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Hernani Guimaraes Andrade MORTE RENASCIMENTO EVOLUCAO Uline wielogia transcendental MORTE, RENASCIMENTO, EVOLUCAO Uma Biologia Transcendental Hernani Guimaraes Andrade Temas tdo fascinantes € polémicos como a génese da vida, a sobrevivéncia apés a morte, a possibilidade cientifica de gravacio de mensagens do Além, a reencarnagfo encarada como uma lei da Natureza, formam alguns dos capitulos deste livro, que tem a recomendé-lo, antes de mais nada, a seriedade e a preocupacao cien- tifica do Autor, to bem retratada nestes pardgrafos do Prefacio escrito pelo Dr. Osmard Andrade Faria: “E inventor de equipamentos ainda ndo-copiados, como o TEEM (Tensionador Espacial Eletromagnético) © o Ectossomascépio. Afora 10 livros e monografias publicados, citam-no ¢ transcrevem-no, fora do Brasil, mais de 30 autores, outros tantos no seu pais, ¢ seu nome aparece como colaborador ou referéncia em mais de 200 publicagdes de rigor ético, em todo 0 mundo. “Nao creio que qualquer outro cientista brasileiro, em qualquer €poca ¢ em qualquer ramo do pensamento, possa roubar-the facil mente essa palma. Pois, apesar de semelhante status, apura seu es erdpulo ético a tal ponto de, as vezes, levar mais de dez. anos perseguindo um fato antes de ousar anuncié-lo. “Os espiritualistas encontrario neste livro uma confortadora confirmagiio de suas verdades. Mas so os outros, os descrentes, que devem lé-lo.” : EDITORA PENSAMENTO Aos meus Pads, com minha saudade Leia também PARAPSICOLOGIA EXPERIMENTAL Hernani Guimaraes Andrade Num sentido bastante amplo, a Parapsicologia cuida dos fatos paranormais. Em nossos dias, porém, essa ciéncia, sabemos todos, tem por objetivo, primeiro tornar evidente, ¢ a seguir, estudar as “fungSes psiquicas” de natureza paranormal: a fele- patia, a clarividéncia, a pré e a pds-cognicao ¢ a psicocinesia, Sob tal ponto de vista, a Parapsicologia busca unir-se 8 Psicolo- gia, a fim de revigoré-la, prolongando-the a vida, abrindo-lhe um campo de interesses muitas vezes rico e abrangente. Do mesmo modo como, noutros tempos, veio a ocorrer com a Metapsiquica, a Parapsicologia sofre forte oposigao da parte dos homens de ciéncia, cuja formacdo positivista foi o bastante para blindé-los contra a aceitagdo dos fatos da paranormalidade, Personalidade vigorosa — o Dr. J. B. Rhine —, cujas compro- vagdes cientificas ndo deixaram & mostra, porque inexistentes, truques ou ranhuras —, conseguiu inscrever pontos de diivida no corpus da ortodoxia cientifica, avessa As evidéncias heréticas. Desse modo, ndo serd exagero acrescentar que o futuro da Pa- rapsicologia ‘seré to promissor quanto o da Eletrénica ou da Fisica Quéntics, uma vez que seus objetos de enfoque so tao fascinantes quanto misteriosos. Apoiados nos resultados de suas pesquisas, € possivel que a humanidade possa colher a mais salutar das respostas sobre a revelha e angustiante questdo da sobrevivéncia apés a morte. Além disso, com a Parapsicologia, vemos abrirse a amplissima cortina do futuro do conhecimento cientifico, sendo licito admitir que o homem descobriré um universo muito mais rico do que 0 enclausurado espago que Ihe foi presenteado pelas viagens de exploragao do cosmo. Como diz 0 Dr. Hernani Guimardes Andrade: “Devemos aceitar que, atualmente, ainda tateamos nas trevas do grande e desconhecido mundo da mente. Na realidade apenas ensaiamos timidos e inseguros pasos no inicio da imensa trilha a ser pal- milhada, Mas, de uma coisa podemos estar certos, tudo indica que iniciamos, com a Parapsicologia, a fabulosa Era do Espi- tito.” EDITORA PENSAMENTO Obras do mesmo autor: A TEORTA CORPUSCULAR DO ESPTRITO la. edicdo, 1958 - esgotada 2a. edigdo, 1959 - esgotada NOVOS RUMOS AK EXPERIMENTACAO ESPIRITICA la. edigdo, 1960 - esgotada PARAPSICOLOGIA EXPERIMENTAL la. edigdo, 1967 - esgotada 2a. edigdo, 1976 - esgotada 3a. edicdo, 1983 A MATERTA-PSI__(Tese) la. edigdo, 1970 - esgotada 2a. edigdo, 1972 - (in A Maténia-Psi, la. edi- edo, Matao: 0 Clarim, 1972) esgotada 3a. edigdo, 1976 (em inglés: The Psi-Matter) 4a. edigdo, 1981 (in A Matérda-Psi, 2a. edigdo, Matao: 0 Clarim, 1981) 0 CASO RUYTENBERG ROCHA la. edigdo, 1971 - esgotada 2a. edigdo, 1973 - (em inglés: The Ruytemberg Rocha Case) 3a. edigdo, 1980 UM CASO QUE SUGERE REENCARNACAO: JACIRA & RONALDO la esgotada 2a esgotada 3a. (em inglés: A Case Suggestive of Reincarnation: Jacina & Ronaldo) 4a, edigdo, 1980 UM CASO QUE SUGERE REENCARNACAO: SIMONE & ANGELINA la. edig&o, 1979 0 POLTERGEIST DE SUZANO la. edigdo, 1982 HERNANI GUIMARAES ANDRADE Fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofisicas — IBPP — MORTE, RENASCIMENTO, EVOLUCAO Uma Biologia Transcendental Prefacio Osmard Andrade Faria Médico Psiquiatra, Professor, Capitéo-de-Fragata MD (r. Rm) do Corpo de Satide da Marinha, Escritor e Parapsicdlogo ey EDITORA PENSAMENTO KO PAULO AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos aqueles que direta ou indiretamente contribufram para que esta o- bra se concretizasse. Em particular agradecemos ao Dr. José de Freitas Nobre e 4 sua digna esposa, Dra. Mar- lene Rossi Severino Nobre, pelo incentivo dado a este trabalho, acolhendo-o, inicialmente, nas colunas da Fotha Espinita; a@ Sra, Alzira Mar- tins Appollo pelo desenho n?4; 4 Srta. Sonia Re- gina Rinaldi Baselise pelos desenhos n*s 10 e 11; ao Professor Eng? Glaucius Oliva pelos dese- nhos n?s 5, 6 e 8; ao Professor Eng? Eduardo Ta- vares Costa e Srta, Maria das Gragas de Souza pe la revisao do texto; 4 Sra. Cristina Tavares da Costa Rocha pela datilografia das primeiras pro- vas. Agradecemos mui especialmente 4 Profa. Suzuko Hashizume, a quem coube o total preparo, organizacao e datilografia das matrizes deste livro. Finalmente, somos imensamente grato ao Dr. Osmard Andrade Faria por ter generosamen- te aceito ser o apresentador desta modesta 0- bra, valorizando-a consideravelmente. Sio Paulo, Verdo de 1983. HERNANT GUIMARAES ANDRADE vu SUMARIO Prefacio XIII O CRISOL DAS ORIGENS A Génese 1 A Gerac3o Espontanea 4 Biogénese 8 A Experiéncia de Miller e Urey 13 : AS FRONTEIRAS DA VIDA Imitagdo da Vida 15 Virus e Bactertéfagos 21 E a Vida? 28 : A ENTROPIA E A VIDA Ordem Versus Desordem 31 Entropia e Termodinamica 33 Vida e Entropia 36 Termodinamica e Ordem Biolégica 40 Voltando as Origens da Vida 43 A Solugao de Bertalanffy 46 CAMPOS ORGANIZADORES BIOLOGICOS Magnetismo e Organizagao 49 Vitalismo e Reductonismo 51 A Reagao Neovitalista 54 Forgas Organizadoras 59 CAP. V CAP. VI CAP. VII CAP.VIIT © SUPORTE ESTRUTURAL DO MODELO ORGA- NIZADOR BIOLOGICO Besouro Bem Armado Enfrenta Sapo Trombadao 61 A Fungao Psi 63 Experiéncias Fora do Corpo 67 Delineamentos 69 : A SOBREVIVENCIA DO ORGANIZADOR BIO- LOGICO Vinte e Nove Anos Depois ... 71 0 Caso Ruytemberg Rocha Nao é o Onico 75 0 Fantasma do Priorado 76 Retrospecto 79 : A MORTE E 0 MORRER 0 Leito de Morte 83 Os Que Vdo e Voltam para Contar 86 89 Os Estdgios do Morrer 91 0 Que Eles Contam A Sobrevivéncia 94 : AS MENSAGENS DO MUNDO DOS MORTOS Radioemissoras do Além? 95 As Cavernas do Submundo e o Des- pertar dos Mortos 100 Mas, Essas Vozes Seriam Mesmo dos Desencarnados? 102 Qual o Préximo Lance? 105 CAP. CaP. CAP. BIBLIOGRAFIA IX XI 0 SPIRICOM Os Primeiros Passos 107 0 Primeiro Sucesso 115 Dr. George Jeffries Mueller Reti- ra-se 119 Problemas Concernentes 4 Comunica gio Via Spiricom 120 O RENASCIMENTO Encontro com a Reencarnagao 129 Provas da Reencarnagao 131 A Aceitagdo das Idéias Reencarna- cionistas e Sua Distribuigao His- térica e Geografica 133 A Reencarnagao, Uma Lei da Nature za? 140 POR QUE ... PARA QUE VIVEMOS ? Por que ... Para Qué? 143 Apés a Morte 146 A Nossa Realidade 149 A Outra Realidade 151 Para Qué? = 153 156 TNDICE REMISSIVO 162 TNDICE ONOMASTICO 167 xI PREFACIO — "NEM VENDO, EU ACREDITO!" A £€ — escreveu Morris West — é um salto no escuro para os bracos de Deus. Cré-se ou nao se cré, simplesmente, Por sua vez — permito- me adir —a crenga contém em si mesma um pressu- posto de inexisténcia. Acredita-se quando nao se pode comprovar. Todavia, a border Line entre o concreto e_o abstrato, 0 tocdvel e o meramente concebivel, ja nio é tao evidente, Einstein, o fisico por ex celéncia, reconhecia isso ao ensinar que a Fisica é€ uma aventura do pensamento, Os tradicionais conceitos de materialis mo, organicismo, fisicalismo, reducionismo e a- fins vém tendo Sua forca dilufda ao longo dos tem pos € nem sempre se consegue distinguir a estan- queidade ortodoxa que a semantica lhes procura em prestar. A Fisica disseca a matéria nos reatores lineares e laboratérios de fissdo nuclear e a ca- da nova particula subatémica que os fisicos iden- tificam, a matéria se vai aos poucos desmateriali zando, deixando na saudade os alquimistas danta> nho. Alguns poucos tépicos desse pitoresco festival de "absurdos" anotados por respeitaveis cientistas e pesquisadores: — o bindmio energia- xu a atéria (Einstein), ambas formas alternativas de mesma massa de concretismo duvidoso; 0 con- ceito de complementaridade (Luis de Broglie) se- gundo o qual o eléctron age simultaneamente co- mo corpasculo e onda enquanto o primeiro nem che ga a ser matéria nem se lhe distingue u'a massa; © fato de o méson (Gaston Bachelard) ser muito mais uma idéia que um fato pois nao 8, apenas a- eontece; a inversdo da causalidade (Pascual Jor- dan) comprovando que em certas reagoes de fissao nuclear o efeito antecede 4 causa;o neutrino(con cebido teoricamente por Pauli em 1930 e confirma do por Reines e Cowan em 1956),uma particula que nao apresenta propriedades fisicas,nao tendo mas sa nem carga elétrica nem campo magnético, sim plesmente ndo sendo; o positron (Anderson), um eléctron com carga positiva retrocedendo no tem- po, caminhando da frente para tras, viajando pa- ra o passado vindo do futuro, morrendo antes de ter nascido; 0 conceito de imortalidade corpuscu lar (Gibson Lessa) segundo o qual se o corptiscu lo nao € particula de massa ou de matéria,se nao € fragmento de substancia, se nao tem dimensodes absolutas, se ndo tem forma e se nao ocupa um lu gar No espago, apenas se manifestando, entao a Fisica acabara por provar que o processo de des- truigdo da matéria, ou seja, a morte, @ simples- mente o mecanismo de liberagdo da energia ondula téria contida na mesma, ou seja, sua "alma", 0 que, por conseqliéncia nos transformaria, a todos nés, numa unidade bifida, corpusculares no Espa- go ¢ sob tal aspecto, mortais, e ondulatérios no Tempo e, pois, eternos, E finalmente a materiali dade do espfrito (HERNANI GUIMARAES ANDRADE) , bri Lhante concepgao expressa em sua obra "A Teoria Conpuscular do Espinito”. g Eis-nos todos, crentes e agnésticos,di. ante de um patético impasse: tudo 0 que é& com- preendido esta certo (Oscar Wilde), o que nos o- briga a reaprender a licao de Eddington,"a maté- xIV ria-prima do Universo é o Espirito", Espirito, aqui, evidentemente, no sentido da imaginagdo. Quando, porém, um pesquisador da postu ra ética de HERNANI GUIMARAES ANDRADE, com tio respeitavel bagagem intelectual e cientif ica,dis serta sobre un tema tao dificil quanto delicado @ altamente polémico como a sobrevida apds a morte fisica, mesmo aqueles (melhor, principalmente a- queles) como € o meu caso, que sentem enorme di- ficuldade para assimilar a idéia da sobrevida in teligente, mesmo esses, repito, devem parar para pensar. E um minimo compromisso com a busca da verdade. "MORTE, RENASCIMENTO, EVOLUCAO:Uma Béo Logia Transcendentat” € uma teSe sobre a Vida depois da Morte. Mas €, sobretudo, uma excelen te antologia sobre a Vida, enquanto apenas vida. ANDRADE vai busc4-la nas suas mais re- conditas origens, 14 onde, ha aproximadamente 3,1 bilhdes de anos, devem ter surgido as primei ras moléculas animadas de estimulo vital, no mo> mento mesmo em que o Acaso, aproveitando-se de condigdes fortuitas, construiu uma Ponte entre a quimica organica e a biologia. Depois disso € abrir o grande livro da Evolugao e acompanhar extasiado, na palavra f4- cil e na_exposigao altamente didatica do Autor, a explosao do milagre da vida em todas as suas formas, desde o virus (provavel elo entre as es- truturas animal e vegetal) até seus arcabougos mais superiores. Eis que nao é isso, no entanto — se ja nao nos bastasse — o mais importante :HERNANI GUIMARAES ANDRADE toma-nos pela mao e leva-nos a penetrar nos mistérios da suprema integracao en- tre o Homem e o Cosmos, Aplicando 4 ordem biold gica as leis da termodinamica e a mecanica ne= xv guentrépica que busca estabelecer ordem na desor dem natural dos agrupamentos estruturais e ciné- ticos, somos finalmente introduzidos nos fantas- ticos mundos do mode£o onrganizador bioldgico,pla no estrutural superior que condiciona o morgod em razao do cxonos, Nesse ponto da leitura surge, por si mesma, sem que o Autor’ a isso obrigue, a_ terri- vel e angustiante pergunta final que a nds mes- mos nos fazemos: — "E tudo isso, para qué? Para nada? Para, simplesmente, se acabar na quarta- feira de cinzas da vida de cada um? A morte 6, entao, o fim?" HERNANI GUIMARAES ANDRADE apenas _con- duz 0 nosso raciocinio quando postula:—"Nao se riam tais campos (organizadores) produzidos por um _prineipto que se formou concomitante com a propria vida desde os seus primdrdios? Nesse ca so esse principio poderia, gracgas a uma consti tuicdo estrutural espago-tempo, armazenar toda a sua experiéncia pregressa, convertendo-se em um domtnto informactonal histérico,Assim sendo, em sua interacado com as moléculas organicas ,ele poderia conduzir o embrido a reproduzir resumi- damente, durante a ontogénese, as fases decisi- vas de sua filogénese. Teriamos, assim, justifi cado o fenémeno da recapitulagao". A partir desse ponto imito Morris West e entrego o leitor aos bracgos eruditos e acolhedores do Autor, pois ir além seria roubar. ihe o prazer da descoberta e. do seu encontro com as suas préprias diividas e conviccées. Conan Doyle, médico, escritor,metapsi célogo e espirita, colocou na fala de ‘um seu personagem famoso a idéia de que, quando todas as outras hipdteses se eliminam, aquela que so- bra, por mais absurda que nos pareca, deve ser SAB WEE CKO Ky a verdade. ANDRADE tem pensamento semelhante ao longo do seu trabalho quando afirma, ao estudar © caso Ruytemberg Rocha que "a equipe do IBPP .. (...).. afastou todas as hipéteses normais que poderiam justificar o caso..(...).. restando co- mo tinica hipdtese plausivel e capaz de explicar a referida ocorréncia a da manifestacao de um a- gente theta". Espicago a argiicia do leitor e arranho delicadamente a amizade do Autor:— teriam sido realmente descartadas todas as outras possibili dades? = Se em vez de ser o brasileiro HERNANI GUIMARAES ANDRADE fosse o Autor o alem&o KARL W. GOLDSTEIN ou o inglés LAWRENCE BLACKSMITH, suas obras, traduzidas para o portugués, estariam sen do largamente vendidas no pais. Paga assim um preco aitissimo pelo imperdodvel descuido de ter “reencarnado" no Brasil. Engenheiro, fisico, ma- tematico, educador, lingllista, pensador, humanis ta, parapsicélogo, pesquisador, inventor, escri- tor, conferencista, cultura polifasica, € nome respeitado e consultado pelas mais importantes sociedades cientificas ligadas ao estudo das fun goes pst. Foi o primeiro experimentador em todo 6 mundo a conseguir, a cores, a kirliangrafia do famoso "efeito fantasma". Seus arquivos, paci. entemente organizados ao longo de mais de 40 a= nos de investigacdes, sdo coletanea sem prego. Seu_curriculo mostra-o autor de mais de 150 con- feréncias e cursos de esclarecimento, mais de 2.500 trabalhos de pesquisa cientifica,dentre os quais perto de 90 casos de poltenrgeist,cifra sem paralelo no mundo,todos devidamente comprovados. E inventor de equipamentos ainda nao copiados como o TEEM (Tensionador Espacial Elec- tromagnético) e o Ectossomascopio. Afora dez li- vros € monografias publicadas, citam-no e trans- XVII crevem-no fora do Brasil mais de 30 autores; ou tros tantos no pais, € seu nome aparece como colaborador ou yeferencia em mais de 200 publi- cacoes de rigor Ztico em todo © snundo. Nao creio que qualquer outro cientis~ ta brasileiro em qualquer época © en qualquer amo do pensamento » possa youbar-1he facilmente essa palma. Pois apesar de semelhante status, apura seu escrapulo ético @ tal ponto de, as ve oe, levar mais de dez anos perseguindo um fato antes de ousat anuncia-10- Eis que_assim Lhes apresento 0 Autor de "MORTE, RENASCIMENTO, EVOLUCAO: Uma Biologia Transcendental" os espiritualistas encontrarao neste qivro uma confortadors isigirmagao de suas Vere ta viva de uma a Pteria, dew as costas a obje Wem vendo, eH acnedito!" Floriandpolis (SC), mato» 1983 OSMARD ANDRADE FARIA xvill Capitulo 1 O CRISOL DAS ORIGENS "Sou uma sombra! Venho de_outnas bras, Do cosmopokitismo das mondras ... Pokypo de reconditas reintrancias, Lanva do chaos te£lirico, procedo” Da escurtdao do cdsméco Segnedo, Da substancia de todas as substancias!" (sic) Anjos, Augusto dos — "Mondlogo de Uma Sombra", EU, 16a. ed., Rio de Ja- neiro, Bedeschi, 1948, p. 49) A GENESE Parece fora de divida que o nosso plane- ta ter-se-ia originado de uma imensa massa de ga ses incandescentes envolvendo um niicleo mais den so formado por substancias a altissimas tempera turas. Nestas condicgdes, qualquer espécie de or- ganismo vivo jamais poderia ter entdo existido. Por conseguinte, a vida provavelmente apareceu aqui na Terra, a partir de uma determinada €poca apés a formacao e o resfriamento da crosta plane taria. Segundo os resultados mais aceitos a formagdo da Terra ter-se-ia completado ha cerca de 4,6 bilhdes de anos. 0 surgimento de uma cros ta sdlida possivelmente teria ocorrido apés un bilhao de anos. Sem diivida, a formagao de qual- quer composto quimico indispensavel a constitui- ao dos primeiros organismos bioldgicos depende- ria de condicdes mais estaveis e de temperaturas muitissimo inferiores aquela das rochas em esta- do de fusao. Ha um tipo de pesquisa que procura loca- lizar, nos mais primitivos sedimentos de rocha solidificada, aqueles compostos quimicos que te~ riam participado de antiqlissimos organismos vi- vos. Tais compostos seriam verdadeiros "fdsseis quimicos".Conhecem-se certas substancias organi- cas altamente resistentes 4 alteracao quimica,cu ja estrutura molecular leva a concluir que elas tenham sido abundantemente produzidas por siste- mas bioldgicos. Geralmente os compostos tipica- mente bio-organicos, como as proteinas, os Aci dos nucléicos e os polissacarideos, sao pouco du raveis, decompondo-se logo apds a morte do orga nismo que os originou. Excepcionalmente tem ocor rido o encontro de cadeias polipeptidicas e de a minoacidos bem conservados entre finas laminas de cristal, em rochas e ossos fossilizados. Mas os verdadeiros "f6sseis quimicos" ainda nao sao estes compostos assim ocasionalmente conserva- dos. Eles seriam, mais precisamente, representa- dos por certas substGncias organicas que foram capazes de conservar-se através de bilhdes de a- nos até os nossos dias. Estas substancias — 4 semelhanga dos restos fossilizados_ dos animais pré-historicos — podem conduzir & reconstitui cao dos primitivos organismos vivos que as teri- am produzido. E importante assinalar que tais es tudos oferecem apenas certa margem de certeza,em bora as _estimativas obtidas sejam satisfatorias e confiaveis. Os"fdsseis quimicos" a que nos aludimos s&o substancias residuais resultantes de altera- cées sofridas, no decorrer do tempo, pelas primi genas moléculas organicas. Tais alteracgées pode- rio dar-se por descarboxilacio, redugao, polime- rizagaéo, etc. Assim alteradas, as referidas molé culas formam os compostos denominados alcanos.ES tes compostos resistem 4 acao do tempo e de va rios outros fatores destrutivos. Por essa razio, os alcanos puderam ser detectados e reconhecidos em rochas ou depdsitos sedimentares antiqlifssi- mos. Os alcanos foram assinalados, por exemplo, FrontDa soe mance unst¥ e808 Go sith wecenaze ARQUEOZOICO JALGAS AZUL= “ aes + FIG, 1 — ESCALAS DO TEMPO E DA EVOLUGAO DOS SERES VIVOS — No grafico & esquerda podem ver-se a escala cronolégica da Terra e as correspondentes camadas de Fochas sedimentares onde foram encontrados os fésseis. No gréfico a direita so indicados 08 periodos correspondentes @ escala cronolégica da Tetra (& esquerda) e os respectivos estos fésseis com suas denominagdes. Vé-se nitidamente que a evolugdo quimica ne- cessitou cerca de 1,5 bilhdo de anos para alcancar o estégio da biogénese. A vida Provavelmente se iniciou hé cerca de 3,1 bilhées de anos, em nosso planeta, (Extraido de Eglinton, G. e Calvin, M. — "FOSSEIS QUIMICOS", Scientific American, A Base Molecular da Vida, trad. de Marcos B. de Oliveira e outros, So Paulo: Ed. Universidade de Séo Paulo e Ed. Poligono, 1971, p. 954, fig. 33-1, modificado,) em amostras do xisto Soudan de Minnesota, forma- do ha 2,7 bilhdes de anos. Os sedimentos do sis- tema Fig Tree da Suazilandia, na Africa, com 3,1 bilhdes de anos apresentaram uma fracgdo de molé- culas dos isoprendides que compdem os alcanos dessas rochas. Os isoprendides parecem ser vesti gios quimicos da clorofila. Admitida esta premis. sa, deve concluir-se que organismos vivos ja te= tiam existido hd 3,1 bilhoes de anos atras. (EGLINTON, G. e CALVIN, M. — "Fésseis Quimicos", 1967, in A Base MoLecutan da Vida, Setentific Amertean, So Paulo: Polygono, 1971, pp. 315-365). Refletindo mais detidamente sobre esta questdo e examinando os graficos da fig. 1 sur- preendemo-nos com um fato muito significante: a vida provavelmente surgiu tao logo a crosta da Terra se resfriou o suficiente para nela se for- marem os primeiros compostos quimicos organicos indispensaveis @ constituigdo dos seres vivos. A vida deve ter-se iniciado apés cerca de 1,5 bi- ih3o de anos a partir da formacao da Terra,0 pra zo € impressionantemente curto em relacao a ida- de do nosso planeta, Este fato suscitou uma sé- rie de conjecturas a respeito de como foi possi- vel instalar-se a vida, em tao remota era e em condigées aparentemente tao adversas. Entretanto © fato ai esta.Do primitivissimo crisol cdsmico, da arcaica, estéril e desolada paisagem pétrea, batida pelas tormentas, sacudida pelos terremo- tos e flagelada pelas fdrias vulcanicas, surgiu algo que originou os primordiais seres vivos, dos quais nés somos os derradeiros descendentes! A GERACAO ESPONTANEA Como surgiu, na Terra, o primeiro ser vi- vo? Esta pergunta parece haver sido enunciada i- nimeras vezes, desde a mais distante antiguida- de.As tradicées religiosas,em sua maioria,trans- ferem a solugao natural do problema para um ato criador de uma ou varias divindades. 0 Cédigo do 4 i- i- a- to do Manu — um dos mais antigos cddigos que se co- nhecem — usando uma linguagem simbélica, colo- ca no inicio da criacdo "Aquele que &, esta cau- sa imortal que existe para a razao e nado para os sentidoe”. Na Teologia hindu, o mesmo principio criador recebeu-o nome de Swayambhouva, "Aquele que extate por st mesmo", Deste principio "nas- ceu Purucha, filho divino de Brahma". Depois de ter estado no ovo-de-ouro pelo espaco de um ano divino e, por um dnico esforgo de seu pensamen- to, haver criado o mundo, Purucha criou a vida organizada ¢ todos os seres vivos.(JACOLLIOT, L. — Manou-Motse-Mahomet, Paris: C. Marpon et E, Flammarion). De acordo com o Génesis mosaico(fig. 2), Deus, apds ordenar que as Aguas que se achavam sdebaixo do céu se juntassem em um so lugar, apa- recendo assim o elemento seco, deu-lhes o nome respectivamente de Mares e Terra. Apés este pre- paro, mandou Ele que a terra produzisse relva,er yas que dessem semente e arvores frutiferas. Is= to ocorreu no terceiro dia da criacio.Somente no quinto dia, Deus cuidou de ordenar que as Aguas produzissem seres viventes e que surgissem as a- ves destinadas a voar acima da terra no firmamen to do céu. Finalmente, no sexto dia, foram criaz dos os seres viventes terrestres, Surgiram. ja prontos, segundo suas espécies, animais domésti- cos, reptis e animais selvagens. Para coroar a obra_ criacionista bioldgica foi entao feito o ho mem a imagem e semelhanca do Criador. (G@nesis 1). Nem_todos os homens se conformaram com as explicacées religiosas, e passaram, por isso, a cogitar a respeito da origem da vida; de como teria sido o primeiro ser dotado de vida e qual o seu processo gerador. Inicialmente, as hipote- ses acerca da origem dos seres vivos foram sim- plistas e baseadas em observacdes imperfeitas,se guidas de conclusées ingénuas e apressadas.Acre= ditava-se que, da propria terra ou dos detritos e podridées, podiam surgir seres vivos. Assim, -OIlE SEC VNOO: | 30 ZN Ay FIG. 2 — © GENESIS MOSAICO — No 1.° dia, Deus criou 0 cu e a terra, © cricu também a luz; no 2.° dla fez o firmamento e dividlu as aguas que estavam debaixo do firmamento, des aguas que estavam por cima do firmamento; no 3° dia juntou as aguas em um s6 lugar, criando os mares e as terres, © ordenou que a terra produzisse os vegetais; no 4.° dia foram criados os astros para presidirem 0 dia e a noite; no 5° dia Deus criou os seres aquéticos ¢ as aves; no 6.° dia, finalmente, foram criados os animais terrestres e, entre eles, 0 homam com poder sobre os demais seres viventes. 0 7.° dia foi, por Deus, consagrado 20 dascanso. A mulher fol criada muito depois, de uma costela de Adio, o primeiro homem. também, era crenca generalizada que a umidade pu trefata seria capaz de gerar seres viventes. Ambroise Paré (1517-1590), tendo mandado quebrar grandes pedras em sua propriedade,foi in formado pelo seu empregado de que havia sido en- contrado um enorme sapo vivo, no interior de uma das pedras! Embora fosse um famoso cirurgiao na- quela época, Paré nao pds em divida a informagao do seu criado, ficou apenas ingenuamente admira- do e sem imaginar como o animal poderia ter nas- cido, crescido e vivido ali dentro da pedra. 0 trabalhador asseverou ao seu patrao ndo ser esta a primeira vez que ele encontrava aquele e ou- tros animais dentro de pedras sem aparéncia de nenhuma abertura. Entao Ambroise Paré procurou dar uma explicacao para os fatos: os animais em questao eram engendrados de alguma substancia G- mida, putrefata, das préprias pedras! A medida que os processos e os meios de observagado foram se tornando mais rigorosos, as fronteiras da crenga na "gerag4o espontanea" tam bém comegaram a ser afastadas. 0 microscépio, no fim do Século XVII, revelou a impressionante com plexidade organica dos minimos seres vivos,mesmo dos microorganismos cujo porte é notoriamente in significante. Devido a isto, a crenga na possibi lidade de surgirem seres vivos, espontaneamente, da podridéo, da terra timida e da carne em decom- posigdo, tornou-se cada vez menos aceita.Foi Pas teur quem assestou o derradeiro golpe na doutri= na da geracgao espontanea. Apds uma ardua conten- da, em que enfrentou iniimeros adversarios do mais alto nivel intelectual, tais como Pouchet, Bas- tian e Claude Bernard, Pasteur pode enfim demons trar, através de suas’ memordveis experiéncias, @ impossibilidade da geragdo espontanea, nas atu- ais condigdes naturais do nosso planeta. Por ou- tras palavras, até a presente data nado se conhe- ce nenhuma condigdo especial que possa propiciar o surgimento espontaneo de seres vivos organiza- dos. "Todo ser vivo procede de outro ser vivo" 7 ~ omne vivum e vivo — ja ensinava Vallisnieri,no Século XVII, e Pasteur assim colocou esta ques-~ to em sua real posicdo:~ "A geragado espontdnea dos serves microscdpicos uma quimera. Nao, nao extete qualquer etreunstancia, hoje,conhectda,na qual se possa afirmar que os seres vém ao mundo sem germes, sem pate semelhantes a eles. Aqueles que acreditam nisto tém sido joguetes da ilusao, de experiéncias malfettas, chetas de erros que eles nao souberam perceber ou que nado souberam e vitar.” (CARLES, J. — AS Onigens da Vida,Sao Pau lo: Difusdo Européia do Livro, 1956, pp.23-24). Mas, voltando aos primérdios deste nosso planeta, o problema da origem da vida continua. Esta claro que Pasteur demonstrou, experimental- mente, a impossibilidade da geracao espontanea. Entretanto, parece indiscutivel que a Terra, ha mais de 3,5 bilhées de anos atrés, nao_ possuia seres vivos em sua superficie.Aqui j4 nao é mais possivel aplicar a assercio de Vallisnieri: Omne vivum e vivo.Como, entdo, surgiram os primeiros seres viventes? BIOGENESE Inicialmente, devemos fazer distingao en tre a doutrina da geragio espontanea e a investi gacdo acerca da origem da vida. A primeira admi- te, ingenuamente, a possibilidade do surgimento espontaneo de seres vivos ja organizados. A se~ gunda aceita a tese de que a vida apareceu sobre a Terra, em certa ocasiao e em condicdes especi- ais. Houve uma época em que o nosso planeta era absolutamente estéril e nao abrigava nenhum ser dotado de vida. Algum fato especial propiciou a biogénese, isto €, 0 salto dialético que permi- tiu a matéria inanimada dar o primeiro passo em direcio @ meta bioldgica. Este € 0 objeto dessa fascinante pesquisa. 8 Uma primeira conclus&o foi obtida por V. Vernadsky e outros diante da dificuldade ini- cial de explicar-se a biogénese:encontram-se nos organismos vivos os elementos comuns a todo o Universo. 0 préprio Pasteur, impressionado com a improbabilidade experimental de encontrar quais- quer condicdes atuais que propiciassem osurgimen to de seres vivos, por mais simples que eles fos sem, chegou a inclinar-se para uma espécie de hi lozoismo: talvez pudesse inverter-se 9 proble- ma, buscando a origem da matéria na propria es- séncia da vida, como postulava Preyer, nos fins do Século XIX. . Embora nem sempre especificamente com re lagao ao particular problema da biogénese, tém surgido atualmente reflexdes hilozoistas com res. peito 4 vida em si mesma. E, por incrivel que pa reca, tais idéias estao Surgindo mais recentemen te'em algumas areas de especulagao da Fisica: — "HG vida em todas as coisas, mas com variados graus de conseiéneia", — postula Bob Toben,em um curioso livro escrito em parceria com os | fisi- cos Jack Sarfatti, Ph. D., e Fred Wolf, Ph. D. (TOBEN, B. — Space-Time and Beyond, New Yor Dutton, 1975, p.40). Se correlacionarmos a vida com a presen ca de uma psique ou espirito participando da es- séncia de determinado objeto, teremos mais um e- xemplo da colocacgao da vida na propria matéria, na obra do fisico francés Jean E. Charon:0 Espi- nito, Este Desconhecido. (L'Esprit Cet Ineconnu, Pari$: Albin Michel, 1977). Mas ja bem anteriormente, Albert Ducrocq escreveu um livro sobre a origem da vida, La Lo- gique de La Vie (A Légiea da Vida, versio portu- guesa,Sao Paulo: Cia, Edit. Nacional, 1958) ,dan- do uma interpretacao dos fendmenos biolégicos,em termos de automacao. Albert Ducrocq dirigiu, ' a partir de 1953, a Sociedade Francesa de Electro- 9 nica e Cibernética e € considerado um dos_ gran- des da automacdo. Para ele a vida surgiu de cer- tas propriedades peculiares 4 matéria,entre elas o fato de alguns compostos quimicos serem capa- zes de autocatalise, e de serem _servizadores, isto 6, de formarem sistemas automaticos (ciber- néticos) em uma escala progressiva de organiza-~ gio:— "Alguns mecantemos servizadores sao cer- tos, outros ainda discutidos. 0 que importa para nés é que eaista, ao lado da quimica ecldssica, uma quimtea das servizagoes cuja fungGo podere- mos anqlisar" (opus cit. p.98), E_mais adiante, no capitulo V, intitulado "Cibernética e Bioci- bernética", Ducrocq acrescenta:— "Chegamos ao a- mago do problema. Apareceram deidos aminados ca~ pases de se ancorarem uns noe outros. 4s cadetas assim formadas sao maquinas que modificam a pro- babilidade de acontectmentos em torno delae. A partir dessas consideragdes, trata-se de compre ender por que uma evolugado inelutavel deverta dar naseimento a uma matérta 'viva'.” (opus cit. p.99). Bastam estes poucos exemplos para ter- se uma idéia de como o problema da origem da vi-~ da passou a ser encarado sob outro aspecto, o da biogénese. Sob este novo angulo, a origem da vi- da é vista como um fato natural e inevitavel que ocorrera, desde que as condicées fisicas e ecolé gicas, inicialmente registradas em nosso plane= ta, se repetirem. Assim ha uma grande probabili- dade de existirem outros planetas portadores de ‘matéria viva", disseminados pelo Cosmo afora, conforme ja pensava Giordano Bruno, no Século XVI. A possibilidade de existir vida fora do nosso planeta faz pensar, também, que muitos ou- tros orbes ter-nos-iam precedido na geragao da matéria viva. Serd que alguns fragmentos vivos, ou esporos, ou até mesmo seres vivos jd organiza dos, nao s¢ disseminaram pelo espaco césmico, fer tilizando outros planetas mais jovens? Esta hipo 10 eee" tese, criada por Anaxagoras e chamada "pansper- mia", foi reformulada por Montlivault (1821) e abracada por Svante Augusto Arrhenius (1859- 1927). A panspermia, em sua posterior versao, im plica na prévia existéncia de_um ou mais plane- tas onde j4 haja vida e que nado sejam muito dife rentes do nosso, pelo menos quanto as camadas. atmosféricas. Para Arrhenius, os esporos vivos, eletricamente carregados, chegariam até outros orbes, impelidos pela pressao das radiagées. H@ inidimeras objecdes 4 teoria_da pansper mia adotada por Arrhenius. Uma delas é a de que as proprias radiacgdes césmicas destruiriam fa- cilmente os germes vivos que conseguissem escapu lir dos planetas de origem. A maior objegao, po- rém, € a de que tal hipotese apenas _transfere, mas nao resolve,o problema da origem da vida.Res taria sempre por explicar como a vida surgiu pe- la primeira vez, alhures no Universo. Apesar das iniimeras objecées 4 hipétese da panspermia, € curioso notar que ainda hoje em dia ha cientistas de renome que créem nela ou em versoes ultramodernizadas da mesma. Assim, por exemplo, Francis H. Crick, Prémio Nobel de F siologia e Medicina (1962), e Leslie E. Orgel su geriram recentemente que a Terra e presumivelmen te outros planetas estéreis poderiam ter sido de liberadamente semeados por seres inteligentes riundos de outros sistemas solares, cujos estd- gios de evolucao estao 4 nossa frente alguns b Ihdes de anos. (Scientific American, setembro, 1978, p. 62).. Entretanto, as hipéteses mais vidveis sio aquelas que consideram a possibilidade de te rem ocorrido, em certa época, condicdes favora- veis ao aparecimento da vida’ na Terra. Tais con digées foram sugeridas por J.B.S. Haldane (1929) e A.I. Oparin (1936). Ambos concordam em que, i- nicialmente, apds o surgimento da sua crosta s6- lida, a Terra veio a possuir condigdes propicias A formacio de compostos quimicos indispensaveis lL veraooo everaooo ALLA page exrgnte Boseahs *Sbatien h O08 gages BEE ‘OPERAGKO - FIG. 3 — APARELHO DE UREY E MILLER — Uma mistura de vapor d'égua, hidrogénio, metano e aménia circula através do apareiho. No recipiente inferior a Agua 6 aquecide, Produzindo vapor. A mistura dos gases ¢ introduzida, antes de cada operagéo, pela vélvula superior @ esquerda. No baldo de vidro melor produzem-se centelhas elétricas no seio da mistura, No condensador, a mistura resfria-se, condensa-se e volla ao ebulidor, de onde so extrafdas as amositas para andlise quimice. Outras misturas de gases, incluindo (© monéxido de carbono e 0 nitrogénio, produziram resultados positivos, porém somente nna auséncia de oxigénio livre. Depois de algum tempo de operagdo, as amostras colhidas do liquido condensado revelaram a presenga de inumeros compostos organicos sintetiza- dos por este processo, Entre eles assinalam-se quatro dos vinte aminodcidos comumente presentes nas proteinas: glicina, alanina, dcido glutamico e acido aspartico, ‘

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