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Estrutura Anatmica Da Madeira - Princpios para A Sua Identificao
Estrutura Anatmica Da Madeira - Princpios para A Sua Identificao
Fernando Henrique Cardoso Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Presidente
Diretoria de Florestas
Ministério do Meio Ambiente - MMA Laboratório de Produtos Florestais
José Carlos Carvalho
Ministro
Brasília, 2002
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Apresentação
Renováveis - IBAMA
Laboratório de Produtos Florestais - LPF
O Brasil Joga Limpo é um programa de governo elaborado pelo Ministério do Meio
SAIN Av. L4 - Lote 4 Ambiente, com a finalidade de desenvolver ações de melhor gestão dos resíduos nas
70818-900 Brasília, DF - Brasil
Tel.: (61) 316-1209/316-1526 cidades e no campo por meio de um trabalho conjunto e participativo, integrando gov-
Fax: (61) 316-1515/225-1182 er-no e comunidade com vantagens no aspecto ambiental e social. O Brasil Joga Limpo é
site: http://www.ibama.gov.br um dos 305 programas que integram o Plano Plurianual 2000-2003, o Avança Brasil. São
e-mail: lpf@lpf.ibama.gov.br
objetivos deste programa: diminuir a geração de resíduos, aumentar a reciclagem e o
Esta publicação do curso para capacitação de agentes multiplicadores reaproveitamento dos mesmos, em consonância com as normas ambientais.
em valorização da madeira e resíduos vegetais, tornou-se viável por
Madeira: características e aplicações
Apresentação
Laboratório de Produtos Florestais - LPF.
O conteúdo do curso está lastreado na experiência desse Laboratório, acumulada em
Conteúdo Técnico
Vera T. Rauber Coradin vários anos de pesquisa e aborda o correto processamento da madeira. Com isso, se
José Arlete Alves Camargos
pode reduzir, significativamente, a geração de resíduos, além de possibilitar a reciclagem
Coordenação Editorial
João Humberto de Azevedo e transformação dos mesmos em novas matérias-primas ou insumos agrícolas, gerando
Tratamento Redacional energia e também uma infinidade de outros produtos de boa qualidade.
Guido Heleno
Dentro desse programa de capacitação serão apresentadas as tecnologias de manejo
Diagramação e Arte Final
Felipe Venâncio Alves de resíduos, exemplificando, também, os processos disponíveis no Brasil e em outros
Projeto Editorial/impressão países. Essas tecnologias podem ser utilizadas para valorização de resíduos da indústria
madeireira, bem como para todos os oriundos da agricultura.
A expectativa é que, integrando gestão ambiental com valorização e conservação dos
recursos naturais e, ao mesmo tempo, considerando possíveis adequações em função das
características regionais, este material favoreça a adoção das tecnologias apropriadas. E
O material desta publicação pode ser reproduzido, desde que citada a fonte.
assim, gradativamente, é possível que se consiga promover um maior e melhor aproveit-
O conteúdo é de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es).
amento dos potenciais agroflorestais, agregando valor a esses produtos, gerando
1ª Edição: 1ª Impressão (2002): 1.800 exemplares
empregos e promovendo avanços no bem-estar social e ambiental das comunidades.
C788 Coradin, Vera T. Rauber
A Estrutura Anatômica da Madeira e Princípios para a sua
Identificação. - Brasília: LPF, 2002.
28 p. :il. ; 21x27 cm.
Regina Elena Crespo Gualda
Curso para capacitação de agentes multiplicadores em
valorização da madeira e resíduos vegetais Secretária de Qualidade Ambiental
nos Assentamentos Humanos
ISBN 85-7300-138-0
do Ministério do Meio Ambiente
1. Madeira. 2. Estrutura da Madeira. 3. Tecnologia da
Madeira. I. José Arlete Alves Camargos II. Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Diretoria
de Florestas. Laboratório de Produtos Florestais. III. Título.
CDU 674
Sumário
Introdução 7
Plantas produtoras de madeira 7
Nomeclatura comercial 7
Nomeclatura botânica 8
Diferenças na anatomia da madeira de Angiospermas
e Gimnospermas 9
Partes de uma árvore 10
Madeira: características e aplicações
Tronco 10
Regiões do tronco 10
Anéis de crescimento 12
Orientação da madeira e planos de corte para análise
anatômica 13
Sumário
Caracteres gerais e organolépticos da madeira 14
Cor 14
Cheiro e gosto 14
Grã 15
Dureza 17
Brilho 17
Textura 17
Figura 17
Análise anatômica da madeira 18
Elementos celulares que constituem a madeira 18
Caracteres anatômicos importantes para identificação
de madeiras 19
Tipos de parênquima axial 20
Distribuição, agrupamento e arranjo dos vasos 22
Parênquima radial ou raios 24
Canais secretores 25
Canais traumáticos 26
Tilos 26
Máculas Medulares 26
Passos importantes para se proceder na identificação de
madeiras 27
Referências bibliograficas 28
Introdução
A madeira é produzida pelas árvores, não com o objetivo de ser usada pelo homem,
mas devido as suas funções, como parte integrante de uma planta viva. Por se tratar de
um produto do metabolismo da árvore, a madeira é heterogênea e variável, apresentan-
do, muitas vezes, defeitos relacionados ao crescimento. O grande atrativo para o uso da
madeira é exatamente a variação de sua estrutura, possibilitando os mais variáveis e
sofisticados usos. Mas, em certos casos, tem desvantagem em relação a outros materiais
mais homogêneos.
O conhecimento das características de qualquer material é essencial para sua melhor
utilização. Segundo Frank Loud Wright, "Nós podemos usar madeira com inteligência
somente se entendermos a madeira". Portanto, o conhecimento da estrutura da madeira,
sua variação e causa são indispensáveis para uma utilização mais racional.
Madeira: características e aplicações
Nomenclatura comercial
As madeiras freqüentemente recebem nomes de acordo com os nomes populares das
árvores das quais são extraídas. Como exemplo tem-se a árvore do ipê que é conhecida
por esse nome devido as suas flores vistosas e sua madeira recebe o mesmo nome.
Em um país de extensões continentais como o Brasil, onde temos inúmeras espécies
de madeiras, observa-se, com freqüência, que os nomes são dados pela suposta
seme-lhança com outras madeiras mais conhecidas e já consagradas pelo uso. Ex.: cupiúba
- Goupia glabra Aubl., muitas vezes, comercializada como peroba - Aspidosperma polyneu-
ron Müll. Arg., devido à semelhança da cor e densidade entre as duas madeiras. Porém a
cupiúba pertence à família Goupiaceae e não tem nada a ver com as verdadeiras perobas,
que são, na sua maioria, da família Apocynaceae.
No comércio madeireiro temos inúmeros outros casos como da cupiúba: o cumaru
- Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., comercializado como ipê - Tabebuia sp.; a andiroba -
Carapa guianensis Aubl., comercializada como mogno - Swietenia macrophylla King.; a
muirapiranga - Brosimum paraense Huber, comercializada como pau-brasil - Caesalpinia
echinata Lam. Portanto, os nomes comuns ou comerciais são dados, muitas vezes, devido
à similaridade ou à associação das formas dos troncos, da cor da madeira, do desenho e
outras.
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Devido à grande quantidade de espécies de madeiras tropicais, à extensa região de
ocorrência e o significativo fluxo de comercialização, observa-se a utilização de múltiplos e a segunda, o nome específico denominado de epíteto específico. Para que o nome da
nomes comerciais para uma mesma madeira, bem como a existência de diferentes madei- espécie seja preciso e completo, é necessário que seja citado o nome do autor ou autores
ras comercializadas sob um mesmo nome. Com esta diversidade de madeiras e nomes que fizeram, pela primeira vez, a descrição da espécie.
comer-ciais, torna-se difícil saber a realidade do comércio das madeiras tropicais, pois Descrições de espécies novas para a ciência devem ser feitas em concordância com o
muitas dessas espécies ocorrem em outros países e já possuem outra nomenclatura comer- código internacional de nomenclatura botânica e publicadas em revista científica.
cial. Exemplo de duas espécies de vegetais colocadas em seus respectivos grupos botânicos:
Alguns países como a Inglaterra, a Austrália e a África do Sul padronizaram os nomes
das madeiras de seus comércios. Estas padronizações de nomenclaturas comerciais ame- Mogno Pinheiro-do-paraná
nizam apenas o problema, pois baseiam-se somente em dados nacionais ou regionais, Reino Vegetal Vegetal
gerando dúvidas na nomenclatura própria de mercados mais distantes, onde a classi- Seção Fanerogama Fanerogama
fi-cação botânica não combina necessariamente com os nomes comuns. Como exemplo,
são denominados Oak, na França, Chene; e na Alemanha, Eiche, sendo todas denomi- Classe Dicotiledoneae Coniferae
nações para madeiras do mesmo gênero Quercus. No Brasil, o nome Carvalho é também Ordem Geraniales Coniferales
usado para espécies dos gêneros Roupala e Euplassa, da família Proteaceae, que possuem Família Meliaceae Araucariaceae
aspecto semelhante ao Carvalho, devido à largura dos raios.
Gênero Swietenia Araucaria
Desta maneira, podemos observar, que uma mesma espécie que tem uma dis-
tribuição ampla, possui vários nomes baseados em diferentes conceitos e um mesmo Espécie Swietenia macrophylla King. Araucaria augustifolia (Bert.) Kuntze
nome usado para espécies diferentes mas que, muitas vezes, não têm nada em comum.
As duas espécies acima pertencem a dois grandes grupos de vegetais produtores de
Por outro lado, padronizações mais abrangentes, também são difíceis de serem madeiras, com características morfológicas e anatômicas bem distintas entre si.
adotadas, ainda mais tratando-se de países com línguas diferentes.
Na Divisão Angiospermae (latifoliadas) estão as plantas com folhas largas e sementes
O único sistema de nomenclatura que é internacionalmente aceito, é a nomenclatura encerradas dentro de um fruto. A esse grupo pertencem espécies como a imbuia, o
botânica, na qual as madeiras são denominadas pelo nome da espécie de onde são extraí- mogno, as canelas, os ipês, a laranjeira e outras.
das. Qualquer padronização de nomenclatura com vistas a organizar o mercado
Na Divisão Gymnospermae (coníferas) estão as plantas com folhas aculiformes (em
madeireiro, deve, obrigatoriamente, estar associada à nomenclatura botânica.
forma de agulhas) e "frutos" sem casca, em forma de cone com sementes expostas. A
No Brasil, o LPF/IBAMA realizou um levantamento da nomenclatura comum e cientí- esse grupo pertencem as espécies do gênero Pinus, o pinheiro-do-paraná (Araucaria
fica das árvores brasileiras formando um banco de dados e um catálogo impresso augustifolia (Bert.) Kuntze) e outras.
(Camargos et al., 2001) onde estão registradas mais de quatro mil espécies, com cerca
Há algumas diferenças anatômicas entre as madeiras desses dois grupos. Nesta
de quinze mil nomes comuns e comerciais utilizados para estas espécies. Além de reunir
pu-blicação serão descritas, inicialmente, as características anatômicas das Angiospermas,
a nomenclatura popular e científica, indica o nome comum mais adequado para cada
por ser o grupo a que pertence a grande maioria das madeiras brasileiras. Posteriormente,
espécie botânica servindo também como base de dados utilizada para orientação dos
serão enfocadas as peculiaridades que diferenciam as madeiras dos grupos das Coníferas,
projetos de manejo florestal autorizados pelo IBAMA.
cujo número de espécies, em nosso país, é mais restrito.
8 9
Partes de uma árvore contidas nas células do parênquima do alburno interno antes de sua morte e posterior
transformação em cerne.
As árvores, como a maioria das plantas superiores, possuem raízes, caules, folhas,
A cor mais escura, entretanto, não é uma condição necessária para existência de
flores e frutos. O que diferencia as árvores das demais plantas superiores é a presença
cerne. Existem espécies como o marupá - Simarouba amara Aubl. e o morototó -
de um caule com eixo principal (tronco), entre a copa e as raízes.
Schefflera morototoni (Aubl.) Decne. & Planch. onde não se observa diferença de
A raiz é a parte da árvore que serve para fixar a planta no solo e absorver a água e co-loração entre estas duas regiões. Em outras espécies, como o pau-santo - Zollernia
os sais minerais. O caule conduz a seiva, armazena substâncias de reserva, dá resistência paraensis Hurber e a muirapixuna - Swartzia leptopetala Benth., ocorrem cerne-alburno
mecânica e sustenta a copa. As folhas absorvem a luz solar e os gases da atmosfera e bem distintos pela cor.
ela-boram substâncias alimentares necessárias ao desenvolvimento da planta. As flores O cerne (Figura 1) apresenta uma durabilidade natural bem maior do que o alburno
comportam os órgãos reprodutivos da planta que, após a fecundação, transformam-se e a principal razão disso é a presença de extrativos tóxicos aos organismos degradadores
em frutos. Estes, por sua vez, possuem em seu interior as sementes que são dispersas da madeira. A presença de infiltrações que inibem o ataque de fungos e insetos não está
Como vimos, a árvore é um ser vivo complexo, com um ciclo de vida bastante pro- 1980), mas sim, à toxidez dos extrativos, que podem ser de cor clara ou escura.
principios para sua identificação
longado, sendo que algumas delas chegam a alcançar 2000 anos. A madeira, presente no Na transformação do alburno em cerne, além das infiltrações por extrativos mencio-
caule e na raiz, é preservada durante toda a vida da planta. nadas, há também obstrução de vasos pela invasão de células de parênquima (tilos ou
tiloses) em madeiras de folhosas e o fechamento das pontoações nas coníferas.
Tronco A formação de tiloses e a infiltração das células por extrativos fazem com que o cerne
A árvore cresce e desenvolve-se, em toda a sua vida, tanto em altura quanto em apresente uma maior densidade e durabilidade. A menor penetrabilidade é provocada,
espessura. O crescimento em altura é denominado crescimento primário que ocorre nas principalmente, pela obstrução dos vasos por tilos ou extrativos, tornando o cerne mais
partes apicais. Esse processo é o responsável pelo alongamento do tronco e ramos. resistente à impregnação de preservativos e a causa de dificuldades na secagem. Por
O crescimento secundário é o responsável pelo aumento em diâmetro da árvore. outro lado, a obstrução dos vasos reduz a quantidade de ar e de umidade, dificultando o
Esse aumento se dá por meio de uma camada de células delicadas denominada câmbio desenvolvimento de fungos.
vascular, situada entre a casca interna (floema) e a madeira (xilema), camada essa que se Lenho juvenil - são as camadas de madeira formadas imediatamente em torno da
estende por todo tronco, ramos e raízes. O câmbio, por meio de divisões celulares, adi- medula quando a planta era jovem (Figura 2). Essas camadas de madeira foram formadas
ciona novas camadas de células para o lado de dentro formando novas camadas de quando a árvore iniciou seu crescimento em espessura (engrossamento), sendo assim um
madeira e, para o lado de fora, produzindo a casca interna ou floema. tecido menos resistente, o qual durante os processos de secagem contrai mais que o
restante do lenho, contribuindo para empenamentos. Tanto o lenho juvenil quanto a
Regiões do tronco medula são susceptíveis ao ataque de pragas como cupins, formigas e fungos, provocan-
do, muitas vezes um oco no centro do tronco, mesmo na árvore em pé.
Analisando uma seção do caule no sentido casca-medula, tem-se na seqüência:
Casca externa (ritidoma) - parte externa da casca. Tem como função proteger, o Medula - a medula é a parte mais interna do tronco ou ramos, podendo ser central
floema, o câmbio e o lenho dos fatores que podem causar danos à árvore, tais como: ou excêntrica, com diâmetro variável de um milímetro a dois centímetros (Figura 2). É
fogo, geada, etc. (Figura 1). formada por células parenquimatosas, provenientes de crescimento primário. Muitas
vezes, ela é mais escura, destacando-se bem do lenho, porém, em algumas espécies, é
Casca interna (floema) - parte da casca que se situa junto ao câmbio e tem como difícil de ser percebida.
função conduzir as substâncias nutritivas (seiva elaborada) nas plantas vasculares. É
co-nhecida também como líber (Figura 1).
Câmbio - compõe-se de camadas de células situadas entre o lenho (madeira) e a
casca interna (floema) e dá origem a estes tecidos (Figura 1).
Alburno - é formado pelas camadas mais exteriores ou mais novas da madeira, onde Casca externa
se dá o transporte da seiva bruta por meio dos vasos e estocagem de substâncias de Cerne Casca interna
reserva nas células do parênquima. A madeira dessa região geralmente é mais clara, mais Câmbio
leve e mais susceptível ao ataque de pragas. A maioria das células é ativa na árvore viva,
Alburno
mas nas camadas mais interiores dessa região as células apresentam envelhecimento consti-
tuindo o "lenho agonizante" que vai se transformar em cerne (Figura 1).
Cerne - é a parte mais interna do caule, constituída por tecido fisiologicamente
morto. A madeira dessa região vai, gradativamente, perdendo a atividade vital e adquir-
indo, freqüentemente, coloração mais escura devido à deposição de taninos, gomas, Figura 1. Representação esquemática do tronco de uma árvore mostrando suas diferentes
óleos, resinas e outros materiais resultantes da transformação das substâncias de reserva, regiões.
10 11
Anéis de crescimento
lenho
Observando-se o topo de um tronco, nota-se, freqüentemente, camadas mais ou juvenil
menos concêntricas de tecidos com aspecto diferente, dispostas como anéis ao redor da
medula, muitas vezes de cor mais escura ou mais clara, denominadas anéis de crescimen- lenho inicial
to (Figura 2).
Quando observadas em uma seção longitudinal de uma peça de madeira, são vistas
figuras em forma de V ou U. Esses anéis são resultantes da adição de novas camadas
celulares pela atividade do câmbio que não possui atividade contínua durante toda a vida lenho tardio
da árvore. Podem haver interrupções ou reduções da atividade cambial devidas à
variações de clima como: frios exagerados, secas prolongadas, geadas, iluminação, supri-
Cada vez que o câmbio retoma a atividade interrompida, deixa um sinal - o anel de
principios para sua identificação
12 13
O cheiro é causado por substâncias, em sua maioria voláteis, infiltradas principal-
mente no cerne. Devido à volatilidade dessas substâncias, o cheiro vai diminuindo
gra-dualmente com a exposição. Em muitas madeiras, após umedecimento, o cheiro
torna-se novamente evidente. Em identificação de madeira, para se sentir o cheiro, sem-
transversal pre deve-se fazer um corte na superfície e, se a madeira estiver muito seca, umedecê-la
e aquecê-la para tornar o cheiro mais evidente. Porém, deve ser considerado para iden-
tificação, apenas se realmente for bem distinto.
Uma grande dificuldade encontrada é a descrição do cheiro de uma madeira.
Geralmente o cheiro descrito é comparado com o de uma substância comumente con-
he-cida. Porém, na maioria das madeiras que possuem odor distinto, torna-se difícil
radial compará-lo com outro já conhecido. Em geral, o referimos como um cheiro característi-
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Grã irregular - quando os elementos axiais apresentam variações irregulares de
Dureza
orientação em relação ao eixo vertical da tora ou peça de madeira. A dureza da madeira só pode ser verificada, com precisão, usando-se equipamentos
Grã espiralada (torsa) - quando os elementos axiais são regularmente colocados especiais. Porém, para se ter uma idéia, pode-se testar a madeira conforme indicado nas
em disposição espiral ao longo do tronco. As peças de madeira retiradas de um tronco normas COPANT, 1973, com a incisão de uma faca, geralmente transversalmente às
com este tipo de grã apresentam as celulas com orientação oblíqua. Ex.: eucalipto - fibras.
Eucalyptus spp. A dureza é um indicador das características físicas da madeira que depende principal-
Grã entrecruzada ou revessa (Figura 5b) - é uma forma modificada de grã espiral, mente da espessura da parede celular que é diretamente proporcional à dureza da madei-
na qual os elementos axiais estão alinhados obliquamente ao eixo longitudinal do tronco, ra.
mas, alternadamente, para o lado direito e esquerdo. Jane (1970) refere a este tipo de
crescimento como grã de dupla espiral ou revessa. Brilho
Madeiras com este tipo de grã são difíceis de serem partidas no sentido radial, pois É a propriedade da madeira de refletir a luz. O brilho depende do ângulo em que os
opostas. Pela mesma razão, a superfície radial de uma peça de madeira serrada apresen- exemplo, a face radial geralmente reflete melhor a luz que a face tangencial, devido à
principios para sua identificação
ta-se, geralmente, com faixas ásperas intercaladas com faixas lisas ao tato. exposição dos raios (Panshin & de Zeeuw, 1980).
Com o avanço da tecnologia industrial e com o uso de equipamentos adequados,
consegue-se transformar esse aspecto causado pela grã revessa em figura típica forman- Textura
do faixas de cores diferentes, causadas pela variação na reflexão da luz em cada zona de É um termo usado para se referir às dimensões, à distribuição e à abundância relativa
orientação das fibras. dos elementos estruturais da madeira (Jane, 1970). Em coníferas, é verificada pela dis-
A grã revessa afeta a flexão estática e a elasticidade da madeira (Panshin & de Zeeuw, tinção, largura e regularidade das camadas de crescimento; em folhosas, são referenciais
1980), além de causar deformações e dificuldades no processo de secagem. Entre as os diâmetros e o número de vasos, além da largura dos raios e da quantidade de parên-
espécies tropicais nativas este tipo de grã é bastante comum. Ex.: guariúba - Clarisia rac- quima axial.
emosa Ruíz & Pav., angelim-vermelho -Dinizia excelsa Ducke . Conforme Coradin e Muñiz (1991), para madeira de folhosas são apresentados os
Grã inclinada (Figura 5c) - é o desvio angular apresentado pelos elementos consti- tipos a seguir definidos:
tuintes longitudinais da madeira, em relação ao eixo longitudinal de uma peça de madeira Textura fina - poros com diâmetro tangencial inferior a 100 µm e parênquima invi-
(IAWA Committee on Nomeclature, 1964). sível a olho nu ou escasso. Ex.: peroba - Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (Figura 6a).
Grã ondulada - neste tipo de grã, os elementos axiais da madeira apresentam ondu- Textura média - poros com diâmetro tangencial de 100 a 300 µm e parênquima
lações que ocorrem geralmente no plano tangencial da madeira. Partindo-se a madeira visível ou invisível a olho nu. Ex.: muiratinga - Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg
no sentido tangencial, obtém-se uma superfície lisa e, se for partida radialmente, obtém- (Figura 6b).
se uma superfície transversalmente corrugada (Jane, 1970). Em madeira serrada no sen-
Textura grossa - poros com diâmetro tangencial superior a 300 µm. Ex.: fava amargosa
tido tangencial, não se observa a figura. Porém, na superfície radial, as fibras onduladas
- Vatairea guianensis Aubl. (Figura 6c) ou madeiras com raios muito largos a extremamente
produzem um efeito de barras transversais causado pela variação de reflexão da luz
largos. Quando o parênquima axial é muito abundante pode ser considerada também como
incidente. Ex.: glícia - Glycydendron amazonicum Ducke .
tendo textura grossa, mesmo quando os diâmetros dos vasos são inferiores a 300 µm.
Em muitos casos, observa-se, simultaneamente, grã ondulada e grã revessa, forman-
do figuras bastante atrativas, muitas delas com denominações especiais no mercado
internacional. Variações de grã podem ser observadas dentro de uma mesma espécie.
Entre as madeiras nativas, observa-se esses dois tipos de grã na imbuia - Ocotea porosa
(Nees & Mart. ex Nees) L.Barroso.
Figura
a) Direita b) Revessa c) Inclinada
É qualquer característica inerente à madeira que se sobressai na superfície plana de
Figura 5. Principais tipos de grã uma peça de madeira tirando sua uniformidade (Jane, 1970). Esse conceito difere um
pouco do normalmente usado. Geralmente, o termo "figura" é usado para descrever
16 17
pouco do normalmente usado. Geralmente, o termo "figura" é usado para descrever
entre a célula animal e a célula vegetal é que esta última possui um envoltório denominado
características que embelezam ou ornamentam uma peça de madeira. O conceito de parede celular, que se mantém mesmo depois que a célula esteja fisiologicamente inativa
Jane (1970) nos parece mais correto, pois não existe uniformidade de opiniões a respeito ou morta, preservando o formato da célula, cujo interior (lúmen) pode encontrar-se
do que é bonito ou ornamental, sendo, portanto, bastante subjetivo. vazio ou preenchido por substâncias (gomas, óleos, resinas, taninos) secretadas enquanto
As figuras, observadas em madeira, são causadas por diferentes caracteres e apresen- a célula era ativa.
tam-se de diversas maneiras. Entre as madeiras nativas, freqüentemente, ocorrem fi-gu- A seguir são apresentados os tecidos que constituem a madeira, utilizando as
ras causadas por variações na cor como, por exemplo, angelim-rajado - Marmaroxylon definições de acordo com as normas da Associação Internacional de Anatomistas de
racemosum (Ducke) Killip. Madeira - IAWA Committee on Nomeclature (1964) e IAWA Committee (1989), adota-
Quando a madeira possui anéis de crescimento distintos, observam-se na superfície das mundialmente.
tangencial, figuras em forma de V ou de U e outras formas irregulares; os anéis ainda Elementos vasculares (vasos) - são células cilíndricas, alongadas no sentido axial,
formam faixas ou linhas de cores distintas se vistos na superfície radial. Ex.: - Pinus - Pinus com extremidades perfuradas devido à ausência das paredes transversais ou à presença
elliottii Engelm (Figura 7a). Na face radial de madeiras com raios altos ou bem distintos, de apenas parte delas (Figura 8a). Estas células são dispostas umas sobre as outras, for-
observam-se figuras em forma de linhas ou faixas transversais. Ex.: faeira - Roupala mon-
O contraste entre parênquima e fibras (aspecto fibroso), em muitas madeiras, forma utilizar o termo poro ao referir-se à seção transversal dos vasos.
principios para sua identificação
figuras que muitos observadores consideram como embelezadoras. Ex.: tento - Ormosia Células de Parênquima axial - são células geralmente menores, com paredes mais
paraensis Ducke, fava-amargosa - Vatairea sericea Ducke, angelim-pedra - Hymenolobium finas que as fibras e os elementos vasculares, mas também com maior dimensão no sen-
excelsum Ducke (Figura 7b). Alguns tipos de grã, como especificados nas descrições, são tido longitudinal (Figura 8b). Possuem função de reserva de alimentos.
causadores de figuras atrativas ou não, isso vai depender do tratamento dado à superfície Células de Parênquima Radial (raios) - possuem a mesma função das células do
nos processos de serragem e acabamento. Além das figuras mencionadas, existem muitos parênquima axial, mas diferem destas por se disporem no lenho com o comprimento maior
outros tipos peculiares a cada tipo de madeira. no sentido radial, sendo perpendiculares aos demais elementos da madeira (Figura 8c).
Fibras - são células alongadas e de extremidades afiladas, com paredes geralmente
espessas e maior dimensão no sentido do eixo da árvore. São responsáveis pela susten-
tação mecânica da planta (Figura 8d).
a b
18 19
Tipos de parênquima axial
Parênquima reticulado - parênquima axial em linhas tangenciais contínuas com,
O parênquima axial é composto de células dispostas no sentido do eixo do tronco, aproximadamente, a mesma largura dos raios distribuídos regularmente formando
com função de reserva de nutrientes. Em cada espécie apresenta disposição e arranjo retículos. Ex.: jequitibá - Cariniana spp., matamatá - Eschweilera spp., tauari - Couratari
característicos, sendo por isso um quesito muito utilizado em identificação de madeiras. guianensis Aubl. (Figura 11c).
Existem três tipos básicos de parênquima axial: Parênquima escalariforme - parênquima axial em linhas ou faixas regularmente
1. Parênquima apotraqueal - é aquele cujas células não estão associadas aos espaçadas, arranjadas horizontalmente ou em arcos, claramente mais estreitas que os
vasos. Os tipos de parênquima axial apotraqueal são: difuso e difuso em agregados. raios e com eles formam um aspecto de escada. Ex.: faeira - Roupala spp., louro-faia -
Euplassa spp., envira-preta - Onychopetalum amazonicum R.E.Fr.(Figura 11d).
Difuso - ocorre quando as células do parênquima axial se distribuem escassa e
Parênquima marginal - faixas de parênquima axial que formam uma camada mais ou
isoladamente entre as fibras. Ex.: castanha-de-arara - Joannesia heveoides Ducke (Figura
menos contínua de largura variável nas margens de um anel de crescimento. Denomina-se
9a).
inicial quando ocorre no início de uma camada de crescimento e final quando ocorre no final
20 21
a) Difusa b) Em anéis porosos c) Em anéis semi-porosos
a) Faixas largas b) Faixas estreitas ou linhas c) Reticulado
Figura 12. Tipos de porosidade.
A estrutura anatômica da madeira e
principios para sua identificação
Comentários
As faixas de parênquima podem ser independentes dos vasos (apotraqueais) ou asso-
ciadas aos vasos (paratraqueais), ou ambas. Podem ser onduladas, diagonais, retas, con-
tínuas ou descontínuas.
É a distribuição dos poros, na superfície transversal, de acordo com seus diâmetros, Figura 13. Tipos de arranjos dos poros
sendo classificada em:
Difusa - os poros possuem mais ou menos o mesmo diâmetro e se distribuem Agrupamento de vasos (ou poros)
uniformemente em toda a superfície transversal. Ex.: copaíba - Copaifera reticulata Ducke Solitários - considera-se vasos solitários quando 90% ou mais dos vasos são
(Figura 12a), mogno - Swietenia macrophylla King. e outras. Este tipo de porosidade é completamente envolvidos por outros elementos, isto é, a maioria dos vasos não fazem
observada na maioria das espécies tropicais. contato com outros vasos. Ex.:parapará - Jacarandá copaia D. Don (Figura 14a), camaçari
Em anéis porosos - os poros do lenho primaveril (inicial) são distintamente - Caraipa spp., araracanga - Aspidosperma desmanthum Benth. ex Müll. Arg.
maiores que os poros do lenho outonal (tardio), formando um anel distinto. Esse tipo de Múltiplos radiais - conjunto composto por 4 ou mais vasos adjacentes, forman-
porosidade não ocorre nas madeiras brasileiras. Ex.: carvalho - Quercus sp. (madeira do grupos radiais. Essa característica somente deve ser considerada se houver pre-
exótica - Figura 12b). dominância desse tipo de agrupamento. Ex.: goiabão - Pouteria pachycarpa Pires, (Figura
Em anéis semi-porosos - os poros do lenho inicial são distintamente maiores que 13a), castanha-de-arara - Joannesia heveoides Ducke (Figura 14b).
os do lenho tardio, mas existe uma mudança gradual para vasos menores na parte inter- Em cachos - grupos de três ou mais vasos com contatos radiais e tangenciais
mediária do lenho tardio, dentro do mesmo anel. Ex.: cedro - Cedrela odorata L., (Figura 12c). formando cachos. Ex.: pau-jacaré - Laetia procera (P&E) Eichl. (Figura 14c).
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a) Solitários b) Múltiplos c) Em cachos
Os vasos solitários podem ter forma circular, ovalada ou angular quando vistos na
superfície transversal. Figura 16. Raios não estratificados.
Placas de perfuração
Comentários
São as áreas da parede transversal entre elementos de vaso sobrepostos que se dis-
A estratificação pode envolver outros tipos celulares como os elementos de vaso,
solveram formando a abertura de comunicação entre estes. São mais fáceis de serem
fibras e parênquima axial. Quando todos os elementos estão em um mesmo estrato, diz-
observadas em cortes radiais, mas também podem ser vistas no corte transversal. Em
se que a estratificação é total. Se não houver estratificação de todos os elementos axiais,
análise macroscópica, as placas de perfuração também podem ser detectadas.
a estratificação é parcial. A estratificação dos tecidos axiais é uma característica impor-
Parênquima radial ou raios tante para identificação.
Agregado de células parenquimatosas dispostas no sentido radial em relação ao eixo Largura dos raios
da árvore. No topo da madeira, aparecem como numerosas linhas retilíneas, aproximadas, Esta é também uma característica importante em identificação de madeira, sendo
geralmente mais claras. Na seção tangencial, assumem geralmente a forma lenticular e, verificada na seção tangencial. A mensuração é feita na parte mais larga do raio e pode
na seção radial, são observados como linhas ou fitas horizontais, as vezes formando ser em µm ou em número de células. Em algumas espécies raios muito largos como os
figuras distintas a olho nu. Quanto à disposição, podem classificar-se em estratificados e presentes nas madeiras de Euplassa spp. e Roupala spp. são caracteres importantes usa-
não-estratificados. dos na identificação.
Raios estratificados - quando os raios se dispõem, na seção tangencial, de modo Altura dos raios
regular formando séries paralelas que se distribuem em estratos ou camadas horizontais A altura dos raios é considerada na macroscopia apenas quando os raios são
visíveis a olho nu, ou somente sob lente. Ex.: marupá - Simarouba amara Aubl. (Figura 15). muito altos, com mais de 1 mm de altura. A altura dos raios é verificada na superfície
Raios não-estratificados - quando os raios se dispõem na seção tangencial de tangencial.
modo irregular. Ex.: parapará - Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don (Figura 16).
Freqüência dos raios
O número de raios por milímetro deve ser determinado na seção tangencial, ao longo
de uma linha perpendicular ao eixo. A freqüência dos raios é considerada também uma
característica importante em identificação.
Canais secretores
Condutos ou espaços tubulares intercelulares, servindo geralmente como depósito
de resinas ou gomas.
Canais secretores horizontais ou radiais - pequenos condutos que se localizam
dentro dos raios lenhosos e que, na face tangencial, sob lente são notados como
pequenos pontos escuros. Em certas espécies, são pouco perceptíveis mesmo com lupa.
Ex. taperebá - Spondias lutea L. (Figura 17a).
Canais secretores verticais ou axiais - pequenos condutos em geral resinosos ou
gomosos que se estendem paralelamente às fibras e são vistos na seção transversal como
Figura 15. Raios estratificados. pequenas cavidades, isoladas ou em série. Ex. copaíba - copaifera duckei Dwyer (Figura 17b).
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Passos importantes para se proceder na
identificação de madeiras
• Identificar a madeira sempre recém aplainada;
• verificar o estado de conservação e umidade da amostra e se ela foi submetida ou
não a algum tratamento;
• certificar se a amostra foi retirada do cerne ou do alburno (brancal);
a) Horizontais ou radiais b) Verticais ou axiais • considerar a procedência do material;
Figura 17. Tipos de canais secretores. • verificar, previamente, o nome comum pelo qual a espécie é comercializada;
Canais intercelulares de origem traumática observados na superfície da madeira em • analisar os caracteres gerais (cor, peso, cheiro, figura, etc.);
principios para sua identificação
forma de veios, geralmente preenchidos por resina escura ou goma. Ex.: castanheira - • analisar os caracteres macroscópicos (usar lupa de 10x de aumento);
Bertholletia excelsa Humb. & Bompl.
• promover a análise geral, comparando todas os dados encontrados;
Tilos • proceder nova análise se encontrar dados não compatíveis com a espécie suposta;
e
Proliferações da parede celular de células do parênquima axial ou radial para o inte-
rior dos elementos vasculares adjacentes, através das pontoações de suas paredes, • encaminhar a um laboratório de anatomia de madeira as amostras que não foram
obstruindo, total ou parcialmente, o vaso (Figura 18). Macroscopicamente, os tilos são identificadas em campo.
vistos na seção transversal como obstruções lamelares e brilhantes dos poros. Ex.
Bertholletia excelsa Humb. & Bompl. - castanheira.
Máculas medulares
São pequenas manchas claras e irregulares que aparecem na superfície de topo, mui-
tas vezes, visíveis a olho nu. Essas manchas são constituídas por tecido parenquimatoso
cicatricial, geralmente provenientes do ferimento no câmbio causado por insetos. Nas
superfícies tangencial e radial, aparecem como estrias (Figura 19).
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Referências bibliograficas
JANE, F. W. The Structure of Wood. 2 Id. London: Adam & Charles Black, 1970.
478p.
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