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SOLANGE DOS SANTOS UTUARI FERRARI Fducalra,escritora e artista visual. Mestre em Artes Visuals pela Universidade Estadual Paulista Jélio de Mesquita Filho (Unesp),Lceciad em Educao Aristica pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). specalizada em ‘Anropologia pela Fundacio Escola de Sociologia e Potica de Sao Paulo (FESPSP). Espedalizada em Arte-EducacSo seta Universidade de Sao Paulo (US). Autora de diversas vos, propostas curiculares e materi educative, & iustradora,pesquisadorae assessra em proetos de Educacao Arte e Cura CARLOS ELIAS KATER Fucador, nsiclago e compositor Doutr pela Universidade de Paris IV Sorbonne, Professor Titular pela Escola de Misica da Universidade Federal de Minas Gerais (EN-UFMG), Coordencu 0 Centro de Pesquisa em Misica Comtemporanea da UFMG; foi vice-president da Assciaco Brasil de Ecucaczo Musical (Abem) emembro do Conselho Editorial professor colaborador do Programa de Pés-Graduacao em Misica da Escola de Comunicacoes © Artes da Universidade de Séo Paul (ECA-USP) econsultr da Fundacdo Koelreutter da Universidade Federal de S30 Jodi del-Rei (UPS). Autor de dversos fos e artigos, pesquisa ereliza trabalhos de ensino de misica em escolas. BRUNO FISCHER DIMARCH Educador, escrito, balarino eatsta multi, Mestre em Comunicacioe Semiitia pela Pontificia Universidade Cattica de Séo Paulo (PUC-SP).Licenciado em Educa Artstca pela Faculdade Mozarteum de Sao Paulo {FAMOSP, Autor de lias e propostas curiclares, pesquisa edesenvolve trabalhos sobre 2 danca em escols, PASCOAL FERNANDO FERRARI FEducador,esritor, ator e dirtar tearal, Mestre em Ensno pela Universidade Cruzeiro do Su (Unisu. Especaizado ‘em Sociologia pela Fundaco Escola de Sociologia e Politica de Sao Palo (FESPSP.Licencado em Pedagogle pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO). Liceniado em Psicoogio pela Universidade Braz Cubas (UBC). ‘Autor de dversos livros, popostas curriculaes,€ pesquisador de linguagem teatral em escolas. 2edigao Sto Paulo, 2018, FTD' FID Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Femando Ferran, 2018 Dicetor editorial Diretora editorial adjunta Gerente editorial Editor Editoresassistentes, ‘Assessorla Gerente de produgio editorial Coordenador de produsio editorial Gerente de arte Coordenadora de arte Projeto grifico Projeto de capa Foto de capa Supervisor de arte Editor de arte Diagramacio ‘Tratamento de imagens CCoordenadora de llustracses e catografia lustracées Coordenadora de preparagio e revisdo Supervisora de preparacio e revisio Revisio Supervisora de iconografia¢ licenciamento de textos Iconografia Licenciamento de textos Supervisora de arquivos de seguranca Diretor de operagses © produsso grifica Antonio Luiz da Silva Rios Silvana Rosi Julio Roberto Henrique Lopes da Siva Paulo Roberto Ribeiro Carlos Svea Mendes Rose, Lilan Rbelro de Olvera Daniela Alves, Maria da Graca R. 8, Camara, Sandra Facchii, ‘Tarcla Ferasi ‘Mariana Millan Marcelo Henrique Ferreca Fontes Ricardo Borges Daniela Maximo Juliana Carvalho dulana Carvalho David Malec/Shutterstock com Vinicius Fernandes Leandro Brito Estadio Anexo ‘Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquel Racheti ‘Marcia Bere ‘Beatriz Mayumi, Bruna Assis Bras, Daniel Almeida, Frosa, Héctor Gomez, Leo Teixeira, Leonardo Conceicko, ‘Mariana Waechter, Maureniison Frere, Nicolau G. Neves Da Siva, Rafa Anton, Primo Da Cidade Liian Semenichin Viviam Moreira ‘Adriana Pérco, Camila Cipoloni, Carina de Luca, Céla Camargo, Felipe Bio, Femanda Marcelino, Fernanda Rodrigues, Femando Cardoso, Heloisa Berald, Iracema Fantagucl, Paulo Andrade, Pedro Fanci, Rita Lopes, Sonia Cervantes, Veridiana Maenaka Elaine Bueno Erika Nascimento Barbara Clara, Erica Brambila Silva Regina E. Almeida Reginaldo Soares Damasceno Dados internacionais de Catalogacio na Publicagdo (CIP) (Cimara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte: 6 ano : ensino fundamental ‘anos finas / Solange dos Santos Utuari Ferrar.(et al) 2, ed. So Paulo: FTD, 2018, ‘Outros autores: Carlos Eas Kater Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Femando Ferran, Componente curricular: Arte ISBN 978-88-96-01929-3 (aluno) 'SBN 978-85-96-01930-9 (professor) 4. Arte (Ensino fundamental) |. Fear, Solange dos Santos Utuari I, Kater, Calos Els. ML Dimarch, Bruno Fischer IV. Ferra, Pascoal Fernando. 18-20698 cop-3725 Indices para catélogo sistematica: 1. Arte: Ensino fundamental 372.5 ‘Maria Alice Ferreira ~ Sblioteciria - CRA-6/7964 erodes praia: A 188 do Cgo Prac 9.610 1 19 de evocra de 1998 Tos Iter anaes eDiToRA FD Run Ru aon, 196 le Vita S80 Pads SP ‘Ce 01326-010— Te, 0BD0 7722900, Cana Postal 519 ~ CHP da Caine Posi 0139070 ‘wovefcomy ‘cel reGcanament ot com br AS96808 {Sas oe aero ones para, Ser cates Ingres no Parque Gio da tors FTO (CHP) gt Tas ssarente 32 fen Ato Barcel, 300 anor SPP 07226020 Toi (1113545. 8600 Fact 2812-5875 APRESENTACAO Podemos encontrar arte nos mais diferentes lugares e contextos. Um olhar atento, um ouvido esperto e logo percebemnos uma imagem, uma musica, um gesto ‘ou um movimento, as vezes tudo junto ao mesmo tempo. Somos contemporaneos ao tempo das tecnologias, da cultura visual, dos sistemas de gravacdo de audios e videos. Podemos compartilhar tudo isso com alguém, mesmo que bem distante. A arte alimenta-se de tudo que o ser humano inventa porque ela também foi inventada por pessoas ha muito tempo e agora mesmo, neste Ultimo minuto. Voce ja parou para pensar que alguém, em algum lugar, acabou de fazer um desenho, uma pintura, uma escultura, uma fotografia, escreveu um texto teatral, um arranjo musical? Ou que ha pessoas apresentando uma peca teatral ou mostrando uma coreografia, com 0s corpos a movimentar-se em uma danca? Quem sabe alguém por af esté fazendo uma performance, criando uma instalacao, escrevendo ou lendo um livro de literatura ou de poemas, ou criando filmes, videos, videogames, cenarios, figurinos ou imagens para ilustrar um livro? E possivel que alguém também esteja organizando uma festa, e roupas de carnaval ou maracatu podem, neste exato momento, estar sendo bordadas pelas maos de quem faz arte do povo para 0 povo! Marte 6 assim mesmo! Esta em todos os lugares e é criada e apreciada por toda a gente. Estuda-la é procurar mais maneiras de encontra-la. As producoes artisticas brasileiras e as que foram ou sao feitas mundo afora nos mostram um caminho. para conhecer mais 0 ser humano e sua maneira poética e estética de viver. Somos seres culturais. Por isso inventamos linguagens, e muitas delas sao artisticas. Nosso estudo quer ajudar a desvendar essas linguagens para compreender e fazer arte. Convidamos vocé a estudar Arte. Venhal Os autores CONHECA SEU LIVAO UNIDADE Nesta apresentacao, vocé encontra pistas do que seré proposto para trilhar percursos de estudos. Reflta sobre o que voce jf conhece e 0 que o instiga a navas aventuras e descobertas. CAPITULO ‘A cada abertura de capitulo, trazemos uma imagem para voce fruirerefltr além de informagées sobre os conhecimentos presentes no universo da arte, o qual convidamos voc8 a descobrire aprender. VENHAIE temas | Logo de inicio fazemos convites: Venha olhar, cantar, encenar, dancar, imaginar, tramar, pintar... conhecer e fazer arte! Também escolhemos alguns temas € exemplos para que vacé conheca ideias e historias do mundo da arte. [ MUNDO CONECTADO, MAIS DE PERTO | = E PALAURA DO ARTISTA A arte esté relacionada com outras disciplinas e com a vida cotidiana. Vocé pode descobrir como isso acontece lendo a segao Mundo conectado. A seco Mais de perto retoma o convite feito inicialmente na seco Venhal, a fim de aprofundar seus conhecimentos sobre os temas ¢ as linguagens estudados. E, para aproximar vocé ainda ‘mais da arte, apresentamos citacaes, trechos de entrevista ‘ou depoimentos na secao Palavra do artista. ARTE EM PROJETOS E PROCESSO DE CRIACAO Em Arte em Projetos, apresentamos sugestées para estudar e criar em varias linguagens da arte, Em Proceso de criacao, 0 fazer artistco relacionado a conceitos, materialidades, processos e procedimentos de criacao. MAIS ACAOE MISTURANDO TUDO Pesquisar, criar e compartilhar séo algumas das varias ppropostas que fazemos a vocé na secdo Mais ago. Uma linguagem pode ter relacao com outras e até estarem juntas em uma producdo artistica. A seco Misturando tudo traz questées para vvocé pensar sobre isso e para perceber 0 que voce aprendeu 20 estudar cada capitulo. AMPLIANDO, + PERTO DE VOCE E DIARIO DE ARTE boxe Ampliando, em estilo de glossrio, ajuda vocE a saber mais sobre algumas palavras e expressbes © 2 der melhor 0 universo da arte e seus termos. No + Perto de vac®, hé propostas de passeios cultura « dicas de como ou onde encontrar mais arte. Voce também poder’ fazer registro sobre seu processo de ciagdo, reflexdes, andlises e descobertas no mundo da arte a partir das dicas deixadas no Diario de arte. ARTE PELO TEMPO Olhar para o passado e perceber como a arte se transforma pode provocar reflexdes sobre ‘como a vida e a sociedade também mudam com 0 passar dos séculos. As linhas do tempo permitem fazer relacdes, entre passado e presente, com base no que foi estudado a cada unidade. (@ UNIDADE Le #arte 8 Capitulo 1» A arte de cada um Venha olhar! Venha escutar! mse Tema 1 - Mensagens na arte Mundo conectado ~ Arte e atitude.... Mais de perto ~ Olhar e ver Arte em Projetos ~ Artes visuais ~ Pinturas gigantes em cores @ relevo Tema 2 - Sensacées.... Mundo conectado — A voz das guas, 0 som dos rios : Mais de perto - Ouvir e cantar... Arte em Projetos ~ Misica - Sons e lugares... Misturando tudo... Capitulo 2 + O lugar da arte Venha encenar! Venha dancar! Tema 1 ~ Arte e lugar... Mundo Conectado - A rua lugar de encontros ns. . Mais de perto - Improvisar e jogar. Arte em Projetos - Teatro - Improvisacéo teatral.... 7 Tema 2 ~ Danga, espaco e coisas. Mundo conectado ~ Corpo e danca Mais de perto ~ Corpo, lugar e danca... Arte em Projetos ~ Danca - Movimentos dancados Misturando tudo Arte pelo tempo ~ A pintura em Grandes dimensoes.... 13 15 19 30 31 232. 35 -36 38 39 oA 47 50 53 BS. 55 56 INIDADE 2 © povos ARTEIROS 58 Capitulo 1 + O circo. .60 Venha palhacar! nnn 2 Venha apreciar! x 63 Tema 1 - Circo: um lugar muito especial.... 65 Mundo conectado ~ Rir faz bem! 68 Mais de perto - Um lugar para palhagat! nnn roomier 8 Arte em Projetos — Artes integradas ~ A arte da palhacaria.......70 Tema 2 - 0 citco esté de mudanga..74 Mundo conectado ~ Arte e historia 9 Circo no Brasil os 76 Mais de perto — Os circos contemporaneos 7 Arte em Projetos ~ Artes imtegradas - Artes circenses e a linguagens da afte ....sunsenmenne 7B Misturando tudo 79 Capitulo 2 + Brasil plural .....0.00..80 Venha desenhar! 82 Vena cantar! nssneinn 83 Tema 1 - Mistura cultural. 85 Mundo conectado ~ Donos da arte de jogar e da arte de pinta... 87 Mais de perto — Risco, rabisco e crio..88 Arte em Projetos - Artes visuais — O ato de desenhar «a... 90 Tema 2 - 0 som da miscigenagao ..93 Mundo conectado — Arte, cultura e meio ambiente em moviMeNtO.s.no.u.94 Mais de perto - Este som é a nossa caral ...... .95 Arte em Projetos ~ Musica — Ritmos movimento. 96 Misturando tudo s.r. 97 Arte pelo tempo - 0 circo..... 98 ——— A informacées das imagens do Sumario exta0 nas respectivas legendas, nas paginas: 29 (lustraga0), 53, 68 € 86 @ UNIDADE 3 e RAizES 100 Capitulo 1 + A floresta......csere 102 Venha imaginar! 104 Venha tramar! 105 Tema 1 —Aarte dos povos indigenas Mundo conectado ~ Arte: lInguas @ hist6Tias... 111 Mais de perto ~ Roda da imaginacéo...112 Arte em Projetos - Artes visuais ~ Observer, imaginar e criar..... 114 Tema 2 -Balaio de histérias........118 Mundo conectado - Arte & 107 Matematica: simetrias. 121 Mais de perto ~ Tramas da arte indigena... sapere TOR Arte em Projetos — Artes visuais ~ Desenhos em padronagens 126 Misturando tudo 127 Capitulo 2 + Caravela oe 2B Venha navegar! 130 Venha encenatt ... 131 Tema 1 - Artes que se encontram... 134 Mundo conectado - Arte ¢ diversidade Cultural neste 1B Mais de perto — Correntes maritimas..140 Arte em Projetos - Artes visuais — Azulejo inVASOR ..recerreennne MAR Tema 2 - 0 teatro de além-mar....146 Mundo conectado - Literatura encenada wn. - 19 Mais de perto ~ 05 autos 150 Arte em Projetos - Teatro - Jogos e agbes ook 152 Misturando tudo. 155 Arte pelo tempo - O bem indigena: pelo proprio olhar e pelo olhar do outro . Co 156 @ UNIDADE 4 e BRASILIDADE 158 Capitulo 1 + Sementes Venha olhar!...... Venha dancar e tocar. Tema 1 - Arte e ancestralidade....166 Mundo conectado — Natureza ancestral .. see 1B Mais de perto ~ Sementes do pensamento. 170 Arte em Projetos — Artes visuais ~ Poéticas pessoais.... 172, Tema 2 ~ Sincretismo cultural.....174 Mundo conectado - Sincretismo religioso ..... 176 Mais de perto —Bloco afro Ili O68 de Min: as maos femininas que ‘tocam tambor para Xango 177 Arte em Projetos ~ Danga - Africa: ancestralidade € Movimento ws. 178 Misturando tudo 179 Capitulo 2 * 0 reiN0...eseen eee 180 Venha dancar! oe ABZ Venha cantar! 183 Tema 1 - Historias dangadas cantadas. 186 Mundo conectado ~ A geogratia da danga... renee BB, Mais de perto A sambad........ 189 Arte em Projetos ~ Danca - Dancando no ritmo do maracatu......190 Tema 2 ~ O maracatu contemporaneo ...... 193 Mundo conectado - A ciéncia e aarte do luthier... Mais de perto ~ Temas e historias... 200 Arte em Projetos ~ Missica ~ Criando uma alfaia.... Misturando tudo. Arte pelo tempo Arte e historia afrodescendentes REFERENCIAS. otocatpas hi PALAVRA-SOM Aarte apresenta mensagens sensacBes. Ha imagens em grandes formatos e palavras que ‘so sons. A arte esté em todos (5 lugares, cada um pode criar a sua, Ela faz parte da vida, e a sentimos a0 ver, ouvir, cantar, dancar, encenar.. ESPACO CENICO CORPO E DANCA As informactes das imagens das paginas 8 e 9 estao nas respectivas legendas no decorrer da unidade. gq uy F : i 3 a a i PAISAGEM SONORA PINTURA MURAL GRANDES FORMATOS ELE; ATELY. ODATES DE GLERSASELAP CULTURA DA PAZ ESCULTOPINTURA A arte de cada um Trajetorias para a arte © Arte: sentir, imaginar e criar L Vy Lh | © Tema 1 — Mensagens na arte 4 id * Arte em Projetos — Artes visuais a © Tema 2 — Sensacdes } * Arte em Projetos ~ Musica Indradhanush (2008), de Guerra de La Paz (Alain Guerra e Neraldo de La 1 roupas reaproveita rificadas, 3 m x 6 m x 2,4 m. a VENHA OLHAR! 12 Leia 0 texto e observe a imagem a seguir 3 iH = i : 2 E H i iz ‘Paz (1952-1956), de Candido Portinar. Oleo sobre madeira compensada. Cerca de 14m x 10m. Cada um tem um jeito de ver. E sempre uma aventura olhar, perceber... cores, linhas, formas... Luzes em tons claros ou mais escuros... Onde esto? Qual é a sua forma de olhar? De cima para baixo? De baixo para cima? De um lado ao outro? Venha olhar! O que ha para descobrir nessa imagem? AS pessoas € 0s outros animais esto em algum lugar. Onde sera? Criangas brincam. De que sera? Criangas em coro a cantar. Hd uma musica no ar. E uma festa? Tem gente que danca. € festa de cavalo-marinho ou de boi-bumba? E viver um dia de cada vez? O que Ihe parece? Tem emocao? Quem sente? Tanta cor usada por esse pintor, 6 para 0 nosso olhar... Somos muitos, cada um tem um jeito de ser e de fazer. Na arte, cada um tem a sua maneira de criar, olhar, sentir, cantar, encener.. VENHA ESCUTAR! Leia um trecho da letra de musica a seguir. Shimbalaié Shimbalaié, quando vejo 0 sol beijando o mar Shimbalaié, toda vez que ele vai repousar (2 x) Natureza, deusa do viver ‘Abeleza pura do nascer Uma flor brilhando & luz do sol Pescador entre o mar e 0 anzol Pensamento to livre quanto 0 céu Imagino um barco de papel Indo embora pra nao mais voltar Tendo como guia lemanjé shimbalaié, quando vejo o sol beijando o mar ‘oda vez que ele vai repousar (2 x) Quanto tempo leva pra aprender Que uma flor tem vida ao nascer Essa flor brilhando & luz do sol Pescador entre o mar e 0 anzol Shimbalaié, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaié, toda vez que ele vai repousar (2 x) MARIA GADU. Shimbalaié. Intérprete: Maria Gadi. c ‘Maria Gada. Rio de Janeiro: ‘Som Livre Edigdes Musicals, 2009. 1 CD. Faixa 4 GQUCA ARTE “"Shimbalaié”... que palavra seré essa? Shimbatae mere Vocé ja a viu em algum dicionario? ee eel Sera uma palavra da lingua portuguesa ou de outro idioma? vworw youtube com! watch?v=HHfpTmU-Iw& Seré que é nome de objetes, de elementos da natureza, de gente? | fnataist—rucoce Ou sera 0 nome de um som? IHs265DNY1j8319tFCvzFi Tudo na arte precisa de uma explicacdo ou tem arte que € pura | Eide. heesso ome 15 ‘maio 2018. invencéo? 13 © Arte: sentir, imaginar e criar Os artistas criam inspirados por aquilo 7" Que toca os seus sentimentos. As vezes, S40 temas ligados sua vida pessoal, como lembrancas, experiéncias, ideais. Em outras situac6es, eles podem expressar dramas, desejos e sonhos de muitas pessoas. Ao apreciarmos uma pintura ou ouvir- mos uma misica, assistirmos a uma peca de teatro ou a um espetaculo de danca, por exemplo, podemas ter varios pensa- mentos, lembrar historias e acontecimentos em relago & reuniao de imagens e sons a mensagens, a ideologias consideradas. Cada um tem seu jeito de olhar, de ouvir, de sentir. H4 muitas formas de criar arte, seja por meio de imagens, seja por meio de sons, movimentos, gestos e muito mais. Olhar atento e momento de contemplacgo diante da obra Yellow Relief with Blue (1991), de Elsworth Kelly (1923-2015), no ‘Museu Berardo, Lisboa, Portugal i i H i 14 Observando a reproducao da pintura Paz, de Portinari (1903-1962), e ao ler a letra da musica Shimbalaié, de Maria Gadd (1986-), 0 que vocé pensa sobre as. formas de criar e sentir a arte? Como vocé imagina que aconteceu 0 processo de criagdo desses dois artistas? 2. As cores, formas e outros elementos visuais que percebemos na pintura Paz expressam a visdo do artista sobre esse tema. Como vocé expressaria a sua visio da paz? 3+ modo como vocé se expressa por meio de desenhos, escrita, gestos ou fala € exatamente igual ao de alguém que vocé conhece? Vocé considera que a expresso na arte também é assim? Js A arte pode expressar sensacSes e sentimentos coletivos ou pessoais. Que tal escrever um poema, letra de musica ou fazer um desenho para expressar algo que esta acontecendo com vocé neste momento? Outra expressao artistica que vocé preferir pode ser criada para dizer algo sobre o que esta ocorrendo no nosso pafs ou no mundo, 4 Temai Mensagens na arte este trecho de letra de musica. Apaz Invadiu o meu coracao De repente, me encheu de paz Como se 0 vento de um tufao ‘Arrancasse meus pés do cho Onde eu j4 ndo me enterro mais Gil, Gilberto; DONATO, Joo. A paz, intérprete: Gilberto Gil, in GL, Gilberto. Gilberto Gil Unplugged. Rio de Janeiro: Warner Music Brasil, 1994, 1 CD. Faixa 7. A arte faz parte da vida de todos os povos do mundo, assim como o desejo de paz. Cada povo tem seu modo de criar a arte, assim como o de falar em paz. Todos os povos tém uma forma propria para a palavra “paz”. Em paises onde se fala 0 érabe, "paz" salam; na Alemanha, 0 desejo pela paz mundial pode ser expresso pela palavra Frieden; na China, diz-se hé ping; no Egito, encontramos registros de uso da palavra hetep; onde se fala 0 hebraico, ¢ shalom. Nos paises de lingua inglesa, diz-se peace; na Franga, paix. Mundo afora, todas as inguas tém uma palavra especial para esse desejo que o pintor brasileiro Candido Portinari um dia se dedicou a pintar: a paz. Escreva em seu Diario de arte o que sabe de obras que abordam 0 tema “paz”, a exemplo da musica de Gilberto Gil e Joao Donato e da pintura de Candido Portinari. ‘1. Que produces artisticas vocé descobriu? 2. Como a paz mundial est sendo tratada neste momento? 5 Vocé esta convidado! Ha propostas artisticas que, para compreendé-las, sentir sua mensagem ou as sensacbes que despertam, pedem mais do que ser apreciadas de longe: é preciso participar delas. Vale Participar da criacao da arte junto com o artista. Como isso € possivel? Vamos descobrir O artista, nesse caso, faz 0 convite ao puiblico e propde uma experiéncia, que é aceita por quem dela quiser participar. Trata-se de uma forma de compartilhar 0 processo criativo e artistico. Vamos conhecer uma obra assim? Observe a imagem a seguir. AMPLYANDO)) Na arte participativa u propositora o artista convida o pablico a desempenhar um papel ativo na interac com a obra de arte. Essa proposta pode acontecer em diferentes linguagens como imisica, performances e outras. Happening & uma linguagem artistica contemporanea que propée a interagao com o piblico. INSTTUD eM Ona! aes DR ROME 2 Obra Mapa Imagine a paz (2003), de Yoko Ono, no Instituto Tomie Ohtake, em 2017. Na obra Mapa Imagine a paz, um happening, da artista japonesa Yoko Ono (1933,), 0 Plblico recebe “instrucdes” para retirar um carimbo e pensar em que locais do mundo gostaria de espalhar a paz (peca 0 carimbo e cubra o mundo de paz). Desta forma, a artista propoe um momento de reflexao aos espectadores: que lugares do mundo necessitam de paz? © mundo precisa de pessoas que ajudem a construir culturas de paz? Yoko Ono cria propostas com a intencao de indluir o piiblico em seu proceso criativo, expressando o desejo de uma arte participativa com a intencao de fazer com que o publico reflita sobre questées relacionadas & arte e a politica, historia e vida cotidiana, provocando diferentes emocoes. | 4.0 conhecer a proposta artistica de Yoko Ono, 0 que vocé compreendeu? Que | Teflexdes essa obra provoca em vocé? 2.Como a arte pode propor mensagens sobre paz, direitos humanos ou outro | tema atual? Que tal criar um happening com os seus colegas? 16 Quem cria as imagens? Observe a imagem a seguir. A pintura registra um momento de violéncia. Quem a criou: 0 artista (0 autor da imagem) ou a realidade que provocou o seu olhar sensivel e critico? 0 painel Guernica (1937), de Pablo Picasso. Oleo sobre tela, 3,5 m x 7,76 m. Muitas obras marcaram a historia pela forca expressiva de suas imagens. € 0 caso de Guernica Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e no periodo imediatamente anterior a ela, diversos confltos nacionais e entre alguns paises afetaram a vida de milhdes de pessoas. Em 26 de abril de 1937, um dia aparentemente normal em uma vila centenéria da Espanha, bombas cairam do céu por trés horas. Era um bombardeio em meio a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), que teve participacdo direta da Forca Aérea da Alemanha nazista. Morreram mais de 1500 civis. Esse bombardeio serviu de experimento para o ataque contra diversas outras cidades europeias durante a Segunda Guerra Mundial. No mesmo ano de 1937, 0 artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973) criou a pintura conhecida como Guernica, nome da cidade bombardeada, Peca ajuda a seus professores de Arte e de Historia e realize uma pesquisa para entender melhor 0 momento histérico em que a pintura Guernica foi criada 4. Os horrores da guerra povoam essa pintura. Serd que o artista deixou expresso nela o seu desejo de que cenas como essas nao se repetissem? Em que pontos? 2. Olhando para a imagem de Guernica com atencao, qual é a sua opiniao sobre ela? Com o seu jeito de olhar, observe, descreva, analise, pense sobre as figuras dentro da obra de Picasso. 3. Por que ele criou essas imagens? O que o inspirou ou o motivou? 7 Cores e mensagens Observe a imagem a seguir. Indradhanush (2008), de Guerra de La Paz (Alain Guerra e Neraldo de La Paz). Escultura com roupas ‘encontradas em lixées e recicladas, 3 mx 6 m x 2,4 m. AMPLIANDO Instalacao é uma linguagem artistica contemporénea que utiliza diversos meios e suportes ~ por vezes, tecnolagicos — e ocupa um espaco (lugar) que pode ser visitado pelo ppablico, o qual, em alguns casos, pode até interagir com a proposta do artista A pattir do século XX, muitos materiais comecaram a fazer parte de obras. artisticas, indusive objetos cotidianos. Atualmente, sé usados muitos materiais para expres- sar ideias e desejos por meio da arte. Os artistas cubanos Alain Guerra (1968) e Neraldo de La Paz (1955) criam esculturas ¢ instalagées utilizando retalhos de tecidos e roupas. Exploram as cores do arco-iris como mensagem de respeito a diversidade, além de criticar as guerras € suas motivacées. As palavras Guerra e Paz fazer parte do nome dos artistas. Arte e atitude Os paingis Guerra e Paz, pintados por Candido Portinari, quando nao esto em exposi- do pelo mundo, ficam na sede da Organizacao das Nacdes Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. A ONU foi criada em outubro de 1945, apés a Segunda Guerra Mundial, para negociar conflitos, defender os direitos humanos, organizar e promover campanhas mundiais de cultura pela paz. Na seco Venha olhar!, voce ‘observou o painel Paz. Veja, agora, © painel Guerra, ® Guerra (1952-1956), de Candido Portinari, obra criada para a sede da ONU, em Nova York, EUA. Oleo sobre madeira compensada Cerca de 14m x 10m E E H is ig 2 ie e E é 5 E e é 1. Vocé j4 presenciou alguma briga na escola? Jd sofreu ou percebeu alguma injustiga? 2.0 que vocé faz quando seus amigos estéo envolvidos em algum conflito? 3. Que tal criar uma sede da ONU na sua escola? Essa pode ser uma proposta para trabalhar a promocdo da paz por meio da arte. Alunos, professores e membros da comunidade podem participar. Vocés podem criar desenhos, pinturas, musicas, dancas, pegas tea- trais, performances, elaborar estatutos da paz, entre outras ideias. 19 Olhar e ver Observe os detalhes do painel Paz, de Candido Portinari. 2 tl B ® Detalhes do painel ae Paz, de Candido B Portinari: coro de # criancas e mulheres ze dancando, Vamos observar novamente a imagem do painel Paz na secdo Venha olhar!. que vocé vé? Que caracteristicas da pintura transmitem a mensagem “paz”? Como essa imagem provoca vocé? No painel Paz, vemios varios grupos de pessoas, entre os quais um de criancas cantando. © que vocé nota nesse detalhe? Percorrendo a imagem com o olhar, também € possivel notar pessoas trabalhando, dancando, brincando. Em que mais vocé consegue reparar? Nesse painel, o artista nos apresenta uma visdo da vida em tempos de paz. Agora observe a imagem da pagina seguinte, os painéis Guerra e Paz, do artista. Compare essas duas imagens. Como 0 artista expressou o tema “guerra e paz”? Bake ae.) Candido Portinari (1903-1962) Comentérios de Candido Portinari: ‘Tenho pena dos que sofrem, e gostaria de ajudar a reme- diar a injustica social existente. Qualquer artista consciente sente 0 mesmo. 4 : ! il Candido Portinari, em depoimento ao poeta Vinicius de Moraes, publicado ostumamente em marco de 1962. PORTINARI, Candido. Guerra e Paz. In: BALBI, Marilia. Portinari: 0 pintor do Brasil. Sdo Paulo: Boitempo, 2003. p.12. 4) Candido Portinari, 1956. f | Vocé pode registrar sua opiniéo em seu Diario de arte. Escreva um texto que expresse suas ideias sobre o tema “guerra e paz”. @ DIARIO DE ARTE 20 mous ARTE EM PROJETOS Pinturas gigantes em cores e relevo Observe as imagens a seguir. © Paineis Guerra e Paz, obras de Candido Portinari, com cerca de 14m x 10 m cada uma. Os painéis Guerra e Paz, de Portinari, medem aproximadamente 14 metros de altura por 10 metros de largura cada um. Ja imaginou estar diante de pinturas gigantes como essas? Esses painéis so considerados produgées artisticas de grandes dimens6es, que exploram medidas enormes. Os criadores dessas obras buscam suportes que possam atender a esse fim. No mundo da arte, varias superficies servem de suporte; entre elas, algumas de grandes dimens6es, como murais, painéis, paredes, muros, trens, avides, cilin- dros de concreto. s iB g 5 8 E a i ie E E 5 1S le i ANPLTANDD)) Suportes so as superficies em ‘que podemos criar diferentes trabalhos attisticos, como parede, madeira, papel, tecido, peda, tela, material tecnolégico. Até mesmo ‘© corpo humano pode ser considerado ‘um suporte. 2 Arte muralista Para produzir obras gigantescas, além de pincéis, tintas e outros materials, em alguns casos 0s artistas precisarn também de escadas, andaimes e até guindastes. Na historia da arte, temos muitos exemplos de pinturas em grandes formatos, Observe as imagens a seguir. 5 YUST woeD Daa, iocuTay Cs eMC AOR PER LO CO} RTA DOE MDS) DEO AYER a7 a fate uh ager tn » 3B & 8 3s 5 & 3 ‘© Para pintar os painéis Guerra e Paz, Portinari subiu em escadas de varios tamanhos. ') Mural do grupo Objetos Pixadores Nao Identificados (OPNI) na fachada lateral de um prédio, No bairro de So Mateus, zona leste da cidade de So Paulo, 22 Arte em relevos Observe estes exemplos de obras de arte de grandes dimensées. AMPLIANDO)) 0 Movimento Muralista Mexicano nnasceu no inicio do século XX, no México. Motivados pelas ideias sociaistas, os artistas mexicanos iaram imagens de grandes dimensdes, preferencialmente em espagos piblicos, com a intencao de dialogar com as pessoas e tomar a arte mais acessivel a todos. Formas bidimensionais tém altura e largura (duas dimenses). J4 as tridimensionais s40 medidas por sua altura, largura e profundidade (ts dimensées) DO povona universidade e auniversidade para o povo (1952-1956), de David Alfaro Siqueiros. Mural nna fachada do prédio da Reitoria da Universidade Nacional Autonoma do México (Unam), campus Cidade do México. a iE 3s 8 a mexicano (1929-1935), mural de Diego Rivera na escadaria do Palacio Nacional, Cidade do México, (cite Eine hac toeToncaer a ‘co oe wexco esa eR me ao weeuN9 ae ec, Diego Rivera (1886-1957), que vimos pintando na pagina anterior, e David Alfaro Siqueiros (1896-1974) sao artistas que fizeram parte do Movimento Muralista Mexicano. O artista Siqueiros, além de criar muitas pinturas bidimensionais, também fez experiéncias com enormes painéis, conhecidos como escultopinturas. O que isso quer dizer? Aescultura é uma linguagem artistica tridimensional. A pintura teve, por certo tempo, na historia da arte, a tradicdo de ser bidimensional. Artistas como Siqueiros, porém, criaram pinturas em que as formas saltam do suporte. Para criar a obra O pove na universidade e a universidade para 0 povo (iniciada ern 1952 e inaugurada em 1956), o artista utilizou a tecnica de modelagem em concreto para fazer as figuras em relevo e depois as pintou. Assim, podemos, ao primeiro olhar, considerar que se trata de mais uma das pinturas bidimensionais desse artista. No entanto, olhando-a mais atentamente, vemos que essa obra tern altura, largura e profundidade. Artistas do Movimento Muralista Mexicano, como Rivera e Siqueiros, entre outros, usaram a parede como suporte e criaram pinturas em grandes formatos, muitas delas em locais publics 23 A cidade é o suporte Atualmente, artistas criam intervencdes em espacos piblicos. A cidade pode ser suporte, como no caso das pinturas em 3D (tridimensionais ou em trés dimens6es). Observe a imagem abaixo. Os holandeses Jeroen Koolhaas e Dre Urhahn, conhecidos como Haas&Hahn, promovem grandes pinturas sobre construgées em comunidades da cidade do Rio de Janeiro desde 2005, como as pinturas nas comunidades do Morro Santa Marta e da Vila Cruzeiro, © Parte do projeto Favela Painting, de Haas&Hahn, no Morro Santa Marta, Utilzando a linguagem dos grandes formatos e a tridimensionalidade das construcdes e do morro, a pintura colorida foi executada nas fachadas das casas e em parte da rua. Nesta outra imagem, uma escadaria de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro (Ri), mudou dras- ticamente de visual depois de receber desenhos de correnteza e carpas gigantes sobre a obra de contencdo de deslizamentos, formando um grande rio de formas e cores. A arte grafica da pintura se inspirou na estética tradicional japonesa. O projeto nessa comunidade foi realizado em 2008 e, na restauracao em 2018, recebeu outra versdo, em que foram empregadas técnicas de mosaico com ladrilhos pigmentados e recortados. € possivel perceber que 08 artistas exploram a tridimensiona- lidade tanto nos efeitos das pinturas em profundidade como no relevos das construgdes. © Parte da obra Rio Cruzeiro, concluida por Haas&Hahn e pela comunidade em 2008 e restaurada ern 2018 (no detalhe), 1. que sao suportes bidimensionais ou tridimensionais? 2. A obra de Siqueiros, apresentada na pagina anterior, é uma pintura exclusiva- mente bidimensional ou é também tridimensional? 3. Em sua localidade ha pinturas que usam a cidade como suporte? Essas obras so bidimensionais ou tridimensionais? 24 Criando em grandes formatos © Oficina 1 - Mural coletivo rie com seus colegas uma pintura mural de grande formato. Nessa pintura coletiva, cada um poderd criar um rosto de alguém que admire ou mesmo seu autorretrato. Outra ideia ¢ escolher um tema significativo para a turma e criar uma pintura coletiva em grandes dimensdes. Que mensagens voce é seus colegas podem expresser pela arte? Para realizar essa pintura, o suporte pode ser 0 muro ou a parede da escola. Peca orientacdo ao seu professor para solicitar as autoriza~ Ges necessarias no caso de se usar 0 prédio da escola como suporte. Caso nao seja possivel pintar diretamente sobre 0 prédio da escola, a turma pode se organizar e criar uma grande placa de papel como suporte. Depois de pronta, a pintura pode ficar exposta em algum local da escola. Vocé € seus colegas podem escolher trabalhar em superficies bidimensionais ou com formas tridimensionais. * Oficina 2 - Suportes bidimensionais Para criar em suportes bidimensionais, chame os colegas para fazer pinturas coletivas. Forme um painel com varias folhas de papel (cartolina branca, por exemplo), unindo-as com fita adesiva. Aplique as fitas apenas de um lado. Depois, vire a parte sem fita para pintar. Esse seré seu suporte! * Oficina 3 - Suportes tridimensionais Para criar obras de grande formato usando suportes tridimensionais, vocé e os colegas podem conseguir caixas grandes de papeldo (descartadas por lojas de comércio). Se estiver usando papel reciclavel, prepare a base da pintura com duas demos de tinta latex branca. 26 * Oficina 4 ~ Criando escultopinturas Para criar pinturas com volume ou com efeitos tridimensionais, vocé pode usar tintas- -relevo, que crescem com o calor, ou colar objetos sobre um suporte e depois pintd-los Ha tintas-relevo prontas para comprar e receitas caseiras para fazé-las (nesse caso, seré necessario 0 acompanhamento de um adulto). Na internet, pesquise em sites de confianca e solte a criatividade 2. Aqui é usada espuma expansiva em spray. comece a pinta. 4, Lave o pincel 20 mudar de cor de tinta C Pronto! Vocé criou sua escultopintura! Escolha e organize Para fazer arte, vocé, além de escolher assuntos, estilos ou temas, precisa conhecer os materiais com os quais trabalhara e também saber usé-los para tirar o melhor proveito deles. Assim, 6 fundamental que vocé escolha e organize as materialidades. Veja a imagem da obra criada pela artista Drika Chagas. Além de tintas, a artista usa objetos e tecidos para compor suas escul- topinturas na linguagem do grafite. ‘© Obra de Drika Chagas apresentada ra exposicao Sincretismo (2012). THREADED OF. 27 Gato na tuba 5 K = a | tem gato na tuba ‘Todo domingo, havia banda No coreto do jardim \ / E ja de longe a gente ouvia A tuba do Serafim.. Porém um dia entrou um gato oid ‘Na tuba do Serafim Eo resultado dessa “mel6dia” Foi que a tuba tocou assim: Pum... pum... pum.., (miau) Pum pu ru rum pum pum... (miau) Pum... pum... pum... (miau) Pum pu ru rum pur pum... (miau) mone asisaeR BRAGA, Carlos Alberto F. (Braguinha). Tem gato na tuba (Braguinha / Alberto ro). © 1947 by ‘Todamérica Edigdes Ltda. UGA ARTE . . ua, com seus colegas, Leia a cangdo apresentada acima em voz alta. Saboreie as ‘a mésica Bim Bom de palavras: certas sonoridades nos permitem viajar e experimentar feats or ns sensacbes novas. Um outro exemplo de musica que explora as | «i c palavras-sons 6 Bim Bom (1958), do compositor e cantor baiano Joao Gilberto (1931+). 1. Ao ouvir misicas que expressam “palavras-sons” podemos imaginar situagées ou ter sensacbes? Vamos exercitar a imaginagdo? Que “palavra-som” podemos inventar para a chuva, ondas do mar, sons de passaros? Como vocé pode escre- ver esses sons? 3. Como vocé pode inventar “palavras-sons” e criar letras de musicas com elas? Pronuncie e saboreie o som das “palavras-sons” criadas. 29 st) tte le FAIXAS 6e7 A voz das aguas, 0 som dos rios Vocé ja prestou atencao no som das aguas? Mar, rio, chuva ou até mesmo o som das torneiras da sua casa? Os sons so iguais? O que 6 que varia? O artista plastico carioca Cildo Meireles (1948-) resol- veu viajar pelo Brasil 8 procura das sonoridades das bacias hidrogréficas do nosso pais. Para apresentar sua pesquisa, O artista, desde 2011, cria instalacoes com nome RIO:OIR usando os arquivos sonoros, registros de suas viagens. Imagine entrar em uma sala escura e ouvir diferentes sons Winegeendesiodeaitileebadtr das aguas brasileiras? rio: uma escultura sonora de Durante a realizacdo desse projeto artistico, Cildo Ido Meireles, sobre 0 processo Meireles pode observar, lado a lado, a beleza das paisa- _e ; acesso em: 15 maio 2018). A axpor nossas artista contemplava um fim de tarde e quis registrar suas sensacOes. — sensacdes e emocies "Shimbalaié" é uma “palavra-som” que expressa a sensagdo e a ima- 20 criar uma misica? ginacao no momento da criacao da musica Imagine sons que podem expressar suas | E 05 sons que ouvimos, eles também influenciam nossas sensacées € emogies? Sons como 0 do vento, do mar, dos rios, das cidades, de instru- ‘“: a = neste momento. Que rmentos musicais? Que sons vocé gosta de owvi? E de quais sons voce N20 She aparece? gosta? Que sons podem inspirar voce a criar "palavras-sons"? a Pe sensagies e emocies Lal ual be tabla) Maria Gadi (1986-) Maria Gadd nasceu em Sao Paulo e desde crianca cria composigées musicais. Ela revelou que aprendeu a cantar com sua avé, que foi cantora lirica. Costuma dizer que a pesquisa é importante para criar na linguagem da misica: Ougo de tudo. Sem preconceito algum [J Gosto de pesquisar, fugar aquilo que nao esté ao alcance de todos. [..] Apud CASALETT, Danilo. Gravar um disco para 28 pessoas gostarem ou fcar famoso “uma grande bestera, Epoca, Rio de Janeiro: Globo, 22 ago. 2003, Disponivel em: Cantora e compositora Maria Gad em — COUPARATAS:PESSOAS+GOSTAREM+OUsFICAR+FAMOSO+ Show do projeto Mulheres do Brasil em Sao TAUMAZGRANDESBESTE.html>. Acesso em: 20 abr. 2018. Paulo, 30 abr. 2010 @ DIARIO DE ARTE Ouca suas misicas preferidas. Faca desenhos enquanto as ouve ou crie imagens para descrever as sensacdes que elas Ihe provocam. 31 ARTE EM PROJETOS FAIXAS a7 Sons e lugares Vocé jé notou que sempre estamos ouvindo alguma coisa? O mundo nao é silencioso. Mesmo quando estamos em locais muito tranquilos, ouvimos algum tipo de som. Desde que Nossa audicao esteja saudavel, estamos expostos ao mundo sonoro constantemente, ou seja, nunca paramos de ouvir. Observe a imagem a seguir iE ie 2 Fi ‘Imagem de Espelho sonoro, da mostra Oi Futuro — Flamengo, Rio de Janeiro, na Bienal de Arte Digital, marco-abril de 2078. Vocé ja reparou nesse mundo sonoro a sua volta? Sons gerados por elementos da natureza (animais, pessoas, passaros, insetos, vento, agua), Sons produzidos por coisas inventadas pelos seres humanos (maquinas, carros, instrumentos musicais, utensilios domeésticos etc). E ainda temos a musicalidade de cada regio. Esses sons, organizados ou no, naturais ou produzidos, podem marcar as caracteristicas e a identidade de um lugar. Percebemos que no meio ambiente e no meio cultural existem sons que ficam marcados na nossa meméria. Na imagem vemos um trabalho do artista Rodrigo Ramos, com titulo de Espelho sonoro. Este € um projeto de pesquisa de arte que propde mapear os sons de um lugar e, por meio de tecnologia, convidar as pessoas a ter uma experiéncia com paisagens sonoras. 32 wats Criar, combinar e integrar expresses sonoras Voce percebe os sons caracteristicos de certos ambientes? Existem varios tipos de sons. Podemos percebé-los registré-los. Faca uma experiéncia auditiva. Preste atencdo, por alguns instantes, nos sons do ambiente onde vocé esté e procure distingui-los. 4. Hd sons muito longos? 2. Outros sons so mais curtos? 3. Quais sons se repetem? 4, Voce percebe sons graves, agudos, fortes, fracos, de timbres diferentes? Os sons podem ser classificados com base no estudo de caracteristicas das fontes sonoras. Durante nossa vida, temos experiéncias com inumeras sonoridades diferentes. Com o tempo, criamos uma espécie de memoria sonora. E por essa razSo que aprendemos a reconhecer os sons, seja a voz de uma pessoa ou o ruido de um carro ou de um lugar. Assim, aprendemos a perceber pardmetros sonoros que so classificados, de modo geral, em: timbre, intensidade, altura e duracao. rie palavras-sons Perceba sons e invente um modo de registra-los por escrito. Caminhe pela escola ou proximo de casa e faca uma coletanea de sons. Por meio de desenhos e palavras-sons, represente num caderno ou no seu Diario de arte os sons que vocé descobriu. H i Compondo, regendo e interpretando Na linguagem da musica, temos o compositor ou a composi- tora, que é a pessoa que cria a peca musical. Os muisicos, chamados também de intérpretes, sé aqueles que a executam. O regente ou a regente é quem auxilia 0 conjunto de intérpretes a realizar a musica, indicando a entrada dos instrumentos, o andamento e a expresso da obra musical. Assim, ha quem cria a musica, quem a rege e quem a interpreta {cantando ou tocando instrumentos), 0 que néo impede que um regente seja também compositor e, por vezes, intérprete A regente Marin Alsop conduz uma orquestra. Londres, Inglaterra, Foto de 2013 1, Vocé sabe 0 que um regente ou uma regente faz? 2. E um compositor ou compositora, faz o qué? 3. Que importancia eles todos tém para a musica? 4. Quem canta uma mdsica ou toca instrumentos é chamado de qué? 34 Jogo de criacdo e interpretacao musical Vamos experimentar compor, reger e cantar? Combine com a sua ‘turma e professores. Vamos iniciar fazendo uma roda, com todos senta- dos ou em pé. Pronto! Jé podemos comecar! Uma pessoa serd o regente. Outra sera 0 compositor. Todos na roda serdo os muisicos (intérpretes). Veja a funcao de cada participante: * compositor — deve criar cinco expressées sonoras ou “palavras- -sons" (exemplos: sons em forma de onomatopeia, sussurro, ritmo vocal, som de risada, zumbido, chiado, entre outros), que serso distribuidas pelo compositor a cinco grupos de musicos formados na classe; © misicos — distribuidos em cinco grupos, eles realizarao as expres- ses sonoras propostas pelo compositor, conforme as indicacoes do regente; '* regente — por meio de gestos, o regente indicaré a “entrada” (inicio) e a “saida” (finalizagao) da interpretagao dos misicos de suas respectivas express6es. O regente pode indicar um ou mais grupos de misicos por vez. Os misicos interpretarao a sua expressao sonora até que 0 regente indique que parem. Sempre por meio de gestos, ele indicara se um dado grupo deve interpretar mais forte ou mais fraco, mais rapido ou mais lento. Para que 0 jogo seja dinamico, sugerimos que essa experiéncia musical nao dure mais do que um minuto e meio. MISTURANDO 35 EG O lugar da arte Trajetorias para a arte * Imaginar e encenar * Tema 1 — Arte e lugar Arte em Projetos — Teatro Tema 2 — Dana, espaco e cois fe em Projetos — Danca 38 VENHA ENCENAR! Observe a imagem a seguir ‘Cena da peca A Rainha procura..., da Cia. do Quintal, encenada sobre um tabuleiro de xadrez, em Sao Paulo (SP), 2013. Onde esses personagens esto? Eles estdo indo ou voltando? Olhe para um, olhe para outro. Quem tem a expressdo mais marota? Quem tem a roupa mais engracada ou mais engomada? E um lugar de jogar xadrez? Talvez de brincar com vocés, quem sabe? O teatro também é um jeito de jogar. E que jogo sera esse que sempre busca um lugar para encenar? Rua, paleo, picadeiro... E 0 patio da escola? Sera que também da? VENHA DANCAR! Observe a imagem a seguir. Dancarinos de street dance na Cidade do Rack, no Rock in Rio de 2013. Ver para a rua, ver dancar! Sera a rua o lugar de encenar? Ou 56 0 teatro com cenarios de rua é o lugar? O que vemos na imagem? Street, em inglés; rua, em portugués. Arte da rua, arte do mundo, s6 falta vocé! Se for na rua, luz do sol é bern-vinda ao espetaculo. Gente na plateia, entaéo, nem se fala! Se for no palco, as luzes so outras; sao elétricas, coloridas na iluminacao para marcar cada passo, cada acéo. Arte que acontece em muitos lugares. Basta ser espaco cénico e se forma af um luger. Tem passo para cd e passo para ld! Quem se arrisca a dangar? 39 RETO AD HODES © Imaginar e encenar Leia este trecho do poema As lig6es de R. Q., de Manoel de Barros. O olho vé, a lernbranca revé e a imaginagao transvé. £ preciso transver o mundo. BARROS, Manoel de. As ligdes de R. Q. In Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 75. Vocé ja imaginou ser um super-her6i, transformar objetos em personagens? JA brincou de faz de conta? Manoel de Barros (1916-2014), com suas palavras poéticas, nos convida a pensar sobre a imaginacao e a arte. Vernos as coisas no mundo e, por meio da imaginacao, podemos criar, inventar novas formas de olhar, ouvir e sentir, “transver 0 mundo". Pode-se concluir que “transver", palavra criada por ele, significa olhar além, de um jeito proprio e poético No teatro, podemos criar cenas “transvendo" o mundo. O que isso quer dizer? Significa aprender a criar encenacdes a partir de brincadeiras de faz de conta, jogos teatrais, sempre usando a imaginacao. Representar personagens, encenar uma historia sao acbes das artes cénicas, Para uma aco cénica em teatro, podemos escolher lugares para imaginar, criar e encenar. = Como vocé vé e “transvé" 0 mundo? Como vocé interpreta as palavras do poeta Manoel de Barros no trecho do poema As ligdes de R. Q. Tena Arte e lugar Qual ¢ 0 lugar de fazer e apresentar a arte? Existe um lugar especifico ou sera que a arte pode estar em diferentes espacos? Ao andarmos pelas cidades, podemos ‘observar que acontecem manifestacdes artisticas. Podem ser dan¢as, pinturas, atores trabalhando em plena praca pliblica e outras manifestacoes. Serd que a arte pode estar por toda parte? Qual é 0 lugar de fazer arte? Neste capitulo, vamos estudar as linguagens do teatro e da danca, duas das linguagens das artes c&nicas. 1, Voce ja assistiu a uma apresentacao artistica com essas linguagens cénicas em um espaco piiblico (ruas, pracas, shopping ou outro)? Ja assistiu a algum espetaculo de teatro em video? | | | __2. Nas segdes Venha encenar! e Venha dancar! foram apresentados 0 | grupo Cia. do Quintal e dancarinos de street dance, que se expres- | __ sam em espacos cénicos de rua e palco. Que tal saber mais? Peca | ‘orientacéo ao seu professor e faca uma pesquisa para conhecer | melhor essas produces. | 8. Observe a ilustracaio. Como voce percebe as variacdes de espacos | Para as apresentac6es das linguagens do teatro e da danca? O que vocé descobriu ao ler os textos e apreciar a imagem abaixo? O lugar de onde se vé A palavra “teatro” deriva da palavra grega théatron, que significa “lugar de onde se ve". “Teatro”, assim, representa tanto a linguagem artistica quanto o prédio destinado a apresen- tacbes cénicas. Observe a imagem a seguir. Imagine como era apresentar e ver pecas teatrais e espeta- culos de misica e danca nesse lugar na época dos gregos antigos! na ‘Teatro de Epidauro, na Grécia: na plateia, cabiam até 14 mil pessoas. © espaco cénico, apresentado acima, foi construido no século IV aC. pelo arquiteto grego Policleto (470-405 a.C.), o Teatro de Epidauro caracteriza-se por uma extraordindria acustica. Nesse espaco, que acomodava aproximadamente 14 mil espectadores, um simples estalar de dedos é ouvido até nas Uitimas fileiras. = AMPLIANDO D) | 1. Qualquer lugar pode ser adaptado para uma Acisticaé uma érea da apresentag3o cénica? Fisica que estuda os sons e os fendmenos a eles relacionados. 2. Em sua escola, o patio, os corredores ou o local de fm referéncia a salas, palcos ou entrada podem ser espacos cénicos? ambientes, 0 termo "acistica representa as qualidades 3. Vocé ja fez teatro na escola ou em outro lugar? fiscas deles que influenciam a percencih de coed Gostaria de participar dessa arte cénica? Nas manifestacdes cénicas da Grécia antiga, a intencdo inicial era homenagear Dionisio (ou Dioniso), deus do vinho, das festas e do teatro. As apresentacoes ocorriam apés a colheita das uvas, em forma de rituals para agradecer a esse deus. Agora, observe as imagens a seguit. 5 ‘© Arte grega antiga de marmore em baixo-relevo, com cena teatral do Tito de Dionisio. Representa as bacantes, personagens da tragédia de Euripedes (480-406 a.C)) As pessoas que presenciam um fato ou assistem a uma producao artistica, seja peca de teatro, espetaculo de danca ou misica, seja outro tipo de arte, séo chamadas de espectadores. Dessa palavra nasceu, depois da invencao da televisdo, o termo ® Anfora de ceramica retratando Dionisio, de Pintor de Priamo "telespectador”, (sec. Via.C). 11, Ao apreciar as imagens criadas pelos gregos antigos, que histérias vocé imagina? 2. Que tal criar historias em quadrinhos com elas, dese- nhé-las ou criar cenas de teatro ou danga sobre essas passagens hist6ricas mitolégicas? 3. Como © som se propaga em ambientes como os teatros construidos pelos gregos antigos? MUNDO CONECTADO LEIA ARTE Joan Miré: 0 céu contra a guerra Sao Paulo: Folha de S.Paulo, 2014, (Colegéo Folha Grandes Mestres da Pintura). A rua: lugar de encontros Observe a imagem a seguir i : 2 F i 3 ‘> Mulher na frente do Sol (1950), de Joan Mird. Oleo sobre tela, 65cm x 50 cm. Agora, vamos pensar um pouco no significado desta afirmacao: “Mir6, 0 artista que nos convidou a ver tudo como se fosse a pri- meira vez", usada por Lucinda Canelas em seu artigo no site Ipsilon (disponivel em: ; acesso em: 22 maio 2018). Imagens e cores fantasticas ‘A tua e suas cores tornam-se um espaco de encontro de muitas artes. O teatro de bonecos encanta o olhar do publico, que vé acontecer, a céu aberto, a arte cénica. O artista espanhol Joan Miré (1893-1983) inspira (© grupo de teatro De Pernas Pro Ar, do Rio Grande do Sul, a criar bonecos gigantes que parecem ter saltado das telas desse pintor catalao. E como ver o mundo pela primeira vez numa explosdo de cores e gestos. Artes visuais e cénicas encontram-se na arte de rua. grupo de teatro De Pernas Pro Ar vem se apresentando desde 1988 em varios espacos ptiblicos. Sua proposta é estimular os espectadores a entrar em um universo imaginario, repleto de seres coloridos e hist6- rias fantasticas. A musica também faz parte desses espetaculos, que misturam diversas linguagens artisticas. Veja um exemplo dessa proposta na imagem ao lado. (2014), do grupo de teatro De Pernas Pro Ar. 1. O grupo de teatro De Pernas Pro Ar obser- vou a obra de Miré e teve a ideia de criar uma peca teatral. O que vocé achou dessa iniciativa? 2. Imagens feitas por pintores podem ganhar vida com o trabalho dos atores e dos figurinistas? outros criadores de artes visuais e suas obras? Elabore cenas teatrais e figurinos com base nas imagens que vocé pesquisar. | 3. Que tal pesquisar mais sobre Joan Miré & CUEQUE ARTE Grupo de teatro De Pernas Pro Ar. Site oficial, disponivel em: . Acesso em: 22 maio 2018. Figurinista, nas artes cénicas, é 0 profissional que ctia as roupas que serao usadas pees personagens, 0s chamados rinos". Estes so elaborados com base no estudo dos personagens e do contexto do espetéculo. Assim, podem representar épocas e estilo artisticos, como 0s figurinos inspirados nas pinturas de Mir. 45 (MRNA SOU No palco ou na rua, o fenémeno teatral pode trazer alegria, conhecimento, muitas brin- cadeiras, estimulando nossos pensamentos. © teatro de rua produzido em locais externos, ao ar livre, como largos e pracas, ou ainda em locais ndo convencionais, como estagdes de trem e de metré, mercados e escolas, entre outros. Essa forma de fazer teatro tem origem na Antiguidade grega, como vimos, mas continua muito presente nos dias de hoje. grupo de teatro Buraco d’Oréculo, com a peca A farsa do bom enganador, apre- senta-se pelas ruas de todo o Brasil, proporcionando alegria, encontros e cidadania cultural. Encenada pela primeira vez em 2006, a peca mostra as diferencas e os conflitos das classes sociais, discute o poder e a vaidade das pessoas. Ha grupos teatrais que adotam a proposta de se apresentar em espacos nao convencio- nais. Seus atores utilizam 0 corpo e a voz para se comunicar com as pessoas de forma livre & demacratica, pois a participacao do publico é direta e espontanea. Esses grupos costumam ocupar ruas e pragas das cidades, transformando-as em espaco de encenacdo, proporcionando a muitas pessoas a possibilidade de apreciar essa arte 9 Cena do espetaculo teatral de rua A farsa do bom enganador, da Cia. Buraco d'Oraculo, ‘em Sao Paulo (SP), 2006, | Sao muitas as formas e os estilos de ence- nacSo, Cada grupo de teatro tem o seu jeito de criar arte de rua A. Vocé j4 presenciou uma apresentagado como CLIQUE ARTE as apresentadas neste capitulo? Buraco d’Ordculo. Blogue oficial do . grupo, com biografias, imagens e sinapse ®. Sera que esta acontecendo algum espetaculo dos trabalho, repertéros e publicacoes, de teatro de rua perto da sua casa? Dispenive en “site ivi. profescant \ ‘Acesso em: 6 jun. 2018, Improvisar e jogar CLIQUE ARTE Cia. do Quintal. Site oficial desse grupo de teatro, com “vara do tempo” Ginha do tempo), detalhes imagens sobre as montagens, os projetos @ 0s cursos, Disponivel em: . Acesso em: 22 maio 2018. © Cena da peca A Rainha procura... (620 Paulo, 2013), da Cia. do Quintal. A peca A Rainha procura..., realizada sobre um grande tabuleiro de xadrez colocado no chao, tem um roteiro basico, de modo que atores e atrizes encenam de forma livre e improvisada. A Rainha — vivida pela atriz Rhena de Faria — encontra-se solitdria, pois seu reino foi massacrado por um exército adversario € um pedo, que era seu fiel escudeiro. Para recompor (9 reino e acabar com sua solidao, a Rainha abre testes para bispos, cavalos, torres, pedes e outras pecas de seu tabuleiro. Contudo, seus planos mudam de rumo com a aparicao de dois palhacos que preferem ser bobos da corte a servir como defensores do territ6rio. A Rainha decide, ento, promover um teste para bobos da corte, no qual os candidates terao a dificil tarefa de alegra-la com os mais inusitados desafios. Apenas um candidato sera escolhido, enquanto 0 outro tera a cabeca cortada. Para tomar a melhor decisdo, a Rainha precisaré da ajuda do povo ~ a plateia, que seré chamada a participar da cena. Got label Rhena de Faria (1974-) Improvisacio teatral para mim é a arte do jogo, a arte de estar aberto as possibilidades. Eu diria que 0s principios mais basicos da improvisagao S40 a escuta e a aceitacao, Depoimento da atriz Rhena de Faria. BRADSHAW, Lala. Rhena de Faria: 2 improvisago em passos de danca, Improvisando, 24 jan. 2010. Disponivel em: . Acesso em: 22 maio 2018. @ Rainha procura.... 47 ARTE EM PROJETOS Improvisacao teatral Podemos entender a improvisagéo como uma técnica do ator que encena algo imprevisto, nao preparado antecipadamente. Trata-se de uma cria¢do no momento da aco no espaco cénico. Ou, ainda, podemos entendé-la como um conjunto de situagées ou intencdes que 0s atores preparam parcialmente para fazer, elaborando uma estrutura essencial em que a improvisacéo acontece com base em um roteiro ensaiado, mas nao fechado, conforme a Proposta da peca a ser encenada. Veja outro exemplo a seguir. ‘imagem de cena da peca Jogando no quintal, da Cia. do Quintal, 2012. Na peca Jogando no quintal, outro espetculo da Cia. do Quintal, improvisar é a palavra de ordem, tanto que tem um subtitulo: jogo de improvisagao de palhacos. Na cena reproduzida, vemos @ participacao do publico, que em alguns momentos da peca impulsiona Os artistas em cena a improvisar falas e aces, pois 0 que os participantes do piiblico vao dizer ou fazer em cena nao é combinado. £ um jogo em que os atores propdem o comego, mas nao sabem o resultado final. 1. Ao ouvir a palavra “improvisar”, o que Ihe vem a cabeca? 2. Em seu dia a dia, vocé percebe as situacdes em que tem de improvisar? 3. No teatro, como acontece a improvisacao? 48 * Oficina 1 - Improvisando o tema Vamos improvisar uma cena? Observe estas orientagbes: o professor vai dizer o titulo de um filme, desenho, novela, histéria ou livro, e vocé tera de indicar esse nome por meio de expressao corporal. O desafio € que vocé ndo podera usar a voz, objetos ou outro recurso cénico externo. Utilize apenas a expressao do seu corpo, fazendo mimicas para comunicar 0 que o professor disse em sua orelha. Somente ele e voce saberao do que se trata. O desafio é repassar aos colegas de sala informacdes que facam que eles descubram o que é Em um limite de tempo combinado, eles terao de adivinhar o que voce esta querendo dizer por meio da sua expressao corporal. * Oficina 2 - Improvisando com objetos Nesta proposta 0 desafio é improvisar um espaco cénico e uma cena teatral com base ‘em um objeto. Cada um dos alunos deve trazer um objeto para a sala de aula e colocé-los em uma caixa de papeldo grande. A professora ou © professor forma uma roda com a turma toda e determina o espaco cénico. A improvisacao se inicia com a retirada dos objetos da caixa e a definigao do que 0 objeto sugere, criando cenas improvisadas. userags- Pe EDIE Que tal criar um festival de teatro na sua escola? O lugar para as apresentacGes (espaco cénico) pode ser 0 patio da escola, o sagudo de entrada, a sala de aula... Talvez um bom foco para o festival seja a improvisacao com 0 uso de objetos. O convite para participar deve ser estendido a todos. Peca orien- taco ao seu professor para solicitar autorizages e organizar o uso dos espacos na escola e na escolha de objetos para a improvisagao teatral. Comente no Diario de arte suas experiéncias com situagdes de improvisaco com a linguagem do teatro. O que vocé aprendeu sobre improvisag3o teatral e espaco cénico? 49 Tema2 | Dang¢a, espaco e coil A dana é uma linguagem artistica que usamos hd muito tempo como expres- 380. Ha milhares e milhares de anos, as pessoas ja praticavam algum tipo de danca Dancavam pela natureza, pela sobrevivéncia, para fazer um agradecimento... No decorrer desses milhares de anos, a danca foi se modificando e ampliando seus sentidos e formatos. Hoje, as pessoas podem dangar até em planos verticais ‘Cena de danca em escalada do espetaculo VeRo (2016), que fesgatou coreografias verticais de Velox. € Rota, da Cia. de Danca Deborah Colker. 50 Corpo no espaco cénico Velox, de 1995, foi um dos primeiros espetaculos da Cia. de Dan¢a Deborah Colker, de inovacao reconhecida em todo o mundo. Em 2006, no espetaculo Dinamo, parte de suas cenas foi resga- tada em uma nova montagem feita para apresentacdes durante as Olimpiadas de 2016, no Rio de Janeiro. Dinamo mistura a coreo- grafia vertical de Velox com futebol, atletismo, rapel, esca- lada e muita imaginacao, desafiando a propria gravidade. Os dancarinos movimentam-se com destreza, forca e elegancia, tudo isso em um cenario que trabalha também com a parte vertical do espago cénico. Um jeito diferente de dangar, pen- durados em cordas e jogando futebol no campo vertical e horizontal ou escalando paredes com movimentos precisos. ‘® Detalhe de cena do espetaculo Dinamo (2006), da Cia. de Danca Deborah Colker. Na coreografia do espetéculo Dinamo é utilizada até bola de futebol, simulando um jogo entre equipes e criando uma realidade objetiva para a cena. Por apresentar varias cenas na vertical do cenario, tanto 0 espetéculo Velox quanto o Dinamo proporcionaram uma nova visdo da plateia sobre a encenacao da danca, estabelecendo uma outra relacao publico-espetaculo. | a. vocé ja se imaginou dancando em uma parede, vertical- mente, e até de ponta-cabeca, e dangando com objetos? 2. Que tal pesquisar na escola que ambientes e situacdes & possivel experimentar? Vamos nos expressar, criar um movimento, experimentar ocupar varios espacos planos com esse movimento? ® Veja no material audiovisual o video ( corpo que danca. ADEA DERN COUERUE REO CLIQUE ARTE Cia. de Danca Deborah Colker. site oficial com a trajtéria dda compantia, detalhes imagens das obras projetos, e sobre 0 processo de cracéo. Disponivel em: . Acesso fem: 22 maio 2018. 51 BU tatat lt Corpo e danca Observe as imagens. Trata-se de uma cena do espetdculo de teatro e danca Judite quer chorar, mas nao consegue! (2006), protagonizado pelo ator, ballarino e coreégrafo Edu O. ® Judite quer chorar, mas nao conseguel, de Edu O. Coreografia em que a lagarta Judite nao quer se tomar borboleta. Desde criancas nos manifestamos por movimentos. Mover-se, andar, correr, pular, girar... Sao atitudes corporais naturais que nos permitem conhecer e superar nossos “limites” de movimento. Sera que para dancar basta ter um corpo? Nao existem padrées; cada um pode descobrir suas potencialidades em relacéo a capacidade de criar movimentos dangados. Também é preciso ter a intengo de criar movimentos dancados — do contrario, os movimentos seriam cotidianos, no dancados. Mas é certo que todos podemos experimentar as potencialidades que © nosso corpo nos oferece em relacdo ao movimento dancado ou nao, Se estudarmos Nossa anatomia, vamos descobrir que ossos, musculos, tendées e ligamentos movimentam © corpo. Também podemos notar que ha diferencas de anatomia entre uma pessoa e outra. Cada corpo tem uma forma, volume e peso, mas isso ndo significa olhar com preconceito e censura para o direito que cada pessoa tem de se expressar na linguagem da danca Muitos artistas com deficiéncia fisica dangam e criam sua arte. Mesmo que o corpo tenha alguma limitacéo, ele 6 capaz de se movimentar e dancar. E 0 caso de Edu O., que danca e tia poesia com 0 corpo do jeito que ele é. Ele diz em entrevistas que desde crianca aprendeu a movimentar 0 corpo para brincar e dancar do seu jeito. Esse artista encontrou uma maneira especial de ser e estar no mundo com o seu corpo. @ DIARIO DE ARTE Converse com os colegas e professor sobre a diversidade de tipos fisicos ¢ a acei- tag&o das pessoas como elas so e como movimentam o corpo. Sera que isso ajuda a diminuir as ideias preconceituosas sobre corpo e danca? Registre sua opinio em seu Diério de arte. 52 Corpo, lugar e danca ‘Arua é um ambiente que pode ser explorado por meio da danca. A ocupacao de espacos puiblicos com a danca é notavel. Ha festivais de danca pelo Brasil e pelo mundo, com apresen- tac6es de grupos que tém na danca de rua, conhecida mundialmente por street dance, uma forma de expresso. A street dance compée-se de varios estilos, como o freestyle (estilo livre) ou 0 breaking, seu estilo tradicional. As dancarinas e os dangarinos desenvolvem um gestual de movimentos coordenados, harmoniosos e precisos. Observe as imagens a seguir. OSE FEAO/ OT Apresentacdo de street dance da Companhia Brainstorm, de Curitiba. A street dance faz parte de um movi- mento cultural maior, conhecido como hip-hop, que teve origem nos Estados Unidos. Esse movimento é composto de outras lingua- gens artisticas, que se dividem em trés areas: na masica, os rappers, os Dis (disc jockeys) e os MCs (mestres de ceriménias); nas artes visuais, 0 grafite; na danca, a street dance com seus varios estilos. ® Dangarinos de street dance = na Cidade do Rock, no Rock in Rio de 2013, @ DIARIO DE ARTE Cada pessoa, a partir de como gosta de se movimentar, pode encontrar seu jeito e lugar para dancar! Registre em seu Diario de arte como vocé gosta de dangar, como percebe seus proprios movimentos dancados e onde e com quem gosta de dangar. 53 ARTE EM PROJETOS Movimentos dancados ‘A danca é uma linquagem artistica. Para criar nessa linguagem é importante ter intenc3o poética, ou seja, um jeito de se movimentar criado para expressar uma sensacao, uma ideia. Podemos dancar com todo 0 corpo ou apenas uma parte dele. O corpo é nossa materialidade expressiva; é a ferramenta com que criamos a danca, uma arte do movimento. Podemos ainda dancar em festas, manifestac6es populares em nossa cidade; criar coreografias e dancar. Nao existe lugar ou corpo ideal, mas pode haver intencao. Qual é a sua forma de dancar? nm -aigncties on aes a am & ® R a Combine com o professor e junte sua turma em um espaco livre, como o patio da escola, e faca uma grande roda. Abram os bracos e deem as maos aos colegas de cada lado. Em seguida, soltem as maos, mantendo um espaco entre vocés. Com a roda formada, a turma vai escolher um sentimento (amor, raiva, medo, alegria, entre outros) para representa-lo. Apés a escolha, um aluno vai até o meio da roda e faz um gesto ou movimento livre para representar o sentimento escolhido. Trés colegas faréo outro gesto ou movimento corporal para representar o mesmo sentimento, Ao completar quatro movimentos diferentes que representem o mesmo sentimento, a turma teré uma pequena coreografia. Juntem os quatro movimentos sequencialmente para que © grupo de quatro alunos dance um trecho de uma musica, criando um pequeno espe- taculo de danca. Convide toda a roda a fazer a mesma coreografia; assim, a turma toda dancara em roda. Eleja mais um sentimento e faca outra rodada de movimentos, montando uma nova coreo- grafia. Repita varias vezes a brincadeira, trocando o sentimento e os participantes do jogo. ‘LSTAgs: a ARE 54 © Oficina 2 - Danga e comunicacéo ‘A gente também se comunica por meio da danca? Como? Que tal criar movimentos dangados que expressem uma ideia especifica? Explore gestos cotidianos para criar sequéncias coreograficas. + PERTO DE voce Pesquise se préximo de voce haverd alguma @ orARIO DE ARTE apresentagao de danca. Dependendo do horério © que vocé descobriu no universo da arte ao estudar esta ‘ do local, convide os Unidade? colegas de turma, os Que tal registrar com desenhos, anotacées ou poesias suas | professores, seus pais experiéncias artisticas em seu Diario de arte? ‘ou responséveis, Vocé pode, também, fazer pesquisas sobre os artistas dos | ¢ muito estimulante quais quer saber mais, entre outras curiosidades. Como artista que é, traga o seu Diario de arte sempre perto de vocé. assistir a essa forma de artel Neste capitulo, vocé estudou as linguagens do teatro e da danca. 4, Que relacées essas producées artisticas tem em comum? Quais sao as suas particularidades? 2. O que vocé aprendeu sobre 0 espaco cénico? 3. Como se classificam as linguagens cénicas? 4, Voce conheceu alguns grupos de teatro e de danca. Faca uma pesquisa para conhecer melhor esses artistas e suas producoes. 5, E 0s espacos cénicos? Vocé conhece algum na sua regio? Quais? 6. € possivel criar arte na escola? Criar espagos cénicos? Como? 5) Apresentacao da danca do pau de fitas durante o Concurso Estadual de Dancas Tradicionalistas em Santa Maria, RS. 55

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