa o campo e fronta-
o presidente da Câmara da mesma holandês que vivia em Espanha es- instituição tem vindo a colaborar, com o tom ocre dourado que constitui o leira. O banco do retábulo tem frente
cidade, José Maria Costa, o presidente tão inventariadas, o que acrescenta no Gabinete do Património Cultural, fundo da composição. A figura de Deus decorada ao centro com enrolamentos
do Secretariado Nacional da UMP, valor ao livro Pedro Raimundo, que em diversas actividades ligadas à Pai é representada a meio-corpo e em vegetalistas e por uma cabeça de anjo.
Manuel de Lemos, o provedor inte- disseca totalmente esta obra que salvaguarda, divulgação e estudo do escorço, estando a cabeça posicionada Os plintos colocados sobre mísulas das
rino da Santa Casa da Misericórdia pode ser vista na Igreja da Miseri- património das Misericórdias, desta- a três quartos para a esquerda. Aben- colunas são avançados e preenchidos
de Viana do Castelo, José Vitorino, córdia de Viana do Castelo. cando-se o projecto de inventário do çoa com a Sua mão direita, repousando por acantos volutados. As colunas - um
agradeceu à União e ao autor do livro Um trabalho que, segundo o pró- património móvel e integrado das a esquerda sobre um orbe azul com par em cada lado - são torsas, rema-
o trabalho realizado e “a sua perspi- prio, não foi fácil. A investigação Misericórdias Portuguesas. montagem de cruz. Deus Pai é figurado tadas por capitéis coríntios, ornadas
como um ancião de densa barba cin- com anjos, pâmpanos, vides e aves.
zenta e cabelo soprado pelo vento, testa Encontram-se dispostas duas a duas
enrugada e olhar direccionado para bai- em perspectiva côncava, prolongando-
xo, estando a boca totalmente coberta -se em arquivolta pelo ático, sendo o
pelo bigode. Veste uma túnica azul- fecho salientado. O entablamento é
-acinzentada e um manto vermelho que escalonado, saliente e moldurado, de-
esvoaça em redor dos ombros. Abaixo, corado ao centro por cabeças de anjo.
os querubins apresentam rostos ovais O vão central integra pintura a óleo
e arredondados, cabelos anelados em sobre tela representando S. Jerónimo.
tons claros de castanho e pele clara com Sobre a mesma encontra-se óculo cir-
rosetas nas faces. As asas são azuis ou cular envidraçado com caixilharia em
carmins. Os seus olhares encontram-se cruz. O intradorso do remate superior
presos por pontos de atenção diversos. da capela é preenchido por arco de
A Pomba, envolvida em luz, é represen- volta perfeita em madeira, decorado
tada com o peito em posição frontal, as com motivos vegetalistas entalhados e
asas abertas e a cabeça voltada para a relevados.
sinistra e para baixo. Na margem direita
da composição, junto à cabeça de um
dos querubins, vê-se uma mão seguran-
do uma folha de palma (?). O espaço
livre de figuração na metade inferior do
painel indica que este servia de fundo a
uma imagem de vulto.

Apontamentos do inventário promovido pela UMP,


Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/
www.ump.pt março 2011 vm 21

estante

Os pais têm Lista de livros

sempre razão
O livro “Os pais têm
sempre razão: um guia
sobre educação” é
dedicado a todos que lutam 100 Anos de Património À descoberta do arquivo
constantemente pelo bem- Vários autores Vários autores
-estar dos filhos IGESPAR, 2010 Misericórdia de Lisboa, 2011

Licinio Lima Contando com cerca de quatro deze- Na sociedade actual existe um desco-
nas de autores, a edição “100 Anos nhecimento profundo acerca do que
Maria João Santos, psicóloga edu- de Património: Memória e Identidade. é um arquivo, que surge, aos olhos
cacional, recebe todos os dias no Portugal 1910 - 2010”, do IGESPAR, do cidadão comum, como um espaço
seu consultório pais à procura de pretende reflectir a evolução dos con- hermético, desinteressante e de acesso
ajuda, de respostas às suas dúvidas ceitos e das práticas no Património quase exclusivo a uma certa elite inte-
e inquietações diárias em relação à em Portugal, desde os antecedentes lectual.
educação e ao desenvolvimento dos pré-republicanos até à actualidade. Como forma de corrigir esta situação,
filhos. A grande questão é comum Encontram-se nestas páginas, em for- está em curso um projecto-piloto de
a todos eles: estaremos a ser bons ma de síntese, as inúmeras facetas, os Serviço Educativo do Arquivo Histórico
pais? Maria João Santos não tem garante-nos que o bom desenvolvi- conselhos práticos para pormos em diferentes intervenientes e os diversos da Misericórdia de Lisboa, o qual tem
dúvidas: sim, estão. Por isso, o livro mento da criança assenta numa re- acção no nosso dia-a-dia: “Constru- acontecimentos que, de alguma forma, como um dos seus principais vectores
“Os pais têm sempre razão: um guia lação estreita de afectos entre os pais am uma comunicação positiva com marcaram este século na área de Pa- promover uma maior aproximação
sobre educação” é dedicado a to- e os seus filhos, e deixa-nos alguns os vossos filhos. Tentem perceber o trimónio. A obra apresenta-se como entre a comunidade e o arquivo. No
dos que lutam constantemente pelo que está por detrás de certos com- um útil instrumento de divulgação e, âmbito deste projecto foi publicada a
bem-estar dos filhos e na procura portamentos como birras, discus- em simultâneo, uma referência neste obra “À descoberta do arquivo: roteiro
de respostas para as suas dúvidas e sões, ou sentimentos de tristeza. campo. da visita ao Arquivo Histórico da Santa
preocupações. Uma edição da Esfera Não tenham medo de impor limites De acordo com o director do IGESPAR, Casa de Lisboa”, dirigido, em especial,
dos Livros. e utilizar a palavra «não»”. Gonçalo Couceiro, na publicação “es- às crianças e jovens que frequentam o
Deixemos de lado as inseguran- Para Maria João Santos não há tão referidos factos, conceitos, critérios, ensino básico e secundário, mas que
ças, os medos, as pressões sociais, os dúvidas: os pais têm sempre razão. princípios e convenções para que pos- não se esgota no público escolar.
olhares dos outros e vivamos a nossa “Ao longo da minha experiência samos melhor entender o que é hoje o O livro, agora dado à estampa, consti-
relação com os filhos de forma positi- compreendi que a vontade, a hu- património cultural, arquitectónico, ar- tui-se como um instrumento essencial
va, segura e feliz. Todos os pais têm mildade para aprender e compreen- queológico e como olhamos a história do serviço educativo que procura esta-
uma enorme capacidade para asse- der com e para os seus filhos são o de continuidades e descontinuidades belecer uma ligação entre o público e
gurar aos seus filhos um percurso motor do sucesso educativo. Quando que nos permitem, através das inter- o mundo dos arquivos, propondo, por
pessoal, social, relacional e escolar demovidos os principais obstácu- venções mais emblemáticas, conhecer um lado, uma descoberta genérica do
de sucesso. Ou não fossem eles o los (inseguranças, pressões, desco- os movimentos, as políticas de patrimó- arquivo e, por outro, a participação em
principal e mais privilegiado elemen- nhecimento ou outros) assiste-se a nio cultural e os seus protagonistas”. ateliers pedagógicos, onde se promove
to de ligação afectiva, a referência uma transformação que afinal mais o interesse e o conhecimento do patri-
inquestionável e mais importante na não é do que um emergir das suas mónio histórico-cultural.
vida das crianças. Um vínculo que capacidades «inatas/aprendidas»,
começa na gravidez, vai crescendo da sua razão, para se relacionarem
passo a passo, abrindo caminho para Os pais têm sempre razão: positivamente com os seus próprios
a entrada de novos actores como os um guia sobre educação filhos, o que faz deles os bons pais.”
familiares, amigos, professores, etc. Maria João Santos “Os pais têm sempre razão: um
Neste livro, com exemplos e pis- Esfera dos Livros, 2011 guia sobre educação” é uma edição
tas para reflectirmos, esta psicóloga da Esfera dos Livros.
22 vm março 2011 www.ump.pt

voz activa

Editorial VM Opinião
Voz das
Misericórdias
No ano europeu do Voluntariado o têm vindo a fazer) projectos de
Órgão noticioso vale a pena reflectirmos, conjunta- voluntariado, que afectando mais
das Misericórdias
em Portugal mente, sob diferentes perspectivas, e diversificados recursos humanos,
e no mundo esta temática de relevante impor- possam responder, de forma cabal,
Propriedade: tância na actualidade. Importa de- às suas ilimitadas necessidades e se
Paulo Moreira União das Misericórdias Maria Ana Pires senvolver formas de apoio mútuo, traduzam na maximização do valor
paulo.moreira@ump.pt Provedora da S. C. da Mis. de Serpa
Portuguesas que decorram da interacção volun- social gerado.
Contribuinte: tária entre as pessoas, na base da Nesta linha, o voluntariado, en-
501 295 097
País cada vez Redacção Voluntariado ideia de que todos somos um pouco
responsáveis pela sorte do próximo
carado numa perspectiva de com-
plementaridade do serviço dos es-
e Administração:
mais à rasca Rua de Entrecampos, 9, e recursos e que nesta transacção gratuita to- pecialistas, constitui-se como uma
1000-151 Lisboa dos crescemos, quer os que fazem mais-valia nestas organizações.
Tels:
218 110 540
humanos voluntariado, quer os que dele be- Além disso, o voluntariado pode
É imperioso e urgente que os agentes neficiam. constituir-se como um valor econó-
218 103 016
políticos falem verdade aos portugueses, Fax: Acresce, também, que se torna mico forte na vida das organizações.
que lhes apresentem propostas realistas 218 110 545 importante desmistificar a ideia ge- O conceito de sustentabilidade está,
e claras, em que os sacrifícios pedidos e-mail: neralizada de que o voluntariado geralmente, associado a recursos
estejam claramente enunciados jornal@ump.pt
e equitativamente distribuídos só se exerce, plenamente, numa financeiros, contudo, pode advir,
Tiragem
fase avançada da vida ou quando também, da capacidade de decidir,
do n.º anterior:
se atinge a reforma. Torna-se impor- de fazer as melhores escolhas, de

D
13.550 ex.
Desde há algum tempo, Registo: tante contrariar esta ideia pré - con- afectar recursos, potenciando-os,
vários sinais vinham 110636 cebida e demonstrar, que através da promovendo o seu envolvimento
alertando para a hipótese de Depósito legal n.º: gestão assertiva do tempo, o volun- na missão das organizações que
55200/92
termos uma crise política, tariado pode ser exercido também integram, de modo a construir um
Assinatura Anual:
associada à crise financeira Normal - €10 na idade activa, em diversas áreas. percurso, estrategicamente, susten-
em que temos vivido nos últimos anos. Benemérita – €20 As Misericórdias constituíram- tável para as instituições.
Agora, com a demissão do governo e Fundador: -se, no passado, como resposta Nesta perspectiva, os gestores
eleições até ao Verão, já não falamos Dr. Manuel Ferreira social aos mais desfavorecidos e das instituições deverão abrir, cada
da Silva
apenas de uma geração à rasca, mas perduraram no tempo, adaptando- vez mais, as portas ao voluntaria-
Director:
sim de um País que está cada vez mais Paulo Moreira -se, às crescentes exigências. Estas do organizado e qualificado. As-
à rasca e que tem um caminho mais Editor: instituições, no seu conjunto, torna- sim, conscientes de que a gestão
estreito e difícil a cada dia que passa. Bethania Pagin ram-se numa das redes sociais mais estruturada dos recursos humanos
É imperioso e urgente que os agentes Design e Composição: Compete às Mesas antigas, em que a prática do volun- é uma das vias mais eficazes para
Mário Henriques
políticos, de uma vez por todas, falem
Publicidade:
Administrativas tariado se assume na sua gestão. a desejada sustentabilidade nas re-
verdade aos portugueses, que lhes Paulo Lemos promover projectos Nestas organizações, indivíduos feridas organizações, o desafio que
apresentem propostas realistas e Colaboradores: de voluntariado, que de diferentes quadrantes da nos- propomos é a aposta no voluntaria-
claras, por muito desagradáveis que Ana Brasil afectando mais e sa sociedade, colocam ao serviço do organizado e estruturado, que a
sejam, em que os sacrifícios pedidos Rodrigo Pereira diversificados recursos dos mais vulneráveis, parte do seu par de outras fontes já existentes,
Sónia Morgado
estejam claramente enunciados e
Susana Ramos Martins
humanos, possam tempo e do seu saber, imprimindo possibilitem a continuidade das Mi-
equitativamente distribuídos. Além Assinantes: responder às suas a estas organizações novas dinâ- sericórdias com o prestígio, que a
disso, é fundamental, sem demagogia Sofia Oliveira ilimitadas necessidades micas, que contribuem para a sua temporalidade e a sua missão lhes
e com realismo, que seja dado algum Impressão: e se traduzam na sustentabilidade. confere.
sentido e motivação ao esforço, Diário do Minho maximização do valor Neste âmbito, compete às Mesas
– Rua de Santa
seguramente enorme, que a todos vais
Margarida, 4 A
social gerado Administrativas promover (e muitas
ser pedido. 4710-306 Braga
Temos pela frente um cenário muito Tel.: 253 609 460
difícil e exigente e por isso, todos
teremos de participar, activa e
empenhadamente, na solução. Mas
para tal, é necessário que acreditemos
Opinião
de facto no caminho a percorrer e
tenhamos as evidências necessárias
de que os sacrifícios são para todos e
que não perdemos de vista a coesão e a O que equivale a uma Europa na de uma “ Agenda da Europa”, man-
solidariedade social. solidão, isolada e sozinha, mas no dada imprimir em três milhões de
É tempo de olharmos menos para o labirinto do ateísmo, o que a coloca exemplares para serem oferecidos
nosso umbigo e de nos perguntarmos ou condena ao fim da sua hegemo- a tantos alunos e professores das
o que podemos fazer, individual e nia normativa, processual e influen- escolas da União Europeia.
colectivamente, para sairmos de Manuel Ferreira da Silva te na modernidade da sua história. E quando uma Agenda deve ser,
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forma consistente desta situação que Esta foi uma conclusão lógica e por sua própria natureza, um elenco
nos estás a transformar num povo vertical colhida numa leitura – análise de coisas a lembrar no campo das
deprimido, sem esperança e com
reduzida força anímica. Importa pois,
Numa Europa que se fez na Universidade Católica,
onde um tema de reflexão colectiva se
efemérides que são o passado da
história, mas também um germe do
em vez de gastar as nossas energias
a encontrar culpados e a lamentar a
sem alma? equacionou em “Europa associou mo-
dernidade ao secularismo”; retoman-
futuro, a mesma agenda não refere o
Natal nem outras memórias de cariz
nossa pouca sorte, concertarmo-nos na do a tese – perspectiva de Nietszche e cristão, que comentário a fazer?
procura de soluções e na sua execução. a sua declaração da “ morte de Deus”; De qualquer das formas, como
não desvirtuando a verdade segundo o sublinhou Jacques Rivière (1886-
a qual “o acaso é Deus que passeia 1925) “ cada religião parece uma
incógnito, como o sublinhava Albert forma especialmente apta que Deus
Einstein ( 1979-1955). emprega para falar a uma raça”.
União das Misericórdias
Portuguesas Tudo isto é confirmado e refor- Assim como sublinha Gilber
çado pela e na publicação recente Cesbron (1913-1979): “ em cada
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reflexão

Se alguma dúvida houvesse sobre avante o seu projecto se tivesse tido de do por uma mulher não impediu existe – algumas dezenas – e o nú-
a importância das Mulheres no mo- entrar num jogo de prioridades com D. que as instituições dele decorrentes mero de membros do sexo feminino
vimento das Misericórdias, para a Manuel, pois as prioridades dos ho- tivessem passado a ser presididas que hoje integra as mesas adminis-
afastar, bastaria pensar no acto da mens naquele tempo iam muito mais e geridas por homens. Era assim trativas. Para além disso, creio não
sua fundação. para o esforço de guerra do que para naquele tempo e foi assim durante andar longe da verdade se afirmar
Maria de Belém Roseira Com efeito, a Rainha D. Leonor, as questões sociais. E o desenho da muito tempo! Os homens detinham que o maior número de dirigentes e
Deputada e presidente da Mesa da
Assembleia-geral da UMP nunca suficientemente louvada por instituição “Misericórdia”, implicava as funções de comando no espaço quadros técnicos das Misericórdias
esse seu acto, foi a Mulher com visão a afectação de recursos e o favoreci- público e as mulheres, realizavam é, na sua maioria, pessoal feminino.
e sensibilidade para criar uma institui- mento por parte do Estado através as tarefas que, quanto mais servis, Quem se bate pela igual dignida-
As Mulheres ção replicável e que continha na sua de isenções, o que poderia ter sido mais feminizadas eram. de de direitos e deveres entre homens

e as génese a força da sua longevidade.


Portugal, à época, estava social-
considerado demasiado oneroso.
Consequentemente, de acordo
E foi assim durante séculos - os
séculos da idade da Instituição – e
e mulheres, como é o meu caso, não
pode reivindicar um papel privilegiado
Misericórdias mente devastado. O esforço dos Des-
cobrimentos e da colonização das
com o quadro de valores e as priorida-
des estratégicas de Portugal vigentes à
assim até há muito pouco tempo.
Mas as alterações sociais dos papéis
para estas no âmbito das Misericórdias.
Aquilo que acontece é que, natu-
terras conquistadas, tinha exaurido o época, para um homem, o apoio social das mulheres e os ventos de mudança ralmente, pela sua biologia, pela sua
País do ponto de vista humano. Esse a populações desvalidas não estaria na também chegaram às Misericórdias. maneira de ser, também em conse-
esforço assentava fundamentalmente primeira linha de preocupações. Prova disso é o nú- quência dos papéis sociais que lhe
nos homens activos, que abandona- O facto de o movi- mero de provedoras foram reservados ao longo da his-
vam ao desamparo as suas famílias e mento ter sido funda- que actualmente tória da Humanidade, as mulheres
deixavam de trabalhar as suas terras. manifestam, genericamente, uma
As viúvas e órfãos que os naufrágios maior sensibilidade ao sofrimento,
causavam e a insuficiência de pro- à dor, à necessidade conciliação en-
dução de bens alimentares, por falta tre a vida privada e profissional, á
de cultivo das terras, geraram uma realização pessoal no desempenho
miséria alargada no mundo rural. de tarefas que se traduzem em obra
Como sempre que assim acontece, imediata e à realização.
verificaram-se fluxos migratórios em Este reconhecimento, que hoje
direcção às cidades com o objectivo já é possível sem reserva de papéis,
de fugir à miséria, traduzida em fome, abriu-lhes com facilidade as portas
doença e marginalidade. Por isso, a ao exercício das mais elevadas fun-
Lisboa acorriam multidões de des- ções numa Instituição que tem como
validos que não podiam deixar missão essencial o cumprimento das
indiferente o coração da Rainha obras de Misericórdia: as corporais e
D. Leonor. as espirituais.
Mas, como já tenho referi- Bem hajam os ventos de mu-
do, até no acto da fundação dança que permitiram que todas e
Creio não andar da 1ª Misericórdia, D. Leonor todos, de mãos dadas, em igualda-
longe da verdade fez como fazem as mulheres, de de mérito e de reconhecimento
se afirmar que o maior actuou quando pode actuar. profissional e social, possamos so-
número de dirigentes Ou seja, na ausência do Rei, e mar a nossa vontade, a nossa com-
e quadros técnicos enquanto regente de D. Manuel, petência e o nosso empenhamento
das Misericórdias é, que se tinha deslocado a Castela. no aprofundar do ideal de bem servir,
na sua maioria, Estou firmemente convencida que na construção que dele fez a Rainha
pessoal feminino D. Leonor não teria conseguido levar D. Leonor há mais de 500 anos.

um de nós, é Deus quem pedala; E não se diga que quem a pro- dão pelos desmandos da Igreja. Nem a sua hegemonia chegou ao
mas o Diabo é que faz a roda livre” gramou o fez sem reparar, e por es- Mas, criando a fraternidade de fim, conforme – e com todo o peso da
“É certo que a voz da História se quecimento. um ecumenismo de raças, culturas, sua razão – o testemunhou um cientista
ouve em silêncio”, como subscreve Há, por mais disfarçado que se civilizações e povos, que ainda con- português, em comentário a uma leitu-
D. José Policarpo; e está em dimen- apresente, um regresso a uma reto- tinua em maré de estágio aperfeiço- ra dos “ sinais dos tempos”, segundo
são que não cabe nem tem lugar na ma do ódio abolicionista do xenofo- ativo, tal como o Papa o testemunha Joseph Ratzinger, Bento XVI. Se envere-
primeira página dos jornais, onde a bismo do calendário da Revolução nos Encontros Internacionais de re- dar pelo ateísmo, então, sim; a Europa
primazia só cabe ao sensacional, ao Francesa, equacionado em duas de- ligiões em Assis, e de boa, generosa ficará sozinha no mundo, como ainda
escândalo, ao alarmante. capitações: nem tronos nem altares. e ecuménica criação do Papa João o está no ateísmo, para bem da civili-
Mas a tal agenda cheia de re- Abolir referências cristãs no Paulo II, e retomados, bem como zação da história e dos povos.
ferências ao calendário anual das calendário é apagar na história da renovados, por Bento XVI. Sofre, porém, de uma doença
diversas correntes de algum cariz civilização o que de melhor o cristia- Como comenta, e bem a propó- interna: o relativismo cultural, ema-
religioso não as cala. nismo ofereceu ao mundo; mesmo sito, Zita Seabra (Voz do Domingo, ranhada como foi ficando nas teias
Numa Europa, que foi berço, escola sem esconder até alguns desmandos 27.II.2011) “É evidente que quem de aranha de tantas filosofias de
e missão de um Cristianismo de Civili- da sua hierarquia e acólitos, do que a Abolir referências condensou a Agenda não o fez por contradição e de valor minimalista.
zação e Humanismo, de Cultura e Pro- própria Igreja já se tem penitenciado cristãs no calendário esquecimento, pensando que o silên- “Toda a história, seja qual for o
ximidade pessoal entre povos de todos e pedido perdão por muitas formas; é apagar na história cio cala a denúncia; e que a hostilida- seu cariz, é história contemporânea”.
os índices, o cristianismo foi abolido e mas dando novidade ao mundo até da civilização o que de de, ainda que feita só de palavras e (Benedito Croce)
dado como já não tendo uma “razão- com o seu penitenciar-se, como têm melhor o cristianismo sem armas, substitui a solidariedade O tempo e os homens não lhe
-de-ser”; tal a tónica da referida agenda. feito os últimos Papas pedindo per- ofereceu ao mundo e o parceirismo”. degradam a verdade de o ser sempre.
Praia da Vitória Eleições Lisboa
Porto de abrigo Tomadas de Irmandade
para quando posse em 65 discute limites
não há saída Santas Casas da medicina
Em Acção Pág. 6 Em Acção Pág. 9 Saúde Pág. 18

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03 11
Entrevista José Dias Coimbra

Solidariedade entre gerações no congresso nacional


José Dias Coimbra é provedor em da sessão de abertura e dos trabalhos para o Dr. Manuel de Lemos mas
Arganil e presidente do Secretaria- em Coimbra e o encerramento em também para o Dr. Bernardo Reis,
do Regional de Coimbra da UMP. Arganil, traduz um modelo inovador, que tem sido incansável no apoio e
face a outras iniciativas deste género. acompanhamento de toda a organi-
O X Congresso Nacional das Impunha-se algo diferente, conjugar zação do congresso. Deste modo, vejo
Misericórdias vai ter como tema o urbano com o rural, a cidade com esta descentralização como bastante
a Intergeracionalidade. O que a vila, o saber com o contemplar. positiva, cada qual com as suas com-
motivou a escolha do tema? petências definidas e com respeito
Não faltavam temas para este con- A organização do evento é re- mútuo pelos campos de actuação.
gresso, alguns deles até um pouco partida entre o Secretariado Na-
polémicos, como as relações entre cional e o Secretariado Regional Sabemos que o programa está
as Misericórdias e a Igreja, com as de Coimbra. Como avalia esta a ser ultimado. É possível
Autarquias, os caminhos para a descentralização da UMP? avançar algumas presenças já
sustentabilidade do terceiro sector, Defensor do papel dos Secretariados confirmadas?
ou, até mesmo, a importância da Regionais, reconheço, no entanto, O programa está praticamente ultima-
definição de uma lei clara para este que é necessária uma linha de orien- do, destacando-se aqui a riqueza dos
mesmo sector onde desenvolve- tação clara e inequívoca para as Mi- conteúdos das várias temáticas que
mos a nossa actividade. Contudo, sericórdias e tal compete ao Secreta- tomarão lugar no espaço de discussão
entendeu-se que o congresso deveria José Dias Coimbra riado Nacional. Contudo, deverão os subjacente aos sete painéis que com-
centrar a sua atenção num proble- Secretariados Regionais assumir um porão as sessões de trabalho. Os as-
ma que irá afectar a sociedade civil associada ao aumento da esperança A realização do congresso na Região papel de articulação local das estra- suntos vão desde a saúde, passando
nos próximos anos: a solidariedade média de vida e à redução da taxa Centro é o culminar de um processo tégias nacionais da UMP, ocupando pelas relações com o Estado Central
inter-gerações, ou melhor, na falta de natalidade, os equilíbrios neces- dinamizado pelo Secretariado Regio- um lugar de proximidade e de mo- e as Autarquias, sem esquecer o pa-
dela. Sabemos hoje que o modelo sários entre receitas e despesas do nal de Coimbra, tendo em vista valo- bilização de vontades em torno de pel da economia social na promoção
de protecção social europeu - assente Estado Social foram alterados. Neste rizar o papel das Misericórdias desta uma causa comum. É por isso que do desenvolvimento sustentado. A
numa lógica de solidariedade entre contexto, reflectir sobre a intergera- região no panorama nacional. Na partilhar a realização deste evento de- adesão de personalidades tem sido
as diferentes gerações - atravessa cionalidade é indispensável. génese deste projecto esteve também verá ser entendido como a junção de significativa, não só na Comissão de
uma crise séria de financiamento, da a intenção de mostrar a diversidade esforços em favor das Misericórdias, Honra, mas de igual modo ao nível
qual ainda não temos a noção exacta Os trabalhos vão decorrer em do movimento das Santas Casas, que sendo que, o Secretariado Regional de dos conferencistas, de elevada cra-
do seu resultado. Os mais novos tra- Coimbra e a sessão de encer- partilham dos mesmos princípios Coimbra reconhece que a realização veira como Dr.ª Maria José Nogueira
balham, contribuindo para suportar ramento em Arganil. Em que e da mesma missão, contudo, são de um evento desta grandeza implica Pinto, Dr. Correia de Campos, Dr. Sil-
a protecção aos mais velhos. Sucede medida um congresso nacional distintas, com problemas locais di- o apoio constante do Secretariado va Peneda, Eng. Ângelo Correia, Prof.
que com o crescimento exponencial pode ser importante para as ferenciados e com respostas sociais Nacional, designadamente dos seus Doutor Manuel Antunes, Pe. Vítor
das pessoas com mais de 65 anos, Misericórdias da região? variadas. Por outro lado, a realização representantes, e aqui uma palavra Melícias, entre tantos outros.

Descubra a Misericórdia na sua terra


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