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— 25 — ‘Manuel Vitorino dos Santos: Mussulumin af aparece como o herdi civilizador dos negros (10), tende R. Ricard, iuculmana, e sim antes a uma influéncia crsté. Oxalé € por tOda a parte, ‘no Brasil, identifiado com o Cristo, 0 Cristo verdadeiro da Bahia ¢ 0 ‘do Bomfim, que ¢ © Cristo na Crus; jesus nela morte numa eexte-feira. Em ‘outros lugares, Oxalé € adorado no domingo, dia da missa, Acreccentemos, para exclarecer 0 texto de R. Ricard, na pg. 6: "Deve- ‘mos notar, porém, que segundo Dopald Pierson subsistem no Brasil tres pe- ‘quenas. combnidades negro-muvulmanas, O-autor, todavia, se exprime, sObre Esse" ponto, em tEemos prudentemente hipotsticos", que se pode if mais Tonge do. que a hipétese: 1 — Os negros da Bahia reconhecem que, se existe sempre uma linha ‘mussurumt Isto €, um tipo de cinticos), no existe mais "oag30" muculmana, Por conseguinte, as seitas muugulmanas que poderiamos encontrar na Bahia seviam candomblés nagd, talver com algumas varlacSes (infelismeate “mio foram estadadas até 0. presente), assim como os. filhos do Dahomey, a Bahia, stguem, com algumas diferengas, rito nag6. 2 — Existe uma selta, mussurumi na Babla, oficialmente registrada na policia, @ de Pedro Manuel do Espirito Santo, na Liberdade. Aydano de Cou- (0 Ferraz fala de um candomble mussurumi na rua Oriental do Japao. Seria (© mesmo, que talvez tenha se mudado! Talvez 30, pois ainda hd powco tempo Buison Carneiro indicava sempre para a seta mussurumi a estrada da Liberdade. Tertamos assim 26 menos duas seitas muculmanas, que pro- YVavelmente 30 teem de isldmico sendo © nome e alguns raros tragos turais. 3 — Uma ver que, como indicamos. o culto de Ifa se liga 0 Islio por intermédio da_geomincia, hi probabilidade de que possamas encontrar no ‘mundo dos lado titulo’ de mussurumi: com efeito, s opinigo publica dava Este mesmo titulo 80 ohud Felisberto Salge ROGER BASTIDE. ELLIS JUNIOR (Alfcedo). — Um Parlamentar Pouilata da Repiblica, Bo- letim CU ~ Historia da Civilizagdo Brasileira n, 9, do Faculdade de Filosofia, Ciencias Letras da Universidade de So Paulo. Gré- fica Bentivegaa. Sio Paulo (1949), 495 pp. “Um Parlamentar Paulista da Republica” € 0 titulo que o Prof. Alfredo Elis Junior dew 8 biografia que tragou de. seu Hlustre progenitor, Alfredo Elis, por ocasido do centensrio de eeu nascimento, que teve luger em S80 Paulo, a 19 de margo de 1850. Joven ainda, apenas concluidos os primeiros estudos, a provinciana Pau lictia de entéo, parte o futuro senador da Repiblica para or Estados Unidos 410) — mane Viton (ay —AWERUR RAMOS, CARNEIRO, “Condombise "da. Boia, Mvoea "3e as, Seer eae oem conmetero ‘artigo Ge'P, Hskel fe Carneiro enti Truito bem S"innusncla mugalmana ‘nos rites mortairion, megroa’ or ‘bre tno, do mono nstor, "Uma Foviago ‘ne etposrafta religion ato rasileire, in “0 Negro ne Brasil", p. G), AYDANO DB COUTO FER: wes “As cutturas “Regras no" Novo" mundo", Woletim @”APiel, 3, 108, oH, Braell, Ris, 158, DS" — 216 — dda América do Norte, que se encontravam divididos pela tremenda uta ine tema, gue foi a guerra de secessao. Noo. se tratava, porém, de_simplen ‘viagem de turismo, pols Alfredo Elis ia realizor naquele pais, na Universi- dade de Pensilvinia, 0 curso de medicina, que completou com dezenove anos ‘apenas. Abragava, assim, a profissio de’ seu pal, o Dr. William Ellis, velho imedico inglés, gue’ tendo ‘vindo para o. Brasil, no vigor da mocidade, aqui se integrara e constiuira lar, em famo de tradiional familia paula permanéacia de Allredo Bilis not Estados Unidos, num periodo de tamanho entrechoque de interésse © idélas, em que a0 aritocracismo io Norte se opunha esmagador 0 liberalisno do. Sul, marcon profundamente sa indi- Vidualidade ‘cm formagéo, tragando-lhe como que rotelro. de sua vide. fu> tora, "Varios anos passados esse ambiente pslcolégica", diz o Autor, "en= ‘durecido pelo amor "a sagrada meméria de Washington _e apaixonado 30 rubro pela sombra_de Lincoln, fol cunhada em Alfredo. Ells tal influtncia que cle se manteria indelevelnente até 0 title’ De volta a0 seu puis, depols de percorrer a Europa, 9 novo medico rmonta consuitérie em §. Paulo, cm companhia de seu pal, tendo, entretanto, linicado apenas quatro’ anos, ou seja. de. 1870 a 1874,” Atraido pela. le” voura do cafe que, "como avalanche, se detramava inpeluoso e incocesivel pelo Oeste paulsta, ‘invadindo 0 sertdo “da mata. virgem', parte. Alfredo. Ellis, entgo ‘ia casado, para o terior, a desbravar terras, g engrossar. a fonda verde dos ‘cafezais. Vencidas.peniosas ctapat, ilo senhor rural. & ‘uargem do Mogi-Guagu, co-proprietirio da fazenda Santa Eudoxia, ue, "em leno coragdo da mata", surgira do nada com os seus cafezals intensos, a thir e a descer encostas, © com suas instalagses que aot poucos cresciam em importancia e coaforto. ‘As atividedes agricolas de Alfredo Elis, que quatro anos apés_a forma- s20 da Fazenda Senta Eudéxin, se transferira para 0 municipio de Rio Claro, ‘nde adguirira a fazenda “Oliveias", prolongem-se. ate 1880, quando segue para $. Paulo, cidade em que se instalow com a famili, j& nessa epoca mo: Republicano ardoroso, jiniciara suas lides politicas contra a ménarqula fem 1882, prelibando nos” diseursos que entSo pronunciava, em comicios Je Bropagands, © esplrito combative que deveria constitule o trago caracteristico de suas futuras atividades parlamentares. EZ os principios lerais, de que cra simbolo em seu espirito a figura austera de Lincola, foram também intensa- ‘mente propagados em prol da abolicfo, n30 se limitando éle, porém. 20 sim- ples uso da palavra, dando, com a libertagso de seus escravos, exemplo vivo a hombridade de suas Idéias. Eleito deputado federal, fez parte Alfredo Ellis da representagio.ban- deirsate na Constitute de 1891, 40 lado de Prudente de Morais, Bernardino de Campos, Campos Sales. Rangel Pestana, Antonio Prado e outros nomes ‘astres, que tanta influéncia tiveram na vida politica, social © econtmlen do Pais. ‘Segue-se, entdo, o periods agitado dos primeiros anos da. Repiblica, fem gue 0 prestigio de S."Paulé encontrava 0 maior eateio 20 Partido Re- publicano Paulista, de que Alfredo Elis era um dos principals mentores, Por morte de Manuel de Morais Barros, em 1902, que ocupara a cadeira de senador de seu Irmo Pradeate de Morais, ¢ éle investido do roandato s¢- ‘atorial. E, como diz o seu blografo, “gos vinte e trés anos, em que 0 paris ‘mentar paulste ocupou no Seaado da Repiblica, a mals alta posigéo de em- — 217 — balaador do Estado, éle conservou a mesma lisha da mais rigida honestidede, paslando sempre a sua conduta, continuadamente a mais ativa ea mais Combativa, pagnando infatigavelmente, como se éle quizesse fazer tudo nom £8 tempo, pela causa publica e parlicularmente por S. Paulo, st partido politico © pela sua classe agricola”. E nada melhor atesta a sus impetuosidade, seu espirito de luta, sua dedi- ‘acdo 0s interesses do pals, do que os discursos promunciados em diferentes, fasee de sia carreira, que documentar 0 livro de que nos ocupamos (0 café que no dizer do autor de “O Bandeirismo Pavlista” era © € para S. Poulo “a viga mestra de toda a sua razio de str © se fesuimla como se resuuie ainda, no problema maximo da sua ccovomla", fora 0 leiemotiv da vida parlamentar do senador Alfredo Eilis, como fora 9 sonhado el-dorado de soa vida rural. E, assim, suas campanhas mais agrestes, em que se dettacom 8¢ dirigidas contra’ a Companhia Docas de Santos ¢ contra aS. Panlo Rail- ‘wy, 08 dois escoadouros da producto. paulista, sempre tiveram a inspirélas fs itteresses. da lavoura cafecira. Mas a vitria maxima de sua cavrelra po- Titica fok sem divida, a valorizagio do café, levada a efeito cm 1906," © repetida in diferentes casiGes mals tarde, valorizagso fsa, pela qual j fen 1902 se havia batido, colocando-se como o plonira de una eperagao eo: émica nos tempos moderos, para» qual no havia ainda palavra na Tingua’ingiesa (Ver: Velorization em “Eneyelopacia of the Social Sciences e'Webster's Dietonary Tmpossivel se tornaresomir, em breves Tithas, © comteudo disse alen~ tado volume de 495 paginas, que constitul a biografla de Um Parlamentar Paulista da Repablica’. Como bem afiruia o sea Autor, “hi enorme deli- cigncia nas paginas da historia brasileira, a respeito. do periodo republican. Esa difciensia gue, em relacao 20 pais todo € grande, imensamente maior cla se toma, cm se tendo em vista a bistoria do periodo republicano de S. Paulo . ‘Alfredo’ Ellis foi desbravador de seriSes, plantador ce cale. fozendeio, se” hor de escravos e, sobretudo, politico, uma carreira que se estende de 1870 até o dia de sun morte, em 1925. Compenheiro de Rut Barbosa na Cam- panha Civilista, particpou de todos os grandes movimentos que nesse longo erlodo agitaram’ © pals. ‘© trabalho, que'o tlustee professor da cadcira de Histéria da Civiliza- so Brasileira da Universidade de S. Paulo realizou, constitu! assim impor: fante contribulg3o para 0 estudo da evoluc3o politica e social do Brasil, assim como de suas condigbes econdmicas. Discordames, sem divida, de alguns de seus pontos de vista, quando abandona 0 papel de biografo para trans- mitt, G0 rero com demasiada veeméncia, suas prOprias Idelas sobre os as- Suntos ‘que Tocalizar parece-nos que certas repetigoes. poderiam ser omltdas, sem prejuizo da clareza do trabalho, ¢ que a forma, talver pelo calor da fexposicio, perde as vezes a limpider que era de desejar. Mas “Um Parla- ‘mentar Paulista da Republica”, a0 lado de sua¢ grandes quaidades, repre- seata, em altima analise, uma reivindicagio justa a meméria de quem, havendo tanto’ trabalhado pelo Brasil, tio ‘ausente andava das paginas de sua historia (GUILHERME, DEVEZA. Um estrangeito, para fazer a ‘resenha diste livro, sente-se 20 mesmo tempo em mi e boa vsituagio, Claro esta que ¢ 0 menos apto a jugar a ontribuigao da obra do. Ds. Ellis Junior para o conbecimento da historia re- fente do Brasil e de S. Paulo; contenta-se em senti-la em face do acérvo de documentos utllizados, e eat parte publicados, Mas, exatamente por set fstrangeito, ¢ no especiolisia em historia do Brasil, pode testemunhar o Interesze enorme que tal obra apresenta para a hist6rla”geral.

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