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Funcionalismo

O germano-americano Franz Boas, considerado um dos pais da antropologia americana do

século XX, era um cientista de formação naturalista; por isso, encarou com grande ceticismo

tanto as teorias difusionistas como as evolucionistas. Boas preferiu a concepção funcionalista

de uma cultura; para ele, uma cultura é um conjunto unitário que deve ser estudado em sua

totalidade, e, composto, como uma máquina, de diferentes peças interdependentes. Em seus

trabalhos sobre os esquimós, deixou bem fundamentada a metodologia do trabalho de

campo, atividade a que seus discípulos iriam dar especial relevância. O enfoque de Boas,

embora funcionalista, não deixa de estar matizado pelo historicismo, já que ele sempre se

interessou pela forma como se haviam desenvolvido no tempo as instituições culturais.

Depois da primeira guerra mundial, as abordagens históricas das sociedades foram perdendo

adeptos e a escola funcionalista começou a ganhar relevância. Bronislaw Malinowski, seu

mais eminente representante, sustentou que o objetivo da pesquisa antropológica deve ser a

compreensão da totalidade de uma cultura, inseparável da percepção da conexão orgânica

de todas as suas partes. A comparação entre culturas e a abordagem histórica não têm

sentido para Malinowski; só faz parte de uma cultura aquilo que, no momento em que se

estuda, tem nela uma função. A única maneira de perceber um elemento de uma cultura é

analisar a função que tem esse elemento dentro dela. Não se pode compreender uma

instituição social sem conhecer suas relações com as outras instituições da mesma

sociedade. As atividades econômicas, o sistema de valores e a organização de uma

sociedade constituem um complexo inter-relacionado cuja descrição é necessária para que se

possa estudar adequadamente essa sociedade.

Dentro da tendência funcionalista, a escola sociológica francesa, encabeçada por Émile

Durkheim, teve notável influência sobre o pensamento antropológico. Em Règles de la

méthode sociologique (1895; Regras do método sociológico), Durkheim deixou bem

estabelecido que, no campo social, existe um aspecto da realidade que vai além dos simples

comportamentos individuais. É preciso, portanto, estudar os fatos sociais como se fossem

coisas em si, independentes da consciência dos indivíduos que formam a sociedade.

O intelectualismo analítico e a concepção da sociedade como um todo orgânico, como um

sistema - características da escola sociológica francesa --, ao lado da tradição empirista, que

busca fatos -- marca das escolas anglo-saxônicas e, em parte, da germânica - são talvez as

duas bases fundamentais em que se assenta a moderna antropologia social.

Síntese do Funcionalismo
O Sistema Social:

1. As peças que o compõem são mutuamente dependentes 2. Elas contribuem


para o bom funcionar do sistema 3. eequilíbrio, ainda que sempre em
movimento; o distúrbio induz a uma contra-reação para manter o equilíbrio
manter o equilíbrio Propriedades do sistema a que as peças
contribuem: 1. Adaptação (economia) 2.Integração (cortes de justiça; polícias;
lei) 3. Manutenção do teste padrão e gerência da tensão (família; instrução; a
cultura contribui ao para o compromisso do papel da
socialização) 4. Realização de objetivo (política)

A estratificação social é definida como: "classificação diferenciada dos


indivíduos humanos que compõem um sistema social dado e seu tratamento
como superior ou inferior relativo a um outro em determinadas situações
sociais importantes" (Parsons, Aproximação Analítica ao Estrato Social, p.
69) Linha central fundamental da estratificação: atribuições versus
realização: 1. O status atribuído: resultados do nascimento ou das qualidades
biológicas hereditárias (por exemplo idade, sexo) 2. O status alcançado:
resultado das ações pessoais (esforço, trabalho duro, talento) Avaliação
MoralExpectativa feita na base da avaliação moral, tendo por resultado graus
de respeito ou de desaprovação (status)Seis bases da avaliação
moral diferencial: 1.Sociedade na unidade do parentesco (pelo nascimento,
pela união) 2. Qualidades pessoais (sexo, idade, beleza pessoal, valor e força
da inteligência) 3. Realizações (resultado de ações do indivíduo) 4. Possessões
(coisas materiais e não-materiais que pertencem a um individual e pode ser
transferida) 5. Autoridade (reconhecimento institucional, direito legítimo para
poder influenciar as ações de outras) 6. Poder (habilidade de influenciar outros
e fixar possessões que não sancionadas institucionalmente) Grupos de
parentesco como unidades de estratificação "o status da classe de um
indivíduo é a sua classificação no sistema do estratificação. O que pode lhe ser
atribuído em virtude daqueles de seus laços de parentesco que o ligam a uma
unidade na estrutura da classe" (77-8) Dois aspectos dominantes da
estratificação americana: 1. Ocupação: critérios universais; status
conseguido; não determinado pelo nascimento; igualdade de
oportunidade 2.Parentesco: status atribuído a alguém determinado
pelonascimento Contradição entre a ocupação e o parentesco: Parsons:
"No sistema americano de estratificação, não permitia-se às mulheres
competirem nos mesmos fundamentos de igualdade para trabalhar como o que
rege o dos homens; se não, isto ameaçaria a estabilidade da família, e da
própria sociedade" (esta observação de Talcott Parsons entende-se como feita
antes do movimento feminista dos anos 60 iniciar a sua luta pela aprovação da
Emenda da Igualdade).

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