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Biossegurança de produtos transgênicos

O intenso avanço da pesquisa biotecnológica provoca hoje uma crescente mobilização da


sociedade e dos Poderes Públicos quanto à absorção dos seus resultados - reações positivas
com relação aos benefícios aportados pela biotecnologia e reações negativas quanto aos riscos
tecnológicos.

Quando se trata de riscos tecnológicos, não se está lidando apenas com a incerteza econômica
ou científica e tecnológica, mas também com a incerteza ética e moral. À primeira ordem de
incertezas, a sociedade responde com o estabelecimento de regulação técnica mais estrita, por
exemplo, no campo da biossegurança, do uso de animais para pesquisa e da propriedade e
comércio de bens de alto conteúdo tecnológico. Relativamente à segunda categoria de
incertezas, além do debate no campo da biossegurança, verifica-se a legítima intensificação do
debate ético. O Brasil chega hoje exatamente a essa era de transformações científicas e de
debates éticos e legais.

A aprovação de um plantio em escala comercial de uma linhagem transgênica começa com


muitos anos de trabalho de laboratório. Uma vez que uma planta potencialmente útil tenha sido
desenvolvida e testada em laboratório, um programa de testes de campo é essencial para
avaliar seu desempenho, antes da comercialização. A biossegurança visa precisamente ao
estabelecimento dos mecanismos de proteção para o uso da biotecnologia moderna, tanto no
que tange a experimentos laboratoriais, como a testes de campo que possam implicar risco
biológico, provocando impactos ambientais favoráveis ou indesejáveis ou conseqüências para a
saúde humana. Desde a década de 1970, fatores associados ao desenvolvimento científico e
tecnológico dos países, a interesses econômicos e a pressões dos próprios cientistas e de grupos
ambientalistas vêm delineando as normas do que se convencionou denominar biossegurança.

Nós, 348 participantes do II Encontro de Agroecologia do Rio de Janeiro, realizado no Campus da UFRRJ no
município de Seropédica – RJ, entre os dias 5 e 7 de agosto de 2010, entendemos que é direito fundamental do ser
humano a alimentação saudável, livre de transgênicos e de agrotóxicos, bem como é direito dos agricultores o livre
acesso e uso da biodiversidade.

Considerando que as sementes transgênicas não trazem nenhum benefício a consumidores nem a agricultores e
têm como único objetivo aumentar cada vez mais o lucro de grandes empresas por meio da crescente venda de
agrotóxicos e do monopólio sobre as sementes:

 Apoiamos a decisão da Justiça Federal do Paraná que suspendeu a venda e plantio do milho transgênico
da multinacional Bayer e defendemos que essa decisão seja aplicada às demais variedades de milho transgênico
liberadas no país;
 Conclamamos o Governo Federal a tomar a dianteira no debate sobre a liberação do arroz transgênico,
proibindo sua liberação, plantio e consumo no Brasil;
 Repudiamos os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional visando acabar com a rotulagem de
produtos transgênicos (PL 4.148/08, de Luiza Carlos Heinze – PP-RS, PL 5.575/09, de Cândido Vacarezza – PT-SP e
PDS 90/07, de Kátia Abreu – DEM-TO); e
 Apoiamos a reavaliação toxicológica periódica de agrotóxicos, com vistas ao banimento dos produtos
prejudiciais à saúde.
http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio09/biosseg.pdf
Ministério da Agricultura continua sua cruzada em defesa dos agrotóxicos
Aconteceu esta semana uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a regulamentação do
registro de agrotóxicos no Brasil. Segundo relatou a Agência Brasil em 27/04, para o secretário de Defesa
Agropecuária do Ministério da Agricultura (MAPA), Inácio Kroetz, “o maior problema é que a autorização deve ser
dada por três ministérios – Mapa, Saúde e Meio Ambiente – que usam classificações toxicológicas diferentes”.

Segundo Kroetz, “Uma substância pode ser considerada mais ou menos tóxica em cada órgão, não havendo uma
lista comum”. O secretário parece esquecer-se que cada ministério avalia os agrotóxicos a partir do seu enfoque, ou
seja, um produto “eficiente e seguro” do ponto de vista agrícola (abordagem do MAPA) pode ao mesmo tempo ser
extremamente perigoso à saúde dos trabalhadores e consumidores (abordagem do Ministério da Saúde). Nesta
audiência pública os ruralistas cobraram maior celeridade nos processos de registro e de autorização para
alterações nas fórmulas de agrotóxicos. Nós sabemos, entretanto, que existe um “mercado de registros” de
agrotóxicos no Brasil.

Segundo pesquisa concluída em 2010 pelo pesquisador Victor Pelaez, da Universidade Federal do Paraná, boa parte
dos agrotóxicos registrados anualmente pela Anvisa não é colocada no mercado. Presume-se que as empresas usem
os registros como reserva de mercado. Configura-se uma situação esdrúxula, em que o Estado gasta seu recurso
mais precioso — as horas de trabalho de seu pessoal especializado — para alimentar a especulação da indústria
química. Diante desta constatação, Pelaez sugere a necessidade de o Estado avaliar novas estratégias a serem
adotadas pelo sistema de regulação quando o registro de agrotóxicos acontece desvinculado de um parque
produtivo e de uma capacidade financeira de responder por danos, como tem acontecido.

A solução proposta pelo MAPA na audiência pública para acelerar o processo é a criação de uma instrução
normativa conjunta do Mapa, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre o registro e a alteração das fórmulas dos agrotóxicos.
Ao final da audiência, os representantes dos três ministérios acertaram o compromisso de se reunir nas próximas
semanas para buscar soluções.

http://pratoslimpos.org.br/?tag=agrotoxicos

- VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Você já deve ter ouvido falar na sigla OGM, que quer dizer Organismo Geneticamente
Modificado; ou, simplesmente transgênico. Especificamente, trata-se de um ser vivo
cuja estrutura genética (a parte da célula onde está armazenado o código da vida), foi
alterada pela inserção de genes de outro organismo, de modo a atribuir ao receptor
características não programadas pela natureza. Uma planta que produz uma toxina
antes só encontrada numa bactéria. Um microorganismo capaz de processar insulina
humana.

Um  grão  acrescido de  vitaminas  e sais minerais que sua espécie  não  possuía. Tudo
isso é  OGM.

A engenharia genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia de DNA em determinados


lugares, inserindo segmentos de outros organismos costurando a seqüência
novamente. Os cientistas podem "cortar" e "colar" genes de um organismo e
manipulando sua biologia natural a fim de obter características específicas (por
exemplo, determinados genes podem ser inseridos numa planta para que ela produza
toxinas contra pestes). Este método é muito diferente do que ocorre naturalmente
com o desenvolvimento dos genes.

Os alimentos transgênicos são produtos da biotecnologia, que é uma ciência que, em


termos gerais desenvolve produtos por meio de processos biológicos, como por
exemplo a alteração genética de espécies através da tecnologia do DNA recombinante.
Esta alteração ocorre entre espécies diferentes presentes na natureza e como objetivo
de melhorar as características do organismo em estudo. A soja e o milho são exemplos
de alimentos geneticamente modificados que estão sendo comercializados no mundo
e já existem outros, como mamão, o feijão e o cacau, que ainda estão em estudo.
Porém, a grande novidade é o arroz dourado, contendo beta-caroteno – precursor da
vitamina A – e o tomate rico em licopeno.

Já foram permitidos nos EUA certas variedades de tomate, soja, algodão, milho, canola
e batata. O plantio comercial intensivo também é feito na Argentina, Canadá e China.
Na Europa, foi autorizada a comercialização de fumo, soja, canola, milho e chicória, (só
o milho é plantado em escala comercial na França, Espanha e Alemanha.)

Estima-se que aproximadamente 60% dos alimentos processados contenham algum


derivado de soja transgênica e que 30% tenham ingredientes de milho transgênico.
Porém, como a maioria destes produtos não estão rotulados, é impossível saber o
quanto de alimentos transgênicos está presente em nossa mesa. Em grande parte do
mundo os governos nem sequer são notificados se o milho ou a soja que eles
importam dos EUA são produtos de um cultivo transgênico ou não.

No Brasil, segundo o artigo 225 da Constituição Federal Brasileira: "Todos tem direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e à Coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Parágrafo 1 – Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao Poder Publico;

(...)

II- Preservar a diversidade e a integridade do Patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades


dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético

(...)

II – Exigir, na forma de lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de


significativa degradação do meio ambiental, a que se dará publicidade;

V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que


comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

(...)

Em 1995, foi aprovada a Lei de Biossegurança no Brasil, que gerou a Constituição da


CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), pertencente ao MCT
(Ministério da Ciência e Tecnologia). Este fato permitiu que se iniciassem os testes de
campo com cultivos geneticamente modificados, que são hoje mais de 800.
Testes feitos em laboratórios europeus detectaram a presença de transgênicos em 11 lotes de produtos
vendidos no Brasil, a maioria deles contendo a soja geneticametne modificada Roudup Ready, da
Monsanto ou com o milho transgênico BT, da Novartis.

 Nestogeno, da Nestlé do Brasil, fórmula infantil a base de leite e soja para lactentes contendo
soja RR;
 Pringles original, da Procter e Gamble, batata frita contendo milho BT 176 da Novartir;
 Salsicha Swift, da Swift Armour, salsichas tipo viena contendo soja RR.
 Sopa knorr, da Refinações de Milho Brasil, mistura para sopa sabor creme de milho verde
contendo soja RR;
 Cup Noodles, da Nissin Ajinomoto, macarrão instantâneo sabor galinha contendo soja RR;
 Cereal Shake Diet, da Alvebra Industrial, alimento para dietas contendo soja RR;
 Bacós da Gourmond Alimentos (2 lotes diferentes), chips sabor bacon contendo soja RR;
 Prosobee, da Bristol-Myers, fórmula não láctea à base de soja contendo soja RR;
 Soy Milk, da Alvebra Industrial à base de soja contendo soja RR;
 Supra Soy, da Jaspar, alimento à base de soro de leite e proteína isolada de soja contendo soja
RR.

VANTAGENS DOS TRANSGÊNICOS

1. O alimento pode ser enriquecido com um componente nutricional essencial. Um feijão


geneticamente modificado por inserção de gene da castanha do Para passa produzir
metionina, um aminoácido essencial para a vida. Um arroz geneticamente modificado produz
vitamina A;
2. O alimento pode ter a função de prevenir, reduzir ou evitar riscos de doenças, através de
plantas geneticamente modificadas para produzir vacinas, ou iogurtes fermentados com
microorganismo geneticamente modificados que estimulem o sistema imunológico;
3. A planta pode resistir ao ataque de insetos, seca ou geada. Isso garante estabilidade dos
preços e custos de produção. Um microorganismo geneticamente modificado produz enzimas
usadas na fabricação de queijos e pães o que reduz o preço deste ingrediente; Sem falar ainda
que aumenta o grau de pureza e a especificidade do ingrediente e permite maior flexibilidade
para as indústrias;
4. Aumento da produtividade agrícola através do desenvolvimento de lavouras mais produtivas e
menos onerosas, cuja produção agrida menos o meio ambiente.

DESVANTAGENS DOS TRANSGÊNICOS

1.  O lugar em que o gene é inserido não pode ser controlado completamente, o que pode  causar
resultados inesperados uma vez que os genes de outras partes do organismo podem ser  afetados.

2. Os genes são transferidos entre espécies que não se relacionam, como genes de animais em vegetais,
de bactérias em plantas e até de humanos em animais. A engenharia genética não respeita as fronteiras
da natureza – fronteiras que existem para proteger a singularidade de cada espécie e assegurar a
integridade genética das futuras gerações.

3. A uniformidade genética leva a uma maior vulnerabilidade do cultivo porque a invasão de pestes,
doenças e ervas daninha sempre é maior em áreas que plantam  o mesmo tipo de cultivo. Quanto maior
for a variedade (genética) no sistema da agricultura, mais este sistema estará adaptado para enfrentar
pestes, doenças e mudanças climáticas que tendem a afetar apenas algumas variedades.

4. Organismos antes cultivados para serem usados na alimentação estão sendo modificados para
produzirem produtos farmacêuticos e químicos. Essas plantas modificadas poderiam fazer uma
polinização cruzada  com espécies semelhantes e, deste modo, contaminar plantas utilizadas
exclusivamente  na alimentação.  
5. Os alimentos transgênicos poderiam aumentar  as alergias. Muitas pessoas são alérgicas a
determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há evidências de que os cultivos
transgênicos podem proporcionar um potencial aumento  de alergias em relação a cultivos
convencionais.

CONCLUSÃO

                  Visualiza-se que nos próximos anos pode-se ter ganhos expressivos em diversos setores da
sociedade, como por exemplo nas indústrias de alimentos (produtos com maiores qualidades de cor,
sabor, textura, rendimento) e farmacêuticas (plantas que ofereçam produtos farmacêuticos ou de
maior efeito médico).

                  Por outro lado é preciso investir em ciência básica para estabelecer protocolos adequados às
condições ambientais e a biodiversidade própria do território nacional. Devem ser criados
mecanismos públicos de controle, monitoramento e avaliação dos riscos ambientais e sociais
causados pela biotecnologia e seus produtos.

                 Muitas vezes o uso da engenharia genética na agricultura é justificada pelo aumento da
população mundial. Porém, de acordo com as Nações Unidas, o mundo produz uma vez e meia a
quantidade de alimentos necessária para alimentar toda a população do planeta.

                 Apesar disso, uma em cada sete pessoas passa fome no mundo . o problema da fome está,
portanto, intimamente ligado com as desigualdades sociais. Assim sendo, a engenharia genética, pelo
menos até o momento, não se mostrou capaz de ser uma alternativa para solucionar o problema. Pelo
contrário, a falsa idéia de que a bioteconologia é a solução, permite que governos e indústrias se
distanciem do seu compromisso político de lidar com as desigualdades sociais que levam à fome.

                 O futuro da pesquisa baseada na biotecnologia deverá ser determinado por uma relação de
forças, e não há razão para que os agricultores e o público em geral, devidamente fortalecidos, não
consigam influenciar o rumo da biotecnologia para atingir os objetivos sustentáveis.

http://www.websitesaude.kit.net/transgenicos.htm

TRABALHO ACADEMICO UFSCAR

http://www.iris.ufsc.br/pdf/artigoambienteesociedade2006.pdf

Transgênicos

Anteriormente ao conceito de Transgênico, deve-se esclarecer o que vem a ser Biotecnologia.


Conceitua-se como sendo “qualquer técnica que utilize organismos vivos ou partes, para fazer ou
modificar produtos, melhorar plantas ou animais, ou desenvolver microrganismos para uso
específico”. Deste modo podemos entender a panificação e a produção de vinhos ou cervejas como
processos biotecnológicos (no caso da panificação utiliza-se o fermento para modificar uma massa
composta de farinha de trigo, açúcar, ovos e outros em pão). Deste modo a biotecnologia participa do
nosso dia a dia há muito tempo. Mais recentemente temos o exemplo da produção de insulina por
bactérias geneticamente modificadas, que receberam o gene humano para produzir este hormônio
(em 1982), que anteriormente era extraída do fígado de cadáveres.

Transgênico ou Organismo Geneticamente Modificado (OGM) é o organismo cujo material genético


(DNA/RNA) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética, recebendo genes
exógenos (oriundos de espécies diferentes, não correlacionadas).

Considerando que o gene é uma parte do DNA que possui um código genético para produzir certa
proteína específica, e que este gene é composto por uma seqüência de bases nitrogenadas, pode-se
fazer a seguinte analogia: as bases nitrogenadas são letras, os genes são palavras, o DNA (ou o
cromossomo) que contém estes genes são frases e o organismo é um texto. As letras devem estar
ordenadas para que a palavra tenha sentido; as palavras combinam-se de tal forma que a frase
também tenha sentido e as frases devem compor o texto de modo lógico. Qualquer letra, palavra ou
frase com problema levará a um texto distorcido, o que resulta num organismo com problema.
Observa-se, portanto, que transferir um gene de um organismo para outro não é tarefa fácil, pois este
deverá funcionar em local e época adequados, de modo a não interferir erroneamente no
funcionamento do ser vivo. Imagine o que ocorreria se um gene que deveria funcionar no fígado
apenas estivesse ativo no ouvido. Seria uma confusão. Felizmente nosso organismo já está
suficientemente evoluído e todos os genes sabem onde funcionar. Cabe aqui lembrar que todas as
células do nosso corpo são totipotentes, ou seja, possuem a mesma constituição genética e pode-se
regenerar um novo organismo a partir desta célula (exceto os gametas).

Mas fazer um determinado gene funcionar em hora e local apropriados não é o único problema.
Imagine como seria difícil encontrar uma pessoa numa cidade de cerca de 40.000 habitantes. Pois
bem, cada célula somática do corpo humano possui cerca de 40.000 genes, cada um com sua função
específica. Procurar um gene não é tarefa nada fácil. Mas existem técnicas que nos ajudam nesta
tarefa, como por exemplo determinar o cromossomo onde este gene se localiza e também sua
função.

As principais etapas para a transformação de um organismo são: identificação do gene, isolamento


(ou extração), clonagem (ou multiplicação) e introdução no organismo receptor. Depois basta
verificar seu funcionamento. Pode parecer simples, mas não é, como já verificamos anteriormente.

Mas porque os transgênicos causam tanta discussão? Basicamente pelo fato de que os efeitos de se
transferir genes exógenos não são conhecidos. No melhoramento clássico observamos que, ao
buscarmos introduzir um gene desejado para melhorar certa cultivar de planta, outros genes são
“arrastados” com o gene que se deseja introduzir (isto é chamado de “Linkage-drag”), pois há ligação
gênica entre os genes de um mesmo cromossomo. Assim sendo, junto com o gene benéfico que
desejamos introduzir, pode vir outro gene prejudicial ligado a ele. Some-se a isso que os cruzamentos
só podem ser realizados entre indivíduos próximos, normalmente de uma mesma espécie ou entre
espécies muito próximas. No caso dos transgênicos não há barreiras entre espécies, sendo o gene
retirado de uma espécie e introduzido em outra, além de ser transferido sozinho, sem nenhum outro
gene ligado a ele.

Um argumento a favor é o de que os transgênicos poderiam diminuir a fome no mundo, uma vez que
possibilitariam uma maior produtividade, e assim uma maior oferta de alimentos. Cabe aqui lembrar
que a principal causa de fome no mundo atual deve-se à péssima distribuição de renda e de
alimentos, e não à falta de comida. Trabalhos sociais que objetivassem melhorar a qualidade de vida
das populações mais pobres certamente teriam impactos muito maiores do que o aumento de oferta
de alimentos.

Fica no ar, portanto, a resposta definitiva referente à segurança ou não de consumirmos alimentos
geneticamente modificados. Sabe-se, com certeza, que qualquer alimento ingerido fora de
recomendações causa problemas de saúde. Mas nem por isso os churrascos domingueiros deixam de
ter a tradicional picanha com uma generosa camada de gordura, ou o comércio de bebidas alcoólicas
foi proibido. Fica cada vez mais evidente que a disputa é apenas mercadológica, e, mais uma vez,
somos reféns das circunstâncias. E tomara que, pelo menos desta vez, a batata quente (transgênica
ou não) caia em outras mãos.

Uma das principais contestações contra os transgênicos é o risco que está relacionado com a
transferência do gene exógeno (transgênico) para espécies selvagens relacionadas. Isto é mais grave
no caso de espécies de fecundação cruzada (alógamas). Observe-se o caso do milho, onde 99% das
fecundações são cruzadas (1% será de autofecundação). Considere um agricultor que cultive uma
lavoura de não transgênicos ao lado de uma de transgênicos. Grande parte do pólen contendo o gene
exógeno cairá na lavoura não transgênica, resultando em grãos geneticamente modificados, pois o
pólen era oriundo de material modificado. Daí a importância de se delimitar áreas para cultivo de
transgênicos isoladas das áreas de cultivo de não transgênicos, permitindo assim o controle do
material colhido. Deve-se, a partir desta etapa, ter uma rede de comercialização distinta para os dois
materiais, para que não haja mistura.

http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=117

O QUE É?
Alimentos Geneticamente Modificados: são alimentos criados em
laboratórios com a utilização de genes (parte do código genético) de
espécies diferentes de animais, vegetais ou micróbios.

Organismos Geneticamente Modificados: são os organismos que sofreram


alteração no seu código genético por métodos ou meios que não ocorrem
naturalmente.

Engenharia Genética: ciência responsável pela manipulação das


informações contidas no código genético, que comanda todas as funções
da célula. Esse código é retirado da célula viva e manipulado fora dela,
modificando a sua estrutura (modificações genéticas).

Com o aprimoramento e desenvolvimento das técnicas de obtenção de


organismos geneticamente modificados e o aumento da sua utilização,
surgiram então, dois novos termos para o nosso vocabulário:
biotecnologia e biossegurança.

Biotecnologia é o processo tecnológico que permite a utilização de


material biológico para fins industriais.

A biossegurança é a ciência responsável por controlar e minimizar os


riscos da utilização de diferentes tecnologias em laboratórios ou quando
aplicadas ao meio ambiente.

PONTOS POSITIVOS DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Aumento da produção de alimentos

Melhoria do conteúdo nutricional, desenvolvimento de nutricênicos


(alimentos que teriam fins terapêuticos);

Maior resistência e durabilidade na estocagem e armazenamento

PONTOS NEGATIVOS DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Aumento das reações alérgicas;


As plantas que não sofreram modificação genética podem ser eliminadas
pelo processo de seleção natural, pois, as transgênicas possuem maior
resistência às pragas e pesticidas;

Aumento da resistência aos pesticidas e gerando maior consumo deste


tipo de produto;

Apesar de eliminar pragas prejudiciais à plantação, o cultivo de plantas


transgênicas pode, também, matar populações benéficas como abelhas,
minhocas e outros animais e espécies de plantas.

 Alguns países que cultivam alimentos transgênicos


 Estados Unidos: melão, soja, tomate, algodão, batata, canola, milho.
 União Européia: tomate, canola, soja, algodão.
 Argentina: soja, milho, algodão.

No mundo todo, pesquisadores e cientistas estão desenvolvendo


pesquisas sobre quais são as reais consequências da utilização de
alimentos genéticos no organismo humano e no meio-ambiente.
Consumidores de países onde já ocorre a comercialização de alimentos
transgênicos exigem a sua rotulagem, assim como estão sendo feito com
os orgânicos, para que possam ser distinguidos na hora da escolha do
alimento.

ROTULAGEM DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Um outro tema abordado quando se discute os alimentos transgênicos é o


da rotulagem dos produtos. Todo o cidadão tem o direito de saber o que
irá consumir. Por isto, a descrição da composição do alimento e o gene
que foi inserido no produto, devem ser informados. Além dos rótulos dos
produtos nacionais é necessário que sejam analisados os produtos
importados produzidos através da biotecnologia.

No meio de todas as discussões, uma certeza reina entre cientistas,


representantes do governo e da defesa do consumidor: é preciso investir
em pesquisa e aprimorar os estudos.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/alimentos-transgenicos/alimentos-transgenicos.php
A polêmica dos Transgênicos
O mundo gira, a ciência avança cada dia mais rápido... mas as pessoas comuns
conseguem perceber com consciência de que forma as evoluções tecnológicas
contribuem (ao menos em intenção) para o desenvolvimento e manutenção de
suas vidas? Afinal, é para elas e por elas que a tecnologia e a pesquisa existem e
que também definem, em grande parte, as tendências da ciência.

Pensando na importância que a transgenia tem para os seres humanos nos últimos
anos, principalmente em se tratando de alimentos e saúde, resolvi abordar o tema
dos transgênicos a fim de elucidar alguns pontos do assunto que muitos ouvem
falar, mas desconhecem em essência do que realmente se trata ou como funciona.

Entender, neste caso, é muito importante, pois a discussão de se os alimentos


devem ser comercializados no Brasil (e isto definirá indiretamente se poderão ser
plantados) deve vir do mercado mais importante: as pessoas comuns. A polêmica é
ferrenha e vem dos mais diversos segmentos da sociedade como ecologistas,
cientistas, governo, produtores rurais, comerciantes e pessoas comuns.

Transgênicos envolvem um assunto muito denso e extenso. No entanto, tentarei


fazer um breve resumo do que é e qual sua finalidade atual para que o leitor possa
ter algum subsídio para tomar a sua importantíssima decisão de julgar se lhe
interessa consumir alimentos transgênicos ou não, se é importante para a
sociedade conviver com esses produtos ou não, etc.

As técnicas modernas de engenharia genética permitem que se retire genes de um


organismo e se transfira para outro. Esses genes "estrangeiros" quebram a
seqüência de DNA - que contém as características de um ser vivo - do organismo
receptor, que sofre uma espécie de reprogramação, tornando-se capaz de produzir
novas substâncias. Esses são os chamados transgênicos, ou organismos
geneticamente modificados (OGMs). 

Alimentos Geneticamente Modificados: são alimentos compostos contendo


organismos geneticamente modificados ou derivados destes. São produtos criados
em laboratórios com a utilização de genes de espécies diferentes de animais,
vegetais ou micróbios.

Organismos Geneticamente Modificados: são definidos como organismos que


tenham sido alterados geneticamente por métodos ou meios que não ocorrem
naturalmente.

Modificação Genética: são técnicas que incluem DNA recombinante, introdução


direta em um organismo de material hereditário de outra espécie - incluindo micro-
injeção, micro-encapsulação, fusão celular e técnicas de hibridização com formação
de novas células ou novas combinações genéticas, de maneira que não ocorre
naturalmente.

Gene Inseticida: é o gene introduzido na planta para que ela passe a produzir
substâncias de resistência a seus insetos predadores.

Engenharia Genética: é a atividade de manipulação de moléculas DNA/RNA


recombinante. DNA/RNA Recombinante são aquelas moléculas de material
genético manipuladas fora das células vivas, mediante modificação de segmentos
de DNA/RNA, natural ou sintético, que possam multiplicar-se em uma célula viva -
ou ainda, as moléculas de DNA/RNA resultantes desta multiplicação.

Para aumento da produção agropecuária, reduzindo-se o uso de adubos químicos e


agrotóxicos, é necessário armar as plantas e animais domésticos com defesas
genéticas contra patógenos e pragas, iniciando-se na década de 70 a engenharia
genética com a transferência controlada de genes. As vacinas transgênicas e a
terapia genética pela injeção de células transgênicas multipotentes, do próprio
indivíduo,são outras formas poderosas de defesa genética.

Como espécie dominante, a população humana tende a ocupar todo o espaço vital,
podendo excluir todos os demais seres, exceto os que decidir preservar para seu
proveito. Entretanto, qualquer espécie vegetal, animal ou de microorganismos
pode ser preciosa doadora de genes, previamente escolhidos, para a espécie
receptora.

Quando é conseguida a integração do gene, com seu promotor em uma planta,


uma série de testes rigorosos são executados para verificar se o gene, incorporado
no DNA do organismo transgênico, está produzindo o seu RNA e a proteína
correspondente. É determinado em que tecidos ou órgãos está ativo o transgene,
de acordo com o controle exercido pelo sistema genético regulador por intermédio
do promotor acoplado ao transgene. O promotor é uma porta "fechada a sete
chaves". Cada uma é um sítio pelo qual somente o sistema de controle
transcricional pode ativar os genes normalmente inativados pela capa de
cromatina.

Somente depois de muitos testes e controles as plantas, que apresentam o


resultado desejado, são multiplicadas "in vitro" passando depois para aclimatação
em câmaras de cultura, “Casa de Vegetação” e finalmente para canteiros
experimentais isolados, onde são selecionadas em competição com as cultivares
originais sob todos os aspectos possíveis. Antes do lançamento da transgênica,
como produto, são feitos testes de campo em grande escala para verificar se há
vantagem dessa cultivar em relação à original. As transgênicas são liberadas
condicionalmente ficando em observação permanente.

Não existem estudos conclusivos quanto aos efeitos dos transgênicos na saúde
humana, portanto, não há garantia científica para o consumo sem riscos. Esse risco
será suportável pelos humanos? É bom lembrar que muitos produtos hoje
reconhecidamente maléficos para a saúde humana, como o DDT e a Talidomida, já
foram liberados e defendidos pelas empresas produtoras e cientistas do mundo
inteiro.

Um outro fator importante é que as plantas transgênicas contém genes de


resistência a antibióticos, com a função de possibilitar a seleção das células
transformadas, isto é, são usados como marcadores. Esses genes podem, através
de recombinação e/ou transferência horizontal, serem transmitidos a outros
organismos, inclusive humanos? Ainda, os transgênicos poderiam afetar a saúde
com o aumento de alergias; potencialização dos efeitos de substâncias tóxicas:
muitas plantas possuem substâncias tóxicas naturais para se defender de seus
inimigos naturais; se manipulados geneticamente, os níveis dessas toxinas podem
aumentar; aumento de resíduos de agrotóxicos: alguns dos produtos transgênicos
têm como característica se tornarem resistentes aos efeitos dos agrotóxicos (soja
"roundup ready"), o que permite que seja aplicado mais veneno (agrotóxico) na
plantação, cujos resíduos permanecerão nos alimentos, podendo também trazer
mais risco de poluir os rios e o solo.

Em torno de 8% da população mundial tem alergia a proteínas contidas na soja44.


A introdução de genes externos no código genético das plantas pode vir a
desencadear a produção de novas proteínas. Ao se introduzir na alimentação
humana plantas transgênicas, direta ou indiretamente, estamos ingerindo as
proteínas fabricadas por estas plantas, sejam elas já conhecidas ou sintetizadas a
partir da introdução genética. Não existe no mundo, ainda, nenhum grupo de
monitoramento a este tipo de procedimento.

Sabe-se que a composição de uma soja transgênica e de uma orgânica pode diferir
em até 74%. O que torna mais difícil uma análise mais completa sobre os impactos
desses novos organismos é que muitas vezes suas conseqüências só podem ser
sentidas a médio e longo prazo. Todos os alimentos importados dos EUA e da
Argentina, e que tenham algum ingrediente derivado de soja, milho ou batata
poderá conter transgênicos. (Cabe lembrar que os derivados da soja estão
presentes em 70% dos alimentos que consumimos, como massas, pães, molhos,
etc). Alguns exemplos de alimentos que contém como matéria prima produtos
geneticamente mudados: Batata Pringles, Sorvete "Hag en Daz", Chocolate "m&m",
entre outros.

Vantagens:
* Toda a variabilidade genética dos organismos da Terra fica a nossa disposição,
portanto não haverá jamais exaustão da variabilidade genética para o
melhoramento de vegetais e animais domésticos;
* Em uma "construção", é possível usar um gene e um promotor para funcionarem
da maneira programada no tecido ou órgão, com a intensidade e no tempo do
desenvolvimento do organismo escolhido. Também é possível usar promotores que
superativem o gene com o aumento ou redução da temperatura ou luminosidade
ambiente;
* Obtém-se plantas resistentes a insetos pragas, a herbicidas, a metais tóxicos do
solo, a fungos, ao amadurecimento precoce, com maior teor protéico e proteínas
mais completas, óleos mais saudáveis, arroz com carotenos, etc.;
* São as plantas transgênicas, com suas defesas genéticas, que representam a
esperança de uma efetiva redução dos agrotóxicos dos custos de produção com
aumento de produção.

Desvantagens:
* Somente poucos laboratórios tem os dispendiosos equipamentos e reagentes e
pesquisadores capazes de obter organismos transgênicos com toda a segurança
requerida pela Lei de Biosegurança, fiscalizada pela Comissão Nacional Técnica de
Biosegurança CTNBio;
* Após a obtenção do organismo transgênico, segue-se a fase mais longa e
dispendiosa, de cinco ou mais anos, e milhões de dólares para selecionar e
desenvolver o produto. Somente Empresas têm arcado com os custos necessários
para lançar novas transgênicas;
* Apesar de todas as precauções as pessoas leigas, ou mesmo pesquisadores de
áreas afins, temem que possam existir inconvenientes no futuro;
* Apesar de serem as transgênicas cultivadas em 39,9 milhões de hectares e
consumidas por milhões de pessoas há mais de dez anos sem inconvenientes, é
fácil para organizações leigas assustar, sem provas, os consumidores submetidos a
propagandas movidas a milhões de dólares. O público amedrontado paga essas
organizações para ser "informado";
* Os alimentos "orgânicos", isentos de agrotóxicos e transgênicos, parecem ideais,
entretanto a sua produção é mais cara, demanda muito trabalho, espaço e não
passa de 1% do necessário. Infelizmente orgânicos foram os alimentos dados às
vacas e aos porcos na Inglaterra que se contaminaram com graves doenças.
Também o estrume de vaca usado na cultura de verduras "orgânicas" pode conter
uma bactéria Escherichia coli 715 H7, que é letal.

Para finalizar, é importante destacar que as pesquisas de percepção pública sobre a


biotecnologia, especificamente sobre as plantas transgênicas, tem mostrado o
baixo nível de aceitação tanto nos Estados Unidos, como na Europa e no Japão.
Portanto, este fator também precisa ser considerado, e é pelo temor dos riscos que
as populações especialmente da Europa e do Japão estão exigindo a rotulagem
como forma de possibilitar ao consumidor a decisão sobre o seu uso.

Mais do que isto estão dispostos a comprar produtos preferencialmente


convencionais aos transgênicos. Desta forma, essa rejeição aos transgênicos tem
sérias implicações no mercado de grãos e põe, para um país exportador como o
nosso, a necessidade da discussão dos impactos econômicos de uma decisão de
liberar plantas transgênicas para qualquer uma das as culturas de cultivo intensivo.
Nesse momento, não há como desprezar a importância da nova indústria
decorrente da manipulação genética dos seres vivos, a considerar pelas fusões e a
transferência de grandes empresas da área química para a biotecnologia. Há
inegáveis benefícios decorrentes dessa tecnologia que veio para ficar. No entanto,
a sociedade deve dispor de meios para evitar que os erros cometidos no passado
decorrente da avaliação equivocada dos riscos não venham a se repetir.

Por todos esses motivos, a comunidade científica entende que deve ser feita uma
moratória de 5 anos para a liberação das plantas transgênicas para cultivo
intensivo, tempo necessário para que os estudos de impacto ambiental sejam
realizados conforme o parecer técnico emitido pela CTNBio. Este período de tempo
servirá também para a realização de novos estudos sobre o efeito destes produtos
na saúde humana e dos animais.

Por outro lado, consideramos que a CTNBio após normalizar os protocolos


experimentais dos testes de controle ambiental e de segurança alimentar, deve
analisar os resultados dos testes realizados no país, antes de aceitar o pedido de
liberação para cultivo intensivo. A apresentação de testes realizados em outros
países não podem ser considerados válidos dada a variabilidade de expressão
gênicas com condições ambientais próprias de cada país.

É um direito do cidadão conhecer o tipo de alimento que está consumindo, sendo,


portanto, importante a rotulagem dos alimentos transgênicos com a indicação
precisa do tipo de gene inserido. Essa exigência é tanto mais importante
considerando-se a abertura da fronteira agrícola com os países do Mercosul. Afinal,
por exemplo, a Argentina produz a grande maioria da sua soja, e produtos
derivados, com transgênicos, vindo posteriormente a exportar para o Brasil, apesar
de ainda toda a indefinição desse assunto no país. E, o mais importante de tudo,
você tem todo o direito de argumentar e de cobrar das autoridades, ouvindo todas
as partes envolvidas e apreender toda a informação que puder para debater o
assunto.

http://www.saudenainternet.com.br/portal_saude/a-polemica-dos-transgenicos.php

Justiça Federal Exige Rotulagem dos Alimentos Transgênicos

Fonte: Conselho de Fiscalização do Cumprimento da Lei de Rotulagem dos


Transgênicos
http://www.transgenicos.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=12
"A decisão da Justiça Federal, no Piauí, determinando que a União exija a
rotulagem dos produtos transgênicos em todo o Brasil, referenda a
decisão do governador Requião em fazer valer em nosso Estado o
cumprimento da legislação federal que dá direito ao consumidor de ser
informado sobre a utilização de organismos geneticamente modificados
no processamento de alimentos", afirmou Álvaro Rychuv, coordenador do
Conselho de Aplicaçao da Rotulagem dos Transgênicos no Paraná.

É que em decisão valendo para todo o País, o juiz substituto da 3ª Vara


Federal do Piauí, Régis de Sousa Araújo, determinou que a União exija a
rotulagem de produtos que contenham organismos geneticamente
modificados (OGM). O governo federal deverá exigir no rótulo, por meio
de seus órgãos de fiscalização e controle, a clara informação não só sobre
a presença de transgênicos, mas também de todos os outros ingredientes
de que são feitos os produtos.

A determinação judicial foi motivada por uma ação civil pública impetrada
pelo Ministério Público Federal, por meio do procurador Tranvanvan da
Silva Feitosa. Ele acionou a União Federal e a Bunge Alimentos, que tem
uma fábrica esmagadora de grãos no sul do Piauí.

Para Álvaro "a determinação da Justiça Federal valida a política


desenvolvida pelo Governo do Paraná que, cumprindo o ordenamento
jurídico que regulamenta o direito do consumidor, realiza ações
fiscalizações para garantir que os paranaenses tenham o direito de
escolher se desejam ou não consumidor alimentos que têm transgênicos
em sua elaboração".

O juiz decidiu que "trata-se de um direito do consumidor, que precisa ser


informado sobre o que está consumindo. Não entramos no mérito dos
transgênicos, mas no direito de informação. Antes os rótulos ou
embalagens só constavam informações sobre os organismos
geneticamente modificados quando era superior a 1% da composição do
produto. O consumidor deve ser informado sobre a existência de
organismos geneticamente modificados no conteúdo do produto que
adquire, independente do percentual que exista", destacou.

Agora, tanto a União, quanto a Bunge Alimentos terão um prazo de 60


dias a partir da citação da decisão para promover a fiscalização e controle
dos produtos.

A decisão judicial

O juiz federal substituto da 3ª Vara/PI, Régis de Sousa Araújo, proferiu


decisão em Ação Civil Pública, impetrada pelo Ministério Público Federal
(ACP n. 2007.40.00.000471-6) contra a União Federal e Bunge Alimentos
S.A., concedendo antecipação dos efeitos da tutela para afastar a
aplicação do caput do art. 2º do Decreto n. 4.680 de 2003, em face de sua
ilegalidade, e, em conseqüência, determinar que a União, por meio de
seus órgãos de fiscalização e controle, passe a exigir, no prazo de 60 dias,
que, na comercialização de alimentos e ingredientes alimentares
destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam
produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, conste
informação clara ao consumidor, no rótulo/embalagem do produto,
acerca da existência de organismo geneticamente modificado em seu
conteúdo, independentemente do percentual existente, em observância
ao disposto nos art. 6º, inciso III e 37 parágrafo 1º do Código de Defesa do
Consumidor.
Nos autos, o Ministério Público Federal alegou que ao instruir
procedimento administrativo que tramitou perante a Procuradoria da
República, tomou conhecimento de que os produtos que continham
menos de 1% de Organismo Geneticamente Modificado - OGM não
necessitavam ter em seu rótulo qualquer informação acerca da presença
de OGM em seu conteúdo, em face da regra constante no art. 2º. do
Decreto n. 4.680/03.

Sustentou, ainda, que a omissão de informações no rótulo dos alimentos


acerca dos seus componentes, em especial sobre a presença de OGM,
ofende a Constituição Federal e o Código de Defesa do Consumidor. Cada
consumidor tem direito de decidir, com base em seus conhecimentos
sobre o assunto, se quer adquirir e ingerir alimentos que contenham
organismos geneticamente modificados, seja qual for o percentual
existente em seu conteúdo. Requereram, então, a antecipação dos efeitos
da tutela. O magistrado verificou, em cognição sumária, que não se
questiona nos autos os benefícios ou riscos da comercialização de
produtos com OGMs, o que exigiria manifestação técnica específica, dos
órgãos responsáveis, acerca da viabilidade ou não. O presente feito trata
exclusivamente do direito de informação. Busca-se tão somente garantir
ao consumidor o direito de tomar conhecimento acerca do conteúdo dos
produtos que adquire, para, a partir de então, individualmente decidir se
quer adquiri-lo ou não. Destacou, o magistrado, que a Lei 11.105/05, ao
tratar a matéria expressamente resguardou o direito de informação ao
consumidor, quando determinou, em seu art. 40 que "Os alimentos e
ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que
contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão
conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme
regulamento".

O Decreto n. 4.680 de 2003 foi editado com o escopo de "Regulamentar o


direito à informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de
1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao
consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir
de organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cumprimento
das demais normas aplicáveis". Neste passo, assevera o juiz, tal
instrumento regulamentar "não poderia, em nenhuma hipótese, restringir
o alcance da lei, mas tão somente definir regras que permitissem a sua
execução. Assim, extrapolou os limites do mencionado diploma legal, ao
estabelecer
restrições ao direito de informação, as quais não foram veiculadas ou
autorizadas no instrumento a que se propunha simplesmente garantir a
execução". Ressalta, por fim, que "ao permitir a omissão de informação
acerca de presença de OGM no conteúdo de um produto, quando o
percentual for inferior a 1% (art. 2º do Decreto), ofende expressamente as
disposições da lei que pretende regulamentar. Ainda que o percentual
seja baixo, deve ser apontado, com precisão, ao consumidor".
Determinou, ainda, que a Bunge Alimentos S.A. deverá, em igual prazo,
adotar os procedimentos necessários para o cumprimento da medida
acima mencionada.
www.jfpi.gov.br

http://transgenicosnao.blogspot.com/2008/04/justia-federal-exige-
rotulagem-dos.html

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