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E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 2 1 D E M A R Ç 0 D E 2 0 1 1

OPINIÃO 11

Importância Ecossistemas e o social


da marca MARIA ELISA CASTELLANOS SOLÁ

C
Arqueóloga e doutora em ecologia pela UFMG

RENATO DOLABELLA hegamos ao que somos ho-


Advogado, mestre em direito pela UFMG je porque ao longo dos tem-
pos encontramos os meios
Um dos principais ativos do em- necessários para continuar
presário é sua marca, utilizada para na marcha da evolução hu-
identificá-lo, podendo ser a verda- mana. E somente persistire-
deira representação gráfica da repu- mos nessa trajetória se as
tação que construiu. A marca é um gerações futuras também
elemento altamente importante, disporem dos recursos ne-
pois a confiança obtida pelo empre- cessários para viver. Espera-se do desenvolvimento
sário junto a consumidores, forne- sustentável que as futuras gerações possam dispor
cedores e parceiros somente pode- das mesmas oportunidades que nós tivemos de
rá ser exercida plenamente se essas utilizar os recursos do meio ambiente. John Raws –
pessoas forem capazes de relacionar da Universidade de Harvard – menciona, no livro
o símbolo marcário com o agente Teoria da Justiça, que cada geração deveria preser-
que detém essa boa fama. O proces- var os ganhos da cultura e da civilização. Cada ge-
so de fidelização a uma marca pode ração teria que legar à geração seguinte um ecossis-
levar tempo e demandar grandes tema global viável e em bom funcionamento. Para
esforços. Contudo, no Brasil, é co- Edith B. Weiss, autora da Teoria da equidade inter-
mum percebermos que boa parte geracional, cada geração é ao mesmo tempo guar-
dos empresários não dá a atenção diã da terra e beneficiária de seus frutos. A memó-
necessária para os aspectos jurídi- ria das gerações passadas deve ser respeitada, pre-
cos relacionados a esse tema. A Lei servando o patrimônio natural e cultural que nos
9.279/96 indica que a titularidade transmitiram e que deveremos transmitir às pró-
sobre uma marca é obtida por meio ximas gerações. Para que haja equidade intergera-
do seu registro junto ao Instituto cional – com igualdade de oportunidade de utiliza-
Nacional da Propriedade Industrial ção equitativa dos recursos naturais e culturais –, é
(Inpi). Essa é a regra geral no direito imprescindível que os bens herdados estejam em
brasileiro. Assim, não basta criar boa conservação quando forem transmitidos por
uma marca e utilizá-la no mercado. meio das gerações.
O ato de registro é fundamental pa- Os ecossistemas prestam serviços relacionados
ra que o empresário possa ter segu- à segurança (proteção de enchentes), agricultura
rança. Apesar disso, muitas pessoas (formação e fertilidade do solo, polinização, con-
não tomam as cautelas devidas. É trole biológico de pragas, controle da erosão), ali-
comum o empresário entrar no mentação (água potável, produtos vegetais e ani-
mercado e somente se preocupar mais), saúde (produtos bioquímicos e farmacêu-
com o registro ticos, controle da poluição da água dos rios), com-
de sua marca de- bustíveis, recreação e turismo. Assim, quando fa-
pois de anos de lamos nos aspectos ecológicos do meio ambiente
Todo o atividade, quan- estamos falando de aspectos necessários à sobre-
vivência e que são integrantes de nossas ativida-
processo de do já tem uma

registro
reputação. Essa é
uma situação de
des culturais, sociais e econômicas. Nessa perspec-
tiva, parece pouco adequado o entendimento no
O licenciamento principalmente para proteger a saúde e as ativida-
des culturais, sociais e econômicas. Porém, a pro-
deve ser alto risco. Como
o direito de ex-
qual a conservação do meio ambiente é divorcia-
da das necessidades sociais e econômicas, chegan-
ambiental é um vidência é tida como se fosse apenas um instru-
mento de proteção da fauna e da flora. Não raro se
acompanhado clusividade é do-se, muitas vezes, a considerar que os interesses
dos principais fala em que o licenciamento ambiental “atrapa-
oriundo do re- ambientais se opõem aos econômicos. O desen- lha” o crescimento econômico. Contudo, durante
com muito
zelo
gistro, um agen-
te que não pro-
volvimento sustentável busca a conservação des-
ses serviços para o benefício de todos, de modo instrumentos para o Fórum Econômico Mundial em Davos, em janei-
ro, o secretário das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
movê-lo pode se
ver obrigado a
que a utilização de serviços ambientais de uns não
impeça o direito de outros se utilizarem deles ago- o desenvolvimento alertou que o modelo econômico mundial é um
“suicídio ambiental” que resultará em um desas-
ra ou no futuro. Esses conceitos estão expressos tre se não for reformado. Segundo o secretário, o
abandonar sua
marca em função de outro ter regis- no artigo 225 da Constituição, na qual todos têm sustentável atual modelo econômico deve ser repensado, sen-
trado um símbolo semelhante. Na direito ao meio ambiente ecologicamente equili- do necessário fazer uma revolução econômica.
Justiça brasileira, há diversos casos brado e todos têm o dever de defendê-lo e preser- Em 2012, o Brasil vai acolher a Conferência das Na-
nesse sentido. vá-lo para as presentes e futuras gerações. ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
É evidente que é muito danoso O licenciamento ambiental é um dos princi- (Rio+20), dando sequência à histórica reunião da
para o empresário a proibição do pais instrumentos para o desenvolvimento sus- nas que afetam a saúde, a segurança, o bem-estar, Eco-92. Sendo este ano crítico para a preparação
uso da marca depois de esta já ter tentável. A Resolução Conama 001/1986, que esta- as atividades sociais e econômicas, as condições da reunião, nos cabe promover uma ampla mobi-
uma reputação. Todo o seu esforço belece diretrizes para a avaliação de impacto am- estéticas e sanitárias do meio ambiente, a qualida- lização para apresentar propostas em busca de
de fidelização pode ser perdido, biental, considera a questão como qualquer alte- de dos recursos ambientais e a biota. Os objetivos uma nova ordem econômica para o desenvolvi-
sendo necessária grande quantida- ração do meio ambiente pelas atividades huma- do licenciamento ambiental estão orientados mento mundial das gerações de hoje e amanhã.
de de tempo e recursos para atrair
uma nova clientela ou comunicar
aos consumidores que o símbolo
de seus produtos ou serviços ago-
ra é outro. O ideal é que o procedi-

Imprensa e política
mento de registro seja feito antes
mesmo de iniciada a atividade em-
presarial. Também é importante
que seja feita uma análise quanto
à novidade da marca que se pre-
tende registrar, para evitar confli- CARLOS ALBERTO DI FRANCO tor do mensalão do DEM, Durval Barbosa. A corrupção, independentemente do seu colo-
tos com outros símbolos já exis- Professor de ética, doutor em comunicação Barbosa, recorda o jornalista Fernão Mesquita, rido partidário, precisa ser duramente combatida.
tentes e que possam causar confu- pela Universidade de Navarra (Espanha) “é o pivô do ‘Mensalão do DEM’, aquele no qual É ela que empurra a juventude desempregada pa-
são em mercados de produtos ou tombou sob o fogo das lentes indiscretas da Polí- ra o consumo e o tráfico de drogas. É ela que aban-
serviços semelhantes. O governador do Rio Grande do Sul e ex-minis- cia Federal lulista o governador José Roberto Arru- dona os idosos que são maltratados nas filas de
Todo esse processo deve ser tro da Justiça do governo Lula Tarso Genro mani- da, em manobra arquitetada para mostrar que is- uma saúde pública de baixíssimo nível. Saúde pa-
acompanhado com muito zelo. É re- festou desconforto com o trabalho da imprensa. to de ‘mensalões’ não é exclusividade do PT e, as- ra todos. Maravilha. Mas que tipo de saúde? Edu-
comendável que o empresário con- Na contramão do discurso da presidente Dilma sim, animar as ‘excelências’ a aprovar, em unani- cação para todos. Formidável. Mas que tipo de
te com o auxílio de um profissional Rousseff, defensora dos jornais, “mesmo quando midade suprapartidária, uma saída de emergência educação? O Brasil é vip na economia, mas é o úni-
especializado no tema, para evitar são irritantes, mesmo quando nos afetam, mes- para ‘mensaleiros’ pegos em flagrante escaparem co entre os emergentes sem universidades top de
problemas. Dado o desconhecimen- mo quando nos atingem”, o governador gaúcho da cassação”. Foi rigorosamente o que ocorreu. A linha. É o que mostra o novo ranking divulgado
to geral sobre a matéria, é comum a vislumbra riscos para a democracia subjacentes nova legislação é uma bofetada na cidadania. Diz pela Times Higher Education (THE), principal re-
ocorrência de golpes praticados por ao empenho investigativo dos jornais. Num arti- pura e simplesmente: quem roubar em cargo pú- ferência no campo das avaliações de universida-
estelionatários contra as pessoas go na Folha de S. Paulo, Tarso Genro aponta o pe- blico só pode ser punido por malfeito flagrado no des no mundo. A um projeto autoritário de poder
que pedem o registro de uma mar- rigo representado pela imprensa: “É visível que mandato em exercício. Ficam impunes as rouba- o que menos interessa é gente educada, gente que
ca. Nesse sentido, o Inpi não envia existe, em grande parte da mídia, também uma lheiras praticadas em mandatos anteriores. pense criticamente. Multiplicam-se universida-
nenhum tipo de cobrança aos usuá- campanha contra a política e os políticos, o que, Não foi a primeira vez que Jacqueline Roriz es- des, mas não se formam cidadãos: homens e mu-
rios, seja por correio ou e-mail. Do- no fundo, é, independentemente do objetivo de teve envolvida em escândalos. Há precedentes. lheres livres, bem formados, capazes de desenvol-
cumentos desse tipo, a não ser se alguns jornalistas, também uma campanha con- Suas impressões digitais apareceram em achados ver seu próprio pensamento, conscientes de seus
encaminhados por um profissional tra a democracia”. da Polícia Federal já em 2006. Mas o que salta à vis- direitos e de seus deveres.
da área que tenha sido contratado O comentário do governador, em sintonia ta de qualquer praticante de empenhos investiga- O Brasil precisa do acicate de uma imprensa
para fazer o registro, são tentativas com a linha mais autoritária de seu partido, o PT, tivos, sublinha Fernão Mesquita, é que a deputada independente e que vá além dos episódios pon-
de enganar o empresário e fazê-lo é injusto e infeliz. Não é o jornalismo investigati- Jacqueline Roriz “possivelmente não seria eleita tuais. Uma imprensa desmistificadora de relató-
pagar por taxas e serviços inexisten- vo que conspira contra a democracia. É a corrup- em 2010 para o cargo que lhe garante a impuni- rios oficiais. Um jornalismo capaz de fazer a cor-
tes. Todos esses transtornos podem ção endêmica e impune. É o pragmatismo aéti- dade de seus crimes anteriores se o filme que a reta leitura de números, estatísticas e documen-
ser facilmente evitados se for feita a co. É a “governabilidade” que justifica alianças mostra praticando um deles em 2006, desde en- tos. Impõe-se a prática de um jornalismo que não
proteção adequada da marca, de que fariam corar até mesmo representantes de tão dormindo nas gavetas da Policia Federal lulis- se vista com as lantejoulas do último escândalo
acordo com a legislação. Para o de- facções. Tarso escolheu um momento ruim pa- ta à espera de um momento conveniente, tivesse denunciado, mas que saiba o que está no fundo
senvolvimento do empresariado ra investir contra a imprensa, pois, recentemen- sido divulgado antes” (www.vespeiro.com). É isso da impunidade. O governador Tarso Genro está
brasileiro esse é um ponto crucial. te, tornou-se público um vídeo no qual a depu- que cabe à imprensa. Mostrar o que sonegam. equivocado. A imprensa não ameaça a democra-
tada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) aparece re- Desnudar o verdadeiro substrato dessa sucessão cia. O que, de fato, compromete a democracia é a
cebendo um maço de dinheiro das mãos do dela- interminável de escândalos. banda podre da política brasileira.

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