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Velocidade e Politica L Bites como pensacor en core poder douse Ue Esprta 20 Vieng da Revo Cho Francesa ea a bernie posso pelo eros «pra Tou, Magutave, Napotedo, Gauge ates Sn, an Historia perde espago, ¢ humane, fica subjugado a vertigem da aceleragéo, a velocidade v0 movimento desttoem 0 Tempo: & ma de “Estado de turgéncia”, onde “parar significa Nesta cativante reflexao sobre a implosio da Histiria, Virilio mes. tra comoo homem assume pprimeiro a rua, para depot ber que espace que canta éa estrada, © movimento. Esparta a suicumbiu porque nda naveg Inglaterra se firmou come pot cia porque controlou os mares — as auto-estradas da ¢paca — dei xando as onitras poreneias européias se digladiarem em guertas pelo controle da massa continental quando 0 que conta va cra 0 movimento, as vias de comunicagao, 0 acess rapido as coldnias, a velocidade de desloa ena, A esse respeito, em Tonge Uepoimento a Frangois Ewald 0 Magazine Liaéraire de novembve vie 1995, Vitlio nos revela come, foi surprendido cede pelo impac to da velocidade conjugada com essa forina consagrada de lazer politica que €a guerra: “Um dla, ‘em 1949, estamos almogando. 0 radio anuneia que os alemies esto em Orléans, Pouco tempo depois, ouvimes um barulho cestranho na rua, Como todos os Imeninos, me previpito para ver Velocidade e Politica ee Paul Virilio Velocidade e Politica Tradugao de Celso Mauro Paciornite Preficio de Laymert Garcia dos Santos Estogéo Liberdade | Publicado originalmente em 1977 s0b o titulo Vitee politiquepor Editions Galilee, 9, ue Linné, 75005, Pats, © Preficio: Laymert Garcia dos Santos, 1996 1d Ceo Ma Pani $212 | ayia de Tan Ang Bote V3V9~ sede Toe Mate Lee Helm Macao Ihe : oa srg da Capa: Aya Okano, se lo, Ei [ ceeica mista sel, 80x100em, 1995 ES, Fa | Pe ia Aono# Sura Fan fi mp Mags Azevedo e saya Esto cro ‘Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Virli, Paul ‘Velocidade epolitia Paul Vir Celso Mauro Paciornik. ~Sio Paul: seadugio cio Liberdade, 1996 ‘Tiealo original : Vitesse et politique 1, Mudunga social 2. RevolugBes— Histéria 3. Velocidade I Titulo, 96-1626 €DD-306.2 Incices para catilogo sistemico 1. Waocidade politic Sociologia poitien 306.2 ISDN 85-85865-12-1 1996 OTOCOPIAR ESTELIVRO E LEGAL E VIOLAOS DIREITOS DO AUTOR ‘Todos os direitos para lingua portuguesa reservados EDITORAESTAGAO LIBERDADE Av. Dr. Arnaldo, 1155 (01255-000 Si0 Paulo- SP Tel/Fax (011) 872-9515 em-00100231-5 Indice PREFACIO. 9 PRIMEIRA PARTE A REVOLUGAO DROMOCRATICA 17 1, Do dieito & rua ao ito ao Estado 19 2. Do dircito 3 estrada ao direito a0 Estado 37 SEGUNDA PARTE © PROGRESSO DROMOLOGICO 47 a0 Estado 49 1. Do direito a0 espago 20 dl 2. A guerra pritica 59 ‘TERCEIRA PARTE ASOCIEDADE DROMOCRATICA 65 1. Corpos incapazes. 67 2. Assalto aos veiculos metabélicos 79 3. O fim do prolctariado 95 4, Uma seguranga consumada 113 QUARTA PARTE OESTADO DE EMERGENCIA 121 "Eu ni queria ser sum sobrevivente”™ Jean Mermoz Preficio Velocidade e Politica é um livto de 1977, 0 terceiro de Paul Vitilio, depois de Bunker Archéologie © de Linsécurité du territoire, dois textos dedicados as relagdes entre a guerra ¢ 9 espago. Ao escrever seu segundo texto, 0 autor desembocara num capitulo incitulado “Veicular”, no qual tentou responder a uma questio que se impunha: “Onde estamos quan~ do viajamos? Qual é esse ‘pais da velocidade’ que nunca se confunde ‘exatamente com o meio atravessado?” Seguindo suas intuigdes ¢ associ- agées, Virilio percebeu que ovorre uma mudanga de estado, um crans- porte, pois passamos a habitar um ndo-lugar ~ € se pds a buscar 0 sentido dessa mudanga. Deslocamento, trajeto, transporte, projecio, transmissio, veiculo ~ em “Veicular” todas essas nocbes comecaram a se precipitar para configurar a descoberta desse nio-lugar como um ovo pais ou continente, o da velocidade; mais ainda: para determinar ‘como uma “aristocracia da velocidade” nele se consticufa visando dominar © espago, Em “Veiculae” despontava o sentido da velocidade. © préprio Virilio, numa longa enerevista a Sylvére Lotringer, narra a genese de Velocidade e Politica: “Em ‘Veicular’ comecei a adivinhar certas coisas. Dei-me conta de que a questio da guerra resumiase na ‘questio da velocidade, de sua agate e prodesso, ‘enfim, em tudo © que a circunda. Assim, depois de Linséeurité du servitoire, publiquei lum texto que era menos rico em desenvolvimento, mas mais rico do 9 I | ponto de vista teérico. (..) E um liveo sipido, mas um livro-chave No é 0 mimero de paginas que conta: eu nunca escrevo coisas longas. Meu grande ponto de referéncia nio € Clausewitz mas Sun Tsu. Sua “Arte da Guerra tem apenas 120 piginas. Velocidade ¢ Politica é um pequeno livro importante porque foi o primeito a levantar a questio da velocidade. E uma introdugio a um mundo totalmente novo que nunca havia sido mostrado antes. Nio foram muitos os autores que tocatam na velocida- de. £ claro que existe Paul Morand, algum Kerouac, mas isso ¢ literatura, Para uma visio mais politica da velocidade, hi Marinetti ¢ os futuristas italianos, e depois Marshall McLuhan, que deu um passo nesta diregio — © isso é ido. Velocidade ¢ Politica nio € tio importante pelo que diz, como pela questio que levanta.”” O depoimento de Virilio diz 0 essencial sobre a relevancia de sew pequeno 0, € como ele chegou a concebé-lo. Velocidad e Politica, que tinha como subtitulo na primeira edigio francesa Ensaio sobre Dromolagia*, & uma introdugio a légica da corrida, 4 logics que toma como referéncia absoluta, como equivalente geral, nio mais a riquesa ¢ sim a velocidade. A “questio que levanta” é, precisamente, a da pertinéncia dessa mudanga de perspectiva, ¢ da releitura da Ocidente que ela implica Tal releitura, pordm, s6 se justifica se a propria evolucio histérica estabelecer © primado da velocidade, Assim como Marx concebera a riqueza como equivalente geral a partir do advento do capitalismo, Virilio vai considerar a velocidade como valor a partir do advento da taria do revolugao técnica de sua conexio com a revolugio politica. Nesse sentido, se a légica da riqueza se expressa numa economia politica, a ligica da corrida se explicicaria numa concepsie (eérica capa de arti- " Paul Virilio/Sylviee Lotringer, Pure War, New York, Semiotexe(e), 1983. Na edigio brasleis, Guerra Pura — A miliarizagto do cetidiana, S30. Palo, Brasliense, 1984. Tradusio de Flea Miné e Laymert G. dot Santos. Apresentagto de Laymere G. dos Santos +N. T,- Tanto esta palavea (dromologia) como outras que aparccem no decorter da obra (dromecritico, dromoctacia, dromocrata) sfo neologismos empregalos pelo autor como variantes da palavea grega “dromos" que exptime a idéia de “corida”, “eu So", “marcha, A sinica palaven dicionarizada em portugués com este prefixo € “romomania’, que significa “mania de vagueae; pendor mécbido para a vida cttante™ conforme o Diciondvio Brasileiro de Lingua Poetuguesa (MIRADOR), 10 a pcr ght nn cular velocidade ¢ politica. E essa articulagio que o autor tenta cons- fruit ~ dai a elaboracio do livro em quatro partes: “A revolusio dromocrética™, “O progresso dromolégico”, “A sociedade dromocrética ¢“O estado de emergéncia” oe primeira, Virlio procura mostrar como a dinamica das revolu- goes modernas se alimenta da enorme energia desencadeada pela semsformacio do proletitio-operitio em proletiio-soldado e do prole- tirio-soldado em proletirio-operério; isto é, como nas revolugées as massas so produtoras da velocidade necessiria para tomar de assalto o poder. No entanto, embora produtoras, as massas nfo controlam essa velocidade, ‘¢ sao antes massas de manobra nas maos de uma classe industrial-militar {que, esta sim, capitaliza 0 movimento, ¢ investe-o na ocupagio € no controle dos territérios ¢ de tudo 0 que neles circula. As revolugaes modernas instauram a ditadura do movimento, poem em pritica a idéia politica de nacies em marcha / Na segunda parte, “O progresso dromoldgico”, Virilio ira analisar como a velocidade do assalro, que antes se exercia sobre o espago territorial, se transforma a0 abandonar a terra, c scus obsticulos, ¢ desaparecer no horizonte. Em vez de visar-se um ponto no espago ¢ no tempo, agora pretende-se dominar nao através do confronto mas de uma estratégia indireta, na qual um constante deslocamento de forgas gera uma ameaga permanente. Eo dominio dos inglescs sobre os mares, criando uma zona de inseguranga global que permite prolongar indefinidamente as hostili- dades. A légica da corrida se vransfigura, muda de plano, enquanto a velocidade comeca a se desterrirorializar, ¢ a atengio se desloca do prd- prio elemento (terra, mar) para 0 dinamismo dos corpos automotivos. Eshoga-te, a partic afirmando como idéia pura ¢ sem conteiido, como puro valor, que ame- aga ultrapassar até mesmo 0 valor do capital. No mar, com os ingleses, opera-se a transferéncia da vitalidade natural para a vitalidade tecnolégica, no mar a velocidade deixa de ser metabdlica, pasando a refetir-se a si mesma. Como escreve Virilio: “E precisamente no momento em que 0 ‘esquema do evolucionismo tecnoligico ocidental sai do mar que a subs- ‘€ncia da riqueza comega a desmoronar (..) Tal como na origem da fleet in being « manutengio do monopdlio exige que a todo novo engenho seja logo contraposto um engenho mais rapido, Mas com o limiar das velocidades se estrcitando sem para, fiea cada ver mais diffil conceber © toda uma evolugio, na qual a velocidade vai se n

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