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O QUE OS FILOSOFOS PENSAM SOBRE AS MULHERES: PLATAO E ARISTOTELES MARIA José Vaz Panto 1. A leitura dos textos antigos a luz das interpelagdes feministas contemporineas A questo preliminar com que nos deparamos consti- tui uma complexa teia de problemas hermenéuticos. Se & certo que os estudos relativos as mulheres e & sua condigao na socie~ dade se desenvolveram com espetacular exuberdncia a partir da década de 1970, sem parar de crescer!, a dindmica desse inte- resse mostra-se avassaladora em diversos planos, arrastando consigo a transmutacio dos temas, dos métodos e das lingua- gens. Poder-se-Ao apontar, antes de mais nada, o incremento das proprias pesquisas ditas “feministas”, marcadamente interdisci- plinares, € 0 manancial de documentagio em que tais investiga- {g0es se corporizam. Mas o que sobressai € a interrogacdo perene qual a natureza da mulher e qual a sua fungio? ~ eo enquadra- mento dessa interrogacio numa problemética contemporines, a nossa, que de certa forma a transubstancia. ‘Assumimos como pressuposto fundamental na aborda- gem dessas temiticas uma dupla convicgio: em primeiro lugar, que, numa medida muito matizada e muito rica, “toda verdade é filha do seu tempo”; em segundo lugar, que o desafio que se nos levanta 6 um desafio de lucidez ¢ de reexame dos parime- tros, mais ou menos rigidos, do que se nos tornou “habitual” * Universidade Nova de Lisboa, Ti ounig 2A BOI VN 18_OQUEOS FILOSOFDS PENSAM SOBRE AS MULHERES. Na tarefa que nos propomos, a de reconstituir a repre- sentagdo das mulheres em Platdo ¢ em Aristételes, tentar ver claro é um pouco como que “perder o pé”, sendo-nos exigida ‘uma releitura que envolve certamente um imperativo de “des construsio”. Parece-nos particularmente interessante a referida abordagem dos textos cléssicos, tendo como guiao um questiona- rio especifico determinado pelas preocupagées atuais. Julgamos, no entanto, que a interpelacdo das fontes nao pode, de forma al- ‘guma, ser levada a cabo & margem do que se nos apresenta como requisito imprescindivel: o de ler Platdo c Aristételes a luz de uma compreensao adequada, ou seja, do que significa o que diz Platéo em Platéo e do que significa o que diz Arist6teles em Aristételes. ‘Obviamente, apelar para uma “hermenéutica correta”, rum caso e noutro, est4 longe de ser ponto pacifico. Em todas as ceventualidades, impée-se optar por uma proposta de leitura € justificé-la. Que Platio e Aristételes se possam situar no campo dos “feministas” ou dos “antifeministas” ~ para Ié de nos susc tar, porventura, o sorriso pelo anacronismo manifesto dos epite- tos - envolve, concomitantemente, a conveniéncia de esclarecer © que se entende por tais designacées. Qual a caracterizagio operacional dos conceitos em causa? Como se equacionam os temas relativos aos interesses fe- ministas no que respeita aos antigos, nomeadamente a Platioe a Aristoteles? Gregory Viastos, no ensaio intitulado expressivamente “Was Plato a Feminist?", evoca algumas definigées do que se pode entender por “feminismo”, estabelecidas num dominio muito genérico e assaz consensual: “a advocacia das reivindica- ‘sdes ¢ dos direitos das mulheres” (OED. 1895), nos termos da Emenda a Constituicio dos EUA., o princfpio segundo o qual “a igualdade dos direitos nao pode ser negada ou reduzida tendo em conta 0 sexo"s, Mas, num plano mais estrito, resulta dificil reduzir a uma bitola comum os diversos “feminismos”, pelo que se tem de admitir que ha maneiras muito distintas de alinhar no dito “feminismo”. Julie Ward diferencia, nas colaboracées reu- nidas para a obra antes citada‘, duas orientagées principais: 08 estudos que se caracterizam pela dimensio descritiva, visando a econstituir, mediante o exame rigoroso dos textos primarios em seu pr6prio contexto, “os argumentos eas passagens concernen- tes is mulheres ou ao género"; e os estudos que manifestam uma dimenséo mais avaliativa, buscando aqueles aspecios das concepgdes antigas suscetiveis de encontrar eco nos atuais femi- nistas. Se na primeira vertente enfocam-se principalmente as douirinas que tratam da natureza e das capacidades das mulhe- res, na segunda perspectiva relevam-se t6picos particulares de estreita ligagio com as preocupagées feministas de maior impac- to em estudos filoséficos recentes, tais como a relacao da razéo com as emogées, aspectos especificos da ética. a ligagéo entre 0 logos ¢ a dinimica do descjo, etc.* De certa maneira, 0 que se pretende sublinhar é 0 fato irrecusdvel de que o empenhona reflexo relativa is mulheres se pode concretizar em miiltiplas modalidades. A fim de sistemati- at os itens nos quais os varios modos de ver se congregam, ser vantajoso nos atermos ao esquema proposto por Prudence Allen que distingue, na especulacao dos pensadores mais antigos, qua- tro grupos centrais de questdes: 0 estudo do “masculino” e do “feminino” no contexto da oposigio de contrarios; os problemas relativos & geracio € & criacdo dos filhos; 0 acesso da mulher ao saber; 0 estatuto da mulher no que toca & realizacio moral’ Obviamente que essas matérias remetem a disciplinas diver- sas, de carter predominantemente filosofico ou de cunho mais cientifico. Enquanto 0 concerente 4 reprodugao se insere no dominio das ciéncias da natureza, os outros temas so de teor filos6fico: 0 estatuto dos opostos reporta-se a metafisica, € a si- tuagio da mulher, quanto ao conhecimento e quanto A virtude, prende-se respectivamente a epistemologia € a ética!, Mas as dificuldades ndo ficam resolvidas com a even- tual ordenagio e categorizagio dos temas. Na descrigo e na avallagdo dos tragos que se conectam ao feminino, representado numericamente por “metade do género humano”"', depara- mo-nos com obstéculos de indole diversificada: as fontes, além de escassas, sd0 esmagadoramente masculinas; os materiais de que dispomos sfo elaborados, conservados e triados em fungio deum “canone” construfdo culturalmente; na padronizagao do que se considera plenamente humano, avulta 0 modelo de “ra- 240” assente na equiparagio entre humanidade, racionslidade e masculinidade!? Com efeito, a caracterizacao da natureza feminina ¢ feita de acordo com critérios aferidos a partir de um cAnone Teanga 90] va 20_O.QUE 0S Fisoros PENSAM SORE AS MULHERES instituido com base em elementos biolégices ¢ psicolégicos constitutivos e em tragos comportamentais decorrentes de de- terminados habitos ¢ de praticas sociais consolidadas em mol- des diversificados. O que,no entanto, avulta é a impossibilidade de abrir mao de um ideal de “humanidade” em que os conceitos antropol6gicos fulcrais, nomeadamente os de razio e de justica, associam-se intimamente a um modelo masculino"*. Uma cons- tatacdo desse tipo acarreta repercussées em cadeia no dominio hermenéutico: 0 cAnone do que se entende por filosofia, sentado por um conjunto de obras masculinas tidas como “clas- sicas", resultaria, afinal, do que foi designado por “urna histéria seletiva da tradigao"'4. A modificagio desse estado de coisas te- ria de passar pelo recurso a outras fontes, pela recuperagio de textos alternativos ¢ por um exame atento e discriminative “das raz6es pelas quais tais vozes foram silenciadas"'* Ao recorrermos a uma linguagem dese tipo, entramos desde logo numa esfera que resultaria “barbara” aos pensadores {qué nos propomos estudar. Pois qué? A razo enquanto tal ca- racteriza-se em termos de “género"? Admite-se uma clivagem essencial entre homem e mulher, suscetivel de dicotomizar sua definigao respectiva? Foi nossa intencdo, nessas observagdes introdutérias, alertar para a delicadeza da problemética abordada, sublinhan- do, por um lado, a exigéncia de objetividade que deve ter todo estudo enquanto tal e reconhecendo, por outro lado, 0 cunho normativo dos ideais almejados. Aceitamos, nio obstante, o de- safio de rever nossas idelas feitas. Por conseguinte, julgamos pertinente e decisiva a referida “releitura” de Plato e de Aristé- teles, 0 que tencionaremos fazer adiante. epre- 2. Pressupostos da leitura de Platio ¢ de Aristétcles: uma determinada hermenéutica relativamente a Platio e a Aristételes Na sequéncia do anteriormente dito, consideramos ina- dequado levar a cabo a leitura isolada desse ou daquele texto fi- loséfico, sem ter em conta o plano global que Ihe dd significado. Assim, Platdo ¢ Arist6teles nos so apresentados, grasso ‘modo, como paladinos de posigées paradigmaticas no que respei- ta A natureza e ao estatuto das mulheres, evocando-se determi- nadas passagens das respectivas obras, devidamente localizadas € tornadas marcos de referéncia para os interessados nesses te- mas!é, PlatZo seria um “feminista” avant la lettre 20 afirmar, no que respeita as mulheres, uma identidade de natureza com os homens e ao reivindicar para as guardias igual participacao nas tarefas civicas, o que impunha e legitimava a igualdade na edu- casdo, Aristteles representaria o “antifeminismo”, argumen- tando, a partir das diferencas biol6gicas das mulheres € de sua contribuicéo desigual para a geracio dos filhos, oestatuto de in- ferioridade do género feminino, no plano cognitivo e no plano ético-politico. Ele sustentaria ser a mulher uma versio deficiente de uma certa humanidade que apenas slcancaria realizagio ple- na no plano do masculino. Assim, Platdo e Arist6teles protago- nizam duas metodologias diversas: na perspectiva do segundo, “as diferencas bioldgicas so a causa fundamental das variagdes nas naturezas e capacidades das mulheres"; na perspectiva do primeiro, as diferencas corpéreas sio menosprezadas, uma vez que toda a sua doutrina se centra na relevéncia da alma’. Certamente ha linhas gerais de enquadramento que res- saltam desde 0 inicio 0 conflito entre 0 modo de ver dos antigos € as nossas éticas de cidadas/cidadaos em transito para o ter ro milénio. Constituem como que os pressupostos da inteligibi- lidade das proprias perguntas, condicionantes da possibilidade de significacéo destas. O que pretendemos tratar s4o as seme- Inancas ¢ as diferencas entre homem e mulher e discutir a ques- to da sua identidade de natureza e de fungio. Mas o que nos parece crucial analisar € 0 modo como o bindmio igualdade/ desigualdade se poe para Platio e para Aristételes. Para nds, herdetros das conquistas liberais, a negagao da igualdade ¢ das liberdades individuais resulta-nos atentatoria da mais elemen- tar dignidade humana; na ordem de prioridades e de preocupae ges dos pensadores antigos, as questdes significativas cram outras. O que cobrava maior peso seria uma problematica tinica, a da esséncia e do fim do homem, formulivel porventura numa dupla face: por um lado, a questo da areté, da exceléncia huma- 1a, € 0 que isso implica no plano cognitivo e no plano ético, no que toca A razio e no que toca & justiga; por outro lado, a ques- to da cuedaimonia, da felicidade individual e coletiva, € 0 que isso implica no plano da conquista da unidade, na articulacdo fun- Te omg ava 360 NW 22 Oqueosmdsoros PeNsaN SOOKE AS MULHERES.. ional douno edo miiltiplo. Os problemas equacionavam-se em ‘termos de oposigio, no jogo sempre presente da dialética de eris € de eras, no quadro conceitual onipresente da relacéo entre physis e nomes. Propomo-nos fazer a releitura dos textos femninistas/an- tifeministas de Plato e de Arist6teles, procurando Ié-los com a fidelidade possivel e sem menosprezo dos principios que assu- mimos como garantidores dessa mesma fidelidade. Nosso tinico objetivo, tomamos a frisar, € 0 de restabelecer 0 modo como nos legaram uma determinada representagio das mulheres. 3. A natureza, 0 estatuto ¢ a fungiio das mulheres 3.1. Em Platao A pergunta que encabeca 0 estudo antes referido “Was Plato a Feminist?"!", Viastos responde, tendo em conta as devi- das reservas quanto ao uso anactonico de tal conceito, “sim” € “nao”, sustentando com vigor a coeréncia filosdfica das posicies aparentemente incoerentes de Platio. Imporca distinguir, antes de tudo, o que € dito no plano fictic da realidade tal como ela é dada ¢ 0 que se afirma no plano ideal de uma polis “construida” ‘em logoi®. Por um lado, nas suas apreciagées das mulheres que integram a sociedade do seu tempo e que fazem parte do quoti- diano ateniense, Plato nio se desvia dos juizos mais difundidos nessa época: as mulheres sio diferentes dos homens, so inferio- res 20s homens, e isso justifica sua situagdo de subordinacio. Essa é também a crenga subjacente 20 mito da criagéo do ho- mem apresentado no Timeu: primeiramente, foi criada a raga humana, constitufda apenas por seres masculinos, ¢ os que se comportaram com menor corregio foram submetidos a um se- gundo nascimento, sob a forma de seres femininos*!. Por outro lado, na descrigéo que no livro V da Repiiblica faz das guardias, com vistas a uma cidade tio justa e tio feliz quanto posstvel”, avanga com uma proposta revoluciondria: dada a identidade de natureza entre homens e mulheres no que respeita a alma, de- fende que a algumas mulheres, as melhores dentre as guardiis, seja dada partilha nas tarefas civicas, o que envolve, concomi- tantemente, 0 acesso igualitério a uma educagio adequada. Para explicitar 0 que tem de inédito e de complexo uma proposta desse género, precisamos deter-nos em alguns aspectos que se prendem a tal promogio, e esse exame s6 adquire nexo tendo presente toda a filosofia de Platao” ‘Admitindo o dualismo de corpo ¢ alma como constitu: tivo do individuo humano, o que caracteriza o homem, em si mesmo, € a alma, de sorte que as diferencas biol6gicas néo alte. ram a identidade essencial do masculino e do feminino: 0 “eu’ auténtico de cada ser humano é a alma, e esta, sendo espiritual, no tem sexo. Numa primeira aproximagéo, a unidade e sim- plicidade da alma justificam que o proceso de conquista do conhecimento e da virtude se reconduza 2 uma espécie de liber- taco relativamente As influéncias negativas que sio da ordem do sensivel. Numa segunda aproximagao, o carter tripartido da alma humana, fixado em paralelismo com a estrutura ampliada da tripartiggo das classes sociais da polis, permite uma melhor compreensao dos mecanismos de conflito, sugerindo a organici- dade de um todo regido por uma normatividade hierdrquica, se- gundo a qual 0 inferior tem de obedecer ao superior®. Quer ao nivel da alma, quer ao nivel da estrutura da dade ideal, o que sobressai ¢ a manifestagio flagrante da desi gualdade, € a experiéneia das diferengas. Eo que pode constituir matéria problematica € a articulacio das desigualdades com ‘uma certa forma de igualdade, a compossibilidade das desseme- Ihangas e a afirmacio da identidade que define 0 ser humano como tal. Noutros termos, o que se pretende fazer ver & que a questo da igualdade/desigualdade nao se poe para Platéo nos mesmos moldes que para nés. Para entender melhor 0 que esté em xeque, podemos retomar as alegadas incongruencias de Plato. O modo como re- presenta a mulher no livro V da Repablica no corresponde & ca- racterizagdo das mulheres suas contempordneas feita noutras passagens da mesma obra; ademais, 0 que defence para as guardids est4 vedado As mutheres-escravas e as que pertencem 2 classe produtiva. A desigualdade impera entre as mulheres, como a desigualdade rege o que € proprio das diversas compo- nentes da alma humana e o que é prOprio das classes que com- poem acidade-estado. Cada elemento tem uma fungio peculiar, ‘aque comresponde um estatuto também peculiar. Com efeito, 0 que se destaca numa das formulagées da justica € isso mesmo: &% OLN 7A 101 IN 24 Qqueos ALSs0FOs PENSAM SOBRE AS MULHERES, cada um fazer 0 que deve, cada um receber o que Ihe pertence”. Torna-se patente, « partir dal, uma certa categoria de igualdade gue podemos designar ironomri « que ¢ algo familiar a¢ povo gre- 0. No percurso conducente a democracia, Mas a igualdade pe- tante a lei ou a igualdade assegurada pela lei nfo anulam outras desigualdades, julgadas naturais por Plato, por Aristételes ¢ ppor muitos outros sfbios ilustres que compartilhavam seu uni. ‘verso espirituaP®, No plano da physis, existem incontestaveis di- ferengas. Nio obstante, se se atende ao horizonte de referéncia de Platio, o que mais conta no sio as desigualdades fisicas ‘logieas, pois a physis do anthrdper em sentido Farte € a psych? que ‘esta para além dessas particularidades: » perfeita realizagio da identidade pessoal define-se no dominio daareté, © que importa salientar € a disparidade de funcbes das partes da alma e das lasses da polis e © princfpio segundo o qual cada elemento deve buscar sua virtude especifica: as desigualdades so inerentes & harmonla que comanda o paradigma da cidade justa e, nessa medida, si0 encaradas como condigdes necessirias A realizacio dasmetas buscadas, Af ressalta a vinculagio constitutiva entre a areté dos cidadaos © a estrutura objetiva da poli, possibilitante de uma vida feliz” ‘Tentaremos ver em que termos isso se aplica ao que Pla- to nos diz acerca das mulheres, no texto famoso que nos propo- mos reler. Num primeiro momento, e fazendo uso da metifora dos edes de guarda, machos ou fémeas que, independentemente do sexo, enercem idénticas fungGes de Vigilancia junto a0 reba- ho, Platio defende que, na classe dos guardises, as mulheres desempenhem de forma igualitaria tarefas paliticas de protege ede chefla eque, com vistas a paridlade nos trabulhws efvicos, Fe jam sujeitas a uma educaga semelhante®, ‘Num segundo momento, preconiza-se que seja abolida a familia nuclear tradicional e que, para incrementar a desejada unidade da classe dos guardibes, institua-se a comunidade da propriedade dos bens, bem como a posse comum das mulheres € das erlangas?! Num tercetro momento, estipula-se, como condigio da vlabilidade de concretizacio desse prajeto, a eciucngii filosofica dos governantes™. Os que se destinam aa exercicio do poder po- litico devem ser iniciados numa teckné muito elaborada, a clién- cia politica, denominada techn? basil. Esta supe 0 conheck mentodos fins que se pem na esfera individual e coletiva, 0 que na perspectiva de Platéio sé se alcanca com aaprendizagem da fi losofia, com uma morosa e dificil educagio que, para além de tum prolongado curriculo de estudos especificas, exige uma con- versio de vida a reorientagio radical do olhar e da desejo. Importa salientar a preméncia de selecionar os melhores, defi- indo rigorosamente a clivagem entre os que sio chamados a exercer 6 pader politico ¢ os restantes, pois “a uns compete por natureza dedicar-se & filosofia e governar a cidade, ¢ aos outros no cabe tal estudo, mas sim obedecer a quem governa”™* Obviamente, a instituicio desse programa mobiliza ele mentas heterogéneos que sé fazem sentido se apelarmos para 0 contexto da doutrina de Platéo, No plano do prisma deste es tudo — 0 que Plato pensou das mulheres -, resulta inequivaco que ele admite que algumas mulheres, as mais dotadas, equipa- remse aos homens no acesso ao saber e no dominio da areté, desde que Ihes seja reconhecida uma mesma natureza"*. Mas tuma iniciativa desse tipo nfo deixa de suscitar diffculdades se confrontamas as afirmagSes antes evocadas, ¢ as aporias detec- tadas so claramente debatidas no didlogo em curso: “Concor- damos que uma natureza distinta carece de funclo distinta, € que ada mulher € diferente da do homem. Porém, agora afirma- mos que naturezas diversas devern executar as mesmas tare: fas"*. Como conciliar as aparentes contradigbes ¢ superar 0 impasse? Impée-se analisar 0 que sc disse, “distinguindo os dife- rentes aspectas” e assim esclarecer em que sentido os individuos de sexo oposto tém e nfo tm a mesma natureza™. Ora as dife- rengas de fato, se bem que incontestadas, sio minimalizadas em relagao a seu aleance efetivo, Tal como of homens nao s80 afeta- dos na sua esséncia especifica pela citcunsténcia de serem calvos ou cabeludos””, também as diferencas fisicas associadas a0 sexo lio poem em causa a identidade de natureza da espécie huma- na. Da unidade de natureza decorre, pois, a referida equipara- glo de fung6es: “Niio hé, na administracio dacidade, nenhura acupacto propria da mulher enquanto mulher nem do homem enquanto homem"®#, O preco a pagar pelas mulheres guardiis parece-nos, contudo, bastante elevado: para além das “reservas” antepostas de que, senda capazes de fazer 0 mesmo que os ho- mens, nunca o fario tio bem®®, o modelo imperante, enquanto S% ODN =A HO I 26 O.QUE OS FLOGOFOS PENSAM SOBRE AS MUTHIERES. tunissexo, € espoliado daquelas caracterfsticas que na sequéncia de toda uma tradicio eram habitualmente associadas ao “femi- nino™®, Além disso, 0 comunismo preconizado para salvaguarda da unidade dos guardioes representa a politizacio do privado, tornando-se comum, num certo sentido, 0 que era marcado pelo particular; Keinon versus idion. Essa invasio da privacidade pelo impacto do puiblico tinha, na ética platonica, importan- tes razées filosdficas a seu favor. Mas pode ser objeto, ¢ foi, de objecdes profundas ¢ sérias: significava, numa certa acepgio, a neutralizacéo dos afetos, a aniquilacio das diferengas, a padro- nizagio excessiva dos elementos intervenientes no jogo social"! 3.2, Em Aristételes Contrariamente a Platio, Arist6teles parte de uma con- cepgdo do ser humano como unidade substancial, nio conside- rando a alma em separado do corpo%, e destaca as diferengas entre homens e mulheres. "Macho" e “fémea” surgem como contrarios, na sequéncia da tradigdo arcaica que organizava a realidade em pares de opostos®: no plano metafisico, 0 “mascu- lino” e 0 “feminino” opéem-se como contrarios dentro de uma mesma espécie, daf decorrendo que um se constitua como priva- gio do outro e, nessa ordem de raz6es, o feminino se apresente como privagao do masculino¥. Uma descricao desse tipo serve de base a dicotomizagao dos sexos — por um lado, radicalizando as dessemelhancas e, por outro, sublinhando a ténica da inferio- ridade associada & nogéo de “privagao"5. Segundo Aristételes, o macho ¢ a fémea diferem em trés aspectos biolégicos muito sig- nificativos: em primeiro lugar, o principio (ardé) de um animal determina o respectivo sexo, pelo que o género ¢ determinado antes do aparecimento das partes sexuais*; em segundo lugar, a posse de orgios sexuais masculinos ou femininos constitui de modo efetivo os dois géneros”; em terceiro lugar, 0 macho ¢ a femea distinguem-se nas suas fungbes reprodutivas: enquanto 0 ‘macho procria noutro, a fémea gera em si mesma®® ‘As caracteristicas atribufdas, no ambito metafisico, a0 masculino e ao feminino refletiam-se nos aspectos biolégicos, com especial incidéncia no modo de explicar a desigual cont ‘uigdo do macho ¢ da fémea na geracio”, O papel do primeiro era determinante na transmissio da forma, sendo o da segunda confinado 4 da matéria, conotando-se a forma com “atividade” e.com tudo o que constitui o superior, ea matéria com “passivi dade” e com que representa os elementos menos elevados®. O masculino aparecia, assim, ligado A alma, mais precisamente & alma sensitiva, enquanto o feminino se associava a0 corpo eA alma nutritiva ou vegetativa. E de notar que essa dimenséo cor- p6res se situava na primordial ligac3o do feminino ao elemento “terra”, em oposigdo ao elemento “fogo”"!. As diferencas estabe- lecidas nessa ordem justificavam as subsequentes posicGes assu- midas quanto 20 estatuto das mulheres: Aristételes atribui-thes uma inferioridade que se manifesta na desigualdade das capa- Cidades cognitivas e no dominio da aco. As mulheres nao ul- trapassam 0 plano das opinides e mostram menor aptidio no dominio da sabedoria pratica. Na realidade, embora sejam capa- zes de deliberar, nao tém autoridade nas decisdes que ass mem’, dada a facilidade com que se deixam guiar, e dominar, pelas emogbes e pelos sentimentos. Mas 0 seu papel social defi- ne contomnos positives noutros campos ~ no da vida doméstica, em que se afirmam as suas qualidades na gestdo de economia da casa € no Ambito privado das relagdes familiares, Que a mulher deva obedecer ao homem ¢ nfo tenha acesso & cidadania plena nem 4 maturidade no plano da moralidade justificar-se-ia talvez, luz dessas limitagdes que fazem dos elementos do sexo fernini- no formas imperfeitas de humanidade’s Mas poder-se-4 sustentar que 0 ideal de racionalidade que se depreende da leitura de Aristételes exclui os elementos afetivos ¢ emocionais? A unidade que Aristételes julga necessi- rio introduzir na vida politica trard consigo a anulagio das dife- rengas a partir da generalizac4o de um padrao dito masculino? Dada a identidade essencial que abrange ambos 0s se- x0s, para além das referidas diferencas que os particularizam, importa ver com maior detalhe a ideia que Aristételes faz do gé- nero humano!* € os tragos que Ihe sdo genericamente imputa- dos, para af situar sua representacdo das mulheres. O homem. nos € apresentado como um animal com um estatuto singular centre 05 demais: ele “deseja por natureza saber"® e, para além da vocacéo sapiencial que o define especificamente, é-nos des- crito’, cumulativamente, como animal politikon e como animal logiton. Assim, 0 homem é, por natureza, um animal gregirio 7 OINd A BOL VV 28 O.QUEOS LOSOFOS ENEAM SOHNE AE MULHERES., ‘que $6 consegue a almejada autarcia vivendo em comunidade, ‘mais precisamente integrado na polis", Por outro lado, a referida polis € também caracterizada como uma realidade social que existe por natureza, constituida por uma pluralidade de elemen- tos que a integram e se agrupam em diversos estratos. Dessa ma- neira, a polis define-se por uma unidade compésits e pela intima interdependéncia do todo e das partes. Mas o homem é tam- bém, no plano mais radical de sua condigéo, um animal politike, © que significa que € dotado de leges, ou seja, de uma discursivi- dade que se traduz na linguagem pot meio da qual, diferente- mente dos restantes seres vivos, ele se torna capaz de distinguir “o benéfico e o prejudicial, assim camo o justo e 0 injusto"™, Estabelece-se, assim, uma relagde muito présims entre 1a definigfio. do homem ¢ a definicéo da politica, entre a ordem especulativa da raziio aordem prudencial da justica eda vida humana bem vivida. Com efeito, a polltica € encarada por Aris- toteles como a cléncla das coisas humanas, como saber priitico relative ao telor, que €a bem do homem”, sendo justamente de- signada como “s filosofia das coisas humanas™. No entanto, dada a forma coma Aristoteles se depara com essas realidades, ‘as matizes de que se revestem as “muitos” sujeitos humanos que ‘compéem as virias populacbes, as variivels intervenientes nas diferentes comunidades ¢ a contingéncia que hes ¢ inerente, a politica nfo tem para Aristételes o mesmo estatuto que lhe atri= bbui Platio: trata-se de uma ciénela pratica, iredutivel « procedi- mentos discursivos que relevem do dedutive e do apoditico®. 4. Balango sumario das contribuigdes das reflexdes plato- nica e aristotélica para os estudos feministas atuais Platio ¢ Aristételes, embora divergindo na maneira como representam as diferencas entre os homens e as mulheres, convergem em alguns prinefpios basicos que constituem coma Que 0 esteio fundante do universo espiritual helénico. © ser humane ¢ caracterizado como uma realidade complexa e dividida, com uma natureza hfbrida, na tensio queo situa entre a terra ¢ 0 cfu, entre os demals seres vivos mortais ¢ os deuses, Na bela imagem do Tinrew#, “o deus deu acada um de nés como presente um genio divina” que habita a parte mais ele vada de nossa alma, e “podemos afirmar com verdade que essa alma nos eleva acima da terra, devido & sua afinidade com 0 céu, pois somos nfo uma planta terrestre, mas sim celestial”. Nessa dupla condigéo, a realidade do antirdpes € constantemente con frontada com o modelo animal, por um lado, e com o modelo di vino, por outro. Como foi repetidamente acentuado, o homem 56 se pode desenvelver plenamente no scio de uma comunidade, na Inter-relagio com 0s outros homens ¢ mulheres: a interdepen. déncia do individuo e da polis constitui o amago de toda a refle- xo antropolégica ¢ polftica. Nessa ordem de ideias, 0 telar ou 0 fim da polis ¢ 0 tefos do homem ~a Felicidade, o viver bem. Mas 2 conquista dessas metas tem coma condigio a realizacio de uma determinada forma de unidade que s¢ configura como 0 fundamento da areté, da exceléncia suscetivel de ser alcangada no plano individual e no plano coletivo, e que assume a rosto da justiga. Em outras palavras, o fim almejado na constituigio da cidade ideal ser sempre a unidade concebida como um modelo harmonioso de equilfbrio. Se € certo que a felicidade consiste "no exercicio © no uso perfeito da virtude"®, € comente admitir que os homens ‘canseguem ser bons ¢ dignos gragas a trts fatores determinan- tes, "c estes sic a natureza, 0 habito ¢ a razio"™, Ora, enquanta ‘os outros animais vivem guiados pelos impulsos inscritos na sua indole especifica,¢ alguns também pelos habitos, no caso do ho- ‘mem a razio reveste-se de hipertrofiada importincis, e, na dia- ética do patriménio inato ¢ das competéncias adquiridas, a educacio assume um papel central Postas essas premissas de cardter genérico e assaz.con- sensual, procuraremos salientar algumas diferencas signiticati- vvas nas posturas dos dois grandes pensadores classicos, com reflexos importantes no que toca as suas opinides respeitantes as mulheres ¢ & temética que nos interessa. Para Flatio, « admissio da igualdade civiea das mu- Theres na classe das guardids pretendia institulr, entre os “me- Ihores", a disciplina perfeita suscetivel de anular os eventuais obstdculos derivados das divergéncias de opinides ¢ de senti- ‘mentos**, © imperativo da unidade era encarado como algo de primordial ¢ justifica o duplo papel da educagio c da persuasao na utopia platdnica. Dada a clivagem introduzida entre gover- 6 CANA WA ROLE 30_O.QUF 05 pLdsor0s PENSAN SOOKE AS MULMERES.. nantes e governados, a educagio, em seu sentido pleno, 36 inte- ressava aos primeiros. A estes cabiam a inteita adesdo ao interes- se comum, a correta orientagio do desejo no sentido da justica; ‘aos outros cumpria obedecer, ¢ os papéis nio cram reversivels. A unidade preconizada impunha-se como requisito inadidvel, na medida em que surgia como o fundamento por exceléncia da es- tubilidade da polis. Daf a apologia da “nobre mentira, nos varios ‘contextos em que 0 recurso a ela se apresentava como vital: em Primeiro lugar, no mito da genese das diferentes classes sociais, nascidas de uma mesma Mie Terra, marcadas desde 0 nascimen. to por uma “mistura” de elementos que determina seu destino Particular e simultaneamente chamadas a respeitar a fraternida- de dos lagos que as prendem entre sie as vinculam a salvaguar- dar seu estatuto unitério; em segundo lugar, como instrumento 40 dispor dos governantes, a fim de persuadic os demais no sen- tido das opgOes julgadas convenientes para 0 bem da cidade®. Para Aristételes, as mulheres revelam-se inferiores em diversos registros, que vio desde o da ordem fisica e fisiologica da reprodugto ao do exercicio acabado das funcées intelectuais € das agbes éticas. A principio, ficam relegadas & intimidade da casa, sem poder de interyencio no governo da cidade, e nao se thes atribui capacidade para uma educacio filos6fica equipars- daa dos homens. Mas se, por um lado, Aristételes extrai das maltiplas inferioridades supramencionadas, justificagées de facto relativa- mente ao estatuto das mulheres e ao tratamento que lhes € con- cedido, por outro lado valoriza positivamente as reconhecidas diferencas como condigées sine qua non da viabilizacao da justiga € da genufna comunidade humana. Acautela, de certa maneira, © que Platio sacrifica no caso exemplar das mulheres guardias promovidas a fil6sofas e a hipotéticas governantes. A especifici- dade da mulher decorre dos clos que a prendem a ofkia, 2 esfera do privado. Na dialética de interesses que comanda 0 confron. to das duas esferas”, 0 universo da vida doméstica constitui como que um baluarte do direito a diferenca, da proliferacio dos cuidados norteados por afetos radicados em circunstincias muito coneretas. Sob o ponte de vista da estrutura compésita preconizada para apolls, Aristoteles defende que aestereotipada fentidade assente no desaparecimento das diferencas € algo de destrutivo: a auténtica comunidade é uma comunidade de senti- mentos ¢ a diversidade, mais do que a semelhanca, da lugar & pretendida unidade. Numa determinada perspectiva, a concep ‘do aristotélica salvaguarda 0 que Plato aniquile ~ a possibili- dade de uma padronizagao do humano que nao faca tabua rasa do *feminino” em funco de critérios redutores de sobrevalor zasio do “masculino”®., Resumo © que os filésofos pensaram das mulheres: Platio Aristoteles : Platio e Aristételes nos sio apresentados como paladi nos de posigées paradigméticas no que respeita A natureza ¢ ¢s- ‘tatuto das mulheres: Platdo seria um feminista avant la lettre, a0 atribuir As mulheres uma identidade de natureza em relacio 20s homens ¢ ao reivindicar para as guardias igualdade de participa- ‘cio nas tarefas civicas e no acesso & educacao; Aristoteles repre- sentaria o antifeminismo, argumentando, a partir das diferengas Diol6gicas das mulheres ¢ de sua desigual contribuicdo para a ge- agio dos filhos, seu estatuto de infericridade, tanto no plano cognitive como no plano ético-politico. ‘Mas se, por um lado, Aristételes extrai das inferiorida- des apontadas justificagées para o estatuto das mulheres eo tra- tamento que lhes é concedido, por outro, valoriza as diferengas como condigdo sine qua non da genuina comunidade humana. Acautela, de certa maneira, 0 que Platio menospreza no caso exemplar das mulheres guardias promovidas a fildsofas ¢ aeven- tuais governantes. A especificidade da mulher decorre dos elos que a prendem a ikia e Aesfera do privado. Sob o ponte de vista da estrutura compésita preconizada para a pols, Arist6teles de- fende que aestereotipada identidade assente no desaparecimen- to das diferengas 6 algo destrutivo, pois a verdadeira comunidade €uma comunidade de sentimentos e a diversidade € o suporte da pretendida unidade. Num certo sentido, a concepcao zristo- tdlica salvaguarda o que Plato aniquila: a possibilidade de uma padronizagio do humana que nao faca tabua rasa do “feminino” em fungao de criterios redutores de sobtevalorizacio do "mas- culino” Te OINg aA Ol 32_O.QUEOS FLOSOFOS PENSAM SOBRE AS MULHERES. Notas Ver ainiredusfo de ule K. Ward A colectinea de queé editora,Foi= rig and Anciont Phiserphy, New York and Londons Rovtledge, 1896, XIIIXY. Salientando a expansio, no ambit seademico angioamenee. 10, dos esados feminisas no campo da flbsofa antiga, reere que, Gorurariamente ao que mutas ves sucedia antes, “uma nova classe se incerpretes emergiu que incl mulheres preparadas erm flosoia are tiga que sio também feminists"; 0 que se rf refer na forma euida- dom como sio analisador of texcot primrics, com a preocupacto de ‘os explicar“em ela como resto daobrapertencente am pencador ‘a uma corentefiloséfca” (id. XIV). de asinala que os temas Feministas fram a pincipiomus fcados em abra tert da Grecia “Antiga e de Roma do que propeismente em textos flosshcos. Como refere Natalie Hart Bluestone, em Wonen and the el Sol Plato's Ruble and Modern Myths of Gener, Oxford, Berg, 1967, ps7. tutors centrasu ani no livo Vda Repdbten de Plate realizar ‘rtudo exnustivo da recep relativa bs contioveriasposiesplatont ‘as sobre as mulheres, Osadmiradores eos detratore Ge Plath fazem revive: os famosos arguments, digadianco-se quanto so seu sentido efetvo,¢ "visita guada’ que nos introduz nos meandros dessa her. ‘meneuticalustra bem a continua releitura das fontes a pertir dos con- dicionalismos do presente. Depeis de um longo capitulo deceado “The Prevalence of Art-Female Bas in Plato Scholarship’. assinala “The Resurgence of Interest in Philosepher-Qhieens™ para concliren- fatizando a atuaidade dar questdes postas por Plato, Paul Ricoeur, numa sugestva conferncia proferide em Lisbon em 1954 (“La erie de Ia conscience historique et IEurope in Jodo Lo pes Alves ed, Bice eure de denoorada, Lsboe, Coll, 1998, yp 29.35), denacava o irsporeante principio hermenéutico que nes "ol ensinado pelos histriadores de meter "¢ preciso, anes de mals nada, tcrtara idelade que sempre possvel contardferentement 95 mes. tos acontecimentos” (yp. 32) Publicado pela primers vez em Tine Liteary Stoplement, n°4, 485, ‘March 17,198, p. 276,288; nico em Dane W. Gahan ed, Goer Vis, Va Savas Pl, and Tet Tran, Price tow. Jersey, Princeton Univ. Press, 1995, pp. 133-43. Representativo, do afinco em rorular Plato cam epttetes de resenincat hodieras, ‘ver Dorothea Wendes, "lato: Miscgyois, Partopsiie sind Fernnine ‘nfohn PeradoteaeJ-P Sallam ed, Women nthe Ancient World The Aretha Paper, Albany, State University of New York Press, 984, 213.228, Bo nan e re Referido no menclonsdo ensaie de G. Vestas, , 139 “A igualdade de direitos prevsta pr lel nko pode ser negeda ou reduzia, pelos EUA ou por qualquer Entao, por moxivo de seea™ Fe Er Julie K: Ward, Fominizm ond Ancere Phesophy, op. ct. XV. Na lteraturaferinista a parr de meados da déeada de 1970, passou a serunaconsanteadistingioentre “sexo” "enero" oprimeiro diz respeito a uma enidade biol6gica (a do mascilino cu do feminine), enquanto o segundo coresponde a um constractopsico-socil (inci 10 n 2 “4 15 a a i 6 ee ser ri ea fe en cams Poaceae fate Sartre ea ody Bhai et he ca ae Brunswick/New Jersey, Rutgers Univ. Press, 1992. Cl. Julie Ward, Feminism and Ancient Philosophy, op. cit., pp. XIV-XV: Sie meade Secret ee Rel oon eseta cece ee et estas eateries eee Sree iaren Gnecmre tans esate neon sasha siesecer me: eee nee cee sia rece a pen seer ee on eee ee Sora eee cre tem Etia ¢ Psicologia Mori tals como a relagdo da razdo com as emo- Ee TC rn ran Saree Be mr See Sie ie eer oe she irae ese ys na ea obra de Genevitve Lloyd, The Man of Reason, Male and Female in Wes- Eicon ed tl are a cae nn at ohh ae iuees irae sae Sraneer Coes amet nar Be mits ei mec in capers dostexts pexios eum exe clades ds rabies pels Srcectneterenmen ee Snare tes tin sce Aaa i omens te ona HOLM 34 _O.QUEOS FLOs0F0s PRNSAM SOBRE AS MULHERES 16 v7 18 wo 20 e ‘cenonizagéo’. Imporca realcar a preméncia de ‘uma rdeitura’ que canalize nossa atengo para os modos como a mulher eo papel do e- minino sio tonstruidos nos textes de filosofa. Ou sej. se 2 idela do. feminino que temos results de umn construsio FlosSic,chegarmos a tuma renovada captacio do que é amalher ede qual seu papel pasa or uma necestria escorstrugso™, Nancy Tuana, em Woman and the History of Prilophy, op. et, pp- 31-32, indlea como prinepais fontes prmavias or tepulats textes Platto: Repilig, em especial olivro V, 450-470; Times, 4] G52 ¢, 9 b-70¢, 76 de, 90 w-91 Les, VI, 760 3-781 783 b; VIL, 805 6-807 XI, 944 945 b; Banquce, em especial 201 212 ¢ Aristoteles: Ge sapto dos aninais,716 2 V-716b 15, 7238 20-752a 10, 736a25-739 35, 763 b 20-767 a 30; Polite, 1252 a 25-1252 b 15, 1253 b 1-25, 1259 a 35-1264 b 25; Histria des annals, 608 a 30-608 b 20; Etonimi- , 1343 a 15-20; Poitica, 1454 2 15-25. GE. Nancy Tuana, Woman aud the History of Philesophy, op. ct. pp. 1-14, A comparacio das concepcées de Patho ede Aris Steles€feve- Jadora de dois procedimentos antagénicos “para defender a premrissa da inferioridade da mulher’, Bi, p. 12. NEo cbrante as ivergncas ppatentes, concordam num principio fundamental: "o marculino € a forma verdadeira de humanidade’, thd, p. 13 Ibid, p12: de acordo com cata ordem de razdcs, as diferengas corpo teas, induindo 0 4x0, sto irelovantes para Platio. Gregory Vlastos, ‘Was Plato a Feminist?” ep. et, nota 4 Que se rata de wna cidade deal, enquan projet eificada em lie, liso €claramente afirmaco em diversas passagens da Repdbice: ct. 365. © 379 a, 472 ce, 473 a, 992 ab, Sobrelevase que um tal modelo é corstruido poieticamente como um artefato, mediante log, vocabulo polisémico que ness context se poders traduait por palavravciscur Soslargumentos. O objetivo primordial desse dil platbnico perma: rece objeto de controvérsia, vendo uns nele a apologis de um modelo de paidea¢ salientando cutros a indisgocivelrelagio entre um deter. rminado modelo pritico étio-politice ¢ » argumentagio em prol de ‘uma idela de filosefi. Ver, dentre os muitos estuciosos de Patho, Eric Havelock, Prfece t Pleo, Cambridge/Massachusetts/London, The Belknap Press of Harvard Univ. Press, 1983 (1* ed. 1963) e Stanley Rosen, The Quarrel Betwen Piesophy and Poetry, Stulie n Ancien Phi ‘esophy, New YorkiLondon, Routledge, 1988. E também Holgen Thes- Jeff "Plato and Inequality” in lio Kalanto ed. Equality and Inequality of Man im Ancient Thought, Helsinki, Societas Scientiarum Fennica, 198, pp.17-29:"E extremamente importante entender que a teoria de Platio acerca do homem e dz sociedace ndo pode ser devidamente captada tem ter em consideracio sua estruturaBloséfica genética...) Poderse-ia defender que as intencbes de Platio quando escrevia a atual versio da Repl eram especularivas, e nla propriamente po Iiicas” (bid. p. 18). Aceitanco que o Estado utopice de Plato seja -verdadeiramente “uma conserucio iloeéfca” de idle tcorética, de neada com uma carta dote de “eopirto lidico", entdo torna-se a ‘compreeasivel “oradicalisme das olugbes preconicadas” (bid. 19). a 2 23 4 Tine, 62 &. Nio 6s sherri urgido depois dohorem. come coriespondiaa una fon inferior de humana, Se Dem ase tolon or sree marcanar vemser sido for gualmente perfos, pecan codes ss onda ovita eqieerperto dorinamen ft Faber inprewtr mores vretcondanados avolsraraccreob tcondigio ada rae fares Cf Folger Tec op se pp. 17-29, ps “Propoia que a txe do nado lal aj casters que pctende eran te dari idealna péledade humana, urhateoria que surg indignagto mo fale oar ay xtc de gore ula, per da inastagio com toda s especies de governs exsenes a arc éa busca de ana extrtura crt pars saute fuca soit 6 Sm si de justigne decade para todos" Nes perspectiva a Stopia em questo implica -c equiv ene desis par a ‘dade micina de tdososciiadas" (Bip. 21). Sobre reach e trata ent jostign Yeheidade” cf. Repub, 1V 420 = V 466 3 S72 ca. Actea dows temaen sero ent de G. Vistos “ji tnd Happines inthe Rapblcn Poi Stab (Scored Eaton, Princton Uni, Pres. 96 pp 111-159, GG. Visto,“ Wos Mato Etnies" ep dp 136: “Omsisinove- Se sopra snjesiatmriearst fo et degen, mc me Qquesdonatoem prossou-em versa, Ge que ax dtrengas de ex Seer fhnam as cferenges na cntibigho co abaho".A mesma tonsa & fcentusda por Natalie H Bluestone, pe. ps “Conierando que flgunas mishers posslam s reese capciace ara aoe © Bsa, Ineoduas a propastasurpreenerte de que dios cares de chefia exigiam uma educacdo idéntica para os membros mais capa- tes doe dois sexo” Ea ‘ek ef. 0 Fédon, didlogo platGnico exemplar dessa vertente, em especial 62-67 d, Na slma ripartida, a elevagio da almano sensido da perfei- ‘fo taduz-se na integrasio das suas partes na unidade do todo, sub- metida A ideia de bem e na prossecugiodo seu fim genutino (Replies, 1V 436-44 e; ef, noutro concento, Fedo, 246 a-b., 252c- 254 e). O Interesse prevalecente¢ sempre o da reslizagao da are da exceléncia a alma individual -, tal como, no ambito da pots, a considerazao da ‘excelénciae dobernestar da totalidade domins addas classes. Nessa or- dem de ideiss, “Ubertaglo” nio significa qualquer tipo de “emancip- ‘edo", na acepcio moderna do termo. Segundo assinala Nancy Tuana (Womax and the History of Pails. ap. cit. p.21),"€ importante reco- nhecer que, ao longo da Repiblca, a preocupacto de Platio nko est forlenada para of direitos ou necessidades ds individuos, mas visa apenas a0 bem do Estado” Ne twipartigio de alma, transparece a sarocissio do plano afetivo © apstitive com o feminine ¢ do elemento racioral com 0 masculino, com o apelo A correta ordenaio que impée que o inferior seja coman dado peo superlor. CE, no Tine, a descrigao da criagio da alma mor- tale sua localizazio no corpo humano, recorrendo metafora dos {generos, masculino e ferinino: 69 ¢-70 a Se anna Ol NN 36_O.QUEOS FiLAsoFOS rENSAM SORREAS MULHERES. 26 27 28 29 30 3 32 Ff. Reptiles, TV 431 be, 469 &, 563 b, 557 €, 605 de. Sdo-Ihes impu tados tragos ¢atitudes tidos corno “negativos": auséncia de autodomt ‘io, permeabilidade aos apetites e emocdes, incenstincia, sentimencos ‘eros elevadoscomo aganincia¢ acovardia,excessos passionais ee. Cy id. TV 433 a-b: “Cada um deve ocupar-se de uma fungio na eda de, aguela para a qual sua natureza é a reaie sdequada, ~ Dissernos isso, efetivamente.~ Além disso, que executar a arefa propria e nfose ‘meter na dos outros era justiga". Pelo que “eae principio pode muito bem ser ajustiga: odesempenhar cada um asua tasefa": Verainds 441 4,443 be. Ci. Wolfgang Kallmana, “Equality in Asistove Political Thought", in Tro Kajanto ed., Equality and Inequality of Man n Ancient Thought, op. it, p. 32: “Avistteles nfo considerava que todos os incividuos so 'geais por natureza, nem a maioria dos seus contempordneos (tais ccemo Platdo e Isdcrates)" admit essa igualdade. i. Republics V, 472 ed “Fol para termos um paradigma que indaga- ‘mos 0 que era a justiga ¢o que era um homer perfeitamente justo se existisse ¢, uma ver gue existsse, qual seria 0 seu carster e, inversa. mente, 0 que era a injustica © 0 homem absolutamente iusto, « im de que olhando para eles se nos tomasse dara que felicidade ou qui ine Felicidade thes esis” CE Repiblce V, 451 «457 € hid, 487 cAT1 Ihid., pp. 472 & es, em particular: “Enquanto ni forem 0s fsofos ‘eis nas eidades, ou 08 que agora se chamam relse soberanos fildsofos genuinos ¢capazes xe dé esia coalescéncia do poder politicocom a fe Josofa, (..) no haverd tréguas dos males (.) para 4s cidades, nem sequer, julgo es, para o género humano, nem antes dio sera jamais posse! everd a luz do sola cidade que h& pouco descrevemas" Did, 474 bee. Susan B, Levin, “Women's Nature and Relein the Ideal Pols: Republic V Revisited”, in Julie K. Ward ed., Faminism and Ancient Phioopey, op Gt, pp. 13-30, interessi-se de modo particalse pelo posicionamento de Platio no que toca 3 capacidade das mulheres assenderem & aprendi- 2agem da filosoa, como redid que se situa no topo da hierargula des saberes. Platio, ao criticar as mulheres, invaca em justficagho dos de- feitos apontadcs argamentos relativos a “habitos" © nunca’ “nature: 2a" propria do género feminino, suscetvel de inibir a principio Una boa condura. Sobestal, assim, ocontraste entre as condicbes vigentes, ‘eventualmente pouco propfcis, e o concexto renevado de uma cidade ideal, a que se reporta a proposta avangada no livio V da Replica, ‘Admitindo que no plano da pists nada obsta& educacho das mulheres [para a losofia,e consequentemente para o acesso a0 poder politico, Testa a discrepancia, nunca negada, que no plano individual separa os bbem dotados dos menos apetrechados. Cf, sobre as “naturezat floss ficas”, a obra de Monique Dixsaut. L+ Nature! Philosphe, Eset sur les Dialogues de Platon. Pais, Les Belles LetreWVrin, 1935 Thid,, 453 e. Ftd, 454 ach. Por conseguince, “e eeevidenciar queou osexo mas: culinoo 0 x0 feminino é tuperior um ao outro no exereeso de una 37 38 39 40 a 8 “4 aute ou de qualquer cura ocupacio, demos que ze deve confar esta fancio auum deles. Mas se se iu que a tifeenca consstia apenas n0 fato de a muther dar A his eo hemer procriar(..), continunncmos @ pensar que os nosios guardiber ae uae mulheres devem desempe: ‘har as mesmas fungbes” (iid, 454 de). Tha, 544 Bod 45 4. Tid, 455 b-A56 a, Indleanvse como dotes reveladores cos “melhores” 4 faclidade na aprendizagem, acspacidade de inovare de aplicar bem © aprendido, submeter “0 fsco” a0 serig daimteligenda,et. Oa, "a ‘mulher participa de todas as ativiesdes, de scordo com 4 sua nasureza, « ghomen também, conquats en todaselsa mulher sma di do que o homem” bi. 456 de). Abrangia um leque de conotaces posiiva diretamente ligadas 0 pa- pel das mulheres na vid doméstia, como sus intervsngie na cringion dos flhose na gest da economia lars, As suas capnedades na order afetiva e nas relagdesconcretas da wide quotidians Sobre cata matiria, ero ensalo de Arlene Sasonhouse, "The Philosopher an tl Female in the Political Thought of Plato" iv Richard Kraut ed. Pas Rel, Critical Esays, LaniwrwN. YorkOxford, Rowan & Lie ld Publishers, 1997, pp. 93-113; ¢ também, da mesma autora, Women in the Hisory of Polite Though ~ Ancien: Greee to Macheveli, Wes ory ConnecticuvLondon, Praeger, 1985, em especial o Cap. 3, "Pie to: Pilosophy, Females and Poluical Lit”, pp. 37-62, Oestatito da ‘mulher, luz 6 confront do publica «do prado, € objeto de amplo estudo naobrade Judith A Swanson, Te Publcand the Private n Ari to's Political Philwphy, Ithaca and London, Cornell Univ. Pres 1992, com particular destaque pars oCap.1."The Household: a Priva: te Source of Public Morality" (pp-9.30) e Cap. 3, “Women, the Pu- blic nthe Private” (pp. 44.68). ‘Ver, sobre essa matérin, 0 pertinente¢ eelarecedor estado de Moni aque Canto-Sperber, “Luni de état et es conditions du bonheur pu biic Plton, République, V;Avistor, Plier, I)” ix Pierre Auberge dic, Alonso Tordesila ed, Avsote politique, Etudes sur la Palle Aviso, Pass, PUP, 1985, pp. 49-71. E came julia Anns, ier daciont Plas Repub, Oxford, Clarendon Press, 982, em especial 9 Gap, 7, "laos Stat’ om. a una pertinent nie topped derbuldo as mulheres guards, pp. 170-169, CED nina, Il 1 412. 20. Aaims€a forma do corpoetodot os ind= ‘dius sio unidades indecomponiveis, consis por matéria efor Ver atabun de opostos atrbuida os pitagsricos, DK 58 8 (Arette- les, Metafiien A3, 986 a 12}. Os opoatr agrapar-eeem dune colunas, sendo de notarqve o “masculine” te coloca do lado dx “unidade”, do “iimite", do “fmpar’, da “laz", do "repouso", do "bem enguanto 9 “feminino” se porcionarespectvamenve com » *pluralidade’, com & “indeterminade",como "par", comm as “trevas",como"movimente” ¢ como “mal”, ser incgavel valorizagdo dispar dos elementos de tama e da outa Ch AuistOtle, De generator ntmatin (GA), 165 & 21 Te Ona ZA 3501 vi 38_O.QUE Os FILOSOFOS PENSAM SOBRE As MULMERES. 4s 46 a7 48 49 Cf. Arstces, Metafrica 19 1580.30 As iferengas de sexo sto mate This, endo estnciais. Sobre esta mati, ver Manpuerte Desai, “Sex and Essence in Arstatle's Metaphysics and DIOlogy, Cyntiis A Freeland ed., Font Inerpretatons of Aretole, Perbojivanig The Pennsylvania Siate Ua. Press, 1998, pp 138-167. Segundo a actors, Acisiicles nha uma renga argument (aressoned big) nas serne: Inangas entre os sexos no que respeiiahessncla junto com sm crons sa nto reletica (unravel) na deictncs da femes em veces fo mache, em varios aspects (Cf fdd,p. 139) CL.GA766a31b4. Tid, 766 B54 Tid, 716 14-15. Judith A, Swanson, The Public andthe Private in ‘Avisiot's Pall Phowply, op. ct. p48. Deata forme, os peer a unis eas gSes reprodusiva eriam manifereasdo da mascadinidale ou ds feminliade, endo enue desas Prudence lle ressalas fatima relagdo entre doutena metafsca da opotigto do" masculino” edo feminino“e as tears elativas carse, terinieas biolégcase picldgicas dem e outosenoref na obma ants sitada, The of Woman ~ Tee Aristtllan Revoton, 750 B.C-~AD. 1250, pp. 83-126, 0 pape atroulde a0 “quente’ coe “ioe € determinante a repreduglo: 0s dois opostonprimiion do calor © 4o fro consituiam as bases metafisiasaplicadas 3 teria da grecion rehicionandose 0 masculino com o quente eo feminino cort 9 bio™ (cl GA765b 10-18). Desse modo, "a polaricade dor sexce na tenn da geracdo de Arisbteles¢ perfetamente consstente com nua tear da olaridade dos oport mascilinae feminine, prevismente merce nada, A fémea era inferior ao macho, come a mc cra tfc 20 pal (hi. p. 95)". Aseparacto das Fungbes dos sexos nageracde reflect pano defundo dahestiidade dos opontas. “Arties descreviao po. Cedimento mediante 0 qual o sexe da cana era determinale Como uma espécic de baat ent os pas. A semente mascilinatntavade, mina & material, que reslstaa este processo até um certo gad, Sto palsalssevitorioso,« crianga eraum macho semelnants 20 pa, O pas ce resistencia da mie refeetis-se no exo do feto, assim como nat se, mmethangas da clanga” (iid). “A diferenga mais proeminene entre 0s paratos masculino ¢ fei ‘no bade que durante a procriacio‘o macho fomece x fonma, © ree iodo movimenta, oun alma, enquante flmea fornece a nateres Iateral ou oop (A739. 1012 b 14.31, 73949, 7 «2050, 738 b 20-27, 740 25, 7659-15); parece pols, que o macto prov, dencia oer do Biko, enquanto a ferca mestmnen provdenadee ak mento pars este" cf Judith A. Swanson, ap cies p47, Ver Lawrence J, Hatab, Myth and Philosphy, A Conte of Trth, ti nois, Open Court 1992. No pensamento gego primioo anda da, ‘arcava-ae cm dois dominios clvinos:o dos it, ceuses ds tea cvos seuss ctonicos, incinadosa violencia 4 brutalidade e& pabcio cates sive"; 0 dos olimpices, governados por Zeus, deusesradlonns de eae ptenteando “beleza intliginciae moderecio" A essadivisiocnres, PPondea oposigéo dos arquétipos do “"masculin’ edo “feminino™, rv ue o primero representa “bln, intligencia «order eo segundo, 52 3 54 35 56 7 38 59 él iki ves ntpotepsis ies ies “gente ncn cope ems ‘nm =o nos” (ibid, op. cit., p. 56). Sobre a associagioentre o “ferinino” ¢ oele- RET ha Gt mu tiiubes EE Se ee accra sins ss pei ot cae ede tee enorme esr es pape Se ts hers as So ee reste aera Be ee ee Ee ia pe Gres oe temp. eee = nee ee sia peg oe remap earrat Ree ee ae Bee as Bega ieee Formada a partir de um conjunto de cidad4os, a unidade que lhe cabe no é a de uma entidade substantiva: sua rabid propria recon- fet reais cmp cee eres stems tek eeaeere tare eae eae arrears Serer ee ecce eases pees esac. serena Se EE toc: See aka Aer ten ae rset ns oa eneie Fe con Cf, Aristételes, Etica a Nicémaco, 11 1094, FE ak nian aot tacts sg ata ee ote dees pee ee eee Lee Se dln Scie one tees ins oat cass nite TEtatet es conditions du bonheur pubic’, in Perre Aubenque a Pare ae ce Sa ra renee eters Li ant To pep en gla ie sare bea we rere ct os Scere res reorient dacoes tahun lego privado (..),fagam absthculo a essa representayho do bem Sori ope eater terranes 6 ONE, BOL Pavia Ouverrat Siva 41 ‘woasr1 2p SpepIsIAAUA Mp YYOsOLL ap aNUID 221g as “soit 36-9] ‘2qUaLIRSOUIN ‘OUL ULE} oxoUPA Oe ‘AeyINIed opout op “eyuod eyoA2p 26 anb ofe2u9 Ouro ‘omueuiod “9 apepryrunua ¥ ulo> epeyouca aquawueanyjno ovdypudD wuun 2p OBqe ov ‘orx>) -uog 2ss9U “eudins 2219s" ‘y oSyjdiuasu0> 40? 4p ojapurorp opssaudxo wus, ¥ opuanioo—4 2 "vi -sojapor woo wpra vod at 3p no TeyUUteD ap ‘IEULOYUOD ap Be "2za[IUAs F ape japod 2s anb aves orcs euapIAa 4H wyfosois ¥ 10 EN -osoyyd sv ep yeuswepuny serouy °C] Say sopg Sup Du od309 op ¥>Hga ¥ “1 =VAtIS 3 VAERATIO VIVA. SAIS ENO VEN __ OdWOD OC VOUOLIY V F ONVITALYSL WOAVNINEE OLIN I 40_O que 05 msoF0s Pevsum Sonns AS MULIRES. 66 7 63 Selecta entre todos os seus components, masa unidade posta por uma das ces que se enconten radical unde" fbi 6} E:Repbn IM 414 415 b Para Patio 8 detss nfo pecan sent, mas os homens, imperfetos¢ limites, no podem presen irda mencia como trstumento cue se juss porto ano ens che ‘nscincias expec: bid I 903 ac Asi, Some fos de une ‘mesma mae para, importa svi defender ese toaldatc: na des. Blaldade onstisuva cue tl mio consaa,eabe Scheer pacer ance, selecionada spr da ds guarees oprvlepiodo cto 3 enti afim de convencer ox dermis conctiadtos de pope! gue hee compete dentro de una organiasio fora tobrereagber Se haere pndénea ede subordinapto do inferior ao sepeior Sobresias exe, Ti, vero estudo de Nicole Lava, NZ dela Ere Ngee et octnn 4 ‘Ain, Pais, A, du Seal, 1996,¢ Maria Jone Vac Pot “Reaidece¢ fg algune agpectes do clog patOneo da mentien’, Renata Fc ‘tla de Cds Soci ¢ Flamanas, 10, Usbos, Ed’ Colin, 1977, p. 241-250. Gi Aslene W. Senontouse, Women nthe Hist of Poll Thought op. si, pp 19-20: 0confoentre famine apolirécaaializado:deciers ‘enpos mais remotos, no contrast entre os valores nara ote cidade ~ encontames “um confit ente as necesidaes és fasta coma um mundo prado de sobrevivnci pls como stone pblce de guerra ede mone” bul p20) Ex Marca E'Homiak “Feminism and Anwoce's Rationale HieKC Ward, e.,Fennsn and Ancien Phen, pct op

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