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Covrcko Fuoron. Anroplgia fies Hear Cs ax, ed ‘Srp i i ee a ‘Sint puto de Parmeter (0), Maret F ares Croepn cna de Sling (Frans Pes ‘car suo Con Be Mele ‘ran ioe dur sie, rk Siva ‘econ ds nae 9s dat iguanas Capra Cree Des ue cepa de haar, Joris Mages ‘Berio flr ei Li Yar rsd A earn Ct Yas {rtrd Hearse C. Li Yr {ors dels 1 Weare CL at Ese loa da ear apis de Mors ‘ten racte ners Mateo 4 Oe ‘es ¢ocabide Westen Ae Ole ‘aide «bene nu sobre a, Robert Spaesan ‘Biro man pe Saas ‘Rice mdb endo Wiel, Wee Spek Pat 6 Wonca Mara Pere Pin srs madera Manis A de Ounern Pa pte, Bee Duis pie mando Bric Wi), Marty. Sars ‘inet nanan Mra edger I A. Maco ‘rau sr do coeconest (0 a Dames ‘a de arm Hegel Som Slga Init a sco, aR Marg Pee Tate fi een Mra Lara raga A Sampo ‘tog gu Qual rasa nr Mare erie Sg, Wo Carmo fae Fee Mato € fade, a Mar me 0 alin # Dae Mara anon em ok Lace Baga ere Po ‘are er Pnomenlota do pir, Pu Sate, 2 Patio na mado 0), a & ope, acme modern © ue is Besa Fe ¢ mudora or Hooray, ats eo ‘Trbalo «rg na Petomensloga do Ende Hie 3. Saos ‘ea rg do Gren Sera eres (0, M.A (8) HENRIQUE C. DE Lima Vaz ESCRITOS DE FILOSOFIA IV Introdugao @ Etica Filoséfica 1 nin digit pt rae do Conde En Spee Compania de ru, Dit Jos AAA Ma Dl vanes Henan Yt, « Db Meni ‘aan Oat, 127 (uo) SUMARIO Profi 7 Introd n Biblografa gat. 20 I NATUREZA E ESTRUTURA DO CAMPO ETICO. CCapiualo 1. FeNowtxotocia no Erias CCapinalo 2. NaruReza E rome no sasex F110 CCapinulo 3. Do sasex gmico A Enea Capiuulo 4: Esmuruee concerrua. os Erica ages Loyeta Ron 122 0 S47 — Ipiranga SINOPSE HISTORICA 14216000 So Palo SP (Cains Ponta #2985 04290670 So Plo, SP Borin orsivze 1 ETICA ANTICA See eater Fae (ort) 61684275 Imooucio i Home page © ends wwooyola.com.be Capieao 1. Africa sca 8 email: oleate ‘captsto 2. Erica soounicon arene. 2 dds rved. Nobo prt dt sa Capito 3. Erick sxstortca 109 ops pi ogni oma ‘Capitulo 4. Fries visemes 17 {ie geno me (oo ea ns ‘write Ei pin era Ee ) Ii, ETICA CRISTAO-MEDIEVAL. 163 ssa; ab1s01864 Capitulo 1 A Brea ened ase pe Saito Acosta 165 Capitulo 2. Enc aconrsn 7 oRDIGo LOYOLA, Si Paulo, Brasil, 199 CCapitalo 3. A fica sent: Touts ne Aan 199 Gapisnlo 4. A Enea xi Inxoe Mebin ‘rao 2a IV. ETICA MODERNA.. sone 255, CCapfuulo 1. A reansicho RENiscenrista 287 Capito 2. A sanenomia cartes 267 CCapieulo 8. Thowss Hoses: rouncs ¥ WOR. 293 V. ETICA KANTIANA.. von S18 CCapfealo 1. O mvenino rateatico os Enea 315 Capito 2. Esmvrons os Erica nari 325, VI. RUMOS DA ETICA POSKANTIANA I... Capito 1 Seuscio 04 Eric conreaoninea 1 Gpitulo 2 Moosuos Evrmsts €RAcoNAusEs 387 Gpitsle 5. Mesto vistoncen: O Teessno szaio © a Bnca ot Hict. 305 ‘VIL RUMOS DA ETICA POS-KANTIANA TI cen 405 Capitulo 1 A Bes i mgsons a vo seiko XIX. 407 CGapstal 2 Comes an Enea No 3000 XX. 119 CGaptslo 8, Paue tsi to uae # 80 asrORenWe on 89 Capital A'Erica rtasoncn exists x0 stetuo XX. 487 VIIL CONCLUSKO DO PRIMEIRO VOLUME. am Indice de nome a PREFACIO S estudos sobre Fica so, provavelmente, os que mais rapid. mente crescem no campo da bibliografia contemporanea em Giéncias Humanas e Filosofia Um enorme fluxo de livros e artigos caprainse hoje por todos ox dominios da reflexio ética, desde Meactica e a Bia fundamental até Btica apicada aos mai varia dos ramos da atividade humana. As razdes que podem explicar esse extrsordinirio interese pelos temas éicos so muita © complexa. ‘Tudo leva a cer, no entanto, que estamos aqui em face de uma das mais inequivocas ¢ sgnficatias reagdes a uma crise espiritual sem precedentes, que singe a civiieagio ocidental preses 3 cumprir 0 terceiro milémio de sua histori. Com efeito, se concordarmas em datar 0 inicio de nossa ciilizaio no século X aC, com a formacio do reino davidico e os comegos da tradicio ltersria biblia de tim lado e, de outro, com os primeiros pasios da Grécia arcaica, nio & difeil ver que, a0 terminar © terceira milenio de uma histria extra fordinariamente rica e dindmica, ela vive uma siuagio profinda- ‘mente paradoxal. Uma primeira e indicutivel evidencia se impoe & ‘onscignciahistrien de sews stores: a de uma formiditel c sempre ‘rescente producio de bens materiais ¢ simbolicos que invadem & ‘ctipam toro o nosso espace huimano © atestam a passigem sempre ‘mats répida do mundo a natures para 0 mundo da eudsra. Ua Segunda evidencia, no menos irrecusivel, nasce paradoxalmente da primeirs: a do progressive esmaccer em seu horizonte simbslico das onstelagées de valores expiritais que orientaram até o presente sua marcha através des azares do tempo. Tais si, por exemplo, a distin SORITOS DE FLOSOFA 1 ‘40 oposigao entre © bem e 0 mal, a primazia dos bens do espirito, 4 aceitagio do cariter normativo e de uma ordem hierirquiea dos Dens que conferem 3 vida 0 imperativo e a dignidade de tm dever ser propriamente humano. O paradoxo reside aqui na aparentevio- JagZo de uma lei fundamental do processo de eriagao cultural e que ‘sti na origem do fendmeno histérico do eth, saber, a lei que Drescreve a0 ser humano criador de seu mundo, que é 0 mundo da ‘ultra, a necessidade de uma ordenagso normativa de wa atvidade ‘riadora em termos de bens © fins que atendam 20 imperativo ‘ontologicamente primeiro de sua auto-ealizacio, E do undo desse paradoxo que se levanta a onda éica.a esprai- arse hoje sobre 0 mundo, cobrindo todos os campos da atividade humana, Ela parece signifiear como que o sobressalto de nossa natureza espiritaal em face de ameagas que parecem pir em risco 4 propria sobreviéncia das razdes de viver © dos valores de vida Tentamente e penosamente descobertose afirmados 20 longo desses lrés milénios de nossa histéria. Um relaivismo universal © um hhedonismo que nio conhecem limites: eis 08 padres de aaliagao © comporamento hoje dominantes e eujos efeitos devastadores na vida de individuos e sociedades nos surpreendem e nos inguietam, ‘A urgéncia da rellexio étca surge aqui em contrapartida, © se faz ‘isivel na enorme producio bibliogrilica que o extiioso ve crescer dante de 8 [No campo dessa vasta literatura, 0 exto que aqui apresenta- ‘mos nio tem nenhuma pretensio a originalidade. De resto, 0 pro- Posto de fazer obra original em Filosofia c, em particular, wa Eeica deve ser normalmente colocado sob suspeita, Estencialmente, 0 pensamento flosifico consiste na rememoracio de wm passado de pensamento ¢ no esforco, como dria Hegel, de uma reiranscricdo sempre renovada no cont, levado a cabo segundo a8 condicaes Intelectuas de determinado tempo histério, de seus problemas ¢ Lesafios, isto &, da experiéncia © do saber dos séculos depositados nessa tradigio de pensamento que denominamos justamente Files fis Foi assim que se constituiram desde os tempos socriticos a estrutura € © movimento logica do pensamento ético, quando Sécrates avocou 20 tribunal de uma razio, a0 mesmo tempo critica ‘© normativa, © ehas grego wadicional e inaugurou a tradizda de 5 mupicio pensamento sobre a cond com 0 nome de Lica humana consagrada posteriormente [A modesta obra que ora oferecemos 20 leitor obedece a esse paradigma metodologico e epistemol6gico. Ela tem por ala prime ‘amente siuara Btca no panorama atual da Filosofia e das Ciéncias Humanas ¢ estabelecer sia especficdade como saber de natureza ‘loséfica. Em seguida pretend propor uma rememorard dos gran des modelos do pensamento ético 20 longo da hiséria. Finalmente presenta uma relexio sobre as estruturas e categorias fundamen tais da Fuca, organizada de modo a pér em evidéncia sua articula- io dialétca e unidade sistemstica. O campo de noma reflexio €, portanto, a chamada Euca Geral, cto objeto sio os fundaments do ‘aber ético, Apenasincidentemente nos refericemos a problemas de Etica aplieada, © leitor observara que os problemas de Metatic, os quais até hi pouco era reservada a parte do ledo na literatura éica canter pporines, merecerio aqui apenas uma breve referencia. Nio que Gesconhegamos sua importancia, sobretudo no que diz respeito & anilise da linguagem é0ca e & Vogiea do discurso &tico. Mas 0 obje- tivo de nosso livro &, uma ver assegurada a valider dos procedimen {os metodologicos e episemologicos que adotamos, dedicarse a problemas de conto, ndo a problemas de forma, poi a foi, dran- te esses anos, o roeito diditico de nosso ensinamento. Devemos, no ‘entanto, advertr 6 leitor que no € nosso propésito oferecer aqui mais um compéndio de Fuca entre os muitos © excelentes que ji ‘existe © que citamos na Bibliografia geral. A intengio que nos ‘uiow ao redigir estas piginas foi a de tentar uma reflexio bistrico- ‘sstemadica sobre os temas e problemas fundamentals da Etca filo sifiea, Ese nio €, convém advert, umn livro para o grande pblic. AA tecnicidade do vocabulirio torna sua leitra penosa para os que rndo possuem alguma failiaridade com a linguagem filoofica. f particularmente destinado 208 meus colegas no ensina e no estudo 4a Filosofia ¢ 20s alunos que neste estudo se iniciam, Prato de vrios anos de magistério na UPMG e no CESBH, dedico aos meus antigos « atuais alunos, nos quis encontrei sempre compreensio e dos quais sempre recebi estima. Devo im agradecimento especial a meu ex- aluno Carlos Viana, que digitou uma primeira versio resid do ° texto, aos ilustres juts Doutores Luciano Pinto, Tago Pinto, Fer. nando Humberto dos Santos, Jodo Baptista da Silva © Alberto Henrique Costa de Olivers, que me honraram durante todo um sano com assidua presenga is minhas aulas, ao meu colega Prof Danilo Mondoni, que tomou sobre so trabalho minucioso de revi sio do texto © das nots, ¢ aos dedicados funciondrios das Ediges Loyola. Deseo, Finalmente, mencionar os brilhantes akanos do curso de pésgraduacio da Faculdade de Direito da UFMG, que tém sido enviados regularmente a0 meu curso por meu eiinente colega € amigo Dr. Joaquim Carlos Salgado, bem como meu excelente amigo ‘¢ exaluno,o psicanalista Eduardo Dias Gontijo, que vem acompa. ‘nhando com profundo interesse a redagio dexta obra Fique aqui nossa homenagem % meméria do saudoso ¢ prantea- do P. Gabriel C. Galache, exDiretor das Edigbes Loyola, ca lari videncia e sensibilidade deram um decisivo impulso a publicagio de textos flosficos em sua Editor, Hiexngue C. oe Lana Viz Belo Horizonte, agosto de 1999 0 INTRODUGAO termo Alica & sem diva, dos mais difundidos © dos mais constantemenie usados na linguagem contemporinea, set na Iieratura especializada ou na fraseologia politica, seja na comics lo de massa, E evidente, por outro lado, a deterioracio semantics do termo nessa sua migrarao incessante por tantas formas diferentes de linguagem, Um estudo sobre ica que se pretenda filosétieo deve dedicarse preliminarmente a delinear 0 contorno semintice ‘dentro do qual 0 termo Ftca seri designado e a defini asim, em primeira aproximacio, o objto ao qual se aplicario suas investiga: ‘ese suas reflexdes, bem como a caractrizar a naturera e a est belecer os limites do tipo de conhecimento a ser praticado no est do da Btica. Ese a tarefa que nos propomos levar a cabo next Inwroducio, Das questdesfundamentais aqui se nos apresentam: primeira de carster mais hse, a segunda de cunho 20 mesmo tempo hi térca © teirio. A primeira diz respeito as origens linglstiea do ter- ‘mo Bia, A sua transcrio na primeira lingua floséfia conhecidla, 2 lingua flos6fica gregn, © 20 rica contetde semintico que nela recebe e que nos é tansmitide por ma longa tradicio. A segunda referese a legtimidade ¢ valde? dessa leturafilosfica original d conduta humana individual e social que passa a ser designada como Bria, € que desde os primeinos pasos da cultira ocidental orienta a reflexio nesse terreno. Em outras palaras: a primeira questio € luma quarto de nomine segunda questio surge na forms de ¥ EESCHTOS DE MLOSOFIA Interrogagio prévia sobre a posibilidade de uma Eta files, tal ‘como pretendemos venha 2 ser 0 discurso dest lio, © estudo dessas duas questdes,sobretudo da segunda, deveré, assim o cremos, abrirnos o caminho para o exame da matureza € esrutura da Btioa flosfca © para a rememoracio de seus grandes ‘modelos histricos.A partic da seri possivel tragar as linhas funda ‘mentais do sistema da Etica em sua versio Blosfiea e apresentar os titulos de sua validez tencae de sua necessidade histone nos tempos Iniciaimente convém dizer uma palawa sobre um problema de natureza terminologica que ocorre constantemente na linguagem € na literatura sobre Esa, a saber, © problema do uso das denomina- «Ges Ftica e Moral para designat 0 mesmo dominio do conhecimen- to, Esa dupla designario tem susctado alguma divida sobre sinonimia original dos dois termos na medida em que cada um [parece exprimir um agpecto diferente da conduta humana em suas ‘omponentes sociale individual. Provavelmente a divida a respeito {do matie semintico diverso de Btica e Moral comesou a formarse desde os tempos kantianos e acentuowse com a dstngio introdurida por Hegel na estrutura dialética da sua Flosoia do Espinto objetivo entre Moraiate Sitlcbk, a primera designando 0 dominio kantiano dda moralidade interior, a segunda sgnificando o campo elisico da eticidade sociale politica Considerados, porém, em sua procedéncia eimologica, os dois termos sio praticamente sindnimos e dado 0 eu uso indiscriminado ra imensa maioria dos casos, talvez sea preferivel manter essa sino- nimia de origem e empregar indiferentemente os termos Etica © Moral para designar o mesmo abjea, A tentatva de conferirthes acepeio diferente esti ligada, como voltaemos a ve, & separacio moderna entre Btica e Politica e, mais geralmente, 2 cisio entre individuo e sociedade ow entre vida no espago privado e vida no cexpago public, Examinemos primeiramente a ascendéncia etimolégica do ter mo Ete, herdado, como € sabido, da lingua grega. No uso vulgar zado a partir de ArisGtees, dice (thik) & umm adjtivo que qualifies lum tipo determinado de saber que Aristteles fo, de resto, o prime 2 ee +10 a defini com exatidio, Asim surge a expresso aisordlica hike ‘Pragmatéi (Aristteesusou igualmente o terme pakke plsophi, ‘Met Ul (alpha eaton), 1, 993 b 19-23}, que podemos wadusir seja ‘como 0 exerciio constane das vrtudes moras, eja como 0 exere io da investiga e da reflexio metédicas sobre os costumes (the) Posteriormente, a partir provavelmente ji da Primeira Academia (Gee. IV aC), segundo 0 textemunho de Xenderates f 1), 08 adje- tis et, lge e physi passam a qualificar cada um as trés partes nas quais € dividida a Filosofia concebida como cigncia (qithen) Lépiea, Fisica e Buca (opie, phske, thi), divsio que perdura até © século XVIII dC. Lentamente 0 adjetivo ae substantiva, dando ‘origem as dsciplinas hoje conhecidas como Logica, Pica e Bsica [Na lingua filosdfica grege.etlke procede do substantivo ets, que recebers duas grafias disintas, designando matizes diferentes da ‘mesma realidade: eth (com ta inical) designa o conjunto de cos tumes normativos da vida de um grupo social, 26 pasio que has (com epsilon) referese& constancia do comportamento do indviduo caja vida € regia pelo etkescostume’. £, pos, arealidade histrico- “social dos costumes e sua presenca no comportamento dos indi duos que & designada pelas duas grafas do termo elas Ness seu uso, que iré prevalecer na linguagem filséfica, eto (a) €a wane posicao metalérica da signifieacao original com que 0 vocsbulo € Empregado na lingua grega usal e que denota a morada, com ot abrigo dos animais, donde o termo moderno de Filia ou estido do comportamento animal. A wansposicio metaforca de ethos para © mundo humano dos costumes € extremamentesignifcativa © & fruto de uma intuicio profunda sobre a naturezae sobre as condi ses de nosso agi (praxis), 20 qual ficam confiadas a edificacio € preservacio de nosa verdadeira resdéncia no mundo como seres Inteligentese lores a morada do ees ca destrigsosigniiara 0 fim de todo sentido para a vida propriamente humana 1. Nev HG Lia i, Bas de File Ts « Gul, Sho Pal, Ba Lola ed 1883 pp. 12-14 Obvervese no enantio fe) te po) tm, provement rae irene no ind-etrepe eno antigo hide, 0 pee rovcorespondent aot mars (enoo come) © wegund nas io 08 ‘ompanheio). Yer F Montana, Vaal ds agua prem Povey Lasher, 100, pp. 89 « 60, ner a reflexes de KH ing Norra und Sc ‘Stag, Keo, 1988, pp 1124 8 [ESCRITOS DE FLOSOFIA © vocabulo moral tradugdo do latim moral, apresenta uma ‘evolugdo semintica andloga 4 do termo dt (a). simologicamente a raiz de morals € o substantivo mas (mors) que corresponde a0 rego thos, mas € dotado de uma polistemia mais rca, pois seu uso se estende a um amplo campo de expresses como pode ser verti ado nos lexicos latino Mas ja desde a época clissica, morals, como substantiva ou ade Jetivo, passa a ser a traducio usual do grego alkik? esse uso & twansmitido ao latim tardio e, inalmente, ae latim escolstico, pre- valecendo seu emprego tanto como adjeio para designar uma das partes da Filosofiat ou qualificar ess discipina flosfica com a ‘expressio Philophia morals, hoje vulgarizada nas diversas linguas ‘ocidentas, quanto simplesmente como substantive? como Moral em ‘nossa linguagem corrent, ‘Vemos, assim, que a evolusio semntca paaleta de Btcae Moral a partir de sua origem etimoldgica nio denota nenhuma diferenca significativa entre esses dois termos, ambos designando fundamen- talmente o mesmo aba a saber, sea o costume socalmente conside- ado, seja 0 habito do individuo de agir segundo 0 costume extabe- lecido e legitimado pela sociedade. Por exemplo, Acg.Focellini, Lon tine lta, nom el, Phu, Seminario, MCXKAX Il p. 295. im seu execente Damar testo Tae rin, Rosenberg Cele, el 1987, col 1746174, Calonghenamera at ‘equine serps de mon egindo uns adem de progesio equeciens ‘emintco: a Vnade dg Bonde Como tung aA ea en Genporttent ate, wd de ei, ane I pret, mp Sobre & interpreta eda de mor (cnt natant), Tomar de Aun Sanne Th, Ta ae 9ST 5. Refeindose a kd MT. Cicer: sl dat ert Bag latina inar mrion (eft 1) “ee Senca (pt 124.8): (Su) epi s pert ae dirt seri nara anni Sao Ani, sud a ain Sonopaton {ibaa Plado advo da los em mor natura toma bi at pla ‘ra Plat) ponphion erect ludatur quam nor awa mln {he mag atone sera la ar ua cnet em ‘sonal gu serdar» ft (De nD ‘Anim ocorre no dice medieval que rene ae aro vendor da sri Lite gots det gud ear aa Moab pd ge, uo nat “ mxmopugio. ‘A tendéncia recente de atribuir matizes diferentes a Btce € Moral para designar o estudo do agir humano social ¢ individual ddecorre provavelmente do crescente teor de complexidade da socie- dade moderna e, nela, da emergéncia do individuo, pensado origi nariamente em confronto com o toda social, AO pasto que em Arintteles se passva, sem solugio de continuidade, da Etica indivi. dual & Etica politica, ambas sob © nome genérico de politi ou ciéncia politics’, a flosofia moderna pressupoe uma nitida distin: ‘0 ou mesmo uma oposicio entre as mouvagées que Fegem 0 agir do individuo, impelido por necessidades e interesss, ¢ 08 objetivos dla sociedade politica, estabelecidos segundo o imperativo de sia cordenagio, conservacio, fortalecimento e progress. Foi provavel- ‘mente no clima intelectual formado sab a influbneia dessa distingio ue a signifcasio do termo Moral refluia progressivamente para 0 terreno da praxis individual, enquanto o termo Bice viu ampliarse seu campo de significacio pasando a sbranger todos os agpectos da ross social, seja em suas formas histéricas empiricas, das quais se fcupam as Ciéncas humanas (Etnologia e Antropologia cultural); seja em sua estrutura teérca, da qual, segundo pensamos, deve ‘ocuparse a Filosofia. O intento hegeliano de tnifear, numa supe rior Filosofa do Expt ebjeve, praxis individual © praxis social « politica, reintegrando num campo mais abrangente de signficagio rica © Moral, ndo encontrou herdeiros 4 aleira das suas ambigges {céricas. A Moral continuou mostrando uma tendéncta a priviegia 8 subjetividade do agir, enquanto Bice sponta preferentemente para 8 realidade histérica e social dos costumes. Tal 9 matz semintico pila iting na ngage contemporinesexpeciizads, ica e Flosia Mora. 1 nt Bi 2 1004 2027 2 Nera veeabes de Che Tor,A oi d af t), So Pal, ‘aol 1997p. 90D ie w esa mot ey {Atm ea oti do aaneae tte Phe mee pice do recentemente pls FUF er bog), no ul ster Bare a ioral cen ue concaio eentEpy raers anmenlen ‘mt ee nc, orp rl tf Sommer tien tate a & Bhan venpmp ‘pv ad Bache og) deen rag eae Dae Joon (op. 7648) 4 mal they, dela na no sd agra rv od ng hc No ton de Bnd dO Hate (sp eK 5 Embora em nosso texto 08 dois termos ocorram em sia sino- nimia original, damos preferéncia 20 termo Fica, em set x0 subs tantivo ou adjtivo, de acordo com a precedéncia histrica revi ‘dicada pelas primeiras formas do discurso filos6fico sabre 0 «has ‘que a tradigao consagrou com 0 vocibulo Erica © termo moral, substantive ou adjeto, comparecerd também em expresses jé fica das pelo uso, como “consciéncia moral’, “lei moral” “moralidade” € “norma da moralidade” Essa poquena incursio etimoldgica permitenos tentar atenden- do a0 contetido semintico do termo, uma primeira definigio da Etica, que se pretende apenas uma resposia 4 questio quid nominis A transigio da intencio significante de ees do dominio animal para ‘© dominio humano teve lugar no curso da complexa transformagio dda cultura grega arcaica, da qual se originou a cultura conhecida ‘como clissica. Podemos supor que um dos motivorteéricos profun- ddos desa transicio foi a impossibilidade de abranger e compreen- ‘der, luz do incipiente logos demonstrative, sob o mesmo conceto lunivoco de physio munde humane eo mundo das coisas. As pect liaridades do agir humano, designado com o nome expecifico de ‘praxis, nio permitem pensilo em homologia earta com 0 mov mento dos seres dotados de uma phy expecifica. Neste vendo 0 termo ethas, transposto para a esfera da prams acaba por exprimir 2 versio humana da pls, e assim o entendeu Aristételes 20 interpre- tar 0 ethos no homem como © principio que qualifiea os habitos (hai) ou vires (areai) segundo 0s quais 0 ser humano age de cord com sua naturea racional, A distingio essencal entre phys aos €a que vigora entre a necassidade que reina nos movimentos dda physiseafreqincia ou quatenecasidadeque caracterita, por meio dos habitos, 0s atos de acordo com 0 ats Sone, iogr) qutidde da vida ca denomioa mrad (0. Ht, pp masa) SNe 0 watado sobre 0 hse gana Sma Th a2 49: aio ‘nate (iid q Ste} sobre 0 Aabie3wtade a ta Na, 1103 STE Tios 25, enciato comensno de RA Gaur) oie Eki d ‘Mtomapue( ibioge) lI pp. #8118, 10. Di Aisles “0 tito ¢ semeltante ates (py) a matreen& © dominio do sempre” (ea), 0 habit do requcntemene (au), at 1 16 ryrnopugio ‘Transposta, pois, para o mundo da praxis humana, 2 phys & thes, A exstencia do ths € ma evdncia primitva e indemonstivel tornase, asim, principio primeiro da demonstragio na esfera do gir humano, sob a forma logica do axioma inicial na ordem do eonhecimento pride: Bonus faciendu, malumguevitandum. Essi proposigao traduz a natureza normativa © prescitva do athor que regula c ordena a bondade do agir do ponto de vinta da sua neces fia insergdo num contexto historicosocial. [Na primeira tentativahistrca de interpretar 0 elas segundo os clones da Razio, que teve lugar na flosofia greqa clissica, dois ‘modelos teGricos se apresentaram, ambos sendo expressio de com ponentes estruturais da cultura grega tal como vinha se formando a partir do periodo arcaico: © ahr na sociedade sob a forma da le (nomos) ¢ 0 «thas no individuo sob a forma da virtude (ret) ® Dessas dduas verses do ethos procedem as duas disiplinas i bem definidas, na encielopédia aristtélica e que até hoje partlham o dominio da praxis Buca e Poltiea, unificadas, segundo Aristteles, em sua qual- fade de saber prtca, pela unidade objetva do ths. Podemos, assim, propor uma primeira definigio da Btca, de acordo com 0 contetido semintico do termo. A Btic é um saber claborado segundo regras ou segundo uma lic peculiar, pois 0 primeiro uso adjetivo do termo qualifeava jusamente, em Ari ‘6icls, uma forma fundamental de conhecimento, contraposta 0s conhecmentos tco © pita O objeto da Btica é uma realidade {que se apresenta 3 rapenencia com a mesma evidéncia inquestionével ‘com que se apresentam os seres da natureza. Realidade humana por ‘exceléncia,histric, socal e individual e que, com profunda int ‘do das suas caratcrnicas orginas, os gregos designaram com 0 home de ethos. A Btca, poranto, nominalmente definida, € a cénaa de dha. Nesa breve xmples deine exo implctos problems ‘complexos, sea epsenolgias, no que di respelto a sujaa,it0 € 3 salle sm mae tana fe ft al et ati, Flon 0 em innate finaliante (Cas 49.111 Atel, fue Ney, 109433). 12 Wer B Lin az, But de laa I: Be Cabarop it, wp 486 15. Aectles, afc, VE) 1, 1025 $1036» 35, ” ESCRFTOS DE. ALOSOFA IV inca, ja ontligies no que diz respelto a0 abe, isto & 20 ethos, Serio esses problemas que vio constiuir,afiral, campo da inves tigacio, reflexio esistematizaglo desse saber que a tradicio ociden- tal consagrou com o nome de Etica ou Moral os filsofosgreyos,eriadores da Bic a dignidade de seu objeto «sua vincularo com os mais altos conceitos aos quais se elevava a Rario, come o Fim, 0 Bem e 0 Ser, nio deixavam divida quanto 3 natureza files" do saber ético. Na cultura contemporinea, po- rém, a tendéncia a confer Btica 0 extatuto de uma Cinca humana voltada especificamente para a descrigio dos aspectos empiricos © ‘das formas histricas do thar ov a circunscrevéia a0 dominio da Metadica, levarnos 4 examinat, em forca de uma exigéncia rmetodoldgica, a relagio, que julgamos constiuutiva, entre Etica e Filosofia. [Nosio propésito, portant, nessa segunda parte da Intaducta, tem como alvo mostrar que os problemas fundamentals de uma ciéncia do ets, que nos ocupario ao longo deste lio, exigem 0 recurso A rarko fils para que postam ser adequadamente eequacionados em nivel conceptual que atenda a nauaera de se termos. Em outraspalaras, a Btica fundamental é, necessriamente, uma Bticafilosfica. Quanto a pressupor que os fandamentos da FEtica gozem de um estauto intligivel proprio e no se deixem redusir 2s condicdes emplricas da formagio dos grupos humanos fem sua dversidade histérica esta € uma questo que aqui no evan tamos expliciamente e que, de resto, encontra respostaimplicta na demonstracio da necesidade de uma fundamentagiofilos6tica para a fica e no predicado de univrslidade reivindicado pelo saber loséfco, Uma ver assegurados exes fundamentos, ¢ deles que a ‘edifcago do vasto corpo dos saberesempiricoformais ¢ hermenéu Uicos sobre o thas recebe Finalmente sta legtimagio epistemologica © € deles que procede para a Metaétca, supondo constuidas a linguagem ica © sua liga a propria possiblidade do seu exercicio. A demonstragio da intrinseca naturezaflosdtica das categorias fe tazies que aseguram 4 Erica a "fundamentag (Grundig, 14 Sere forma do aber fosticopermitm-nosremeter aH: . Lima Vax, Eide Fifa le Fle Car, So Ps, Lop, 197, pp. $16 8 seraopueio como ditia Kant, de seu discurso, segue dois caminhos, finalmente convergentes, 0 caminho histo e 0 caminho tii. © primeiro caminho nos mostra que as viisitudes que acom- ppanharam 0 nascimento da naa do ethos na Grécia dos séeulos V eV aC. levaramna a constiirae necessariamente no dmbito de ‘uma conceptualdade fios6fica, que logo assumira em Platio, just mente em virtde dos problemas ticos, um perfil episifmico origi nate inconfundivel, © epivdio fundamental da origem da tia, tl ‘como hoje a conhecemos, fo} vvido por Socrates ¢ 0s Sofistas em sua querela célebre sobre a “vrtude" (ares) © a “educagio para a virtue” (paidi), conservada por Plato nos seus primeiros Dislo- gos e que se tornou paradigmatica a longo de toda a histria da Fea ocidental. A oposicio entre os Sofistas Séerates, de sigifics ‘do bem diversa daquela que opds ambos os representantes do ethos Utadicional seu portstoz, 0 comedidgrafo Aristsfanes, tem lugar no interior do mesmo universo intelectial que se formara a partir dda descoberta da Rario demonstrativa (logos apadeikihs) a Jonia do século Vi, que permitirao brihante desenvolsimento da ths tuagio ateniense na segunda metade do século V. Fazenda uso dos mesmos insrumentos racionals, sobretido das recentes dseplinas da Revrica eda Ligica, os Sfista ¢ Socrates acabam, no entanto, por adotarconcepedes opostas no que dz respeito& transcriglo do ‘tha da tradigio grega nos codigos da Razio, Os Sofistas adotam um logos de perswasdo (dase), Socrates insite num logos de demonstacéo (choi). Os chamados didlos soerdtias de Plato, que tem como objeto o tema eminentemente étco da virude,sio considerados com rao, mesmo levando em conta alguns agmentos presocriticos de dificil interpretaro, o capitulo ini da histria da Esiea no Ocidente. Ora, anto Fado quanto Arisitles receberam 0 ens rnamento soerdtco como sendo um ensinamento de carter expeci ficamente fils, vendo mesmo desenhado cm Socrates © perfil 15, Desenvotemos tas pormenoriadamente ee ema cn Ec Fina, ap Eso «Edn (Hemenagem » Pacha! Rangel), Bela Horne, O Lad, TB ver fi, Homan Ua Sad in Ant Php Bi, Leiden, E 4, Bel, 12, pp 1622" Ua so dos problemas eco em worno da jain ma ‘cn ad a Pesci © op or At, fw resale eM. nena), Si Pa, Lal, 191, Pp 280 19 ‘exemplar do filiso © em sua doutrina um fruto por exceléncia da read fli E, pois, partir da fundagio socrtica da fica que se const twem 0s dois grandes modelos dos quais procede a wadicio fli do penamento ético na cultura otidental e que, com vicisivudes diversas, permanccem até nosos das. Deum lado, a Eeeaplatnica pensada como estruturalmente articulads & teoria das Tdéias © tendo, portanto, seus alicereesconceptiais no terreno tebrico mais, tarde designado com o nome de Metaisica®.Tratase, pos, de una $ticaextitamente normative, obedecendo a0 designio de uma orde- nagio da vida humana individual epotties sob a norma suprema do ‘Bem contemplado pela Razio. De outso lado, a Buia aristotélica, afasandose da univocidade do Bem transcendente de PatZo como ‘ico fim de uma prasisetcamente legitima, prope como ponto de ppartida da reflexio ética a pluralidade dos bens oferecidos a0 dina- mnismo da praxis desde que atendam 20 imperative fndamental do "bem viver” (eu zn) na Fealizacio de uma excelencia (eudaimoni) segundo a medida da vida humana, Esa relatvizacio do Bem na pluralidade dos bens trax consigo dois problemas que se tornario t6picosclisscos na tradicio aristo- \elica da Bsica O primeiro é de naturezs qpsiomaligicae dit respeito a0 esatuto do saber ético, uma vez admitido que as “coisas huma- nas (la anthropine) nio obedecem 20 mesmo tipo de racionaidade aque esté presente na piysis nem aquela que prevalece no dominio das realidades transcendentes que estio para além da psi (0 meta ‘a phytka). £ sabido que Aristtelesresponde a ee problema com a proposigio de um saber prio, ow seja, 0 saber que tem por ‘objeto especifico a prass ovo agir humano em sua essencial des ‘inagSo para a realzagio do fem ou do melhor na vida do individuo 17 Save a persnagem de Sicraee nf, ver HC Lima Vix, Esitrde pa op ci rn Tal carrie patie de Scr ome so ‘no €desenta, ihr da atin que acon prealecendo, pelo fo de qe ‘nos soccer menors dea pro hlwime (Artpe de ene). pmo (Eucls de Megara) ou 0 anna (Diogenes de Sena). Ser Reale, Hit da ‘ipa eng (eM, Berne), So Fae Loyola 1H p 92957 Soe frm da Ea paca ter 2, € HC Lima Viz, Pio revista! Eten « Metfcs nar orgen patie, Stay 61 (1985.1 2 ermopveko fda comnidade, Ora, a leitura das obras éticas de Aritétles, Utica a Eudeno, « Ba de Nicmaco ou a Grande Bice, que dele pro- cede ou nele se inspira, mostranos que a consiuigio do saber pritce procede através de questies ou fazendo uso de categorias de natareza filosifica. Embora Aristeles, para 0 qual a Posofia era ‘uma viride dianoética”, io fzesve us, provavelmente, do termo “filosofia” para designar sia pragmatia éica, parece plenamente justfcada & expressio Plelasphia pratca com que a tradigio mais fecente, na estera do aristoteliemo, designou 0 extudo dos funda- tmentos da Exca. (© segunda problema ¢ de natureca onoligca. Ee se pe neces: sariamente desde o momento em que a praxis humana, stuada em. face da pluralidade dos bns, manifesta a esrutura tolgin de sva prerrogativa de escolha (proses) e estabelece uma hierarpuia de bens da qual decorrerd a ordem dos valores de vida do agente &tco. ‘Talo problema a ser levantado priortariamente € que inaugura, segundo a Etica de Nicimac, a ligbes de Etca de Aritteles®. No ‘seu Ambito é reproposta pelo Estagirta a questio classca da tradi- lo Etica grega a respeito dos gneres de vid. A admissio de uma bierarquia de bens implica, evidentemente, a admissio de um Bem supremo. Eis a conseqincia de uma concepgio teleoligica da paris {que reconduz Aristteles as proximidades da metafisica platOnica © © leva a celebrar, no leo décimo da Etica, a mais alta eudaimonia ‘oncedida ao homem na contemplagio do dino como Inceligive ‘supremo. E sabido que a questio do Bem supremo, de cujafruicio ‘decorre a verdadeira evdaimonia para o ser humano, passa a ser a ‘questio primordia! das grandes escolasflosoficas helensticas, a ‘Antiga Academia, o Epicirismo e o Estoicismo, para as quais 2 Bica € 0 saber mais clewado, © cuja aquisiclo exige 6 reto so da Razio,, prescrito pela Léfice ¢ uma concepeio abrangente do universo,, proporcionada pela Fisica Desse modo, « tics, como ensinamento fobre a eudaimonia ou a bata vita, acaba sendo entendida, na Média 1, Armen, Hee, VI, 67,140 6 $1 — 1141 2 Arico Mey ee 212 2, Arce, Ney 3, 1095 b Mt — 1096 2 10. Vero comentio de ‘Gah Jolie LEiier &Meomaar, op. pp 2136. BE Bt Nie, Woe 62 a BSORITOS DE FILOSOFIA TV Amtigiidade, como a rato de ter da Filosofia: € asim a apresenton MT. Gicero em seu De fiibusbnorum el maar, que Versa just mente sobre as Giersasconcepedes do Bem supremo proportas pels eacolas elenfvcascculmina coma afirmagio de que nenhi- ya outa rardo lea os homens 3 Filosofia sendo sproca da bale ‘ia, Essa naurerainwinsecamente files da Buea reaparece ‘om extrordiniria ntidez quando se trata de repenséla na per pectva de uma forma de saber desconhecida do pensamento an fo qual ef toloia cris, e que abre a0 pensamento ic em a forma clsica novos ¢ insupeiados horizontes. Tal sexperiéncia intelectual sivda por Toms de Aquino 20 Inia o mais amplo tratado de Etica teolgicofilosstica da tradigio crit com o cisco problema da hierargua dos bens eda perfea beattudi" que fora precedia, no terreno dos mesmos problemas, pela dramatica expe: Féncia humana e espiritual de Santo Agosinho, oferecendo uma ‘casio privilegiada para a receprio da Lica flowGfca antiga na teologis rst. Sejanos permitido, pos, transcrever aqui que dleixamos escrito altures: “Nao é, poi surpreendente que a Bica ‘rst, como relexio sobre 0 har neotestamentario sobre sua pric na vida do cristo, a0 desenvolveraeintegrada no corpo do aber tcolgico,receba um aprofundamentosinemstico que corre parlclo com aquele desenvolido nas antgas excols Sosiicas, tncluindo-se a a propria divsio diditiea entre Logica, Fiica e Ca. Com efeo, ea sera dotada progresvamente de uma estrusra ategorial na qual é permitido ver um dos arpecon mais caateriticos da flor eit Categorias eapecifies da Buca ern, estudadas ‘magisralmente por E-Gilson®, serio, por exemplo, a eategoias 2. M.T Gio efter mar 8,16 Mar, a Bete etn 1980 pp 1) 117 Wer St Agta, e Gia Di IK. 21 ee Toa uo, Svs Tada a, gQ.1 — 5. A propio da sande Ton de gansta ora aga © oo protien Sve {Cilmi Tomas de Aquino t 2 no tempo: pelea do fi do Rome, ‘By esque do aan ca ln ang er hes Bede Sapa Sn egatin le pt dee de Th, Ps, Les Ete ‘ogaicnnes 008 obec ope 13, pp. 70 ‘HE Clkon, LEx dee pla mda, i, 2, 1984, ape 2 vmonugio. de amor, de liresarbitio, de lberdade moral, de lei moral, de cons: cincia moral e de obrigacio, sem falar na categoria central de wattude (eudaimonia)*™ ‘A partir da tarda Idade Média, tem inicio o vat proceso de teansformagio do sistema de reeréncas fundamentais que regia a vida incleeaal no Ocidente na forma da Razdo clssica. AS wish tudes da Esea no novo sniverso da Razio que aparece ji consi ‘do cm mia coordcnadasoriginas desde os tempos cartesanos acon panham a progresva remodcagio do edifcio do sabe, que pass {ter na Ggnciafiicomatemstica teu padrio superior de inteligi lidade. A Filosofia acaba submetida, de uma manera ou de outra, a esse padrio, perdendo a condicio de sdentia eis que The efa serbia em sin concepgio chica que era, por exceléncia, a prerrogativa da Etica. E vedade que, de Descartes a Hegel e, de ‘modo eminent, em Kan, a Bica ou Moral é sob certo aspecto, 0 Coragio do projet ilosfico, Masa Razio moderna tem como uma de suas carsterisicas fundamentas,derivada da prépia natreza do modelo empircoformal qu a rege, 0 epecialzase em mili pls formas de racionalidade que iro fnalmente entrelagarse ma Imensa rede de sistemas formais que hoje envolve nose cultira (Com o desenvolvimento das chamadas Cigncie bumanas nos tem- por péstegelanos, a Eticasofte sua atracio e vem a stuarse em ua bia como elénca empirca e deserita, scene des macs, ‘expresio de E. Durkheim. O pass inicial na "desconsragio" da ua flos6eacisiea, que etaréaparentemente terminada com F [Nietzche, foi dado sem divida por Thomas Hobbes no séulo XVIL 20 adotar um modelo fisicista de fegio rigidamente mecanicita na ‘oncepeio do ser human na imterpreagio de seu agi. Tal mo- ‘elo implica uma reeiio radial do Gnalsmo do Bem, eixo de fstentacio do pensamento ico wadcional, e uma expicagio da auividade humana em termos de exchsvasasfagio das necesida des do indvidvo. Fle, assim, tagada a nha de evolugio a set sequida pela Busca moderna no progresivo abundono de sua especiitdade fiosiica™ 24 Ver nomm ido ia Rar moderna, Si, 68 (1985): 5545 as ESCHTOS DE ILOSOMA 1 A heranga da tradiio filosofica na Prica continuou, no entan- 1o, a ser eutivada sobretudo na primeira meade do século XX na ‘obra de alguns dos maiores fldsofos dessa época, como Max Scheler, Nikolai Hartmann, Henri Bergson, sem falar dos pensadores de inspiraco cris como Maurice Blondel, J. Maritain, Joseph Pieper, Dietrich von Hildebrand entre outros. Ela permanece igualmente, ‘embora derivando sobretado para os problemas de Metaética, no ‘mundo anglossiénico com G. E. Moore e seus discipulos. A obra de ‘A. Macinire © de um Charles Taslor nos EUA, de um Ridiger Bubnere de um Robert Spaemann na Alemanha, de um P. Ricoeur cede um A, Comte-Sponvlle na Franga c de virios outros pensadores contemporineos mostra, nio obsante o clima adverso do nilismo Feinante, a persisténcia da conceptualidade floséfica como tnica aadequada para uma reflexio compreensia sobre os fundamentos da Bvica © caminho histiries que até agora percorremos para demons rar a naturezafiloxofica da Euica fundamental peritenos tentar Jgqualmente, para essa demonstragio, uma formulagio propriamen- {€ tenca, sendo sufiiente para tanto examinar 0 contetido intel vel das quests levantadas pelo intento de justfiear acionalmente © ethor, do qual originowse a Etica. Com efeto, podemos afirmar aque a formagio da Ftica filosfica nos tempos socriticos deveu sua ‘azio profunda is aporis diante das quais se vin a razio sofistca a0 tentar oferecer uma alternativa de fundamentagio do «thes em ‘modelos de racionalidade que mio wkrapastvam o dominio da dexa (ou da opinio provivel ¢ conduziam a um relatsmo generalizado Incapaz de “dar razio” (logon daunai)” das exigéncias de intel aibilldade presentes nas categorias findamentais do thor como 0 ‘Bem (agethn hai halon) ou © Melhor (arson), a Lei (noma) ou 2 Virtude (area As raxdes imanentes do eas, nele depositadas aur 1A expen ln down (dar rato) adguire umn antigo tno em ‘Paso, em apo s “opinarreament” (ahr dan), pox, Bang 2022 "a Algune cpio da obra cian de B Sel Di Ent ot Gta Stud rr Ente pron Dr be dv ren, Cte Vane snd Ruprecht, 1979 (rf ka duet de LP3pn, Combos, £8 de Ett 198) prescrien,sobretido 0 cap X (Exige dw pp. 210257 da eicdo france) Pa vnonugto. ‘és das longa vcisides histricas da press humana e manifestan- dose justamente nos padres fundamentais das normas da sovieda- dee na correspondente conduta dos indivdios. mostaram evden- temente, a0 sr submetias em sua versio sofsica a estatégia were tica da interogada, 28 insolves apr de uma explicitagio limit dda ao nivel da dana Em outraspalaras a propria natureza da pris, ‘ua expeciicaestrutura teleolgca © sua abertura para o universal do Bem postulam uma hermenéutica racional adequada 20 teor iteligiveldessas suas caracteristcas originals: Ora, nenhum paradig- ma racional mostrouse apto a permitir uma explctacio consistente ‘ coctente da racionaldade imanente da praxis seno a Filo pre Ticada por Scratese desenvohida tericamente por Patio. A Etica al ‘como nés a conhecemos e prascamos, deve sua primeira sparico na cultura oeidental, conver repettl, ao desenlace deste confito de racionalidades entre a razio sofisticae a rario soertica, Ambas, verdad, deixaram seus tags, vsveis até hoje, no corpo histéico « doutrinal da Fuca ocdenal. Mas, sea tradigao da razio socritica tornowse predominant e dew orgem, a partic de Plato, aos gran ddes modelos de refiexo ética, € permitido aribur ese predominio {amplitude do horizonte terico no qual ela situa a hermenéutica racional da praxis Ora, esse Horizonte € aberto justamente pela Fi Ine na sua mais alta expresso especulatva, amet do Ben, tl ‘como Platdo a pensou. A Esa nasce tazendo a marca dasa leg tra filiaco filostica e seu destino estar irrevogavelmente ligado 40 destino da Metafsica. A provaindiscutvel dessa afirmagio ests patente aos nossos olhosna erie do pensamento étco que acompa- nha 0 dectinio da Metafisica nos tempos péshegcianos, De Patio fa Hegel, a Etca se props, em forca de incontornivel necessidade ‘erica, expicitar seus fundamentos filoséficos € mesmo integrar na pritica ca, soba forma da sabedoria mals alta, o exeretcio do pen- sar filos6fico, asim como 0 fez Arisiteles a0 watar das virudes 3. Um emda xan da apm nos logs de Po fot rez por Ee, Ifo dao nat igs Plo (re de © Mazzarel, nt de. Rese, Mie, Vat Penser 1D te. Paea inerpretaan de op VI, S84 3 — 43, se H.] Re, alt nine da oe lton i de Pero, eG. Rel) io, Va © 25 dianodticas no VI iro da Btca de Nima. E mesmo numa época |i tardia da histéria da Btica, quando sua crise comegava a prenuin- ciarse, Kant, tendo concluido pela impossbilidade da Metafisica no ‘dominio da Razio pura, julgow necessriorestabelecéla ne dominio da Razdo pritica, a0 investgar 4 “fundamentagio da Metafisca dos Levando devidamente em conta como passo metodolégico pre- inar da reflexio ética os problemas da Metaética que dizem res peito-a naturezae 8 expecifieidade do conhecimenta ético,jé objeto a sistematizagio aristotélica das formas do saber na qual sio re- conhecidas as caraterisicas proprias do conhecimento pric, do qual 0 tic é uma espécie, vemos que sio duas as dsciplinasfilosd- fieas necessrias para estabelecer 0s fundamentos da Evie: @ Antro- pologia flosfica e a Memfisica. A primeira deve oferecersnos ua ‘oneeprio do sues ético eapaz de dar razio de seu sere de set air «, portanto, do predicado da siidade que thes € aribuido. A segun- da assegura Btica um fundamento, nas nogdestranscendentais que consttuem seu arcabouco intelgivl, para pensar a universaidade {do seu obo como Bem e como Fim © estaruto filasifio da Erica foi definitivamente estabelecido no curso da profunda transformacio operada nas concepedes antropo- legicas da tradigdo cultural grega pelo advento da nogio socratica de pryché como interordadeética do individu, objeto do seu perma nente cuidado e sede da verdadeira aré. Pressuposto necessirio da [Eticafilosofica seri, a partir de entio, e primeiramente de modo ‘exemplar em Plato (sobretudo Repia © Timeu) © em ArisGteles (De Anima e Brica de Niimaco), uma concepio antmpalégica que dé aro das carateristicas originals do agir diz, sobrenado da correla io entre 0 agire o ser total do agente em suas componentes eruts- SS A vile Ain rensen dn umidade ene 4 vide dice © 0 eeriio ‘ahve Ver Pire Hat, Quiter ql pepe ania? , Pari Galina (PotoEna), 1985, pp 265305 Ver ecenaSo em San 751090: SARS, Be ‘0 Paulo, Lol, a Sten teat, a obra fundamental de G. Krier, Cite Mel ch ant (fede M Regie), Par, Besucene, 1961 $5. Vel C. Lins i, Anoplg Pli7 SioPalo, Lal, 3, 1988, mxmonveio. is — somites, psiqucas ¢ capitals — ¢ em suas eelagdes expe tifeas com 0 mando, a comunidade e a tascendéncia. se ext tuto fundador da Anbuplga flaca com telagao& Ftia® permite Finalmente defins a ratsajdo humana numa penpecta een mente dca, © mosiar na pesonadade dca a mas clevads manifer taco da pasa” Por suave, formacio das chamadas "nogdes wanscendentas {em sua acepedo clinica) que podemos acompanhar nos Dislogos platonicos da maturidade © que vieram a consiair a constelatio Inteligivel que presidin a0 desenvolvimento bistrico da Metafsiea (Ger ot i, uma, verdade, londade ee) tem igen posigi das interogages éticas levantadas por Socrates aim plano Intligielelevadoaeima da relatvidade e incertera da simples opi rio (doxa). Com eft, sdo questes sobre oagir humano maid plo impulso amoreso (re) que conduzem 2 contemplago da Tia {o Belo (halon, Bang), asim como sio quests sone sia ou sobre o agit na cominidade que levam fnalmente 2 afirmacio da tranacendéncia da Ideia do Bem (lo egathon, pila). Ser, Unidade e Verdade sio nogies universlissimas imphiadas na poss bildade do dscurso metafsico sobre o Belo e o Bem e que Patio examina nos Dislogos Sofia, Parménides e Tt De Arindtcles a Hegel, nenhum dos grandes ssemas eicos detou de explciar seus fundamentos metafkicos™ Ean permanéncia da rela entre Esica Metafsca obedce a una inj de ordem tes presente incliminaveimente no intento de jusifieacSo racional do agi iy, posto dante da necenidade de definir a forma eo cntnie nelige Xeis dese agit em termos de conhecinento ileal ea re de fit Sguslmente enudado de coro com modelos anopolgionemplces propsos {ela Antropelogia ela poss em dtp Plas 38 Deseares como & iio, dereeu a rtore da nia como endo por ‘nines a Metafies« por copa 2 Morak(LatvePjce 8 adapt don Prine ‘Pooper php €& Alga pp 7970) Segundo» i ‘enio de Cio, fundadr do xlesine, compara a Posi wb ore ‘ql Logica ea.0 Wonca 4 an os ramos 2 Bea os fats bo Ari Sitaram sam ferent 8, 49 2). ESCHITOS DE FILOSOFU de bons, de normare de Lis, em uma palawra, de nogdes pensiveis adequadamente somente no campo de un amplitude analogica de naturera metafisa, © reconhecimento explicito da naturera filsfia das categorias que permitem pensar os fundamentos racionais do agir segundo 0 ‘4inse da sua vinculagio com uma concepcio filoséfiea do homem uma Aniropoloiaflsfca — e com uma ciéncia do rer — wma Maafica ~é estabelecdo, pois, como ponto de partda metodol6: {ico e epistemoldgico desta nossi Janadurdo d Buca, que se desenvol- vera no campo de uma conceptualidade flasfiea , como tl, devers receber a critica ou a concordineia do eventual letor BIBLIOGRAFIA GERAL Aiea a rats ge ee int ocasonatmente, foram conulladas ma elaorado de meso texto. Ati ‘liggafia por tomas td ada ao longo do texto, 1. OBRAS COLETIVAS 1. Companion to Ethics (ed. P. Singer), Oxford, Blackwel, 1996 2. Dictionnaire dEthique ade philosophic morale (ed. Monique Canto- “Sperber), Paris, PUF, 1990. 3. 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Nos propésio neste capitlo preliinar € jsamente o de aleangar formar ¢ jusficar uma Gefiniio rol da Euieaem sua versio propiamente fase, tendo sido a Filosofia a forma orgindna com que historcamente secon Situiu a dencia do ethos, e que perstimos em consierar a inca forma adequads que nos permite pensar os fandamevsraconas dessa ciénea, No clima intelectual atualmente reinante na cultura ocidental, ‘em que os problemas da forma adquirem uma primazia sempre mais ampla sobre os problemas de confeido, convém ter presente a distin (io clssca, mas sempre vigent, entre cénciasfrmaise cincias rai. [As primeiras, que sio igualmente designacas como metaciénias, tm como objeto as formas do saber e sua aticulagio em formas canénicas 1 Breve bilogalia we «nog de at 1 Arangren, Bi I cap 24; heap 12, Wekimem, Ethos snd Eh, Phe Jack, 73(105) 500585, Bik und Bio, Hnduch rch Ek, pp BIBSS2. © Rondo, Eth ree rb drmsone del vale ane dal Bi, Pads, ‘Anienore 1901 E Schwa hdr Ga Statigar, Kole eg 105), pp. i 38 [NATUNEZA E ESTRUTURA DO CAMPO ETICO Ge linguagem,seja as formas puras, dominio da Légica e da Matem- tica, seja as formas oplicadas 2 uma regiao do saber, dominio da Logica © da Epistemologia das diversas ciéncias. As segundas s40 as ‘ends propriamente dita, que tém por objeto a ealidadeinvestigada ‘ccompreendida sob determinado Angulo gnosiologico e, como tal Jormalzada numa linguagem especifica propria. Conquanto a cién- cia real eseja, poranto, submetida as condigdes formais das mea ‘aéncias paras e aplicadas, seu objeto € 0 ser reno a forma com {qual & pensado. Usando wma velha terminologiaescolistica, pode- mos dizer que na Metaciéncia a forma & 0 id quad (0 que éconhect- do), a0 pasvo que na Ciencia real forma & 0 id quo (a mediazdo ligicinguisticn por meio da qual o objeto real & conhecido). No primeira caso, das céncias formals, 0 aj a forma se identficam, lo, das citncia reas, necestariamente se distinguem, sen igvel pelo qual o objeto real ‘Ora, a tendéncia atual em dar primazia 20s problemas de Metaéties® derivada, sem divida, do fendmeno cultural ¢ spiritual {que poderia ser denominado a deralizaao, a perda progressva da referéncia a0 ral que atinge os grandes paradigmas éticos transmi- tidos pela tadigio, waz consigo dias conseqincias inquietantes para o bem-esar moral de nossa ciilizagio. A primeira diz respeito esse outro trago marcante de nossa cultura em sua feigio tecno- ‘tj & intrumentalizapdo da forma. Sendo © dominio for ‘mal um dominio por natureza gperatina, a docilidade da forma aos twos fins do operador humano, patente nas apicacdes tecnologicas das cléncias fsico-matemstica, confere aos sistemas formas uma larga Imargem de autonomia com relacio aos contetides mais 208 quals ‘venttalmente sio aplicaveis. Nese sentido, 0 predominio da Me- taética pode signifiear uma sndrumentalizardo da logica © da Tinga ‘gem aticas que, indiferentes a seu conteido real passam a servic & fxpressio de um universal relativismo dos valores, de acordo com as hnecessidades e fins tibjetivos ou com os interesses ideol6gicos dos agentes éticos. A segunda conseqiéncia, estreitamente ligada & pri- 2. Sol a Menta ver K Nien, Problems of Edis ap. Enid of ‘rtoopty (Ba) 1181, A Pp, Mee, Haren Wve et Phin, 5 (1880), 11681171 FENOMENOLOGIA DO ETHOS meira, exprime-se na reniincia a tradigio da busca de uma conceptualidade flgice para a explicario da conduta dia, derk ‘vando a Etiea para a 6rbita das Ciéncias humanas, ou seja para a txplicagio do fendmeno ético apmas em termos de padeSes cultu- ‘ais, ou de categoria pricologicase rociologicas, corroborando no- vamente © pressuposto de um universal relatvismo étic. Aritételes foi 0 iniiador da reflexio metadtca, a0 defini a cexpecificidade do conhecimento pritic, do qual o conhecimento fico € uma espécie, e a0 analisar a estrutura conceptual e anaitica do conhecimento pritico e do conhecimento ético, em particular 30 expor nos livros VI e VII da Btica de Nicimaco e em ouuras pas sagens da sua obra as propriedades ldgicas do chamado “silogismo pratico™,e ao investigar, nos primeiros capitalos do livo I, a polis emia do vermo “bem” (agathon). Mas as investgagSes metaéticas de Aristbeles io decididamente orientadas para a elucidacio ilasifica dla praxis tia, desempenhando nesa elucidagio funcio mediadora fundamental @ conceit de “sabedoria prtica” (plyonesi. Se leva ‘mos em conta, portanto, a exemplaridade da pragmateia ica aristo- télica, parecera contestivel a pretensa neuttalidade da Metatica fem face do cariter normative da ligica e da Hinguagem éticas, bem como a limitacio do campo ético & pluraldade das formas culturais do ethoe Como ciéncia rel a Buca tem por objeto 0 alos que se apres senta como um fendmeno hist6rico-cultural dotdo de evidéncia imediata e impondo-se 4 exprinca do individuo tio logo ese alca ‘cea primeira idade da rario. A prépria possibilidade da Metaética fe das ciéncias empirleas do ets implica justamente a univesalidade dese experiéncia, traduzindose em formas paradigmaticas de lin- {guage e condula ¢ revelando wn dado antropolégico incontestvel. Constiutivas desse dado sio certas constants patentes & primeira observagio do fendmeno ético, que irio olerecer wm substrato ‘empirico as categorias fandamentais da Erica. Tas sero, por exem- Mer HG Lima Wi, fas de Fil I: Be Guta, op. ip 1 125; p25, n. 200 TACO H, Wtlmannehuck itor snd Wien i der nomachihen| ik des Arcee ap. Son nd so (ce ioe geal pp 3658, a

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