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as ‘A SSSENCIA DO CAOS amplitude to grande que nao conseguiré voltar, ficando preso em uma Wloeste ou sudeste entre os montes de neve, O comportamento io mais existir4, exceto como comportamento trans Voliando & Figura 25, descobrimos que a oscilagao periddica em 44 centimetros & estvel, ¢ continua a medida que o valor de hi Aostilagao nao desaparece até que Ht atinja 0 valor 22, nfo porque ‘se tone instdvel, mas porque 0 esqui ndo pode mais se movimentar répido 0 bastante na direcfo leste ou oeste a0 deixar uma depressio para entrar na préxima depressdo ao sudeste ou sudoeste; i, existe ‘uma bifurcagdo de sela de ponios miltiplos. Ha entéo um consideravel imtervalo de h para o qual o sistema dinamico correspondente tem dois modos possiveis de comportamento, com dois atratores — tr8s se fizer- ‘mos a distingao entre a progressio a sudoeste © a progressio a sudeste — cada um com sua prépria bacia de atragéo. Voltando ao valor de A igual a 92 centfmetros, vemos que ali a oscilagio triffsica também é estavel, de forma que, se ht for reduzido, ‘0 ca0s que apareceu quando /t foi aumentado néo se desenvolverd no- vamente. Mais uma vez, em um est rvalo de h, sistema dina- mio tem atratores distintos com bacias distintas. Se em vez disso h for aumentado, a duplicagao de perfodo ocorrerd de novo, € 0 ca0s que logo se estabelece tende a permanecer. Em verdade, mesmo este intervalo cactico é preenchido com “ja- nelas” periédicas. Elas nfo esto bem destacadas nas figuras, e as mais estreits ficaram, provavelmente, despercebidas quando /t foi auren- tado ou diminuido em intervalos discretos, mas duas delas esto bas- tante evidentes na Figura 26. Esta figura foi produzida aumentando 0 valor de / em pequenos intervalos discretos, e ampliando a escala vertical quinze vezes. A duplicagao de periodo € detectavel nos seg- is que atravessam a janela superior, entre 105 € 106 segmento situado mais & esquerda na Figura 26 foi almente ¢ cingiienta vezes horizontalmente 20 destacadas trés duplicagses sucessivas. xda uma outra caract 08. tica onipresente nas familias de sistemas dini LORENZ, Edward W. A essencie do caos + E DUMB, 1796. Bras 3 NOSSA METEOROLOGIA CAOTICA Previsdio: uma lenda de dois fluidos Alguma anedota antiga sobre a suposta ineficiéncia da previsto do fempo esta sempre circulando sob formas distintas. Lembro-me de uma versio, que apareceu um pouco depois que Harry Truman, contra todas as previsdes exceto a dele mesmo, derrotou Thomas Dewey para a Presidéncia dos Estados U: m 1948, Era um desenho mostrando lum candidato em um escritério de empregos do Departamento de Me- teorologia, e o entrevi Ihe dizia: “Vocé trabathou para uma equipe de pesquisa de opinido piblica? Entio acho que poderemos aproveité-Io” Anedotas 4 parte, a comunidade meteorolégica e 0 pit ‘eral estdo bastante conscientes de que as previsées oficiais, aquelas a curto prazo, para 0 mesmo dia, estio, muitas vezes, total- mente erradas. Quando ougo a costumeira pergunta “por que nio po- eo ee previsdes do tempo?”, sinto-me tentado a tes- der: “] i i ita |, por que deveriamos ser capazes de fazer qualquer tipo Por que, efetivamente, deverfamos esperar poder ver o futuro, ou pelo menos uma pequena parte dele? Primeiramente, podemos acredi- tar que haja um conjunto de leis fisicas que governam as mudangas nas Condigdes climticas de um instante para 0 outro, e que a simples existén- cia destas leis — quer as conhecamos, quer ndo — deve tornar possfvel a previsio do tempo. Nossa crenga pode ser fortalecida pela percepeio de que outros fendmenos naturais — governados por leis de alguma forma semelhantes — tém sido previstos com um sucesso considerivel; veja as marés nos oceanos, que podemos prever bastante acuradamente com alguns dias de antecedéncia e quase to acuradamente com alguns anos de antecedneia. Finalmente, nossas previsses do tempo so muitas ‘vezes mais corretas do que seriam se no passassem de mera adivinhago. ___ Devo admitir que o meu primeiro contato com os estudos de previ- sto das marés me deixou com um sentimento incémodo. Aparente- 100 ‘A ESSENCIA DO CAOS ¢, eu havia sempre encarado os anincios dos horérios de maré ae maré baita como declaragSes defo Ho certos ‘como 0s hori 0s das marés de ontem, ¢ dos quais nao se podia duvidar. Até hoje, parecem ser previsdes, ¢ eno, nesse sentido, também 0 sio ey ‘como por exemplo o horario da alvorada e do poente que aparecern cexatamente corretos, quando, de repente, cats trofe césmica nao prevista — talvez uma colisio com um asterdide poderia tornd-| elas podem estar fntensidade das cortenes areas que envolvem a Terra, que ocorrem sntes podem ser atrasados -gundo. ira altura da maré — para fins de ocedinica acima de algum caleulada a média das ond: do ar — possivelmente o fator cuja previsdo mais nos interessa, apesar de algumas vezes podermas esta mais preocupados com achuva, Tanto a atmosfera como 0 oceano sdo grandes massas fluidas, ¢ envolvem toda, ou quase toda a Terra, Essas massas obedecem a ea _juntos de leis fisicas bastante semelhantes. Ambas possuem campos de ‘movimento que tendem a ser amortecidos o .dos por processos internos, e ambos os campos de movimentos slo nos indiretamente, por influé . resumo, cada um c¢ fog tito complero. Talvz fesse mas apropriad chamTos de dois componentes de um sistema di mas abrangent, uma vez que cada um exerce uma consideravel influéncia sobre 0 outro, por meio da superficie onde entram em contato, Os ventos, que variam ‘com 0 estado do sistema, produzem a maior parte das ondas do ey no, ajudam a acinar as grands corres, como a Corrente do Gol fo. A evaporacdo do oceano, que também varia com o estado do si NOSSA METEOROLOGIA CAGTICA 101 ma, supte a atmosfera com a maior parte da umidade que depois se condensa e posteriormente cai em forma de chuva ou neve. Por que, com tantas similaridades, tivemos um sucesso to maior na previsio das marés do que do tempo? Os oceandgrafos so mais capazes que os. meteorologistas? Como meteorologista — que conta, denire seus ami- £208 intimos, com muitos oceanégrafos —, eu contestatia qualquer hi- Pétese semethante, Dé uma ohada nas forgas motrizes extemas periédicas — primei- ramente 0 calor emitido pelo Sol e a atragio gravitacional do Sol e da Lua. A atmosfera ¢ 0 oceano responderdo a estas forgas passando por oscilagées periddicas, mas, assim como com muitos sistemas dinami- lares adicionais. Préximo da costa, a Tesposta regular do oceano inclui maior parte das oscilagdes das marés, enquanto a resposta irregular inclui as eventuais marés anormaimente altas produzidas por ventos fortes nio previstos. A resposta regular da atmosfera inclui as varia- 0es normais de temperatura entre 0 vero e o inverno, ou entre o dia € @ noite, enquanto a resposta irregular inclsi periodos anormais de calor e de frio, bem como as mudancas repentinas de temperatura que geralmente acompanham 0 avango das grandes tempestades através dos oceanos e continentes. Parece, entdo, que ao tentarmos prever as marés estamos, na mai- oria das vezes, tentando prever uma resposta regular altamente previ- sivel. Podemos, também, querer prever a menor resposta irregular, ‘mas mesmo que fracassemos em fazé-lo, em geral teremos feito uma revisio razoavelmente boa. Ao prevermos 0 tempo, ou, para exeme Plificar, a temperatura, geralmente adotamos a postura de que a res- Posta regular jé & conhecida — sabemos de antemiio que o verdo seré mais quente que o inverno — e consideramos nosso problema como sendo 0 de prever aquelas coisas que nés ndo sabemos ainda, apenas ‘mediante © conhecimento que temos do clima. Em resumo, quando ‘comparamos a previsdo das marés com a do tempo, estamos compa- rando previsoes de regularidades previstveis e algumas irregularidades ‘menores, com a previsio somente de irregularidades. Se os oceandgrafos Darecem ser mais inteligentes que 0s meteorologistas, isso é apenas Porque soubetam escolher um problema de mais répida solugao. Eu me apréssaria em acrescentar que a maioria dos oceandgrafos nao faz POO, vz AESSENCIA DO CAOS previsio das marés de forma alguma, assim como a maioria dos mete~ orologistas nio faz previsio do tempo. Em quase todos os aspectos, 0 ‘oceano apresenta tantos desafios quanto a atmosfera. , Nas péginas seguintes, introduzirei a atmosfera como um exemplo de um sistema dinimico complexo, e apresentarei 0 caso por acreditar que suas irregularidades so manifestagées de caos. Apés um beeve resumo, enumerarei varios procedimentos pelos quais 2 presenca do caos pode ser confirmada. Finalmente, examinarei algumas das conse- qiiéncias do comportamento cadtico da atmosfera. Meteorologia: duas lendas de um fluido (5 sistemas dindmicos cabticos ocorrem nos mais variados tama- hos. Nosso modelo matematico do trené na rampa de esqui tem ape- nas trés varidveis, ainda assim ele serve para ilustrar muitas das proprie-

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