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Uma historia do patrimdnio no Ocidente Titulo original: Une histoire du pasrimoine en Occident, XVIIB-XXF siecle. Du monument aux valeurs © Presses Universitaires de France, 2006 © Editora Estacéo Liberdade, 2009, para esta traducéo Preparagao Huendel Viana Reviséo Jonathan Busato Assisténcia editorial Leandro Rodrigues 10 Liberdade Imagem de capa Musée &’ Orsay. © Daniel Thierry/Photononstop. Editores Angel Bojadsen ¢ Edilberto Fernando Verza Composigéo Johannes C. Bergmann/Esta (CIP-BRASIL, CATALOGAGAO-NA-FONTE, Sindieato Nacional dos Editores de Livros, R] Pasa Poulot, Domiique, 1956 ‘Una histria do pasimnio no Ocidents, sfeulos XVIN-XXI: do monumento ao valores / Dominique Poulot ; adage Guillicrne Joio de Freitas Terra. Sio Paulo: Esacso Liberdade, 2008. Tndugio de: Une histoire du patrimoine en Occient ISBN 978-85-7448-170-8, 1. Pawtiménio culural ~ Eueopa ~ Hist. 2. Patriménio ‘cultural -Avaliacso ~ Europa. 3. Europa -Civilizagio. 4, Europs Poliiea calcul L Titulo, 09-4801. DD: 363.69 cou a8 Ea Esta obra, publicada no émbito do Ano di Franca no Brasil e do programa de partcipacio 3 publicagie Carlos Drummond de Andrade, contos com e apoto do Miaixéia franc das Relages Esttioes. “FrangaBe 2009” Ano da Franca no Brail!2009 & organizada no Beal pelo Comisriado geal brasikio, pelo Ministério da Culeua pelo Miniséro das Relagtes Esterires; na Franca, pelo Comissariado gerl francs, pelo Ministéxio das Relgées exeriozes e europa, pelo Ministéio da Cultura eds Comuniagio por Caltaresince. ‘Cec ouvsage, publié dans ecadue de PAnaée dela ance au Beil t du Programme d'Aide 3 la Publication Carlos Drummond de Andrade, bénéficie du soutien du Ministre francais des Affiires Eranges, 1 Franca Br 2009 x Année de a France au Bris es organise: [En France par le Commissariat général Eancas le Ministre des Afares ranges ex européennes, le Mine de la Galea ede la Communication et Calearedrance ‘Au Brési: parle Comesssaratgénéalbréslen, le Ministre dela Cy treet le Ministre des Relations Extcricures. ‘Todos os direitos reservados it Editora Estagio Liberdade Leda. Rua Dona Elisa, 116 | 0155-030 | Sio Paulo-SP ‘Tel.: (11) 3661 2881 | Fax: (11) 3825 4239 vaww.estacaoliberdade.com.br INTRODUGAO HISTORIA, MEMORIA, PATRIMONIO. Os monumentos constituem uma parte essencial da gliria de qualquer sociedade humana: eles carregam a meméria de umn povn para além de sua propria existéncia e aeabam por tornd-lo contemponineo das geragies qite vé se esta- belecer em seus campos abandonades. Chateaubriand, Mémoires doutre-tombe. Na nossa vida cultural, raros so os termos que possuem um poder de evocacao tao grande quanto “patriménio”. Ele parece acompanhar a multiplicacao dos aniversirios ¢ das comemoragoes, caracteristica de nossa atual modernidade. O actimulo de vestigios restos revelados, conservados ¢ aclimatados segundo priticas diversas, parece respon- der ao fluxo da produgéo contemporanea de artefatos. Deste modo, © pattiménio sanciona, a todo instante, a passagem acelerada que attibui uma posicao “de destaque” a objetos ou priticas, de acordo com a anélise de James Clifford sobre a evolucao dos paradigmas da conservagao.! No decorter do século XX, o patriménio assume, cada vex mais ex- plicitamente, sua implementagio positiva, segundo juizos de valor que afirmam uma verdadeira escolha, Os desafios ideolégicos, econémicos & sociais extrapolam amplamente as fronteiras disciplinares (entre hist6ria, estética ou histéria da arte, folclore ou antropologia) —, como pode ser notado, no decorrer das décadas de 1970-1980, pelo reconhecimento de “novos patriménios”, que abrange uma profusio de esforgos piiblicos € privados em favor de miltiplas comunidades. Progressivamente, 0 entusiasmo pela promogio ¢ valorizacéo do patriménio passa por uma verdadeira “cruzada” no amago do mundo ocidental.2 1. James Clifford, Malaise dans la culture: LEshnographie, la ltbraure ee Uare ate XX¢ siécle, Paris: Ensba, 1998. 2. David Lowenthal, The Heritage Crusade and the Spoils of History, Cambridge: Cam bridge University Press, 1998, UMA HISTORIA DO PATRIMONIO NO OCIDENTE Por conseguinte, no cansamos de evocar “patriménios” a serem conservados e transmitidos, relacionados com universos absolutamente heterogéneos: a apreciagio estética do cotidiano, mesmo que apenas de outrora; a indispensdvel manutengao do legado arquitetural; a pre- servacdo de habilidades artesanais, até mesmo de personnes ressources especialistas em determinada Area], segundo a expressio quebequense; a protecdo de costumes locais, no mesmo plano de certos géneros de vida ameacados de extingao... Fala-se de um patriménio nao sé histérico, artfstico ou arqueolégico, mas ainda ctnolégico, biolégico ou natural nao sé material, mas imaterial; néo sé local, regional ou nacional, mas mundial. As vezes, o ecletismo de tais consideracées redunda em contradigées ou leva & incoeréncia. Se 0 conceito de “patriménio” conhece, atualmente, uma popula- tidade espetacular, associada aos investimentos de toda a ordem (poli- tica, financeita) suscitados por ele, a investigagio a seu respeito oscila entre a evocacio de algo inefivel — os valores da civilizagao —e a aten- 40 exclusiva prestada As instituigées e aos profissionais do setor. Uma dificuldade particular refere-se ao fato de que o préprio patriménio determina as condigées concretas de sua abordagem, comunicagio ¢ controle; de fato, por seu intermédio, o pesquisador ¢ conduzido ao Amago de um quadro de valores que se afirma incontestével. No caso concreto, os pontos de vista reenviam aos sistemas de partilha obser- vados em outros campos quando se trata de “discutit o indiscutivel”, segundo a férmula do sociélogo Alain Destositres.? A oposicao verifica- se, de um lado, entre a descrigio e a prescri¢io, ¢, de outro, na propria ciéncia, entre “posi¢ao realista” que exprime “fiabilidade do calculo” sociologia construtivista do conhecimento. A histéria da protecdo e da transmiss4o do patriménio — atinente as leis, a suas modalidades de aplicacdo € aos critérios das interven- des — tem sido empreendida, frequentemente, no Ambito de tarefas profissionais ¢ por ocasiao de aniversdrios e de retrospectivas. Essa his- t6ria-meméria do patriménio nacional, constituida progressivamente 3, Alain Desrositres, La Politique des grands nombres: Histoire de la raison statistique, Paris: La Découverte, 1993, p. 395-413. 10 HISTORIA, MEMORIA, PATRIMONIO no decorrer dos uiltimos dois séculos, limita-se comumente ao elogio de seus arautos mais notdveis, bons servidores ¢ grandes estadistas; servindo-se da patria como ilustracéo, ela enaltece o labor da ciéncia ¢ os avangos da instrucao ptiblica. O historiador torna-se, entdo, um expert em matéria de normas patrimoniais; neste caso, a tomada de consciéncia, de modo progressivo, em relagio a heranga passa por um imperativo moral universalmente compartilhado. Outra historia do patriménio, porém, pode acompanhar o combate militante travado por associacdes ou movimentos envolvidos com a conservagao. Oriunda de um compromisso contra o vandalismo, ela é entio, muitas vezes, prisioneira das polémicas préprias ao género, denunciando, natural- mente, as lacunas do patriménio oficial e suas eventuais faléncias, bem longe de celebrar a meméria das instituigdes. Essas duas historiografias, construidas simetricamente, elaboram 4 posteriori uma coeréncia iluséria — ao reunirem, sob 0 termo “patriménio”, elementos que outrora no lhe diziam respeito; por conseguinte, esbocam uma continuidade de doutrina ¢ perdem-se, mais ou menos, na iluséo teleolégica. A defesa, desenvolvida frequen- temente nos dias de hoje, em favor de um patriménio cada vez mais completo, contra o elitismo ou em nome da exaustividade cientifica, deixa escapar 0 fato de que o objetivo do patriménio nao consiste, de modo algum, em duplicar a realidade maneira do “mapa dilatado” de Borges, coincidente com o territério que, supostamente, ele representa.’ “Os colégios de cartégrafos”, escreve o autor argentino, “lavraram um mapa do Império com seu formato e que coincidia com ele, ponto por ponto. Menos apaixonadas pelo estudo da cartografia, as geragées seguintes decidiram que este mapa dilatado era inttil e, de forma impiedosa, abandonaram-no & incleméncia do sol ¢ dos invernos. Nos desertos do Oeste, subsistem vestigios bastante estragados do mapa; eles sdo habitados por animais e mendigos.” Esse mapa em pe- dacos é uma excelente imagem de uma crise radical da mimesis, que cul- mina no desaparecimento das representag6es ¢ no impasse da ciéncia. 4, J. L. Borges, “De la Rigueur de la science”, in Histoire universelle de l'infamie | Histoire de Uéternité, Paris: UGE, 1994, p. 107. ql ‘UMA HISTORIA DO PATRIMONIO NO OCIDENTE De fato, é evidente que fracassaria 0 patriménio que fosse um controle utépico do tempo, tentando reproduzi-lo de uma forma idéntica. © patriménio nao é 0 passado, j4 que sua finalidade consiste em certificar a identidade e em afirmar valores, além da celebracéo de sentimentos, se necessdrio, contra a verdade histérica. Nesse aspecto é que a histéria parece, com tamanha frequéncia, “morta”, no sentido corrente. Mas, ao contririo, 0 patriménio € “vivo”, gracas as profissbes de fé ¢ aos usos comemorativos que 0 acompanham." Nos iiltimos anos, as ciéncias humanas e sociais tém multiplicado ‘os estudos sobre 0 patriménio, desenvolvidos mais amplamente, sem diivida, na érea da histéria ¢ da antropologia, a partir de um dominio que, na origem, é muito bem circunscrito, ou seja, 0 da histéria das artes — ¢ do livro, se considerarmos 0 patriménio escrito come par- cela, bem cedo reconhecida, do conjunto patrimonial. No comego, tratava-se de abordar o corpus mais ou menos candnico, tal como havia sido concebido por diferentes pocas — assim, Bernard Teyssédre e seu projeto de dispor as histérias dos patriménios artisticos em diversos circulos ¢ em diferentes momentos da histéria; ou Francis Haskell e seu designio de uma histéria das (re)descobertas do gosto. Nesse sentido, a histéria do patriménio nao designa verdadeiramente um contetido de pesquiisas especificas, nem alega uma instancia explicativa particular para pensar a articulacdo entre cultural, social e politico. Logo em seguida, o campo da histéria do patriménio se fragmentou em outros tantos objetos de diferentes investigagGes, desde os museus aré os monumentos, passando pelo novo patriménio imaterial. Esse répido desenvolvimento foi acompanhado por uma profusao seman- tica que, finalmente, tornou bastante incerta, a0 longo do tempo, a unidade de semelhantes estudos. Tal como € praticada hd uma geragio, com éxito incontestavel, y. ahistéria do patrimdnio é amplamente a histéria da maneira como uma sociedade constréi seu patriménio. Em particular no caso francés, 5. David Lowenthal, op. eit., p. 121-122; Hervé Glavaree ¢ Guy Sacz, Le Patrimoine saisi par les associations, Paris: La Documentation frangaise, 2002. 6, Bernard Teysstdre, L'Histoire de l'art wwe du Grand Siecle, Paris: Julliard, 1964; Francis Haskell, Za Norme et le caprice, Paris: Flammarion, 1986. 12 a re HISTORIA, MEMORIA, PATRIMONTO cla confunde-se com uma histéria administrativa ou, melhor ainda, socioadministrativa. Uma definigao “restrita” do patriménio marca, muitas vezes, as perspectivas na matéria, orientadas pelos laudos de experts. Tal é o caso da teleologia, que é manifesta, por exemplo, nas compilagées retrospectivas de episédios considerados como “patrimo- niais”, tendo, supostamente, inspirado a legislacaéo contemporanea.” Em outras investigac6es, trata-se sobretudo de analisar 0 modo de vida no patriménio ¢ como sao utilizados os monumentos ou os museus. Semelhante historia est em condigées de saber como os principes fizeram uso dos valores patrimoniais para desenvolver, ou nao, es- wrarégias, ganhar prestigio e até mesmo consolidar aliangas politicas. A histéria do colecionismo é, particularmente, tributéria desse tipo de inveresse. Para além dele, o desafio consiste em considerar a posi¢ao do patriménio no desenvolvimento de uma coletividade: a apari¢o ou 0 fracasso de um patriménio comum assinala, sem diwvida, seu éxito ou sua faléncia, O patriménio define-se, 20 mesmo tempo, pela realidade fisica de seus objetos, pelo valor estético — ¢, na maioria das vezes, documental, além de ilustrativo, inclusive de reconhecimento sentimental — que Ihes attibui o saber comum, enfim, por um estatuto especifico, legal ou administrativo. Ele depende da reflexao erudita ¢ de uma vontade politica, ambos os aspectos sancionados pela opiniao publica; essa dupla relacéo é que Ihe serve de suporte para uma representacéo da civilizagao, no cerne da interagéo complexa das sensibilidades relati- vamente ao passado, de suas diversas apropriacées ¢ da construcao das identidades éa sua atualmente, a nogio teve de passar por um processo complexo, Para se impor, de acordo com a espécie de evidéncia que de longa duragao ¢ profundamente cultural; ela é 0 resultado de uma dialética da conservagéo ¢ da destruicio no amago da sucessao das formas ou dos estilos de herangas histéricas que haviam sido adotados 7. Assim, Andrea Emiliani (org.), Legg, bandi e provvedimenti per la tutela dei beni artistici ¢ culturali negli antichi stati italiani, 1571-1860, Bolonha: Nuova Alf, 1996. Sobre os usos do anacronismo, cf. Nicole Loraux, “loge de 'anachronisme en. histoire”, in Le Genre humain, n, 27, 1993; © G. Didi-Huberman, Devant le Temps: Histoire de Viart et anachronisme des images, Patis: Minuit, 2000. 13 UMA HISTORIA DO PATRIMONIO NO OCIDENTE pelas sociedades ocidentais. Bla estabeleceu-se a partir do modelo do “enquadramento” de algumas obras em determinado momento da res- pectiva histéria — enquadramento utilizado, deformado, transmitido, esquecido, de geragio em geracao. Nesse caso, cada um abrangia mais ou menos 0 outro, absorvendo-o ¢ modificando-o enquanto, paralelamente, alterava-se a definicao e a significagao do “vandalismo”, suscitando, as vyezes, acirrados conflitos a propdsito dos respectivos contornos. Com efeito, a escolha de um patriménio, como aponta Judith Schlanger no livro La Mémoire des euvres, “além de um efeito ¢ de um desafio de instituigio, é uma instituigéo”.* A aticude patrimonial compreende dois aspectos essenciais: a assi- milagao do passado, que € sempre transformacg4o, metamorfose dos vestigios ¢ dos restos, recreacao anacrénica; ¢ a relacao de fundamental estranheza estabelecida, simultaneamente, por qualquer presenca de testemunhas do tempo remoto na atualidade. O primeiro aspecto sus- tenta 0 esforco de pedagogia (de ordem civica), enquanto o segundo leva a um reconhecimento do tesouro, “reconhecimento que constitui a propria virtude do tesouro” (Alphonse Dupront). A época cldssica foi marcada pela busca da exceléncia da informagéo: nesse caso, a publicidade dos acervos é sempre cetiménia a servigo do fausto da pessoa do principe. Por sua ver, a época das revolucées liberais assiste ao triunfo do projeto de formar os cidadéos pela instrugio € pelo culto do Estado-Naci ‘© senso do patriménio é dominado, assim, pela pedagogia de sua divulgacao. Por tiltimo, na virada do século XX para o XXI, o patriménio deve contribuir para revelar a identidade de cada um, gracas ao espelho que ele fornece de si mesmo ¢ a0 contato que cle permite com 0 outro: 0 outro de um passado perdido ¢ como que tornado selvagem; 0 outro, se for o caso, do alhures etnogrifico. Lugar da pessoa publica, em particular da figura do rei, lugar da histéria edificante, lugar da identidade cultural: assim poderiam ser enunciados, de maneira bastante sumatia, os imagindrios do patri- ménio ocidental. 8, Judith Schlanger, “Le Passé pertinent”, in La Mémoire des euores, Paris: Nathan, 1992, p. 110 ss. 14 HISTORIA, MEMORIA, PATRIMONIO ‘A “modelagem humana do histérico”, segundo Alphonse Dupront, ocupa uma posigao eminente na inven¢io patrimonial, “quanto as la- téncias laboriosas da meméria coletiva, quanto & confissio de modelos ou a proclamagio de ‘fontes’ ¢, sobretudo, quanto is necessidades pro- fundas de viver a duragao, continua ou descontinua, ¢ de acordo com a amplitude de sua influéncia”.? As diferengas no plano da recep¢io (de seleco) dependem amplamente dessas condicionantes, quando determinados tipos de objetos ou de edificios se tornam patrimoniais, por oposi¢ao a um grande ntimero de outros que sao negligenciados ou destruidos. O detalhe das préticas eruditas — ou, em outras palavras, a maneira como foi concebido 0 “quadro” da coleta, classificacao, exposigao ¢ interpretagio — determina o proceso de ocorréncia do patrimonial.!" No entanto, a apropriagao por um ptiblico —a maneira como o patriménio é visitado, interpretado, ¢ exerce influéncia — estd associada também as formas de sua apresentacao, ao olhar, bem acolhido ou importunado, aos catélogos ou aos itinerdrios. As diversas definigoes do patriménio, através de testemunhos convergentes ou contraditérios, cos efeitos de expectativa ou de saber que ele pode provocar ou mobili- zat nos espectadores alimentam identidades ¢ entretecem sociabilidades em diferentes escalas — locais, nacionais, globalizadas —, ou, as vezes, sem qualquer atribuicdo territorial. © patriménio clabora-se, em cada instante, com base na soma de seus objetos, na configuracéo de suas afinidades e na definicao de seus horizontes. Uma expresséo tradicional do encadeamento das geracoes O patriménio contribui, tradicionalmente, para a legitimidade do poder, que, muitas vezes, participa de uma mitologia das origens. Ele 9. Alphonse Dupront, “Histoire aprés Freud”, in Revue de ! Enseignement Supérieur, 1968, p. 27-63 (aqui, p. 46). 10. Para Jacques Derrida (Mal darchive, Patis: Galilée, 1995), os arquivos implicam um lugar e uma técnica que determinam a esteutura do arquivavel, em sua ocorréncia e em sua relacdo com o futuro: “O arquivo foi sempre uma garantia e, como qualquer penhos, uma garantia de futuro” (p. 37). 15

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