Boletim Operário
Caxias do Sul,
15 de
novembro
de 2021
O Paiz
Rio de Janeiro
17 de janeiro de 1891.
Ano VII Edição nº 3.189
Página 2
Greve falhada
Niterói quase teve ontem uma
greve para seu maior orgulho de
cidade e capital. Seria uma
grevesita, ou mesmo um
diminutivo desta; em todo caso,
teria sempre seus pontos de
contato com uma outra que foi
nossa conhecida. Mas, contemos
o caso. A turma de trabalhadores
da limpeza na Rua José Bonifácio
ensarilhou ontem enxadas e
vassouras e dirigiu-se muito grave
e séria para a intendência
municipal. Ai chegando, recebeu-
a o presidente da corporação,
perguntando aos homens o que
desejavam. O orador do grupo,
puxou as mangas do jaleco, coçou
a cabeça, tossiu e soltou o verbo,
sem preâmbulos e circunlóquios,
para que se soubesse que, eles
trabalhadores presentes estavam
resolvidos a deixar crescer a
malária na rua do patriarca da
independência, se não lhes
fossem os salários aumentados a
2$000. Acrescentou mais o
Demostenes que contava com a
solidariedade dos colegas das
outras turmas, e então, jamais, em
tempo algum, a Praia Grande
teria a visita dos seus desvelados
garis. O Senhor Major Paulino
Barbosa, presidente da
intendência, respondeu-lhe com
a maior justeza. Disse que
considerava razoável a pretensão
dos reclamantes; que
comprometia todo o seu apoio
aos pedidos, logo que fosse
formulado perante a corporação
que tem a honra de dirigir.
Não fosse a compostura própria
de quase grevistas, os Senhores
da limpeza teriam aplaudido
freneticamente a resposta do
Major Paulino. Replicando,
porém, que aguardavam lhes
fosse feita a prometida justiça,
volveram muitíssimo levipedes e
risonhos aos labores,
desensarilhando enxadas e Por noticias fidedignas recebidas
vassouras, e desbravando e
aplainando a sobredita Rua de
José Bonifácio. E eis como
Niterói quase – disse a Capital
Federal – nos quoque grevem
habemus.
O Paiz
Rio de Janeiro
19 de janeiro de 1891.
Ano VII Edição nº 3.191
Página 2
Os caldeireiros que trabalham na
ilha do Vianna andavam
desgostosos da vida pesava-lhes o
trabalho e não acontecia outro
tanto aos bolsos, era uma
massada; ouviram falar em greve,
acharam a coisa bonita, e zás,
puseram-na em prática
anteontem. Ora, a polícia do
estado do Rio talvez os convença,
à vista de algumas dezenas de
soldados, que por outro meio
mais airoso talvez os Senhores
caldeireiros cheguem melhor aos
fins que desejam
Página 1
Edição nº 671
Correio Paulistano
São Paulo
22 de janeiro de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.313
Capa
Greve
de Santos soubemos que ontem
declararam-se em greve os
trabalhadores dos armazéns e da
descarga da Companhia S. Paulo
Railway Company. Esse fato
motivado por exigência de
aumento de salário, causou,
como era de prever, grande
transtorno ao comércio d’aquela
praça e desta. A Companhia
devia ter tomado as providências
que o caso exigia.
Correio Paulistano
São Paulo
23 de janeiro de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.314
Capa
Greve
Continuou ontem com maior
intensidade a greve dos
trabalhadores da Companhia S.
Paulo Railway, tanto dos
armazéns, como da ponte de
descarga, em Santos. A
companhia mandou para aquela
cidade 33 trabalhadores que não
puderam funcionar por serem
impedidos pelos grevistas. Como
se vê, a poderosa Companhia
Inglesa, não deu providência
alguma para satisfazer as
necessidades do comércio de
Santos e de S. Paulo, que
continua a sofrer as
consequências daquele
lamentável acontecimento. A
remessa dos trabalhadores sem
outra providência não podia ter
outro resultado.
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
O Estado de S. Paulo
S. Paulo
23 de janeiro de 1891.
Edição nº 4.772 Ano XVII
Capa
Anteontem pela manhã os
empregados do armazém da
estrada inglesa em Santos
declararam-se em greve, exigindo
aumentos de ordenados. O
agente da estação consultou
imediatamente por telegrama, o
chefe do trafego recebendo em
resposta ordem expressa de não
se submeter a imposição dos
grevistas. Em vista desta
resolução os trabalhadores
abandonaram em massa os seus
postos ficando o serviço
paralisado durante todo o dia.
Para garantir a ordem, o Senhor
Chefe da Estação requisitou uma
força do delegado de polícia;
sendo enviado um contingente de
50 praças, que conseguiu
dispersar os grupos formados
pelos grevistas. Durante a noite a
estação foi guardada por uma
força de 10 praças.
Gazeta de Noticias
Rio de Janeiro
24 de janeiro de 1891.
Ano XVII – Edição nº 24
Capa
Os empregados do armazém da
estrada inglesa em Santos
declararam-se em greve, exigindo
aumentos de ordenados. O
agente da estação consultou
imediatamente, por telegrama, o
chefe do trafego, recebendo em
resposta ordem expressa de não
se submeter a imposição dos
grevistas. Em vista d’esta
resolução os trabalhadores
abandonaram em massa os seus
postos ficando o serviço
paralisado durante todo o dia de
21 do corrente. Para garantir a
ordem, o Senhor chefe da
estação requisitou uma força do
delegado de polícia; sendo
enviado um contingente de 50
praças, que conseguiu dispersar
os grupos formados pelos
grevistas. Durante a noite, a
estação foi guardada por uma
força de 10 praças.
Página 2
Telegramas
S. Paulo, 23
Continua em Santos a greve dos
empregados da estrada de ferro,
havendo alguns conflitos, ficando
ferido o empregado Vicente
Rodrigues. Seguiu para Santos
uma força de 15 praças
comandada pelo capitão
Modestino Roquete.
Página 2
Edição nº 671
O Estado de S. Paulo
S. Paulo
25 de janeiro de 1891.
Edição nº 4.774 Ano XVII
Página 2
Santos
Está felizmente para o comércio,
terminada a greve levantada pelos
trabalhadores da estrada de ferro
inglesa. Antes da chegada do
expresso da manhã aglomeraram-
se perto de mil trabalhadores, no
largo do Monte Alegre. No
comboio chegaram à cidade o
Doutor Chefe de Polícia, o
Senhor William Speers,
superintendente da estrada, uma
força do 10º de Cavalaria e
muitos outros cavalheiros,
funcionários que depois do
desembarque conferenciaram
longo tempo com o advogado da
Companhia, o Senhor Silva
Telles, o Senhor Fritz Christ,
presidente da Associação
Comercial e outros. Depois da
conferência em que foi ouvida
uma comissão dos trabalhadores,
o Senhor Speers anunciou aos
grevistas que a Companhia havia
deliberado aumentar o seu salário
a 4$, conforme pediam, e que a
demissão por eles solicitada do
chefe da estação seria resolvida
mais tarde, com calma e justiça.
As 2 ¼ tocou a sineta e a maior
parte dos trabalhadores dirigiu-se
ao trabalho, ficando desse modo
cessada a greve.
- Acha-se na cidade o Senhor
Colombo Leoni, delegado da
imprensa italiana, que vem ao
Brasil estudar as condições que
se acham os imigrantes do seu
país, a fim de em folhentos
combater as más apreciações
feitas pelo Senhor Chrispi,
presidente do conselho de
ministro da Itália.
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
O Paiz
Rio de Janeiro
25 de janeiro de 1891.
Ano VII Edição nº 3.197
Página 2
Ontem, o porteiro da estrada, de
nome Vicente Rodrigues, deu
com um guarda-chuva n’um
empregado da mesma estrada,
por não ter aderido à greve. Um
irmão do agredido, tendo ido
tomar satisfação ao agressor, foi
por este esfaqueado. O ferido foi
transportado para a casa da
Misericórdia. O ofensor evadiu-
se.
O Estado de S. Paulo
S. Paulo
28 de janeiro de 1891.
Edição nº 4.776 Ano XVII
Capa
Os trabalhadores da alfandega do
Rio Grande do Sul declararam-se
em greve há dias, recusando
receber a 1ª quinzena do mês
sem que sejam reembolsados dos
vencimentos atrasados desde
novembro. Consta que o
Inspetor telegrafou ao governo e
que este mandou ordem para
serem integralmente pagos os
trabalhadores, conforme
promessa feita por aquele
funcionário.
O Estado de São Paulo
S. Paulo
4 de fevereiro de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.781
Capa
Anteontem em Campinas
declararam-se em greve os
operários da estrada paulista,
exigindo aumento de salário.
Graças, porém, aos Senhores
Max Mundt e Doutor Torres
Neves que procuraram entrar em
acordo com os grevistas, voltaram
logo todos ao trabalho.
Gazeta de Noticias
Rio de Janeiro
5 de fevereiro de 1891.
Edição nº 36 Ano XVI
Capa
Greve
Fizeram ontem greve os
trabalhadores da companhia de
carris do Jardim Botânico, e
opuseram-se a que trabalhassem
os que não aderiram ao
movimento. A estação principal
compareceu o Senhor Doutor
Chefe de Polícia, a pedido do
gerente da companhia, com uma
força de praças policiais. Pelos
trabalhadores soube o Senhor
Doutor Chefe de Polícia que a
causa da greve era o aumento no
serviço sem o aumento
correspondente nos respectivos
ordenados. Por solicitação do
citado gerente, o Senhor Doutor
Chefe de Polícia fez retirar dentre
os grevistas os mais exaltados,
que foram expulsos
Companhia.
Página 3
Edição nº 671
Correio Paulistano
São Paulo
7 de fevereiro de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.326
Capa
Jaú
Em data de 4, escreve-nos o
nosso correspondente:
“A Intendência querendo dotar a
cidade de certos melhoramentos,
teve necessidade de elevar os
impostos geralmente. Deu isto
origem a uma reunião de povo
(muitos comerciantes e pessoas
de outras profissões) no teatro
desta cidade, segunda-feira
última, ficando nomeada uma
comissão para, em nome de
todos, pedir à intendência a
diminuição dos impostos. Essa
comissão dirigiu na sessão de
hoje um requerimento à
intendência nesse sentido. Como
é do regimento, foi o
requerimento à competente
da
comissão, ficando a decisão para
a sessão seguinte. Não podemos
prever qual a decisão, mas
confiamos muito no critério dos
intendentes.
- Os carroceiros e carreiros,
apesar de concordarem com a
resolução tomada na reunião de
domingo, fizeram greve ontem,
como comuniquei por telegrama,
não consentindo que saíssem à
rua nem as carroças dos padeiros,
que tiveram de andar com as
cestas às costas para servirem aos
fregueses.
Os grevistas não consentiram
também que as carroças dos
açougueiros conduzissem carne
do matadouro para os açougues,
não havendo por isso, matança
de gado ontem, ficando a
população da cidade sem carne
de vaca para hoje.
Segundo consta, a greve termina
amanhã, esperando os grevistas a
decisão da intendência para
tomarem nova decisão.
Felizmente até agora não houve
desordem alguma.”
 15 de novembro de 2021
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
17 de fevereiro de 1891.
Ano VIII – Edição nº 2.058
Capa
A greve dos carroceiros de café,
se foi mais greve, foi menos grave,
e remediou-se a tempo, graças a
acertadas providências da polícia.
Os homens que transportam dos
trapiches o nosso acreditado e
principal produto, queriam
aumento de salário; o salário
ficou o mesmo, e a greve acabou.
“Louvado seja o Senhor!”
Entretanto, mesmo continuando
a parede dos carroceiros, o fato
sempre seria secundário, no
gênero, em comparação a outros
muitos, como o da Bolsa, que
tanto nos impressiona. Contanto
que os cafezais produzam, que
importa que os carroceiros não
conduzam... se lhes não
aumentarem a diária?
Livre-nos Deus da greve do café,
mortificado pela seca ou pelo
granizo... Então é que chicória
subiria no preço!
O meu desejo sincero, neste
momento, é o de toda a nossa
população, que o caso da Bolsa
se resolva bem, como o outro, e
da maneira mais honrosa para
todos.
Finalizando, parabéns à polícia,
que, acabando com a greve dos
carroceiros, mostrou bem que
fura paredes.
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
19 de fevereiro de 1891.
Ano VIII – Edição nº 2.060
Página 3
Greve
Conforme constou anteontem, os
carregadores da Estrada de Ferro
Central do Brazil, que trabalham
na estação da Gamboa, fizeram
greve, ontem, de manhã, e não
quiseram fazer o serviço da
remoção do café. Declararam
Boletim Operário
eles que os gêneros estavam
demasiadamente caros e por isso
não podiam continuar a trabalhar
mediante o mesquinho salário de
2$500 que tinham até ali. O
diretor da estrada, achando justa
a reclamação de tais empregados,
lhes marcou a diária de 3$000 e
mais 2$000 quando o serviço
excedesse da hora marcada para
sua terminação. Apresentando-se
no local da greve os Senhores
Bernardo Vasques, Chefe de
Polícia, Doutor Rocha Filho, 3º
delegado, e Cuningham,
subdelegado do 2º distrito de
Santa Ana, principiou o serviço,
sem que houvesse a menor
alteração da ordem.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
20 de fevereiro de 1891.
Ano XVII – Edição nº 51
Capa
Página 3
Alfandega
O pessoal das capatazias da
Alfandega pede ao Senhor
Ministro da Fazenda o
pagamento dos seus salários,
porque não podem viver com
2$500 que ganham, atendendo a
carestia extraordinária a que
chegaram os gêneros alimentícios
e o alto preço dos alugueis das
casas. Os trabalhadores das
Docas e os da Estrada de Ferro,
que ganhavam 3$, acabam de ser
aumentados com mais dez
tostões, em consequência da
greve que fizeram. Nós não
precisamos recorrer a este
extremo porque temos certeza
que o Senhor Ministro há de
atender a nossa suplica porque
ela é justa e porque já chegamos à
miséria.
19 de fevereiro
Página 4
Edição nº 671
Correio Paulistano
São Paulo
25 de fevereiro de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.340
Página 3
Rio, 24
Continua a parede dos
trabalhadores, foguistas e
maquinistas da Estrada de Ferro
Central. A greve está somente
adstrita à 1ª secção, desta capital
a Sapopemba.
Os guarda-freios da secção da
Barra apresentaram-se aqui
tendo feito dois comboios de
exploração.
De Santa Cruz veio hoje a carne
abatida no matadouro.
O pessoal do escritório dos trens
apresentaram-se ao serviço.
Há esperanças de ser
restabelecido o trafego amanhã.
Gazeta de Notícias
Rio de Janeiro
27 de fevereiro de 1891.
Ano XVII – Edição nº 58
Capa
Na secretaria do Centro do
Partido Operário acha-se aberta
uma subscrição em benefício da
família do operário Martinho
José de Moraes, morto na tarde
de 24 do corrente, na estação de
Cascadura, por ocasião da greve
na estrada de ferro Central.
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
O Estado de São Paulo
São Paulo
1 de março de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.802
Capa
Anteontem, os condutores de
carne verde fizeram greve,
declarando não querer trabalhar,
porque a Companhia Carris de
Ferro de Santo Amaro se
recusava a consertar o caminho
que liga o matadouro à Rua de
São Joaquim. Ao saber da
parede, que continua,
compareceu o Senhor
subdelegado do sul da Sé com
uma força do corpo de
permanentes. Os grevistas tem
mantido uma atitude firma,
porém, calma e prudente.
Correio Paulistano
São Paulo
1º de março de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.344
Capa
Greve de carroceiros
Os condutores de carroças que
fazem o serviço de transporte de
carne verde da Estação de S.
Joaquim para os açougues
declararam-se anteontem em
greve e não conduziram a carne.
O motivo da parede foi terem
reclamado há muitos dias do
Senhor Doutor Alberto Kulmann
o calçamento do beco que da
estação de S. Joaquim vai ao
depósito da carne, visto que pelo
estado em que se acha não é
possível nem a entrada de
carroças por aquela viela nem tão
pouco o carregamento às costas
dos quartos das rezes.
Edição nº 671
O Doutor Alberto Kulmann não Gazeta de Notícias
mandou fazer o serviço exigido e
Rio de Janeiro
necessário, trabalho esse de
pouco dispêndio e que se 2 de março de 1891.
executaria em quatro horas; daí a Ano XVII – Edição nº 61
resolução dos condutores, depois
que já existiam três vagões cheios Capa
de carente e que não sendo Anteontem, às 9 horas da noite, o
aliviados da carga não podiam ir Senhor Damaso Gomes,
buscar outra que se achava já subdelegado do 2º distrito do
abatida no matadouro. Em vista Engenho Velho, teve
da resolução dos carroceiros, da conhecimento de que diversos
qual os marchantes só tiveram trabalhadores de Albino
conhecimento muito mais tarde, Francisco Maia, no Largo da Boa
conseguiram estes outro meio de Vista, se tinham constituído em
condução cuja faina foi até depois greve e praticavam distúrbios.
de meia noite. Esteve, pois, Transportando-se sem demora
arriscada a população da cidade a para o lugar indicado com o
ver-se privada de um dos comandante e praças do posto
primeiros elementos de vida policial, conseguiu aquela
como é a carne de vaca por não autoridade, por meios suasórios,
ter a Companhia de Santo Amaro conter os trabalhadores,
cumprido o seu dever. Na convencendo-os de que deviam
ocasião da greve, o agente da voltar ao trabalho. Três
estação de S. Joaquim receoso de trabalhadores, que mais exaltados
algum conflito, levou o fato ao se mostraram, foram despedidos
conhecimento da respectiva e, depois de integralmente pagos,
autoridade tendo-se ali retiraram-se para a cidade.
apresentado o digno subdelegado
do Sul da Sé um contingente do
corpo de urbanos. Ontem, à
Companhia de Santo Amaro
mandou extinguir o enorme
caldeirão de lama que existia em
frente ao seu depósito de carne e
começou o serviço para o
calçamento, em vista do que, os
carroceiros recomeçaram o seu
serviço.
Página 5
 15 de novembro de 2021
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
4 de março de 1891.
Ano VIII Edição nº 2.073
Capa
Tendo um dos empregados que
trabalham na preparação do gás,
na rua do Senador Euzébio,
desrespeitado o mestre, foi por
este suspenso. O engenheiro da
companhia, porém, conhecedor
da falta cometida pelo operário,
despedido. Os demais
companheiros do despedido,
com o fito de impor a volta d’este,
prepararam uma greve, que devia
efetuar-se na hora de começar o
trabalho. O engenheiro deu-se
pressa em avisar a polícia e às 6
horas da tarde o senhor doutor
Monteiro Manso, 5º delegado,
comparecia na fábrica
acompanhado de um reforço da
brigada policial, comandado por
um oficial. O chefe dos trabalhos
declarou que, quem quisesse
podia abandonar o local, o que
não foi aceito pelos operários,
principiando desde logo o
serviço. Na 5ª estação policial
permaneceu durante dia e noite
um reforço, comandado pelo
tenente Adão e alferes João
Lourenço.
Boletim Operário Edição nº 671
O Estado de São Paulo Gazeta de Noticias
São Paulo Rio de Janeiro
13 de março de 1891. 18 de março de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.812 Edição nº 77 Ano XVI
Capa Página 2
Campinas Telegramas
No dia 7 declararam-se em greve Juiz de Fora, 17
os empregados do telegrafo da
Os cocheiros fizeram greve por
estação de Ribeirão Preto, sendo
causa das exigências da polícia.
acompanhados nessa resolução
pelos empregados do armazém e
todos abandonaram o serviço até O Estado de São Paulo
que lhes fossem aumentados os
São Paulo
ordenados. O Senhor Inspetor
da Companhia Mogyana deu o 18 de março de 1891.
seguinte despacho a
Ano XVII Edição nº 4.816
representação que lhe dirigiram
os grevistas dizendo estarem Capa
constituídos em parede:
Campinas
“Os Senhores empregados
constituídos em greve, não são No dia 15 de um vagão do trem
ipso facto mais considerados de carga P 4 da linha Mogyana
empregados da Companhia. Vide caiu o ajudante de trem Antônio
art. 10, que diz: Nenhum de Almeida, que ficou bastante
empregado poderá despedir-se contundido. Almeida foi
do serviço da companhia sem recolhido à Santa Casa, por
aviso prévio de um mês, e caso negar-se a Companhia Mogyana a
deixe de fazê-lo perderá todo o trata-lo, o que até parece incrível.
direito ao salário que tiver
vencido.”
O Estado de São Paulo
S. Paulo
15 de março de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.814
Capa
Telegramas
Bahia, 14.
Os foguistas e os carvoeiros da
Companhia Baiana de
Navegação declararam-se em
greve exigindo aumento de
salários. Por causa disso ficaram
suspensas as viagens das linhas
fluviais, e costeiras. Parece que os
tripulantes dos navios estão
dispostos a aderir às exigências
dos grevistas.
Página 6
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
O Estado de São Paulo
São Paulo
19 de março de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.817
Página 2
Os operários estivadores, na
Bahia, fizeram parede, exigindo
aumento de salário. Como
fossem atendidos pelos Senhores
Agentes de Vapores,
continuaram o trabalho.
Fizeram parede na mesma cidade
os alvarengueiros. Exigem
também aumento de salário.
Foram contratados novos
trabalhadores para as alvarengas.
Os grevistas tem se conservado
em atitude calma, não
hostilizando os novos
trabalhadores.
Declararam-se por último em
greve os trabalhadores de
diversos trapiches.
Todos os grevistas mostraram-se
calmos, mas para prevenir
alguma alteração da ordem
pública foi enviada uma força
competentemente municiada.
Correio Paulistano
São Paulo
21 de março de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.361
Capa
Santos
- Os remeiros da Fortaleza da
Barra Grande, em vista dos
exíguos vencimentos que
percebem resolveram declarar-se
em greve, abandonando o serviço
e deixando o comandante da
Fortaleza inteiramente
impossibilitado de prontamente
substituir o pessoal necessário,
porque todos se recusaram por
um salário tão mesquinho como
o que lhes era oferecido. A
fortaleza sem remeiros tem
obrigado o comandante a
gratificar em ocasião de serviço a
qualquer que a isso se
prontifique.
Correio Paulistano
São Paulo
3 de abril de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.370
Página 2
República Argentina
- Foram presos diversos
socialistas, que afixavam cartazes
convidando os operários para
uma greve geral no dia 1º de maio
próximo.
Gazeta de Noticias
Rio de Janeiro
4 de abril de 1891.
Edição nº 94 Ano XVI
Capa
Telegramas
São Paulo, 3.
Ontem, em Santos, alguns
trabalhadores da prancha
declararam-se em greve, por não
querer aceitar a proposta da
Companhia de Transporte, sobre
condução de café. A greve foi
dominada pela autoridade.
(Gazeta de Notícias)
Gazeta de Noticias
Rio de Janeiro
5 de abril de 1891.
Edição nº 95 Ano XVI
Capa
Greve
Temos comunicação de que
fizeram greve os trabalhadores da
Estrada de Ferro de Araruama.
Uma grande turma prendeu o
gerente na estação do Triunfo,
levando-o para o armazém do
Barranco Alto. A pessoa que nos
faz esta comunicação pede
providências à vista do estado de
exaltação dos trabalhadores. Ao
que nos dizem, a greve é
motivada por falta de pagamento
dos salários correspondentes aos
meses de dezembro a março.
Página 7
Edição nº 671
Gazeta de Noticias
Rio de Janeiro
6 de abril de 1891.
Edição nº 96 Ano XVI
Capa
Greve
Em aditamento à notícia que
ontem demos sob a epigrafe
acima, temos a acrescentar o
seguinte:
Nos últimos dias do mês passado,
por ocasião de ser efetuado o
pagamento dos trabalhadores da
estrada de ferro Barão de
Araruama, no lugar denominado
Barro Alto, em Santa Maria
Magdalena, os trabalhadores
revoltaram-se contra o
empreiteiro por não terem sido
todos pagos, e em greve
resolveram prender o Doutor
Simonnet e o empreiteiro da
referida estrada, até que
recebessem resposta do
telegrama enviado para esta
capital, pedindo dinheiro. Tendo
conhecimento desta ocorrência,
o Doutor Chefe de Polícia do
Estado do Rio de Janeiro deu as
providências no sentido de ser
mantida a ordem e postos em
liberdade o Doutor Simonnet e o
empreiteiro. De Campos seguiu
para o Barro Alto um contingente
de praças do corpo de polícia,
comandado por um oficial.
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
17 de abril de 1891.
Ano VIII – Edição nº 2.113
Página 2
Correio dos Estados
Rio Grande do Sul
- Na cidade do Rio Grande os
carpinteiros de construções
navais e calafates, declararam-se
em greve, exigindo 5$ por dia,
alegando os preços elevadíssimos
dos gêneros alimentícios, bem
como das ferramentas.
Consta que igual resolução
tomaram os operários das
mesmas classes em Pelotas e
Porto Alegre.
O construtor naval Senhor
Touguinha, recebendo ontem 6,
a intimação dos seus operários,
suspendeu ato continuo os
trabalhos em suas oficinas.
Correio Paulistano
São Paulo
17 de abril de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.382
Capa
Greve de Cocheiros
Em consequência de uma multa
mal imposta a um proprietário de
carros de aluguel, os cocheiros de
tílburis e carros, resolveram
protestar contra aquela
arbitrariedade, não sair hoje a
rua. O fato, segundo nos consta,
deu-se do seguinte modo:
Dois particulares queixaram-se
de um cocheiro haver faltado ao
ajuste para serviços no teatro. O
inspetor de veículos tenente
Machado mandou chamar à sua
presença o cocheiro e este depois
de ali se achar e de ser intimado
de duas multas, deu às de vila
Diogo deixando à porta da
Central o carro. Quando o
proprietário quis retirar o veículo
não lhe foi isso permitido sem
que pagasse as multas em que
estava incurso o cocheiro e com
as quais ele nada tinha. O Doutor
Lins de Vasconcellos, chamado
como advogado, nada pode
conseguir da polícia e o resultado
é termos hoje de ficar em casa e
não irmos ao espetáculo
enquanto não for resolvida a
greve.
Página 8
Edição nº 671
Correio Paulistano
São Paulo
18 de abril de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.383
Capa
A greve
Estiveram ontem em greve os
cocheiros dos carros de praça
desta capital.
Dão como motivo de sua
conduta, circunscrita a resistência
pacifica, de quem julga defender
os seus direitos, - violências que
de continuo e vexatoriamente
lhes são impostas pelas
autoridades. Ao que nos consta,
nenhum e de distúrbio foi
praticado pelos grevistas, que
confiam na vitória de sua causa.
Eis como expõe os fatos, em
defesa da numerosa classe dos
cocheiros de praça o Doutor Lins
de Vasconcellos, em uma
publicação que faz hoje noutra
secção desta folha:
A Greve dos Cocheiros
Repete-se este lamentável fato,
sempre determinado pela mesma
causa, qual a absoluta ausência de
compreensão no subalterno
encarregado da fiscalização da
autoridade de que está revestido.
Entendem os fiscais que imposta
uma multa ao cocheiro, deve esta
ser in continenti paga, ou presos
o cocheiro e o carro, até que o
pagamento se efetue. O fiscal
representa de juiz, julga, condena
e executa sem ouvir o acusado, e
(como aconteceu ontem), não
admite recurso do seu
procedimento para autoridade
alguma. Ontem o fiscal entendeu
de proceder assim com um carro.
Procurei o Senhor Doutor Chefe
de Polícia, que enviou-me ao 5º
delegado, que, depois de ouvir-
me, mandou no fiscal que
soltasse o carro preso. O fiscal
revoltou-se com a ordem e, em
vez de cumpri-la, foi jantar e
depois do jantar foi dar o seu
passeio higiênico, elegantemente
munido de um chicote.
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
Prevenido pelo Senhor Doutor
5º delegado de haver mandado
relaxar a prisão do carro, fui ao
lugar em que estava e mandei que
se retirasse. Esteve o carro preso
até às 5 horas da tarde, quando
conseguiu escapar à violência do
fiscal que, por ser alferes de
urbanos, acredita-se talvez entre o
céu e os homens. Os cocheiros,
ponderando-me que esta situação
os coloca em posição inferior à
dos antigos escravos, e peior
especialmente pela condição do
senhor, disseram-me que
retiravam-se do serviço até que
uma ordem expressa da
autoridade competente garantisse
a sua propriedade e pessoas de
violências incompatíveis com a
nossa legislação e com o regimen
que, para maior e melhor garantia
dos direitos e dignidade humana
se está inaugurando há 18 meses
no Brasil. Manda a lealdade que
previna que, sem perigo da
segurança pública não é licito
prever até onde pode chegar este
movimento de uma classe pobre
e humilde, injusta e indignamente
oprimida por agentes do poder
público, em suas pessoas e bens.
Dedico e dedicarei todos os meus
esforços em favor destes como de
quaisquer outros fracos e
oprimidos, sem pretender nem
consentir, absolutamente, outra
remuneração senão a consciência
de ter defendido o fraco
perseguido e, portanto, a justiça
de uma causa nobre.
S. Paulo, 17 de abril de 1891.
Lins de Vasconcellos.”
O Estado de São Paulo
São Paulo
18 de abril de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.841
Página 2
Cocheiros
Conforme noticiamos deu-se
ontem a greve dos cocheiros de
praça havendo só pelas ruas
carros particulares. A greve
continua ainda em atitude
pacifica, não havendo notícias da
menor violência.
O Estado de São Paulo
São Paulo
19 de abril de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.842
Página 2
À Greve
Ao que nos constou, está
terminada a greve dos cocheiros,
recomeçando hoje novamente o
movimento de carros de praça.
Página 9
Edição nº 671
O Estado de São Paulo
São Paulo
21 de abril de 1891.
Ano XVII Edição nº 4.843
Página 2
À Greve
Teve anteontem solução a greve
de cocheiros, conforme
anteriormente havíamos
noticiado. Para que o público
saiba qual foi a atitude da polícia
nesta questão transcrevemos, em
seguida, o requerimento que os
cocheiros dirigiram ao Doutor
Chefe de polícia e o despacho
final:
Ilustríssimo Senhor Doutor
Chefe de Polícia.
Os abaixo assinados, cocheiros
de praça, pedem a Vossa
Excelência que se digne de
expedir ordem para não lhes
serem apreendidos os carros por
motivo de multa nem o cocheiro
multa-lo preso, sem processo e
sentença, como se tem feito até
hoje, até hoje. Os suplicantes,
confiados e conscientes da
ilustração e integridade de Vossa
Excelência julgam-se dispensados
de justificar este pedido com o
direito que Vossa Excelência tão
sabiamente ensina. Do
deferimento.
E R M São Paulo, 17 de abril de
1891.
Estava selada com uma
estampilha de duzentos réis
competentemente (ilegível).
Achava-se esta petição assinada
por cinquenta e dois cocheiros.
O Doutor Chefe de Polícia deu a
seguinte resposta à petição:
“Enquanto os suplicantes se
conservarem caprichosamente
afastados do trabalho, este
requerimento não pode ser
despachado. Voltem as suas
ocupações ordinárias. S. Paulo,
17 de abril de 1891. Doutor
Pedro Lessa”
 15 de novembro de 2021 Boletim Operário
Em vista desta resposta, e,
confiando na justiça das suas
reclamações, os cocheiros
voltaram ao trabalho, dando
então o Doutor Chefe a seguinte
decisão sobre o objeto das
queixas apresentadas pelos
grevistas:
Tendo verificado, por ocasião de
um requerimento que me
dirigiram os cocheiros de praça
desta cidade, que por infrações
de regulamentos municipais lhes
tem sido impostas multas e
prisões sem a mais ligeira
aparência de processo que
garantisse os seus direitos,
declaro-vos que semelhante
praxe, estabelecida pelos vossos
antecessores, e até hoje
conservada, ad instar do que se
tem feito em outras cidades do
nosso país, é altamente irregular,
e já sob o regimen monárquico
foi por diversos avisos do
Governo Imperial energicamente
profligada.
- Para a imposição de multas por
infrações de regulamentos
municipais está prescrito o
competente processo no art. 15
do dec. Nº 4.821 de 22 de
novembro de 1871, e nos casos
de prisão dever-se-á observar o
que está em os artigos 47 e 48 do
mesmo decreto, o qual sob a
denominação do mesmo decreto,
o qual sob a denominação –
crimes policiais – compreende as
infrações de que trata o art. 18, §
7º, do Código do Processo.
Quanto a apreensão aos veículos,
só permitida nos casos expressos
nos regulamentos em vigor.
- Observem-se estritamente as
disposições citadas, proceda-se
com todo o rigor da lei, e ter-se-
ão reprimido os constantes
abusos dos cocheiros de praça
contra os quais ultimamente tanto
tem reclamado os habitantes
desta capital.
Saúde e fraternidade. Doutor
Pedro Augusto Carneiro Lessa.
Ao Tenente Inspetor de
Veículos. Capital
Reunião de Operários
No salão do Club Musical
Riachuelo efetuou-se anteontem
uma reunião de operários, para
tratar de interesses da classe.
Abriu a sessão o Senhor
Francisco Gaspar, que convidou
o Senhor Nunes Quedinho para
presidi-la. Este teve por
secretários os Senhores Isolino
de Carvalho e Francisco Gaspar.
Em seguida o Doutor Mattos
Ferraz expos o fim da reunião,
pedindo o congraçamento da
classe. Sustentando a mesma
opinião falaram os Senhores
Sertier e outros entre os quais o
Senhores João China aplaudindo
a atitude dos operários, sem
deixar, entretanto, de sustentar o
governo, e o Senhor Francisco
Gaspar, que foi muito aplaudido.
Antes de terminar a reunião
falaram ainda o Senhor José
Winiger em nome dos operários
da colônia alemã, e o cidadão
presidente, que deixou bem claro
não ter fim político aquela
assembleia, e nomeou uma
comissão para promover o
congraçamento da classe. Essa
comissão ficou composta dos
Senhores Manoel Nunes
Quedinho, presidente, Francisco
Gaspar, Doutor Mattoso Ferraz,
A. Sartier e Jesuíno de Castro
Junior. Durante toda a reunião a
mais completa calma.
Correio Paulistano
São Paulo
23 de abril de 1891.
Ano XXXVII Edição nº 10.386
Página 3
Telegramas
Os tipógrafos da Bahia estão em
greve reclamando aumento de
salário a 5$000 diários ou 700 réis
por milheiro.
Página 10
Edição nº 671
Diário de Notícias
Rio de Janeiro
26 de abril de 1891.
Ano VIII – Edição nº 2.122
Capa
Operários da Alfandega
O que ontem nos vieram dizer
muitos operários da Alfandega
d’esta capital é digno da atenção
do Senhor Ministro da Fazenda.
Vieram eles queixar-se-nos de
que até ontem não tinham
recebido a importância de seus
salários, vencidos a 15 do
corrente, por devaneio ou
simples capricho do pagador, que
naturalmente desconhece as
grandes necessidades com que
lutam aqueles pobres homens.
Entretanto, dignou-se ele fazer
ontem o pagamento a alguns dos
seus afeiçoados, deixando a
maior parte in albins, isto é, em
sérios apuros para satisfazer
talvez aos mais urgentes encargos
de hoje mesmo. Como estamos
certos de que o Senhor Ministro
da Fazenda não autoriza este
procedimento com operários que
tem como única renda o fruto de
seu trabalho, para ele apelamos,
esperando que este fruto de seu
trabalho, para eles apelamos,
esperando que este fato, que,
segundo nos dizem, é a
reprodução de outros muitos,
cesse de uma vez e que sejam
pagos em dia os desfavorecidos
trabalhadores.