JAN A S S M A N N

Egipto
Historia de un sentido

traducción

JOAQUÍN CHAMORRO M1ELKE

revisión técnica

ANTONIO PÉREZ LARGACHA

U n i v e r s i d a d
A L B E R T O
HURTAD-O
BIBLIOTECA

A B A D A EDITORES
LECTURAS DE HISTORIA
 LECTURAS
Serie Historia Antigua

imagen de cubierta: Sesostris III, frag., ca. 1850 a.G.

(Metropolitan Museum, NY)
título original: Ágypten. Eine Sinngeschichte

1 Cari Hanser Verlag München Wien 1996

> Abada Editores, s.l., 2005
para todos los países de lengua española

Plaza de Jesús, 5
28014, Madrid .
Tel..: 914 296 882
fax: 914 297 507
E-mail: abada@abadaeditores.com

diseño Estudio Joaquín G a l l e g o

producción GUADALUPE GlSBERT

ISBN 84-96258-45-9
depósito legal M-22-I62-2005

preimpresión Carmen Arjona

impresión Lavel, s.a.
 PRÓLOGO

« L a m e n t o la i m p o s i b i l i d a d de u n a h i s t o r i a de la e v o l u c i ó n e s p i r i t u a l
d e E g i p t o » , a n o t a b a J a c o b B u r c k h a r d t e n l868 p a r a s u l e c c i ó n
« S o b r e el e s t u d i o d e l a h i s t o r i a » , y a ñ a d í a e n t r e p a r é n t e s i s : « a l o
1
sumo en forma hipotética; c o m o n o v e l a » . El presente libro asume
este p r o y e c t o i m p o s i b l e , d e t o d o s m o d o s a d m i t i d o e n t r e p a r é n t e s i s y:
en «forma h i p o t é t i c a » .
Evidentemente, los conceptos « e s p í r i t u » y « e v o l u c i ó n » p e r t e -
n e c e n al p a r a d i g m a d e u n a f i l o s o f í a d e l a h i s t o r i a q u e h o y n o s es
a j e n a . M i e n t r a s q u e la p a l a b r a « e s p í r i t u » n o s s u g i e r e a l g o q u e e n
c i e r t o m o d o a n i m a d e s d e d e n t r o las c u l t u r a s , l o s p u e b l o s y las é p o c a s
y q u e se e x p r e s a e n sus p r o d u c c i o n e s , l o q u e a q u í e n t e n d e m o s p o r
« s e n t i d o » es a l g o q u e p e r t e n e c e a estas m i s m a s p r o d u c c i o n e s , a l g o
q u e a n t e s q u e n a d a estas m i s m a s c u l t u r a s c o n s t r u y e n y g e n e r a n . E l
e n s a y o d e u n a « h i s t o r i a d e l s e n t i d o » , q u e se o r i e n t a d e u n m o d o
m u y g e n e r a l a la c o r r e l a c c i ó n e s t a b l e c i d a p o r N i k l a s L u h m a n n d e
3
e s t r u c t u r a s o c i a l y e s t r u c t u r a s e m á n t i c a , s u s t i t u y e e l e n f á t i c o singulare
tantum d e l « e s p í r i t u » h e g e l i a n o p o r u n c o n c e p t o d e s e n t i d o q u e s ó l o
existe e n p l u r a l : c o m o la p l u r a l i d a d i r r e d u c t i b l e d e « f o r m a c i o n e s de
s e n t i d o » o « p a r a d i g m a s s e m á n t i c o s » q u e se i m p u s i e r o n , fueron

1 Jacob. Burckhardt, Über das Studium der Geschkhte, «Weltgeschichtliche Betrachtungen»,

ed. de Peter Ganz, Munich, 1983, 149; fr- WeltgeschichtlicheBetrachtungen, ed. dej. Oeri,
c

Berlín/Stuttgart, 1905, 23; Kroner-Ausgabe, ed. de Rudolf Marx, Stuttgart, 1978, 24.
2 Niklas Luhmann, Gesellschaftsstruktur undSemantik I - I I I , Frankfurt a. M., 1980-1989.
Sobre el concepto de sentido en Luhmann, cfr. «Sinn ais Grundbegriff der Sozio-
logie».
6 EGIPTO

s u p r i m i d o s , i n f l u y e r o n y f u e r o n h e r e d a d o s e n la p l u r a l i d a d d e las
c u l t u r a s y e n la s u c e s i ó n de las é p o c a s . E n este l i b r o se i n t e n t a d e s c r i -
bir, e n su n a c i m i e n t o y d e s a r r o l l o , ciertas f o r m a c i o n e s de s e n t i d o
q u e e m e r g i e r o n e n el a n t i g u o E g i p t o , y d e e n l a z a r así, d e s d e f o r m a s
de p e n s a r y c o n c e p t o s de n u e s t r o siglo, c o n p l a n t e a m i e n t o s que
J a c o b B u r c k h a r d t h a b í a c o n s i d e r a d o e n su « E s t u d i o d e la h i s t o r i a » .
A l sustituir la c o n j u n c i ó n d e B u r c k h a r d t de « e s p í r i t u e h i s t o r i a »
p o r la d e « s e n t i d o e h i s t o r i a » p r e g u n t a m o s , e n t e r a m e n t e e n su s e n -
t i d o , p o r el m a r c o d e c o n d i c i o n e s m e n t a l e s e i n t e l e c t u a l e s , r e l i g i o -
sas, c u l t u r a l e s y p o l í t i c a s d e l actuar, cuyas h u e l l a s , m e n s a j e s y r e c u e r -
d o s c o n s t i t u y e n el o b j e t o d e la h i s t o r i o g r a f í a . A l tratarse de i d e a s q u e
s o n a r t i c u l a d a s y r e f l e j a d a s e n textos e i m á g e n e s , n o s m o v e m o s e n el
espacio de lo que B u r c k h a r d t había c o n c e b i d o c o m o « e s p í r i t u » ;
p e r o a m p l i a m o s el m a r c o d e c o n d i c i o n e s d e l a c t u a r y vivir t a m b i é n a
a c t i t u d e s m á s f u n d a m e n t a l e s , q u e c o n s t i t u y e n l o q u e se l l a m a « m e n -
t a l i d a d » , y q u e d e f o r m a i m p l í c i t a se h a l l a n e n la b a s e d e l o s t e x t o s ,
las i m á g e n e s y la p r a x i s h i s t ó r i c a s i n l l e g a r a ser d e s p l e g a d a s y r e f l e j a -
das d e m a n e r a e x p l í c i t a .
E n la p r e s e n t e h i s t o r i a d e E g i p t o , este m a r c o d e c o n d i c i o n e s s ó l o
p u e d e apreciarse, c u a n d o apreciarse p u e d e , y de m a n e r a p l e n a m e n t e
j u s t i f i c a d a , c o m o c o n s t i t u y e n d o u n s e g u n d o p l a n o . A q u í se i n v i e r t e
la r e l a c i ó n e n t r e p r i m e r o y s e g u n d o p l a n o . L o s d a t o s de l a h i s t o r i a
d e l o s a c o n t e c i m i e n t o s c o n s t i t u y e n el s e g u n d o p l a n o , y s o n r e d u c i -
d o s al a r m a z ó n d e l o q u e es l o m á s i m p o r t a n t e . L a h i s t o r i a m i s m a
i n t e r e s a a q u í s o b r e t o d o e n sus e n c r u c i j a d a s , q u e c o r r e s p o n d e n a
t r a n s f o r m a c i o n e s d e la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d o m i n a n t e . L a s f o r m a -
ciones de sentido o p a r a d i g m a s semánticos, e n c a m b i o , c o n s t i t u y e n
el p r i m e r p l a n o d e l a d e s c r i p c i ó n . S u s u c e s i ó n p u e d e entenderse
c o m o « e v o l u c i ó n » si se r e n u n c i a a q u e r e r r e c o n o c e r e n ella u n
m o v i m i e n t o m o n o d i r e c c i o n a l d i r i g i d o e n l í n e a recta, c o m o p r o g r e s o
o d e c a d e n c i a , h a c i a u n a m e t a . S i e n estos c a m b i o s p u e d e a p r e c i a r s e
u n c i e r t o g r a d o d e c o h e r e n c i a , e l l o se d e b e a la m e m o r i a c u l t u r a l ,
q u e s i e m p r e p o d r á reactivar e l e m e n t o s de s e n t i d o d e l p a s a d o a l m a c e -
n a d o s e n l o s m e d i o s d e la e s c r i t u r a y la i m a g e n e i n c l u i r l o s e n la f o r -
m a c i ó n de s e n t i d o d e l p r e s e n t e .
L a s e n c r u c i j a d a s n o s a c l a r a n d e q u é m a n e r a s e n t i d o e h i s t o r i a se
hallan emparejados. Basta c o n que n o s fijemos e n nuestra p r o p i a
h i s t o r i a , e n la q u e h a l l a m o s las e n c r u c i j a d a s d e l o s a ñ o s 1789 y 1989.
E n a m b o s casos r e c o n o c e m o s a c o n t e c i m i e n t o s q u e i m p l i c a n t r a n s -
 PRÓLOGO 7

formaciones históricas profundas —la R e v o l u c i ó n F r a n c e s a , el

colapso del m u n d o s o c i a l i s t a - , c a m b i o s de p a r a d i g m a s s e m á n t i c o s .
E l s e n t i d o d e la h i s t o r i a se m o d i f i c a cada v e z d e m a n e r a d r a m á t i c a y
n o s h a c e v e r la r e l a t i v i d a d d e la h i s t o r i a . E l c o n c e p t o «historia»
c o m o singular colectivo surgió p o r vez p r i m e r a , c o m o ha m o s t r a d o
R e i n h a r t K o s e l l e c k , e n l o s d e c e n i o s d e la R e v o l u c i ó n F r a n c e s a ; d o s -
c i e n t o s a ñ o s d e s p u é s se h a b l a d e « d e s p e r t a r » o de « f i n » d e la h i s t o -
r i a . L o q u e e n la s e g u n d a m i t a d d e l siglo XVIII n a c e c o m o f o r m a c i ó n
de s e n t i d o es e l h i s t o r i c i s m o , la h i s t o r i z a c i ó n t o t a l d e la r e a l i d a d , el
d e v e n i r r e l a t i v o e h i s t ó r i c o d e t o d a s las c o s a s —con e x c e p c i ó n d e l a
« h i s t o r i a » m i s m a . L o que frente a ello ha c o b r a d o renovada actua-
l i d a d e n la i n m e d i a t a p o s g u e r r a d e la S e g u n d a G u e r r a M u n d i a l y e n
l o s a ñ o s e n t o r n o a 1989 es j u s t a m e n t e esa r e l a t i v i z a c i ó n d e l o h i s t ó -
r i c o m i s m o . D e s d e el s i g l o XVIII p o d e m o s p e n s a r e n las c a t e g o r í a s d e
« h i s t o r i a » , y n o sólo e n historias particulares. E n los años s i g u i e n -
tes a 1945 s u r g e n i n t e n t o s y p r o y e c t o s d e p e n s a r la h i s t o r i a d e s d e l o
c o n t r a r i o d e e l l a , esto es, d e d e s a r r o l l a r c o n c e p t o s d e n o - h i s t o r i a y
de p o s - h i s t o r i a y de relativizar el c o n c e p t o t r a d i c i o n a l de h i s t o r i a
h a c i e n d o r e f e r e n c i a a l o c o n t r a r i o de e l l a .
E n este s e n t i d o , l a h i s t o r i a y a n o se n o s p r e s e n t a h o y c o m o u n
parámetro abstracto, inmodificable, sino c o m o una f o r m a cultural
q u e c a m b i a e n sus e s t a d o s d e a g r e g a c i ó n y e n su tempo j u n t o c o n l o s
m a r c o s de s e n t i d o d e la s o c i e d a d . H i s t o r i a y s e n t i d o v a n e m p a r e j a d o s .
P o r eso es la h i s t o r i a u n a s u n t o p r o f u n d a m e n t e h u m a n o . N o s o t r o s la
p r o d u c i m o s al p r o d u c i r s e n t i d o . U n a « h i s t o r i a d e l s e n t i d o » t e m a t i z a
la h i s t o r i a c o m o f o r m a c u l t u r a l , el c u r s o h i s t ó r i c o d e c u y o s a c o n t e c i -
m i e n t o s constituye el s e g u n d o p l a n o , y los discursos q u e instituyen y
r e f l e j a n el s e n t i d o , el p r i m e r p l a n o .
El p r o y e c t o de u n a historia de E g i p t o enfocada c o m o historia del
s e n t i d o se c e n t r a así e n el c o n t e x t o d e las e x p e r i e n c i a s d e u n a é p o c a
h i s t ó r i c a , la q u e c o n s t i t u y e e l t e m a d e este l i b r o . P e r o , e n u n s e n t i d o
ya m á s c o n c r e t o , h a s i d o e l e f e c t o d o s e s t í m u l o s e x t e r i o r e s . J o r a
a
R ü s e n m e invitó e n el a ñ o 199^ participar en un proyecto sobre
« f o r m a c i ó n h i s t ó r i c a d e l s e n t i d o » . Esta p a r t i c i p a c i ó n f i n a l m e n t e n o
se p r o d u j o e n la f o r m a p r e v i s t a d e u n a e s t a n c i a d e u n a ñ o e n B i e l e -
feld p o r m o t i v o s q u e n o h a c e n al c a s o , p e r o la i n c i t a c i ó n a o c u p a r m e
c o n la h i s t o r i a d e E g i p t o d e s d e la c a t e g o r í a d e « f o r m a c i ó n d e s e n -
t i d o » h a b í a q u e d a d o d e tal m o d o p r e n d i d a e n m i p e n s a m i e n t o , q u e
ya n o p u d e o l v i d a r m e d e a q u e l t e m a . E n e l m i s m o a ñ o , G h r i s t i a n
 8 EGIPTO

M e i e r d e s a r r o l l ó el p l a n d e u n a « H i s t o r i a u n i v e r s a l e n e n s a y o s » , y la
e d i t o r i a l C a r i H a n s e r se i n t e r e s ó p o r u n e n s a y o d e esta clase s o b r e
E g i p t o . T a l e n s a y o m e p a r e c i ó e n t o n c e s la f o r m a a p r o p i a d a p a r a u n
e s b o z o de la f o r m a c i ó n h i s t ó r i c a d e l s e n t i d o e n el a n t i g u o E g i p t o . E l
marco del ensayo ha quedado aquí drásticamente desbordado, pero
n o la f o r m a ensayística d e l « e n s a y o » . E l a n t i g u o E g i p t o n o s es t o d a -
vía d e m a s i a d o e x t r a ñ o p a r a p o d e r s e r m o s t r a d o c o m o a l g o a m p l i a -
mente c o n o c i d o ú n i c a m e n t e bajo u n a nueva luz. L o más difícil e n
u n e n s a y o c o m o éste n o es e l c o m i e n z o , s i n o el f i n a l . ¿ C u á n d o y
c ó m o p o n e r e l p u n t o f i n a l a l a vista d e l o s b o r d e s , p o r t o d a s p a r t e s
deshilachados, del tema y d e c l a r a r l o c o n c l u i d o ? A q u í h e de expresar
m i g r a t i t u d p r i n c i p a l m e n t e a E g i n h a r d H o r a , cuya l e c t u r a c r í t i c a y
estimulante h a c o n f o r m a d o el texto e n p u n t o s decisivos. S u i n t e l i -
gente lápiz h a p o d a d o el texto d e excrecencias superfluas, y su a u t o -
r i d a d le h a p u e s t o u n p u n t o f i n a l .
A m p l i o s f r a g m e n t o s d e l m a n u s c r i t o f u e r o n redactadas e n el J.
Paul Getty C e n t e r de Santa M o n i c a y d e b e n numerosas sugerencias y
a c l a r a c i o n e s a las d i s c u s i o n e s allí m a n t e n i d a s , e s p e c i a l m e n t e c o n S a l -
vatore Settis, G a r l o G i n z b u r g , Jacques Revel, Krzysztof P o m i a n y
Louise A . Hitchcock, que también m e h a n ayudado a procurarme
ciertos libros. A todos ellos, m i agradecimiento.

HEIDELBERG, O C T U B R E D E 1 9 9 5
 INTRODUCCIÓN

La forma con sentido de la historia

 1. LAS ARAÑAS Y LAS TELAS

H I S T O R I A PATENTE E H I S T O R I A OCULTA

L a h i s t o r i a t i e n e dos caras. U n a está vuelta hacia n o s o t r o s , la o t r a está

o c u l t a . L a cara d e la h i s t o r i a v u e l t a h a c i a n o s o t r o s es la r e s u l t a n t e d e
la a c c i ó n y e l r e c u e r d o . E s la h i s t o r i a q u e r e c o r d a m o s p o r q u e l a
h e m o s p l a n e a d o , e f e c t u a d o , e x p e r i m e n t a d o y p a d e c i d o . L a cara
o c u l t a d e la h i s t o r i a n o es l o q u e n o s o t r o s h e m o s o l v i d a d o . , s i n o l o
que n u n c a h e m o s recordado. S o n aquellos f e n ó m e n o s caracterizados
p o r e l c a m b i o l e n t o , la l a r g a d u r a c i ó n y l o s p r o c e s o s i n a p r e c i a b l e s
q u e q u e d a n o c u l t o s a sus c o n t e m p o r á n e o s y s o l a m e n t e se r e v e l a n a la
m i r a d a a n a l í t i c a d e l i n v e s t i g a d o r . L a h i s t o r i a r e c o r d a d a y la o c u l t a se
r e l a c i o n a n e n t r e s í . c o m o la a n a m n e s i s d e l p a c i e n t e y el d i a g n ó s t i c o
del m é d i c o .
H a s t a b i e n e n t r a d o el siglo XVIII se e n t e n d í a p o r h i s t o r i o g r a f í a el
r e g i s t r o d e la h i s t o r i a r e c o r d a d a . H a s t a e n t o n c e s n a d i e se h a b r í a
i n t e r e s a d o p o r u n t e m a c o m o , p o r e j e m p l o , las v a r i a c i o n e s d e l o s
p r e c i o s d e l o s c e r e a l e s e n el E g i p t o d e l o s r a m é s i d a s o e n l a R o m a
i m p e r i a l . T a l e s p r o c e s o s n o h a b r í a n s i d o clasificados c o m o f e n ó m e -
n o s d e la h i s t o r i a n i c o n s i d e r a d o s c o m o t e m a d e la h i s t o r i o g r a f í a . L a
h i s t o r i a es resgestae, es d e c i r , a c c i o n e s tal c o m o s o n p l a n e a d a s , p e r c i -
bidas, r e c o r d a d a s , a c o n t e c i m i e n t o s de c o n t o r n o s t e m p o r a l e s fijos
q u e q u e d a n r e g i s t r a d o s e n la m e m o r i a . E n los c o m i e n z o s d e la E d a d
M o d e r n a se c o n s i d e r a b a q u e las resgestae de la a n t i g ü e d a d , i n c l u i d a s
las d e l a n t i g u o E g i p t o , e s t a b a n escritas d e u n a v e z y p a r a s i e m p r e , y
 I N T R O D U C C I Ó N : 1. LAS A R A Ñ A S Y L A S T E L A S 11

p o r autores antiguos c o m o H e r ó d o t o , T u c í d i d e s , Polibio, Livio,

D i o d o r o y T á c i t o . S e c r e í a q u e n o se p o d í a r e e s c r i b i r esa f o r m a d e
h i s t o r i a . P e r o su u n i l a t e r a l i d a d y t e n d e n c i o s i d a d fue a p r e c i á n d o s e d e
f o r m a cada v e z más clara. E n t o n c e s a p a r e c i e r o n d o s n u e v a s f o r m a s d e
h i s t o r i a q u e p r e t e n d í a n c o m p l e t a r el c u a d r o u n i l a t e r a l d e la h i s t o -
r i o g r a f í a c l á s i c a . U n a c o n s i s t í a e n c o l e c c i o n a r h u e l l a s , y la o t r a e n
coleccionar chispas.
C o l e c c i o n a r h u e l l a s e r a la o c u p a c i ó n d e l o s « a n t i c u a r i o s » . E l
i d i o m a alemán n o c o n o c e ninguna palabra equivalente a la inglesa
«antiquary», e t e r n i z a d a p o r W a l t e r S c ó t t e n u n a d e sus m á s b e l l a s
n o v e l a s . E l p r i n c i p i o d e l a n t i c u a r i s m o es el c o l e c c i o n a r a d i f e r e n c i a
d e l n a r r a r , «the difference between collecting facts and interpreting facts». El
c o l e c c i o n i s m o es la d e d i c a c i ó n a m o r o s a a l o n o r e c o r d a d o y n o c o n -
s e r v a d o , la ( r e - ) c o n s t r u c c i ó n de u n c o n t e x t o p e r d i d o . E n este s e n -
t i d o , «collecting» y «re-collecting» son opuestos. G o m o p o r principio
n o c r e í a n p o d e r r e e s c r i b i r la h i s t o r i a , l o s a n t i c u a r i o s ú n i c a m e n t e
q u e r í a n c o m p l e t a r ese c u a d r o c o n s u m a d o , p e r o u n i l a t e r a l y t e n d e n -
c i o s o , e i l u s t r a r l o c o n el t e s t i m o n i o d e o b j e t o s c o m o m o n e d a s , vasos,
r u i n a s e i n s c r i p c i o n e s , cuyo lenguaje era p a r c o e n palabras, p e r o
menos tendencioso.
C o l e c c i o n a r c h i s p a s e r a la o c u p a c i ó n d e l o s h i s t o r i a d o r e s q u e ,
c o m o H e r d e r , L e s s i n g y W i e l a n d , q u e r í a n d e s e n t r a ñ a r la h i s t o r i a d e l
e s p í r i t u , y a l o s q u e i r r i t a b a el s i l e n c i o c o n q u e la h i s t o r i o g r a f í a a n t i -
gua c u b r í a esa cara d e las c u l t u r a s a n t i g u a s . E n este c o n t e x t o j u g ó u n
p a p e l d e c i s i v o l a f i l o s o f í a d e la h i s t o r i a d e A d a m W e i s h a u p t , e l f u n -
d a d o r d e l a o r d e n d e l o s i l u m i n a d o s , a la q u e p e r t e n e c í a H e r d e r .
W e i s h a u p t e n t e n d í a la h i s t o r i a d e l e s p í r i t u c o m o h i s t o r i a d e u n a p é r -
d i d a . E l s a b e r q u e la h u m a n i d a d h a b í a a d q u i r i d o e n sus c o m i e n z o s se
h a b í a p e r d i d o e n las g u e r r a s y c o n q u i s t a s , l o s i n c e n d i o s y las i n u n d a -
c i o n e s q u e v i n i e r o n d e s p u é s . E g i p t o estaba t o d a v í a e n p l e n a p o s e s i ó n
d e ese s a b e r . M o i s é s , O r f e o y o t r o s t r a n s m i s o r e s l o l l e v a r o n a Israel y
a G r e c i a . C o n t o d a s sus t r a n s f o r m a c i o n e s se t r a n s m i t i ó a O c c i d e n t e ,
p e r o u n a o s c u r i d a d i n s o n d a b l e se e x t e n d i ó s o b r e su p u r e z a y p l e n i -
tud originales.
L o s e s c r i t o s d e l o s q u e se h a n t o m a d o estas c o m p a r a c i o n e s —la
o s c u r i d a d d o m i n a n t e , las chispas dispersas— s o n d e I g n a z v o n B o r n ,
otro iluminado y francmasón, que presidió en V i e n a c o m o venerable
u n a d e las l o g i a s i n t e l e c t u a l m e n t e m á s i m p o r t a n t e s d e E u r o p a , la
l o g i a /¿ir Wahren Eintracht (Hacia la verdadera concordia), q u e b a j o la d i r e c -
 12 EGIPTO

c i ó n ele V o n B o r n h a b í a l l e g a d o a s e r u n a e s p e c i e d e a c a d e m i a de
c i e n c i a s . D e la s a b i d u r í a d e los e g i p c i o s , e s c r i b í a , n o q u e d a r o n m á s
q u e « a l g u n o s f r a g m e n t o s a q u í y allá, r e c o g i d o s p o r l o s sabios a f o r t u -
n a d o s a los q u e , a p e s a r d e ser e x t r a n j e r o s , les fue p e r m i t i d o a c c e d e r
a sus s e c r e t o s , s i é n d o l e s e n s e ñ a d o s p o r l o s s u p e r i o r e s d e l t e m p l o , y
q u e d e a q u e l l a clara l l a m a a r d i e n t e t o m a r o n la l u z q u e l u e g o l l e v a r í a n
a su p a t r i a , y d e la q u e el i n v e s t i g a d o r c u i d a d o s o o b s e r v a a q u í y allá
1
u n a c h i s p a e n los e s c r i t o s q u e ellos d e j a r o n » .
U t i l i z a n d o u n s í m i l d e M a r c o A u r e l i o , q u e c o m p a r a b a su p o s i c i ó n
2
de e m p e r a d o r c o n la de u n a araña e n su tela a g u a r d a n d o a los m o s c a s ,
V o n B o r n e n c o n t r ó u n a i m a g e n e s p e c i a l m e n t e sugestiva para la u n i l a -
teralidad de la h i s t o r i o g r a f í a t r a d i c i o n a l : « E l l a observaba —si se m e p e r -
m i t e la c o m p a r a c i ó n — la astucia de las g o l o n d r i n a s , q u e a c e c h a n a la
l a b o r i o s a a b e j a e n s u c a m i n o p a r a cazarla, y o l v i d a b a d e c i r n o s q u e la
abeja p r e p a r a m i e l y cera p a r a q u e las a p r o v e c h e n los dioses y l o s h o m -
b r e s ; ella c o n t a b a las g u e r r a s de las arañas u n a s c o n t r a otras, su p r e c a u -
c i ó n p a r a n o ser s o r p r e n d i d a s , la astucia c o n q u e trataban d e engañarse
3
u n a s a otras, y n o habla d e la tela q u e t e j e n e n s i l e n c i o » .
V o n B o r n e x i g í a , e n v e z d e u n a h i s t o r i a d e las a r a ñ a s , u n a h i s t o -
r i a d e las t e l a s , es d e c i r , u n a h i s t o r i a d e l a c u l t u r a , d e l s a b e r , y d e l
d e s a r r o l l o e s p i r i t u a l . E n la « h i s t o r i a d e las a r a ñ a s » , la I l u s t r a c i ó n
n o p o d í a r e c o n o c e r sus p r o p i o s f i n e s n i r e c i b i r r e s p u e s t a a sus p r e -
g u n t a s . P e r o las telas, e l s a b e r , s o b r e c u y a b a s e y e n c u y o m a r c o l o s
h o m b r e s de aquellas épocas actuaban, debía darse p o r p e r d i d o ,
p u d i e n d o e n t o d o c a s o r e c u p e r a r s e r e s t o s s u y o s a p a r t i r d e las
« c h i s p a s » de pasajes textuales d i s p e r s o s . B o r n p e n s a b a a q u í e n
a u t o r e s g r i e g o s q u e se s u p o n í a q u e h a b í a n e s t a d o e n E g i p t o y t e n i d o
t r a t o c o n sus s a b i o s .
P a r a u n a h i s t o r i a d e l s e n t i d o c o m o la q u e a q u í se ensaya, n o se
p o d r í a e n c o n t r a r u n a i m a g e n m e j o r q u e la v i s i ó n d e B o r n de u n a h i s -
t o r i a d e las t e l a s . L o s h o m b i - e s s o n c o m p a r a b l e s a las a r a ñ a s e n q u e
a c t ú a n d e n t r o d e las telas d e araña tejidas p o r ellos m i s m o s . Estas telas
s o n p o r c i e r t o invisibles. S e f o r m a n p o r la i n t e r a c c i ó n e n t r e los h o m -
bres, y n o s o n producidas individualmente. S o n m u n d o s de sentido en
cuyo h o r i z o n t e los h o m b r e s obran, h a c e n experiencias y r e c u e r d a n .

I Ignaz von Born, «Uber die Mysterien der Aegyptier», en Journal für Freymaurer I,
1784, 24¬
2 Marco Aurelio, Adme ipsum, X, I O .
3 Von Born, ibid., 18-19.
 I N T R O D U C C I Ó N : 1. L A S A R A Ñ A S Y L A S T E L A S 13

1
F u e r a de estos h o r i z o n t e s d e s e n t i d o n a d i e sería c a p a z de actuar' '.
« S e n t i d o » significa aquí tanto c o m o contexto o coherencia; p o r
e j e m p l o , el c o n t e x t o de m e d i o y f i n , causa y e f e c t o , u t i l i d a d y c o s t e ,
p a r t e y t o d o . S e n t i m o s que lo que n o tiene c o n e x i ó n carece de s e n t i d o .
E n el c o n c e p t o « s e n t i d o » r e s u e n a t a m b i é n el s i g n i f i c a d o « d i r e c -
c i ó n » , p o r e j e m p l o e n la e x p r e s i ó n « s e n t i d o de las agujas d e l r e l o j » .
« D i r e c c i ó n » va más allá de « c o n t e x t o » . S e p u e d e n p e n s a r e x p e r i e n -
cias q u e t i e n e n u n c o n t e x t o , p e r o q u e n o c o n o c e n u n a d i r e c c i ó n e n el
a c o n t e c e r y n o s h a c e n sentir esta falta de d i r e c c i ó n c o m o falta de s e n -
t i d o . « C o n t e x t o » y « d i r e c c i ó n » tienen algo que ver c o n espacio y
t i e m p o . E l s e n t i d o , q u e las sociedades p r o d u c e n a través de la i n t e r a c -
c i ó n , es el m a t e r i a l c o n el q u e se c o n s t r u y e n el c o n t e x t o e n el espacio y
la d i r e c c i ó n e n el t i e m p o . L o esencial a q u í es q u e este s e n t i d o es g e n e -
r a d o p o r las s o c i e d a d e s q u e e n él v i v e n . E s p a c i o y t i e m p o n o s o n c a t e -
gorías abstractas e n las q u e todas las culturas se d e s p l i e g a n de la m i s m a
f o r m a , s i n o f i c c i o n e s de c o h e r e n c i a p r o d u c i d a s p o r esas mismas c u l t u -
ras, y la h i s t o r i a , es d e c i r , la f o r m a d e l d e s p l i e g u e e s p a c i o t e m p o r a l de
las c u l t u r a s , n o h a y q u e v e r l a c o m o i n d e p e n d i e n t e d e las f i c c i o n e s
específicas d e c o h e r e n c i a q u e la h a n p r o d u c i d o . Estas s o n las « t e l a s » ,
cuya r e c o n s t r u c c i ó n se p r o p o n e la h i s t o r i a del s e n t i d o .
A d i f e r e n c i a de la c o l e c c i ó n y p r e s e r v a c i ó n de h u e l l a s , la h i s t o r i a de
las « t e l a s » n o se i n s c r i b e e n t e r a m e n t e e n la h i s t o r i a o c u l t a . S i n d u d a
l o s h o m b r e s n o s o n n o r m a l m e n t e c o n s c i e n t e s d e las f i c c i o n e s d e
coherencia o f o r m a c i o n e s semánticas en cuyo m a r c o actúan, h a c e n
e x p e r i e n c i a s y r e c u e r d a n ; p e r o e n las é p o c a s de crisis, e n las q u i e b r a s
d e t r a d i c i o n e s y e n l o s virajes h i s t ó r i c o s a p a r e c e n s i e m p r e d i s c u r s o s
q u e i l u m i n a n l o s m a r c o s y f u n d a m e n t o s s e m á n t i c o s d e la c u l t u r a . A
veces se p r o d u c e n e n t o n c e s p r o f u n d o s c a m b i o s de p a r a d i g m a s , p e r o a
veces t a m b i é n el p a r a d i g m a d o m i n a n t e s ó l o c a m b i a de estado al t r a n s -
formarse u n a « m e n t a l i d a d » vivida y practicada de forma más o
m e n o s i n c o n s c i e n t e en u n a « i d e o l o g í a » c o n s c i e n t e m e n t e reflejada.
E n esta p a u l a t i n a c o n v e r s i ó n de la m e n t a l i d a d e n i d e o l o g í a p o r a u t o -
i l u m i n a c i ó n a n t r o p o l ó g i c a radica —ciertamente n o sólo e n E g i p t o -
u n a de las f u n c i o n e s , si n o la f u n c i ó n c e n t r a l , d e la l i t e r a t u r a . C o m o
tales t r a n s f o r m a c i o n e s de las f o r m a c i o n e s s e m á n t i c a s c o i n c i d e n p r i n -

4 Cfr. sobre este concepto de sentido especialmente Niklas Luhmann, «Sinn ais
Grundbegriff der Soziologie», enjürgen Habermas, Niklas Luhmann, Theorieder
- I O
GesellschaftoderSozialtcchnohgie, Frankfurt, 197I1 2 5 ° -
14 EGIPTO

c i p a l m e n t e c o n p u n t o s d e viraje h i s t ó r i c o s , la h i s t o r i a d e l s e n t i d o n o
está e n o p o s i c i ó n a la h i s t o r i a p o l í t i c a , r e c o r d a d a . A l c o n t r a r i o : es
p r e c i s a m e n t e el r e c u e r d o l o q u e n o s a b r e u n a v í a d e a c c e s o a la
semántica de u n a cultura y de u n a época. T e n e m o s q u e distinguir,
p u e s , tres a s p e c t o s : la p r e s e r v a c i ó n d e las h u e l l a s , el r e c u e r d o d e las
a c c i o n e s y la h i s t o r i a d e l s e n t i d o , q u e V o n B o r n d e s c r i b i ó c o m o u n
«coleccionar chispas».

H u e l l a s , mensajes y r e c u e r d o s

L a p r e s e r v a c i ó n d e huellas es la o c u p a c i ó n d e los a n t i c u a r i o s , d e la q u e
p r o v i e n e la a r q u e o l o g í a m o d e r n a . Es el m o d e l o de u n a f o r m a d e i n v e s -
t i g a c i ó n h i s t ó r i c a q u e saca a la l u z h e c h o s n o r e c o r d a d o s d e l p a s a d o . L a
a r q u e o l o g í a s ó l o p u e d e c o r r e g i r el registro de la historia r e c o r d a d a . E s
el ú n i c o m e d i o d e q u e d i s p o n e m o s c o n t r a el r e c u e r d o , d e l cual s a b e -
m o s q u e n o s ó l o t i e n e l a g u n a s , s i n o q u e t a m b i é n es t e n d e n c i o s o . L a ;

a r q u e o l o g í a , p o r el c o n t r a r i o , t i e n e , c o m o p o s t u l a b a J a c o b B u r c k h a r d t
p a r a la h i s t o r i a d e la cultura, «primumgradum certitudinis»: « U n a ventaja,
de la c o n s i d e r a c i ó n h i s t ó r i c o - c u l t u r a l e n g e n e r a l es s o b r e t o d o l a certeza
de los h e c h o s h i s t ó r i c o - c u l t u r a l e s m á s i m p o r t a n t e s frente a los h i s t ó r i -
cos e n el s e n t i d o h a b i t u a l , f r e n t e a l o s a c o n t e c i m i e n t o s q u e s o n e l
o b j e t o d e la n a r r a c i ó n . Estos ú l t i m o s s o n d i v e r s a m e n t e i n c i e r t o s , d i s -
c u t i b l e s , t e ñ i d o s o —sobre t o d o c o n e l t a l e n t o g r i e g o p a r a mentir—
e n t e r a m e n t e i n v e n t a d o s p o r la fantasía y p o r el i n t e r é s . L a h i s t o r i a d e
la cultura, e n c a m b i o , tiene primum gradum certitudinis, p u e s e n su parte m á s
i m p o r t a n t e vive d e l o quedas fuentes y los r e c u e r d o s d e f o r m a i n i n t e n -
c i o n a y d e s i n t e r e s a d a , i n c l u s o i n v o l u n t a r i a , i n c o n s c i e n t e y, p o r o t r a
p a r t e , t a m b i é n a n u n c i a d a p o r fábulas y fantasías, p r e s c i n d i e n d o d e l o
p r á c t i c o y objetivo q u e i n t e n c i o n a d a m e n t e p u d i e r a n c o m u n i c a r , p u e -
d e n d e f e n d e r y enaltecer, l o cual los h a c e h i s t ó r i c o - c u l t u r a l m e n t e i n s -
5
t r u c t i v o s » . E l p e r s p i c a z J a c o b B u r c k h a r d t p u s o e n c l a r o la r e l a c i ó n
entre la historia r e c o r d a d a y la f o r m a de la n a r r a c i ó n . L o s a c o n t e c i -

5 Jacob Burckhardt, Die Kunst der Betrachtung. Áufsatze undVortrage zur Bildenden Kunst, ed. dé
H e n n i n g Ritter, Colonia (1984-), 175- El concepto que tiene Burckhardt de la his-
toria de la cultura y el proyecto de la arqueología en general se sitúan en la tradición
del «antiquarianism», cuya contraposición a la historia la puso de relieve A r n a l d o
Momigliano en u n brillante artículo: «Ancient History and the A n t i q u a r i a n » , en
Journal ofthe Warburgand GourtauldInstitutes, 1$, I950, 385-314. Agradezco a Garlo G i n z -
burg la recomendación del artículo de Momigliano.
 I N T R O D U C C I Ó N : 1. LAS A R A Ñ A S Y LAS T E L A S 15

m i e n t o s t i e n e n u n a e s t r u c t u r a n a r r a t i v a , y esto q u i e r e d e c i r ( « s o b r e
t o d o c o n el talento g r i e g o para m e n t i r » ) ficticia. E l g i r o a r q u e o l ó g i c o
e h i s t ó r i c o - c u l t u r a l q u e J a c o b B u r c k h a r d t y otros i n i c i a r o n e n los siglos
X V I I I y XIX, ha c o n d u c i d o e n n u e s t r o siglo a u n a nueva o r i e n t a c i ó n de
la i n v e s t i g a c i ó n h i s t ó r i c a . L a i n v e s t i g a c i ó n d e l o s p r o c e s o s l e n t o s y
silenciosos y de los f e n ó m e n o s de larga d u r a c i ó n es i n d i s p e n s a b l e e n el
estudio del p a s a d o . E l p r o y e c t o de la h i s t o r i a de la cultura se ha d e s p l e -
g a d o e n m u c h o s m é t o d o s , d i r e c c i o n e s y d i s c i p l i n a s , c o m o la h i s t o r i a
social, la h i s t o r i a d e las ideas, la h i s t o r i a de las m e n t a l i d a d e s , la m i c r o -
h i s t o r i a , la p s i c o h i s t o r i a y la a n t r o p o l o g í a h i s t ó r i c a . A l a vista d e esta
e v o l u c i ó n , la h i s t o r i a de los a c o n t e c i m i e n t o s se h a r e t i r a d o a u n a p o s i -
c i ó n estética. Ella r e c o n o c e q u e su d e s t i n o es el n a r r a r , y h a c e d e esta
n e c e s i d a d u n a v i r t u d m e t ó d i c a . E l l a se c o n c i b e a sí m i s m a c o m o u n a
forma retórica, c o m o una forma, metódicamente controlada, de
6
r e c o n s t r u c c i ó n narrativa del p a s a d o .
E l p r e s e n t e e s t u d i o n o p r e t e n d e h a c e r n i u n a cosa n i la o t r a , s i n o
que opta p o r u n a tercera vía. L a historia de E g i p t o n o s interesa e n
p r i m e r t é r m i n o c o m o u n c a p í t u l o e n la h i s t o r i a d e l s e n t i d o . S o n
p r e c i s a m e n t e las « m e n t i r a s » , e n la t e r m i n o l o g í a d e J a c o b B u r c -
k h a r d t , l o q u e a q u í n o s i n t e r e s a , las f i c c i o n e s d e c o h e r e n c i a , c o n
cuya a y u d a l o s e g i p c i o s o r g a n i z a b a n sus r e c u e r d o s y sus e x p e r i e n c i a s .
N o i n t e n t a m o s d e s p e j a r esas f i c c i o n e s d e c o h e r e n c i a p a r a d i v i s a r ,
detrás d e ellas, l o s h e c h o s r e a l e s . M á s b i e n n o s a d a p t a m o s a esas f i c -
c i o n e s m i s m a s , e n v e z d e q u e r e r v e r a través d e e l l a s . M á s q u e l a
« h i s t o r i a » m i s m a n o s i n t e r e s a el s e n t i d o q u e l o s e g i p c i o s l e s a c a r o n .
P e n s a m o s q u e h a y u n a h i s t o r i a d e l s e n t i d o , q u e t a m b i é n el s e n t i d o
c o n cuya a y u d a c o n s t r u i m o s n u e s t r a s p r o p i a s f i c c i o n e s de c o h e r e n c i a
p e r t e n e c e a esta h i s t o r i a , y de a c u e r d o c o n e l l o n o s p r e g u n t a m o s p o r
el l u g a r q u e E g i p t o o c u p a e n esta h i s t o r i a .
E s t i r a n d o algo m á s la i d e a d e la i n s o s l a y a b i l i d a d d e l s e n t i d o y d e l
c o n s i g u i e n t e carácter ficticio de la h i s t o r i o g r a f í a , c o m o el p r o p i o
B u r c k h a r d t h a b r í a q u i z á estado d i s p u e s t o a c o n c l u i r , p o d r í a d e c i r s e
q u e n o es a n t e t o d o la h i s t o r i a r e c o r d a d a y n a r r a d a , s i n o ya la h i s t o r i a
h e c h a y e x p e r i m e n t a d a la q u e está m o d e l a d a p o r e l e s p í r i t u d e la

6 H a y d e n W h i t e , Metahistory. The historical Imagination in Nineteenth-Century Europe, Baltimore,

c r
1973 í f - del m i s m o a u t o r Die Bedeutungder Form. Erzahlstrukturen in der Ceschichtsschreibung,
trad. de Margit S m u d a (ed. americana, 1987), Frankfurt, 199O; Auch Klio dkhtet oder
DieFiktion des Faktischen. Studien zurTropologie des historischen Diskurses, t r a d . d e B r i g i t t e B r i n k -
m a n n - S i e p m a n n y T h o m a s S i e p m a n n , Spracheund Geschichte, 10, S t u t t g a r t , 1986.
 i6 EGIPTO

narración y conformada p o r ficciones de coherencia. A diferencia de

los f e n ó m e n o s d e l o s c a m b i o s l e n t o s , el s e n t i d o , q u e h a c e a l o s a c o n ­
t e c i m i e n t o s r e c o r d a b l e s , n o es s o l a m e n t e a l g o a d i c i o n a l , s o l a m e n t e
a s u n t o d e l h i s t o r i a d o r q u e i n t e r p r e t a l o s a c o n t e c i m i e n t o s y presta u n a
e s t r u c t u r a a la h i s t o r i a , f a l s e á n d o l a así e n el s e n t i d o d e J a c o b B u r ­
c k h a r d t . No.- tal s e n t i d o —no t i e n e q u e ser el m i s m o — r e s i d e ya e n la
h i s t o r i a tal c o m o es e x p e r i m e n t a d a p o r l o s c o n t e m p o r á n e o s . Y a las
experiencias mismas están, para decirlo técnicamente, semántica­
mente organizadas. El m u n d o en que vivimos, actuamos, sufrimos y
h a c e m o s nuestras experiencias, está c o n s t r u i d o c o n u n s e n t i d o , y este
s e n t i d o t i e n e el c a r á c t e r d e las p r o y e c c i o n e s y f i c c i o n e s c o l e c t i v a s . E l
n a r r a r y el c o n s t r u i r f i c c i o n e s d e c o h e r e n c i a n o s o n cosas s ó l o del h i s ­
t o r i a d o r . S o n u n a c o n d i c i ó n b á s i c a , i n e v i t a b l e d e la c o n s c i e n c i a y la
expex'iencia h i s t ó r i c a s e n g e n e r a l .
L a « t e r c e r a v í a » q u e i n t e n t a m o s e n este ensayo p a r t e d e q u e t o d o
p r e s e n t e deja t a n t o « h u e l l a s » i n c o n s c i e n t e s c o m o «mensajes»
c o n s c i e n t e s y c o n s t r u i d o s c o n s e n t i d o , y de q u e t o d o r e c u r s o a ese
p r e s e n t e c o n v e r t i d o e n p a s a d o p u e d e ser u n r e m i t i r s e al p a s a d o t a n t o
e n la f o r m a c o n s t r u i d a c o n s e n t i d o q u e h a l l a m o s e n el r e c u e r d o y l a
n a r r a c i ó n c o m o e n l a f o r m a c i e n t í f i c a d e la i n v e s t i g a c i ó n h i s t ó r i c a
a n a l í t i c a . P e r o n o p r e g u n t a m o s s ó l o p o r la f o r m a e n q u e n o s es d a d o
el p a s a d o e g i p c i o y si d e b e m o s c o n s i d e r a r l a ante t o d o c o m o p r e s e n ­
cia d e h u e l l a s d e u n a c o n t e c e r i r r e m e d i a b l e m e n t e p e r d i d o , l o s c u a ­
les d e b e n ser p r e s e r v a d o s , c o l e c c i o n a d o s y o r d e n a d o s , o ante t o d o
c o m o p r e s e n c i a de mensajes q u e q u i e r e n ser leídos y e n t e n d i d o s ; y
a u n , e n t e r c e r l u g a r , s i , y e n q u é s e n t i d o , t a m b i é n el a n t i g u o E g i p t o
p e r t e n e c e a « n u e s t r o » p a s a d o , d e l q u e t e n e m o s q u e d a r c u e n t a y, en
tal s e n t i d o , a c o r d a r n o s . P r e g u n t a m o s s o b r e t o d o c ó m o l o s p r o p i o s
e g i p c i o s se r e f e r í a n a s u p r o p i o p a s a d o . P r e g u n t a m o s p o r las c o n s ­
t r u c c i o n e s d e s e n t i d o y las f i c c i o n e s d e c o h e r e n c i a e n las q u e , e n e l
avanzar de su presente, los egipcios f u e r o n i n c l u y e n d o u n pasado
creciente. U n a historia del sentido hará naturalmente todo m e n o s
u t i l i z a r l o s « h u e l l a s » e n e l s e n t i d o d e u n «primumgradus certíiudinis»
c o n t r a l o s « m e n s a j e s » y « r e c u e r d o s » . L o q u e n o s i m p o r t a es j u s t a ­
m e n t e el s e n t i d o , e l s e n t i d o c o n s t r u i d o , p r o y e c t a d o , l e í d o y c o m ­
p r e n d i d o . P e r o , p o r o t r a p a r t e , las c o n s t r u c c i o n e s s ó l o se h a r á n v i s i ­
b l e s si se o b s e r v a n s o b r e el f o n d o d e l o n o c o n s t r u i d o , es d e c i r , d e las
huellas. P e r o siempre deberá m a n t e n e r s e la pregunta p o r el m o d o e n
q u e E g i p t o se n o s h a d a d o y se n o s h a s u s t r a í d o c o m o p a s a d o . H u e -
 I N T R O D U C C I Ó N : 1. L A S A R A Ñ A S Y LAS T E L A S 17

lias, mensajes y r e c u e r d o s c o r r e s p o n d e n a tres f o r m a s d e acceso c i e n -

t í f i c o : el a r q u e o l ó g i c o , el e p i g r á f i c o e i c o n o g r á f i c o y el m i t o l ó g i c o .
El p r i m e r o d e ellos, el acceso a r q u e o l ó g i c o , investiga las f o r m a c i o -
n e s a r q u e o l ó g i c a s : su s u c e s i ó n t e m p o r a l , s u e x t e n s i ó n e s p a c i a l y su
s u p e r p o s i c i ó n . E l p r o c e s o de f o r m a c i ó n del estado, p o r e j e m p l o , t i e n e
aquí el m i s m o v a l o r q u e el s u r g i m i e n t o de u n a c u l t u r a u n i t a r i a egipcia
c o n u n estilo i n c o n f u n d i b l e . L a i n v e s t i g a c i ó n de las huellas es abstracta
respecto al s e n t i d o y está o r i e n t a d a a los p r o c e s o s . S e c o n c e n t r a e n u n
p a s a d o c o t i d i a n o y n o i n v e s t i d o d e n i n g ú n s e n t i d o e s p e c i a l p o r sus
c o n t e m p o r á n e o s d e b i d o p r e c i s a m e n t e a su c o t i d i a n e i d a d .
E l s e g u n d o , el acceso e p i g r á f i c o e i c o n o g r á f i c o , investiga e n c a m -
b i o las a t r i b u c i o n e s d e s e n t i d o c o n t e m p o r á n e a s , e s p e c i a l m e n t e la
r e p r e s e n t a c i ó n d e a c o n t e c i m i e n t o s p o l í t i c a m e n t e destacados e n i m á -
g e n e s e i n s c r i p c i o n e s . C o n estos t e s t i m o n i o s e n t r a m o s e n u n n u e v o
nivel s e m i ó t i c o . E l acceso a r q u e o l ó g i c o trata los t e s t i m o n i o s a r q u e o -
l ó g i c o s , p o r e j e m p l o l o s c e r á m i c o s , l í t i c o s , etc., c o m o « s i g n o s i n d i -
c í a l e s » , p a r a d e c i r l o c o n la t e r m i n o l o g í a de la s e m i ó t i c a . L o s o b j e t o s
f u n c i o n a n c o m o i n d i c i o s de u n a f o r m a c i ó n c u l t u r a l específica. S i g n o s
i n d i c í a l e s t í p i c o s s o n , p o r e j e m p l o , los s í n t o m a s de u n a e n f e r m e d a d ,
o las pisadas o las f o r m a c i o n e s n u b o s a s . D e estos s i g n o s i n f e r i m o s la
p r e s e n c i a d e u n t o d o q u e se e x p r e s a e n e l l o s , q u e l o s c a u s a , q u e se
relaciona c o n ellos de m a n e r a natural. L o s signos s i m b ó l i c o s s o n de
o t r a c l a s e . E l l o s s o n r e p r e s e n t a n t e s d e l o d e s i g n a d o y l o s o n e n el
m a r c o d e u n s i s t e m a d e s i g n o s o c ó d i g o s . P o r eso la r e l a c i ó n e n t r e
s i g n o y d e s i g n a d o n o se h a l l a e n la n a t u r a l e z a de las cosas — c o m o la
relación entre « f i e b r e » e « i n f l a m a c i ó n » , o « p i s a d a » y «pie»—, sino
q u e se i n s c r i b e e n u n s i s t e m a c u l t u r a l d e s i g n o s . S i g n o s s i m b ó l i c o s
típicos s o n los e m p l e a d o s e n la escritura. R e p r e s e n t a n s o n i d o s , p a l a -
b r a s , o c o n c e p t o s , y l o h a c e n e n el m a r c o d e u n c ó d i g o c o n v e n i d o .
P e r o hay m u c h o s o t r o s s i g n o s q u e n o t i e n e n q u e v e r c o n la escritura,
p o r e j e m p l o las señales dé tráfico o, p a r a p o n e r e j e m p l o s m á s alejados
de n o s o t r o s y más c e r c a n o s al m u n d o p r o t o h i s t ó r i c o , s i g n o s de d o m i -
n i o , m a r c a s d e p r o c e d e n c i a , marcas de alfarería, etc. L o s s i g n o s s i m -
b ó l i c o s t i e n e n , p u e s , e n contraste c o n los i n d i c í a l e s , u n a s e m á n t i c a e n
v i r t u d d e la c u a l r e m i t e n a l o d e s i g n a d o , y esta r e l a c i ó n s e m á n t i c a n o
es causada d e f o r m a n a t u r a l , s i n o q u e está c u l t u r a l m e n t e e s t a b l e c i d a .
L o s s i g n o s f u n c i o n a n c o m o tales s ó l o e n el m a r c o d e u n c ó d i g o . E l
e s t u d i o d e esta s e m á n t i c a r e c i b e el n o m b r e d e e p i g r a f í a c u a n d o ' se
trata d e i n s c r i p c i o n e s . Q u e r e m o s e m p l e a r a q u í este c o n c e p t o e n u n
i8 EGIPTO

s e n t i d o algo m á s a m p l i o . G o m o los s i g n o s s i m b ó l i c o s d e l c ó d i g o c o n ­
v e n i d o s u p o n e n s i s t e m a s d e n o t a c i ó n , su d e s a r r o l l o p e r m i t e h a c e r
d e d u c c i o n e s s o b r e la estructura social de l o s g r u p o s q u e e m p l e a n esos
s i g n o s . L o s sistemas s i m b ó l i c o s e x i g e n u n a d e t e r m i n a d a c o m p e t e n c i a .
El e m p l e o de l o s valores de los signos c o n v e n i d o s i m p l i c a u n saber q u e
d e b e e x t e n d e r s e p a r a q u e los s i g n o s p u e d a n ser t a m b i é n l e í d o s ( e n el
sentido más a m p l i o ) , « d e s c o d i f i c a d o s » .
H a y u n t e r c e r t i p o de s i g n o s : los s i g n o s i c ó n i c o s . T a m b i é n e l l o s
r e p r e s e n t a n a a l g o , p e r o la r e l a c i ó n e n t r e e l l o s y l o d e s i g n a d o , su
s e m á n t i c a , n o se b a s a e n u n c ó d i g o , e n u n a c u e r d o c o n v e n c i o n a l ,
s i n o e n la s e m e j a n z a . D e a h í q u e , a d i f e r e n c i a d e los s i g n o s s i m b ó l i ­
c o s , p u e d a n s e r c r e a d o s ad hoc. Y d e a h í q u e h a y a a q u í u n e s p a c i o
m u c h o m a y o r p a r a la fantasía, la creatividad y la i n n o v a c i ó n q u e e n el
d o m i n i o de l o s s i g n o s s i m b ó l i c o s . E l e s t u d i o de esta s e m á n t i c a r e c i b e
el n o m b r e d e i c o n o g r a f í a . E l s e g u n d o a c c e s o d e q u e h a b l á b a m o s
c o n s i s t e así e n el e s t u d i o d e la s e m á n t i c a h i s t ó r i c a . P a r a s e g u i r e n el
e j e m p l o d e l p r o c e s o d e f o r m a c i ó n d e l e s t a d o e g i p c i o , este a c c e s o
p r e g u n t a p o r las f o r m a s o « m e n s a j e s » e n l o s q u e e s e p r o c e s o f u e
s e m á n t i c a m e n t e p r e p a r a d o p o r los c o n t e m p o r á n e o s . P o r f o r t u n a ,
estos m e n s a j e s s o n a b u n d a n t e s , y es e s p e c i a l m e n t e i n t e r e s a n t e o b s e r ­
var e n q u é g r a d o el s e n t i d o q u e p o d e m o s e n c o n t r a r e n ellos se desvía
d e l t e s t i m o n i o d e las h u e l l a s .
F i n a l m e n t e , el t e r c e r acceso, el acceso m i t o l ó g i c o , p r e g u n t a p o r las
f o r m a s e n q u e u n a é p o c a c o n c r e t a es m o d e l a d a y r e c o r d a d a e n la t r a d i ­
c i ó n p o s t e r i o r . L l a m o m i t o l ó g i c o a este acceso p o r q u e c r e o q u e el dar
f o r m a a l o s a c o n t e c i m i e n t o s f u n d a d o r e s y t r a n s m i t i r esa f o r m a es u n a
f u n c i ó n básica del m i t o . E l m i t o n o está a q u í e n o p o s i c i ó n a la h i s t o r i a .
A l c o n t r a r i o : t o d a h i s t o r i a q u e e n t r a c o m o t r a d i c i ó n n o r m a t i v a e n la
m e m o r i a c o l e c t i v a d e u n g r u p o se c o n v i e r t e e n m i t o . L o s m i t o s s o n
figuras del r e c u e r d o , figuras f u n d a d o r a s . e n cuya c o n s t a n t e r e p e t i c i ó n y
p r e s e n t a c i ó n u n a s o c i e d a d o c u l t u r a se asegura de su i d e n t i d a d . T a l e s
m i t o s los h a h a b i d o t a m b i é n e n E g i p t o . A p l i c a d o s a n u e s t r o e j e m p l o de
los p r o c e s o s de f o r m a c i ó n del estado, p r e g u n t a r e m o s si estos p r o c e s o s se
h a n g r a b a d o e n la m e m o r i a colectiva d e l o s e g i p c i o s y de q u é m a n e r a .
P o d r í a l l a m a r s e t a m b i é n a este acceso « m n e m o h i s t ó r i c o » . A q u í n o se
trata s ó l o d e l r e c u e r d o de la h i s t o r i a , s i n o t a m b i é n y s o b r e t o d o d e la
h i s t o r i a d e l r e c u e r d o . T a m p o c o a q u í p r e t e n d e m o s divisar el p a s a d o a
través del r e c u e r d o ; s o n los r e c u e r d o s c o m o tales los q u e n o s interesan.
C ó m o se r e c u e r d a el pasado y q u é pasado —tal es la c u e s t i ó n central—.
 I N T R O D U C C I Ó N : 1. L A S A R A Ñ A S Y LAS T E L A S 19

P e r o el r e c u e r d o d e l p a s a d o t i e n e u n a c o n d i c i ó n e s p e c i a l . E l
r e c u e r d o t i e n e s i e m p r e , e n el s e n t i d o m á s v e r d a d e r o de l a p a l a b r a ,
u n p a p e l p r o t a g o n i s t a e n el p r e s e n t e q u e r e c u e r d a . L a s n a r r a c i o n e s
se r e m i t e n al p a s a d o p a r a a r r o j a r l u z s o b r e el p r e s e n t e . Es j u s t a m e n t e
esta l u z la q u e e s t r u c t u r a l o s a c o n t e c i m i e n t o s p a r a l o s c o n t e m p o r á -
neos. Las ficciones de c o h e r e n c i a que o r g a n i z a n nuestras e x p e r i e n -
cias están h e c h a s d e l m a t e r i a l d e n u e s t r o s r e c u e r d o s . S o m o s l o q u e
r e c o r d a m o s , y e s t o s i g n i f i c a : s o m o s las n a r r a c i o n e s q u e p o d e m o s
hacer de n o s o t r o s y nuestro pasado.
O t r o a s p e c t o d e estas f i c c i o n e s d e c o h e r e n c i a q u e e n l a z a n u n
p a s a d o al p r e s e n t e es el h e c h o d e q u e e n ellas n o s ó l o h a y « v í n c u -
l o s » , s i n o t a m b i é n u n c a r á c t e r « v i n c u l a n t e » . N o es s ó l o q u e cada
p r e s e n t e esté « t r a b a d o c o n h i s t o r i a s » y d e esa m a n e r a p e n d a d e l
p a s a d o ; t a m b i é n u n p r e s e n t e se s i e n t e c o m p r o m e t i d o c o n el p a s a d o ,
y hay l a z o s d e o b l i g a c i ó n y r e s p o n s a b i l i d a d q u e i m p i d e n a u n h o y
separarse d e l ayer. N o es s ó l o q u e t e n g a m o s i n t e r é s e n ser m a ñ a n a lo
m i s m o q u e ayer y q u e h o y . a q u í se trata m á s b i e n d e u n a o b l i g a c i ó n
moral y social. L a coherencia que confiere a nuestra vida estructura e
i d e n t i d a d e n p a r t e se n o s i m p o n e , o b i e n se n o s o f r e c e , d e s d e f u e r a .
L a c o n s c i e n c i a h i s t ó r i c a , la e x p e r i e n c i a h i s t ó r i c a y las r e p r e s e n t a c i o -
n e s h i s t ó r i c a s t i e n e n e n g r a n p a r t e su l u g a r e n tales a s p e c t o s d e v i n -
culación, responsabilidad y o b l i g a c i ó n . L a historia tiene m e n o s que
ver c o n u n a « n a r r a c i ó n » q u e c o n u n « d a r c u e n t a » . L a « h i s t o r i a » ,
e n la c é l e b r e d e f i n i c i ó n de J o h a n n L l u i z i n g a , « e s la f o r m a e s p i r i t u a l
7
e n la q u e u n a c u l t u r a da c u e n t a d e su p a s a d o » . S o m o s r e s p o n s a b l e s
de « n u e s t r o » pasado, y t e n e m o s c o n « e l » pasado u n a o b l i g a c i ó n .
L o s l a z o s q u e m a n t i e n e n p r e s e n t e el a y e r e n el h o y s o n m ú l t i p l e s .
Están t o d o s c u l t u r a l m e n t e c o n s t i t u i d o s , p e r o eso n o h a c e q u e los
v í n c u l o s y o b l i g a c i o n e s c o n el p a s a d o s e a n m e n o r e s .
G u a n d o h a b l a m o s de « r e c u e r d o » p r e g u n t a m o s , p u e s , n o s ó l o
p o r la i m a g e n q u e c a d a c o n c r e t o p r e s e n t e se h a h e c h o d e l p a s a d o ,
s i n o t a m b i é n p o r las n a r r a c i o n e s e n y d e s d e las cuales cada p r e s e n t e
c o n c r e t o vive, p o r s u « m i t o m o t ó r i c a » . C a b e m u y b i e n p e n s a r q u e
las h i s t o r i a s q u e p o s t e r i o r m e n t e se c u e n t a n s o b r e u n a c o n t e c i -
m i e n t o , p o r e j e m p l o la « u n i f i c a c i ó n d e l r e i n o » e g i p c i o , c o n t i n ú a n
la m i s m a n a r r a c i ó n e n cuyo m a r c o ese a c o n t e c i m i e n t o m i s m o fue ya

7 Johan Huizinga, « A Definition of History», en H . J. Patón y R. Klibanski (ecls.),

History and Philosophy. Essayspresented to E. Cassirer, Oxford, 1936,1-10, esp. 9.
 EGIPTO

e s c e n i f i c a d o y e x p e r i m e n t a d o p o r los c o n t e m p o r á n e o s . T e n e m o s q u e
c o n t a r c o n q u e las n a r r a c i o n e s n o s o n p u r a m e n t e p o s t e r i o r e s , s i n o
q u e las e x p e r i e n c i a s a q u e se r e f i e r e n están a su v e z a l i m e n t a d a s p o r
n a r r a c i o n e s . L a l u z b a j o la cual v e m o s las cosas la o b t e n e m o s s i e m p r e
de e x p e r i e n c i a s r e c o r d a d a s .
 2. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL TIEMPO

EL CRONOTOPO EGIPCIO

T o d o v i a j e r o q u e e n t r a e n c o n t a c t o c o n u n a c u l t u r a e x t r a ñ a está
f a m i l i a r i z a d o c o n la s e n s a c i ó n d e i n t r o d u c i r s e e n o t r a t e m p o r a l i d a d
e n la q u e e l t i e m p o está o d e t e n i d o o a d e l a n t a d o , o e s t a n c a d o , o
transcurriendo e n círculo, o r e p o s a n d o . Q u i e n hace c i n c o años v i a -
j a b a a H a l l e , p o d í a s e n t i r s e t r a n s p o r t a d o a s u i n f a n c i a d u r a n t e la
g u e r r a y la p o s g u e r r a , y q u i e n viaja a C a l i f o r n i a t i e n e la i m p r e s i ó n de
u n e n c u e n t r o c o n el f u t u r o . E g i p t o es el l u g a r c l á s i c o de. esta e x p e -
r i e n c i a d e l t i e m p o . Y a p a r a l o s a n t i g u o s g r i e g o s , E g i p t o era el país e n
el q u e el t i e m p o se d e t e n í a ; u n viaje a E g i p t o e r a p a r a e l l o s u n viaje
e n el t i e m p o , u n viaje al p a s a d o m á s r e m o t o .
T h o m a s M a n n h a descrito e n su Montaña mágica esta especie de e s p a -
cio d e t e m p o r a l i d a d p r o p i a , e n el q u e el t i e m p o p a r e c e t r a n s c u r r i r
s e g ú n leyes p r o p i a s y e n a l g ú n o r d e n e s p e c i a l . E n la v i d a c o t i d i a n a de
u n s a n a t o r i o , r i t m a d a p o r el r e t o r n o p r e c i s o de a c o n t e c i m i e n t o s s i e m -
pre, i g u a l e s , p e r o q u e , a p e s a r d e la a p a r e n t e c i r c u l a r i d a d , l o s i n d i v i -
d u o s s o n i n c e s a n t e m e n t e i m p u l s a d o s a u n final, sea éste la m u e r t e o la
c u r a c i ó n , e l t i e m p o es e x p e r i m e n t a d o de o t r a m a n e r a , y a d o p t a o t r a
f o r m a q u e e n la v i d a c o r r i e n t e . L a m i s m a e x p e r i e n c i a de u n a d i f e r e n -
cia e n la e x p e r i e n c i a d e l t i e m p o se h a c e e n el e n c u e n t r o c o n otras c u l -
turas. P o r eso cabe a p r o v e c h a r para la c i e n c i a de la c u l t u r a el c o n c e p t o
d e « c r o n o t o p o » , a c u ñ a d o p o r el f i l ó l o g o r u s o M i j a i l B a c h t i n p a r a la
 EGIPTO
22
8
c o n f i g u r a c i ó n l i t e r a r i a de esos e s p a c i o s de t e m p o r a l i d a d p r o p i a . E l
a n t i g u o E g i p t o c o n f i g u r ó u n c r o n o t o p o m u y p a r t i c u l a r , y e n este s e n -
t i d o era c o m p a r a b l e a la Montaña mágica. A l p r o p i o T h o m a s M a n n n o se
le e s c a p ó p o r l o d e m á s este p a r a l e l i s m o . E m p a l m a n d o d i r e c t a m e n t e
c o n el t r a b a j o e n la Montaña mágica e m p r e n d i ó el g r a n p r o y e c t o d e las
n o v e l a s de J o s é , e n las q u e p u d o d a r a p o y o a sus c o n o c i m i e n t o s de
f e n o m e n o l o g í a de la e x p e r i e n c i a t e m p o r a l a p l i c á n d o l o s al p e n s a m i e n t o
m í t i c o e n g e n e r a l y a la cultura egipcia e n p a r t i c u l a r .
D e t o d a s las f o r m a c i o n e s y c o n s t r u c c i o n e s d e s e n t i d o , d e c u y o
n a c i m i e n t o , despliegue y rechazo tiene que dar cuenta u n a historia
del s e n t i d o , la c o n s t r u c c i ó n c u l t u r a l d e l t i e m p o es l a m á s b á s i c a y
e x t e n s a . E l l a c o n s t i t u y e el v e r d a d e r o m a r c o d e l a h i s t o r i a , cuya
f o r m a y c u y o c u r s o s ó l o se e n t i e n d e d e s d e este p u n t o d e vista. S ó l o
e n el m a r c o d e l t i e m p o c u l t u r a l se m u e s t r a la e s p e c í f i c a f o r m a c u l -
t u r a l d e la, o m á s b i e n , d e una h i s t o r i a . S ó l o e n este m a r c o se h a c e
p a t e n t e q u e n o s ó l o las f o r m a s c u l t u r a l e s t i e n e n u n a h i s t o r i a , s i n o
q u e l a h i s t o r i a m i s m a t i e n e t a m b i é n u n a f o r m a , y q u e ésta p u e d e
describirse c o m o forma cultural. La historia c o m o forma cultural
—este p l a n t e a m i e n t o está p a r t i c u l a r m e n t e p r ó x i m o al e g i p t ó l o g o ,
p u e s la h i s t o r i a d e l o s f a r a o n e s , c o m o v e r e m o s , e x h i b e p e c u l i a r i d a -
des f o r m a l e s p a r t i c u l a r m e n t e l l a m a t i v a s . ' L o s l í m i t e s t e m p o r a l e s d e
esta h i s t o r i a e s t á n d e t e r m i n a d o s p o r la p r i m e r a a p a r i c i ó n y l a p a u -
l a t i n a d e s a p a r i c i ó n de la escritura j e r o g l í f i c a , q u e de u n a m a n e r a
n a d a c a s u a l c o i n c i d e c o n el n a c i m i e n t o y la d e c a d e n c i a d e la f o r m a
de e s t a d o e s p e c í f i c a m e n t e f a r a ó n i c a . S e trata de a l r e d e d o r de 3-500
a ñ o s , d e s d e ca. 3200 a . G . hasta ca. 300 d . C . M i e n t r a s el h i s t o r i a d o r
d e s c r i b e la h i s t o r i a d e esta f o r m a , al h i s t o r i a d o r d e l s e n t i d o l e i n t e -
r e s a l a f o r m a d e esta h i s t o r i a . E s d e c i r , q u e t a m b i é n la h i s t o r i a
m i s m a es e n t e n d i d a c o m o u n a f o r m a c u l t u r a l . O t r a s c u l t u r a s t i e n e n
otras historias. L a historia del sentido p r o c e d e de m a n e r a relati-
vista; e n t i e n d e la h i s t o r i a n o d e s d e u n m a r c o u n i v e r s a l , s i e m p r e c o n
la m i s m a f o r m a , d e n t r o d e l c u a l se d e s p l i e g a c a d a c u l t u r a a s u
m a n e r a . P a r a ella, la h i s t o r i a s u r g e a n t e t o d o c o m o f u n c i ó n d e ese
p r o c e s o d e d e s p l i e g u e q u e c a d a c u l t u r a p r o d u c e e n v i r t u d d e sus
p r o p i a s p o s i b i l i d a d e s s e m á n t i c a s ; P a r a e l l a n o e x i s t e el s e n t i d o
ú n i c o , d a d o d e la m i s m a m a n e r a a t o d a s las c u l t u r a s , q u e ellas e n
t o d o caso r e c o n o c e r í a n , e x p r e s a r í a n y t r a d u c i r í a n e n a c c i ó n p o l í t i c a

8 J. B e n d e r y D . E. Wellbury (eds.), Chronoppes. The Construction ofTime, Standford, 199I.

 I N T R O D U C C I Ó N : 2. LA C O N S T R U C C I Ó N CULTURAL DEL T I E M P O 23

d e m a n e r a d i f e r e n t e . M á s b i e n e l l a p a r t e d e q u e t o d a s las c u l t u r a s
desarrollan su p r o p i a semántica, a u n q u e , n a t u r a l m e n t e , no sin
contactos y posibilidades de c o m u n i c a c i ó n y de traducción entre
ellas. L a h i s t o r i a d e u n a c u l t u r a , o sea, d e u n a s o c i e d a d , n o se p u e d e
d e s c r i b i r e n s u f o r m a y e n s u c u r s o i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e la
s e m á n t i c a c u l t u r a l p r o p i a d e esa s o c i e d a d . P o r eso es t a m b i é n la h i s ­
t o r i a m i s m a u n p r o d u c t o d e la c u l t u r a , u n a f o r m a c u l t u r a l .

T I E M P O LINEAL Y TIEMPO CÍCLICO

E l t i e m p o c u l t u r a l es c o n s t r u i d o p o r cada s o c i e d a d y e n cada é p o c a d e
u n a m a n e r a p a r t i c u l a r . L a s c u l t u r a s n o se d e s p l i e g a n e n e l t i e m p o
físico o g l o b a l , s i n o e n el t i e m p o c u l t u r a l y l o c a l , es d e c i r , e n el t i e m p o
tal c o m o ellas l o i n t e r p r e t a n , c o n s t r u y e n y, d e ese m o d o , l o p r o d u c e n .
F r e n t e a l . t i e m p o físico o g l o b a l existen los t i e m p o s culturales o locales,
los t i e m p o s e n p l u r a l , la p l u r a l i d a d d e c o n s t r u c c i o n e s d e l t i e m p o
específicas d e cada cultura. G o m o todas las d e m á s d i m e n s i o n e s de u n a
s e m á n t i c a c u l t u r a l , e l t i e m p o c u l t u r a l t a m b i é n está o r g a n i z a d o p o r
e n c i m a d e algunas d i s t i n c i o n e s f u n d a m e n t a l e s . E n t r e ellas c o n t a r í a y o
9
la d i s t i n c i ó n establecida p o r N i k l a s L u h m a n n entre « a c o n t e c i m i e n ­
t o s » y « p e r m a n e n c i a s » , así c o m o la d i s t i n c i ó n e n t r e « e s p a c i o d e
experiencia» y «horizonte de expectativas», que ha desarrollado
10
R e i n h a r t K o s e l l e c k e n varios i m p o r t a n t e s t r a b a j o s . Y e n t e r c e r l u g a r
hay q u e c o n t a r t a m b i é n e n t r e las d i s t i n c i o n e s f u n d a m e n t a l e s d e l
t i e m p o cultural, la d i s t i n c i ó n entre r e c u e r d o y r e n o v a c i ó n o , h a b l a n d o
11
abstractamente, e n t r e t i e m p o l i n e a l y t i e m p o c í c l i c o .

9 Niklas Luhmann, VertrauerCEin Mechanismus der Reduktion sozialer Komplexitat, Stuttgart,

19732, pp. IO s. Para Luhmann, ambos conceptos de tiempo, el tiempo como dura­
ción («permanencias») y el tiempo como acontecimientos («acontecimientos») se
excluyen mutuamente en el sentido de los polos que se niegan mutuamente de una
relación contradictoria. Pero, naturalmente, eso no quiere decir que no estén ahí,
que no constituyan juntos el concepto superior «tiempo» en una construción e
interpretación culturales específicas. Ninguna sociedad vive unilateralmente en un
tiempo de acontecimientos o en un tiempo de permanencias.
10 Cfr'. en especial «'Erfahrungsraum' und 'Erwartungshorizont' - zwei historische
-
Kategorien», en Reinhart Koselleck, Vergangenefyikunjl, Frankfurt, 1979» 349 375
a
(l ed., 1976).
11 Cfr. al respecto mi artículo «Zeit der Erneuerung, Zeit der Rechenschaft: Mythos
und Geschichte in frühen Kulturen», enj. Huber y A. M. Müller (eds.), «Kultur»
I I - I
und «Gemeinsinn», Interventionen 3, Basilea-Frankfurt, 1994. 7 94-
 24 EGIPTO

Utilizo e m p e r o esta d i s t i n c i ó n e n u n sentido c o m p l e t a m e n t e distinto

del q u e hasta a h o r a ha s i d o usual desde S a n A g u s t í n . Para S a n A g u s t í n ,
la m u e r t e de Jesús e n la c r u z era el a c o n t e c i m i e n t o ú n i c o e irreversible
que, para t o d o s los q u e c r e e n eri él, da al t i e m p o la f o r m a de u n a l í n e a .
M i e n t r a s los p a g a n o s y e r r a n e n c í r c u l o , los cristianos c a m i n a n hacia la
1 2
m e t a de la R e d e n c i ó n . C o n esta d i s t i n c i ó n e n t r e u n t i e m p o c í c l i c o
p r o f a n o y u n t i e m p o l i n e a l sagrado, S a n A g u s t í n p u s o los f u n d a m e n t o s
13
de la c o m p r e n s i ó n m e d i e v a l del t i e m p o y la h i s t o r i a . « E n la c r o n o s o f í a
cristiana de la alta E d a d M e d i a » , escribe K r z y s z t o f P o m i a n , « l a idea d e l
t i e m p o l i n e a l e i r r e v e r s i b l e c a r a c t e r i z a e x c l u s i v a m e n t e a la H i s t o r i a
Sagrada, e n la q u e D i o s es el ú n i c o protagonista. L a historia de la Iglesia
c o m o u n a i n s t i t u c i ó n a la vez visible y s o b r e n a t u r a l m u e s t r a e n su p e r -
m a n e n c i a q u e ella escapa al efecto destructivo del t i e m p o p r o f a n o . C o n -
siderado éste c í c l i c a m e n t e , n o era c o m o tal el t i e m p o de la c r o n o l o g í a ,
s i n o el del c a l e n d a r i o , m a r c a d o p o r l o s r i t m o s de las m a ñ a n a s , l o s
m e d i o d í a s y los atardeceres, los n a c i m i e n t o s y las m u e r t e s q u e i n c e s a n -
1 4
t e m e n t e se r e p i t e n » . L a Iglesia cristiana a p a r e c e a q u í , e n e l m i s m o
sentido que en el antigu.0 E g i p t o , c o m o u n c r o n o t o p o q u e , p o r o b r a de
su c o n s t r u c c i ó n c u l t u r a l d e l t i e m p o , se excluye d e l c a m b i a n t e m u n d o
circundante c o m o u n l u g a r de p e r m a n e n c i a .
E n esta c o n c e p c i ó n a g u s t i n i a n a d e l t i e m p o cíclico y el t i e m p o l i n e a l
es esencial la exclusividad d e la d i v i s i ó n . T a m b i é n p a r a S a n A g n s t í n es
la semántica c u l t u r a l , o sea, religiosa, la q u e p r e s e n t a al t i e m p o c o m o
c í r c u l o o c o m o flecha. P e r o las d o s f o r m a s se e x c l u y e n m u t u a m e n t e .
U n p u e b l o vive e n el t i e m p o l i n e a l d e la Historia sacra o e n el t i e m p o
c í c l i c o de la historia profana, p e r o n o e n a m b o s a la v e z . L a d i s t i n c i ó n
e n t r e el t i e m p o c í c l i c o y e l t i e m p o l i n e a l p a s ó d e s p u é s a la m o d e r n a
teoría de la c u l t u r a . Esta se r e m i t e a q u í de m a n e r a especial al i n v e s t i -
g a d o r de las r e l i g i o n e s M i r c e a E l i a d e q u e , e n su l i b r o Le mythe de l'éternel
retour ( 1 9 4 9 ) , expuso la tesis de q u e el p e n s a m i e n t o m í t i c o c o n s t r u y e el
tiempo cíclicamente y e x p e r i m e n t a todos los a c o n t e c i m i e n t o s c o m o
r e t o r n o de m o d e l o s n o c r e a d o s , m i e n t r a s q u e el p e n s a m i e n t o h i s t ó -
r i c o construye el t i e m p o c o m o u n a l í n e a y u n a f l e c h a c o n u n a d i r e c -
c i ó n , e n el q u e l o s a c o n t e c i m i e n t o s s o n e x p e r i m e n t a d o s c o m o r u p -

12 De Givitate Deí X I I 14.; cfr. Wolfgang K e m p , Christliche Kunst, ihre Anfange, ihre Strukturen,
Munich, 1994. 75-79-
13 Anthony K e m p , The Estrangement ofthe Past. A Study in the Origins ofModern Consciousness,
Nueva York/Oxford, 1991, esp. cap. I , «Foundations ofthe Medieval Past», 3-34.
14 Krysztof Pomian, L'ordre dutemps, París, 1984, 39 s.
 I N T R O D U C C I Ó N : 2. LA C O N S T R U C C I Ó N CULTURAL DEL T I E M P O

tura, i n n o v a c i ó n y c a m b i o . El a n t r o p ó l o g o cultural estructuralista

C l a u d e L é v i - S t r a u s s h a d e s a r r o l l a d o a ú n más esta tesis c o n la d i s t i n -
c i ó n e n t r e s o c i e d a d e s « c a l i e n t e s » y « f r í a s » . C o n ella, el d u a l i s m o de
las f o r m a s d e l t i e m p o se e r i g e e n u n a estrategia y u n a t é c n i c a c u l t u r a l
c o n s c i e n t e s , c o n t r a d i s t i n t i v a s . L a s s o c i e d a d e s frías n o v i v e n s e n c i l l a -
m e n t e f u e r a d e la h i s t o r i a , s i n o q u e m a n t i e n e n la h i s t o r i a f u e r a , le
c i e r r a n las p u e r t a s , e v i t a n t e n e r h i s t o r i a , al p r e t e n d e r « a n u l a r , p o r
m e d i o de las i n s t i t u c i o n e s q u e se d a n , de u n a m a n e r a cuasi a u t o m á t i c a
los efectos q u e p o d r í a n t e n e r los factores h i s t ó r i c o s s o b r e su e q u i l i b r i o
1 5
y su c o n t i n u i d a d » . P a r e c e n « h a b e r a d q u i r i d o o c o n s e r v a d o u n a
s a b i d u r í a especial q u e les p e r m i t e o p o n e r u n a r e s i s t e n c i a d e s e s p e r a d a
a t o d o c a m b i o d e su estructura q u e h i c i e r a p o s i b l e u n a p e n e t r a c i ó n de
la h i s t o r i a » . L a s s o c i e d a d e s « c a l i e n t e s » , e n c a m b i o , se « c a r a c t e r i z a n
p o r u n a n e c e s i d a d i n c o n t e n i b l e de t r a n s f o r m a c i ó n , y p o r q u e h a n
i n t e r i o r i z a d o su h i s t o r i a (leur devenir historique) p a r a h a c e r l a m o t o r de su
e v o l u c i ó n » . L o q u e L é v i - S t r a u s s califica de « f r í o » n o significa, p u e s ,
u n a c a r e n c i a , s i n o u n a c u a l i d a d positiva, q u e es a t r i b u i d a a u n a « s a b i -
d u r í a » especial y a « i n s t i t u c i o n e s » especiales. « F r í o » n o significa el
estado c e r o de la c u l t u r a , p u e s esta c o n d i c i ó n d e b e ser p r o d u c i d a . Este
c o n o c i m i e n t o s i g n i f i c a u n c a m b i o d e é p o c a e n la i n v e s t i g a c i ó n d e l
t i e m p o c u l t u r a l y e n la r e c o n s t r u c c i ó n d e c r o n o t o p o s c u l t u r a l e s .
L a f o r m a t í p i c a q u e t i e n e n las c u l t u r a s a n t i g u a s d e p r o d u c i r f r í o y
de e n f r i a r el c a m b i o es el t r a t a m i e n t o r i t u a l d e l t i e m p o c o m o c i c l o .
L o s r i t o s h a c e n c í c l i c o al t i e m p o al evitar las a n o m a l í a s m e d i a n t e la
o b s e r v a c i ó n e s c r u p u l o s a d e l o s p r e c e p t o s y al v e l a r p a r a q u e cada c e l e -
b r a c i ó n c o n c u e r d e e x a c t a m e n t e c o n todas las p r e c e d e n t e s . E l m o d e l o
d e esta c o n g r u e n c i a c í c l i c a es el c o s m o s c o n sus c i c l o s a s t r o n ó m i c o s ,
m e t e o r o l ó g i c o s y v e g e t a t i v o s . D e ese m o d o , la p r o d u c c i ó n d e t i e m p o
c í c l i c o sirve e n p r i m e r t é r m i n o p a r a h a c e r c o n c o r d a r e l o r d e n
h u m a n o c o n el o r d e n c ó s m i c o . L a s s o c i e d a d e s frías se o r i e n t a n a
m o d e l o s d e l o r d e n c ó s m i c o . L a f o r m a típica de p r o d u c i r c a l o r las c u l -
t u r a s es, s e g ú n L é v i - S t r a u s s , el t r a t a m i e n t o l i n e a l d e l tiempo
m e d i a n t e la h i s t o r i o g r a f í a , el r e c u e r d o d e l d e v e n i r y d e l c a m b i o h i s t ó -
r i c o s , así c o m o la p l a n i f i c a c i ó n d e l f u t u r o . L a p r o d u c c i ó n de t i e m p o
l i n e a l sirve a la c o n s o l i d a c i ó n d e l d o m i n i o y d e la i d e n t i d a d so c i ó -
p o l í t i c a . E l l o se a c o m p a ñ a de la estatalización y la e s c r i t u r a .

o r
15 Claude Lévi-Strauss, Das wilde Denken, Frankfurt, 1973. 2 7 - Cf -> del mismo autor,
SirukturaleAnthropologie, Frankfurt, 1960, 39. •
26 EGIPTO

P e r o n o se p u e d e e n t e n d e r la o p o s i c i ó n e n t r e t i e m p o c í c l i c o y
lineal en el s e n t i d o de q u e Una c u l t u r a vive o e n el t i e m p o c í c l i c o o
en el lineal. A q u í se trata m á s b i e n de u n a d i s t i n c i ó n q u e está e n la
base de toda c o n s t r u c c i ó n d e l t i e m p o c u l t u r a l . E l t i e m p o c u l t u r a l es
organizado p o r e n c i m a d e la d i s t i n c i ó n de r e v e r s i b i l i d a d e i r r e v e r s i -
b i l i d a d , ciclo t e m p o r a l y flecha t e m p o r a l , d e l m i s m o m o d o q u e e l
d e r e c h o se o r g a n i z a p o r e n c i m a d e l o « j u s t o » y l o « i n j u s t o » , la
m o r a l p o r e n c i m a de l o « b u e n o » y l o « m a l o » , la e s t é t i c a p o r
e n c i m a de lo « b e l l o » y l o « f e o » , y la p o l í t i c a p o r e n c i m a d e l o
1
« a m i g o » y lo « e n e m i g o » .
E n lugar de p r e g u n t a r si u n a c u l t u r a t i e n e u n c o n c e p t o l i n e a l o
cíclico del t i e m p o , h a b r í a más b i e n q u e p r e g u n t a r p o r l o s lugares de l o
lineal y d e lo cíclico d e n t r o d e u n a c u l t u r a y p o r las r e l a c i o n e s espe-^-
cíficas de d o m i n i o de u n o s o b r e o t r o . H a y « l u g a r e s d e r e c u e r d o » y
« l u g a r e s de r e n o v a c i ó n » . Y l o m i s m o r e s p e c t o a « f r í o » y
« c a l i e n t e » . Las culturas s o n p o r n o r m a g e n e r a l c o m p l e j a s , y p r e s e n ­
tan lugares de frío y l u g a r e s d e c a l o r . H a y q u e p r e g u n t a r p o r el p a p e l
que j u e g a n en la c o n s t r u c c i ó n d e l m u n d o c u l t u r a l d e s e n t i d o , p o r las
formas de su i n s t i t u c i o n a l i z a c i ó n y p o r las t e n s i o n e s e x i s t e n t e s d e n ­
tro de u n a cultura e n t r e las i n s t i t u c i o n e s de c a l o r y de f r í o , e n t r e el
carácter lineal y el carácter c í c l i c o . S ó l o el j u e g o e s p e c í f i c o de c a l o r y
frío, de lo lineal y l o c í c l i c o , d e t e r m i n a la p e c u l i a r i d a d d e u n c r o n o -
t o p o cultural.
G u a n d o n o v e m o s las c u l t u r a s c o m o totalidades h o m o g é n e a s , s i n o
que s u p o n e m o s q u e s o n a l a v e z « f r í a s » y « c a l i e n t e s » y c o n o c e n

l6 Helga Nowotny, Eigenzeit. EntstehungundStrukturierung eines/(pitgefihls, Frankfurt, 1989; Ste-

phen Hawking, Eine kurze Geschichte der&it, Reinbek, 1988-, Stephen Gould, Die Entdeckung
derTiefenzeit.feitpfeiloder&ityklusinderGeschichteunsererErde, Munich, 1990 (ed. am., 1987);
WolfgangKaempfer, Die %eit und die Uhren, Frankfurt, 1992. El más consecuente en este
respecto, en lo que al concepto de tiempo se refiere, ha sido el etnólogo Maurice
Bloch: Maurice Bloch, « T h e past and the present in the present», en Ritual, History and ,
Power: Selected Papers in Anthropology, L o n d o n School o f Economics, Monographs o n
Social Anthropology N o . 58, Londres, 1989, 1989, I-18. Agradezco la recomenda­
ción de este estudio a Thomas Levin (Princeton) y a Gadi Algazi (Tel Aviv). Bloch
parte de la premisa de que en cada cultura predominan conceptos lineales y cíclicos
del tiempo, y los interpreta como tiempo profano y tiempo sagrado respectivamente.
Tiempo lineal es el tiempo de las actividades cotidianas. Los conceptos del tiempo
que aquí se observan son casi idénticos y están como por encima de la diversidad de
las culturas. Los conceptos cíclicos, en cambio, tienen su lugar en las distintas formas
de comunicación ritual y ceremonial, y aquí aparecen diferencias fundamentales en
los conceptos culturales del tiempo. M . Bloch pone cabeza abajo la teoría agustiniana
del tiempo e identifica el tiempo lineal con el profano y el cíclico con el sagrado.
 I N T R O D U C C I Ó N : 2. LA C O N S T R U C C I Ó N CULTURAL D E L T I E M P O 27

t a n t o f o r m a s l i n e a l e s c o m o cíclicas ( c o m o t a m b i é n n o - c í c l i c a s y n o -
l i n e a l e s ) d e l t i e m p o , y q u e hay p l u r a l i d a d y t e n s i ó n i n m a n e n t e s a su
c u l t u r a , e s t a m o s e n s i t u a c i ó n d e s a l i r al p a s o d e u n a o b j e c i ó n q u e
s i e m p r e se h a p u e s t o al p u n t o d e vista relativista e n la t e o r í a d e la c u l -
tura. E l acceso relativista a la c u l t u r a , q u e p r e s u p o n e q u e cada c u l t u r a
vive e n su p r o p i a r e a l i d a d y q u e el c o n o c i m i e n t o está c u l t u r a l m e n t e
d e t e r m i n a d o , se ve c o n f r o n t a d o c o n d o s p r o b l e m a s : ¿ c ó m o e x p l i c a r
q u e las s o c i e d a d e s p u e d e n c a m b i a r , p u e d e n c r i t i c a r , m o d i f i c a r ,
a m p l i a r su p r o p i a i m a g e n d e l m u n d o , si t o d o s l o s c o n c e p t o s , c o n o -
cimientos y experiencias están c u l t u r a l m e n t e d e f i n i d o s y estableci-
1 7
dos? ¿ C ó m o es p o s i b l e el i n t e r c a m b i o , la t r a d u c c i ó n y la c o m p r e n -
s i ó n e n t r e d i f e r e n t e s c u l t u r a s , si c a d a u n a vive e n la j a u l a d e su
1 8
p r o p i a s e m á n t i c a , de su p r o p i o m u n d o d e c o n c e p t o s ? .
P u e d e r e s p o n d e r s e a a m b a s o b j e c i o n e s a d m i t i e n d o la p l u r a l i d a d
i n m a n e n t e a la c u l t u r a . L a s c u l t u r a s e s t á n p l u r i - s i s t é m i c a m e n t e
o r g a n i z a d a s , y las d i f e r e n c i a s d e n t r o d e esa p l u r a l i d a d a d m i t e n d i s -
tintos grados. Las posibilidades tanto de c a m b i o intracultural c o m o
de c o m p r e n s i ó n i n t e r c u l t u r a l se m i d e n p o r el g r a d o d e esta p l u r a l i -
dad i n t r a c u l t u r a l . C u a n t o m á s c o m p a c t a o i n d i f e r e n c i a d a es u n a c u l -
t u r a , m e n o s capaz es de a u t o c r í t i c a y a u t o t r a n s f o r m a c i ó n . L a c u l t u r a
f a r a ó n i c a , p o r e j e m p l o , n o estaba e n c o n d i c i o n e s d e p o d e r r e p r e -
sentarse otra f o r m a de o r d e n p o l í t i c o l e g í t i m o q u e la m o n á r q u i c a .
D e n t r o de su sistema cultural y social n o había d i f e r e n c i a d o c l a r a -
m e n t e n i n g u n a p o s i c i ó n d e s d e la c u a l p o d e r d e s a r r o l l a r d i s t i n t a s
o p c i o n e s y p r e g u n t a r s e p o r el m e j o r o r d e n p o l í t i c o . E l p r o b l e m a d e
la l e g i t i m i d a d s ó l o se p l a n t e ó s i e m p r e e n r e l a c i ó n a l a p e r s o n a d e l
g o b e r n a n t e , c o m o e n el c a s o d e l o s u s u r p a d o r e s o d e la m u j e r e s ,
p e r o n u n c a e n r e l a c i ó n al s i s t e m a d e la m o n a r q u í a f a r a ó n i c a . D i s -
t i n t o . e r a el c a s o d e I s r a e l : a l l í l o s p r o f e t a s m a r c a b a n u n a p o s i c i ó n
d e s d e la c u a l c a b í a t e m a t i z a r la c u e s t i ó n d e l o r d e n p o l í t i c o . E n G r e -
cia existía el o r á c u l o de D e l f o s , y e x i s t í a n t a m b i é n , o r i g i n a r i a m e n t e
quizá n o del t o d o i n d e p e n d i e n t e s de instancias religiosas, los «siete
s a b i o s » , c o n los q u e e n el c u r s o de l o s siglos se d i f e r e n c i ó la p o s i c i ó n
i n d e p e n d i e n t e d e la f i l o s o f í a . P e r o p o r d e b a j o de este p l a n o i n a c c e -
s i b l e a la r e f l e x i ó n c r í t i c a t a m b i é n h u b o e n E g i p t o p o s i b i l i d a d e s y

17 Cfr. al respecto especialmente M. Bloch, op. cíí.

18 Tal es la objeción que hizo Thomas Mann a la morfología cultural de Oswald
Spengler.
 28 EGIPTO

formas de reflexividad d i s c u r s i v a . N o s ó l o h a b í a distintas i n s t i t u c i o ­

nes y p o s i c i o n e s d e n t r o d e la s o c i e d a d , c o r n o , p o r e j e m p l o , l o s
sacerdotes y los f u n c i o n a r i o s , l o s m i l i t a r e s , l o s e s c r i b a s y l o s a r q u i ­
tectos; t a m b i é n h a b í a distintas t r a d i c i o n e s q u e se a s o c i a b a n a los d i s ­
tintos c e n t r o s r e l i g i o s o s y c u l t u r a l e s , y d e n t r o d e estas t r a d i c i o n e s
había viejos y n u e v o s t e x t o s , así c o m o v i e j o s y n u e v o s c o n c e p t o s ,
experiencias y c o n o c i m i e n t o s . S ó l o las f o r m a s d e l p a s a d o a l m a c e n a ­
das y accesibles a t o d o p r e s e n t e m e r c e d a la e s c r i t u r a y a o t r o s m e d i o s
de la m e m o r i a c u l t u r a l p r o d u c e n ya p l u r a l i d a d y d i f e r e n c i a c i ó n
intracultural.
Pero sería falso e n t e n d e r la c a p a c i d a d i n t r a c u l t u r a l de c a m b i o y la
c o m p r e n s i ó n i n t e r c u l t u r a l c o m o c o n d i c i o n e s f u n d a m e n t a l e s y obvias
de la cultura, dadas s i e m p r e d e la m i s m a m a n e r a , y v a l o r a r u n a t e o ­
ría de la c u l t u r a s e g ú n la j u s t i c i a q u e h a g a a tales c o n d i c i o n e s . U n a
teoría de la c u l t u r a n o s ó l o t i e n e q u e e x p l i c a r c ó m o s o n p o s i b l e s el
cambio y la t r a d u c c i ó n , s i n o t a m b i é n p o r q u é éstos n o se d a n d e la
misma m a n e r a e n todas las c u l t u r a s y cuáles s o n las c o n d i c i o n e s d e su
p o s i b i l i d a d . L a h i p ó t e s i s d e la p l u r a l i d a d i n m a n e n t e a la c u l t u r a
tiene en cuenta estas e x i g e n c i a s .
D e esta d i s c u s i ó n se p u e d e d e s t a c a r s o b r e t o d o el h e c h o de q u e el
sentido n o es cosa d e u n a f o r m a e s p e c i a l d e t i e m p o , d e l l i n e a l , p o r ':
ejemplo, e n o p o s i c i ó n al c í c l i c o ( S a n A g u s t í n ) , o d e l c í c l i c o e n o p o ­
sición al lineal ( M . B l o c h , cfr. n o t a 17), s i n o q u e ambas f o r m a s r e p r e ­
sentan c o n s t r u c c i o n e s c u l t u r a l e s d e l s e n t i d o . S e n t i d o s i g n i f i c a a q u í
tanto c o m o d i r e c c i ó n : t i e m p o e h i s t o r i a t i e n e n s e n t i d o e n e l g r a d o
en que t i e n e n u n a d i r e c c i ó n e s p e r a b l e . « L í n e a » y « c i c l o » s o n f ó r ­
mulas abreviadas d e este s e n t i d o d i r e c c i o n a l , a m b a s f o r m a s t i e n e n
•que ser c o n f i g u r a d a s e i n t e r p r e t a d a s c u l t u r a l m e n t e . E n esta d i s c u ­
sión, todas las p o s i c i o n e s c o n v e r g e n e n la s u p o s i c i ó n de q u e t i e m p o ,
historia y r e a l i d a d s o n c o n s t r u c c i o n e s s o c i a l e s y f o r m a s s i m b ó l i c a s
que en cada é p o c a y e n c a d a c u l t u r a r e c i b e n su f o r m a y f i s o n o m í a
específicas. A l a l u z d e esta t e o r í a es p o s i b l e c o m p r e n d e r la h i s t o r i a
como una forma y u n a c o n s t r u c c i ó n culturales. T e n d r í a que p o d e r
mostrarse q u e las s o c i e d a d e s e n las q u e d o m i n a n las i n s t i t u c i o n e s
« f r í a s » n o s ó l o e x p e r i m e n t a n l a h i s t o r i a d e o t r a m a n e r a q u e las
«calientes», sino q u e tienen o t r a h i s t o r i a , q u e c o n sus f o r m a s de cons^-
titución histórica d e l s e n t i d o están i n t e r e s a d a s , hasta c i e r t o g r a d o e n
t o d o caso, e n l o q u e se les p u e d e a t r i b u i r c o m o « s u h i s t o r i a » . L a
historia n o es s ó l o l o q u e o b j e t i v a m e n t e l e « s u c e d e » a u n g r u p o , a
 I N T R O D U C C I Ó N : 2. LA C O N S T R U C C I Ó N CULTURAL DEL TIEMPO 29

u n p u e b l o , a u n a c u l t u r a , s i n o t a m b i é n a q u e l l o q u e é s t o s , e n el
m a r c o d e sus p r o p i a s m e t a s y c o n s t r u c c i o n e s d e l s e n t i d o , p o r u n a
p a r t e p e r s i g u e n o b r a n d o y, p o r otra, r e t i e n e n r e c o r d a n d o .
La v i s i ó n de E g i p t o desde historia del s e n t i d o c o m o c r o n o t o p o
n o s c o l o c a así a n t e la t a r e a d e p r e g u n t a r n o s p o r las c o n s t r u c c i o n e s
e s p e c í f i c a m e n t e e g i p c i a s d e l t i e m p o , la h i s t o r i a y la r e a l i d a d . L a h i s ­
toria d e l s e n t i d o p a r t e de q u e la r e a l i d a d s ó l o se p u e d e a p r e c i a r a t r a ­
vés de la v e n t a n a d e l m a r c o de c o n d i c i o n e s e s p e c í f i c o d e u n a c u l t u r a .
D e u n a historia del sentido de E g i p t o p o d e m o s r e c i b i r aclaraciones
s o b r e q u é r e a l i d a d es v i s i b l e a través d e la v e n t a n a del m a r c o de c o n ­
d i c i o n e s e g i p c i o o, h a b l a n d o d e u n a f o r m a m e n o s r e l a t i v a , q u é
m i r a d a s o b r e « l a » r e a l i d a d n o s ofrece la h i s t o r i a , el m u n d o c o n c e p ­
tual y las s i m b o l i z a c i o n e s d e la c u l t u r a e g i p c i a . E s t o es l o q u e q u i e r e
d e c i r a q u í c o n s i d e r a r la h i s t o r i a e g i p c i a c o m o f o r m a c u l t u r a l o « s i m ­
bólica».
 3. LA ESTRUCTURA DINÁSTICA COMO
CONSTRUCCIÓN DE PERMANENCIA

L A D O C T R I N A D E LAS D O S E T E R N I D A D E S

H a y m u c h o s m o t i v o s para sostener q u e la d i s t i n c i ó n e n t r e c í r c u l o y fle-

cha, e n t r e t i e m p o cíclico y t i e m p o l i n e a l , e n t r e r e n o v a c i ó n y r e c u e r d o ,
es la d i s t i n c i ó n - g u í a f u n d a m e n t a l e n la c o n s t r u c c i ó n d e l t i e m p o c u l t u -
ral. E n t o d o caso, ella constituye, expresada c ó m o « d o c t r i n a de las d o s
e t e r n i d a d e s » , la d i s t i n c i ó n más g e n e r a l y f u n d a m e n t a l de todas las d i s -
t i n c i o n e s e n el p e n s a m i e n t o del a n t i g u o E g i p t o acerca d e l t i e m p o . L o s
egipcios distinguen u n t i e m p o cíclico y u n t i e m p o n o - c í c l i c o ; al-pri-
19
m e r o l o l l a m a n neheh, al s e g u n d o djet . Neheh, el t i e m p o c í c l i c o , es el
e t e r n o r e t o r n o d e l o i d é n t i c o ; es p r o d u c i d o p o r el m o v i m i e n t o de l o s
p l a n e t a s y, e n c o n s e c u e n c i a , d e t e r m i n a d o p o r el s o l . E s t e t i e m p o está
asociado al c o n c e p t o . d e l d e v e n i r , q u e los e g i p c i o s r e p r e s e n t a r o n c o n la
figura del escarabajo. E l escarabajo es, c o m o se sabe, el s í m b o l o c e n t r a l
de la salvación e n el p e n s a m i e n t o e g i p c i o . N o es el ser, s i n o el d e v e n i r
lo q u e está e n el c e n t r o d e l p e n s a m i e n t o e g i p c i o . L o s c i c l o s d e v i e n e n y
p a s a n , y l o q u e d e v i e n e d e n t r o de l o ciclos pasa c o n la e s p e r a n z a de u n
a c o n t e c e r r e n o v a d o . E l o t r o t i e m p o , djet, está a s o c i a d o a l o s c o n c e p t o s
de p e r m a n e c e r , p e r d u r a r , p e r p e t u a r s e . Está d e t e r m i n a d o c o n el s i g n o
de la tierra, s i e n d o sus s í m b o l o s la p i e d r a y la m o m i a , y s u dios es O s i -

19 Para lo que signe, y para más detalles, cfr. mi libro %?¡t und Ewigkeit im Alten Agypten, H e i -
delberg, 1975.
 I N T R O D U C C I Ó N : 3. LA E S T R U C T U R A D I N Á S T I C A . . . 31

ris, el d i o s m u e r t o , q u e p r e s i d e el r e i n o de l o s m u e r t o s . Djet es u n
e s p a c i o s a g r a d o d e p e r m a n e n c i a , d o n d e l o d e v e n i d o , l o q u e lia
m a d u r a d o y a d q u i r i d o su f o r m a d e f i n i t i v a , y e n tal s e n t i d o se h a
c u m p l i d o , se c o n s e r v a i n a l t e r a b l e y d u r a d e r o . T a l es e x a c t a m e n t e el
s i g n i f i c a d o d e l n o m b r e q u e r e c i b e O s i r i s c o m o s e ñ o r d e la djet: W e n -
n e f e r ( e n g r i e g o Onnophrios) s i g n i f i c a « E t e r n a m e n t e i n c o r r u p t i b l e » .
L a djet n o e n c i e r r a , p u e s , u n c o n c e p t o l i n e a l d e l t i e m p o , s i n o m á s
b i e n su c o n t r a r i o y su s u p e r a c i ó n , a u n q u e a q u í l o c o n t r a r i o d e la
0
l í n e a n o es el c í r c u l o , s i n o e l e s p a c i o * . Djet n o es u n a d i a c r o n í a
l i n e a l , n o se c o m p o n e de u n a s u c e s i ó n l i n e a l d e p u n t o s de t i e m p o n i
se a r t i c u l a e n f u t u r o y p a s a d o ; n o es, p o r t a n t o , el l u g a r d e la h i s t o -
r i a . L a djet es e n t o d o caso t i e m p o d e t e n i d o ; m o v i m i e n t o s ó l o l o hay
e n neheh.

L A ESTRUCTURA DINÁSTICA C O M O FORMA SIMBÓLICA

E n el s i s t e m a d e neheh y djet n o hay e n a b s o l u t o l u g a r p a r a la h i s t o r i a .

A m b o s n i e g a n , c a d o u n o a su específica m a n e r a , el c o n c e p t o d e h i s t o -
r i a : neheh c o n la a c e n t u a c i ó n d e la r e v e r s i b i l i d a d , y djet r e s a l t a n d o la
i n m u t a b i l i d a d . L a h i s t o r i a e n c u e n t r a así su l u g a r e n e l e s p a c i o de l o
q u e c o n estos dos c o n c e p t o s es n e g a d o : e n el e s p a c i o de l o i r r e v e r s i b l e
y d e l c a m b i o . L o s t é r m i n o s e g i p c i o s u t i l i z a d o s al r e s p e c t o s o n palabras
referidas a u n i d a d e s l i m i t a d a s d e t i e m p o , s o b r e t o d o u n a p a l a b r a q u e
p r o p i a m e n t e significa « t i e m p o de la v i d a » , a m p l i a d a c o m o t é r m i n o
u n i v e r s a l p a r a el t i e m p o c o m o a l g o l i m i t a d o y p a s a j e r o , y, p o r o t r a

20 Sobre las asociaciones espaciales de la djet ha insistido especialmente Wohlfahrt Wes-

tendorf: «Raum und Zeit ais Entsprechung der beiden Ewigkeiten», en Fontesatque
.Pontes. Festgabe HellmutBrunner, Wiesbaden, 1983, pp. 422-435- Westendorf defiende
que neheh y djet son los equivalentes egipcios de «tiempo» y «espacio». De hecho,
escribe W. Kaempfer: «Lo que denominamos espacio no es sino la realización del
tiempo, y lo que denominamos tiempo, pura potencialidad^ (Kaempfer, Die 7¿it und die
Uhren, Frankfurt, 1991, 18). Exactamente en este sentido puede entenderse la distin-
ción entre djet y neheh, que en mi monografía de 1975 había opuesto como «tiempo
actualizado» y «tiempo virtual». Djet es tiempo actualizado, y, por tanto, espaciali-
zado. Como tal está «a la vista» del Dios omnisciente; cfr. el verso «Djet está a la vista
de él como el día de ayer cuando ha transcurrido», que recuerda el Salmo 90.4 y se
encuentra en dos himnos egipcios (2¿it undEwigkeit, p. 69). Djet es «el espacio de la
duración», o sea, «la duración del espacio», pero apenas guarda correspondencia
con el concepto puramente físico del espacio (que el idioma egipcio no recoge,
como tampoco el concepto puramente físico del tiempo).
32 EGIPTO

p a r t e está la p a l a b r a kheper, « d e v e n i r , o r i g i n a r s e , t r a n s f o r m a r s e » , q u e
se c u e n t a e n t r e l o s s í m b o l o s p r i m i t i v o s d e l m u n d o e g i p c i o . E l v e r d a ­
d e r o e s p a c i o d e la h i s t o r i a es la « p r e h i s t o r i a » d e l t i e m p o djet, es d e c i r ,
la fase c u m p l i d a y c o n c l u i d a d e l d e v e n i r de algo q u e c o n el acto d e su
c u m p l i m i e n t o e n t r a e n el e s p a c i o s a g r a d o d e la p e r m a n e n c i a . E s e n
esta d i m e n s i ó n e n la q u e t i e n e n l u g a r l o s a c o n t e c i m i e n t o s cuya s u c e ­
s i ó n a d q u i e r e la f o r m a p e c u l i a r de la h i s t o r i a e g i p c i a .
La f o r m a d e la historia faraónica de E g i p t o es, ciertamente, de lo más
s i n g u l a r . D o s m a n i f e s t a c i o n e s d e la m i s m a d e s t a c a n p o r ser e s p e c i a l ­
m e n t e llamativas y p o s i b l e m e n t e ú n i c a s . U n a es la d u r a c i ó n i n m e n s a de
esta cultura, q u e p e r m a n e c i ó e n los f u n d a m e n t o s de su m u n d o s i m b ó ­
lico d e s e n t i d o a l r e d e d o r d e tres m i l e n i o s y m e d i o , d e 3 2 0 0 a . G . a 300
d.C, c o m o u n a u n i d a d i n e q u í v o c a m e n t e identificable e n sus m a n i f e s ­
t a c i o n e s e i d é n t i c a e n su a u t o c o m p r e n s i ó n . L a o t r a c u a l i d a d es el i r y
v o l v e r de su m o v i m i e n t o d e n t r o de ese m a g n o m a r c o t e m p o r a l , e n su
e s t r u c t u r a cíclica y su s u c e s i ó n d e é p o c a s de florecimiento y de t r a n s i ­
c i ó n , la historia egipcia p a r e c e e n t e r a m e n t e u n a o b r a d e arte:

31OO-2670 Período arcaico

(dinastías I - I I )

2670-2150 Reino A n t i g u o
(dinastías I I I - V i )

3150-2040 Primer Período Intermedio

(dinastías V I I - X l )

204,0-1650 Reino M e d i o
(dinastías X I - X I I l )

1650-155° Segundo Período Intermedio

(dinastías X I V - X V I l )

1550-1070 Reino Nuevo

(dinastías X V I I I - x x )

1070-664 * Tercer Período Intermedio

(dinastías X X I - X X V )

664-330 Época Baja

(dinastías X X V I - X X X l )

330 a.G. - 3 5 0 d - C Período g r e c o r r o m a n o

 I N T R O D U C C I Ó N : 3. LA E S T R U C T U R A D I N Á S T I C A . 33

L o l l a m a t i v o y s i n g u l a r de esta f o r m a d e h i s t o r i a , y q u e , p o r e l l o ,
n e c e s i t a u n a e x p l i c a c i ó n , es la p e c u l i a r c o m b i n a c i ó n d e i n t e r r u p c i ó n
y c o n t i n u i d a d , esto es, d e a l e j a m i e n t o y r e t o r n o . N o se trata a q u í de
ese ir y v o l v e r , d e esa a l t e r n a n c i a de florecimiento y d e c a d e n c i a . Este
es u n o r d e n c í c l i c o p u r a m e n t e f o r m a l q u e c o m o tal d i c e t o d a v í a
p o c o . P e r o a este o r d e n c o r r e s p o n d e u n a f o r m a c í c l i c a d e l c o n t e -
n i d o . L o s l l a m a d o s « r e i n o s » n o s ó l o se s u c e d e n e n t r e i n t e r v a l o s de
d e c a d e n c i a , s i n o q u e m i r a n y se r e f i e r e n u n o s a o t r o s . E l R e i n o
M e d i o e n l a z a e x p l í c i t a m e n t e c o n el A n t i g u o , y el N u e v o c o n el
M e d i o . L a É p o c a B a j a h a c e a ú n m a y o r e s e s f u e r z o s e n este s e n t i d o , y
se r e l a c i o n a d e u n a f o r m a s u m a m e n t e c o m p l e j a y e c l é c t i c a c o n l o s
tres p e r í o d o s a la v e z . Esta é p o c a e n c i e r r a e n sí la m a y o r c a n t i d a d de
p a s a d o ; p o r eso es, c o m o c r o n o t o p o , la m á s i n t e r e s a n t e p a r a n u e s t r o
e n f o q u e h i s t ó r i c o d e E g i p t o . P e r o i n c l u s o b a j o el d o m i n i o e x t r a n -
j e r o , y a se t r a t a s e d e l o s p e r s a s , l o s g r i e g o s o l o s r o m a n o s , E g i p t o
n u n c a i n t e r r u m p e el c o n t a c t o c o n el p a s a d o a través d e l r e c u e r d o .
L o s m e d i o s , los ó r g a n o s y los esfuerzos de la m e m o r i a c u l t u r a l
h a c e n p r e s e n t e el R e i n o A n t i g u o e n p a r t e s e s e n c i a l e s de su l e n g u a j e
de f o r m a s y su m u n d o de r e p r e s e n t a c i o n e s a través de todas las t r a n s -
f o r m a c i o n e s y r e n o v a c i o n e s h a s t a la é p o c a g r e c o r r o m a n a . A s í es
p o s i b l e i m a g i n a r s e el caso d e u n e g i p c i o c u l t i v a d o q u e v i v e e n la
é p o c a d e l i m p e r i o r o m a n o , e n la de A d r i a n o p o r e j e m p l o , y h a c e
u n a visita a l o s v e s t i g i o s d e l c u l t o f u n e r a r i o d e la é p o c a de D j o s e r , de
la d i n a s t í a III. A este h o m b r e l e es p o s i b l e l e e r las i n s c r i p c i o n e s de
u n a é p o c a q u e se r e m o n t a a 2 - 8 o o a ñ o s ( n a d a significa el q u e p r o b a -
b l e m e n t e las m a l e n t i e n d a ) , p e r o t a m b i é n l o s g r a f i t o s h i e r á t i c o s q u e
d e j a r o n otros visitantes anteriores a él hace I . 5 Ó O a ñ o s . C o n t e m -
p l a r á el m o n u m e n t o e n la c o n s c i e n c i a d e p e r t e n e c e r a la m i s m a c u l -
tura. S u i d e n t i f i c a c i ó n cultural recorre m i l e n i o s de antigüedad. Esto
n o se d e b e a a l g u n a f o r m a c i ó n h i s t ó r i c a d e l i n d i v i d u o , s i n o al m a r c o
d e c o n d i c i o n e s c u l t u r a l e s u n i v e r s a l e s e n las q u e esté h o m b r e v i v e .
Este m a r c o d e c o n d i c i o n e s h a p e r m i t i d o q u e l o a n t i g u o esté s i e m p r e
presente en lo nuevo, permitiendo en todo m o m e n t o la.identifica-
c i ó n c o n l o a n t i g u o , / q u e estaba s i e m p r e p r e s e n t e c o m o . m o d e l o y
n u n c a r e s u l t a b a e x t r a ñ o e n el s e n t i d o ser a l g o superado-, p e r d i d o o
i r r e c u p e r a b l e . S i e m p r e era posible vincularse c o n lo a n t i g u o . L o s
reyes p o d í a n c o p i a r los m o n u m e n t o s del p a s a d o o s e n c i l l a m e n t e
a d o p t a r l o s y e s c r i b i r e n ellos sus n o m b r e s . L o p r e t é r i t o t e n í a c a r á c -
 EGIPTO
34

ter de m o d e l o : p o d í a c o p i a r s e , adoptarse o c o n t i n u a r s e . E n cierta

m a n e r a n u n c a q u e d a b a atrás.
A n t e s solía verse e n esto u n a d e b i l i d a d d e la c u l t u r a e g i p c i a , u n a
i n c a p a c i d a d p a r a d e s p r e n d e r s e de los « c a s c a r o n e s » de la e d a d d e p i e -
dra. P e r o , e n el m a r c o d e n u e s t r a t e o r í a d e l r e c u e r d o c u l t u r a l , este
f e n ó m e n o aparece más b i e n c o m o u n a característica c u l t u r a l especial,
quizá ú n i c a . Esta se d e b e a u n a c o n s t r u c c i ó n cultural basada e n la p e r -
m a n e n c i a , cuyos i n s t r u m e n t o s e i n s t i t u c i o n e s d e s c r i b i r e m o s más a d e -
l a n t e . L a d i v i s i ó n de la h i s t o r i a e g i p c i a e n R e i n o A n t i g u o , M e d i o y
N u e v o se basa e n u n a c o n v e n c i ó n d e la e g i p t o l o g í a m o d e r n a q u e sé
r e m o n t a a n o m á s atrás d e l s i g l o X I X . L a d i v i s i ó n e n « d i n a s t í a s » , e n
c a m b i o , p r o c e d e d e la a n t i g ü e d a d . L a e g i p t o l o g í a s i g u e e n ella a u n
sacerdote e g i p c i o l l a m a d o M a n e t ó n , q u e e s c r i b i ó e n t i e m p o s de T o l o -
m e o II, e n la 1° m i t a d del siglo III a. G . , u n a historia de E g i p t o en g r i e g o .
M a n e t ó n r e c o g e 31 dinastías. L a s e r i e e m p i e z a , tras el r e i n a d o d e
« d i o s e s » y « s e m i d i o s e s » , c o n M e n é s , el u n i f i c a d o r d e l r e i n o y p r i -
m e r rey de la dinastía I, y t e r m i n a c o n Ñ e c t a n e b o I I . M a n e t ó n se basa.;
e n f u e n t e s m á s a n t i g u a s , d e las q u e s e g u r a m e n t e d a b a c u e n t a e n l a
i n t r o d u c c i ó n d e su o b r a , p e r o esta p a r t e se h a p e r d i d o . D o s d e estas
21
fuentes todavía se c o n s e r v a n : las listas d e reyes y los a n a l e s . Las listas
de reyes c o n s e r v a d a s p r o c e d e n t o d a s d e l R e i n o N u e v o , c o m o el f r a g -
m e n t a r i o p a p i r o real de T u r í n , q u e c o n t e n í a t o d o s los n o m b r e s d e los
reyes de la t r a d i c i ó n o f i c i a l , así c o m o e n a l g u n a s i n s c r i p c i o n e s q U e
2 2
m u e s t r a n extractos de esta t r a d i c i ó n . P e r o la más c o n o c i d a y extensa
es la lista de reyes d e l t e m p l o d e A b i d o s . T i e n e u n a f u n c i ó n l i t ú r g i c a ,
pues p e r t e n e c e a u n a escena que representa a Seti I h a c i e n d o u n a
ofrenda a los m u e r t o s a n t e sus a n t e c e s o r e s . D e a h í q u e j u n t o a las l i s -
tas a p a r e c i e s e n t a m b i é n r i t o s d e c o n m e m o r a c i ó n h i s t ó r i c a , a s e g u -

21 Sobre los anales y listas de reyes egipcios, cjr. el excelente estudio de Donald B.. R e d -
ford, Pharaonic King-Lists, Annals and Doy Books. A Contribution to the Study ofthe Eg¡>ptian Sense of
History, S S E A P u b l . I V , Mississauga, 1986.
22 En lo tocante a los nombres de los reyes, hay que tener en cuenta lo siguiente: cada
rey recibe, en el momento de su coronación, cinco títulos. Los más importantes son
nswt-bjt, que traducimos c o m o «rey del A l t o y el Bajo E g i p t o » , e «hijo de R e » .
Ambos nombres están escritos en «anillos reales» o «cartuchos». El primero es el
nombre del trono, que el rey recibe en la coronación, y el segundo el «nombre de
nacimiento», que tiene desde su venida al m u n d o . Los demás nombres están c o o r -
dinados con los tres títulos reales de « H o r u s » (que ya tenía el cabecilla de la época
de Naqada), « H o r u s dorado» y «las dos señoras». Todos los nombres, excepto el
de nacimiento, son expresión de un programa teo-político de gobierno.
 I N T R O D U C C I Ó N : 3. LA E S T R U C T U R A DINÁSTICA.., 35

r a n d o m e d i a n t e el c u l t o la c o n t i n u i d a d y l e g i t i m i d a d del r e i n a d o .
Estos ritos se i n s c r i b e n e n el m a r c o d e u n a c o n f i g u r a c i ó n c u l t u r a l d e l
t i e m p o y u n m a n t e n i m i e n t o d e su c u r s o c o n f o r m e a e l l a . N o r m a l -
m e n t e , l o s r i t o s s u p o n e n u n a c o n f i g u r a c i ó n cíclica d e l t i e m p o . P e r o
a q u í , e n el p l a n o d e la alta p o l í t i c a , d o m i n a el e l e m e n t o l i n e a l . S i n
d u d a el r i t o c o m o tal se e f e c t ú a u n a y o t r a v e z , y es p o r eso u n e l e -
m e n t o d e l r e t o r n o y l a r e n o v a c i ó n c í c l i c a . P e r o se c o n c e n t r a e n u n a
serie l i n e a l , y p r e s e n t a a la c o n s c i e n c i a el t i e m p o c o m o s u c e s i ó n l i n e a l
de reyes. U n rito p a r e c i d o d e l t i e m p o l i n e a l existía t a m b i é n e n la a n t i -
gua R o m a . E l día 15 d e s e p t i e m b r e d e cada a ñ o , dies natalis d e l t e m p l o
de J ú p i t e r G a p i t o l i n o , u n f u n c i o n a r i o d e l E s t a d o r o m a n o clavaba u n
3 3
clavo, el clavisannalis, e n el m u r o d e l t e m p l o . C o n esta a c c i ó n se c e l e -
b r a b a y se h a c í a v i s i b l e el t i e m p o e n su a s p e c t o l i n e a l , i r r e v e r s i b l e . E l
n ú m e r o d e clavos ya. c l a v a d o s i n d i c a b a c u á n t o s a ñ o s h a b í a n t r a n s c u -
r r i d o d e s d e la f u n d a c i ó n d e l t e m p l o , i g u a l q u e la lista de reyes i n d i -
caba c u á n t o s reyes h a b í a n g o b e r n a d o d e s d e M e n e s , y e n a m b o s casos
esta m a r c a c i ó n y v i s u a l i z a c i ó n d e l t i e m p o l i n e a l e r a u n a s u n t o estatal
de g r a n s i g n i f i c a d o p o l í t i c o . C o n e l l o , el E s t a d o se m o s t r a b a y c o n f i r -
m a b a c o m o g a r a n t e y g e n e r a d o r de la estabilidad.JE1 t i e m p o l i n e a l , el
t i e m p o c o m o d u r a c i ó n y c o n t i n u i d a d , es u n a c o n s t r u c c i ó n c u l t u r a l , y
el Estado es su i n s t i t u c i o n a l i z a c i ó n .

ESTADO Y T I E M P O

L a r e p r e s e n t a c i ó n de la c o n t i n u i d a d i m p l i c a la a u s e n c i a d e i n t e r r u p -
c i o n e s , c a m b i o s p r o f u n d o s y «dark ages». P o r e s o , el e g i p c i o d e é p o -
cas t a r d í a s n o v e í a las p i r á m i d e s c o m o t e s t i m o n i o s d e u n a «edad
h e r o i c a » y o b r a s d e g i g a n t e s , t i t a n e s o c í c l o p e s , s i n o q u e las i n c l u í a
e n su p r o p i a é p o c a , q u e se e x t e n d í a l e j o s e n el p a s a d o , su p a s a d o .
P o s i b l e m e n t e , las listas d e r e y e s s u r g i e r a n d e u n i n t e r é s «anticua-
r i o » p o r el p a s a d o q u e e m p e z ó a despertarse e n el R e i n o N u e v o .
Estas listas s e r í a n e n t o n c e s c o m p i l a c i o n e s p o s t e r i o r e s de a n a l e s , u n
g é n e r o tan a n t i g u o c o m o el E s t a d o m i s m o , y q u e m u e s t r a c u a n e s t r e -
c h a m e n t e r e l a c i o n a d o s están el E s t a d o y el t i e m p o : e l E s t a d o c o m o el
g a r a n t e , el g e n e r a d o r y la i n s t i t u c i o n a l i z a c i ó n d e la p e r m a n e n c i a y la
continuidad.

23 Cfr.j.Z. S m i t h e n B e n d e r / W e l l b e r y , Chronotypes, S'J.

36 EGIPTO

El E s t a d o d o m i n a el t i e m p o y el e s p a c i o , y la i n v e n c i ó n d e l c a l e n ­
d a r i o y el c ó m p u t o a n u a l fue u n a d e las p r i m e r a s m e d i d a s c i v i l i z a d o ­
ras. E l t i e m p o , q u e de ese m o d o q u e d a c o d i f i c a d o , n o t i e n e n i n g u n a
s i g n i f i c a c i ó n e s p e c i a l . P r e c i s a m e n t e p o r eso d e b e ser r e g i s t r a d o . E n
o t r o caso q u e d a r í a en la m e m o r i a , c o m o los m i t o s , que h a b l a n del
t i e m p o v e r d a d e r a m e n t e i m p o r t a n t e , el de las g r a n d e s m u t a c i o n e s y
las f u n d a c i o n e s . L a c o n t i n u i d a d , c o n s t r u i d a m e d i a n t e los anales y las
listas de reyes o b t e n i d a s d e a q u é l l o s , n o t i e n e n i n g u n a s i g n i f i c a c i ó n
c o m p a r a b l e a la d e l o s m i t o s , n i t a m p o c o c u a l i d a d e s n a r r a t i v a s . E n
E g i p t o n o h a y —hasta c i e r t o s i n i c i o s r e l a t i v a m e n t e t a r d í o s y a u n así
s ó l o r u d i m e n t a r i o s — n i n g u n a f o r m a d e n a r r a c i ó n h i s t ó r i c a retros-^
2 4
p e c t i v a . S ó l o m u y r a r o s p u n t o s d e v i r a j e s o n c o m o tales o b j e t o d e
r e c u e r d o c u l t u r a l . E n t r e e l l o s , p o r e j e m p l o , el g i r o h a c i a el E s t a d o ,
el c a m b i o a la c o n s t r u c c i ó n d e p i e d r a , el p a s o a la d i n a s t í a V , q u e a
t o d a s l u c e s c o n s t i t u y e u n c o r t e e n la c o m p r e n s i ó n d e la realeza y u n
c a m b i o e n la e s t r u c t u r a d e su l e g i t i m a c i ó n , la t r a n s i c i ó n al R e i n o
M e d i o d e s p u é s d e u n a é p o c a de « c a o s » , la i n v a s i ó n de l o s h i c s o s , el

24 Para toda esta cuestión es imprescindible: Redford, PharaonicKing-Lists.

 INTRODUCCIÓN: 3. LA ESTRUCTURA DINÁSTICA.. 37

EL PROPIETARIO DE UNA TUMBA HACE UNA OFRENDA A LOS REYES

DEL PASADO
Tebas, Tumba 359 (hacia I 2 0 0 a . C . )
( F U E N T E : H . B O N N E T , BILDERATLAS ZUR EGYPTISCHEN RELIGIONSGESCHICHTE,
L E I P Z I G , 1 9 2 4 , F I G . 66)

r e g r e s o a la t r a d i c i ó n d e s p u é s d e la é p o c a d e A m a r n a y el p a s o d e la
d i n as t ía XIX a l a XX. P e r o n o hay c r ó n i c a s q u e se r e m o n t e n al p a s a d o ,
8 5
c o m o las q u e c o n o c e m o s , p o r e j e m p l o , e n M e s o p o t a m i a . L o s e g i p ­
cios t e n í a n r e l a t i v a m e n t e p o c o s c o m p r o m i s o s c o n su p a s a d o , a p e s a r
d e q u e el m i s m o se les m a n i f e s t a b a p o r d o q u i e r e n f o r m a d e m o n u ­
m e n t o s y les e r a c r o n o l ó g i c a m e n t e a c c e s i b l e c o n l o s i n s t r u m e n t o s de
los anales y las listas d e r e y e s .
E s t e es u n a s p e c t o t í p i c o d e lá p e r m a n e n c i a y l a continuidad
c o n s t r u i d a s p o r el E s t a d o . U n a c o n s c i e n c i a h i s t ó r i c a e n s e n t i d o
p r o p i o y u n i n t e r é s p o r el pasado b r o t a n d o d e e l l a s ó l o se d a n

25 A . K . Grayson, «Histories and Historians in the Aliciente Near East», en Orientalia,

49, 1980, 140-194; del mismo autor, Assyrian and Babylonian Ghronkks. Texts from
Cuneiform Sources 5. Locust Valley, I970;J.-J. Glassner, Chroniques mésopotamiennes,
Les Belles Lettres, París, 1993.
38 EGIPTO

c u a n d o la c o n t i n u i d a d es p e r t u r b a d a y se p a d e c e n r u p t u r a s . U n a
r u p t u r a d e esta c l a s e s u p u s o , p o r e j e m p l o , el o c a s o d e l m u n d o
s u m e r i o c o n la d i n a s t í a d e A k a d , q u e s i g n i f i c ó el o c a s o p a r a M e s o -
2 6
p o t a m i a ( « m a l d i c i ó n de A g a d e » ) , y más tarde, y e n u n a m e d i d a
m u c h o m a y o r , el e x i l i o b a b i l ó n i c o p a r a Israel o las g u e r r a s m é d i c a s
p a r a G r e c i a . L a s h i s t o r i a e g i p c i a está l l e n a d e t a l e s r u p t u r a s : el
c o l a p s o d e l R e i n o A n t i g u o y el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , el
S e g u n d o P e r í o d o I n t e r m e d i o y la d o m i n a c i ó n de los h i c s o s , l a r e v o ­
l u c i ó n m o n o t e í s t a d e l a é p o c a d e A m a r n a , la i n s t i t u c i ó n d e u n
E s t a d o t e o c r á t i c o e n la d i n a s t í a XXI, t o d o s éstos f u e r o n graves t r a s ­
tornos del o r d e n tradicional que p o d r í a n haber dado ocasión a u n a
r e c a p i t u l a c i ó n d e l p a s a d o , a u n q u e fuese m í n i m a . P e r o e n v a n o b u s ­
c a r e m o s a l g o así e n E g i p t o d e s c o n t a n d o u n o s p o c o s i n t e n t o s . N i el
E s t a d o n i la c u l t u r a e g i p c i o s e s t a b a n i n t e r e s a d o s e n q u e e x i s t i e r a
u n a c o n s c i e n c i a d e estas d i s c o n t i n u i d a d e s y p u d i e r a a d m i t i r s e l a
i d e a d e u n f i n a l d e s d e el c u a l n a r r a r el p a s a d o .

26 A . Falkenstein, « F l u c h über A k k a d e » , en fyiischriftfür Assyrioíogie 57 (NF 23), 1965,

43 ss.
 PARTE PRIMERA

Protohistoria y Reino Antiguo:

Estado y tiempo

PALETA DEL REY NARMER

(FUENTE: B J . K E M P , ANGIENT EGYPT. ANATOMY OF A CIVIUZATION,
CAMBRIDGE, 1989, FIG. 12; ED. C A S T . EL ANTIGUO
: EGIPTO.
ANATOMÍA DE UNA CIVILIZACIÓN, EDITORIAL CRÍTICA, 1998)
4o EGIPTO

ALEJANDRÍA-' Tell el-Farain,

. Taqis
endes
•• Kantir
. El-Khatana
WADÍV-. Bubastis
1
NATRUN"-
Abu G h a l i K \ , , . H
E
e l i o pAoI lRi s0

QATTARA
Gizehf S£
SaqqarM ¡.
M e Q Í

Dahshul:
Qasr el-Sagljgfcp.

FAYUM
^•KaViunl
Heracleópoli

BAHARIYA

Hermópolis

O A S I S DE F A R A F R A

OASIS DE
DAJLA '
OASIS DE
KHARGA

altura superior a los 400 m

altura superior a los 700 m

o 20 100 200

MAPA DE LA ZONA SEPTENTRIONAL DEL VALLE DEL NILO

FUENTE-. B.J. KEMP, ANCIENT EGYPT. ANATOMY OF A GIVILIZATION,
CAMBRIDGE, 1989, FIG. I [ED. CAST.: EL ANTIGUO EGIPTO.
ANATOMÍA DE UNA CIVILIZACIÓN, EDITORIAL CRÍTICA, 1 9 9 8 ]
 1. LOS COMIENZOS

« P r o f u n d o es el p o z o d e l p a s a d o . ¿ N o h a b r í a q u e l l a m a r l o i n s o n d a -
b l e ? » . C o n esta frase c o m i e n z a el « P r e l u d i o » d e T h o m a s M a n n a la
tetralogía de J o s é . Este texto i m p r e s i o n a n t e n o s i n d i c a d e f o r m a i n s u p e -
r a b l e q u e la p r e g u n t a p o r l o s c o m i e n z o s n o s c o n d u c e f á c i l m e n t e p o r
u n a galería que p a r e c e n o t e n e r f i n . P o r m u c h o q u e avance la investiga-
c i ó n , l o s c o m i e n z o s n o d e j a r á n d e o c u l t a r s e tras sus r e s u l t a d o s , p u e s
siempre habrá otros hechos precursores y otros comienzos que esperan
ser d e s c u b i e r t o s . H a b r í a e n t o n c e s q u e p r e s c i n d i r de la p r e g u n t a p o r los
c o m i e n z o s p o r o c i o s a y e m p e z a r e n a l g ú n p u n t o . P e r o , e n el caso de
E g i p t o , esto es d i s t i n t o . A q u í la p r e g u n t a p o r los c o m i e n z o s , b i e n p l a n -
teada, e n c u e n t r a u n a respuesta clara e i n e q u í v o c a . Plantearla c o r r e c t a -
m e n t e significa saber p o r q u é se p r e g u n t a , es decir, los c o m i e n z o s por los
que se p r e g u n t a . A q u í p r e g u n t a m o s n o p o r los c o m i e n z o s de la c o l o n i z a -
c i ó n h u m a n a del valle del N i l o , sino p o r los c o m i e n z o s de la cultura faraó-
nica y d e l Estado egipcio. A este n u e s t r o p r o p ó s i t o q u i s i é r a m o s p l a n t e a r la
p r e g u n t a p o r los c o m i e n z o s del Estado f a r a ó n i c o a t e n d i e n d o separada-
m e n t e a las huellas, los mensajes y los r e c u e r d o s .

HUELLAS

G u a n d o d i r i g i m o s la p r e g u n t a p o r los c o m i e n z o s a las huellas, se p u e d e

r e s p o n d e r de m a n e r a u n í v o c a : N a q a d a . G o n la p a l a b r a N a q á d a , u n
y a c i m i e n t o a r q u e o l ó g i c o e n el A l t o E g i p t o , es d e s i g n a d a u n a de las d i s -
tintas culturas q u e e x i s t i e r o n e n el valle d e l N i l o e n el IV m i l e n i o , p e r -
42 EGIPTO

t e n e c i e n t e s a la p r o t o h i s t o r i a tardía o p e r í o d o c a l c o l í t i c o . Esta c u l t u r a
se distingue p o r su carácter distintivo y expansivo. Se destaca c l a r a m e n t e
entre las demás, a las q u e se s o b r e p o n e y r e e m p l a z a pujante e n el c u r s o
de v a r i o s s i g l o s . F i n a l m e n t e , este p r o c e s o de u n i f i c a c i ó n c u l t u r a l o
« n a q a d i z a c i ó n » de E g i p t o d e s e m b o c a e n la u n i ó n política, e n el n a c i -
m i e n t o del E s t a d o .
T o d o e x a m e n que q u e r a m o s h a c e r del p r o c e s o de « n a q a d i z a -
c i ó n » d e E g i p t o e n la p r o t o h i s t o r i a t a r d í a d e b e g u i a r s e p o r d o s
p r e g u n t a s . Primera.- ¿ c ó m o h a y q u e r e p r e s e n t a r s e la p l u r a l i d a d p r e -
via al p r o c e s o d e u n i f i c a c i ó n y d e u n i ó n ? ; es d e c i r : ¿ c ó m o s o n d e
d i s t i n t a s e i n d e p e n d i e n t e s las c u l t u r a s f r e n t e a l a c u l t u r a N a q a d a I,
q u e p o c o a p o c o las d e s a l o j a ? , ¿ c ó m o se e x p r e s a a r q u e o l ó g i c a m e n t e
esta p l u r a l i d a d y d i v e r s i d a d ? ; esta p r e g u n t a está c o n e c t a d a c o n la
c u e s t i ó n de las p o s i b l e s r a í c e s p r o t o h i s t ó r i c a s d e l d u a l i s m o n o r t e -
s u r , q u e c a r a c t e r i z a al s i m b o l i s m o de la c u l t u r a f a r a ó n i c a h i s t ó r i c a .
Y s e g u n d a : ¿ c ó m o se p u e d e i n t e r p r e t a r é t n i c a , p o l í t i c a y c u l t u r a l -
m e n t e el p r o c e s o d e e x p a n s i ó n d e la c u l t u r a N a q a d a (la « n a q a d i z a -
c i ó n » d e l valle y el d e l t a d e l N i l ó ) ?
C o m e n c e m o s p o r la p r i m e r a p r e g u n t a , la relativa a la p l u r a l i d a d
d é l a s c u l t u r a s , q u e c o n s t i t u y e n d i s t i n t o s f o c o s d e l p r o c e s o de u n i f i -
c a c i ó n . P r e s e n t a r e m o s p r i m e r o u n a s i n o p s i s d e estas c u l t u r a s y sus
yacimientos más i m p o r t a n t e s 3 7
(véase c u a d r o p á g i n a 43)-
S i n d u d a es p o s i b l e r e s p o n d e r a la p r e g u n t a p o r el. c o m i e n z o ,
p e r o n o se p u e d e n e g a r q u e N a q a d a t i e n e a su v e z u n a p r e h i s t o r i a .
D e b e m o s i n t e n t a r e x a m i n a r esta p r e h i s t o r i a s i n d e s o r i e n t a r n o s .
D e s a r r o l l a d a e n m e d i o del A l t o E g i p t o , la c u l t u r a de N a q a d a e n su
fase m á s t e m p r a n a , c o n v i v e c o n t o d a u n a s e r i e d e y a c i m i e n t o s d e
otras c u l t u r a s e n el v a l l e d e l N i l o , l o q u e suscita l a p r e g u n t a d é si la
c u l t u r a de N a q a d a p o d r í a p r o c e d e r d e ellas o h a y q u e c o n s i d e r a r l a
u n a i n m i g r a c i ó n . G u a n d o d e s d e la c u l t u r a de N a q a d a m i r a m o s h a c i a
atrás b u s c a n d o c u l t u r a s p r e c u r s o r a s y o r í g e n e s , a c a b a m o s m i r a n d o al
B a j o E g i p t o . L a m á s a f í n a la c u l t u r a N a q a d a es la c u l t u r a t a s i e n s e ,
m á s a n t i g u a . Esta se e n c u e n t r a m u c h o m á s c e r c a d e l o s y a c i m i e n t o s
d e l B a j o E g i p t o q u e la c u l t u r a B a d a r i , d e la m i s m a é p o c a , cuyas r e l a -
ciones señalan a N u b i a .

27 U n a buena exposición sobre la historia de la investigación de las épocas pre y p r o -

tohistórica de Egipto es el libro de Michael A . Hoffman Egypt before the Pharaohs. The
a
Prehistork Foundations ofEgyptian Civiliíation, 2 . ed., A u s t i n , 1991 (con muy extensa
bibliografía).
 Merimde Buto

(52OO-4700) desde 3500

Minschat
desde 3 3 0 O

c
Ma adi
desde 3500
Fayum El Omari A El O m a r i B
(5300-4700) (42OO-3900) desde 3500
Abusir
el Melek
desdé 33OO

Tasiense
Badari A Badari B
(6IOO-4500) (450O-4000)

Naqada I Naqada II Naqada III

(4500-3900) (3900-3300) (3300-3100)

Hieracómpolis
(desde 3500)

Tiempo 5500 5000 4500 4000 3500 3300

¿ Q u é i n t e r é s e s p e c í f i c o t i e n e n estos t e s t i m o n i o s a r q u e o l ó g i c o s
p a r a la h i s t o r i a d e l s e n t i d o ? E s t o s t e s t i m o n i o s t i e n e n r e l a c i ó n c o n la
cuestión del origen y significado del marcado dualismo norte-sur que
caracteriza a la c u l t u r a f a r a ó n i c a y s u c o n c e p t o d e sí m i s m a . E s t e d u a -
l i s m o llega t a n l e j o s , q u e e n t o d a r e f e r e n c i a a E g i p t o se h a b l a b a s i e m -
p r e de las « d o s t i e r r a s » , y t o d a a s c e n s i ó n al t r o n o era c e l e b r a d a c o m o
u n i ó n d e las m i s m a s . I n c l u s o él n o m b r e h e b r e o de E g i p t o , M i z r a i m ,
es u n n o m b r e d u a l . G u a n d o n o s p r e g u n t a m o s p o r l o s o r í g e n e s d e l
 EGIPTO
44

Estado f a r a ó n i c o , lo h a c e m o s t a m b i é n p o r el o r i g e n y el significado de
este d u a l i s m o n o r t e - s u r . T a m b i é n la c u l t u r a m e s o p o t á m i c a está m a r ­
cada p o r u n d u a l i s m o n o r t e - s u r . P e r o a q u í n u n c a h a h a b i d o d u d a s
s o b r e su o r i g e n y s i g n i f i c a d o . E n los p r i m e r o s t i e m p o s está é t n i c a ­
m e n t e c o n d i c i o n a d a p o r l o s . s u m e r i o s e n el sur, y p o r l o s s e m í t i c o s
acadios e n el n o r t e . Más tarde, u n a vez q u e los s u m e r i o s d e s a p a r e c e n
c o m o g r u p o é t n i c a m e n t e i d e n t i f i c a b l e y los semitas d o m i n a n el terri-^-
t o r i o , la c o n t r a p o s i c i ó n n o r t e - s u r a d q u i e r e u n a s i g n i f i c a c i ó n p o l í t i c a
c o n los asirios e n el n o r t e , y l o s b a b i l o n i o s e n el sur. N a d a c o m p a r a ­
b l e se o b s e r v a e n E g i p t o e n t i e m p o s h i s t ó r i c o s . N o hay l í m i t e s , n i
é t n i c o s n i p o l í t i c o s , e n t r e el A l t o y el B a j o E g i p t o , m á s allá d e l o s
p e r í o d o s i n t e r m e d i o s . A v e c e s l e e m o s e n textos e g i p c i o s q u e las g e n t e s
2 8
del n o r t e y del sur n o p u e d e n e n t e n d e r s e . P e r o ello p u e d e d e b e r s e a
que hablan dialectos distintos, n o l e n g u a s distintas. G o m o e n las é p o ­
cas h i s t ó r i c a s la c o n t r a p o s i c i ó n n o r t e - s u r no encuentra ningún
apoyo, es fácil sospechar q u e esta c o n t r a p o s i c i ó n p r o c e d e de la p r o t o -
historia. D e ahí q u e antes se s u p u s i e r a q u e el d u a l i s m o n o r t e - s u r e n el
s i m b o l i s m o p o l í t i c o d e E g i p t o p r o c e d e d i r e c t a m e n t e d e la p r o t o h i s -
c
toria. Las c u l t u r a s d e l n o r t e ( M e r i m d e , B u t o , M a a d i , O m a r i , W a d i
D i g l a , F a y u m A ) y d e l s u r (Tasa, B a d a r i , N a q a d a i ) e r a n d i s t r i b u i d a s
e n dos g r a n d e s b l o q u e s c u l t u r a l e s , a m b o s s e p a r a d o s p o r u n E g i p t o
m e d i o vacío d e y a c i m i e n t o s , q u e e n el f o n d o c o n s t i t u í a n d o s culturas
opuestas, u n a d e l n o r t e y o t r a d e sur, la d e l n o r t e , v i n c u l a d a al P r ó ­
x i m o O r i e n t e , y la d e l s u r , v i n c u l a d a a Á f r i c a . Estas c u l t u r a s f u e r o n
contrastadas i n c l u s o a n t r o p o l ó g i c a m e n t e . L a s gentes d e l delta e r a n d e .
29
c o n s t i t u c i ó n fuerte, las de N a q a d a m á s g r á c i l e s . O las d e l delta e r a n
3 0
e u r ó p i d a s , y las de N a q a d a c a m i t a s . L o s h a b i t a n t e s d e l B a j o E g i p t o
e r a n agricultores s e d e n t a r i o s , y los d e l A l t o E g i p t o n ó m a d a s y c a z a d o -

28 « N o hay n i n g ú n h a b l a n t e d e i d i o m a s e x t r a n j e r o s q u e p u e d a explicar ( t u p a l a b r e o ) .
E s c o m o la c o n v e r s a c i ó n e n t r e u n h a b i t a n t e d e l d e l t a y u n h o m b r e d e E l e f a n t i n a » :
P . A n a s t a s i I 28,6, cfr. H a n s W e r n e r F i s c h e r - E l f e r t , Die Satirische Streitschrift des Papjrus
Ánastasil: UbersctzungundKommentar, Á g . A b h . 44< W i e s b a d e n , 1986, 238, 242 (<})•
29 W. Kaiser, « Z u m veranderten B i l d v o n der E n t s t e h u n g des gesamtagyptischen Staa-
tes», en M D A I K 46, 1990, 263-299, c o n referencia en 290 n . 2 I a Müller, Die
a n t h r o p o l o g i s c h e n E r g e b n i s s e des v o r g e s c h i c h t l i c h e n F r i e d h o f s v o n A b u s i r el
M e l e q , 263 y s s . , y P e t r i e , T a r k h a n , I I , 15 s s .
30 W . H e í c k , Politische Gegensaizeim AltenÁgjipten. H Á B 23, Hildesheim, 1986,
W. Kaiser, « Z u m veranderten B i l d v o n der E n t s t e h u n g des gesamtagyptischen Staa-
tes», en M D A I K 46, 1990, 263-299, con referencia en 290 n . 2 I a Müller, Die
a n t h r o p o l o g i s c h e n E r g e b n i s s e des v o r g e s c h i c h t l i c h e n F r i e d h o f s v o n A b u s i r el
M e l e q , 263 s s . , y P e t r i e , T a r k h a n , I I , 15 s s .
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S
45

res. I n c l u s o se l i a n p r o p u e s t o d i f e r e n c i a s e t n o p s i c o l ó g i c a s . Las g e n t e s
d e l delta e r a n f ó b i c a s ; se p r o t e g í a n c o n t r a sus t e m o r e s p o r m e d i o de
cultos e n los q u e p o d í a n d o m i n a r y aplacar « l o s temores primitivos
del p a s a d o , m a t e r i a l i z a d o s e n figuras d e m a s i a d o n u m i n o s a s » , a través
3
d e la a d o r a c i ó n ' . E n este p e r í o d o f u e p r o y e c t a d a t o d a u n a s e r i e d e
d u a l i s m o s y d i c o t o m í a s , y así p u d o l u e g o e x p l i c a r s e l a f u n d a c i ó n d e l
E s t a d o c o m o l a u n i f i c a c i ó n d e d o s r e i n o s d i s t i n t o s tras l a c o n q u i s t a
v i o l e n t a de u n o p o r o t r o , e i n t e r p r e t a r s e la idea d e l d o b l e r e i n o c o m o
u n r e c u e r d o , m a n t e n i d o v i v o hasta el f i n a l de l a c u l t u r a e g i p c i a , de
esta d u a l i d a d o r i g i n a l . I n c l u s o se h a v i s t o u n a d e m o s t r a c i ó n d e esta
h i p ó t e s i s e n la a s o c i a c i ó n d e l pájaro l l a m a d o f r a i l e c i l l o a l o s p o b l a d o -
res d e l delta. C o n el s i g n o d e este p u e b l o se escribe l a p a l a b r a rhjjt, q u e
s i g n i f i c a « p u e b l o , s u b d i t o s » . E n l a l e n g u a e g i p c i a , esta p a l a b r a
g u a r d a c o r r e s p o n d e n c i a c o n o t r a p a l a b r a , p't, q u e p o r r a z o n e s i n c o m -
p r e n s i b l e s se t r a d u c e p o r « p a t r i c i o s » . L o s p o b l a d o r e s d e l d e l t a
s e r í a n , p u e s , e n e l d o b l e r e i n o u n i d o , la p l e b e , y l o s v i c t o r i o s o s s e ñ o -
res d e N a q a d a , l o s p a t r i c i o s . E s t o es p u r a fantasía, y si algo p o d e m o s
afirmar c o n seguridad sobre la c o n s t r u c c i ó n social d e l r e i n o f a r a ó -
n i c o , es q u e n o h u b o estructuras gentilicias y e s t a m e n t a l e s .
P o s t e r i o r m e n t e se h a d e s a r r o l l a d o u n a s e r i e d e n u e v o s e n f o q u e s
q u e c u e s t i o n a n esta i m a g e n s i m p l e d e u n a d i c o t o m í a n o r t e - s u r .
Recientes hallazgos a r q u e o l ó g i c o s h a n mostrado q u e el p r o c e s o de
u n i f i c a c i ó n c u l t u r a l se p r o d u j o m u c h o t i e m p o antes, q u e e l d e u n i -
3 2
f i c a c i ó n p o l í t i c a . E s d e c i r : l a u n i f i c a c i ó n d e l o s r e i n o s se e f e c t u ó
en u n espacio ya culturalmente h o m o g é n e o . E n B u t o , el nivel
N a q a d a l i d a p a r e c e y á e n e l e s t r a t o I I . E n t r e l o s e s t r a t o s I y II n o
hay n i n g ú n h o r i z o n t e de d e s t r u c c i ó n . T o d o i n d i c a q u e la c u l t u r a
3 3
N a q a d a p e n e t r ó a q u í p a c í f i c a m e n t e . E l y a c i m i e n t o d e - M i n s h a t , al
3 4
este d e l d e l t a , p e r t e n e c e y a c o m p l e t a m e n t e a l a fase N a q a d a . S i
alguna vez h u b o u n d u a l i s m o cultural, fue e n u n a é p o c a m u y a n t e -
r i o r a l a d e la u n i f i c a c i ó n d e l o s r e i n o s . S i la u n i d a d p o l í t i c a e s t u v o
p r e c e d i d a d e c o n f l i c t o s , éstos n o se p r o d u j e r o n e n t r e l o s r e p r e s e n -

31 Jbid.
32 W. Kaiser ha sido el primero que ha demostrado este hecho en una serie de revela-
dores artículos, cfr. el último de ellos: «Zur Entstehung», MDAIK 46, 1990, 287-
299-
33 Th. v. d. Way, Untersuchungen zur Spátvor-undFrühgeschichte Unteragyptens, SAGA 8, Heidel-
berg, 1993.
34 K. Kroeper, D . Wildung, Minschat Abu Ornar. Münchner Ostdelta Expedition, Vorbericht
1978-19*84, 1985.
 CERÁMICA DECORADA DE LA ÉPOCA DE N A Q A D A I
(FUENTE: H. MÜLLER-KARPE, HANDBUCH DER VORGESGHIGHTE II,
MUNICH, 1968, LÁM. 18)

tantes d e la c u l t u r a N a q a d a y o t r o s g r u p o s , s i n o e n t r e g r u p o s n a g o -
dienses.
L a c u l t u r a N a q a d a a p a r e c e ya e n el n i v e l I de f o r m a e x p a n s i v a , y al
f i n a l de esta fase e m p i e z a a e x t e n d e r s e a l o s y a c i m i e n t o s d e B a d a r i e n
el n o r t e y e n el s u r p a r a f i n a l m e n t e a b a r c a r t o d o el t e r r i t o r i o c o m -
p r e n d i d o e n t r e l a p r i m e r a catarata y A s s i u t , y q u i z á c o n s t i t u i r t a m -
3 5
b i é n la p r i m e r a c u l t u r a u n i f o r m i z a d o r a d e l A l t o E g i p t o .

35 W. Kaiser, «Zur Südausdehnung der vorgeschichtlicben Deltakulturen und zur

frühen Entwicklung Oberagyptens», en MDAIK 39, 1985, 85 s. Cfr, también J.
Seeber, «Gedanken zur Rolle Uñteragyptens bei der Hrausbildung des Pharaonen-
reichs», en MDAIK 47, 1991, 313 ss.
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S 47

L o s p r e h i s t o r i a d o r e s t i e n d e n a c o r r e l a c i o n a r las f o r m a c i o n e s
a r q u e o l ó g i c a s y las é t n i c a s . Las f o r m a c i o n e s a r q u e o l ó g i c a s , es d e c i r ,
las « c u l t u r a s » , s o n c o n j u n t o s c o n c a r a c t e r í s t i c a s d i s t i n t i v a s d e a r t e -
factos que son leídos como indicios de identidades étnicas.
« B a d a r i » y « N a q a d a I » designan, pues, n o ú n i c a m e n t e estilos en
c e r á m i c a , e n ú t i l e s de p i e d r a , etc., s i n o t a m b i é n g r u p o s d i s t i n t o s . L a
m e z c l a de « e s t i l o s » p e r m i t e c o n c l u i r q u e h u b o r e l a c i o n e s c o m e r -
ciales, y su s u p e r p o s i c i ó n , q u e h u b o c o n q u i s t a . D e s d e esta p e r s p e c -
tiva la e x t e n s i ó n d e la c u l t u r a N a q a d a p u e d e i n t e r p r e t a r s e c o m o la
h i s t o r i a de u n a c o n q u i s t a y u n s o m e t i m i e n t o p a u l a t i n o s d e s e c t o r e s
cada v e z m a y o r e s d e l valle d e l N i l o q u e , a f i n a l e s d e N a q a d a I, t i e n e
b a j o c o n t r o l a t o d o el A l t o E g i p t o y, c o n N a q a d a l i e , a l c a n z a la
p u n t a s u r d e l d e l t a , p a r a , e n l i d , a v a n z a r hasta el M e d i t e r r á n e o y la
f r o n t e r a o r i e n t a l d e l d e l t a . L a c u e s t i ó n es si esta c o r r e l a c i ó n de f o r -
m a c i o n e s é t n i c a s y a r q u e o l ó g i c a s es a d m i s i b l e , ya q u e t a m b i é n p u e d e
i n t e r p r e t a r s e d e u n a m a n e r a c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t a . Q u i z á se trate
a q u í m e n o s de m o v i m i e n t o s de m i g r a c i ó n y s u p e r p o s i c i ó n q u e de
u n c o m e r c i o d e c e r á m i c a s y otros, b i e n e s c u l t u r a l e s d e la r e g i ó n d e
N a q a d a q u e se a m p l í a cada v e z m á s , esto es, d e r e d e s e c o n ó m i c a s y la
f o r m a c i ó n de u n m o n o p o l i o . E n lugar de u n p r o c e s o de extensión
c u l t u r a l se t r a t a r í a d e u n p r o c e s o d e e s p e c i a l i z a c i ó n , p r o f e s i o n a l i z a -
c i ó n e i n s t r u m e n t a l i z a c i ó n de la p r o d u c c i ó n de c e r á m i c a que
e m p i e z a e n e l A l t o E g i p t o y d e s d e a l l í se p r o p a g a , y e n e l q u e la
r e g i ó n en t o r n o a A b i d o s ( « N a q a d a » ) tenía u n a ventaja decisiva:
36
u n a estructura social más desarrollada .
A n t e s se había interpretado la o p o s i c i ó n entre el Bajo y el A l t o E g i p t o
la m a y o r í a de las veces c o m o o p o s i c i ó n de dos f o r m a s d e vida: cazadores
n ó m a d a s e n el s u r , a g r i c u l t o r e s s e d e n t a r i o s e n el n o r t e . H o y s a b e m o s
q u e t a m b i é n los representantes de la cultura N a q a d a e r a n c a m p e s i n o s y
g a n a d e r o s s e d e n t a r i o s . P e r o entre ellos sé f o r m ó u n a «kisure-class», una
capa de señores q u e se dedica a la caza c o m o u n a actividad prestigiosa.
L o s h o m b r e s de la c u l t u r a N a q a d a vivían ya e n u n a s o c i e d a d estra-
tificada, c o n u n a élite que hacía a los demás h o m b r e s trabajar para
e l l o s y p u d o d e s a r r o l l a r g r a n d e s r e d e s c o m e r c i a l e s p a r a c u b r i r sus

36 Es la idea que defiende Christiana Kohler en su tesis doctoral, presentada en Hei-

delberg, Tell el-Faracin-Buto: Die Keramik derSchichten III-VL Untersuchungen zur Tópfereiproduk-
c
tion einerfrühen Siedlung des Nildeltas, 1993; fr-< de la misma autora, «The State of Rese-
arch on Late Predynastic Egypt: New Evidence for the Development of the
Pharaonic State?, en GM 147, 1995, 79-92.
 48 EGIPTO

n e c e s i d a d e s d e b i e n e s d e l u j o p o r m e d i o d e su i m p o r t a c i ó n d e s d e
l u g a r e s l e j a n o s . U n a s o c i e d a d e l i t a r i a n o s ó l o t i e n e n e c e s i d a d de
b i e n e s de l u j o , s i n o t a m b i é n de s e m á n t i c a . N e c e s i t a s i g n o s y s í m b o l o s
de status q u e m a n i f i e s t e n c l a r a m e n t e su p e r t e n e n c i a a u n a clase y su
p r e t e n s i ó n d e d o m i n i o , i m á g e n e s q u e e x p r e s a n su p o d e r , así c o m o
m i t o s y p o d e r e s q u e l e g i t i m e n sus o b j e t i v o s y sus ideas p o l í t i c a s .
Estas i m á g e n e s se m a n i f i e s t a n s o b r e t o d o e n l o s g é n e r o s de o b j e ­
tos d e la c u l t u r a cotidiana.- c e r á m i c a , p a l e t a s , m a n g o s d e c u c h i l l o s ,
cabezas d e m a z a s , p e i n e s . N o es s o r p r e n d e n t e q u e estos o b j e t o s
empiecen ahora a d i s t i n g u i r s e m u c h o m á s de l o s d e l resto d e las f o r ­
3 7
maciones culturales del n o r t e .

MENSAJES LA S E M Á N T I C A F U N D A C I O N A L D E LA ÉPOCA
:

DE LA U N I F I C A C I Ó N

L a . p a u l a t i n a a p a r i c i ó n d e la h i s t o r i a y su e x p r e s i ó n e n p a l a b r a s e
i m á g e n e s e n el s e n o d e la c u l t u r a N a q a d a y e n su m u n d o de i m á g e n e s
es u n p r o c e s o f a s c i n a n t e . A q u í c a b e h a b l a r d e u n « d e s p e r t a r d e la
h i s t o r i a » , d e u n a c o n s c i e n c i a d e la h i s t o r i a q u e , c o n t o d o , se r e f i e r e
n o al p a s a d o , s i n o al p r e s e n t e . E n estas i m á g e n e s se a n u n c i a cada vez
más c l a r a m e n t e la i n t e n c i ó n d e fijar a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó r i c o s . L a
e v o l u c i ó n c u l m i n a e n u n a f o r m a d e analística h e c h a de i m á g e n e s q u e
más tarde i r á d e s a p a r e c i e n d o . E l arte e g i p c i o . n u n c a v o l v e r í a a m i r a r
la h i s t o r i a d e u n a m a n e r a t a n c e r c a n a .
L a c u l t u r a N a q a d a se c a r a c t e r i z a ya e n su e s t a d i o m á s t e m p r a n o
( N a q a d a i) p o r su n o t a b l e a b u n d a n c i a de i m á g e n e s , q u e la h a c e c o n ­
trastar l l a m a t i v a m e n t e c o n las c u l t u r a s p r e h i s t ó r i c a s m á s a n t i g u a s d e l
v a l l e d e l N i l o . L a s vasijas p i n t a d a s d e b l a n c o d e la c u l t u r a N a q a d a 1
d e s a r r o l l a n u n p r o g r a m a d e i m á g e n e s q u e a todas l u c e s t r a s c i e n d e las
f u n c i o n e s p u r a m e n t e decorativas y o f r e c e u n a r e p r e s e n t a c i ó n de c i e r ­
tos d o m i n i o s c e n t r a l e s d e la s e m á n t i c a c u l t u r a l . L a c e r á m i c a es asi
a p r o v e c h a d a c o m o m e d i o m a t e r i a l d e u n a m e m o r i a gráfica e n el que

37 « E l d e s e o q u e el h o m b r e ha t e n i d o d e s d e t i e m p o s p r i m i t i v o s de materiales c o n los
q u e h a c e r s e la v i d a m á s f á c i l , así c o m o d e c o s a s q u e la « e m b e l l e z c a n » ( u n o d e
cuyos f i n e s p r i n c i p a l e s es el d e a c e n t u a r el e f e c t o q u e p u e d a causar s o b r e sus s e m e ­
j a n t e s ) , d i o o r i g e n a u n c o m e r c i o c a d a v e z m á s e x t e n s o , n o l i m i t a d o al v i a j e d e u n a
aldea a oti'a, s i n o d e u n c e n t r o a o t r o , e n p a r t e r e c o r r i e n d o g r a n d e s d i s t a n c i a s . . »
( H e l c k , Gegensatze, 4 s . ) .
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S
49

se c o n t i n ú a n las p i n t u r a s r u p e s t r e s . L o s temas q u e a d m i t e n u n a c o n e -
x i ó n c o n a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó r i c o s a p a r e c e n p o r p r i m e r a vez e n la
é p o c a N a q a d a l i e , c o n c r e t a m e n t e e n la t u m b a d e c o r a d a de u n j e f e o
3 8
cabecilla de H i e r a c ó m p o l i s . Se trata d e la r e p r e s e n t a c i ó n m á s t e m -
p r a n a d e l m o t i v o d e la m u e r t e d e l o s e n e m i g o s , q u e u n a s g e n e r a c i o -
nes d e s p u é s r e a p a r e c e e n la paleta d e afeites de u n rey, N a r m e r , e n su
f o r m a c a n ó n i c a , c o n s e r v a d a hasta el f i n a l d e la h i s t o r i a f a r a ó n i c a . L a
i d e o l o g í a d e l j e f e d e H i e r a c ó m p o l i s m a r c a la s e m á n t i c a p o l í t i c a d e l
primitivo Estado.
L a t u m b a d e c o r a d a d e H i e r a c ó m p o l i s a ú n n o m u e s t r a señales de
v e r d a d e r a e s c r i t u r a . P o r eso n o p o d e m o s d e c i r c o n s e g u r i d a d si a q u e l
j e f e p o s e í a ya el t í t u l o d e « H o r u s » , la f o r m a m á s a n t i g u a d e l t í t u l o
real e g i p c i o , c o n cuya p r i m e r a a p a r i c i ó n se p u e d e fijar el c o m i e n z o
d e l E s t a d o e g i p c i o . P e r o esta h i p ó t e s i s está m u y c e r c a de la r e a l i d a d .
H i e r a c ó m p o l i s s i g n i f i c a « c i u d a d d e l h a l c ó n » ; así l l a m a r o n l o s g r i e -
gos a la c i u d a d d e l d i o s h a l c ó n H o r u s , q u e s e g ú n la c o n c e p c i ó n e g i p -
cia se e n c a r n a e n t o d o r e y . R e c i e n t e s e x c a v a c i o n e s se h a n a c e r c a d o
m u c h o a la p r i m e r a a p a r i c i ó n d e este t í t u l o m u y c e r c a t e m p o r a l -
m e n t e de la t u m b a d e c o r a d a d e H i e r a c ó m p o l i s . E n las t u m b a s d e la
e l i t a r i a n e c r ó p o l i s « U » d e N a q a d a se h a n e n c o n t r a d o m a r c a s d e
c e r á m i c a c o n n o m b r e s de j e f e s q u e t i e n e n ya a n t e p u e s t o el s i g n o d e l
h a l c ó n que los designa c o m o gobernantes.
H i e r a c ó m p o l i s es t a m b i é n el l u g a r d o n d e fue h a l l a d o el m o n u -
m e n t o m á s i m p o r t a n t e q u e n o s h a t r a n s m i t i d o u n , o q u i z á el, a c o n t e -
c i m i e n t o d e c i s i v o d e la é p o c a d e l a u n i f i c a c i ó n e n t e n d i d o c o m o u n
« m e n s a j e » . L a m o n u m e n t a l p a l e t a d e afeites q u e u n rey l l a m a d o
N a r m e r h i z o c o l o c a r e n el t e m p l o d e H o r u s d e H i e r a c ó m p o l i s se
c u e n t a e n t r e u n g r a n g r u p o d e o b j e t o s q u e e n esta é p o c a t e m p r a n a
f u e r o n u t i l i z a d o s c o m o p o r t a d o r e s de los n u e v o s m e n s a j e s . P o s t e r i o r -
m e n t e el E s t a d o d e s a r r o l l a r í a b i e n p r o n t o g é n e r o s p r o p i o s de m o n u -
m e n t o s q u e s e r v i r í a n p a r a l a r e p r e s e n t a c i ó n d e l p o d e r p o l í t i c o y la
p e r p e t u a c i ó n d e las a c c i o n e s h i s t ó r i c a s . P e r o p r i m e r o encontramos
l o s m e n s a j e s d e l E s t a d o n a c i e n t e e n m e d i o s t r a d i c i o n a l e s , c o m o la
c e r á m i c a y l o s g r a b a d o s r u p e s t r e s , así c o m o e n o b j e t o s p r ó x i m o s a la
esfera real, c o m o paletas d e afeites y a r m a s , e s p e c i a l m e n t e cabezas de
mazas. L a f u n c i ó n d e estas i m á g e n e s llega m a n i f i e s t a m e n t e más allá de

38 Humphrey Case/Joan Crowfoot Payne, «Tomb IOO: tke Decorated Tomb at Hiera-
conpolis», enJEA48, 1962, 5-18.
 EGIPTO
5o
la m e r a d e c o r a c i ó n , y hay q u e r e l a c i o n a r l a c o n el deseo de registrar las
a c c i o n e s y a c o n t e c i m i e n t o s r e v o l u c i o n a r i o s d e la é p o c a de la u n i f i c a -
c i ó n a la v e z q u e i n t e r p r e t a r l o s y p e r p e t u a r su s i g n i f i c a c i ó n . É p o c a ,
a c c i ó n e h i s t o r i a d e b í a n h a c e r s e v i s i b l e s . P a r a e l l o e r a n e c e s a r i a la
escritura. P u e s s ó l o c o n la a d i c i ó n de signos i d e n t i f i c a d o r e s q u e n o m -
b r a r a n los lugares y los protagonistas p o d í a n los acontecimientos q u e -
dar r e p r o d u c i d o s e n su c a r á c t e r ú n i c o . S e g u r a m e n t e n o se trataba de
salvarlos del o l v i d o , s i n o de « p u b l i c a r l o s » , es.decir, de h a c e r l o s v i s i -
b l e s . E l q u e la p a l e t a d e N a r m e r e s t u v i e r a e x p u e s t a e n u n t e m p l o ,
q u e d a n d o así v i s i b l e s ó l o p a r a u n o s p o c o s , n o s i g n i f i c a n a d a . E l
m u n d o de l o s dioses c o n s t i t u í a u n p ú b l i c o , y e s p e c i a l m e n t e p a r a ellos
debía el a c o n t e c i m i e n t o q u e d a r r e g i s t r a d o . E l m u n d o de s e n t i d o
e n t o n c e s n a c i e n t e i m p u l s a b a a la s i m b o l i z a c i ó n v i s i b l e . A q u í h e m o s
e s c o g i d o la paleta de N a r m e r c o m o e j e m p l o de esta t e m p r a n a n e c e s i -
dad de registrar la h i s t o r i a .
E l n o m b r e d e l rey « N a r m e r » se e n c u e n t r a e n a m b a s caras d e la
p a l e t a e n t r e d o s b u c r á n e o s , i n s c r i t o e n el j e r o g l í f i c o p a r a « p a l a c i o » ,
q u e f u n c i o n a c o m o s i g n o de d o m i n i o . L a cara a n t e r i o r , i d e n t i f i c a d a
c o m o tal p o r la c a v i d a d r e d o n d a , está d i v i d i d a e n t r e s r e g i s t r o s . E l
c e n t r a l , q u e es e l m a y o r , m u e s t r a d o s « p a n t e r a s c o n c u e l l o d e s e r -
p i e n t e » , c u y o s c u e l l o s e n l a z a d o s s o n u n c l a r o s í m b o l o d e la u n i ó n
del A l t o y el B a j o E g i p t o . E n el c a m p o i n f e r i o r se ve u n t o r o q u e pisa
con sus p e z u ñ a s a u n e n e m i g o , y c o n sus astas d e s t r u y e u n a c i u d a d .
E l t o r o es, c o m o e l h a l c ó n y el l e ó n , u n o d e l o s s í m b o l o s b á s i c o s d e l
p o d e r f a r a ó n i c o . L o s dos b u c r á n e o s i n t e r p r e t a d o s c o m o « c a b e z a s d e
Hathor» e n la p a r t e s u p e r i o r flanquean el n o m b r e d e l rey. L o s
a c o n t e c i m i e n t o s representados en los dos c a m p o s i n f e r i o r e s de la
cara a n t e r i o r n ó están i n d i v i d u a l i z a d o s p o r j e r o g l í f i c o s . N o p o d e m o s
d e c i r si las i m á g e n e s se r e f i e r e n a a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó r i c o s ú n i c o s
o a a s p e c t o s d e la r e a l i d a d q u e s i e m p r e se r e p i t e n .
El c a m p o s u p e r i o r , en c a m b i o , contiene varios signos j e r o g l í f i c o s .
V e m o s al rey « N a r m e r » , c u y o n o m b r e a p a r e c e escrito a la d e r e c h a d e
su c a b e z a , c o n la « c o r o n a r o j a » d e l B a j o E g i p t o , a v a n z a n d o e n p r o -
c e s i ó n s o l e m n e h a c i a la d e r e c h a , s e g u i d o d e u n a f i g u r a q u e lleva u n a s
s a n d a l i a s y c u y o t í t u l o a p a r e c e e s c r i t o c o n u n a r o s a d e la d i o s a de la
3 9
e s c r i t u r a S e s h a t , p o r l o q u e se s u p o n e q u e s i g n i f i c a « e s c r i b a » .

39 Erich Winter, «Wer steht hinter N a r m e r ? » , en Quischen den be¡denEwigkeiten, Festschrift

Gertrud Thausing, Viena, s.a, 5>79"~290-
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S 5i

S o b r e él se e n c u e n t r a u n c u a d r a d o q u e , p o r el s i g n o e n él i n s c r i t o , se
i d e n t i f i c a c o m o u n a estancia p a r a vestirse. A l rey le p r e c e d e u n H o m -
b r e c o n l a r g o s c a b e l l o s , q u e l o s s i g n o s tí l o i d e n t i f i c a n c o m o v i s i r . A
la cabeza de la p r o c e s i ó n a v a n z a n c u a t r o p e q u e ñ a s figuras p o r t a d o r a s
de cuatro estandartes que s o n s í m b o l o s del p o d e r í o del rey. Estos
c u a t r o e s t a n d a r t e s a p a r e c e n e n el i n v e n t a r i o c l á s i c o d e s í m b o l o s d e l
p o d e r f a r a ó n i c o , y m á s t a r d e s e r á n c o n o c i d o s c o n el n o m b r e de
« s e g u i d o r e s de H o r u s » . E l d e s t i n o d e la c o m i t i v a real la c o n s t i t u y e n
d i e z figuras decapitadas e x t e n d i d a s s o b r e el s u e l o a las q u e se ha c o l o -
c a d o la cabeza e n t r e l o s p i e s . S o b r e ellas se v e u n b a r c o y e s c u e t o s s i g -
nos de escritura. L o s signos delante del barco p u e d e n leerse c o m o
« G r a n P u e r t a » , y r e f e r i r s e p o s i b l e m e n t e al e s c e n a r i o d e l o q u e
a c o n t e c e . S o b r e el b a r c o se ve u n h a l c ó n c o n u n a r p ó n ( ¿ « H o r u s se
ha apoderado del n o m o del A r p ó n » ? ) . L a escena entera muestra,
p u e s , al rey p a s a n d o revista a los cadáveres d e l o s e n e m i g o s e j e c u t a d o s
(no caídos).
L a cara p o s t e r i o r m u e s t r a , e n el r e g i s t r o p r i n c i p a l , al rey c o n la
c o r o n a b l a n c a d e l A l t o E g i p t o a g a r r a n d o c o n la m a n o i z q u i e r d a p o r
l o s c a b e l l o s a u n e n e m i g o a r r o d i l l a d o m i e n t r a s l e g o l p e a c o n la d e r e -
c h a . Esta e s c e n a q u e d ó fijada p a r a la p o s t e r i d a d c o m o u n p i c t o g r a m a
d e l r e y v i c t o r i o s o , y a d o r n ó h a s t a el f i n a l d e l a h i s t o r i a f a r a ó n i c a
s o b r e t o d o los m u r o s e x t e r i o r e s d e l o s p i l ó n o s d e l o s t e m p l o s . J u n t o
al e n e m i g o hay d o s s i g n o s j e r o g l í f i c o s q u e se p u e d e n i n t e r p r e t a r , o
b i e n i d e o g r á f i c a m e n t e c o m o el l a g o d e l A r p ó n , el n o m o d e l A r p ó n u
otra cosa p a r e c i d a , o b i e n f o n é t i c a m e n t e c o m o « W a s h » , q u e sería
e n t o n c e s u n n o m b r e p r o p i o , el d e l e n e m i g o a r r o d i l l a d o . A r r i b a a la
d e r e c h a , s o b r e el e n e m i g o y a n t e el rey hay u n a c o m p l e j a r e p r e s e n t a -
c i ó n que debe entenderse c o m o algo i n t e r m e d i o entre i m a g e n y
e s c r i t u r a . U n h a l c ó n p o s a d o s o b r e u n a p l a n t a d e p a p i r o c o n seis f l o -
res s u j e t a c o n u n a p a t a u n c a b o q u e está f i j a d o a u n a c a b e z a . E s t a
cabeza sobresale d e l t r o z o de t i e r r a e n el q u e crece la p l a n t a de
papiro, y en cierto m o d o lo personifica. La escena puede leerse
c o m o « E l h a l c ó n ( e l rey o el d i o s ) h a s o m e t i d o al p a í s d e l p a p i r o
(= el d e l t a , o el B a j o E g i p t o ) » . Q u i z á el n ú m e r o seis t i e n e t a m b i é n
su s i g n i f i c a d o : « y h a h e c h o seis m i l p r i s i o n e r o s » , o a l g o p a r e c i d o .
E n el c a m p o i n f e r i o r se ve a d o s e n e m i g o s c a í d o s ; l o s j e r o g l í f i c o s se
interpretan como « S a i s » .
S e a c u a l sea la i n t e r p r e t a c i ó n q u e se q u i e r a h a c e r de las r e p r e s e n -
t a c i o n e s , s u r e f e r e n c i a h i s t ó r i c a es i n e q u í v o c a . C u a t r o d e l o s c i n c o
 52 EGIPTO

c a m p o s m u e s t r a n la v i o l e n c i a m o r t a l d e l r e y . E l m e n s a j e q u e estas
e s c e n a s q u i e r e n t r a n s m i t i r es a n t e t o d o u n a n o t i c i a d e g u e r r a , v i o -
l e n c i a , m u e r t e y s o m e t i m i e n t o . N o se p r e t e n d e a q u í s e r v i r a la p a z ,
s i n o m o s t r a r u n c o n f l i c t o m o r t a l : n o se r e l a t a n p r o c e s o s d e l a r g a
d u r a c i ó n , s i n o u n c o n t e c i m i e n t o ú n i c o é n el e s p a c i o y e n el t i e m p o .
E l a c o n t e c i m i e n t o es u n a v i c t o r i a d e l s u r s o b r e el n o r t e . E l r e y c i ñ e
ya las d o s c o r o n a s d e l d o b l e r e i n o u n i d o . Y a n o es el c a b e c i l l a - H o r u s
de u n E s t a d o N a q a d a , s i n o el rey d e u n r e i n o u n i f i c a d o p o r la f u e r z a .
E n a m b a s caras d e la p a l e t a d e N a r m e r a p a r e c e el s i g n o d e la c i u -
dad fortificada asociado a los enemigos d e r r o t a d o s ; e n la a n t e r i o r
c o m o i m a g e n , y e n la p o s t e r i o r c o m o s i g n o d e escritura y d e t e r m i n a -
tivo d e Sais. N a r m e r n o l u c h a c o n t r a t r i b u s , s i n o c o n t r a a d v e r s a r i o s
s e d e n t a r i o s , c i v i l i z a d o s , q u e h a b i t a n c i u d a d e s fortificadas o c i u d a d e -
las. Este a s p e c t o d e las l u c h a s p o r la u n i f i c a c i ó n v i e n e e x p r e s a d o m á s
c l a r a m e n t e e n o t r a p a l e t a d e esta m i s m a é p o c a . S e p u e d e i m a g i n a r
q u e , e n este n i v e l d e d e s a r r o l l o c u l t u r a l y p o l í t i c o e n E g i p t o , t a m b i é n
se h a b r í a p o d i d o l l e g a r a u n a c o n f e d e r a c i ó n d e E s t a d o s , c o m o e n la
M e s o p o t a m i a d e esta m i s m a é p o c a .
M e s o p o t a m i a y E g i p t o , l o s Estados m á s a n t i g u o s de la h i s t o r i a de la
h u m a n i d a d , d e cuya c o n s t r u c c i ó n y f u n c i o n a m i e n t o t e n e m o s i n f o r -
m a c i ó n p o r f u e n t e s e s c r i t a s , r e p r e s e n t a n las d o s f o r m a s q u e p u e d e
t o m a r el p r o c e s o d e f o r m a c i ó n d e u n E s t a d o : la c o n f e d e r a c i ó n y e l
Estado territorial. Q u e estas d o s d i r e c c i o n e s n o sólo i m p l i c a n vías p o l í -
ticas y e c o n ó m i c a s d i s t i n t a s , s i n o t a m b i é n s e m á n t i c a s , es a l g o q u e
p u e d e evidenciarse de m a n e r a b i e n directa. Las confederaciones de
E s t a d o s t i e n d e n a la f o r m a c i ó n d e semánticas f u e r t e m e n t e c o m p e t i t i -
vas, d e l o cual las c i u d a d e s griegas d e la é p o c a arcaica y clásica, así c o m o
las c i u d a d e s - e s t a d o d e l R e n a c i m i e n t o i t a l i a n o , p r o p o r c i o n a n e j e m p l o s
b i e n c o n o c i d o s . L o s Estados territoriales, e n cambio, p r o d u c e n u n a
s e m á n t i c a i n t e g r a d o r a y cooperativa, de l o cual s o n e j e m p l o s caracterís-
ticos, además d e E g i p t o , la C h i n a c o n f u c i a n a . E n a m b o s casos aparece
u n a s e m á n t i c a i n t e g r a d o r a e s p e c i a l m e n t e p r o n u n c i a d a e n el f o n d o d e
u n a fase previa c o n p e q u e ñ o s E s t a d o s rivales: e n C h i n a , la « é p o c a d e
los r e i n o s e n c o n f l i c t o » ; e n E g i p t o , la fase d e l o s cabecillas rivales. E n
M e s o p o t a m i a , e n c a m b i o , la fase d e las c i u d a d e s - e s t a d o rivales se p r o -
l o n g a hasta la é p o c a d e m á x i m o d e s a r r o l l o c u l t u r a l d e l a e s c r i t u r a , y
40
d e t e r m i n a la s e m á n t i c a c u l t u r a l d e u n a f o r m a d e c i s i v a .

40 Cfr. B r u c e H . T r i g g e r , Early Civilizfltions. AncientEgfpt in context, E l C a i r o , 1993?

 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S 53

L o s c a b e c i l l a s rivales existentes e n N a q a d a III r e s i d í a n e n c i u d a d e s

f o r t i f i c a d a s , y la i d e a d e l e n e m i g o , d e l c o m b a t e , estaba a s o c i a d a e n el
m u n d o d e i m á g e n e s d e esta é p o c a a la d e s t r u c c i ó n d e u n a f o r t a l e z a .
I n v e s t i g a c i o n e s a r q u e o l ó g i c a s h a n d e m o s t r a d o t a m b i é n la e x i s t e n c i a
d e f u e r t e s m u r o s d e a d o b e c o n b a s t i o n e s y p u e r t a s ; se trata d e f o r t a -
lezas o c i u d a d e l a s e n las q u e la p o b l a c i ó n p o d í a r e f u g i a r s e e n caso d e
4 1
c o n f l i c t o ' . U n o s d o s m i l a ñ o s d e s p u é s , e n el T e r c e r P e r í o d o I n t e r -
m e d i o , E g i p t o o f r e c e la m i s m a i m a g e n p o l í t i c a d e sus a s e n t a m i e n t o s .
Las c i u d a d e s están f o r t i f i c a d a s , l o s c o n f l i c t o s s i g u e n la p a u t a d e l a s e -
d i o y la c o n q u i s t a , y l o s p r o t a g o n i s t a s s o n p r í n c i p e s y r e y e s c u y o s
t e r r i t o r i o s s o n c o m p a r a b l e s a l o s d e l o s c a b e c i l l a s rivales d e la é p o c a
de N a q a d a . E n el f o n d o d e esta o p c i ó n h a y q u e v e r el E s t a d o t e r r i t o -
rial q u e se i m p o n e c o n v i o l e n c i a f r e n t e las c i u d a d e s . E l E s t a d o t e r r i -
t o r i a l e g i p c i o , el p r i m e r o d e su t i p o e n la h i s t o r i a d e la h u m a n i d a d ,
n o n a c e d e p e q u e ñ a s f o r m a s d e o r g a n i z a c i ó n e n el o r d e n p o l í t i c o y
social, s i n o q u e se i m p o n e c o n v i o l e n c i a f r e n t e al o r d e n p o l i c é n t r i c o
d e las c i u d a d e s - e s t a d o . E l E s t a d o t e r r i t o r i a l d e l E g i p t o u n i f i c a d o
p r o d u c e u n o r d e n al d e s t r u i r o t r o o r d e n . T a l es e n t o d o c a s o el
« m e n s a j e » d e l o s m o n u m e n t o s . Este r a s g o d e e x a l t a c i ó n d e la v i o -
lencia e n los mensajes halla t a m b i é n expresión e n los n o m b r e s que
tienen estos p r i m e r o s reyes: n o m b r e s como «Escorpión» y
« C o b r a » ; N a r m e r significa «siluro v o r a z » , H o r - A h a significa
« H o r u s g u e r r e r o » , D e n , « E l que corta», Djer « E l que apresa» o
«El trampero», Q a - a « E l q u e tiene el b r a z o alzado (para g o l -
4 2
p e a r ) » . A ú n e n la II d i n a s t í a , q u e a d o p t a u n p r i n c i p i o , c o m p l e t a -
m e n t e d i s t i n t o e n l o s n o m b r e s reales, h a y u n rey « S e c h e m - i b » , q u é
s i g n i f i c a « c o n c o r a z ó n v o l e n t o » , la m i s m a e x p r e s i ó n q u e m á s t a r d e
d e s i g n a r á e l a n t i t i p o d e la f o r m a y la f o r m a c i ó n d e l a m e n t a l i d a d
e g i p c i a . Esta f o r m a g u e r r e r a d e r e p r e s e n t a r s e , i n c l u s o s a n g u i n a r i a y
exaltadora de la v i o l e n c i a , discrepa n o t a b l e m e n t e de la i d e o l o g í a
expresa d e l a s o l i d a r i d a d y la c o o p e r a c i ó n q u e m á s t a r d e c a r a c t e r i z a r á
a la m e n t a l i d a d d e l E s t a d o e g i p c i o . E l v i r a j e al E s t a d o se p r e s e n t a
c o m o u n v i r a j e d e l a v i o l e n c i a al D e r e c h o , d e la c o m p e t i c i ó n a la
c o o p e r a c i ó n . L a ética d e la i n t e g r a c i ó n p r e s e n t a e n l o s textos p o s t e -
r i o r e s s ó l o se e x p l i c a p o r su c o n t r a s t e c o n a q u e l t r a s f o n d o h i s t ó r i c o .

41 Arqueológicamente demostrado en Hieracómpolis y en Elefantina. El concepto de

la ciudadela perviviría en la arquitectura de los templos.
42 Cfr. J. Vercoutter, L'Egypte et la vallée du MI I, Des origines á lafinde /'Anden Empire, París, 1992,
240.
 EGIPTO
54
R E C U E R D O : LA MITOMOTÓRICA DEL ESTADO EGIPCIO

A n a l e s y listas de reyes

E n la m e m o r i a p o s t e r i o r m e n t e c o d i f i c a d a e n anales y listas d e r e y e s
d e s a p a r e c e t o d o r e c u e r d o d e u n a fase e n q u e e x i s t í a n v a r i o s r e i n o s
rivales. P e r o este o l v i d o se p r o d u c e s ó l o e n u n a é p o c a t a r d í a e n q u e ,
tras e l o c a s o d e l R e i n o A n t i g u o , o q u i z á t a m b i é n d e l M e d i o , se c o n -
f e c c i o n a la lista oficial d e reyes c o m o c o n s t r u c c i ó n d e la p e r m a n e n c i a
y la c o n t i n u i d a d . D e l R e i n o A n t i g u o hay, e n c a m b i o , u n d o c u m e n t o
que, e n s o r p r e n d e n t e c o r r e s p o n d e n c i a c o n l o q u e t r a n s m i t e n h u e l l a s
y mensajes, hace c o m e n z a r la historia d e l p o d e r f a r a ó n i c o bastante
t i e m p o a n t e s d e l a d i n a s t í a I . E s t e d o c u m e n t o es l a « P i e d r a d e
P a l e r m o » , así l l a m a d a p o r e l l u g a r d o n d e a c t u a l m e n t e se h a l l a e l
m a y o r d e l o s f r a g m e n t o s q u e se h a n c o n s e r v a d o d e este m o n u m e n t o .
Se trata d e u n a p l a c a d e b a s a l t o n e g r o e n la q u e e s t a b a n g r a b a d o s l o s
« a n a l e s » d e l o s reyes d e la P r i m e r a É p o c a y d e l R e i n o A n t i g u o . S ó l o
4 3
u n o s p o c o s restos se h a n c o n s e r v a d o . L a lista r e t r o c e d e m á s allá d e la
I dinastía de M a n e t ó n , y c o m i e n z a c o n u n a serie de reyes q u e s ó l o
c i ñ e n la c o r o n a « r o j a » , la c o r o n a q u e e n la t r a d i c i ó n p o s t e r i o r
i n d i c a e l d o m i n i o s o b r e e l B a j o E g i p t o . N o se p u e d e c o m p r o b a r si
esta p a r t e i n i c i a l d e l a lista t a m b i é n c o n t i e n e r e y e s c o n l a c o r o n a
« b l a n c a » d e l A l t o E g i p t o . E n t o d o caso se r e c o g e n al m e n o s 25 reyes
que p r e c e d i e r o n a la I dinastía. E l r e c u e r d o aquí codificado llegaba
b i e n lejos e n la é p o c a p r o t o h i s t ó r i c a tardía. E x c a v a c i o n e s realizadas e n
los ú l t i m o s d e c e n i o s h a n p e r m i t i d o c o n f i r m a r este r e c u e r d o t a m b i é n
e n las h u e l l a s y l o s m e n s a j e s , y r e l l e n a r l o c o n n o m b r e s . E s t o s r e y e s
h a n sido i n c l u i d o s e n la l l a m a d a « d i n a s t í a O » (= N a q a d a l í e - N a q a d a
I I I , ca. 3 3 0 0 - 3 1 0 0 ) .

Del signo jeroglífico egipcio para « a ñ o » p o d e m o s deducir que e n

el P e r í o d o arcaico l o s a ñ o s e r a n c o n t a d o s m e d i a n t e u n a s i n c i s i o n e s e n
u n a p a n í c u l a d e p a l m e r a . A l g o s e m e j a n t e a las claves anuales e n el t e m -
p l o de J ú p i t e r c a p i t o l i n o . l°ero l o s a ñ o s n o s ó l o e r a n c o n t a d o s , s i n o
que además recibían u n n o m b r e referido a los acontecimientos más
importantes p r o d u c i d o s e n ellos, siendo los ú n i c o s a c o n t e c i m i e n t o s
epónimos considerados los políticos, nunca acontecimientos natura-
les. H u b o u n a ñ o d e la « D e r r o t a d e l e s t e » y u n a ñ o de la « E s c u l t u r a

43 C/r. Helck en LA IV, 652-654.

 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S 55

de A n u b i s » . H u b o t a m b i é n a ñ o s q u e f u e r o n i d e n t i f i c a d o s p o r m ú l -
tiples a c o n t e c i m i e n t o s . L o s a c o n t e c i m i e n t o s e r a n r e g i s t r a d o s a t e n -
d i e n d o a n t e t o d o a la e c o n o m í a estatal: p a r a t e n e r a la vista los p l a z o s
p a r a el p a g o d e l o s t r i b u t o s , l o s r e n d i m i e n t o s a n u a l e s y e l p l a z o d e
a l m a c e n a m i e n t o d e c i e r t o s b i e n e s , así c o m o las c o n d i c i o n e s p a r a la
p l a n i f i c a c i ó n d e l f u t u r o ; y n o , c o m o e n H e r ó d o t o , p a r a salvar d e l
olvido g r a n d e s gestas de la h u m a n i d a d . E s t o c o n v i e n e s u b r a y a r l o p o r -
q u e el c o n c e p t o de « a c o n t e c i m i e n t o » quizá despierte falsas a s o c i a c i o -
nes. L o s a c o n t e c i m i e n t o s s o n de naturaleza predominantemente
r i t u a l . C a s i s i e m p r e se trata d e fiestas. E n t e n d e m o s p o r a c o n t e c i -
m i e n t o u n s u c e s o q u e se sale d e l o c o r r i e n t e . P e r o a q u í se t r a t a d e
acontecimientos que constituyen lo n o r m a l .
E s t o s a c o n t e c i m i e n t o s f u e r o n a n o t a d o s e n las « t a b l e t a s d e l o s
anales», que cumplían una evidente doble función. Por una parte
servían d e e t i q u e t a s p a r a r e c i p i e n t e s d e v i n o , aceite e t c . , esto es, p a r a

T I \
U
ir h %

L A PIEDRA DE PALERMO
(FUENTE: H . MÜLLER-KARPE, HANDBUCH DERVORGESCHICHTE n,
M U N I C H , 1 9 6 8 , LÁM. 54 L )
 56 EGIPTO

f e c h a r m e r c a n c í a s . P o r o t r a p a r t e m o s t r a b a n t a m b i é n fechas i m p o r -
tantes d e fiestas, a c o n t e c i m i e n t o s y estados d e l N i l o , a m o d o de c r ó -
n i c a r u d i m e n t a r i a , c o n f i n e s d e c o n t r o l y p a r a t e n e r a la vista p l a z o s
y t é r m i n o s l a r g o s e n el t i e m p o . Es esta s e g u n d a f u n c i ó n la q u e hacía
r e u n i r tales datos, c o n d u c i e n d o así a u n a e s p e c i e de m e m o r i a a n a l í s -
tica. L o s a c o n t e c i m i e n t o s que daban n o m b r e a los años c o r r e s p o n -
d í a n e n g r a n m e d i d a a l o q u e t a m b i é n r e p r e s e n t a b a n las p a l e t a s d e
a f e i t e s e n e l s e n t i d o d e u n m e n s a j e m o n u m e n t a l . D e e s e . m o d o se
e n c o n t r ó e n la i n s t i t u c i ó n de lá analística, q u e r e u n í a datos a n u a l e s ,
una forma de trasladar « m e n s a j e s » a l o s « r e c u e r d o s » .
A d i f e r e n c i a de la p i e d r a de P a l e r m o , la t r a d i c i ó n p o s t e r i o r de las
listas de reyes,, q u e t a m b i é n M a n e t ó n s i g u e , h a c e c o m e n z a r la h i s t o r i a
de los r e i n a d o s c o n d i o s e s y seres « g l o r i o s o s » (hemitheoi, e n g r i e g o ) . A
p e s a r d e l o c u a l a p a r e c e a q u í la f i g u r a d e l f u n d a d o r d e l E s t a d o c o n
q u i e n c o m i e n z a la s e r i e d e l o s r e y e s f a r a ó n i c o s e n s e n t i d o p r o p i o .
S e g ú n este r e c u e r d o , el g o b i e r n o d e l o s reyes es, p o r u n a p a r t e , t a n
a n t i g u o c o m o el m u n d o , y su c o m i e n z o f u e o b s e r v a d o p o r el p r o p i o
C r e a d o r , y, p o r otra, es el c o m i e n z o d e la h i s t o r i a , q u e p o n e f i n a l o s
r e m o t o s t i e m p o s m í t i c o s . L a h i s t o r i a se p u e d e d e f i n i r , p u e s , d e
a c u e r d o c o n el m o d o e g i p c i o d e e n t e n d e r l a , como la extensión e n el
t i e m p o d e l g o b i e r n o real e j e r c i d o p o r los f a r a o n e s , y n o p o r seres d i v i -
n o s o s e m i d i v i n o s . Esta i d e a d e l c o m i e n z o de la h i s t o r i a se c o r r e s p o n d e
c o n la praxis científica m o d e r n a . E l n o m b r e que, las listas d e reyes d a n
al f u n d a d o r d e l r e i n o es M e n i , c o n v e r t i d o p o r M a n e t ó n e n el n o m b r e
griego « M e n e s » , y m a l e n t e n d i d o p o r D i o d o r o c o m o « M n e v i s » (que
era el n o m b r e del t o r o sagrado d e H e l i ó p o l i s ) . E n las huellas y m e n s a -
j e s de a q u e l l a é p o c a n o h a y hasta a h o r a n o t i c i a de este n o m b r e . Q u i z á
se trate s ó l o d e u n r e c u e r d o . E n D i o d o r o a p a r e c e M n e v i s / M e n e s n o
sólo c o m o f u n d a d o r d e l R e i n o , s i n o t a m b i é n c o m o l e g i s l a d o r y c i v i l i -
z a d o r . L a figura r e c o r d a d a de u n f u n d a d o r d e l R e i n o y h é r o e de la c u l -
tura p a r e c e s u r g i r p o r p r i m e r a v e z e n el R e i n o M e d i o o e n el N u e v o , y
c o b r a r cada vez más i m p o r t a n c i a e n la É p o c a Baja. L a f r o n t e r a así t r a -
zada e n t r e h i s t o r i a y p r o t o h i s t o r i a se v u e l v e c o n el t r a n s c u r s o d e l
t i e m p o cada v e z más n í t i d a . E l s e n t i d o d e esta figura d e l r e c u e r d o está
e n q u e c o n ella se e n c o n t r ó u n m o d e l o al q u e s i e m p r e se p o d í a r e t o r -
nar. L a a c c i ó n d e M e n e s se p o d í a r e p e t i r . E n el r e c u e r d o del
c o m i e n z o , u n a c o m u n i d a d se r e a f i r m a e n sus f u n d a m e n t o s . C o n la
f i g u r a de M e n e s , el m u n d o d e s e n t i d o e g i p c i o a d q u i e r e a l g o d e la
estructura resistente al t i e m p o d e u n a r e l i g i ó n instituida.
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S
57

S i M e n e s es u n a f i g u r a d e l r e c u e r d o , s o b r a la b ú s q u e d a d e u n a
c o r r e s p o n d e n c i a e n h u e l l a s y m e n s a j e s . P o r eso es t a m b i é n o c i o s o
p r e g u n t a r s e si h a y q u e i d e n t i f i c a r l o c o n E s c o r p i ó n , H o r u s - A h a u
o t r o rey de la É p o c a a r c a i c a . E n s u f i g u r a se s u p o n e q u e c o n f l u y e n
v a r i o s de estos reyes h i s t ó r i c o s .

E l m i t o de H o r u s y S e t h

N o hay u n m i t o del n a c i m i e n t o del Estado en s e n t i d o p r o p i o y

e s t r i c t o . L o q u e h a y es el m i t o d e H o r u s y S e t h , q u e s u p o n e y a el
Estado, pero que narra u n a r e o r g a n i z a c i ó n c o n u n claro e i m p o r -
tante s i g n i f i c a d o de f u n d a c i ó n . E l m i t o de H o r u s y S e t h cifra la
g é n e s i s d e l E s t a d o e n la s u p e r a c i ó n d e l a v i o l e n c i a . E l t e x t o a q u í
f u n d a m e n t a l es u n c a p í t u l o d e l « D o c u m e n t o d e l a t e o l o g í a m e n -
f i t a » , u n g r a n b l o q u e d e b a s a l t o d e l a d i n a s t í a XXV q u e — c o m o la
« p i e d r a de P a l e r m o » — r e p r o d u c e u n m o d e l o de p a p i r o . Aún
h a b r e m o s d e v o l v e r c o n m á s d e t e n i m i e n t o s o b r e este m o n u m e n t o
a p r o p ó s i t o d e la d i n a s t í a XXV. P e r o el t e x t o es t a m b i é n importante
e n el p r e s e n t e c o n t e x t o p o r q u e c o n t i e n e a l g o así c o m o el m i t o d e
la « u n i f i c a c i ó n » :

[Geb ordenó] que la Enéada [los nueve dioses] se congregara,

y separó a H o r u s y Seth,
impidió que siguieran r i ñ e n d o .
N o m b r ó a Seth rey njswt en el A l t o Egipto,
hasta el lugar en que él había nacido, en Sw.
Y Geb n o m b r ó a H o r u s rey bjt en el Bajo Egipto,
hasta el lugar en que su padre m u r i ó ahogado en Pzst-t wj. 3

Así quedó H o r u s en u n sitió,

y así quedó Seth en otro sitio,
ellos 'se u n í a n sobre' los dos países en A j a n .
Este es el límite entre las dos tierras.

Malo era en o p i n i ó n de G e b (o sea, G e b se arrepintió)

que la parte de H o r u s fuera igual a la parte de Seth.
Entonces G e b dio a H o r u s la herencia de su padre,
pues él es hijo de su hijo, su p r i m o g é n i t o .
G e b habla a la Enéada: te he destinado iHorusl c o m o h e r e d e r o '
del t r o n o .
58 EGIPTO

Geb habla a la Enéada: para ti solo iHorusl la herencia.

G e b habla a la Enéada: pertenece a aquel h e r e d e r o iHorusl M i
herencia.
Geb habla a la Enéada: pertenece al hijo de m i hijo iHorusl al
chacal del A l t o Egipto. '
Geb habla a la Enéada: a uno que abre el cuerpo iHorusl U p u a u t
Geb habla a la Enéada: es u n hijo que nació iHorusl en el natali-
cio de Upuaut.

H o r u s se levantó sobre el país

él es el que unió este país.
Llamado con el gran n o m b r e de Tatenen
A l sur de su m u r o , señor de Djet
Los dos reinos mágicos crecieron sobre su cabeza
A h í apareció H o r u s como rey njswt y bjt
que unió los dos países en Jneb-hedj (Menfis)
en el lugar en que las dos tierras fueron unidas.

O c u r r i ó que j u n c o y papiro fueron colocados a la doble puerta de

la casa de Ptah.
Eso significa: H o r u s y Seth, que se avinieron y u n i e r o n ,
hermanándose para dejar de discutir
en cualquier lugar al que llegaran
unidos en casa de Ptah, la balanza de las.dos tierras,
en la que la tierra del A l t o Egipto y la del Bajo Egipto habían sido
4 1
pesadas " '.

P r i m e r o h a y q u e d e s t a c a r q u e l a d i s p u t a e n t r e H o r u s y S e t h se
d e s a r r o l l a e n la f o r m a d e u n l i t i g i o . L a d e c i s i ó n l a t i e n e G e b . L a
c o n t r o v e r s i a e n t r e l o s h e r m a n o s l i t i g a n t e s n o se d i r i m e , p u e s , p o r la
fuerza, s i n o p o r el d e r e c h o .
T r a s e l p r i m e r a r b i t r a j e , el j u i c i o es e v i d e n t e m e n t e r e v i s a d o y
n u e v a m e n t e d i c t a d o . E s t o p u e d e s i g n i f i c a r dos cosas: la d i v i s i ó n d e la
h i s t o r i a e n u n a fase d e d o b l e d o m i n i o d e H o r u s y S e t h y u n a fase de
d o m i n i o ú n i c o d e H o r u s , o la a c e n t u a c i ó n d e l m o t i v o d e l d o m i n i o
ú n i c o d e H o r u s p o r n e g a c i ó n e x p r e s a d e l d o b l e d o m i n i o d e los d o s
h e r m a n o s , q u e s ó l o se m e n c i o n a p a r a i n m e d i a t a m e n t e ser c a n c e l a d a .

44 H . J u n k e r , Dkpolitische Lehre von Memphis, A b h . d e r P r e u f t i s c h e n A k a d e m i e d e r W i s s e n -

schaftenjg. 1941 phil.-hist. Kl. Nr. 6, Berlín, 1941, 23-36.
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S 59

T a m b i é n s o n decisivos los m o t i v o s de la d i v i s i ó n y la u n i ó n . T o d a la
h i s t o r i a es a r t i c u l a d a e n tres fases. L a p r i m e r a fase es la de la d i s p u t a ;
a ésta l e s i g u e , c o m o s e g u n d a fase, la d e c i s i ó n d e l r e p a r t o (pzs), y
f i n a l m e n t e , la t e r c e r a fase e s t a b l e c e la p a z p o r m e d i o d e u n a u n i ó n
(zmg). L o s c o n c e p t o s d e « l í m i t e e n t r e las d o s t i e r r a s » y « u n i ó n d e
las d o s t i e r r a s » a p a r e c e n e x a c t a m e n t e e n e l m i s m o l u g a r : el ú l t i m o
v e r s o d e c a d a e s t r o f a . L a u n i ó n d e las d o s t i e r r a s a c o n t e c e s o b r e la
b a s e d e u n a p a z ya e s t a b l e c i d a . E l m o t i v o d e la u n i f i c a c i ó n i m p l i c a
la i d e a d e la r e c o n c i l i a c i ó n . S e t h es s u p e r a d o , p e r o n o e x p u l s a d o ,
sino integrado.
C a d a r e y r e p i t e e n su a s c e n s o al t r o n o la u n i f i c a c i ó n d e l o s d o s
p a í s e s . S o b r e e l t r o n o r e a l se r e p r e s e n t a l a u n i f i c a c i ó n c o n las i m á ­
g e n e s d e H o r u s y S e t h . S e g ú n la t e m p r a n a t e o l o g í a r e a l , c a d a r e y
e n c a r n a a l o s d o s d i o s e s , H o r u s y S e t h . E n t o d o c a s o , e l l o se p u e d e
d e d u c i r d e l a n t i g u o t í t u l o d e la r e i n a « L a q u e c o n t e m p l a a H o r u s
y a Seth».

L a v e r s i ó n c o n s e r v a d a d e l texto p r o c e d e de la d i n a s t í a XXV, y c o n ­
t i e n e m u c h o s pasajes q u e n o p u e d e n s e r m u y a n t i g u o s . E l n o m b r e
d e l d i o s T a t e n e n , p o r e j e m p l o , a p a r e c e p o r v e z p r i m e r a e n el R e i n o
4 5
M e d i o . P e r o hay que contar c o n q u e el texto c o n t i e n e u n n ú c l e o
a n t i g u o q u e p o s t e r i o r m e n t e fue r e e l a b o r a d o . P r e c i s a m e n t e la frase
e n q u e a p a r e c e T a t e n e n t i e n e el a s p e c t o d e u n a g l o s a i n t r o d u c i d a
p o s t e r i o r m e n t e e n el t e x t o . N u m e r o s a s r e m i n i s c e n c i a s e n l o s T e x t o s
d e las P i r á m i d e s p r o p o r c i o n a n s o b r a d a e v i d e n c i a d e q u e , al m e n o s
e n su n ú c l e o , esta n a r r a c i ó n se r e m o n t a al R e i n o A n t i g u o .
P a r a la d i n a s t í a XXV, el t e x t o f u e i n t e r e s a n t e p o r su r e l a c i ó n c o n
M e n f i s . E n É p o c a Baja, M e n f i s se c o n v i r t i ó e n el s í m b o l o de la i d e n ­
t i d a d t r a d i c i o n a l , p o l í t i c a y c u l t u r a l , d e E g i p t o . P e r o el m i t o c o m o
tal es s i n d u d a a n t i g u o .
E l m i t o n a r r a el v i r a j e , n o al E s t a d o , s i n o a la u n i d a d p o l í t i c a .
S e s u p o n e q u e e l E s t a d o ya e x i s t e ; h a y u n a r e f e r e n c i a a é l c o m o la
« h e r e n c i a » . M a s , p o r o t r a p a r t e , es c l a r o q u e el v i r a j e a l a u n i d a d
p o l í t i c a es i d é n t i c o c o n l o s a c o n t e c e r e s h i s t ó r i c o s q u e n o s o t r o s

45 H.A. Schlogl, Der Gott Tatenen, OBO 29, Fribourg, 1980. Por la dinastía XXV aboga F.
Jungé, «Zur Fehldatierung des sog. Denkmals memphitischer Theologie, oder; Der
Beitrag der agyptischen Tbeologie zur Geistesgeschichte der Spátzeit», en MDAIK
29, 1973- 195 ss.
 6o EGIPTO

interpretamos c o m o v i r a j e al E s t a d o , c o m o e l p r o c e s o d e n a c i -
m i e n t o del Estado. El texto p u e d e m u y b i e n entenderse como
f i g u r a c i ó n m í t i c a d e u n a s i t u a c i ó n h i s t ó r i c a e n la q u e u n p e r í o d o
c o n d o s r e i n o s rivales t e r m i n a c o n la i n s t i t u c i ó n d e u n a u n i d a d e n
la q u e a l g u i e n ha s a l i d o v e n c e d o r , p e r e q u e d a g r a n v a l o r a la i n t e -
g r a c i ó n d e l d e r r o t a d o . H o r u s r e p r e s e n t a n a t u r a l m e n t e , al r e i n o d e
Horus en Hieracómpolis, y Seth al reino de Naqada.
N a q a d a / O m b o s es a d e m á s la p a t r i a d e este d i o s , y a l l í h a b i t a d e s d e
4 6
tiempos primitivos .
E l a n t a g o n i s m o d e H o r u s y S e t h traza u n a f r o n t e r a q u e o b v i a -
mente discurre p o r u n mapa distinto a l g e o g r á f i c o . El significado
m á s i m p o r t a n t e de este a n t a g o n i s m o r a d i c a e n la o p o s i c i ó n d e c i v i -
l i z a c i ó n y s a l v a j i s m o , o sea, e n t r e d e r e c h o y v i o l e n c i a . H o r u s p e r s o -
n i f i c a el d e r e c h o , S e t h la v i o l e n c i a . E l s í m b o l o d e H o r u s es el o j o ,
el s í m b o l o d e S e t h l o s t e s t í c u l o s . L a v i o l e n c i a es así a s o c i a d a a l a
p o t e n c i a p r o c r e a t i v a . U n c o n c e p t o t í p i c a m e n t e s é t i c o es t a m b i é n
phtj, « f u e r z a » . T o d o s estos c o n c e p t o s t i e n e n c o n n o t a c i o n e s p o s i t i -
v a s . S e t h n o es o r i g i n a l m e n t e u n S a t á n , s i n o q u e p e r s o n i f i c a u n
a s p e c t o n e c e s a r i o d e l a v i d a q u e , s i n é l , ésta e s t a r í a c a s t r a d a e n e l
s e n t i d o m á s p r o p i o d e la p a l a b r a , i g u a l q u e s i n el o j o de H o r u s sería
c i e g a . L a o p o s i c i ó n d e o j o y t e s t í c u l o s se p u e d e i n t e r p r e t a r c o m o la
c o n t r a p o s i c i ó n d e l u z —es d e c i r , r a z ó n — y s e x u a l i d a d , a l g o q u e p o r
4 7
l o d e m á s j u e g a t a m b i é n u n p a p e l e n la h i s t o r i a d e la r e l i g i ó n .
A este r e s p e c t o es i l u s t r a t i v o , p o r e j e m p l o , u n t e x t o d e la r e i n a
Hatshepsut:

Y o u n í a los dos señores, es decir, a las dos partes,

reinando como el hijo de Isis (=Horus)
48
y siendo fuerte c o m o el hijo de N u t ( = S e t h ) .

A q u í H o r u s r e p r e s e n t a el g o b i e r n o , y S e t h la v i o l e n c i a .
E n el c a l e n d a r i o m i t o l ó g i c o , a . H o r u s y a S e t h c o r r e s p o n d e n r e s -
p e c t i v a m e n t e la t i e r r a f é r t i l y el d e s i e r t o :

46 Por otra parte s a b e m o s p o r hallazgos a r q u e o l ó g i c o s q u e los cabecillas d e Naqada

t e n í a n i g u a l m e n t e el t í t u l o d e « H o r u s » - y n o el d e « S e t h » - . E l l o i n d i c a clara-
m e n t e q u e e l m i t o d e H o r u s y S e t h y la p o l a r i z a c i ó n q u e é s t e e x p r e s a e n t r e n o r t e y
sur constituyen una simbolización posterior.
47 H . t e V e l d e , Seth, God of Confusión, P r o b l e m e d e r Á g y p t o l o g i e 6, L e i d e n , 1967.
a
48 Kurt Sethe, Urkunden derlS. Djnastie, r e i m p . d e la S>. e d . , B e r l í n y G r a z , 1961,
366.4-5-
 1 / 1 . LOS C O M I E N Z O S 61

3" mes de la crecida, día 27-

¡Bien! ¡Bien! ¡Bien!
S e p a r a c i ó n de H o r u s y Seth.' D e t e n c i ó n de los c o n t e n d i e n t e s .
Persecución de los rebeldes. Fin d e l . t u m u l t o . Los dos señores
hacen las paces. Se consigue que el país viva en paz al darse K e m e t
a Horus, y el desierto entero a Seth.
4 9
A p a r i c i ó n de T h o t h que resuelve la disputa ante R e ' .

L a o p o s i c i ó n d e H o r u s y S e t h p a r e c e e x p r e s a r t a m b i é n el viraje
d e l d e s o r d e n a n t i g u o al o r d e n n u e v o . S e t h es el d i o s d e N a q a d a , él
r e p r e s e n t a t a m b i é n la é p o c a d e N a q a d a s u p e r a d a p o r la f u n d a c i ó n
d e l E s t a d o . E n la v e r s i ó n m í t i c a d e este v i r a j e v e n c e el o r d e n s o b r e
el c a o s , el p o d e r s o b r e la a n a r q u í a , el d e r e c h o s o b r e l a v i o l e n c i a . E l
m i t o d e H o r u s y S e t h p u e d e m u y b i e n e n t e n d e r s e c o m o m i t o d e la
u n i f i c a c i ó n . E s t e m i t o a c e n t ú a el m o t i v o d e l a u n i f i c a c i ó n y la
r e c o n c i l i a c i ó n , d e l a s u p e r a c i ó n d e la d i s p u t a y la d i s c o r d i a . P r e -
s e n t a al E s t a d o c o m o u n o r d e n b a s a d o e n e l d e r e c h o al q u e la
-
c r u d a v i o l e n c i a d e b e s o m e t e r s e . E l E s t a d o i n t e g r a l a v i o l e n c i a , la
d o m i n a , t r a n s f o r m á n d o l a de p o d e r n a t u r a l e n p o d e r c u l t u r a l . L o
d i s t i n t o d e l E s t a d o y la c u l t u r a n o es e x p u l s a d o , n i t a m p o c o d e m o -
n i z a d o , p u e s n o es a l g o d i a b ó l i c o .
S e t h p e r s o n i f i c a l o d i f e r e n t e d e la c u l t u r a f a r a ó n i c a a l t a m e n t e
c i v i l i z a d a . S i e m p r e se h a d e s t a c a d o , y c o n r a z ó n , c o m o u n a s a b i d u -
r í a e s p e c i a l el q u e l a c u l t u r a d e l a n t i g u o E g i p t o c o n s i g u i e r a n o s ó l o
f i g u r a r , s i n o t a m b i é n i n t e g r a r l o d i f e r e n t e d e e l l a . S e t h es u n g r a n
d i o s d e l p a n t e ó n e g i p c i o , y n o u n d e m o n i o . E s el « H i j o d e N u t » ,
es d e c i r , d e la d i o s a c e l e s t e , y s i e m p r e q u e este, t í t u l o a p a r e c e s i n
a c o m p a ñ a r a u n n o m b r e se a l u d e i n e q u í v o c a m e n t e a S e t h —hay
otros, d o s d i o s e s q u e s o n i g u a l m e n t e h i j o s d e N u t : O s i r i s y R e - . E l
litigio entre H o r u s y Seth termina c o n u n acuerdo, c o m o corres-
p o n d e al i d e a l e g i p c i o d e l d e r e c h o , s e g ú n el c u a l el m e j o r j u i c i o es
a q u e l e n q u e las d o s p a r t e s e s t á n s a t i s f e c h a s . L a c o m p e n s a c i ó n d e
S e t h . c o n el A l t o E g i p t o h a c e t i e m p o n o t i e n e f i r m e z a . E l j u i c i o es
r e v i s a d o . L a n u e v a c o m p e n s a c i ó n p o n e a S e t h e n el desierto y e n
países extranjeros; p e r o , s e g ú n u n a t r a d i c i ó n e x t e n d i d a s o b r e t o d o
e n e l R e i n o N u e v o , se l e c o n f í a u n a m i s i ó n m u c h o m á s i m p o r -

49 P. Cairo 86637 XV, 9-IO¡ cfr. también P. CKB VII rto 8.4. Traducción alemana de Chr.
Leist, Tagwahlerei. DasBuch fáinhhphwj dtundverwandteTexte, Wiesbaden, 1994. banda 142 s.
62 EGIPTO

H O R U S Y S E T H E N LA « U N I Ó N D E LAS D O S TIERRAS»
. B a s e d e u n t r o n o , p r o c e d e n t e d e L i s h t , d e S e s o s t r i s I ( h a c i a 195° a.G.)
( F U E N T E - , B . J . K E M P , ANCIENT EGYPT. ANATOMY OTA CIVILIZATION,
CAMBRIDGE, 1 9 8 9 , FIG. S)

t a n t e . R e l o l l e v a c o n s i g o e n la b a r c a s o l a r y l e e n c a r g a l a t a r e a d e
d e f e n d e r l a d e la s e r p i e n t e A p o p i s , p e r s o n i f i c a c i ó n d e l c a o s , q u e
s
a m e n a z a c o n d e t e n e r el s o l ° . D e t r á s de esto hay u n a t e o r í a de la
v i o l e n c i a : c o m o la v i o l e n c i a n o se p u e d e j u s t i f i c a r , h a y q u e r e s e r ­
51
v a r la v i o l e n c i a al D e r e c h o , es d e c i r , p o n e r l a a su s e r v i c i ó .

50 C/r. al r e s p e c t o p p . 257"268.
51 Cfr. s o b r e este p r o b l e m a el c é l e b r e a f o r i s m o d e B l a i s e Pascal, q u e i n v i e r t e la r e l a c i ó n d e
d e r e c h o y v i o l e n c i a : « . . . la j u s t i c i a s i n v i o l e n c i a (forcé) es i m p o t e n t e , la v i o l e n c i a s i n j u s t i ­
cia es t i r á n i c a . L a j u s t i c i a s i n v i o l e n c i a n o e n c u e n t r a r e c o n o c i m i e n t o p o r q u e el m a l s i e m ­
p r e e x i s t e ; la v i o l e n c i a i n j u s t a es a c u s a d a (acusée). H a y q u e u n i r , p u e s , j u s t i c i a y v i o l e n c i a
p a r a q u e l o j u s t o sea t a m b i é n f u e r t e y l o f u e r t e t a m b i é n j u s t o . ( . . . ) C o m o n o se h a p o d i d o
c o n s e g u i r q u e l o j u s t o sea t a m b i é n f u e r t e , se h a p r o c u r a d o q u e l o f u e r t e sea j u s t o » , Pen-
n
sées et opuscules, e d . d e L . B r u n s c h v i g , P a r í s , 1912, 4-7°• - ° 298. Cfr. E r i c h a u e r b a c h ,
« U b e r Pascáis p o l i t i s c h e T h e o r i e » , e n E r i c h A u e r b a c h , Phiblogie derWehliteratur, Frankfurt,
1992, 36-61; J . D e r r i d a , Gesetzeskrqfi. Der «rnystische GrundderAutorítát», Frard<furt, 1991, 22 s.
 2. EL REINO ANTIGUO

ESQUEMA HISTÓRICO:
EL P R O C E S O D E L R E I N O A N T I G U O

C o l o n i z a c i ó n , burocratización, demotización

E l R e i n o A n t i g u o p u e d e describirse e n su e n t e r o c u r s o h i s t ó r i c o c o m o
u n a s u c e s i ó n de tres p r o c e s o s : el p r o c e s o de c o l o n i z a c i ó n i n t e r i o r , el
d e b u r o c r a t i z a c i ó n administrativa y el de d e m o t i z a c i ó n c u l t u r a l .
E l p r o c e s o d e c o l o n i z a c i ó n i n t e r i o r i n t r o d u c e e n el p l a n o d e la
o r g a n i z a c i ó n a d m i n i s t r a t i v a l o q u e e n el p l a n o d e la c u l t u r a m a t e r i a l
c o t i d i a n a ya se h a b í a a l c a n z a d o al c o m i e n z o de la é p o c a d e N a q a d a III
y, e n el p l a n o p o l í t i c o , c o n l a u n i ó n de l o s r e i n o s . A l i n i c i o d e este
p r o c e s o , el r e y t o d a v í a t e n í a q u e t r a s l a d a r s e p e r s o n a l m e n t e d e u n
l u g a r a o t r o d e su d o m i n i o c o n su c o r t e , l o s « s e g u i d o r e s d e H o r u s » ,
p a r a r e c a u d a r l o s t r i b u t o s , m a n t e n e r el sistema e c o n ó m i c o r e d i s t r i -
b u t i v o y g a r a n t i z a r la p r e s e n c i a d e l p o d e r p o l í t i c o . Este « v i a j e r e a l »
sirvió de b a s e a u n r i c o s i m b o l i s m o q u e d e t e r m i n ó la c u l t u r a e g i p c i a
h a s t a s u f i n a l . A s í , p o r e j e m p l o , se i n t e r p r e t a b a , y se r e p r e s e n t a b a
i m a g i n a t i v a m e n t e , el c u r s o d e l s o l a través d e l c i e l o d u r a n t e el día, y
a través d e l m u n d o i n f e r i o r d u r a n t e la n o c h e , c o m o u n viaje r e a l , e n
el c u a l el d i o s S o l e j e r c í a s u p o d e r p a r a m a n t e n e r el o r d e n d e l
m u n d o . Poder y movimiento eran dos conceptos estrechamente rela­
c i o n a d o s e n el p e n s a m i e n t o e g i p c i o . L o s textos q u e d e s c r i b e n el viaje
al m á s allá d e l r e y m u e r t o m e n c i o n a n c o n t i n u a m e n t e su m o v i -
 EGIPTO

m i e n t o , e x p r e s a d o c o m o a c c e s o al p o d e r y e j e r c i c i o d e l g o b i e r n o . E l
rey pasa p o r l o s l u g a r e s d e H o r u s y b o r d e a l o s de S e t h , viaja c o r r i e n t e
a r r i b a e n la b a r c a d e l a m a ñ a n a y c o r r i e n t e a b a j o e n la b a r c a d e la
n o c h e . E n estas i m á g e n e s p e r v i v e a l g o d e la s e m á n t i c a d e l P e r í d o
a r c a i c o , e n el q u e el b a r c o e r a e l i n s t r u m e n t o de d o m i n i o más
importante.
Esta f o r m a « p a t r i m o n i a l » d e d o m i n a c i ó n , q u e a d m i n i s t r a e l
E s t a d o c o m o u n a e m p r e s a f a m i l i a r y n o c o n o c e estructuras r e p r e s e n -
tativas, c a r a c t e r i z a al E s t a d o e n la « é p o c a t i n i t a » , la d e las d o s p r i -
m e r a s dinastías (3150-275° - C.)> q u e M a n e t ó n v i n c u l a al n o m o de
a

T i n i s ( A b i d o s ) . M á s t a r d e , las f u n c i o n e s a d m i n i s t r a t i v a s del c o b r o de
t r i b u t o s , el a l m a c e n a m i e n t o de c o s e c h a s y la r e d i s t r i b u c i ó n s o n p r o -
gresivamente confiadas a funcionarios e instituciones, y sólo repre-
s e n t a t i v a m e n t e , n o p e r s o n a l m e n t e , observadas p o r el rey. El l u g a r de
r e s i d e n c i a r e a l a d q u i e r e c a d a v e z m á s i m p o r t a n c i a f r e n t e a las p r o -
v i n c i a s d o n d e se e s t a b l e c e n d o m i n i o s r e a l e s b a j o las ó r d e n e s d e u n
52
a d m i n i s t r a d o r c o n e l t í t u l o d e hq^hwt . T a m b i é n los funcionarios
s o n r e c o m p e n s a d o s c o n d o m i n i o s y se les asegura su c u l t o f u n e r a r i o .
L a a d m i n i s t r a c i ó n r e a l es o b s e r v a d a d i r e c t a m e n t e p o r f u n c i o n a r i o s
e n v i a d o s a las p r o v i n c i a s d e s d e la r e s i d e n c i a r e a l . L a élite de la a d m i -
n i s t r a c i ó n n o es r e c l u t a d a e n las p r o v i n c i a s . E s t o se d e s p r e n d e m u y
c l a r a m e n t e d e las t i t u l a t u r a s d e l o s a d m i n i s t r a d o r e s p r o v i n c i a l e s .
Estos h a n d e s e m p e ñ a d o p r i m e r o u n c a r g o e n la r e s i d e n c i a r e a l antes
d e ser l l a m a d o s a sus p u e s t o s e n las p r o v i n c i a s . D e ese m o d o se c r e a
u n a e s t r u c t u r a d e d o s p l a n o s : u n a p e q u e ñ a é l i t e q u e se va e x t e n -
d i e n d o p o c o a p o c o y a d m i n i s t r a u n a a m p l i a capa i n f e r i o r p r o v i n c i a l
d e la q u e n a d a s a b e m o s p o r las f u e n t e s , y q u e se n o s a p a r e c e c o m o
u n a masa n o e s t r u c t u r a d a . P r e s u m i b l e m e n t e n o era tal masa, p e r o su
e s t r u c t u r a c i ó n fáctica e n u n i d a d e s f a m i l i a r e s , c o m u n i d a d e s a l d e a n a s ,
e t c . , n o e n c u e n t r a e n las f o r m a s s i m b ó l i c a s de la c u l t u r a r e s i d e n c i a l
n i n g u n a e x p r e s i ó n ; e n c i e r t o m o d o se g u a r d a s o b r e ella u n s i l e n c i o
5 3
s e p u l c r a l , y es p r o b a b l e q u e e s t u v i e r a o p r i m i d a .
E l p r o c e s o d e c o l o n i z a c i ó n i n t e r n a c o n d u c e a la d i v i s i ó n d e l
t e r r i o r i o e n t e r o e n n o m o s (spgwt). A n t e s se s u p o n í a q u e estos n o m o s

52 Cfr. al r e s p e c t o , y p a r a l o q u e s i g u e , e n e s p e c i a l E . M a r t i n - P a r d e y , Untersuchungen zur

agyptischen Provinzialveruialtung bis zum Ende des Alten Reichs, H i l d e s h e i m , 1976; d e la m i s m a
a u t o r a , « D i e V e r w a l t u n g i m A l t e n R e i c h » , BiOr 46, 1968, 533-552. N . Strudwick,
TheAdministration ofEgyptin the Oíd Kingdom, Londres, 1985.
53 Véase p p . 164-167.
 1/2. EL REINO ANTIGUO 65

t e n í a n sus r a í c e s e n t i e m p o s p r o t o h i s t ó r i c o s . E n l o s e s t a n d a r t e s de
b a r c o s de l o s vasos de N a q a d a II y e n l o s e s t a n d a r t e s d e l s é q u i t o real
r e p r o d u c i d o s e n las paletas d e la é p o c a d e la u n i f i c a c i ó n se v e í a n los
p r e c u r s o r e s de l o s p o s t e r i o r e s e m b l e m a s de los n o m o s . P e r o i n v e s t i ­
5 4
gaciones recientes han podido mostrar inequívocamente que no
hay n i n g u n a c o r r e s p o n d e n c i a e n t r e los estandartes p r e y p r o t o h i s t ó ­
r i c o s y los e m b l e m a s de los n o m o s , y q u e la d i v i s i ó n e n n o m o s r e p r e ­
senta u n n u e v o o r d e n a d m i n i s t r a t i v o d e l país q u e p r e s u m i b l e m e n t e
se r e m o n t a a l a é p o c a d e D j o s e r ( s i g l o XXVIII a . G . ) . N o h a y , p u e s ,
n i n g u n a c o n t i n u i d a d e n t r e l o s « c a b e c i l l a s r i v a l e s » d e l a é p o c a de
N a q a d a y los n o m o s d e l R e i n o A n t i g u o . T a m b i é n hay q u e d e c i r a q u í
q u e las e s t r u c t u r a s d e f o r m a c i ó n p r e e s t a t a l t a m p o c o encuentran
e x p r e s i ó n e n el s i s t e m a s i m b ó l i c o de la c u l t u r a r e s i d e n c i a l f a r a ó n i c a ,
sino que en cierto m o d o s o n suprimidos « s i n m i r a m i e n t o s » .
D i c h o e n g e n e r a l , l a a d m i n i s t r a c i ó n d e la p r o v i n c i a a s e g u r a el
a b a s t e c i m i e n t o d e l a r e s i d e n c i a r e a l , y ésta p o r s u p a r t e c u i d a d e l
a b a s t e c i m i e n t o d e la p r o v i n c i a . L o q u e a q u í se a d m i n i s t r a s o n , e n
p r i m e r t é r m i n o , l o s p r o d u c t o s d e l a t i e r r a . N o se t r a t a s ó l o d e l o s
tributos, sino también, y sobre todo, del almacenamiento. El p r o p ó ­
sito f u n d a m e n t a l a q u í es n o d e p e n d e r d e las o s c i l a c i o n e s e n las c r e ­
cidas d e l N i l o y d e p e n d e r l o m e n o s p o s i b l e d e las o s c i l a c i o n e s d e la
p r o d u c c i ó n , y así m a n t e n e r las c o n d i c i o n e s de v i d a e n u n n i v e l c o n s ­
55
t a n t e . D e ese m o d o , la e c o n o m í a d e l país c a m b í a l a m e r a s u b s i s t e n ­
cia p o r la d e p e n d e n c i a . L a s r e g i o n e s d e j a n d e estar e n c o n d i c i o n e s
de a p r o v i s i o n a r s e a sí m i s m a s , d e p e n d i e n d o d e u n s i s t e m a d e a p r o ­
v i s i o n a m i e n t o c e n t r a l i z a d o . L a q u i e b r a d e este sistema c o n l l e v a g r a ­
ves crisis d e a b a s t e c i m i e n t o y h a m b r u n a s .
L a p r e s e n c i a a d m i n i s t r a t i v a e n las p r o v i n c i a s crea d i f e r e n t e s i n s t i ­
t u c i o n e s cuya o r g a n i z a c i ó n es e n p a r t e h i p o t á c t i c a , y e n p a r t e t a m b i é n
paratáctica. Hay autoridades en los n o m o s , e n los templos y e n los
d o m i n i o s , así c o m o « g o b e r n a d o r e s d e las n u e v a s c i u d a d e s » , q u e
s e g ú n t o d a s las a p a r i e n c i a s e s t a b a n d i r e c t a m e n t e s u b o r d i n a d o s al
g o b i e r n o central. E l cargo de g o b e r n a d o r d e l A l t o E g i p t o se c r e ó p r o ­
b a b l e m e n t e e n la s e g u n d a m i t a d de la dinastía V ( a l r e d e d o r de 2,500)

54 De Wolfgang Helck, Thinitenzeit, Wiesbaden, 1987; Eva Martin Pardey, Provinzialverwal-

tung; Henry George Fischer, Denderah in the ThirdMillenium BC, Nueva York, 1968, y
otros.
55 Gfr. al respecto W. Schenkel, Die Bewasserungsrevolution imAltenAgypten, Maguncia, 1978-
66 EGIPTO

p a r a m e j o r a r l a c o o r d i n a c i ó n , p e r o el t í t u l o es o s t e n t a d o p o r p e r s o -
nas q u e n u n c a d e s e m p e ñ a r o n ese c a r g o , c o n l o q u e la o r g a n i z a c i ó n
56
h i p o t á c t i c a v u e l v e a ser p a r a t á c t i c a .
E l p r o c e s o d e b u r o c r a t i z a c i ó n consiste e n la p a u l a t i n a s u s t i t u c i ó n
d e l p a r e n t e s c o p o r l a c o m p e t e n c i a e n e l r e c l u t a m i e n t o d e la é l i t e
a d m i n i s t r a t i v a . Esta s u s t i t u c i ó n la exige la n a t u r a l e z a m i s m a d e u n
sistema q u e se v u e l v e cada vez más c o m p l e j o y c o n u n a n e c e s i d a d c r e -
c i e n t e d e p e r s o n a l y c o m p e t e n c i a . Las tareas s o n cada v e z m á s d i f í c i -
les y c a d a v e z m á s d i v e r s a s . Y a n o p u e d e a f r o n t a r l a s s ó l o el c l a n
d o m i n a n t e . S e u t i l i z a n especialistas q u e s o n r e c l u t a d o s e n t r e los q u e
h a n a p r e n d i d o e s c r i b i r . A p r e n d e r a e s c r i b i r es a p r e n d e r a a d m i n i s -
t r a r . C o n la e s c r i t u r a se t r a n s m i t e a la vez e l s a b e r a d m i n i s t r a t i v o , y
s o b r e la base d e l sistema d e f á m u l o s se p r o f u n d i z a e n s e c c i o n e s p a r -
t i c u l a r e s d e l a a d m i n i s t r a c i ó n . Y así, las f a m i l i a s d e l o s c a b e c i l l a s
5 7
dominantes s o n p o c o a p o c o reemplazadas p o r u n a « l i t e r o c r a c i a » .
E l p r o c e s o d e la d e m o t i z a c i ó n c u l t u r a l es c o v a r i a n t e c o n los o t r o s
dos p r o c e s o s . N o se refiere a la cultura c otidia na , s i n o a la alta cultura,
e s p e c i a l m e n t e l a escrita. E l u s o d e la escritura se desarrolla d u r a n t e l a
é p o c a N a q a d a II ( h a c i a 33OO a. G . ) c o m o t é c n i c a d e g o b i e r n o e n e l
r e d u c i d í s i m o c í r c u l o del l í d e r . C o n la u n i f i c a c i ó n d e los r e i n o s se desa
r r o l l a n p a r a l e l a m e n t e la arquitectura m o n u m e n t a l y el arte r e p r e s e n t a -
tivo (hacia 3 0 0 0 ) . E n el c u r s o d e l p r o c e s o de c o n s t i t u c i ó n d e l c e n t r o
nace u n a cultura r e s i d e n c i a l . A ésta p e r t e n e c e n , además d e l a escritura,
el arte y la a r q u i t e c t u r a , y s e g u r a m e n t e t a m b i é n u n c o r p u s d e l saber,
58
u n a semántica, u n l e n g u a j e culto y u n c ó d i g o de c o s t u m b r e s . L a c u l -
tura r e s i d e n c i a l llega a ser la f o r m a d e e x p r e s i ó n d e la l i t e r o c r a c i a , q u e
c o m o e x p o n e n t e d e esta cultura se distingue claramente d e l a capa i n f e -

56 E. Martin-Pardey nombra en Provinzialverwaltung a Rashepses, luego visir bajo'Isesi,

como primer ocupante del cargo. Las tareas de este cargo consisten sobre todo en la
fijación, supervisión y recaudación de los impuestos.
57 Los papiros de Abusir, de la administración del templo funerario del rey Neferir-
0
kare-Kakai (í>4r7 a . C ) , pueden darnos una idea del desarrollo alcanzado por la
cultura burocrática escrita de aquella época. Registros y anotaciones eran clasifica-
dos en tablas. Las entradas se articulaban, mediante líneas verticales y horizontales,
en filas y columnas. Los días formaban casi siempre las filas, y cada décima fila estaba
marcada con color rojo como «semana»; en las columnas figuraban bienes, insti-
tuciones suministradoras, personas y otras variables. Cfr. P. Posener-Kriéger, Les
archives du templefunéraire de Néferirkare-Kakai, 2. tomos, El Cairo, 1976.
58 J. Baines, Fecundity Figures. Egyptian Personification and the Iconology of a Genre, Warminster,
1985, ha resumido los fenómenos correspondientes bajo el término «decorum»,
poniendo así de relieve el carácter normativo (canónico) de esta cultura.
 / 2 . E L REINO ANTIGUO 67

r i o r e n el l e n g u a j e , la c o n d u c t a , e l v e s t i d o y el s a b e r . L a « d e m o t i z a -
c i ó n » o p r o p a g a c i ó n d e esta cultura escrita n o significa q u e capas cada
vez más extensas a p r e n d i e r a n a escibir, sino q u e el escribir, la a d m i n i s -
t r a c i ó n a p o y a d a e n la escritura, p e n e t r a e n cada vez m á s á m b i t o s d e la
vida. I n c l u s o a q u e l l o s q u e n o s a b e n e s c r i b i r c o n t e m p l a n la e s c r i t u r a y
v a l o r a n l o q u e significa e s c r i b i r . L a s i m á g e n e s m u r a l e s de. las t u m b a s ,
c o n sus llamadas escenas de la vida c o t i d i a n a , y l o s m o d e l o s t r i d i m e n -
sionales de estas escenas e n las t u m b a s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o
y c o m i e n z o s d e l R e i n o M e d i o m u e s t r a n e n q u é m e d i d a l o s escribas
estaban presentes e n t o d o s los p r o c e s o s de la p r o d u c c i ó n d e a l i m e n t o s ,
de l o s trabajos artesanales y d e la a d m i n i s t r a c i ó n .

Crisis y desmoronamiento

P e r o l o s i n g u l a r e i n t e r e s a n t e d e estos p r o c e s o s es que*en s u t é r m i n o
n o está el E s t a d o m a d u r o , p e r f e c t a m e n t e c o n s t i t u i d o , s i n o u n a e s p e -
cie d e c a o s . Este caos —sobre esto b a y h o y u n a n i m i d a d - - n o es r e s u l -
tado de alteraciones externas, c o m o conquistas o infiltraciones, o
c a m b i o s c l i m á t i c o s , catástrofes naturales, etc., sino de d e s a r r o l l o s
i n t e r n o s , q u e s o n a su vez u n r e s u l t a d o l ó g i c o y e n d ó g e n o d e l o s m i s -
m o s p r o c e s o s q u e c u l m i n a r o n e n el E s t a d o , y a h o r a l o l l e v a n al caos.
L a crisis t u v o q u e h a b e r e s t a d o l a t e n t e e n l o s d i v e r s o s p r o c e s o s q u e
c a r a c t e r i z a n al R e i n o a n t i g u o e n s u d i n á m i c a e v o l u t i v a . E s t e p u n t o
es, a m i p a r e c e r , d e u n a i m p o r t a n c i a d e c i s i v a . L a c r i s i s , o sea, el
o c a s o o e l d e s m o r o n a m i e n t o d e l R e i n o A n t i g u o estaba e n la l ó g i c a
m i s m a de su e v o l u c i ó n .
5 9
Las causas d e esta crisis e n d ó g e n a s o n m ú l t i p l e s , y t i e n e n sus r a í -
ces p r e s u m i b l e m e n t e e n la d e s p r o p o r c i ó n e n t r e élite y capa i n f e r i o r ,
cultura residencial y cultura provincial. Pero n o p o d e m o s e n verdad
hablar de u n a cultura provincial. L a e v o l u c i ó n sigue aquí u n curso
c o n t r a r i o a l d e la e x t e n s i ó n d e l a c u l t u r a d e N a q a d a e n el c u a r t o
m i l e n i o . Observamos aquí u n agostamiento cultural y u n e m p o b r e -
c i m i e n t o a causa d e la d e s p o b l a c i ó n . E n c o n t r a s t e c o n la c o l o n i z a -
c i ó n p r o t o h i s t ó r i c a e n f o r m a de p e q u e ñ a s aldeas, b r o t a n ahora los
c e n t r o s u r b a n o s d e la a d m i n i s t r a c i ó n , l o s d o m i n i o s y l o s e m p o r i o s ,
esto es, i n s t i t u c i o n e s d e la c u l t u r a r e s i d e n c i a l , q u e r e p r i m e n la c u l -

59 Cfr. al respecto Renate Müller-Wbllermann, Krisenfaktoren im agyptischen Staat des ausgehen-

den Alten Reichs, Tubinga, 1986.
 68 EGIPTO

t u r a provincial, p e r o de la q u e s ó l o p a r t i c i p a la e l i t e . d e la a d m i n i s -
t r a c i ó n . U n a finísima capa de p o s e e d o r e s de la c u l t u r a r e p r e s e n t a al
t o d o . El país se d e s c o m p o n e e n d o m i n a d o r e s y d o m i n a d o s , y la capa
d o m i n a n t e con su cultura r e s i d e n c i a l n o es más q u e u n f i n í s i m o b a r -
n i z sobre la capa i n f e r i o r p r o v i n c i a l . D e l o c u a l r e s u l t a u n a e s t r u c -
t u r a participativa, tanto p o l í t i c a c o m o s o c i a l , d e e x t r e m a a r t i f i c i a l i -
d a d e inestabilidad. E l R e i n o A n t i g u o se m u e s t r a como una
c o n s t r u c c i ó n sumamente artificial. E l p u e b l o p r á c t i c a m e n t e n o t i e n e
parte alguna n i en el g o b i e r n o n i e n la c u l t u r a .
L a «crisis de participación» da l u g a r a u n a « c r i s i s d e p e n e t r a -
c i ó n » c u a n d o u n sistema de d o m i n a c i ó n ya n o p u e d e h a c e r c u m p l i r
sus m a n d a t o s , c u a n d o se r o m p e n las c a d e n a s d e i n t e r a c c i ó n q u e
t r a n s m i t e n las i n s t r u c c i o n e s d e l c e n t r o a l a p e r i f e r i a . E l d o m i n i o
p a l i d e c e y se reduce a u n a i n s t i t u c i ó n p u r a m e n t e n o m i n a l q u e p r á c -
t i c a m e n t e nada tiene ya q u e d e c i r y e n c u y o n o m b r e o t r o s a c t ú a n
s e g ú n su a r b i t r i o . El r a d i o de a c c i ó n de l o s c e n t r o s se r e d u c e a la
r e s i d e n c i a y ya no alcanza la p e r i f e r i a . Este h e c h o caracteriza la s i t u a -
c i ó n de las dinastías VIII-X.
D o s formas fundamentales d e e c o n o m í a se d i s t i n g u e n a q u í : e c o -
n o m í a de mercado y e c o n o m í a de a p r o v i s i o n a m i e n t o o ( r e d i s t r i b u -
c i ó n . L a economía de m e r c a d o se basa e n l o s p r i n c i p i o s d e l c a m b i o ,
de la competencia y del e q u i l i b r i o e n t r e oferta y d e m a n d a . L a e c o n o -
m í a de a p r o v i s i o n a m i e n t o , e n c a m b i o , se b a s a e n l o s p r i n c i p i o s d e l
a l m a c e n a m i e n t o y distribución, de la c o o p e r a c i ó n y d e l a e s t a b i l i d a d
de l o s p r e c i o s . E n el antiguo E g i p t o s ó l o m u y m a r g i n a l m e n t e a p a r e -
c e n m e r c a d o s ; el p r i n c i p i o d o m i n a n t e es a q u í i n e q u í v o c a m e n t e la
e c o n o m í a de a p r o v i s i o n a m i e n t o c o n su s e m á n t i c a p a t r i a r c a l y su
6 0
estructura valorativa centrada en la c o o p e r a c i ó n y l a d i s t r i b u c i ó n . E n
el m a r c o de tal sistema social y e c o n ó m i c o , « p e n e t r a c i ó n » y « d i s t r i -
b u c i ó n » s o n dos caras de u n a m i s m a m o n e d a . U n a e c o n o m í a de
m e r c a d o también funciona a p e q u e ñ a escala: u n a e c o n o m í a d e a p r o -
v i s i o n a m i e n t o , en c a m b i o , d e p e n d e d e la i n f r a e s t r u c t u r a . d e u n s i s -

6o Sobre la economía egipcia, cfr. R. Müller-Wollermann, «Warenaustausch im Agyp-

ten des Alten Reichs», en Journal ofthe Economk and Social History ofthe Orient 28, 1985,
I2I-I68; J.Jansen, «Gift-Giving in ancient Egypt as an Economic Feature», enJEA
68, 1982, 253-58, así como, en general, K. Polanyi, G.M. Arensbergy H.W. Pear-
son (eds.), Trade andMarkel in theEarlj Empires, Glencoe/Illinois, 1957; K. Polanyi, Pri-
mitive, Archaic andModern Economies, Nueva York, 1968; del mismo autor, Ókonomieund
Gesellsachf, Frankfurt, 1979. • '
 1/2. EL REINO ANTIGUO 69

t e m a d e d i s t r i b u c i ó n m u y a m p l i o . P o r eso, la « c r i s i s d e p e n e t r a c i ó n »
da e n s e g u i d a l u g a r a u n a « c r i s i s d e d i s t r i b u c i ó n o d e a p r o v i s i o n a -
m i e n t o » , cuya c o n s e c u e n c i a es la h a m b r u n a . L o s b i e n e s c i r c u l a n p o r
las m i s m a s vías q u e las directivas políticas y administrativas. L a p o l í t i c a
a t i e n d e p r i n c i p a l m e n t e a la o r g a n i z a c i ó n d e la e c o n o m í a , al a l m a c e -
n a m i e n t o y r e d i s t r i b u c i ó n de los p r o d u c t o s , a s e g u r a n d o u n a p r o v i s i o -
n a m i e n t o u n i f o r m e p o r e n c i m a de los distintos valores de las p r o d u c -
ciones anuales y de los r e n d i m i e n t o s e n l o s distintos ámbitos de
p r o d u c c i ó n p o r m e d i o d e u n a e c o n o m í a basada e n la a c u m u l a c i ó n .

De funcionario a patrón

L a crisis n o c o n d u c e a r e v o l u c i o n e s s o c i a l e s , c o m o las q u e K a n i m a -
61
g i n a d o J . S p i e g e l y o t r o s , s i n o a u n c a m b i o e s t r u c t u r a l d e la s o c i e -
d a d a c o m p a ñ a d o d e u n c a m b i o d e l a s e m á n t i c a c u l t u r a l , qUe p a r a l a
historia d e l sentido es, l ó g i c a m e n t e , de la m á x i m a i m p o r t a n c i a .
Q u i e r o a n t i c i p a r l o s a s p e c t o s m á s i m p o r t a n t e s d e esta t r a n s f o r m a -
6 3
c i ó n . S e trata, e n p r i m e r t é r m i n o , d e l n a c i m i e n t o de u n n u e v o
t i p o s o c i a l : e l p a t r ó n . P a t r ó n es a q u í e l c a b e z a d e u n a c o m u n i d a d d e
a b a s t e c i m i e n t o q u e , j u n t o a la g r a n f a m i l i a e n el s e n t i d o más a m p l i o ,
m á s las m u j e r e s y sus h i j o s , las c o n c u b i n a s , l o s e s c l a v o s y esclavas,
incluye a u n n ú m e r o pequeño o grande de individuos « d e p e n d i e n -
t e s » , e n e g i p c i o tw^w, esto es, c l i e n t e s . M i e n t r a s e l f u n c i o n a r i o , e l
t i p o s o c i a l d o m i n a n t e d e l R e i n o A n t i g u o , es e n p r i m e r t é r m i n o r e s -
p o n s a b l e h a c i a a r r i b a , a n t e e l rey, y s ó l o actúa s i g u i e n d o iniciativas e
i n s t r u c c i o n e s r e a l e s , e l p a t r ó n es e n p r i m e r t é r m i n o responsable
h a c i a abajo, a n t e los q u e d e p e n d e n d e é l . E l se l e g i t i m a h a c i a abajo, a
través d e s u l a b o r s o c i a l d e a p r o v i s i o n a m i e n t o . A e l l o c o r r e s p o n d e
u n a nueva estructura social, q u e entre l o s p l a n o s d e la familia y el
Estado i n t r o d u c e otros planos i n t e r m e d i o s . Estos planos i n t e r m e -
d i o s s i n d u d a los h a h a b i d o e n la p r o t o h i s t o r i a e n f o r m a d e u n i d a d e s
f a m i l i a r e s ( c l a n e s ) . A n t e s d e la f o r m a c i ó n d e la s o c i e d a d estratificada
d e l a p r o t o h i s t o r i a t a r d í a h a y f o r m a s s o c i a l e s « s e g m e n t a r i a s » q u e se
organizan horizontalmente e n unidades familiares, pero que n o lo
hacen verticalmente e n dominantes y dominados.

61 J. Spiegel, Solíale undwirtschafilicheReformbewegungen im altenÁgypten, Heidelberg, 1950.

62 La siguiente exposición se basa en S.J. Seidlmayer, Graberfelderaus dem Übergangvom Alten
ZumMittierenReich, SAGA I, Heidelberg, 1990.
7o EGIPTO

Estas u n i d a d e s f a m i l i a r e s p r o t o h i s t ó r i c a s (estructuras d e c l a n )
k a n s i d o s i s t e m á t i c a m e n t e d i s u e l t a s e n el R e i n o A n t i g u o . E l r e y
g o b i e r n a c o n a y u d a d e sus f u n c i o n a r i o s s o b r e u n a m a s a m a n i f i e s t a -
m e n t e n o e s t r u c t u r a d a . N o s a b e m o s n a d a d e e s t a m e n t o s n i de c l a -
ses, n i de t r i b u s , estirpes y familias,' n i d e p r í n c i p e s l o c a l e s , m a g n a -
tes, c e n t r o s o c o n c e n t r a c i o n e s d e p o d e r . E l rey y su c o r t e d o m i n a n
s o b r e u n a m a s a h o m o g é n e a d e d o m i n a d o s . A s í es c o m o se n o s p r e -
s e n t a — p o s i b l e m e n t e d e b i d o a u n a s f u e n t e s l l e n a s d e lagunas— la
s i t u a c i ó n d e l R e i n o A n t i g u o e n la é p o c a d e las dinastías IV y p a r t e d e
la V.
L a p r i m e r a fase de la t r a n s f o r m a c i ó n consiste e n q u e los f u n c i o n a -
r i o s d e la a d m i n s i t r a c i ó n p r o c e d e n t e s de las p r o v i n c i a s ya n o e r i g e n su
t u m b a e n la r e s i d e n c i a , s i n o e n l a p r o v i n c i a , e n el l u g a r d o n d e d e s -
a r r o l l a n su tarea a d m i n i s t r a t i v a . Este h e c h o s u p o n e la h e r e d a b i l i d a d
d e l c a r g o . S e establece la t u m b a e n el sitio d o n d e m e j o r p u e d e o r g a -
nizarse u n c u l t o r e g u l a r a los m u e r t o s . Y c o m o el h e r e d e r o es c o m p e -
t e n t e e n la o r g a n i z a c i ó n , o sea, la práctica de este c u l t o , el l u g a r d o n d e
el h i j o servirá es el ó p t i m o p a r a la t u m b a del p a d r e . E n los c o m i e n z o s ,
u n f u n c i o n a r i o t e n í a q u e c o n t a r c o n q u e su h i j o d e s e m p e ñ a r í a u n
c a r g o e n la r e s i d e n c i a . I n c l u s o c u a n d o el h i j o le sucedía e n su r e s p o n -
s a b i l i d a d , n o p o d í a s u p o n e r q u e l o ejercería e n la m i s m a j u r i s d i c i ó n .
D e a h í q u e la s o l u c i ó n m á s s e g u r a fuese u n a t u m b a e n la r e s i d e n c i a .
P e r o c u a n t o m á s fijos e n u n l u g a r y más s e g u r o s estaban los f u n c i o n a -
r i o s d e q u e el h i j o s u c e s o r e n el c a r g o r e s i d i r í a e n el m i s m o l u g a r q u e
su p a d r e , m á s f u e r t e e r a n d e s d e la p e r s p e c t i v a d e l p a d r e las r a z o n e s
p a r a e r i g i r la t u m b a n o e n la r e s i d e n c i a , s i n o e n la p r o v i n c i a . P e r o ,
d e s d e la p e r s p e c t i v a d e l h i j o , se d a b a u n a n u e v a m o t i v a c i ó n . E s t e
p o d í a e s t a b l e c e r su t u m b a e n el l u g a r d o n d e h a b í a n a c i d o . P a r a el
p a d r e , el l u g a r d e n a c i m i e n t o p u d o h a b e r s i d o la r e s i d e n c i a ; p e r o
r e n u n c i a al m i s m o p o r u n m o t i v o más fuerte: el del c u l t o . P e r o el h i j o
está ya e n u n a n u e v a s i t u a c i ó n : la de h a b e r n a c i d o e n el n u e v o l u g a r ,
c o n l o q u e s u l u g a r d e n a c i m i e n t o y de c u l t o c o i n c i d e n . P a r a é l , el
m o t i v o d e l l u g a r n a t a l o c u p a el p r i m e r p l a n o . Y así l e e m o s e n u n a
i n s c r i p c i ó n de la dinastía VI:

Me he construido «ésta» (tumba) e n A b i d o s

como lugar de enlace al más allá bajo la majestad de los reyes Pepi
II, Merenre y Pepi I
p o r amor al n o m o en que nací '
 1/2. EL REINO ANTIGUO 71

de la dama del harén real Nebet

6 3
para mi padre, el príncipe y conde ... K h u i .

D e este m o d o sur-ge u n a capa s u p e r i o r residente en las provincias. L o s

f u n c i o n a r i o s se c o n v i e r t e n p o c o a p o c o e n s e ñ o r e s feudales. Esta nueva
capa adquiere cada vez más p o d e r frente al c e n t r o . P o s i b l e m e n t e el c e n -
tro b a delegado e n los f u n c i o n a r i o s de las provincias demasiados m o n o -
p o l i o s estatales, e n especial el de la v i o l e n c i a (alistamientos e n milicias),
j u n t o al de la r e c a u d a c i ó n de tributos y el del abastecimiento.
K h u i es, p o r l o demás, n o sólo el p a d r e de D j a u , de q u i e n p r o v i e n e
esta i n s c r i p c i ó n , s i n o t a m b i é n el s u e g r o de P e p i I, q u e se ha casado c o n
d o s de sus hijas. P o s i b l e m e n t e era g o b e r n a d o r d e l A l t o E g i p t o , y, p o r
t a n t o , r e s i d e n t e e n A b i d o s , la sede t r a d i c i o n a l d e este c a r g o . Esta f u n -
c i ó n ha sido p r e v i a m e n t e a c o r d a d a m e d i a n t e . u n m a t r i m o n i o p o l í t i c o .
P e p i I quería asegurarse la lealtad de u n linaje p r o v i n c i a l p o d e r o s o . P e r o
esto es p r e c i s a m e n t e l o que p a r e c e q u e n o existió hasta el final de R e i n o
A n t i g u o : linajes p r o v i n c i a l e s p o d e r o s o s . Estos s u r g e n p a u l a t i n a m e n t e
e n el c u r s o de la l e n t a t r a n s f o r m a c i ó n de los representantes del
g o b i e r n o central e n señores feudales q u e h a b r í a n p o d i d o c o m p e t i r c o n
el g o b i e r n o c e n t r a l y q u e h a b r í a n t e n i d o q u e a s e g u r a r su l e a l t a d
m e d i a n t e u n m a t r i m o n i o c o m o a q u é l . K h u i p e r t e n e c e a ú n al estadio
i n i c i a l de este p r o c e s o , y todavía hay q u e v e r l o c o m o r e p r e s e n t a n t e d e l
g o b i e r n o central. ¿ P u e d e i n c l u s o q u e , al final del R e i n o A n t i g u o , t a m -
b i é n las familias de los p r í n c i p e s d e l o s n o m o s d e s a p a r e z c a n , d e j a n d o
6
sitio a otras capas sociales c o m p l e t a m e n t e n u e v a s ? * .

L A É P O C A DE LAS P I R Á M I D E S :
LA « E D A D DE P I E D R A » EN L A H I S T O R I A E G I P C I A

Lenguaje y arquitectura

H a y u n a c é l e b r e n a r r a c i ó n q u e c o m b i n a l e n g u a j e y a r q u i t e c t u r a : la
d e la t o r r e d e B a b e l . H u b o u n t i e m p o e n q u e l o s h o m b r e s t o d a v í a

a
63 Kurt Sethe, Urkunden des Alten Reichs, Leipzig, I93? , II, Il8 s.
64 E. Martin Pardey piensa que ninguna dé estas generaciones habría podido conservar
su posición durante el fin de la dinastía VI hasta el Primer Período Intermedio. Ni
siquiera está claro que el nuevo tipo del patrón procediera de la capa de los prínci-
pes de. los nomos. Posiblemente se hubiera formado una capa completamente
nueva. Cfr. Provirvjalverwaltung, 150-152.
 72 EGIPTO

hablaban una misma lengua. Entonces planearon construir entre

t o d o s u n a t o r r e t a n alta q u e l l e g a r a hasta el c i e l o , « p a r a así t e n e r u n
n o m b r e y n o a c a b a r d i s p e r s a d o s p o r la t i e r r a » . S u p r o p ó s i t o e r a ,
p u e s , u n i r a l o s h o m b r e s e n u n ú n i c o p u e b l o (es l o q u e se q u i e r e
d e c i r c o n « n o m b r e » ) y e n u n l u g a r c o m ú n ( n o estar d i s p e r s o s p o r
la t i e r r a ) . L o q u e i b a a p e r m i t i r c o n s t i t u i r este p u e b l o , l o q u e h a r í a
p o s i b l e esta « e t n o g é n e s i s » , era la r e a l i z a c i ó n d e u n a o b r a g i g a n t e s c a .
U n a o b r a s ó l o p o s i b l e p o r q u e los h o m b r e s t e n í a n la m i s m a l e n g u a y
p o d í a n e n t e n d e r s e e n t r e e l l o s . T o d a e m p r e s a c o m ú n es u n p r o b l e m a
de coordinación y comunicación. C o n s t r u i r s o b r e t o d o es u n a a c t i -
v i d a d q u e se d e s a r r o l l a d a n d o v o c e s y d i s c u t i e n d o . E l l e n g u a j e h a c e
p o s i b l e la a y u d a m u t u a e n t r e l o s o b r e r o s y l a a c c i ó n c o n j u n t a de
m u c h a s m a n o s . P o r e s o , D i o s s ó l o n e c e s i t ó c o n f u n d i r las l e n g u a s
p a r a f r u s t r a r p a r a s i e m p r e el p l a n . F r a c a s a d a esta d e t e r m i n a c i ó n d e
los h o m b r e s , que c r e y e r o n p o d e r constituirse ellos m i s m o s en u n
p u e b l o mediante una lengua y una arquitectura comunes, queda una
m u l t i t u d d e 72 p u e b l o s , y e n m e d i o de ellos el ú n i c o h o m b r e , A b r a -
h á n , de cuya s e m i l l a D i o s m i s m o q u i e r e c r e a r u n p u e b l o .
Esta historia n o es egipcia, y t a m p o c o trata de E g i p t o . L a t o r r e de la
q u e a q u í se h a b l a n o se p a r e c e a las p i r á m i d e s , s i n o al.zigurat b a b i l ó -
n i c o . A pesar d e l o cual esta h i s t o r i a se ajusta más a E g i p t o q u e a B a b i -
l o n i a , d e b i d o a q u e e n E g i p t o h u b o r e a l m e n t e u n a etnogénesis r e l a c i o -
n a d a c o n la c o n s t r u c c i ó n . Se h a l l a m a d o al R e i n o A n t i g u ó la « é p o c a de
las p i r á m i d e s » c o n la m i s m a r a z ó n c o n q u e al g ó t i c o la « e r a d e las
c a t e d r a l e s » . E l R e i n o A n t i g u o n o es s ó l o la é p o c a e n q u e se c o n s t r u y e -
r o n las p i r á m i d e s , s i n o t a m b i é n la é p o c a d e t e r m i n a d a e i d e n t i f i c a d a
p o r las p i r á m i d e s , u n a é p o c a d e p l a n i f i c a c i ó n , de c o n s t r u c c i ó n , d e
c u l t o y de e t e r n i d a d , p e r o s o b r e t o d o d e d e s a r r o l l o . E l R e i n o A n t i g u o
abarca el espacio d e t i e m p o e n q u e la f o r m a de p i r á m i d e se d e s a r r o l l ó
desde sus o r í g e n e s , c u l m i n ó e n la dinastía IVy l u e g o se r e d u j o drástica-
m e n t e , se c o m b i n ó c o n otras f o r m a s a r q u i t e c t ó n i c a s , c o m o santuarios
solares y t e m p l o s , y f i n a l m e n t e desapareció (hasta q u e fue r e t o m a d a e n
p e r í o d o s p o s t e r i o r e s ) . L a h i s t o r i a de la f o r m a p i r a m i d a l es l a h i s t o r i a
d e l R e i n o A n t i g u o . E l R e i n o A n t i g u o es la é p o c a d e l d e s a r r o l l o d e las
p i r á m i d e s , y e n tal s e n t i d o la é p o c a de las p i r á m i d e s .
N a t u r a l m e n t e n o p a r t i c i p ó el p u e b l o e n t e r o e n la c o n s t r u c c i ó n d e
estas p i r á m i d e s . U n a p a r t i c i p a c i ó n t a n gigantesca n o h a b r í a s i d o f u n -
c i o n a l . E l p u e b l o h a b r í a m u e r t o d e h a m b r e e n el t r a n s c u r s o d e la
m i s m a . P e r o si se a ñ a d e t o d o el sistema d e a b a s t e c i m i e n t o y a d m i n i s -
 12. EL REINO ANTIGUO 73

t r a c i ó n n e c e s a r i o p a r a u n a s e d i f i c a c i o n e s tan gigantescas, se está más

c e r c a d e c o m p r e n d e r la p a r t i c i p a c i ó n del « p u e b l o e n t e r o » . L o s
o b r e r o s p r o c e d í a n de t o d a s las partes del país, y v i v í a n e n u n a c i u d a d
e s p e c i a l m e n t e c o n s t r u i d a c e r c a de la g r a n o b r a . C i e r t a m e n t e no
h a b l a b a n u n a « ú n i c a l e n g u a » c u a n d o l l e g a r o n a a q u e l l u g a r , p e r o la
a p r e n d i e r o n a l o l a r g o de d e c e n i o s de c o n v i v e n c i a y t r a b a j o c o m ú n .
A q u í n o e r a la l e n g u a c o m ú n c o n d i c i ó n p a r a c o n s t r u i r en común,
s i n o , a la inversa, el c o n s t r u i r e n c o m ú n la escuela d e l e n t e n d i m i e n t o
c o m ú n . P e r o t a m b i é n e n esta f o r m a es ^evidente la r e l a c i ó n del c o n s -
t r u i r , el h a b l a r y la c o n c i e n c i a de c o n s t i t u i r u n a u n i d a d .
C u a n d o se h a b l a de las p i r á m i d e s , d i f í c i l m e n t e se p u e d e dejar sin
m e n c i o n a r l o s p r o b l e m a s de la o r g a n i z a c i ó n , t a n t o t e c n o l ó g i c a c o m o
social, de estos p r o y e c t o s g i g a n t e s c o s . U n a h i s t o r i a d e l s e n t i d o p u e d e
p e r m i t i r s e d e j a r d e l a d o l o s p r o b l e m a s de la c o n s t r u c c i ó n ; p e r o la
c u e s t i ó n de la p o s i c i ó n s o c i a l de l o s o b r e r o s q u e p a r t i c i p a r o n e n la
r e a l i z a c i ó n de este p r o y e c t o e n t r a d i r e c t a m e n t e e n n u e s t r o c o n t e x t o .
S i la c o n c e p c i ó n c o r r i e n t e , a l i m e n t a d a p o r la i m a g e n b í b l i c a de
E g i p t o , t u v i e r a r a z ó n e n q u e las p i r á m i d e s f u e r o n l e v a n t a d a s p o r
« e s c l a v o s » , a p e n a s c a b r í a h a b l a r de u n s i m b o l i s m o e t n o g e n é t i c o . E l
t r a b a j o de esclavos n o t i e n e n i n g ú n v a l o r i d e n t i f i c a d o r . P e r o n o se
p u e d e h a b l a r a q u í de trabajo de esclavos e n s e n t i d o p r o p i o . L a s p i r á -
mides f u e r o n construidas p o r obreros que estaban obligados a aquel
. t r a b a j o , p e r o q u e f u e r o n p a g a d o s p o r é l . E g i p t o e r a u n « E s t a d o de
6 5
/eífourgía» q u e p o d í a e x i g i r a sus s u b d i t o s a l g u n a p r e s t a c i ó n . E l
m e j o r p a r a l e l o d e este s i s t e m a l o c o n s t i t u y e el s e r v i c i o o b l i g a t o r i o y
u n i v e r s a l de las a r m a s , q u e t a m b i é n se trata de u n a o b l i g a c i ó n de alto
valor identificador.
A s í c o m o e n t i e m p o s de g u e r r a el p u e b l o e n t e r o , si n o es l l a m a d o
d i r e c t a m e n t e a c o m b a t i r , sí es a f e c t a d o e n u n a m e d i d a q u e la e x p e -
r i e n c i a y e l r e c u e r d o d e c a d a u n o r e g i s t r a esos a ñ o s c o m o a ñ o s d e
g u e r r a , e n los t i e m p o s de c o n s t r u c c i ó n d e E g i p t o n o s ó l o se f o r m a b a
m e d i a n t e levas u n v e r d a d e r o e j é r c i t o de t r a b a j a d o r e s , s i n o q u e el
p u e b l o e n t e r o e r a i g u a l m e n t e a f e c t a d o , c o n la d i f e r e n c i a d e q u e el
t i e m p o de c o n s t r u c c i ó n d e las p i r á m i d e s d e l R e i n o A n t i g u o e r a

65 Sobre el servicio, laboral o Estado de «leitourgía» Qeitourgía = «función o servicio

público»), cfr. M.axWe.heT,AgrargeschichtedesA¡tertums, en Handwóríerbuch derStaatswissens-
3
chafien, Jena, 1909 , 80-90, que sin embargo sobrevalora, como posteriormente
Wittfogel, el significado de las obras hidráulicas.
 EGIPTO
74¡

constante, los trabajadores constituían u n «ejército p e r m a n e n t e » y

n o había tiempos de descanso que pudieran compararse a los i n t e r -
valos o t i e m p o s de p a z . E l ejército de trabajadores estaba s i e m p r e
m o v i l i z a d o . G u a n d o la p i r á m i d e estaba c o n c l u i d a , el t r a b a j o c o n t i -
n u a b a e n las t u m b a s d e p r í n c i p e s y f u n c i o n a r i o s . E n t o r n o d e las
p i r á m i d e s se f o r m a r o n g i g a n t e s c a s n e c r ó p o l i s .

L a « a p e r t u r a \ d e l a p i e d r a » y l a s e m á n t i c a de l o p é t r e o

L a s e m á n t i c a básica de esta i n m e n s a actividad e d i f i c a d o r a es la i d e o l o -

gía de la p i e d r a . P o r eso la i n v e n c i ó n de la c o n s t r u c c i ó n m o n u m e n t a l
e n p i e d r a b a j o el rey D j o s e r s u p u s o u n viraje del m á x i m o s i g n i f i c a d o
c u l t u r a l . P o r este c a m b i o p e r m a n e c i ó D j o s e r e n el r e c u e r d o d e l o s
e g i p c i o s hasta la É p o c a Baja, s i e n d o v e n e r a d o c o m o d i o s e n S a q q a r a ,
c u y o s v i s i t a n t e s c u b r í a n sus m o n u m e n t o s de g r a f i t o s , y él r e c i b i ó el
s o b r e n o m b r e de wbgjnr, « E l q u e a b r e la p i e d r a » . I n c l u s o s u v i s i r y
6 6
a r q u i t e c t o I m h o t e p fue d i v i n i z a d o c o m o h i j o de Ptah.y r e c i b i ó c u l t o ;
El que u n logro técnico c o m o aquél pudiera cobrar u n significado tan
s o b r e s a l i e n t e e n la m e m o r i a c u l t u r a l se d e b i ó al s i g n i f i c a d o s i n g u l a r í -
s i m o q u e se atribuía e n E g i p t o a l o p é t r e o c o m o t r a s u n t o d e la i n m o r -
talidad. C o n D j o s e r c o m i e n z a e n E g i p t o u n a especie de era m e g a l í t i c a
q u e , m u y p o c o d e s p u é s d e él, c o n S n e f r u , K h e o p s . y K h e f r é n , alcanza
ya el c é n i t a b s o l u t o , q u e n u n c a d e s p u é s volvería a a l c a n z a r s e .
L a p i r á m i d e e s c a l o n a d a d e D j o s e r e n S a q q a r a es el s í m b o l o d e u n
v i r a j e c u l t u r a l . S u s d i s t i n t a s g r a d a s r e p r o d u c e n e l p r o c e s o de este
v i r a j e . Esta o b r a es a l a v e z p u n t o c u l m i n a n t e de u n a e v o l u c i ó n q u e
e m p i e z a c o n N a q a d a , se c o n s u m a e n ella y o r i g i n a a l g o n u e v o q u e
e n c u e n t r a su c u l m i n a c i ó n e n G i z a , p e r o q u e a d q u i e r e y c o n s e r v a su
carácter n o r m a t i v o hasta el f i n a l de la h i s t o r i a f a r a ó n i c a . L o q u e c o n -
c l u y e c o n D j o s e r es la c o n c e p c i ó n d e l a t u m b a c o m o u n p a l a c i o
m o n u m e n t a l c o n el s i m b o l i s m o de la fachada de n i c h o s y la f o r m a
r e c t a n g u l a r . Y l o q u e c o m i e n z a c o n D j o s e r es la c o n c e p c i ó n d e la
t u m b a c o m o u n l u g a r de a s c e n s i ó n al c i e l o , c o n el s i m b o l i s m o g e o -
m é t r i c o d e la p i r á m i d e . D j o s e r . c o m b i n a ambas c o n c e p c i o n e s , l a u n a
e n el m u r o r e c t a n g u l a r d e c e r r a m i e n t o c o n n i c h o s , y ..la o t r a e n la
p i r á m i d e e s c a l o n a d a . E l m u r o n o es otra cosa q u e la fachada d e n i c h o s

66 D. Wildung, Imhotep undAmenhotep. Gottwerdungim alten Ágypten, MÁS 36, Munich, 1977.
 1/2. EL REINO ANTIGUO

d e la a r c a i c a m a s t a b a d e a d o b e , q u e a q u í se d i f e r e n c i a e n u n a f o r m a
a r q u i t e c t ó n i c a i n d e p e n d i e n t e y se c o n s t r u y e e n p i e d r a . A q u í n o es ya
fachada y a r q u i t e c t u r a d e s l u m b r a d o r a , s i n o m u r o d e c e r r a m i e n t o . E l
e s p a c i o r e c t a n g u l a r i n t e r i o r c o n t i e n e las i n f r a e s t r u c t u r a s d e p i e d r a y
l o s e d i f i c i o s r i t u a l e s a s o c i a d o s al festival m á s i m p o r t a n t e : el « f e s t i v a l
d e S e d » , v i n c u l a d o a la r e n o v a c i ó n r e a l , q u e se c e l e b r a b a c a d a 30
a ñ o s d e r e i n a d o , es d e c i r , al c a b o d e u n a g e n e r a c i ó n , p a r a r e s t a u r a r
las fuerzas envejecidas d e l rey, y l u e g o se r e p e t í a cada tres a ñ o s . L a s u s -
t i t u c i ó n d e las c o n s t r u c c i o n e s h e c h a s c o n m a t e r i a l e s p o c o d u r a b l e s
p o r las de p i e d r a t i e n e la evidente f i n a l i d a d de p e r m i t i r al rey la c o n t i -
n u a c i ó n e t e r n a d e l festival de S e d o d e h a c e r p e r p e t u o el efecto salví-
f i c o d e l r i t u a l y t r a n s p o r t a r l e al m á s allá. S e trata d e s i m u l a c i o n e s de
p i e d r a , de u n m o d e l o m o n u m e n t a l i z a d o d e u n e s c e n a r i o d e l festival
d e S e d , n o d e l e s c e n a r i o m i s m o , e n el q u e la fiesta se h a b r í a c e l e b r a d o
realmente.
E s t e m o d e l o d e l festival d e S e d d e D j o s e r , j u n t o c o n el m u r o d e
cerramiento, tiene u n probable o r i g e n en los «recintos f u n e r a r i o s »
6 7
d e A b i d o s . L o s reyes d e las d o s p r i m e r a s dinastías n o s ó l o se c o n s -
t r u y e r o n t u m b a s e n A b i d o s , s i n o t a m b i é n , e i n d e p e n d i e n t e m e n t e de
éstas, r e c i n t o s r e c t a n g u l a r e s c e r r a d o s p o r u n g r a n m u r o de n i c h o s e n
l o s q u e , j u n t o a c o n s t r u c c i o n e s m á s p e q u e ñ a s de a d o b e , se l e v a n t a b a n

67 W. Kaiser, «Zu den koniglichen Talbezirken der I. und 2. Dynastie in Abidos und
zur Baugeschichte des Djoser-Grabmals», MDAIK 2$, 1969, I-ZI.
 76 EGIPTO

sobre t o d o estructuras de m a t e r i a l p o c o d u r a d e r o destinadas a la e j e -

c u c i ó n de ritos ( r e l a c i o n a d o s c o n el festival de S e d o c o m o p a r t e d e l
ritual f u n e r a r i o ) . E n c u a l q u i e r caso, la u n i ó n de estos d o s e l e m e n t o s
e n la a r q u i t e c t u r a d e p i e d r a d e D j o s e r es m u y p l a u s i b l e . L a n o v e d a d
decisiva q u e se i n t r o d u c e c o n D j o s e r es l a i d e a d e q u e , e m p l e a n d o la
p i e d r a , es p o s i b l e e t e r n i z a r u n r i t u a l y sus efectos salvíficos.

Signos y dioses

Asistimos a q u í a u n a auténtica r e v o l u c i ó n d e los s i g n o s . E l m e d i o d e l

s i m b o l i s m o i c ó n i c o y la i n s c r i p c i ó n j e r o g l í f i c a y el m a t e r i a l p é t r e o
p a r e c e n c o r r e s p o n d e r al m o d o d e e x i s t i r y a las n e c e s i d a d e s d e l o s
m u e r t o s m e j o r q u e la cosa m i s m a , pasajera e n su m a t e r i a l i d a d o r i g i -
nal. E l m o d e l o n o es n i n g ú n « s u s t i t u t o » , s i n o la f o r m a e t e r n a de la
realidad. L a mesa de las ofrendas c o n su lista de a l i m e n t o s y escenas de
mesa n o es otra cosa q u e la f o r m a e t e r n a d e l c u l t o a l o s m u e r t o s .
Estas f o r m a s de e t e r n i d a d p e r t e n e c e n c o m o tales a la esfera d e l o
d i v i n o . A s í se e x p l i c a el pasaje d e u n a i n s c r i p c i ó n f u n e r a r i a d e la
é p o c a de S n e f r u e n la q u e se l e e : « E l h i z o a sus d i o s e s d e u n a f o r m a
que n o p u e d e desaparecer» . Esta frase se r e f i e r e a las i n s c r i p c i o n e s
y r e p r e s e n t a c i o n e s e n la c á m a r a d e la t u m b a d e s t i n a d a al c u l t o , q u e de
h e c h o están r e a l i z a d a s c o n la t é c n i c a n o v e d o s a d e l b a j o r r e l i e v e c o n
pasta de c o l o r i n c r u s t a d a . T e x t o s e i m á g e n e s s o n a q u í s e ñ a l a d o s c o m o
« d i o s e s » . C o n ello se a l u d e al carácter sagrado q u e el p e n s a m i e n t o d e
esta é p o c a atribuye a l o p é t r e o ' y s i m b ó l i c o , e n s u m a : a la esfera de las
f o r m a s eternas. L o s s í m b o l o s o f o r m a s eternas s o n dioses p o r q u e s o n
f o r m a s visibles y n o pasajeras, y a la vez r e m i t e n a algo i n v i s i b l e . Ellas
salvan la distancia e n t r e el a q u í y el n o - a q u í , el a h o r a y el n o - a h o r a .
C o n el c a m b i o a la p i e d r a c a m b i a el l e n g u a j e d e las f o r m a s a r q u i -
tectónicas, y, e n su c o n t e x t o , t a m b i é n el d e l arte. Este es al p r i n c i p i o
d e s t e r r a d o d e l o s n u e v o s c o n t e x t o s d e p i e d r a , y se c o n v i e r t e casi e n
u n p r i v i l e g i o r e a l . E n t o d o caso se i n t r o d u c e n , bajo S n o f r u , r e s t r i c -
c i o n e s c o m p l e t a m e n t e n u e v a s : n i n g u n a e s c u l t u r a p r i v a d a ; e n su
lugar, la « c a b e z a de r e e m p l a z o » e n la c á m a r a f u n e r a r i a ; ningún
relieve e n los m u r o s , e n su l u g a r , la « m e s a de o f r e n d a s » e n el t a l u d
de la mastaba; n a d a d e e s p a c i o s i n t e r i o r e s e n el b l o q u e d e la mastaba,
e n su l u g a r , u n p e q u e ñ o s a l i d i z o d e a d o b e d e l a n t e d e l l u g a r d e las

68 Kurt Sethe, Urkunden desÁlten Reichs (en lo sucesivo Urk i), 7-

 1.1. EL REINO ANTIGUO
77

o f r e n d a s m a r c a d o p o r la m e s a . S o n éstos c a m b i o s r a d i c a l e s , que p r e -
s e n t a n a esta é p o c a c o m o u n t i e m p o e n q u e se p r o d u c e u n viraje h i s -
t ó r i c o . T o d o i n d i c a q u e la f i n a l i d a d d e las f u e r t e s r e s t r i c c i o n e s y
r e g l a m e n t a c i o n e s d e l a r t e y la a r q u i t e c t u r a f u n e r a r i o s es t e n e r el
n u e v o « c a m i n o d e s a l v a c i ó n » de la p i e d r a bajo c o n t r o l y a s e g u r a r la
p o s i c i ó n e s p e c i a l d e l rey t a m b i é n e n la esfera d e las f o r m a s s i m b ó l i -
cas. Y a a n t e s d e S n e f r u h u b o e s c u l t u r a f u n e r a r i a d e p i e d r a . P e r o
q u i z á se d e s c u b r í a a h o r a su s i g n i f i c a d o c o m o f o r m a de e t e r n i d a d del
c u e r p o , o m á s b i e n de la p e r s o n a .

E l s i m b o l i s m o de la p i r á m i d e

Las p i r á m i d e s d a n u n paso más e n este s i m b o l i s m o de e t e r n i d a d . N o se

p u e d e d e c i r de ellas q u e sean « f o r m a e t e r n a » de algo que, c o m o f o r m a
pasajera, t i e n e u n « l u g a r e n la v i d a » . N o s o n « m o d e l o » de algo e n el
m i s m o s e n t i d o e n q u e las c o n s t r u c c i o n e s d e l festival d e S e d de D j o s e r
s o n u n m o d e l o de las edificaciones reales destinadas al c u l t o . N o s o n , en
otras palabras, s í m b o l o s i c ó n i c o s , y n o r e p r o d u c e n n a d a . S i n e m b a r g o
s o n i n d u d a b l e m e n t e s í m b o l o s ; y c o n s t i t u y e n , u n p u e n t e e n t r e l o visible
y l o invisible, el a q u í y el n o - a q u í , el a h o r a y el n o - a h o r a . E n las masta-
bas de la p i r á m i d e de D j o s e r se p u e d e apreciar q u e e n la r e a l i z a c i ó n de
este s i m b o l i s m o l o m á s i m p o r t a n t e es el eje v e r t i c a l , esto.es, el g a n a r
a l t u r a . A este f i n , I m h o t e p d i s p u s o varias mastabas u n a s o b r e otra, y
c a m b i ó el p l a n o rectangular básico p o r u n o c u a d r a d o . L a f o r m a r e c t a n -
g u l a r la i n d e p e n d i z ó c o m o m u r o de c e r r a m i e n t o .
Esta f o r m a r e c t a n g u l a r , q u e p e r t e n e c e al s i m b o l i s m o i c ó n i c o y da a
u n p a l a c i o y a u n e d i f i c i o d e s t i n a d o al c u l t o la f o r m a de e t e r n i d a d de
la p i e d r a , t e r m i n a c o n D j o s e r . D e s p u é s deja de e m p l e a r s e . L a f o r m a
piramidal, en cambio, que pertenece a u n simbolismo no icónico,
c o m i e n z a c o n D j o s e r . Esta n o r e p r o d u c e n a d a v i s i b l e , s i n o q u e h a c e
visible a l g o . C o n su altura señala al c i e l o . Este e l e m e n t o d e su s i m b o -
l i s m o se p u e d e c o r r o b o r a r c o n tres a r g u m e n t o s d i s t i n t o s . E l p r i m e r o
. g i r a e n t o r n o a la f o r m a e n la q u e l o s e g i p c i o s d e n o m i n a b a n a la p i r á -
m i d e s y se r e f e r í a n l i n g ü í s t i c a m e n t e a ellas. N o m e r e f i e r o a la p a l a b r a
p a r a p i r á m i d e , e n e g i p c i o mr, e t i m o l ó g i c a m e n t e i n c i e r t o . A q u í se trata
d e n o m b r e s y m e t á f o r a s . Y a h í está el t é r m i n o c e n t r a l « a k h e t » , u n a
palabra que suele traducirse p o r « h o r i z o n t e » , p e r o que en egipcio
d e s i g n a u n a r e g i ó n d e l c i e l o e n la q u e éste se a p r o x i m a a la t i e r r a y e n
la q u e el dios S o l e m e r g e cada a m a n e c e r d e l m u n d o i n f e r i o r y vuelve a
78 EGIPTO

h u n d i r s e e n él al a t a r d e c e r . L a p i r á m i d e d e KJheops, o K h u f u , se
llama e n e g i p c i o « a k h t e t d e K h u f u » . « A k h e t » es la r e g i ó n u m b r a l
entre c i e l o , t i e r r a y m u n d o i n f e r i o r , p e r o e s p e c i a l m e n t e el l u g a r d e
d o n d e sale el s o l . L a palabra se deriva de u n a raíz q u e significa « i r r a -
diar, l u c i r » . E l s i g n o p a r a « a k h t e t » n a d a t i e n e e n c o m ú n c o n u n a
p i r á m i d e : m u e s t r a al s o l q u e sale, o se p o n e , e n t r e d o s m o n t a ñ a s . L a
p i r á m i d e n o r e p r o d u c e la « a k h e t » , s i n o q u e la s i m b o l i z a de f o r m a n o
icónica. E l tertium comparationis e n t r e « a k h e t » y la p i r á m i d e es la i d e a d e l
a s c e n d e r al c i e l o . D e l m i s m o m o d o q u e el d i o s S o l a s c i e n d e d e l
m u n d o i n f e r i o r a la « a k h e t » y b r i l l a e n el c i e l o , a s c i e n d e el rey, u n a
vez d e p o s i t a d o su c u e r p o e n la p i r á m i d e , a través d e su « a k h e t » , su
u m b r a l de luz, al c i e l o .
L a p o s i b i l i d a d d e esta i n t e r p r e t a c i ó n d e l s i m b o l i s m o d e l a p i r á -
m i d e d e s d e el s i g n i f i c a d o d e « a k h e t » , r e s u l t a d e l s e g u n d o a r g u -
m e n t o . Este se basa e n los T e x t o s de las P i r á m i d e s . Estos t e x t o s , c o m o
ya se ha i n d i c a d o , s o n la f o r m a de e t e r n i d a d q u e a d q u i e r e n l o s pasajes
que, desde el rey U n a s , de fines d e la dinastía V , se d i r i g í a n al r e y e n la
t u m b a . . E l tema c e n t r a l de estos textos es la a s c e n s i ó n al c i e l o . L a r e c i -
t a c i ó n de estos t e x t o s y l o s r i t o s a c o m p a ñ a n t e s t i e n e n p o r f i n a l i d a d
hacer que el rey ascienda al c i e l o y q u e d e i n c o r p o r a d o al c u r s o d e l s o l .
Para esta f u n c i ó n t i e n e el i d i o m a e g i p c i o u n a p a l a b r a q u e t a m b i é n se
deriva de la r a í z q u e s i g n i f i c a « i r r a d i a r , l u c i r » . E s la f o r m a v e r b a l
causativa de u n adjetivo c o n el s i g n i f i c a d o de « s e r l u m i n o s o , s e r e s p í -
r i t u » , y significa, p o r t a n t o , « c o n v e r t i r e n e s p í r i t u d e l u z » . E n a l e -
m á n es c o m ú n t r a d u c i r este v e r b o p o r verklaren ( t r a n s f i g u r a r ) . E s n a t u -
ral relacionar esta f u n c i ó n de los T e x t o s d e las P i r á m i d e s c o n l a f o r m a
de la p i r á m i d e . Esta p u e d e así ser i n t e r p r e t a d a c o m o la r e a l i z a c i ó n
s i m b ó l i c a - a r q u i t e c t ó n i c a de la a s c e n s i ó n d e l rey al c i e l o y su i n c o r p o -
r a c i ó n al curso del s o l .
Esta i n t e r p r e t a c i ó n la c o n f i r m a e l t e r c e r a r g u m e n t o . E s t e se
refiere a la h i s t o r i a de la r e c e p c i ó n d e la f o r m a p i r a m i d a l . E s t e a r g u -
mento debe naturalmente emplearse c o n p r e c a u c i ó n . L a historia de
la r e c e p c i ó n de u n a f o r m a p u e d e estar v i n c u l a d a a t o d a s las i n t e r p r e -
taciones p o s i b l e s . N a d a n o s o b l i g a a s u p o n e r q u e la i n t e r p r e t a c i ó n d e
la f o r m a p i r a m i d a l e n el R e i n o M e d i o y e n él R e i n o N u e v o e x i s t i e r a
ya el R e i n o A n t i g u o . E s t e a r g u m e n t o s ó l o t i e n e v a l o r e n c o n e x i ó n
C o n o t r o s a r g u m e n t o s , y c o m o tal c o n e x i ó n está d a d a , n o q u e r e m o s
d e s e c h a r l o . D e l R e i n o M e d i o y d e l R e i n o N u e v o se h a n c o n s e r v a d o
c o n s t r u c c i o n e s c o m o los piramidones, pequeñas pirámides de piedra
 1/2. EL REINO ANTIGUO 79

m u y d u r a d i s p u e s t a s c o m o v é r t i c e s d e las p i r á m i d e s d e a d o b e d e
a q u e l l a é p o c a . E s t o s piramidones m u e s t r a n i n s c r i p c i o n e s —más t a r d e
t a m b i é n r e p r e s e n t a c i o n e s — q u e d e f o r m a p e r f e c t a m e n t e clara h a c e n
r e f e r e n c i a a la i d e a d e u n a p a r t i c i p a c i ó n d e l m u e r t o e n el c u r s o d e l
s o l . D i c e n q u e al m u e r t o se l e a b r e n l o s o j o s y p u e d e v e r al d i o s S o l
s i g u i e n d o sus c a m i n o s y a c o m p a ñ a r l o e n su b a r c a . E n e l R e i n o
N u e v o e x h i b e n e n sus c u a t r o caras las c u a t r o fases d e l c u r s o d e l s o l : el
a m a n e c e r , el m e d i o d í a , el a t a r d e c e r y la n o c h e , o sea, el este, el s u r ,
el oeste y el n o r t e .
E n . s u o r i e n t a c i ó n i n c r e í b l e m e n t e p r e c i s a s e g ú n las d i r e c c i o n e s
celestes, las p i r á m i d e s d e l R e i n o A n t i g u o s o n e x p r e s i ó n d e u n a r e l a c i ó n
c o n el c i e l o q u e p u e d e p e r f e c t a m e n t e l l a m a r s e i c ó n i c a . P u e s ellas
« r e p r o d u c e n » el c i e l o e n sus d i r e c c i o n e s . N u e s t r a s « d i r e c c i o n e s d e l
c i e l o » o « p u n t o s c a r d i n a l e s » t i e n e n e n el m u n d o e g i p c i o u n a c o r r e s -
p o n d e n c i a exacta. T a m b i é n el e g i p c i o r e l a c i o n a s u r , este, n o r t e y oeste
c o n e l c i e l o , e l c u r s o d e l s o l y las c o n s t e l a c i o n e s . T a m b i é n la T i e r r a
t i e n e su d i r e c c i ó n : la da el N i l o , y l a m a y o r í a d e las veces las t u m b a s se
o r i e n t a n e n la d i r e c c i ó n d e l N i l o . P e r o las p i r á m i d e s n o se o r i e n t a n
p o r el N i l o , s i n o p o r la d i r e c c i ó n d e l c i e l o , y de esa m a n e r a « r e f l e j a n »
el c i e l o e n l a t i e r r a . E s t e p r i n c i p i o f u e e n E g i p t o f u n d a m e n t a l e n l a
c o n s t r u c c i ó n d e espacios sagrados a l o l a r g o d e t o d a la c u l t u r a f a r a ó -
n i c a . E l espacio sagrado era e n t e n d i d o c o m o u n enclave q u e representa
e n la tierra al c i e l o e n todas sus d i r e c c i o n e s .

E l espacio sagrado como cronotopo

G o m o l u g a r c o n o r i e n t a c i ó n c e l e s t e , e l e s p a c i o s a g r a d o es t a m b i é n
e n E g i p t o u n « c r o n o t o p o » . E n el q u e d o m i n a el t i e m p o c e l e s t e . E l
p r o p i e t a r i o d é u n e s p a c i o s a g r a d o está e n c o m u n i c a c i ó n n o s ó l o
e s p a c i a l , s i n o t a m b i é n t e m p o r a l c o n el c i e l o , y « r e f l e j a » l a e t e r n i -
d a d . D e a h í q u e l a c o n s t r u c c i ó n d e e s p a c i o s s a g r a d o s e n E g i p t o esté
t a n e s t r e c h a m e n t e l i g a d a a la r e a l e z a . E n el r i t u a l d e f u n d a c i ó n d e ü h
t e m p l o , d i c e n l o s dioses al r e y :

T u m o n u m e n t o descansa sobre sus cimientos

como el cielo sobre sus soportes,
. tu obra durará c o n su señor
como la tierra c o n la Enéada.
Sus años son los de la akhet,
 8o EGIPTO

sus meses los de las estrellas decanas.

69
Sobre la tierra eternamente a salvo de toda d e s t r u c c i ó n .

E l t i e m p o d e l m o n u m e n t o es el t i e m p o d e l c i e l o . E n e l R e i n o
A n t i g u o , i n c l u s o el r e y a p a r e c e n o s ó l o c o m o ú n i c o p r o p i e t a r i o d e
la c o n s t r u c c i ó n , s i n o t a m b i é n c o m o h a b i t a n t e d e l e s p a c i o s a g r a d o .
E n esta é p o c a , t o d a s l a s o b r a s e s t a t a l e s se c o n c e n t r a n e n l a p i r á -
mide c o m o espacio sagrado p o r antonomasia. L o s t e m p l o s de los
d i o s e s t i e n e n u n p a p e l s e c u n d a r i o . S e trata de p e q u e ñ a s c a p i l l a s d e
adobe sin n i n g ú n s i m b o l i s m o celeste. Para p o d e r h a c e r ofrendas a
los dioses n o hay que construir ningún espacio sagrado que
« r e p r o d u z c a » e l c i e l o e n la t i e r r a y c o n s t i t u y a u n u m b r a l e n t r e
cielo y tierra.
P e r o t o d o esto c a m b i a d e f o r m a d r á s t i c a e n el R e i n o M e d i o . D e
este p e r í o d o es u n a l a r g a i n s c r i p c i ó n q u e e x p r e s a la i d e o l o g í a d e l a
70
o b l i g a c i ó n real de c o n s t r u i r el espacio s a g r a d o . Se trata d e u n t e m p l o
de A t u m e n H e l i ó p o l i s . P e r o algo d e esta i n s c r i p c i ó n se p u e d e r e l a c i o -
nar mutatis mutandis c o n la c o n s t r u c c i ó n d e p i r á m i d e s e n el R e i n o A n t i -
g u o . C i t o a l g u n o s pasajes de la i n s c r i p c i ó n :

(El rey habla a sus consejeros:)

« M i r a d , M i Majestad construye u n edificio,
y recuerda una acción
como algo salvador para el futuro.
Q u i e r o erigir m o n u m e n t o s y levantar estelas para Horakhty . »
(sigue una larga d e s c r i p c i ó n de la elección del rey p o r el dios
antes de su n a c i m i e n t o , que construye el m o n u m e n t o c o m o acto
de agradecimiento).
Y o he v e n i d o c o m o H o r u s , después de haber contado m i cuerpo
(adquirido control de sí mismo = alcanzado la edad de la virilidad),
para establecer las ofrendas a los dioses, . , .
para llevar a cabo los trabajos de construcción en el templo de m i
padre A t u m ,

69 Pierre Montet, «Le rituel de la fondation des temples égyptiens», en Kemi 17, 1964,
79-
70 Berlín P. 3029, ed. de A. de Buck, The Building Inscription of the Berlín Leather Roll¿ Studia
Aegyptiaca I (Analecta Orientalia 17), 4^-57» nuevos trabajos: H. Gpedicke, The
Berlín Leather Roll (P Berlín 3039), en Fs Mus Berlín, Berlín, 1975, 87-104; J.
Osing, «Zu zwei literarischen Werken des Mittíeren Reichs», en The Heritage ofEgypt
(FS Iversen), Copenhague, 1992, I O I - I i g , esp. IO9-II9.
 1/2. EL REINO ANTIGUO 8l

7
para hacerlo r i c o ' hasta donde me permita tomar el poder,
para proveer de alimentos sus altares sobre la tierra.

Q u i e r o levantar mi casa en su suelo,

para que mi perfección sea recordada en su casa.
La pirámide es mi nombre,
el lago sagrado es mi m o n u m e n t o .
78
Eternidad-ne/ie/i significa crear algo que da la salvación .
U n rey que es n o m b r a d o p o r sus obras no muere,
u n m o n u m e n t o que él ha planeado no puede desaparecer,
73
y así será llamado p o r el n o m b r e del m i s m o .
Las cosas de la eternidad-tf/ef no m u e r e n .

Las obras que se hicieron son lo que (verdaderamente) existe.

(Ejecutarlas) significa aspirar a lo que da la salvación.
U n alimento apropiado es el n o m b r e .
El n o m b r e se obtendrá si se está alerta a las p r e t e n s i o n e s de la
eternidad-ne/ie/i.»

(Los consejeros responden al rey.)

(...) N o b l e y sublime es ver la mañana ;

c o m o algo que (ya) es salvación en el tiempo de la vida.
La multitud nada puede hacer sin ti.
T u Majestad es (= tiene) los ojos de todos.
(...)

E n este t e x t o a p a r e c e u n c o n c e p t o q u e h e m o s e x p r e s a d o c o n l a
p a l a b r a « s a l v a d o r » . E l t é r m i n o egipcio, se d e r i v a t a m b i é n de la r a í z
q u e s i g n i f i c a « b r i l l a r , l u c i r » , y d e la q u e p r o v i e n e t a n t o la p a l a b r a
p a r a « h o r i z o n t e » c o m o la p a l a b r a q u e s i g n i f i c a « e s p í r i t u t r a n s f i g u -
rado del m u e r t o » . A l aplicar a Egipto u n concepto c o m o «salva-
c i ó n » y h a b l a m o s de u n « c a m i n o de s a l v a c i ó n » , h e m o s de precisar
que. este c o n c e p t o es el d e u n a f u e r z a d e i r r a d i a c i ó n c e l e s t e q u e
p o d e m o s c o n s i d e r a r d é p r i m e r í s i m o o r d e n . « A k h » d e s i g n a la u t i l i -
d a d y eficacia de u n a a c c i ó n h u m a n a q u e es capaz de a l c a n z a r la esfera

71 Léase dj.j wsh.f en vez de dj.f wsh.f.

72 Léase-, jr.t^ht
73 En la reproducción de estos versos sigo a J. Osing.
82 EGIPTO

de la e t e r n i d a d celeste. C o n s t r u i r p a r a « D i o s » , es d e c i r , la c r e a c i ó n
y a m p l i a c i ó n d e l e s p a c i o s a g r a d o , es la f o r m a s u p r e m a de la a c c i ó n
s a l v a d o r a . E l s e n t i d o y el c a r á c t e r « s a l v í f i c o » de esta a c c i ó n r a d i c a n
—y esto l o deja el t e x t o m e r i d i a n a m e n t e claro— e n la « p l a s m a c i ó n »
d e la e t e r n i d a d . S ó l o q u i e n r e p r e s e n t a la e t e r n i d a d p u e d e l l e v a r a.
cabo obras tan grandiosas.
El texto p r o c e d e de Sesostris I, del R e i n o M e d i o . U n t e x t o q u e n o
se p u e d e trasladar s i n más a las p i r á m i d e s . L o s reyes d e l R e i n o A n t i -
g u o c o n s t r u y e n las p i r á m i d e s p a r a el d i o s q u e e l l o s m i s m o s e n c a r -
n a n , n o p a r a el d i o s S o l , p e r o o b e d e c e n al m i s m o i m p u l s o de c o n s -
t r u i r u n e s p a c i o s a g r a d o q u e p a r t i c i p e de la e t e r n i d a d d e l c i e l o .

E n c i e r t o s e n t i d o p o d r í a d e c i r s e q u e e n las g r a n d e s p i r á m i d e s de
G i z a c u l m i n a a l g o q u e se i n i c i a e n N a q a d a . Las t u m b a s s o n cada vez
m á s m o n u m e n t a l e s , y el p o d e r d e l c a b e c i l l a , l u e g o el d e l f a r a ó n , es
cada vez m a y o r , a d q u i e r e d i m e n s i o n e s divinas, hasta q u e el f a r a ó n se
e r i g e e n d i o s s u p r e m o , ntfS, y este p r o c e s o de i n c r e m e n t o d e l p o d e r
y d i v i n i z a c i ó n d e l g o b e r n a n t e p a r e c e e n c o n t r a r su e x p r e s i ó n visual e n
la e v o l u c i ó n de la t u m b a r e a l . E s t e p r o c e s o r e m a t a l ó g i c a m e n t e e n
G i z a . C a s i se t i e n e la i m p r e s i ó n de q u e n o s ó l o el c a m b i o a la c o n s -
t r u c c i ó n e n p i e d r a , s i n o i n c l u s o la p r o p i a f u n d a c i ó n del E s t a d o están
l i g a d o s a este p r o c e s o . E l E s t a d o h a c e p o s i b l e el e m p l e o d e fuerzas y
o r g a n i z a c i o n e s i n m e n s a s , de p r o p o r c i o n e s gigantescas, s i n las c u a l e s
esta a r q u i t e c t u r a n o s e r í a p o s i b l e . D e ese m o d o , esta a r q u i t e c t u r a
s i m b o l i z a y v i s u a l i z a t a m b i é n el p o d e r de o r g a n i z a c i ó n y c o o r d i n a -
c i ó n del E s t a d o , es d e c i r , d e l rey. L a s p i r á m i d e s s i m b o l i z a n el p o d e r
de u n a v o l u n t a d q u e p u e d e m o v e r m o n t a ñ a s .
C i e r t a m e n t e , a l g o c u l m i n a e n las p i r á m i d e s d e G i z a , a l g o q u e
n u n c a m á s v o l v e r á a a c o n t e c e r . L a s p i r á m i d e s de K e o p s y d e K e f r é n
7 4
son c o n diferenciadas mayores y más cuidadosamente orientadas .
Las c u a l i d a d e s , l i n d a n t e s c o n l o m i l a g r o s o , de las d o s g r a n d e s p i r á -
m i d e s d e G i z a n o c a b e n e n el p r o g r a m a e s t á n d a r al q u e , p a r a l o s
a r q u i t e c t o s e g i p c i o s , d e b í a ajustarse el c o n c e p t o « p i r á m i d e » . P o d e -
m o s p r e g u n t a r n o s si, p a r a la e s t i m a c i ó n e g i p c i a , las p i r á m i d e s de'
G i z a r e p r e s e n t a n la i d e a a r q u i t e c t ó n i c a de la p i r á m i d e e n su f o r m a

74 Sobre las pirámides, véase especialmente los dos libros de Rainer Stadelmann: Die
agyptischen Pyramiden. Vom /jegelbauzum Weltwunder, Maguncia, 1985. y Diegrofien Pyramiden von
Giza, Graz, 1990.
 1/2. EL R E I N O ANTIGUO «3

clásica. G u a n d o los reyes d e l R e i n o M e d i o se c o n s t r u í a n p i r á m i d e s ,

n o u s a b a n e n t o d o c a s o las c o n s t r u c c i o n e s d e la IV d i n a s t í a c o m o
m o d e l o s , s i n o las p i r á m i d e s , m u c h o m á s p e q u e ñ a s , d e U n a s y P e p i
II. Estas p i r á m i d e s s o n m u c h o m e n o s i m p o r t a n t e s . S i n e m b a r g o , e n
ellas alcanza su p e r f e c c i ó n a l g o q u e e n las g r a n d e s p i r á m i d e s d e G i z a
está c o n c e b i d o e n u n a fase d e t r a n s i c i ó n : el t e m p l o a d o s a d o a la cara
o r i e n t a l de las p i r á m i d e s . Este t e m p l o s ó l o a d q u i e r e su f o r m a c a n ó -
n i c a e n la V d i n a s t í a . C o n D j o s e r n o h a y n a d a q u e p r e f i g u r e este
7 5
t e m p l o . L a s p r i m e r a s a n t i c i p a c i o n e s d e l o q u e m á s t a r d e s e r á el
t e m p l o de la p i r á m i d e a p a i ' e c e n c o n S n e f r u . S i se m i r a s ó l o la p i r á -
m i d e y se o l v i d a q u e ésta es e l e m e n t o d e u n c o m p l e j o a r q u i t e c t ó -
n i c o , n o se p u e d e a p r e c i a r h a s t a q u é p u n t o estas f o r m a s son
m o m e n t o s d e u n d e v e n i r y h a s t a q u é p u n t o las p i r á m i d e s d e G i z a
representan todavía soluciones transitorias.
L o s reyes d e la V dinastía e n c o n t r a r o n u n s o l u c i ó n c o m p l e t a m e n t e
nueva, que después quedaría igualmente c o m o u n a s o l u c i ó n transito-
ria. A pesar d e l o cual o c u p a u n lugar e n esta h i s t o r i a d e l s e n t i d o , p u e s
r e f l e j a u n c a m b i o f u n d a m e n t a l e n l a s e m á n t i c a d e la r e a l e z a . E s t o s
reyes r o m p i e r o n d e m a n e r a a b r u p t a c o n la t r a d i c i ó n de G i z a , y c o n s -
truyeron muchas pequeñas pirámides, p e r o e l i g i e r o n además lugares
d e c u l t o p a r a el d i o s S o l e n los q u e l e v a n t a r o n u n o b e l i s c o e n l u g a r de
u n a p i r á m i d e . Estos santuarios solares estaban administrativamente
m u y ligados al c u l t o f u n e r a r i o real. E v i d e n t e m e n t e d e b e n i n c l u i r s e e n
el c o n c e p t o q u e esta é p o c a t e n í a d e la e d i f i c a c i ó n f u n e r a r i a real. A q u í
se p e r c i b e p o r p r i m e r a v e z la a s p i r a c i ó n a r e f l e j a r la e t e r n i d a d e n la
q u e entra el rey tras la m u e r t e n o « e n c a r n a t i v a m e n t e » , s i n o « c ó n s -
t e l a t i v a m e n t e » , al ligar el c u l t o f u n e r a r i o c o n el c u l t o d i v i n o . M e n t u -
h o t e p a d o p t a r á este p r i n c i p i o e n la XI d i n a s t í a , y e n el R e i n o N u e v o
será c a n ó n i c o . S i n e m b a r g o , e n el R e i n o A n t i g u o d e s a p a r e c e r á c o n
U n a s , el ú l t i m o rey de la V dinastía.
C o n este m i s m o rey e m p i e z a , s i n e m b a r g o , u n a t r a d i c i ó n q u e de
n u e v o i l u m i n a d e s d e u n l a d o c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o la estrecha r e l a -
c i ó n de l e n g u a j e y c o n s t r u c c i ó n q u e se n o s e v i d e n c i a e n la h i s t o r i a de
la c o n s t r u c c i ó n d e la t o r r e de B a b e l . B a j o este rey se e s c r i b i e r o n p o r
p r i m e r a vez textos e n los espacios c e r r a d o s de la p i r á m i d e . T e x t o s

75 Los recintos aquí identificados como «templos funerarios» se hallan en la cara

norte de la pirámide, y guardan analogía con las mastabas de nichos de las tres pri-
meras dinastías.
 84 EGIPTO

manifiestamente transcritos de r o l l o s de p a p i r o de los rituales f ú n e -

bres a las paredes de la t u m b a p a r a a s e g u r a r p a r a s i e m p r e al rey-
muerto el efecto salvífico de estos rituales. Esta c o s t u m b r e fue c o n t i -
nuada por los sucesores, y el c o r p u s q u e así n a c i ó , los « T e x t o s de las
Pirámides», constituye el o r i g e n de la l i t e r a t u r a f u n e r a r i a egipcia y el
corpus textual religioso más a n t i g u o d e la h u m a n i d a d . L a i d e a d e
escribir textos en los m u r o s y e n o t r o s e l e m e n t o s a r q u i t e c t ó n i c o s es e n
Egipto más lógica que en otros lugares. L a p i e d r a de q u e están h e c h a s
las construcciones de E g i p t o p a r a la e t e r n i d a d es s i e m p r e s u p e r f i c i e
para la escritura de jeroglíficos. A diferencia de la cursiva hierática, la
jeroglífica es una escritura para la p i e d r a . Está h e c h a p a r a e s c r i b i r e n
m o n u m e n t o s de p i e d r a , así c o m o , a la i n v e r s a , los m o n u m e n t o s d e
piedra están hechos para escribir e n e l l o s . L a c o n s t r u c c i ó n e n p i e d r a
y la inscripción —construcción y lenguaje— f o r m a n e n E g i p t o u n a s i n -
gular alianza. Es el «discurso m o n u m e n t a l i s t a » , de cuya h i s t o r i a t r a -
taremos algo más detenidamente e n el s i g u i e n t e c a p í t u l o . E l d i s c u r s o
monumentalista es el p r o y e c t o s i n g u l a r d e u n a c o n s t r u c c i ó n d e l
tiempo sagrado p o r m e d i o de la p i e d r a y la escritura.

E L MENSAJE DE LAS TUMBAS ' '

D e l estilo al c a n o n

Es muy instructivo el e x p e r i m e n t o m e n t a l d e i m a g i n a r s e c ó m o sería

la antigua cultura egipcia si ésta se h u b i e r a e x t i n g u i d o e n el R e i n o
A n t i g u o . El curso de la h i s t o r i a de E g i p t o n o t e n d r í a e n t o n c e s s u
f o r m a característica c í c l i c o - e s p i r a l , s i n o la e x t e n s i ó n l i n e a l d e u n
proceso irreversible de ascenso y caída. Faltarían los r e c u r s o s c a n o n i -
zadores, arcaizadores y, p o r t a n t o , la a u t o i l u m i n a c i ó n i n t e r i o r . P u e s
s o n tales recursos de la m e m o r i a c u l t u r a l a q u e l l o s e n l o s q u e u n a
cultura se refleja a sí m i s m a y d e s p l i e g a d i s c u r s i v a m e n t e s u s e m á n t i c a
implícita. Si la historia de E g i p t o h u b i e s e a c a b a d o e n el a ñ o 2J5O,
tendríamos las grandes p i r á m i d e s , m i l e s d e c o n s t r u c c i o n e s f u n e r a -
rias con inscripciones y d e c e n a s d e m i l e s d e estatuas d e reyes y altos
funcionarios; tendríamos t a m b i é n a l g u n a s actas, d o c u m e n t o s y c a r -
tas, y los Textos de las P i r á m i d e s , el c o r p u s d e l i t e r a t u r a r e l i g i o s a m á s
antiguo de la humanidad, así c o m o c i e n t o s d e i n s c r i p c i o n e s f u n e r a -
rias biográficas, en las que los f u n c i o n a r i o s d a n n o t i c i a d e sus c a r g o s
 12. EL REINO ANTIGUO 85

y d i g n i d a d e s , sus m é r i t o s y s e r v i c i o s al E s t a d o y su o b s e r v a n c i a de las
n o r m a s éticas d e la s o c i e d a d . N o p o d r í a d e c i r s e q u e d e esta c u l t u r a
t u v i é r a m o s h u e l l a s y f r a g m e n t o s n r n d o s y n o s fuese t a n i n s u f i c i e n t e ­
m e n t e c o n o c i d a c o m o , p o r e j e m p l o , la c u l t u r a d e l I n d o , o las c u l t u ­
ras i n d i a s d e A m é r i c a , c o n sus e n i g m a s a p e n a s r e s o l u b l e s y q u e , o
b i e n n o c o n o c í a n la e s c r i t u r a , c o m o la c u l t u r a d e l I n d o , o b i e n s ó l o
habían desarrollado una escritura ideográfica rudimentaria y sólo en
p a r t e d e s c i f r a b l e , c u y a l o c a l i z a c i ó n t e m p o r a l es d i s c u t i d a y c u y a
e s t r u c t u r a s o c i a l y p o l í t i c a es p o c o clara, c o m o e n las a n t i g u a s c u l t u ­
ras m e x i c a n a s . S i el d e s c i f r a m i e n t o de la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a h u b i e r a
estado sujeto a estas m i s m a s l i m i t a c i o n e s , n o p o r eso s a b r í a m o s de la
c u l t u r a e g i p c i a d e l R e i n ó A n t i g u o m u c h o m e n o s de l o q u e de h e c h o
sabemos.
P e r o n o s faltaría la d i m e n s i ó n r e f l e x i v a de la c u l t u r a . N o s a b r í a ­
m o s c ó m o esta c u l t u r a se v e í a a sí m i s m a , c ó m o se d i s t i n g u í a a sí
m i s m a d e sus v e c i n a s , cuales e r a n p a r a ella l o s v a l o r e s c e n t r a l e s , q u é
n o r m a s s o c i a l e s y r e l i g i o s a s se i m p u s o , c u á l e s e r a n s u f o r m a s d e
r e f e r i r s e al p a s a d o y c ó m o se f o r m ó u n a c o n c i e n c i a h i s t ó r i c a , c ó m o
c o n c e b í a la r e l a c i ó n e n t r e la d i v i n i d a d y el h o m b r e , q u é p a p e l a t r i ­
b u í a a l o s d i o s e s e n la h i s t o r i a y el d e s t i n o de l o s h o m b r e s , c u á l era
la r e s p o n s a b i l i d a d d e l o s h o m b r e s a n t e l o s d i o s e s y m u c h a s o t r a s
p r e g u n t a s . E l q u e p o d a m o s h a c e r n o s esas p r e g u n t a s c o n la e s p e ­
r a n z a d e o b t e n e r r e s p u e s t a s f u n d a d a s , l o d e b e m o s a u n a clase e s p e ­
cial d e f u e n t e s q u e r e u n i m o s b a j o el t é r m i n o « l i t e r a t u r a » y q u e s o n
t o d a s ellas m á s r e c i e n t e s q u e el R e i n o A n t i g u o . C o n la i n s t i t u c i ó n
d e esta l i t e r a t u r a , la c u l t u r a e g i p c i a de las e d a d e s t a r d í a s se d o t ó de
u n m e d i o d e a u t o i l u m i n a c i ó n q u e le faltó al R e i n o A n t i g u o . S i n o
p o s e y é r a m o s estas f u e n t e s , E g i p t o sería i n a c c e s i b l e a u n a c o n s i d e r a ­
c i ó n d e s d e el p u n t o d e vista d e l a h i s t o r i a d e l s e n t i d o . E s p r e c i s o
t e n e r esto c l a r a m e n t e p r e s e n t e p a r a p o d e r c o m p r e n d e r , p o r otra
p a r t e , e n q u é m a n e r a n o s es a c c e s i b l e E g i p t o . L a c u l t u r a e g i p c i a , al
i g u a l q u e , n a t u r a l m e n t e , M e s o p o t a m i a , n o s es a c c e s i b l e d e la m i s m a
m a n e r a q u e I s r a e l , G r e c i a , C h i n a o la I n d i a . N o e s t a m o s a q u í a n t e
h e c h o s e x ó t i c o s d e la a r q u e o l o g í a , a n t e c u l t u r a s e x t i n g u i d a s y o l v i ­
d a d a s q u e la e s p á t u l a h a s a c a d o a l a l u z y s o b r e c u y o s i g n i f i c a d o l o s
e x p e r t o s h a c e n c o n j e t u r a s . T a m p o c o se t r a t a d e u n m u n d o p r i m i ­
tivo que fuera inaccesible a n u e s t r o esfuerzo de c o m p r e n s i ó n , sino
d e u n m u n d o e s p i r i t u a l m e n t e l i g a d o al n u e s t r o p o r numerosas
líneas de tradición.
86 EGIPTO

A ú n m á s i m p o r t a n t e m e p a r e c e ésta o t r a r e f l e x i ó n . S i e n E g i p t o
sólo h u b i e r a h a b i d o el R e i n o A n t i g u o , la n o r m a t i v i d a d c a n ó n i c a d e l
estilo m o n u m e n t a l a l l í d e s a r r o l l a d o q u e d a r í a o c u l t a a n o s o t r o s . E l
l e n g u a j e d e f o r m a s d e l o s m o n u m e n t o s , d e la p i r á m i d e a l a e s t a t u i ­
lla, de l o s t e m p l o s a las p u e r t a s falsas, estelas y m e s a s d e o f r e n d a s ,
m o s t r a r í a el c a r á c t e r t í p i c o d e u n e s t i l o c u l t u r a l c o m ú n . S ó l o el
h e c h o d e q u e este l e n g u a j e d e f o r m a s h a y a - p e r m a n e c i d o fijo
d u r a n t e m i l e n i o s y m i l e n i o s e v i d e n c i a r í a su i n s ó l i t a n o r m a t i v i d a d .
S ó l o c u a n d o , c o n o c i e n d o la h i s t o r i a p o s t e r i o r , v o l v e m o s l a vista al
R e i n o A n t i g u o , r e c o n o c e m o s q u e l o s e g i p c i o s n o se c o n f o r m a r o n
c o n la c r e a c i ó n d e u n estilo m e d i a n t e el c u a l t o d o t e s t i m o n i o p a r t i ­
c u l a r se p u d i e r a i n t e g r a r e n u n c o n t e x t o m a y o r . E l l o s d e s a r r o l l a r o n
además u n estilo de s e g u n d o o r d e n , u n m a c r o e s t i l o q u e debía
i m p e d i r el c a m b i o d e e s t i l o . P e r o el c a m b i o de e s t i l o p e r t e n e c e p o r
d e f i n i c i ó n al c o n c e p t o d e e s t i l o ; n o h a y n i n g ú n e s t i l o s i n el e l e ­
m e n t o d e l c a m b i o . E l estilo a s e g u r a la d a t a b i l i d a d . H a c e r a l g o « c o n
e s t i l o » , sea la e j e c u c i ó n de u n a acto o la p r o d u c c i ó n d e u n o b j e t o ,
s i g n i f i c a m á s q u e h a c e r l o r u t i n a r i a , f o r m a l i s t a m e n t e , m á s q u e la
r e p r o d u c c i ó n esclava d e m o l d e s e x i s t e n t e s . S i g n i f i c a c u m p l i r c o n el
m o d e l o d e m a n e r a e x t r a o r d i n a r i a , l l a m a t i v a . T o d o estilo s u p o n e , a
la vez q u e la o b l i g a c i ó n d e s e g u i r su n o r m a , la o b l i g a c i ó n d e h a c e r l o
7 6
de f o r m a p a r t i c u l a r . A h o r a b i e n , e n E g i p t o e n c o n t r a m o s u n p r i n ­
c i p i o q u e q u i e r e i m p e d i r la d a t a c i ó n . A l g o así n o se c o n s i g u e n u n c a
del t o d o . D e ahí q u e e n g e n e r a l n o h a l l e m o s i m p e d i m e n t o s para
datar o b j e t o s e g i p c i o s d e u n a m a n e r a hasta c i e r t o p u n t o p r e c i s a . P o r
o t r a p a r t e , n o se p u e d e i g n o r a r la e f i c a c i a d e u n p r i n c i p i o q u e
obliga a una semejanza formal contraria a toda m o d i f i c a c i ó n y p o r
e n c i m a d e l t i e m p o . A este p r i n c i p i o se l e l l a m a c a n o n i z a c i ó n , y s i g ­
n i f i c a p r o h i b i c i ó n d e t o d a v a r i a c i ó n . E n la m ú s i c a l l a m a m o s c a n o n
a u n a f o r m a p o l i f ó n i c a e n la q u e u n a v o z es i d é n t i c a a o t r a y aparece
s i e m p r e d e s p l a z a d a r e s p e c t o d e esa o t r a . C a n o n s i g n i f i c a a q u í el
p r i n c i p i o d e u n a estética de la i d e n t i d a d c o n s t i t u i d a m e d i a n t e reglas
i n f l e x i b l e s . P e r o e n u n s e n t i d o d i f e r e n t e se h a b l a t a m b i é n d e l c a n o n
de las S a g r a d a s E s c r i t u r a s e n r e f e r e n c i a a u n c o n j u n t o d e t e x t o s q u e
n o p u e d e n ser a l t e r a d o s . T a m b i é n a q u í se da u n a p r o h i b i c i ó n d e la
v a r i a c i ó n . M i t e s i s es q u e la s i n g u l a r i d a d d e l a h i s t o r i a e g i p c i a se

76 Cfr. Ghr. Kaufmarm, «Stil und Kanoni Zum Stilbegriff in der Ethnologie der
Kunst - Versuch einer Standortbestimmung», en Etimología Helvética 16, 1992, 31-89.
 1/2. EL REINO ANTIGUO

d e b e e n u n a p a r t e m u y c o n s i d e r a b l e a la e f i c a c i a d e tales p r i n c i p i o s
c a n o n i z a d o r e s , q u e bay q u e e n t e n d e r c o m o f o r m a s d e u n a p e c u l i a r
cultura del r e c u e r d o , de u n a m e m o r i a c u l t u r a l particularmente
l a r g a . E l R e i n o A n t i g u o es la é p o c a q u e h a d e s a r r o l l a d o el e s t i l o y el
r e p e r t o r i o d e l l e n g u a j e e g i p c i o d e las f o r m a s . L a s é p o c a s p o s t e r i o ­
res c a n o n i z a r o n este l e n g u a j e d e f o r m a s al r e c u r r i r s i e m p r e a ellas,
e l e v a n d o el estilo al r a n g o de u n c a n o n .
E m p l e o el t é r m i n o c a n o n i z a c i ó n p e n s a n d o e n su u s o p o r parte
77
d e l o s t e ó r i c o s d e la l i t e r a t u r a . C r e o q u e , e n e l p l a n o u n i v e r s a l de
la t e o r í a d e la c u l t u r a , n o s h a l l a m o s a n t e l o s m i s m o s p r i n c i p i o s q u e
d i e r o n t a m b i é n o r i g e n al c a n o n b í b l i c o . C a n o n i z a r es c o n s a g r a r
algo existente, declararlo i n m o d i f i c a b l e p o r t o d o s los t i e m p o s y
h a c e r l o así p e r m a n e n t e . L a c a n o n i z a c i ó n es u n a i n s t i t u c i o n a l i z a c i ó n
d e l a p e r m a n e n c i a , u n a e s t r a t e g i a c o n t r a e l t i e m p o , y, p o r e n d e ,
u n a d e las t é c n i c a s c u l t u r a l e s m á s d e s t a c a b l e s p a r a la c r e a c i ó n d e u n
« c r o n o t o p o » e s p e c í f i c o . E n Israel y e n A l e j a n d r í a , la c a n o n i z a c i ó n
de los c o n t e n i d o s centrales de la t r a d i c i ó n p e r m i t i ó u n a f i j a c i ó n
r e s i s t e n t e al t i e m p o d e la i d e n t i d a d c u l t u r a l . E l m i s m o e f e c t o t u v o
t a m b i é n la c a n o n i z a c i ó n d e l l e n g u a j e d e las f o r m a s a r t í s t i c a s e n
E g i p t o , p e r o tras ella latía u n d e s e o m u c h o m á s i n m e d i a t o d e p e r ­
m a n e n c i a s u s t r a í d a al t i e m p o : el d e s u p e r a r l a d i s o l u c i ó n y d e s a p a ­
r i c i ó n d e l i n d i v i d u o c o n la m u e r t e . A este d e s e o , c o r r e s p o n d e e n
E g i p t o la e r e c c i ó n d e m o n u m e n t o s , t e n i e n d o l a c a n o n i z a c i ó n d e l
l e n g u a j e d e f o r m a s el s e n t i d o d e e r i g i r l o s m o n u m e n t o s c o m o r e a ­
l i z a c i ó n d e la e t e r n i d a d . L l a m o a este p r o y e c t o e l « d i s c u r s o m o n u ­
m e n t a l i s t a » . E l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a se p u e d e e n t e n d e r c o m o
la r e a l i z a c i ó n d e a q u e l l a f o r m a d e t i e m p o s a c r a l q u e e n e g i p c i o se
l l a m a djet. E n e l m e d i o d e l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a se a b r e a u n a
é l i t e de i n d i v i d u o s la p o s i b i l i d a d d e i n s t a l a r s e e n la i d e n t i d a d d e su
p e r s o n a l i d a d h i s t ó r i c a d e n t r o d e l « e s p a c i o s a g r a d o d e la p e r m a ­
n e n c i a » . T a l . e s el s e n t i d o d e la t u m b a m o n u m e n t a l .

T u m b a , escritura e i n m o r t a l i d a d

C a b e a f i r m a r q u e n o h a h a b i d o e n el m u n d o u n a t r a d i c i ó n f u n e r a ­
r i a q u e haya d o c u m e n t a d o y r e p r e s e n t a d o de i g u a l m a n e r a la c u l t u r a ,

77 Cjr. AT yj.;Assmann(eds.) rifanon-uncí-^nsur,-Múnich.,-I987-;J.-AssmaiiiL,J3aí^u/íuce/íe_

Gedachtnis, Munich, 1992, cap. 2; Harold Bloom, The Western Canon, Nueva York, 1994.
 88 EGIPTO

el m á s acá y m á s allá, la v i d a p r o f e s i o n a l y el c u l t o a l o s m u e r t o s , la
existencia i n d i v i d u a l y la existencia social, c o m o la t u m b a e g i p c i a .
Este s i n g u l a r s i g n i f i c a d o c u l t u r a l , e x c e p c i o n a l d e s d e t o d o s l o s á n g u -
los, de la t u m b a e n E g i p t o ya s o r p r e n d i ó a l o s v i a j e r o s a n t i g u o s , y l o s
c o m e n t a r i o s q u e H e c a t e o d e A b d e r a , q u é d e 32,0 a 305 a . G . v i v i ó e n
A l e j a n d r í a y v i a j ó p o r E g i p t o , b i z o s o b r e este f e n ó m e n o s o n a c e r t a -
dos, i n c l u s o d e s d e la p e r s p e c t i v a d e la e g i p t o l o g í a . H e c a t e o e s c r i b e :

Los naturales dan al tiempo que dura la vida u n valor muy escaso.
En c a m b i o dan la m a y o r i m p o r t a n c i a al tiempo después de la
muerte, durante el cual se conserva en la memoria el recuerdo de
la virtud. A l a s casas de los vivos las llaman «albergues» (katalyseis)
p o r q u e en ellas vivimos p o r breve t i e m p o . A l a s tumbas de los
muertos las llaman «casas eternas» (aidioi oikoi) p o r q u e el tiempo
que pasamos en el Hades es infinito. Por eso dedican escasa aten-
c i ó n a aspectos de sus casas, mientras que, para las tumbas, n i n -
gún gasto es excesivo .

Un testimonio c o r r o b o r a d o r lo hallamos en una inscripción

7 9
funeraria del R e i n o N u e v o :

Me construí una magnífica tumba

en mi ciudad de la eternidad.
Preparé exquisitamente el lugar, excavado en la roca
80
en el desierto de la e t e r n i d a d .

Q u e m i n o m b r e dure en ella,
en la boca de los vivos,
y el recuerdo de m í sea grato a los hombres
en los años venideros.

78 Hecateo de Abdera en Diodoro, Bibl. Hist 1 51. Hecateo fue más que un viajero. En
3?0 a.G. marchó a Alejandría y se estableció allí durante 15 años.
79 Tebas, tumba 131, ala sur; los textos se hallan en la parte oriental. Mi conocimiento
de estos textos se lo debo a E. Dziobek, que prepara una publicación sobre, esta
tumba; le agradezco el que me haya permitido publicar aquí mi propia traducción
(que se aparta mucho de la suya).
80 Una alusión a la célebre máxima de la doctrina de Hordedef, también citada en las
instrucciones para Merikare: «Guarnece con primor tu casa de occidente / y pre-
para con esmero tu sitio en la necrópolis».
Cfr. H. Brunner, Altagyptische Weisheit. Lehrenfür das Leben, Zúrich, 1988, 102, versos I I s.
con 43O; las Intrucciones para Merikare, ibid., 1^3, versos 301 s., y sobre todo las
Instrucciones de Ani, Brunner, 202, versos 89-IO9.
 1/2. EL REINO ANTIGUO

Este m u n d o nos concede sólo un p o c o de vida,

(pero) en el reino de los muertos está la eternidad.

Alabado p o r la divinidad es el h o m b r e noble,

que obra m i r a n d o al futuro
y busca c o n su corazón, para alcanzar la. salvación,
la digna sepultura de su cuerpo y la pervivencia de su n o m b r e ,
81
y que piensa en la eternidad .

T a m b i é n a q u í se j u s t i f i c a n l o s gastos y las a t e n c i o n e s d e d i c a d o s a
la t u m b a p o r la i d e a de q u e el t i e m p o « e n la t i e r r a » (tp tg) s ó l o es
« u n p o c o » e n c o m p a r a c i ó n c o n la « e t e r n i d a d » (dt) e n el « r e i n o
d e l o s m u e r t o s » (hrtntr), y de q u e l o i m p o r t a n t e es ser « r e c o r d a d o »
p o r l o s v i v o s . L a t u m b a e g i p c i a s ó l o se e n t i e n d e si, t r a s c e n d i e n d o l o s
a s p e c t o s a r q u i t e c t ó n i c o s , i c o n o g r á f i c o s y e p i g r á f i c o s , u n o se p r e -
g u n t a , c o m o H e c a t e o , p o r las i d e a s s u b y a c e n t e s d e l m u n d o y d e l o s
v a l o r e s , p o r la c o n s t r u c c i ó n c u l t u r a l t i e m p o y e t e r n i d a d , m e m o r i a e
i n m o r t a l i d a d , « v i r t u d » social y significación biográfica.
L a c o n s t r u c c i ó n d e l t i e m p o s a g r a d o e n el m e d i o m a t e r i a l d e la
p i e d r a y la i n s c r i p c i ó n p u d o h a c e r a p a r e c e r la e t e r n i d a d de lo
p é t r e o tan c o n v i n c e n t e , tan real, que frente a ella la v i d a t e r r e n a
n o sólo h u b o de p a r e c e r « p o c a » , sino i n c l u s o u n s u e ñ o . A s í lo
s u g i e r e la c é l e b r e c a n c i ó n d e u n arpista c o n s e r v a d a e n u n a i n s c r i p -
c i ó n f u n e r a r i a , q u e i g u a l m e n t e c o n t r a p o n e e l m á s acá (tp t^) y el
m á s allá (hrtntr):

H e oído, esas canciones que figuran en las tumbas de los antepa-

sados,
y lo que dicen en alabanza de este m u n d o y menosprecio del más
allá.
¿Por. qué se le hace eso al país de la eternidad?
(...) Nuestra gente descansa en él desde los primeros tiempos,
y los que allá estarán p o r infinitos años;
todos van allá. Egipto no es lugar de permanencia. (...)
El tiempo que pasamos en la tierra es sólo u n s u e ñ o . Pero « ¡ S é
b i e n v e n i d o , b e n d i t o , d i c h o s o ! » , se lo dice al que ha alcanzado
83
el o c c i d e n t e .

8l Cfr. al respecto Assmann, ?¿it undEwigkeit, 15 ss.

 EGIPTO
9o

L a t u m b a m o n u m e n t a l e g i p c i a n o es u n a t u m b a e n el s e n t i d o
a c t u a l . S u l u g a r e n el m u n d o e g i p c i o se p u e d e c o m p a r a r nuestro
c o n c e p t o del arte y la l i t e r a t u r a . Esta c o m p a r a c i ó n p o d r á p a r e c e r u n
t a n t o r e b u s c a d a , p e r o la e n c o n t r a m o s ya e n H o r a c i o , q u i e n c o m p a r a
el l i b r o de sus O d a s c o n las p i r á m i d e s ; y es q u e H o r a c i o p e r t e n e c e a
u n a t r a d i c i ó n l i t e r a r i a q u e se r e m o n t a a E g i p t o . P i e n s o a q u í a n t e
t o d o e n el c é l e b r e pasaje de a q u e l l a s a b i d u r í a e x p l i c a d a al d o r s o d e l
P a p i r o G h e s t e r B e a t t t y IV, d e l p e r í o d o r a m é s i d a ( s i g l o XIII a . G . ) ,
d o n d e se d i c e de los g r a n d e s clásicos d e l p a s a d o :

Ellos no se h i c i e r o n pirámides de roca

ni estelas de h i e r r o ;
no entendían de dejar hijos como herederos,
para mantener vivos sus nombres.
Pero hicieron herederos a sus libros
y a las doctrinas que enseñaron.
Tuvieron el rollo escrito p o r sacerdote,
y la tablilla para escribir p o r «amante h i j o » .
Enseñanzas son sus pirámides,
el j u n c o , su hijo,
la lisa superficie de piedra, su esposa.
Todos los hombres
les fueron dados como hijos;
el escriba es el superior entre ellos.
Para ellos se h i c i e r o n pórticos y capillas, ahora en ruinas.
Sus sacerdotes se han ido,
sus altares están cubiertos de polvo,
sus capillas funerarias olvidadas.

82 Tebas, tumba 50, v. Schott, Liebeslieder, 12% n.° IOI, versos 17-18. Sobre la compa-
ración de la vida con un sueño, v. también elpstrakon, ed. Cerny-Gardiner, HO I, tf.
39 = Á H G n . ° 186 =
¡ Cuan breve es la vida! Cómo pasa.
Permite que nuestro destino se cumpla en Tebas.
Algo que vemos en sueños: así es este mundo.
¡Tú que te quedas en la tierra, no permitas que nos alejemos de ti!
Aquí, en la época de la piedad personal, el más allá no adquiere ya su luminosidad,
resplandeciente sobre la realidad, de la idea de lo pétreo, sino de la idea de una cer-
canía a lo divino que sólo es posible en el más allá. Este pensamiento, que hace apa-
recer la vida como un sueño comparada con la cercanía a Dios y el conocimiento de
la divinidad después de la muerte, un sueño del que el hombre se despierta al morir,
ocupa en el Islam un lugar central; cfr. Anriamarie Schimmel, «ein Traum war, was
wir sahen>>, en Éranos; 1995-
 1/2. EL REINO ANTIGUO 91

Pero se recuerdan sus nombres en las inscripciones que se hicieron,

pues ellos perduran gracias a su perfección.
83
Se recuerda a sus creadores en la e t e r n i d a d .

G u a n d o se c o m p a r a a q u í e l l i b r o c o n l a t u m b a y e l c u l t o a l o s
m u e r t o s , c o n e l l o n o se destaca s ó l o la m o n u m e n t a l i d a d d e la l i t e r a -
tura, esto es, e l l i b r o c o m o la v e r d a d e r a , la m e j o r p i r á m i d e , sirio q u e
a la vez se s u p o n e a l g o así c o m o el carácter d e l i b r o , d e p r o d u c t o l i t e -
r a r i o , o sea, la « l i t e r a r i c i d a d » d e la t u m b a . M e t á f o r a s y c o m p a r a c i o -
nes f u n c i o n a n siempre e n ambas direcciones, p r e s u p o n e n u n c o n t i -
8 1
n u o de sentido, u n c o m ú n d e n o m i n a d o r semántico ' '. Q u i e n llama
l e ó n a A q u i l e s , v e t a m b i é n e n e l l e ó n a l g o h e r o i c o . Q u i e n l l a m a al
l i b r o p i r á m i d e , v e t a m b i é n e n la p i r á m i d e a l g o s e m e j a n t e al l i b r o . E l
d e n o m i n a d o r c o m ú n es, e n este c a s o , la s u p e r v i v e n c i a d e l n o m b r e ,
la i n m o r t a l i d a d e n la m e m o r i a d e l las g e n e r a c i o n e s s i g u i e n t e s . T a m -
b i é n l a t u m b a e g i p c i a se d i r i g e a u n m u n d o d e l e c t o r e s . L a m a y o r í a
de los e s t u d i o s s o b r e s o c i o l o g í a d e l a l i t e r a t u r a e n e l a n t i g u o E g i p t o ,
sobre l o s grupos profesionales q u e tenían r e l a c i ó n c o n el leer y el
escribir y eran considerados portadores de la tradición literaria, los
b a s a m o s e n las i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s , y m á s c o n c r e t a m e n t e e n las
8 5
« l l a m a d a s a l o s visitantes d e las t u m b a s » . P e r o al c o m ú n d e n o m i -
n a d o r d e c i s i v o e n t r e t u m b a y l i b r o l o c o n s t i t u y e l a c a t e g o r í a d e la
a u t o r í a . Esta es l a q u e n o t i e n e n i n g ú n p a r a l e l o e ñ o t r a s c u l t u r a s .
¿ E n q u é otra a p a r e c e e l p r o p i e t a r i o d e l a t u m b a c o m o « a u t o r » d e s u
t u m b a y d e su v i d a e n ella d e s c r i t a ? L a s t u m b a s las e r i g e n l o s q u e se
q u e d a n , e n a l g u n o s casos d e s p u é s d e u n a p r e p a r a c i ó n d e l a r g o p l a z o
p o r i n i c i a t i v a d e l m u e r t o . P e r o a p e n a s se p u e d e n e n t e n d e r c o m o
órganos de u n a amplia autótematización lingüística y gráfica. A q u í
r e s i d e e l e l e m e n t o e s p e c i a l , « l i t e r a r i o » , d e las t u m b a s m o n u m e n t a -
les d e E g i p t o . L a t u m b a es p a r a e l e g i p c i o la cosa m á s i m p o r t a n t e d e l
m u n d o , la « o b r a » para la q u e él vive, e n cuya r e a l i z a c i ó n invierte
t a n t o sus m e d i o s e c o n ó m i c o s c o m o sus e s f u e r z o s y a f a n e s , l a f o r m a
q u e d a a sus d e d i c a c i o n e s , al v a l o r e i m p o r t a n c i a d e las m i s m a s , a s u
8 6
virtud y a su r a n g o u n a f o r m a visible y, sobre t o d o , permanente .

83 P. Chester Beatty ivvso 2-5 y ss.; cfr. H. te Velde, «Gommemoration inAncient

Egypt», en Vi'5íWe.M¿íon I, Leiden, 1982, 135-153, 143 s.
84 Cfr. B. Snell, Die Entstehung des Geistes, Hamburgo, 1959, 258-298.
85 Cfr.M.. Weber, Beitrage zur Kenntnis des Schrift- und Buchwesens dér alten Ágypter, tesis doctoral,
Colonia, 1969.
 92 EGIPTO

El egipcio r e s p e t a b l e se c o n s t r u y e s u t u m b a c u a n d o a ú n v i v e , e
informa sobre ella e n s u i n s c r i p c i ó n b i o g r á f i c a :

Yo soy el que ha dispuesto este terreno

para qtie me sirva de necrópolis y para satisfacer m i deseo.
He dedicado m i atención a todos sus aspectos cuando a ú n m e
hallaba entre los vivos;
ahora estoy en ella, después de haber alcanzado una edad provecta,
después de que hube pasado mi tiempo entre los vivos
a la sombra de mi posición de conservador de las tumbas j u n t o al

Megegi, de Tebas, se caracteriza a sí m i s m o e n su i n s c r i p c i ó n b i o -

gráfica c o m o u n h o m b r e q u e h a a d m i n i s t r a d o m e t i c u l o s a m e n t e e l
t i e m p o de su v i d a . T a m b i é n d e s c r i b e l o s c u i d a d o s d e d i c a d o s a s u
p r o p i a tumba:

Fui de los que aman la belleza y odian lo malo,

88
y pasan el día cumpliendo sus tareas .
No he desaprovechado n i n g ú n m o m e n t o del día,
no he desperdiciado n i una sola hora.
He pasado mis años en la tierra
y he recorrido los caminos de la necrópolis,
después de haber dispuesto cada u n o de los detalles de la tumba
que son propios de u n propietario pudiente.
Fui de los que pasan el día llenando las horas,
89
y así cada uno de sus días .

86 Hasta qué extremo llegaban el afán y la dedicación del egipcio en lo referente al proyecto
de su tumba, lo muestra de manera particularmente impresionante el hecho de que el
único caso de revelación en sueños de tiempos más antiguos y al margen de la realeza,
guarda relación con la construcción de una tumba tebana: véase mi artículo «Eme
Traumoffenbarung der Góttin Hathor. Zeugnisse 'Persónlicher Frommigkeit' in theba-
nischen Privadeben der Ramessidenzeit», en RdE 30,1978, 22-5°- El propietario de la
tumba refiere aquí un sueño en el que se le aparece la diosa Hathor y le enseña el sitio
en que debe construir su tumba. Para una traducción del texto, v. AHG n° 172.
87 Urk I, 221-223; A. Roccati, La littérature historiquesous l'ancienEmpireEgypien, París, 1982,
222; M. Lichtheim, Ancíenf Egyptian Autobiographies Ghiefly ofthe Mlddle Kingdom, O B O 84,
1988,19.
88 Cfr. la exhortación de Ptahhotep: «No desatiendas las necesidades de cada día», v.
mi libro 5feín und/jit, 219: traducida de otra manera en G. Burkard, «Die Lehre des
Ptahhotep», en O. Kaiser (ed.), Texte ausder Umwelt des Alten Testaments (TUAT) n i . 2,
Weisheitstexte II, Gütersloh, 199I1 203: «No desperdicies el tiempo que requieren
las necesidades diarias en asuntos que están lejos de los de tu casa». •
 1/2. EL R E I N O ANTIGUO
93

U n s u p e r i o r d e l o s s a c e r d o t e s d e A s s i u t destaca s u p a r t i c i p a c i ó n
e n t e r a m e n t e p e r s o n a l e n la i n s c r i p c i ó n d e su t u m b a :

Además he completado esta tumba y dispuesto la inscripción para

ella,
90
y lo he hecho personalmente, cuando aún vivía .

C o n la t u m b a , el e g i p c i o se crea u n l u g a r d e s d e e l c u a l y a e n v i d a
c o n t e m p l a su vida desde fuera, a p l i c á n d o l e categorías relativas a su
c u m p l i m i e n t o , u n l u g a r d e efectiva a u t o o b s e r v a c i ó n y a u t o t e m a t i z a -
c i ó n . M i r a su t u m b a c o m o e n u n espejo q u e le e n s e ñ a la f o r m a
i d e a l , l a f i g u r a d e f i n i t i v a , p o r él d e s e a d a , d e s u v i d a , e n l a q u e q u i -
siera s e r r e c o r d a d o p a r a s i e m p r e . L a t u m b a s i m b o l i z a , c o n s u a b u n -
d a n c i a de i m á g e n e s e i n s c r i p c i o n e s , la s u m a de su v i d a , c o n sus
resultados finales. L a p r o x i m i d a d de referencias entre las distintas
tumbas crea u n a malla intertextual q u e justifica el c o n c e p t o de
« d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a » . Este d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a c o n s t i -
tuye e n E g i p t o el m e d i o m á s i m p o r t a n t e d e la m e m o r i a c u l t u r a l , es
d e c i r , d e la f o r m a e n q u e u n a s o c i e d a d m a n t i e n e s u c e r t e z a d e las
g r a n d e s c o n e x i o n e s q u e t r a s c i e n d e n l o c o t i d i a n o , y c o n ella t a m b i é n
la c e r t e z a d e s u p r o p i a i d e n t i d a d , q u e i g u a l m e n t e t r a s c i e n d e l o c o t i -
diano. Las tumbas s o n parte de aquel m u n d o de pirámides, tem-
p l o s , o b e l i s c o s , estatuas, estelas, e s f i n g e s , e t c . , c o n e l q u e l o s e g i p -
cios i n t e n t a r o n crear u n espacio sagrado de p e r m a n e n c i a , un
e s p a c i o q u e a la v e z l e s p r o c u r a a e l l o s m i s m o s l a i n m o r t a l i d a d , y a
l o s a g r a d o la v i s i b i l i d a d . L o s e g i p c i o s e n t r a n e n este e s p a c i o s a g r a d o
d e p e r m a n e n c i a a t r a v é s d e sus m o n u m e n t o s , p e r o s o b r e t o d o se
i n s c r i b e n a sí m i s m o s e n é l a través d e s u s i n s c r i p c i o n e s . L a s i n s -
c r i p c i o n e s d a n s u v o z a sus m o n u m e n t o s y la m a n t i e n e n p r e s e n t e e n
la r e d d e l a c o m u n i c a c i ó n , d e l h a b l a r s e u n a s a otras, d e l e s c u c h a r s e
unas a otras y d e l actuar unas para otras, q u e t a m b i é n constituye,
9 1
s e g ú n l a c o n c e p c i ó n e g i p c i a , l a e s e n c i a m á s í n t i m a d e la s o c i e d a d .
L a t u m b a u n e a s u d u e ñ o a esa r e d d e l a m e m o r i a s o c i a l .

89 W. Schenkel, Memphis - Herakleopolis - Theben. Die epigraphischen ¡(pugnisse der J.-ll. Djn.
(Ág.Abh. 12, Wiesbaden, 1965), p. I08 s.
90 Anu von Assiut, según D. Franke, DasHeiligtum desHeqa-ib aufElephantine. Geschichte eines
Pravinzheiligtums im MitilerenReich, SAGA 9, 1994-1 22 von nota 72.
 EGIPTO
94

Escritura y rito.
La construcción litúrgica de la p e r m a n e n c i a

A este c o n t e x t o p e r t e n e c e t a m b i é n la p e r s e v e r a n c i a , p e r f e c t a m e n t e
consecuente, de l o s e g i p c i o s e n el r e a l i s m o d e las f i g u r a s d e la e s c r i ­
tura j e r o g l í f i c a . M i e n t r a s p a r a t o d a s las d e m á s f u n c i o n e s d e l a e s c r i ­
tura se i m p o n í a la c u r s i v a , la c u a l e v o l u c i o n ó r á p i d a m e n t e , d e l a
manera típica e n todas las e s c r i t u r a s o r i g i n a r i a m e n t e c o m p u e s t a s d e
imágenes, h a c i a la a b s t r a c c i ó n s i m p l i f i c a d o r a , p a r a l a f u n c i ó n d e l a
escritura m o n u m e n t a l e n p i e d r a se c o n s e r v a r o n las f i g u r a s o r i g i n a ­
rias. E l p r i n c i p i o d e l a e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a e g i p c i a se f u n d a e n u n
m á x i m o de i c o n i c i d a d . L o s s i g n o s j e r o g l í f i c o s s i e m p r e p u e d e n s e r
también apreciados c o m o i m á g e n e s . P o r eso, los j e r o g l í f i c o s r e p r e ­
sentan, c o m o l o s de otras escrituras, t a n t o s o n i d o s d e l l e n g u a j e
como, a diferencia de los de otras escrituras, cosas, y l o b a c e n de
una manera realista, s i n d i f e r e n c i a r s e de las p u r a s i m á g e n e s de
cosas. P e r o c o m o e n t r e l o s e g i p c i o s n o h a b í a u n a d i s t i n c i ó n c l a r a
entre escritura—su e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a — y arte f i g u r a t i v o , l a f i j a c i ó n
de la escritura valía t a m b i é n para, el a r t e . L a e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a e r a
una sección del arte, y u n a escritura b i e n especial, q u e s ó l o l o s
artistas a p r e n d í a n . L a p a l a b r a e g i p c i a p a r a j e r o g l í f i c o e s mdt ntr,
«palabra d e l d i o s » . L a i d e a d e u n « l e n g u a j e d e l o s d i o s e s » q u e n o
cambia, c o m o la q u e s u g i e r e , p o r e j e m p l o , J á m b l i c o (a q u i e n v o l v e ­
r e m o s a r e f e r i r n o s ) r e s p e c t o al s i s t e m a l i n g ü í s t i c o , se r e f i e r e e n t r e
los e g i p c i o s al s i s t e m a d e e s c r i t u r a , y e s p e c i a l m e n t e a l a e s c r i t u r a
jeroglífica figurativa, y esto q u i e r e d e c i r t a m b i é n al a r t e m o n u m e n ­
tal. C o n el e s t a n c a m i e n t o d e l l e n g u a j e d e las f o r m a s m o n u m e n t a l e s ,
i n c l u i d a la escritura j e r o g l í f i c a , q u e d a a s e g u r a d a la m á x i m a l e g i b i l i ­
dad de las « p a l a b r a s d e l d i o s » c o m o l o s s i g n o s e n l o s q u e l o s e g i p ­
cios creían p o d e r d i r i g i r s e a l o s a g r a d o y r e p r e s e n t á r s e l o .

La d e t e n c i ó n d e las f o r m a s y la c o n s t r u c c i ó n d e u n c r o n o t o p o de
p e r m a n e n c i a i n m u t a b l e se o p e r a e n d o s á m b i t o s e s t r e c h a m e n t e r e l a ­
cionados entre sí: el d e l r i t o y el d e l o s m o n u m e n t o s . L a « m e m o r i a
m o n u m e n t a l » de las t u m b a s y l a « m e m o r i a l i t ú r g i c a » d e l o s r i t o s
constituyen los dos aspectos e n los q u e la c u l t u r a e g i p c i a se e v i d e n c i a ,
como ya apreciaron los g r i e g o s , c o m o u n p e c u l i a r c r o n o t o p o .

91 Cfr. mi libro Ma'at. Gerechtigkeit und Unsterblichkeit im alten Ágypten, Munich, 1990, así como
146 ss.
 1/2. EL REINO ANTIGUO

L o c u l t u r a l m e n t e p r o h i b i t i v o , la t a b u i z a c i ó n d e l c a m b i o y la
i n n o v a c i ó n , se m a n i f i e s t a e n el á m b i t o d e l r i t o e n f o r m a d e r e p e t i ­
c i ó n . T o d o p a r e c e a q u í d e p e n d e r d e la p r e c i s i ó n d e la r e p e t i c i ó n .
Desviaciones e improvisaciones quedan excluidas en lo posible. D e
a h í q u e v e a m o s m u y p r o n t o a la e s c r i t u r a h a c e r s u e n t r a d a e n este
á m b i t o , y e x a c t a m e n t e e n la figura d e l « s a c e r d o t e l e c t o r » , d e l « p o r ­
t a d o r d e l r o l l o » , q u e h a de r e c i t a r l o s t e x t o s s a g r a d o s . E l s a c e r d o t e
l e c t o r n o es u n c h a m á n , n i u n c a r i s m á t i c o , n i u n e x t á t i c o . S u c o n ­
tacto c o n los p o d e r e s s u p e r i o r e s radica ú n i c a m e n t e e n su c o n o c i ­
m i e n t o de la e s c r i t u r a y su c a p a c i d a d p a r a la r e c i t a c i ó n p r e c i s a . P u e d e
h a c e r q u e e x a c t a m e n t e el m i s m o t e x t o se e s c u c h e e n e x a c t a m e n t e el
m i s m o t i e m p o e n l a m i s m a o c a s i ó n r i t u a l , c o n u n p e r f e c t o ajuste
e n t r e la a c c i ó n , el s e n t i d o y el c u r s o t e m p o r a l . V e m o s a este s a c e r d o t e
c o n su r o l l o e n l o s t e m p l o s de las p i r á m i d e s y las t u m b a s d e los f u n ­
c i o n a r i o s d e l R e i n o A n t i g u o , y v o l v e m o s a e n c o n t r a r l o , c o n la m i s m a
vestimenta y los mismos aperos, en los templos del.período g r e c o ­
r r o m a n o , e i n c l u s o d e b a j o d e l o s t e x t o s q u e e n t o n c e s se r e c i t a b a n
e n c o n t r a m o s a l g u n o s textos d e las p i r á m i d e s , q u e e n este u s o c ú l t i c o
p e r m a n e c i e r o n más o m e n o s inalterados d u r a n t e más de dos m i l e ­
nios y medio.
E l i m p e r a t i v o o p r o h i b i c i ó n c u l t u r a l a q u e esta p r á c t i c a se a t i e n e
lo f o r m u l ó el filósofo n e o p l a t ó n i c o J á m b l i c o e n su l i b r o sobre los
m i s t e r i o s de l o s e g i p c i o s . J á m b l i c o e s c r i b e q u e l o s e g i p c i o s c o n s i d e ­
r a n a sus v i e j o s y v e n e r a b l e s t e x t o s d e o r a c i o n e s c o m o u n «asilo
s a g r a d o » y n o h a n p e r m i t i d o n i n g ú n c a m b i o e n e l l o s . N o se t r a t a
a q u í d e l s e n t i d o , n i t a m p o c o d e la a u t o r i d a d n o r m a t i v a d e los textos,
s i n o s ó l o d e s u f u e r z a m á g i c a p a r a h a c e r p r e s e n t e l o s a g r a d o e n el
acto d e la r e c i t a c i ó n . S e trata de q u e t o d a r e c i t a c i ó n d e l texto s a g r a d o
es u n a r e p e t i c i ó n e x a c t a d e las a n t e r i o r e s . J á m b l i c o r e l a c i o n a e s t o
c o n la i n m u t a b i l i d a d d e l o s d i o s e s . L o s a g r a d o n o c a m b i a , l u e g o n o
se p u e d e p e r m i t i r n i n g ú n c a m b i o e n las f o r m a s s i m b ó l i c a s q u e i n v o ­
c a n s u p r e s e n c i a . É s t a es la r e s p u e s t a q u e t a m b i é n l o s e t n ó l o g o s
actuales e s c u c h a n c u a n d o p r e g u n t a n p o r q u é d e t e r m i n a d a s m u e s t r a s
y modelos son copiados sumisamente. « L o hacemos c o m o lo hace­
9 2
m o s p o r q u e s o n l o s signos/las i m á g e n e s de l o s a n t e p a s a d o s » . L a
r e p e t i c i ó n r i t u a l , o sea, l a m e m o r i a d e l a r g a d u r a c i ó n d e la c u l t u r a
está al s e r v i c i o d e a l g o p e r t e n e c i e n t e a o t r o m u n d o . P a r a q u e n o se
r o m p a la c o n e x i ó n c o n ese m u n d o , se s i g u e n r i g u r o s a m e n t e las p r e s ­
cripciones rituales. E n Egipto n o son sólo los antepasados, sino t a m -
 96 EGIPTO

bien los d i o s e s , m o d e l o p a r a l o s r i t o s . L o s r i t o s y r e c i t a c i o n e s s o n
una m i m e s i s exacta de la v i d a c ó s m i c a e n la c i r c u l a r i d a d d e su c u r s o
natural, c o m o el d e l día y la n o c b e , el v e r a n o y el i n v i e r n o , l o s c a m i -
nos de l o s a s t r o s , las c r e c i d a s d e l N i l o , la s i e m b r a y la c o s e c h a , la
d e c a d e n c i a y la r e g e n e r a c i ó n . E l o b j e t i v o d e esta m i m e s i s r i t u a l es
doble. E n p r i m e r l u g a r , el m u n d o h u m a n o d e b e ser i n t r o d u c i d o ,
c o n sus c u r s o s p r o p i o s , e n esta c i r c u l a r i d a d s a g r a d a d e la v i d a c ó s -
mica para q u e e n su d e c a d e n c i a t e n g a la o p o r t u n i d a d d e la r e g e n e r a -
c i ó n (y e n E g i p t o esto s i g n i f i c a , s o b r e t o d o , la m u e r t e h e c h a s u p e r a -
ble e n d i r e c c i ó n a u n a n u e v a v i d a ) . P e r o , e n s e g u n d o l u g a r , se trata
t a m b i é n , c o m o se a d v i e r t e c o n t o d a c l a r i d a d , d e m a n t e n e r esta
m i s m a vida c ó s m i c a e n s u c u r s o c i r c u l a r y n o s ó l o o b s e r v a r el t i e m p o
en el o r d e n d e l c a l e n d a r i o , s i n o a n t e t o d o p r o d u c i r l o . E l c a l e n d a r i o
ritual n o es s i m p l e m e n t e u n a c o p i a d e l c o s m o s , s i n o u n a f o r m a c u l -
tural q u e r e p e r c u t e e n el p r o p i o c o s m o s e s t a b i l i z á n d o l o . D e t r á s d e
esto n o está, c o m o p i e n s a J á m b l i c o , la i d e a d e q u e l o s d i o s e s s o n
c o n s e r v a d o r e s y n o q u i e r e n o í r o t r a c o s a q u e las m i s m a s f ó r m u l a s
sagradas, s i n o la c o n c i e n c i a d e q u e la e s t a b i l i d a d cíclica d e l c o s m o s se
halla c o n s t a n t e m e n t e e n p e l i g r o , y d e q u e es p o s i b l e m a n t e n e r esa
estabilidad p o r m e d i o d e las r e p e t i c i o n e s r i t u a l e s . L a i n s t i t u c i o ñ a l i -
z a c i ó n r i t u a l d e la p e r m a n e n c i a t i e n e u n s e n t i d o c ó s m i c o : p r o d u c e
o r d e n c u l t u r a l p a r a g a r a n t i z a r e l o r d e n c ó s m i c o . S e t r a t a de u n a
m e m o r i a v e r d a d e r a m e n t e c o s m o g ó n i c a . E l m u n d o es r e c o r d a d o p a r a
c o n s e r v a r l o f r e n t e a la c o n t i n u a t e n d e n c i a a la d e s i n t e g r a c i ó n , a la
d e t e n c i ó n , a la e n t r o p í a , al c a o s .
L a c a r a c t e r i z a c i ó n p o r J á m b l i c o d e l a p r o h i b i c i ó n e g i p c i a d e la
i n n o v a c i ó n e n el d o m i n i o d e l trato c o n l o s dioses p o r m e d i o d e l l e n -
guaje hay q u e e n t e n d e r l a c o m o c o m e n t a r i o d e a q u e l c é l e b r e p a s a j e
de las Leyes de P l a t ó n e n e l q u e éste e m p i e z a a h a b l a r d e f o r m a m u c h o
más g e n e r a l de u n a p r o h i b i c i ó n l e g a l m e n t e c i m e n t a d a d e la i n n o v a -
c i ó n e n el d o m i n i o d e l « a r t e d e las m u s a s » . P l a t ó n n o p i e n s a a q u í
en el culto y e n los r i t o s , s i n o e n la e d u c a c i ó n . D e l m i s m o m o d o q u e
J á m b l i c o v i n c u l a r i t o y l e n g u a j e , P l a t ó n v i n c u l a danzas e i c o n o g r a f í a .
V o l v e r e m o s s o b r e este p a s a j e e n la p a r t e V I . E l m u e s t r a q u i z á d e la
m a n e r a más clara q u e l o s g r i e g o s p e r c i b í a n a E g i p t o c o m o c r o n o t o p o
y se d a b a n c u e n t a d e l p a p e l q u e allí j u g a b a el p r i n c i p i o d e l c a n o n .

92 Chr. Kaufmann, op. cit., 49-

 1/2. EL REINO ANTIGUO 97

Si j u n t a m o s a J á m b l i c o y a P l a t ó n y n o s p r e g u n t a m o s p o r el v e r d a ­
d e r o n ú c l e o de sus d e s c r i p c i o n e s , p a r a n o s o t r o s más b i e n fantásticas,
de las reglas de e s t a b i l i z a c i ó n y c a n o n i z a c i ó n i m p e r a n t e s e n la c u l t u r a
e g i p c i a , e n c o n t r a m o s q u e a m b o s e n e l f o n d o t r a t a n de la e s c r i t u r a
j e r o g l í f i c a . J á m b l i c o r e f i e r e la e s c r i t u r a al l e n g u a j e , e n t e n d i é n d o l a
c o m o m e d i o de c o m u n i c a c i ó n e n el trato c o n lo sagrado, y P l a t ó n
r e f i e r e la e s c r i t u r a a la i c o n o g r a f í a , e n t e n d i é n d p l a c o m o c o d i f i c a c i ó n
de u n a g r a m á t i c a c u l t u r a l , y a q u í p a r e c e ser i g u a l m e n t e d e t e r m i n a n t e
la i d e a d e l o s a g r a d o q u e J á m b l i c o f o r m u l ó e n r e l a c i ó n al l e n g u a j e .
R i t o y a r t e m o n u m e n t a l s o n así l o s d o s d o m i n i o s a l o s q u e se
i m p o n e e n E g i p t o el p r i n c i p i o c a n o n . L a p r e s e r v a c i ó n d e l o s r i t o s
p o r m e d i o d e la e s c r i t u r a d e b e a s e g u r a r l a p e r f e c t a r e p e t i b i l i d a d de
l o s m i s m o s , y e l e s t a n c a m i e n t o d e l l e n g u a j e d e las f o r m a s m o n u ­
m e n t a l e s , i n c l u i d a la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a , la m á x i m a l e g i b i l i d a d de
las « p a l a b r a s d e l d i o s » c o m o l o s s i g n o s e n l o s q u e l o s e g i p c i o s c r e ­
ían p o d e r dirigirse a lo sagrado y representárselo. L o s dos d o m i n i o s
t e n í a n su l u g a r i n s t i t u c i o n a l e n u n a ú n i c a i n s t i t u c i ó n c u l t u r a l , q u e
e n e g i p c i o se l l a m a « c a s a d e l a v i d a » , y e l l o p o r q u e c o n s t i t u í a el
c e n t r o d e ese t r a b a j o c u l t u r a l d e p r e s e r v a c i ó n y m a n t e n i m i e n t o de
la v i d a c ó s m i c a , p o l í t i c a y s o c i a l . A h í se a p r e n d e e l l e n g u a j e y la
e s c r i t u r a , se c o p i a n l o s t e x t o s , se c o m p i l a n y r e ú n e n las o b r a s f i l o ­
s ó f i c a s y t e o l ó g i c a s y se p r a c t i c a n l o s r i t o s d e s t i n a d o s a m a n t e n e r el
curso del m u n d o .
H a s t a a q u í s o b r e la c u l t u r a e g i p c i a d e l r e c u e r d o y sus i n s t i t u c i o n a -
l i z a c i o n e s dé p e r m a n e n c i a y c o n t i n u i d a d . Ella f o r m a p a r t e de u n a
v i s i ó n d e l m u n d o p r e s i d i d a p o r el c o n v e n c i m i e n t o de q u e es n e c e s a ­
r i o . m a n t e n e r el c u r s o d e l c o s m o s . E l c u l t o es u n officium memoriae. E l
m u n d o es r e c o r d a d o y r i t u a l m e n t e e s c e n i f i c a d o p a r a m a n t e n e r su
c u r s o . E l e g i p c i o estaba c o n v e n c i d o d e q u e el m u n d o se a c a b a r í a si
d e s c u i d a s e esta l a b o r c u l t u r a l de la m e m o r i a .
E l ' c o n c e p t o d e este m a n t e n i m i e n t o y r e n o v a c i ó n r i t u a l d e l t i e m p o
se c o m p l e m e n t a c o n la c o n s t r u c c i ó n de la p e r m a n e n c i a sagrada e n el
m e d i o del discurso monumentalista. P o d e m o s r e c o n o c e r ahí sin difi­
c u l t a d l o s dos aspectos d e l t i e m p o , o la e t e r n i d a d , e g i p c i o s : nehehj djet.
Neheh, c o n c e p t o s u p e r i o r de t o d a s las u n i d a d e s t e m p o r a l e s de r e t o r n o
r e g u l a r , es el t i e m p o c í c l i c o , c u y a f o r m a y c u y o c u r s o l o s r i t o s se
e n c a r g a n d e m a n t e n e r . Djet, la e s e n c i a m i s m a d e la d u r a c i ó n i n a l t e ­
r a d a de l o p e r f e c t o , está r e p r e s e n t a d a p o r el espacio sagrado de la p e r ­
m a n e n c i a , c o n s t r u i d o e n el m e d i o d e l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a . .
 EGIPTO
98

ESTADO E INMORTALIDAD

U n a historia del sentido investiga los procesos históricos c e n t r á n -

d o s e e n las f o r m a c i o n e s d e s e n t i d o q u e e n e l l o s a c t ú a n y a las q u e es
p o s i b l e a c c e d e r a través d e h u e l l a s , m e n s a j e s y / o r e c u e r d o s , y d i v i -
d i e n d o d i c h o s p r o c e s o s s e g ú n la p r e v a l e n c i a d e t a l e s . f o r m a c i o n e s de
s e n t i d o . M i r a n d o h a c i a atrás p o d e m o s c o n s t a t a r p a r a la É p o c a
a r c a i c a y el R e i n o A n t i g u o d o s f o r m a c i o n e s d e s e n t i d o q u e c o n t i -
n ú a n a c t u a n d o d e s p u é s d e la é p o c a d e su n a c i m i e n t o e i n g r e s a n en
la s e m á n t i c a f u n d a m e n t a l d e la c u l t u r a e g i p c i a . A m b a s f o r m a c i o n e s
d e s e n t i d o c o n s t i t u y e n r e s p u e s t a s a la p r e g u n t a p o r e l s e n t i d o de]
E s t a d o . E l n a c i m i e n t o d e este E s t a d o es —para a c e n t u a r l o u n a v e z
más— t o d o m e n o s u n a o b v i e d a d . S e t r a t a , p o r l o q u e h a s t a a h o r a
s a b e m o s , d e l E s t a d o t e r r i t o r i a l m á s a n t i g u o d e la h i s t o r i a d e la
h u m a n i d a d . L a s f o r m a s de o r g a n i z a c i ó n del o r d e n p o l í t i c o de la
m i s m a é p o c a e n el C e r c a n o O r i e n t e , e n E l a m y e n e l v a l l e d e I n d o
s o n ligas d e c i u d a d e s - e s t a d o e n c o m p e t i c i ó n . M u c h o s d a t o s i n d i c a n
q u e esta f o r m a d e o r g a n i z a c i ó n p o l í t i c a t a m b i é n se d i o e n E g i p t o
antes de q u e f u e r a d e s t r u i d a p o r l o s c a b e c i l l a s d e la é p o c a d e la u n i -
f i c a c i ó n . L o s « m e n s a j e s » d e l a é p o c a d e la u n i f i c a c i ó n p o n e n de
r e l i e v e el c a r á c t e r n o i n e v i t a b l e , s i n o v i o l e n t o , d e la f o r m a c i ó n d e l
E s t a d o . E s t e o r d e n n o es, d e s d e l u e g o , a l g o n a t u r a l , s i n o i n s t i t u i d o
e i m p u e s t o c o n el pathos d e l o n u e v o f r e n t e a l o v i e j o . P o r e s o , al
n a c i m i e n t o d e l E s t a d o se u n e e n e l r e c u e r d o d e l o s e g i p c i o s la
r e p r e s e n t a c i ó n d e la f u n d a c i ó n o i n s t i t u c i ó n a t r i b u i d a al rey M e n e s .
M e n e s es el « M o i s é s » de E g i p t o e n el s e n t i d o d e q u e él es e l f u n d a -
d o r d e l o r d e n p o l í t i c o , p e r o t a m b i é n e n el s e n t i d o d e q u e él fue el
fundador d e l a r e l i g i ó n , p u e s el E s t a d o e g i p c i o f u e t a m b i é n la
f o r m a e n q u e se i n s t i t u c i o n a l i z ó u n a r e l i g i ó n , n o d e m a n e r a d i f e -
r e n t e d e c o m o la I g l e s i a c r i s t i a n a y s u c a b e z a v i s i b l e es la e n c a r n a -
c i ó n , y m á s t a r d e t a m b i é n la h i j a , l a r e p r e s e n t a n t e y la i m a g e n d e l
D i o s s u p r e m o e n la T i e r r a .
E l E s t a d o , q u e se i m p u s o c o n v i o l e n c i a y q u e , b a j o la a m e n a z a de
la v i o l e n c i a , o b l i g a b a a sus subditos a p a g a r t r i b u t o s y c u m p l i r , s e r v i -
cios l a b o r a l e s y m i l i t a r e s , a p e n a s h a b r í a p o d i d o m a n t e n e r s e c o m o se
m a n t u v o e n E g i p t o si n o h u b i e r a o f r e c i d o u n a i d e a , u n a f o r m a c i ó n
de s e n t i d o c o n i d é n t i c a c a p a c i d a d p e r s u a s i v a . ¿ Q u é p u d o h a c e r q u e
t o d o s l o s h o m b r e s , d e s d e E l e f a n t i n a h a s t a el d e l t a , se s o m e t i e r a n a
l o s s e ñ o r e s de N a q a d a ? H a s t a a h o r a se d a b a a esta p r e g u n t a u n a r e s -
 1/2. EL REINO ANTIGUO 99

puesta basada en los estudios c o m p a r a d o s . El c o m ú n d e n o m i n a d o r

d e la m a y o r í a d e l o s p r i m e r o s E s t a d o s — E g i p t o , M e s o p o t a m i a , el
I n d o , C h i n a - es el e m p l a z a m i e n t o g e o g r á f i c o : t o d o s e l l o s e s t a b a n
s i t u a d o s e n u n valle fluvial. D e s d e este s u p u e s t o se d e s a r r o l l ó la t e o -
r í a de la « s o c i e d a d h i d r á u l i c a » , a s o c i a d a s o b r e t o d o al n o m b r e d e
K a r l A u g u s t W i t t f o g e l . S u tesis era q u e e n estas c u l t u r a s fluviales se
l l e g ó a la f u n d a c i ó n d e u n E s t a d o p a r a p o d e r d i s p o n e r d e u n a
f u e r z a d e t r a b a j o m a s i v a c o n la q u e c o n s t r u i r c a n a l e s de r i e g o y d e
d r e n a j e , d i q u e s y o t r a s o b r a s h i d r á u l i c a s c o l o s a l e s . E s t a tesis n o
e n c u e n t r a e n E g i p t o u n a c o n f i r m a c i ó n d i g n a d e m e n c i ó n n i e n las
h u e l l a s n i e n l o s m e n s a j e s y r e c u e r d o s . E g i p t o es u n o a s i s f l u v i a l ,
a u n q u e , e v i d e n t e m e n t e , la f e r t i l i d a d d e l s u e l o d e p e n d í a d e i n t e r -
v e n c i o n e s a r t i f i c i a l e s p a r a r e g u l a r y o r g a n i z a r l o s r i e g o s , s i n las c u a -
les el v a l l e d e l N i l o h a b r í a s i d o u n p a n t a n o i n h a b i t a b l e . P e r o las
c r e c i d a s a n u a l e s d e l N i l o , q u e f e r t i l i z a b a n r e g u l a r m e n t e el s u e l o ,
p o n í a n l í m i t e s a l o s c u l t i v o s . L o s p r o b l e m a s d e r i v a d o s de esta s i t u a -
c i ó n d e b í a n r e s o l v e r s e l o c a l m e n t e , y ya se h a b í a n r e s u e l t o m u c h o s
a n t e s d e q u e se p r o d u j e r a la u n i f i c a c i ó n p o l í t i c a . N o e x i g í a n n i n -
g u n a o r g a n i z a c i ó n d e l t r a b a j o d e d i m e n s i o n e s estatales. L a s c r e c i d a s
d e l N i l o l i b e r a b a n a l o s e g i p c i o s d e la n e c e s i d a d d e c o n s t r u c c i o n e s
d e m a g n i t u d e s c o l o s a l e s , p e r o les e n f r e n t a b a n a o t r o p r o b l e m a q u e
n o se r e s u e l v e c o n g r a n d e s o b r a s h i d r á u l i c a s : la a l t u r a v a r i a b l e d e las
c r e c i d a s y l a c o n s i g u i e n t e i n c e r t i d u m b r e s o b r e e l d e s t i n o d e las
c o s e c h a s . P o r e s o , si hay q u e b u s c a r m o t i v o s e c o n ó m i c o s a la c o n s -
t i t u c i ó n d e l E s t a d o , es p r e c i s o s u s t i t u i r la tesis h i d r á u l i c a p o r l a tesis
d e la e c o n o m í a c e n t r a l i z a d a d e a p r o v i s i o n a m i e n t o . L a a l t u r a v a r i a -
b l e d e las c r e c i d a s , p o d r í a a r g u m e n t a r s e , m o v i ó a l o s e g i p c i o s a
c o n s t r u i r g r a n d e s s i l o s c e n t r a l e s e n l o s q u e el e x c e d e n t e d e c a d a
c o s e c h a se g u a r d a b a p a r a l o s a ñ o s d e e s c a s e z . E s t e e x c e d e n t e f u e
d e c l a r a d o « t r i b u t o » , e n c a r g á n d o s e el E s t a d o d e c o b r a r l o , a l m a c e -
narlo y redistribuirlo.
Esta tesis t i e n e la ventaja d e las h u e l l a s , los m e n s a j e s y los r e c u e r -
d o s q u e la avalan. S i n e m b a r g o , el r e c u e r d o más i n e q u í v o c o n o
p r o c e d e de u n t e x t o e g i p c i o , s i n o h e b r e o : la h i s t o r i a b í b l i c a d e J o s é ,
q u e i n t e r p r e t a los dos s u e ñ o s del f a r a ó n c o m o p r e v i s i ó n de siete
a ñ o s de a b u n d a n c i a y siete de escasez, y a c o n s e j a al rey el a l m a c e n a -
m i e n t o d e l o s e x c e d e n t e s r e c o g i d o s e n l o s siete a ñ o s d e p r o s p e r i d a d
p a r a los siete d e escasez. C o n l a v e n t a d e l c e r e a l a l m a c e n a d o d u r a n t e
l o s a ñ o s d e e s c a s e z , e l r e y n o s ó l o l o g r a m a n t e n e r v i v o al p u e b l o
 100 EGIPTO

h a m b r i e n t o , sino t a m b i é n adueñarse de toda p r o p i e d a d privada de

la t i e r r a . L a h i s t o r i a b í b l i c a d e J o s é p u e d e p e r f e c t a m e n t e interpre-
t a r s e c o m o m i t o e t i o l ó g i c o t a n t o d e las p e c u l i a r e s c o n c e p c i o n e s
e g i p c i a s de la p r o p i e d a d c o m o d e l n a c i m i e n t o d e l E s t a d o . C i e r t a -
m e n t e n o existe n i n g u n a n a r r a c i ó n egipcia c o m p a r a b l e en fuerza
ilustrativa. P e r o , e n las i n s c r i p c i o n e s reales d e l o s t i e m p o s p o s t e r i o -
r e s , l a i m a g e n d e l r e y c o m o d i s p e n s a d o r y la d e l E s t a d o p r e v i s o r
c u y o s a l m a c e n e s r e b o s a n o c u p a n u n l u g a r c e n t r a l , m i e n t r a s q u e el
c a r g o d e d i r e c t o r d e l o s g r a n e r o s u n l u g a r m u y alto e n la b u r o c r a c i a
egipcia. Y las huellas d e e n o r m e s silos c o n f i r m a n las d e c l a r a c i o n e s
d e los m e n s a j e s .
P e r o el p r o b l e m a d e l a l m a c e n a m i e n t o t a m b i é n se r e s u e l v e m á s
f á c i l m e n t e d e m a n e r a l o c a l , o sea, p o l i c é n t r i c a m e n t e . E s t o n o
p u d o , d e n i n g u n a m a n e r a , h a b e r s i d o el p r i n c i p a l i n c e n t i v o p a r a l a
f u n d a c i ó n d e l E s t a d o . P o r eso n o j u e g a n i n g ú n p a p e l e n el r e c u e r d o
d e l o s e g i p c i o s . L a h i s t o r i a d e J o s é a r t i c u l a la m i r a d a d e l e x t r a n j e r o
y su a s o m b r o a n t e u n a f o r m a d e a d m i n i s t r a c i ó n y de e c o n o m í a q u e
e n c u e n t r a extraña, p e r o n i n g ú n e l e m e n t o de la s e m á n t i c a f u n d a -
mental egipcia.
S i n o s a t e n e m o s a las f u e n t e s e g i p c i a s l l e g a m o s a u n r e s u l t a d o
c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o . H a y q u e c o m b i n a r l o que los « m e n s a j e s »
d e la é p o c a d e c l a r a n c o n el r e c u e r d o p r e s e n t e e n l o s m i t o s , e s p e c i a l -
m e n t e e n el m i t o d e H o r u s y S e t h , p a r a e n c o n t r a r l o s e l e m e n t o s
c e n t r a l e s de la s e m á n t i c a d e la f u n d a c i ó n d e l E s t a d o e g i p c i o . L o q u e
l o s m e n s a j e s ú l t i m a m e n t e d e c l a r a n es la d e s t r u c c i ó n v i o l e n t a d e u n a
c u l t u r a u r b a n a p o l i c é n t r i c a . L a u n i d a d d e l E s t a d o es fruto d e l d e r r o -
c a m i e n t o , p o r m e d i o d e la g u e r r a , d e p r í n c i p e s rivales. L o q u e , p o r
o t r a p a r t e , el m i t o d e c l a r a se p u e d e r e s u m i r c o m o la v i c t o r i a d e l
D e r e c h o s o b r e la V i o l e n c i a — d o n d e H o r u s está p o r el D e r e c h o , y
S e t h p o r la V i o l e n c i a — . Esta o p o s i c i ó n se a c e n t ú a c o n la c a r a c t e r i z a -
c i ó n de H o r u s c o m o n i ñ o d é b i l , y de S e t h c o m o « s e ñ o r de la
f u e r z a » . S i j u n t a m o s a a m b o s , r e c o n o c e m o s a q u í u n a i d e o l o g í a de la
p a c i f i c a c i ó n p o r m e d i o d e l a v i o l e n c i a . E l E s t a d o se l e g i t i m a e n l a
a c c i ó n p o l í t i c a e x t e r i o r d e t r a n s f o r m a r l a r e d de p r i n c i p a d o s o c i u -
d a d e s - e s t a d o r i v a l e s , q u e él se r e p r e s e n t a c o m o s i t u a c i ó n de d e s o r -
d e n y a u s e n c i a d e D e r e c h o y d e p a z , e n u n a esfera d e D e r e c h o p a r a
u n a a c c i ó n de p o l í t i c a i n t e r i o r p a c i f i c a d o r a e n la q u e cada cual p u e d e
vivir s e g u r o y c o n t a r c o n u n r e p a r t o j u s t o d e l o s b i e n e s . E l s í m b o l o
c e n t r a l de esta i d e a d e u n a esfera p a c í f i c a d e l D e r e c h o es la i m a g e n d e
 1/2. EL REINO ANTIGUO IOI

la u n i f i c a c i ó n . E l E s t a d o e g i p c i o n u n c a h a o l v i d a d o q u e él r e p r e s e n t a
n o la o r g a n i z a c i ó n n a t u r a l de u n a u n i d a d é t n i c o - g e o g r á f i c a , s i n o la
u n i f i c a c i ó n a r t i f i c i a l de u n a p l u r a l i d a d —estilizada c o m o dualidad—.
L a u n i f i c a c i ó n es l a f i g u r a , c o n s t i t u i d a e n s í m b o l o , q u e f u n d a el
r e c u e r d o e n el E g i p t o f a r a ó n i c o . A s í c o m o M o i s é s a través d e l é x o d o ,
u n a c t o d e s e p a r a c i ó n , f u n d a el p u e b l o d e I s r a e l , M e n e s funda
m e d i a n t e u n a u n i ó n el E s t a d o e g i p c i o . U n i f i c a c i ó n s i g n i f i c a más q u e
unidad política. Significa consenso, concordia, solidaridad, c o m -
p r o m i s o c o m ú n c o n u n o r d e n s u p e r i o r , es d e c i r , u n c o m p l e j o d e
ideas p o l í t i c a s , s o c i a l e s , m o r a l e s y r e l i g i o s a s capaz de a t r a e r y a g l u t i -
n a r a las masas.
L a s e g u n d a f o r m a c i ó n d e s e n t i d o s u r g e c o n la « a p e r t u r a d e l a
p i e d r a » y la e n t r a d a e n u n a fase m e g a l í t i c a . D u r a n t e la III d i n a s t í a ,
la c o n s t r u c c i ó n e n p i e d r a se a p r o x i m a a la c u m b r e d e l s i s t e m a d e
valores culturales. E l Estado o c u p a a ejércitos enteros de c a n t e r o s ,
artesanos y trabajadores forzosos, e invierte en obras «eternas»
a r q u i t e c t ó n i c a s , p l á s t i c a s , e p i g r á f i c a s y d e m á s al m e n o s t a n t a e n e r -
gía c o m o o t r o s E s t a d o s e n c o n q u i s t a s y e n d e f e n s a . E n l a IV d i n a s -
tía, esta a c t i v i d a d c o n s t r u c t o r a a d o p t a f o r m a s q u e d a n la i m p r e s i ó n
de q u e el E s t a d o e n t e r o h u b i e s e sido c r e a d o p a r a la e r e c c i ó n de
o b r a s a r q u i t e c t ó n i c a s d e p r o p o r c i o n e s g i g a n t e s c a s . E n el m a r c o d e
esta f o r m a c i ó n d e s e n t i d o se d e s a r r o l l a l a m a r c a d a d i c o t o m í a d e l
b a r r o y l a p i e d r a q u e c a r a c t e r i z a a la c o l o n i z a c i ó n e n e l E g i p t o
9 3
f a r a ó n i c o . L a c o n s t r u c c i ó n e n p i e d r a está e x c l u s i v a m e n t e al s e r v i -
c i o d e l o s e s p a c i o s s a g r a d o s y d e l r e f l e j o d e la e t e r n i d a d . P o r l o
t a n t o , t o d a s las d e m á s f u n c i o n e s , c o m o h a b i t a r , a d m i n i s t r a r , a l m a -
c e n a r , e t c . , se l l e v a n a c a b o e n c o n s t r u c c i o n e s d e a d o b e . E n este
c o n s e c u e n t e s i m b o l i s m o se m a n i f i e s t a a la v e z u n a d e c i d i d a v o l u n t a d
d e f o r m a sujeta a r e g l a s . T o d o está d i s p u e s t o y o r d e n a d o a la r e p e t i -
b i l i d a d . E l a n s i a e x p r e s a d a e n estos p o d e r o s o s e s f u e r z o s c u l t u r a l e s
t i e n e sú o b j e t o ú l t i m o e n la r e d e n c i ó n d e l o p a s a j e r o , e n la s u s t i t u -
c i ó n d e l a d o b e p o r la p i e d r a p a r a p a r t i c i p a r p o r m e d i o d e ella e n la
eternidad cósmica.
L a c o n j u n c i ó n d e E s t a d o e i n m o r t a l i d a d q u e se d a e n e l m a r c o
de. estas f o r m a c i o n e s d e s e n t i d o es u n o d e l o s a s p e c t o s m á s s i n g u l a -
r e s d e l E s t a d o e g i p c i o . E l r e y es el « s e ñ o r d e las s e p u l t u r a s » ; él

93 Cfr. al respecto mi libro Stein und cap. I (Gebrauch und Gedachtnis. Die zwei
Kulturen des pharaonischen Agypten), 16-31..
IOS EGIPTO

g o b i e r n a el c a m i n o d e la s a l v a c i ó n , la m a g i a d e la p i e d r a , e n la q u e
el e g i p c i o de la é l i t e r e c t o r a p o n e sus e s p e r a n z a s de i n m o r t a l i d a d .
E n el R e i n o A n t i g u o , esta f o r m a c i ó n s e m á n t i c a s ó l o p o d e m o s a p r e ­
c i a r l a e n las h u e l l a s . D e l n ú m e r o y m a g n i t u d de los m o n u m e n t o s
p o d e m o s i n f e r i r la v o l u n t a d y el p r o p ó s i t o de su e r e c c i ó n . P e r o , e n el
R e i n o M e d i o , esta c o n j u n c i ó n se convierte e n t e m a de los mensajes.
 PARTE SEGUNDA

El Primer Período Intermedio:

el caos como recuerdo político
 1. ESQUEMA HISTÓRICO

Se l l a m a « P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o » a la s i t u a c i ó n e n q u e d e s e m -
b o c ó la crisis d e l R e i n o A n t i g u o al f i n a l d e la dinastía VI (hacia 2 l 6 o
a. C ) , y q u e d u r ó u n o s c i e n t o v e i n t e a ñ o s , hasta la r e n o v a c i ó n de la
u n i d a d d e l R e i n o ( h a c i a 2,040 a. C ) . Esta d e n o m i n a c i ó n n o se
c o r r e s p o n d e c o n la t e r m i n o l o g í a e g i p c i a , t a n p o c o c o m o las e x p r e s i o -
n e s « R e i n o A n t i g u o , M e d i o , N u e v o y É p o c a B a j a » . M á s a ú n : está e n
c o n t r a d i c c i ó n c o n la lista d e reyes d e l P a p i r o de T u r í r i y de M a n e t ó n .
Las listas d e reyes n o r e f l e j a n n i n g u n a i n t e r r u p c i ó n d e l o s r e i n a d o s
d e s p u é s d e l f i n a l de la VI d i n a s t í a . L a s dinastías VII, VIH, IX, X y XI se
s u c e d e n sin i n t e r r u p c i ó n y d e b e n de haber r e i n a d o sobre todo
E g i p t o . P e r o si se o b s e r v a n estas dinastías m á s d e cerca, se aprecia c l a -
r a m e n t e q u e t r a d u c e n el e s t a d o d e d i s o l u c i ó n a la f o r m a de l a lista
p a r a g u a r d a r la a p a r i e n c i a d e c o n t i n u i d a d . L a d i n a s t í a VII c o n s t a d e
«siete r e y e s » que h a n r e i n a d o «setenta d í a s » . Este j u e g o c o n el
n ú m e r o siete es e x p r e s i ó n s i m b ó l i c a de u n a s i t u a c i ó n d e relativa a n a r -
q u í a a todas l u c e s d e c l a r a d a c o n el f i n a l de la dinastía VI. E n las d i n a s -
tías s i g u i e n t e s , u n a c o n j u n c i ó n h i s t ó r i c a es p r e s e n t a d a c o m o u n a
s u c e s i ó n c r o n o l ó g i c a . A l a dinastía VIII d e M e n f i s le s i g u e la d i n a s t í a
IX d e H e r a c l e ó p o l i s , p e r o el c o m i e n z o d e la dinastía XI de T e b a s h a y
q u e s i t u a r l o s i m u l t á n e a m e n t e c o n la dinastía X de H e r a c l e ó p o l i s . L a s
listas d e reyes n o e r a n n i n g ú n m e d i o h i s t o r i o g r á f i c o , s i n o u n i n s t r u -
m e n t o de c r o n o m e t r í a y d e o r i e n t a c i ó n c r o n o l ó g i c a . E s t a b a n s o m e t i -
das a la l i n e a l i d a d . N o e r a n necesarias varias líneas u n a s j u n t o a otras;
 11/1. E S Q U E M A HISTÓRICO 105

lo i m p o r t a n t e era q u e la l í n e a n o se r o m p i e r a y q u e n o a p a r e c i e r a n
«darkages» o « p e r í o d o s i n t e r m e d i o s » , q u e c r o n o l ó g i c a m e n t e n o se
p o d í a n s i t u a r n i m e d i r . E s t o s p e r í o d o s i n t e r m e d i o s n o se d e r i v a n ,
p u e s , de la lista de los reyes. P e r o ello n o significa q u e la c o n t i n u i d a d
b u s c a d a e n la lista d e reyes p o r r a z o n e s c r o n o l ó g i c a s h u b i e r a existido
t a m b i é n e n la r e a l i d a d h i s t ó r i c a . Es b i e n n o t o r i o q u e las fases d e
g o b i e r n o c e n t r a l a f i a n z a d o de l o s f a r a o n e s , q u e d e s i g n a m o s c o m o
« R e i n o A n t i g u o » y « R e i n o M e d i o » , estuvieron separadas u n a de
otra p o r u n l a r g o i n t e r v a l o de crisis e n el q u e esté g o b i e r n o c e n t r a l se
derrumbó.
Para este i n t e r v a l o se h a g e n e r a l i z a d o el u s o d e l t é r m i n o « P e r í o d o
I n t e r m e d i o » c o n el f i n de distinguirlo de los « R e i n o s » c o m o p e r í o d o s
de efectivo f u n c i o n a m i e n t o del g o b i e r n o central. L a i m p o r t a n c i a q u e ha
a d q u i r i d o este breve p e r í o d o e n la egiptología, y t a m b i é n , c o m o quisiera
m o s t r a r e n l o q u e sigue, e n el p r o p i o r e c u e r d o e g i p c i o , n o g u a r d a n i n ­
g u n a r e l a c i ó n c o n la b r e v e d a d de su d u r a c i ó n n i c o n su—por l o q u e se
p u e d e d e d u c i r de las fuentes— p o b r e z a de a c o n t e c i m i e n t o s .
A c o n t e c i m i e n t o s o h e c h o s se p r o d u c e n c o m o tales s ó l o e n e l
m a r c o y s o b r e el s u e l o d e u n a d e t e r m i n a d a s e m á n t i c a . P u e d e ser la
s e m á n t i c a de la é p o c a ; e n t o n c e s e l a c o n t e c i m i e n t o se n o s r e v e l a e n
m e n s a j e s c o n t e m p o r á n e o s . P e r o p u e d e s e r t a m b i é n la s e m á n t i c a de
u n a é p o c a p o s t e r i o r ; e n este caso s a b e m o s d e l a c o n t e c i m i e n t o s ó l o
p o r fuentes p o s t e r i o r e s q u e l o r e c u e r d a n . P e r o e n a m b o s casos esto n o
s i g n i f i c a a ú n q u e a l g o haya a c o n t e c i d o c o n a l g ú n s e n t i d o p a r a n u e s ­
tros p l a n t e a m i e n t o s h i s t ó r i c o - c i e n t í f i c o s . L o s mensajes y r e c u e r d o s , o
b i e n p o n e n de m a n i f i e s t o a c o n t e c i m i e n t o s q u e n o s o t r o s n o c o n s i d e ­
r a r í a m o s relevantes, o b i e n se r e f i e r e n a a c o n t e c i m i e n t o s q u e p o s i b l e ­
m e n t e n u n c a se p r o d u j e r o n , sea p o r q u e se c o n t r a d i c e n , sea p o r q u e
están e n c o n t r a d i c c i ó n c o n l o s t e s t i m o n i o s de las h u e l l a s . E l t e s t i m o ­
n i o de las h u e l l a s se refiere a su vez a a c o n t e c i m i e n t o s q u e s o n tales e n
el m a r c o de la s e m á n t i c a d e n u e s t r a p r o p i a é p o c a . N o s e n c o n t r a m o s
así c o n tres s e m á n t i c a s d i s t i n t a s e n c u y o s m a r c o s p u e d e d e s c r i b i r s e ,
s o b r e la base d e a c o n t e c i m i e n t o s , la é p o c a h i s t ó r i c a q u e c o n s t i t u y ó el
Primer Período Intermedio.
E s t o vale e n l o f u n d a m e n t a l p a r a t o d a s las é p o c a s h i s t ó r i c a s , pero,
s ó l o se c o n v i e r t e e n p r o b l e m a allí d o n d e las tres s e m á n t i c a s d i v e r g e n
c o n s i d e r a b l e m e n t e . T a l fue el caso e n l o s c o m i e n z o s de la f o r m a c i ó n
d e l E s t a d o e g i p c i o , p a r a l o s q u e ya se d e s a r r o l l a r o n e n e l r e c u e r d o
d o s m o d e l o s c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o s : el m o d e l o d e l o s r e i n o s p a r -
io6 EGIPTO

ciales existentes m u c h o antes d e l d o b l e r e i n o u n i d o , s i m b o l i z a d o p o r

reyes que c i ñ e n o u n a d e las d o s c o r o n a s o la d o b l e c o r o n a , y e l
m o d e l o de la f u n d a c i ó n , s i m b o l i z a d o p o r la f i g u r a de u n rey f u n d a -
dor que, después de u n p e r í o d o e n q u e g o b e r n a r o n d i o s e s y s e m i -
dioses, i n a u g u r a el g o b i e r n o d e l o s reyes h u m a n o s . P e r o éste n o e r a
el caso e n el R e i n o A n t i g u o ; a q u í , h u e l l a s , m e n s a j e s y r e c u e r d o s
parecen fundirse e n u n c u a d r o ú n i c o .
C o n el final d e l R e i n o A n t i g u o , esta u n i d a d v u e l v e a d i s g r e g a r s e .
A h o r a , E g i p t o e n t r a p o r p r i m e r a vez e n u n a fase e n la q u e la s e m á n -
tica del r e c u e r d o es la p r i m e r a q u e p i d e la p a l a b r a . Es a la l u z de esta
semántica c o m o la é p o c a q u e s i g u e al f i n d e l R e i n o A n t i g u o a p a r e c e
c o m o u n a fase d e c a o s , de c o m p l e t o d e s m o r o n a m i e n t o y d e t r a s -
t o r n o de t o d o o r d e n h u m a n o . N i las h u e l l a s n i l o s m e n s a j e s c o n -
c u e r d a n c o n esta i m a g e n , m a s , p o r o t r a p a r t e , o f r e c e n d a t o s s u f i -
cientes p a r a e x p l i c a r l o q u e s u c e d i ó . H u e l l a s , m e n s a j e s y r e c u e r d o s
aparecen aquí más c l a r a m e n t e r e p a r t i d o s q u e e n el caso de las é p o c a s
p r e y p r o t o d i n á s t i c a e n m e d i o s y clases d e o b j e t o s c o m p l e t a m e n t e
distintos. Las h u e l l a s s o n d e n a t u r a l e z a a r q u e o l ó g i c a : c e r á m i c a ,
arquitectura, arte. L o s m e n s a j e s p e r t e n e c e n al t e r r e n o de la e p i g r a f í a
m o n u m e n t a l : i n s c r i p c i o n e s e n estelas, m u r o s de t u m b a s y estatuas.
Este « d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a » l o h u b o e n la é p o c a p r o t o d i n á s t i c a
en todo caso e n f o r m a g e r m i n a l ; se d e s a r r o l l a s ó l o e n el R e i n o A n t i -
g u o . Pero el m e d i o d e l r e c u e r d o es c o m p l e t a m e n t e n u e v o . A q u í n o s
encontramos c o n textos q u e p o s i b l e m e n t e n o los h u b o a ú n e n el
Reino Antiguo.
P o r vez p r i m e r a e n la h i s t o r i a d e E g i p t o , y d e u n a f o r m a m u y
acusada, estos t e x t o s p o n e n de m a n i f i e s t o una alianza entre
recuerdo y literatura. S o n textos c o n f o r m a poética, subjetivamente
articulados, h i p e r e s t i l i z a d o s , d e t e m á t i c a m u y s u s t a n c i a l . N o e s t á n
en m u r o s de t u m b a s o e n estelas, s i n o e n p a p i r o s y ostraka, m a t e r i a -
les que c i r c u l a b a n y n o se h a l l a b a n fijos e n u n l u g a r . D e s u c o n t e -
n i d o se p u e d e i n f e r i r q u e n o e s t a b a n d e s t i n a d o s a la c i r c u l a c i ó n p o r
aquellas dos vías d e la c u l t u r a e s c r i t a q u e se h a b í a n d e s a r r o l l a d o e n
el R e i n o A n t i g u o : la de la a d m i n i s t r a c i ó n y la d e l c u l t o . P e r t e n e c e n
a u n c a m p o n u e v o , el t e r c e r o d e la c u l t u r a escrita, q u e , p o r t o d o l o
que hoy s a b e m o s , se d e s a r r o l l a p o r p r i m e r a v e z e n el R e i n o M e d i o :
la l i t e r a t u r a . P e r o l o q u e a q u í n o s i n t e r e s a es el h e c h o d e q u e e l
recuerdo del « P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o » constituye u n t e m a
central de esta l i t e r a t u r a .
 II / 1. E S Q U E M A HISTÓRICO

L a a l i a n z a e n t r e l i t e r a t u r a y r e c u e r d o se m a n i f i e s t a d e m a n e r a
n o r m a l y t í p i c a e n f o r m a s de g l o r i f i c a c i ó n , c o m o m i t o s y e p o p e y a s
q u e c o l o c a n u n p a s a d o s o b r e el p e d e s t a l d e u n a e d a d h e r o i c a o
d o r a d a . A s í se ha p o d i d o p e n s a r q u e el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o
m i r a h a c i a atrás, al m u n d o d e r r u m b a d o d e l R e i n o A n t i g u o , c o m o a
u n a edad de o r o . Pero en Egipto o c u r r i ó algo totalmente distinto,
m á s b i e n l o c o n t r a r i o . E s el R e i n o M e d i o el q u e m i r a al P r i m e r
Período Intermedio, y no como una época dorada o heroica, sino,
p o r el c o n t r a r i o , c o m o u n a fase d e s i t u a c i o n e s c a t a s t r ó f i c a s , p a r a
l u e g o p o n e r s e a sí m i s m a , c o m o r e s t a u r a c i ó n salvadora de la p a z y el
o r d e n , s o b r e el p e d e s t a l d e u n a e d a d de o r o . L a r e t r o s p e c c i ó n al P r i -
mer Período Intermedio no acontece con á n i m o nostálgico, sino
l e g i t i m a d o r . E l t e r c e r o e n la c o m b i n a c i ó n d e l i t e r a t u r a y r e c u e r d o es
el E s t a d o d e l R e i n o M e d i o .
C a b e d i v i d i r el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o e n tres fases:
a
1 . . D e finales de la dinastía VI a f i n a l e s d e la dinastía VIII ( 2 1 7 0 -
a o -
2 1 4 ° - G . ) . Y a h a c i a finales d e l l a r g u í s i m o r e i n a d o de P e p i II ( 2 2 5
2155 a. G . ) el g o b i e r n o central n o es capaz d e i m p o n e r s e a los f u n c i o -
n a r i o s y p r í n c i p e s de los n o m o s q u e a s p i r a n a la i n d e p e n d e n c i a t a n t o
u n o s r e s p e c t o de o t r o s c o m o r e s p e c t o de la c ú s p i d e . B a j o el g o b i e r n o
n o m i n a l de M e n f i s , el p o d e r efectivo está e n m a n o s e n m a g n a t e s r i v a -
les —una s i t u a c i ó n caótica q u e la lista de reyes refleja c o m o d e s p r o p o r -
c i ó n e n t r e u n o s p o c o s a ñ o s y n u m e r o s o s n o m b r e s de reyes—.
a
2 . . L a « é p o c a h e r a c l e o p o l i t a » d e las d i n a s t í a s IX y X d e H e r a -
c l e ó p o l i s ( 2 l 4 ° ~ 2 o 6 o a. G . ) . Esta fase se c a r a c t e r i z a p o r la e x i s t e n -
cia d e d i s t i n t a s p e q u e ñ a s c o r t e s q u e se i m p o n e n a sus v e c i n a s y
a d o p t a n el t í t u l o r e a l , p e r o s i n p o d e r o b t e n e r m a y o r a c e p t a c i ó n
s u p r a r r e g i o n a l , y m e n o s a ú n el g o b i e r n o c e n t r a l . P o r u n a p a r t e ,
v u e l v e n a h a c e r s e a q u í v i s i b l e s l í n e a s f r o n t e r i z a s c o m o las q u e h a b í a
e n l o s t i e m p o s d e l o s c a b e c i l l a s r i v a l e s d e la é p o c a p r e d i n á s t i c a : l a
p a r t e n o r t e del E g i p t o M e d i o ( e n la q u e antes sobresalían O m a r i ,
c
M a a d i , A b u s i r el M e l e k ) está a h o r a r e p r e s e n t a d a p o r H e r a c l e ó p o -
lis, la p a r t e n o r t e d e l A l t o E g i p t o (antes r e p r e s e n t a d a p o r T h i s ) , p o r
A b i d o s , i n c l u y e n d o A s s i u t y K o p t o s , y la p a r t e s u r d e l A l t o E g i p t o
(antes r e p r e s e n t a d a p o r H i e r a c ó m p o l i s ) , p o r T e b a s y E d f ú . P o r o t r a
p a r t e , se f o r m a n a h o r a e s t r u c t u r a s p o l i c é n t r i c a s q u e 1200 a ñ o s d e s -
p u é s , e n el T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , v u e l v e n a a p a r e c e r . H e m o s
d e c o n t a r c o n q u e , d e b a j o d e la s u p e r f i c i e d e l E s t a d o t e r r i t o r i a l
m o n o c é n t r i c o , q u e d o m i n ó e n las fases d e « R e i n o s » d e la historia
 io8 EGIPTO

de E g i p t o , h a b í a u n a e s t r u c t u r a p r o f u n d a p o l i c é n t r i c a q u e a f l o r a b a
s i e m p r e q u e l a s u p e r f i c i e se d e s i n t e g r a b a . A esta a l t e r n a n c i a d e
superficie y f o n d o c o r r e s p o n d e u n a alternancia de semántica c o o ­
p e r a t i v a y s e m á n t i c a c o m p e t i t i v a . E n las fases e n q u e la c e n t r a l i z a ­
c i ó n p i e r d e f u e r z a , l o s v a l o r e s c o m p e t i t i v o s o b t i e n e n la s u p r e m a c í a
s o b r e l o s valores d e i n t e g r a c i ó n . E s t o se h a c e p a t e n t e d u r a n t e e l P r i ­
m e r Período I n t e r m e d i o sobre t o d o e n los mensajes e n que, c o m o
e n la é p o c a d e l a u n i f i c a c i ó n , t o m a l a p a l a b r a e l t i p o h u m a n o d e
«corazón violento» (shm-jb).
U n r e y d e la dinastía h e r a c l e o p o l i t a l l a m a d o N e h k a u r e A c h t o e s
( K e t i ) , q u e h a y q u e s i t u a r a l r e d e d o r d e 2IOO a. C , s o b r e s a l e d e l a
lista d e l o s o s c u r o s n o m b r e s r e g i o s p o r q u e s u n o m b r e está l i g a d o a
d o s e s c r i t o s q u e se c u e n t a n e n t r e l o s m á s i m p o r t a n t e s d e l a p r o ­
d u c c i ó n l i t e r a r i a d e E g i p t o : L a s Lamentaciones del hombre del desierto y las
Instrucciones para Merikare. E n l a s Lamentaciones del hombre del desierto este
rey aparece c o m o u n c o n o c e d o r y a m a n t e d e l b e l l o d i s c u r s o , q u e
está t a n f a s c i n a d o p o r l a r e t ó r i c a d e l h o m b r e d e l d e s i e r t o , q u e
o r d e n a d i l a t a r l a c a d e n c i a p a r a a r r a n c a r l e la m a y o r c a n t i d a d p o s i ­
b l e d e d i s c u r s o s y p o n e r l o s p o r e s c r i t o . L a s Instrucciones para Merikare
p r e t e n d e n i n c l u s o q u e é l e s e l a u t o r . L o p r i m e r o es n a t u r a l , l o
s e g u n d o p r o b a b l e m e n t e u n a f i c c i ó n ; p e r o a q u í sé m u e s t r a q u e e n
el r e c u e r d o l i t e r a r i a m e n t e e x p r e s a d o , l a é p o c a d e H e r a c l e ó p o l i s y
la c o r t e h e r a c l e o p o l i t a e n t r a e n u n a p a r t i c u l a r r e l a c i ó n c o n e l
f e n ó m e n o de la literatura.
A
3 . . L a d i n a s t í a XI d e T e b a s . P a r a l e l a m e n t e al r e i n a d o h e r a c l e o ­
polita, los príncipes de los n o m o s tebanos l o g r a r o n i m p o n e r s e a
sus v e c i n o s , s o m e t e r e l s u r a s u p o d e r y a d o p t a r e l t í t u l o d e r e y . D e
ese m o d o , al f i n a l d e l a é p o c a h e r a c l e o p o l i t a : (2120-2060 a. G . ) l a
s i t u a c i ó n l l e g a al e x t r e m o d e v o l v e r a c r e a r u n d u a l i s m o n o r t e - s u r .
El rey W a h - A n c h I n t e f II, d e T e b a s , es r i v a l d e N e b k u a r e K e t i , d e
H e r a c l e ó p o l i s . E l s u c e s o r d e M e n t u h o t e p II ( 2 0 6 0 - 2 O I 0 ) , d e
Tebas, l o g r ó d e s p u é s , h a c i a 2040, l l e v a r a c a b o l a s e g u n d a u n i f i c a -
don. C o n este g o b e r n a n t e , E g i p t o v u e l v e al g r a n e s t i l o d e l a a r q u i -
:ectura m o n u m e n t a l estatal. E l t e m p l o f u n e r a r i o d e este r e y e n
Talkessel d e D e r e l B a h a r i e n l a z a c o n l a g r a n t r a d i c i ó n d e l R e i n o
\ n t i g u o y se c u e n t a e n t r e l a s o b r a s a r q u i t e c t ó n i c a s m á s i m p o r t a n -
:es de E g i p t o . L a s f o r m a s a r q u i t e c t ó n i c a s , i d e o l ó g i c a s y c ú l t i c a s e n
íl p r e s e n t e s f u e r o n d e t e r m i n a n t e s d u r a n t e , m u c h o t i e m p o . M e n t u -
l o t e p II t a m b i é n p e r m a n e c i ó v i v o e n l a m e m o r i a e g i p c i a c o m o r e y
 11/1. E S Q U E M A HISTÓRICO 109

f u n d a d o r y u n i f i c a d o r d e l r e i n o . C o n él se p u e d e h a c e r c o m e n z a r
c o n c i e r t o f u n d a m e n t o e l R e i n o M e d i o . S i n e m b a r g o , el g o b i e r n o
central n o p u d o asegurarse su p e r m a n e n c i a . C o n la m u e r t e pre-
m a t u r a d e s u s u c e s o r , M e n t u h o t e p III ( 2 0 1 0 - 1 9 9 8 ) , n u e v o s d e s ó r -
d e n e s h a c e n s u a p a r i c i ó n . Y al c a b o d e siete a ñ o s , el e n é r g i c o visir
A m e n e m h a t c o n s i g u e a s c e n d e r al t r o n o c o m o p r i m e r r e y d e la
d i n a s t í a XII, p a c i f i c a n d o e l p a í s .
 2. HUELLAS

E n c u a n t o a las h u e l l a s a r q u e o l ó g i c a s , p a r e c e d e m a s i a d o r e d u c c i o ­
n i s t a l i m i t a r s e al t e s t i m o n i o d e l a c e r á m i c a . I n c l u s o si n o h u b i e r a
-otras h u e l l a s d e esta é p o c a , tal a u s e n c i a sería ya u n a h u e l l a , y l o q u e
i n d i c a r í a n o p o d r í a ser m á s c l a r o . L a h u e l l a d e t e r m i n a n t e n o s e r í a
a q u í l a c o n t i n u i d a d d e las f o r m a s c e r á m i c a s , s i n o la d e s t r u c c i ó n d e
m o n u m e n t o s . E l c o n c e p t o d e h u e l l a n o se r e d u c e a u n g é n e r o d e
o b j e t o s , s i n o q u e t i e n e u n s e n t i d o m e t o d o l ó g i c o . T o d o , i n c l u s o las
p i r á m i d e s , p u e d e ser c o n s i d e r a d o h u e l l a . L a h u e l l a d e las p i r á m i d e s
d e j a a h o r a d e p r e s e n t a r s e . E l l o n o s e r í a p o r sí s ó l o i n d i c i o d e u n
« p e r í o d o i n t e r m e d i o » , s i n o , e n t o d o c a s o , d e la e x t i n c i ó n d e u n
p a r a d i g m a s e m á n t i c o . P e r o el R e i n o M e d i o n o d e s a r r o l l a r á n i n g ú n
m u e v o p a r a d i g m a d e la t u m b a r e a l , s i n o q u e v o l v e r á a las p i r á m i d e s
d e l R e i n o A n t i g u o . H a y , p u e s , e n la t r a d i c i ó n c o n s t r u c t o r a d e p i r á ­
m i d e s u n a c l a r a i n t e r r u p c i ó n q u e c o i n c i d e casi e x a c t a m e n t e c o n e l
T a p s o de t i e m p o d e s i g n a d o c o m o p e r í o d o i n t e r m e d i o . L a ú l t i m a
p i r á m i d e , q u e n o l l e g ó a t e r m i n a r s e , f u e . l a d e u n r e y d e la d i n a s t í a
VIII l l a m a d o Q a k a r e I b i . S e c o n s e r v a la c á m a r a f u n e r a r i a c o n t e x t o s
d e las p i r á m i d e s . P e r o l a e s t r u c t u r a s u p e r i o r , q u e i b a a l e v a n t a r s e
s o b r e u n a s u p e r f i c i e c u a d r a d a d e 6o codos*, n o l l e g ó a c o n s t r u i r s e .
P e r o n o se p u e d e h a b l a r d e u n a i n t e r r u p c i ó n d e l «discurso
monumentalista». Tumbas monumentales siguieron construyén-

* Unidad de medida equivalente a 52,4 cm. [N. del T.]

 11/2. H U E L L A S III

d o s e . U n a m i s i ó n española* e n c o n t r ó e n H e r a c l e ó p o l i s u n a n e c r ó -
p o l i s c o n mastabas e n m i n i a t u r a d e c o r a d a s c o n l o s m á s f i n o s relieves
de la m e j o r t r a d i c i ó n m e n f í t i c a . T u m b a s r u p e s t r e s , estelas u o t r o s
e l e m e n t o s d e l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a , t o d o s d e c o r a d o s , se h a n
encontrado en K o m el-Koffra, Moalla, Gebelein, Tebas, Assiut,
N a g a e d D e r y o t r o s l u g a r e s . P e r o estos m o n u m e n t o s , v i s t o s c o m o
h u e l l a s , d a n u n t e s t i m o n i o d e l c a m b i o tan c l a r o c o m o el d e la h u e l l a
n e g a t i v a de p i r á m i d e s . N o r t e y s u r d i v e r g e n e n s u e v o l u c i ó n e s t i l í s -
tica. E n el n o r t e se c o n t i n ú a la r e f i n a d a t r a d i c i ó n d e la c u l t u r a r e s i -
d e n c i a l m e n f i t a . E n el sur, e n c a m b i o , se a b r e n p a s o n u e v a s t e n d e n -
cias e s t i l í s t i c a s q u e — i n t e n c i o n a d a m e n t e o p o r d e s c o n o c i m i e n t o -
i g n o r a n el c a n o n d e la c u l t u r a r e s i d e n c i a l y p a r e c e n t o r p e s , b á r b a r a s ,
p e r o q u e t a m b i é n s o n m u y e n é r g i c a s , y q u e se o p o n e n d i a m e t r a l -
m e n t e a l o s relieves d e c o r t e « a c a d é m i c o » de H e r a c l e ó p o l i s . E l l e n -
g u a j e d e estas h u e l l a s es p e r f e c t a m e n t e u n í v o c o . Y v i e n e a d e c i r q u e
el c a n o n d e la c u l t u r a r e s i d e n c i a l , q u e h a b í a d e t e r m i n a d o las f o r m a s
d e e x p r e s i ó n d e l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a e n el n o r t e y e n el s u r , h a
p e r d i d o su c a r á c t e r n o r m a t i v o . D e e l l o c a b e d e d u c i r q u e t a m b i é n l o s
t a l l e r e s y b a r r a c a s d e o b r a e s t a t a l m e n t e o r g a n i z a d o s , e n l o s q u e se
h a b í a t r a b a j a d o s o b r e la b a s e d e l c a n o n , h a n d e s a p a r e c i d o e n t o d o
E g i p t o . A h o r a , q u i e n q u i e r e e r i g i r u n m o n u m e n t o n o trae a r t e s a n o s
d e M e n f i s , s i n o q u e e m p l e a fuerzas l o c a l e s . D e ese m o d o n a c e n t r a -
diciones locales que n o p u e d e n edificar apoyándose en n i n g u n a
r u t i n a . L a d e s i n t e g r a c i ó n de la c u l t u r a r e s i d e n c i a l n o s i g n i f i c a su
total a b a n d o n o . E l c o n c e p t o d e p e r í o d o i n t e r m e d i o n o d e b e e n t e n -
derse d e este m o d o . T a m b i é n es u n p e r í o d o q u e h a c e p o s i b l e e l n a c i -
m i e n t o de algo n u e v o q u e , b a j o el p r e d o m i n i o d e l c a n o n r e s i d e n c i a l ,
n o se h a b r í a i m p u e s t o c o n su estricto d e c o r o ( J o h n B a i n e s ) .
I n t e r r u p c i ó n y d e s a r r o l l o d e algo n u e v o es t a m b i é n l o q u e las h u e -
llas d e j a n e n t r e v e r e n las g r a n d e s n e c r ó p o l i s r e s i d e n c i a l e s d e l R e i n o
A n t i g u o e n G i z a y S a q q a r a . C o n el f i n de la VI dinastía c o m i e n z a u n a
i n t e n s a a c t i v i d a d e d i f i c a d o r a q u e r á p i d a m e n t e d e s h a c e la e s t r u c t u r a
u r b a n í s t i c a d e l o s c e m e n t e r i o s , c o n sus a v e n i d a s y c o m u n i c a c i o n e s
transversales, y crea u n c o n j u n t o tan c o m p l i c a d o c o m o i m p e n e t r a b l e

* La misión arqueológica española inició sus trabajos en este yacimiento en 1966 gracias a
una concesión del gobierno egipcio en agradecimiento a la ayuda española en la misión
de salvamento coordinada por la UNESCO con motivo de la construcción de la gran presa
a
de Aswan. En la actualidad, continúan las excavaciones bajo la dirección de la Dra. M
del Carmen Pérez-Díe, conservadora del Museo Arqueológico Nacional. [N. de
APL]
 112 EGIPTO

y, en tal sentido, c a ó t i c o . T o d a s las s u p e r f i c i e s libres s o n utilizadas sin

m i r a m i e n t o s . D e e l l o se d e s p r e n d e q u e el c u l t o a l o s m u e r t o s e n las
grandes mastabas se h a e x t i n g u i d o y ya n a d i e vigila el acceso a las m i s -
mas. E n general, su a c c e s i b i l i d a d ya n o j u e g a n i n g ú n p a p e l . L a « r e d »
cultual de las tumbas se ha r o t o . Esta consistía s o b r e t o d o e n la c o m u -
nidad de las tumbas en la i n s t i t u c i ó n d e la o f r e n d a , m e d i a n t e la c u a l
quedaban conectadas a u n c u l t o c e n t r a l . L o s p r o p i e t a r i o s de las t u m -
bas p a r t i c i p a b a n d e las o f r e n d a s d e l c u l t o c e n t r a l , y d e ese m o d o
c o m í a n t a m b i é n e n el m á s allá e n la m e s a d e l « g r a n d i o s » i g u a l q u e
en el más acá h a b í a n c o m i d o e n la m e s a d e l rey. E l s e ñ o r de este c u l t o
central era el p r o p i o , rey, c u y a p i r á m i d e c o n s t i t u í a el c e n t r o d e l
cementerio residencial. E l l i b r e acceso a las t u m b a s , al q u e , e n c o n s e -
cuencia, se daba la m a y o r i m p o r t a n c i a , e r a el m e d i o d e esta r e d .
Pero, en ella, la t u m b a p a r t i c u l a r n o s ó l o g o z a b a d e l sistema d e a p r o -
v i s i o n a m i e n t o , e n s e n t i d o s i m b ó l i c o , d e las o f r e n d a s c u l t u a l e s a l o s
m u e r t o s , s i n o t a m b i é n d e la c o m u n i c a c i ó n c o n la p o s t e r i d a d . L a s
tumbas estaban h e c h a s p a r a q u e las v i s i t a r a n l o s « v i v o s » , c o m o se
d e s p r e n d e n o s ó l o d e l h e c h o d e su a c c e s i b i l i d a d , s i n o t a m b i é n , y
sobre t o d o , de sus i n s c r i p c i o n e s , las c u a l e s h a b l a b a n a l o s v i s i t a n t e s .
La tumba m o n u m e n t a l era p a r a l o s e g i p c i o s el m e d i o p a r a c o n s e r v a r
u n lugar e n la s o c i e d a d d e l o s vivos d e s p u é s de la m u e r t e . Este aspecto
de la red cultual t a m b i é n d e s a p a r e c e c u a n d o deja de darse i m p o r t a n -
cia a la accesibilidad de las t u m b a s .
N a t u r a l m e n t e hay q u e d i s t i n g u i r a q u í e n t r e la i n a c c e s i b i l i d a d
secundaria de las t u m b a s p o s t e r i o r m e n t e c e r r a d a s c o n m u r o s y la
inaccesibilidad p r i m a r i a d e t u m b a s q u e d e s d e el p r i n c i p i o n o están
construidas para e n t r a r e n ellas. S e g u r a m e n t e , el c r i t e r i o de l a i n a c -
cesibilidad p r i m a r i a n o es a p l i c a b l e d e m o d o g e n e r a l a la t u m b a s d e l
Primer Período I n t e r m e d i o . P e r o caracteriza u n a t e n d e n c i a . Esta
viene expresada e n el h e c h o d e q u e d e t e r m i n a d a s f o r m a s y c o n t e n i d o s
del discurso m o n u m e n t a l i s t a y d e l c u l t o a l o s m u e r t o s s o n llevados de
« f u e r a » a « d e n t r o » , p e r d i e n d o así la característica d e l o m o n u m e n -
tal y de lo cultual. Este d e s p l a z a m i e n t o d e f u e r a a d e n t r o da o r i g e n a
dos géneros sobre t o d o : las « m a q u e t a s » y la l i t e r a t u r a f u n e r a r i a .
Se entiende p o r m a q u e t a s las i m á g e n e s descriptivas d e los'relieves,
c o m o , p o r e j e m p l o , escenas d e l a b o r e s agrícolas, de n a v e g a c i ó n , d e la
vida doméstica y de actividades f u n c i o n a r i a l e s , q u e e r a n trasladadas a
instalaciones t r i d i m e n s i o n a l e s c o n f i g u r i l l a s d e m a d e r a pintada,
semejantes a títeres, q u e r e p r e s e n t a b a n a q u e l l a s e s c e n a s de m a n e r a
 11/2. H U E L L A S 113

a d m i r a b l e . Estas m a q u e t a s e r a n a d i t a m e n t o s s ó l o p a r a el m u e r t o , p u e s
n o estaban d e s t i n a d o s a l o s o j o s de l o s visitantes. L a i n t e r a c c i ó n comu-
nicativa c o n el m u n d o d e l o s vivos q u e d a b a así r e e m p l a z a d a p o r u n a
i n t e r a c c i ó n mágica, es d e c i r , p o r el p r i n c i p i o de la p r e s e n c i a s i m b ó l i c a
de l o a u s e n t e . L a r e l a c i ó n c o n el m u n d o e x t e r i o r ya n o a c o n t e c e reali-
ter, s i n o s i m b ó l i c a m e n t e . Esto p u e d e s i g n i f i c a r m u c h a s cosas. L o q u e
a q u í d e n o m i n a m o s « r e d » n o es s ó l o c o s a de u n a d i s p o s i c i ó n q u e
p u e d a r e d u c i r s e a l o m a t e r i a l , c o m o , p o r e j e m p l o , la a c c e s i b i l i d a d de
las t u m b a s a través de p a s a d i z o s , p u e r t a s y c á m a r a s . Es t a m b i é n cosa de
u n a i n s t i t u c i ó n c o m o la d e l c u l t o a l o s m u e r t o s y l a c i r c u l a c i ó n d e
o f r e n d a s . Y es, e n t e r c e r l u g a r , cosa de u n a c o s t u m b r e y u n a c o n c e p -
c i ó n c u l t u r a l , c o m o , p o r e j e m p l o , la visita a las t u m b a s y l o s o f e r t o r i o s
e n ellas. Esta c o s t u m b r e exige a d e m á s , e n c u a r t o l u g a r , u n a o r g a n i z a -
c i ó n q u e v e l e p o r q u e las t u m b a s n o sean d a ñ a d a s , e n s u c i a d a s , r o b a -
das o utilizadas c o m o m a t e r i a l de c o n s t r u c c i ó n . G u a n d o las t u m b a s ya
n o p r e v é n e n su c o n s t r u c c i ó n esta r e d d e r e l a c i o n e s c o n el m u n d o
e x t e r i o r , p u e d e c o n c l u i r s e q u e el c u l t o a l o s m u e r t o s ya n o está p r e -
visto o n o h a y c o n f i a n z a e n q u e se p r a c t i q u e . L o m i s m o vale p a r a la
c o s t u m b r e d e la visita a las t u m b a s . Y a n o se e s p e r a la s o l i d a r i d a d y la
p i e d a d d e las g e n e r a c i o n e s v e n i d e r a s . O n o se c o n f í a e n la eficacia de
la p o l i c í a d e las n e c r ó p o l i s . P r e s u m i b l e m e n t e s u c e d e n a m b a s cosas.
Las maquetas transfieren formas del discurso m o n u m e n t a l i s t a del
e x t e r i o r de las p a r t e s a c c e s i b l e s d e las t u m b a s al á m b i t o i n t e r i o r d e la
c á m a r a i n a c c e s i b l e d e l s a r c ó f a g o , y así d e l á m b i t o d e l c o n t a c t o c o m u -
n i c a t i v o c o n el m u n d o d e l o s vivos al d e l c o n t a c t o m á g i c o . E n p e r -
fecta c o n s o n a n c i a c o n e l l o , la l i t e r a t u r a f u n e r a r i a d e l o s « t e x t o s d e
los s a r c ó f a g o s » transfiere f o r m a s de a c t u a c i ó n religiosa, especial-
m e n t e la r e c i t a c i ó n , d e l á m b i t o e x t e r i o r d e l c u l t o e n e l t e m p l o y la
t u m b a al á m b i t o i n t e r i o r d e l a c á m a r a d e l s a r c ó f a g o . T a m b i é n se
p u e d e hablar a q u í de t r a n s p o s i c i ó n de u n c o n t a c t o c o m u n i c a t i v o a
u n c o n t a c t o m á g i c o . L o s textos d e l o s s a r c ó f a g o s están e n la t r a d i c i ó n
d e l o s t e x t o s d e las p i r á m i d e s d e l R e i n o A n t i g u o . S e p o d r í a a d m i t i r
que n o constituyen nada sustancialmente nuevo. Literatura funera-
ria la h a y d e s d e f i n a l e s d e la V d i n a s t í a . L a ú n i c a d i f e r e n c i a e n t r e l o s
textos d e las p i r á m i d e s y l o s textos d e l o s s a r c ó f a g o s es q u e a h o r a u n a
p r e r r o g a t i v a r e g i a es a s e q u i b l e a u n a capa m á s a m p l i a .
E l p r o c e s o d e d e m o t i z a c i ó n d e l o s textos de las p i r á m i d e s es e n sí
u n a h u e l l a m u y e l o c u e n t e , y s o b r e él h a b r e m o s d e v o l v e r . P e r o esta
i n t e r p r e t a c i ó n n o h a c e p l e n a j u s t i c i a a la d i f e r e n c i a e n t r e l o s t e x t o s
114 EGIPTO

de las p i r á m i d e s y l o s de los s a r c ó f a g o s . L o s textos de las p i r á m i d e s n o

se p u e d e n e n t e n d e r c o m o u n a s u s t i t u c i ó n d e l c u l t o p o r m e d i o d e
u n a r e p r e s e n t a c i ó n m á g i c a . H e m o s de p a r t i r de q u e l o s textos de las
p i r á m i d e s r e p r o d u c e n e x a c t a m e n t e a q u e l l o s textos de l o s m u r o s d e la
p a r t e s u b t e r r á n e a d e la t u m b a , q u e f u e r o n r e c i t a d o s e n el r i t u a l d e l
e m b a l s a m a m i e n t o y d e la s e p u l t u r a , así c o m o e n las c o n s t a n t e s
o f r e n d a s y e n el c u l t o d e v e n e r a c i ó n . E l c u l t o n o se s u s t i t u y e , p e r o
t a m p o c o se c o m p l e m e n t a c o n o t r o s t e x t o s . S e e f e c t ú a , d e s d e U n a s ,
e n los d o s m e d i o s d e la r e c i t a c i ó n r i t u a l y la e j e c u c i ó n de i n s c r i p c i o ­
n e s . A l i o r a b i e n , l o s textos de l o s s a r c ó f a g o s c o n t i e n e n , a d e m á s de las
correspondientes recitaciones cultuales, gran abundancia de otros
textos q u e m a n i f i e s t a m e n t e p r e t e n d e d o t a r al m u e r t o , a l a m a n e r a
d e l Libro de los dos caminos, d e u n s a b e r c o n s i d e r a d o n e c e s a r i o . S ó l o
c u a n d o esta f u n c i ó n se u n e a la d e l o s t e x t o s d e r i t u a l e s puede
hablarse de «literatura f u n e r a r i a » en sentido estricto. L a literatura
funeraria tiene u n a d o b l e finalidad: a u m e n t a de f o r m a m á g i c a el
efecto s a l v a d o r (la p a l a b r a e g i p c i a c o r r e s p o n d i e n t e es « a k h » ) d e l o s
rituales (esta f u n c i ó n la t o m a de l o s textos de las p i r á m i d e s ) y d o t a al
m u e r t o d e l s a b e r d e l m á s allá, n o d e o t r a m a n e r a , p e r o m u c h o m á s
c o m p l e t a , c o m o l o h a c e n , p o r e j e m p l o , l o s textos de las l a m i n i l l a s d e
o r o b á q u i c a s d e p o s i t a d a s e n las t u m b a s d e l o s a d e p t o s de l o s m i s t e ­
rios dionisiacos.
Esta s e g u n d a f u n c i ó n es a j e n a a l o s t e x t o s d e las p i r á m i d e s . S e
expresa p a r t i c u l a r m e n t e e n u n u s o d e l l e n g u a j e p a r a el q u e c u i d a d o ­
sos escribas e m p l e a n t i n t a r o j a e n l u g a r de n e g r a . Se trata d e s e n t e n ­
cias, o b s e r v a c i o n e s e i n s t r u c c i o n e s , e n s u m a : textos n o d e s t i n a d o s a
la r e c i t a c i ó n , s i n o i n f o r m a c i o n e s r e l a t i v a s a l o s t e x t o s q u e h a n d e
r e c i t a r s e . Esta e s c r i t u r a m e t a t e x t u a l está a u s e n t e e n l o s t e x t o s d e las
p i r á m i d e s . Es i n n e c e s a r i a , p u e s el rey m u e r t o n o t i e n e q u e v a l e r s e d e
aquellos textos. Textos que f u e r o n escritos ú n i c a m e n t e c o m o c o m ­
p l e m e n t o y c o n f i r m a c i ó n , o m á s b i e n p r o l o n g a c i ó n « a b a j o » . , e n la
c á m a r a d e l s a r c ó f a g o , d e l c u l t o e f e c t u a d o « a r r i b a » . P e r o e n la l i t e ­
r a t u r a f u n e r a r i a e n s e n t i d o estricto ya n o se da esta c o r r e s p o n d e n c i a
entre.arriba y abajo, fuera y d e n t r o .
L a capa m e t a t e x t u a l es el signo t í p i c o d e l o m á g i c o . L a m a g i a es e n
E g i p t o r e l i g i ó n p a r a u s o d o m é s t i c o . Ella t a m b i é n estaba, c i e r t a m e n t e ,
en m a n o s de p r o f e s i o n a l e s , e s p e c i a l m e n t e de l o s m é d i c o s , p e r o t e n í a
que d e l e t r e a r u n a a b u n d a n t e i n f o r m a c i ó n q u e estaba fijada c o n t e x -
t u a l m e n t e e n el c u l t o d e l t e m p l o y d e la t u m b a . E n el c u l t o , l a f i n a l i -
 11/2. H U E L L A S 115

d a d y el l u g a r d e la r e c i t a c i ó n y las a c c i o n e s e s t a b a n p r e f i j a d o s p o r el
r i t u a l . P e r o las r e c i t a c i o n e s y a c c i o n e s m á g i c a s n o p o d í a n ajustarse a
u n r i t u a l f i j o , s i n o q u e t e n í a n q u e r e a l i z a r s e adhoc e n u n a s i t u a c i ó n
d a d a y c o n s t r u i r su p r o p i o m a r c o . D e a h í q u e la r e c e t a , la p r e s c r i p -
c i ó n exacta, fuera la característica i n e v i t a b l e d e l o m á g i c o .
L o s textos de l o s s a r c ó f a g o s s o n p o r eso l i t e r a t u r a f u n e r a r i a e n u n
s e n t i d o n u e v o y m á s e s p e c í f i c o q u e l o s textos d e las p i r á m i d e s . P e r o
c o n t i n ú a n t a m b i é n la t r a d i c i ó n y la f u n c i ó n d e l o s textos de las p i r á -
m i d e s . C o n s t a n , igual q u e antes, y e n u n a p a r t e c o n s i d e r a b l e , d e t e x -
tos c u l t u a l e s p a r a la r e c i t a c i ó n , l o s cuales a c o m p a ñ a n al m u e r t o y s i r -
v e n a su e t e r n i z a c i ó n . I n c l u y e n r e c i t a c i o n e s q u e f u e r o n h e c h a s e n el
c u l t o , y e s p e c i a l m e n t e e n el c o n t e x t o d e l e m b a l s a m a m i e n t o y d e la
sepultura, y mantienen así el c a d á v e r p e r m a n e n t e m e n t e b a j o el
e f e c t o p r o t e c t o r y salvador de estos r i t u a l e s . L a d e c o r a c i ó n d e l s a r c ó -
f a g o está v i n c u l a d a p a r t i c u l a r m e n t e al « v e l a t o r i o » e n la c á m a r a d e l
e m b a l s a m a m i e n t o . V o l v e r e m o s s o b r e e l l o e n la t e r c e r a p a r t e d e este
l i b r o . M u c h a s d e estas l i t u r g i a s e s t á n t o m a d a s d e l o s t e x t o s d e las
p i r á m i d e s . D i c h o de o t r a m a n e r a , s o n s o b r e t o d o las l i t u r g i a s f u n e -
r a r i a s d e l o s t e x t o s d e las p i r á m i d e s las q u e f u e r o n t o m a d a s p a r a l o s
textos del sarcófago. Las liturgias funerarias s o n rituales recitativos
q u e a c o m p a ñ a n al m u e r t o e n su c a m i n o h a c i a el m á s allá y c o n f i r -
m a n su n u e v o status c o m o « m u e r t o t r a n s f i g u r a d o » e n el m u n d o de
l o s d i o s e s . S o n r e c i t a d o s al c o n c l u i r e l e m b a l s a m a m i e n t o , e n la
s e p u l t u r a y e n las fiestas f u n e r a r i a s .
C o m o a q u í i n t e r r o g a m o s a l o s textos d e l o s s a r c ó f a g o s c o m o h u e -
llas, t e n e m o s q u e h a c e r a b s t r a c c i ó n de l o s c o n t e n i d o s . C o n s i d e r a m o s
a q u í l o s t e x t o s s ó l o c o m o i n d i c i o s . ¿ Q u é p u e d e s i g n i f i c a r la a d o p -
c i ó n de t e x t o s de las p i r á m i d e s y la a m p l i a c i ó n d e su s e n t i d o a n u e v o
g é n e r o d e « l i t e r a t u r a f u n e r a r i a » c o m o i n d i c i o ? E l n a c i m i e n t o de la
literatura funeraria p e r m i t e i n f e r i r una d o m i n a n c i a de lo m á g i c o
f r e n t e a l o c u l t u a l , c o m o es p a t e n t e e n las m a q u e t a s . E s t o l o d a m o s
p o r s e n t a d o . P e r o la a d o p c i ó n de textos d e las p i r á m i d e s d i c e i n e q u í -
v o c a m e n t e q u e l o s l í m i t e s e n t o r n o d e las p r e r r o g a t i v a s y l o s saberes
d e la r e a l e z a se h a n b o r r a d o . L o s p r o p i e t a r i o s de las t u m b a s d e l P r i -
m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o se h a n a p o d e r a d o d é l o s r o l l o s e s c r i t o s
d e p o s i t a d o s e n l o s a r c h i v o s r e a l e s . T a m b i é n esto es u n c l a r o i n d i c i o
d e d i s c o n t i n u i d a d . C i e r t a m e n t e , las l i s t a s d e l o s r e y e s n o se i n t e -
r r u m p e n . P e r o l o s reyes q u e c i t a n n o o c u p a n ya la m i s m a p o s i c i ó n .
S e g u r a m e n t e esto n o t i e n e q u e v e r s ó l o c o n s u status e n el m á s allá
 n6 EGIPTO

ligado a tal p o s i c i ó n , q u e a h o r a se e x t i e n d e a la a m p l i a élite culta c o n

los c o r r e s p o n d i e n t e s r i t o s y t e x t o s , s i n o t a m b i é n c o n e l c a r á c t e r
divino de la p o s i c i ó n m i s m a .
Una nueva investigación sistemática de los « c a m p o s de tumbas
e n t r e el R e i n o A n t i g u o y e l N u e v o » ( S t e p h a n S e i d l m a y e r ) , q u e
p u e d e valer c o m o el i n t e n t o m á s a m p l i o d e r e c o n s t r u c c i ó n d e l P r i -
m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o a p a r t i r d e las h u e l l a s , h a c o n s i d e r a d o ,
j u n t o a m u c h o s d e l o s p u n t o s ya t r a t a d o s , s o b r e t o d o la a p a r i c i ó n d e
u n a nueva f o r m a d e t u m b a . « E n l a e s f e r a d e las g r a n d e s t u m b a s » ,
escribe S e i d l m a y e r , « c a m b i a r a d i c a l m e n t e e l m a r c o d e r e f e r e n c i a
social de los ú l t i m o s t i e m p o s d e l R e i n o A n t i g u o al c o n s t r u i r s e t u m -
1
bas pensadas p a r a a l b e r g a r a u n c í r c u l o d e p e r s o n a s m u y e x t e n s o » .
Este c a m b i o e n l a a r q u i t e c t u r a f u n e r a r i a p u e d e e n t e n d e r s e c o m o
i n d i c i o d e la p r e s e n c i a d e u n n u e v o t i p o s o c i a l : e l p a t r ó n . P o r
p a t r ó n se e n t i e n d e e n l a s o c i o l o g í a c o m p a r a d a u n i n d i v i d u o p o d e -
roso que p u e d e p r o p o r c i o n a r m e d i o s d e s u b s i s t e n c i a a c i e r t a c a n t i -
dad de p e r s o n a s y h a c e r l a s d e p e n d i e n t e s d e él n o p o r q u e d e s e m p e ñ e
u n cargo e n u n m a r c o b u r o c r á t i c o s u p e r i o r a él, s i n o d e s d e l a a c t i -
vidad que d e s a r r o l l a p o r c u e n t a p r o p i a . Estos p a t r o n a t o s p o s e e n
2
u n a e s t r u c t u r a típica., b a s a d a e n l a c o n f i a n z a . C a b e s e ñ a l a r c o m o
rasgo esencial d e esta e s t r u c t u r a la « s o l i d a r i d a d v e r t i c a l » . L a v e r e -
m o s g e n e r o s a m e n t e e x p r e s a d a e n l o s m e n s a j e s d e esta é p o c a . L o q u e
aquí nos interesa es la f o r m a d e r e p r e s e n t a r s e e n las h u e l l a s a r q u e o -
lógicas. E l n u e v o tipo d e la t u m b a g r u p a l t i e n e u n a « e s t r u c t u r a
jerárquica» (como la llama Seidlmayer). Hay u n a sepultura p r i n c i -
pal y numerosas secundarias. E n la estructura j e r á r q u i c a d e las
sepulturas se refleja e l sistema p a t r o n a l . T a m b i é n a q u í v u e l v e a m o s -
trarse c ó m o la t u m b a d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o d i r i g e h a c i a
a d e n t r o e l e m e n t o s e x t e r i o r e s . T a m b i é n las t u m b a s p a r t i c u l a r e s e n
los c e m e n t e r i o s d e l a s é l i t e s d e l R e i n o A n t i g u o r e s p e t a b a n u n a
estructura j e r á r q u i c a q u e refleja las r e l a c i o n e s s o c i a l e s . E n la d i s p o -
s i c i ó n de esta n e c r ó p o l i s h a b í a d i f e r e n c i a s c l a r a s e n t r e c e n t r o y
periferia, o c u p a n d o u n o s p o c o s p r i v i l e g i a d o s l o s l u g a r e s m á s e s c o -
g i d o s . Estas r e f e r e n c i a s s o c i a l e s d e t e r m i n a n la situación de la
tumba, y t a m b i é n s u t i p o e n c u a n t o al t a m a ñ o y l a o r n a m e n t a c i ó n ,

I Stephan Seidlmayer, Graberfelder (í, nota 6%), 403.

7, S.N. Eisenstadt, L. Roniger, Patrons, Clients and Friends. Interpersonal Relations and the Structure
of Trust inScoiety, Cambridge, 1984.
 11/2. H U E L L A S 117

p e r o n o su f o r m a , q u e solía ser i n d i v i d u a l o d o b l e .
P e r o las t u m b a s n o s o n s o l a m e n t e i n d i c i o s d e r e l a c i o n e s s o c i a l e s
t r a n s f o r m a d a s . T a m b i é n e x p r e s a n u n a n u e v a c o n c e p c i ó n de la i d e n ­
t i d a d e n c u a n t o m e n s a j e s . S e i d l m a y e r t a m b i é n Ka i n s i s t i d o e n este
p u n t o . L a g e n e r a l i z a c i ó n de las t r a d i c i o n e s l o c a l e s n o t i e n e q u e dar
p i e s o l a m e n t e a c o n s i d e r a c i o n e s negativas d e b i d o a la d e s a p a r i c i ó n de
u n c a n o n s u p e r i o r , p u e s t a m b i é n t i e n e su p a r t e p o s i t i v a e n la v o l u n ­
tad de estilo y d e e x p r e s i ó n de u n a a r i s t o c r a c i a l o c a l q u e c o n s c i e n t e ­
m e n t e q u i e r e ser r e p r e s e n t a d a e n sus f o r m a s p r o p i a s .
S i se q u i e r e r e s u m i r l o q u e a q u í d i c e n las h u e l l a s , p u e d e a f i r ­
m a r s e q u e éstas h a b l a n de u n c a m b i o c u l t u r a l y p o l í t i c o f u n d a m e n ­
tal. A l a d e c a d e n c i a d e l c e n t r o c o r r e s p o n d e el i m p u l s o d e la p e r i f e ­
r i a , a l a d e s a p a r i c i ó n d e u n c a n o n g l o b a l l a g e n e r a l i z a c i ó n d e las
t r a d i c i o n e s l o c a l e s . L a s t r a d i c i o n e s m e n f i t a s se m a n t i e n e n e n el
B a j o E g i p t o hasta la é p o c a d e la IX dinastía, y l u e g o r e t r o c e d e n a n t e
las n u e v a s f o r m a s q u e s i m u l t á n e a m e n t e h a n i d o d e s a r r o l l á n d o s e e n
el A l t o E g i p t o .
 3. MENSAJES

S i n o s p r e g u n t a m o s si hay « m e n s a j e s » e n l o s q u e l o s p r o t a g o n i s t a s
de esta é p o c a r e p r e s e n t e n a c o n t e c i m i e n t o s y s i t u a c i o n e s e n e s c e n a ­
r i o s reales y e n c u a d r a d o s e n sus p r o p i a s m e t a s y m o t i v o s , e n sus p r o ­
pias r e p r e s e n t a c i o n e s y e s p a c i o s d e p o s i b i l i d a d e s , la r e s p u e s t a n o s la
d a r á , e n p r i m e r t é r m i n o , la t r a d i c i ó n d e las i n s c r i p c i o n e s a u t o b i o ­
gráficas e n c u a d r a d a s e n el « d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a » . D u r a n t e el
R e i n o A n t i g u o , la l i t e r o c r a c i a e g i p c i a se h a b í a c r e a d o c o n este g é n e r o
u n i n s t r u m e n t o ú n i c o d e a u t o r r e p r e s e n t a c i ó n . Y e n el R e i n o M e d i o
será p u n t o de p a r t i d a d e u n a l i t e r a t u r a q u e f u n c i o n a r á n o s ó l o c o m o
i n s t r u m e n t o d e a u t o r r e p r e s e n t a c i ó n , s i n o t a m b i é n de a u t o r r e f l e -
x i ó n , a u t o i l u m i n a c i ó n y t a m b i é n d e a m p l i a c i ó n d e la é l i t e y d e las
f o r m a s q u e e n ella a d o p t a el e x i s t i r h u m a n o . E n el P r i m e r P e r í o d o
I n t e r m e d i o se p r o d u c e t o d o m e n o s u n a r u p t u r a d e esta t r a d i c i ó n , ,
s i e n d o este p e r í o d o e l d e u n florecimiento ú n i c o d e la m i s m a . L a s
inscripciones biográficas nos d i c e n más claramente que n i n g ú n otro
t e s t i m o n i o q u e n o d e b e m o s i m a g i n a r n o s el P r i m e r P e r í o d o I n t e r ­
m e d i o c o m o u n a «dark age». S e t r a t a p o r el c o n t r a r i o d e u n a é p o c a
de la h i s t o r i a de E g i p t o q u e a p a r e c e m u y c l a r a m e n t e i l u m i n a d a , si n o
s i e m p r e ( c o m o otras é p o c a s ) e n sus c o n c r e t o s a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó ­
r i c o s , sí e n sus r e p r e s e n t a c i o n e s y e n s u c o m p r e n s i ó n d e l o s m e n s a ­
j e s c o n t e m p o r á n e o s . E n este r e s p e c t o se n o s p r e s e n t a c o m o u n a f o r ­
m a c i ó n d e s e n t i d o n e t a m e n t e d i f e r e n c i a d a d e las f o r m a c i o n e s d e
sentido del R e i n o A n t i g u o .
 11/3. M E N S A J E S "9

E n general, los protagonistas del P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o nos

e x p r e s a n e n sus i n s c r i p c i o n e s a u t o b i o g r á f i c a s u n c u a d r o n o p o c o
s o m b r í o d e su é p o c a , m a s l o h a c e n p a r a q u e a p a r e z c a t a n t o m á s
l u m i n o s a su a c c i ó n s a l v a d o r a c o n t r a el f o n d o o s c u r o d e u n a s i t u a ­
c i ó n d e g e n e r a l i n d i g e n c i a . D e j a n d o a ú n l a d o la c u e s t i ó n d e hasta
q u é p u n t o este c u a d r o s o m b r í o se c o r r e s p o n d e c o n la r e a l i d a d h i s ­
t ó r i c a , l o q u e e n él se r e p r e s e n t a es c l a r a m e n t e u n c o m p o n e n t e d e la
n u e v a f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d e la q u e n o se p u e d e p r e s c i n d i r . E l
p r o b l e m a f u n d a m e n t a l d e estas i n s c r i p c i o n e s es la a u s e n c i a d e la
i n s t a n c i a q u e t r a d i c i o n a l m e n t e h a m o t i v a d o y h o n r a d o las o b r a s de
las q u e l o s p r o p i e t a r i o s de las t u m b a s se g l o r í a n e n sus i n s c r i p c i o n e s .
L a realeza c o n s t i t u y e e n las i n s c r i p c i o n e s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r ­
m e d i o u n l u g a r vacío q u e t i e n e q u e l l e n a r s e c o n otra c o s a . E n vez d e l
l l a m a m i e n t o d e l r e y a p a r e c e e n n u m e r o s a s o c a s i o n e s el n u e v o
m o t i v o del l l a m a m i e n t o de u n a divinidad. Y e n lugar del e n c a r g o de
la s u p e r i o r i d a d a p a r e c e l a p r o p i a i n i c i a t i v a . E s t a c o n d u c e a u n a
a c e n t u a c i ó n del y o c o m o i n s t a n c i a de p l a n i f i c a c i ó n y e j e c u c i ó n
t o t a l m e n t e a j e n a a las i n s c r i p c i o n e s d e l R e i n o A n t i g u o y l u e g o
r e f o r z a d a e n el R e i n o M e d i o . L a d e s a p a r i c i ó n d e l s i s t e m a d e m o t i ­
v a c i o n e s p r o v i n i e n t e s d e la r e a l e z a da l u g a r a u n a i m a g e n d e l h o m ­
b r e c o m p l e t a m e n t e n u e v a , q u e e n c u e n t r a e n sí m i s m a las c o n d i c i o ­
n e s de toda, a c t u a c i ó n j u s t i f i c a b l e . Esta e x p e r i e n c i a v i e n e e x p r e s a d a
e n las i n s c r i p c i o n e s q u e , e n c u a n t o m e n s a j e s , n o s t r a n s m i t e n a l g o
acerca d e la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o específica de esta é p o c a . M i tesis es
q u e la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o y la i m a g e n d e l r e y q u e c a r a c t e r i z a n al
R e i n o M e d i o n o m i r a n al R e i n o A n t i g u o , s i n o q u e s o n c o n s t r u i d a s
s o b r e la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , s o b r e
el s i m b o l i s m o y c o n t e n i d o s d e sus m e n s a j e s .
E n vez de p r e s e n t a r u n a a n t o l o g í a d e los c e n t e n a r e s d e i n s c r i p c i o ­
3
n e s r e v e l a d o r a s q u e e x i s t e n a este r e s p e c t o , e x a m i n e m o s u n a d e
e l l a s : la i n s c r i p c i ó n f u n e r a r i a d e A n j t i f i d e M o ' a l l a , q u e v i v i ó e n
4
t i e m p o s d e la d i n a s t í a IX . A n j t i f i i n f o r m a d e c ó m o él f u e l l a m a d o
p o r el d i o s H o r u s p a r a d e v o l v e r el o r d e n al n o m o de E d f ú , y d e s c r i b e
así las s i t u a c i o n e s a las q u e e n él se h a b í a l l e g a d o :

3 Impecablemente reunidos y traducidos por W. Schenkel en Memphis - Herakleopolis -

(AA 12, 1965. en lo sucesivo
Theben, die epigraphischenfaugnisseder y . - 1 1 . DynastieÁgypténs
MHT).
4 Schenkel, MHTn.° 37; J. Vandier, Mo'alla, El Cairo, 1940. .
 120 EGIPTO

5
Encontré la Gasa de K u u inundada c o m o una tierra virgen ( ? ) ,
descuidada por quien la guardaba,
a merced de u n rebelde y administrada p o r u n indigno.

L a d e s c r i p c i ó n d e las i r r e g u l a r i d a d e s e n c o n t r a d a s sirve a q u í p a r a
dar realce a la p r o p i a o b r a d e r e s t a u r a c i ó n . Este es u n m o t i v o t í p i c o
de las p o s t e r i o r e s i n s c r i p c i o n e s r e g i a s , q u e b r o t a m a n i f i e s t a m e n t e e n
6
la esfera de los p r í n c i p e s d e l o s n o m o s y l o s m a g n a t e s , d e d o n d e es
t o m a d a para p e r f i l a r la i m a g e n d e l r e y e n el R e i n o M e d i o . E l s o b e -
r a n o aparece c o m o r e s t a u r a d o r y s a l v a d o r e n la p e n u r i a , y el d e s e m -
p e ñ o de su f u n c i ó n p o l í t i c a es p i - e s e n t a d o c o m o i n t e r v e n c i ó n salva-
d o r a . P o r otra p a r t e , u n rey n u n c a citará el n o m b r e d e u n a n t e c e s o r
criticado.

Conseguí que un h o m b r e abrazara al asesino de su padre o de su

hermano,
para devolver el orden al n o m o de Edfú.
Q u é hermoso fue el día en que hallé la salvación para este n o m o .
N o permitiré que los arrebatos [de ira] se adueñen de él después
de haber puesto fin a todas las malas acciones que los h o m b r e s
detestan.

A n j t i f i p r e s e n t a el o r d e n p o r él c r e a d o c o n t r a el f o n d o de u n d e s -
o r d e n , más p r o p i o d e u n a g u e r r a c i v i l , s u g e r i d o c o n las p a l a b r a s
« a s e s i n o de su p a d r e o d e su h e r m a n o » . Esta i m a g e n c o n c u e r d a casi
e x a c t a m e n t e c o n la q u e l o s r e y e s d e l R e i n o M e d i o se f o r m a r o n d e
esta é p o c a y los a u t o r e s c o r t e s a n o s d e s c r i b i e r o n l i t e r a r i a m e n t e . Estos
p r e s e n t a r á n las s i t u a c i o n e s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o e x a c t a -
m e n t e i g u a l q u e A n j t i f i las d e l n o m o d e E d f ú . P e r o n o v o l v e r á a
e n c o n t r a r s e u n a i m a g e n t a n v a l i e n t e c o m o la d e l a b r a z o e n t r e v e r d u -
gos y víctimas.
E l s i g u i e n t e pasaje n o s d e j a v e r l o q u e e n esta é p o c a c u p o c o m o
a ü t o r r e p r e s e n t a c i ó n e n el m e d i o d e l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a :

5 Kuu no es su antecesor en el cargo, sino el fundador de la dinastía, el cual da nom-

bre al 2.° nomo («Gasa de Kuu»)-, cfr. la estela de Merer MHT42.
0 :
6 Cfr., por ejemplo, el informe de restauración de Intef, hijo de Mjjt, MHT TÍ. 377
«Encontré la capilla del príncipe Nhtj, el Excelente, destruida. Sus muros estaban
viejos, cada una de sus estatuas estaba rota, era evidente que no había nadie que se
acordara de ella. Luego se reconstruyó, sus cimientos sé ampliaron, se le esculpie-
ron estatuas nuevas y se le hicieron puertas de piedra al rehacerla entera, para que su
lugar se destacase sobre los de los demás allí venerados...».
 11/3. M E N S A J E S 121

Soy el principio y el fin de los hombres,

7
el que p r o n u n c i ó las palabras necesarias
8
desde lo alto a todo el país, gracias a ' m i ' inteligente p l a n ,
9
con boca acertada y ánimo resuelto ,
el día de la u n i ó n de los tres n o m o s .
Soy u n héroe sin igual,
que habla con voz propia cuando los dignatarios callan,
10
el día en que cunde el m i e d o
y el Alto Egipto se sume en el silencio.

L a s frases « s o y e l p r i n c i p i o y e l f i n d e l o s h o m b r e s » y « s o y u n
h é r o e s i n i g u a l » se r e p i t e n u n a y o t r a vez e n esta i n s c r i p c i ó n y o b r a n
c o m o u n a e s p e c i e d e e s t r i b i l l o , a r t i c u l a n d o e l t e x t o . Estas r e p e t i c i o -
nes s o n u n m e d i o t í p i c o de la poesía egipcia; h e m o s d e r e c o n o c e r
q u e el texto q u i e r e dejar la i m p r e s i ó n de u n a f o r m a p o é t i c a e x i g e n t e
—semejante, q u i z á , a la d e l p o e m a épico—.

En cuanto a cada u n o de los que m i mano protegió, -

nunca sufrió el m e n o r infortunio
a causa de la b o n d a d de m i corazón y de la excelencia de m i plan.
Pero todos los ignorantes y miserables,
que se alzaron contra mí,
tendrán su merecido.
Ay, dicen mirando al que yo he levantado.;
sus tablas reciben agua c o m o una barca-
Soy u n héroe sin igual.

Este pasaje m u e s t r a la l e a l t a d c o m o e l e m e n t o c e n t r a l d e la i d e o l o -
gía d e l n u e v o p a t r ó n : el v í n c u l o d e l c l i e n t e c o n su p a t r ó n se f u n d a e n
u n a d e c i s i ó n . E l c l i e n t e n o está l i g a d o al p a t r ó n n i p o r n a c i m i e n t o n i
p o r o b l i g a c i ó n , s i n o q u e se v i n c u l a a éste p o r su l i b r e d e c i s i ó n , p o r -
q u e está c o n v e n c i d o d e s u c a p a c i d a d . D e ese m o d o , l a h u m a n i d a d se
d i v i d e , d e s d e el p u n t o d e vista d e l p a t r ó n , e n fieles, r e b e l d e s e i g n o -
r a n t e s . Q u i e n se v i n c u l a al p a t r ó n e n c u e n t r a s e g u r i d a d : « n u n c a
s u f r i ó e l m e n o r i n f o r t u n i o » , c o m o se r e p i t e . D e l a h i s t o r i a y d e l

7 ídem Tgwtjy muchos otros; cfr. Vandier, p. 1^2 s.

8 ídem Qwtj (allí igualmente a continuación) y El Bersheh II, XIII, 5>6, v. Vandier, p. 173 s-
9 T3wtj:'b3r3s3qjbgmwb:mg3w.f
10 T3wtjy Ghassinat-Palanque, Assiut, I 3 7 ¡ Petrie, Dendereh pl. VIII: mdw rhrw.fp'tgrtj
hrw.n djjsnd. 2ji-nht: mdw rhrw.fp'tgrtjhrw n $3. ElBershehlI, lám. XIII, 2,6: mdw rhrw.fp't
:
grtjrhjtmsgr. El Cairo C G 20539, 1.14 mdwrhrw.fmprnjswt-bjtj.
122 EGIPTO

f u t u r o s ó l o cabe e s p e r a r d e s g r a c i a s , y c o n t r a esas desgracias e l p a t r ó n

ofrece u n a p r o t e c c i ó n derivada de su p l a n i f i c a c i ó n s u p e r i o r de la
v i d a s o c i a l " . N a d a d e este p e s i m i s m o sé a p r e c i a e n las i n s c r i p c i o n e s
d e l R e i n o A n t i g u o . L a frase « n u n c a s u f r í el m e n o r i n f o r t u n i o » es
e n c a m b i o m u y f r e c u e n t e e n las i n s c r i p c i o n e s d e l P r i m e r P e r í o d o
1 2
I n t e r m e d i o , y t í p i c a d e l s e n t i m i e n t o de la é p o c a .

E n el s i g u i e n t e p a s a j e , la e x a l t a c i ó n d e sí m i s m o l l e g a al p u n t o
c u l m i n a n t e n o s ó l o de esta i n s c r i p c i ó n , s i n o —hasta d o n d e p u e d o
juzgax— d e t o d a s las i n s c i i p c i o n e s f u n e r a r i a s b i o g r á f i c a s e n g e n e r a l .

Soy el principio y el fin de los hombres,

pues nadie igual a mí ha surgido ni surgirá jamás,
nadie igual a m í ha nacido ni nacerá jamás,
yo he superado todo lo que los antepasados hicieron,
y (¿mis sucesores?) no me emularán en nada de lo que he hecho
en millones de años.

Esta a m a l g a m a d e s i n g u l a r i d a d , u n i c i d a d e i r r e p e t i b i l i d a d d e l o s
p r o p i o s m é r i t o s n u n c a se r e p e t i r á c o n t a n t a c l a r i d a d y d e t a l l i s m o ,
p e r o es t í p i c a d e l o s p a t r o n e s y m a g n a t e s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r -
m e d i o , cuya a s c e n s i ó n n o la d e b e n a n i n g ú n n o m b r a m i e n t o real,
s i n o a su p r o p i a e n e r g í a . P o r u n l a d o , este s e n t i m i e n t o d e u n i c i d a d
p r e n d e r á e n la i m a g e n d e l r e y t í p i c a d e l R e i n o M e d i o , m a s , p o r o t r o ,
s e r á n p r e c i s a m e n t e estas f o r m a s d e i n d i v i d u a l i s m o y v a n a g l o r i a a q u e -
l l o a l o q u e se o p o n d r á l a é t i c a d e l a h u m i l d a d t í p i c a d e l R e i n o
M e d i o . A q u í h a b l a u n shm-jb, u n « c o r a z ó n v i o l e n t o » que la m o r a l
p o s t e r i o r de l o s s u b d i t o s e n c o n t r a r á a b o r r e c i b l e .

Pues si esta tropa de Hefat está contenta,

este país está tranquilo.
Pero si me pisan c o m o a u n cocodrilo la cola,
el norte y el sur de todo el país tiemblan.
Guando tomo los remos (voy río abajo),
encuentro el ganado encerrado y el pasador c o r r i d o .
13
G u a n d o p o n g o vela (voy río arriba) en dirección al n o m o t i n i t a

11 Exactamente las mismas concepciones y el mismo sentimiento vital reaparecen en el

Reino Nuevo conformando la relación dios-hombre. Cfr. las páginas 313-340.
12 W. Schenkel, «Nie kam ein Mifigeschick Über mich», en 2$S cjl-, 1964, 137-138.
13 (En realidad se encuentra río abajo desde Mo'alla)
 11/3. M E N S A J E S

contra u n o que se ha olvidado,

lo encuentro desde las atalayas sobre las murallas.
G u a n d o incito a la lucha, « a y » es lo que grita el miserable.
Soy u n héroe sin igual.

A n j t i f i j a m á s h a b l a e n sus i n s c r i p c i o n e s d e sus é x i t o s m i l i t a r e s ,
s i n o s ó l o d e l t e m o r q u e su m e r a p r e s e n c i a i n f u n d e . S e trata a t o d a s
luces de e x p e d i c i o n e s de castigo. « O l v i d a r s e » fue t a m b i é n , p o r lo
d e m á s , e n e l a l e m á n d e o t r o s t i e m p o s , la e x p r e s i ó n a p l i c a d a a l o s
v a s a l l o s y s u b d i t o s d e s l e a l e s q u e n o c u m p l í a n c o n su o b l i g a c i o n e s
[ m o d e r n a m e n t e , sich vergessen s i g n i f i c a « d e s c o m e d i r s e » o « d e s m a n ­
1
d a r s e » ] * . E l « y o » de q u e a q u í se t r a t a es el l u g a r d o n d e el p a t r ó n
lleva escritas sus d e m a n d a s d e c o n t r a p r e s t a c i o n e s .

Hice venir a la qenbet de los caudillos del A l t o Egipto,

que reside en Ta-wer,
para formar consejo
con el noble y superior de los sacerdotes
y príncipe del n o m o de Hieracómpolis Hetep.
N i n g ú n otro príncipe de los que h u b o en este n o m o
hizo nada semejante.
Gracias a mi excelente planificación y a m i sólido discurso,
y a que. me preocupo día y noche.
Soy el h é r o e sin igual.

P a r a e n t e n d e r l o e x t r a o r d i n a r i o d e esta m e d i d a , d e a p a r i e n c i a casi
i n s i g n i f i c a n t e , p e r o tan e n f á t i c a m e n t e ensalzada p o r A n j t i f i , es n e c e s a ­
r i o saber q u e A b i d o s fue la sede de la dinastía IX. L a qenbet de T i n i s era
u n a e s p e c i e d e t r i b u n a l f e d e r a l , q u e e n este caso se desplaza a M o ' a l l a
p a r a d e l i b e r a r c o n H e t e p , p a d r e de A n j t i f i . U n h e c h o q u e n u n c a antes
se h a b í a p r o d u c i d o e n el n o m o de H i e r a c ó m p o l i s , y q u e a q u í es p r e ­
s e n t a d o c o m o u n a c o n t e c i m i e n t o q u e m e r e c e ser i n m o r t a l i z a d o .

El príncipe y noble y caudillo

Anjtifi el fuerte dice:
Pero llegó el caudillo de Axmant y dijo:
ven, tú h é r o e , [aterroriza] las fortalezas [...]

14 Cfr. al respecto G. Algazi, «'Sich selbst vergessen' im spaten Mittelalter: Denkfigu-

ren und soziale Konfigurationen», en Q,.G. Oexle (ed.), Memoria ahKultur, Grotinga,
1995.387-427-
 124 EGIPTO

entonces marché hacia el norte, atravesando las zonas desérticas

deArmant,
Vi todo el n o m o tebano y el n o m o de K o p t o s ,
y c ó m o [albergaban] las fortalezas de A r m a n t en la colina de
«Sekemsen».
Guando arribé a ella,
extendí mi brazos c o m o u n arpón
en el hocico de u n h i p o p ó t a m o que huye.
Luego navegué río arriba para destruir sus fortalezas
con las tropas de Mo'alla.
Soy el héroe sin igual.

A q u í se h a b l a d e u n a a c c i ó n m i l i t a r : la g u e r r a c o n t r a T e b a s . E s
n o t a b l e la « p o e t i c i d a d » d e la d e s c r i p c i ó n . C o n c r e t a m e n t e l a c o m ­
p a r a c i ó n c o n el a r p ó n e n el h o c i c o d e u n h i p o p ó t a m o q u e h u y e , y
m á s a r r i b a c o n e l c o c o d r i l o al q u e p i s a n l a c o l a . E l c o c o d r i l o y el
h i p o p ó t a m o s o n a n i m a l e s q u e s i m b o l i z a n la a g r e s i v i d a d y la f e r o c i ­
dad, y p e r t e n e c e n a la esfera d e S e t h , n o d e H o r u s .

Navegué río abajo c o n una tripulación de hombres jóvenes y fuer­

tes de confianza
y desembarqué en el desierto de Tebas.
La vanguardia de la flota quedó en la colina Sekemsen,
la retaguardia de la flota en el d o m i n i o de T j e m i i .
Los hombres de confianza deseaban luchar
en todo el n o m o tebano,
pero nadie salió p o r miedo a ellos.
Entonces navegué río abajo y desembarqué al este de Tebas,
la retaguardia de la flota quedó j u n t o a la tumba de Imbi,
la vanguardia de la flota alrededor de Sega,
cuyos muros sufrieron asedio,
porque « é l » , atemorizado p o r su visión, había corrido el pasador.
E n t o n c e s f o r m a r o n estos fuertes h o m b r e s de confianza u n
comando de búsqueda
y fueron p o r el oeste y p o r el este de Tebas
buscando combate, p e r o nadie se atrevió a salir p o r miedo a ellos.
Soy u n héroe sin igual.

L a d e s c r i p c i ó n d e l m i e d o d e l a d v e r s a r i o y la c o n v e r s i ó n d e la
t r o p a de élite d e A n j t i f i e n u n « c o m a n d o d e b ú s q u e d a » q u e o t e a l o s
 11/3. MENSAJES

c a m p o s de T e b a s e n busca de u n a d v e r s a r i o t i e n e c l a r o s rasgos i r ó n i ­
cos y n o carece d e c o m i c i d a d .

E n cuanto a todo gobernante que haya de gobernar en Mo'alla

y que cometa alguna acción mala y perversa contra esta tumba
y contra cualquiera de los recuerdos de esta casa,
sea su brazo arrancado para H e m e n cuando se desnude
de cualquier estela —sea su brazo arrancado para H e m e n cuando
se desnude
del lado oriental —sea su brazo arrancado para H e m e n cuando se
desnude
de cualquier mesa —sea su brazo arrancado para H e m e n cuando
se desnude
de cualquier matanza (?) —sea su brazo arrancado para H e m e n
cuando se desnude
de alguna cosa grande (?),
que H e m e n n o acepte sus sacrificios
n i n g ú n día de matanza.
Q u e H e m m e n no acepte nada suyo.
Q u e su heredero nada herede.

E s t a i n s c r i p c i ó n p e r t e n e c e al g é n e r o d é l a s « m a l d i c i o n e s c o n t r a
los l a d r o n e s d e t u m b a s » , c u y o p a p e l e n el R e i n o A n t i g u o y p o s t e ­
r i o r m e n t e fue m u y m a r g i n a l , p e r o q u e a d q u i r i ó g r a n i m p o r t a n c i a
1 5
e n el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . E l l o r e v e l a la i n s e g u r i d a d r e i ­
n a n t e e n l a é p o c a : l a c o n f i a n z a e n las i n s t i t u c i o n e s e s t a t a l e s q u e
d e b e n p r o t e g e r las t u m b a s h a d e s a p a r e c i d o ; e n c o m p e n s a c i ó n
c o b r a m a y o r i m p o r t a n c i a el p a p e l d e l o s d i o s e s c o m o p r o p i e t a r i o s
d e l a t i e r r a y c o m o i n s t a n c i a s j u d i c i a l e s . P e r o e s t e t e x t o es b i e n
insólito, pues en lugar de maldiciones, que n o r m a l m e n t e aspiran a
la a n i q u i l a c i ó n t o t a l d e l p r o f a n a d o r , h a y la p r e v i s i ó n d e u n c a s t i g o
c r u e l , p e r o l i m i t a d o . N o se t r a t a , p u e s , d e m a l d i c i o n e s , s i n o d e
l e y e s (hpw) a q u í d i c t a d a s . E n t o d o c a s o , la m a l d i c i ó n y l a l e g i s l a c i ó n
constituyen aquí u n a curiosa mezcla.

Pues yo he construido esta tumba

y todos los m o n u m e n t o s de esta casa

15 Cfr. al respecto mi artículo «Altorientalische Fluchinschriften und das Problem

performativer Schriftlichkeit», en H.U. Gumbrecht y K.L. Pfeiffer (eds.), Schrifi
(Materialitat der Zeichen Reihe A, Bd. iz), Munich., 1993, 233-255-
126 EGIPTO

i 16

con m i s propios brazos ,

y no hay puertas ni pilares extraños en esta tumba.
Pues yo he enseñado al A l t o Egipto a combatir
y a sellar su corazón a esta tierra.
H e conseguido que me alaben p o r mis fuertes puertas,
mis puertas y mis sepulcros,
pues yo hice este sepulcro de madera
del bosque que hay en el n o m o de los dos señores ( K o p t o s ) .
¡Nadie puede decir lo.mismo!
Soy el héroe sin igual.
E s t í p i c o y e n t e r a m e n t e t r a d i c i o n a l q u e la i n v i o l a b i l i d a d d e las
t u m b a s se f u n d a m e n t e e n la l e g i t i m i d a d de s u c o n s t r u c c i ó n , y ésta a
1 7
s u v e z e n la s a l v a g u a r d i a d e las r e l a c i o n e s d e p r o p i e d a d . J a m á s
d e b e n r e u t i l i z a r s e c o m p o n e n t e s d e t u m b a s m á s a n t i g u a s , es d e c i r , la
t u m b a n o p u e d e s e r e r i g i d a a c o s t a d e o t r a s t u m b a s . D e a h í q u e se
insista t a n t o e n la c o n s t r u c c i ó n p o r u n o m i s m o .
D i pan al hambriento
y vestido al desnudo,
u n g í al no u n g i d o ,
calcé al descalzo,
di mujer a quien n o tenía mujer.

Hasta a q u í , A n j t i f i se m a n t i e n e a ú n hasta c i e r t o p u n t o e n la t r a d i -
c i ó n de la biografía idealizada. P e r o a h o r a pasa a las obras de a p r o v i s i o -
n a m i e n t o , q u e n o se c i ñ e n s i m p l e m e n t e a la n o r m a de la b e n e f i c e n c i a
( s o l i d a r i d a d vertical), s i n o a la n u e v a figura d e l p a t r ó n y m a g n a t e :

Mantení a Mo'alla y a [ H o r - m e r ] , ,
cuando el cielo estaba nublado y la tierra azotada por la tempestad;
[todo el m u n d o moría] de hambre
sobre este banco de arena de A p o p i s .
[El sur llegó hasta mí] c o n sus hombres,
el norte c o n sus hijos.
El trajo este aceite selecto cambiarlo (?) p o r m i cebada del A l t o '
Egipto, que le fue dada.

16 Cfr. CGzo 007.4; Urkl, 151.3: Dendereh pl. II, pl. 13; cfr. (MI144.16; BM 1164.3;
BM1671.I.'
17 C/r. mi Ma'ot (i, nota 91) 97-99.
 11/3. M E N S A J E S

Mi cebada del A l t o Egipto fue río arriba hasta Wawat,

y río abajo hasta T i n i s .
T o d o el Alto Egipto moría de hambre.
T o d o el m u n d o se comía a sus hijos.
Pero nunca permití que u n o muriera de hambre en este n o m o .
He hecho al A l t o Egipto u n préstamo de semillas
y prestado (?) cebada del A l t o Egipto al Bajo Egipto.
Esto n o es nada que hayan hecho alguna vez los gobernantes ante-
riores.
Nunca u n caudillo de este n o m o ha hecho algo semejante.
Pero he conservado la casa de Elefantina,
he mantenido a Iat-Negen en estos años,
después de que Mo'alia y H o r - m e r quedaran satisfechas.
Esto n o es nada que hayan hecho mi padre y mis antepasados.
Fui una montaña para Mo'alla
y una fresca sombra para H o r - m e r .

T o d o este país va ahora como la langosta al viento.

U n o va río abajo
otro río arriba, ' . '
pero yo nunca permití que u n necesitado de este n o m o acabara en
otro n o m o .
Y o soy (un héroe sin igual).

E n c o n t r a m o s a q u í el t e m a t í p i c o d e las i n s c r i p c i o n e s d e l P r i m e r
P e r í o d o I n t e r m e d i o : escasez y a p r o v i s i o n a m i e n t o . E l a p r o v i s i o n a -
m i e n t o del p r o p i o n o m o e n t i e m p o s de p e n u r i a es el p r i m e r o y m á s
d e s t a c a b l e f u n d a m e n t o l e g i t i m a d o r d e l d o m i n i o q u e e j e r c e n estos
m a g n a t e s . « B a n c o de a r e n a » es la m e t á f o r a t í p i c a d e la escasez. Y el
« b a n c o d e a r e n a d e A p o p i s » es u n r e f o r z a m i e n t o d e la m i s m a * L a
e x p r e s i ó n se r e f i e r e n o r m a l m e n t e al viaje d e l d i o s S o l e n s u b a r c a .
A p o p i s es el n o m b r e d e l e n e m i g o d e l s o l , q u e b a j o la f o r m a d e u n a
g i g a n t e s c a s e r p i e n t e a m e n a z a a la b a r c a s o l a r c o n d e t e n e r l a b e b i é n -
d o s e el o c é a n o e s t e l a r h a s t a h a c e r q u e a p a r e z c a n b a n c o s d e a r e n a
p o c o p r o f u n d o s y así la b a r c a s o l a r n o p u e d a s e g u i r n a v e g a n d o y el
1 8
c u r s o d e l s o l se d e t e n g a . C o n esta m e t á f o r a , l a d e s g r a c i a l o c a l
adquiere dimensión cósmica.

l8 Cfr. al respecto pp. 257-268.

 128 EGIPTO

La metáfora del b a n c o d e arena ha servido s i e m p r e para a t r i b u i r esta

escasez a las crecidas d e l N i l o d e m a s i a d o bajas y, p o r t a n t o , a causas
naturales. Y el mérito particular de los p r í n c i p e s del n o m o h a b r í a c o n -
sistido en haber almacenado d u r a n t e los años de a b u n d a n c i a la cantidad
suficiente de cereales p a r a resistir l o s a ñ o s de escasez —el m o t i v o de la
historia bíblica de José. P e r o u n o de ellos, K e t i de A s s i u t ( t u m b a v ) , se
vanagloria de haber t o m a d o u n a m e d i d a distinta: la i n t r o d u c c i ó n d e l
riego artificial. K e t i construye u n canal d e 10 c o d o s de a n c h o para regar
los campos hbsw, que se s u p o n e e r a n d o m i n i o s estatales e n los q u e t r a -
bajaban los campesinos (hsbw) o b l i g a d o s a prestar sus servicios. C o n esta
nueva forma de p r o d u c c i ó n p u d o abastecer a su n o m o :

«Yo soy uno que tiene abundante cebada del norte —cuando hay
carestía (general)—, u n o que p r o v e e a la ciudad de alimentos
racionados con la medida md.3t. Y o permití que el ciudadano y su
I 9
mujer, la viuda y su hijo se llevaran la cebada del n o r t e . . . » .

Hay m u c h a s otras v o c e s d e esta c l a s e . N o c a b e d u d a r d e q u e esta

é p o c a de p e n u r i a fue h i s t ó r i c a m e n t e r e a l . S i se t o m a n e s t o s t e x t o s
c o m o fuentes, c o m o i n d i c i o s y, p o r t a n t o , c o m o h u e l l a s d e a c o n t e -
ceres reales, hay que a d m i t i r q u e e n e l E g i p t o d e a q u e l l a é p o c a h u b o
p e n u r i a y crisis de a b a s t e c i m i e n t o . P e r o es n o t o r i o q u e n o es esta
situación lo que estos textos p r e t e n d e n d a r a c o n o c e r a sus l e c t o r e s e n
p r i m e r t é r m i n o . S u a s u n t o p r i n c i p a l n o s o n las c r i s i s d e a b a s t e c i -
m i e n t o , s i n o la c o n f i r m a c i ó n p e r s o n a l d e l o s p r o p i e t a r i o s d e las
tumbas. La s i t u a c i ó n de p e n u r i a sirve c o m o f o n d o a este t e m a .

Anjtifi prosigue en su i n s c r i p c i ó n c o n u n a autoalabanza que

refleja, más allá del p l a n o h i s t ó r i c o , u n a característica u n i v e r s a l :

Soy noble y poseo riquezas,

soy un Apis poseedor de bueyes,
un Sechat-Hor poseedor de cabras,
un Nepre poseedor de los cereales del A l t o Egipto,
una 7aííf (diosa tejedora) poseedora de ropajes.

L a c o m p a r a c i ó n c o n d i v i n i d a d e s es t a m b i é n u n a d e las g r a n d e s
n o v e d a d e s de estos t e x t o s . L a e s t e l a d e M e n t u h o t e p d e L o n d r e s es
p a r t i c u l a r m e n t e afín al texto de A n j t i f i :

19 Schenkel, Bewasserungsrevolution, 30 s.
 11/3. M E N S A J E S 129

Soy u n hijo de Nepre, u n esposo de Taüt (la diosa tejedora)

alguien a quien Sechat-Hor da bueyes.
Rico poseedor de todas las piedras preciosas,
2 0
u n Meskenety u n Khmim, que crea h o m b r e s .

E s t a f o r m a l l e g a r á a s e r u n c o m p o n e n t e d e la e u l o g i a r e a l d e l
R e i n o M e d i o . Y a h e m o s citado u n ejemplo más arriba: el c o m i e n z o
d e la d o c t r i n a lealista. A n j t i f i p a r e c e h a b e r s i d o c o n s c i e n t e de la o s a -
día d e c o m p a r a r s e a u n d i o s , p u e s a ñ a d e l a s i g u i e n t e p u n t u a l i z a d o n :

Digo todo esto como una verdad:

nada hay aquí de cargos de necrópolis.

« C a r g o s d e n e c r ó p o l i s » es u n a e x p r e s i ó n q u e se e n c u e n t r a a
2 1
m e n u d o e n las i n s c r i p c i o n e s d e esta é p o c a . A l u d e a t í t u l o s , f u n -
c i o n e s y m é r i t o s q u e se c i t a n e n las i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s s i n
h a b e r l o s o b t e n i d o , d e s e m p e ñ a d o , r e c i b i d o , e t c . e n v i d a . A q u í se
hace manifiesto u n interesante concepto de « f i c c i ó n » c o m o p r o -
b l e m a d e g a r a n t í a d e u n a c o s a : el « c a r g o d e n e c r ó p o l i s » es d e s e n -
mascarado c o m o u n a especie de c h e q u e e n d e s c u b i e r t o . U n a
reserva, que p u d o haberse extendido e n los últimos t i e m p o s del
R e i n o A n t i g u o , a n t e l a m a n e r a d e p r e s e n t a r s e l o s f u n c i o n a r i o s a sí
m i s m o s —con s u s i n n u m e r a b l e s c a r g o s s i e m p r e f i c t i c i o s — , q u e es
e x p l í c i t a m e n t e r e c h a z a d a p o r l a n u e v a clase d e l o s o s t e n t a d o r e s d e l
poder «realmente existente».

E n las siguientes líneas aparece el m o t i v o de la « j u s t i c i a s a l v a d o r a » .

Y o salvé al débil del fuerte,

yo me preocupé p o r la situación de la viuda.

E n la dinastía VI a p a r e c e p o r p r i m e r a v e z el leitmotiv d e la « s o l i d a -
2 2 2 3
ridad vertical» e n las i n s c r i p c i o n e s b i o g r á f i c a s d e las t u m b a s . Este
m o t i v o n o e s , p u e s , n u e v o ; n o se c u e n t a e n t r e las f o r m a s d e e x p r e -
s i ó n de u n a c o n c i e n c i a nueva q u e aparecen p o r vez p r i m e r a e ñ el

20 Londres UG 14333, ed. Goedicke,/£A 48, 25 ss., ?6 líneas 6-7.

0
21 Pasajes textuales. MfíTn. 28; 104.
22 Cfr. al respecto mi Ma'at,passim.
23 (Urk I 199.2, 200, 17) en la forma nhm.n.jm^rm-'wsrjr.f (m) shm.t.n.jjm «Yo salvé al
débil de las garras del que era más fuerte que él cuando estuvo en mi mano
hacerlo».
 EGIPTO
130

P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . P e r o j u e g a u n g r a n p a p e l e n las b i o g r a -
2 4
fías d e la é p o c a :

Fui la boca del ejército

hasta el límite de Elefantina y hasta el límite de A r m a n t e Iusut.
Nunca cayó la desgracia sobre m í .
Fui la boca del ejército de reclutas en Mo'alla
y en toda región a la que era peligroso descender.
N u n c a cayó la desgracia sobre m í
gracias a mis fuertes arcos y m i excelente planificación.
Pero quien escuchó mi consejo,
también se libró de la desgracia.
Q u i e n me escuchó a mí, alabó al dios.
Pero quien n o me escuchó, dijo « ¡ a y ! » . . .
... es l o que h i z o .
Pues yo soy el refugio del medroso
y la fortaleza que acoge al h u i d o .
Y o soy u n héroe (sin igual).

R e a p a r e c e a q u í c l a r a m e n t e l a ley d e l a l e a l t a d . L a s u e r t e y l a d e s -
gracia d e l i n d i v i d u o d e p e n d e n d e s u d e c i s i ó n p o r o c o n t r a el p a t r ó n ,
p o r o c o n t r a la o b e d i e n c i a . Q u i e n se d e c i d e p o r e l p a t r ó n y l e es fiel,
n o debe preocuparse: n o padecerá n i n g u n a desgracia. Q u i e n i g n o r a
su c o n s e j o , t e r m i n a a r r e p i n t i é n d o s e . E l p r i n c i p i o d e l a l e a l t a d p o l a -
riza la s o c i e d a d e n l o s q u e s o n a m i g o s y l o s q u e s o n . e n e m i g o s . E l l o se
debe a q u e la r e l a c i ó n de p a t r ó n y cliente n o es, c o m o ya h e m o s
dicho, u n a relación natural, sino contingente. U n o puede decidirse
p o r otro p a t r ó n o vivir i n d e p e n d i e n t e c o n f i a n d o e n sus p r o p i a s
fuerzas. L a s u b o r d i n a c i ó n a u n p a t r ó n d e t e r m i n a d o n o es u n v í n c u l o

24 J.M.A. Janssen, De traditioneele egyptische autobiografe vóór hetNieuwe Rijk, Leiden, 1947, I,
72s. Bhl-15. Vandier ofrece los siguientes textos paralelos:
jnkgrtnhmm3rm-'wsr
«Pero yo soy alguien que salva al débil del fuerte» (Hatnub Gr. 18,8)
nhmhgrttw3 m3r
«El que salva a la viuda y auxilia al débil» (Hatnub Gr. 20,7)
jw nhm.n.j m^rm- wsr
«He salvado al débil del fuerte.» (Hatnub Gr. 24.5)
jrtksd nhn qrsj3w nhm m3rjj
«Yo soy alguien que rescata al huérfano, entierra al anciano y salva al débil» (Men-
tuhotep Londres UG 14333)
jw nhm.n.j m3r m-'wsrjr.f
«Salvé al débil del que era más fuerte que él» (Dendereh TTa=ÍM I, 269)
 11/3. M E N S A J E S

social s i n alternativa. P o r eso t i e n e i m p o r t a n c i a la d e c i s i ó n , si es a q u í

es d e v e r d a d p o s i b l e u n a d e c i s i ó n . E l p a t r ó n t i e n e o t r o s p a t r o n e s
c e r c a d e é l . P o r e s o p i d e f i d e l i d a d a sus c l i e n t e s . E s u n señor
« c e l o s o » e n el s e n t i d o b í b l i c o de la p a l a b r a . E s t o s c e l o s m o t i v a n la
g r a n d i o s i d a d d e las a u t o r r e p r e s e n t a c i o n e s d e l o s p r í n c i p e s d e l o s
n o m o s , q u e t a n l l a m a t i v a m e n t e c o n t r a s t a n c o n la l a b o r s i l e n c i o s a de
los reyes d e l R e i n o A n t i g u o .
Raras veces se m u e s t r a la a c c i ó n r e c í p r o c a e n t r e t r a n s f o r m a c i o n e s
sociales y s e m á n t i c a s t a n c l a r a m e n t e c o m o e n l o s m e n s a j e s d e l P r i m e r
P e r í o d o I n t e r m e d i o . E l n u e v o t i p o social del p a t r ó n , q u e trata de
u n i r a sus c l i e n t e s y s e g u i d o r e s , da o r i g e n a u n a n u e v a f o r m a c i ó n de
sentido y a u n a nueva retórica. P o d e m o s caracterizarlas c o n los t é r -
m i n o s « c r i s i s » , « a c c i ó n s a l v a d o r a » y « d e c i s i ó n » . S i n d u d a es Anj^-
tifi m á s q u e u n p a t r ó n : es u n p r í n c i p e . P e r o e n sus afanes p o r e x t e n -
d e r su d o m i n a c i ó n a o t r o s n o m o s , es d e c i r , d e a m p l i a r s u c l i e n t e l a ,
se sirve d e la m i s m a r e t ó r i c a .
L a r e t ó r i c a de la crisis y d e la a c c i ó n s a l v a d o r a p r e s e n t a al p a t r ó n
c o m o u n s a l v a d o r , c u y a o b r a d e a p r o v i s i o n a m i e n t o h a g u a r d a d o al
n o m o d e catástrofes q u e s i n él h a b r í a n s i d o s e g u r a s y g e n e r a l i z a d a s .
P o r eso es esta r e t ó r i c a c o m o u n a p i n t u r a e n b l a n c o y n e g r o . C u a n t o
m a y o r la p e n u r i a , m á s g r a n d e el salvador. Esta i n t e r p r e t a c i ó n se c i ñ e
al s e n t i d o d e l o s textos, y n o e n t r a e n la r e f e r e n c i a q u e e n e l l o s p u e d a
h a b e r a la r e a l i d a d . N o n o s p r e g u n t a m o s s i m p l e m e n t e a q u é r e a l i d a d
h i s t ó r i c a c o r r e s p o n d e r í a n estas a l u s i o n e s a s i t u a c i o n e s d e crisis y de
caos, s i n o s o b r e t o d o p o r q u é se h a b l a de ellas y q u é se p r e t e n d e c o n
su d e s c r i p c i ó n . S e p u e d e r e s p o n d e r a esta p r e g u n t a c o n s i d e r a n d o el
n u e v o p a r a d i g m a s o c i o - s e m á n t i c o d e l p a t r ó n y la r e t ó r i c a d e la
acción salvadora.
O b v i a m e n t e , estas d e s c r i p c i o n e s n o p u e d e n ser p e r f e c t a m e n t e c o n -
trafácticas. E s m u y p l a u s i b l e q u e el sistema e c o n ó m i c o e g i p c i o n o
p u d i e r a sostenerse s i n q u e u n « h o m b r e f u e r t e » se h i c i e r a cargo de su
s i t u a c i ó n p o r q u e los m e c a n i s m o s autorregulativos de u n a e c o n o m í a de
m e r c a d o de p e q u e ñ a s d i m e n s i o n e s h u b i e r a n sido sistemáticamente
d e s m o n t a d o s e n el R e i n o A n t i g u o y t r a s l a d a d o s a las e s t r u c t u r a s de
grandes d i m e n s i o n e s de u n a e c o n o m í a central de a p r o v i s i o n a m i e n t o , la
cual n o p o d í a f u n c i o n a r sin alguna f o r m a de o r g a n i z a c i ó n . E l d e s m o -
r o n a m i e n t o de la o r g a n i z a c i ó n e c o n ó m i c a estatal c r e ó u n vacío de p l a -
nificación y aprovisionamiento del que p u d i e r o n surgir los magnates
d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . E l l o s d e s c r i b e n este vacío c o m o caos.
 132 EGIPTO

E n esta p i n t u r a p o l a r i z a d o r a e n b l a n c o y n e g r o se basa t a m b i é n la
retórica de la d e c i s i ó n . E n ella, el d e s t i n o d e l leal y el d e l i g n o r a n t e ,
o sea, el r e b e l d e , a p a r e c e n c o n t r a p u e s t o s . L a o p o s i c i ó n de m i s e r i a y
salvación, y caos y o r d e n a p a r e c e a q u í « a n t r o p o l o g i z a d a » , es d e c i r ,
r e f e r i d a a los h o m b r e s y su d e s t i n o v i t a l , r a d i c a d a e n e l l o s y c o n c e -
bida c o m o e x p r e s i ó n de u n a actitud y u n a d e c i s i ó n i n t e r i o r e s . N o se
trata a q u í de la m i s e r i a q u e r e i n a e n el p a í s , s i n o d e la m i s e r i a « b i o -
g r á f i c a » que alcanza al i n d i v i d u o si t o m a la d e c i s i ó n e q u i v o c a d a . L a
retórica de la d e c i s i ó n s u p o n e la a n t r o p o l o g i z a c i ó n de la a c c i ó n s a l -
v a d o r a . E l p a t r ó n se c o n v i e r t e e n s a l v a d o r d e l i n d i v i d u o , c u y o d e s -
tino él c a m b i a .
Esta a n t r o p o l o g i z a c i ó n v i e n e a c o m p a ñ a d a de la c o n s t r u c c i ó n de u n
o r d e n de r e l a c i o n e s e n t r e a c c i o n e s y r e s u l t a d o s q u e c o n s t i t u y e el
aspecto más i m p o r t a n t e de la n u e v a f o r m a c i ó n d e s e n t i d o . G o m o el
bienestar del i n d i v i d u o d e p e n d e de q u e su d e c i s i ó n sea la correcta, su
suerte o su desgracia s ó l o a él s o n a t r i b u i b l e s . A s í se explica el énfasis
c o n q u e los i n d i v i d u o s de esta é p o c a i n s i s t e n e n q u e « n u n c a la d e s -
gracia cayó s o b r e e l l o s » . E l i n f o r t u n i o s u p o n e c u l p a b i l i d a d , y la
suerte m é r i t o . L a suerte es señal i n e q u í v o c a d e q u e u n o Ka e l e g i d o el
p a t r ó n a d e c u a d o y le h a s e r v i d o c o n f i d e l i d a d . E n la r e t ó r i c a de la
d e c i s i ó n , el p a t r ó n se p r e s e n t a c o m o s a l v a d o r b i o g r á f i c o , c a p a z d e
cambiar el destino i n d i v i d u a l y de g u a r d a r al i n d i v i d u o de la desgracia.
 -4. RECUERDOS

L a m o n a r q u í a d e l R e i n o M e d i o , d e la q u e t r a t a r e m o s e n la t e r c e r a
p a r t e , a d o p t a la f o r m a c i ó n de s e n t i d o « p a t r o n a l » d e l P r i m e r P e r í o d o
I n t e r m e d i o , y c o n ella l a r e t ó r i c a d e la c r i s i s , la d e c i s i ó n y la a c c i ó n
s a l v a d o r a . D e l m i s m o m o d o q u e l o s m a g n a t e s y l o s p r í n c i p e s de l o s
n o m o s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o l e g i t i m a n su a c t u a c i ó n s o b e ­
r a n a e v i t a n d o u n a catástrofe q u e , s i n e l l o s , se e x t e n d e r í a a t o d a s p a r ­
t e s , e l E s t a d o d e l R e i n o M e d i o se l e g i t i m a e v i t a n d o u n a c a t á s t r o f e
c o m o la d e l p a s a d o . E s t a c a t á s t r o f e se r e p r e s e n t a ahora como
r e c u e r d o de l o q u e s u c e d i ó e n el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . D i c h o
c o n otras p a l a b r a s : el R e i n o M e d i o n e c e s i t a al P r i m e r P e r í o d o I n t e r ­
m e d i o e v o c a d o c o m o u n c a o s d e l q u e . p u e d e e s t a r a salvo p o r q u e
a d o p t a la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . P o r
eso d e b e p e r m a n e c e r c o m o r e c u e r d o la i m a g e n d e ese c a o s . P e r o ,
m i e n t r a s q u e los p r í n c i p e s de l o s n o m o s , l o s m a g n a t e s , l o s condottieriy
l o s p a t r o n e s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o se r e f i e r e n a este caos
c o m o a u n a calamidad más o m e n o s real y reinante e n todas partes
m e n o s e n su d e m a r c a c i ó n , p a r a así d e s t a c a r s e t a n t o m á s c o n t r a . e s e
f o n d o negativo y perpetuarse c o m o salvadores, l a ; m o n a r q u í a del
R e i n o M e d i o se s o s t i e n e s o b r e el r e c u e r d o d e l p a s a d o . S u d o m i n i o lo
a b a r c a t o d o , de m o d o q u e n o p u e d e estar a salvo d e estados c a ó t i c o s
s i m u l t á n e o s . E n u n r e i n o u n i d o n o h a y « l o s o t r o s » a l o s q u e les va
m a l ; l o f o r á n e o n o t i e n e a q u í c a b i d a . D e a h í q u e l o o t r o , la s i t u a c i ó n
d e p e n u r i a evitada p o r el rey, sea e s t i l i z a d a e n u n a f i c c i ó n q u e t i e n e
su s o s t é n e n el p a s a d o .
 EGIPTO
134

A esta a m p l i a c i ó n de la crisis, q u e d e l « m u n d o p a r t i c u l a r » , de l a
propia esfera de a p r o v i s i o n a m i e n t o , se e x t i e n d e al «mundo
e n t e r o » c u a l c r i s i s r e i n a n t e « e n t o d a s p a r t e s » , c o r r e s p o n d e la
a m p l i a c i ó n d e la d e s c r i p c i ó n d e l c a o s , q u e d e m o t i v o s u b a l t e r n o
d e n t r o d e l c o n t e x t o a r g u m e n t a t i v o se c o n v i e r t e e n una. f o r m a l i t e ­
raria i n d e p e n d i e n t e . Esto s ó l o p u e d e s u c e d e r e n el p l a n o más e l e ­
v a d o , e n e l p l a n o d e la r e s p o n s a b i l i d a d f a r a ó n i c a a n t e e l m u n d o .
S ó l o el f a r a ó n p u e d e v a l e r c o m o p r o t a g o n i s t a d e u n a a c c i ó n s a l v a ­
d o r a g l o b a l , c o m o a q u e l q u e está e n c o n d i c i o n e s d e s a l v a r a u n
m u n d o d e s q u i c i a d o . E n este p l a n o , la r e t ó r i c a d e la a c c i ó n s a l v a ­
d o r a avanza h a c i a u n m e s i a n i s m o p o l í t i c o q u e d i s t i n g u e a l a f o r m a ­
c i ó n de s e n t i d o p r o p i a del R e i n o M e d i o . L a g r a n m i s i ó n que la
d i n a s t í a X I I c r e y ó e s t a r c u m p l i e n d o n o es o t r a c o s a q u e l a f o r m a
a c e n t u a d a y g e n e r a l i z a d a de la i d e o l o g í a p a t r o n a l del P r i m e r P e ­
ríodo Intermedio.
E l m e s i a n i s m o p o l í t i c o d e la d i n a s t í a XII e n c u e n t r a su e x p r e s i ó n
e n u n t e x t o c o n o c i d o c o m o La profecía de Neferti. Esta o b r a t r a t a p r i n ­
cipal y extensamente del papel del nuevo. Estado c o m o institución
s a l v a d o r a . E n ella n o se h a b l a s ó l o d e a p r o v i s i o n a m i e n t o y p r o t e c ­
c i ó n , d e l o r d e n e c o n ó m i c o y p o l í t i c o , s i n o d e l o r d e n c ó s m i c o e n el
m á s a m p l i o s e n t i d o . E l t e x t o se h a c o n s e r v a d o e n u n p a p i r o d e l a
d i n a s t í a XVIII, así c o m o e n m u c h a s ostraka r a m é s i d a s . Y f u e u n o d e
l o s t e x t o s c l á s i c o s m á s c é l e b r e s d e la t r a d i c i ó n e s c o l á s t i c a .
L a f i c c i ó n e n q u e se e n m a r c a n o s m u e s t r a al r e y S n e f r u d e s e o s o
de conversar c o n u n « s a b i o » . L l a m a a Neferti, u n típico r e p r e s e n ­
t a n t e de la n u e v a élite i n t e l e c t u a l d e l R e i n o M e d i o , q u i e n p r o f e t i z a al
rey el f u t u r o —prueba m á x i m a d e sabiduría—.
L a p r o f e c í a d i b u j a , e n el estilo de las d e s c r i p c i o n e s de s i t u a c i o n e s
c a ó t i c a s , u n m u n d o t r a s t o c a d o . T r e s d i m e n s i o n e s d e l o r d e n y la
c o n e x i ó n de las cosas, o , p a r a i n t r o d u c i r a q u í u n c o n c e p t o q u e será
f u n d a m e n t a l p a r a t o d a s las f o r m a c i o n e s d e s e n t i d o d e l R e i n o M e d i o
h a s t a el p e r í o d o g r e c o r r o m a n o , d e l a « c o n e c t i v i d a d » a p a r e c e n e n
estas d e s c r i p c i o n e s d e l caos e n estado de d i s o l u c i ó n o de i n v e r s i ó n : el
o r d e n c ó s m i c o , la j u s t i c i a s o c i a l y el a m o r e n t r e l o s h o m b r e s .
E l o r d e n n a t u r a l d e l o s e l e m e n t o s es d e s t r u i d o :

LuZ:
El cielo está nublado y el sol no calienta, los hombres p u e d e n ver,
pero n o se puede vivir cuando las nubes ocultan (el s o l ) . . .
 IIIU. R E C U E R D O S 135

Agua:
el río de Egipto se ha secado, se lo puede cruzar a pie.
El caudal es ribera, la ribera es caudal.
Aire:
El viento del sur peleará c o n el viento del norte,
y en el cielo habrá u n único y permanente huracán.

E l v í n c u l o e n t r e el C r e a d o r y la C r e a c i ó n se r o m p e :

Re se separará de los hombres.

Todavía asciende a su hora,
pero nadie puede ya saber cuándo es mediodía,
pues n o se p u e d e n distinguir las sombras.
Nadie mirándolo es deslumhrado.

L o que fue creado es destruido.

Re puede volver a empezar la creación.
La tierra está arruinada toda ella, sin resto,
n o ha quedado ni lo negro bajo la uña
de lo que Re ha puesto en ella.

E l o r d e n s o c i a l está cabeza a b a j o :

Te muestro el país gravemente e n f e r m o .

El débil es ahora fuerte,
se saluda al que no saludaba.
T e muestro lo más bajo en lo más alto, lo que reposaba sobre su
espalda lo hace ahora sobre su vientre.
Se vivirá en los cementerios.
El m e n d i g o acumulará tesoros.
. Los pobres comerán pan,
los sirvientes se encumbrarán.

L o s l a z o s h u m a n o s m á s í n t i m o s se r o m p e n :

Te muestro al hijo c o m o adversario, al h e r m a n o c o m o enemigo,

a u n h o m b r e que mata a su padre.

P e r o al f i n a l se p r o f e t i z a la v e n i d a d e l s a l v a d o r , u n rey

que llegará del sur, de n o m b r e A m e n i ,

hijo de una mujer de Ta-Seti, u n hijo del A l t o Egipto.
 136 EGIPTO

Entonces volverá Ma'at a su lugar,

mientras Isfet es expulsado.

T o d a v í a se d i s c u t e c ó m o h a y q u e e n t e n d e r las d e s c r i p c i o n e s d e
este t e x t o . U n o s las t i e n e n p o r d e s c r i p c i o n e s h i s t ó r i c a m e n t e m á s o
m e n o s fieles d e h e c h o s a c o n t e c i d o s d u r a n t e el P r i m e r P e r í o d o I n t e r -
2 5
m e d i o . O t r o s las c o n s i d e r a n f i c c i o n e s r i t u a l e s . C a d a rey, se a r g u y e ,
a p a r e c e e n E g i p t o c o m o g a r a n t e d e l o r d e n , M a ' a t . C a d a rey t i e n e la
m i s i ó n de m a n t e n e r a M a ' a t e n l u g a r d e Isfet. P o r eso se h a c e r e s a l -
t a r su s e n t i d o e n este m u n d o m e d i a n t e d e s c r i p c i o n e s f i c t i c i a s d e
s i t u a c i o n e s c r e a d a s p o r Isfet, a las q u e su e x i s t e n c i a p o n e r e m e d i o .
N a d i e e n t e n d e r í a la m o n a r q u í a si n o se l e m o s t r a r a l a s i t u a c i ó n d e
u n m u n d o s i n m o n a r c a . E s e « m u n d o d e l a m e n t a c i o n e s » , se a d u -
c i r á , es u n m u n d o f i c t i c i o c o n t r a r i o al m u n d o d e s e g u r i d a d y o r d e n
d e c u y a c o n s e r v a c i ó n el R e i n o M e d i o se h a c e r e s p o n s a b l e . A q u e l
m u n d o p e r t e n e c e a la i d e o l o g í a d e l b u e n p a s t o r . Se trata, e n d e f i n i -
2 6
tiva, d e escritos p o l í t i c a m e n t e t e n d e n c i o s o s s i n base h i s t ó r i c a . Esta
t e o r í a t i e n e m u c h o e n su favor, y era n e c e s a r i a para s u p e r a r la l e c t u r a
h i s t ó r i c a i n g e n u a d e estos t e x t o s p o r la e g i p t o l o g í a a n t e r i o r . N o s h a
a b i e r t o los o j o s al c a r á c t e r l i t e r a r i o d e este d i s c u r s o . P e r o n o da p l e -
n a m e n t e e n el b l a n c o . N o p u e d e e x p l i c a r p o r q u é el g é n e r o l i t e r a r i o
d e la l a m e n t a c i ó n y el t ó p i c o d e la d e s c r i p c i ó n d e l caos p o l í t i c o flo-
r e c i ó p r e c i s a m e n t e e n el R e i n o M e d i o . S i a q u í se tratase s ó l o d e u n a
f i c c i ó n r i t u a l q u e p i n t a el c a o s q u e cada rey aleja, h a b r í a q u e e s p e r a r
q u e h u b i e r a t e x t o s c o m o éstos d e otras é p o c a s . L o c u a l n o es el c a s o .
Las ú n i c a s d e s c r i p c i o n e s d e caos d e t i e m p o s p o s t e r i o r e s p r o c e d e n d e l
T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o (la carta l i t e r a r i a P . M o s c ú 127) y de l o s
2 7
t i e m p o s de las d o m i n a c i o n e s p e r s a y g r i e g a , esto es, d e é p o c a s d e
crisis e n las q u e l o s e g i p c i o s t u v i e r o n e x p e r i e n c i a s p a r e j a s , las c u a l e s

25 Por ejemplo, Barta, W., «Die Erste Zwischenzeit im Spiegel der pessimistischen
-
Litex-atur», en/i). ErOrienfeLux 24 (1974-75). S ° 6 l .
26 G. Bjorkman (1964) «Egyptology and Historical Method», en 0 ríen ta lia Sueca na 13,
9-33. E. Hornung, Geschichte ais Fest. Zjoei Vortrage zum Geschichtsbild derfrühenMenschheit,
Darmstadt, 1966, 27; W. Schenkel, «Repéres chronologiques de l'histoire redactio-
nelle des Coffin Texts», en W. Westendorf (ed.), Góttinger ToienbucMudien. Beitragézum
lJ.Kapitel. GOFIV.3, 1975, 29-31; M. Lichtheim, AnáentEgyptianLiterature I, Berkeley,
1973, 134 s., 139, 149 s.¡ Junge, F. (l977)> «Die Welt der Klagen», en Fragen an die
allagyptische Literatur (Gedenkschrift E. Otto), Wiesbaden, 275-284.
27 Oráculo del alfarero, cfr. pp. 478 s.
 II M . R E C U E R D O S 137

e n c o n t r a r o n e n este t i p o d e textos u n a e x p r e s i ó n s i m b ó l i c a y, c o m o
d e c o s t u m b r e , l i t e r a r i a , estilizada, elevada.
La Profecía de Neferti n o es n i u n a d e s c r i p c i ó n h i s t ó r i c a n i u n a f i c c i ó n
r i t u a l i d e o l ó g i c a , s i n o u n r e c u e r d o c o d i f i c a d o . L a Profecía de Neferti da
f o r m a al r e c u e r d o —aquel e n q u e el R e i n o M e d i o m i r a atrás, al P r i m e r
P e r í o d o Intermedio—, c o n v i r t i é n d o l o e n s í m b o l o , e n f i g u r a d o n a d o r a
de sentido. T o d o recuerdo p r o c e d e reconstructivamente: reconstruye
el p a s a d o , c o m o h e m o s a p r e n d i d o de M a u r i c e H a l b w a c h s , a j u s t á n d o l o
2 8
a las c o n d i c i o n e s d e l p r e s e n t e . P e r o esto n o c o n v i e r t e n i m u c h o
m e n o s el r e c u e r d o e n p u r a i n v e n c i ó n . N o hay n i n g u n a i m a g e n a u t é n ­
tica d e l p a s a d o q u e p u e d a m a n t e n e r s e l i b r e d e i n t e r v e n c i o n e s r e c o n s -
tructoras e n la m e m o r i a , n i n i n g ú n recuerdo p u r a m e n t e fantasmagó­
r i c o , d e s n u d o d e t o d a e x p e r i e n c i a p o s t e r i o r ; y esto v a l e t a n t o p a r a la
m e m o r i a i n d i v i d u a l c o m o p a r a la c o l e c t i v a y l a c u l t u r a l . N o existe e l
p a s a d o « e n s í » , s i n o s ó l o e l p a s a d o r e c o r d a d o . Y e l p a s a d o es r e c o r ­
d a d o c u a n d o se n e c e s i t a r e c o r d a r l o . L a dinastía XII n e c e s i t ó r e c o r d a r
el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o c o m o l a é p o c a i n f o r t u n a d a q u e e l l a
s u p e r ó , y u t i l i z a r e l m e d i o d e l a l i t e r a t u r a p a r a s i m b o l i z a r este
29
r e c u e r d o n e c e s i t a d o y estabilizarlo a s í . L a Profecía de Neferti sirvió p a r a
c o d i f i c a r e l r e c u e r d o e n e l m e d i o n u e v o d e la l i t e r a t u r a . L a d e s c r i p ­
c i ó n literaria del caos proyecta, c o m o figura d e l r e c u e r d o , exacta­
m e n t e la m i s m a i m a g e n de u n m u n d o d o n d e r e i n a n el m i e d o y la
a t r o c i d a d , la v i o l e n c i a , la d e s o r i e n t a c i ó n , l a d i s g r e g a c i ó n , l a a g r e s i v i ­
d a d y e l h a m b r e q u e se aprecia e n l o s mensajes, p o r e j e m p l o e n l a d e s ­
c r i p c i ó n d e A n j t i f i . E l texto l i t e r a r i o r e f u e r z a c o n sus p r o p i o s r e c u r ­
sos esta i m a g e n d e la q u e f u e u n a é p o c a p e n o s a , p i n t a n d o u n m u n d o
i n v e r t i d o , u n caos t o t a l , e n e l q u e i n c l u s o e l o r d e n d e la n a t u r a l e z a
aparece g r a v e m e n t e t r a s t o r n a d o . L a d e s c r i p c i ó n d e l caos n o p i n t a a q u í
el f o n d o s o b r e él q u e c o n t r a s t a n las o b r a s salvadoras d e l m a g n a t e , s i n o
que o c u p a temáticamente el p r i m e r p l a n o . E n la é p o c a descrita p o r
N e f e r t i n o hay n i n g u n a f i g u r a s a l v a d o r a . E l l u g a r d e l o s m a g n a t e s d e
las i n s c r i p c i o n e s l o o c u p a a q u í e l f u t u r o rey. L a r e l a c i ó n q u e las i n s -

28 M. Halbwachs, Das Gedachtnis undseinesozialenBedingungen, Frankfurt, 1985a (publicado

primero en francés, Lescadressociauxde la mérnoire, París, 1925): del mismo autor, Das
kollektive Gedachtnis, Frankfurt, 1985 (primera ed. en alemán, Stuttgar.t, 1967) (en
francés La memore collective, París, 1950). Cfr. mi libro Das kulturelle Gedachtnis, Schrifr, Erin-
nerung undpolitische Identitat infrühen Hochkulturen, Munich, 1992, cap. I.
29 A. Assmann, «Stabilisatoren der Erinnerung: Affekt, Symbol Trauma» (manus­
crito inédito).
 EGIPTO
138

c r i p c i o n e s establecen e n t r e la s i t u a c i ó n d e miseria g e n e r a l y la esfera

de la r e s p o n s a b i l i d a d d e l p a t r ó n , e n c a r g a d o d e h a c e r d e s a p a r e c e r la
m i s e r i a , es ahora u n a r e l a c i ó n t e m p o r a l e n t r e u n p r e s e n t e s i n salva­
c i ó n y u n f u t u r o q u e p r o m e t e la salvación. El rey —la i n s t i t u c i ó n d e la
m o n a r q u í a tal c o m o la c o n c i b e el R e i n o Medio— s u c e d e a l o s p r í n c i ­
pes d e los n o m o s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . Y , l o m i s m o q u e
éstos, n e c e s i t a p a r a s u l e g i t i m a c i ó n d e u n a s i t u a c i ó n c a t a s t r ó f i c a
como fondo.
E l p r o b l e m a d e la r e a l i d a d h i s t ó r i c a a q u e h a c e n r e f e r e n c i a estos
textos y del v a l o r d e l o s m i s m o s c o m o fuentes h s i t o r i o g r á f i c a s es b i e n
s e n c i l l o y fácil de d e l i m i t a r . L o s textos se r e f i e r e n d e h e c h o al P r i m e r
P e r í o d o I n t e r m e d i o , p e r o visto éste d e s d e e l R e i n o M e d i o . E l l o s
c o n s t r u y e n el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o c o m o u n pasado d e s v e n t u ­
r a d o , frente al cual el R e i n o M e d i o r e p r e s e n t a el g i r o salvador. P e r o
el m e d i o d e esta r e f e r e n c i a al p a s a d o n o es la h i s t o r i o g r a f í a , s i n o la
3 0
l a m e n t a c i ó n o la « d e s c r i p c i ó n d e l c a o s » . Estas d e s c r i p c i o n e s c u l ­
tivan a m p l i a m e n t e la c o n c i e n c i a del p e l i g r o y la n e c e s i d a d d e p r o t e c ­
c i ó n , p r e s e n t a n d o al f a r a ó n d e l R e i n o M e d i o c o m o el s a l v a d o r y e l
«buen pastor».
P e r o n o ' se h a r á e n t e r a j u s t i c i a al s e n t i d o d e l a d e s c r i p c i ó n d e l
caos e n s u f o r m a l i t e r a r i a d e l a m e n t o p o r u n m u n d o i n v e r t i d o si se
l o r e d u c e a s u f u n c i ó n p o l í t i c a e n e l m a r c o d e u n a r e t ó r i c a d e la
crisis. Esta f u n c i ó n es i n d i s c u t i b l e e n l o s mensajes d e l P r i m e r P e r í ­
o d o I n t e r m e d i o , y es i g u a l m e n t e e v i d e n t e l a r e l a c i ó n existente e n t r e
estos m e n s a j e s , e n l o s q u e la a c c i ó n s a l v a d o r a d e l o s m a g n a t e s sale
s i e m p r e f a v o r e c i d a , y la o b r a l i t e r a r i a Las profecías de Neferti, q u e a n u n ­
cia al rey s a l v a d o r . P e r o t a m b i é n h a y textos d o n d e l o s q u e se l a m e n ­
t a n p o r el m u n d o d e s q u i c i a d o e n e l q u e v i v e n n o t i e n e n l a m i r a d a
p u e s t a e n n i n g ú n rey s a l v a d o r . N o falta q u i e n i n t e n t a r e c o n o c e r e n
estos textos u n r e f l e j o d e las e x p e r i e n c i a s d e al m e n o s c i e r t o s c í r c u ­
l o s d e las capas s u p e r i o r e s c u l t i v a d a s e n l a é p o c a d e d e c a d e n c i a , e
incluye los textos e n u n a t r a d i c i ó n de c o m p o s i c i o n e s literarias
c u y o s c o m i e n z o s p o d r í a n s i t u a r s e e n la é p o c a d e las d i n a s t í a s VI y
VIII.

30 Cfr. al respecto David Frankfurter, Elijah in Upper Egypt, The Apocalypse of Elijah and Early
Christianity, Minneapolis, 1993, en especial cap. 7 = «Ghaosbeschreibung: The Lite-
-I a
rary and Ideological Background of the Apocalypse of Elijah», I 5 9 9 4 y <^P- 8:
«Vaticinio sine Eventibus-. The Use of Egyptiari Chaosbeschreibung Tradition in the
Apocalypse of Elijah», 195-238.
 11/4. RECUERDOS

T o d o s e n t i m i e n t o i n t e n s o de p é r d i d a suscita r e c u e r d o s , y e n ellos
el pasado aparece d e t e r m i n a d o p o r esa e v o c a c i ó n d e lo p e r d i d o . S ó l o
c u a n d o el m u n d o e n q u e hasta e n t o n c e s se h a b í a c o n f i a d o se r o m p e ,
deja el h o m b r e de c o n s i d e r a r l o c o m o u n a r e a l i d a d i n t e m p o r a l c o n la
q u e s i e m p r e se p u e d e c o n t a r p a r a v e r l o c o m o é p o c a h i s t ó i ' i c a .
C u a n t o más i n t e n s a m e n t e sé m i r a al p a s a d o c o m o u n t i e m p o e n cuyo
o r d e n se p o d í a c o n f i a r , más extraño y c a ó t i c o a p a r e c e el p r e s e n t e . D e
ahí q u e la e x p e r i e n c i a de la p é r d i d a r e s p e c t o al p a s a d o s u p o n g a u n a
e x p e r i e n c i a d e d i s t a n c i a m i e n t o r e s p e c t o al p r e s e n t e . Es esta ú l t i m a
e x p e r i e n c i a la q u e se articula e n la f o r m a l i t e r a r i a de la l a m e n t a c i ó n
c o m o d e s c r i p c i ó n d e l caos.
A este r e s p e c t o q u i s i e r a citar u n e j e m p l o p r o b a t o r i o : el m a n u s -
c r i t o , d e l p e r í o d o r a m é s i d a (s. X I I l ) , d e las « L a m e n t a c i o n e s d e
« I p u w e r » . N o c o n o c e m o s textos paralelos, p e r o e n u n a t u m b a de
S a q q a r a d e l p e r í o d o r a m é s i d a se i n c l u y e a este I p u w e r e n t r e o t r o s
grandes f u n c i o n a r i o s y autores del pasado, lo q u e significa i n c l u i r l o
3
e n el c a n o n de l o s clásicos e g i p c i o s ' . P e r o c i t o el texto e n la v e r s i ó n
de B e r t o l t B r e c h t , q u e e m p l e ó u n t r o z o d e l m i s m o e n la « C a n c i ó n
del c a o s » de su Círculo de tiza caucasiano:

Hermana, cúbrete la cabeza, hermano, saca tu cuchillo,

los tiempos están revueltos.
Los grandes se lamentan y los humildes se regocijan.
La ciudad dice: echemos a los poderosos.
Las alcaldías son asaltadas, las listas de los siervos destruidas.
Se ata a los señores a las ruedas de los molinos.
Los que nunca vieron el sol salen a las calles.
Se destrozan las arcas de ébano de los templos,
con la rica madera de Sesnem se hacen camas.
Q u i e n no tenía pan, tiene graneros,
quien pedía grano, ahora lo reparte.

Ya no se reconoce al hijo de los señores;

el hijo de la señora es hijo de su esclava.
Los ediles buscan ya refugio en los graneros;
quien apenas podía pasar la noche entre los muros se repanchiga
ahora en la cama.

31 W.K. Simpson (ed.), The Literature ofAnckntEgypt, New Haven, 1972, fig. 6; cfr. mi
libro 5íeín unc/^íí, 307.
 140 EGIPTO

Q u i e n antes movía los remos posee ahora barcos;

32
va su propietario a verlos, pero ya no son suyos .

N a t u r a l m e n t e , el t e x t o a q u í u t i l i z a d o n o p o d í a p a s a r s i n c i e r t o s
r e t o q u e s , p u e s B r e c h t c a m b i ó la f u n c i ó n de las l a m e n t a c i o n e s e g i p -
cias, c o n v i r t i é n d o l a s e n u n c a n t o t r i u n f a l a la r e v o l u c i ó n . B r e c h t
e n c o n t r ó el texto base e n Die Literatur der Agypter [La literatura de los egipcios],
de A d o l f E r m a n . H e a q u í la t r a d u c c i ó n p o r E r m a n de l o s versos e l e -
gidos p o r Brecht:

Pero es así: los grandes se lamentan y los humildes se regocijan;

cada ciudad dice: echemos a los poderosos de nosotras.
Pero es así: se ata a los ciudadanos a las ruedas de los molinos.
Los que no veían el sol salen a las calles.
Pero es así: se destrozan las arcas de ébano; con la rica madera de
Sesnem se hacen camas (?)
Pero es así: se abren las oficinas y se sacan sus listas;
los siervos se convierten en señores d e . . .
Mirad, quien n o tenía grano, posee ahora graneros, quien pedía
grano, ahora lo reparte.
Q u i e n no podía dormir en (?) muros posee ahora una cama.
Mirad, quien antes no se construía u n bote posee ahora barcos;
33
sus propietarios los buscan, pero ya no son s u y o s .

L o q u e p r e t e n d o m o s t r a r c i t a n d o la v e r s i ó n d e B r e c h t es l o fácil
q u e es i n v e r t i r la f u n c i ó n de estas l a m e n t a c i o n e s . E n t r e el l a m e n t o
e g i p c i o p o r el d e s m o r o n a m i e n t o d e l o r d e n p o l í t i c o y la m o d e r n a
l i t e r a t u r a r e v o l u c i o n a r i a n o hay c i e r t a m e n t e u n a d i s t a n c i a a s t r o n ó -
mica. Hay u n elemento de i n t e m p o r a l i d a d y universalidad que une a
a m b o s . E s t o ya l o señaló el h i s t o r i a d o r de la a n t i g ü e d a d r u s o S. L u r i a
e n u n a r t í c u l o c o n t r a la i n t e r p r e t a c i ó n , antes b a s t a n t e e x t e n d i d a , d e
las l a m e n t a c i o n e s egipcias c o m o d e s c r i p c i o n e s de u n a auténtica r e v o -
l u c i ó n s o c i a l . L u r i a las sitúa e n u n c o n t e x t o c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o .
« M u c h o s p u e b l o s de t o d o el p l a n e t a » , e s c r i b e c o m e n t a n d o a j a m e s
F r a z e r , t i e n e n « a n u a l m e n t e u n p e r í o d o d e l i c e n c i a e n el q u e t o d a s

32 Bertolt Brecht, Der kaitkasische Kreidekreis, esc. 31. Frankfurt, I964, 119 s, Cfr. S. Wenig,
«Bertolt Brecht und das alte Ágypten», en 7$S 96, 1969, 63-66.
33 A. Erman, Die Literatur der Agypter, Leipzig, 1923, I 3 ° é 8 ¡ las citas se encuentran en
- I

las páginas 133, I35 37> *39 y í é - P

-I 1 a r a u n a
nueva;traducción, v. M. Lichtheim,
-I
Ancient Egpptian Literature I, I 4 9 6 3 . '
 U / 4 . RECUERDOS 141

las b a r r e r a s sociales s o n d e r r i b a d a s : n o basta c o n q u e l o s esclavos se

s i e n t e n a la m i s m a mesa q u e los h o m b r e s l i b r e s , c o m a n c o n éstos y se
c o m p o r t e n c o m o éstos —a m e n u d o ' l o q u e o c u p a el l u g a r m á s alto
d e s c i e n d e al l u g a r más b a j o ' , l o s esclavos se s i e n t a n a la m e s a y s o n
servidos p o r sus s e ñ o r e s ; la f o r m a más c o m ú n de esta i n v e r s i ó n de las
r e l a c i o n e s s o c i a l e s es el i n t e r c a m b i o de v e s t i m e n t a s . Las l e y e s n o
v a l e n p a r a ese t i e m p o , l o s c r i m i n a l e s s u e l e n ser a m n i s t i a d o s . . . M u y a
menudo esta subversión es escenificada en un espectáculo
3,1
s a g r a d o » ' . L u r i a n o c o n s i d e r a , p u e s , estas l a m e n t a c i o n e s c o m o d e s -
c r i p c i o n e s h i s t ó r i c a s , s i n o c o m o r e p r e s e n t a c i o n e s m í t i c a s . E n su
o p i n i ó n , ellas e v o c a n el « t i e m p o de S e t h » (ho ton Typhoníon airónos,
c o m o d i c e el o r á c u l o e g i p c i o d e l a l f a r e r o ) e n u n a representación
a n u a l del m i t o de la d i s p u t a e n t r e H o r u s y S e t h . P e r o c u a n d o h a c e n
r e f e r e n c i a a e x p e r i e n c i a s h i s t ó r i c a s reales, estos textos se v a l e n t a m -
b i é n de u n e s q u e m a , de u n p a t r ó n , cuyo l u g a r r i t u a l e n la v i d a es esa
fiesta a n u a l d e l c a o s , d e l t i p o d e l akitu s u m e r i o o d e las s a t u r n a l e s
r o m a n a s . Para d e m o s t r a r la i n t e m p o r a l i d a d y la e x t e n s i ó n u n i v e r s a l
d e este p a t r ó n a p o r t a L u r i a l o s t e s t i m o n i o s m á s a s o m b r o s o s . E n t r e
l o s a n n a m i t a s , p o r e j e m p l o , c i r c u l a b a n cantos de o p o s i c i ó n a la c o n -
q u i s t a f r a n c e s a de I n d o c h i n a c u y o p a r e c i d o c o n las d e s c r i p c i o n e s
egipcias d e l caos es s o r p r e n d e n t e :

Le ciel est bas, la terre est haute...

Geux qui n'avaient pas de culotte ont aujourd'hui des souliers...
les filies publiques sont devenues des grandes dames...
les vauriens sont tout-puissants...

E s t a b l e c e m o s así u n m a r c o e n el q u e l o s textos e g i p c i o s q u i z á n o
t e n g a n o r i g i n a l m e n t e cabida, p e r o e n el cual es p o s i b l e c o m p r e n d e r -
l o s y r e l a c i o n a r l o s de u n a m a n e r a a s o m b r o s a .
H o y se está de a c u e r d o e n q u e las fiestas d e l t i p o de las saturnales
n o e x i s t i e r o n e n E g i p t o , y e n q u e n o cabe h a b l a r d e u n lugar en la vida
• de esta l i t e r a t u r a . Es c i e r t o q u e se ha p o d i d o d e m o s t r a r q u e p a r a este
e s q u e m a f o r m a l de i n v e r s i ó n h u b o u n l u g a r r i t u a l , p e r o éste t i e n e
m u y p o c o q u e v e r c o n las s a t u r n a l e s . S e trata d e la f o r m a d e la
l a m e n t a c i ó n f ú n e b r e , q u e e n E g i p t o c o n t r a p o n e el « e n t o n c e s » al

34 S. Luria, «Die Ersten werden die Letzten sein» (Zur «Sozialen Revolution» im
Altertum), en Jf/ío XXII (N.F.IV), 1929, 405-431, 406.
142 EGIPTO

3 5
« a h o r a » . E n estos textos se p r e s e n t a la o r g a n i z a c i ó n d e l país c o m -
p a r a d a a la s i t u a c i ó n e n la q u e la m u e r t e h a p r i v a d o a la v i d a d e su
o r d e n n o r m a l y l o h a p u e s t o d e l revés.

E n estas p a r t i c u l a r e s d e s c r i p c i o n e s d e l caos se e s c u c h a n l a m e n t a -
c i o n e s d e l o s m u e r t o s p o r u n m u n d o d e s q u i c i a d o . E n ellas, la
m i r a d a se a p a r t a d e l p r e s e n t e s i n s a l v a c i ó n y se v u e l v e o b i e n al
p a s a d o , c o m o e n las l a m e n t a c i o n e s de I p u w e r :

Acordaos, . . . cómo se incensaba,

cómo se vertía el agua del vaso de la libación p o r la mañana;
acordaos de c ó m o se traían los ánsares-J?a, los ánsares-Trp y los
ánsares-Seí,
y se hacían los sacrificios a los dioses.
Acordaos de cómo alguien trituraba sosa y preparaba el p a n
el día de la lustración de las cabezas.
Acordaos de cómo se izaban banderas y se grababan estelas,
de cómo los sacerdotes purificaban el templo y se enjalbegaban las
casas de los dioses con blanca leche,
y se esparcía el delicioso aroma del 'horizonte' (tumba del rey) y se
36
depositaban los panes de la o f r e n d a . . .

O b i e n al f u t u r o , c o m o e n la p r o f e c í a de N e f e r t i :

U n rey vendrá del sur,

legítimo, de nombre A m e n i ,
hijo de una mujer de Ta-Seti,
.. u n hijo de Hieracómpolis.
Tomará la corona blanca y pondrá encima la corona roja,
',. unirá a los dos « p o d e r o s o s » y contentará a los dos señores con lo
que ellos desean.
El « d e m a r c a d o r » está en su p u ñ o y el remo en movimiento.
¡Regocijaos, hombres de su tiempo!
El hijo de u n hombre conservará su fama'
por los siglos de los siglos.

35 Seibert, Die Charakteristik. Untersuchungen zu einer altagyptischen Sprechsitte und ihren Auspragungen
in Folklore undliteratur, Ág. Abh. 17, "VVIesbaden, 1967, 20-24. W. Schenkel, «Sonst -
Jetzt. Variationen eines literarischen Formelements», en Die Weltdes Orients 15, 1984
(Fs.H. Brunner), 51-61.
36 Pap. LILeiden I 344, IO, 13 - 11,4. A.H.' Gardiner, The Admonitions of an Egj/ptian Sage.
Leipzig, 1909, 75-76.
 II / U. R E C U E R D O S

Los que planean maldades y buscan la subversión,

renunciarán a sus intenciones por temor a él.
Los asiáticos caerán en su matanza,
y los libios sucumbirán bajo su fuego,
los enemigos a su cólera, y los rebeldes a su poder.
El ureus en su frente pacifica a los rebeldes.

S ó l o e n u n a de estas obras falta esta p e r s p e c t i v a e x t e r n a a la m i s e ­

ria p r e s e n t e . S o n las l a m e n t a c i o n e s de K h a k p e r r e s e n b , e n las q u e el
m o t i v o d e la d e s c r i p c i ó n d e l caos p a r e c e h a b e r s e i n d e p e n d i z a d o e n
u n g é n e r o l i t e r a r i o . E l texto m á s i n t e r e s a n t e d e esta l i t e r a t u r a d e
l a m e n t a c i o n e s es c o n o c i d o c o n el t í t u l o d e El desesperado; e n él, la
m i r a d a se d i r i g e d e s d e el p r e s e n t e i n f a m e al m á s allá. A esta i m p o r ­
tante o b r a , q u e se s u p o n e es de la dinastía XII, d e d i c a m o s u n capítulo
e n t e r o e n la t e r c e r a p a r t e .
E n la f o r m a l i t e r a r i a de la l a m e n t a c i ó n se c o n s e r v a la e x p e r i e n c i a
d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o e n la m e m o r i a c u l t u r a l d e E g i p t o
hasta la a n t i g ü e d a d t a r d í a . Q u i e n h a p r e s e n c i a d o el c o l a p s o de u n
o r d e n , sabe de su fragilidad. Este saber q u e d ó e n E g i p t o p l a s m a d o e n
o b r a s literarias cuya i m p o r t a n c i a las h i z o f i g u r a r e n t r e las o b r a s c l á ­
sicas, y c o n s t i t u y e n u n e l e m e n t o d e t e r m i n a n t e d e la c o n c e p c i ó n
egipcia del m u n d o .

UNÍVERSÍBÁS:
.ALBERTO
HURTADO

COLEGIO- LOYOLA
A R C A SEMINAR»
 SESOSTRIS III
Fragmento (hacia 1850 a.G.)
(NUEVA YORK, METROPOLITAN MUSEUM OJFART)
 PARTE TERCERA

El Reino Medio:
estado autoritario y cultura espiritual
 1. ESQUEMA HISTÓRICO

E l n a c i m i e n t o d e l R e i n o M e d i o r e p r o d u c e el del R e i n o A n t i g u o c o n
los s i g n o s c a m b i a d o s . E s t e n a c i ó c o n la f u n d a c i ó n d e l E s t a d o p o r
m e d i o de u n a u n i f i c a c i ó n q u e la m e m o r i a c u l t u r a l p e r s o n i f i c ó e n la
f i g u r a de M e n e s , y esta u n i f i c a c i ó n estuvo p r e c e d i d a d e . u n a fase d e
d o m i n a c i ó n d e c a b e c i l l a s rivales q u e h a b í a c u l m i n a d o e n u n d u a -
l i s m o n o r t e - s u r . U n m i l e n i o después, acabada la dinastía V I , el r e i n o
vuelve a d e s c o m p o n e r s e e n formas de g o b i e r n o regionales que sólo
n o m i n a l m e n t e e s t á n s o m e t i d a s al g o b i e r n o c e n t r a l de M e n f i s , y
l u e g o de T i n i s . N u e v a m e n t e se c r e a n . r i v a l i d a d e s q u e d a n l u g a r a
c o n f r o n t a c i o n e s y c o a l i c i o n e s a l t e r n a n t e s . N o s ó l o las g r a n d e s o r g a -
nizaciones económicas, los proveedores y distribuidores, sino t a m -
b i é n l o s c o m a n d a n t e s d e t r o p a s y l o s estrategas s o n a h o r a l o s q u e
m a n d a n . N u e v a m e n t e los conflictos acaban agudizándose en una
o p o s i c i ó n n o r t e - s u r , e n la q u e esta vez las dinastías h e r a c l e o p o l i t a n a s
n u m e r a d a s c o m o I X y X y la dinastía de p r í n c i p e s t e b a n o s ' q u e f i g u r a
c o n el n ú m e r o X I a p a r e c e n e n f r e n t a d a s . L o s t e b a n o s se i m p o n e n y
l l e v a n a c a b o , b a j o M e n t u h o t e p I I , la n u e v a u n i f i c a c i ó n . P e r o n o
c o n s i g u e n q u e la n u e v a s i t u a c i ó n se c o n s o l i d e y d u r e . T r a s la m u e r t e
del ú l t i m o M e n t u h o t e p v u e l v e n los d e s ó r d e n e s c o n actos p r o p i o s de
u n a g u e r r a civil hasta q u e , 7 a ñ o s d e s p u é s , A m e n e m h a t , v i s i r d e l
ú l t i m o M e n t u h o t e p , a s c i e n d e al t r o n o . C o n él c o m i e n z a , e n 1994
a . G . , la d i n a s t í a X I I . S ó l o ella l o g r a la r e s t i t u c i ó n p e r m a n e n t e d e l
E s t a d o f a r a ó n i c o , y l o l o g r a e n l a z a n d o de f o r m a b i e n c o n s c i e n t e c o n
 III / 1 . ESQUEMA HISTÓRICO

t r a d i c i o n e s del R e i n o A n t i g u o . P e r o , s o b r e t o d o , l o s reyes d e esta

dinastía n o i n t e n t a n g o b e r n a r el r e i n o d e s d e la p a t r i a T e b a n a , s i n o
q u e t r a s l a d a n su r e s i d e n c i a al n o r t e y f u n d a n e n L i s h t , al s u r d e
M e n f i s , u n a n u e v a capital y u n a nueva n e c r ó p o l i s .
D u r a n t e la d i n a s t í a XII, E g i p t o c o n o c e u n i m p o r t a n t e floreci-
m i e n t o c u l t u r a l . L a l i t e r a t u r a de esta é p o c a fue elevada e n el R e i n o
N u e v o al r a n g o c a n ó n i c o d e clásica-, la l e n g u a d e l R e i n o M e d i o fue
cultivada c o m o l e n g u a sacra basta las p o s t r i m e r í a s de la historia f a r a ó -
n i c a , y el arte a r c a i z a n t e de la É p o c a Baja se i n s p i r ó p r i n c i p a l m e n t e
e n el estilo d e la dinastía XII e n su é p o c a o t o ñ a l . E n las p r o d u c c i o n e s
culturales del R e i n o M e d i o el E g i p t o tardío vio la e x p r e s i ó n i n t e m p o -
r a l m e n t e válida y n o r m a t i v a de su c u l t u r a .
L o s reyes de la dinastía XII c o n s i g u i e r o n r e c u p e r a r la d i m e n s i ó n
sagrada del g o b i e r n o f a r a ó n i c o e n t o d o el « t e r r i b l e e s p l e n d o r » de la
m o n a r q u í a d i v i n a , q u e e n el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o h a b í a sido
v í c t i m a de u n a c o m p l e t a s e c u l a r i z a c i ó n . P e r o n o bastó s i m p l e m e n t e
c o n r e t o m a r las t r a d i c i o n e s rotas d e l R e i n o A n t i g u o . L o s reyes d e l
R e i n o A n t i g u o h a b í a n g o b e r n a d o c o m o dioses e n la tierra. L o s f u n -
d a m e n t o s de su a u t o r i d a d y l e g i t i m i d a d n o n e c e s i t a r o n ser l i n g ü í s t i -
c a m e n t e articulados n i explicados d i s c u r s i v a m e n t e , p u e s e n c o n t r a r o n
e n las c o n s t r u c c i o n e s gigantescas, c o m o las p i r á m i d e s , y e n las t u m b a s
de los f u n c i o n a r i o s u n a e x p r e s i ó n p o d e r o s a . L o s reyes de la dinastía
XII se e n c o n t r a b a n e n u n a s i t u a c i ó n r a d i c a l m e n t e distinta. A d i f e r e n -
cia de los faraones d e l R e i n o A n t i g u o n o g o b e r n a r o n c o n u n c u e r p o
de f u n c i o n a r i o s , c o n u n a é l i t e d e e s c r i b a s o « l i t e r o c r a c i a » , s o b r e
u n a capa i n f e r i o r i l e t r a d a , s i n o q u e t u v i e r o n q u e i m p o n e r s e a u n a
aristocracia n o sólo e c o n ó m i c a y militarmente poderosa, sino t a m -
b i é n m u y i n s t r u i d a , de p r í n c i p e s , m a g n a t e s y p a t r o n e s c o n sus g r a n -
des clanes y n u m e r o s o s s e g u i d o r e s . Esta t e n s i ó n s o c i a l , antes d e s c o -
n o c i d a y que raras veces alcanzaría u n a i n t e n s i d a d c o m p a r a b l e en
t i e m p o s p o s t e r i o r e s , s o m e t i ó al r é g i m e n p o l í t i c o a u n a s e x i g e n c i a s
considerables de l e g i t i m a c i ó n y e x p l i c a c i ó n de sus actos. Este tuvo q u e
c i m e n t a r su f o r m a de g o b i e r n o frente a la aristocracia y g a n a r s e a las
capas i n f e r i o r e s . T u v o q u e e x p o n e r sus metas, l e g i t i m a r su p o s i c i ó n y
r e c o m p e n s a r la o b e d i e n c i a e x i g i d a c o n c o n t r a p r e s t a c i o n e s . E l l o n o
p o d í a h a c e r s e n i r e c u r r i e n d o a la v i o l e n c i a n i i m p r e s i o n a n d o a los
subditos c o n e d i f i c i o s colosales, s i n o s ó l o c o n el p o d e r de los d i s c u r -
sos p r o p a g a n d í s t i c o s y a c l a r a t o r i o s . E l a u t o r i d a d d e l E s t a d o ya n o se
basaba e n u n a s o b e r a n í a a p o d í c t i c a , s i n o q u e d e b í a f u n d a m e n t a r y
 148 EGIPTO

j u s t i f i c a r sus d e c i s i o n e s m e d i a n t e u n a c u i d a d a « r e t ó r i c a d e los m o t i -
1
v o s » q u e se r e m i t í a a u n sistema f u n d a m e n t a l de r e s p o n s a b i l i d a d e s .
Esta r e t ó r i c a n o se agotaba e n la p u r a f o r m a l i d a d o e n la r e p r e s e n t a -
c i ó n . E l g o b e r n a n t e se sabía r e s p o n s a b l e « h a c i a a b a j o » , sabía q u e
d e b í a r e n d i r c u e n t a s , q u e n o p o d í a g o b e r n a r m e d i a n t e la v i o l e n c i a ,
s i n o c o n el c o n s e n s o , c o n la p a l a b r a . « S é u n artista de la p a l a b r a » , se
le r e c o m e n d a b a , « p a r a q u e venzas, p u e s m i r a : la espada d e u n rey es
2
su l e n g u a . M á s fuerte es la p a l a b r a q u e el c o m b a t e » . L o s reyes de la
dinastía XII r e c o n o c i e r o n la estrecha r e l a c i ó n e n t r e p o l í t i c a y f u n d a -
c i ó n d e l s e n t i d o , q u e C a r i S c h m i t t , el t e ó r i c o d e l Estado a u t o r i t a r i o ,
f o r m u l ó de l a s i g u i e n t e m a n e r a : « N i n g ú n s i s t e m a p o l í t i c o p u e d e
d u r a r s i q u i e r a u n a g e n e r a c i ó n s ó l o c o n la t é c n i c a o la a f i r m a c i ó n d e l
p o d e r . A l a p o l í t i c a le es c o n s u s t a n c i a l la i d e a , p o r q u e n o hay p o l í t i c a
3
s i n a u t o r i d a d , y n o hay a u t o r i d a d s i n u n ethos de c o n v i c c i ó n » .
Las ideas c o n q u e se p r e s e n t ó la XII dinastía n o e r a n las d e l R e i n o
A n t i g u o , s i n o i d e a s q u e e n l a z a b a n c o n l a s f o r m a s s i m b ó l i c a s y las
e x p e r i e n c i a s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . Estas ideas s o n s o b r e
t o d o las d e la f i l i a c i ó n d i v i n a , la l e a l t a d y el m é r i t o . L a i d e a d e l a
f i l i a c i ó n d i v i n a , o d e la t e o c r a c i a r e p r e s e n t a t i v a , se basa e n el n u e v o
o r d e n d e l e g i t i m i d a d de los p r í n c i p e s d e los n o m o s , q u e i n v o c a b a n al
d i o s d e s u c i u d a d . L a XII d i n a s t í a la r e f u e r z a c o n la i d e a d e l a e l e c -
c i ó n p r e n a t a l p o r el d i o s d e la c i u d a d . E l d i o s o t o r g a al rey, ya e n e l
s e n o m a t e r n o , la f i l i a c i ó n d i v i n a y l a r e a l e z a . L a i d e a d e l e a l t a d se
r e t r o t r a e a la i n s t i t u c i ó n d e l p a t r o n a t o y su p r i n c i p i o d e la « s o l i d a -
r i d a d v e r t i c a l » — p r o t e c c i ó n a c a m b i o d e obediencia—, q u e se h a b í a
d e s a r r o l l a d o e n e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . L a l e a l t a d d e la XII
dinastía da a esta i d e a u n a f o r m a r e l i g i o s a , h a c e d e ella u n c a m i n o d e
s a l v a c i ó n , q u e p r o m e t e al a d e p t o l e a l n o s ó l o e l é x i t o t e r r e n a l , s i n o
t a m b i é n la p e r d u r a c i ó n tras l a m u e r t e . F i n a l m e n t e , l a i d e a d e l
m é r i t o p r o p o r c i o n a a la m o n a r q u í a d e l R e i n o M e d i o u n a base l e g i -
t i m i d o r a c o m p l e t a m e n t e n u e v a , q u e n o sustituye a l o s f u n d a m e n t o s
r e l i g i o s o s t r a d i c i o n a l e s d e l a m o n a r q u í a sagrada, s i n o q u e l o s c o m - •
p l e m e n t a . T a m b i é n esta i d e a se r e t r o t r a e a l o s t i e m p o s d e los p r í n c i -

1 Cfr. K. Burke, The Rhetoric ofMootives, Berkeley, 1969; mi libro Stein und 7¿it, 252 ss.;
Chr. Eyre, «The Semma Stelae. Quotation, Genre, and Functions óf Literature»,
en Studies in Egyptology (Fs. M. Lichtheim), Jerusalén, 1990, 134-165.
2 Instrucciones para Merikare, ed. Helck, Die Lehrefür KónigMerikare, Wiesbaden, 1977.
17 s.; v. mi libro Stein und/(?¡t, 2 5 2 .
a
3 RomischcrKathaliiismusundPolitischeForm, 2 . ed., Munich, I925i 23-
 III / 1. ESQUEMA HISTÓRICO 149

p e s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , q u e se p r e s e n t a b a n c o m o a l i -
m e n t a d o r e s de los h a m b r i e n t o s , r e f u g i o de l o s p e r s e g u i d o s , p a d r e s
de l o s h u é r f a n o s , e s p o s o s de las v i u d a s , a b o g a d o s de l o s p o b r e s , sal­
v a d o r e s de l o s o p r i m i d o s y guías de los d e s o r i e n t a d o s . T a m b i é n los
reyes del R e i n o M e d i o se p r e s e n t a n c o m o salvadores e n m e d i o d e la
p e n u r i a , p e r o c o m o esta p e n u r i a n o existe e n sus t i e m p o s , c o n s e r v a n
el r e c u e r d o del P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , q u e estilizan c o m o el de
u n caos f r e n t e al cual el o r d e n p o r e l l o s c r e a d o r e p r e s e n t a la salva­
c i ó n . P e r o e n su afán de r e u n i r m é r i t o s l e g i t i m a d o r e s n o se c o n t e n ­
tan c o n a s e g u r a r la p a z y el b i e n e s t a r e n el i n t e r i o r del país y se c o n - :
v i e r t e n e n c o l o n i z a d o r e s e n g r a n escala. N u b i a es i n c o r p o r a d a al
t e r r i t o r i o f a r a ó n i c o hasta la s e g u n d a catarata, y a s e g u r a d a m e d i a n t e
u n sistema de f o r t i f i c a c i o n e s . E l F a y u m es c o l o n i z a d o m e r c e d a u n
c o m p l i c a d o sistema de esclusas.
Las r a z o n e s d e l ocaso del R e i n o M e d i o n o están claras. E l p r o c e s o
se asemeja i n i c i a l m e n t e al del f i n del R e i n o A n t i g u o . H a y u n a m e n ­
g u a e n la a u t o r i d a d del g o b i e r n o central, y la lista de reyes se l l e n a de
n u m e r o s o s n o m b r e s e f í m e r o s , l o cual es i n d i c i ó de q u e m u c h o s reyes
4
h a n r e i n a d o a la v e z . E l h e c h o d e c i s i v o de esta é p o c a , q u e le da u n
s i g n i f i c a d o e n t e r a m e n t e n u e v o , es la t o m a d e l p o d e r p o r los h i c s o s .
C o n ellos c o n c l u y e la h i s t o r i a d e l R e i n o M e d i o y e m p i e z a la p r e h i s ­
t o r i a del R e i n o N u e v o .

4. Sobre la historia de las dinastías XIII y XVII, que en el Alto Egipto aparecen conti­
guas, mientras en el Bajo Egipto gobiernan las dinastías XIV, XV y XVI, v. ahora D.
Franke, DasHeiligtum desHeqa-ib aufElephantine. Geschichte einesProvinzheiligtums, SAGA 9,
Heidelberg, 1994, 62-89.
 2. ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN:
UN DESPOTISMO INTERNAMENTE ILUMINADO

E L N A C I M I E N T O D E LA E S C U E L A

S o b r e el e s p í r i t u d e l R e i n o A n t i g u o s ó l o cabe h a c e r c o n j e t u r a s . E l
e s p í r i t u d e l R e i n o M e d i o , e n c a m b i o , n o s sale al e n c u e n t r o , d e s d e
los textos c o n s e r v a d o s , c o n u n a c l a r i d a d e n la q u e p o c a s é p o c a s h i s ­
t ó r i c a s a n t e r i o r e s h a n a p a r e c i d o e n v u e l t a s . E s t o m i s m o es ya u n
f e n ó m e n o desconcertante que pide una explicación. E l R e i n o
M e d i o , o, m á s p r e c i s a m e n t e , la d i n a s t í a XII, n o s ó l o r e s t i t u y ó el
o r d e n de la s a g r a d a m o n a r q u í a c e n t r a l , d e s a p a r e c i d o j u n t o c o n el
R e i n o A n t i g u o , sino que además lo dejó literariamente reflejado.
N o s ó l o r e d e f i n i ó el l u g a r d e la m o n a r q u í a e n t r e el c o s m o s y la
s o c i e d a d , e n t r e l o s d i o s e s y l o s h o m b r e s , s i n o q u e t a m b i é n d i o el
m á x i m o v a l o r a su a r t i c u l a c i ó n l i n g ü í s t i c a y su d i f u s i ó n escrita. P a r a
eso c r e ó el n o v e d o s o g é n e r o d e l d o c u m e n t o real j u s t i f i c a d o r d e las
a c c i o n e s regias, q u e n o s ó l o e t e r n i z a d e t e r m i n a d a s a c c i o n e s y d e c i ­
s i o n e s d e l rey, s i n o q u e t a m b i é n les da f u n d a m e n t o y las alaba p r o ­
p a g a n d í s t i c a m e n t e — u n g é n e r o que c o n t i n u ó cultivándose bajo los
reinados posteriores, c o n inscripciones panegíricas m u c h o más
e x t e n s a s . A este g é n e r o se a s o c i ó o t r o q u e n o f u e p r o d u c t o s u y o ,
p e r o q u e p u s o a su s e r v i c i o , d e s a r r o l l á n d o l o y e x p l o t á n d o l o así e n
g r a n m a n e r a : la l i t e r a t u r a . T e x t o s l i t e r a r i o s l o s h u b o t a m b i é n e n
épocas p o s t e r i o r e s , p e r o n o tuvieron', o sólo raras veces t u v i e r o n ,
 111/2. ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN 151

esta d i m e n s i ó n p o l í t i c a , p r o p a g a n d í s t i c a , q u e i d e n t i f i c a b a a las
o b r a s d e l R e i n o M e d i o . Esta e s t r e c h a c o n e x i ó n e n t r e l i t e r a t u r a y
3
p o l í t i c a s ó l o la e n c o n t r a m o s e n el R e i n o M e d i o . P o l í t i c a , r e t ó r i c a y
l i t e r a t u r a se c o m b i n a n a q u í d e u n a f o r m a ú n i c a e n la h i s t o r i a d e
E g i p t o . E n el R e i n o M e d i o , el E s t a d o c r e ó u n o r d e n d o t a d o d e u n a
intensa i l u m i n a c i ó n interior.
C o n v i e n e a q u í h a c e r más p r e c i s o s d o s c o n c e p t o s q u e s u e l e n p a r e -
c e m o s a n a c r ó n i c o s e i n a d e c u a d o s : el d e « p o l í t i c a » y el d e « p r o p a -
g a n d a » . P o r « p o l í t i c a » d e b e e n t e n d e r s e e n este c o n t e x t o el sistema
q u e m a n t i e n e al i n d i v i d u o u n i d o a la s o c i e d a d , y a la s o c i e d a d sujeta
a la a u t o r i d a d d e l f a r a ó n . Este sistema es e n el R e i n o M e d i o distinto
del q u e existía e n el R e i n o A n t i g u o : t o m a d e l sistema d e l p a t r o n a t o
la i d e o l o g í a d e l a l e a l t a d , q u e se h a b í a d e s a r r o l l a d o e n el P r i m e r
P e r í o d o I n t e r m e d i o , y la r e c o n v i e r t e e n la i d e o l o g í a , s u s t e n t a d o r a
del E s t a d o , d e l s e r v i c i o al r e y o l e a l i s m o . Y e n v e z d e « i d e o l o g í a »
cabría a q u í p r e f e c t a m e n t e h a b l a r d e « r e l i g i ó n » . P u e s a h o r a , tras la
s e c u l a r i z a c i ó n o « a b u r g u e s a m i e n t o » d e la m o n a r q u í a e n el P r i m e r
6
P e r í o d o I n t e r m e d i o , el rey vuelve a ser e n c a r n a c i ó n e h i j o d e l dios
e n la t i e r r a . P e r o l a i d e o l o g í a d e l p a t r ó n d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r -
m e d i o n o s ó l o es a g r a n d a d a al f o r m a t o d e l E s t a d o , s i n o q u e t a m b i é n
es f o r m u l a d a e n u n lenguaje p a r t i c u l a r , fijada m e d i a n t e la escritura,
e n s e ñ a d a e n las escuelas y d i f u n d i d a o d i r e c t a m e n t e « a n u n c i a d a » .
Para esta especie de « a n u n c i a c i ó n a l o s g e n t i l e s » se p u e d e e m p l e a r el
7
t é r m i n o « p r o p a g a n d a » , q u e p r o c e d e de la t e o l o g í a m i s i o n a l . Se
trata d e la d i f u s i ó n n o r m a t i v a y f o r m a t i v a d e la r e l i g i ó n l e a l i s t a . E l
m e d i o d e esta d i f u s i ó n es la l i t e r a t u r a e n u n s e n t i d o n u e v o y e s p e c í -
f i c o . C o n esta f o r m a d e l i t e r a t u r a , la s o c i e d a d d e l R e i n o M e d i o se
p r o p o r c i o n ó u n m e d i o , tanto para los « m e n s a j e s » c o m o para los
« r e c u e r d o s » , q u e la h i z o m u c h o más visible y d i f e r e n c i a d a , tanto e n
la p e r c e p c i ó n d e sí m i s m a c o m o e n la q u e d e ella t u v i e r o n las épocas
p o s t e r i o r e s —y f i n a l m e n t e t e n e m o s t a m b i é n n o s o t r o s l o s h o m b r e s
actuales—, q u e otras épocas d e la h i s t o r i a d e E g i p t o .

5 G. Posener, Littérature etpolitique dans l'Egypte de la Xll. dynastie, París, 1956.

e

6 H. Brunner, «Die Lehre vom Konigserbe im Mittleren Reicb», en Agyptologische Stu-

- 1 1
t/i'cn (Fs. Grapow), Berlín, ig55r 4 -
7 Sobre el papel y la fraseología de la propaganda en el Estado egipcio, cfr. E. Blumen-
thal, Untersuchungen zum Kónigtum des Mittleren Reichsl. Die Phraseologie, Berlín, I 9 7 o , y N . G .
Grimal, Les termes de lapropagande égyptienne de la XIX. dynastie a la conquéte d'Alexandre, París,
e

1986.
 EGIPTO

L o s textos r e p r e s e n t a t i v o s d e este n u e v o m e d i o , q u e l o s e g i p t ó l o ­
gos c l a s i f i c a n c o m o textos « l i t e r a r i o s » e n s e n t i d o e s t r i c t o , n o n o s
han sido transmitidos en inscripciones, sino e n forma manuscrita,
s o b r e p a p i r o s , tablas y ostraka (piezas de p i e d r a caliza y d e c e r á m i c a ) .
N i u n o s o l o d e estos m a n u s c r i t o s data d e é p o c a a n t e r i o r a l a d e l
R e i n o M e d i o , y m u c h o s d a t o s i n d i c a n q u e la l i t e r a t u r a c ó m o a p a r ­
tado especial de la c u l t u r a escrita d e E g i p t o n a c i ó e n esta é p o c a .
Para h a c e r este h e c h o c o m p r e n s i b l e , d e b o e m p e z a r c o n u n a d i g r e ­
s i ó n . L a e s c r i t u r a se d e s a r r o l l a e n E g i p t o p r i n c i p a l m e n t e e n d o s
d o m i n i o s : el de la a d m i n i s t r a c i ó n y el del c u l t o e n los t e m p l o s . A c t a s
y rituales s o n los g é n e r o s e n los q u e los escribas despliegan s u arte
hasta el v i r t u o s i s m o . L a escritura e n r o j o y e n n e g r o , las líneas v e r t i ­
cales y h o r i z o n t a l e s , las c o l u m n a s s e p a r a d a s , l o s t í t u l o s , las tablas y
otras c o m p o s i c i o n e s gráficas se d e s a r r o l l a n e n los á m b i t o s d e la b u r o ­
c r a c i a y d e l t e m p l o , y de a l l í p a s a n a o t r o s d o m i n i o s d e l a c u l t u r a
8
escrita —por e j e m p l o al m u y vasto d e la « l i t e r a t u r a f u n e r a r i a » — . A l l í
n o h a y sitio p a r a la l i t e r a t u r a « b e l l a » . S u l u g a r es la m e m o r i a d e l o s
especialistas, de los n a r r a d o r e s de m i t o s y de c u e n t o s , d e los rapsodas
y los m ú s i c o s , de los recitadores y los t r a n s m i s o r e s d e leyendas y a n é c ­
9
d o t a s q u e t o d a s las c u l t u r a s d e t r a d i c i ó n o r a l c o n o c e n . También
E g i p t o es p r i m a r i a m e n t e u n a c u l t u r a q u e t r a n s m i t e o r a l m e n t e el
s a b e r c u l t u r a l c o n s e r v a d o e n la m e m o r i a . S ó l o c i e r t o s d o m i n i o s
e s p e c i a l e s s o n c o n f i a d o s a l a e s c r i t u r a : el d e la b u r o c r a c i a , c o n s u
masa d e datos c o n t i n g e n t e s , q u e n i n g u n a m e m o r i a p u e d e g u a r d a r , el
de los r i t o s , e n l o s q u e el m á s m í n i m o e r r o r p u e d e t e n e r c o n s e c u e n ­
cias fatales, y f i n a l m e n t e e l de la literatura f u n e r a r i a , d o n d e la e s c r i ­
t u r a es u n s u c e d á n e o d e la m e m o r i a y d e la v o z .
E n las p o s t i i m e r í a s d e l t e r c e r m i l e n i o , c u a n d o tras el d e s m o r o n a ­
m i e n t o d e l R e i n o A n t i g u o la b u r o c r a c i a y la clase s a c e r d o t a l d e b e n
ser r e c o n s t r u i d a s , se constituye u n tercer á m b i t o d e la c u l t u r a escrita.
Es el d e l o s textos q u e a c o s t u m b r a m o s a r e u n i r b a j o el c o n c e p t o
g e n e r a l d e « l i t e r a t u r a » ; n a r r a c i o n e s , textos s a p i e n c i a l e s , l a m e n t a ­
10
ciones, diálogos, h i m n o s y cantos l a u d a t o r i o s . N o t i e n e n n i n g u n a
f u n c i ó n n i e n las o f i c i n a s n i e n l o s t e m p l o s , y así es l ó g i c o q u e se

8 Cfr. A . Schlott, Schrifi und Schreiberim Alten Ágypten, Munich, 1989.

9 Cfr. mi libro Das kulturelle Gedachtnis. Schrifi, Erinnerung undpoiitische Identitát infrühen Hochkul-
turen, Munich, 1992, 48-85.
10 Cfr. «Schrift, Tod und Identitát», en mi libro Stein,und feit, 169-199-, R.B. Parkin-
son, Voicesfrom Ancient Egypt. AnAnthology ofMiddle Kingdom Writings, Londres, 1991.
 ¡U/2. ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN 153

e n t i e n d a su á m b i t o c o m o u n espacio d e l i b e r t a d q u e está más allá de

t o d a d e l i m i t a c i ó n f u n c i o n a l , e n u n c o m o m e t a p l a n o p o r e n c i m a de
los c a m p o s e s p e c i a l i z a d o s d e la p r a x i s c u l t u r a l ; c o m o e l d e u n d i s -
c u r s o q u e refleja la p r a x i s , m e t a p r á c t i c o , p o r así d e c i r l o , e n o p o s i -
c i ó n a los d i s c u r s o s « e m p r á c t i c o s » , l i g a d o s a c o n t e x t o s d e u t i l i d a d y
a g é n e r o s d e la l i t e r a t u r a práctica e s t r i c t a m e n t e l i m i t a d o s a u n a f u n -
c i ó n c o n c r e t a " . S i n e m b a r g o , a u n q u e esto n o es d e l t o d o falso, n o
p o d e m o s b a b l a r de u n « e s p a c i o l i b r e » . N o s e n c o n t r a m o s a q u í más
b i e n ante u n d o m i n i o q u e n o está m e n o s d e t e r m i n a d o p o r fines n i
m e n o s s u j e t o a reglas q u e l o s o t r o s d o s d e l t e m p l o y la b u r o c r a c i a .
Este d o m i n i o es el d e la escuela.
N a t u r a l m e n t e n o h e m o s de i m a g i n a r n o s la escuela e n el a n t i g u o
E g i p t o c o m o la i n s t i t u c i ó n de tal n o m b r e q u e t a n familiar n o s resulta,
p u e s n o es n i de lejos c o m p a r a b l e . N o h a b í a m a e s t r o s p r o f e s i o n a l e s .
Se e n s e ñ a b a a l o s a p r e n d i c e s a e s c r i b i r y a c a l c u l a r e n l o s c e n t r o s
d o n d e se practicaba el arte de la escritura, q u e e r a n las g r a n d e s o f i c i -
nas d e la a d m i n i s t r a c i ó n y las e s c r i t o r í a s d e l o s t e m p l o s . L o s p r i n c i -
p i a n t e s e r a n r e u n i d o s e n p e q u e ñ o s g r u p o s , y los avanzados q u e d a b a n
18
adscritos a u n alto f u n c i o n a r i o o sacerdote c o m o f á m u l o s . N o había
cartillas. S e a p r e n d í a a e s c r i b i r e m p l e a n d o textos q u e h a b í a q u e
m e m o r i z a r a la m a n e r a d e los pasajes b í b l i c o s . D e ese m o d o , a la vez
q u e la c o m p e t e n c i a e n la escritura se adquiría u n f o n d o d e saber q u e la
m e m o r i a a l m a c e n a b a . P e r o tal saber —y este p u n t o es decisivo— n o era
u n saber e s p e c i a l i z a d o , n o capacitaba p a r a el d e s e m p e ñ o c o r r e c t o de
tareas de a d m i n i s t r a c i ó n o de culto, sino que estaba r e f e r i d o a l a s c o n -
cepciones básicas, normativas y formativas, de la cultura egipcia; era u n

11 Cfr. mi artículo «Der literarische Text im alten Agypten. Versuch einer Begriffsbes-
timmung», en OLZ 69, 1974. I I 7 - I 2 6 . C/r. A . Loprieno, Topos und Mimesis. ZymÁus-
lander in derágyptischen Literatur. AA48, Wiesbaden, 1988; «The Sign of Literature in
the Shipwrecked Sailor», en Religión und Philosophie im Alten Agypten, Leuven, 1991. 209~
2l8; «Defining Egyptian Literature: Ancient Texts and modera literaryTheory»,
en JAOS 1992.
<<:
12 Para Egipto, v. H. Brunner, Altagyptische Erziehung, Wiesbaden, 1957> Die 'Weisen',
ihre 'Lehren' und 'Prophezeiungen in altagyptischer Sicht», en XAS 93, 1966, 29~
35. Sobre las similitudes con el antiguo Israel, v. R.N. Whybray, The Intellectual Tradi-
tionintheOldTestament, BZAWI35, Berlín, 1974; E.W. Golka, «Die israelitische Weis-
_
heitsschule», en VetusTestamentum 33, 1983, 257 27°! B. Lang, «Klügheit ais Ethos
und Weisheit ais Beruf: Die Lebenslehre im Alten Testament», en A. Assmann
(ed.), Weisheit, Munich, 199I. 177-192; G. Theifien, «Weisheit ais Mittel sozialer
Abgrenzung und Offnung. Beobachtung zur sozialen Funktion frühjüdischer und
urchristlicher Weisheit», en ibid., 193-204. Para Mesopotamia, v. A. Sjüberg, «The
I _I
Oíd Babylonian Eduba», en AssyríologicalStudies^O, 1975. 5 9 7 9 -
 EGIPTO
154

saber cultural básico q u e bacía del a p r e n d i z de escriba u n e g i p c i o i n s ­

t r u i d o , e d u c a d o y b i e m p e n s a n t e . Q u i e n sabía estos textos d e m e m o r i a
—la e x p r e s i ó n e g i p c i a al r e s p e c t o es m u c h o más c o n c r e t a y a d e c u a d a :
q u i e n « l o s había g u a r d a d o e n el c o r a z ó n » — había c o m p r e n d i d o , a la
vez q u e sus palabras y frases, a q u e l l a s - c o n c e p c i o n e s culturales básicas,
los m o d e l o s i n t e r p r e t a t i v o s , los ó r d e n e s valorativos y las v i s i o n e s d e l
m u n d o que T h o m a s L u c k m a n n r e ú n e bajo la d e n o m i n a c i ó n de « r e l i ­
13
g i ó n i n v i s i b l e » ; u n saber c o n carácter objetivo y n o r m a t i v o q u e p o r
su g r a d o s u p e r i o r de g e n e r a l i d a d , p o r e n c i m a de t o d o saber e s p e c i a l i ­
zado o c o n c r e t o , p e r o n o p o r la ausencia de toda fijación f u n c i o n a l , o
sea, p o r su « e s t e t i c i d a d » y « f i c c i o n a l i d a d » , se a p r o x i m a a n u e s t r o
c o n c e p t o de l i t e r a t u r a . L a l i t e r a t u r a c u m p l í a u n a d o b l e f u n c i ó n . P o r
u n l a d o servía a la d i f u s i ó n y r e p r o d u c c i ó n de u n p r o g r a m a c u l t u r a l
q u e debía h a c e r del a l u m n o n o s ó l o u n escriba, sino t a m b i é n u n s e r ­
v i d o r c o n v e n c i d o d e l E s t a d o y u n e g i p c i o i n s t r u i d o , y p o r o t r o , a la
a u t o i l u m i n a c i ó n de la s o c i e d a d d e l R e i n o M e d i o . E l c o n c e p t o
« p r o p a g a n d a » se n o s quedaría aquí demasiado c o r t o s i l o e n t e n d i é r a ­
m o s e n el s e n t i d o de u n a d o c t r i n a m i e n t o p o l í t i c o desde arriba. Estos
textos n o s ó l o h a b l a b a n a los f u n c i o n a r i o s y a los subditos, sino t a m ­
b i é n a los p r o p i o s reyes. P e r m i t í a n acceder a u n a cultura y u n a f o r m a ­
c i ó n a m p l i a s q u e t a m b i é n c o n v e n í a n al rey, y su f u n c i ó n b á s i c a d e
reflejar la s o c i e d a d n o dejaba fuera la p o s i c i ó n regia.

S A B I D U R Í A Y. F O R M A C I Ó N

L a literatura sapiencial se c o n c e n t r a e n las n o r m a s sociales e n el s e n ­

t i d o más g e n e r a l . C o n su extensa c o d i f i c a c i ó n e n el m e d i o de la n u e v a
« l i t e r a t u r a » , el c e n t r o c o m u n i c a t i v o de la c u l t u r a e g i p c i a sufre u n
e n o r m e d e s p l a z a m i e n t o . E l escriba i d e a l se alza a h o r a p o r e n c i m a d e l
a d m i n i s t r a d o r , el b u r ó c r a t a y el ritualista c o m p e t e n t e s y se c o n v i e r t e
14
e n h o m b r e c u l t o , e r u d i t o y s a b i o . E n el d o m i n i o c e n t r a l de las n o r -

13 Th. Luckmann, Die unsichtbare Religión, Frankfurt, 1991 (or. inglés,'1967).

14 H. Brunner, «Die 'Weisen', ihre 'Lehren' und 'Prophezeiungen' in altagyptischer
Sicht», en 93 (1966) 29~35- Pero también los literatos eran funcionarios al ser­
vicio del Estado. En Egipto no existió, en contraste con China y Grecia, ninguna
«inteligencia autónoma» que constituyera una instancia crítica con legitimidad pro­
pia frente al poder político. La élite de la cultura y la élite del poder eran idénticas.
 III / 2. ESTADO, E S C R I T U R A Y FORMACIÓN

mas de c o n d u c t a que d e b e n observarse, el saber cultural aparece a h o r a

e s c r i t o . A p r e n d e r a e s c r i b i r será, d e a h o r a e n a d e l a n t e , más q u e
a p r e n d e r a calcular, o r g a n i z a r y a d m i n i s t r a r ; será, e n u n s e n t i d o m u y
a m p l i o , « a p r e n d e r a v i v i r » . D i f í c i l m e n t e se p o d r á exagerar la i m p o r -
tancia de la t r a n s f o r m a c i ó n q u e esto s u p u s o . A h o r a , lo antes invisible
se h a c e v i s i b l e , y d e d o b l e m a n e r a : el s a b e r s o b r e la c o n d u c t a , antes
t r a n s m i t i d o o r a l m e n t e , es c o d i f i c a d o p o r m e d i o de la e s c r i t u r a , y el
s a b e r antes i m p l í c i t o se t o r n a e x p l í c i t o y d i s c u r s i v o . S e r í a u n e r r o r
c r e e r q u e la c o n d u c t a a d e c u a d a es s i e m p r e algo q u e se e n s e ñ a p o r
m e d i o d e l l e n g u a j e . Es, m u c h o más q u e eso, algo q u e s e n c i l l a m e n t e
preexiste y se i m i t a . Este p r i n c i p i o i m p l í c i t o de m i m e s i s social c a r a c -
teriza a todas las f o r m a s de vida t r a d i c i o n a l e s . P o r o b r a de su a r t i c u l a -
c i ó n lingüística y su fijación m e d i a n t e la escritura, la f o r m a de vida n o
reflejada se t r a n s f o r m a e n estilo de v i d a c o n s c i e n t e m e n t e a p r e n d i d o ,
15
r e f l e j a d o . L o s p r i n c i p i o s d e la v i d a h o n e s t a s o n t r a s l a d a d o s d e la
l b
« m e m o r i a m i m é t i c a » a la « m e m o r i a c u l t u r a l » .
L o s textos q u e c o d i f i c a n estas n o r m a s se d e n o m i n a n « l e c c i o n e s » o
« i n s t r u c c i o n e s » , e n e g i p c i o sbsjjt, y p o r l o r e g u l a r d i c e n q u i é n i n s -
truye a q u i é n . E l discurso instructivo t i e n e u n carácter a la vez i n i c i á -
t i c o y t e s t a m e n t a r i o . E n él, el a n c i a n o p a d r e h a c e la s u m a total de su
e x p e r i e n c i a de la v i d a . P a d r e e h i j o se h a l l a n e n el u m b r a l d e la e x i s -
tencia social y p r o f e s i o n a l ; el p a d r e a p u n t o de a b a n d o n a r l a , y el h i j o
a p u n t o de i n i c i a r l a . Este p u n t o es i m p o r t a n t e , p u e s es la r a z ó n de la
v a l i d e z u n i v e r s a l d e la e n s e ñ a n z a . Esta n o se r e f i e r e a c o m p e t e n c i a s
específicas, s i n o a la t o t a l i d a d de la existencia social; l o q u e e n s e ñ a es
la c o m p e t e n c i a s o c i a l e n g e n e r a l , es d e c i r , la a p t i t u d p a r a vivir e n
s o c i e d a d . Estos textos m a n i f i e s t a n u n a v o l u n t a d s i s t e m a t i z a d o r a q u é
n o s autoriza a h a b l a r de c o d i f i c a c i ó n y n o s i m p l e m e n t e de escritura.
Si r e c o r d a m o s a Israel, e n s e g u i d a n o s d a m o s c u e n t a de q u e e n el
D e u t e r o n o m i o se da u n a s i t u a c i ó n - m a r c o e n t e r a m e n t e s i m i l a r , u n a
s i t u a c i ó n - u m b r a l . Moisés, el m a e s t r o y legislador, está e n el u m b r a l de
la m u e r t e , y el p u e b l o de Israel, el a l u m n o c o l e c t i v o , está a p u n t o de
c r u z a r el J o r d á n y p i s a r la t i e r r a santa. E n esta s i t u a c i ó n se r e ú n e la
totalidad de l o s m a n d a m i e n t o s , r e g l a m e n t o s y estatutos q u e f u n d a n la
vida e n la t i e r r a santa y h a b r á n d e h a c e r de Israel u n « p u e b l o sabio e

15 Cfr. al respecto Aleida Assmann, «Was ist Weisheit», en Aleida Assmann (eda.),
Weisheit, 15-44-
16 Cfr. mi libro Das kulturelle Gedachtnis, 20-21.
 156 EGIPTO

i n s t r u i d o » ( D t n . 4 - 6 ) . L a d i f e r e n c i a f u n d a m e n t a l c o n E g i p t o consiste
e n que estos m a n d a m i e n t o s no s o n las n o r m a s de l o ya establecido. L o s
mandamientos v i e n e n del Sinaí, pertenecen a u n o r d e n extraterrito-
7
rial, r e v e l a d o y hasta c i e r t o p u n t o « e s t a t u i d o » ' . E n la t i e r r a d e
G a n a á n r i g e n n o r m a s d i s t i n t a s . U n o n o d e b e adaptarse a ellas, s i n o
p o r el c o n t r a r i o apartarse de ellas del m o d o más estricto, es d e c i r : hay
q u e vivir, t a m b i é n e n la tierra feraz, c o n f o r m e a esas n o r m a s e x t r a t e -
rritoriales. E n E g i p t o , e n c a m b i o , el a l u m n o es instruido e n unas n o r -
mas q u e n o s o n s i n o las del m u n d o e n el q u e h a b r á de desenvolverse.
A q u í vale la a d a p t a c i ó n a l o d a d o y la o r i e n t a c i ó n al b u e n éxito.
E n c u a n t o t i p o b á s i c o y n o l i t e r a r i o de f o r m a c i ó n , la i n s t r u c c i ó n
p a t e r n a c o i n c i d e c o n las e n s e ñ a n z a s a c e r c a d e la v i d a t a n t o c o m o la
i n s c r i p c i ó n f u n e r a r i a b i o g r á f i c a d e la Narración de Sinuhé (v. p . I5V y
ss.), c o n la d i f e r e n c i a d e q u e e n Sinuhé se trata de u n t i p o b á s i c o
e s c r i t o , m i e n t r a s q u e e n las e n s e ñ a n z a s se trata de u n t i p o o r a l . P u e s
se p u e d e s u p o n e r q u e e n el m u n d o e g i p c i o h u b o , más allá del p r i n -
c i p i o d e la f o r m a d e v i d a m u d a e i m p l í c i t a m e n t e p r e v i v i d a , el c o n -
c e p t o de la i n s t r u c c i ó n p a t e r n a , q u e l o s p r o g e n i t o r e s e j e r c í a n e n la
8
f o r m a de u n a « c o s t u m b r e o r a l » ' . E s t e t i p o b á s i c o de i n s t r u c c i ó n
sirve a la l i t e r a t u r a c o m o f o r m a d e e s c e n i f i c a c i ó n o m a r c o f i c t i c i o
m e d i a n t e e l c u a l el c o n t e n i d o es p u e s t o a la l u z de u n a s i t u a c i ó n
c o m ú n de la vida r e a l . E l a u t o r e n c i e r t o m o d o t o m a prestada d e esta
s i t u a c i ó n la a u t o r i d a d d e l p a d r e y la f u n d a m e n t a l i d a d d e la m i r a d a
echada a la vida e n el u m b r a l d e la m u e r t e , así c o m o la s e r i e d a d de la
i n i c i a c i ó n , q u e n o p e r m i t e n i n g u n a p r e g u n t a , y el v a l o r n o r m a t i v o
d e las p a l a b r a s , eje v e r t i c a l d e la c o m u n i c a c i ó n , p e r o n a t u r a l m e n t e
t a m b i é n la c o m p e n e t r a c i ó n q u e existe e n la c o n s t e l a c i ó n p a d r e - h i j o ,
9
q u e h a c e de la e n s e ñ a n z a u n acto de p r o c r e a c i ó n e s p i r i t u a l ' .
E l n a c i m i e n t o de esta l i t e r a t u r a es s i n d u d a i n s e p a r a b l e d e l p r o -
30
y e c t o de r e o r g a n i z a c i ó n d e l E s t a d o e g i p c i o e n la XII d i n a s t í a . E n
c u a l q u i e r c a s o , l o es d e esa fase e n la q u e estos textos a s c i e n d e n al

17 Revelados en sentido estricto lo son sólo los IO mandamientos. Las otras 603 dispo-
siciones no proceden directamente de Dios, sino que pertenecen a la obra legisla-
dora de Moisés.
18 P. Seibert, Die Charakteristik. 2¿¡ eíner altagyptischen Sprechsitie und ihren Auspragungen in Folklore und
Literatur, Ág. Abh. 17, Wiesbaden, 1967.
ig Cfr. al respecto «Das Bild des Vaters im alten Agypten», de mi libro Stein und&it, 96-
137.
20 Cfr. «Scbrift, Tod und Identitát», de mi libro Stein und&it, 169-199; R.B. Parkin-
son, VokesfromAncientEgypt.
 I I I / 2 . ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN 157

r a n g o p r o p i o de l o s textos culturales centrales del m u n d o e g i p c i o . E l

a r g u m e n t o m á s i m p o r t a n t e p a r a esta d a t a c i ó n es q u e la é t i c a de la
i n t e g r a c i ó n y el d e s i n t e r é s , r e p r e s e n t a d a e n estos textos, se ajusta al
e s p í r i t u del R e i n o M e d i o , p e r o n o al d e l R e i n o A n t i g u o . N o s ó l o
t e n e m o s enseñanzas y s a b i d u r í a ; t e n e m o s t a m b i é n m u c h o s c i e n t o s de
i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s b i o g r á f i c a s e n las q u e l o s p r o p i e t a r i o s de las
t u m b a s d a n c u e n t a de sus vidas. Estas b i o g r a f í a s se a s i e n t a n n a t u r a l -
m e n t e sobre las m i s m a s n o r m a s sociales que las i n s t r u c c i o n e s e x p o n e n
c o h e r e n t e m e n t e . E n las i n s c r i p c i o n e s del R e i n o A n t i g u o se habla de
este t e m a s ó l o e n u n a p o r c i ó n c o m p a r a t i v a m e n t e p e q u e ñ a d e l m i s m o
y e n u n a f o r m a de e x p r e s i ó n m u y c o m p a c t a , y esto e n la l l a m a d a b i o -
grafía ideal. Estas i n s c r i p c i o n e s se c i ñ e n a u n c a n o n fijo de s i e m p r e las
m i s m a s a c c i o n e s c o n c r e t a s q u e r e p r e s e n t a n parspro toto el d o m i n i o
e n t e r o de las n o r m a s sociales y la c o n f i r m a c i ó n m o r a l : p a n a l o s h a m -
b r i e n t o s , vestido a l o s d e s n u d o s , b a r c a a los q u e c a r e c e n de ella, s a r -
cófago a los q u e n o l o t i e n e n ; se c i ñ e n a la b e n e f i c e n c i a y a l a p r e o c u -
p a c i ó n p o r los p o b r e s c o m o u n aspecto sin duda central, p e r o sólo
p a r c i a l d e la ética e g i p c i a , q u e a d e m á s j u e g a u n p a p e l c o m p a r a t i v a -
m e n t e p e q u e ñ o e n las i n s t r u c c i o n e s p a r a la v i d a . C u y a d o c t r i n a d e la
virtud, q u e se m u e v e e n u n n i v e l c o m p l e t a m e n t e distinto d e d i f e r e n -
ciación conceptual, sensibilidad, abstracción y explicitud, parece aquí
n o h a b e r s e a ú n d e s a r r o l l a d o . Falta s o b r e t o d o l o q u e l l a m o la « d o c -
t r i n a del c o r a z ó n » , u n a t e o r í a d e l h o m b r e i n t e r i o r c o n su v o c a b u l a -
r i o de v i r t u d e s , m e d i t a c i o n e s , rasgos d e l carácter y v a l o r e s i n t e r i o r e s
entre los cuales l o s d e l desinterés o c u p a n el p r i m e r r a n g o .
L a ética del desinterés, de la i n t e g r a c i ó n y del altruismo es sin d u d a
algo m u y o r i g i n a r i o e n E g i p t o , y t o d o p a r e c e i n d i c a r q u e ya la ética
p r á c t i c a d e l R e i n o A n t i g u o estaba d e t e r m i n a d a p o r estos p r i n c i p i o s .
Pero es i g u a l m e n t e p r o b a b l e que, e n el R e i n o A n t i g u o , estos p r i n c i p i o s
se t r a n s m i t i e r a n e n p a r t e o r a l m e n t e e n f o r m a d e p r o v e r b i o s y frases
hechas, p e r o e n p a r t e existieran t a m b i é n de f o r m a i m p l í c i t a , es d e c i r ,
f u e r a n observados c o m o algo i n d u d a b l e y e v i d e n t e . C o n el d e s m o r o -
n a m i e n t o del R e i n o A n t i g u o ; estos valores f u e r o n c u e s t i o n a d o s . E n las
inscripciones biográficas del P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o n o se habla de
virtudes de f u n c i o n a r i o s , del c u m p l i m i e n t o a b n e g a d o de las o b l i g a c i o -
nes, s i n o de « v i r t u d e s d e l e m p r e s a r i o » , de la i m a g e n del p a t r ó n , q u e
e n l o s t i e m p o s d e h a m b r e h a c o n s e r v a d o la v i d a de sus c l i e n t e s , es
decir, h a m a n t e n i d o a t o d o su n o m o ; se habla de c o n c e p t o s a l t e r n a t i -
vos de o r d e n , desarrollados tras el colapso del o r d e n f a r a ó n i c o . E l P r i -
158 EGIPTO

raer P e r í o d o I n t e r m e d i o es la época de los príncipes, magnates y condot-

tieri, de las p e q u e ñ a s cortes e n c o m p e t e n c i a , u n E g i p t o c o m p l e t a m e n t e
d i s t i n t o c o n t r a el q u e l u e g o el R e i n o M e d i o l u c h a r á c o n t o d o s l o s
m e d i o s a su alcance desde su p r o y e c t o de recentralización restauradora.
A este p r o y e c t o p e r t e n e c e la literatura sapiencial c o m o c o d i f i c a c i ó n de
n o r m a s s o c i a l e s . S ü f u n c i ó n g u a r d a r e l a c i ó n , y la más e s t r e c h a , a m i
j u i c i o , c o n la r e o r g a n i z a c i ó n del Estado o r g a n i z a d o m o n á r q u i c a y t e o -
cráticamente. Las n o r m a s d e la a c c i ó n y la conducta sociales s o n escritas
y c o d i f i c a d a s e n e l m o m e n t o e n q u e , e n p r i m e r l u g a r , la « t r a d i c i ó n
m i m é t i c a » se h a r o t o y d e j a d e h a b e r m o d e l o s y f o r m a s d e v i d a q u e
e n c a r n e n esas n o r m a s y, e n s e g u n d o lugar, la validez indis cutida d e esas
n o r m a s d e s a p a r e c e y, e n t e r c e r l u g a r , se h a c e n e c e s a r i a s u d i f u s i ó n
fuera del círculo de sus valedores hereditarios. Estos tres p u n t o s d e s c r i -
b e n la p r o b l e m á t i c a ante la q u e se v i o el R e i n o M e d i o . P o r u n a p a r t e ,
h a b í a q u e r e s t a u r a r la v a l i d e z d e las n o r m a s d e la ética y el a l t r u i s m o
i n t e g r a d o r e s que, c o n el d e s m o r o n a m i e n t o del R e i n o A n t i g u o , h a b í a n
s i d o t a n r a d i c a l m e n t e c u e s t i o n a d a s . P o r o t r a p a r t e , estas n o r m a s
d e b í a n ser unlversalizadas, es decir, h a b í a q u e h a c e r de la ética i m p l í -
cita e n los estamentos de u n a delgada capa s u p e r i o r u n a ética para u n a
amplia élite cultural sustentadora del Estado y representativa d e t o d o el
m u n d o e g i p c i o , es d e c i r , u n a s u e r t e d e « c u l t u r a » . S ó l o el R e i n o
M e d i o se vio p r e c i s a d o a realizar, j u n t o c o n el p r o y e c t o de r e s t a u r a c i ó n
política, u n a p o l í t i c a cultural adecuada. E n este contexto radica la fija-
c i ó n de las n o r m a s sociales p o r m e d i o de la escritura.

SOLIDARIDAD Y MEMORIA

E l i d i o m a de E g i p t o c o n o c e u n t é r m i n o s u p e r i o r p a r a la t o t a l i d a d d e
las n o r m a s s o c i a l e s : ma'at. Q u i s i e r a t r a d u c i r este t é r m i n o c o n u n a
2 1
perífrasis: « j u s t i c i a c o n e c t i v a » . E l p r i n c i p i o d é l a « j u s t i c i a c o n e c -
t i v a » constituye la c o n s t r u c c i ó n d e s e n t i d o central y d e t e r m i n a n t e d e
la c u l t u r a e g i p c i a . S i n d u d a n o es s o l a m e n t e u n a s p e c t o d e l R e i n o
M e d i o , s i n o q u e v a l e p a r a la c u l t u r a e g i p c i a e n g e n e r a l . E l R e i n o
M e d i o es ú n i c a m e n t e l a é p o c a d e s u p r i m e r a f o r m u l a c i ó n a m p l i a y

2,1 Cfr. mi libro Ma'at. Gerechtigkeit und Unsterbíichkeit im Alten Egypten, Munich, 1990. Iustitia
connediva es un remedo de la expresión (posaristotélica) iustitia correctiva, por tanto no
una expresión originaria, sino del metalenguaje teórico. Cfr. sobre esta expresión
Ma'at, caps. 3 y 9, y Das kulturelle Gedachtnis, 232 ss.
 111/2. ESTADO, E S C R I 1 U K A r r u n n n ^ , .

n o r m a t i v a p a r a t o d a s las é p o c a s c u l t u r a l e s p o s t e r i o r e s d e E g i p t o . E l
R e i n o A n t i g u o vivía i n d u d a b l e m e n t e e n e l m a r c o d e la m i s m a f o r -
m a c i ó n d e s e n t i d o . L a p a l a b r a ma'at a p a r e c e c o n s t a n t e m e n t e e n sus
« m e n s a j e s » . P e r o si s ó l o p o s e y é r a m o s esas i n s c r i p c i o n e s , n o s a b r í a -
m o s m u c h o de su s i g n i f i c a d o . S u c o n c e p t o se d e s p l i e g a p o r vez p r i -
m e r a d e m o d o discursivo e n la l i t e r a t u r a d e l R e i n o M e d i o . G o m o h e
d e d i c a d o u n a m o n o g r a f í a al c o n c e p t o d e ma'at y al p r i n c i p i o d e la
j u s t i c i a c o n e c t i v a , q u i s i e r a s e r a q u í b r e v e . Ma'at es el p r i n c i p i o q u e
c o n e c t a a l o s h o m b r e s e n u n a c o m u n i d a d y da a sus a c c i o n e s s e n t i d o
y d i r e c c i ó n al h a c e r q u e el b i e n sea p r e m i a d o y el m a l c a s t i g a d o .
E n u n a i n s c r i p c i ó n regia d e la d in a s tía XIII (hacia 1 7 0 0 a. G . ) se
e n c u e n t r a i n c l u s o u n a f o r m u l a c i ó n q u e a c e n t ú a e l aspecto c o n e c t i v o
de ma ai y q u e p o d r í a valer c o m o d e f i n i c i ó n d e l c o n c e p t o e g i p c i o :

La recompensa para el que obra es que luego se obra para él.

22
Eso es ma'at para el d i o s .

El c o n c e p t o del o b r a r p e n s a n d o e n los demás, del m u t u o h a c e r algo

los h o m b r e s u n o s p o r otros, aparece u n a y otra vez e n los textos literarios
del R e i n o M e d i o , y c o n una b i e n apreciable c o n c r e c i ó n t e r m i n o l ó g i c a .
E x a m i n a r e m o s a l g u n o s pasajes de estos textos. Ellos m u e s t r a n t a m b i é n
claramente la d i m e n s i ó n t e m p o r a l de la conectividad fundada p o r ma'at,
p u e s a ese o b r a r cada u n o p e n s a n d o e n el o t r o v i n c u l a n la c a p a c i d a d
h u m a n a d e r e c o r d a r . Ese actuar cada u n o c o n s i d e r a n d o a l o s otros es
u n a f o r m a de m e m o r i a s o c i a l . S u p o n e p e n s a r e n el o t r o . L o s textos
sapienciales p r o y e c t a n la i m a g e n del j u s t o que se acuerda c o n t r a la i m a -
g e n o p u e s t a d e l « c o d i c i o s o » q u e s ó l o p i e n s a e n sí m i s m o y n o tiene
23
n e c e s i d a d de r e c o r d a r nada. E n e l célebre Diálogo de un hombre con su 6a ,

22 W. Helck en Historisch-Biographische Texte der 2. /(wischenzeil, n.° 32, 29- I. Shirun-Gru-

mach, OJfenbarung, Orakel undKonigsnovelie, ÁAT 24. Wiesbaden, 1993, 126 s. propone
otra traducción: «Una recompensa es lo que le lie dado por lo que ha hecho¡ Ma'at
está en el corazón del dios». Pero es más cierto que el dios «recompensa» al rey
que a la inversa. Tengo por probable que lo que Neferhotep en definitiva quiere es
formular la máxima universal que fundamenta sus obras descritas en primer lugar.
Tanto el dios como el rey encuentran la recompensa a sus acciones en el principio
de reciprocidad, en la Ma'at. Sobre m(n.¡of, «recompensa» o «ración», cfr. P.
Lacau/H. Chevrier, Une Chapelíe blanche de SésostrisIer, t. II, El Cairo, I96g, pl. 41 (scéne
29): «Palabras de Amón-Re. "Yo he dado a Sésostris vida, permanencia y poder.
Tengo ante mí, viva y palpitante, su recompensa/su ración».
s,
23 P. Berlín 3024. ^ 5 > de Adolf Erman, Das Gesprach cines Lebensmüde mit seiner Seele,
Berlín, 1896. Hay numerosas traducciones posteriores, entre ellas la de Erik Hor-
nung, GesángevamNil, Zúrich, 199°. p- H5-
 IDO EGIPTO

p o r e j e m p l o , u n texto q u e se ha convertido e n u n o de los más citados de

la literatura e g i p c i a , y del q u e h a b r e m o s de o c u p a r n o s más d e t e n i d a -
m e n t e , se lee: « Q u i e n n o se acuerda del ayer, n o o b r a p e n s a n d o e n el
8 1
que ha o b r a d o h o y » ' ' . R e c o r d a r y o b r a r para o t r o están e m p a r e j a d o s .
L o p r i m e r o c o n d i c i o n a l o s e g u n d o . S i n m e m o r i a social n o hay t i e m p o
social n i a c c i ó n social. L a m e m o r i a crea el espacio de la a c c i ó n social.
P o r eso, olvidar s u p o n e i n c a p a c i d a d para obrar, e n egipcio « n e g l i g e n -
c i a » . S i n p a s a d o n o hay a c t i v i d a d . E n o t r o texto del R e i n o M e d i o , El
cuento del ciudadano elocuente, se l e e : « E l negligente —es decir, el que n o hace
8 3
nada p o r los demás— n o tiene a y e r » , es decir, n i n g u n a m e m o r i a , n i n -
g u n a c o n c i e n c i a , n i n g u n a r e s p o n s a b i l i d a d , n i n g ú n p a s a d o . A él se
o p o n e el h o m b r e ideal, q u e es el h o m b r e capaz de acordarse: « U n b u e n
carácter regresa a su sitio de ayer, p u e s está o r d e n a d o : o b r a para el q u e
obra, para darle o c a s i ó n a estar activo. Es decir, para agradecerle p o r l o
8 6
que él ha h e c h o » . E l « r e g r e s o al sitio de a y e r » significa el r e c u e r d o , el
acordarse r e s p o n s a b l e m e n t e de lo b u e n o que a u n o se le ha h e c h o y d e
las acciones que u n o tiene la o b l i g a c i ó n de realizar. Esto es l o que s i g n i -
fica « t e n e r u n a y e r » . E l imperativo « o b r a para el que obra/ha o b r a d o »
expresa el ideal del o b r a r u n o para o t r o , del altruismo activo. L a r e t r i -
b u c i ó n n o se p r o d u c e a u t o m á t i c a m e n t e , s i n o que es u n a f u n c i ó n de la
a c c i ó n social, y ésta a su vez es u n a f u n c i ó n de la m e m o r i a social:

No ocultes tu rostro ante el que has conocido,

no seas ciego para el que has mirado,
no rechaces a quien te pide algo,
87
sino a b a n d o n a esa tardanza (wzf, «negligencia») en dejar que tu
palabra se oiga.
88
¡ O b r a para el que obra para t i !

L a c o n e x i ó n c o n el ayer, es d e c i r , la a c e n t u a c i ó n de la d i m e n s i ó n
t e m p o r a l y del r e c u e r d o , c o n f i e r e al c o n c e p t o e g i p c i o d e r e c i p r o c i d a d

24 Estos tres versos tienen un puesto destacado en el texto. Forman la estrofa interme-
dia de una «canción estrófica anafórica», cuyas estrofas comienzan todas con la
frase «¿A quién puedo hablar hoy?», y esta canción, junto con otras tres canciones
estróficas, interrumpe líricamente el texto para que no resulte «prosaico» (o,
s
mejor dicho, para que no tenga otra forrna.más débil); cfr. pp. 227 -
25 Bauer B 2, 109 s.¡ mi Ma'at, p. 60.
26 Bauer B I, IO9-IIO; Friedrich Vogelsang, Kommentarzu den Klagen des Bauern, Unters. z.
Gesch. u. Altertumsk. Ág. 6, Leipzig, 1913, p. IOO.
n
27 3j.k, literalmente «desciende de».
28 B 2, 105-108.
 i l l / 2 . ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN IDI

c o m o el « o b r a r u n o s para o t r o s » u n a cualidad m a r c a d a m e n t e a n a m -
n é s i c a . O b r a r es a c o r d a r s e . N o o b r a r , o l v i d a r . E l q u e n a d a h a c e ,
p i e r d e de vista el ayer y la exigencia q u e el ayer p o n e al h o y . E l p r i n c i ­
p i o de r e c i p r o c i d a d está l i g a d o a la d i m e n s i ó n t e m p o r a l . Ma'at aparece
a q u í c o m o el o r d e n , o sea, la « i n s e r c i ó n » del o b r a r e n la d i m e n s i ó n
t e m p o r a l , es d e c i r , c o m o u n p r o c e s o q u e se m a n t i e n e m e d i a n t e la
a p r e s e n t a c i ó n del ayer e n el h o y . D e b e garantizar h o y la v a l i d e z de l o
q u e valía ayer, y a s e g u r a r q u e u n o c o n t i n ú a l o q u e ayer dijo e h i z o , y
q u e r e a c c i o n a a l o q u e o t r o s ayer d i j e r o n e h i c i e r o n . Ma'at es u n a
d i m e n s i ó n del o b r a r q u e n o se limita a u n día, q u e c o n e c t a ayer y h o y :
u n a f o r m a d e r e c u e r d o activo o a c t i v i d a d q u e r e c u e r d a («anamné-
s i c a » ) , que h a c e p o s i b l e la c o n f i a n z a y la eficacia. « T o d a s las a c c i o n e s
están trabadas u n a s c o n o t r a s » , d i c e n las Instrucciones para Merikare:
29
U n golpe es r e s p o n d i d o p o r otro igual —tal es la t r a b a z ó n de
30
todas las cosas que se h a c e n .

Esta c o n e x i ó n de m e m o r i a y a l t r u i s m o , tal c o m o la p r e s e n t a n los

textos e g i p c i o s d e l R e i n o M e d i o , v o l v e m o s a e n c o n t r a r l a e n dos f i l ó ­
sofos modernos.- M a r x y N i e t z s c h e . « E l i n t e r é s n o t i e n e m e m o r i a » ,
d i c e K a r l M a r x e n u n o d e sus textos de j u v e n t u d , « p u e s s ó l o p i e n s a
3 1
e n sí m i s m o » . Q u i e n vive p e n d i e n t e sólo de los objetos de su a p e ­
t i t o y su p r o v e c h o i n m e d i a t o s n o n e c e s i t a m e m o r i a . L a m e m o r i a ,
c a b e i n f e r i r , n o p e r t e n e c e al e g o í s m o , a la a u t o c o n s e r v a c i ó n y a la
s a t i s f a c c i ó n de i m p u l s o s , s i n o al a l t r u i s m o , al p e n s a r e n o t r o s y a la
t o t a l i d a d d e l g r u p o , de la c o m u n i d a d , de la s o c i e d a d , de la h u m a n i ­
d a d . E l h o m b r e n e c e s i t a de u n a m e m o r i a p a r a f o r m a r p a r t e d e ella.
L a m e m o r i a le h a c e p r ó j i m o de o t r o s h o m b r e s , le capacita p a r a u n a
v i d a e n c o m u n i d a d . F r i e d r i c h N i e t z s c h e trató de esta r e l a c i ó n e n t r e

29 mdd, un término del lenguaje de los carpinteros, que significa «encajado» (con
ranura y lengüeta). .
v a
30 Merikare P 123, - ^ respecto e. Otto, «ágyptische Gedanken zur menschlichen
Verantwortung», Die Weltdes Orients 3.1, 1964, 19-26, esp. 24; G. Fecht, DerVorwurfan
1
GottindenMahnwortendesIpuwer, Heidelberg, 1972. I3 -
31 «Verhandlungen des 6. Rheinischen Landtags. Dritter Artikel. Debatten ber das
Holzdiebstahlsgesetz. Von einem Rheinlander» (Rheinische Zeitung Nr. 298-
25.IO.l842. Beiblatt), en Karl Marx/Friedrich Engels, Gesamtausgabe, ErsteAbtei-
lung, Bd. I, Berlín, 1975, P- 222- Karl Marx defiende en este artículo la opinión de
que el Estado no debe convertirse en órgano para la imposición de intereses priva­
dos. Debo a Gadi Algazi (Tel-Aviv) la aportación de esta cita, y agradezco a V/olf
Daniel Hártwich otras informaciones.
l62 EGIPTO

m e m o r i a y p r o j i m i d a d o s o c i a l i d a d e n su o b r a Sobre ¡agenealogía de la
moral. Para N i e t z s c h e , la g e n e a l o g í a de la m o r a l es a la vez la g e n e a l o -
gía de la m e m o r i a . M o r a l y m e m o r i a se d e s a r r o l l a n c o - e v o l u t i v a -
m e n t e e n el p r o c e s o de la e d u c a c i ó n d e l h o m b r e c o m o p r ó j i m o , es
d e c i r , c o m o h o m b r e c u l t u r a l . L a m e m o r i a es precisa para p o d e r h a c e r
p r o m e s a s y c u m p l i r o b l i g a c i o n e s . L a m e m o r i a es consustancial al h o m -
b r e c o m o « e l a n i m a l q u e p u e d e p r o m e t e r » . E l e g i p c i o d e s a r r o l l a el
c o n c e p t o d e la a c c i ó n r e s p o n s a b l e (realizada a c o n c i e n c i a ) n o c o m o
Nietzsche, desde el caso especial del p r o m e t e r ( c o n la m i r a d a puesta e n
el f u t u r o ) . « E s t e a n i m a l n e c e s a r i a m e n t e d e s m e m o r i a d o , e n el q u e el
o l v i d o e q u i v a l e a u n a fuerza, a u n a f o r m a de salud y de v i g o r , ha c u l -
tivado u n a facultad contraria, u n a m e m o r i a , c o n cuyo auxilio sus-
p e n d e p a r a c i e r t o s casos su d e s m e m o r i a —para los casos e n q u e d e b e
p r o m e t e r algo: p o r consiguiente, n o s i m p l e m e n t e c o m o u n pasivo
n o p o d e r d e s p r e n d e r s e d e la i m p r e s i ó n q u e u n a v e z le q u e d ó g r a -
b a d a . . . s i n o c o m o u n a c t i v o n o q u e r e r d e s p r e n d e r s e d e ella, u n
s e g u i r y s e g u i r q u e r i e n d o l o u n a vez q u e r i d o , u n a v e r d a d e r a m e m o -
ria de la v o l u n t a d . » T a l es, dice N i e t z s c h e , « l a larga h i s t o r i a del o r i -
3 2
g e n de la r e s p o n s a b i l i d a d » .
S e g ú n N i e t z s c h e , y c o i n c i d i e n d o e n t e r a m e n t e c o n M a r x , e n este
p r o c e s o de f o r m a c i ó n de la m e m o r i a el h o m b r e a p r e n d e a r e n u n c i a r
a sí m i s m o y a sus i n t e r e s e s . « E l i n d i v i d u o d e b e s a c r i f i c a r s e —así l o
3 3
exige la m o r a l i d a d de la c o s t u m b r e » . E n l u g a r d e ' s u y o i n d i v i d u a l
s a c r i f i c a d o , o b t i e n e así el y o social, q u e t i e n e u n a m e m o r i a y, e n v i r -
t u d de este h e c h o p u e d e ser u n . i n d i v i d u o estable y c o n f i a b l e . M a ñ a n a
será c o m o ayer y c o m o h o y . E l y o q u e r e c u e r d a es el l u g a r e n el q u e la
s o c i e d a d se asienta c o n sus d e m a n d a s y o b l i g a c i o n e s . A este y o d e b e
ser f i e l el h o m b r e e d u c a d o p a r a l o s d e m á s , y s i e n d o f i e l a « s í »
m i s m o c u m p l e c o n sus o b l i g a c i o n e s y p e r m a n e c e fiel al g r u p o .
N i e t z s c h e d e s c r i b e este p r o c e s o d e e d u c a c i ó n d e l h o m b r e e n la
a t e n c i ó n a sus s e m e j a n t e s , este p r o c e s o de c i v i l i z a c i ó n e n s u s e n t i d o
más p r o p i o , c o n los t o n o s más s o m b r í o s . « E s t e p r o b l e m a a n t i q u í -
s i m o n o h a s i d o r e s u e l t o , cabe p e n s a r , c o n respuestas y m e d i o s s u a -
ves; q u i z á n a d a haya más t e m i b l e e i n q u i e t a n t e e n t o d a la p r e h i s t o r i a
d e l h o m b r e q u e su m n e m o t é c n i c a . ' A l g o se g r a b a a f u e g o p a r a q u e

32 Friedrich Nietzsche, Werke ¡n dreiBanden, ed. de K. Schlechta, Munich, 1960, tomo II,
p. 799 s.
33 «Morgenrote», ibid., tomo I, 1020.
 MI / 2. ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN

p e r m a n e z c a e n la m e m o r i a : s ó l o l o q u e n o cesa de causar dolor p e r m a -

n e c e e n la m e m o r i a —un a x i o m a de la más a n t i g u a ( d e s g r a c i a d a m e n t e
la m á s l a r g a ) p s i c o l o g í a s o b r e la t i e r r a . . . . G u a n d o e l h o m b r e t u v o
n e c e s i d a d de hacerse una m e m o r i a , nada s u c e d i ó sin sangre, sin
m a r t i r i o , s i n s a c r i f i c i o : los sacrificios y las p r e n d a s más t e r r i b l e s (las
p r i m i c i a s e n t r e ellas), las m u t i l a c i o n e s más espantosas ( p o r e j e m p l o ,
las c a s t r a c i o n e s ) , las más c r u e l e s f o r m a s r i t u a l e s de t o d o s l o s c u l t o s
r e l i g i o s o s (y todas las r e l i g i o n e s s o n , e n su f o n d o ú l t i m o , sistemas de
c r u e l d a d e s ) —todo esto tiene su o r i g e n en a q u e l i n s t i n t o , q u e halla e n
3 1
el d o l o r el r e c u r s o más p o d e r o s o de la m e n m ó n i c a » . Para los e g i p -
c i o s , e n c a m b i o , la c o e x i s t e n c i a de l o s h o m b r e s —ma'at— es u n y u g o
suave, d a n d o p o r s u p u e s t o q u e ma'at, la c o e x i s t e n c i a de l o s i n d i v i -
d u o s , la m e m o r i a s o c i a l , es i m p o s i b l e s i n el E s t a d o y sus « c o e r c i o -
n e s » . A l g u n o s de l o s s o m b r í o s t o n o s de N i e t z s c h e e n c u e n t r a n cierta
c o n f i r m a c i ó n e n e l c a r á c t e r de Estado p o l i c i a l que tuvo el R e i n o
M e d i o . E l Estado existe p a r a realizar ma'at e n la tierra, es d e c i r , p a r a
c r e a r e l m a r c o de c o n d i c i o n e s p a r a q u e e l l a p u e d a ser e n s e ñ a d a y
r e c o r d a d a . Esta m e m o r i a t a m p o c o es p a r a l o s e g i p c i o s u n s i s t e m a
a u t o p o y é t i c o , n a d a q u e se d e s a r r o l l e de m a n e r a a u t o r r e g u l a t i v a e n el
trato vivo de l o s h o m b r e s e n t r e sí, s i n o u n sistema q u e hay q u e i n s t i -
t u i r desde fuera, o sea, desde a r r i b a , y s o s t e n e r c o n la v i o l e n c i a esta-
3 5
tal. S i n el E s t a d o , q u e castiga el o l v i d o , las « l e y e s d e ma G Í » no
s e r í a n r e c o r d a d a s . L u e g o a q u í vale t a m b i é n d e c i r : sólo l o q u e n o cesa
de causar d o l o r p e r m a n e c e e n la m e m o r i a ; s ó l o q u e c o n la d i f e r e n -
cia d e q u e e n l o s e g i p c i o s e n c o n t r a m o s ya u n n i v e l d e c i v i l i z a c i ó n e n
el q u e l o d o l o r o s o d e l r e c u e r d o ya n o q u e d a d i r e c t a m e n t e g r a b a d o
e n l o s c u e r p o s , s i n o p r e s e r v a d o e n las f o r m a s s i m b ó l i c a s de las i n s t i -
t u c i o n e s y las leyes estatales, d e los textos l i t e r a r i o s y de la i n s t r u c c i ó n
e s c o l a r , e n s u m a , d e u n m u n d o de s i g n o s q u e s u s t i t u y e al c u e r p o ,
c o n l o q u e el r e c u e r d o ya n o se e s c r i b e e n la p i e l , s i n o e n el c o r a z ó n .
Q u i z á sea el E s t a d o , y esto s i g n i f i c a : la d e s i g u a l d a d , la s u m i s i ó n a u n
sistema j e r á r q u i c o d e m a n d a t o y o b e d i e n c i a , el p r e c i o q u e la h u m a -
n i d a d t u v o q u e p a g a r p o r la h u m a n i z a c i ó n d e la m e m o r i a c u l t u r a l .
C o n la p r e s e r v a c i ó n de esos s i g n o s p o r m e d i o de la e s c r i t u r a o, para
3 6
d e c i r l o c o n A l e i d á A s s m a n n , c o n la « e x c a r n a c i ó n » de la m n e m o -

34 Ibid., tomo II, 802.

35 De «sus leyes (JCJ7., de Ma'at)» se habla en la enseñanza de Ptahhotep. Sobre la
c
expresión «leyes de Ma at» (hpw nwM3't), cfr. A.B. Lloyd, Historia 31, 43-
 164 EGIPTO

técnica cultural e n las f o r m a s s i m b ó l i c a s se p r o d u c e u n a t r a n s f o r m a ­

c i ó n d e la e s t r u c t u r a d e p e r t e n e n c i a c r e a d a p o r ese r e c u e r d o . E l
r e c t i e r d o se t o r n a a b s t r a c t o , vasto y j e r á r q u i c o . L a s c o m u n i d a d e s
rurales igualitarias s o n r e e m p l a z a d a s p o r las s o m e t i d a s a c a b e c i l l a s y
reyes, y p r o n t o p o r l o s g r a n d e s r e i n o s . E l b o m b r e c o m u n i t a r i o se
vuelve s u b d i t o .

JUSTICIA CONECTIVA

La p a l a b r a « s u b d i t o » e v o c a l a i m a g e n q u e p r e s e n t a la B i b l i a d e l
Estado de los f a r a o n e s : E g i p t o c o m o « d e s p o t i s m o o r i e n t a l » , c o m o
E s t a d o de s e r v i d o r e s y c o m o l o c o n t r a r i o a t o d a j u s t i c i a . E n la c ú s ­
p i d e de u n a masa p o p u l a r esclavizada p a r a c o n s t r u i r y m a n t e n e r s i s ­
temas h i d r á u l i c o s y e d i f i c i o s c o l o s a l e s d e p u r a r e p r e s e n t a c i ó n y u n a
b u r o c r a c i a a d m i n i s t r a d o r a y c o n t r o l a d o r a d e t o d o , está e l d é s p o t a
3 7
c o m o g o b e r n a n t e a b s o l u t o q u e s ó l o s i g u e su p r o p i a v o l u n t a d . S u
p o d e r es a b s o l u t o , s u v o l u n t a d se c u m p l e e n e l a c t o . E l p u e b l o es u n
o b j e t o sin v o l u n t a d , y e l f u n c i o n a r i a d o ( g i g a n t e s c a m e n t e h i n c h a d o )
el i n s t r u m e n t o d e esa v o l u n t a d q u e d i r i g e y a d m i n i s t r a e l t o d o , y
cuyo ú n i c o objetivo es la a u t o a f i r m a c i ó n del p o d e r .
E. B r u n n e r - T r a u t d e f i n e la s o c i e d a d d e l antiguo E g i p t o c o m o
sociedad « a g r e g a d a » , q u e n o posee n i n g u n a estructura, sino q u e
c o n s t i t u y e u n a masa, u n a g r e g a d o d e i n d i v i d u o s , u n a m e r a a d i c i ó n
38
de p a r t i c u l a r e s . Esta m a s a estaba c o n s t r u i d a h i e r á t i c a m e n t e , p e r o
su t o t a l i d a d n a d i e p o d í a « p e r c i b i r l a c o m o u n a u n i d a d n i e n t e n ­
derla e n su o m n í m o d a d e p e n d e n c i a f u n c i o n a l » . A l o s e g i p c i o s n o
sólo les f a l t a r o n o p c i o n e s alternativas, s i n o t a m b i é n las c o n d i c i o n e s
m e n t a l e s p a r a p o d e r t e n e r l a s a la vista. D e a h í q u e e l e d i f i c i o h i e r á -
tico n o formase u n a « e s t r u c t u r a » , sino ú n i c a m e n t e u n a g r e g a d o ,
u n a « a g r e g a c i ó n » ( d e l l a t . grex - g r e y ) d e i n d i v i d u o s , m a s n o a u n
c u e r p o o r g á n i c o e n e l q u e t o d a s las p a r t e s e s t u v i e r a n r e f e r i d a s u n a s
a o t r a s , u n i d a s p o r h i l o s q u e se e n t r e c r u z a n , f o r m a n d o u n t o d o

36 Aleida Assmann, «Exkarnation: über die Grenze zwischen Kórper und Schrift», en
Alois M. MülleryJ. Huber (eds.), Raum und Verfahren. Interventionen, Basilea, 1993, I59~
181.
37 K A . Wittfogel, Die orientalische Despotie. Eine vergleichende UntersuchungtotalerMacht, Frank-
Q1 e
furt/Berlín/Viena, 1977 ( *ig- !957) t d. cast.: Despotismo oriental: estudio comparativo del
poder totalitario, Editorial Guadarrama, 1966].
38 E. Brunner-Traut, Frühformen desErkennens: amBeispielAltagyptens, Darmstadt, 1990, 82 ss.
 III / 2. ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN 165

3 9
e n t r e l a z a d o » . E . B r u n n e r - T r a u t o b s e r v a la « f a l t a d e c o n e x i ó n
t r a n s v e r s a l » , de r e l a c i o n e s sociales « h o r i z o n t a l e s » , y ve e n la s o c i e -
dad e g i p c i a u n a c o n e c t i v i d a d p u r a m e n t e v e r t i c a l , h e c h a d e m a n d a t o
y obediencia.
La ausencia de formas sociales horizontales apenas p u e d e discutirse.
El d o m i n i o de la m o n o c r a c i a faraónica es tan o m n í m o d o , q u e fuera de
las j e r a r q u í a s b u r o c r á t i c o - a d m i n i s t r a t i v a s y sacerdotales, y l u e g o t a m -
b i é n militares, n o p e r m i t e otras formas, p o r e j e m p l o gentilicias, c o o -
perativas o asociativas, d e s o c i a l i z a c i ó n . C o n p l e n a r a z ó n constata E .
B r u n n e r - T r a u t : « L a s grandes familias, c o m o existen a ú n h o y f r e c u e n -
t e m e n t e e n O r i e n t e , y t a m b i é n e n el l e j a n o O r i e n t e , n o existían, n i
t a m p o c o la c o m u n i d a d d e l clan c o n identidad colectiva a través de u n a
4 0
serie de g e n e r a c i o n e s » . A estas estructuras, q u e sin d u d a e x i s t i e r o n
e n la p r o t o h i s t o r i a y v o l v i e r o n a d e s a r r o l l a r s e e n el P r i m e r P e r í o d o
I n t e r m e d i o , se o p o n e p r o g r a m á t i c a m e n t e el Estado e g i p c i o . D e ahí la
i m p r e s i ó n de « m a s a » a m o r f a que E . B r u n n e r - T r u a t describe.
P e r o esta i m p r e s i ó n es e n g a ñ o s a . Es de t o d o p u n t o d i s c u t i b l e la
falta de r e f l e x i ó n y de c o n c e p t o s p o l í t i c o s , la a u s e n c i a de c o n c e p t u a -
l i z a c i o n e s d e l c o n t e x t o p o l í t i c o , d e l « t o d o » y su c o h e r e n c i a , así
c o m o de las c o n s i g u i e n t e s n o r m a s políticas y sociales p a r a el i n d i v i -
d u o . P o r el c o n t r a r i o , las f u e n t e s e n las q u e se a r t i c u l a este t i p o de
p e n s a m i e n t o s o n , c o m o h e m o s visto, s o b r e a b u n d a n t e s , a u n q u e hasta
a h o r a n o se h a n i n t e r p r e t a d o bajo esta l u z .
E n este o r b e de r e p r e s e n t a c i o n e s , la j u s t i c i a es l o q u e c o h e s i o n a
í n t i m a m e n t e el m u n d o . E l l a v i n c u l a al acto u n a c o n s e c u e n c i a . E l l a
o b r a « c o n e c t i v a m e n t e » . Sitúa el acto e n u n a « r e d » de d e s t i n o s , y a
los h o m b r e s e n u n a c o m u n i d a d . Esta idea, de u n a c o n e x i ó n basada e n
r e c i p r o c i d a d e s y q u e l o abraza t o d o , la ha descrito el t e ó r i c o del Estado
41
H a n s K e l s e n c o m o la f o r m a p r i m a r i a de u n c o n c e p t o de c a u s a l i d a d .
R e c i p r o c i d a d c o m o c a u s a l i d a d . C a u s a l i d a d c o m o r e c i p r o c i d a d : esta
f ó r m u l a es la q u e más c o n v i e n e al aspecto « c ó s m i c o » de este c o n c e p t o
de j u s t i c i a . A l u n i r la c o n s e c u e n c i a a la a c c i ó n , enlaza el c u r s o de los
a c o n t e c i m i e n t o s , la m a r c h a de las cosas y, e n fin, el m u n d o e n t e r o e n

39 E. Brunner-Traut, «Wohltatigkeit und Armenfürsorge im Alten Agypten», en

Scháfer, G.K./Th. Strohm (eds.), Diakonie - biblische Grundlagen und Orientierungen, publi-
cación del Diakoniewissenschaftlichen Instituís der Universitát Heidelberg 2, Hei-
delberg, 1990, 23-43 (cita: pág. 25).
4.0 «Wohltatigkeit», p. 26.
41 H. Kelsen, VergeltungundKausalitat, La Haya, 1947-
i66 EGIPTO

u n t o d o c o n s e n t i d o . Es característico de esta idea el q u e las p e r t u r b a -

c i o n e s d e l o r d e n s o c i a l , c o m o las descritas e n la Profecía de Neferti y e n
m u c h a s otras « d e s c r i p c i o n e s d e l c a o s » , se a c o m p a ñ e n d e p e r t u r b a -
c i o n e s c ó s m i c a s . E l m u n d o está, p a r a d e c i r l o c o n H a m l e t , « f u e r a de
q u i c i o » (out ofjoints) c u a n d o la justicia" conectiva deja de f u n c i o n a r , es
decir, c u a n d o el m a l q u e d a i m p u n e y el b i e n ya n o m e r e c e la p e n a .
L a j u s t i c i a c o n e c t i v a o b r a n o s ó l o e n la d i m e n s i ó n t e m p o r a l , s i n o
t a m b i é n e n la d i m e n s i ó n s o c i a l . E l l a n o s ó l o u n e el acto a la c o n s e -
cuencia, sino t a m b i é n el h o m b r e a su p r ó j i m o . Esto quizá n o valga e n
general, p e r o sí vale p a r a el a n t i g u o E g i p t o , para su c o n c e p t o de ma'at.
L o s egipcios h i c i e r o n d e p e n d e r el f u n c i o n a m i e n t o de la justicia c o n e c -
4 2
tiva del « o b r a r u n o s p a r a o t r o s » ' . S i esta s o l i d a r i d a d d e s a p a r e c e , la
j u s t i c i a c o n e c t i v a se d e s i n t e g r a . L a j u s t i c i a m a n t i e n e el m u n d o e n
m o v i m i e n t o , p e r o necesita q u e la m a n t e n g a n a ella e n m o v i m i e n t o . L a
justicia n o está radicada p o r naturaleza n i e n aquel m o v i m i e n t o n i e n el
m u n d o m i s m o . P e r o t a m p o c o es p r o y e c t a d a a lejanas u t o p í a s . Es algo
que debe realizarse activamente, y n o tiene nada que v e r c o n u n a t r a n s -
f o r m a c i ó n r e v o l u c i o n a r i a del m u n d o . E l c o n c e p t o de justicia conectiva
tiene entonces p o r referente justamente aquella estructura, aquella
c o n e x i ó n total q u e E . B r u n n e r - T r a u t niega a las sociedades orientales
•antiguas. N o estamos a q u í ante « m a s a s » amorfas, s i n o ante sociedades
que, e n v i r t u d de s u c u l t u r a y e d u c a c i ó n p o l í t i c o - s o c i a l , f o r m a n cada
u n a su p r o p i a « c o m u n i d a d » bajo el signo de la « j u s t i c i a » .
E l c o n c e p t o e g i p c i o d e l zoon politikon se d i f e r e n c i a d e l g r i e g o
a n t i g u o s o b r e t o d o e n q u e c o n n o t a m e n o s la c a p a c i d a d p a r a c o n s -
t i t u i r u n a c o m u n i d a d q u e l a d e p e n d e n c i a r e s p e c t o de esa c o m u n i -
d a d . S e g ú n la c o n c e p c i ó n e g i p c i a , e l h o m b r e es « p o l í t i c o » p o r q u e
« s ó l o p u e d e vivir e n c o m u n i d a d » , c o m o ha señalado T h e o S u n -
4 3
dermeier respecto a l o s h o m b r e s a f r i c a n o s . « U n o vive c u a n d o
4 4
otro le d i r i g e » , d i c e u n p r o v e r b i o e g i p c i o ' . S i n m u t u o apoyo y
o r i e n t a c i ó n , l o s h o m b r e s se m u e s t r a n i n c a p a c e s de v i v i r .

42 V. mi Ma'at, 60 ss.
43 Theo Sundermeier, Nurgemeinsam kónnen wir ieben. DasMenschenbüd schwamafrikanischer Reli-
gionen, Gütersloh, 1988.
44 Estela de Metternich M 50, C E . Sander-Hansen, Die Texte derMeüernichstele, Analecta
1
Aegyptiaca V i l , Copenhague, 1956, 35 s . , 4 ; A. Klasens, A Magical Statue Bases (Socle
Behage) in the Museum ofAntiquiÜes atLeiden, Oudheidkundige Mededelingen uit het Rijks-
museum van Oudheden te Leiden N.R. X X X I I I , Leiden, 1952,10, 52; H. Stern-
berg, «Die Metternichstele», en O. Kaiser (ed.), Texte aus der Umwelt des Alten Testaments
(TUAT), Bd. I I . 3 , Rituale und Beschworungen I I , Gütersloh, 1988, 376.
 111/2. ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN íoy

D e s d e esta b a s e se f o r m a n l o s a n t i g u o s e g i p c i o s u n a i m a g e n d e l
h o m b r e e n la q u e se aprecia q u e la meta d e l i n d i v i d u o n o es la a u t o -
n o m í a , l a l i b r e a u t o r r e a l i z a c i ó n , s i n o su d e s p l i e g u e e n las c o n s t e l a -
c i o n e s sociales.
La vida es s o c i a l i d a d o « c o n e c t i v i d a d » , la m u e r t e s o l e d a d , a u s e n -
cia de c o n e x i ó n , e x c l u s i ó n . L a s o l e d a d es el d e s t i n o de q u i e n n o
c o n s i g u e r e a l i z a r la c o n e c t i v i d a d , es d e c i r , de q u i e n n o c o n s i g u e
i n t e g r a r s e e n la c o n e x i ó n . P o d e r vivir es p o s i b i l i t a r a ó t i c o s la c o n v i -
v e n c i a c o n u n o . A este i d e a l l o l l a m a n las c u l t u r a s a n t i g u a s « j u s t i -
c i a » , e n e g i p c i o ma'at. J u s t i c i a significa a q u í u n a v i d a en c o n f o r m i -
d a d c o n las e s t r u c t u r a s c o n e c t i v a s q u e h a c e n p o s i b l e la c o m u n i d a d ,
significa vivir c o n los h o m b r e s y los d i o s e s . E l s e c r e t o de esta c o n e c -
tividad está, a l o s ojos d e l o s e g i p c i o s , e n q u e sobrevive tras la m u e r t e
y p r o m e t e la i n m o r t a l i d a d . E l e n d u r e c i m i e n t o y la c o d i c i a p u e d e n
desgarrar esta red, p e r o la m u e r t e n o p u e d e .
A esta d i s p o s i c i ó n , p o s i t i v a y s i n reservas, de l o s e g i p c i o s a g u a r -
d a r la c o n e c t i v i d a d c o r r e s p o n d e u n a i m a g e n d e l o s h o m b r e s , y
t a m b i é n de los dioses, que aquí llamaré « c o n s t e l a t i v a » . E l i n d i v i -
d u o s ó l o p u e d e v i v i r e n « c o n s t e l a c i o n e s » . E l l o v a l e t a n t o p a r a el
h o m b r e c o m o para los dioses. Personalidad, carácter, valor e
i m p o r t a n c i a s o n cosas q u e u n i n d i v i d u o a d q u i e r e s ó l o p o r los
p a p e l e s y l o s v í n c u l o s q u e l e p e r m i t e n d e s p l e g a r su y o . T o d o s l o s
i n d i v i d u o s e s t á n r e f e r i d o s u n o s a o t r o s , « u n o Vive c u a n d o o t r o le
4 5
d i r i g e » , p a r a v o l v e r a citar el s i g n i f i c a t i v o p r o v e r b i o e g i p c i o . L o s
d i o s e s y l o s m u e r t o s n e c e s i t a n las o f r e n d a s d e l o s t e r r e n a l e s , y las
o f r e n d a s s o n e f e c t u a d a s e n p r i m e r t é r m i n o p o r q u e s o n s í m b o l o de
esa d e p e n d e n c i a m u t u a q u e t o d o l o u n e . E n este m u n d o , la a u t a r -
q u í a es la s u m a d e l m a l . P o r eso se d i c e d e l d i o s S e t h , al g r a n a n t i -
diós del p a n t e ó n egipcio:

El que se complace en la separación y odia el hermanamiento,

46
aquel entre los dioses que se apoya (sólo) en su (propio) c o r a z ó n .

Y p o r eso h a c e t a m b i é n el t e x t o r a m é s i d a d e l o s s u e ñ o s c o n s e r -
v a d o e n el P a p . C h e s t e r Beatty III el s i g u i e n t e d i a g ó s t i c o del s o l i t a r i o :
4 7
« E l d i o s q u e e n él está es S e t h » .

45 Cfr. nota 44-

46 S. Schott, Urkunden mythologischenInhalts, Leipzig, 1929 (en adelante UrkYI), 7.15-16.
47 P. Chester Beatty III rto., 11,2-3.
 3. LA POLITIZACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

L A DOCTRINA DEL CORAZÓN

L a i d e a de u n a j u s t i c i a c o n e c t i v a q u e u n e a l o s h o m b r e s e n u n a
c o m u n i d a d , y a sus a c c i o n e s e n u n a c o n e x i ó n h i s t ó r i c a de s e n t i d o ,
caracteriza a la c u l t u r a e g i p c i a e n s u c o n j u n t o . L a f o r m a c i ó n e s p e c í -
fica d e s e n t i d o d e l R e i n o M e d i o es e n este r e s p e c t o caracterizable p o r
tres m o d i f i c a c i o n e s d e esta i d e a básica: la « d o c t r i n a d e l c o r a z ó n » , el
« l e a l i s m o e s t r i c t o » y la i d e a del j u i c i o d e l o s m u e r t o s .
48
L a h i s t o r i a e g i p c i a d e l c o r a z ó n pasa p o r tres g r a n d e s e s t a d i o s . E l
p r i m e r estadio es el d e l i d e a l d e l « h o m b r e d i r i g i d o p o r el r e y » . E n
él a ú n n o se h a b l a d e l c o r a z ó n . E s t e e s t a d i o c a r a c t e r i z a a la i m a g e n
d e l h o m b r e e n el R e i n o A n t i g u o . E l h o m b r e —es d e c i r , el f u n c i o n a - ,
r i o , p u e s de o t r o s h o m b r e s n o s faltan t e s t i m o n i o s escritos— se c o n -
c i b e c o m o i n s t r u m e n t o y ó r g a n o e j e c u t o r d e la v o l u n t a d r e a l . E l
c o r a z ó n d e l rey p i e n s a y p l a n i f i c a p o r t o d o s .
E l s e g u n d o e s t a d i o es e l d e l i d e a l d e l « h o m b r e d i r i g i d o p o r e l
c o r a z ó n » . Este i d e a l caracteriza a la i m a g e n d e l h o m b r e e n e l R e i n o
M e d i o , e n cuyas i n s c r i p c i o n e s b i o g r á f i c a s y textos l i t e r a r i o s e l c o r a -
z ó n j u e g a u n p a p e l c e n t r a l . L o s f u n c i o n a r i o s d i c e n d e sí m i s m o s q u e
fue s u c o r a z ó n el q u e los i m p u l s ó a servir al rey. E l l e a l i s m o , la « r e l i -
4 9
g i ó n d e l r e y » d e l R e i n o M e d i o , exige d e l h o m b r e interior :

48 Cfr. mi estudio «Die Geschichte des Herzens im alten A g y p t e n » , enJ.A. yTheo

Sundermeier (eds.), DieErfindungdesinnerenMenschen,'Gütersloh, 1993, 8l-II2.
49 G. Posener, L'Enseignement lqyalisle. Sagesse égyptienñe du Mqyen Empire, Ginebra, 1976.
 III / 3. LA POLITIZACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

¡Honrad al rey en el interior de vuestros cuerposl

¡Hermanaos con su majestad dentro de vuestros corazonesl
El es Sia, el que está en los corazones, .
50
sus ojos examinan cada cuerpo .

A s í c o m i e n z a la Instrucción de lealtad. E l f u n c i o n a r i o n o d e b e ser

m e r o i n s t r u m e n t o , s i n o q u e d e b e servir l e a l m e n t e al rey c o n el c o r a -
z ó n y c o n la m a n o . L o q u e i m p o r t a es el carácter, el p e r f i l m o r a l , las
5
virtudes interiores '.

No estuve embriagado; M i corazón no era olvidadizo.

No fui negligente en mis actos.
58
Fue mi corazón el que elevó mi r a n g o ,
y mi carácter hizo que mi alta posición durase.
Llevé a término todo lo que hice, siendo el favorito de mi señora,
y atento a todo, creé bienestar.
Me encargué de todos los servicios precisos para administrar u n
dominio.,
al tiempo que enderezaba lo que encontraba tendido.
G o m o bien se dice: «es sumamente beneficioso
que u n h o m b r e muestre la excelencia de su corazón a su señora,
5 3
para que se le erija su m o n u m e n t o » .

S o b r e esta i m a g e n d e l h o m b r e se alza l a i d e a d e l j u i c i o d e l o s
m u e r t o s . L a escena c e n t r a l m u e s t r a la b a l a n z a e n la q u e el c o r a z ó n es
p e s a d o ante u n a f i g u r a d e Ma'at. L o i m p o r t a n t e p a r a avanzar e n este
m u n d o y estar a la h o r a d e l j u i c i o d e l o s m u e r t o s e n e l u m b r a l d e l
o t r o m u n d o , es la c o n f o r m i d a d del c o r a z ó n c o n ma'at. C o n el « c o r a -
z ó n l l e n o de ma'at$> c o m p a r e c e el m u e r t o ante el j u e z :

He venido ante ti conociéndote a ti y tu esencia

y honrando tu figura (jrw) del m u n d o inferior,

50 G. Posener, L'Enseignement leyaliste, 58-63, 2 (texto); 19 s. Posener remite a Urk IV, 20:
«Quiera él (Re) que los corazones h^tj le rindan adoración, y los corazones jb.le ala-
ben en los cuerpos».
51 Cfr. al respecto M. Lichtheim, Ancient Egyptian Autobiographies Chiefly of the Middle Kingdom,
OBO 84, Fribourg, 1988.
52 Sobre este giro formal, cfr. J.M.A. Janssen, De traditioneele egyptische autobiografie vóór het
NieuweRijk, Leiden, 1947, I95¡ Leiden V 4 = Sethe, Lesestückezum Gebráuch im akademis-
chen Unterricht, reimp., Darmstadt, 1959. 72.15¡ A. Hermann, DieStelen derthebanischen
Felsgraberder 18. Djn.,ÁgFo II, Glückstadt, 1940, pp. 23*, 53*, 57*.
53 Cg 20543, de Dendera, cfr. W. Sclienkel, Memphis - Herakleopolis - Theben, 114; M.
s
Lichtheim, Autobiographies, 43 -
 EGIPTO

estando tú sentado, con Ma'at ante ti,

y juzgando los corazones con la balanza,
y mientras estoy aiite ti, con mi corazón lleno de ma'at,
54
ninguna mentira hay en mi m e n t e .

« E n la g r a n b a l a n z a se v i o q u e su c o r a z ó n era j u s t o » , d i c e H o r u s
5 5
d e s p u é s de q u e el m u e r t o h a p a s a d o la p r u e b a . Es la p r u e b a d e l
corazón. E l c o r a z ó n es a q u e l y o social p o r el que el h o m b r e h a d e c a m -
b i a r su yo i n d i v i d u a l y q u e es el l u g a r d o n d e la s o c i e d a d y sus n o r m a s
i n s c r i b e n la c o n d u c t a « c o n e c t i v a » , p r e s e r v a d o r a d e la c o m u n i d a d .
Tal es l a d o c t r i n a d e l R e i n o M e d i o .
E l tercer estadio es el del ideal del c o r a z ó n d i r i g i d o p o r l o s dioses.
Es el c o r a z ó n e n el q u e se h a i n s c r i t o n o la s o c i e d a d c o n las n o r m a s
de ma'at, s i n o el c o r a z ó n q u e ha e n c e r r a d o e n sí al d i o s , es d e c i r , a su
v o l u n t a d r e c t o r a . Esta i m a g e n d e l h o m b r e caracteriza a la f o r m a c i ó n
de s e n t i d o d e l R e i n o N u e v o , cuya d e s c r i p c i ó n n o v a m o s a a n t i c i p a r
a q u í . P e r o q u i s i e r a r e p r o d u c i r el s i g u i e n t e t e x t o d e l o s p r i m e r o s
t i e m p o s d e l R e i n o N u e v o p o r q u e —aunque e n el se p e r c i b e y a algo de
la n u e v a c o n c e p c i ó n — p e r t e n e c e a ú n e n t e r a m e n t e a la t r a d i c i ó n d e l
R e i n o M e d i o y c o n s e r v a los m o d e l o s de esta é p o c a :

Fue mi corazón el que me movió

a cumplir (mi deber) según él me indicaba.
El es para mí el mejor testimonio,
no he faltado a sus indicaciones,
pues temía infringir su ley,
y así prosperé m u c h o .
Todo me fue del mejor modo gracias a que él inspiró mis acciones,
intachable fui yo bajo su guía.
[...] dicen los hombres,
una palabra divina es él (=el corazón) en cada cuerpo.
¡Dichoso aquel a quien le ha guiado por el camino correcto en sus
acciones! .

E l h o m b r e e g i p c i o es u n n u d o e n la r e d de la j u s t i c i a c o n e c t i v a . E l
R e i n o M e d i o t r a t ó d e f o r t a l e c e r esta r e d c e n t r a n d o este n u d o e n l o
m á s í n t i m o y n u c l e a r d e l ser i n d i v i d u a l . E l h o m b r e n o se d e f i n e

54 Estela Londres BM 142 ed. O / m , 2,18 s.

55 P. BM 10470 col. 4, cfr. Ma'at, 149.
56 K. Sethe, Urkundenderl8Dynastie, reimp., Graz, 1961 (en adelante Urk iv) 974.
 III / 3. LA POLITIZACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

a h o r a desde c o n s t e l a c i o n e s exteriores q u e le c o n f i e r e n desde fuera su

i d e n t i d a d . É l se e m p l e a en sus o b l i g a c i o n e s sociales m o v i d o más b i e n
p o r su i m p u l s o m á s i n t e r i o r , p o r e f e c t o d e c u y a s « v i r t u d e s » , es
d e c i r , de la c o n s t i t u c i ó n m o r a l básica de su c o r a z ó n , f o r m a el n u d o
q u e él es e n la r e d de la c o m u n i d a d .

LEALISMO

E l « l e a l i s m o e s t r i c t o » dé l a r d e a egipcia d e la j u s t i c i a conectiva resulta

d e su f o c a l i z a c i ó n e n la f i g u r a d e l rey. Esta o r i e n t a c i ó n al rey está e n
c o n s o n a n c i a c o n la d o c t r i n a del c o r a z ó n y su c e n t r a m i e n t o d é l a p e r -
sona e n el c o r a z ó n . E l i n d i v i d u o d e b e decidirse desde l o más í n t i m o de
su c o r a z ó n p o r el rey y o b r a r p o r y p a r a é l . E l l e a l i s m o es « s e r v i c i o al
rey c o m o a s u n t o d e l c o r a z ó n » . L a d o c t r i n a d e l c o r a z ó n , tal c ó m o se
desarrolla e n el R e i n o M e d i o , guarda u n a estrecha r e l a c i ó n c o n la r e t ó -
rica de la d e c i s i ó n . L o s versos iniciales, arriba citados, de la Instrucción de
lealtad nos l o e v i d e n c i a n si los c o n s i d e r a m o s desde esta perspectiva:

¡Honrad al rey en el interior de vuestros cuerpos!

¡Hermanaos con su majestad dentro de vuestros corazones!
El es Sia, el que está en los corazones,
sus ojos examinan cada cuerpo.
El es Re, gracias a cuyos rayos podernos ver,
él ilumina los dos países más que el sol.
El hace reverdecer la tierra más que una alta crecida,
él mantiene los países pletóricos de fuerza y de vida.
El aire se detiene en las narices cuando se encoleriza,
y vuelve a salir cuando se calma.
Sustenta a quienes le siguen,
y alimenta al que se le une en su-camino.
El rey es K a , su boca es H u ,
todo lo que existe él lo ha producido.
Bastet es él, la que guárdalos dos países.
Q u i e n le honra hallará la protección de su brazo.
Sekhmet es él contra quien infringe sus mandatos.
57
A q u e l a quien él odia, conocerá la miseria .

57 ÁHGn.°wS.
 EGIPTO

L a Instrucción de lealtad p e r t e n e c e al g é n e r o d e las d o c t r i n a s s o b r e la

vida o textos de s a b i d u r í a al q u e ya n o s h e m o s r e f e r i d o , y f o r m a parte
58
de u n ciclo de tres doctrinas destinado t o d o él a educar e n el l e a l i s m o .
A este m i s m o « p r o g r a m a d e f o r m a c i ó n » a base d e textos q u e d e b e n
m e m o r i z a r s e p e r t e n e c e t a m b i é n la Narración de Sinuhé. Este c u e n t o , c o n -
servado e n siete m a n u s c r i t o s sobre p a p i r o y e n 25 ostraka, se c o n t ó entre
los clásicos escolásticos egipcios y, c o n toda certeza, entre los textos c u l -
turales centrales q u e t o d o e g i p c i o cultivado sabía de m e m o r i a .
L a n a r r a c i ó n d e S i n u h é t o m a la f o r m a d e la i n s c r i p c i ó n f u n e r a -
ria de c a r á c t e r b i o g r á f i c o , y d e tal m a n e r a a d o p t a este m o d e l o , q u e
h u b o q u i e n e s e s p e r a r o n c o m p l e t a m e n t e e n s e r i o q u e u n d í a sería
d e s c u b i e r t a la t u m b a d e l S i n u h é h i s t ó r i c o c o n la v e r s i ó n o r i g i n a l e n
ella escrita. E n esta e q u i v o c a c i ó n se m u e s t r a la e s e n c i a d e l o l i t e r a -
r i o , la i n v i s i b l e l í n e a d e s o m b r a q u e c o r r e e n t r e el Smuhé y las i n s -
c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s r e g i a s . E s la m i s m a l í n e a q u e separa e l R o b i n -
son G r u s o e de D e f o e de l o s i n f o r m e s auténticos de viajeros a la
B r i t i s h A c a d e m y . E l c u e n t o d e S i n u h é es u n a f i c c i ó n q u e se o r i e n t a
a la i n s c r i p c i ó n f u n e r a r i a b i o g r á f i c a c o m o a s u t i p o b á s i c o n o f i c -
tivo. P e r o el c o n c e p t o d e f i c c i ó n es a q u í d e s o r i e n t a d o r e n t a n t o q u e
s u g i e r e la idea d e la i n v e n c i ó n , d e l a s u n t o i n v e n t a d o e i r r e a l . A l g u -
n o s textos d e f i c c i ó n , e n t r e e l l o s e l d e S i n u h é , n o s p e r m i t e n c o n o -
cer m u c h o m á s d e l a r e a l i d a d h i s t ó r i c a q u e la m a y o r í a d e l o s textos
h i s t ó r i c o s . T a l e s t e x t o s t i e n e n e l status d e u n m o d e l o . L a h i s t o r i a
i n v e n t a d a es c o m o u n m e d i o e n el q u e q u i e r e n r e p r o d u c i r la r e a l i -
dad, i g u a l q u e e l m o d e l o a t ó m i c o n o q u i e r e o t r a cosa q u e r e p r o d u -
cir la r e a l i d a d . E l m e d i o d e l a l i t e r a t u r a e n c i e r r a e n la c u l t u r a e g i p -
cia c o m o u n n u e v o p l a n o q u e p e r m i t e r e f l e j a r , « e s p e j a r » ó r d e n e s
de la v i d a e n el m o d e l o d e las h i s t o r i a s i n v e n t a d a s . L a c u l t u r a se crea
así u n ó r g a n o d e a u t o o b s e v a c i ó n .
L a a c c i ó n d e l Sinuhé es n a r r a d a d e f o r m a r á p i d a .
E l n a r r a d o r , q u e h a b l a e n p r i m e r a p e r s o n a , es u n c o r t e s a n o al
servicio d e la r e i n a q u e a c o m p a ñ a al p r í n c i p e h e r e d e r o S é s o s t r i s e n
u n a c a m p a ñ a e n L i b i a . A l l í se e n t e r a d e la m u e r t e d e l rey A m e n e m -
hat I y , p r e s a d e l p á n i c o , e m p r e n d e la h u i d a . L a r a z ó n q u e p r o p o r -
c i o n a d e s u d e c i s i ó n es e l m i e d o a l o s d e s ó r d e n e s i n t e r i o r e s , p e r o
esto es, c o m o se d i c e m á s tarde, s ó l o « l a m i t a d de la v e r d a d » . D e n -
tro de esta h i s t o r i a , l o s m o t i v o s s o n u n misterio,- t a m b i é n se d i c e q u e

58 H.W. Fischer-Elfert, Die Lehre eines Manaespr seinen Sohn (en prensa).
 III / 3. LA POLITIZACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA
173

u n d i o s le Ka o r d e n a d o esta h u i d a o se la h a i n s p i r a d o su c o r a z ó n .
P e r o l o c l a r o es q u e c o n esta h u i d a i n c u r r e e n la p e n a m á s g r a v e .
Estas p a r t e s de la n a r r a c i ó n r e v e l a n a l g o d e l c a r á c t e r p o l i c i a l d e l
E s t a d o e n el R e i n o M e d i o , l o c u a l p u e d e t a m b i é n a p r e c i a r s e e n el
o r d e n de las « h u e l l a s » . P o s e e m o s a l g u n o s restos de las actas de u n a
i n s t i t u c i ó n estatal c o n el s i g n i f i c a t i v o n o m b r e de u n c o r r e c c i o n a l
c e n t r a l , y e n ellas p o d e m o s ver q u e el delito m á s f r e c u e n t e de los allá
5 9
e n c e r r a d o s es la « h u i d a » . N o s o l o h u i d a d e l p a í s , c o m o S i n u h é ,
s i n o t a m b i é n h u i d a d e l l u g a r de t r a b a j o . D e s d e la é p o c a d e l R e i n o
M e d i o e n a d e l a n t e , las h u i d a s s e r á n u n p r o b l e m a p e r m a n e n t e e n la
h i s t o r i a d e l E s t a d o e g i p c i o . L a figura d e l « v a g a b u n d o » j u e g a e n l o s
textos u n significativo p a p e l c o m o l o c o n t r a r i o d e l i d e a l d e l s u b d i t o
e s t a b l e c i d o y l o c a l i z a b l e para l o s t r i b u t o s y l o s servicios l a b o r a l e s . E l
carácter p o l i c i a l d e l R e i n o M e d i o fue la f o r m a i n e v i t a b l e de i n s t i t u -
c i o n a l i z a c i ó n y de e x p r e s i ó n de la n u e v a f o r m a c i ó n d e s e n t i d o . U n
E s t a d o q u e se p r e s e n t a e n p r i m e r t é r m i n o c o m o p r o t e c t o r c o n t r a el
caos, c o m o ciudadela de la civilización d e l D e r e c h o , el o r d e n y la j u s ­
ticia, i r r e m i s i b l e m e n t e establecerá ó r g a n o s de c o n t r o l , de v i g i l a n c i a
y d e castigo q u e c e r c e n a n la l i b e r t a d de m o v i m i e n t o de los i n d i v i d u o s
e n la m e d i d a e n q u e les p r o m e t e p r o t e c c i ó n .
S i n u h é l l e g a al s u r d e P a l e s t i n a , se g a n a la c o n f i a n z a d e u n j e f e
t r i b a l , se casa c o n su hija y se crea u n a existencia r e s p e t a b l e . A s í t e r ­
m i n a el p r i m e r e p i s o d i o , q u e t i e n e p o r t e m a la h u i d a y q u e c o m i e n z a
c o n el d i s t a n c i a m i e n t o de la p a t r i a y c o n c l u y e c o n la a d a p t a c i ó n a la
s o c i e d a d extranjera. E l s e g u n d o e p i s o d i o t i e n e p o r t e m a el r e g r e s o a
la patria, y e m p i e z a c o n el d i s t a n c i a m i e n t o d e l país e x t r a n j e r o , q u e se
h a b í a c o n v e r t i d o e n n u e v a patria, y t e r m i n a c o n la r e p a t r i a c i ó n a la
p a t r i a , q u e . s e h a b í a c o n v e r t i d o e n país e x t r a n j e r o . E l v i r a j e q u e se
p r o d u c e e n t r e a m b o s e p i s o d i o s está m a r c a d o p o r u n d u e l o q u e
m u e s t r a m u c h a s s i m i l i t u d e s c o n la h i s t o r i a b í b l i c a d e l e n f r e n t a -
m i e n t o e n t r e D a v i d y G o l i a t h . C o n su total a u t o d o m i n i o de e g i p c i o
c i v i l i z a d o , S i n u h é deja p r i m e r o al adversario a g o t a r todas sus armas
p a r a d e s p u é s m a t a r l e c o n u n ú n i c o d i s p a r o de su a r c o . E n esta c u l ­
m i n a c i ó n d e su c a r r e r a asiática se a p o d e r a d e él l a n o s t a l g i a de
E g i p t o . E l m o t i v o n o se h a c e e x p l í c i t o , p e r o era c l a r o p a r a t o d o l e c ­
t o r e g i p c i o . E n ese d u e l o , S i n u h é h a b í a m i r a d o a l a m u e r t e a l o s

59 La palabra egipcia linrí, antes traducida por «prisión», designa un recinto clausu­
rado para obras del servicio laboral.
 EGIPTO
174

o j o s . A l p e n s a r así e n la m u e r t e le asalta el « t e r r o r al s u e l o e x t r a n -
j e r o » . D e él h a b l a n las i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s q u e i n v i t a n a l o s
visitantes a p r o n u n c i a r u n a o r a c i ó n f ú n e b r e :

A m a d la vida y olvidad la muerte, .

q u e l o s dioses de vuestra ciudad os alaben,
que no conozcáis el terror al suelo extranjero,
sino que os entierren en vuestras tumbas,
60
y transmitáis vuestros cargos a vuestros h i j o s . . .

N o es t e r r o r al país e x t r a n j e r o c o m o tal, s i n o a la i d e a de m o r i r y
ser e n t e r r a d o e n é l . P a r a el e g i p c i o , esta i d e a es el h o r r o r c u l t u r a l
6 1
m á x i m o . Este m i e d o h a c e q u e S i n u é rece al d e s c o n o c i d o « d i o s q u e
h a d e c i d i d o esta h u i d a » . S u o r a c i ó n es e s c u c h a d a , l l e g á n d o l e u n a
carta d e l rey q u e le insta a r e g r e s a r a E g i p t o . L a n a r r a c i ó n c o n c l u y e
c o n la d e s c r i p c i ó n de la t u m b a a él d e s t i n a d a e n la p a t r i a .
L a n a r r a c i ó n m u e s t r a a t o d o l e c t o r e g i p c i o q u e se p u e d e vivir e n
p a í s e x t r a n j e r o , p e r o n o m o r i r n i ser e n t e r r a d o e n é l . E l c a m i n o
h a c i a la i n m o r t a l i d a d , h a c i a la e t e r n i d a d e n la c e r c a n í a de l o s dioses
y de l o s o t r o s y h a c i a la p e r d u r a c i ó n e n el r e c u e r d o de este m u n d o
pasa p o r el rey, el « s e ñ o r de las t u m b a s » . Y a h e m o s c o m e n t a d o esta
f u n c i ó n del Estado egipcio e n e l R e i n o A n t i g u o . N a d a h a cambiado
al r e s p e c t o e n e l R e i n o M e d i o . E l E s t a d o e s , igual q u e antes, e l g e n e -
r a d o r del t i e m p o y d e l a e t e r n i d a d .

L A ANUNCIACIÓN DEL REINO FARAÓNICO

E n esta n a r r a c i ó n hay u n a e s c e n a q u e m u e s t r a d e f o r m a e m b l e m á -
tica l a c o n s t e l a c i ó n « p r o p a g a n d í s t i c a » d e l a literatura d e l R e i n o
M e d i o tanto e n s u aspecto político c o m o , sobre t o d o , e n sü lado
religioso: el primer encuentro d e Sinuhé con el jefe sirio A m u -
n e n s h i , s u f u t u r o s u e g r o . E n r e s p u e s t a a l a p r e g u n t a d e l s i r i o p o r la'
s i t u a c i ó n d e E g i p t o , e l e g i p c i o q u e l e p i d e asilo r e s p o n d e c o n u n
h i m n o a l n u e v o rey:

60 Urk iv 965-966.
61 Paradigma de esta actitud es el informe de Sabni, quien en las inscripciones de su tumba
se vanagloria de haber transportado el cadáver de su padre Mehu entre grandes'peligros
desde el extranjero hasta su derrapara darle sepultura (Urk 1134, 13 ss.; 135, 14 ss.). Cfr.
A . Roccati, LaHtiératurehistoriquesousrancientEmpireEgyptien, París, 1982,, 205, 217 s.
 111/3. LA POLITIZACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA 175

Pero él es un dios que no tiene igual,

nadie ha nacido que le supere.
U n señor del conocimiento, un gran planificador, eficaz en todo
lo que dispone.
Todos salen y regresan por orden suya.
Él fue quien sometió al país montañoso, mientras su padre estaba
en su palacio;
él le anunció la ejecución de sus órdenes.
U n héroe es él, que actúa con su espada,
68
un luchador, al que nadie i g u a l a . . . .

E l texto d e s c r i b e , e n más de 40 versos, la i m a g e n clásica d e l p o d e -

roso señor luchador-vencedor e indulgente-clemente. El p r o n o m -
b r e d e m o s t r a t i v o p w , « a q u e l » , s e ñ a l a al rey, t e m a d e l h i m n o . - él es
u n d i o s , u n s e ñ o r d e l c o n o c i m i e n t o , u n h é r o e , a q u e l que h a c e s o n a r
el c u e r n o , lavar el r o s t r o , a l i g e r a r l o s p a s o s , l e v a n t a r s e el c o r a z ó n ,
a l g u i e n de g r a n c o r a z ó n , q u e planta cara, q u e se g o z a e n la l u c h a , u n
s e ñ o r c l e m e n t e , u n m u l t i p l i c a d o r de l o s n a c i d o s bajo él, u n a d o n a -
c i ó n d i v i n a , u n a m p l i a d o r d e f r o n t e r a s —ESTENIO ( « e s a q u e l » ) es
r e p e t i d o c o m o e n u n a l e t a n í a y c o n s t i t u y e el a r m a z ó n f o r m a l d e l
t e x t o , g r a c i a s al c u a l éste p u e d e p r e s e n t a r s e e n t o d a la n a r r a c i ó n
como una unidad independiente.
E l a u t o r d e l c u e n t o d e S i n u h é e n c u e n t r a esta f o r m a y a d a d a , se
sirve de ella p a r a c o m p o n e r u n h i m n o a S e s o s t r i s I , e i n c r u s t a este
h i m n o e n u n a s i t u a c i ó n q u e es el m o t o r d e l t e m a y la f o r m a d e su
n a r r a c i ó n . R e c o n s t r u y e la p r e g u n t a d e la q u e esta f o r m a es la r e s -
puesta. Y la p r e g u n t a es: ¿ q u i é n y q u é es el rey d e E g i p t o ?
A m u n e n s h i , q u e h a c e esta p r e g u n t a y r e c i b e a q u e l l a r e s p u e s t a ,
se h a l l a l e j o s d e las s i t u a c i o n e s d e s c r i t a s . E l vive f u e r a d e E g i p t o y
n o c o n o c e al r e y . S i n u h é l l e v a este s a b e r f u e r a d e E g i p t o , l o
« d i f u n d e » e n el s e n t i d o « p r o p a g a n d í s t i c o » , c u a l p r o p a g a c i ó n de
u n a fe a n u n c i a d a a l o s g e n t i l e s . A m u n e n s h i es, visto d e s d e E g i p t o ,
u n g e n t i l q u e d e b e ser g a n a d o p a r a l a causa d e l f a r a ó n . E l h i m n o
c o n c l u y e c o n estos b u e n o s c o n s e j o s : llégate hasta él, haz que
c o n o z a tu n o m b r e . N u n c a dejará de h a c e r el b i e n a u n país e x t r a n -
j e r o q u e « e s t á e n su a g u a » . S i n u h é h a c e p r o p a g a n d a al l l e v a r u n a

62 AHG n.° 227. La edición más reciente de estos textos es la de R. Koch, DkErzahlung
desSinuhe, Bibl.Aeg. XVIII, Bruselas, 1990, 80 s.
 176 EGIPTO

n u e v a a u n l u g a r l e j a n o . L a e s c e n a se d e s a r r o l l a , c o m o d e c i m o s ,
m u y l e j o s de E g i p t o .
Hay u n a i n s c r i p c i ó n para u n a r e i n a d e l R e i n o N u e v o q u e c o n t i n ú a
esta t r a d i c i ó n y expresa la a n u n c i a c i ó n d e l rey c o n unpathos especial:

¡Escuchad, dignidades, sacerdotes y subditos,

todos los hombres que siguen a ese rey en sus pasos:
anunciad su poder a los otros,
purificaos con su nombre,
haceos puros con su j u r a m e n t o !
Mirad, hay un dios sobre la tierra.
Ensalzadlo como a Re,
alabadlo como a la luna,
al rey del Alto y el Bajo Egipto A h m o s e , que vive eternamente,
63
que somete a toda tierra extranjera .

G u a n d o repasamos la s i t u a c i ó n p o l í t i c a de E g i p t o , al instante a p r e -
c i a m o s c l a r a m e n t e l a c e n t r a l i d a d d e l p a p e l d e l a p r o p a g a n d a e n la
estructura del g o b i e r n o faraónico. V e m o s u n gran reino, dentro de
cuyas f r o n t e r a s el c o n o c i m i e n t o d e l g o b i e r n o d e l f a r a ó n y de las a s p i -
r a c i o n e s de p o d e r de este g o b i e r n o s e g u r a m e n t e estaba m u y d e s i g u a l -
m e n t e r e p a r t i d o . N i l o s reyes d e las c i u d a d e s s u m e r i a s , n i los i s r a e l i -
tas, n i los p r i m e r o s g o b e r n a n t e s g r i e g o s t u v i e r o n q u e enfrentarse a u n
p r o b l e m a semejante. L a r e c o n s t r u c c i ó n del g o b i e r n o central f a r a ó -
n i c o , sobre todo, después del d e s m o r o n a m i e n t o del R e i n o A n t i g u o ,
exigió u n esfuerzo m u y considerable de educación y c o n f o r m a c i ó n
p o l í t i c a s ; la n o v e l a d e S i n u h é y la Instrucción de lealtad, así c o m o t o d a la
l i t e r a t u r a d e l R e i n o M e d i o e n e l s e n t i d o m á s a m p l i o , e s t u v i e r o n al
64
servicio d e esta t a r e a . L a i n s e r c i ó n e n la vida a través de la a n u n c i a -
c i ó n de u n rey fue u n a m a n e r a d e i m p o n e r el g o b i e r n o f a r a ó n i c o n o
s i m p l e m e n t e e n el s e n t i d o d e u n sistema p o l í t i c o q u e r e c l a m a a p o y o ,
s i n o e n el s e n t i d o de u n a r e l i g i ó n , d e u n a d o c t r i n a de salvación y d e
vida j u s t a q u e e n s e ñ a el c a m i n o d e u n a existencia e n a r m o n í a c o n l o s
65
dioses y l o s h o m b r e s así c o m o d e la i n m o r t a l i d a d .

63 Urk IV, 2 0 . 9 - 1 7 .
64 Sobre las implicaciones políticas de la literatura del Reino Medio, véase el estudio
e
pionero de G. Posener Littérature etpolitique dans l'Egypte de ¡a m. dynastie, París, 1956-
65 V. mis estudios «Weisheit, Lyalismus und Frommigkeit», en E. Hornungy O.Keel
; I - <<:
(eds.), Shidien zu alagyptischen Lebcnslehren, O B O 28, I 979t 7 ^ y Di'e "loyalistische
Lehre' des Echnaton», en SludienzurAltagyptischen Kultur 8, 1980, I - 3 2 .
 4 . IRA Y AMOR: LA DOBLE CARA DEL PODER
Y LA RETÓRICA DE LA DECISIÓN

L A IRA J U S T A G O M O V I R T U D P O L Í T I C A

L a d i n a s t í a XII se i n i c i ó c o n la tarea p r o g r a m á t i c a d e p o n e r f i n al
« c a o s » de u n a vez y p a r a s i e m p r e . Este p r o g r a m a a d q u i r i ó f o r m a y
d i f u s i ó n l i t e r a r i a e n la p r o f e c í a d e N e f e r t i , c u y a « d e s c r i p c i ó n d e l
c a o s » , q u e c o n el t i e m p o se h i z o clásica, estiliza las e x p e r i e n c i a s d e l
P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o e n f o r m a de r e c u e r d o . S ó l o c o n v i o l e n ­
cia eficaz cabe h a c e r f r e n t e al c a o s , d e a c u e r d o c o n el p r i n c i p i o d e
q u e « l a p o l í t i c a y el D e r e c h o s ó l o s o n p o s i b l e s c u a n d o p a r a i m p o ­
n e r s e r e c u r r e n a la v i o l e n c i a física y p u e d e n s u p r i m i r la v i o l e n c i a
6 6
c o n t r a r i a d e m a n e r a e f i c a z » . D e a h í q u e el R e i n o M e d i o sea u n
E s t a d o de v i o l e n c i a l e g í t i m a q u e —por p r i m e r a vez e n la h i s t o r i a d e
Egipto— i m p o n e el m o n o p o l i o estatal de la v i o l e n c i a y p o n e f i n a las
m i l i c i a s locales de los p r í n c i p e s .
Las d e s c r i p c i o n e s d e l caos r e f i e r e n , e n el s e n t i d o de u n a r e í ó r i c a
de la crisis, la s i t u a c i ó n d e u n m u n d o s i n E s t a d o . T i e n e n la f u n c i ó n
de evidenciar q u e n o s ó l o la paz, el o r d e n y la justicia, s i n o i n c l u s o el
s e n t i d o de la C r e a c i ó n y el curso n a t u r a l de las cosas, d e p e n d e n de la

66 N. Luhmann, «Rechtszwang und politische Gewalt», en Ausdifferenzierung des Rechts.

-I
Beitráge zur Rechtssoziologie und Rechtstheorie, I54 72, cita en 154. tomada de D. Conrad,
«Der Begriff des Politischen,.. die Gewalt und Gandhis gewaltlose politische
Aktion», en J. Assmann y D. Harth (eds.), Kultur undKonflikt, Frankfurt, 1990, 72-
112, 77 s.
i78 EGIPTO

6 7
e x i s t e n c i a d e l E s t a d o . E l l a s i n c u l c a n la c o n c i e n c i a d e l p e l i g r o . E l
o r d e n n o se halla i n s c r i t o e n el m u n d o , s i n o q u e ha de ser a l c a n z a d o
6 8
y m a n t e n i d o p o r el h o m b r e . T a l es el sentido y la m i s i ó n del E s t a d o .
Si el Estado se d e s c o m p o n e , la «justicia c o n e c t i v a » , q u e l o s e g i p -
cios l l a m a n ma'at, y q u e m a n t i e n e u n i d o s n o s ó l o a los h o m b r e s , s i n o
t a m b i é n a los d e m á s seres vivos, a los m u e r t o s , a los dioses y al c o s m o s
e n u n a c o m u n i d a d , d e s a p a r e c e d e l m u n d o . T o d o l o q u e es c o m ú n
d e s a p a r e c e : l e n g u a j e , s a b e r , r e c u e r d o . S i el r e c u e r d o se e s f u m a , el
b i e n q u e d a sin r e c o m p e n s a , el m a l s i n v e n g a n z a , y la c i r c u l a c i ó n d e l
s e n t i d o se i n t e r r u m p e . L o s h o m b r e s dejan de e n t e n d e r s e , y e n vez d e l
l e n g u a j e e m p l e a n la v i o l e n c i a . T a m b i é n la c o m u n i d a d c o n l o s dioses
se q u i e b r a . L o s dioses se r e t i r a n , la naturaleza p i e r d e sus v i r t u d e s y su
capacidad para a l i m e n t a r a los h o m b r e s . L a c o n s e c u e n c i a es el h a m b r e
y la m i s e r i a . E n t o n c e s l o s h o m b r e s se v u e l v e n h o m i c i d a s . T o d o s l o s
lazos se r o m p e n . P a d r e s e h i j o s se e l i m i n a n e n t r e sí. « G u a n d o tres
v a n p o r la c a l l e , a c a b a n s i e n d o d o s : p u e s el n ú m e r o m a y o r m a t a al
&s
m e n o r » (Ipuwer) . E l N i l o se t i ñ e de sangre.
L o s e g i p c i o s i d e n t i f i c a n el m a l c o n la c o d i c i a ; ésta es p a r a e l l o s
el n ú c l e o de t o d o m a l . D o m i n a r l a r e q u i e r e e s f u e r z o i n c e s a n t e , y
tal e s f u e r z o se a l i m e n t a d e u n a « i r a j u s t a » . E n E g i p t o , : la i r a j u s t a
es u n a d e las v i r t u d e s b á s i c a s d e l rey y d e l o s f u n c i o n a r i o s . E l r e y
d i c e al v i s i r e n el m o m e n t o d e su n o m b r a m i e n t o : « D e b e s a i r a r t e
7 0
p o r t o d o a q u e l l o p o r l o q u e u n h o m b r e d e b e a i r a r s e » . Y las
Lamentaciones de Ipuwer l a m e n t a n l a d e c a d e n c i a d e la j u s t i c i a c o n las
siguientes palabras:

N o se encuentran hombres en el camino,

pues las peleas han empezado. Les echaron p o r las injusticias que
cometieron.
El piloto no estaba a su hora.

67 Cfr. F. Junge, «Die Weit der Klagen», eri Fragen an die altagyptische Literatur, Gedenkschr.
E. Otto, Wiesbaden, 1977, 275-284; y mi estudio «Weisheit, Schrift und Literatur
00 es
im Alten Ágypten», en A. Assmann (eda.), Weisheit, Munich, 1991, 475~5 > P -
485 ss.
68 Cfr. para lo que sigue también A. y j . Assmann, «Kultur und Konflikt. Aspekte
einer Theorie des unkommunikativen Handelns», en J. Assmann y D. Harth
(eds.), Kultur und Konflikt, Frankfurt, 1990, II-48, esp. 17-31; y mi libro Ma'at, cap. 7.
69 Ipuwer, 12.13-14 ed. A.H. Gardiner, The Ádmonitions of an Egyptian Sage (Leipzig, 1909),
reimp. Hildesheim, 1969, 84; G. Fecht, DerVorwurfan Gottin den Mahnworten des Ipuwer,
Abh. der Heidelberger Akademie der "Wissenschaften, 1972, IIO. ..
70 Urk IV IO91.3; G. Fecht, DerVorwurfan Gott, 70 s.
 I I I / / ; . IRA Y AMOR A
/.y

¿ D ó n d e está hoy? ¿Durmiendo quizá?

Mirad: no se ve su autoridad (b3w) para castigar.
Guando estábamos en duelo, no pude encontrarte.
71
No se te puede llamar, pues en ti no hay ira contra todo esto .

N o se p u e d e estar s e g u r o d e q u i é n es la p e r s o n a a la q u e a q u í se
habla, si el dios c r e a d o r m i s m o o a su r e p r e s e n t a n t e , e l rey. L a i n c a -
p a c i d a d de i n d i g n a r s e c o n t r a la i n j u s t i c i a c a r a c t e r i z a al g o b e r n a n t e
7 3
d é b i l , a u n q u e se t r a t e d e l C r e a d o r o d e s u r e p r e s e n t a n t e , ' e l r e y .
P e r o la i d e a d e la j u s t a i r a t i e n e su l u g a r d e o r i g e n e n la d o c t r i n a
egipcia d e la realeza. D e la i r a d e l f a r a ó n se d i c e e n u n t e x t o :

El aire se detiene en las narices cuando se encoleriza,

73
y vuelve a salir cuando se calma .

D e la i r a d e l dios e m p i e z a a hablarse e n textos m u y p o s t e r i o r e s d e l

p e r í o d o ramésida, c u a n d o la f u n c i ó n de u n a « i n s t a n c i a é t i c a » , la d e l
s e ñ o r y. g u a r d i á n d e la j u s t i c i a , h a b í a p a s a d o d e f i n i t i v a m e n t e d e la
7 4
m o n a r q u í a al d i o s . P e r o la avaricia, la c o d i c i a , la m e n t i r a y otras f o r -
mas d e l m a l c a r a c t e r i z a n , s e g ú n la c o n c e p c i ó n e g i p c i a , al m u n d o tal
c o m o es. N o hay detrás de esto n i n g ú n a c o s m i s m o gnóstico q u e rechace
el m u n d o c o m o « m a l o » . P u e s para el e g i p c i o n o hay n a d a fuera d e l
m u n d o , n i n g u n a alternativa. E l m u n d o n o es p a r a é l e s e n c i a l m e n t e
m a l o , s i n o a m b i v a l e n t e . L a m i s i ó n d e l r e y c o n s i s t e e n m a n t e n e r el
m u n d o e n su curso y « u n i v o c a r l o » , m e d i a n t e el ejercicio de su p o d e r ,
e n u n m u n d o de d o s caras q u e se m u e s t r e a m a b l e , b e n i g n o y apacible
75
c o n el pacífico, e inflexible, m o r t a l y agresivo c o n el r e b e l d e .

s s
71 A.H. Gardiner, TheAdmonitionsofanEgyptianSage, 78 s.; G. Fecht, Vorwurf, 54 -
72 Cfr. mi Ma'at, 177-184.
73 G. Poseíier, L'Enseignement ¡oyaliste. Sagesse égj/ptienne du Mayen Empire, Ginebra, 1976 §3,
p. 22s, 72 s.
74 Cfr. al respecto mis estudios Re undAmun, Die Kríse despojytheistischen Weltbilds im Agypten der
l8.-20. Dynastie, OBO 51. Fribourg, 1983, 264 ss., y «State and Religión in the New
Kingdom», enW.K. Simpson (ed.), Religión andPhilosophy in AncientEgypt, New Haven,
1989, 55-88, esp. 72 ss.¡ también Ma'ai, 252-272.
75 Así lo expresa, por ejemplo, el Documento de teología menfúa-.
<y así se da la razón> al que hace cosas laudables,
<y se quita la razón> al que hace cosas odiosas,
Y así se da la vida al pacífico,
y la muerte al criminal.
Cfr. K. Sethe, Dramatische Textezju altagyptischen Mysterienspielen (Untersuchungen zur Ges-
ch'ichte una Altertumskunde Agyptens 10), Leipzig, 1928, 64 s.
 i8o EGIPTO

L a i m a g e n clásica de esta « d o b l e cara d e l p o d e r » es la i d e n t i f i c a ­

c i ó n d e l s o b e r a n o c o n Bastet, la d i o s a a m a b l e y c l á m e n t e , y c o n Sekh-
met, la d i o s a c r u e l y a n i q u i l a d o r a :

Bastet es él, la que guarda los dos países.

Q u i e n le honra hallará la protección de su brazo.
Sekhmet es él contra quien infringe sus mandatos.
76
A q u e l a quien él odia, conocerá la miseria .

Y l i e m o s c i t a d o más a r r i b a estos v e r s o s de la Instrucción de lealtad e n

o t r o c o n t e x t o . E n estos versos se d e s e n v u e l v e u n a r e t ó r i c a de la d e c i ­
s i ó n . A n t e la d o b l e cara de la c o n d i c i ó n d e l p o d e r f a r a ó n i c o , el i n d i ­
v i d u o n o p u e d e q u e d a r s e i n d i f e r e n t e ; d e b e d e c i d i r si c o n t a r s e e n t r e
los q u e le « h o n r a n » o e n t r e los q u e « i n f r i n g e n sus m a n d a t o s » .

VIOLENCIA Y JUSTICIA

E l p o d e r p u n i t i v o d e l rey, q u e i n c l u y e la p e n a de m u e r t e , se l l a m a
fegzü, y n o es s i n o el p l u r a l d e u n a p a l a b r a q u e t r a d u c i m o s por
« a l m a » . D e s i g n a u n p o d e r q u e se m a n i f i e s t a e n efectos v i o l e n t o s , o
efectos v i o l e n t o s e n l o s q u e se m a n i f i e s t a u n p o d e r i n v i s i b l e . E l niás
v i o l e n t o de e l l o s es la m u e r t e , y s ó l o el p o d e r d e l rey o d e los dioses
p u e d e c a u s a r l o . M a t a r es e n E g i p t o m o n o p o l i o e s t r i c t o d e l E s t a d o
( i n c l u s o c u a n d o e n las é p o c a s i n t e r m e d i a s se l o a r r o g a n l o s p r í n c i p e s
de los n o m o s ) . L a p e n a d e m u e r t e s ó l o el rey p u e d e dictarla, y e n tal
c a s o se l e r e c o m i e n d a l a m á x i m a c o n t e n c i ó n . Estas i n h i b i c i o n e s
a n t e la m u e r t e g u a r d a n r e l a c i ó n c o n la i d e a d e l b^- S i , s e g ú n la c o n ­
c e p c i ó n d e l R e i n o A n t i g u o , s ó l o e l rey t e n í a u n b^, q u e tras l a
m u e r t e a b a n d o n a b a la t i e r r a y a s c e n d í a al c i e l o , tras el h u n d i m i e n t o
d e l R e i n o A n t i g u o esta c o n c e p c i ó n se e x t e n d i ó a t o d o s l o s e g i p c i o s .
T o d o h o m b r e , se c r e y ó d e s d e e n t o n c e s , t i e n e u n hg, y c o n é l va al
7 7
m u n d o d e u l t r a t u m b a . E n vista d e este p o d e r , i n h e r e n t e a c a d a
h o m b r e , d e d e n u n c i a r a n t e su j u e z c u a l q u i e r i n j u s t i c i a p a d e c i d a , la
p e n a d e m u e r t e s ó l o p o d í a ser d i c t a d a e n a q u e l l o s casos e n l o s q u e

76 Posener, L'Enseignement ley aliste, 90-91, §5, !?6-S>9-

n
77 U texto publicado recientemente por H. Altenmüller nos hace suponer que, ya en
los últimos tiempos del Reino Antiguo, la atribución de la idea del ba se había
extendido a personas fuera de la realeza.
 I I I / i . IRA Y AMOR 181

se p o d í a estar s e g u r o d e la c o n f o r m i d a d , o i n c l u s o la i n d u c c i ó n ,
d i v i n a . E n las Instrucciones para Merikare h a y u n t e x t o f u n d a m e n t a l al
respecto:

Guárdate de la pena injusta.

No mates, pues eso no te puede beneficiar.
Castiga con azotes y con prisión:
así estará el país bien cimentado.
Excepto a los rebeldes cuyo plan ha sido descubierto,
pues el dios conoce a los rebeldes y el dios castiga con sangre.

No mates a nadie cuya fuerza espiritual conozcas,

j u n t o con el que tú hayas « c a n t a d o » las escrituras,
que haya leído en el libro de prueba [...] ante el dios
y pueda libre internarse en lugares secretos.
Pues él alma regresa al lugar que conoce
y no se desvía de su camino de ayer.
N i n g ú n mago puede detenerla.
Ella llega hasta al que dispensa su agua.

Los jueces que juzgan al opresor,

sabes que no serán benignos
el día en que se enjuicie al infame,
la hora en que se ejecute la resolución.
(sigue u n texto más largo sobre el tribunal que juzga a los m u e r -
78
tos, ante el cual también el rey habrá de responder de sus actos) .

Esto c o n c u e r d a c o n los m a n d a m i e n t o s e n u m e r a d o s e n el c a p í t u l o
1 2 5 ¿ e l L i b r o de l o s m u e r t o s , q u e el m u e r t o a s e g u r a a n t e l o s j u e c e s
n o h a b e r t r a n s g r e d i d o . A q u í n o se trata s ó l o de « n o h a b e r m a t a d o »
o « n o h a b e r m a t a d o a n i n g ú n h o m b r e » , s i n o i n c l u s o de n o h a b e r
7 9
infligido n i n g ú n d o l o r n i haber causado n i n g ú n l l a n t o .
E n u n a o b r a l i t e r a r i a d e l R e i n o M e d i o t a r d í o se c u e n t a de u n
m a g o l l a m a d o D e d i q u e se n e g ó a h a c e r el n ú m e r o p o r el q u e era
célebre, consistente e n r e i m p l a n t a r u n a cabeza de a n i m a l cortada,

78 A. Volten, 2juei Alagyptische Politische Schrijlen. Die Lehré fur KónigMerikare und die Lehre des Kónigs
_
Amenemhat (Analecta Aegyptiaca IV), Copenhague, I945- 22-27.- P 47 59- Sobre la idea
del juicio a los muertos, v. pp. 196-216, y sobre este texto v. p. 204-
s
79 V. mi Ma'at, cap. 5, y aquí pp. 213 -
182 EGIPTO

p e r o e n u n h o m b r e , u n p r e s o . E l m a g o se atreve a r e s p o n d e r al rey,
que. es q u i e n le ha p e d i d o q u e l o haga:

Pero no de un hombre,
¡ohgran soberano y señor mío!
8 o
Vea que está prohibido hacer una cosa así con «ganado n o b l e » .

Y el rey, que es nada m e n o s q u e K e o p s , m u d a e n s e g u i d a de a c t i -

t u d y hace traer u n g a n s o . Q u e estas i n h i b i c i o n e s o b r a b a n e n la vida
c o t i d i a n a y aún e n t i e m p o s m u y p o s t e r i o r e s , l o t e s t i m o n i a n las actas
procesales sobre las c o n s p i r a c i o n e s de h a r é n de q u e fue v í c t i m a el rey
8
R a m s é s III. ' L o s c o n s p i r a d o r e s , d e c l a r a d o s c u l p a b l e s , n o s o n e j e c u -
t a d o s , s i n o c o n d e n a d o s al s u i c i d i o . Estas i n h i b i c i o n e s r a d i c a n e n el
m i e d o al p o d e r d e l m u e r t o , de su a l m a i n m o r t a l —de s u 6a— p a r a
p e d i r cuentas en la tierra o ante u n t r i b u n a l d e l m á s allá a sus v e r d u -
g o s . P a r e c e c o m o si la c r e e n c i a e n la i n m o r t a l i d a d d e l a l m a , q u e
c a r a c t e r i z a a la idea e g i p c i a d e l h o m b r e , y al j u i c i o d e l o s m u e r t o s
c o n d i c i o n a s e , y de m o d o c o n s i d e r a b l e , i n c l u s o el c o m p o r t a m i e n t o
p o l í t i c o del rey.

L a autoridad, y hasta o b l i g a c i ó n , del E s t a d o e n p u n t o a la p e n a de

m u e r t e tiene su f u n d a m e n t o e n a l g u n a a m e n a z a derivada d e la n a t u -
raleza ambivalente del h o m b r e y d e l m u n d o e n g e n e r a l . L a base de la
paz, el o r d e n , la seguridad y la « j u s t i c i a » , está c o n t i n u a m e n t e a m e -
n a z a d a de d i s o l u c i ó n e n u n m u n d o a m b i v a l e n t e o « e s c i n d i d o » , y
sólo p u e d e mantenerse m e d i a n t e u n a f o r m a de g o b i e r n o que d i s -
83
p o n g a de la violencia, el fuego y la espada m o r t í f e r o s . , Esta v i o l e n -
cia d i s p o n i b l e (bgw) la s i m b o l i z a la s e r p i e n t e U r e u s « e n c e n d i d a de
i r a » . P e r o el faraón s ó l o es, s e g ú n la c o n c e p c i ó n e g i p c i a , la i m a g e n
t e r r e n a del dios c r e a d o r , y ejerce « s o b r e la t i e r r a de l o s h o m b r e s »
u n p o d e r v i c a r i o d e l q u e éste e j e r c e en. el c i e l o y q u e es, c o m o u n a
8 3
c o n t i n u a c i ó n de la C r e a c i ó n . S e g ú n la c o n c e p c i ó n e g i p c i a , el m a l ,
y, p o r tanto, el caos e n el s e n t i d o de la g r a v i t a c i ó n hacia la d e c a d e n -
cia y la « e n t r o p í a » ( B a l a n d i e r ) , s ó l o p o s t e r i o r m e n t e a d v i n o al

80 A.M. Blackman, The Story ofKingKheops and the Magicians, Londres, I988, IO.
81 A. de'Buck, en JEA 23, 1937, 152-64; H. Goedicke, en JEA 49, 1963, 71-92.
82 Sobre el simbolismo del fuego y la espada, cfr, E. Hornung, Altagyptische Hollenvorstellun-
gen (Abh. Sachs AdW Leipzig 59.3), Berlín, 1968.
83 Cfr. al respecto mis libros DerKonigaisSonnenpriester, Glückstadt, 1970, 22, 35, 58-65,
y Ma'at, 205-2I2-
 III / U. IRA Y AMOR

m u n d o . S ó l o c o n la s e p a r a c i ó n d e c i e l o y t i e r r a y el a l e j a m i e n t o d e l
d i o s S o l e n el c i e l o se o p u s o l a s e r p i e n t e A p o p i s al c u r s o d e l s o l ,
a d q u i r i e n d o el m u n d o su estructura dualista, o sea, a m b i v a l e n t e q u e
c a r a c t e r i z a a la d r a m á t i c a i m a g e n d e l m u n d o d e l o s e g i p c i o s . L a
« C r e a c i ó n » se t o r n ó así « g o b i e r n o » , o b r a d e m a n t e n i m i e n t o , para
conservar el c u r s o d e l s o l . E n el m u n d o e s c i n d i d o , las e n e r g í a s c o s -
m o g ó n i c a s ya n o se m a n i f i e s t a n d e m a n e r a p u r a m e n t e positiva, d i s -
p e n s a d o r a d e v i d a . Para c o n s e r v a r la vida, d e b e n c o m b a t i r el c a o s .

POLÍTICA Y MAGIA

El m a n t e n i m i e n t o d e l c u r s o d e sol y la l u c b a c o n t r a A p o p i s es m o t i v o
de culto e n el t e m p l o . P e r o l o s rituales m á g i c o s de a n i q u i l a c i ó n q u e
s o n p a r t e d e l c u l t o e n el t e m p l o n o se d i r i g e n s ó l o c o n t r a l o s e n e m i -
gos d e l o s d i o s e s , s i n o t a m b i é n c o n t r a l o s e n e m i g o s p o l í t i c o s d e l
f a r a ó n . D e estos rituales de a n i q u i l a c i ó n t e n e m o s t e s t i m o n i o s desde
al R e i n o A n t i g u o hasta la É p o c a Baja, p e r o s o n p a r t i c u l a r m e n t e t í p i -
cos d e l R e i n o M e d i o . S o n t e s t i m o n i o s s o b r e t o d o a r q u e o l ó g i c o s , y su
v a l o r especial r a d i c a p a r a n o s o t r o s e n q u e ellos n o s m u e s t r a n c l a r a -
m e n t e cuál era la i m a g e n d e l rey e n el R e i n o M e d i o n o s ó l o e n m e n -
sajes, s i n o t a m b i é n e n h u e l l a s .
H o y se c o n o c e n d o s g r a n d e s c o m p l e j o s d e y a c i m i e n t o s c o n f r a g -
m e n t o s de vasijas d e l R e i n o M e d i o c o n n o m b r e s de e n e m i g o s escritos
s o b r e e l l o s . S u estado d e c o n s e r v a c i ó n i n d i c a q u e las vasijas f u e r o n
rotas d e l i b e r a d a m e n t e e n el ritual d e « q u e b r a r las vasijas r o j a s » , así
8 4
d e n o m i n a d o . P e r o c i e r t o s h a l l a z g o s n o s m u e s t r a n q u e , ya e n las
dinastías V y V I , y después a l o l a r g o d e todas las épocas d e la h i s t o r i a
egipcia hasta la É p o c a Baja, l o s textos c o r r e s p o n d i e n t e s n o se r e f i e r e n
85
a f r a g m e n t o s de c e r á m i c a , s i n o a f i g u r i l l a s . Estos hallazgos t u v i e r o n

84 Desde la primera publicación por K. Sethe, DieÁchtungfeindlicherFürsten, Vólker und Dinge

auj'altbgyptíschen Tongefaflscherben desMittleren Seichs (AfiWBerlín, 1926,5), hay acuerdo en
que este contexto del ritual consistente en «quebrar las vasijas rojas>> se llevaba real-
mente a cabo; cfr. J. v. Dijk, «Zerbrechen der roten Tópfe», en L4 VI, 1986, 1389-
I396-

85 El hallazgo de Mirgissa aún no se ha publicado, cfr. G. Posener en Syria 43, 277~87¡

A.M.Abu Bakr, J. Osing, «Achtungstexte aus dem Alten Reich», en MDAIK 29,
-I
!973. 97 33¡ J- Osing, «Achtungstexte aus dem Alten Reich (II)», en MDAIK 32,
1976, 133-185. G. Posener, GinqFigurinesd'envoütement, El Cairo, 1987, 1-6. Figurillas
de madera de Abusir y Giza, v. G. Posener, CinqFigurines, 2, notas I y 2.
 EGIPTO

q u e estar r e l a c i o n a d o s c o n u n r i t u a l q u e tiene exactamente el m i s m o

s e n t i d o q u e el de « r o m p e r las vasijas r o j a s » , p e r o ejecutado d e otra
m a n e r a . S o b r e el r i t o n o s a b e m o s casi n a d a . E n la m a y o r í a d e l o s
casos, las figurillas se e n c o n t r a b a n d e n t r o de vasijas de b a r r o c o c i d o , y
8 6
u n p a r d e veces d e n t r o d e u n s a r c ó f a g o , es d e c i r , e r a n o r d i n a r i a -
m e n t e e n t e r r a d a s . L o s textos c o i n c i d e n c o n l o s escritos e n l o s f r a g -
m e n t o s d e c e r á m i c a . N o m b r a n el g r u p o d e p e r s o n a s c o n t r a el q u e el
r i t o se d i r i g í a : p r í n c i p e s e x t r a n j e r o s y sus s é q u i t o s , así c o m o « t o d o s
los e g i p c i o s : h o m b r e s , e u n u c o s , m u j e r e s y f u n c i o n a r i o s » ,

que se rebelarán, intrigarán o atacarán,

que piensan en la sublevación o en el ataque, todo rebelde,
que piense en la sublevación en todo este país.

E n la e n u m e r a c i ó n final de «cosas m a l a s » que h a n de ser alcanzadas

p o r el anatema del ritual, l o s discursos, p e n s a m i e n t o s , planes, s u e ñ o s ,
esto es, t o d o l o m a l o q u e p u e d a d e s a r r o l l a r s e e n el d o m i n i o d e l l e n -
guaje y la i m a g i n a c i ó n , j u e g a u n p a p e l más i m p o r t a n t e que los actos:

Todas las palabras malignas, todos los discursos malignos, todas

las injurias,
todos los malos pensamientos, todas las malas maquinaciones,
todas las luchas malas, toda perturbación mala,
todos los planes malos, todas las cosas malas,
todos los sueños malos, todo acostarse con el mal.

El ritual debe ejercer u n c o n t r o l m á g i c o sobre lo otro esencialmente

i n c o n t r o l a b l e : la i m a g e n d e l f a r a ó n e n l o s discursos, p e n s a m i e n t o s e
i n c l u s o s u e ñ o s d e sus s u b d i t o s . A q u í , c o m o e n c u a l q u i e r p a r t e d e
E g i p t o , la magia f u n c i o n a t a m b i é n c o m o c o m p l e m e n t o de las f o r m a s
que h e m o s clasificado c o m o racionales—aquí: formas de vigilar y casti-
gar— sin sustituirlas. G u a n d o l o s i n s t r u m e n t o s de la justicia y la g u e r r a
s o n insuficientes, se r e c u r r e a la magia. E n esta descripción de los p o s i -
bles e n e m i g o s del faraón hay dos cosas d e interés e n nuestro c o n t e x o : el
p e l i g r o q u e se i n t e n t a c o n j u r a r c o n estos r i t o s a m e n a z a t a n t o d e s d e
fuera c o m o desde d e n t r o ; los extranjeros están aquí al m i s m o nivel q u e
los egipcios, los e n e m i g o s q u e l o s rebeldes. Y l a hostilidad o la subleva-
c i ó n están latentes; o e n f o r m a d e p e n s a m i e n t o s o e n el futuro.

86 Posener, Cinq Figurines, 3 con notas 3 y 4.

 IIII k. IRA Y AMOR 185

L a categoría d e la e n e m i s t a d « l a t e n t e » o « p o t e n c i a l » n o s o b l i g a
a h a c e r u n a i m p o r t a n t e d i s t i n c i ó n : h e m o s d e d i f e r e n c i a r la « j u s t a
i r a » del o d i o al e n e m i g o o el m a l . L a ira es u n a r e a c c i ó n , el o d i o u n a
d i s p o s i c i ó n . L a « i r a j u s t a » s ó l o p u e d e i r d i r i g i d a c o n t r a la injusticia
manifiesta, p e r o n u n c a contra pensamientos, planes y actitudes
l a t e n t e s . A q u í se trata i n e q u í v o c a m e n t e d e o d i o . E l o d i o se d i r i g e
t a m b i é n , y m u y e s p e c i a l m e n t e , c o n t r a el o d i o s u p u e s t o al l a d o c o n -
t r a r i o . L o s ritos q u i e r e n q u e el o d i o actúe s o b r e q u i e n e s « o d i a n (al
rey) e n su c o r a z ó n » . E l h o m b r e m a n i f i e s t a m e n t e v i l p r o v o c a la i r a
d e l r e y . P e r o l o s e n e m i g o s d e f i n i d o s c o m o l o s q u e o d i a n al f a r a ó n
s o n o b j e t o d e s u o d i o . E l o d i o se d i r i g e t í p i c a m e n t e n o c o n t r a el
m a l v a d o , s i n o c o n t r a el e n e m i g o . L a v u l n e r a c i ó n d e l o r d e n y la j u s -
ticia n o desata este afecto, s i n o la a m e n a z a a la p r o p i a i d e n t i d a d .
S e g ú n cierta c o r r i e n t e i n f l u y e n t e de la m o d e r n a e t o l o g í a h u m a n a ,
el o d i o n o es o t r a c o s a q u e e l « r e c h a z o al e x t r a ñ o » l l e v a d o a l .
e x t r e m o , « q u e h a c e q u e el g r u p o se e n c i e r r e e n sí m i s m o » . I r e n á u s
E i b l - E i b e s f e l d t ve a q u í u n a actitud f u n d a m e n t a l q u e i d e n t i f i c a c o m o
f e n ó m e n o c o n c o m i t a n t e i n n a t o e inevitable e n la f o r m a c i ó n de g r u -
pos humanos. L a «seudoespeciación» o «sobreindividualización»
h u m a n a se realiza, s e g ú n esta t e o r í a , de f o r m a dialéctica, p u e s c o n la
p r o d u c c i ó n d e i d e n t i d a d hacia a d e n t r o se p r o d u c e al m i s m o t i e m p o ,
y de m o d o i n e v i t a b l e , alteridad hacia fuera. A m o r y o d i o s o n i n s e p a -
8 7
rables; u n i ó n hacia adentro significa delimitación hacia f u e r a . Y
viceversa: n a d a p u e d e m o v e r t a n e f i c a z m e n t e a u n g r u p o a u n i r s e e n
u n a « c o m u n i d a d » c o m o el s e n t i m i e n t o de estar a m e n a z a d o p o r u n
e n e m i g o c o m ú n y el o d i o resultante d e ese s e n t i m i e n t o , y a p e n a s hay
p o l í t i c a q u e r e n u n c i e a este m e c a n i s m o d e f o r m a c i ó n d e g r u p o s y
establecimiento de consensos.
A h o r a b i e n , esta f o r m a de o d i o c o m o f e n ó m e n o c o n c o m i t a n t e e n
la f o r m a c i ó n y la u n i ó n d e g r u p o s ( « a m o r » , e n l a t e r m i n o l o g í a d e
E i b l - E i b e s f e l d t ) o b v i a m e n t e n o es la f o r m a d e o d i o q u e l o s rituales
de a n i q u i l a c i ó n del R e i n o M e d i o q u i e r e n h a c e r actuar. P u e s respecto
a estos e n e m i g o s y a la a m e n a z a d e l rey n o se hace n i n g u n a d i s t i n c i ó n
fundamental entre « d e n t r o » y « f u e r a » , entre egipcios y n o egip-
c i o s . E l o d i o d e l q u e estos r i t o s d e b e n p r o t e g e r al rey se s u p o n e f u n -
d a m e n t a l m e n t e e n t o d o s , e x t r a n j e r o s y e g i p c i o s , vasallos y s u b d i t o s .

87 L Eibl-Eibesfeldt, Liebe undHaji. ZyrNaturgeschichteelementarerVerhaltensweisen, Munich, 1976.

Cfr., del mismo saitor, Krieg undFriedenaus derSicht der Verhaltensforschung, Munich, 1975-
i86 EGIPTO

N o se t r a t a a q u í d e s o l i d a r i d a d d e g r u p o y r e c h a z o d e l e x t r a ñ o . L a
fuente de esta v i o l e n c i a n o es la d i n á m i c a de la f o r m a c i ó n de g r u p o s ,
s i n o la a f i r m a c i ó n d e l g o b i e r n o d e l f a r a ó n . S e g ú n l a c o n c e p c i ó n
e g i p c i a al r e s p e c t o , n o hay n i n g ú n g o b i e r n o s i n r e b e l i ó n , i g u a l q u e
n o hay l u z s i n o s c u r i d a d . A s í c o m o e l ' s o l n o es p e n s a b l e s i n su c a l o r
a b r a s a d o r , el g o b i e r n o f a r a ó n i c o n o es p e n s a b l e sin v i o l e n c i a s i m b ó -
lica y real, s i n d i s p o s i c i ó n a m a t a r .
L a a g r e s i v i d a d c o s m o l ó g i c a y a n t r o p o l ó g i c a m e n t e f u n d a d a de la
m o n a r q u í a f a r a ó n i c a , su « a s p e c t o de S e k h m e t » , se d e s p l i e g a e n la
i c o n o g r a f í a p o l í t i c a d e E g i p t o e n u n m u n d o de i m á g e n e s q u e n a d a
se a h o r r a e n c u a n t o a a c t i v i d a d v i o l e n t a ( a u n q u e es n e c e s a r i o a ñ a d i r
q u e e n t o d o s l o s t e x t o s r e g i o s d e t o d a s las é p o c a s p r e d o m i n a e l
aspecto p a c í f i c o ) . N o hay n i n g ú n faraón que haya p o d i d o p e r m i -
tirse r e n u n c i a r a la i m a g e n c a n o n i z a d a d e l s o b e r a n o r a p a z . I n c l u s o
A j e n a t ó n se h i z o r e p r e s e n t a r e n K a r n a k c o n p r o p o r c i o n e s g i g a n t e s -
cas d e r r o t a n d o a sus e n e m i g o s . E l rey n o s ó l o es h a l c ó n , l e ó n y t o r o
b r a v o , s i n o i n c l u s o c o c o d r i l o , e n las s i m b o l i z a c i o n e s d e esa v i o l e n -
cia m o r t í f e r a . S ó l o c o n m i r a r d e soslayo este s i m b o l i s m o p o l í t i c o ,
d e j a m o s los l í m i t e s t e m p o r a l e s d e l R e i n o M e d i o y n o s i n t r o d u c i m o s
e n aspectos g e n e r a l e s d e la i m a g e n e g i p c i a d e l rey. A s í l o « m u e s t r a »
el d i o s a l o s p u e b l o s e x t r a n j e r o s e n la « E s t e l a p o é t i c a » de T h u t m o -
sis III: c o m o n o v i l l o , c o c o d r i l o , l e ó n , h a l c ó n y c h a c a l e n t r e o t r a s
formas animales.

He venido para permitirte aplastar las tierras occidentales,

Greta y Chipre tienen miedo de ti.
Les muestro tu majestad como novillo,
con corazón resuelto y agudas astas, al que no se puede atacar.

H e venido para permitirte aplastar las tierras del norte;

los países de Mitanni tiemblan de miedo ante ti.
Les muestro tu majestad como cocodrilo,
señor y terror de las aguas, al que no se puede atacar.

He venido para permitirte aplastar a los libios,

los países de Etiopía se han rendido ante el poder de tu ira (b3w).
Les muestro tu majestad como los fieros leones,
que tú conviertes en cadáveres en sus valles.
 III / A. IRA Y AMOR 107

H e v e n i d o para permitirte aplastar los límites de la tierra (=el

norte),
lo que el océano rodea lo tienes atado en tu p u ñ o .
Les muestro tu majestad como «señor de las alas»,
que atrapa a su antojo cuanto acecha.

He venido para permitirte aplastar a los que habitan donde la tie-

rra comienza (=el sur),
para permitirte encadenar a los nómadas cual prisioneros de guerra.
Les muestro tu majestad como chacal del A l t o Egipto,
88
señor de la rapidez, corredor que atraviesa las dos tierras .

E l c o c o d r i l o r e p r e s e n t a p a r a el e g i p c i o la s u m a d e l o s r a s g o s q u e
m á s a b o r r e c e e n sus s e m e j a n t e s : a v i d e z , a g r e s i v i d a d , b r u t a l i d a d .
P e r o , c o m o c u a l i d a d c ó s m i c a , es p a r a él a l g o s a g r a d o . E l d i o s c o c o -
d r i l o S o b e k es t o d o m e n o s u n a n t i - d i o s , l o m i s m o q u e la d i o s a
S e k h m e t , c o n su f i g u r a d e l e o n a .
Las i m á g e n e s h a b l a n u n l e n g u a j e i g u a l d e u n í v o c o . E n la paleta d e
N a r m e r , la m o n a r q u í a e g i p c i a se p r e s e n t a e n e l m o m e n t o d e su
e n t r a d a e n la h i s t o r i a e j e c u t a n d o u n a c t o d e v i o l e n c i a p u n i t i v a .
R e p r e s e n t a al p r i m e r u n i f i c a d o r de E g i p t o d e r r o t a n d o a u n e n e m i g o
y p a s a n d o t r i u n f a l revista a l o s cadáveres de d i e z p r í n c i p e s d e r r o t a -
d o s , a l o s q u e se h a c o l o c a d o la c a b e z a e n t r e l o s p i e s : u n a f o r m a de
e j e c u c i ó n de la q u e esta r e p r e s e n t a c i ó n es t o d o u n d o c u m e n t o . E n t r e
m i l e n i o y m e d i o y d o s m i l e n i o s más r e c i e n t e s s o n ciertas r e p r e s e n t a -
c i o n e s d e l m u n d o i n f e r i o r e n las q u e l o s e n e m i g o s d e l o s d i o s e s
8 9
c o r r e n l a m i s m a s u e r t e . C o n la i m p o s i c i ó n d e ma'at, d e l o r d e n
j u s t o , c o m o b a s e d e u n m u n d o c o n f i a b l e y h a b i t a b l e , n o s ó l o n o se
vacila e n m a t a r , s i n o q u e a d e m á s se o s t e n t a y s u b r a y a la d e t e r m i n a -
9 0
c i ó n de h a c e r l o c u a n d o es p r e c i s o .

n
88 De niis Agyptische Hymnen und Gebete, Zúrich, I975- - ° 233, P- 4^5 ss, versos 56~79;
texti: Urk TV, 610-624.
89 E. Hornung, Altagyptische Hóllenvorstellungen (Abli. Sachs.AdW Leipzig 59-3). Berlín,
1968, 19 y lám. Illb.
90 Que tampoco en el Reino Nuevo hubo demasiados reparos en mostrar con toda
explicitud las cosas más directa y humanamente representables, parecen testimo-
niarlo los relieves que presentan la cuenta de las manos y los falos cortados a los caí-
dos. La extensión del burocrático afán registrador del escriba a los campos de batalla
y sus despojos tiene algo de espectral, pero no deja dudas sobre la realidad de lo
representado. La magnitud de un éxito militar se medía, al parecer, por el número
de enemigos muertos; es decir: en las campañas bélicas lo importante era matar.
 i88 EGIPTO

Pero t o d o esto, t a n t o e n i m á g e n e s c o m o e n i n s c r i p c i o n e s , p e r t e ­
n e c e al á m b i t o d e u n a r e p r e s e n t a c i ó n o f i c i a l c u y a r e l a c i ó n c o n la
realidad es f u n d a m e n t a l m e n t e p r o b l e m á t i c a . E n esta esfera es c o s ­
tumbre, p o r e j e m p l o , c o p i a r textos y r e p r e s e n t a c i o n e s más a n t i ­
g u o s , c o m o si se h u b i e r a n r e a l i z a d o i d é n t i c a s a c c i o n e s y se i n f o r ­
mase de i d é n t i c o s a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó r i c o s . P e r o es o b v i o q u e
aquí n o se trata de o f r e c e r i n f o r m a c i ó n n i d o c u m e n t a c i ó n , s i n o d e
representar, e v i d e n c i a r u n a i m a g e n , la d e l rey, c u y o s rasgos a g r e s i ­
vos y v i o l e n t o s d e b e n t e n e r e n j a q u e a l o s r e b e l d e s y g a r a n t i z a r l a
p r o t e c c i ó n de l o s l e a l e s . P e r o la p r á c t i c a p u d o h a b e r s i d o o t r a cosa
b i e n distinta.
La r e l a c i ó n d e estas i m á g e n e s . c o n l a r e a l i d a d c o i n c i d e c l a r a ­
m e n t e c o n la d e l o s t e x t o s p r o s c r i p t o r e s y las f i g u r i l l a s d e e n e m i ­
gos. S e trata d e m a l d i c i o n e s i c ó n i c a s q u e p o n e n , p o r así d e c i r l o ,
p r o f i l á c t i c a m e n t e a los p u e b l o s d e l e n t o r n o b a j o la c o n d e n a d e u n a
a n i q u i l a c i ó n v i r t u a l . L a m a l d i c i ó n es u n i n s t r u m e n t o c e n t r a l de l a
política exterior del antiguo O r i e n t e . T o d o s los pactos tenían que
ser sellados c o n u n j u r a m e n t o s a g r a d o , c u y a r u p t u r a c o n l l e v a r a las
s a n c i o n e s más t e r r i b l e s . E s t a s s a n c i o n e s e r a n f i g u r a d a s e x p l í c i t a ­
mente en f o r m a de m a l d i c i o n e s . E l texto más i m p r e s i o n a n t e de
esta clase es el q u e sella el p a c t o e n t r e Y a h v é e I s r a e l c o m o c a p í t u l o
2 8 d e l l i b r o V de M o i s é s . Estas m a l d i c i o n e s t i e n e n la e s t r u c t u r a d e
los e n u n c i a d o s p o t e n c i a l e s - p e r f o r m a t i v o s : se h a c e n r e a l i d a d a u t o ­
9 1
máticamente, pero sólo bajo determinadas condiciones . La
m i s m a r e l a c i ó n p o t e n c i a l - p e r f o r m a t i v a c o n la r e a l i d a d p a r e c e v a l e r
p a r a estas i m á g e n e s . L a r e p r e s e n t a c i ó n d e la a c c i ó n o e l e f e c t o d e
m a t a r n o hay q u e e n t e n d e r l a c o m o d o c u m e n t a c i ó n r e l a t i v a a l a
a c c i ó n ejecutada, s i n o c o m o u n a a m e n a z a q u e se h a c e r e a l i d a d b a j o
d e t e r m i n a d a s c o n d i c i o n e s , a l a m a n e r a d e las m a l d i c i o n e s d e l o s
p a c t o s . P o r eso t e n e m o s q u e clasificar la t e m á t i c a de estas i m á g e n e s
e n el o r d e n d e las a c c i o n e s s i m b ó l i c a s p r o s c r i p t o r a s , ' e s t o es, las
q u e se p r o p o n e n m a n t e n e r m á g i c a m e n t e f u e r a a s u o b j e t o , y n o
c o m o actos de s o m e t i m i e n t o , el c u a l s u p o n d r í a u n a i n c l u s i ó n e n el
mundo egipcio.

91 Cfr. al respecto mi artículo «Inscriptional Violence and the Art of Gursing: A Study
of Performative Writing», en StandfordLiteratureReview SpringiggS!, 43-65. Para una
antología de maldiciones mesopotámicas, v. F. Pomponio, Formule di makdizione della
Mesopotamia preclassica (Paideia Editrice), Brescia, 1990.
 III M . IRA Y AMOR 109

L A IDEA DEL LÍMITE

Esta m i s m a r e l a c i ó n mágica c o n la r e a l i d a d se expresa e n el uso p e c u -

l i a r d e l l e n g u a j e , q u e designa al e x t r a n j e r o e s t e r e o t í p i c a m e n t e c o m o
« e n e m i g o m i s e r a b l e » i n c l u s o c u a n d o c o n las etnias de esta m a n e r a
designadas existen lazos a m i s t o s o s , a s e g u r a d o s p o r p a c t o s y m a t r i m o -
nios políticos. El uso del lenguaje c o r r e s p o n d e a una i m a g e n del
m u n d o q u e e n el R e i n o N u e v o está s u p e r a d a p o r la a p e r t u r a de
E g i p t o a A s i a , p e r o q u e d e t e r m i n a la p r a x i s p o l í t i c a de l o s R e i n o s
Antiguo y Medio.
E n esta i m a g e n d e l m u n d o , E g i p t o e q u i v a l e al m u n d o o r d e n a d o
q u e c r e ó el d i o s S o l y e n el q u e el rey p o n e a M a ' a t f r e n t e a Isfet. L a
f r o n t e r a d e E g i p t o c o n el m u n d o e x t r a n j e r o n o es i m a g i n a d a c o m o
« l í m i t e e n t r e » , s i n o c o m o « l í m i t e b a s t a » . M á s allá de u n « l í m i t e
hasta» n o habitan « l o s o t r o s » , c o n los cuales p o d r á n m a n t e n e r s e rela-
c i o n e s amistosas u h o s t i l e s , p e r o r e l a c i o n e s al f i n , s i n o l o s e s e n c i a l -
m e n t e e x t r a ñ o s , c o n los q u e n o se p u e d e i m a g i n a r n i n g u n a r e l a c i ó n .
Las t r i b u s d e l e n t o r n o s o n a s o c í a l e s ; n o i n t e r e s a n i a n i q u i l a r l o s n i
convertirlos e n egipcios; l o q u e interesa es q u e se m a n t e n g a n ahí fuera.
A s í caracterizan, p o r e j e m p l o , las Instrucciones para Merikare a los asiáticos:

El mísero asiático, que vive verdaderamente atormentado

por el lugar en que vive:
escaso de agua,
inaccesible a pesar de los numerosos caminos,
duros caminos a través de las montañas.
N o puede vivir en ningún sitio,
la escasez de alimentos empuja sus pies a otr.o sitio.
Vive en lucha desde los tiempos de Horus,
no vence, mas tampoco puede ser vencido,
pues no anuncia el día de la batalla,
9 2
como u n salteador que la comunidad ha expulsado .

E s t a i m a g e n d e l e x t r a n j e r o es la n e g a c i ó n d e t o d a p o l í t i c a e x t e -
r i o r . C o n ella n o es p o s i b l e n i a l i a r s e c o n él n i v e n c e r l o . N o es n i

92 Merikare, ed. Volten, Zjuei altagyptischepolitische Schrifien, Anal. Aeg. i v , Copenhague,

I-
^ é B . 47-49 P 9 9 4 - Cfr. P. Seibert, Die Charakteristik. Untersuchungen zu einer altagyptischen
Sprechsiñe und ihrenÁuspragungen in Folklore undLiteratur (Ág. Abh. 17), Wiesbaden, 1967,
90-94.
 EGIPTO
igo
a m i g o n i e n e m i g o . P u e s el a m i g o a n u n c i a el día d e la b a t a l l a . P e r o él
vive « e n l u c h a » y h a y p o r eso q u e m a n t e n e r l e a raya, a s u s t a d o ,
e x c l u i d o . A s í j u s t i f i c a Sésostris III su p o l í t i c a r e s p e c t o a los n u b i o s :

Establecí mis fronteras al avanzar más lejos que mis predecesores

hacia el sur,
al ir más lejos de lo que se me e n c o m e n d ó .
Soy u n rey que habla y actúa,
lo que mi corazón planea ocurre p o r mi mano;
(...)
alguien que ataca al atacante y calla cuando el silencio reina;
que responde a unas palabras según su sentido,
pues callar c u a n d o se fue atacado es desafiar a l ' e n e m i g o a que
ejerza la violencia.
El ataque supone fortaleza,
pero la retirada significa debilidad.
U n cobarde es el que deja que le echen de su frontera.
El n u b i o escucha para cortar la palabra;
responderle es repelerle.
Guando se le ataca, él vuelve la espalda,
cuando se retrocede, él se vuelve agresivo.
Pues n o son hombres que merezcan respeto,
93
sino miserables de corazón a r r u i n a d o .

Los e x t r a n j e r o s n o a p a r e c e n e n esta i m a g e n d e l m u n d o c o m o
c o m p a ñ e r o s de a c c i ó n p o l í t i c a . S o n c o m o a n i m a l e s salvajes y e s p a n -
t a d i z o s q u e a n t e t o d o a t a q u e se r e t i r a n , y a n t e t o d a r e t i r a d a d a n u n
b o c a d o y salen c o r r i e n d o :

El asiático es el coco[drilo] en su orilla:

Atrapa su presa en el camino solitario,
9 1
pero nada toma del atracadero concurrido ' '.

L o i m p o r t a n t e es esto: el e x t r a n j e r o n o es el m a l o , n i tañapoco u n
r e b e l d e . N o f o r m a p a r t e e n a b s o l u t o d e l paisaje d e l m u n d o o r d e n a d o
resultante d e la r e a l i z a c i ó n de l a ma'at, e n el cual se p u e d e d i s t i n g u i r el
b i e n del m a l . D e b e ser a m e d r e n t a d o y espantado, p e r o n o « c a s t i g a d o » .

93 Estela Berlín 14753 y 1157, ed. K. Sethe, Áeyptische Lesestücke, reimp., Darmstadt,
1959. 83-851 mi libro Stein und/¿it, 255 ss.¡
94 Merikare P97-98, ed. Volten, 50 s.¡ Seibert, op. cit, 95-98.
 III / A . IRA Y AMOR 191

L a Narración de Sinuhé, e n la q u e n o s h e m o s d e t e n i d o m á s a r r i b a ,
trata el p r o b l e m a d e l l í m i t e de u n a m a n e r a e n t e r a m e n t e d i a l é c t i c a .
P o r u n l a d o s u p o n e la i n t r a s p a s a b i l i d a d ú l t i m a d e l l í m i t e . S i n u h é
tiene las m a y o r e s dificultades e n traspasar el l í m i t e p o l í t i c o . E l l í m i t e
g e o g r á f i c o t o d a v í a es casi i n t r a s p a s a b l e : él m u e r e casi e n t i e r r a d e
n a d i e , e n t r e allí y allá. E l l í m i t e c u l t u r a l a p a r e c e f i n a l m e n t e c o m o
l í m i t e i n t r a s p a s a b l e . S i n u h é regresa p o r q u e se da c u e n t a de q u e s ó l o
p o d r í a m o r i r e n E g i p t o , q u e a q u í a p a r e c e p o r p r i m e r a vez c o m o u n
« c r o n o t o p o » de la i n m o r t a l i d a d , c o m o u n e s p a c i o de p e r m a n e n c i a
sagrada. M a s , p o r o t r o l a d o , este texto s u p e r a el l í m i t e i d e o l ó g i c o c o n
la idea de u n a a n u n c i a c i ó n d e l p o d e r f a r a ó n i c o a los « g e n t i l e s » y c o n
la v o l u n t a d d e e n s e ñ a r a l o s p r í n c i p e s y j e f e s e x t r a n j e r o s la l e a l t a d
egipcia. S i n u h é c o m p l e m e n t a la p o l í t i c a d e p o d e r , p r a c t i c a d a p o r los
reyes de la dinastía XII c o n los n u b i o s , c o n el m o d e l o de u n a p o l í t i c a
d i p l o m á t i c a de alianzas c o n el C e r c a n o O r i e n t e , de la q u e n o s a b e m o s
9 5
e n q u é m e d i d a la p r a c t i c a r o n r e a l m e n t e l o s reyes d e la é p o c a .

IGUALDAD Y JUSTICIA

« E n t r e el d é b i l y el f u e r t e » , e s c r i b e R o u s s e a u , « l a l i b e r t a d es el
9 6
p r i n c i p i o o p r e s o r , y la ley el p r i n c i p i o l i b e r a d o r » . N o se p u e d e
explicar m á s c l a r a m e n t e el aspecto l i b e r a d o r d e l c o n c e p t o e g i p c i o d e
ma'at. E l E s t a d o d e l R e i n o M e d i o se c o n c i b e a sí m i s m o c o e x t e n s i v o
c o n el m u n d o o r d e n a d o . C r e a y g a r a n t i z a u n a esfera de s e g u r i d a d y
d e paz e n la q u e r i g e n las leyes de ma'at, la ley q u e l i b e r a al d é b i l d e la
o p r e s i ó n d e l f u e r t e . C o m o l i b e r a c i ó n d e la o p r e s i ó n d e b i d a a la d e s -
i g u a l d a d , a este p r i n c i p i o le es i n h e r e n t e , al m e n o s i n c o a t i v a m e n t e ,
la idea de la i g u a l d a d de t o d o s l o s h o m b r e s . S o b r e esto es b i e n e x p l í -
c i t o , hasta d o n d e sé, u n ú n i c o pasaje d e u n t e x t o q u e , c r e o , p u e d e
c o n s i d e r a r s e r e p r e s e n t a t i v o d e la m a n e r a e g i p c i a d e p l a n t e a r este
p r o b l e m a . S e trata de u n a a p o l o g í a d e l d i o s S o l , el dios c r e a d o r , q u e
j u s t i f i c a su c r e a c i ó m p a r a « a p a c i g u a r a la e n o j a d a t r i p u l a c i ó n d e la
b a r c a » . E l dios S o l resume su c r e a c i ó n en cuatro actos. C r e ó los
v i e n t o s y las aguas p a r a t o d o s p o r i g u a l , i n f u n d i ó e n el c o r a z ó n d e

95 Sobre la política asiática de Egipto, cfr. la obra estándar de W. Helck, Die Beziehungen
Agyptenszu Vorderasicn im 3. undZ.Jahrtausendv. Ghr., Wiesbaderi, 2. ed., IQjI. &

96 Debo esta cita ajean Zíegler.

 192 EGIPTO

t o d o s l o s h o m b r e s e l t e m o r a la m u e r t e p a r a q u e h i c i e r a n o f r e n d a s a
las d i v i n i d a d e s l o c a l e s , p e r o s o b r e t o d o c r e ó a l o s h o m b r e s i g u a l e s
unos a otros:

A todo h o m b r e le creé u n prójimo igual que él,

y les prohibí que cometieran injusticia (jzft).
97
Pero sus corazones se opusieron a m i o r d e n .

L a d e s i g u a l d a d n o está e n e l « p r o g r a m a » , n i , p o r t a n t o , e n e l
o r d e n y el s e n t i d o d e l a C r e a c i ó n . H a y q u e i n s i s t i r e n esto c u a n t o
h a g a falta. A l c o n t r a r i o q u e , p o r e j e m p l o , e n la i m a g e n v é d i c a d e l
m u n d o , q u e e n t i e n d e la j e r a r q u í a d e castas c o m o u n o r d e n q u e r i d o
p o r D i o s , o e n la a n t r o p o l o g í a g r i e g a , q u e c o n s i d e r a n a t u r a l la d i s -
t i n c i ó n entre h o m b r e s l i b r e s y esclavos, para l o s egipcios las d i f e -
rencias entre l o s h o m b r e s n o encajan e n el o r d e n de la C r e a c i ó n .
P o d e m o s p r e s c i n d i r e n este c o n t e x t o d e l h e c h o d e q u e , d e b i d o al
etnocentrismo n o reflejado de los Reinos A n t i g u o y M e d i o , los
e g i p c i o s s ó l o a sí m i s m o s se l l a m a r a n « h o m b r e s » y s ó l o a su m u n d o
lo consideraran d e b i d a m e n t e o r d e n a d o . A q u í n o s interesa la c o n s -
t r u c c i ó n de ese m u n d o o r d e n a d o , e n c u y o o r d e n n o cabe la d e s -
i g u a l d a d . N o la q u i e r e n l o s d i o s e s , p e r o la c a u s a n l o s h o m b r e s , y s u
o r i g e n está e n e l « c o r a z ó n » , es d e c i r , e n l a l i b r e v o l u n t a d d e l o s
h o m b r e s . L a d e s i g u a l d a d es u n p r o d u c t o d e la c o d i c i a , d e l a a m b i -
c
c i ó n , e n e g i p c i o wn-jb, literalmente « d e s e o del c o r a z ó n » . Este
p u n t o es d e c i s i v o . P u e s a q u í se m u e s t r a l a d e s i g u a l d a d c o m o u n
f e n ó m e n o d e l d e s o r d e n ( e n e g i p c i o jzft), n o d e l o r d e n . L a d e s i g u a l -
d a d « d e b i d a al c o r a z ó n » se m a n i f i e s t a e n q u e h a y d é b i l e s y f u e r t e s ,
p o b r e s y r i c o s . P o d e m o s llamar a esto desigualdad « s a l v a j e » , e n
c o n t r a s t e c o n l a « n a t u r a l » , e n la q u e e l a d j e t i v o « n a t u r a l » , c o m o
v e n i m o s d i c i e n d o , n o se r e f i e r e a u n orden n a t u r a l , s i n o a u n desorden,
a u n « e s t a d o n a t u r a l » q u e c o m o tal es i n s o s t e n i b l e y es a b s o l u t a -
m e n t e p r e c i s o s u p e r a r l o m e d i a n t e u n o r d e n civil p a r a q u e l a t i e r r a
9 8
sea h a b i t a b l e . Ma'at, j u s t i c i a , es el o r d e n q u e t i e n e q u e i m p o n e r s e

g7 A. de Buck, The Egyptian Goffin Texts, tomo VII, Chicago, 1961, 4.63 S.-4.64. c¡ W.
Schenkel, «Soziale Gleichheit und soziale Ungleichheit und die altagyptische Reli-
gión», en G. Kehrer (ed.), Vor Gottsind allegleich. Soziale Gleichheit, soziale Ungleichheit und die
Religionen, Dusseldorf, 1983, 26-4.I; mi libro Ma'at, 0,1$ ss.
98 Me he detenido brevemente en los paralelismos entre las teorías políticas de Th.
Hobbes y C. Schmidt en Ma'at, 215 ss., y en Politische Theologie zwischén Agypten und Israel,
a
Schriften der C.F. von Siemens-Stiftung, Reihe Themen, Munich, 5>. ed., 1995.
 111/4. IRA Y AMOR

f r e n t e al d e s o r d e n q u e d e f o r m a n a t u r a l d o m i n a e n l a t i e r r a . Y
c o m o este d e s o r d e n se m a n i f i e s t a c o m o d e s i g u a l d a d , ma'at p r o d u c e
una forma de igualdad.
A l rey se le a c o n s e j a n o m b r a r a sus f u n c i o n a r i o s d e a c u e r d o c o n la
cualificación c o m o ú n i c o c r i t e r i o : « N o hagas n i n g u n a d i s t i n c i ó n
e n t r e el h i j o d e u n h o m b r e ( d i s t i n g u i d o ) y u n h o m b r e c o r r i e n t e .
B u s c a al h o m b r e p o r s u m é r i t o , y así todas las artes r e s u l t a r á n b e n e f i -
9 9
ciadas». P e r o s o b r e t o d o vale la e x i g e n c i a de q u e t o d o e l m u n d o sea
i g u a l a n t e la l e y . L o s j u e c e s i n s i s t e n e n q u e n o h a n h e c h o n i n g u n a
d i s t i n c i ó n e n t r e e l r i c o y el p o b r e , e l f u e r t e y e l d é b i l , e l c o n o c i d o
suyo y el d e s c o n o c i d o . S e c u e n t a q u e u n visir, p o r t e m o r al r e p r o c h e
de p a r c i a l i d a d « o b r a b a e n d e t r i m e n t o d e g e n t e d e su f a m i l i a y f a v o -
r e c í a a o t r o s m á s l e j a n o s » , y l o q u e de ese m o d o s ó l o h a c í a e r a i n c u -
r r i r e n u n a p a r c i a l i d a d c o n l o s s i g n o s c a m b i a d o s . P e r o « e s t o es m á s
1 0 0
q u e ma o t » , se a ñ a d e , y « l a p a r c i a l i d a d l a a b o r r e c e la d i v i n i d a d » .
L a d e s i g u a l d a d n o es s u p r i m i d a , s i n o c o m p e n s a d a . L a d i s t r i b u c i ó n
n a t u r a l d e l p o d e r es c o n t r a r r e s t a d a p o r u n a d i s t r i b u c i ó n p o l í t i c a de
funciones de g o b i e r n o . L a distribución natural del p o d e r n o sólo n o
la q u i e r e la d i v i n i d a d , s i n o q u e se o p o n e a su. v o l u n t a d . , S o b r e el
f o n d o d e esta v i s i ó n d e l m u n d o y d e l h o m b r e se e x p l i c a l a r e l a c i ó n
existente e n t r e j u z g a r y salvar. A d m i n i s t r a r j u s t i c i a es u n acto de salva-
c i ó n q u e p r e s e r v a al d é b i l d e la o p r e s i ó n d e l f u e r t e . P o r eso c o n c l u y e
su a p o l o g í a e l c i t a d o t e x t o , p e r t e n e c i e n t e a u n s a r c ó f a g o , c o n estas
101
palabras: « Y o j u z g o e n t r e el fuerte (m^r) y el d é b i l ( ü j s r ) » . El Crea-
d o r n o es r e s p o n s a b l e d e la injusticia, p e r o está m u y l e j o s d e dejar su
m u n d o a b a n d o n a d o a la injusticia. P o r el c o n t r a r i o , se h a l l a s i e m p r e
dispuesto a restablecer, mediante intervenciones juzgadoras-salvado-
ras, l a i g u a l d a d , el o r d e n y la j u s t i c i a , cuya validez i n c u e s t i o n a b l e e n el
m u n d o el c a p r i c h o d e l o s h o m b r e s h a c o n t r a r i a d o .
En esta s u i n t e r v e n c i ó n c o n s t a n t e , e l C r e a d o r se s i r v e d e l
Estado.. H a dado a l o s h o m b r e s ' e n el h u e v o ' u n « g o b e r n a n t e y

99 Instrucciones para Merikare P 6l s. según Schenkel, op. cit, 36.

100 R.O. Faulkner, «The Installation of the Vizier», en JEA 41, 1995, 18-26;. c/r. fig. 2
líneas 2-3 (texto), 22, en medio (traducción).
101 Civil 466-467 d. Cfr. también Ps 35-IO: «Tú rescatas al débildel fuerte, al débil y
pobre de quien le roba» (cfr. a. versos 23 s.). Texto similar en pap. El Cairo 58038
IV,5=ÁHG n.° 87 C 71 s. Cfr. Assmann, Re undAmun, 176; pap. Leiden I 344 vso V.2,
ed. Zandee, DerAmunshymnusdesPap. Leidenl244 Leiden, 1992, 387: «El que salva
al débil del violento, el que toma al niño que no tiene padres».
 EGIPTO
194
2
s u p e r i o r p a r a f o r t a l e c e r las espaldas d e l d é b i l » ' ° . E l E s t a d o existe
p a r a salvar y p a r a p r o t e g e r al d é b i l . E n el n o m b r a m i e n t o d e l v i s i r
se d i c e i n c l u s o : « E l g o b e r n a n t e a m a al t e m e r o s o m á s q u e al d e
1 0 3
corazón fuerte» .
E l E s t a d o e g i p c i o m a t e r i a l i z a u n o r d e n j u r í d i c o q u e e x c l u y e el
d e r e c h o d e l m á s f u e r t e y da al d é b i l —a las « v i u d a s y los h u é r f a n o s » —
p o s i b i l i d a d e s de v i d a q u e p o r sí solos n o t e n d r í a n . L a j e r a r q u í a p o l í -
t i c a d e l E s t a d o es el i n s t r u m e n t o d e l C r e a d o r p a r a « r e s c a t a r a l o s
p o b r e s de las garras d e los f u e r t e s » y h a c e r así el m u n d o h a b i t a b l e .
C u a n d o se l a m e n t a la a u s e n c i a d e r e v o l u c i o n e s s o c i a l e s , o al
m e n o s r e f o r m a s , e n l o s E s t a d o s o r i e n t a l e s a n t i g u o s , hay q u e p e n s a r
q u e el p a p e l d e l r e f o r m a d o r s o c i a l y « b u e n p a s t o r » e r a e n c i e r t a
m a n e r a u n aspecto d e la i m a g e n oficial d e l rey. L a s c u a l i d a d e s d e u n
s o b e r a n o c o m o g o b e r n a n t e se d e m u e s t r a n c u a n d o c o n s i g u e q u e la
j u s t i c i a p r e v a l e z c a e n su r e i n o , y q u e l o s f a v o r e c i d o s p o r l a m i s m a
sean las v i u d a s y los h u é r f a n o s , sujetos p r o v e r b i a l e s , y n o los p o d e r o -
sos y los p r o p i e t a r i o s .
S o n m u c h o s los datos q u e i n d i c a n q u e esta i m a g e n d e l g o b e r n a n t e
e g i p c i o n o es o r i g i n a r i a , s i n o q u e se d e s a r r o l l ó e n t r e l o s p r í n c i p e s
d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , esto es, d e s p u é s d e l d e s m o r o n a -
m i e n t o del R e i n o A n t i g u o . Las virtudes a que nos referimos n o f u e -
r o n o r i g i n a r i a m e n t e v i r t u d e s de g o b e r n a n t e s , s i n o de m a g n a t e s , v i r -
tudes c o n f o r m a d o r a s d e la i m a g e n d e l p a t r ó n , q u e e n l o s t i e m p o s d e
escasez m a n t u v o a sus c l i e n t e s , o sea, a su n o m o ; se trata, p u e s , d e
c o n c e p t o s de o r d e n alternativos q u e se d e s a r r o l l a r o n tras el d e r r u m -
b a m i e n t o d e l o r d e n f a r a ó n i c o p a r a ser l u e g o , c o n el r e f o r z a m i e n t o
d e la m o n a r q u í a c e n t r a l i z a d a , t r a s l a d a d o s a la i m a g e n o f i c i a l d e l
g o b e r n a n t e . E l rey d e l R e i n o M e d i o c o m b i n a l a m o n a r q u í a d i v i n a
d e l R e i n o A n t i g u o c o n la i m a g e n y el c a n o n de v i r t u d e s d e u n « g r a n
patrón» del P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . El c o n c e p t o que' del
g o b i e r n o t e n í a n l o s p a t r o n e s , los m a g n a t e s y los p r í n c i p e s n o a p u n -
taba a n i n g ú n o r d e n p o l í t i c o a l t e r n a t i v o ; era el c o n c e p t o c o n g r u e n t e
c o n la i m a g e n f a r a ó n i c a d e l g o b e r n a n t e , q u e a q u é l l o s a d o p t a r o n s i n
m á s . A s í se f o r m ó l a i m a g e n d e l « b u e n p a s t o r » q u e p r o t e g e a s u
r e b a ñ o , a u n q u e m e n o s d e l h a m b r e y la m i s e r i a q u e de la o p r e s i ó n y
la e x p l o t a c i ó n p o r l o s « p o d e r o s o s » .

102 Pp 135-136.
103 Urk IV I092.I4; Faulkner, JE4 41, fig. 2 , abajo, p. 23, arriba. .
 I I I / A . IRA Y AMOR
*95

Esta a r g u m e n t a c i ó n es c o n o c i d a . Ella l e g i t i m a al Estado fuerte s e ñ a -

10
l a n d o la debilidad d e l h o m b r e * . P e r o l o peculiar de la t r a d i c i ó n egipcia
consiste e n q u e la d e b i l i d a d d e l c o r a z ó n h u m a n o justifica la n e c e s i d a d
n o sólo d e l Estado, s i n o t a m b i é n de la e d u c a c i ó n . S u p o n e q u e es p o s i -
ble h a c e r q u e el h o m b r e respete el D e r e c h o y se p r e o c u p e p o r el d é b i l
n o sólo m e d i a n t e la c o a c c i ó n exterior d e l p o d e r p o l í t i c o , es decir, a m e -
n a z á n d o l e c o n la v i o l e n c i a c o n t r a r i a , s i n o t a m b i é n , y s o b r e t o d o , p o r
m e d i o d e la e d u c a c i ó n . E l h o m b r e n o es j u s t o p o r n a t u r a l e z a , p e r o
desea y busca p o r naturaleza la justicia, de m o d o q u e , e x c l u y e n d o a u n o s
p o c o s m a l o s i n c o r r e g i b l e s , se le p u e d e e d u c a r e n ella. A la v e r t i c a l i d a d
n a t u r a l d e p o b r e - r i c o , d e m o n i z a d a c o m o jzft, es d e c i r , c o m o caos,
injusticia, se o p o n e la verticalidad j e r á r q u i c a de s u p e r i o r - s u b o r d i n a d o ,
p a t r ó n y d e p e n d i e n t e . L a verticalidad natural nace de la « c o d i c i a » —del
i m p u l s o del corazón—, mientras q u e la j e r á r q u i c a se basa e n la s o l i d a r i -
dad, p e r o e n u n a « s o l i d a r i d a d v e r t i c a l » , es decir, e n u n a c o n c i e n c i a de
la u n i d a d de t o d o s y la responsabilidad d e cada u n o q u e tiene presente la
verticalidad d e las r e l a c i o n e s . Esta c o n c i e n c i a p u e d e ser c o n f o r m a d a e n
el h o m b r e m e d i a n t e la e d u c a c i ó n .
P o r e l l o , l o s textos sapienciales q u e , c o m o el d e Neferti, l a m e n t a n la
r u i n a de la justicia, h a b l a n t a m b i é n , y e n p r i m e r t é r m i n o , de la desapa-
r i c i ó n d e la s o l i d a r i d a d e n t r e l o s h o m b r e s , d e l fracaso d e l e n t e n d i -
m i e n t o m e d i a n t e la p a l a b r a y d e l i n c r e m e n t o d e la v i o l e n c i a a u t ó -
1 0 5
noma . Las catástrofes política y ética se p r e s e n t a n a q u í estrechamente
r e l a c i o n a d a s , d e m o d o q u e el E s t a d o a p a r e c e c o m o «institución
m o r a l » , c o m o institucionalización de las virtudes sociales. Las l a m e n t a -
ciones n o q u i e r e n s ó l o , y quizá n i siquiera q u i e r e n e n p r i m e r t é r m i n o ,
e v i d e n c i a r q u e l o s h o m b r e s n o p u e d e n vivir s i n el o r d e n estatal; m á s
b i e n d e s e a n m o s t r a r , c o n la m i s m a i n s i s t e n c i a p o r l o m e n o s , q u e l o s
h o m b r e s n o p u e d e n vivir s i n el sentido c o m ú n , s i n las virtudes, c o n v i c -
106
ciones, actitudes y p o s i c i o n e s reunidas e n el c o n c e p t o d e j u s t i c i a .

1
104 Trato más detenidamente de este tema en mi Ma'at, 2J3 ss¡ 25 s. Podemos encon-
trar una argumentación muy similar respecto al Estado en la antigua India, donde se
designa el estado natural como matsyanyaya, la «ley de los peces» (los grandes se
comen a los pequeños). Cfr. R. Lingat, The Classical Law of India, Nueva Delhi/Berkeley,
I973> 207 s., L. Dumont, Gesellschaft in Indien. Die Soiiologie des KAstenwesens (Homo Hierar-
chicus), Viena, 1976, 35*1 y mi Ma'at, 214 s.
m est
105 Cfr. al respectó mi libro Stein und&it, 259-287, 7 * u d i o «Weisheit, Schrift und
Literatur», 485-487.
106 Este tema domina el Diálogo del desesperado con su ha, en el cual no se habla en absoluto ni
del Estado ni de la monarquía. Más adelante estudiaremos detenidamente este diálogo.
 5. LA FUNDAMENTAC1ÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA
EN EL MÁS ALLÁ: LA IDEA DEL JUICIO
DE LOS MUERTOS

E L MÁS A L L Á G O M O I N S T I T U C I Ó N M O R A L

L a p r o p a g a c i ó n d e la r e l i g i ó n d e O s i r i s y la i d e a , i n d i s o l u b l e m e n t e
ligada a ella, de u n t r i b u n a l u n i v e r s a l q u e j u z g a a los m u e r t o s , c o n s t i -
t u y e n , s i n d i s c u s i ó n , la m u t a c i ó n m á s i m p o r t a n t e d e la h i s t o r i a de
E g i p t o e n t r e el R e i n o A n t i g u o y el R e i n o N u e v o . E n el R e i n o A n t i -
g u o , la vida después de la m u e r t e se e n t e n d í a c o m o p e r d u r a c i ó n e n la
t u m b a . L o s m u e r t o s n o se e l e v a n al c i e l o , n i d e s c i e n d e n al m u n d o
i n f e r i o r , s i n o q u e p a s a n al « h e r m o s o o c c i d e n t e » , a la n e c r ó p o l i s ,
e n la q u e gracias al m o n u m e n t o y al c u l t o e s p e r a n c o n s e r v a r el c o n -
tacto c o n el m u n d o de l o s vivos y u n l u g a r e n la m e m o r i a s o c i a l .
S ó l o h a c i a el f i n a l d e l R e i n o A n t i g u o se d e s a r r o l l a la g e o g r a f í a
i m a g i n a r i a d e l m u n d o i n f e r i o r , del r e i n o de O s i r i s . Este es u ñ a esfera
de u l t r a t u m b a c o m p l e t a m e n t e secreta e i n a c c e s i b l e , separada de este
m u n d o p o r u n a z o n a de m o n s t r u o s h o r r i p i l a n t e s y p e l i g r o s m o r t a l e s .
E n respeto al carácter secreto y o c u l t o d e ese m u n d o acepta el e g i p c i o
t o d o s los h o r r o r e s . E n el R e i n o A n t i g u o , el secreto d e la t u m b a y d e l
cadáver e n ella d e p o s i t a d o s o n a ú n , p o r así d e c i r l o , « d e este
m u n d o » . L o s m u e r t o s h a b i t a n la hrtntr, la c i u d a d divina e n t o r n o a l a
p i r á m i d e , e n la q u e el rey m u e r t o d o m i n a c o m o g r a n d i o s s o b r e l o s
d e m á s « s i t i o s s e c r e t o s » . S ó l o el rey va a u n m á s allá: v u e l a al c i e l o .
A u n q u e sus restos r e p o s e n e n l o más secreto d e la p i r á m i d e , y a u n q u e
reciba e n el t e m p l o de esa p i r á m i d e las o f r e n d a s rituales. P e r o m i e n -
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA 197

tras los ritos f u n e r a r i o s e n la t u m b a p r i v a d a se d e d i c a n al m u e r t o q u e

se p i e n s a habita e n la t u m b a y n o t i e n e n m á s q u e s u p e r a r la distancia
e n t r e a r r i b a y abajo, el c u l t o e n la p i r á m i d e t i e n e q u e h a c e r v e n i r al
m u e r t o desde el más allá, d e b i e n d o así salvar u n a distancia c o m p l e t a -
m e n t e distinta. L o s T e x t o s de las P i r á m i d e s r e f l e j a n e n el e m p l e o de
los p r o n o m b r e s d e m o s t r a t i v o s la c o n c i e n c i a de esta d i s t a n c i a y la
r a z ó n d e la m i s m a . E l « a q u í » y el « e s t o » d e las capas d e texto más
antiguas se c o n v i e r t e e n los textos p o s t e r i o r e s e n « a l l í » y « a q u e l l o » .
El m u n d o e n el q u e se p i e n s a q u e h a b i t a el m u e r t o se h a l l a cada vez
107
más l e j a n a m e n t e r e p r e s e n t a d o . P r e v i a m e n t e a la llamada a hacer uso
de las ofrendas puestas s o b r e la mesa, se p r o c l a m a s o l e m n e m e n t e q u e
está a c o n t e c i e n d o algo q u e e n cierto m o d o d e b e abrir el c a m i n o hacia
ellas: «las puertas d e l c i e l o , la puertas d e l frío se a b r e n » —y otras p o r
el e s t i l o . ¿ E s la p u e r t a falsa la p u e r t a de q u e se h a b l a e n esta f o r m a ?
¿ O s o n las p u e r t a s d e la caja-estatua c o m o p o s t e r i o r m e n t e e n el culto
del t e m p l o , d o n d e se d e s i g n a n c o m o p u e r t a s d e l c i e l o ? E n t o d o caso,
n o s e n c o n t r a m o s ante la f o r m a típica de las r e p r e s e n t a c i o n e s s i m b ó -
licas y las i n t e r p r e t a c i o n e s s a c r a m e n t a l e s , d o n d e t o d o l o c u l t u a l
a d q u i e r e a la vez u n a s i g n i f i c a c i ó n relativa al más allá.
E l más allá q u e al final d e l R e i n o A n t i g u o se c o n c i b e e n el á m b i t o
de las creencias e n t o r n o a l o s m u e r t o s n o r e g i o s es d e otra clase. N o
s ó l o es « s u b t e r r á n e o » e n o p o s i c i ó n al « c e l e s t e » , y « o s i r i a n o » e n
o p o s i c i ó n al « s o l a r » ; está s o b r e t o d o m o r a l m e n t e c o n f o r m a d o , es
d e c i r , m a r c a d o p o r la o p o s i c i ó n e n t r e el b i e n y el m a l . L a j u s t i f i c a -
c i ó n d e l m u e r t o , su v i c t o r i a s o b r e l o s a d v e r s a r i o s , su f o r m a d e
d e f e n d e r s e de .los e n e m i g o s , d e s e m p e ñ a e n l o s textos de los s a r c ó f a -
gos u n p a p e l i n c o m p a r a b l e m e n t e m a y o r q u e e n los textos de las p i r á -
m i d e s . E n el R e i n o A n t i g u o , la t u m b a era ya, p a r a d e c i r l o c o n S c h i -
11er, u n a « i n s t i t u c i ó n m o r a l » . P e r o a q u í se trataba de cosas m u y de
este m u n d o . E l p r o p i e t a r i o d e la t u m b a a s e g u r a b a h a b e r d e f e n d i d o y
r e a l i z a d o ma'at e n la t i e r r a , y e s p e r a b a d e l o s v i s i t a n t e s d e su t u m b a
p u r e z a e n el culto y u n c o m p o r t a m i e n t o d e c o r o s o . E n caso c o n t r a r i o
1 0 8
se le a m e n a z a b a c o n ciertas s a n c i o n e s f o r m u l a r i a s . E n el R e i n o
M e d i o , estas a m e n a z a s s o n n o t a b l e m e n t e m á s extensas y d e s c r i b e n

107 S. Scliott, Mjthe und Mythenbüdung i'm alten Ágypten, UGAÁ 15, Leipzig-, IQ45, 33 ss.
(«Dehnung der Verweise»). ,
108 Cfr. al respecto E. Blumenthal, «Die Reinheit des Grabschánders», en U. Verhoe-
ven, E. Graefe (ed.), Religión undPhilosophie im Alten Ágypten, Leuven, I99I> 4'7'"56-
ig8 EGIPTO

1 0 9
auténticas penas i n f e r n a l e s ; p e r o la a p o l o g í a d e l p r o p i e t a r i o d e la
t u m b a es t a m b i é n m á s d i f e r e n c i a d a , y d e s a r r o l l a el t e m a de del. L o H a -
0
b r é j u s t o L a c i e n d o ya r e f e r e n c i a al j u i c i o de los m u e r t o s " .
Se p u e d e L a b l a r a q u í c o n p l e n o d e r e c L o de u n c a m b i o e n la i m a -
g e n d e l m u n d o . L a t u m b a ya n o es, c o m o e n el R e i n o A n t i g u o , el
l u g a r del m u e r t o . E n el R e i n o M e d i o , la t u m b a a b r e - u n a c c e s o , p o s i -
bilita u n c o n t a c t o s i m b ó l i c o , r e p r e s e n t a u n n e x o e n t r e el m á s allá y el
más acá. P e r o el m u e r t o n o Labita e n la t u m b a . « E n este l u g a r d o n d e
111 m
estoy» , « e n a q u e l país s a n t o e n q u e se e n c u e n t r a » : estos g i r o s ,
frecuentes e n los textos del P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o y del R e i n o
M e d i o , n o se r e f i e r e n a la t u m b a n i al s a r c ó f a g o . S e L a c r e a d o t o d a
u n a d i m e n s i ó n de s i g n i f i c a d o .
E n el R e i n o A n t i g u o , el m á s allá, el « L e r m o s o o c c i d e n t e » , es
m e r a c o n t i n u a c i ó n d e l más acá. L a t u m b a es u n a p r o l o n g a c i ó n s i m -
b ó l i c a d e l m á s acá e n el m á s allá, o sea, el l u g a r d e u n a p e r d u r a c i ó n
tras la m u e r t e . E l m u e r t o se lleva el más acá al más allá e n f o r m a —sim-
bólica— de a d i t a m e n t o s e i m á g e n e s m u r a l e s . D e s p u é s d e l R e i n o A n t i -
g u o , el más allá es p r e s e n t a d o c o m o u n a esfera de p o s i b i l i d a d e s vitales
y f o r m a s de e x i s t e n c i a p r o p i a s . L a m e t a n o es a b o r a la p e r d u r a c i ó n ,
s i n o la t r a n s i c i ó n . E s c i e r t o q u e e n la c o s t u m b r e de c o l o c a r e n las
t u m b a s casas e n m i n i a t u r a , f i g u r a s de s i r v i e n t e s , e t c . , p e r v i v e a ú n la
i d e a de q u e es p o s i b l e llevarse el m á s acá e n f o r m a s i m b ó l i c a . P e r o e n
la literatura f u n e r a r i a de la é p o c a Lay t a m b i é n sentencias q u e p o n e n al
3
m u e r t o e n c o n d i c i o n e s de c o n s t r u i r s e u n a casa e n el más a l l á " .
L a p r o p a g a c i ó n d e la r e l i g i ó n d e O s i r i s es u n f e n ó m e n o d e l a
b i s t o r i a d e las r e l i g i o n e s , y d e b e a q u í o c u p a r n o s s ó l o e n t a n t o q u e
f o r m a parte del n u e v o paradigma semántico del R e i n o M e d i o . N o
c a b e , p o r t a n t o , p r e s c i n d i r a q u í d e este a s p e c t o . E n é l L a y s o b r e
t o d o u n a i d e a q u e es t a n d e t e r m i n a n t e e n la r e l i g i ó n de O s i r i s
c o m o e n la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o p r o p i a d e l R e i n o M e d i o : l a i d e a
del j u i c i o d e l o s m u e r t o s .

109 Gfr. al respecto Scott N. Morschauser, Threat Formúlete ¡n Ancient Egypt, Baltimore, 1987
(UML AnnArbor 1987), así como H. Willems, JEA 76, 1990, 27-54ymiart. deJEA
78,1992,149-162.
110 Ver M. Lichtheim, AncientEgyptian Autobiographies, así como mi Ma'at, caps. IVy V.
111 Por ejemplo [/r/c I 77.7, 79.14, C/Í-, 79.8 (Henqu, VIII dinastía).
112 Por ejemplo CTí 159c; l6oh¡ l6lk; l62cl; 1631-1648; 164c, etcétera.
113 CT«construir una casa en medio del agua». Se trata claramente de una locali-
dad del más allá.
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA 199

E n esta t e m p r a n a fase de su h i s t o r i a , el j u i c i o d e los m u e r t o s era

i m a g i n a d o c o n f o r m e al m o d e l o d e l p r o c e s o m í t i c o e n el q u e a O s i r i s
se le c o n c e d e r a z ó n frente a su a s e s i n o S e t h , y de esa m a n e r a s u p e r a
la m u e r t e . T o d o s l o s m u e r t o s e s p e r a n , j u s t i f i c a d o s de esa m i s m a
m a n e r a d e s p u é s d e la m u e r t e , t e n e r el m i s m o d e s t i n o q u e O s i r i s y
p o d e r a l c a n z a r su m i s m a i n m o r t a l i d a d . E n a l g u n o s t e x t o s a p a r e c e
i n c l u s o el l u g a r s a g r a d o d e O s i r i s e n A b i d o s —la « g r a n e s c a l e r a » —
c o m o el l u g a r d e l j u i c i o de los m u e r t o s , al q u e el m u e r t o se ha d i r i -
g i d o ( a u n q u e el m í t i c o p r o c e s o t e n í a l u g a r e n H e l i ó p o l i s ) .
L a fiesta y p r o c e s i ó n e n h o n o r d e O s i r i s e n A b i d o s se c o n v i r t i ó
en u n a r o m e r í a q u e r e u n í a a p e r e g r i n o s l l e g a d o s de todas partes.
L o s altos f u n c i o n a r i o s q u e p o d í a n p e r m i t í r s e l o se l e v a n t a b a n c a p i -
llas e n la a v e n i d a d o n d e d i s c u r r í a la p r o c e s i ó n p a r a p o d e r c o n t i -
n u a r a s i s t i e n d o d e s p u é s d e s u m u e r t e a l o s f e s t e j o s y r e s p i r a r el
a r o m a f e s t i v o . A la p e r d u r a c i ó n e n l a m e m o r i a s o c i a l se a ñ a d í a
a q u í la c o n t i n u i d a d e n la p e r t e n e n c i a a la c o m u n i d a d c u l t u a l y f e s -
tiva q u e h o n r a b a al d i o s c o m o u n o b j e t i v o m á s e n la p r e p a r a c i ó n
d e la t r a n s i c i ó n al m á s allá.
Estas capillas e x h i b í a n a ú n más i n s c r i p c i o n e s d e a u t o t e m a t i z a c i ó n
a p o l o g é t i c a q u e las p r o p i a s t u m b a s . E n e l c o n t e x t o d e la d o c t r i n a
o s i r i a n a d e la j u s t i f i c a c i ó n , r i t u a l m e n t e c o n f i g u r a d a e n el j u i c i o de
l o s m u e r t o s y l i t ú r g i c a m e n t e a p l i c a d a e n el r i t u a l d e l e m b a l s a m a -
m i e n t o —como a ú n h a b r e m o s de ver—, el d i s c u r s o b i o g r á f i c o r e c i b i ó
u n n u e v o y e n o r m e i m p u l s o . Estos textos m u e s t r a n que l o i m p o r -
tante es el « h o m b r e i n t e r i o r » , la v i r t u d y el carácter, el c o r a z ó n , e n
s u m a . N o p o d r e m o s dejar d e l a d o a O s i r i s cada vez q u e , e n l o s u c e -
s i v o , c o n s i d e r e m o s la i d e a d e l j u i c i o d e l o s m u e r t o s c o m o f u n d a -
m e n t a c i ó n de la j u s t i c i a c o n e c t i v a .
Osiris nos recuerda constantemente el l u g a r c e n t r a l q u e la
m u e r t e o c u p a e n la h i s t o r i a e g i p c i a d e l s e n t i d o . E n el R e i n o A n t i -
g u o se n o s p r e s e n t a este s i g n i f i c a d o c e n t r a l e n las f o r m a s m e g a l í t i -
cas d e l a a r q u i t e c t u r a f u n e r a r i a m o n u m e n t a l . E l p r o y e c t o d e e l a -
b o r a r c u l t u r a l m e n t e la e x p e r i e n c i a d e la m u e r t e e n e l m e d i o de la
c o n s t r u c c i ó n p é t r e a , n a d a t i e n e a ú n q u e v e r c o n la r e l i g i ó n d e
O s i r i s . O s i r i s es u n d i o s n u e v o q u e s ó l o c o n l a d i n a s t í a V e m p i e z a
a g a n a r t e r r e n o . C o n la c r e e n c i a e n O s i r i s se a b r e u n a n u e v a vía de
s a l v a c i ó n a d e m á s d e la p é t r e a , a b i e r t a p o r I m h o t e p . S i n d u d a se
s i g u e n c o n s t r u y e n d o e n el m a r c o d e la r e l i g i ó n d e O s i r i s t u m b a s
m o n u m e n t a l e s d e p i e d r a . P e r o a h o r a se l e e n frases c o m o : « l a
 2,00 EGIPTO

( v e r d a d e r a ) t u m b a la c o n s t r u y e n las b u e n a s a c c i o n e s » , o « e l ( v e r -
4
d a d e r o ) m o n u m e n t o d e u n H o m b r e es s u v i r t u d » " ' .

J U I C I O DE LOS MUERTOS Y M O D O DE'VIVIR

N o h a y sitio a q u í p a r a u n a e x p o s i c i ó n m á s p o r m e n o r i z a d a d e la i d e a
5
e g i p c i a del j u i c i o d e l o s m u e r t o s " . A q u í n o s interesa esta i d e a s o b r e
t o d o c o m o e l e m e n t o d e u n a f o r m a c i ó n histórica de s e n t i d o . N o s p r e -
guntamos p o r la c o n t r i b u c i ó n d e l R e i n o M e d i o a la historia de la idea
e g i p c i a d e l j u i c i o d e l o s m u e r t o s y p o r la m e d i d a e n q u e esta i d e a
i n f l u y ó e n el m o d o d e v i v i r y e n e l o r d e n p o l í t i c o d e l o s e g i p c i o s ,
i m p r i m i é n d o l e s u n s e n t i d o y u n a d i r e c c i ó n . E n la historia de esta idea
e g i p c i a d e l j u i c i o d e l o s m u e r t o s cabe d i s t i n g u i r d o s f o r m a s básicas.
U n a es c l a r a m e n t e m á s antigua q u e el R e i n o M e d i o , y se p u e d e ya p e r -
c i b i r e n las i n s c r i p c i o n e s d e l R e i n o A n t i g u o . L a otra la e n c o n t r a m o s
e n su f o r m a clásica y c a n ó n i c a p r i m e r o e n el Libro de los muertos d e l R e i n o
N u e v o . E l R e i n o M e d i o o c u p a , p u e s , a q u í u n lugar i n t e r m e d i o .
E n s u f o r m a t e m p r a n a , la d e l R e i n o A n t i g u o , e l j u i c i o d e l o s
m u e r t o s es i m a g i n a d o c o n f o r m e al m o d e l o d e u n t r i b u n a l t e r r e n a l .
Las s e s i o n e s se c e l e b r a n s i e m p r e , y s ó l o s i e m p r e q u e se p r e s e n t a u n
c a s o , se i n t e n t a u n p r o c e s o y se f o r m u l a u n a a c u s a c i ó n . ¿ C ó m o
h a b r í a p o d i d o u n a i d e a c o m o ésta c o n f o r m a r e l s e n t i d o y la o r i e n t a -
c i ó n de la vida e n el m á s acá? E l m u e r t o t e n í a , q u e ser s o m e t i d o a
t o d a s las a c u s a c i o n e s p o s i b l e s , t o d a v e z q u e e l e g i p c i o c o n t a b a a q u í
c o n q u e p o d r í a h a b e r o b r a d o m a l n o s ó l o c o n sus s e m e j a n t e s , s i n o
t a m b i é n c o n l o s m u e r t o s y los d i o s e s . E r a d i f í c i l p r e p a r a r s e p a r a este
j u i c i o de o t r a m a n e r a q u e v i v i e n d o d e la m a n e r a m á s cautelosa y c i r -
c u n s p e c t a p o s i b l e , e v i t a n d o las asperezas y las injusticias y a s p i r a n d o
a u n a v i d a d e la m á x i m a a r m o n í a p o s i b l e . D e esto t a m b i é n se h a b l a

114 V. mi Ma'at, 109-II3.

115 Cfr. Joachim Spiegel, Die Idee vom totengericht in der ágyptischen Religión, Glückstadt, 1935;
Yoyotte, J., «Les jugements des. morts dans l'Égypte ancienne», Sources Orientales IV,
París, 1961. Brandon, S.G.F., TheJudgementoftheDead:AnHistoricaland GompárativeStudy of
the Idea of a post-mortem Judgement in the Major Religions, Londres, 1967. J. Vergote,
«Inmortalité conditionnée de l'ame ou survie inconditionnelle dans l'Égypte
ancienne», en A. Théodoridés, P. NasateryJ. Ries (eds.), Vie et survie dans les civilisations
orientales, Leuven, 1993, 65~74¡ Lichtheim, Ma'at in Egyptian Autobiographies andrelated
Studies, OBO, Friburgo, 1992; John Gwyn Griffiths, The Divine Verdict. A Study of Divine
Judgement in the Ancient Religions. Studies in the History of Religions (Supplements of
NUMEN), vol. U l , Leiden, 1991.
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

c o n s t a n t e m e n t e e n las i n s c r i p c i o n e s b i o g r á f i c a s . P o r o t r o l a d o es
o b v i o q u e , a n t e u n a s i t u a c i ó n t a n a m e n a z a n t e y c o m p l e j a , el e g i p c i o
intentara protegerse sobre todo creándose u n a posición de poder. La
m a n e r a e g i p c i a d e e x p r e s a r esta p o s i c i ó n la p r e s e n t a c o m o la d e u n
« e x c e l e n t e ( h o m b r e ) t r a n s f i g u r a d o q u e c o n o c e sus p a l a b r a s » . E l l o
a l u d e a u n saber m á g i c o . L a magia, c o m o o b s e r v a m o s e n las Instruccio­
nes para Merikare, l e f u e d a d a al h o m b r e p o r e l C r e a d o r c o m o a r m a
1 1 6
p a r a « d e s v i a r los g o l p e s d e l o s a c o n t e c i m i e n t o s » . L a m a g i a es la
f o r m a d e p o n e r f i n a s i t u a c i o n e s c o m p l i c a d a s y desgracias i m p r e v i s ­
tas p a r a las q u e n a d i e p u e d e estar p r e p a r a d o .
L a f o r m a clásica, q u e q u e d ó c o d i f i c a d a e n e l c a p í t u l o 1 2 5 d e l Libro
de los muertos y p o s e y ó v a l i d e z c a n ó n i c a u n i v e r s a l a p a r t i r , c o m o m á s
tarde, d e l siglo XV a . C , tenía o t r o a s p e c t o . Y a n o estaba o r i e n t a d a al
m o d e l o d e l t r i b u n a l t e r r e n o , s i n o al d e u n a i n i c i a c i ó n e n f o r m a de
p r u e b a y p u r i f i c a c i ó n . E l t r i b u n a l a n t e el c u a l e l m u e r t o d e b í a r e s ­
p o n d e r , c e l e b r a b a s e s i o n e s d e f o r m a c o n s t a n t e , y t o d o m u e r t o tenía
q u e c o m p a r e c e r a n t e é l , i n d e p e n d i e n t e m e n t e d e q u e se l e f o r m u l a ­
r a n o n o a c u s a c i o n e s . E l j u i c i o de los m u e r t o s e r a el u m b r a l q u e t o d o
h o m b r e t e n í a q u e traspasar después de la m u e r t e p a r a a c c e d e r al más
allá. E l t e r r o r q u e i n f u n d í a esta idea era c o m p e n s a d o p o r la esperanza
de n o t e n e r q u e llevar e n e l más allá u n a e x i s t e n c i a e s p e c t r a l y s o m ­
b r í a , s i n o u n a existencia p l e n a de s e n t i d o y s i n m e r m a d e la i d e n t i d a d
p e r s o n a l . E r a el p r o p i o t r i b u n a l e l q u e , e n e l caso f a v o r a b l e , i m p r i ­
m í a a esta i d e n t i d a d p e r s o n a l e l s e l l o d e l a i n m o r t a l i d a d . E n esta
f o r m a d e j u i c i o , e l h o m b r e n o t e n í a q u e s e r s o m e t i d o a t o d a s las
p r u e b a s p o s i b l e s . A h o r a , los acusadores n o e r a n e n e m i g o s p o t e n c i a ­
les, s i n o u n d i o s al q u e se i m a g i n a b a o m n i s c i e n t e . D e este d i o s se
sabía l o q u e exigía y l o q u e era p a r a él i m p o r t a n t e . E n e l c a p í t u l o 1 2 5
se s i s t e m a t i z a l a c o n f e s i ó n q u e h a c e e l m u e r t o d e sus c u l p a s e n esta
f o r m a : e l m u e r t o e n u m e r a u n c a t á l o g o fijo d e p o s i b l e s faltas, y l o
h a c e e n f o r m a n e g a t i v a , es d e c i r , a s e g u r a n d o n o h a b e r l a s c o m e t i d o .
D e ese m o d o se a d h i e r e al c ó d i g o m o r a l . C a d a u n a d e las frases q u e
c o m i e n z a n c o n u n « n o h e . . . » hace referencia a u n a ley: « n o
d e b e s . . . » P e r o n o bastaba s i m p l e m e n t e c o n n e g a r v e r b a l m e n t e h a b e r
v u l n e r a d o estas p r o h i b i c i o n e s . E l dios e r a o m n i s c i e n t e . Está s i t u a c i ó n

Il6 Merikare P 136-37. Para una nueva exposición de la magia egipcia, v. R. K. Ritner,
The Mechantes ofAncient Egypiian MagicalPractice, Chicago, 1993- Sobre el pasaje de Merikare,.
v. ibid., 20.
202 EGIPTO

de t e n e r q u e confesarse ante u n dios o m n i s c i e n t e q u e d ó g r á f i c a m e n t e

r e p r e s e n t a d a e n la escena, q u e hay q u e e n t e n d e r s i m b ó l i c a m e n t e , e n
la q u e se pesa el c o r a z ó n d e l m u e r t o . M i e n t r a s éste h a c e sus d e c l a r a -
c i o n e s de i n o c e n c i a , el c o r a z ó n se halla e n la balanza y es p e s a d o c o n -
tra u n a f i g u r a de la d i o s a d e la v e r d a d . L a b a l a n z a era u n a e s p e c i e d e
d e t e c t o r de m e n t i r a s : c o n cada m e n t i r a , el p l a t i l l o q u e c o n t e n í a el
c o r a z ó n d e s c e n d í a . S i al final el c o r a z ó n pesaba d e m a s i a d o , l o tragaba
u n m o n s t r u o . E n t o n c e s , el h o m b r e d e s a p a r e c e r í a c o m o p e r s o n a , l o
q u e p o r o t r a p a r t e i n d i c a u n a v e z m á s q u e , e n el caso f a v o r a b l e , se
7
c o n s e r v a b a c o m o p e r s o n a " . Esta m a g n í f i c a i m a g e n n o r e p r o d u c e
n i n g u n a ceremonia realmente practicada c o n u n a balanza, sino que
m e d i a n t e el s í m b o l o h a c e visible l o i n v i s i b l e : la r e l a c i ó n e n t r e la c o n -
c i e n c i a d e l h o m b r e , s i m b o l i z a d a p o r el c o r a z ó n , y la v o l u n t a d y el
saber del d i o s , s i m b o l i z a d o s e n la f i g u r a de M a ' a t .
E l l i b r o de l o s m u e r t o s , e n el q u e están c o d i f i c a d a s estas c o n c e p -
c i o n e s , p e r t e n e c e a la l i t e r a t u r a f u n e r a r i a , y, p o r t a n t o , al atalaje
m á g i c o del m u e r t o . P e r o n a d a se o p o n e a la tesis de q u e esta f o r m a d e
e n t e n d e r el j u i c i o de l o s m u e r t o s , c o n su lista exacta de faltas q u e hay
q u e evitar, t u v o q u e ser i m p o r t a n t e t a m b i é n p a r a l o s v i v o s . P a r a esta
f o r m a d e l j u i c i o de l o s m u e r t o s p o d í a el e g i p c i o p r e p a r a r s e t o m a n d o
las o c h e n t a p r o h i b i c i o n e s d e la c o n f e s i ó n negativa c o m o f u n d a m e n t o
d e su v i d a . E l l i b r o d e l o s m u e r t o s p o d í a así s e r v i r d e g u í a p a r a las
i n v e r s i o n e s m o r a l e s c o n las q u e el e g i p c i o d e b í a c o m p l e t a r sus i n v e r -
s i o n e s m a t e r i a l e s e n la c o n s t r u c c i ó n de u ñ a t u m b a y la o r g a n i z a c i ó n
d e l c u l t o f u n e r a r i o p a r a h a c e r l a f u n d a m e n t o s ó l i d o de u n a v i d a d e s -
p u é s de la m u e r t e . C o n s i d e r o esta i d e a m u c h o m á s p l a u s i b l e q u e l a
tesis de qxie el c a p í t u l o 125 d e l l i b r o d e l o s m u e r t o s n o t e n í a o t r o
o b j e t i v o q u e el de « s o s l a y a r m á g i c a m e n t e » el j x i i c i o . C i e r t o q u e e l
c a p í t u l o 125 d e l L i b r o de l o s m u e r t o s es m á g i c o , c o m o t o d a la l i t e r a -
t u r a f u n e r a r i a , y s o b r e esto n o p u e d e . c a b e r d u d a . E s t o s t e x t o s s o n
m á g i c o s e n el s e n t i d o de q u e d a n a p o y o a la « e f i c a c i a s a l v a d o r a » de la
a c c i ó n y el d i s c u r s o r e l i g i o s o s , y n o e n b i e n de la c o m u n i d a d , s i n o e n
favor de u n i n d i v i d u o , p a r a su j u s t i f i c a c i ó n p e r s o n a l . N o d i s c u t o e n
a b s o l u t o el c a r á c t e r m á g i c o d e estos t e x t o s . D i s c u t o ú n i c a m e n t e la
i d e a de q u e , e n este a s u n t o , l o s e g i p c i o s se h a b r í a n a b a n d o n a d o a la

Il7 Sobre la escena en la que se pesan los corazones, c/r. mi estudio «Zur Geschichte des
Herzens im alten Agypten», enJ.A. y Théo Sundermeier (eds.), DieErfindungdesinne-
renMenschen, 81-II3, esp. 96-IOO.
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA 203

m a g i a . N a d a n o s i n d u c e a h a c e r esta s u p o s i c i ó n . Ésta es, p o r el c o n ­

t r a r i o , e n e x t r e m o i m p r o b a b l e , p u e s es fácil m o s t r a r q u e , e n casos
c o m p a r a b l e s , los e g i p c i o s t a m p o c o se a b a n d o n a b a n e x c l u s i v a m e n t e a
la m a g i a . E n la m o m i f i c a c i ó n , p o r e j e m p l o , n u n c a se c o n f o r m a b a n
c o n a m u l e t o s y p a l a b r a s m á g i c a s , s i n o q u e a p l i c a b a n t o d o su s a b e r
a n a t ó m i c o y q u í m i c o . E n los accidentes y las e n f e r m e d a d e s , los m é d i ­
c o s , q u e a la v e z e r a n m a g o s , a p l i c a b a n t o d o s l o s m e d i o s d e su arte
m é d i c o antes q u e r e c u r r i r , c o m o s ó l o h a c í a n e n casos e s p e c i a l e s , a
m e d i o s m á g i c o s . L a m e d i c i n a n u n c a fue sustituida p o r la m a g i a , s i n o
q u e ésta c o m p l e m e n t a b a a aquélla. P o r eso n o hay, a m i p a r e c e r , nada
q u e i n d i q u e q u e , p a r a el caso d e l j u i c i o de l o s m u e r t o s , el e g i p c i o
i n t e n t a r a « s o s l a y a r » la m o r a l m e d i a n t e la m a g i a , e n vez d e u s a r la
m a g i a c o m o algo c o m p l e m e n t a r i o .
H a y u n t e x t o e g i p c i o , u n a estela c o n u n a i n s c r i p c i ó n f u n e r a r i a
a u t o b i o g r á f i c a d e l s i g l o XIV a . C , q u e i n d i c a e x p l í c i t a m e n t e q u e su
a u t o r h a h e c h o de las « l e y e s » d e l j u i c i o de l o s m u e r t o s c i m i e n t o de
su v i d a :

Soy u n hombre noble al que Ma'at hace feliz,

que siguió las leyes del «pabellón de las dos Ma 'at»,
pues planeé ir al juicio de los muertos
sin que m i nombre estuviera ligado a ninguna vileza,
sin haber hecho ningún mal a n i n g ú n hombre,
8
ni nada que sus dioses reprueban" .

L o q u e B a k i l l a m a « l e y e s d e l p a b e l l ó n d e las d o s v e r d a d e s » s o n
los o c h e n t a m a n d a m i e n t o s d e la c o n f e s i ó n negativa. D e n u e v o s o n las
Instrucciones para Merikare las q u e n o s a c l a r a n d e q u é m a n e r a t e n í a el
i n d i v i d u o q u e c o n d u c i r s e e n s u v i d a p e n s a n d o e n el j u i c i o d e l o s
m u e r t o s , es d e c i r , desde la c o n c i e n c i a de t e n e r q u e r e s p o n s a b i l i z a r s e
de s u v i d a a n t e el t r i b u n a l d e los d i o s e s :

Los jueces que juzgan al opresor,

sabes que no serán benignos
el día en que se enjuicie al infame,
la hora en que se ejecute la resolución.
T r e m e n d o es el acusador, que es u n sabedor.

I l 8 Turín, estela 156, ed. Varille, en BIFAO 54, 1954, 129-I35.

 204 EGIPTO

¡No confíes en la duración de los años!

Ellos ven el tiempo de la vida como una hora.
Guando del hombre queden los restos tras la partida,
sus actos irán j u n t o a él en una suma.

Pero la estancia allí dura eternamente.

U n necio quien hace lo que ellos reprueban.
Q u i e n llega hasta ellos sin maldad
estará allí como u n dios,
9
caminando libre, como los señores de la eternidad" .

E L J U I C I O DE L O S M U E R T O S E N E L R E I N O M E D I O

N o p o d e m o s e s p e r a r e n c o n t r a r la i d e a d e l j u i c i o d e los m u e r t o s e n
la l i t e r a t u r a f u n e r a r i a c o n t e m p o r á n e a a l o s textos d e l o s s a r c ó f a g o s
e n la m i s m a f o r m a . E l d i s c u r s o m á g i c o d e l o s t e x t o s f u n e r a r i o s
h a b l a u n l e n g u a j e c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o . A p e s a r d e l o c u a l se
p u e d e e n c o n t r a r a q u í t a m b i é n l a f i g u r a d e u n a c u s a d o r q u e es
« s a b e d o r » . L o s pasajes d o n d e a p a r e c e p r o c e d e n de u n a l i t u r g i a
f u n e r a r i a , es d e c i r , de u n a s e r i e d e s e n t e n c i a s c o n r i t o s a c o m p a ñ a n -
tes cuya r e c i t a c i ó n d e b í a a c o m p a ñ a r al m u e r t o e n su c a m i n o al m á s
allá. Esta l i t u r g i a f u n e r a r i a se c e l e b r a b a e n la c á m a r a d e l e m b a l s a -
m a m i e n t o al f i n a l d e l l a r g o t r a b a j o d e e m b a l s a m a m i e n t o y p o r la
n o c h e , a n t e s d e la p r o c e s i ó n , q u e t e r m i n a b a c o n la s e p u l t u r a . Esta
ú l t i m a n o c h e t r a n s c u r r í a e n u n a vela d e varias h o r a s . L a n o c h e e r a
d i v i d i d a e n h o r a s , y cada h o r a se i n v o c a b a la p r o t e c c i ó n de u n g r u p o
especial de d i v i n i d a d e s , c u y o p a p e l era i n t e r p r e t a d o p o r s a c e r d o t e s .
T a m b i é n el p r o p i o m u e r t o , s u « b a » y su c a d á v e r m o m i f i c a d o ,
i n t e r p r e t a b a n d i s t i n t o s p a p e l e s d e d i o s e s ( s o b r e t o d o el d e H o r u s y
el d e O s i r i s ) . E l p u n t o c u l m i n a n t e d e la l i t u r g i a l o c o n s t i t u í a u n a
representación del j u i c i o de los muertos, aquí ritualmente escenifi-
cado en f o r m a de recitación litúrgica:

La tierra está abierta, después de haber los dos compañeros

luchado,

c r
119 Instrucciones para Merikare P 53~57. f - J-F- Quack, Studien zur Lehre für Merikare,
GOF 23, Wiesbaden, 1992, 34 s.¡ uso la bella traducción métrica de G. Fecht en Der
Vorwurfan Gott, I 4 7 i con anotaciones en 222 y 228 s.
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

después de haber sus pies excavado el estanque divino en Heliópolis.

Llega T h o t h , revestido de su dignidad,
después de haberle A t u m distinguido con la fuerza,
y las dos grandes (Enéadas) están satisfechas con él.
Concluida está la lucha, finalizada la disputa,
extinguidas las llamas que produjo,
incensado (=¿suavizado?) el r u b o r (=ira) ante el tribunal del
dios,

que ahora ocupa su puesto para adminsitrar justicia ante G e b .

¡Salve, magistrados de los dioses!

Q u e Osiris N sea justificado en este día p o r vosotros,
como Horus quedó justificado frente a su enemigo
en ese su hermoso día de ascenso al trono.
Q u e su corazón se alegre con vosotros
como se alegró el corazón de Isis
en ese su hermoso día en que tocó el sistro;
cuando su hijo Horus tomó triunfal posesión de sus dos tierras.
Salve, tribunal del dios,
que juzgará a Osiris N
por.lo que dijo cuando era j o v e n e ignorante,
cuando todo le fue bien, antes de irle mal.
Agrupaos a su alrededor, colocaos tras él,
que este Osiris N sea exculpado ante Geb,
el príncipe heredero de los dioses,
ante aquel dios que le juzga p o r lo que sabe,
después de que aparezca ante el tribunal, c o n su p l u m a en su
cabeza,
su Ma'at en su frente.
Su enemigo se halla entristecido,

pues se ha posesionado triunfalmente de todas sus cosas.

Salutación de Thothj de su tribunal

¡Salve, T h o t h , con quien los dioses están contentos,

y con ese tribunal que está contigo!
Ordena que ellos aparezcan ante él, ante este Osiris N ,
para que oigan b i e n lo que dice en este día.
2o6 EGIPTO

Pues tú eres aquella pluma que sube en el país de los dioses,

que Osiris ka traído a Horus
para que la fije a su cabeza como signo de justificación
contra sus enemigos y enemigas.
Él es el que ha arrancado a Seth los testículos,
él no se h u n d i ó , él no m u r i ó .
T ú eres esa estrella que la diosa de occidente ha parido,
que no se hunde, que no es aniquilada;
tampoco este N se ha hundido, tampoco ha sido aniquilado,
ningún cargo malo se ha presentado
contra este Osiris N , habló. A t u m .
T o d o lo malo que planeen ( « d i g a n » ) hacer
contra este Osiris N ante G e b :
120
se (vuelva) contra ellos, quede (dirigido) contra e l l o s .

La p r i m e r a estrofa evoca, e n f o r m a de p a r a l e l i s m o m í t i c o , el litigio"

entre H o r u s y S e t h p o r la s u c e s i ó n al t r o n o ante las dos E n é a d a s , e n la
«casa p r i n c i p e s c a » de H e l i ó p o l i s bajo la p r e s i d e n c i a de G e b . E l p r o ­
c e d i m i e n t o d e l p a r a l e l i s m o m í t i c o es t í p i c o d e l d i s c u r s o m á g i c o , al
121
que, c o m o h e m o s d i c h o , p e r t e n e c e t a m b i é n la l i t e r a t u r a f u n e r a r i a .
Este p r o c e d i m i e n t o consiste e n h a c e r p r e s e n t e u n a c o n t e c i m i e n t o d e l
m i t o q u e , e n la f o r m a d e u n caso p r e c e d e n t e , a r r o j a l u z s o b r e u n a
situación actual, i n f l u y e n d o así e n ella e n s e n t i d o favorable. E n n u e s ­
tro caso, el a c o n t e c i m i e n t o m í t i c o es el litigio e n t r e H o r u s y S e t h p o r
la s u c e s i ó n al t r o n o , y la s i t u a c i ó n actual, vista a la l u z de este caso p r e ­
cedente, la j u s t i f i c a c i ó n del m u e r t o ante el t r i b u n a l q u e le j u z g a . P e r o
él a c o n t e c i m i e n t o m í t i c o n o se cuenta e n f o r m a narrativa, es d e c i r , e n
formas verbales r e f e r i d a s a u n p a s a d o , s i n o q u e es d e s c r i t o c o m o u n a
situación actual. U n a f o r m a t a m b i é n m u y típica.
L a t i e r r a está a b i e r t a c o m o c o n s e c u e n c i a de la l u c h a . T h o t h h a c e
acto de p r e s e n c i a p a r a a r b i t r a r la d i s p u t a . T h o t h h a s i d o d e s i g n a d o
p o r A t u m m i s m o c o m o arbitro e n la l u c h a : esto es lo q u e s i g n i f i c a su
« d i g n i d a d » . Pero A t u m sólo p u e d e designar a T h o t h c o n el b e n e ­
p l á c i t o de las d o s E n é a d a s . L o s v e r s o s d e s c r i b e n la s i t u a c i ó n l i b e r a ­
dora creada p o r la a p a r i c i ó n de T h o t h , la cual p e r m i t e q u e se c e l e b r e

IZO Gil, sentencias 7-9•

121 Debe entenderse aquí por «magia» el empleo privado de ritos y recitaciones reli­
giosos efectuados por un sacerdote no representando a la sociedad en el templo,
sino directamente para un individuo concreto.
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

la s e s i ó n d e l t r i b u n a l . E l D e r e c h o se i m p o n e así a la v i o l e n c i a b r a -
q u i a l . T h o t h h a o p e r a d o esta t r a n s f o r m a c i ó n c o n su sola a p a r i c i ó n .
E n la s e g u n d a e s t r o f a , el p a r a l e l i s m o e n t r e la e s c e n a m í t i c a d e l
l i t i g i o p o r la s u c e s i ó n al t r o n o e n t r e H o r u s y S e t h , q u e h a d e s c r i t o la
p r i m e r a estrofa, y la escena actual, d e j u s t i f i c a c i ó n de N N ante el t r i -
b u n a l d e l m á s allá, l o h a c e e x p l í c i t o el u s o d e l a d v e r b i o « c o m o » .
E l l o e v i d e n c i a a la vez q u e la p r i m e r a estrofa n o se r e f i e r e a la escena
a c t u a l « e n este d í a » , s i n o a la escena m í t i c a d e « a q u e l d í a » , q u e es
c o n j u r a d a e n el s e n t i d o de la p r e c e d e n c i a m í t i c a .
L a tercera estrofa p r o s i g u e la l l a m a d a d e l t r i b u n a l y h a c e p o r p r i -
m e r a v e z r e f e r e n c i a al N N h u m a n o , n o al m í t i c a m e n t e p e r a l t a d o . Se
i m p o n e a h o r a la otra perspectiva, q u e e n el R e i n o N u e v o c o n s t i t u i r á
la n o r m a . E n la s e s i ó n d e l t r i b u n a l , tal c o m o a q u í se c o n c i b e , n o
s ó l o se p r e s e n t a n « e n e m i g o s » q u e a c u s a n al m u e r t o a n t e ese t r i b u -
n a l d e l m á s allá, s i n o q u e a d e m á s , y s o b r e t o d o , d e b e el m u e r t o
d e f e n d e r s e d e a c u s a c i o n e s f o r m u l a d a s c o n t r a él p o r p a r t e de los d i o -
ses. S u p o n g o q u e « a n t e aquel dios q u e le j u z g a p o r l o q u e s a b e » es el
q u e e n las Instrucciones para Merikare a p a r e c e c o m o el « s a b e d o r » : « T r e -
1 2 2
m e n d o es el a c u s a d o r , q u e es u n s a b e d o r » .
S ó l o así c o b r a s e n t i d o el m i e d o a las faltas i n c o n s c i e n t e s . S e trata
d e faltas, i m p u r e z a s y v i o l a c i o n e s d e tabúes d e n a t u r a l e z a e s p e c í f i c a -
m e n t e r e l i g i o s a , « c u l p a s » p o r las q u e se t e m e t e n e r q u e r e s p o n d e r
a n t e u n d i v i n i d a d o f e n d i d a . Estas s o n las ú n i c a s culpas cuya p o s i b i l i -
d a d el m u e r t o a d m i t e . Pues él sabe q u e a q u í p u e d e a l e g a r i n c a p a c i t a -
c i ó n p a r a el j u i c i o m o r a l y q u e l o s d i o s e s n o t e n d r á n e n c u e n t a esas
c u l p a s . L a a p o s t i l l a a G T [228] = T B 70 e s t i m a la d u r a c i ó n de esta
fase de i n c a p a c i d a d e n IO a ñ o s :

-En cuanto a todo aquel que conozca esta palabra:

tendrá IOO años de vida,
de los que IO vivirá sumido en la culpa y la impureza,
en sus faltas y sus mentiras,
como las comete un hombre que fue ignorante y se vuelve sabedor.
133
H e r m a n n K e e s ha d e d i c a d o a este texto u n d e t e n i d o e s t u d i o . E n
él h a d e f e n d i d o la tesis de q u e esos d i e z a ñ o s s o n l o s ú l t i m o s de la
v i d a , y d e u n a v i d a de la m á x i m a l o n g e v i d a d : « L o s d i e z a ñ o s a p a r t e

122 Merikare P 54, ed. Helclc, 31.

123 GdüingerTotenbuchstudien, UGAÁXVII, 1954, 31-39.
 208 EGIPTO

(lO%) de u n a vida de IOO a ñ o s estaban, s e g ú n n u e s t r o texto, para q u e

u n h o m b r e q u e d u r a n t e su vida fue u n ' i g n o r a n t e ' y q u e f i n a l m e n t e ,
c o n d i g n i d a d de la e d a d , se c o n v i r t i e r a e n u n « s a b e d o r » , t u v i e r a
todavía u n t i e m p o en la t i e r r a p a r a liberarse p o c o a p o c o de todas l o s
defectos terrenales ... L o s IO años c o n s t i t u i r í a n la t r a n s i c i ó n de la vida
l l e n a de faltas a la g l o r i o s a « e n la f r o n t e r a » de la d i v i n i d a d .
A esta c o n c e p c i ó n se h a n a d h e r i d o , p o r l o q u e o b s e r v o , t o d o s los
1 8 4
q u e se h a n i n t e r e s a d o p o r la i d e a e g i p c i a de la e d a d . A s í t r a d u c e e
interpreta, p o r e j e m p l o , E r i k H o r n u n g , nuestro pasaje: « T o d o
h o m b r e q u e c o n o c e esta p a l a b r a c u m p l e IIO a ñ o s de vida, de los que
IO de ellos están fuera de su i m p e r f e c c i ó n y su i m p u r e z a , fuera de sus
faltas y su i n s i n c e r i d a d , c o m o h a c e u n h o m b r e q u e era i g n o r a n t e y se
h a h e c h o s a b e d o r » . D i e z a ñ o s p u r o s y s e r e n o s q u e se s u m a n a la
r e d o n d a e d a d d e c i e n a ñ o s y d a n al m á s a n c i a n o la o p o r t u n i d a d de
t o r n a r s e al final de su v i d a sabio y l i b r e de t o d o s los vicios t e r r e n a l e s
antes de a s c e n d e r hasta el t r i b u n a l q u e j u z g a a los m u e r t o s . R e s u l t a -
ría e n t o n c e s q u e los e g i p c i o s h a b r í a n fijado la edad i d e a l e n IOO + IO
1 8 5
a ñ o s , es d e c i r , r e g a l a d o u n b o n o de t i e m p o a d i c i o n a l de IO a ñ o s .
P e r o esta t r a d u c c i ó n e i n t e r p r e t a c i ó n d e b e h a c e r frente a dos d i f i c u l -
tades. U n a es de naturaleza l i n g ü í s t i c a : m-dr n o significa « e n la f r o n -
t e r a » , m e n o s a ú n « f u e r a d e » , s i n o « d e n t r o d e » o « e n el s e n o
d e » . S i se p a r t e del s i g n i f i c a d o c o r r i e n t e d e l a d v e r b i o , el texto s ó l o
p u e d e i n d i c a r q u e estos d i e z a ñ o s l o s p a s a u n o « s u m i d o » e n la
c u l p a , la m e n t i r a , etc., p e r o n o « m á s a l l á » o « f u e r a » de a q u e l l o a
l o q u e el texto se r e f e r i r í a si la i n t e r p r e t a c i ó n de K e e s fuese c o r r e c t a .
L a frase d i c e e x a c t a m e n t e l o c o n t r a r i o de l o q u e K e e s l e e e n ella. L a
s e g u n d a d i f i c u l t a d i n c i d e e n c u e s t i o n e s f u n d a m e n t a l e s d e la s e m á n -
t i c a c u l t u r a l d e E g i p t o . L a i n t e r p r e t a c i ó n d e esta frase p o r K e e s
i m p l i c a u n i n m o r a l i s m o d i f í c i l de aceptar p a r a los a n t i g u o s e g i p c i o s ,
y m e n o s a ú n p a r a l o s d e l R e i n o Medio-, v i e n e a d e c i r q u e el h o m b r e
pasa el t i e m p o s o c i a l m e n t e activo de su v i d a d e n t r o d e la i m p e r f e c -
c i ó n , la i m p u r e z a , la i n f r a c c i ó n y la m e n t i r a , y s ó l o a la e d a d de IOO
a ñ o s va p r o g r e s a n d o hasta a d q u i r i r c a p a c i d a d de respuesta y r e s p o n -
s a b i l i d a d m o r a l . E s t o c o n t r a d i c e las i d e a s e g i p c i a s a c e r c a d e la r e s -

124 Cfr. especialmente J. Janssen, «On the ideal lifetime of the Egyptians», en OMRO
31- I950, 33-34-
125 Erik Hornung, Geist der Pharaonenzeit, Zurich, 199°. 69-7O; cfr. del mismo autor
«Zeitlichesjenseitsim alten Agypten», £ R A N O 5 J B 47 (1978), 279- •
 III / 5. LA F U N D A M E N T A R O N DE LA JUSTICIA CONECTIVA 209

1 8 6
p o n s a b i l i d a d y la v i d a m o r a l . L a « r e f e r e n c i a al m á s acá de la l i t e r a -
t u r a f u n e r a r i a r e l i g i o s a » ( K e e s , p . 38) n i m u c h o m e n o s l l e g ó al
e x t r e m o d e f a c i l i t a r c o n m e d i o s m á g i c o s u n a v i d a e n la m e n t i r a y la
irresponsabilidad.
A h o r a b i e n , n a d a o b l i g a a t r a s l a d a r estos d i e z a ñ o s al f i n a l d e la
vida. S i los h a c e m o s c o i n c i d i r c o n la i n f a n c i a , c o b r a n u n s e n t i d o más
a c e p t a b l e . E n t o n c e s se le r e c o n o c e n al h o m b r e d i e z a ñ o s de e x e n c i ó n
m o r a l , q u e s o n l o s d e la i n f a n c i a . L o q u e d u r a n t e este t i e m p o h a
p o d i d o c o m e t e r e n c u a n t o a m e n t i r a s , faltas, m a n c i l l a m i e n t o s y v i o -
l a c i o n e s de t a b ú e s es a t r i b u i b l e a su i g n o r a n c i a . E n c o n t r a m o s a q u í
u n a i d e a de la i n f a n c i a q u e c o n t r a d i c e f r o n t a l m e n t e la i m a g e n ( p r e -
sente t a m b i é n e n textos e g i p c i o s p o s t e r i o r e s ) d e la i n o c e n c i a i n f a n -
til. D e b i d o a su i g n o r a n c i a , el n i ñ o a c u m u l a p o r el c o n t r a r i o , y m u y
e s p e c i a l m e n t e él, m u c h o de « c u l p a » . P e r o n o se la t i e n e e n c u e n t a .
L a ú l t i m a estrofa se d i r i g e a T h o t h , el a c u s a d o r , q u e j u z g a r á a N N
« p o r l o q u e él s a b e » . E n e l l a , T h o t h es e q u i p a r a d o ' a aquella
« p l u m a » q u e l l e v a H o r u s c o m o s i g n o d e su v i c t o r i a s o b r e S e t h
187
c u a n d o le aplastó sus t e s t í c u l o s . E l v e r s o s i g u i e n t e subraya el s i g n i -
f i c a d o d e la v i c t o r i a d e H o r u s s o b r e S e t h c o m o u n a v i c t o r i a s o b r e la
m u e r t e . P o r eso, a l g u n a s variantes p o n e n d o n d e « é l » el n o m b r e del
m u e r t o : así c o m o H o r u s t r i u n f a s o b r e S e t h , t r i u n f a N N s o b r e la
m u e r t e . C ó m o esta a f i r m a c i ó n se p o n e e n b o c a d e A t u m , h e m o s de
v e r e n ella la a b s o l u c i ó n f i n a l d e l t r i b u n a l . E l m u e r t o es a b s u e l t o
p o r q u e n o se le f o r m u l a n i n g u n a a c u s a c i ó n . L a s frases finales c o n -
tienen una prevención que amenaza c o n laipenaxorrespondiente a
los p o s i b l e s o p o s i t o r e s : t o d o l o m a l o q u e p l a n e e n h a c e r l o s u f r i r á n
ellos m i s m o s .
L a d i f e r e n c i a e n t r e este t e x t o y la s e c c i ó n d e las Instrucciones para
Merikare es p a l m a r i a . R e s i d e e s p e c i a l m e n t e e n el p a p e l d i v i n o q u e el
m u e r t o h a c e a q u í a n t e el t r i b u n a l d e l m á s allá. E n s e m e j a n t e e l e v a -
c i ó n m í t i c a , el m u e r t o ' p a r e c e e x i m i d o d e la r e s p o n s a b i l i d a d q u e las
Instrucciones para Merikare i n c u l c a n a su d e s t i n a t a r i o . L a i d e n t i f i c a c i ó n

:
126 Cfr. Merikare p 54 «No confíes en la duración de los años», lo que significa tanto
como «no dejes tu sentido moral para el final de tu vida, como si entonces hubiera
tiempo para mejorar y expiar por las culpas».
127 J- Gwyn Griffiths, The Conf id of Horus and Seth, Liverpool, 1960, 35, atribuye esto a
s
Osiris. Pero esto es improbable tanto gramatical como semánticamente. Sobre f2
cfr. Wb 1, 41. Sobre el acto de Seth, cfr. H. te Velde, Seth, God of Confusión, Leiden, 1967,
es
53~59i P - 58- Te Velde interpreta «aplastar» como acto homosexual, no como
castración violenta que designaría mejor la palabra «seccionar».
2IO EGIPTO

m í t i c a c o n p a p e l e s ele dioses es, c o m o d e c i m o s , característica del d i s -

curso m á g i c o , cuyo p r o c e d i m i e n t o consiste e n presentar u n a situa-
c i ó n crítica actual a la l u z de u n a caso p r e c e d e n t e m í t i c o p a r a r e s o l -
v e r l a e n a n a l o g í a c o n la r e s o l u c i ó n m í t i c a . Si se t i e n e e n c u e n t a esta
d i f e r e n c i a , se o b s e r v a q u e e n la l i t u r g i a f u n e r a r i a m á g i c a s u b y a c e
e x a c t a m e n t e la m i s m a i d e a d e l j u i c i o de l o s m u e r t o s q u e e n las e n s e -
ñ a n z a s de s a b i d u r í a . E n a m b a s b a y j u e c e s y a c u s a d o r e s d i v i n o s . Y
m u e s t r a n q u e el h o m b r e d e l R e i n o M e d i o d a b a p o r s u p u e s t o q u e
t e n d r í a q u e r e s p o n d e r a u n a c u s a d o r « s a b e d o r » —ño s o l a m e n t e a u n
e n e m i g o p o t e n c i a l — . D o c t r i n a y t e x t o f u n e r a r i o e s t á n e n la m i s m a
r e l a c i ó n q u e m e d i c i n a y m a g i a . A s í c o m o , e n caso de e n f e r m e d a d
grave, el m é d i c o e g i p c i o r e c u r r í a t a n t o a recetas m é d i c a s c o m o a f ó r -
m u l a s m á g i c a s , el e g i p c i o s i n d u d a n o c o n f i a b a s o l a m e n t e e n l o s
m e d i o s m á g i c o s de p r e p a r a c i ó n al más allá.

E L J U I C I O DE L O S M U E R T O S C O M O F U N D A M E N T A C I Ó N
DE LA J U S T I C I A

L a r e s p u e s t a q u e el a n t i g u o E g i p t o d i o al p r o b l e m a de la j u s t i c i a , y
esto s i g n i f i c a al p r o b l e m a d e l f u n d a m e n t o o ú l t i m a i n s t a n c i a d e la
m o r a l , h a g o z a d o de v a l i d e z hasta b i e n e n t r a d o el s i g l o XVIII, hasta
K a n t , cuya d e f i n i c i ó n d e l i m p e r a t i v o c a t e g ó r i c o p u s o p o r vez p r i -
m e r a las c o n d i c i o n e s de la a c c i ó n m o r a l s o b r e u n n u e v o f u n d a -
m e n t o , el ú n i c o capaz de servir c o m o t a l . D o s s u p o s i c i o n e s básicas,
se c o n c l u í a , s o n necesarias p a r a q u e la j u s t i c i a d o m i n e e ñ el m u n d o :
la i n m o r t a l i d a d d e l a l m a y la e x i s t e n c i a de u n a i n s t a n c i a q u e , p r e -
m i a n d o o c a s t i g a n d o , d e c i d e s o b r e el d e s t i n o del a l m a . Estas s o n las
d o s i d e a s q u e l o s e g i p c i o s h i c i e r o n i n t e r e s a n t e s p a r a el O c c i d e n t e
m u c h o a n t e s d e l d e s c i f r a m i e n t o de sus j e r o g l í f i c o s . L o s e g i p c i o s
l o g r a r o n c o n s t r u i r , s i n ley r e v e l a d a , u n E s t a d o y u n a s o c i e d a d de
f a b u l o s a estabilidad q u e f u e r o n c é l e b r e s p o r su sabiduría., s u j u s t i c i a
y su p i e d a d . ¿ P e r o q u é se p u d o saber de la i d e a e g i p c i a d e l j u i c i o de
l o s m u e r t o s antes de q u e se c o n s i g u i e r a n d e s c i f r a r l o s j e r o g l í f i c o s y
p u d i e r a l e e r s e el Libro de ¡os muertos?

L a f u e n t e d e l c o n o c i m i e n t o q u e O c c i d e n t e tuvo d e l j u i c i o d e l o s
m u e r t o s fue D i o d o r o . A u n q u e su d e s c r i p c i ó n es bastante distinta de
l o q u e p o d e m o s saber l e y e n d o el Libro de los muertos. S e g ú n D i o d o r o , el
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA 2,11

j u i c i o de los m u e r t o s se c e l e b r a e n t r e el e m b a l s a m a m i e n t o y la s e p u l -
t u r a . E l cadáver es t r a s l a d a d o e n b o t e d e r e m o s p o r u n e s t a n q u e e n
cuya o t r a o r i l l a 42 j u e c e s h a n t o m a d o a s i e n t o . E n ese m o m e n t o ,
c u a l q u i e r a q u e t e n g a algo d e q u é acusa al m u e r t o p u e d e h a b l a r . S i se
p r u e b a su c u l p a b i l i d a d , el cadáver n o p u e d e s e r s e p u l t a d o . S i , p o r el
c o n t r a r i o , n o a p a r e c e n i n g ú n a c u s a d o r o la a c u s a c i ó n es falsa, el
m u e r t o recibe sepultura alabado p o r todos los presentes y a c o n t i -
n u a c i ó n se le h a c e n h o n o r e s . R e i n h o l d M e r k e l b a c h h a c o m p a r a d o
este i n f o r m e c o n l o s textos d e los d o s p a p i r o s f u n e r a r i o s R h i n d , q u e
p a r a é l c o n t i e n e n u n p r o t o c o l o d e las c e r e m o n i a s d e s e p u l t u r a d e
1 3 8
M e n t h e s u p h i s y d e s u esposa, a m b o s m u e r t o s e n e l a ñ o 9 a . G . D e
ellos se d e s p r e n d e c o n toda c l a r i d a d q u e las c e r e m o n i a s c o n s i s t í a n e n
u n a especie de r e p r e s e n t a c i ó n dramática en la q u e l o s sacerdotes
i n t e r p r e t a b a n el p a p e l d e d i o s e s . S i se j u n t a este d o c u m e n t o c o n la
d e s c r i p c i ó n q u e h a c e D i o d o r o d e las c e r e m o n i a s d e i n h u m a c i ó n , se
i a 9
t i e n e l o más p a r e c i d o a u n « d r a m a b a r r o c o » . L a p r o p i a é p o c a d e l
B a r r o c o se m o s t r ó i m p r e s i o n a d a p o r e l i n f o r m e d e D i o d o r o . J a c -
q u e s - B é n i g n e B o s s u e t le d e d i c ó u n e x t e n s o c o m e n t a r i o e n su Discours
3
sur l'histoire universelle ( l 6 8 l ) ' ° , y e l a b a t e J e a n T e r r a s s o n l e d i o f o r m a
m
narrativa e n su n o v e l a Séthos (lJ3Í) .
B o s s u e t y T e r r a s s o n c l a r i f i c a r o n la r e l a c i ó n e n t r e la i d e a del j u i c i o
de los m u e r t o s y el E s t a d o . L o s e g i p c i o s h a b í a n s i d o los p r i m e r o s e n
r e c o n o c e r q u e u n Estado sólo p o d í a erigirse sobre los cimientos de
u n a fe i n c o n m o v i b l e e n la i n m o r t a l i d a d del a l m a y e n u n f u t u r o j u i -
cio d e l o s m u e r t o s , i d e a s estas q u e t a m b i é n f u e r o n c e n t r a l e s e n l a
c o n c e p c i ó n cristiana d e l m u n d o . V o l k e r H e r r m a n n ha establecido,
e n u n trabajo t e o l ó g i c o de g r a d u a c i ó n e n H e i d e l b e r g , u n p a r a l e -
l i s m o e n t r e la i d e a egipcia d e l j u i c i o d e los m u e r t o s y la i d e a cristiana
p r i m i t i v a d e u n a j u r i s d i c c i ó n d i v i n a tal c o m o es d e s a r r o l l a d a e n el
c a p í t u l o 25 d e l E v a n g e l i o d e S a n M a t e o . E n l u g a r del j u i c i o e g i p c i o
a p a r e c e a h í el J u i c i o F i n a l , y e n l u g a r del t i e m p o d e v i d a i n d i v i d u a l ,

128 «Diodor über das Totengericht der Agypter», Siegfried-Morenz-Gedachtnisvor-

lessüng,pronunciada el II-5-I992 en la universidad de Leipzig, en ZfiS IZO, 1993,
71-84.
129 Diodoro, Bibl. histl, 91-93. Cfr. Merkelbab, op. cit, 78, y mi Ma'at.
130 Utilizo la edición inglesa de Orest Ranum.-J.-B. Bossuet, Discourseon Universal History,
trad. de E. Forster, Chicago, 1976, 308-309.
131 [Jean Terrasson] Séthos, Histoire ou Vie.tirée des monuments, Anecdotes de l'ancienne Egfpte, París,
1731. Utilizo la edición revisada de 1767- La exposición que del juicio de los muertos
hace la reina Nephté se encuentra en el primer libro, pp. 38 a 48.
 212 EGIPTO

el t i e m p o u n i v e r s a l ; y e n l u g a r la « c a s a d e O s i r i s » , e n la q u e el
m u e r t o a b s u e l t o e n t r a b a , el R e i n o de D i o s . P e r o t a m b i é n a q u í es el
i n d i v i d u o d i g n o de e n t r a r e n el R e i n o de D i o s e n la m e d i d a de s u
r e s p e t o de las n o r m a s s o c i a l e s , de su p r ó j i m o , y t a m b i é n a q u í i m p l i ­
c a n las n o r m a s n o s a n c i o n a b l e s e n la t i e r r a la s a n c i ó n de la c o n d e n a
3
e t e r n a ' * . A m b o s c o n c e p t o s f u n d a n su p o s t u l a d o d e l h o m b r e c o m o
zpon politikon o animal sociale e n la c r e e n c i a e n u n j u i c i o d i v i n o y u n a vida
d e s p u é s de la m u e r t e .
A l A n t i g u o T e s t a m e n t o , e n c a m b i o , le s o n ajenas las ideas de u n a
vida futura y u n a recompensa o u n castigo en el más allá. T a m b i é n
este h e c h o se c o n s i d e r ó p o r p r i m e r a vez a fines del siglo XVII, e n los
m i s m o s d e c e n i o s e n q u e B o s s u e t y o t r o s i n s i n u a r o n q u e E g i p t o era
su v e r d a d e r a p a t r i a . S p i n o z a h i z o o b s e r v a r p o r p r i m e r a v e z este
h e c h o e n su Tradatuspolítico-theologicus, h e c h o q u e , p o r el l a d o c r i s ­
t i a n o , c o n f i r m ó el o b i s p o a n g l i c a n o W i l l i a m W a r b u r t o n e n su o b r a
e n n u e v e v o l ú m e n e s Tlxe Divine Legation ofMoses. D e s t i n o e h i s t o r i a o c u ­
p a b a n e n Israel el p r i m e r p l a n o c o m o l o s á m b i t o s d o n d e o b r a b a la
j u s t i c i a c o n e c t i v a , la c u a l e q u i v a l í a a la v o l u n t a d de D i o s . E n el D e u -
t e r o n o m i o —y e n la o b r a h i s t ó r i c a d e l mismo—, la h i s t o r i a d e l p u e b l o
está e n estrecha c o n e x i ó n c o n su o b e d i e n c i a a la ley. L e y e h i s t o r i a se
h a l l a n e n esta f o r m a c i ó n d e s e n t i d o i n s e p a r a b l e m e n t e u n i d a s . E l
i n f o r t u n i o h i s t ó r i c o es r e s u l t a d o de la c u l p a ; c u a n t o m a y o r el i n f o r ­
t u n i o , más c u l p a h a c e falta p a r a p o d e r e x p l i c a r l o d e n t r o de la c o n e ­
x i ó n de s e n t i d o de la j u s t i c i a c o n e c t i v a . L a ley f u n c i o n a c o m o g e n e ­
r a d o r a de c u l p a . G o m o n o e x i s t e el m á s allá, las c u e n t a s d e b e n
saldarse e n el m á s acá. Y c o m o t o d a e x p e r i e n c i a d e m u e s t r a q u e m u y
r a r a m e n t e se s a l d a n e n la v i d a d e l i n d i v i d u o , la c o n s e c u e n c i a es u n a
c u l p a b i l i z a c i ó n c o l e c t i v a . L o s p e c a d o s d e l p a d r e los p a g a el h i j o , y el
p u e b l o e n t e r o d e b e e x p i a r las faltas de l o s reyes q u e n o o b s e r v a r o n la
l e y . G o m o e s c r i b i ó J . T a u b e s , « e l c a p . l8 d e E z e q u i e l s u p o n e u n
p u n t o de i n f l e x i ó n e n la h i s t o r i a d e la r e l i g i o n e s . L a i m p l i c a c i ó n de
las g e n e r a c i o n e s es f o r z o s a y e v i d e n c i a d o r a d e l n e x o e n t r e c u l p a y
e x p i a c i ó n e n la c o n c i e n c i a m í t i c a . D e h e c h o es a q u é l u n c a p í t u l o
c o n s t i t u t i v o de la ' p r e h i s t o r i a de la s u b j e t i v i d a d ' . P u e s e n las palabras
d e l p r o f e t a del c a p . 18, el p o d e r d e l n e x o m í t i c o de c u l p a y e x p i a c i ó n

132 V. Herrmarm, Die Motivation des Helfens in der altágyptíschen Religión und in der urchrístlicben Religión.
Ein Vergleich anhand von Totenbuch Kap. ÍQ^/Texten der idealen SelbstbiographieundMt 25> 3*
Abschlufiarbeit am diakoniewissenschaftlichen Instituí Heidelberg-WS, 1990-1991.
 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA

e n la c a d e n a de las g e n e r a c i o n e s q u e d a r o t o , y la s i t u a c i ó n del e s p í -
r i t u d e c i s i v a m e n t e r e b a s a d a . C u l p a y e x p i a c i ó n e n la c a d e n a d e las
g e n e r a c i o n e s f o r m a el e n l a c e m í t i c o q u e e n t r i b u s y p u e b l o s c o h e -
1 3 3
s i o n a la l ó g i c a d e l a c o n t e c e r e n t r e dioses y h o m b r e s » . L o que T a u -
b e s l l a m a a q u í el « e n l a c e m í t i c o » h a c e r e f e r e n c i a a u n a f o r m a c i ó n
de s e n t i d o q u e era extraña a los e g i p c i o s y, p o r t a n t o , n o p u e d e valer
c o m o característica u n i v e r s a l d e l p e n s a m i e n t o m í t i c o . E r a e x t r a ñ a a
los e g i p c i o s p o r q u e la i d e a d e l j u i c i o d e l o s m u e r t o s p r o p i c i a b a la
i n d i v i d u a l i z a c i ó n d e la c u l p a , o sea, se o p o n í a a su c o l e c t i v i z a c i ó n .
E z e q u i e l se vuelve e n ese c a p í t u l o c o n t r a el p r i n c i p i o de la r e s p o n s a -
b i l i d a d colectiva y g e n e a l ó g i c a , c o m o se ve e n las s i g u i e n t e s p a l a b r a s :
« L o s p a d r e s c o m i e r o n a r e n q u e s , y los h i j o s t u v i e r o n d e n t e r a » ( E z .
l8.2» cfr. J e r . 3 1 . 2 9 ) . A este p r i n c i p i o o p o n e o t r o n u e v o : e l d e la
c u l p a y la r e s p o n s a b i l i d a d i n d i v i d u a l :

Por m i vida, os j u r o —oráculo del Señor— que nadie volverá a

repetir ese dicho en Israel. Sabedlo: todas las vidas son mías; lo
mismo.que la vida del padre, es mía la vida del hijo; el que peca es
134
el que m o r i r á .

P e r o , s i n la i d e a de u n j u i c i o e n el más allá, esta c o n c e p c i ó n d e la

j u s t i c i a c o n e c t i v a i n c u r r e e n r i g i d e c e s y p a r a d o j a s , e x p r e s a d a s de
m o d o e s p e c i a l e n el Libro de fob. S i t o d a s las c u e n t a s e n el m á s acá
d e b e n saldarse y el i m p e r i o de la j u s t i c i a c o n e c t i v a c o m o c o n e x i ó n de
s e n t i d o e n la h i s t o r i a d e l p u e b l o y e n el d e s t i n o d e l i n d i v i d u o d e b e
ser s i e m p r e r e c o n o c i b l e , la p r e s i ó n del s e n t i d o y a c e n t e e n el d e s t i n o
y la h i s t o r i a p u e d e h a c e r s e i n s o p o r t a b l e . P o r eso, diversas t e n d e n c i a s
d e l j u d a i s m o a n t i g u o , e n t r e ellas el c r i s t i a n i s m o , l l e g a r o n a a b r i g a r
ideas relativas a u n a v i d a f u t u r a y u n a j u s t i c i a e n el m á s allá.

L a c r e e n c i a e n el j u i c i o de l o s m u e r t o s e d u c a al e g i p c i o c o m o ser
s o c i a l , c o m o h o m b r e q u e r e s p e t a a su p r ó j i m o . L a d e b i l i d a d d e las
n o r m a s sociales, d e las r e g l a s de c o m p o r t a m i e n t o , r a d i c a e n q u e n o

133 J. Taubes, en K.H. Bohrer, Mythos und Moderne, 461. Cfr. v.a. H. Goken, Die Religión der
S S :
Vemunftnach den Quellen desJudentums, 214 «Ezequiel se distingue de los profetas
sociales en que ha descubierto que los pecados son pecados del individuo>>. Cohén
trata en el capítulo XI de su libro muy detalladamente de la relación entre culpa, yo,
conciencia y Dios.
c
134 Ez. 18.3-4, fr- Taubes, op. cit, 462. Sobre esto, y para una comparación con el jui-
cio egipcio délos muertos, v. mi Ma'at, cap.
 EGIPTO

s o n a r m o n i z a b l e s . Y a n o se trata de leyes q u e u n a c u s a d o r p o d r í a e n
t o d o t i e m p o y sin l i m i t a c i o n e s invocar ante u n tribunal i n d e p e n -
d i e n t e y cuya i n f r a c c i ó n c o n l l e v a r a graves s a n c i o n e s . Se trata ú n i c a -
m e n t e d e actos d e g r a c i a y d e b e r e s d e c a r i d a d , c u y o o l v i d o t a n t o
m e n o s p u e d e ser p e n a d o c u a n t o q u e per definitionem v i e n e n sólo de
a r r i b a . E l c o d i c i o s o y el d u r o de c o r a z ó n , el egoísta y el d e s p ó t i c o n o
c o m p a r e c e ante los t r i b u n a l e s t e r r e n a l e s . D e esta a p o r í a n a c e la i d e a
de u n a j u r i s d i c c i ó n d e l más allá. D e ahí q u e e n la lista d e faltas s a n -
c i o n a b l e s p o r el t r i b u n a l d e l o s m u e r t o s e n c o n t r e m o s s o b r e t o d o
v u l n e r a c i o n e s d e las n o r m a s s o c i a l e s ligadas a v i r t u d e s c o m o la c a r i -
d a d y la asistencia al p r ó j i m o , la c o n s i d e r a c i ó n y el r e s p e t o , el d e s i n -
terés y la m o d e s t i a :

No he sido codicioso; no he robado;

no he matado a n i n g ú n h o m b r e (var.: no he matado, no he ayu-
dado a matar), n o he matado « g a n a d o m e n o r » (quiere decir
hombres);
no he a u m e n t a d o , al c o m e n z a r cada día, el trabajo asignado a
nadie, no he arruinado la propiedad de ningún niño huérfano.
No me he apropiado de ninguna ración, no he acaparado n i u n
sólo grano en interés solamente mío;
no he mentido, n o he insultado, no me he querellado, ni he p l e i -
teado, no he aterrorizado a nadie, no he dicho palabras s u p e r -
fluas, no he levantado la voz, no he sido desconsiderado al hablar;
no he espiado a nadie, a nadie he hecho guiños, no me h e h i n -
chado, no me he envanecido,
no he sido impetuoso (var. « n u n c a se me ha calentado la b o c a » ) ,
no he sido irascible, no he sido violento,
no he hecho oídos sordos a palabras que decían la verdad. N o he
hablado mal de nadie ante su superior.
No he causado dolor, no he dejado que nadie pase hambre, no he
35
hecho llorar a nadie, n o he ocasionado sufrimientos a.nadie' .

L a m a y o r í a d e estas faltas n o s o n j u r í d i c a m e n t e s a n c i o n a b l e s , y
c u a n d o se trata de c r í m e n e s j u s t i c i a b l e s , c o m o el asesinato y el h o m i -
c i d i o , el a s a l t o , el r o b o , el p e r j u r i o , el u l t r a j e , la b l a s f e m i a , e t c . ,
p u e d e s u p o n e r s e q u e el t r i b u n a l q u e j u z g a a los m u e r t o s se e n c a r g a r á
1
d e los actos n o d e s c u b i e r t o s e n el m á s acá q u e q u e d a r o n i m p u n e s .

135 Cfr. Ma'at, cap. 5.

 III / 5. LA FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA 2,1$

G u a n d o el m u e r t o m a n i f i e s t a e n g i r o s p o s i t i v o s q u e es d i g n o d e l
m á s allá, e m p l e a l o s t ó p i c o s de las i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s a u t o b i o -
gráficas :

He hecho lo que los hombres aplauden

y satisface a los dioses.
He satisfecho al dios haciendo aquello que a él le agrada:
di pan al hambriento,
agua al sediento,
vestido al desnudo,
36
un bote al que carecía de é l ' .

E l l o a r r o j a l u z s o b r e la f u n c i ó n a p o l o g é t i c a d e las i n s c r i p c i o n e s
funerarias: t a m b i é n ellas p r e s u p o n e n el m a r c o universal d e u n a j u r i s -
d i c c i ó n d e l más allá q u e d e c i d e sobre la i n m o r t a l i d a d y la subsistencia.

P e r o la i d e a d e l j u i c i o de l o s m u e r t o s e d u c a al e g i p c i o c o m o ser
p o l í t i c o , c o m o s u b d i t o . E n las r e p r e s e n t a c i o n e s q u e el e g i p c i o d e l
R e i n o M e d i o se h a c e d e l m u n d o i n f e r i o r , d e l r e i n o de O s i r i s , y q u e
se h a l l a n c o d i f i c a d a s e n l o s textos d e l o s s a r c ó f a g o s , hay a b u n d a n t e s
i n s t a n c i a s e i n s t i t u c i o n e s d e v i g i l a n c i a y castigo e n las q u e se c r e e v e r
u n reflejo del Estado terrenal. Q u i s i e r a i n t r o d u c i r c o m o ejemplo
u n pasaje de la m i s m a l i t u r g i a f u n e r a r i a d e la q u e h e c i t a d o las e s c e -
nas de j u i c i o :

O h Osiris N , aquí no serás puesto a prueba, n o serás encerrado,

no quedarás preso,
n o serás atado, n o serás vigilado,
n o pisarás el patíbulo al que los rebeldes son conducidos,
no se te echará arena en el rostro
para evitar que te pese.
N o se levantará ninguna barrera ante ti
para evitar que salgas.
¡Toma tu bastón,
tu vestido, tus sandalias
y tus armas de calle!
Q u e la cabeza cortes y la cerviz separes
de tus enemigos y enemigas,

136 Cfr. E. Hornung, Das Totenbuch derÁgypter, Zúrich y Munich, 1979, 24.O.
 ai6 EGIPTO

E L JUICIO DE LOS MUERTOS

Tebas, Tumba 41 (hacia 1300 a.C.)
(FuENTE: J. A S S M A N N , D A S GRAB DES A M E N E M O P E , M A G U N C I A , 1 9 9 1 , LÁM. 4 l )

que aceleran tu muerte, retardan tu llegada,

137
que dicen al dios: «tráelo a q u í » el día de la e j e c u c i ó n .

U n o n o p u e d e d e s p r e n d e r s e de la i m p r e s i ó n d e q u e estas i d e a s d e
u n a p o l i c í a d e l m á s a l l á , d e p r i s i ó n y p a t í b u l o , de d e n u n c i a n t e s e
i n t r i g a s , r e f l e j a n e x p e r i e n c i a s de n u e s t r o m u n d o . L o s t e x t o s de l o s
s a r c ó f a g o s e s t á n l l e n o s d e d e m o n i o s q u e e n el m u n d o d e l m á s allá
c r e a n u n a a t m ó s f e r a d e v i g i l a n c i a y castigo y a n t e los cuales el m u e r t o
c r e e t e n e r q u e p r o t e g e r s e , q u i z á m á s a ú n q u e e s p e r a r su p r o t e c c i ó n .
Y , naturalmente, t a m b i é n estos seres i n q u i e t a n t e s s o n b i j o s d e l
a n h e l o d e p r o t e c c i ó n y c o n f i a n z a . N o s e n c o n t r a m o s a q u í c o n la
m i s m a d i a l é c t i c a d e p r o t e c c i ó n e i n t i m i d a c i ó n q u e c a r a c t e r i z a a la
f o r m a c i ó n d e s e n t i d o q u e es el E s t a d o , tal c o m o ésta se fue d e s a r r o ­
l l a n d o a p a r t i r d e la dinastía XII s o b r e el f o n d o d e la e x p e r i e n c i a his.-
t ó r i c a d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . R e f l e j a n d o esta i d e a d e l
E s t a d o , el m á s allá se c o n f i g u r a r á c o m o u n E s t a d o p o l i c i a l cuyas i n s ­
tancias de v i g i l a n c i a y castigo e n i g u a l m e d i d a p r o m e t e n al i n d i v i d u o
s e g u r i d a d q u e le a m e n a z a n .

137 CTl, setencia 23.

 6. LOS DOS MUNDOS Y EL LENGUAJE
DE LA DESESPERACIÓN

D O C T R I N A S DE LOS DOS MUNDOS

1
E l t e x t o d e l p a p i r o d e B e r l í n 3024 » c o n o c i d o c o n el n o m b r e d e El
desesperado o La disputa de un hombre con su Ba, c o n t i e n e la ú n i c a d e s c r i p -
c i ó n de u n estado c a ó t i c o e n la q u e la m i r a d a se aparta de u n m u n d o
sin e s p e r a n z a n o p a r a d i r i g i r s e al p a s a d o o al f u t u r o , s i n o al más allá.
E l m u n d o d e s p u é s de la m u e r t e a p a r e c e a q u í c o m o u n m u n d o e n el
q u e a ú n r e i n a ese o r d e n b a s a d o e n el r e s p e t o y el a m o r q u e d e s a p a -
r e c i ó de « e s t e » m u n d o .
L a e x p r e s i ó n « e s t e ; m u n d o » , d e cuyas e s p a n t o s a s m i s e r i a s l a
m u e r t e p r o m e t e r e d e n c i ó n , .suena b i e n f a m i l i a r a l o s o í d o s c r i s t i a -
nos. E l s i g u i e n t e texto de u n a cantata de J o b a n n Sebastian B a c h
p u e d e r e p r e s e n t a r a i n n u m e r a b l e s otros.-

¡Falso m u n d o , no confío en ti!

A q u í be de habitar entre escorpiones
y entre pérfidas serpientes...
La honradez está proscrita del m u n d o ,
la falsedad la ha expulsado.
A h o r a el disimulo ocupa su hueco.
Y el mejor amigo es desleal:
¡oh triste situación!
Pero, a pesar de los pesares,
218 EGIPTO

cuando sufro rechazo,

siempre m e queda el dios, mi amigo,
i i • 138
que es honrado conmigo

E l t e x t o de la cantata deja b i e n c l a r o l o .que e n él se e n t i e n d e p o r

este « m u n d o f a l s o » . P e r o a q u í h e m o s de p e n s a r n o e n á m b i t o s c ó s ­
m i c o s , s i n o e n esferas c o m u n i t a r i a s , esferas de v i n c u l a c i ó n y e n t e n d i ­
m i e n t o s o c i a l . D e ellas se trata e n las l a m e n t a c i o n e s e g i p c i a s . E l
m u n d o , de cuya r u i n a se l a m e n t a n , se c o n s t r u y e y m a n t i e n e m e d i a n t e
el p e n s a r u n o s e n o t r o s d e la m e m o r i a s o c i a l y el a c t u a r u n o s p a r a
o t r o s de la s o l i d a r i d a d activa. Es v e r d a d q u e e n l o s t e x t o s e g i p c i o s ,
sobre t o d o e n los de la literatura funeraria, se habla c o n t i n u a m e n t e de
« a q u í » y de « a l l í » , d e l « m á s a c á » y el « m á s a l l á » , de « c i e l o , tierra y
m u n d o i n f e r i o r » . P e r o , a u n q u e es a todas luces evidente q u e se h a b l a
d e d o m i n i o s e s t r i c t a m e n t e d i f e r e n c i a d o s , n o hay m á s q u e u n a ú n i c a
esfera de c o m u n i d a d q u e l o c o m p r e n d e t o d o . E l l o d i s t i n g u e l a i d e a
egipcia de « e s t e m u n d o » clara y f u n d a m e n t a l m e n t e de la cristiana, de
la q u e el texto de la cantata es u n a b u e n a i l u s t r a c i ó n . L a cristiana d i s ­
t i n g u e de m o d o p e r f e c t a m e n t e u n í v o c o d o s esferas d e c o m u n i d a d .
G u a n d o el y o es « r e c h a z a d o » de u n a d e las esferas, « q u e d a el d i o s ,
m i a m i g o » , y esta a m i s t a d f o r m a o t r a esfera d e v i n c u l a c i ó n s e g u r a .
Esta d i s t i n c i ó n era i n c o n c e b i b l e p a r a los e g i p c i o s . P o r eso e n t e n d e r e ­
m o s falsamente el texto e g i p c i o si c r e e m o s q u e e n él subyace u n a d o c ­
1
t r i n a c o m p a r a b l e d e l o s dos m u n d o s . •
Con t o d o , los e g i p c i o s v e í a n e n la m u e r t e el u m b r a l entre
« e s t e » m u n d o de cercanía m e d i a t a a los dioses y « a q u e l » m u n d o
de c e r c a n í a i n m e d i a t a . A s í l o e x p r e s a u n a c a n c i ó n d e a r p i s t a d e l a
t u m b a n . ° 5 0 de T e b a s :

A n t e aquel dios al que serviste en la tierra,

39
te encuentras (ahora) cara a cara' .

P e r o c o n esta d i s t i n c i ó n entre « e n la t i e r r a » y « a l l í » n o se dio e n el

E g i p t o f a r a ó n i c o ese p a s o al d i s t a n c i a m i e n t o y la n e g a c i ó n de « e s t e

138 Cantata n.° 52 deJ.S. Bach, recitativo y aria; texto de autor desconocido, 1726.
139 Canción III, cfr. Hari, La tambe thébaine dü pére divin Nefehotep (TT50), Ginebra, 1985, p. IV,
cfr. mi artículo «Fest des Augenblicks - Verheifiung der Dauer. Die Kontroverse der
agyptischen Harfherlieder», en Fragen an die altágyptische Literatur, Gedenischrift für Eberhard
Otto, Wiesbaden, 1977 > 69; E. Hornung, «Altagyptische Wurzeln der Isismysterien», en
' HommagesajeanLeclont, tomo e°: Etudes isiaques, El Cairo, I994. 287-294 . p - 289.
1 es
 III / 6. LOS DOS MUNDOS Y EL LENGUAJE DE LA D E S E S P E R A C I Ó N ^íy

m u n d o » que caracterizó a l a gnosis. E l egipcio n u n c a llegó al extremo de

sentirse enteramente de « a q u e l » m u n d o y de pensar la muerte c o m o u n
« r e g r e s o » al verdadero hogar. Par-a él, a m b o s d o m i n i o s , el de « a q u í » y
el de « a l l í » , estuvieron siempre integrados e n u n a ú n i c a esfera.
L o s d i o s e s p e r t e n e c e n a esta c o m u n i d a d ú n i c a a u n s i e n d o s ó l o
m e d i a t a m e n t e accesibles e n este m u n d o . Esta p e r t e n e n c i a es p a r a la
p e r m a n e n c i a de la c o m u n i d a d i n c l u s o d e u n a i m p o r t a n c i a decisiva.
P o r eso n o existe e n el a n t i g u o E g i p t o la idea de d o s esferas de c o m u -
n i d a d , de « c o n v i v e n c i a » , c o n t r a p u e s t a s , u n a p r o f a n a y otra sagrada,
c o m o e n el texto d e la cantata cristiana, s i n o la de u n ú n i c o m u n d o ,
c o m u n a h o m b r e s y dioses y de c o n v i v e n c i a a r m ó n i c a bajo las m i s m a s
leyes. Ma'at, sustancia de estas leyes q u e u n e n a l o s h o m b r e s e n c o m u -
n i d a d , es l o más alto y santo, la q u i n t a e s e n c i a d e t o d o s los valores q u e
p r o d u c e n e n la vida u n efecto salvador. G u a n d o la a r m o n í a de la c o n -
vivencia entre los h o m b r e s es p e r t u r b a d a , el c o n t a c t o c o n el m u n d o de
los dioses queda g r a v e m e n t e afectado, y viceversa. S i los ritos n o se e j e -
cutan c o m o es d e b i d o , estalla la r e b e l i ó n o la g u e r r a civil, desaparecen
la s o l i d a r i d a d y la j u s t i c i a e n t r e l o s h o m b r e s , l o s d i o s e s se a p a r t a n y
dejan de aceptar ofrendas. L o s h o m b r e s s o n responsables de la c o n e c -
tividad q u e les u n e entre sí y a los dioses e n u n a sola c o m u n i d a d .

L a l a m e n t a c i ó n p o r la r u i n a d e la c o n v i v e n c i a c o n s t i t u y e el t e m a
de las d e s c r i p c i o n e s literarias d e l c a o s . S u t e m a es el a i s l a m i e n t o d e l
y o , q u e n o e n c u e n t r a c o m u n i d a d e n el m u n d o . P o r eso es c a r a c t e r í s -
tica de estas l a m e n t a c i o n e s la f o r m a d e l m o n ó l o g o . Las l a m e n t a c i o -
n e s s o n e s c e n i f i c a d a s c o m o d i á l o g o c o n el p r o p i o c o r a z ó n . A s í se
desarrolla éste, p o r e j e m p l o , e n las Lamentaciones de Kakeperreseneb:

U n corazón valeroso en situaciones de miseria

es u n compañero de su señor. ,
¡Si tuviera u n corazón que supiera sufrir!
Entonces descansaría.
Entonces lo abrumaría con palabras de miseria
14:0
para que me librase de mi sufrimiento .
El habló a su corazón: ven, corazón, a ti te hablo,
141
y contesta a mis palabras y explícame lo que sucede en el p a í s .

140 El texto dice: «para librarle mi sufrimiento».

141 Chacheperreseneb, tablilla BM 5^45 verso I, ed. Gardiner, The Admonitions of an Egyptian
Sage, Leipzig, 1909, 105.
 2ZO EGIPTO

Neferti c o m i e n z a su l a m e n t a c i ó n profética c o n una llamada a su

corazón:
m
¡Conmuévete, coi'azón, hasta que llores este país del que v i e n e s ! .

L a f o r m a d e l d i á l o g o i n t e r i o r y de la l l a m a d a al c o r a z ó n e n estos
t e x t o s n o s ó l o se c o r r e s p o n d e c o n la s i t u a c i ó n l í m i t e d e l t o t a l a i s l a -
m i e n t o : c u m p l e t a m b i é n u n a f u n c i ó n l i t e r a r i a de u n t i p o c o m p l e t a -
m e n t e d i s t i n t o . N o se trata de u n v e r d a d e r o d i á l o g o , p u e s el c o r a z ó n
n o r e s p o n d e , s i n o de u n a f o r m a de iniciarse u n texto, familiar e n
n u e s t r a t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l c o m o i n v o c a c i ó n de la m u s a . A s í c o m o
el b a r d o g r i e g o r e c i b e s u i n s p i r a c i ó n d e f u e r a p o r q u e é l e n c a r n a y
r e p r o d u c e , r e c o r d á n d o l a , u n a t r a d i c i ó n o r a l a n t e r i o r a é l y de é l
i n d e p e n d i e n t e , el « a u t o r » e g i p c i o espera la i n s p i r a c i ó n d e n t r o d e él
p o r q u e de él n o se e s p e r a r e p r o d u c c i ó n , s i n o p r o d u c c i ó n . S e e s p e r a
lo n u e v o y n u n c a antes e s c u c h a d o : « O h , que halle expresiones d e s -
c o n o c i d a s , f ó r m u l a s s o r p r e n d e n t e s a ú n n o enunciadas, libre de
repeticiones, apartado del decir tradicional de los a n t e p a s a d o s . . . » ,
c o m o se l e e e n las Lamentaciones de Kakeperreseneb.
N a d a t i e n e el d i á l o g o e n t r e el « a l m a » y el « y o » q u e v e r c o n este
t e m a . E n él h a y u n a u t é n t i c o d i á l o g o : el a l m a r e s p o n d e . E l d i á l o g o
t o m a el c a r á c t e r d e u n a d r a m á t i c a d i s p u t a , e n c u y o c u r s o las p o s i c i o -
n e s al p r i n c i p i o d i a m e t r a l m e n t e o p u e s t a s se a p r o x i m a n hasta a l c a n -
1 3
zar u n a c o n c i l i a c i ó n " . E n este t e x t o , el m o t i v o d e l a i s l a m i e n t o y el
d e s a m p a r o o c u p a el lugar central.

E L D I Á L O G O ENTRE EL « A L M A » Y EL « Y O »

El desesperado es casi la ú n i c a o b r a d e la l i t e r a t u r a e g i p c i a c o n o c i d a , e
144
i n c l u s o f a m o s a , e n t r e l o s n o e s p e c i a l i s t a s . E l alma, e n e g i p c i o ha, es
la e n e r g í a v i t a l e n c a r n a d a e n el c u e r p o y q u e se l i b e r a c o n la

142 Neferti 20. Cito el texto del pap. Petersburgo I l 6 B Según Helck, 17.
143 Sobre la forma literaria y la estructura retórica de la argumentación del desesperado, cfr.
el brillante estudio de Odette Renaud, Le Dialogue du Desesperéavecsonóme. Une interpréta-
tion ¡itiéraire, Gahiers de la Societé d'Egyptologie I, Ginebra, 1991.
144 El politólogo Eri Voegeiin, para poner sólo un ejemplo, Ka dedicado un importante
artículo a este texto.- «Inmortality: Experience and Symbol» (The Ingersoll Lecture,
1965. Harvard University School), en The Harvard TheohgicalReview 60, 1967, 235-279-
Para una interpretación nueva, aunque de contenido escasamente interesante, v. V A .
Tobin, «ARe-assessment of the Lebensmüde», en Bi'Or48, 1991, 341-363.
 111/6. LOS DOS MUNDOS Y EL LENGUAJE DE LA D E S E S P E R A C I Ó N 2,2,1

1 1 5
muerte ' ' . E n la p r i m e r a p a r t e del d i á l o g o , cuyo c o m i e n z o se lia p e r -
d i d o , d i s c u t e n el y o y el 6a s o b r e la m u e r t e j u s t a . E n el d i s c u r s o , e n
g r a n p a r t e p e r d i d o , del 6o c o n q u e se i n i c i a la p a r t e c o n s e r v a d a , se lee
a ú n la frase « s u l e n g u a n o es p a r c i a l » , q u e s ó l o p u e d e r e f e r i r s e a los
j u e c e s e n el j u i c i o d e l o s m u e r t o s . D e l o s j u e c e s se s i g u e l u e g o
h a b l a n d o a m p l i a m e n t e . E l l o es i m p o r t a n t e p a r a t e n e r u n a i d e a d e la
e s c e n a . E l e g i p c i o n o v e í a e n la m u e r t e el f i n a b s o l u t o , s i n o u n a
t r a n s i c i ó n . L a m u e r t e física le llevaba a la p r e s e n c i a i n m e d i a t a d e los
d i o s e s , q u e e n la t i e r r a s ó l o i n d i r e c t a m e n t e e s t a b a n p r e s e n t e s . A s í
d i c e , p o r e j e m p l o , e n u n t e x t o d e la m i s m a é p o c a , u n d e m a n d a n t e
que hace t i e m p o que ha intentado inútilmente ante u n j u e z terreno
q u e se lé r e c o n o z c a su d e r e c h o : « M i r a , m e d i r i j o a ti c o n u n a r e c l a -
1 6
m a c i ó n , y t ú n o q u i e r e s e s c u c h a r m e » * . Este d e m a n d a n t e n o a m e -
naza c o n a c u d i r al p r ó x i m o t e m p l o de A n u b i s p a r a d i r i g i r s e al d i o s
c o n u n a o r a c i ó n , s i n o c o n el s u i c i d i o , el cual s u p o n e c a m b i a r la c e r -
c a n í a m e d i a t a p o r la i n m e d i a t a a l o s d i o s e s c o m o ú n i c a m a n e r a d e
14,7
p o d e r r e c u r r i r a la j u r i s d i c c i ó n d i v i n a . A n t e este u m b r a l e n t r e las
dos j u r i s d i c c i o n e s t i e n e l u g a r la disputa e n t r e el y o y el ba.
E n su r e s p u e s t a , el y o se l a m e n t a así: « M i 6a n o h a b l a c o n m i g o »
(5-6). Es q u e el ba h a a m e n a z a d o , i g u a l q u e el d e m a n d a n t e d e l o t r o
texto, c o n r e c u r r i r , f r e n t e a u n a d i s c u s i ó n q u e se le a n t o j a i n ú t i l c o n
el y o i n t e r e s a d o , d i r e c t a m e n t e al j u e z i m p a r c i a l d e l o s m u e r t o s , l o
q u e s ó l o se p u e d e c o n s e g u i r p o r la vía de la s e p a r a c i ó n , d e la m u e r t e ,
d e la d e t e r m i n a c i ó n d e « m a r c h a r s e » (smj). Y t a l . e s la p a l a b r a q u e
e m p l e a el y o : « m i 6a n o d e b e m a r c h a r s e , s i n o q u e d a r s e c o n m i g o »
:
(7)> y «n.o p u e d e ser q u e d e c i d a escaparse j u s t o el día de la d e s g r a -

145 Lo específico del ba es una libertad potencial del «yo». Justo este carácter del ba
como un componente de la persona virtualmente independiente y, por ende, sólo
integrable mediante nexos rituales, es lo que ha pasado por alto L.V. Zabkar en su
muy citada obra estándar sobre el concepto de ba: AStudyoftheBa Concept¡nAncientEgyp-
tianTexts, Chicago, 1968.
146 Bauer B2 113-115, ed. R.B. Parkinson, The Tale of the EloquentPeasant, Oxford, 1991, 47.
147 Cfr. la idea completamente distinta que subyace, por ejemplo, en Ps 7, y también en
las «Oraciones de un injustamente perseguido» (ÁHG n.° 191-193) en Egipto.
También en el Cuento de los hermanos Bata puede dirigirse directamente al dios Sol, que
a
interviene también directamente: E. Brunner-Traut, Altagfptische Marchen, 8. ed.,
Munich, 1989, 60-72, esp. 64.
Manetón cuenta la leyenda del suicidio del sabio Amenofis, hijo de Hapu, que vivió
bajo Amenofis III. Éste habría predicho grandes infortunios para todo el país. Pero
no tuvo valor para transmitir personalmente este oráculo al rey. Por eso lo dejó
detalladamente escrito y luego se suicidó.
 EGIPTO

1 8
c i a » ( i o ) " ' . « M i r a d » , p r o s i g u e el y o , q u e p a r e c e así apelar ya al j u e z
d e l o s m u e r t o s , « m i b a se o p o n e , p e r o y o n o le b a g o c a s o . E l m e
a r r a s t r a a la m u e r t e a n t e s d e q u e m e l l e g u e la h o r a » . L o q u e el y o
q u i e r e es:

Él debe estar (en el sentido de «esperar») en ese lado

iS
como hace el nehepu .
Que es aquel que sale para sich volver.

L o q u e s i e m p r e se q u i e r e d e c i r a q u í , hasta d o n d e el t e x t o resulta
c l a r o , y estas i m á g e n e s s u g i e r e n , es q u e el ba b a j o n i n g ú n c o n c e p t o
d e b e « m a r c h a r s e » . H a y q u e evitar la s e p a r a c i ó n d e y o y ba c o n la
m u e r t e , q u e el ba q u i e r e y el y o q u i e r e i m p e d i r . E l y o p r o s i g u e :

Mi ba se porta como u n necio al denigrar (?) la preocupación p o r

la vida.
Presérvame de la muerte antes de que me llegue m i hora.
Hazme agradable el occidente.
¿Es ella de verdad una desgracia?
La vida es u n plazo.
(¿También?) los árboles mueren.
¡Acaba con la mentira si m i miseria continúa!

F i n a l m e n t e , el y o h a b l a t a m b i é n de los j u e c e s de los m u e r t o s , cuya

i m p a r c i a l i d a d el ba h a b í a a l a b a d o , y desea q u e le j u z g u e n :

Que me juzgue T h o t h , que pacifica a los dioses,

que me defienda K h o n s u , que es el que escribe,
que escuche mis declaraciones Re, que detenga la barca solar,
50
que me defienda Isdes en la cámara sagrada' .

El ba r e s p o n d e :

No eres u n h o m b r e . ¡Todavía vives!

¿ Q u é quieres llevar a término
preocupándote p o r la vida como quien posee tesoros?

148 «El día de la desgracia» también en el verso 15: «... él me ataca el día de la desgra-
cia» . Se refiere al día de la muerte y del juicio al muerto.
e e
149 Tobin, op. cíí., 3451 l jr nhhnw.j «(como) el intercesor, mi abogado». Pero la pala-
bra nh<w>, «intercesor», no figura aquí. Quizá sea más probable nhnw, «el jubi-
loso», de nhn «regocijarse», que aparece a menudo en CT(i I54g¡ l6lkj 163a; -l69e;
309a; iv 86k).
150 P. Berlín 3024, 23-27, Barta, 13, 21.
 III / 6. LOS DOS M U N D O S Y EL LENGUAJE DE LA D E S E S P E R A C I Ó N ^ '4 3

C o n la p a l a b r a km, « c u m p l i r , llevar a t é r m i n o » , se vuelve s o b r e el

tema « t i e m p o » , q u e el y o h a b í a suscitado c o n la frase « l a vida es u n
p l a z o » . E l y o a b o g a p o r el t i e m p o , la d i l a c i ó n , la e s p e r a , la p a c i e n -
cia, y el ba p o r el a h o r a . C o n su respuesta, el y o aclara q u é v a l o r e s le
p r e o c u p a n y q u é hay q u e e n t e n d e r a q u í p o r « v i d a » :

Dije: no me despido si el más allá es desatendido.

Realmente saltas de aquí sin preocuparte.
T o d o malhechor dice: te agarraré.
A u n q u e estés muerto, tu nombre vive.
U n lugar de reposo es el más allá,
adonde el corazón conduce a u n o .
U n puerto es el occidente,
cuando la navegación es difícil [...]
Si mi ba me escucha sin ofenderme,
y su coi-azón concuerda conmigo, feliz será.
Haré que alcance el occidente como el señor de una tumba (como
«el que está en su p i r á m i d e » ) ,
después de haberse su deudo presentado su tumba.
Haré el frío sobre tu cadáver,
para que des envidia a otro ba que esté apagado.
Haré u n frío que no sea demasiado gélido,
para que des envidia a otro ba que es caliente.
Beberé agua j u n t o al pozo y p o n d r é u n quitasol,
para que des envidia a otro ba que pasa hambre.
Si me apartas de una muerte así,
no encontrarás ningún sitio donde instalarte.
Ten paciencia, m i ba, mi hermano,
hasta que aparezca u n heredero que haga la ofrenda,
que esté j u n t o a la tumba el día del entierro
para que vele (o extienda) el cuerpo.

Es c l a r o q u e a m b o s , el y o y el ba, d e s e a n la m u e r t e . S ó l o la f o r m a
y l a i d e a d e la m u e r t e s o n o b j e t o d e c o n t r o v e r s i a . E l y o se r e p r e -
s e n t a la m u e r t e c o m o s u b s i s t e n c i a d e la c o m u n i d a d viva d e y o ,
c u e r p o y ba e n c o n d i c i o n e s d i s t i n t a s . P a r a el ba, la m u e r t e s i g n i f i c a
u n a r u p t u r a d e esa c o m u n i d a d . L a m u e r t e q u e el y o d e s e a n e c e s i t a
p r e p a r a c i ó n y , p o r e n d e , t i e m p o . P o r eso a b o g a p o r el t i e m p o , el
p l a z o y la d i l a c i ó n . P a r a el ba, esta p r e o c u p a c i ó n p o r el m á s allá se
basa e n u n a i l u s i ó n y es a l g o s u p e r f l u o . E l 6a e n t o n a la m i s m a c a n -
 224 EGIPTO

c i ó n c o n la q u e , e n la e p o p e y a d e G i l g a m e s h , la d i o s a S i d u r i q u i e r e
disuadir al h é r o e d e l o i l u s o r i o de su b ú s q u e d a de la i n m o r t a l i d a d :
« ¡ S i g u e á L h e r m o s o día, o l v i d a la p r e o c u p a c i ó n ! » . L a m u e r t e es el
final: n o hay r e t o r n o . L a s t u m b a s a c a b a n e n r u i n a s y sus p r o p i e t a -
rios s o n o l v i d a d o s c o m o l o s p o b r e s q u e c a e n d e s f a l l e c i d o s al b o r d e
del d i q u e y c o n l o s q u e l o s p e c e s se e n t r e t i e n e n . E s t e « m á s a l l á »
c o n que el yo s u e ñ a es p u r a i l u s i ó n . Esta respuesta d e l b a es la n e g a -
c i ó n más e s c a n d a l o s a y b r u t a l d e l o s v a l o r e s s u p r e m o s q u e p u e d e
5
pensarse' '. Para u n l e c t o r e g i p c i o , éstos s o n auténticos « v e r s o s
s a t á n i c o s » . L o q u e a q u í se d e s e n m a s c a r a c o m o i l u s i ó n es el c e n t r o
m i s m o de las c o n v i c c i o n e s r e l i g i o s a s de E g i p t o : la p e r d u r a c i ó n d e l
c u e r p o m o m i f i c a d o e n l o m á s s e c r e t o d e la c á m a r a d e l s e p u l c r o , la
p e r d u r a c i ó n , e n la m e m o r i a s o c i a l d e l a p o s t e r i d a d , d e l n o m b r e
escrito e n el m o n u m e n t o f u n e r a r i o y la v i s i ó n de la l u z d e l s o l . Q u e
u n texto l i t e r a r i o l l e g u e a f o r m u l a r u n a o p o s i c i ó n t a n r a d i c a l a l o s
valores y n o r m a s s u p r e m o s d e la p r o p i a r e l i g i ó n , m e r e c e a d m i r a -
c i ó n y da q u e p e n s a r . L a s r e l i g i o n e s d o g m á t i c a s n o p u e d e n p e r m i -
tirse s e m e j a n t e a n t a g o n i s m o .
I n m e d i a t a m e n t e d e s p u é s de estos e s c a n d a l o s o s v e r s o s , el 6a c a m -
bia a b r u p t a m e n t e d e t o n o y c u e n t a d o s p a r á b o l a s . L a p r i m e r a h a b l a
de u n h o m b r e q u e h a a r a d o su c a m p o , c a r g a la c o s e c h a al a t a r d e c e r
e n su b a r c o y n a v e g a e n é l c o n su f a m i l i a r u m b o a su h o g a r . E n el
ocaso cae u n a t o r m e n t a , el b a r c o z o z o b r a y su esposa y sus h i j o s s o n
d e v o r a d o s p o r l o s c o c o d r i l o s . E l h o m b r e se s i e n t a e n la o r i l l a y se
lamenta: « N o l l o r o p o r aquella que n a c i ó y que n o p u e d e regresar
del o c c i d e n t e a o t r a ( v i d a ) e n l a t i e r r a . M e l a m e n t o p o r sus h i j o s ,
destrozados c u a n d o a ú n e s t a b a n e n el h u e v o , q u e t u v i e r o n q u e v e r el
r o s t r o d e l d i o s d e la m u e r t e a n t e s d e q u e e m p e z a r a n a v i v i r » . E s t a
frase es la n e g a c i ó n d e la s a b i d u r í a t r á g i c a d e l o s g r i e g o s y d e l Q o h e -
let: « L o m e j o r p a r a el h o m b r e es n o h a b e r n a c i d o » :

También observé todas las opresiones

que se cometen bajo el sol:
vi llorar a los oprimidos sin que nadie los.consolase,
sin que los consolase del poder de los opresores;
y llamé a los muertos que ya han muerto,
más dichosos que los vivos que aún viven,

ss
I g l Cfr. al respecto O. Renaud, Le Dialogue du Desesperé, 55 - Ba transgresseur»), que
pone de relieve el aspecto antagonístico de este pasaje.
 111 / 6. LOS DOS MUNDOS Y EL LENGUAJE DE LA D E S E S P E R A C I Ó N 2,2^

y mejor que los dos el que aún n o ha existido,

porque n o ha visto las maldades que se cometen bajo el sol.
(Qph. 4 . 1 - 3 )

E l m o t i v o a p a r e c e t a m b i é n e n u n t e x t o e g i p c i o , Las advertencias de
Ipuwer:

Mira, dicen grandes y pequeños: «¡deseé estar m u e r t o »

153
Los niños dicen: « S i n o me hubiera dejado v i v i r » .

A este p u n t o d e vista q u e el y o a d o p t a , o p o n e el b a , q u e e n c a r n a la
e n e r g í a v i t a l , l a d o c t r i n a d e q u e la m a y o r d e s g r a c i a es n o h a b e r
nacido: « N o l l o r o p o r los que h a n vivido, sino p o r los que n o h a n
e m p e z a d o a v i v i r » . C o n esta frase a c e n t ú a e l b a el v i t a l i s m o a m o r a l
q u e él r e p r e s e n t a hasta la p a r a d o j a , l o lleva d i r e c t a m e n t e al a b s u r d o .
L a s e g u n d a p a r á b o l a trata d e l t e m a d e l t i e m p o , d e l . p l a z o y d e la
d i l a c i ó n . U n h o m b r e p i d e —antes d e t i e m p o , al parecer— su c e n a .
S u m u j e r l e h a c e e s p e r a r h a s t a l a n o c h e . E l sale y n a v e g a . P o r l a
n o c h e regresa h a c i e n d o v e r q u e h a c a m b i a d o . P e r o su m u j e r le
c o n o c e : é l n o h a c e c a s o a q u i e n l e r e p r o c h a a l g o , y se m u e s t r a
« v a c í o de c o r a z ó n » ( e m p e d e r n i d o ) frente a sus p a l a b r a s . D e
n u e v o e l ba r e f l e j a s u p r o p i o p u n t o d e vista e n l a c o n d u c t a d e l
« h o m b r e » d e l q u e h a b l a . E l y o d e f i e n d e a q u í l a p o s i c i ó n d e la
m u j e r q u e p i e n s a q u e p a r a c e n a r h a y u n a h o r a , y e l ba d e l h o m b r e
q u e q u i e r e « a h o r a » s u c e n a . E l ba es o b s t i n a d o , « n o e s c u c h a » .
Que, c o n t o d o , e l ba a p a r e z c a c o m o n a r r a d o r , es a s o m b r o s o . E l se
p o n e e n el l u g a r d e l y o y c u e n t a las d o s p a r á b o l a s p a r a ilustrar
ambas p o s i c i o n e s .
Después de q u e el ba ha a b a n d o n a d o el plano del debate a r g u -
m e n t a t i v o y c o n t a d o parábolas, el y o c a m b i a t a m b i é n de p l a n o y
s o b r e p u j a las p a r á b o l a s del b a c o n c u a t r o c a n t o s l í r i c o s , r e c o n o c i b l e s
c o m o tales p o r e l r e c u r s o e s t i l í s t i c o d e l e s t r i b i l l o . L a p r i m e r a c a n -
c i ó n c o n s t a de o c h o estrofas b r e v e s q u e c o m i e n z a n todas c o n el v e r s o
« M i r a , m i n o m b r e apesta p o r t u c u l p a » , al q u e l u e g o s i g u e u n a
c o m p a r a c i ó n : « m á s q u e . . . » : más q u e el o l o r del buitre, del p e s -
c a d o , d e l o s p á j a r o s e n la m a l e z a d e l p a n t a n o , d e l o s p e s c a d o r e s , de
los c o c o d r i l o s ; m á s q u e el n o m b r e d e u n a esposa acusada d e a d u l t e -
r i o , m á s q u e el n o m b r e d e u n h i j o i l e g í t i m o , , m á s q u e e l n o m b r e d e

152 Mahnworte deslpuwer según Lichtheim, Ancient Egyptian Literature I, 153

226 EGIPTO

u n a c i u d a d r e b e l d e . C o n estos graves r e p r o c h e s r e a c c i o n a el yo c o n -
tra el e s c a n d a l o s o a m o r a l i s m o y el e s c e p t i c i s m o del ba r e s p e c t o al más
allá. E l ba h a b í a d e f e n d i d o u n p u n t o de vista q u e p o n e c a b e z a abajo
t o d o s l o s v a l o r e s y n o r m a s de E g i p t o . ¿ C ó m o n o iba así a « a p e s t a r »
el n o m b r e ?
G o m o las p a l a b r a s « m i r a » y « p o r t i » ( p o r t u c u l p a ) s o n e n
e g i p c i o h o m o g r á f i c a s , n o se p u e d e e x c l u i r q u e e n v e z d e « p o r t i »
haya que l e e r otra vez « m i r a » : « M i r a , m i n o m b r e apesta; m i r a ,
m á s q u e el o l o r de l o s b u i t r e s » . L a c a n c i ó n n o d e s c r i b i r í a e n t o n c e s
las c o n s e c u e n c i a s q u e s u f r e el y o p o r la m a n e r a d e p r o c e d e r p r o -
p u e s t a p o r el ba, s i n o m á s b i e n la s i t u a c i ó n q u e i n d u c e al h o m b r e
1 5 3
—yo y ba— al s u i c i d i o . S i n e m b a r g o , c o n s i d e r o esto i m p r o b a b l e .
A q u í n o h a b l a n a d i e q u e , p o r m o t i v o s q u e q u e d a n e n la o s c u r i d a d ,
h a y a c a í d o e n el m a y o r d e s c r é d i t o a n t e sus c o n t e m p o r á n e o s . S e
trata m á s b i e n d e l d e s t i n o d e l n o m b r e d e s p u é s d e la m u e r t e . E l y o
h a b í a ya antes r e c o r d a d o al ba q u e el n o m b r e s i g u e v i v i e n d o d e s p u é s
de la m u e r t e , y p o r eso t i e n e u n a r e s p o n s a b i l i d a d p o r s u f o r m a d e
v i v i r y su p r e p a r a c i ó n p a r a la m u e r t e . S i esta p r e p a r a c i ó n es d e s -
a t e n d i d a , el n o m b r e q u e c o n t i n ú a v i v i e n d o se v u e l v e « a p e s t o s o » y
es a b o r r e c i d o p o r l o s v i v o s . E n e l j u i c i o d e l m á s a l l á , el m u e r t o
s u p l i c a a su c o r a z ó n p u e s t o e n la b a l a n z a q u e n o h a g a q u e su n o m -
b r e « a p e s t e a n t e l o s d e l i b e r a d o r e s q u e s a c a n a l o s h o m b r e s las
1 5
c u e n t a s y las s u m a s » * . L a d o c t r i n a d e A n i a d v i e r t e : « N o te vayas
c u a n d o los jefes e n t r e n , para que tu n o m b r e n o a p e s t e » . Se alude
aquí, o b v i a m e n t e , a los c o m e n t a r i o s d e s a c r e d i t a d o r e s . El y o deja
c l a r o al b a q u e la c o n c e p c i ó n a m o r a l de la m u e r t e q u e él d e f i e n d e
c o n l l e v a r á el d e s c r é d i t o .
L a s e g u n d a c a n c i ó n es u n a d e s c r i p c i ó n d e u n ' c a o s . D e l o s tres
aspectos t r a d i c i o n a l e s d e l caos, la d e s i n t e g r a c i ó n : d e l o r d e n c ó s m i c o ,
la i n v e r s i ó n de las r e l a c i o n e s sociales y la d i s o l u c i ó n de l o s lazos e n t r e
los h o m b r e s , esta d e s c r i p c i ó n se c o n c e n t r a e x c l u s i v a m e n t e e n el t e r -
cer a s p e c t o : la d e s a p a r i c i ó n d e l « a m o r » . T o d o es a q u í c o n d u c i d o a
la c u e s t i ó n de q u é s e n t i d o p u e d e t e n e r a ú n la v i d a e n u n m u n d o e n
el q u e d o m i n a l a c o d i c i a e n v e z d e l a m o r . E l R e i n o M e d i o h a b í a

:
153 Esta es la concepción de O. Renaud, Le Dialogue du Desesperé, 49 s., que aboga por una
interpretación puramente psicológica.
154 Libro de los muertos, cap. 30B, ed. de E.A.W. Budge, TheEgyptianBookoftheDead,
Londres, 1910, tomo I, 130. La palabra para «hacer apestoso» aquí empleada es
distinta que en el Desesperado.
 111/6. LOS DOS M U N D O S Y EL L E N G U A J E DE LA D E S E S P E R A C I Ó N Q,2,J

h e c h o de la « j u s t i c i a c o n e c t i v a » la f o r m a c i ó n de s e n t i d o d o m i n a n t e ,
r e l a c i o n á n d o l a c o n la idea del j u i c i o de l o s m u e r t o s c o m o i n s t a n c i a
t r a s c e n d e n t e y ú l t i m a m e n t e f u n d a m e n t a d o r a . Esta f o r m a c i ó n de
s e n t i d o es a q u í i l u m i n a d a y e x a m i n a d a hasta e n sus f u n d a m e n t o s
m i s m o s . ¿ P u e d e el h o m b r e e n u n m u n d o d e l q u e la s o l i d a r i d a d y la
m e m o r i a han desaparecido y que n i n g u n a justicia conectiva c o h e -
s i o n a e n u n a c o m u n i d a d , p e r s e v e r a r e n l o s v a l o r e s q u e o b t i e n e n su
f u e r z a n o r m a t i v a d e la c r e e n c i a e n u n a v i d a d e s p u é s d e la m u e r t e ?
¿ O p i e r d e su i d e n t i d a d m o r a l y se r i n d e a la d i s o l u c i ó n g e n e r a l ? La
s e g u n d a c a n c i ó n d e l yo retrata u n m u n d o s i n lazos h u m a n o s :

¿ A quién puedo hablar hoy?

Los hermanos son malos, los amigos de hoy no aman.

¿ A quién puedo hablar hoy?

Los corazones son codiciosos, todo el m u n d o toma los bienes de
su p r ó j i m o .
< ¿ A quién puedo hablar hoy? >

El benévolo perece, el violento ha contaminado a todo el m u n d o .

¿ A quién puedo hablar hoy?

La cara de la maldad está contenta, lo b u e n o es en todas partes
arrojado al suelo.
¿ A quién puedo hablar hoy?
El que tendría que provocar la ira p o r su maldad,
hace a todos reír incluso si su ofensa es grave.

¿ A quién puedo hablar hoy?

Reina la rapiña, todo el m u n d o roba a su p r ó j i m o .

¿A.quién puedo hablar hoy?

El traidor es confidente,
el compañero se ha vuelto enemigo.

¿ A quién puedo hablar hoy?

Nadie se acuerda de ayer, y hoy nadie hace nada p o r el que antes
ha hecho algo p o r u n o .
 228 EGIPTO

¿ A quién puedo hablar hoy?

Los hermanos son malos, y se recurre a los extraños para inclinar
su corazón.

¿ A quién puedo hablar hoy?

Los rostros se vuelven, todo el m u n d o mira al suelo ante sus h e r -
"55
manos .

¿A quién p u e d o hablar h o y ?
Los corazones son c o d i c i o s o s , n o hay u n corazón en el que.se
pueda confiar.

¿ A quién p u e d o hablar hoy?

N o hay justos (m^'t/), el país está en manos de los malhechores
(/#•

¿ A quién puedo hablar h o y ?

N o hay confianza, se recurre a u n desconocido para quejarse.

¿ A quién puedo hablar hoy?

Nadie está contento; aquel que nos acompañaba ya no está.

¿ A quién puedo hablar h o y ?

Estoy cargado de miseria por falta de alguien en quien confiar.

¿ A quién puedo hablar h o y ?

56
La injusticia cunde en el país, y no se ve su f i n a l ' .
E l a u t o r sufre e n su s o l e d a d f o r z o s a e i n m e r e c i d a la d e s v e n t u r a de
la c o m u n i d a d d e s t r u i d a , q u e retrata e n dieciséis c u a d r o s : l a falta de
a m o r , el d o m i n i o de la c o d i c i a , la d e s a p a r i c i ó n de la b e n e v o l e n c i a , el
i n c r e m e n t o de la v i o l e n c i a , el d e s p r e c i o de l o b u e n o y la s a t i s f a c c i ó n
e n el m a l , la t r a n s f o r m a c i ó n de l o s c o m p a ñ e r o s e n e n e m i g o s , la d e s -
a p a r i c i ó n d e l r e c u e r d o , d e la g r a t i t u d y de la r e c o m p e n s a , la m i r a d a
IgS Cfr. Amenemope 16, 20 s.: «No seas tímido con él, no inclines la cabeza y no bajes
la mirada».
156 P. Berlín 3024, 103-130-, H. Goedicke, The Report about the Dispute of a Man with hisBa.
_I
PapyrusBerlín3024, Baldmore, 1970, l 5 5 7 2 ; W. Barta, Das Gesprach einesMannesmitsei-
nemBa (Papyrus Berlín 3024), Berlín, 1969, l6-l8, 26-27.
 I I I / 6 . LOS DOS MUNDOS Y EL LENGUAJE DE LA D E S E S P E R A C I Ó N 22$

desviada, la falta de c o n t a c t o y de e n t e n d i m i e n t o s i n palabras, la d e s -

a p a r i c i ó n de la c o n f i a n z a , etc. T a l es el « m u n d o f a l s o » e n el q u e el
j u s t o n o e n c u e n t r a a c o m o d o . G o m o e n el t e x t o a r r i b a c i t a d o d e la
cantata d e B a c h , la m i r a d a d e l y o se aparta de este m u n d o q u e se h a
v u e l t o i n h a b i t a b l e y se d i r i g e al m á s a l l á . B a j o esta m i r a d a t o d o se
i n v i e r t e , y la m u e r t e , u n a p a l a b r a q u e t a m b i é n e n la l e n g u a e g i p c i a
t i e n e u n t o n o a b o r r e c i b l e , t e m i b l e y es n o r m a l m e n t e e v i t a d a y
sorteada c o n eufemismos c o m o « d e s e m b a r c a r » , aparece c o m o u n
viraje s a l v a d o r . T a l es el t e m a de la t e r c e r a c a n c i ó n .
L a t e r c e r a c a n c i ó n es el c é l e b r e p o e m a c o n el e s t r i b i l l o « l a
m u e r t e está h o y a n t e m í » , c o n o c i d o más allá d e l e s t r e c h o c í r c u l o de
la e g i p t o l o g í a y r e c o n o c i d o c o m o u n a p i e z a s e ñ e r a d e la l i t e r a t u r a
universal.

La muerte está hoy ante mí

(como) cuando u n enfermo sana, como salir alaire libre después
de haber estado encerrado.
La muerte está hoy ante mí,
como el aroma de la mirra,
c o m o el estar sentado bajo una vela en u n día ventoso.
La muerte está hoy ante mí,
c o m o el aroma de la flor de loto,
cpmo el estar sentado al borde de la embriaguez.
La muerte está hoy ante mí,
c o m o cuando la lluvia cesa (o-, como u n camino trillado).,
como cuando u n h o m b r e regresa de una campaña militar.
La muerte está hoy ante mí,
c o m o c u a n d o el cielo se despeja, c o m o u n h o m b r e que es i n s -
truido (??) allí en algo que desconocía.
La muerte está hoy ante mí, '
c o m o u n h o m b r e ansioso de volver a ver su casa,
después de haber pasado muchos años en cautividad.

N o se h a r á j u s t i c i a a este t e x t o si n o se a p r e c i a t o d o el í m p e t u
h a c i a l a p a r a d o j a o l a i n v e r s i ó n q u e e n t r a ñ a . A s í c o m o el ba h a b í a
p u e s t o cabeza abajo l o s valores s u p r e m o s de la r e l i g i ó n e g i p c i a , p o n e
a q u í el y o c a b e z a a b a j o l o s t e m o r e s m á s p r o f u n d o s d e l a c r i a t u r a
h u m a n a . L a . m u e r t e es c o m o sanar d e u n a e n f e r m e d a d . « N o olvides
sacrificar u n gallo a A s c l e p i o » , dijo S ó c r a t e s m o r i b u n d o . E n G r e c i a ,
el q u e se h a b í a c u r a d o de u n a grave e n f e r m e d a d s a c r i f i c a b a u n g a l l o
 EGIPTO

al d i o s de la m e d i c i n a . C o m p a r a b l e e n r a n g o e n c u e n t r o la c o n c e p -
c i ó n expresa e n la t e r c e r a c a n c i ó n d e l , y o .
L a cuarta c a n c i ó n v u e l v e la m i r a d a al o t r o m u n d o , y el « a l l í » , el
« n o - a q u í » , a p a r e c e c o m o s a l v a c i ó n de la s i t u a c i ó n d e s e s p e r a d a d e l
p r e s e n t e de la m i s m a m a n e r a q u e ' e n la Profecía de Neferti al a d v e n i -
m i e n t o d e l rey salvador A r m e n i .

Pero quien está allí, existirá c o m o u n dios vivo,

que castiga las ofensas a quien las comete.
Pero quien está allí, estará en la barca (solar)
y repartirá ofrendas en los templos.
Pero quien está allí, será u n sabio que no puede ser desoído
157
cuando se dirija al dios Sol, cuando h a b l e .

L a c o n t r a p o s i c i ó n d e a q u í y a l l í es p e r f e c t a m e n t e u n í v o c a . L a s
actividades del que «está a l l í » s o n actos ejemplares de c o m p o r t a -
m i e n t o c o n e c t i v o : castigar la m a l d a d , p r o v e e r al t e m p l o d e o f r e n d a s ,
h a b l a r c o m o u n s a b i o . Ellas r e a l i z a n j u s t o l o q u e « a q u í » es i m p o s i -
b l e . L a c o n e c t i v i d a d , o sea, M a ' a t , q u e e n el más acá h a d e s a p a r e c i d o ,
se p u e d e e n c o n t r a r « a l l í » , y la p e r f e c t a c o n v i v e n c i a , q u e a q u í ya n o
es p o s i b l e , p u e d e u n o r e a l i z a r l a allí c o m o u n d i o s v i v i e n t e .

E l texto c o n c l u y e c o n las p a l a b r a s d e l ba, q u e h a b l a n u n l e n g u a j e

c o m p l e t a m e n t e t r a n s f o r m a d o , el lenguaje del a m o r ' y la r e c o n c i l i a c i ó n :

¡Deja de lamentarte,
tú mi semejante, mi hermano!
Haz u n sacrificio
y adáptate a la vida tal como tú la ves.
Á m a m e « a q u í » , después de que hayas retrasado el occidente,
pero ansia con todo tu ser alcanzar el occidente,
cuando tu cuerpo toque la tierra.
Q u i e r o establecerme después de que tú caigas rendido.
Entonces habitaremos juntos.

157 P. Berlín 3024, 142-147; Barta, op. cit, 18, 28, 47; Goedicke, op. cit, 178-182. Para
el último par de versos, cfr. el texto de un sarcófago de Kom el Hisn que cita A.
Loprieno en Topos und Mimesis, 97'-
hmsj.k r-gs R'w
sdm.fmdw.k
Puedas tú estar sentado junto a Re,
y quiera él escuchar tus palabras.
 111/6. LOS DOS M U N D O S Y EL L E N G U A J E DE LA D E S E S P E R A C I Ó N 2,31

C o n estas p a l a b r a s le r e c o n o c e el ba al y o t o d o a q u e l l o e n l o q u e
h a b í a i n s i s t i d o d e s d e el p r i n c i p i o : la espera p a c i e n t e de a m b o s hasta
que l l e g u e la h o r a de la m u e r t e , la p r e p a r a c i ó n para el « o c c i d e n t e » y
la p e r d u r a c i ó n de la i d e n t i d a d c o m ú n —el « n o s o t r o s » a p a r e c e p o r
p r i m e r a y ú n i c a v e z e n el ú l t i m o de l o s v e r s o s d e l t e x t o , y s i n d u d a
constituye u n p u n t o culminante— más allá del u m b r a l de la m u e r t e . E l
b a se a m o l d a a h o r a a la c o m u n i d a d q u e e n el c o m i e n z o p e r d i d o d e l
texto había r e p u d i a d o . E n la s i t u a c i ó n d e c o m p l e t o a i s l a m i e n t o e n la
que se desenvuelve el d i á l o g o , el h o m b r e e n c u e n t r a a p o y o y c o n s u e l o
e n sí m i s m o si t e r m i n a r e c o n o c i e n d o l o s v a l o r e s y las n o r m a s q u e
—aunque h a n d e s a p a r e c i d o p a s a j e r a m e n t e de « e s t e » m u n d o — r i g e n
e n el más allá y s o n ratificados e n el j u i c i o de l o s m u e r t o s .
O d e t t e R e n a u d h a s u s t e n t a d o , e n u n a sugestiva i n t e r p r e t a c i ó n , la
idea de q u e este texto d e s c r i b e u n caso p s i c o p a t o l ó g i c o , « l a p r i m e r a
n e u r o s i s d e la h i s t o r i a u n i v e r s a l » . P r e f i e r o el c o n c e p t o de d e s e s p e ­
r a c i ó n . E n u n m u n d o c u y a f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d o m i n a n t e la
constituye la « j u s t i c i a c o n e c t i v a » de la c o m u n i d a d , la s o l e d a d s i g n i ­
fica u n a crisis t e r r i b l e , q u e s u m e al i n d i v i d u o e n la m a y o r d e s e s p e r a ­
c i ó n . E l texto presta a la e x p e r i e n c i a de la d e s e s p e r a c i ó n u n l e n g u a j e ,
igual q u e el Libro de Job e n la t r a d i c i ó n b í b l i c a , y la s u p e r a al h a c e r q u e
la m i r a d a se fije e n o t r o h o r i z o n t e q u e abre al y o s o l i t a r i o la p e r s p e c ­
tiva d e la c o m u n i d a d c o n su a l m a y c o n l o s d i o s e s d e l o t r o m u n d o .
T a m b i é n e n el Libro de Job es la d e s e s p e r a c i ó n d e l y o s u p e r a d a p o r la
ampliación del h o r i z o n t e , que aquí tiene ciertamente u n carácter
cosmológico y teológico completamente distinto.
El texto n o trata de este m u n d o tal c o m o es, s i n o de u n a s i t u a c i ó n
catastrófica. P e r t e n e c e al g é n e r o de las l a m e n t a c i o n e s y las d e s c r i p c i o ­
nes de c a o s . E n el e x p e r i m e n t o d e la f i c c i ó n l i t e r a r i a , la j u s t i c i a
c o n e c t i v a , la f o r m a c i ó n de s e n t i d o d e l R e i n o M e d i o , es s o m e t i d a a
u n a radical p r u e b a de resistencia. L a literatura se m u e s t r a e n esta o b r a
c o m o i n s t r u m e n t o dé u n a a u t o i l u m i n a c i ó n social y a n t r o p o l ó g i c a e n
la que u n a c u l t u r a caracterizada p o r su firmeza se c e r c i o r a de sus v a l o ­
res s u p r e m o s . S i otras obras de este g é n e r o , c o m o las Advertencias de Ipu-
wery la Profecía deNeferti, se p r e o c u p a n s o b r e t o d o p o r la c u e s t i ó n de lo
q u e s u c e d e c o n el E s t a d o c u a n d o la j u s t i c i a c o n e c t i v a se r o m p e , a q u í
se trata d e l d e s t i n o d e l i n d i v i d u o . E l Desesperado se o c u p a c o n el p r o ­
b l e m a de la s o l e d a d . N o dice q u e el h o m b r e esté s o l o e n este m u n d o ,
sino q u e , e n u n m u n d o s i n M a ' a t , se vuelve n e c e s a r i a m e n t e s o l i t a r i o .
Q u e a q u í n o hay n a d a p a r e c i d o a u n a g n o s i s , l o d e m u e s t r a la r e f e r e n -
 EGIPTO

cia a la realidad de las d e s c r i p c i o n e s d e l caos. Éstas se r e f i e r e n s i e m p r e

a u n a situación t e m p o r a l , y n o h a c e n n i n g u n a diagnosis de validez
intemporal. N o quieren describir u n m u n d o esencialmente depra-
v a d o y p e r d i d o y d e c l a r a r al h o m b r e e x t r a n j e r o e n u n m u n d o m a l o .
Más b i e n reflejan la i n c e r t i d u m b r e y la fragilidad de las o r d e n a c i o n e s
q u e h a c e n a este m u n d o h a b i t a b l e y p e r m i t e n al h o m b r e existir e n é l .
E l h o m b r e n o t i e n e o t r o h o g a r . E l m u n d o d e los dioses n o es « o t r o
m u n d o » . P e r o el m u n d o d e los dioses y el j u i c i o de los m u e r t o s c o n s -
t i t u y e n u n a esfera d e f i n i d a , f u n d a m e n t a d o r a , e n la q u e las o r d e n a c i o -
n e s d e ese m u n d o d e s a p a r e c e n c u a n d o s o n s u p r i m i d a s desde « a q u í » .
Tal es el m e n s a j e d e l Desesperado.
O t r a d e s c i p c i ó n d e u n caos p e r t e n e c i e n t e a u n a é p o c a m u y p o s t e -
r i o r , la Carta literaria de Moscú, r e t r a t a t a m b i é n el d e s a m p a r o d e u n
e x c l u i d o y s o l i t a r i o , q u e d i r i g e i g u a l m e n t e su m i r a d a al m á s allá y a la
c o m u n i d a d c o n el d i o s S o l :

Si me hubiese llegado una noticia para consolar a mi corazón,

cuando vino la desgracia.
Pero nunca hubo u n gesto de atención a mi estado
a lo largo de todo m i p e r i p l o .
Si huesos y carne s o n a b a n d o n a d o s d o n d e empieza el desierto
¿quién los enterrará?
N o hubo ninguna muestra de preocupación por mí.
Mira, ni los muertos ni los vivos se preocuparon p o r mi aflicción.
¿ Q u é importarán mis sufrimientos en el tiempo futuro,
58
cuando esté en el reino de los muertos, mirando el h o r i z o n t e ? ' .

T a m p o c o este texto h a c e u n d i a g n ó s t i c o d e l m u n d o tal c o m o es,

s i n o de u n a s i t u a c i ó n i n d i v i d u a l d e c o m p l e t o a b a n d o n o e n la q u e la
c e r c a n í a al d i o s S o l , q u e la m u e r t e p r o m e t e , es la ú n i c a c o m u n i d a d
e n la q u e el s o l i t a r i o p u e d e a ú n c o n f i a r .
E l E g i p t o f a r a ó n i c o n u n c a l l e g ó a u n a d o c t r i n a r a d i c a l d e los d o s
m u n d o s e n el s e n t i d o d e l c r i s t i a n i s m o , el j u d a i s m o y la g n o s i s . E n el
j u i c i o d e l o s m u e r t o s , las n o r m a s d e este m u n d o y las d e l o t r o e s t á n
a c o p l a d a s . L o q u e vale a q u í , vale t a m b i é n allí; l o q u e a q u í trae f e l i c i -
d a d , f o r t u n a y é x i t o , t a m b i é n allí es r e c o n o c i d o . L a i d e a de la i n v e r -
s i ó n , de q u e el a q u í p o b r e será allí r i c o y viceversa, y la i d e a de la c o m -
p e n s a c i ó n , d e q u e al a q u í o p r i m i d o será a l l í c o m p e n s a d o p o r la

158 P. Moscú 127.3, 9-13, R.A. Caminos, A Tale ofWoe, Oxford, 1977, 40-4.3.
 111/6. LOS DOS M U N D O S Y EL LENGUAJE DE LA D E S E S P E R A C I Ó N 2,33

injusticia p a d e c i d a , s o n extrañas a los textos clásicos e g i p c i o s . E l j u i c i o

de los m u e r t o s s u p o n e q u e este y el o t r o m u n d o n o están s e p a r a d o s ,
sino, p o r el c o n t r a r i o , estrechamente v i n c u l a d o s , tanto, q u e el m o d e l o
de los d o s m u n d o s , tal c o m o l o c o n o c e m o s d e la t r a d i c i o n e s j u d í a ,
c r i s t i a n a y g n ó s t i c a , está a q u í c a t e g ó r i c a m e n t e e x c l u i d o . C o n v i e n e
subrayar este a s p e c t o , p u e s la i m p o r t a n c i a de la literatura f u n e r a r i a y
de las r e p r e s e n t a c i o n e s d e l más allá, p i n t a d a s c o n los c o l o r e s m á s
v a r i a d o s , t a n t o claros c o m o o s c u r o s , p o d r í a dar p i e al m a l e n t e n d i d o
de q u e ellas e n c i e r r a n u n a d o c t r i n a i n e q u í v o c a de los dos m u n d o s .
 7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN,
EL «HUNDO DIVIDIDO» Y EL PROBLEMA DEL MAL

T E O C R A C I A REPRESENTATIVA

E n este c a p í t u l o q u i s i e r a t r a t a r a l g u n a s c u e s t i o n e s g e n e r a l e s d e la
v i s i ó n e g i p c i a d e l m u n d o q u e e x c e d e n él e s t r e c h o m a r c o d e u n a h i s -
t o r i a d e l s e n t i d o d e l R e i n o M e d i o . P e r o c r e o q u e las e x p e r i e n c i a s d e l
P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o y el r e c u e r d o q u e de ellas t e n í a el R e i n o
M e d i o i m p u l s a r o n d e c i s i v a m e n t e la f o r m a c i ó n d e esta c o s m o l o g í a .
E n la m i r a d a r e t r o s p e c t i v a de los t i e m p o s p o s t e r i o r e s , E g i p t o a p a r e -
cía, y a p a r e c e h o y a n t e n o s o t r o s , c o m o u n país y u n a c u l t u r a c o n u n a
p a r t i c u l a r p r o x i m i d a d a l o d i v i n o . L o s dioses h a b i t a b a n y d o m i n a b a n
el país e n f o r m a de i m á g e n e s de c u l t o y de t e m p l o s , y la d e n s i d a d de
p o b l a c i ó n d i v i n a e r a ú n i c a . T o d o u n e j é r c i t o d e s a c e r d o t e s estaba a
su s e r v i c i o de m a n e r a i n c e s a n t e e i n t e n s a . L o s d i o s e s t e n í a n q u e ser
tres veces al día u n g i d o s , v e s t i d o s , a l i m e n t a d o s y a l a b a d o s . N o es así
a s o m b r o s o q u e , e n l a a n t i g ü e d a d t a r d í a , E g i p t o f u e r a el « p a í s m á s
s a g r a d o » y el « t e m p l o d e l m u n d o » .
P e r o ésta es u n a f o r m a p o s t e r i o r d e la r e l i g i ó n e g i p c i a q u e s ó l o
p o c o a p o c o f u e p e r f i l á n d o s e a l o l a r g o d e m i l e n i o s . E n el R e i n o
A n t i g u o , los t e m p l o s e r a n p e q u e ñ o s , locales y p o c o i m p o r t a n t e s . L o s
reyes p o n í a n t o d o su i n t e r é s e n las c o n s t r u c c i o n e s d e c u l t o f u n e r a -
r i o , n o e n l o s t e m p l o s d e l o s d i o s e s r e g i o n a l e s , y el c u l t o f u n e r a r i o
r e a l era e n esta é p o c a el v e r d a d e r o c u l t o estatal. S ó l o e n el R e i n o
M e d i o a p a r e c e n los reyes c o m o c o n s t r u c t o r e s de t e m p l o s d e d i c a d o s a
 III / 7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN...
235

los d i o s e s y g u a r d i a n e s d e l c u l t o a l o s m i s m o s . L o s reyes a d o p t a r o n
este n u e v o p a p e l d e los p r í n c i p e s d e l o s n o m o s y l o s m a g n a t e s d e l
P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . L o s p r í n c i p e s ya n o p o d í a n d e c i r q u e
c u m p l í a n u n a m i s i ó n del g o b i e r n o c e n t r a l f a r a ó n i c o , y t u v i e r o n q u e
b u s c a r o t r a i n s t a n c i a q u e l e g i t i m a s e el d o m i n i o q u e e j e r c í a n . A este
fin a p e l a b a n a l o s dioses —algo d e l o q u e el rey d e l R e i n o A n t i g u o n o
tenía necesidad—, c o n c r e t a m e n t e al d i o s de la capital d e su n o m o . A s í
l e e m o s , p o r e j e m p l o , e n las i n s c r i p c i o n e s de A n j t i f i d e M o ' a l i a :

Horus me ha llevado al n o m o de Edfú

para que haya vida, prosperidad, salud, para que <mi> nombre le
59
traiga u n (nuevo) o r d e n ' .
Pero Horus sentía el deseo de instaurar en él u n nuevo orden,
porque me había llamado a él (al n o m o ) para establecer u n nuevo
orden.

Q u e u n d i o s t o m e la i n i c i a t i v a , es a l g o c o m p l e t a m e n t e n u e v o .
H o r u s d e E d f ú a p a r e c e a q u í e n el p a p e l q u e t e n í a el rey e n el R e i n o
A n t i g u o : el d e l q u e o r d e n a y l e g i t i m a l a a c c i ó n d e l f u n c i o n a r i o .
A h o r a , el p r í n c i p e d e l n o m o ya n o se ve c o m o f u n c i o n a r i o del rey y
representante del g o b i e r n o central, sino c o m o agente del dios que,
c o m o d i o s de la c i u d a d y d e l n o m o , es el v e r d a d e r o s e ñ o r del p a í s y
n o m b r a al p r í n c i p e su p r o c u r a d o r . A s í se instituye u n a n u e v a r e l a c i ó n
e n t r e el m u n d o d e l o s d i o s e s y las a c c i o n e s h u m a n a s - h i s t ó r i c a s . E l
d i o s es el s e ñ o r d e l p a í s , y el p r í n c i p e el g o b e r n a d o r p u e s t o p o r el
d i o s . Este m o d e l o de p o d e r l e g í t i m o d e s a r r o l l a d o p o r l o s p r í n c i p e s
del P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o es a d o p t a d o p o r l o s reyes d e l R e i n o
M e d i o , y, s i g u i é n d o l e s , p o r t o d o s los reyes p o s t e r i o r e s . T a m b i é n ellos
a p a r e c e r á n d e s d e e n t o n c e s c o m o a g e n t e s e l e g i d o s , l l a m a d o s p o r el
d i o s d e l r e i n o , q u e c o m o c r e a d o r es t a m b i é n el v e r d a d e r o s e ñ o r d e l
m u n d o , y se c o n s i d e r a r á n sus p r o c u r a d o r e s r e s p o n s a b l e s e n la tierra.
E l l o c o n c u e r d a m á s c o n el m o d e l o m e s o p p t á m i c o q u e c o n el
e g i p c i o del R e i n o A n t i g u o . Es v e r d a d q u e n o t e n e m o s textos del
R e i n o A n t i g u o q u e n o s i n f o r m e n s o b r e el m o d e l o e n t o n c e s v i g e n t e
del p o d e r l e g í t i m o . P e r o los títulos reales, la a r q u i t e c t u r a y la i c o n o -
grafía h a b l a n u n l e n g u a j e c l a r o . E l d i o s d e l E s t a d o es el rey m u e r t o .
S u c u l t o a b s o r b e t o d o s l o s trabajos a r q u i t e c t ó n i c o s y r i t u a l e s . E l rey
vivo es el s e ñ o r de ese c u l t o . E l lleva el n o m b r e d e l d i o s H o r u s c o m o

159 (° sea, fgrg.sjr.n<.j> «y yo hice (lo que debía)».

 236 EGIPTO

su t í t u l o m á s i m p o r t a n t e , y es c i e r t a m e n t e c o n s i d e r a d o la e n c a r n a ­
c i ó n viva de este d i o s (y n o su r e p r e s e n t a n t e e n la t i e r r a ) . J u n t o a este
« m o d e l o e n c a r n a t o r i o » o r i g i n a l va p e r f i l á n d o s e d u r a n t e el R e i n o
A n t i g u o u n segundo m o d e l o que yo llamaría «constelativo». El
m o d e l o e n c a r n a t o r i o , e x p r e s o e n el t í t u l o de H o r u s y, p o r e n d e , ya
d o c u m e n t a d o e n la é p o c a d e N a q a d a , ve e n el f a r a ó n la e n c a r n a c i ó n
del d i o s s u p r e m o . E l m o d e l o c o n s t e l a t i v o ve e n el f a r a ó n al h i j o d e l
d i o s s o l a r R e . E s t e m o d e l o e n c u e n t r a s u e x p r e s i ó n e n el t í t u l o d e
« h i j o d e R e » , q u e t o m a p o r p r i m e r a vez el h i j o de K e o p s l l a m a d o
D j e d e f r e y se h a c e c a n ó n i c o c o n l o s reyes de la V dinastía. S e g ú n este
m o d e l o , el d i o s s u p r e m o n o se e n c a r n a e n el rey, s i n o q u e c r e a al
rey, l o e n g e n d r a c o n u n a m u j e r t e r r e n a l . E s t e g i r o d e la t e o c r a c i a
i d e n t i t a r i a a la t e o c r a c i a r e p r e s e n t a t i v a d e l rey q u e d ó c o n s e r v a d o e n
el r e c u e r d o c u l t u r a l d e l o s e g i p c i o s . E l m i t o q u e e x p l i c a esta t r a n s ­
f o r m a c i ó n nos ha sido transmitido en una obra literaria mayor del
R e i n o M e d i o t a r d í o . F o r m a p a r t e de u n ciclo de h i s t o r i a s . P r e s c i n d i ­
r e m o s a q u í de su e n t e r o c o n t e x t o p a r a l i m i t a r n o s a d i c h o m i t o .
E l rey K e o p s , se c u e n t a a h í , s i e n t e el d e s e o de c o n o c e r el n ú m e r o
de c á m a r a s secretas d e l t e m p l o d e H e l i ó p o l i s . E l sabio al q u e se p r e ­
g u n t a a n u n c i a al rey q u e n o será él, s i n o tres reyes p o s t e r i o r e s , q u e
g o b e r n a r á n e n el f u t u r o c o m o s u c e s o r e s d e su n i e t o , q u i e n e s l e
d a r á n esa i n f o r m a c i ó n . E s t o s reyes s o n u n o s t r i l l i z o s q u e el p r o p i o
d i o s s o l a r h a t e n i d o c o n l a m u j e r m o r t a l d e u n o de sus s a c e r d o t e s .
Ellos l e v a n t a r á n t e m p l o s a los dioses y los s u r t i r á n de ofrendas. Es
c l a r o —y se s u p o n e aquí— q u e K e o p s n o h i z o n a d a de esto a d e m á s de
la c o n s t r u c c i ó n de su gigantesca p i r á m i d e . K e o p s se interesa c o n s o s ­
p e c h o s o e n t u s i a s m o p o r l o s datos exactos. Es o b v i o q u e q u i e r e q u i t a r
d e e n m e d i o a l o s r e y e s a n u n c i a d o s . P e r o éstos v i e n e n i n t a c t o s al
m u n d o y reciben los n o m b r e s que nos h a n sido transmitidos c o m o
los de los tres p r i m e r o s reyes de la dinastía Vi A q u í t e n e m o s algo q u e
d e o t r o m o d o h a b r í a m o s e c h a d o e n falta: u n t r o z o d e la lista de l o s
reyes n a r r a t i v a m e n t e m o d e l a d o .
L o s t e s t i m o n i o s a r q u e o l ó g i c o s y e p i g r á f i c o s d a n la r a z ó n al m i t o .
D e h e c h o , a p a r t i r d e la d i a n s t í a V t o d o s l o s reyes e g i p c i o s se l l a m a n
« h i j o s de R e » . L o s reyes d e la dinastía V i n c l u s o e r i g i e r o n , j u n t o a sus
p r o p i o s t e m p l o s f u n e r a r i o s —y e s t r e c h a m e n t e ligados a éstos e n c u a n t o
a su o r g a n i z a c i ó n — s a n t u a r i o s al s o l , a l g o d e l o q u e l o s reyes de las
dinastías p o s t e r i o r e s f u e r o n d i s t a n c i á n d o s e . O b v i a m e n t e esta t r a d i ­
c i ó n n o h a b í a c o n s e g u i d o i m p o n e r s e . P e r o e l t í t u l o d e h i j o de R e
 III / 7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN..,
237

i n a u g u r ó u n a n u e v a era e n la h i s t o r i a d e E g i p t o . P o d r í a l l a m á r s e l a ,
r e c o r d a n d o la t e o r í a h i s t ó r i c a d e J o a q u í n d e F i o r e , la « E d a d del
H i j o » . L a f i l i a c i ó n d i v i n a d e l f a r a ó n e n el p a n t e ó n e g i p c i o , y e s p e -
c i a l m e n t e la c o n d i c i ó n de h i j o de R e , d i o s c r e a d o r y d i o s del E s t a d o ,
d e t e r m i n a r á d e s d e e n t o n c e s la i m a g e n r e g i a . G o m o h i j o actúa el rey
p a r a el p a d r e , o sea, p a r a la t o t a l i d a d ' d e sus p a d r e s y m a d r e s . Para
c o n t e n t a r l o s c o n s t r u y e t e m p l o s q u e c o l m a de o f r e n d a s , y p o r m a n -
dato suyo g o b i e r n a a l o s h o m b r e s y e m p r e n d e g u e r r a s . P e r o h a y q u e
p r e g u n t a r s e si la « E d a d del H i j o » y el g i r o de la t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a
a la representativa c o m i e n z a n r e a l m e n t e c o n la dinastía V . L a c o n c e p -
ción' d e l p a p e l d e l rey, ligada al t í t u l o d e h i j o de R e y a l a - f u n c i ó n de
r e p r e s e n t a n t e d e l o s d i o s e s y m e d i a d o r e n t r e el m u n d o d e los h o m -
bres y el m u n d o de los dioses es ante t o d o p r o p i a de la i m a g e n d e l rey
e n el R e i n o M e d i o , q u e e n este m i t o es trasladada a los ú l t i m o s t i e m -
pos de la dinastía IV, igual q u e la Profecía de Neferti se sitúa e n la é p o c a de
S n e f r u . L a dinastía XII se c o n s i d e r ó , l e g i t i m á n d o s e e n él, i n i c i a d o r a
de u n v i r a j e s a l v a d o r q u e n o s ó l o l l e v ó d e l caos d e l P r i m e r P e r í o d o
I n t e r m e d i o al o r d e n d e l R e i n o M e d i o , s i n o t a m b i é n d e la t e o c r a c i a
identitaria del R e i n o A n t i g u o a la teocracia representativa, para l o cual
L6
t o m ó c o m o m o d e l o a la dinastía V ° .
E l m o d e l o d e la t e o c r a c i a r e p r e s e n t a t i v a caracteriza a la v i s i ó n del
m u n d o d e l R e i n o M e d i o a u n q u e los p r e c u r s o r e s r e t r o c e d a n hasta la
V dinastía. Para a c l a r a r esto d e b o v o l v e r s o b r e la c u e s t i ó n de la c e r c a -
nía a los dioses. L o p r i m e r o que t e n e m o s que mostrar claramente, y
q u e c o n t r a d i c e i d e a s m u y e x t e n d i d a s s o b r e las c o n d i c i o n e s arcaicas,
es el h e c h o d e q u e , s e g ú n la c o n c e p c i ó n e g i p c i a , esta c e r c a n í a a l o s
dioses de n i n g ú n m o d o es u n aspecto s o b r e e n t e n d i d o y n a t u r a l de la
e x i s t e n c i a . E l e g i p c i o n o se sentía c e r c a n o a d i o s e s e n la m a n e r a q u e
n o s o t r o s t e n d e m o s a s u p o n e r p o r i n f l u e n c i a d e la p o e s í a g r i e g a . N o
estaba d i s p u e s t o a e n c o n t r a r a c a d a p a s o u n d i o s e n u n a f u e n t e , u n
árbol, u n pájaro, u n sueño o u n semejante. L o s dioses estaban para
él l e j a n o s y o c u l t o s , y ello c o m o c o n s e c u e n c i a d e u n a d i s o c i a c i ó n t r á -
gica e n t r e dioses y h o m b r e s de la q u e i n f o r m a b a n los mitos.. E n otros
tiempos convivían dioses y h o m b r e s en u n m u n d o c o m ú n . Pero
l u e g o se p r o d u j o u n a s u b l e v a c i ó n de l o s h o m b r e s c o n t r a el g o b i e r n o

160 El modelo de la V dinastía lo encontramos expresado con especial claridad en la

arquitectura. El templo funerario de la pirámide de Sesostris I es copia de un tem-
plo de la pirámide de la dinastía V. Cfr. D. Arnold, TJie Pyramid of Senwosret I., Nueva
York, 1988.
 EGIPTO
238

del d i o s c r e a d o r y s o l a r . A p u n t o estuvo éste de castigarles e x t e r m i -

n á n d o l e s p o r c o m p l e t o . P e r o e n c o n t r ó o t r a s o l u c i ó n . E n c o r v ó el
c i e l o s o b r e y b a j o la t i e r r a y se r e t i r ó a él c o n l o s d e m á s d i o s e s . P e r o
161
p u s o e n la t i e r r a a su h i j o , el dios d e l aire S b u , c o m o s u c e s o r s u y o .
G o m o p e r s o n i f i c a c i ó n d e l E s t a d o , S h u t e n í a la m i s i ó n de m a n t e n e r
l e v a n t a d o el c i e l o s o b r e la t i e r r a y, de ese m o d o , la lejanía d e los d i o -
ses, p e r o t a m b i é n la c o n e x i ó n e n t r e dioses y h o m b r e s . M a n t e n i e n d o
alejado el c i e l o , actúa a la vez c o m o m e d i a d o r e n t r e cielo y t i e r r a . D e
este dios se dice e n u n texto de c o m i e n z o s d e l R e i n o M e d i o :

Soy el que i n f u n d i ó el temor de él (del dios Sol) a aquellos que

escudriñan su n o m b r e .
Soy el que está entre millones y oye lo que los millones hablan.
Soy el que hace llegar las palabras del que se creó a sí m i s m o (el
lG2
dios Sol) a su muchedumbre (=criaturas) .

Shu es el d i o s q u e g a r a n t i z a l a i n e s c r u t a b i l i d a d d e l l e j a n o d i o s
s o l a r y a la vez i n s t i t u c i o n a l i z a la c o m u n i c a c i ó n e n t r e él y las c r i a t u -
163
ras . E l es el m o d e l o p a r a cada rey, q u e i g u a l q u e . é l , i m i t á n d o l e , es
p u e s t o p o r el d i o s s o l a r c o m o r e p r e s e n t a n t e s u y o . E l E s t a d o s u p o n e
la l e j a n í a d i v i n a —y la compensa—. D i c h o m á s e n é r g i c a m e n t e : si l o s
dioses e s t u v i e r a n p r e s e n t e s , n o h a b r í a E s t a d o . P e r o , c o m o l o s dioses
están lejos, d e b e h a b e r u n a i n s t i t u c i ó n q u e m a n t e n g a el c o n t a c t o c o n
el m u n d o d e l o s d i o s e s b a j o las c o n d i c i o n e s q u e i m p o n e l a l e j a n í a .
T o d a p o s i b l e p r e s e n c i a d é l o s dioses e n la tierra t i e n e la e s t r u c t u r a de
la r e p r e s e n t a c i ó n . S i se a t i e n d e al t e s t i m o n i o d e l o s m i t o s , l o s a n t i -
g u o s e g i p c i o s se sabían ya habitantes de u n m u n d o c o m p a r a t i v a m e n t e
d e s e n c a n t a d o . L o s m i t o s p o n e n el estado p r e s e n t e (status, «Estado»)
a la l u z d e u n a h i s t o r i a q u e explica ese estado c o m o s a l v a c i ó n de u n a
q u i e b r a y c o m p e n s a c i ó n p o r u n a p é r d i d a : la p é r d i d a dé la p r o x i m i -

161 E. Hornung, Der agyptische Mythos von derHimmelskuh: eine Atiologie dse Unvollkommenen, OBO
46, 1982; H. Beinlich, DasBuch vom Fayum. Zjim religiosen Eigenverstandnis einer agyptischen
Landschafi, Wiesbaden, 1991, 314-319.
162 Olí, 322-324-
163 Se trata exactamente de comunicación indirecta o a distancia, a diferencia de la comu-
nicación directa o faceto face. Shu personifica el medio de esta comunicación a dis-
tancia, gracias al cual ésta se produce desde grandes lejanías, con lo que es capaz de
asegurar la continuidad de las relaciones de millones unos con otros y con su Crea-
dor y Señor. Detrás está la experiencia de la invención de la escritura como nexo
previo y necesario para la constitución del Estado egipcio. El Estado creado y man-
tenido con la centralización del poder necesita de la integración simbólica en forma
de comunicación política y administración burocrática.
 III / 7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN... 239

dad viva a los dioses o de su « p r e s e n c i a r e a l » i n m e d i a t a . L a p r e s e n ­

cia real es r e e m p l a z a d a p o r la r e l a c i ó n c e r c a n a y la r e p r e s e n t a c i ó n .
E s t a d o y c u l t o , t e m p l o , r i t o s , estatuas e i m á g e n e s p u e d e n , e n v i r t u d
d e su s i m b o l i s m o , h a c e r p r e s e n t e l o d i v i n o , p e r m i t i e n d o u n c o n ­
t a c t o s ó l o m e d i a t o c o n l o d i v i n o . E n v e z d e la c e r c a n í a o r i g i n a l
i n m e d i a t a q u e r e f i e r e n e i m a g i n a n l o s m i t o s , se crea u n e s p a c i o de
c e r c a n í a a l o s dioses c u l t u r a l m e n t e m o d e l a d o y b a s a d o e n las p o s i b i ­
lidades de la m e d i a c i ó n y la r e p r e s e n t a c i ó n s i m b ó l i c a s . E l E s t a d o es la
i n s t i t u c i ó n d e esta c e r c a n í a . E l f a r a ó n g o b i e r n a c o m o r e p r e s e n t a n t e
del d i o s c r e a d o r . E l p r o t o t i p o y m o d e l o d e l g o b i e r n o l e g í t i m o es el
g o b i e r n o d e l c r e a d o r s o b r e l o p o r él c r e a d o . T r a s la r e b e l i ó n d e las
criaturas h u m a n a s , la t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a de los m i t o s es s u s t i t u i d a
p o r la f o r m a h i s t ó r i c a , representativa, d e g o b i e r n o . A q u í se i m p o n e
la dialéctica de la r e p r e s e n t a c i ó n y el s í m b o l o . G o m o p r e s e n c i a r e a l y
r e p r e s e n t a c i ó n se e x c l u y e n m u t u a m e n t e , el e s p a c i o d e l E s t a d o es el
espacio de la l e j a n í a .

El locus cíassicus d e la t e o l o g í a r e p r e s e n t a t i v a d e l r e i n o f a r a ó n i c o y
del p a p e l m e d i a d o r d e l rey es u n texto q u e n o s h a l l e g a d o de la é p o c a
d e la r e i n a H a t s e p s u t , p e r o q u e p r o b a b l e m e n t e p e r t e n e c e al R e i n o
1 6 4 ,
M e d i o . S e trata d e u n « t r a t a d o d e t e o l o g í a d e l c u l t o » que habla
del rey c o m o a d o r a d o r d e l d i o s S o l . L a ú l t i m a estrofa reza así:

Re ha puesto al rey
en la tierra de los vivos
por los siglos de los siglos
para administrar justicia al hombre, para satisfacer a los dioses,
para confirmar a Ma'at, para aniquilar a Isfet.
El (el rey) hace ofrendas a los dioses
y ofrendas funerarias a los transfigurados. .
El nombre del rey
es en el cielo como (el de) Re.
El vive con el corazón jubiloso,
como Ré-Horakhty.
Los dignatarios se regocijan cuando le ven.
Los subditos le tributan ovaciones
en su papel de hijo.

164 Cfr. al respecto mi i?e undAmun, 24 ss.

 EGIPTO

Las a c c i o n e s d e l rey s o n o r d e n a d a s e n p a r e s , e n c o n f o r m i d a d c o n
los p a r e s de c o n c e p t o s c o r r e l a t i v o s h o m b r e s / d i o s e s y M a ' a t / I s f e t . E l
p r i m e r p a r es c o n c r e t o , y el s e g u n d o a b s t r a c t o . A m b o s pares se r e l a -
c i o n a n n o aditiva, s i n o e x p l i c a t i v a m e n t e u n o a o t r o : el s e g u n d o p a r
explica el p r i m e r o , y el p r i m e r o c o n c r e t a el s e g u n d o . P o d e m o s p a r a -
frasear estas f u n c i o n e s e n o r d e n i n v e r s o :
L a m i s i ó n d e l rey e n la t i e r r a consiste e n realizar e n ella a M a ' a t y
e x p u l s a r a Isfet.
Esto s i g n i f i c a c o n c r e t a m e n t e i m p a r t i r j u s t i c i a al h o m b r e y satisfa-
cer a los d i o s e s .
E l c o n c e p t o de M a ' a t p u e d e e s p e c i f i c a r s e c o m o r e a l i z a c i ó n d e la
j u s t i c i a , o sea, i m p l a n t a c i ó n d e u n o r d e n j u s t o para los h o m b r e s , p o r
m e d i o de su a d m i n i s t r a c i ó n .
S a t i s f a c e r a l o s d i o s e s , o sea, c r e a r a r m o n í a (htp) e n t r e e l l o s , se
l o g r a m e d i a n t e el c u l t o ( v e n e r a r y o f r e n d a r ) .
Los c o n c e p t o s « a d m i n i s t r a c i ó n de j u s t i c i a » y « c u l t o » p u e d e n
c o n c r e t a r s e a ú n m á s t r a y e n d o u n texto d e l Litro de los muertos q u e trata
de esta m i s m a c o n c e p c i ó n d e la r e p r e s e n t a c i ó n - m e d i a c i ó n . Se trata
del c a p í t u l o 10,6 d e l Libro de los muertos, e n el cual el m u e r t o se d i r i g e a
« l o s c u a t r o b a b u i n o s d e la p r o a de la b a r c a s o l a r » ,

que erigen a Ma'at en señora absoluta,

que imparten justicia entre el débil y el fuerte,
que complacen a los dioses con el aliento de su boca,
que hacen ofrendas divinas a los dioses
165
y ofrendas funerarias a los transfigurados .

Este texto sustituye las f ó r m u l a s l a p i d a r i a s « a d m i n i s t r a r j u s t i c i a a

los h o m b r e s » y «satisfacer a l o s d i o s e s » p o r los g i r o s , algo más p r e c i -
sos, « i m p a r t i r j u s t i c i a e n t r e el d é b i l y el f u e r t e » y « c o m p l a c e r a l o s
dioses c o n el a l i e n t o d e su b o c a » ( c o n la r e c i t a c i ó n de f ó r m u l a s s a g r a -
das). M e i m p o r t a a q u í s o b r e t o d o la p r i m e r a f ó r m u l a . E l l a r e m i t e al
c o n c e p t o e g i p c i o d e j u s t i c i a c o m o p r o d u c t o r a de i g u a l d a d e n u n
m u n d o de d e s i g u a l d a d e n el q u e n o sólo hay débiles y fuertes, sino q u e
además los fuertes o p r i m e n a los débiles si el Estado n o se i n t e r p o n e .
P e r o este texto es t a m b i é n i m p o r t a n t e p o r q u e r e l a c i o n a los t e m a s
d e la « j u s t i c i a s a l v a d o r a » y la r e p r e s e n t a c i ó n . L o s b a b u i n o s a p a r e -

165 Pap. Nu, pBM 10477. col. 24 según Budge, TheBookoftheDead, 269 (hay traducción
deJ.A.).
 111/7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN...

c e n a q u í , c o m o el rey y el d i o s S h u e n el pasaje a r r i b a c i t a d o de l o s
textos de l o s s a r c ó f a g o s , c u a l instancias d e la j u s t i c i a y la c o m u n i c a -
c i ó n . E n u n m u n d o q u e se h a h e c h o m á s vasto y c o m p l e j o , m a n t i e -
n e n la c o n e x i ó n e n t r e el a r r i b a y el a b a j o ; v e l a n p o r q u e , a u n e n la
s i t u a c i ó n d e t e r m i n a d a p o r la l e j a n í a y la s e p a r a c i ó n , se c o n s e r v e la
c o m u n i d a d y l o s d é b i l e s n o se h a l l e n a b a n d o n a d o s e n u n m u n d o d e
codicia y violencia.

T E O D I C E A : C O N S T R U C C I O N E S DEL SENTIDO
A LA V I S T A D E L M A L

¿ C ó m o es p o s i b l e q u e e l m u n d o , q u e s e g ú n las c o n c e p c i o n e s e g i p -
cias t a m b i é n es de o r i g e n d i v i n o , sea u n m u n d o de c o d i c i a y d e v i o -
l e n c i a ? ¿ C ó m o v i n o al m u n d o el m a l , cuya c o n s e c u e n c i a fue la s e p a -
r a c i ó n de c i e l o y t i e r r a , d e dioses y h o m b r e s ?
E l m a y o r desafío p a r a t o d a c o n s t r u c c i ó n d e l s e n t i d o s o n las e x p e -
166
riencias de la i m p e r f e c c i ó n , d e l m a l y d e l f r a c a s o . L a f o r m a c i ó n de
s e n t i d o d e l R e i n o M e d i o tuvo q u e a f r o n t a r e n p r i m e r t é r m i n o estas
e x p e r i e n c i a s . E l s e n t i d o d e l Estado y de la a c c i ó n p o l í t i c a era la s u p e -
r a c i ó n d e l « c a o s » , y este caos e r a la e s e n c i a m i s m a d e l m a l . P e r o n o
d e b e m o s c o n f u n d i r este c o n c e p t o d e l caos c o n el d e l caos c o s m o l ó -
g i c o , s i t u a c i ó n p r i m i g e n i a d e l m u n d o , d e la q u e sale el o r d e n d e la
c r e a c i ó n . E l caos c o s m o l ó g i c o , e n e g i p c i o Nun, es u n a m a t e r i a o r i g i -
nal i n d i f e r e n c i a d a a la q u e le faltan todas las c o n n o t a c i o n e s d e l m a l o
de l o i m p e r f e c t o ( c o m o las q u e r e s u e n a n e n el « t o h u w ' a - b o h u »
b í b l i c o ) . E l c a o s , c u y a e l i m i n a c i ó n se a t r i b u y e el R e i n o M e d i o , n o
p e r t e n e c e al d i s c u r s o c o s m o l ó g i c o , s i n o al « c r a t o g ó n i c o » . Este caos
n o t i e n e r e l a c i ó n con. la f o r m a c i ó n d e l m u n d o , s i n o c o n el e s t a b l e c i -
m i e n t o de u n g o b i e r n o .
L a c o s m o g o n í a es p a r a el e g i p c i o u n p r o c e s o c o m p l e j o q u e c o m -
b i n a l o s d o s aspectos de d e s a r r o l l o i n t r a n s i t i v o y c r e a c i ó n transitiva.
P e r o la c r a t o g o n í a , e l n a c i m i e n t o d e l g o b i e r n o , e n cuyas f o r m a s el
c r e a d o r c o n s e r v a el m u n d o c r e a d o , es i n e q u í v o c a m e n t e transitiva. A
este c o n t e x t o p e r t e n e c e la i d e a d e l m a l . A l m a l se o p o n e el c r e a d o r
e n la f i g u r a d e l d i o s solar, p r e s e n t á n d o s e él m i s m o c o n las i n s i g n i a s

166 Cfr. al respecto C. Colpe, W. Schmidt-Biggemann, DasBóse. Eine historische Phanomeno-

logie des Unerklarlichen, Frankfurt, 1993-
242 EGIPTO

m o r t a l e s d e l r e i n o . T a m b i é n el d i o s s o l a r d e b e i m p o n e r la j u s t i c i a
d i s p e n s a d o r a de v i d a y p r o c u r a d o r a d e l o r d e n , la p a z , la s e g u r i d a d y
el « s e n t i d o » , j u s t i c i a q u e él p r o p a g a c o n su l u z , c o n t r a l a a m e n a z a
o m n i p r e s e n t e d e l m a l , r e p r e s e n t a d o p o r la f i g u r a de u n a g i g a n t e s c a
6 7
s e r p i e n t e ' . Esta d r a m á t i c a v i s i ó n d e l m u n d o e x t i e n d e l o s f u n d a -
m e n t o s i d e o l ó g i c o s d e l E s t a d o e g i p c i o a l o c ó s m i c o . Y así a p a r e c e el
Estado c o m o p r o l o n g a c i ó n e n l o t e r r e n a l - p o l í t i c o de la o b r a c ó s m i c a
de c r e a c i ó n y c o n s e r v a c i ó n .
La f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d e l R e i n o M e d i o p a r t e de l a i m p e r f e c -
c i ó n d e l m u n d o y la e x p e r i e n c i a d e l m a l . E l m i t o d e la a n i q u i l a c i ó n
d e l g é n e r o h u m a n o e n el Libro de ¡a vaca celeste {cfr. n o t a l 6 l ) i n t e r p r e t a
esta i m p e r f e c c i ó n , c o m o la m a y o r í a d e las d e m á s r e l i g i o n e s , c o m o
resultado de la c u l p a o r i g i n a l q u e c o n t r a j e r o n l o s h o m b r e s c u a n d o se
r e b e l a r o n c o n t r a el c r e a d o r . P e r o el m i t o e n m o d o a l g u n o es la ú n i c a
f o r m a e n q u e l o s e g i p c i o s e x p r e s a n las ideas q u e les suscita la e x p e -
r i e n c i a d e l m a l . D e la r e b e l i ó n de l o s h o m b r e s se h a b l a t a m b i é n e n
las Instrucciones para Merikare. E s t e t e x t o es d e i m p o r t a n c i a c a p i t a l e n
n u e s t r o c o n t e x t o . E l c o n e c t a la e x p e r i e n c i a d e l m a l c o n el p o s t u l a d o
del m u n d o b i e n o r d e n a d o y cuidado:

B i e n provistos están los hombres, el rebaño del dios.

Por ellos creó el cielo y la tierra,
contuvo el ímpetu de las aguas
y creó el aire para que sus narices alentaran.
Imágenes suyas son ellos, originadas en su cuerpo.

Por amor a ellos asciende en el cielo,

para ellos creó las plantas y los animales,
las aves y los peces, y así tuvieran para comer.
(Pero) ellos pensaron en rebelarse,
p o r lo que mató a sus enemigos y empleó la violencia contra sus
hijos.
Por amor a ellos permite que haya luz,
para verlos pasa volando (por el cielo).
Para su protección se erigió una capilla;
cuando lloran, él les oye.

167 Cfr. al respecto H. Brunner, «Seth una Apophis - Gegengotter im ágyptischen Pan-
theón?», enSaeculum 34, 1983, 226-234.
 III / 7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN...

Les creó gobernantes 'en el huevo'

y comandantes para fortalecer las espaldas del débil.
Les creó el arma de la magia
para defenderse de los golpes de la vida.
velando p o r ellos noche y día.

Si dio muerte a los «corazones retorcidos» entre ellos,

lo hizo como u n hombre golpea a su hijo en defensa de su hermano.
El dios sabe cada nombre.

E l t e x t o e n u m e r a d o c e o b r a s d e l c r e a d o r . D i e z d e ellas realizadas
e x p r e s a m e n t e p a r a b i e n de l o s h o m b r e s , y ese « p o r e l l o s » o « p a r a
e l l o s » es r e p e t i d o p o r cada u n a d e esas o b r a s . P e r o d o s d e ellas, e n
las q u e este « p a r a e l l o s » está a u s e n t e , s o n a c c i o n e s d i r i g i d a s c o n t r a
ellos y e n t e n d i d a s c o m o actos d e j u s t i c i a p u n i t i v a . E l h a h e c h o u n a
d i s t i n c i ó n e n t r e e l l o s : la d i s t i n c i ó n e n t r e el b i e n y el m a l . A l o s
malos les h a d a d o m u e r t e ; n o « p o r e l l o s » , s i n o p o r los b u e n o s .
Este t e x t o a l u d e al m i s m o t e m a —y e l l o s i g n i f i c a : a la m i s m a e x p e -

L A VACA CELESTE
Relieve mural de la tumba de Seti I (hacia 1290 a.G.)

C O L E G I O LO Y O L
 244 EGIPTO

riencia— q u e el m i t o d e la a n i q u i l a c i ó n d e l g é n e r o h u m a n o . I g u a l
q u e e n este m i t o , t a m b i é n a q u í se i n t e r p r e t a la c r e a c i ó n d e l E s t a d o
( « g o b e r n a n t e s ' e n el h u e v o ' » ) y la c r e a c i ó n de la m a g i a c o m o
m e d i d a s c o m p e n s a d o r a s d e l c r e a d o r p a r a g a r a n t i z a r e n el m u n d o
a m e n a z a d o p o r el m a l u n a e s f e r a d e o r d e n y b i e n e s t a r . S i n el
E s t a d o , el d é b i l estaría p e r d i d o , c o m o l o estaría s i n la m a g i a el a m e -
n a z a d o p o r el i n f o r t u n i o . L a v i o l e n c i a p u n i t i v a q u e el c r e a d o r
ejerce c o n t r a sus p r o p i o s h i j o s es c o n d i c i ó n n e c e s a r i a d e sú b i e n e s -
tar. Esta v i o l e n c i a n o es c i e g a n i t i e n e n a d a v e r c o n l o s « g o l p e s d e la
v i d a » , p a r a evitar l o s c u a l e s se d i o al h o m b r e la m a g i a . D e l o s g o l p e s
d e l d i o s la m a g i a n o p u e d e l i b r a r . L o s « g o l p e s d e la v i d a » c a r e c e n
de s e n t i d o o s o n c o n t i n g e n t e s y están fuera d e l h o r i z o n t e d e la j u s t i -
cia c o n e c t i v a . P e r o el g o l p e d e d i o s t i e n e u n s e n t i d o . T i e n e u n f u n -
damento claro. « P o r q u e ellos p e n s a r o n e n r e b e l a r s e » , dio m u e r t e
a sus h i j o s ; « c o m o u n h o m b r e (es d e c i r , u n p a d r e ) g o l p e a a su p r o -
pio hijo en defensa de su h e r m a n o » , mató a los « c o r a z o n e s r e t o r -
cidos» que había entre ellos.
L o s textos q u e e x p r e s a n el r e c u e r d o d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e -
d i o h a b l a n i g u a l m e n t e d e m a t a r y de m o r i r . P e r o e n su d e s c r i p c i ó n
n o s o n los « c o r a z o n e s r e t o r c i d o s » l o s q u e s u f r e n la m u e r t e , s i n o los
débiles, los p o c o s , los n i ñ o s y l o s h o m b r e s q u e m u e r e n de h a m b r e y
n o t i e n e n n i n g u n a c u l p a d e su d e s t i n o . E l h o r r o r d e estas escenas l o
causa p r e c i s a m e n t e su falta d e s e n t i d o . Y el r e p r o c h e al d i o s e n las
a d m o n i c i o n e s p u e d e l e e r s e c o m o la i n v e r s i ó n exacta d e a q u e l h i m n o
al o r d e n de la c r e a c i ó n . E l r e b a ñ o d e l c r e a d o r está t o d o m e n o s p r o -
t e g i d o . M á s b i e n o c u r r e q u e « s u r e b a ñ o es e s c a s o » p o r q u e l o s h o m -
b r e s se m a t a n e n t r e e l l o s . E l d i o s n o i n t e r v i e n e n i g o l p e a a su h i j o
p o r d e f e n d e r a su h e r m a n o . Más b i e n o c u r r e q u e « e l t e m e r o s o n o es
distinguido del v i o l e n t o » . N i t a m p o c o vela el dios p o r ellos día y
n o c h e . M á s b i e n o c u r r e q u e « e l p i l o t o n ó está a s u h o r a . ¿ D ó n d e
está h o y ? ¿ D u r m i e n d o q u i z á ? N o se v e su a u t o r i d a d » . T a l e s s o n las
t r i b u l a c i o n e s a q u e h a c e f r e n t e la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o d e l R e i n o
M e d i o . L a e x p e r i e n c i a d e la falta de s e n t i d o , d e l c a o s , es d e s t e r r a d a
p o r el E s t a d o . E l caos n o está ya s u p e r a d o p o r la c r e a c i ó n . T a m p o c o
están el s e n t i d o y el o r d e n ya d a d o s c o n la c r e a c i ó n . E l h o m b r e d e b e
esforzarse p o r q u e se m a n t e n g a n e n el m u n d o .
E l caos es u n p e l i g r o q u e a m e n z a al h o m b r e d e s d e d e n t r o . Este es
t a m b i é n el m e n s a j e c o n q u e la t e o d i c e a c o n c l u y e e n el texto I I 3 0 d e
los s a r c ó f a g o s :
 111/7. REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN...

Para hablar de A q u e l de nombre secreto.

Dijo el señor de todas las cosas cuando hubo de tranquilizar a la
indignada tripulación de la barca:
¡Salud y paz!
Q u i e r o referiros las cuatro buenas acciones
que mi propio corazón me ha inducido a llevar a cabo
parahacer callar a la injusticia.

H e realizado cuatro buenas acciones en la puerta del país de la

luz:
he creado los cuatro vientos,
para que todo el m u n d o pueda respirar en su tiempo.
Esta es una de las acciones.

He creado la gran crecida de las aguas

para que el pobre pueda disponer de ella tanto como el rico.
Esta es una de las acciones.

H e creado a cada uno su prójimo igual a él

y he prohibido que uno y otro cometan injusticias.
Pero sus corazones se han opuesto a lo que he ordenado.
Esta es una de las acciones.

H e h e c h o que sus corazones dejen de olvidar el occidente (es

decir, he creado el temor a la muerte),
para que se hagan ofrendas a los dioses locales.
Esta es una de las acciones
(...)
Juzgo a pobres y a ricos.
Procedo también contra quienes son injustos.
La vida me pertenece, soy su señor.
Nadie me arrebatará el;poder.

L o q u e el d i o s s o l a r y c r e a d o r o s t e n t a « p a r a h a c e r c a l l a r a la
i n j u s t i c i a » es la a f i r m a c i ó n d e l p r i n c i p i o d e l d o m i n i o . E l caos v i e n e
del c o r a z ó n h u m a n o . A l caos se o p o n e la p r o h i b i c i ó n d e l c r e a d o r . E l
d i o s s o l a r ñ o p u e d e i m p e d i r q u e su p r o h i b i c i ó n sea v i o l a d a . P e r o
p u e d e castigar y castigará esa v i o l a c i ó n . E l m a t a p o r a m o r a la v i d a . E l
 EGIPTO

t i e n e e n la m a n o el c e t r o d e la v i d a (el s i g n o d e « a n k » ) y el d e l
6 8
p o d e r (el c e t r o « w a s » ) . « N o hay u n fin del día d e l j u i c i o » ' .

Este es el d i o s al q u e el rey r e p r e s e n t a e n la t i e r r a . E l E s t a d o t r a s ­
l a d a el p o d e r d i s p e n s a d o r d e v i d a y j u z g a d o r d e l d i o s c r e a d o r a las
s i t u a c i o n e s t e r r e n a s . E l m u n d o e s c i n d i d o q u e d a u n i d o p o r o b r a de
la j u s t i c i a c o n e c t i v a . E s t a i m p i d e q u e se c o n s t i t u y a n d o s m u n d o s ,
c o m o o c u r r e e n el c r i s t i a n i s m o , d o n d e j u n t o a, s o b r e , o i n c l u s o e n ,
« e s t e » m u n d o hay u n R e i n o de D i o s q u e « n o es de este m u n d o » , o
e n el m e s i a n i s m o j u d í o , del q u e la d i s t i n c i ó n e n t r e « e s t e » m u n d o y
el « m u n d o q u e v e n d r á » es c o n s t i t u t i v a . E n E g i p t o , la f o r m a c i ó n de
s e n t i d o d e l m u n d o e s c i n d i d o n o c o n s u e l a al h o m b r e c o n el « o t r o
m u n d o » . L e m u e s t r a el E s t a d o f a r a ó n i c o c o m o c o m p e n s a c i ó n e n
este m u n d o d e la i m p e r f e c c i ó n d e l m i s m o . E l m u n d o e g i p c i o n o
necesita n i n g ú n r e d e n t o r , s i n o s ó l o u n « b u e n p a s t o r » q u e p r o t e j a a
las ovejas de los l o b o s .

168 Buch vomFayum, ed. de Horst Beinlich, 300 s.

 PARTE CUARTA

El Reino Nuevo:
religión e imperium

RAMSÉS III MATANDO A SUS ENEMIGOS

(SEGÚN EL ESQUEMA TRADICIONAL)
(FUENTE: S. SCHOSKE, DAS ERSCHLAGÉN DER FEINDE:
IKONOGRAPHIE UND STILISTIK DER FEINDVERNICHTUNG IM ALTEN EGYPTEN,
ANN ARBOR, 1 9 9 4 , F I G . 1 7 4 , P. 6 6 )
 R A M S É S I I CONQUISTA UNA CIUDAD SIRIA
(REPRESENTACIÓN RAMÉSIDA DE UNA BATALLA)
Ramesseum (hacia I?5° a.C.)
(FUENTE: H . MÜLLER-KARPE, HANDBUCH:DERV0RGESCHICHTE IV,
MUNICH, 1980, LÁM. 54 D)
 1. ESQUEMA HISTÓRICO

E l R e i n o N u e v o c o m i e n z a c o n las g u e r r a s d e l i b e r a c i ó n c o n t r a los
b i c s o s , c u y a t o m a d e l p o d e r e n E g i p t o h a b í a p u e s t o f i n al R e i n o
M e d i o y a su p o c o gloriosa historia final.
S o b r e e l o r i g e n d e estos d o m i n a d o r e s a ú n n o h a y n a d a d e l t o d o
2 3
c i e r t o . U n o s creen q u e eran hurritas ,. y otros que semitas. U l t i m a -
m e n t e h a y n u m e r o s o s i n d i c i o s d e q u e e r a n semitas c a n a n e o s . E x c a ­
v a c i o n e s efectuadas e n T e l l e l - D a b a ' , la a n t i g u a A v a r i s , capital d e l o s
hicsos, h a n revelado u n a cultura p u r a m e n t e palestina, c o n u n pala­
cio c o n f r e s c o s m i n o i c o s , c o m o l o s q u e se h a n h a l l a d o t a m b i é n e n
I s r a e l . E s e v i d e n t e q u e e n e l s i g l o XVII.se h a b í a f o r m a d o u n r e i n o
p a l e s t i n o q u e se e x p a n d i ó hasta la z o n a o r i e n t a l d e l delta, h a c i e n d o
d e s d e allí a t o d o e l r e i n o e g i p c i o t r i b u t a r i o s u y o y e s t a b l e c i e n d o s u
capital e n A v a r i s . D e l o s frescos m i n o i c o s se d e d u c e q u e h u b o e s t r e ­
chos v í n c u l o s c o n el E g e o , y p o r fuentes escritas s a b e m o s q u e e x i s t i e ­
r o n i n t e n s a s r e l a c i o n e s d i p l o m á t i c a s c o n N u b i a . L o s 6 reyes h i c s o s ,
q u e f o r m a r o n sus n o m b r e s r e g i o s c o n el d e l d i o s s o l a r R e , a d a p t á n ­
dose d e ese m o d o a la t r a d i c i ó n e g i p c i a , c o n s t i t u y e n l a dinastía XV d e

1 Según G. Vandersleyen, L'Égypte et la vallée du Nil, tomo 2, De la fin de l'Ancien Empire a la fin
duNouvel Empire, París, I995> 663 s.
2 Cfr. finalmente M. Bietak, «Historische und archáologische Einfürung» a Pharaonen
undFremde. Dynastie im Dunkeln, catálogo dé exposición, Viena, lS9é-
a
3 W. Helck, Die Beziehungen Agypten zu Vorderasien im 3. u. 2- Jahríausend v. Ghr., 2 . ed., Wies­
1 c r e n
baden, 19V ; f -< cambio, Tb. Schneider,.Asíafisc/iePersonennamen in ágyptischen Quellen
desNeuenReichs, O B O 114., Friburgo, 1992.
 EGIPTO

M a n e t ó n . D e M a n e t ó n p r o c e d e t a m b i é n el n o m b r e d e « h i c s o s » ,
q u e es t r a n s c r i p c i ó n d e u n a p a l a b r a e g i p c i a q u e se s u p u s o s i g n i f i c a
« r e y e s p a s t o r e s » . P e r o esto es v e r d a d s ó l o a m e d i a s , p u e s la p a l a b r a
d e m ó t i c a r e p r o d u c i d a c o m o « s o s » c o n el s i g n i f i c a d o de « p a s t o r »
n o existía a ú n e n el 2,.° m i l e n i o , ' y la f o r m a e g i p c i a c o r r e c t a , hq$
hgswt, s i g n i f i c a « d o m i n a d o r e s d e países e x t r a n j e r o s » , u n t í t u l o q u e
4
se a ñ a d i e r o n esos m i s m o s r e y e s e x t r a n j e r o s ' y c o n e l c u a l f u e r o n
i n t r o d u c i d o s e n la lista de l o s reyes. L a d u r a c i ó n de su d o m i n a c i ó n ,
q u e s e g ú n las f u e n t e s a r q u e o l ó g i c a s n o d e b i ó d e e x c e d e r l o s 1 2 0
a ñ o s , l a cifra M a n e t ó n e n 5*7 a ñ o s . M a n e t ó n t a m p o c o s a b í a d e
d ó n d e venían los hicsos, y los llama gentes « d e o r i g e n escasamenle
i n t e r e s a n t e » . Flavio J o s e f o , su lector más atento, los identifica c o n
los j u d í o s , y esa m i s m a i d e n t i f i c a c i ó n la e n c o n t r a m o s prácticamente
e n t o d a la t r a d i c i ó n a n t i g u a c o n e x c e p c i ó n de la B i b l i a , q u e n o sabe
d e n i n g u n a d o m i n a c i ó n s o b r e E g i p t o y, p o r el c o n t r a r i o , sólo
i n f o r m a d e s u p r o p i a c a u t i v i d a d y esclavitud.
E l R e i n o N u e v o c o m i e n z a c o n las g u e r r a s d e l i b e r a c i ó n c o n t r a
los h i c s o s . Estas g u e r r a s c o n s t i t u i r á n p a r a e l R e i n o N u e v o la e x p e -
r i e n c i a m á s d e t e r m i n a n t e , la q u e m a r c a r á d u r a d e r a m e n t e su s i m b o -
l i s m o p o l í t i c o y sus m e t a s estatales. Estas g u e r r a s f i j a n h a s t a c i e r t o
p u n t o la t o n a l i d a d e n la q u e s o n a r á t o d o l o q u e v e n d r á , y d e t e r m i -
n a n la s e m á n t i c a f u n d a m e n t a l d e l R e i n o N u e v o d e l a m i s m a m a n e r a
que la experiencia d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o había d e t e r m i -
n a d o la d e l R e i n o M e d i o . E l R e i n o M e d i o h a b í a r e d u c i d o la e x p e -
r i e n c i a d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o e n el r e c u e r d o r e t r o s p e c t i v o
a la f ó r m u l a d e l caos i n t e r i o r , y e x p l i c a d o este caos p o r l a a u s e n c i a
de M a ' a t . Y d e a c u e r d o c o n e l l o , el R e i n o M e d i o h a b í a c o n s t r u i d o
su semántica f u n d a m e n t a d o r a s o b r e la i d e o l o g í a de M a ' a t , d e la
« j u s t i c i a c o n e c t i v a » y la « s o l i d a r i d a d v e r t i c a l » . L a e x p e r i e n c i a d e
las g u e r r a s d e l i b e r a c i ó n q u e d ó r e d u c i d a , e n el r e c u e r d o d e l R e i n o
N u e v o , a la f ó r m u l a d e l a a m e n a z a e x t e r i o r . E l R e i n o M e d i o e s t u v o
bajo el s i g n o de la p o l í t i c a i n t e r i o r ; el N u e v o , bajo el s i g n o d e la
p o l í t i c a e x t e r i o r . I g u a l q u e e n e l R e m o M e d i o , se p r o d u j o también
e n e l N u e v o l a r e s t i t u c i ó n d e T e b a s . P e r o esta c u e s t i ó n p e r i f é r i c a
dice p o c o d e la e s t r u c t u r a cíclica d e la h i s t o r i a e g i p c i a . L o s l u c h a d o -
res t e b a n o s p o r la l i b e r a c i ó n e r a n g o b e r n a n t e s d e u n a h e c h u r a c o m -

o r
4 Cfr. la inscripción, redescubierta en 1993 P M. Bietak, de Skr-Hr con el título de
hqS-h^swt (indicación de Th. Schneider).
 I V / 1 . E S Q U E M A HISTÓRICO 251

p l e t a m e n t e d i s t i n t a a la d e l o s reyes d e la d i n a s t í a XII. M á s i m p o r ­
t a n t e es ya el h e c h o d e q u e l o s p r i m e r o s g o b e r n a n t e s d e la d i n a s t í a
XVIII se i n s p i r a r a n , e n el estilo d e su a u t o r r e p r e s e n t a c i ó n e p i g r á f i c a
y artística, e n l o s m o d e l o s d e la d i n a s t í a XII y c o n ese s u r e c u r s o a la
5
cita d o t a r a n d e u n a e s t r u c t u r a c í c l i c a a este n u e v o c o m i e n z o . U n a
f o r m a t í p i c a d e este r e e n c u e n t r o c o n u n g r a n p a s a d o es t a m b i é n la
v e n e r a c i ó n d i v i n a d e la p e r s o n a l i d a d s o b r e s a l i e n t e . A s í , e n la d i n a s ­
tía XII se r e n d í a c u l t o e n E l e f a n t i n a al n o m a r c a H e q a - i b , d e l a
0
dinastía V I , a q u i e n se h a b í a e r i g i d o u n i m p o r t a n t e s a n t u a r i o . Y d e
la m i s m a m a n e r a r e c i b i r á a p r i n c i p i o s d e l R e i n o N u e v o h o n r a s d i v i ­
nas S é s o s t r i s III e n u n t e m p l o c o n s t r u i d o e n B u h e n ( N u b i a ) .
P e r o , i n d e p e n d i e n t e m e n t e de estos r e c u r s o s , p u e d e también
observarse u n a c o n t i n u i d a d cultural e n la q u e el S e g u n d o P e r í o d o
I n t e r m e d i o se d i f e r e n c i a n e t a m e n t e d e l P r i m e r o . E n el s u r d e l p a í s ,
e n T e b a s s o b r e t o d o , n u n c a h u b o u n a r u p t u r a d e la t r a d i c i ó n c u l t u ­
ral. D e esta é p o c a y esta r e g i ó n p r o c e d e n m a n u s c r i t o s t a n i m p o r ­
tantes c o m o l o s t r a t a d o s d e m e d i c i n a d e l p a p i r o S m i t h y d e l p a p i r o
E b e r s , el p a p i r o P r i s s e , c o n la m e j o r y m á s c o m p l e t a v e r s i ó n d e las
Instrucciones de Ptahhotep, el p a p i r o "Westcar, c o n las Narraciones maravillo­
sas de la corte de Keops y e l l l a m a d o Himno cairota deAmón, c o n s e r v a d o e n
retazos s o b r e u n a estatuilla —el m á s a n t i g u o t e x t o t e o l ó g i c o e n s e n ­
t i d o e s t r i c t o , q u e , p o r s u e x t e n s i ó n y la i m p o r t a n c i a d e s u c o n t e ­
7
n i d o , d e b e c o n t a r s e e n t r e las m a y o r e s o b r a s l i t e r a r i a s d e E g i p t o .
L o s m a n u s c r i t o s d e la d i n a s t í a XVIII c o n l a Profecía de Neferti, las Ins­
trucciones para Merikare, las Instrucciones de Amenemhat I ( p a p . M i l l i n g e n ) y
o t r a s o b r a s d e l R e i n o M e d i o c o n s e r v a d a s s ó l o d e s d e esta é p o c a ,
c o n t i n ú a n la d e s t a c a d a t r a d i c i ó n l i t e r a r i a d e esta é p o c a . E n e l o r d e n
cultural hay u n a r u p t u r a y u n a marcada línea divisoria entre épocas
sólo e n e l p e r í o d o d e A m a r n a y e n l o s c o m i e n z o s d e l p e r í o d o r a m é ­
sida ( 1 3 5 0 - 1 2 7 0 a. C ) . f

P e r o h a y a q u í u n h e c h o m u y destacable, el q u e la e x p u l s i ó n d e l o s
hicsos fuese l e í d a y r e c o r d a d a a la l u z d e l m i t o d e H o r u s y S e t h , q u e
é

5 Cfr. S. Schótt, Zpm Krdnungstagder Kónigin Hatschepsut, NGAW1955.5; E. Blumenthal,

«Die erste Korcgenzder 1 2 . Dynastie», en ZAS IIO, 1983, I I 3 - 1 2 O ; Chr. Éyre, «The
Semna Stelae: Quotation, Genre and Functions of Literature», Studies in Egyptology
(Homenaje a M. Lichtheim), Jerusalén, 1990, 134,-165, esp. 145 s.
6 VerD. Franke, Das Heiligtum des Heqa-ib aufElephantine. Geschichte eines Provinzheiligtums im Mit­
tleren Reich, SAGA 9, 1994.
7 ÁHG n.° 87.
 EGIPTO

c o m o m i t o e s e n c i a l m e n t e v i n c u l a d o al E s t a d o e g i p c i o d e t e r m i n ó la
s e m á n t i c a f u n d a c i o n a l y la m i t o m o t ó r i c a d e l R e i n o A n t i g u o .
P e r o t a m b i é n p u e d e d e c i r s e , a la inversa, q u e el m i t o fue r e i n t e r -
p r e t a d o a la l u z de la e x p e r i e n c i a h i s t ó r i c a d e las guerras de l i b e r a c i ó n .
A h o r a , la o p o s i c i ó n c o n d u c t o r a ya n o es D e r e c h o versus v i o l e n c i a , o
c u l t u r a versus salvajismo y n o m a d i s m o , s i n o E g i p t o versus A s i a . A h o r a ,
S e t h se c o n v i e r t e e n d i o s d e l o s h i c s o s , e n d i o s a s i á t i c o . L a p o l í t i c a
e g i p c i a se o r i e n t a a u n a h o s t i l i d a d r e l i g i o s a m e n t e f u n d a d a . S e vuelve
agresiva y expansiva. P e r o esto n o significa q u e S e t h sea d e m o n i z a d o y
a p a r t a d o . A l c o n t r a r i o : s i e n d o a h o r a el d i o s S e t h r e p r e s e n t a n t e d e l
m u n d o asiático, a través d e él l o e x t r a n j e r o p u e d e traducirse a l o p r o -
p i o . E l e x t r a n j e r o ya n o es e n t e n d i d o s i m p l e m e n t e c o m o e l e m e n t o
del caos y s i m b ó l i c a m e n t e a p a r t a d o , s i n o q u e se l e ve c o m o el o t r o q u e
p u e d e aparecer c o m o adversario o c o m o c o m p a ñ e r o , c o m o alguien a
q u i e n hay q u e s o m e t e r y h a c e r t r i b u t a r i o o c o m o a l g u i e n a q u i e n hay
q u e unirse m e d i a n t e tratados y m a t r i m o n i o s p o l í t i c o s . L o s dioses
e x t r a n j e r o s s o n h o n r a d o s o e q u i p a r a d o s a l o s p r o p i o s , c o m o el d i o s
B a a l d e l o s h i c s o s a S e t h . L a v i s i ó n d e l m u n d o d e l R e i n o N u e v o es
e c u m é n i c a : y a n o se p i e n s a e n l o s t é r m i n o s d e l c o s m o s e g i p c i o y e l
caos e x t e r i o r , s i n o q u e p r e n d e la i d e a d e l m u n d o c r e a d o p o r el d i o s
Sol y habitado p o r muchos pueblos. Ello puede parecer paradójico e n
u n c o n t e x t o d e « h o s t i l i d a d » y « a g r e s i ó n » . P e r o t a m b i é n el c o n f l i c t o
es u n a f o r m a de r e l a c i ó n . F r e n t e a la antigua ausencia de relaciones d e
8
E g i p t o c o n e l c o m p l e j o sistema d e r e l a c i o n e s d e l P r ó x i m o O r i e n t e ,
q u e desde hacía m u c h o t i e m p o estaba ya o r g a n i z a d o c o m o u n c a m p o
d e t e n s i o n e s p o l í t i c a s , se a b r e a h o r a u n vasto m u n d o p o l í t i c o de cuyas
t e n s i o n e s y c o n e x i o n e s E g i p t o n o p u e d e ya e s c a p a r y e n el q u e se
siente r e t a d o a a s u m i r u n p a p e l r e c t o r .
L o s l l a m a d o s r a m é s i d a s , q u e f o r m a n las dinastías X I X y XX, p r o c e -
d í a n d e l d e l t a y se s e n t í a n m u y e s p e c i a l m e n t e l i g a d o s al d i o s S e t h .
A l g u n o s reyes l l e v a n al d i o s i n c l u s o e n sus n o m b r e s : S e t i I , S e t i I I y
S e t h n a k t . L a estela d e l o s 4 ° ° a ñ o s d e R a m s é s I I , u n d o c u m e n t o ,
J
ú n i c o e n s u especie, d e l r e c u e r d o h i s t ó r i c o , c o n m e m o r a el 4 OO a n i -
v e r s a r i o d e l e s t a b l e c i m i e n t o d e l c u l t o d e S e t h e n A v a r i s , la capital d e
los h i c s o s . Este texto deja claro q u e el c u l t o de S e t h d e los d o m i n a d o -

8 Cfr. al respecto Peter Artzi, «Ideas and Practices of International Co-existence in

the 3rd mili. BGE», en Bar Han Studies in History 2, 1984-1 25~39¡ ¿el mismo autor,
«The Birth of the Middle East», en Proceedings of the gth World Congress ofjewish Studies,
Jerusalén, 1969, I5SO-IÍÍ4-
 I V / 1 . E S Q U E M A HISTÓRICO
253

res e x t r a n j e r o s , asiáticos, q u e f u e r o n e x p u l s a d o s p o r l o s reyes de las

dinastías X V I I y X V I I I e n largas g u e r r a s de l i b e r a c i ó n , n o era p a r a l o s
egipcios de aquella é p o c a n a d a extraño n i n a d a m a l o e n el s e n t i d o , p o r
e j e m p l o , de u n a a d o r a c i ó n del d i a b l o . E n t o n c e s , S e t h era todavía u n
g r a n d i o s q u e asitía al d i o s S o l e n la c o n s e r v a c i ó n d e l m u n d o . E n el
m a r c o de la n u e v a s e m á n t i c a m i l i t a r - a r i s t o c r á t i c a de esta é p o c a , S e t h
a d q u i r i ó los rasgos de u n dios de la g u e r r a . E l m i t o de H o r u s y Seth es
todavía e n el R e i n o N u e v o u n m i t o i n t e g r a d o r , n o s e p a r a d o r . S ó l o e n
la É p o c a Baja, c u a n d o las e x p e r i e n c i a s de las c o n q u i s t a s extranjeras se
h a c e n cada v e z m á s d o l o r o s a s y b o c h o r n o s a s , la i m a g e n de S e t h se
torna diabólica.
L i b e r a c i ó n y e x p u l s i ó n s o n d o s caras de la m i s m a m o n e d a . D o n -
d e q u i e r a se d e s a r r o l l a u n a s e m á n t i c a p o l í t i c a d e s d e la e x p e r i e n c i a de
la l i b e r a c i ó n , a d q u i e r e esta s e m á n t i c a las c o n n o t a c i o n e s agresivas de
la e x p u l s i ó n . S o b r e la b a s e d e esta s e m á n t i c a a l c a n z a n e n e l E g i p t o
del. R e i n o N u e v o e l m i l i t a r i s m o y e l i m p e r i a l i s m o u n florecimiento
hasta e n t o n c e s d e s c o n o c i d o e n su h i s t o r i a . L o s r e y e s d e la d i n a s t í a
X V I I I p r o s i g u e n c o n s e c u e n t e s la g u e r r a de l i b e r a c i ó n y d e s c u b r e n e n
ella el i n s t r u m e n t o p a r a u n a a c u m u l a c i ó n i n c e s a n t e n o s ó l o de c a p i -
tal m a t e r i a l , s i n o t a m b i é n d e c a p i t a l s i m b ó l i c o . E n el e s p e c t r o d e
f u n c i o n e s del rey se i n c l u y e a h o r a el d e l j e f e v i c t o r i o s o , y hasta es éste
la f o r m a d o m i n a n t e d e u n t i p o d e l e g i t i m a c i ó n b a s a d o e n esta clase
de m é r i t o s . L a « a m p l i a c i ó n de las f r o n t e r a s » se c o n v i e r t e e n o b j e -
tivo p r i o r i t a r i o de la p o l í t i c a . T h u t m o s i s I avanza e n sus « g u e r r a s de
9

l i b e r a c i ó n » , c o n v e r t i d a s d e s d e h a c e t i e m p o e n e x p e d i c i o n e s de c o n -
quista, hasta e l E u f r a t e s . T h u t m o s i s I I I s u s t i t u y e la e s t r a t e g i a d e las
e x p e d i c i o n e s de c o n q u i s t a p o r la p o l í t i c a de a n e x i ó n sistemática. A l a
c o n q u i s t a s i g u e la o c u p a c i ó n , la i n s t a l a c i ó n d e g u a r n i c i o n e s , l o s
n o m b r a m i e n t o s de c o m a n d a n t e s , a d m i n i s t r a d o r e s y vasallos, la f i j a -
c i ó n de t r i b u t o s , la f u n d a c i ó n de i n s t i t u c i o n e s e c o n ó m i c a s y de c u l t o
y el e s t a b l e c i m i e n t o d e z o n a s p o r t u a r i a s , b a s e s d e a v i t u a l l a m i e n t o y
redes de c o m u n i c a c i ó n . A ñ o tras a ñ o se l l e v a n a c a b o c a m p a ñ a s m i l i -

9 Cfr. al respecto E. Hornung, «Politisclie Planung und Realitáten im alten Agyp-

ten», en Saeculum 22, IQJI, 48-581 quien ha generalizado el programa de amplia-
ción de los límites (swsh t^sw) que se observa en las inscripciones reales del Reino
Nuevo a la idea de una «ampliación de lo existente» y ha podido mostrar en diver-
sos fenómenos, como la duración de las fiestas y el número de barras de la barca
1
procesional y de espacios de la tumba real, un «principió del crecimiento» al que
los reyes del Reino Nuevo se adhirieron.
254 EGIPTO

tares c o m o d e m o s t r a c i o n e s d e p o d e r p a r a i n t i m i d a r a l o s v a s a l l o s ,
p a r a r e d o n d e a r l o s t e r r i t o r i o s a n e x i o n a d o s ( « a m p l i a c i ó n d e las
f r o n t e r a s » ) y para a m p l i a r la i n f r a e s t r u c t u r a . D e este p r o g r a m a p o l í -
t i c o n o se s a l d r á p r á c t i c a m e n t e n i n g u n o l o s reyes d e las d i n a s t í a s
X V I I I , X I X y XX, a u n q u e a l g u n o s , c o m o la r e i n a H a t s e p s u t y e l r e v o -
l u c i o n a r i o d e la r e l i g i ó n A j e n a t ó n l o i n t e n t a r á n . T h u t m o s i s I I I n o
dejará de i m p o n e r s e c o m o m o d e l o de p o l í t i c a eficaz.
P e r o la g u e r r a y el s o m e t i m i e n t o n o fue el ú n i c o m e d i o de la p o l í -
tica e x t e r i o r . T h u t m o s i s I V p o n e t é r m i n o a las g u e r r a s c o n t r a el r e i n o
h u r r i t a de M i t a n n i y c o n c i e r t a u n p a c t o y u n a a l i a n z a m e d i a n t e el
m a t r i m o n i o p o l í t i c o c o n u n a p r i n c e s a m i t a n n i . A m e n o f i s I I I sigue su
e j e m p l o . T r a s el fracaso q u e el p e r í o d o d e A m a r n a s i g n i f i c ó p a r a la
p o l í t i c a asiática de E g i p t o , los reyes de la dinastía X I X Seti I y R a m s é s I I
v u e l v e n a la p o l í t i c a de a g r e s i ó n y s o m e t i m i e n t o sistemáticos de T h u t -
mosis I I I . L o s adversarios son ahora los hititas. La célebre batalla de
Q a d e s h , e n la q u e los e g i p c i o s c a y e r o n e n u n a e m b o s c a d a y R a m s é s I I
a p u n t o estuvo de m o r i r o ser c a p t u r a d o , m a r c ó u n g i r o h a c i a la p a z ,
la alianza y el m a t r i m o n i o , t o d o l o cual l l e v ó , s i n e m b a r g o , 3O a ñ o s .
T r a s la d e c a d e n c i a d e l r e i n o h i t i t a se h a c e d i f í c i l u n a c o n t i n u a c i ó n
r a z o n a b l e de la p o l í t i c a asiática de E g i p t o . T a l es la r a z ó n d e q u e o t r o s
c o n f l i c t o s , c ó m o d a s guerras de M e r n e p t a h c o n t r a los l i b i o s o las luchas
defensivas de R a m s é s I I I c o n t r a los p u e b l o s d e l . m a r , f u e s e n estilizados
y se les diese la m a g n i t u d de las guerras asiáticas.
L a s e m á n t i c a y la i d e a d e la h i s t o r i a q u e p r e s i d í a n esta p o l í t i c a
f u e r o n a l g o e s p e c í f i c o d e l R e i n o N u e v o , c o m o d e m u e s t r a el h e c h o
de q u e esta é p o c a d e s a r r o l l ó f o r m a s de r e p r e s e n t a c i ó n d e la h i s t o r i a
c o m p l e t a m e n t e n u e v a s q u e d e s a p a r e c i e r o n c o n s u f i n a l . E n t r e ellas
h a y q u e m e n c i o n a r s o b r e t o d o la r e p r e s e n t a c i ó n d e l a b a t a l l a q u e
m u e s t r a al rey e g i p c i o s o b r e el c a r r o de g u e r r a e n la c o n q u i s t a d e u n a
f o r t a l e z a asiática. A p a r e c e p o r p r i m e r a v e z e n u n . c a r r o d e g u e r r a d e
T h u t m o s i s IV, l u e g o vuelve a aparecer a d o r n a n d o u n arca del tesoro
d e la t u m b a d e T u t a n k h a m ó n y c o n l o s r e y e s d e la d i n a s t í a X I X se
g e n e r a l i z a c o m o m o t i v o central e n la r e p r e s e n t a c i ó n de hazañas
r e g i a s s o b r e l o s m u r o s d e l o s t e m p l o s . E l p u n t o c u l m i n a n t e d e esta
t e n d e n c i a l o m a r c a n las r e p r e s e n t a c i o n e s de la batalla de Q a d e s h b a j o
R a m s é s I I . Estas m u e s t r a n al r e y s o b r e el c a r r o d e g u e r r a e n u n a
representación semejante a u n mapa del terreno y c o m p l e t a n la
escena c o n otras i m á g e n e s , cuya s u c e s i ó n se alarga hasta c o n s t i t u i r u n
d e s a r r o l l o n a r r a t i v o d e l t r a n s c u r s o d e la b a t a l l a . E n este p u n t o c u l -
 I V / 1 . E S Q U E M A HISTÓRICO
255

m i n a n t e se p u e d e a p r e c i a r l ó q u e se p r e t e n d e c o n el d e s a r r o l l o d e
esta f o r m a s i m b ó l i c a . S e p r e t e n d e s u s t i t u i r l a f ó r m u l a puramente
p i c t o g r á m i c a e n la r e p r e s e n t a c i ó n d e la a c c i ó n b é l i c a d e l rey, c o m o la
e m p l e a d a e n l a i m a g e n a n t i g u a d e la « m a t a n z a d e l o s e n e m i g o s » ,
p o r u n a r e p r e s e n t a c i ó n l o m á s realista p o s i b l e d e l o s a c o n t e c i m i e n -
tos fácticos e n su p a r t i c u l a r i d a d h i s t ó r i c a . D e a h í el i n t e r é s e n q u e el
e s q u e m a d e la i m a g e n i n t e g r e la m a y o r c a n t i d a d p o s i b l e d e d e t a l l e s .
D e ese m o d o , la gesta h i s t ó r i c a d e l r e y q u e d a d e s r i t u a l i z a d a . Y a n o se
la c o n t e m p l a c o m o e l c u m p l i m i e n t o esperable de alguna vieja
n o r m a , s i n o c o m o la r e a l i z a c i ó n d e u n a a c c i ó n ú n i c a . L o q u e c u e n t a
es el a c o n t e c i m i e n t o , n o la r u t i n a .
T o d a s estas g u e r r a s se l l e v a n a c a b o p o r o r d e n d e A m ó n . Y a
K a m ó s e , u n o d e l o s p r i m e r o s c o m b a t i e n t e s p o r la l i b e r a c i ó n , i n i c i a
0
los c o m b a t e s p o r m a n d a t o d e l d i o s t e b a n o ' . L a f u n d a m e n t a c i ó n
r e l i g i o s a d e las a c c i o n e s m i l i t a r e s se h a c e c o n e l t i e m p o m á s f i r m e e
intensiva, y el s i m b o l i s m o religioso de la guerra más r i c o . T a m b i é n
a q u í c o n s t i t u y e la batalla d e Q a d e s h u n m o m e n t o c u l m i n a n t e . A q u í
se a t r i b u y e la s a l v a c i ó n e n l a s i t u a c i ó n m á s a p u r a d a a u n a i n t e r v e n -
c i ó n d e l p r o p i o A m ó n . Y M e r n e p t a h va q u i z á m á s l e j o s e n s u d e s -
c r i p c i ó n d e la g u e r r a c o n t r a l o s l i b i o s . E l m o t i v o d e l m a n d a t o d i v i n o
t o m a a q u í l a f o r m a d e u n o r á c u l o o í d o e n s u e ñ o s y la v i s i ó n d e l p r o -
pio dios Ptah entregando a M e r n e p t a h el cuchillo de guerra. A d e -
m á s , a la a c c i ó n b é l i c a t e r r e n a l l e p r e c e d e u n l i t i g i o e n e l c i e l o c o n el
r e s u l t a d o d e q u e e l adversario l i b i o h a s i d o j u z g a d o p o r l o s dioses, d e
m o d o q u e la g u e r r a d e M e r n e p t a h n o es m á s q u e l a e j e c u c i ó n d e u n a
1 1
sentencia divina y, p o r tanto, u n a « g u e r r a s a n t a » . G u e r r a y r e l i -
g i ó n m a n t i e n e n e n el R e i n o N u e v o u n a c o n e x i ó n cada vez m á s e s t r e -
cha. E n el p l a n o i d e o l ó g i c o , esta c o n e x i ó n da o r i g e n a u n a t e o l o g í a
h i s t ó r i c a q u e ve e n la h i s t o r i a la r e a l i z a c i ó n d e la v o l u n t a d p l a n i f i c a -
d o r a d i v i n a y e l e f e c t o d e sus i n t e r v e n c i o n e s . P e r o , naturalmente,
esta c o n e x i ó n t i e n e t a m b i é n u n l a d o i n s t i t u c i o n a l . L a s g u e r r a s s o n
f i n a n c i a d a s c o n el t e s o r o d e l t e m p l o ( n o otra cosa dice l a f ó r m u l a d e l
m a n d a t o d i v i n o ) y l o s b o t i n e s v a n a p a r a r p r i n c i p a l m e n t e al t e s o r o

10 Helck, Historisch-Biographische Texte derZpeiten Zjuischenzeit, n.° I i g ¡ Kang Sa-Moon, Divine

War in the OldTestament and in the Ancient Near East, Berlín/Nueva York, 1989, 89 y 99 ¡
I. Shirun-Grumach, Offenbarung, Orakel undKónigsnovelle, AAT 24> Wiesbaden, 1993,
123 con nota 3.
11 Kang Sa-Moon, Divine War, Th. v. d. Way, Góttergericht und «heihger Krieg» ím Alten Agyp-
ten, SAGA4., 1992.
 256 EGIPTO

del templo. P e r o la a s o c i a c i ó n d e g u e r r a y r e l i g i ó n l l e g a a ú n m á s
lejos. Dos grupos sociales se d e s t a c a n d u r a n t e el R e i n o N u e v o c ó m o
factores dominantes: el de los m i l i t a r e s y el de los s a c e r d o t e s . N o está
nada clara la c u e s t i ó n d e c u á l d e l o s d o s g r u p o s l o g r a a la p o s t r e la
supremacía. El fin del R e i n o N u e v o e m p i e z a c o n u n a s u b l e v a c i ó n del
sumo sacerdote t e b a n o . P e r o f i n a l m e n t e u n g e n e r a l d e s e m p e ñ a el
cargo de s u m o s a c e r d o t e , y n o s ó l o e s o , s i n o q u e a s c i e n d e e n esta
condición al t r o n o .
Este hecho marca el f i n d e l R e i n o N u e v o y el c o m i e n z o d e l T e r c e r
Período I n t e r m e d i o , p u e s es el o r i g e n de u n a n u e v a d e s i n t e g r a c i ó n
de la unidad estatal. G e o g r á f i c a m e n t e r e a p a r e c e el d u a l i s m o n o r t e -
sur. Pero, p o l í t i c a m e n t e , l a c a u s a d e esta e s c i s i ó n es t i n c o n f l i c t o
completamente n u e v o : el c o n f l i c t o e n t r e militares y s a c e r d o t e s , e n t r e
guerra y r e l i g i ó n . E n el s u r , la r e l i g i ó n se h a c e i n d e p e n d i e n t e y
funda una especie de E s t a d o e c l e s i á s t i c o . N o m i n a l m e n t e g o b i e r n a el
dios A m ó n a través de o r á c u l o s . S e t r a t a d e la i n s t i t u c i o n a l i z a c i ó n
consecuente de la i d e o l o g í a h i s t ó r i c a d e los ramésidas, q u e h a c e b r o -
tar los a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó r i c o s d e la v o l u n t a d d i v i n a . A h o r a , la
voluntad divina a s u m e el g o b i e r n o p o r m e d i o d e l o r á c u l o t e b a n o y
decide no sólo las a c c i o n e s p o l í t i c a s , s i n o t a m b i é n s o b r e los a s u n t o s
cotidianos. Se p r o d u c e u n c a m b i o d e e s t a d o e n la r e l i g i ó n . D e u n
aspecto importante de la c u l t u r a pasa a ser u n f a c t o r h i s t ó r i c o d e c i -
sorio, el agente de u n a r e o r g a n i z a c i ó n r a d i c a l . D e a q u í a l o q u e p o c o
tiempo después se i n i c i a r á e n I s r a e l y t r a n s f o r m a r á d e h e c h o el
mundo sólo hay u n p a s o .
La historia del R e i n o N u e v o n o s da así d e r e c h o a d e s t a c a r , p a r a
los fines de esta h i s t o r i a d e l s e n t i d o , la r e l i g i ó n c o m o el a s p e c t o
decisivo y c a r a c t e r í s t i c o d e esta é p o c a . E l l a c a r a c t e r i z a e l p e r f i l d e
esta época de la m i s m a m a n e r a q u e la f i l o s o f í a d e M a ' a t el d e l R e i n o
Medio. Es cierto q u e el R e i n o N u e v o r e t i e n e el c o n c e p t o d e M a ' a t .
Pero el significado de este c o n c e p t o se e n c u e n t r a c a d a v e z m á s b a j o
la influencia de u n n u e v o p a r a d i g m a s e m á n t i c o : d e u n a « t e o l o g í a
de la v o l u n t a d » .
 2. EL COSMOTEÍSMO COMO FORMA DEL SABER

E L C O S M O S Y LAS D I M E N S I O N E S D E L M U N D O D E L O S D I O S E S

La e x p r e s i ó n « c o s m o t e í s m o » fue a c u ñ a d a p o r L a m o i g n o n de M a l e s -
h e r b e s , e n s u e d i c i ó n d e l a H i s t o r i a N a t u r a l d e P l i n i o el V i e j o , p a r a
caracterizar la v e n e r a c i ó n antigua, e s p e c i a l m e n t e la estoica del c o s m o s
c o m o ser s u p r e m o . C o m e n t a n d o el pasaje e n q u e se l e e q u e «mundum,
•et hoc quodcumque nomine coelum appellare libuit, cujus circumjlexu teguntur cuneta,
numen esse credipar est», M a l e s h e r b e s decía q u e n o d e b e r í a l l a m a r s e ateo
a P l i n i o , « m a i s u n Gosmo-théiste, c'est á d i r é q u e l q u ' u n q u i c r o i t q u e
1 3
T u n i v e r s est D i e u » . Friedrich Heinrich Jacobi recogió el término
para aplicarlo a la filosofía de S p i n o z a y su e q u i p a r a c i ó n de D i o s y
13
naturaleza . E l término m e parece de lo más apropiado para reunir
bajo él a las r e l i g i o n e s q u e v e n e r a n ante t o d o a los dioses c ó s m i c o s o al
c o s m o s c o m o D i o s . P o r e s o u t i l i z o a q u í la e x p r e s i ó n e n u n s e n t i d o
algo m á s g e n e r a l y la aplico n o sólo a la r e l i g i ó n d e l dios c ó s m i c o ,
1 4
« d i e u c o s m i q u e » , s i n o t a m b i é n a l o s p o l i t e í s m o s q u e v e n e r a n el
c o s m o s c o m o p r o d u c t o d e la c o o p e r a c i ó n d e m u c h o s dioses distintos.
E n la h i s t o r i a d e la r e l i g i ó n d e l R e i n o N u e v o , e l c o s m o t e í s m o se p r e -
senta e n tres f o r m a s distintas: e n la f o r m a d e l politeísmo t r a d i c i o n a l , e n

12 EmmanuelJ. Bauer, Das Denken Spinoias undseine Interpretation durch Jacobi, Frankfurt /
Berna/Nueva York/París, 1989, 234 ss.
13 Cfr. H. Timm, Goti und die Freiheit, Bd. L Die Spinoiarenaissance, Frankfurt, 1974. 226ss.
14 A. -J. Festugiére, La révélation d'Hermés TrismégisteII: Le dieu cosmique, París, 1949-
258 EGIPTO

la del monoteísmo r e v o l u c i o n a r i o d e l sol y la l u z c o m o ú n i c a d i v i n i d a d

r e c o n o c i d a , p e r o q u e todavía p e r m a n e c e e n el m a r c o de la v e n e r a c i ó n
d e l c o s m o s , y f i n a l m e n t e e n la f o r m a d e u n panteísmo q u e c o n c i b e al
dios s u p r e m o del p a n t e ó n c o m o i n t e g r a c i ó n de t o d o s los d e m á s d i o -
ses a la vez q u e p e r s o n i f i c a c i ó n de la u n i d a d del m u n d o .
U n a r e l i g i ó n p o l i t e í s t a n o t i e n e u n s o l o d i o s , s i n o u n m u n d o de
d i o s e s . Este m u n d o de d i o s e s p o s e e u n a d e t e r m i n a d a e s t r u c t u r a : n o
es u n m u n d o c o n f u s o , c a ó t i c o , de d i v i n i d a d e s d i s p a r e s . E n la r e l i -
g i ó n e g i p c i a se d e s t a c a n tres p a r á m e t r o s p r i n c i p a l e s q u e l o e s t r u c t u -
r a n . U n o es el l e n g u a j e , q u e d o t á n d o l o s o b r e t o d o de u n a e s t r u c t u r a
n a r r a t i v a , la de l o s m i t o s , i n t r o d u c e e n t r e los dioses u n a r e l a c i ó n d e
p a r e n t e s c o y e n c a d e n a sus a c c i o n e s y d e s t i n o s . E l o t r o es e l c o s m o s ,
q u e da el m o d e l o d e u n a c o o p e r a c i ó n de m u c h o s p o d e r e s d e d i f e -
r e n t e clase, y el t e r c e r o la o r g a n i z a c i ó n p o l í t i c a de la c o m u n i d a d , q u e
a t r i b u y e t a m b i é n a l o s dioses d e sus t e m p l o s y c i u d a d e s c a p a c i d a d d e
g o b i e r n o t e r r e n a l e i n t e r p r e t a t o d o g o b i e r n o de l o s h o m b r e s c o m o
r e p r e s e n t a c i ó n de ese g o b i e r n o d i v i n o . E n esta d i m e n s i ó n , la c o m u -
n i d a d p o l í t i c a se r e a l i z a c o m o c o m u n i d a d de c u l t o .

Estos tres p a r á m e t r o s e s t r u c t u r a n t e s , o r d e n a d o r e s , p u e d e n e n t e n -
d e r s e t a m b i é n c o m o a s p e c t o s d e la e s e n c i a d i v i n a . U n d i o s t i e n e u n
n o m b r e , u n a g e n e a l o g í a y u n e s p e c t r o de r o l e s más o m e n o s m í t i c a -
mente desarrollado; tiene también una « j u r i s d i c c i ó n » cósmica,
vegetativa o i n c l u s o c u l t u r a l ( c o m o , p o r e j e m p l o , T h o t h c o m o d i o s d e
la escritura y la m a t e m á t i c a , o A n u b i s c o m o dios de la m o m i f i c a c i ó n ) ,
y t i e n e , e n f i n , u n l u g a r de c u l t o d e s d e el c u a l e j e r c e u n a e s p e c i e d e
g o b i e r n o t e r r e n a l . T o d a s estas cosas p u e d e n t a m b i é n i n t e r p r e t a r s e ,
r e f e r i d a s a l o s h o m b r e s , c o m o d i m e n s i o n e s d e la e x p e r i e n c i a r e l i -
giosa. ¿ D ó n d e y c ó m o e n c u e n t r a el e g i p c i o l o d i v i n o ? P r i m e r o e n l o s
m i t o s , e n l o s n o m b r e s d e l o s d i o s e s y e n las f ó r m u l a s y r e c i t a c i o n e s
sagradas, l u e g o e n l o s f e n ó m e n o s n a t u r a l e s y c u l t u r a l e s , y , e n t e r c e r
l u g a r , e n los t e m p l o s y l o s c u l t o s .
L a s r e l i g i o n e s m o n o t e í s t a s r e v e l a d a s r o m p i e r o n c o n t o d a esta
e s t r u c t u r a . E n e l l a s , esta e s t r u c t u r a p e r m a n e c e s ó l o c o m o u n s u s -
t r a t o , c o m o la p r i m e r a e s c r i t u r a de u n p a l i m p e s t o , q u e h a q u e d a d o
i l e g i b l e . Y e n las r e l i g i o n e s t r i b a l e s , esa e s t r u c t u r a a ú n n o se h a f o r -
m a d o . D e ahí q u e ésta c a r a c t e r i c e al p o l i t e í s m o c o m o f o r m a e s p e c i a l
d e la r e l i g i ó n d e l m u n d o a n t i g u o , u n a f o r m a a ú n p o c o e s t u d i a d a
c o m o tal.
 I V / 2. EL C O S M O T E Í S M O COMO FORMA D E L S A B E R
259

El s o c i ó l o g o T a l c o t t P a r s o n s r e ú n e estos p o l i t e í s m o s b a j o el c o n -
5
cepto de las « s o c i e d a d e s c o s m o l ó g i c a s » ' . U n a s o c i e d a d c o s m o l ó g i c a
se o r i e n t a al m o d e l o d e l o s ó r d e n e s c ó s m i c o s , q u e m e d i a n t e la
o b s e r v a c i ó n p r e c i s a y l o s cori'espondientes actos rituales t r a n s f o r m a
e n o r d e n a c i o n e s p o l í t i c a s y sociales. P e r o n a t u r a l m e n t e h a y distintas
formas de observación participativa. E l m o d e l o m e s o p o t á m i c o
( c o m o el r o m a n o y el c h i n o a n t i g u o ) es el d e la d i v i n a c i ó n * A q u í , el
c o s m o s es o b s e r v a d o a través d e l o s s i g n o s e n l o s q u e se a n u n c i a l a
v o l u n t a d d e l o s d i o s e s . E l m o d e l o e g i p c i o es c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o .
L a p r i n c i p a l d i f e r e n c i a r a d i c a e n la c o n s t i t u c i ó n d e l s i g n o . L a s c u l -
turas divinatorias c o n s t i t u y e n el s i g n o c o m o e x c e p c i ó n d e la regla. L o
r e g u l a r , p r e d e c i b l e y p e r i ó d i c o f o r m a n el f o n d o s o b r e e l q u e la
1
e x c e p c i ó n se destaca c o m o f i g u r a significativa . E n E g i p t o , l o r e g u -
lar, p e r i ó d i c o y m o d é l i c o a p a r e c e c o m o a l g o s i g n i f i c a t i v o s o b r e e l
f o n d o de l o s a c o n t e c i m i e n t o s contingentes, ú n i c o s , discordantes y
e x c e p c i o n a l e s . E l a r c o iris, l o s seísmos y l o s eclipses d e l u n a y d e s o l ,
q u e e n las c u l t u r a s d i v i n a t o r i a s se o b s e r v a n y r e g i s t r a n c u i d a d o s a -
mente c o m o signos c o n gran significado, s o n e n Egipto silenciados.
E n l a r e l i g i ó n e g i p c i a , la v o l u n t a d d e l o s d i o s e s n o j u g a b a n i n g ú n
p a p e l e s p e c i a l . P a r a e l l a , esta v o l u n t a d estaba l i g a d a al m a n t e n i -
m i e n t o d e l p r o c e s o c ó s m i c o . P u e s l o s dioses estaban l i g a d o s al p a p e l
q u e d e b í a n d e s e m p e ñ a r e n el d r a m a d i a r i o d e l p r o c e s o c ó s m i c o , y la
c o - e j e c u c i ó n r i t u a l d e este p r o c e s o n o s ó l o t e n í a el s e n t i d o d e a d a p -
tar las o r d e n a c i o n e s d e l m u n d o d e l o s h o m b r e s a las d e l c o s m o s , s i n o
q u e además d e b í a m a n t e n e r el p r o p i o p r o c e s o c ó s m i c o .
L o s e g i p c i o s v e í a n e n el c o s m o s m e n o s u n e s p a c i o b i e n o r d e n a d o
q u e u n p r o c e s o e n c o n t i n u o c u m p l i m i e n t o . P a r a e l l o s , la c r e a c i ó n
n o c o n c l u y ó u n s é p t i m o día, s i n o q u e p r o s e g u í a s i n t é r m i n o . L a c o s -
m o g o n í a e m p e z ó m e n o s c o n u n acto d e l i b e r a d o d e c r e a c i ó n q u e c o n
u n a suerte d e a r r a n q u e i n i c i a l . L a e x p r e s i ó n e g i p c i a p a r a e l l o es zfi tpj,
« l a p r i m e r a v e z » . E s t a m o s a q u í a n t e el t i e m p o c í c l i c o . L a p r i m e r a

15 Probablemente ha tomado este concepto del filósofo político Eric Voegelin, quien lo
desarrolla en el primer tomo de su monumental Order andHistory (Israel and Revelation, Baton
Rouge, 1956). Voegelin se apoya a su vez en Henri Frankfort, que puso a su libro Kingship
and the Gods el subtítulo de The Integration ofSocietj) intoKature (Chicago, 194-8) [ed. cast.: Reyesy
dioses, Alianza Editorial, 1998]. Pero ambos aprendieron de Hans Kelsen, él teórico vie-
nes del Estado, que, como Voegelin, emigró a los EE.UU., y cuyo libro Nalure andSociety, A
e n
Sociological Inquiry apareció en 194-3 Chicago (Vergeltung und Kausalitat) [La Haya, 194.6].
16 Una excepción es la divinación astrológica, que también toma como punto de par-
tida de sus interpretaciones los procesos y acontecimientos regulares.
 26o EGIPTO

vez separa el caos p r e e x i s t e n t e d e l p r o c e s o c o s m o g ó n i c o de t i e m p o

c í c l i c o , y n o de u n c o s m o s c o n c l u i d o . E l p r o c e s o c o s m o g ó n i c o es
i m p u l s a d o e n su c u r s o c í c l i c o p o r el c o n f l i c t o e n t r e fuerzas positivas
y negativas. E l c i c l o n o está p r o g r a m a d o , y h a y q u e h a c e r e s f u e r z o s
incesantes para i m p u l s a r l o y sustraerlo'a u n a constante gravitación
hacia el caos. T a l es la m i s i ó n d e l o s d i o s e s , s o b r e t o d o d e l d i o s S o l , y
los r i t o s p r a c t i c a d o s s o b r e la t i e r r a c o n t r i b u y e n p o r la p a r t e q u e les
toca a dar al t i e m p o y al p r o c e s o c ó s m i c o f o r m a cíclica.
Este a s p e c t o d r a m á t i c o de la v i s i ó n c o s m o t e í s t a d e l m u n d o l o
caracterizó ya V o e g e l i n m u y c l a r a m e n t e : « L o s p u e b l o s q u e vivían e n la
v e r d a d d e l m i t o v e í a n el c o s m o s a m e n a z a d o de d e s t r u c c i ó n p o r o b r a
del t i e m p o ; y la r e p e t i c i ó n r i t u a l d e la c o s m o g o n í a t e n í a p o r objetivo
s u p e r a r la i r r e v e r s i b i l i d a d d e l t i e m p o . L a e x p e r i e n c i a de u n c o s m o s
que existe e n e q u i l i b r i o i n e s t a b l e e n t r e el n a c i m i e n t o d e la n a d a y la
d e s a p a r i c i ó n e n la n a d a d e b e p o r e n d e ser c o n s i d e r a d o c o m o el c e n ­
1 7
t r o de la e x p e r i e n c i a p r i m a r i a d e l c o s m o s » . Esta tesis s i n d u d a
d e m a n d a a q u í algunas p r e c i s i o n e s . E l c o s m o s n o era p a r a l o s e g i p c i o s
u n estado de e q u i l i b r i o e n t r e n a d a y n a d a . T a m p o c o h a b í a s u r g i d o de
la n a d a . S o r p r e n d e n t e m e n t e , e l c o n c e p t o d e la . « n a d a » , e n eg. jwtt,
n o - s e r , n o p e r t e n e c í a a la esfera e x t e r i o r y a n t e r i o r al m u n d o , s i n o a
la i n t e r i o r del m u n d o . S ó l o e n el m u n d o ya n a c i d o , s ó l o d e n t r o d e su
proceso incesante, es p o s i b l e p a r a el p e n s a m i e n t o e g i p c i o la d i s t i n c i ó n
entre ser y n a d a . Esta d i f e r e n c i a f u n d a e n g e n e r a l la d i s t i n c i ó n c o s ­
m o g ó n i c a p r i m a r i a , q u e d e b e ser h e c h a p a r a a d m i t i r q u e u n u n i v e r s o
p u e d a n a c e r . S e g ú n la i d e a e g i p c i a , e l c o s m o s n o h a b í a s u r g i d o d e la
nada, sino d e l U n o , d e la u n i d a d p r i m o r d i a l i n d i f e r e n c i a d a , a la q u e
t a m b i é n se regresa al f i n a l d e l t i e m p o . Este U n o o u n i d a d p r i m o r d i a l
n o es la g r a v i t a c i ó n o f u e r z a o p u e s t a q u e a m e n a z a a su c u r s o c í c l i c o
con la irreversibilidad y la e n t r o p í a . Esto es más b i e n la nada. Esta d i s ­
t i n c i ó n f u n d a m e n t a l h a q u e d a d o o c u l t a d a e n la t e r m i n o l o g í a d e la
historia de las r e l i g i o n e s p o r la i n f l a c i ó n d e l u s o de la palabra « c a o s » .
Los egipcios e r a n algo m á s p r e c i s o s . Y a n o s h e m o s d e t e n i d o al final de
la parte p r e c e d e n t e e n la i d e a e g i p c i a d e l c a o s , p e r o a h o r a h e m o s de
volver sobre ella e n el c o n t e x t o d e l n a c i m i e n t o y el m a n t e n i m i e n t o del
m u n d o . L o s e g i p c i o s h a c í a n s u r g i r el m u n d o d e l JVun, el agua o r i g i n a l
( « c a o s I » ) . E l d i o s s o l a r r e p e t í a la c o s m o g o n í a de la P r i m e r a V e z al

17 E. Voegelin, Order and History, tomo IV: The EcümemcAge, Louisiana, Baton Roueg,
1974. 73-
 I V / 2 . EL C O S M O T E Í S M O COMO FORMA DEL S A B E R 26l

a s c e n d e r cada m a ñ a n a s o b r e el agua o r i g i n a l . E n u n h i m n o al s o l se
d i c e i n c l u s o de l o s h o m b r e s q u e d u r a n t e el s u e ñ o se s u m e r j e n e n el
agua o r i g i n a l , y p o r la m a ñ a n a d e s p i e r t a n r e n o v a d o s para « d e s p r e n -
1 8
d e r s e d e l h o m b r e a n t i g u o y h a c e r s e u n h o m b r e n u e v o » . T a l és el
m i s t e r i o d e l t i e m p o c í c l i c o , el m i s t e r i o d e la r e n o v a c i ó n . E l c a o s ,
c o n t r a cuya g r a v i t a c i ó n h a c i a la i r r e v e r s i b i l i d a d y la e n t r o p í a el d i o s
s o l a r h a e s t a b l e c i d o el t i e m p o c í c l i c o y, c o n él, la r e g e n e r a c i ó n d e l
c o s m o s , a d q u i e r e e n la v i s i ó n . e g i p c i a d e l m u n d o l a f i g u r a d e u n a
m o n s t r u o s a s e r p i e n t e q u e a m e n a z a c o n b e b e r s e el agua o r i g i n a l
( « c a o s I I » ) . Esta f i g u r a c i ó n d e l caos i n t r a m u n d a n o ( i l ) es p u e s j u s t o
lo c o n t r a r i o del caos extra y p r e m u n d a n o ( i ) . Este s o p o r t a y r e n u e v a el
m u n d o , y a q u é l lo a m e n a z a c o n la a n i q u i l a c i ó n .

C O S M O H E R M E N É U T I C A : EL SENTIDO MÍTICO DEL CURSO

DEL S O L

La idea egipcia del c o s m o s , basada e n u n a c o s m o g o n í a e n incesante

r e t o r n o , t i e n e su c e n t r o e n la i d e a d e l « c u r s o d e l s o l » , d e l m o v i -
m i e n t o a p a r e n t e d e l s o l a l r e d e d o r d e la t i e r r a , q u e l o s e g i p c i o s
r e p r e s e n t a b a n c o m o n a v e g a c i ó n de u n a b a r c a . E l d i o s solar viaja e n
d o s b a r c a s , u n a p a r a la n a v e g a c i ó n d i u r n a y o t r a p a r a l a n o c t u r n a ,
s o b r e el cielo y p o r el m u n d o i n f e r i o r . Las barcas s i m b o l i z a n t a n t o el
m o v i m i e n t o c o m o la p e r i o d i c i d a d c í c l i c a d e l p r o c e s o q u e a c o n t e c e
e n las dos fases o p u e s t a s d e l día y la n o c h e . E n el p e r i p l o de la b a r c a
están i m p l i c a d o s p r á c t i c a m e n t e t o d o s los dioses i m p o r t a n t e s del
p a n t e ó n e g i p c i o más u n a p l é t o r a de divinidades especiales. N o . s e
trata a q u í d e la m i t o l o g í a d e l d i o s solar, s i n o de u n a v i s i ó n c o m p l e t a
del u n i v e r s o . L o s d i o s e s e s t a b l e c e n c o n el d i o s s o l a r r e l a c i o n e s t a n
diversas c o m o las « c o n s t e l a c i o n e s » fijas. C a d a fase d e l c u r s o d e l sol
q u e d a caracterizada p o r c o n s t e l a c i o n e s especiales —el n a c i m i e n t o p o r
la m a d r e , la crianza p o r las amas divinas, el ascenso al t r o n o p o r a d o -
r a d o r e s q u e l e a c l a m a n , el e n f r e n t a m i e n t o c o n el e n e m i g o p o r l o s
d i o s e s q u e l e a s i s t e n ; e l o c a s o c o m o r e g r e s o al s e n o m a t e r n o , el
m o d e l o d e la m u e r t e j u s t a , q u e p o r s u c i r c u l a r i d a d c o n d u c e a la

18 Pap. Chester Beatty IV rto. XI, 8-10 = ÁHGn.° 195, 275-281; Cfr. A. de Bucle, «De
godsdienstige opvatting van den slaap in het Oude Egypte», Mededelingen Ex Oriente Lux,
1939-
 262 EGIPTO

r e n o v a c i ó n , la u n i ó n c o n O s i r i s e n el m u n d o i n f e r i o r y el r e n a c i -
m i e n t o m a t u t i n o e n el agua o r i g i n a l c o m o r e p e t i c i ó n d e l a r r a n q u e
i n i c i a l d e l c o s m o s , d e la P r i m e r a V e z . C a d a fase p o s e e s u p r o p i o s i g -
n i f i c a d o , s u p r o p i o d r a m a t i s m o , y exige e s f u e r z o s e s p e c í f i c o s p a r a
h a c e r p o s i b l e el t r i u n f o d e la l u z . E s t a m o s a q u í i n e q u í v o c a m e n t e e n
presencia del fascinador tiempo cíclico, y ahora c o m p r e n d e m o s p o r
q u é esta f o r m a d e t i e m p o d o m i n a la c u l t u r a e g i p c i a . A h o r a c o m -
p r e n d e m o s m e j o r p o r q u é el t i e m p o n o es « e n s í » c i r c u l a r , y q u e la
c i r c u l a r i d a d es u n a f o r m a c u l t u r a l q u e se l e o b l i g a a a d o p t a r al
m u n d o c o n e m p e ñ o s s e m á n t i c o s y rituales. E l m u n d o d e b e s e g u i r u n
c u r s o cíclico p a r a q u e su existencia se m a n t e n g a . E l l o se c o n s i g u e p o r
m e d i o del culto e n general, y del «ritual h o r a r i o » e n particular, q u e
a c o m p a ñ a al sol e n s u c u r s o c o n r e c i t a c i o n e s h o r a r i a s .
El lenguaje d e s e m p e ñ a u n p a p e l central e n el culto solar. O b r a
c o m o u n « i n t e r f a c e » q u e acopla u n o s a otros los p r o c e s o s y los ó r d e -
n e s c ó s m i c o s y t e r r e s t r e s y, c o m o e l d i o s d e l aire S h u , p o s i b i l i t a l a
c o n e x i ó n e n t r e el a r r i b a y el abajo. Esto l o expresa así el i d i o m a e g i p -
9
cio.- « p e r m i t i r a s c e n d e r a M a ' a t » ' . M a ' a t n o es sólo la « j u s t i c i a » q u e
se h a c e , s i n o t a m b i é n la « v e r d a d » q u e se d i c e . A m b a s s o n aspectos d e
la a c c i ó n y d e l c o m p o r t a m i e n t o c o n e c t i v o s , u n o r e s p e c t o a la a c c i ó n ,
y el otro respecto a la c o m u n i c a c i ó n . C o n el « p e r m i t i r ascender a
M a ' a t » se p i e n s a e n l a p a l a b r a , e n u n a o f r e n d a d e p a l a b r a s . E l d i o s
s o l a r es h o n r a d o p r e f e r e n t e m e n t e p o r m e d i o d é la r e c i t a c i ó n q u e
asciende hasta él. L a v e r d a d q u e se le dice consiste e n u n a i n t e r p r e t a -
c i ó n de los p r o c e s o s c ó s m i c o s ' c o n f o r m e a a q u e l l o q u e p o d r í a llamarse
su s e n t i d o « m í t i c o » o salvífico, d e a c u e r d o c o n a q u e l l a « t e o l o g í a d e
los p a g a n o s » d e l a q u e el m é d i c o S i r T h o m a s B r o w n e d i j o e n e l a ñ o
1 6 4 2 c o n a s o m b r o s o acierto: « E l m o v i m i e n t o n a t u r a l d e l s o l les
i n f u n d í a u n a a d m i r a c i ó n d e S u s o b r a s más p r o f u n d a q u e a l o s h i j o s
de Israel s u d e t e n c i ó n sobrenatural; las acciones c o r r i e n t e s d e la n a t u -
raleza les a s o m b r a b a n más q u e t o d o s Sus m i l a g r o s . S i n d u d a los p a g a -
n o s s a b í a n j u n t a r y l e e r estas letras m í t i c a s m e j o r q u e n o s o t r o s l o s
cristianos, q u e e c h a m o s a esos j e r o g l í f i c o s q u e están a la vista de t o d o s
u n a m i r a d a distraída y n o s es d e m a s i a d o fácil o b t e n e r d e las floracio-
3 0
nes de la n a t u r a l e z a c o n o c i m i e n t o de D i o s » .

19 V. mi libro Liturgische Lieder, 1969, 154-157, 162.

20 Sir Thomas Browne, ReligioMedid. Ein Versuch über die Vereinbarkeit von Vernunft und Glauben
(1642), trad. de W. v. Koppenfels, Berlín, 1978, Parte I, 16, p. 32.
 IV / 2. EL C O S M O T E Í S M O COMO FORMA D E L S A B E R

L o s h i m n o s al sol q u e se elevan al dios solar c o m o M a ' a t o f r e c e n esa

lectura de las « l e t r a s m í t i c a s » del c o s m o s . E l l e n g u a j e consiste aquí e n
u n a suerte de c o m e n t a r i o q u e p o n e de relieve la h o m o l o g í a entre p r o -
cesos celestes y terrenales. H e d e n o m i n a d o a esta f o r m a de c o m e n t a r i o
« i n t e r p r e t a c i ó n s a c r a m e n t a l » . C o n s i s t e e n m o s t r a r la relevancia sal-
vífica de u n p r o c e s o . A p l i c a d a a los p r o c e s o s c ó s m i c o s , los h a c e t r a n s -
p a r e n t e s e n tres d i m e n s i o n e s d e l s e n t i d o : e n la d i m e n s i ó n estatal-
p o l í t i c a d e l g o b i e r n o , la salvación q u e se m u e s t r a e n el c u r s o d e l sol,
e n la i m p o s i c i ó n d e l o r d e n frente al caos q u e t r i u n f a c o m o l u z s o b r e
las tinieblas y c o m o m o v i m i e n t o s o b r e la d e t e n c i ó n ; e n el p l a n o social,
el s e n t i d o s a l v a d o r d e l c u r s o del sol r e s i d e e n el a m o r de q u é el d i o s
llena el m u n d o ; y e n el p l a n o i n d i v i d u a l es el ciclo d e m u e r t e y r e n a c i -
m i e n t o , e n v e j e c i m i e n t o y r e j u v e n e c i m i e n t o , l o q u e h a c e d e l curso del
sol m o d e l o y m e t a de las esperanzas e n el más allá. C o n esta i l u s t r a c i ó n
e i n t e r p r e t a c i ó n , el c u r s o del sol da l o s m o d e l o s p a r a la v i d a t e r r e n a .
La r e c i t a c i ó n cultual de este « d i s c u r s o s o l a r » t r a d u c e , p o r el m e d i o de
la i n t e r p r e t a c i ó n sacramental, los p r o c e s o s c ó s m i c o s a o r d e n a c i o n e s de
21
la v i d a . S u efecto n o es n a d a d e s p r e c i a b l e . « P o r ti h e a b a t i d o a A p o -
pis y d a d o a tu barca vía libre, q u e n o e m b a r r a n c a r á e n a q u e l b a n c o de
arena d e A p o p i s e n . e l g r a n v i a j e » , d i c e el rey c o m o s a c e r d o t e solar al
dios s o l a r ( A p o p i s es el a r c h i e n e m i g o d e l d i o s s o l a r , la s e r p i e n t e q u e
2 2
amenaza a la barca solar c o n su d e t e n c i ó n ) . E l rey es « e l p r o t e c t o r de
w
R e - H o r a k h t y , q u e ataca a su e n e m i g o c o n la eficacia salvadora (3 h ) de
su r e c i t a c i ó n , la c u a l h a c e q u e la b a r c a se d e s l i c e c o n c o r a z ó n j u b i -
2 3
l o s o » . C o n esta c o s m o l o g í a n o s m o v e m o s o b v i a m e n t e e n el d o m i -
n i o d e l t i e m p o c í c l i c o . A q u í , el c o n c e p t o de « s a l v a c i ó n » n o t i e n e el
s e n t i d o d e r e d e n c i ó n , s i n o de r e n o v a c i ó n y m a n t e n i m i e n t o . L a salva-
c i ó n r a d i c a e n la s u p e r a c i ó n d e l e s t a n c a m i e n t o y la d i s o l u c i ó n . E l l o
n o s trae n u e v a m e n t e el c o n c e p t o d e c o n e c t i v i d a d , q u e e n la d i m e n -
s i ó n t e m p o r a l crea c o n t i n u i d a d , y e n la d i m e n s i ó n social s o l i d a r i d a d .
2 4
Ella « a c u e r d a los c o r a z o n e s y p r o d u c e o r d e n » ' .
Es esta r e f e r e n c i a a la eficacia salvadora d e l a c o n t e c e r l o p r i m e r o q u e
da u n sentido al t o d o y h a c e q u e e l a c o m p a ñ a m i e n t o v e r b a l t o m e el

21 Cfr. mi art. «Solar Discourse. Ancient Egyptian Ways of World-Reading», en Deuts-

che VierteljahresschrijlfurLiteraturwissenschaft und Geistesgeschkhte 68, 1994. IOj-12,2..
22 Estela de Ramsés IV en Abidos, ed. Kitchen, Ramesside Inscriptions, VI, 24-9-IO.
23 Medinet Habu VI, lám. 422.23 s. V. mi trabajo DerKónigaisSonnenpriester, 68.
24 G- Balandier, Le désordre. Eloge du mouvement, París, 1988, 31, formulado en referencia
a China.
 264 EGIPTO

c a r á c t e r d e u n a interpretación. E n el c e n t r o está la i d e a d e u n a d o b l e
s u p e r a c i ó n : la s u p e r a c i ó n d e l mal, q u e e n la f i g u r a de la s e r p i e n t e
A p o p i s a m e n a z a a la b a r c a s o l a r c o n la d e t e n c i ó n , y la s u p e r a c i ó n de
la muerte. A m b a s cosas s o n m a n i f e s t a c i o n e s d e l c a o s . S e trata de d o s
a s p e c t o s d e l m i s m o a c o n t e c e r . L a s u p e r a c i ó n d e l m a l es el a s p e c t o
a c t i v o - t r a n s i t i v o , d i r i g i d o h a c i a f u e r a . A q u í a p a r e c e el d i o s s o l a r
c o m o rey d e l m u n d o , q u e c o n s u p a l a b r a d e s o b e r a n o i n s t a u r a el
o r d e n , a d m i n i s t r a j u s t i c i a , a s e g u r a el a p r o v i s i o n a m i e n t o y « e x p u l s a
al m a l » . E n este a s p e c t o , el c u r s o del sol es u n « p r o c e s o » e n el s e n -
t i d o j u d i c i a l , u n c o n f l i c t o q u e se resuelve ajustando las cuentas al m a l
y « j u s t i f i c a n d o » al d i o s s o l a r . M e d i a n t e este p r o c e s o , el m u n d o
« e s c i n d i d o » , q u e se h a c e a m b i v a l e n t e p o r la p r e s e n c i a d e l m a l ,
v u e l v e c o n s t a n t e m e n t e a s e r u n í v o c o , es d e c i r , g o b e r n a d o , s e g u r o y
h a b i t a b l e . L a s u p e r a c i ó n d e la m u e r t e es el a s p e c t o p a s i v o , esto es,
i n t r a n s i t i v o d e l viaje n o c t u r n o . A q u í , el p r o c e s o a p a r e c e c o m o p r o -
c e s o v i t a l , q u e el p r o p i o d i o s s o l a r sufre e n v e j e c i e n d o , m u r i e n d o y
r e n a c i e n d o . E l m i s t e r i o d e l r e n a c i m i e n t o s o l a r es el h e c h o salvífico
c e n t r a l de la r e l i g i ó n e g i p c i a e n general'. D e s d e este p u n t o d e fuga, el
c o s m o s e n t e r o a p a r e c e e n u n a e s p e c i e d e p e r s p e c t i v a salvadora, c o m o
acontecer salvador. A q u í se m u e s t r a d e n u e v o la p r i m a c í a d e l t i e m p o
s o b r e el e s p a c i o . M i e n t r a s q u e el g r i e g o a d m i r a la a r m o n í a d e l t o d o ,
al e g i p c i o le fas*ciña el p r o c e s o de u n a j u s t i f i c a c i ó n y u n r e n a c i m i e n t o
c o n t i n u o s . E n este a c o n t e c e r , el c o s m o s se l e p r e s e n t a c o m o e x p o -
n e n t e d e la p l e n i t u d de v i d a q u e s u p e r a la m u e r t e y d e la f u e r z a o r d e -
n a d o r a q u e c o n j u r a el c a o s .
E s t e s e n t i d o s a l v a d o r c o n s t i t u y e e l sensus mysticus d e l o s p r o c e s o s
c ó s m i c o s q u e el s a c e r d o t e d e s c i f r a y eleva e n h i m n o s al d i o s s o l a r .
C o n esta r e f e r e n c i a al s i g n i f i c a d o m í s t i c o d e l c u r s o d e l s o l , la c o n -
t e m p l a c i ó n c o n o c e d o r a se c o n v i e r t e e n u n a c t o d e c o m p r e n s i ó n
i d é n t i f i c a d o r a . E l h o m b r e se r e c o n o c e e n el c o s m o s . Su m u e r t e es
a q u í s u p e r a d a , su a m b i v a l e n c i a e n t r e el b i e n y el m a l se resuelve a q u í
u n í v o c a m e n t e e n el b i e n , su d e s o r d e n es e v i t a d o y su g o b i e r n o d e b i -
d a m e n t e e j e r c i d o . N o le i n t e r e s a la r e l a c i ó n de causa y e f e c t o , la a r t i -
c u l a c i ó n d e l p r o c e s o c o n f o r m e a sus l e y e s p r o p i a s . Desentrañarla
sería u n acto d e e x p l i c a c i ó n . L e i n t e r e s a m á s b i e n el s e n t i d o salvador
d e l o s p r o c e s o s v i v i d o s c o m o a c c i ó n y c u m p l i m i e n t o . Y e s t o es u n
acto de c o m p r e n s i ó n . E l c o s m o s n o es e x p l i c a d o , s i n o i n t e r p r e t a d o .
E l c o s m o s p o r t a u n m e n s a j e q u e el h o m b r e p u e d e r e f e r i r a sí m i s m o ,
u n s e n t i d o q u e p u e d e activar e n él m i s m o .
 I V / 2 . EL COSMOTEÍSMO COMO FORMA DEL S A B E R

T r a s lo d i c h o hasta a q u í n a d i e discutirá q u e estamos ante u n a idea

de e n o r m e c o m p l e j i d a d , ante t o d o u n e d i f i c i o de saber q u e los sacer­
dotes t i e n e n q u e d o m i n a r para p o d e r c o n t r i b u i r c o n sus recitaciones
a m a n t e n e r el curso del s o l . S o b r e la clase y el significado de este saber
c o s m o l ó g i c o n o s i l u s t r a el m i s m o t e x t o d e l q u e h e m o s c i t a d o e n la
p á g i n a 2l6 la ú l t i m a estrofa, q u e trata d e l p u e s t o d e l rey e n la tierra.
Las dos estrofas anteriores d e s c r i b e n su saber, q u e le capacita para esta
i n t e r p r e t a c i ó n d e f i n i d o r a y m a n t e n e d o r a d e l c u r s o solar.

El rey
adora al dios solar al alba,
a su salida, cuando. <<abre su b o l a » ,
cuando levanta su vuelo hacia el cielo cual escarabajo
—él entra en la boca,
él sale de las piernas
cuando nace p o r el cielo de levante.
Su padre Osiris lo levanta,
los brazos (de los dioses del aire) H u h y Hauhet lo reciben.
El es colocado en la barca matutina.

El rey conoce
este lenguaje secreto que hablan las «almas del o r i e n t e »
cuando hacen música jubilosa para el dios Sol
en su ascensión, su aparición en el horizonte,
y cuando le abren las puertas
de la entrada del horizonte oriental, .
para que pueda navegar p o r las rutas del cielo.

El conoce su aspecto y sus encarnaciones,

. sus residencias en el país divino.
C o n o c e sus posiciones
cuando el dios solar inicia el camino.
C o n o c e el lenguaje que hablan las tripulaciones
cuando sacan la barca del horizonte.

El conoce el nacimiento de Re
y su transformación en la marea.
C o n o c e aquella puerta secreta p o r la que sale el gran dios,
conoce al que está en la barca matutina,
266 EGIPTO

y la gran figura en la barca nocturna.

C o n o c e sus embarcaderos en el horizonte
25
y sus útiles de navegación en la diosa celeste .

E s t e t e x t o e n u m e r a t o d o l o q u e el rey t i e n e q u e s a b e r p a r a a d o ­
r a r al d i o s s o l a r al a m a n e c e r . E l c o n o c e la n a t u r a l e z a d e l p r o c e s o
c ó s m i c o , sus fases, su c o n f i g u r a c i ó n e s c é n i c o - c o n s t e l a t i v a y su s i g ­
n i f i c a d o salvífico c o m o r e n a c i m i e n t o ; c o n o c e l o s seres e n él i m p l i ­
c a d o s , sus a c c i o n e s , sus p a l a b r a s y las c i r c u n s t a n c i a s d e s u e x i s t e n ­
c i a ; y c o n o c e l o s m a r c o s e s p a c i a l e s d e l a c o n t e c e r , las p u e r t a s
c e l e s t e s , las b a r c a s , l o s e m b a r c a d e r o s y l o s ú t i l e s d e n a v e g a c i ó n .
T i e n e q u e c o n o c e r t o d o eso p a r a p o d e r c o o p e r a r e f i c a z m e n t e c o n
s u d i s c u r s o a d o r a d o r e n e l p r o c e s o c ó s m i c o . E n e l l o es m e n o r su
t e m o r a q u e u n día el s o l d e j e d e salir q u e el t e m o r a q u e e l s e n t i d o
s a l v a d o r d e l p r o c e s o p u e d a e x t r a v i a r s e . S e trata de u n officium memo-
riae. E l rey d e b e e m p l e a r t o d a su m e m o r i a p a r a r e c o r d a r este s a b e r
e n su e f i c a c i a s a l v a d o r a . E l m u n d o así m a n t e n i d o a c t i v o es u n
m u n d o d e s e n t i d o , u n m u n d o d e l e n g u a j e , de s a b e r , d e r e l a c i o n e s
y r e f l e j o s , u n a l e c t u r a a n t r o p o m ó r f i c a d e l c o s m o s q u e se c o r r e s ­
p o n d e c o n u n a i m a g e n c o s m o m ó r f i c a de los ó r d e n e s h u m a n o s . E l
r i t u a l de las h o r a s v e n c e , c o m o t o d o s l o s r i t o s , el c a o s c ó s m i c o , y,
c o n él, el caos e n el h o m b r e .

L a « c i e n c i a n a t u r a l » c o s m o t e í s t a lleva.a c a b o u n a i d e n t i f i c a c i ó n
e s p e c u l a t i v a . C o n la a d o r a c i ó n de las fuerzas o r d e n a d o r a s que
r i g e n el c o s m o s , el h o m b r e m o v i l i z a t a m b i é n e l . c o s m o s e n él
m i s m o . I n t e r p r e t a e l m u n d o al p a r q u e se i n t e g r a e n é l . C o m o es
s a b i d o , magia y mística m a n t i e n e n í n t i m a r e l a c i ó n . Se trata ú l t i ­
m a m e n t e de p a r t i c i p a r y d e t o m a r p a r t e . « Q u i e n sabe e s t o , es u n a
26
i m a g e n d e l g r a n d i o s » , se d i c e e n el A m d u a t : eritis sicutDeus . Pero
n o se t r a t a s o l a m e n t e d e s a b e r . A l g u n a s v a r i a n t e s d e esta p r o m e s a
d i c e n : « q u i e n hace e s t o . . . » . S a b e r y h a c e r (gnosisjpraxis) son inter­
c a m b i a b l e s . E l s a b e r c o s m o t e í s t a a p u n t a a la a c c i ó n , és savoir-faire,
c o n o c e r l o s r i t o s q u e m a n t i e n e n la m a r c h a d e l m u n d o . A la m a g i a
y la m í s t i c a se a g r e g a u n t e r c e r o : el r i t o . E l m u n d o n o es i n t e r p r e -

25 De un tratado teológico-cúltico sobre el «rey como sacerdote solar», cfr. mi trabajo

DerKonigalsSonnenpríesier.
Z6 Cfr. E. Hornung, «Alagyptische Wurzeln der Isismysterien», en Hommages á J. Leclant III,
El Cairo, 1994, 287-293.
 IV / 2. EL COSMOTEÍSMO COMO FORMA D E L S A B E R 267

t a d o s i n más c o m o sistema de a c c i o n e s d i v i n a s , c o m o u n ritual

c e l e b r a d o p o r l o s d i o s e s , s i n o q u e esta i n t e r p r e t a c i ó n es t a m b i é n
ritualmente escenificada.
L a f o r m a d e saber c o s m o t e í s t a n o c a r a c t e r i z a de m o d o especial al
R e i n o N u e v o , s i n o d e m o d o g e n e r a l a t o d a la c u l t u r a e g i p c i a , c o m o
u n a « s o c i e d a d c o s m o l ó g i c a » . S i la h e m o s a n a l i z a d o e n el c o n t e x t o
del R e i n o N u e v o , es p o r q u e s o b r e el f o n d o de esta e x p e r i e n c i a y este
s i m b o l i s m o g e n e r a l e s se d e s p l i e g a a h o r a u n a d i n á m i c a s i n g u l a r . Esta
se manifiesta ante t o d o e n u n a p r o d u c c i ó n de h i m n o s al s o l sin p a r a ­
l e l o e n otras é p o c a s de la h i s t o r i a de E g i p t o . S o n m u c h o s c i e n t o s l o s
h i m n o s al s o l q u e se c o n s e r v a n d e l R e i n o N u e v o . E n p a r t e r e p r o d u ­
c e n y varían u n g r u p o de textos estándar, y e n p a r t e s o n h i m n o s n u e ­
vos. G o m o casi t o d a s estas i n s c r i p c i o n e s se p u e d e n datar c o n e x a c t i ­
t u d , d o c u m e n t a n la h i s t o r i a d e u n d i s c u r s o . E s t e d i s c u r s o r e f l e j a
a h o r a u n c a m b i o p r o f u n d o e n la c o n c e p c i ó n d e l c u r s o d e l s o l .

L A NUEVA T E O L O G Í A SOLAR

E l c a m b i o e s t r u c t u r a l q u e se p r o d u c e e n la c o n c e p c i ó n d e l c u r s o
s o l a r se p u e d e d e s c r i b i r s e n c i l l a m e n t e c o m o c a m b i o d e u n a a c c i ó n
c o m u n i t a r i a a u n a a c c i ó n s o l i t a r i a . S e g ú n la c o n c e p c i ó n clásica, el
d i o s s o l a r l l e v a a c a b o el m o v i m i e n t o d e l s o l e n c o o p e r a c i ó n c o n
c o n s t e l a c i o n e s c a m b i a n t e s d e u n a c o m u n i d a d d e d i o s e s e n cuyo s i s ­
t e m a d e f u n c i o n e s está él i n c l u i d o , u n a s v e c e s c o m o p a r t e activa,
otras c o m o p a r t e pasiva y r e c e p t i v a , p e r o s i e m p r e o c u p a n d o el l u g a r
c e n t r a l . E n r i g o r t o d o s los dioses c o l a b o r a n e n el m a n t e n i m i e n t o d e l
c u r s o del s o l c o m o a c o n t e c e r s a l v a d o r . E l c o s m o s es s e n c i l l a m e n t e el
r e s u l t a d o d e la a c c i ó n c o n j u n t a d e l o s d i o s e s . P e r o , s e g ú n la n u e v a
c o n c e p c i ó n , el d i o s solar está s o l o e n su c u r s o :
27
T ú apareciste en el cielo como el solitario

Es d i f í c i l e x a g e r a r la r a d i c a l i d a d d e este c a m b i o e n l a i d e a d e l
c u r s o s o l a r . P a r a la r e l i g i ó n t r a d i c i o n a l , u n d i o s s o l i t a r i o s ó l o es
p e n s a b l e e n la p r e e x i s t e n c i a de la u n i d a d o r i g i n a l . D e n t r o d e la r e a ­
l i d a d c r e a d a y d e s p l e g a d a , la s o l e d a d es u n estado i n s o s t e n i b l e t a m ­
b i é n p a r a los d i o s e s . L a vida es s i e m p r e c o n e c t i v a y constelativa. P e r o

27 ÁHGn.° 90, 7.
 268 EGIPTO

el d i o s de la n u e v a t e o l o g í a s o l a r está s o l o e n su c u r s o . T o d a s las i m á ­
g e n e s m í t i c a s e s t á n p r o s c r i t a s e n l o s n u e v o s t e x t o s . N o hay n i n g ú n
e n e m i g o , n i n g u n a m a d r e c e l e s t e , n i n g ú n p a d r e e n el m u n d o i n f e ­
r i o r . E l c u r s o solar n a d a t i e n e q u e v e r c o n n a c i m i e n t o y m u e r t e , j u s ­
ticia, g o b i e r n o y otras i m á g e n e s e n las q u e se reflejan la existencia d e l
m u n d o h u m a n o . A q u í se r o m p e d e m a n e r a r a d i c a l c o n estos m i t o s .
C o n l a c o n s t e l a t i v i d a d d e l c u r s o d e l s o l p i e r d e t a m b i é n v a l i d e z la
c o n e c t i v i d a d d e la j u s t i c i a h u m a n a . E l s e n t i d o c ó s m i c o y el s e n t i d o
t e r r e n a l ya n o se r e f l e j a n u n o e n o t r o .
Las r e p e r c u s i o n e s de esta r e v o l u c i ó n c o s m o t e o l ó g i c a s o b r e t o d a la
s e m á n t i c a c u l t u r a l d e E g i p t o n o se p u e d e n e x a g e r a r . E l e n f o q u e
m o n i s t a de la v i d a c ó s m i c a , su r e d u c c i ó n a u n a ú n i c a f u e n t e , c r e a
u n a o p o s i c i ó n d e d i o s y m u n d o q u e l i q u i d a la i d e a t r a d i c i o n a l d e
M a ' a t c o m o i n t e r c o n e x i ó n constelativa de t o d o lo viviente. D o n d e
m á s c l a r a m e n t e se m u e s t r a este c a m b i o es e n la t r a n s i t i v a c i ó n de las
f o r m a s verbales q u e d e s c r i b e n las a c c i o n e s divinas. S e g ú n la i d e a t r a ­
d i c i o n a l , l o s d i o s e s « v i v e n » , y su v i d a y su c o o p e r a c i ó n c o n s t i t u y e n
la r e a l i d a d . A h o r a , esta v i d a d i v i n a y c ó s m i c a se c o n c e n t r a e n l a
acción «vivificadora» del dios Ú n i c o , creador y conservador del
m u n d o . E l c u r s o s o l a r ya n o es la a c c i ó n c o l e c t i v a d e l m u n d o de l o s
dioses, s i n o el acto c o t i d i a n a m e n t e r e n o v a d o del dios solar c o m o
d i o s ú n i c o . D e a q u í a la « t e o l o g í a d e la v o l u n t a d » , q u e d e esta
a c c i ó n c r e a d o r a de v i d a d e l d i o s s o l a r d e d u c e n o s ó l o el t i e m p o c o m o
d i m e n s i ó n c ó s m i c a , s i n o t a m b i é n l o q u e e n él .acontece —la h i s t o r i a
d e l país y el d e s t i n o d e l i n d i v i d u o — , n o hay m á s q u e u n p a s o .
P e r o la v i s i ó n a n t i c o n s t e l a t i v a d e l c u r s o s o l a r de esta « n u e v a t e o ­
l o g í a s o l a r » n o es m o n o t e í s t a . T a m b i é n e n estos h i m n o s se h a b l a
c o n t i n u a m e n t e d e d i o s e s . P e r o e l l o s a p a r e c e n casi t a n s ó l o c o m o
colectivo, j u n t o a h o m b r e s y animales. Ellos son parte del m u n d o
f r e n t e al c u a l a h o r a está el d i o s s o l a r b r i l l a n d o e n . s u l e j a n í a , v i v i f i ­
c a n d o , c r e a n d o y c o n s e i ' v a n d o . A p a r t i r d e la r a d i c a l i z a c i ó n q u e l a
n u e v a t e o l o g í a e x p e r i m e n t a e n la r e l i g i ó n d e A m a r n a , hasta l o s d i o ­
ses están p r o s c r i t o s e n la n u e v a c o n c e p c i ó n d e l m u n d o .
C a b r í a c o n s i d e r a r este d e s a r r o l l o c o m o algo quizá p e r i f é r i c o si n o
h u b i e r a c u l m i n a d o e n la r e v o l u c i ó n d e l rey A j e n a t ó n . P e r o esté a c o n ­
tecimiento debe o c u p a r u n lugar central en toda historia del R e i n o
N u e v o , s i e n d o c o m o es u n o d e l o s a c o n t e c i m i e n t o s más a s o m b r o s o s
d e la h i s t o r i a e n t e r a d e E g i p t o . P u e s se trata d e l p r i m e r i n t e n t o d e
f u n d a r u n a r e l i g i ó n q u e se c o n o c e e n la h i s t o r i a de la h u m a n i d a d .
 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN

L A PRIMERA F U N D A C I Ó N D E U N A R E L I G I Ó N E N L A H I S T O R I A
DE LA H U M A N I D A D

E n la r e v o l u c i ó n r e l i g i o s a d e l rey A j e n a t ó n hay d o s p u n t o s a s o m b r o -
sos q u e hay q u e destacar: la e x t r a o r d i n a r i a r a p i d e z y r a d i c a l i d a d de s u
28
e j e c u c i ó n y la c o m p l e t a d e s a p a r i c i ó n p o s t e r i o r d e todas sus h u e l l a s .
L a i m p o s i c i ó n d e l a n u e v a r e l i g i ó n y l a a b o l i c i ó n d e l a a n t i g u a se
l l e v ó a c a b o e n p o c o s a ñ o s . L a s r a z o n e s d e esta r a d i c a l t r a n s f o r m a -
c i ó n s o n m u y c o n t r o v e r t i d a s . A l g u n o s r e d u c e n la r e f o r m a d e A j e n a -
t ó n a u n conflicto de p o d e r e c o n ó m i c o c o n los sacerdotes de A m ó n
e n T e b a s . E l i n m e n s o b o t í n d e las g u e r r a s d e l o s t u t m ó s i d a s , a r g u -
m e n t a n , h a b r í a n a u m e n t a d o d e tal m o d o las r i q u e z a s d e l t e m p l o d e
A m ó n e n K a r n a k , q u e éste se c o n v i r t i ó e n u n « E s t a d o d e n t r o d e l
E s t a d o » , e j e r c i e n d o u n a i n f l u e n c i a cada vez m a y o r s o b r e la p o l í t i c a .
Esta t e o r í a p u e d e m o s t r a r n o s p r o c e s o s p a r a l e l o s e n l a d i n a s t í a X X ,
c o m o aquellos e n q u e los conflictos é n t r e l o s sumos sacerdotes teba-

28 Sobre la religión de Amarna, cfr. el reciente libro, aparecido con el manuscrito ya a

punto, de Erik Hornung, Echnaton. Die Religión des Lichtes, Zúrich, 1995- Éntrela inter-
pretación que hace Hornung de la religión de Amarna y la que aquí propongo hay
muchas concordancias. Sobre la historia y la religión de la época de Amarna, cfr.
también D.B. Redford, Akhenaten, theHereticKing, Princeton, 1984; H.A. Schlógl, Ech-
natoñ-Tutenchamun. Fakten und Texte, Wiesbaden, 19852: C. Aldred, Akhenaten, KingofEgypt,
Londres, 1988; y mi art. Akhanyati's Theology of Light andTime, en Proceedingsofthe
-I
IsraelAcademy of Sciences andHumanities, VII 4. Jerusalén, 1 9 9 2 , I 4 3 7 6 -
27o EGIPTO

n o s y el r e i n o t a n i t a d e h e c h o p r e p a r a r o n e l f i n d e l R e i n o N u e v o .
Pero c a r e c e m o s de t e s t i m o n i o s al r e s p e c t o i n m e d i a t a m e n t e anterio-
res al p e r í o d o d e A m a r ñ a . E s d i f í c i l i m a g i n a r q u e , ya e n esta é p o c a ,
el libre acceso d e l rey a las r i q u e z a s d e l t e m p l o t e b a n o de A m ó n e s t u -
viera de a l g ú n m o d o l i m i t a d o . L o s t e m p l o s e r a n e n E g i p t o ó r g a n o s
del E s t a d o , y n o i n s t i t u c i o n e s d e u n a « i g l e s i a » d i f e r e n c i a b l e d e l
Estado. Las g u e r r a s , q u e i n c r e m e n t a b a n l o s b i e n e s d e l t e m p l o , e r a n
a su vez f i n a n c i a d a s p o r la caja d e l t e m p l o , p u e s éstas se i n i c i a b a n p o r
o r d e n de A m ó n .
O t r a t e o r í a , q u e hasta d o n d e sé p r o p u s o p o r vez p r i m e r a el e g i p -
tólogo n o r t e a m e r i c a n o J a m e s H e n r y B r e a s t e d , p a r t e d e q u e la p o l í -
tica i m p e r i a l i s t a de l o s t u t m ó s i d a s p r o d u j o u n c a m b i o d r á s t i c o e n la
8 9
visión egipcia del m u n d o . E g i p t o ya n o p o d í a v e r s e c o m o u n p a í s
coextensivo c o n el m u n d o o r d e n a d o , s i n o c o m o p a r t e d e u n m u n d o
que c o m p r e n d í a m u c h o s p u e b l o s , y esto equivalía a u n g i r o c o p e r n i -
cano c o n la c o n s e c u e n c i a d e u n a d i s o n a n c i a c o g n i t i v a y u n a crisis d e
la v i s i ó n p o l i t e í s t a d e l m u n d o . L a n u e v a v i s i ó n « e c u m é n i c a » d e L
m u n d o halló su expresión religiosa e n la idea universalista del dios
solar q u e , a b r a z a n d o e l m u n d o c o n s u m o v i m i e n t o y s u r a d i a c i ó n -
crea y c o n s e r v a t o d o s l o s p u e b l o s . S i g m u n d F r e u d , u n o d e l o s m á s
atentos l e c t o r e s de B r e a s t e d , v i o e n este u n i v e r s a l i s m o p o l í t i c o d e la
dinastía X V I I I e l o r i g e n n o s ó l o d e l m o n o t e í s m o e g i p c i o , s i n o t a m -
3 0
b i é n d e l b í b l i c o . L a s d o s e x p l i c a c i o n e s n o se e x c l u y e n . A m b a s
r e d u c e n l o n u e v o a l a e x p e r i e n c i a d e las g u e r r a s d e l i b e r a c i ó n y d e
conquista de la d i n a st í a X V I I I . A p e n a s hay u n e j e m p l o m á s i m p r e s i o -
nante de i n t e r a c c i ó n e n t r e c o g n i c i ó n e h i s t o r i a .
E l s e g u n d o p u n t o q u e h a c e t a n s i n g u l a r la r e v o l u c i ó n d e A j e n a t ó n
es la c o m p l e t a d e s a p a r i c i ó n d e t o d o r e c u e r d o suyo e n la m e m o r i a d e
la cultura e g i p c i a . E l h e c h o d e l a f u n d a c i ó n d e u n a r e l i g i ó n m o n o -
teísta e n el E g i p t o d e l R e i n o N u e v o se d e s c u b r i ó p o r vez p r i m e r a e n
31
los años o c h e n t a d e l s i g l o X I X . N i s i q u i e r a e n e l p r o p i o E g i p t o se
sabía n a d a d e esto c i n c u e n t a o c i e n a ñ o s d e s p u é s d e l a m u e r t e d e
A j e n a t ó n . S u n o m b r e f u e b o r r a d o d e las listas d e l o s r e y e s , sus i n s -
cripciones tachadas, sus e d i f i c i o s d e m o l i d o s . N a d a p e r m i t i ó r e c o r d a r

29 J.H. Breasted, GeschichteÁgyptens, trd. de H. Ranke (1906; Zúrich, 1936), 313-226.

30 Sigmund Freud, DerMann Mases unddie monotheistischeReligión, Londres, 1939.
31 Sobre la historia del descubrimiento de la religión de Amarna, cfr. E. Hornung,
«The Rediscovery of Akhenaten andHis Place in Religión», en Journal of the American
Research Center inEgypt XXIX, 1992, 43-4-9; Echnaton, 9-27.
 IV / 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN 271

d e s p u é s este intermezzo r e v o l u c i o n a r i o q u e , d u r a n t e v e i n t e a ñ o s c o m o
m u c h o , h a b í a p u e s t o c a b e z a a b a j o el m u n d o e g i p c i o . E n u n acta
j u d i c i a l d e la é p o c a de R a m s é s II se h a b l a u n a s o l a v e z , y e l l o p o r q u e
la f e c h a exacta era i m p o r t a n t e , de « a q u e l e n e m i g o d e (la é p o c a de)
3 2
Amarna» . T a m p o c o q u e d ó d e l c é l e b r e c a n t o al s o l d e l rey y de
o t r o s h i m n o s n i la m á s m í n i m a h u e l l a e n l o s h i m n o s e g i p c i o s p o s t e -
r i o r e s d e d i c a d o s al s o l . L a r e l i g i ó n m o n o t e í s t a n o fue e n E g i p t o n i
r e c i b i d a n i t r a n s m i t i d a , s i n o p r o n t o o l v i d a d a . E n t r e ca. 1 3 4 ° a . C ,
c u a n d o se e s c r i b i ó el t e x t o e n la t u m b a d e A y , y ca. 1 8 8 4 d . C ,
c u a n d o u n e g i p t ó l o g o volvió a e x p o n e r l o a la vista d e u n p ú b l i c o , este
texto j a m á s fue l e í d o . H a y q u e c o n o c e r la h i s t o r i a de su o l v i d o para
p o d e r m e d i r la i m p o r t a n c i a d e su r e d e s c u b r i m i e n t o . T a m b i é n la
e p o p e y a de G i l g a m e s h fue r e d e s c u b i e r t a tras u n o l v i d o d e m i l e n i o s .
P e r o p o r l o m e n o s t u v o e n el s e n o d e su p r o p i a c u l t u r a u n a r e c e p -
c i ó n c o n s i d e r a b l e , q u e d u r ó t a m b i é n v a r i o s m i l e n i o s . M a s a q u í se
trata d e u n texto q u e n o fue t r a n s m i t i d o n i i n t e r p r e t a d o p o r n i n g ú n
e s t u d i o s o , s i n o q u e , i n m e d i a t a m e n t e d e s p u é s de su p r i m e r a c i r c u l a -
c i ó n , se e s f u m ó y cayó e n o l v i d o .
P o r eso es t a n t o m á s s o r p r e n d e n t e q u e , n a d a m á s r e d e s c u b i e r t o ,
este h i m n o e n c o n t r a s e u n a r e s o n a n c i a c o m o n o la h a l l ó n i n g ú n o t r o
t e x t o e g i p c i o . L o s e n s a c i o n a l de este t e x t o r a d i c a e n s u d e f e n s a d e l
m o n o t e í s m o m á s p u r o , u n m o n o t e í s m o q u e e n sU r a d i c a l n e g a c i ó n
d e t o d o s l o s d e m á s d i o s e s , e n su e v i t a c i ó n i n c l u s o d e la p a l a b r a
« d i o s » —en s i n g u l a r y, más a ú n , e n plural—va m á s lejos q u e l o s p r o -
p i o s t e x t o s b í b l i c o s . P e r o el m o n o t e í s m o d e A j e n a t ó n —y e n esto
radica su d i f e r e n c i a esencial c o n el bíblico— s i g u e s i e n d o cosmoteísta;
descansa e n la v e n e r a c i ó n d é u n p o d e r cósmico q u e se m a n i f i e s t a c o m o
sol, y esto s i g n i f i c a : c o m o l u z , t i e m p o , r a d i a c i ó n y m o v i m i e n t o . S u
r e v e l a c i ó n n o r a d i c a e n leyes m o r a l e s n i e n a c o n t e c e r e s h i s t ó r i c o s ,
s i n o e n el c o n o c i m i e n t o de q u e todo —toda la r e a l i d a d visible e i n v i s i -
ble— se p u e d e r e d u c i r a la a c c i ó n d e la l u z y d e l t i e m p o , esto es, del
s o l . A j e n a t ó n c r e í a h a b e r d e s c u b i e r t o é l único p r i n c i p i o d e l q u e el
m u n d o p r o c e d i ó y p r o c e d e n u e v a m e n t e cada d í a . G o m o p e n s a b a de
m o d o c o s m o t e í s t a , e r a p a r a é l n a t u r a l q u e este p r i n c i p i o f u e s e u n
dios-, y c o m o este p r i n c i p i o era ú n i c o y, c o m o ú n i c o , p e r m i t í a d e r i -
var d e é l t o d o l o d e m á s , estaba c l a r o q u e n o p o d í a h a b e r o t r o d i o s
fuera d e é l . N o e r a u n a c u e s t i ó n de « f i d e l i d a d » n i de « c e l o s » (qn),

32 Kitchen, RamessideInscriptions 111, 433.12.

 272 EGIPTO

c o m o e n el h e n o t e í s m o b í b l i c o , s i n o d e s a b e r y d e v e r d a d ; e r a u n a
i r r u p c i ó n cognitiva. C o n este c o n o c i m i e n t o , A j e n a t ó n se p o n í a c o m o
p r i m e r r e p r e s e n t a n t e de u n a t e n d e n c i a q u e 7 0 0 a ñ o s d e s p u é s c o n t i -
n u a r í a n l o s f i l ó s o f o s j ó n i c o s c o n s u p r e g u n t a p o r el p r i n c i p i o ú n i c o
que t o d o l o p r o d u c e y t o d o l o e x p l i c a , y q u e c o n c l u y e c o n las f ó r m u -
3 3
las c ó s m i c a s d e n u e s t r o s días, c o n E i n s t e i n y H e i s e n b e r g .
P e r o e l c o n o c i m i e n t o d e esta n u e v a f ó r m u l a d e l m u n d o l o e x p e -
r i m e n t ó el rey c o m o u n a r e v e l a c i ó n religiosa, q u e a p l i c ó c o n e x t r e m o
r a d i c a l i s m o a la r e a l i d a d . T o d o s l o s c u l t o s t r a d i c i o n a l e s f u e r o n c a n -
c e l a d o s ; t a n s ó l o el n u e v o d i o s « A t ó n » , y éste casi s o l a m e n t e e n
A m a r n a , p o d í a t a m b i é n s e r v e n e r a d o . C o n este p a s o , A j e n a t ó n se
p u s o a la c a b e z a d e u n a s e r i e de f i g u r a s r e p r e s e n t a t i v a s d e u n a t e n -
dencia c o m p l e t a m e n t e n u e v a , q u e d e s p u é s de él c o n t i n u a r í a n el
l e g e n d a r i o M o i s é s y, más tarde, B u d a , J e s ú s y M a h o m a : la de l o s f u n -
dadores de religiones.
E l n u e v o d i o s es el s o l , o , e n e g i p c i o , « e l s o l vivo». E l s o l vivo es
esa e n e r g í a q u e c o n su movimiento p r o d u c e el t i e m p o , y c o n su radicación
la luz y, p o r e n d e , todas las cosas v i s i b l e s . L a n u e v a i m a g e n d e l c u r s o .
del sol es a n t i - m í t i c a , a n t i - c o n s t e l a t i v a y a n t i - a n t r o p o m b r f a . D e este
dios s ó l o se d i c e l o q u e el o j o e s c r u t a d o r y el e s p í r i t u p e n s a n t e del rey
p u e d e n a p r e c i a r : l o s e f e c t o s de la l u z y d e l m o v i m i e n t o s o l a r e s . S e
trata de u n a t e o l o g í a e s t r i c t a m e n t e h e l i o m o r f a i

G o m o f u n d a d o r de u n a r e l i g i ó n , A j e n a t ó n fue u n i l u s t r a d o r y u n
i c o n o c l a s t a . L a f u e r z a r e v o l u c i o n a r i a d e la n u e v a d o c t r i n a se m a n i -
fiesta más e n l o q u e ella n i e g a , r e c b a z a y excluye q u e e n l o q u e p o s i t i -
v a m e n t e s o s t i e n e . P e r o esta fuerza n e g a d o r a n o se manifiesta e n p a l a -
bras, s i n o e n a c t o s , e n f o r m a de u n a razzia a g r a n escala, c o m p a r a d a
con la c u a l la r e f o r m a d e l c u l t o p o r Josías e n Israel 6 0 0 a ñ o s d e s p u é s
queda m u y atrás e n r a d i c a l i d a d . P o l i c í a y ejército r e c o r r e n el país p a r a
b o r r a r d e todas las i n s c r i p c i o n e s el n o m b r e d e l d i o s p r o s c r i t o A m ó n ;
t a m b i é n s o n t a c h a d o s o t r o s n o m b r e s d e d i o s e s , así c o m o el p l u r a l d e
34
la palabra « d i o s » , p e r o m e n o s s i s t e m á t i c a m e n t e ' . L a r e l i g i ó n t r a d i -

33 Cfr. ].V. Alien, «The Natural Philosophy of Akhenaten», en W.K. Simpson, ed.,
Religión and Philosophy inAncientEgypt, YES 3, New Haven, 1989, 89-IOI.
34. Las destrucciones se extendieron al sur hasta Kawa, Soleb y Faras en Nubia. Cfr. R.
Hari, «La religión amarnienne et la traditipn polythéiste», en Studien zur Sprache und
Religión Agyptens (hom. aW, Westendorf), Wiesbaden, 1984, 1039-1055; Ramadan
Saad, leí maríelages de la XVIII.e dynastie dans le temple d'Amon-Ré á Karnak, tesis doctoral
inédita, Lyon, 1972 (nonvidi).
 IV / 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN 273

c i o n a l d e b í a ser i g n o r a d a y olvidada —como más tarde l o sería la n u e v a

r e l i g i ó n — . L a e n o r m e v a r i e d a d d e t e m p l o s , c u l t o s , r i t o s , fiestas,
m i t o s , h i m n o s e i m á g e n e s t r a d i c i o n a l e s d e b í a ser r e e m p l a z a d a p o r u n
p u ñ a d o de h i m n o s q u e p r o m o v i e s e n la n u e v a d o c t r i n a , u n c u l t o
p u r i t a n o sin m a g i a n i s i m b o l i s m o y u n a p r e s e n c i a masiva de la familia
r e a l . S i n d u d a t o d o esto h a b r í a s i d o a m p l i a d o y e n r i q u e c i d o si a la
n u e v a r e l i g i ó n le. h u b i e s e n s i d o c o n c e d i d o s al m e n o s u n o s siglos de
v i g e n c i a . P o r eso, esos textos sólo n o s la p u e d e n m o s t r a r e n u n estadio
i n i c i a l . P e r o éste es u n caso ú n i c o e n la h i s t o r i a d e las r e l i g i o n e s .
¿ D o n d e e n c o n t r a m o s o t r o caso de u n a n u e v a r e l i g i ó n e n u n estadio
i n i c i a l c o m p a r a b l e ? E n t o d o s l o s d e m á s casos t e n e m o s q u e r e c o n s -
t r u i r estos c o m i e n z o s a p a r t i r de n o t i c i a s y sistemas d o c t r i n a l e s p o s t e -
r i o r e s . A q u í , e n c a m b i o , n o hay n i n g ú n desarrollo p o s t e r i o r , n i n -
guna tradición, que siempre implica u n falseamiento, ninguna
recepción, ninguna redacción, ninguna ampliación ni reconstruc-
ción, n i n g u n a interpretación ni adaptación. A q u í nos habla u n r e v o -
l u c i o n a r i o y f u n d a d o r d e u n a r e l i g i ó n e n el f r e s c o r m a t u t i n o d e las
p r i m e r a s palabras t u r b a d o r a s .
Es i n t e r e s a n t e i m a g i n a r cuál h a b r í a s i d o el d e s t i n o de esta r e l i g i ó n
e n e l caso d e q u e h u b i e s e d u r a d o m á s t i e m p o . C i e r t a m e n t e no
h a b r í a p r o s p e r a d o s i n la e l a b o r a c i ó n de u n corpus de textos sagrados y
d o g m á t i c o s . ¿ D e q u é o t r a m a n e r a se h a b r í a p o d i d o e x c l u i r d u r a d e -
r a m e n t e la r e l i g i ó n t r a d i c i o n a l , t a c h a d a d e e m b u s t e , i g n o r a n c i a y
p a g a n i s m o ? A j e n a t ó n i n t r o d u j o p o r vez p r i m e r a e n la h i s t o r i a la d i s -
t i n c i ó n e n t r e « v e r d a d e r o » y « f a l s o » e n la r e l i g i ó n . D o n d e q u i e r a
q u e p o s t e r i o r m e n t e se h i z o la m i s m a d i s t i n c i ó n , q u e d ó e s t a b l e c i d a
e n t e x t o s n o r m a t i v o s . L a o r t o p r a x i a , q u e se basa e n la d i s t i n c i ó n
e n t r e l o « c o r r e c t o » y l o « i n c o r r e c t o » e n el o r d e n del c o m p o r t a -
m i e n t o , existe e n t o d a s p a r t e s ; la o r t o d o x i a , e n c a m b i o , q u e d i s t i n -
g u e e n t r e l o « v e r d a d e r o » y l o « f a l s o » , existe s ó l o e n las r e l i g i o n e s
de l i b r o . P o r eso es s e g u r o q u e se h a b r í a l l e g a d o t a m b i é n e n E g i p t o a
e l a b o r a r u n . c a n o n t e x t u a l . E l c e n t r o de g r a v e d a d de la v i d a r e l i g i o s a
se h a b r í a d e s p l a z a d o d e l o s r i t o s , q u e de t o d o s m o d o s ya n o d e s e m -
p e ñ a b a n en A m a r n a n i n g ú n papel central, a los textos.
P r o b a b l e m e n t e l o s textos h a b r í a n t e n i d o su c e n t r o de g r a v e d a d e n
« d o c t r i n a s acerca d e l E s t a d o » y « d o c t r i n a s a c e r c a d e l c o s m o s » . Las
d o c t r i n a s s o b r e el E s t a d o h a b r í a n t e n i d o c o m o t e m a la f u n c i ó n
m e d i a d o r a d e l rey, pues" e n A m a r n a s ó l o e n la f i g u r a d e l rey p u e d e * ;

p e r s o n i f i c a r s e l o d i v i n o ; p a r a l o s h o m b r e s A t ó n era el s o l , y A j e n a -
 EGIPTO

ton el d i o s . H a y n u m e r o s o s reflejos de esta d o c t r i n a e n i n s c r i p c i o n e s

c o n t e m p o r á n e a s . Estas alaban al rey, e n t e r a m e n t e e n el estilo d e l l e a -
l i s m o d e l R e i n o M e d i o , c o m o salvador q u e c a m b i a los d e s t i n o s y d i s -
p e n s a d o r de b i e n e s , y h a c e n referenciapassim a su « d o c t r i n a » , la cual
3 5
p r o p a g a b a esta clase d e c o n c e p t o s . ' L a s d o c t r i n a s s o b r e el c o s m o s se
p u e d e n i m a g i n a r c o n u n a f o r m a m u c h o más c o n c r e t a . Y a el l l a m a d o
G r a n H i m n o es u n a d o c t r i n a s o b r e el c o s m o s q u e c o n t i e n e el g e r -
m e n d e t o d a u n a s e r i e d e t r a t a d o s m a y o r e s . S i u n o i m a g i n a estas
ideas desarrolladas de f o r m a didáctica, acaba p e n s a n d o en textos
c o m o los q u e quizá e s c r i b i e r o n l o s f i l ó s o f o s j ó n i c o s —cuyas o b r a s n o s
h a n l l e g a d o e n citas desperdigadas—, c o n la d i f e r e n c i a , p o r s u p u e s t o ,
d e q u e a la filosofía j ó n i c a le falta el i m p u l s o d o g m á t i c o , i c o n o c l a s t a ,
q u e caracteriza a la r e l i g i ó n d e A m a r n a .
Y u n a p r e g u n t a i n e v i t a b l e : si la r e l i g i ó n d e A m a r n a se h u b i e s e
i m p u e s t o e n E g i p t o , ¿ h a b r í a l l e g a d o a r e v o l u c i o n a r el m u n d o c o m o l o
h i z o la r e l i g i ó n de M o i s é s desde Israel? O , f o r m u l a n d o esta p r e g u n t a
d e f o r m a e x t r e m a : ¿ q u é a s p e c t o t e n d r í a el m u n d o si la r e v o l u c i ó n
m u n d i a l m o n o t e í s t a y m e t a f í s i c a —la q u e se p r o d u c e e n l a q u e K a r l
Jaspers l l a m ó « é p o c a axial»— se h u b i e s e o p e r a d o bajo el s i g n o d e l c o s -
m o t e í s m o e g i p c i o e n l u g a r d e l t r a s c e n d e n t a l i s m o i s r a e l i t a ? ; es d e c i r :
si el c o m i e n z o m i s m o de esta r e v o l u c i ó n h u b i e s e estado d e t e r m i n a n d o
u n acto de i l u s t r a c i ó n deísta, y n o u n acto de r e v e l a c i ó n teísta.
No c r e o q u e la r e l i g i ó n d e la l u z d e A j e n a t ó n h u b i e s e p o d i d o
r e v o l u c i o n a r el m u n d o . Para ello le faltaba u n a fuerza a n t a g o n i s t a de
u n a clase c o m p l e t a m e n t e distinta. S i n d u d a era u n a r e l i g i ó n r a d i c a l -
m e n t e c o n t r a r i a a la existente q u e c o n s i g u i ó t r a s t o r n a r las t r a d i c i o -
n e s e g i p c i a s . P e r o , p a r a p o d e r llevar a c a b o u n a r e v o l u c i ó n , se n e c e -
sita u n a f u e r z a n e g a t i v a q u e la i m p u l s e , c o m o s ó l o las r e l i g i o n e s
r e d e n t o r a s la t i e n e n . L a r e l i g i ó n de A m a r n a era u n a c o n t r a - r e l i g i ó n ,
p e r o n o u n a r e l i g i ó n r e d e n t o r a . Las religiones redentoras n o q u i e -
r e n a s e n t a r al h o m b r e e n el m u n d o , s i n o al c o n t r a r i o , d i s t a n c i a r l o
del m u n d o a p e l a n d o a u n sí m i s m o e x t r a m u n d a n o e n el h o m b r e —el
« a l m a » c o m o n ú c l e o esencial trascendente— e i n t r o d u c i e n d o un
p r o c e s o de c o n c i e n c i a c i ó n e i n d i v i d u a l i z a c i ó n . L a r e l i g i ó n de
A m a r n a p r e t e n d e l o c o n t r a r i o . E l h o m b r e t i e n e sus r a í c e s e n el

35 Cfr. al respecto B. van de Walle en E. Hornung y O. Keel (eds.), Studien zu altagyptischen

Lebenslehren, OBO 28, Friburgo/Suiza, 1979, 353-362; y mi art. «Die Loyalistische
Lehre Echnatons», en SAK8, 1980, I-32.
 I V / 3 . LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN
275

m u n d o , y debe recordar su c o n d i c i ó n de criatura dependiente,

c o m o l o s a n i m a l e s y las plantas, de la l u z y d e l t i e m p o . L a r e l i g i ó n d e
A m a r n a n o es u n a r e l i g i ó n r e d e n t o r a — t a m p o c o l o es la r e l i g i ó n d e
M o i s é s e n s u f o r m a original—, p e r o , c o m o c o s m o t e í s t a , t a m p o c o hay
e n ella n i n g ú n g e r m e n r e c o n o c i b l e , n i p u n t o s d e p a r t i d a , d e u n a
r e l i g i ó n d e ese t i p o . T a m b i é n c o m o m o n o t e í s m o es c o s m o t e í s t a , y,
c o m o todos l o s demás c o s m o t e í s m o s d e la h i s t o r i a de la r e l i g i ó n
a n t i g u a , h a b r í a s i d o a r r o l l a d a p o r las r e l i g i o n e s r e d e n t o r a s .
La h i s t o r i a d i s c u r r i ó de otra m a n e r a . I n m e d i a t a m e n t e d e s p u é s d e
r e g r e s a r E g i p t o a la t r a d i c i ó n , la r e l i g i ó n d e A m a r n a f u e r e l e g a d a a
u n c o m p l e t o o l v i d o . Las h u e l l a s m á s claras d e s u t e o l o g í a se e n c u e n -
t r a n p a r a d ó j i c a m e n t e n o e n textos e g i p c i o s , s i n o e n u n texto b í b l i c o ,
el s a l m o 1 0 4 . N o h a y n i n g ú n h i m n o e g i p c i o d e é p o c a p o s t e r i o r q u e
se a p r o x i m e al t e x t o c e n t r a l d e l a r e l i g i ó n d e A m a r n a , e l G r a n
3 6
H i m n o , t a n t o c o m o este s a l m o .

EL GRAN HIMNO

E l G r a n H i m n o se d i v i d e e n tres p a r t e s . L a p r i m e r a p a r t e h a c e u n a
d e s c r i p c i ó n d e l c u r s o d e l s o l . D e las c o n s t e l a c i o n e s p o l i t e í s t a s q u e
la t r a d i c i o n a l « c a n c i ó n d é las h o r a s d e l d í a » p r e s e n t a e n c u a d r o s
míticos, resulta aquí u n a c o n t r a p o s i c i ó n entre dios y m u n d o . N o
hay n i n g u n a m a d r e q u e p a r e al d i o s p o r la m a ñ a n a , n i n g u n o s b r a -
zos q u e l o e l e v a n , n i n g ú n e n e m i g o al q u e h a y a q u e v e n c e r , n i n g ú n
r e i n o d e l o s m u e r t o s al q u e e l d i o s d e s c i e n d e p o r la n o c h e . F r e n t e
al d i o s u n o s ó l o h a y e l m u n d o u n o , o b j e t o y r e c i p i e n t e d e s u s
e n e r g í a s v i t a l i z a d o r a s . L a f u e r z a d e l a v i s i ó n r e l i g i o s a y la g r a n d e z a
p o é t i c a d e l t e x t o se m a n i f i e s t a n e ñ l a r i q u e z a d e d e t a l l e s a m a b l e s
c o n q u e esta v i t a l i z a c i ó n es p i n t a d a : l o s h o m b r e s d e s p i e r t a n , se
l a v a n , se v i s t e n y s a l e n a trabajar; l o s a n i m a l e s se p o n e n e n p i e , las

36 La primera edición de este texto se debe a U. Bouriant: Mission Archéologique Francaise au

Caire I, El Cairo, 1884, 2-5 y en U. Bouriant, G. Legrain, G. Jéquier, Monumentsdu
cuite d'Atonou I, El Cairo, 1903, lám. XVI y p. 30; la edición normativa procede de N.
de Garis Davies, The Rock Tombs ofEl-Amarna VI, Londres, 1908, láms. XXVII, XLI, pp.
29-31. Entre los primeros traductores y comentadores se cuenta J.H. Breasted, De
HymnisinSolemsubregeAmenophideJVconceptis, tesis, Berlín, 1894. Nuevas traducciones
n
alemanas: mis AgyptischeHymnen und Gebete (AHG), Zúrich, I975> - ° 92 y otras en O.
Kaiser (ed.), Texte aus der Umwelt des Alten Testaments (TUAT) II, Gütersloh, 1991, 848-853-,
también E. Hornung Gesange vomNil, 1990, 137 ss.
 276 EGIPTO

aves a s c i e n d e n p o r l o s a i r e s , los p e c e s b u l l e n e n el agua y los b a r c o s

n a v e g a n r í o a r r i b a y r í o a b a j o . E l s e n t i d o t e o l ó g i c o de esta d e s c r i p -
c i ó n r a d i c a e n q u e la m e r a a g i t a c i ó n vital es ya u n c a n t o d e a l a b a n z a
al d i o s q u e t o d a s las c r i a t u r a s e n t o n a n p o r la m a ñ a n a , y a las q u e el
h o m b r e s ó l o les h a c e c o r o . L a a l a b a n z a d e la c r i a t u r a n o se e x p r e s a
c o n p a l a b r a s , s i n o e n la a p e t e n c i a q u e ella s i e n t e d e la l u z d e l s o l .
T a m p o c o el d i o s h a b l a , s i n o q u e e m i t e su l u z . E l m i s t e r i o r e l i g i o s o ,
el s e n t i d o s a l v a d o r d e l a c o n t e c e r c ó s m i c o , n o está ya e n las i m á g e -
n e s m í t i c a s q u e l o h a c e n t r a n s p a r e n t e al d e s t i n o h u m a n o , s i n o e n
la b i o f í s i c a d e l o s p r o c e s o s n a t u r a l e s .
L a s e g u n d a p a r t e d e l h i m n o es u n c a n t o a la c r e a c i ó n ; E n su
f o r m a t r a d i c i o n a l éste es u n t e m a m í t i c o q u e se r e f i e r e a los t i e m p o s
p r i m i g e n i o s . P e r o A j e n a t ó n se l i m i t a al p r e s e n t e e x p e r i m e n t a b l e p o r
m e d i o d e l o s s e n t i d o s y e n f o c a la c r e a c i ó n , p o r u n a p a r t e , como
e m b r i o g o n í a —la f o r m a c i ó n d e la vida e n el claustro materno—, y p o r
otra c o m o e c o l o g í a : la sabia o r g a n i z a c i ó n d e l m u n d o , gracias a la cual
t o d o s los v i v i e n t e s o b t i e n e n l o q u e n e c e s i t a n . E l m u n d o ya n o e q u i -
vale, c o m o antes, a E g i p t o , sino que c o m p r e n d e m u c h o s países y
p u e b l o s d i f e r e n t e s e n c o l o r e s de p i e l , l e n g u a s y c o n d i c i o n e s d e v i d a .
S ó l o E g i p t o vive d e l agua q u e n a c e de la tierra, m i e n t r a s q u e los o t r o s
3 7
países v i v e n d e la l l u v i a , d e l « N i l o d e l c i e l o » .
L a t e r c e r a p a r t e es la m á s o r i g i n a l d e las tres; n o t i e n e n i n g ú n
m o d e l o en la t r a d i c i ó n . G i r a e n t o r n o a u n c o n c e p t o e g i p c i o , q u e
cabe c i r c u n s c r i b i r c o n los t é r m i n o s « t r a n s f o r m a c i ó n , materialización
y e m a n a c i ó n » , d e r i v a d o de la palabra egipcia para « d e v e n i r , f o r -
m a r s e » , escrita c o n la f i g u r a d e l e s c a r a b a j o . E l escarabajo es el s í m -
b o l o d e esta f u e r z a p r i m o r d i a l d e l d e v e n i r q u e f a s c i n a b a al e g i p c i o
t a n t o c o m o a los g r i e g o s el p r i n c i p i o d e l « s e r » . E n esta p a r t e se trata
d e l « d e v e n i r » d e l sol, q u e b r i l l a n d o y m o v i é n d o s e se c o n v i e r t e e n l o
q u e el m i s m o p r o d u c e y h a c e visible. P e r o el p r o p i o sol visible es t a m -
b i é n u n a m a t e r i a l i z a c i ó n d e l d i o s : el s o l es su m a t e r i a l i z a c i ó n e n el
c i e l o , y el m u n d o c r e a d o su m a t e r i a l i z a c i ó n e n la tierra, e n los m i l l o -

37 Sobre el motivo de las distintas condiciones de irrigación como aspecto del mundo
bien organizado, cfr. también la primera parte del Salmo 104. El motivo del «Nilo
s n
del cielo» aparece también en otros himnos egipcios, cfr.AHG ni I5>7B. 45 -> - °
195, 166; 143, 46, IOO ss., 164 s. (cfr. p. 590 adloc); 144C, 39¡ 214, 29-32 (Libro
de los muertos, cap. 183); 242, 7~8 (cfr. D.v.d. Pías, DEhymne aan de overstromingvan de
c
Nijl, tesis, Utrecht (1980), 16 s. y 60-63); fr- A.P.Zivie (1983), «Regen», eaLexikon
der Ágyptologie V, 201-206, esp. 202 y 204-
 IV / 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN
277

nes d e seres d e la t i e r r a . E n el c o n c e p t o de m a t e r i a l i z a c i ó n , o e n c a r -
n a c i ó n , se b o r r a n l o s l í m i t e s e n t r e c r e a d o r y c r i a t u r a . T o d o l o q u e la
l u z h a c e visible, s i e n d o m a t e r i a l i z a c i ó n o e n c a r n a c i ó n del sol, p r o c e d e
de éste. E l m u n d o q u e la l u z despliega, o r d e n a y h a c e h a b i t a b l e : c i u -
dades y aldeas, c a m i n o s y r í o s , s o n m a t e r i a l i z a c i o n e s del d i o s .
D i o s y c r e a c i ó n están í n t i m a m e n t e l i g a d o s e n la i l u m i n a c i ó n y e n
la m i r a d a , p e r o esta l i g a z ó n n o se e f e c t ú a n i e n el l e n g u a j e n i e n el
e s p í r i t u q u e c o m p r e n d e . C o m p r e n d e r es cosa exclusiva d e l rey. Las
criaturas t i e n e n o j o s p a r a ver al d i o s , p e r o s ó l o el rey t i e n e el c o r a z ó n
q u e c o m p r e n d e y es capaz de c o n o c e r l e . S u c o r a z ó n es el ú n i c o p o l o
q u e , e n este c o n s t a n t e c a m b i o e n t r e l u z y o s c u r i d a d , v i d a y m u e r t e ,
d e v e n i r y p a s a r , p e r m a n e c e e n r e p o s o , el ú n i c o l u g a r e n el q u e el
d i o s está p r e s e n t e t a m b i é n p o r la n o c h e . P u e s el m u n d o r e n a c e a u n a
señal d e l d i o s tal c o m o éste l o h a c r e a d o :

Guando asciendes, ellos viven-,

cuando desciendes, ellos mueren.
38
T ú mismo eres el tiempo, en el cual y p o r el cual v i v i m o s .

T a l es el g r a n d e s c u b r i m i e n t o del rey. Q u e el m u n d o vive d e l s o l y

de la l u z , q u e p r o c e d e d e l sol, era algo ya antes r e c o n o c i d o . P e r o n o
q u e t a m b i é n el t i e m p o p r o c e d e d e él —tal era l a tesis r e v o l u c i o n a r i a
q u e l o e x p l i c a b a t o d o c o m o o b r a d e l sol—. E n l o s d o s h i m n o s c a n ó -
n i c o s , p r o b a b l e m e n t e c o m p u e s t o s p o r el p r o p i o rey, se s u g i e r e q u e
el d i o s m i s m o e n s e ñ ó t o d o esto al rey, q u e e n c i e r t o m o d o se l o
r e v e l ó . E l G r a n H i m n o l o s u g i e r e así: « T ú le das a c o n o c e r tus p l a -
3 9
n e s y t u f u e r z a » ; y e n o t r o h i m n o se l e e : « T u f u e r z a y t u p o t e n c i a
4 0
e s t á n e n m i c o r a z ó n » ' . E l d i o s h a d e s c u b i e r t o su e s e n c i a al r e y al
c o n c e d e r l e i n t e l i g i r q u e la l u z y el t i e m p o c o n s t i t u y e n l a « f ó r m u l a
del m u n d o » que t o d o lo explica.
P e r o p o d r í a m o s m u y b i e n d e c i r q u e a q u í se trata de u n a r e v e l a -
c i ó n e n l o e s e n c i a l n e g a t i v a , y de u n acto q u e t i e n e m á s q u e v e r c o n
u n a i l u s t r a c i ó n q u e c o n la f u n d a c i ó n de u n a r e l i g i ó n . P e r o se trata
d e l c o n o c i m i e n t o d e q u e el d i o s sólo es l u z y t i e m p o . E s c i e r t o q u e
p a r a A j e n a t ó n t o d a la r e a l i d a d , t a n t o la v i s i b l e c o m o la o c u l t a a l o s

38 M . Sandman, Texisfrom the time ofAkhenaten, BAegVIII (1938), 95.17-18. Cfr. mi libro
T^it undEwigkeit im Alten Ágypten. Ein Beitragzur Geschichte derEwigkeit, Heidelberg, 1975' 55-
39 Sandman, 95.16-17.
40 Sandman, 14.13-16, 15.I-3.
 EGIPTO

o j o s , se p u e d e r e d u c i r a l u z y t i e m p o . ¿ P e r o n o está la e s e n c i a d e la
d i v i n i d a d , q u e la r e l i g i ó n t r a d i c i o n a l e g i p c i a r e p r e s e n t a b a e n u n
m u l t i t u d d e d i o s e s , m á s allá d e la r e a l i d a d física v i s i b l e e i n v i s i b l e ?
Se p u e d e aclarar esta c u e s t i ó n c o n s i d e r a n d o d o s ideas r e l i g i o s a s q u e
e r a n c e n t r a l e s p a r a el e g i p c i o , y q u é e n el h i m n o d e A j e n a t ó n b r i -
l l a n p o r su a u s e n c i a , es d e c i r , q u e f u e r o n v í c t i m a s d e la c e n s u r a d e
su r e v e l a c i ó n negativa: la i d e a d e la i n m o r t a l i d a d ( r e g e n e r a d o r a ) y la
i d e a d e la j u s t i c i a . V e r d a d y j u s t i c i a s o n a h o r a i d é n t i c a s c o n la
v o l u n t a d d e l r e y y s u d o c t r i n a . N o es e l d i o s , s i n o e l r e y q u i e n e n
A m a r n a « v i v e de M a ' á t » . C o n e l l o , la s e m á n t i c a d e l c o n c e p t o sufre
u n c a m b i o s u s t a n c i a l . Y a n o es el q u e p i e n s a , h a b l a y o b r a s o l i d a r i a -
m e n t e el q u e vive e n M a ' a t , s i n o e l q u e se a d h i e r e al rey y a su d o c -
trina.
La visión t r a d i c i o n a l del curso del sol constituye la « h i s t o r i a
sagrada» del a n t i g u o E g i p t o ; t o d o el m u n d o espera convertirse
d e s p u é s d e la m u e r t e e n u n O s i r i s y p a r t i c i p a r e n la u n i ó n c o n el
sol a m e d i a n o c h e d e la v i d a c ó s m i c a ; t o d o el m u n d o e s p e r a s e g u i r
c o m o « b a » al d i o s s o l e n su c a m i n o y t e n e r u n p u e s t o e n la b a r c a
1 1
d e l o s m i l l o n e s ' ' . L a s e s p e r a n z a s d e l o s e g i p c i o s e n el m á s a c á se
c e n t r a n e n la j u s t i c i a . S i e l d i o s s o l a r c o m b a t e e l m a l . e n el c i e l o ,
2
t a m b i é n ayudará e n la tierra a l o s o p r i m i d o s * . A s í le alaba u n
h i m n o más antiguo:

A Re saludo, señor de la justicia,

el que mantiene oculto su recinto, señor de los dioses,
(...) que escucha la súplica del que sufre opresión,
corazón acogedor para quien le invoca;
. el que salva al temeroso de las manos del violento
4 3
y juzga entre el pobre y el r i c o .

D e . t o d o esto ya n o se h a b l a e n el h i m n o d e A j e n a t ó n . E l d i o s n o
es p a r a él m á s q u e l u z y t i e m p o ; n o v e n c e a la m u e r t e n i t a m p o c o al
m a l , p u e s e n esta v i s i ó n d e l m u n d o n o h a y s i t i o p a r a a m b o s . X a
v i s i ó n d e l m u n d o d e A j e n a t ó n es el i n t e n t o m á s c o n s e c u e n t e h e c h o
en Egipto de superar la idea mítica del « m u n d o e s c i n d i d o » . S u

4-1 Cfr. al respecto mis libros Re undAmun, cap. 5>, y Ma'at, cap. 6.
42 Sobre la conexión típica de «luz» y «justicia» en el pensamiento oriental antiguo,
cfr. B. Janowski, Rettungsgewiflheit undEpiphanie desHeils. DasMotiv derHiífe Gottes «am Morgen»
imAlten Orient und im Alten Testament, vol. I: Alter Orient, Neukirchen, 1989.
43 Pap. Cairo 58038, IV, I~5, cfr. Re undAmun, 176 ss.
 I V / 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN 279

m u n d o n o es, e n a b s o l u t o , u n m u n d o e s c i n d i d o . P e r o e n u n m u n d o
n o e s c i n d i d o —y esto es c l a r a m e n t e u n a c o n s e c u e n c i a de ese i n t e n t o -
d e s a p a r e c e t o d o a s p e c t o y t o d a e x i g e n c i a m o r a l e s d e la i d e a de D i o s .
T o d a v í a S p i n o z a h u b o de e n f r e n t a r s e a este p r o b l e m a .

B a s t e n a q u í estas e x p l i c a c i o n e s p a r a fijar u n c o n c e p t o d e l m o n o ­
t e í s m o d e A j e n a t ó n . P e r o d e b e q u e d a r c l a r o q u e este m o n o t e í s m o
p o c o t i e n e q u e v e r c o n el b í b l i c o —salvo u n ú n i c o p u n t o c o m p a r a b l e :
el i m p u l s o antipoliteísta—. C o n este i m p u l s o se d i b u j a ya e n el E g i p t o
d e l siglo X I V a . G . , p o r u n b r e v e e s p a c i o de t i e m p o , ese h o r i z o n t e de
c o n f l i c t o d e n t r o d e l cual u n i d a d y p l u r a l i d a d c o n s t i t u y e n o p u e s t o s
i n c o n c i l i a b l e s . E n A j e n a t ó n se manifiesta este i m p u l s o de m o d o c o g -
nitivo y r a c i o n a l i s t a : n o necesita de la m u l t i t u d de dioses p o r q u e cree
p o d e r r e d u c i r las e n e r g í a s q u e c r e a n y m a n t i e n e n e l m u n d o a u n
ú n i c o p r i n c i p i o . E n la B i b l i a , este i m p u l s o se m a n i f i e s t a p o l í t i c a ­
mente: c o m o fidelidad a u n ú n i c o dios. El m o n o t e í s m o de A j e n a t ó n
es c o s m o l ó g i c o , u n a f i l o s o f í a n a t u r a l r e l i g i o s a m e n t e i n t e r p r e t a d a . E l
m o n o t e í s m o b í b l i c o es h i s t ó r i c o , p o l í t i c o y m o r a l , y e n c u e n t r a su
e x p r e s i ó n c e n t r a l e n la n a r r a c i ó n h i s t ó r i c a , la l e g i s l a c i ó n y la c o n s t i ­
tución política.
A m b o s m o n o t e í s m o s s o n r e v o l u c i o n a r i o s . N o se d e s a r r o l l a n e v o ­
l u t i v a m e n t e a p a r t i r d e estadios r e l i g i o s o s m á s a n t i g u o s , s i n o q u e s o n
d e b i d o s , e n p a l a b r a s de E r i k H o r n u n g , a u n « c a m b i o r e p e n t i n o y
4 4
c o m p l e t o d e p e n s a m i e n t o » . E n a m b o s casos, l o n u e v o es i m p u e s t o
c o n violencia revolucionaria. E n Egipto p u e d e n apreciarse aún h o y
las h u e l l a s d e esta v i o l e n c i a e n los m o n u m e n t o s , y e n el caso de Israel
p e r c i b i m o s s u e c o e n la r e f o r m a d e l c u l t o p o r J o s í a s . E l i m p u l s o
a n t i p o l i t e í s t a se e x t e r i o r i z a e n esta v i o l e n c i a .

E L T R A U M A DE A M A R N A

A d i f e r e n c i a de l o q u e s u c e d i ó e n Israel, e n E g i p t o n o l o g r ó i m p o ­
n e r s e la r e f o r m a m o n o t e í s t a , y tras la m u e r t e d e su f u n d a d o r fue
p e r s e g u i d a y o l v i d a d a . N o cabe e n t e n d e r la e l i m i n a c i ó n de t o d o
r e c u e r d o d e esta é p o c a s e n c i l l a m e n t e c o m o u n a damnatio memoriae o f i ­
c i a l . A q u í h a y q u e h a b l a r d e u n a e x p e r i e n c i a traumática. L a s e x p e -

44 E. Hornung, DerEim unddie Vielen, 239-

 28o EGIPTO

r i e n c i a s t r a u m á t i c a s n o se d e j a n r e p r e s e n t a r e n las f o r m a s s i m b ó l i -
cas d e la m e m o r i a c u l t u r a l . N o s ó l o s o n s e n c i l l a m e n t e s i l e n c i a d a s ,
s i n o t a m b i é n n e g a d a s d e b i d o a l e s p a n t o i n s u p e r a b l e q u e causa s u
representación. N o admiten ninguna elaboración simbólica, y p e r -
d u r a n así, t a n t o m á s t e n a z m e n t e , como's/iocJr y c o m o h e r i d a i n d i s i -
m u l a d o s . S o b r e e s o se sabe h o y m á s q u e a n t e s p o r q u e la h i s t o r i a d e l
siglo X X ha sido p a r t i c u l a r m e n t e a b u n d a n t e e n experiencias t r a u -
m á t i c a s y la i n v e s t i g a c i ó n d e l h o l o c a u s t o e n e s p e c i a l h a p e r m i t i d o
4 5
llegar a nuevas i n t e l e c c i o n e s . E l r e c u e r d o de A m a r n a n o sólo fue
a n u l a d o , sino r e p r i m i d o ; q u e d ó , d i c h o c o n el t é r m i n o técnico p s i -
c o a n a l í t i c o , « e n c r i p t a d o » (encrypted), es d e c i r , f o r m ó u n a « c r i p t a »
e n la m e m o r i a c o l e c t i v a , q u e d a n d o así s u s t r a í d o a l a i n t e r v e n c i ó n
4 6
c o n s c i e n t e d e la s i m b o l i z a c i ó n c u l t u r a l . T r a t a r é d e f u n d a m e n t a r
e n l o q u e s i g u e esta tesis d e m a n e r a b r e v e , p u e s ya m e h e e x t e n d i d o
4 7
e n ella e n o t r o s l u g a r e s ' .
Los siguientes p u n t o s n o s autorizan, creemos, a llamar traumática
a l a e x p e r i e n c i a d e l p e r í o d o d e A m a r n a : la v i o l e n c i a s i m b ó l i c a , y
p o s i b l e m e n t e t a m b i é n p s í q u i c a , d e s u i m p o s i c i ó n y la s u s t r a c c i ó n d e
s e n t i d o q u e t a l i m p o s i c i ó n s u p u s o p a r a l a m a y o r í a ; las crisis e n la
p o l í t i c a i n t e r i o r y e x t e r i o r al f i n a l d e esa é p o c a y las c o n s e c u e n c i a s
psicohistóricas de su supresión de la m e m o r i a , t o d o ello d i o lugar a
r e c u e r d o s d e f o r m a d o s , l e y e n d a s , a n t i p a t í a s y f o r m a s fie a b o r r e c i -
miento cultural.
R e s p e c t o al p r i m e r p u n t o , q u i z á n o s baste u n e x p e r i m e n t o i m a -
g i n a r i o . I m a g i n e m o s q u e u n a s o c i e d a d t r a d i c i o n a l q u e está c o n -
v e n c i d a d e q u e n o s ó l o la e s t a b i l i d a d p o l í t i c a y e l b i e n e s t a r e c o n ó -
m i c o del país, sino incluso la vida e n l a naturaleza entera, depende
d e q u e e n t o d a s las i g l e s i a s d e l p a í s se c e l e b r e u n a m i s a tres v e c e s al
d í a ; i m a g i n e m o s l u e g o q u e v i e n e d e s d e a r r i b a u n a r e v o l u c i ó n y se
c i e r r a n t o d a s las iglesias, se d e s t r u y e n las e s c r i t u r a s y se p i s o t e a n l o s
o b j e t o s s a g r a d o s . ¿ C ó m o e n c a j a r í a esta s o c i e d a d e s t e g o l p e ? S e
p o d r á o b j e t a r q u e al e g i p c i o n o r m a l p o c o l e i m p o r t a b a e l c i e r r e d e
l o s t e m p l o s , p u e s d e t o d o s m o d o s n o t e n í a .acceso a e l l o s . P e r o n o

45 Cfr. al respecto A. Assmann, «Stabilizers of Memory: Affect, Symbol, Trauma», con

referencias a J.F. Lyotard y L. Langer; M, Roth, Trauma, Representation andHistorical Cons-
ciousness (inédito, aportación al Congreso de Bielefeld, febrero de 1995); D. La
Capra, Representing the Holocaust: History, Theory, Trauma, Ithaca, 1994-
46 Nicolás Abraham, Maria Tordlc, L'ecorceetleriqyaui París, Flammarion, 1978.
47 Cf: mi libro Mosesthe Egyptian. AnEssay inMnemohistoiy, Cambridge, Mass., 1996.
 IV / 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN 28l

s ó l o se c e r r a r o n l o s t e m p l o s ; t a m b i é n se s u p r i m i e r o n las f i e s t a s .
D i f í c i l m e n t e p o d r á e x a g e r a r s e l o q u e e s t o s i g n i f i c a b a . Las fiestas
f u n d a b a n la i d e n t i d a d s o c i a l d e u n e g i p c i o . E l e g i p c i o se s e n t í a
a n t e t o d o u n h o m b r e d e su c i u d a d y l i g a d o al d i o s d e su c i u d a d , y
esta e s t r u c t u r a f u n d a m e n t a l de p e r t e n e n c i a h a l l a b a su e x p r e s i ó n e n
las g r a n d e s p r o c e s i o n e s d e la c i u d a d . T r a t a r e m o s d e este t e m a e n el
s i g u i e n t e c a p í t u l o , p u e s es d e n t r o d e estas fiestas d o n d e se f o r m ó la
m e n t a l i d a d , t í p i c a d e l o s t i e m p o s p o s t e r i o r e s , d e la p i e d a d p e r s o -
n a l . L a s u p r e s i ó n d e las fiestas se s i n t i ó c o m o u n despojamiento
d e l s e n t i d o ; d e e l l o da t e s t i m o n í e l a l a m e n t a c i ó n d e P a w a h , q u e
éste d e j ó e s c r i t a e n u n l u g a r o c u l t o d e la t u m b a d e P a i r i . E l t e x t o ,
q u e c o m i e n z a c o n las p a l a b r a s « m i c o r a z ó n ansia v e r t e » , expresa la
4
n o s t a l g i a d e la v i s i ó n d e l d i o s q u e a p a r e c e e n la fiesta ' . A s í v i v i ó el
p e r í o d o de A m a r n a la m a y o r í a de l o s e g i p c i o s : c o m o u n a é p o c a de
destrucción, persecución, opresión e impiedad; como un período
d e « t i n i e b l a s d i u r n a s » . « T i n i e b l a s d i u r n a s » es l a f ó r m u l a p a r a
e x p r e s a r la e x p e r i e n c i a d e l a l e j a m i e n t o d e l o s d i o s e s . L o s d i o s e s se
h a b í a n a p a r t a d o d e E g i p t o —tal f u e p r o b a b l e m e n t e la i m p r e s i ó n
general—.
Esta e x p e r i e n c i a de u n a l e j a m i e n t o d e l o s dioses-, d e b i d a a u n c r i -
m e n t e r r i b l e e i n d e c i b l e e n el s e n t i d o m á s literal- de la palabra,, tuvo
su c o n f i r m a c i ó n e n las graves crisis q u e se d e s e n c a d e n a r o n al f i n a l
del p e r í o d o de A m a r n a . L a i n s c r i p c i ó n d e la r e s t a u r a c i ó n de T u t a n -
k h a m ó n h a c e a l g u n a s a l u s i o n e s al r e s p e c t o , r e c u r r i e n d o a la f o r m a
t r a d i c i o n a l d e la d e s c r i p c i ó n d e l c a o s :

Ellos... estuvieron a punto de desmoronarse,

sus santuarios a punto de arruinarse,
rodeados de escombros,
poblados de cardos.
Sus capillas estaban como si ellos nunca hubieran existido
el espacio en torno a sus templos era>como una cañada.
El país estaba atacado p o r una enfermedad (&ij-mnti),;
los dioses habían vuelto la espalda a este país.
Guando se enviaron soldados a Siria
para ampliar las fronteras de Egipto,
nada consiguieron.

48 ÁHG n . ° 147.
282 EGIPTO

Guando se invocaba a u n dios para pedirle algo,

él no acudía.
Guando se invocaba a una diosa,
tampoco ella acudía. .
Sus corazones se babían vuelto débiles en sus cuerpos,
9
pues « e l l o s » destruyeron todo lo creado* ...

E l p a í s a b a n d o n a d o p o r l o s d i o s e s sufre « g r a v e e n f e r m e d a d » y
d e b i l i d a d política e n el exterior. L o s culpables —«ellos»—-no s o n
llamados p o r su n o m b r e , l o cual indica a n u l a c i ó n del r e c u e r d o . E l
término para enfermedad aquí empleado debe entenderse metafó-
r i c a m e n t e ; c o n e l m i s m o significado aparece t a m b i é n e n textos
5 0
l i t e r a r i o s , y p e r t e n e c e a l a t ó p i c a d e las d e s c r i p c i o n e s d e l c a o s .
N o o b s t a n t e b a y i n d i c i o s d e q u e al f i n a l d e l p e r í o d o d e A m a r n a se
d e c l a r ó u n a a u t é n t i c a p e s t e . F u e n t e s hititas p a r e c e n i n d i c a r l o . S o l -
dados egipcios que cayeron prisioneros en una emboscada en Siria
i n t r o d u j e r o n allí u n a p e s t e q u e d u r a n t e v e i n t e a ñ o s a s o l ó A n a t o l i a
y o t r a s r e g i o n e s d e O r i e n t e P r ó x i m o . A p e n a s se p u e d e a c e p t a r q u e
51
E g i p t o e s t u v i e r a l i b r e d e e l l a . S i esto es c i e r t o , es o b v i o q u e u n a
e p i d e m i a c o m o a q u é l l a ya n o p o d í a ser e x p e r i m e n t a d a , e n el m a r c o
d e la s e m á n t i c a t r a d i c i o n a l , c o m o u n a d e a q u e l l a s « c a l a m i d a d e s » ,
p a r a d e f e n d e r s e de las cuales el p r o p i o c r e a d o r h a b í a d a d o a l o s
h o m b r e s la m a g i a , s i n o q u e t u v o q u e v e r s e c o m o u n a m a n i f e s t a c i ó n
d e la i r a d e l o s d i o s e s . L a i d e a d e q u e l o s d i o s e s se s e p a r a n d e u n
p a í s q u e d e s t r u y e e l o r d e n es y a p e r c e p t i b l e e n la p r o f e c í a d e
N e f e r t i , p e r o n o la d e u n a i r a q u e castiga. E n este m o t i v o se a n u n -
cia u n a n u e v a f o r m a c i ó n d e s e n t i d o q u e s e r á d e t e r m i n a t i v a d e l o s
t i e m p o s p o s t e r i o r e s . L a f o r t u n a y la p r o s p e r i d a d d e l p a í s d e p e n d e -
r á n e n a d e l a n t e e n g r a n m e d i d a d e la d i s p o s i c i ó n f a v o r a b l e d e l o s
dioses.
E l i n d i c i o m á s c l a r o d e q u e al f i n a l d e l p e r í o d o d e A m a r n a e l
país atravesaba u n a grave crisis s o n dos m e d i d a s extremas q u e e n
c i r c u n s t a n c i a s n o r m a l e s h u b i e r a n estado t o t a l m e n t e e x c l u i d a s . U n a
f u e la p e t i c i ó n d e u n a r e i n a e g i p c i a —la v i u d a d e A j e n a t ó n o la d e
T u t a n k h a m ó n — al r e y h i t i t a d e u n p r í n c i p e c o m o p r o m e t i d o . L a

49 Urk IV, 2025 ss.

m n
50 V; mi libro Stein und&it, 268 m.n4I¡ 274 - 69; 279-
51 Cfr. al respecto H. Goedicke, «The Canaanite Illness», en SAK II, 1984, 91-105.
 I V / 3 . LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN

o t r a , l a t o m a d e l p o d e r p o r el e j é r c i t o al m a n d o d e s u m á x i m o
g e n e r a l H o r e m h e b , cuya c o m b i n a c i ó n ú n i c a d e t í t u l o s antes d e su
a s c e n s o al t r o n o p e r m i t e d e d u c i r la a p l i c a c i ó n d e u n a auténtica
m e d i d a d e e m e r g e n c i a . M á s a d e l a n t e e x a m i n a r e m o s este caso c o n
m á s d e t e n i m i e n t o . A q u í s ó l o n o s i n t e r e s a el h e c h o d e la grave crisis
p o l í t i c a i n t e r i o r y e x t e r i o r q u e i n t e n s i f i c ó el c a r á c t e r t r a u m á t i c o d e
la e x p e r i e n c i a de A m a r n a .
A d i f e r e n c i a d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , c u y o r e c u e r d o la
dinastía XII u t i l i z ó , el p e r í o d o de A m a r n a n o f u e e s t i l i z a d o e n n i n -
g u n a d e s c r i p c i ó n de n i n g ú n caos p a r a l e g i t i m a r el g o b i e r n o m i l i t a r
d e H o r e m h e b y de la f a m i l i a de o f i c i a l e s d e S i l e , q u e él n o m b r ó su
s u c e s o r a , c o m o r e s u l t a d o de u n g i r o s a l v a d o r . L a ú n i c a h u e l l a de tal
r e f e r e n c i a al p a s a d o se e n c u e n t r a e n u n a i n s c r i p c i ó n , desafortunada-
m e n t e m u y d e t e r i o r a d a , de u n a estela q u e Setis I e r i g i ó p a r a su p a d r e
R a m s é s I e n A b i d o s , y q u e c o m i e n z a c o n la d e s c r i p c i ó n de Una s i t u a -
c i ó n caótica-.

... se enfurecían como los jóvenes en la época de Re.

Nadie se daba la vuelta en su camino.
Por la necrópolis, nadie se preocupaba,
c o m o el agua que (indiferente) corre p o r la orilla.
El m u n d o inferior y su naturaleza eran ya algo desconocido
53
a causa del ( o l v i d o ) . . .

A n t e s se solía v e r , i n c l u s o e n esta estrofa d e u n a o r a c i ó n l i t e r a r i a

al d i o s A m ó n , u n a r e f e r e n c i a a A j e n a t ó n :

El sol del que te ignora se ha puesto, A m ó n ,

pero quien te conoce dice: ¡ha salido en el atrio!
Q u i e n te ataca está en la oscuridad,
aunque todo el país esté iluminado p o r el sol.
Pero en el que te recibe en su corazón,
53
mira: ¡su sol ha salido! .

M a s , p a r a r e l a c i o n a r esta estrofa c o n A j e n a t ó n , h a b r í a q u e p o n e r
las f o r m a s v e r b a l e s e n p r e t é r i t o i m p e r f e c t o : « e l q u e te i g n o r a b a , el
que te a t a c a b a » . Esto es p o s i b l e , p e r o i m p r o b a b l e . E s t a m o s a q u í ante
u n t ó p i c o q u e p r o v i e n e d e l l e a l i s m o d e la é p o c a a n t e r i o r a la d e

52 Kitchen, Ramesside Inscriptions 1, III, 1-2.

53 ÁHG190, 20-25-
 284 EGIPTO

A m a r n a . E l l e a l c a m i n a b a j o la c l a r a l u z d e l s o l , y el d e s l e a l e n la
5 1
oscuridad ' '.
E n el p e r í o d o r a m é s i d a , este t ó p i c o , c o m o e n g e n e r a l t o d o el d i s -
c u r s o l e a l i s t a , es t r a s p a s a d o a la r e l a c i ó n d i o s - h o m b r e . P o r eso es
i m p r o b a b l e q u e e n el h i m n o d e A m ó n h a y a u n a r e f e r e n c i a c o n s -
c i e n t e a A j e n a t ó n . S i n e m b a r g o , e n u n s e n t i d o más g e n e r a l ello t i e n e
su c o r r e s p o n d e n c i a c o n la r e a l i d a d . L a t r a s l a c i ó n de esta t ó p i c a desde
la r e l a c i ó n r e y - s e c u a z a la r e l a c i ó n d i o s - h o m b r e p i a d o s o m u e s t r a
más claramente q u e t o d o l o d e m á s q u e , c o n la e x p e r i e n c i a d e
A m a r n a , el r e i n o p e r d i ó el capital s i m b ó l i c o p o r el q u e l o s h o m b r e s
v e í a n e n el r e y a su d i o s y a la f u e n t e d e l s e n t i d o d e su v i d a y d e su
o r i e n t a c i ó n . E l t r e m e n d o extravío d e l o s reyes de A m a r n a a b r i ó u n a
l a g u n a e n el t e r r e n o a u t ó c t o n o de la c u l t u r a q u e l o s reyes del p e r í o d o
r a m é s i d a n o p u d i e r o n l l e n a r y e n la q u e l o s d i o s e s , e m p e z a n d o p o r
A m ó n , se a c o m o d a r o n .

Se consiguió anular el r e c u e r d o del p e r í o d o de Amarna

b o r r a n d o sus h u e l l a s y r e e s c r i b i e n d o la h i s t o r i a . L o s n o m b r e s de l o s
reyes de A m a r n a f u e r o n t a c h a d o s d e las l i s t a s , y su t i e m p o de

54 De Amenofis III se dice: «Para quien le adora, su sol ha salido.» (Urk IV IJIQ.). De
Ajenatón se dice:
¡Dichoso aquel que escucha tu enseñanza sobre la vida!
El se saciará continuamente con tu visión,
y sus ojos verán el sol día tras día (cfr. Sandman, 92.8-9; parecido en Sandman
60.6-7).
Abimilki de Tiro se vale de este tópico incluso en una carta a Ajenatón escrita en
babilonio:
Sobre aquel que obedece al rey, su señor,
y le sirve en su puesto, .
saldrá el dios sol
y el dulce aliento de la boca del rey, mi señor, le dará vida.
Pero quien no atiende a la voz del rey, su señor,
verá su ciudad en ruinas, en ruinas su casa,
y su nombre^dejará de existir
en todo el país para siempre (W.F. Albright, «The Egyptian Correspondence of
J
Abimilki, King of Tyre», enJEA 23, 1937, 99)-
También en la época de Ay era común este tópico referente al rey, como demuestra
un fragmento.en la tumba de Neferhotep:
[Dichoso]'el que se ha iniciado en tu [enseñanza],
el que lía recibido [tus lecciones].
Él siempre atenderá [a tus palabras].
[Todo el que te] recibe en su corazón,
¡ve salir su sol! (TT. 49 ed. N. de G. Davies,'77ie Tomb ofNefer-Hotep at Thebes, repr.
Nueva York, 1973, lám. 12).
 I V / 3 . LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN 2,8$

g o b i e r n o s u m a d o a l o s d e A m e n o f i s I I I y H o r e m h e b . L o q u e n o se
p u d o a n u l a r fue el r e c u e r d o c o n s e r v a d o e n l o s t e s t i g o s d e la é p o c a ,
la h u e l l a de la e x p e r i e n c i a t r a u m á t i c a q u e t a n g r a v e m e n t e h a b í a t r a s -
t o r n a d o e n l o s e g i p c i o s su s e n t i d o de la o r i e n t a c i ó n e n el m u n d o .
El trauma persistió y dio origen a una leyenda que n o s ha transmi-
t i d o M a n e t ó n y q u e , e n las distintas v a r i a n t e s d e la m i s m a puestas e n
circulación p o r numerosos historiadores griegos y latinos, quedó
e n m a r c a d a e n la p r e g u n t a p o r el o r i g e n d e l p u e b l o j u d í o . L a v e r -
s i ó n d e M a n e t ó n es la m á s d e t a l l a d a . C u e n t a q u e el rey A m e n o f i s ,
e n r e f e r e n c i a a A m e n o f i s I I I , h a b í a m a n i f e s t a d o el d e s e o de « c o n -
t e m p l a r a l o s d i o s e s » . E l sabio A m e n o f i s , h i j o de H a p u , le a c o n s e j a
l i m p i a r a n t e s el país d e l e p r o s o s y « m a n c h a d o s » (miaroí,. q u e t a m -
b i é n p u e d e s i g n i f i c a r « m a n c h a d o s p o r la c u l p a » ) . E l r e y r e ú n e a
8 0 . O O O p e r s o n a s afectadas, e n t r e ellas s a c e r d o t e s , y las o b l i g a a t r a -
b a j a r e n las c a n t e r a s . A n t e tal c r u e l d a d , el s a b i o A m e n o f i s t e m e la
i r a d e l o s d i o s e s . P r e v é q u e l o s l e p r o s o s y sus a l i a d o s g o b e r n a r á n
E g i p t o d u r a n t e 1 3 a ñ o s , p e r o n o se atreve a d e c í r s e l o p e r s o n a l m e n t e
5 5
al rey, y deja escrita su p r e d i c c i ó n y se s u i c i d a . L o s l e p r o s o s p i d e n
al rey la a b a n d o n a d a c i u d a d de l o s h i c s o s A v a r i s c o m o l u g a r d e r e s i -
d e n c i a y éste se la c o n c e d e . S e o r g a n i z a n c o m o c o l o n i a de l e p r o s o s y
eligen a u n sacerdote llamado O s a r s i p h c o m o j e f e . Este u n e a todos
los l e p r o s o s e n u n j u r a m e n t o de a d h e s i ó n a su p e r s o n a y p r o m u l g a
leyes q u e o r d e n a n l o c o n t r a r i o de las c o s t u m b r e s e g i p c i a s . E l p r i m e r
m a n d a m i e n t o es el d e n o v e n e r a r a l o s d i o s e s y n o r e s p e t a r a sus
a n i m a l e s s a g r a d o s n i l o s t a b ú e s r e l a t i v o s a la c o m i d a . E l s e g u n d o
m a n d a m i e n t o o r d e n a n o t e n e r t r a t o c o n n a d i e e x t r a ñ o al g r u p o .
L o s l e p r o s o s así o r g a n i z a d o s c o n v i e r t e n A v a r i s e n u n a f o r t a l e z a ,
i n v i t a n a l o s h i c s o s e s t a b l e c i d o s e n J e r u s a l é n , q u e 2 O O a ñ o s atrás
h a b í a n s i d o e x p u l s a d o de E g i p t o , a f o r m a r u n a a l i a n z a y r e c i b e n de
allá t r o p a s a u x i l i a r e s q u e s u m a n 200.OOO h o m b r e s . El faraón
A m e n o f i s se a c u e r d a d e la p r o f e c í a y e m i g r a , c o n t o d o s l o s a n i m a l e s
sagrados q u e h a r e c o g i d o de todas partes del país, h a c i a E t i o p í a .
A n t e s o r d e n a o c u l t a r c u i d a d o s a m e n t e las i m á g e n e s d e l o s d i o s e s . E l
rey e t í o p e a c o g e a los e g i p c i o s d u r a n t e 13 a ñ o s . D u r a n t e este
t i e m p o , E g i p t o es g o b e r n a d o p o r l o s l e p r o s o s j u n t o c o n sus a l i a d o s

55 Este episodio recuerda el Oráculo del alfarero, en el que Amenofis III figura también
como protagonista, cfr. L. Lakosy, Acta Or. 19, 1966, 345: L- Koenen, ZPE 2> 1968,
178 ss.; J.W.B. Barns, Orientalia 46, 1977, 31 ss.¡ Redford, King-Lists, 284-286.
286 EGIPTO

d e J e r u s a l é n d e u n a m a n e r a q u e a l o s e g i p c i o s la é p o c a d e l d o m i n i o
de los hicsos les parece e n c o m p a r a c i ó n u n a edad de o r o . N o sólo
s o n q u e m a d a s las c i u d a d e s , d e s t r u i d o s l o s t e m p l o s y d e s t r o z a d a s las
i m á g e n e s de l o s d i o s e s : l o s s a n t u a r i o s s o n c o n v e r t i d o s e n c o c i n a s , y
los a n i m a l e s s a g r a d o s asados e n ellas. Y p a r a t e r m i n a r , O s a r s i p h , el
cabecilla, adopta el n o m b r e de Moisés. Pero, finalmente, A m e n o f i s
y su n i e t o R a m s é s a v a n z a n j u n t o s d e s d e E t i o p í a c o n t r a l o s l e p r o s o s y
sus a l i a d o s y l o s e x p u l s a n d e l p a í s .
Se h a i n t e n t a d o d a r t r e s e x p l i c a c i o n e s d i s t i n t a s a esta h i s t o r i a .
U n o s v e n e n ella u n r e c u e r d o , d e f o r m a d o e n l e y e n d a , d e l p e r í o d o
5 6
de A m a r n a . A su favor t i e n e n u n a serie de detalles: las p e r s o n a s
( A m e n o f i s I I I , A m e n o f i s h i j o d e H a p u ) , la d e s t r u c c i ó n d e l o s t e m ­
plos y, sobre t o d o , el carácter religioso del conflicto, q u e c o m i e n z a
con el deseo de c o n t e m p l a r a los dioses y t e r m i n a c o n la c o n s u m i ­
c i ó n de los animales sagrados. O t r o s la r e l a c i o n a n c o n el d o m i n i o y
la p o s t e r i o r e x p u l s i ó n d e l o s h i c s o s . A s u f a v o r t i e n e n e l l u g a r , A v a -
ris, q u i z á t a m b i é n e l n o m b r e d e O s a r s i p h , así c o m o las a s o c i a c i o n e s
57
asiáticas de la h i s t o r i a . U n a t e r c e r a t e o r í a ve e n ésta u n a r e f e r e n c i a
a l o s j u d í o s , u n a « c o n t r a - h i s t o r i a » d e l r e l a t o b í b l i c o d e l é x o d o y la
5 8
e x p r e s i ó n de u n antijudaísmo e g i p c i o . E n sú favor h a b l a n l o s
m a n d a m i e n t o s dictados p o r O s a r s i p h , especialmente el s e g u n d o , el
de n o tratar c o n n a d i e fuera d e l g r u p o . « I m p i e d a d » (asebeia) y
«misantropía» (misanthropia, amixia) s o n l o s clisés p r i n c i p a l e s d e l a

56 Cfr. al respecto E. Meyer, Ágyptische Chronologie, (APAW 1904), Berlín, 92~95; del
mismo autor, Geschichte desAltertums, reimp. Darmstadt, 1953, Bd. II.I, 420-426;
D.B. Redford, «The Hyksos Invasión in History and Tradition», en Orientalia 39,
1970, I-5I; del mismo autor, Pharaonic KingLisb, Armáis andDay-Boohs, A contribution to the
Study of the Egyptian Sense of History, Mississauga, 1986, 276-296; R. Krauss, DasEndeder
Amarnazeit, HAB 7, Hildesheim, 1978, 204 ss. D.B. Redford, Egypt, Canaan, andlsraehn-
the Ancient Times, Princeton,ig92, 4°8-422; y mi Monotheismus undKosmotheismus (Actas
de la Heidelb. Ak. d. Wiss.), Heidelberg, 1993.
57 R- Weill, La fin du Mojen Empire Egyptien. Etude sur les monuments et l'histoire déla période comprise
entre la XI et la XVIlf dynastie, París, 1918, 22-145; T. Schneider, «Die 'groisen
e

Hyksos': Herkunft, Überlieferung und Chronologie der 15- Dynastie», conferen­

cia en Heidelberg de 2.-II-1994, manuscrito inédito.
58 A. Funkenstein, Perceptions offewish History, University of California Press, Berkeley,
1993; y -naturalmente- el propio Flavio Josefo.
59 Cfr. John G. Gager, The Origins ofAnti-Semitism, Nueva York, Oxford, 1983; JerryL.
Daniel, «Amti-Semitism in the hellenistic Period», en fournal ofBiblical Literature 98,
1979, 45""65: Angela Kasher, The Jews in Hellenistic and Román Egypt: the struggkfor equal righb,
Tubinga, 1985 y, sobre todo, P. Scháfer, fudaeophobia. The Attitude towards the Jewsin the
AncientWorld, Cambridge, Mass., 1996 (en prensa).
 IV / 3. LA REVOLUCIÓN DE AJENATÓN 20/

5 9
imagen, antigua d e l o s j u d í o s . E l m a n d a m i e n t o de la i m p i e d a d
p u e d e t a m b i é n p o n e r s e e n r e l a c i ó n c o n la e x p e r i e n c i a d e A m a r n a ,
6 0
p e r o es d i f í c i l h a c e r l o c o n e l m a n d a m i e n t o d e a i s l a m i e n t o . L a s
tres e x p l i c a c i o n e s t i e n e n t a m b i é n s u s d i f i c u l t a d e s . L a t e o r í a d e
A m a r n a n o p u e d e e x p l i c a r e l n o m b r e d e O s a r s i p h , las a s o c i a c i o n e s
a s i á t i c a s y la p r o h i b i c i ó n d e l a c o m u n i c a c i ó n c o n el e x t e r i o r . L a
t e o r í a d e l o s h i c s o s d e b e h a l l a r u n a e x p l i c a c i ó n al c a r á c t e r r e l i g i o s o
del c o n f l i c t o . P o r o t r a p a r t e , l o s d e m á s n o m b r e s n o t i e n e n c a b i d a
e n la é p o c a d e l o s h i c s o s , a l o q u e se a ñ a d e e l h e c h o d e q u e M a n e t ó n
d i s t i n g u e c l a r a m e n t e el e p i s o d i o d e l p e r í o d o e n q u e d o m i n a r o n l o s
h i c s o s . L a t e o r í a d e l o s j u d í o s se e n f r e n t a al p r o b l e m a d e q u e M a n e -
tón b e b e de fuentes que p r o b a b l e m e n t e s o n bastante más antiguas
q u e la jB¡o/¡a de losLXX.
L a t e o r í a d e l t r a u m a h a c e j u s t i c i a a las t r e s e x p l i c a c i o n e s . N o
r e f i e r e l a l e y e n d a m i s m a e n t o d o s sus d e t a l l e s , s i n o s ó l o e l i m p u l s o
q u e l e d i o o r i g e n , al p e r í o d o d e A m a r n a . E l t r a u m a d e A m a r n a f u e
el e s t í m u l o p a r a t r a n s f o r m a r l o s r e c u e r d o s e x i s t e n t e s d e la é p o c a d e
los h i c s o s e n l a h i s t o r i a d e u n c o n f l i c t o r e l i g i o s o . E n estos r e c u e r d o s ,
que n o estaban tachados de la m e m o r i a oficial, era fácil reflejar el
trauma de aquel exilio religioso. Se p u e d e s u p o n e r q u e los hicsos
h i s t ó r i c o s n o p r a c t i c a b a n u n a r e l i g i ó n r a d i c a l m e n t e d i f e r e n t e e n este
sentido. Ellos adoraban a otros dioses c o n otros ritos, p e r o en ello
n o se veía o t r a r e l i g i ó n , s i n o o t r a c u l t u r a , e n la q u e l o s d i o s e s e r a n l o
m e n o s extraño, pues e n ellos cabía r e c o n o c e r y traducir a n o m b r e s
extraños dioses p r o p i o s . L a r e l i g i ó n de A m a r n a era algo c o m p l e t a -
mente distinto. Era u n a religión estructuralmente diferente, que n o
se d e j a b a t r a d u c i r a - i n t u i c i o n e s t r a d i c i o n a l e s , p u e s esta r e l i g i ó n
negaba y anulaba la t r a d i c i ó n . L a m i r a d a retrospectiva d e l p e r í o d o
ramésida convertía a los hicsos e n monoteístas de Seth:

El rey A p o p i s eligió al dios Seth c o m o su señor,

61
•y n o veneró en todo el país a otra divinidad que S e t h .

Pero el trauma de A m a r n a n o sólo c a m b i ó retroactivamente el

r e c u e r d o d e l o s h i c s o s , s i n o q u e m a r c ó t a m b i é n la i m a g e n y la e x p e -

60 Aunque las peculiares estelas delimitadoras se podrían explicar muy bien de esta
manera. En ellas, el rey juraba no traspasar jamás los límites de la ciudad.
61 pSallier I, I.2~3 ed. Gardiner, Late Egyptian Stories, 85; H. Goedicke, The Quarrel of Apo-
páis and Seqenenre, San Antonio, 1986, I O s .
288 EGIPTO

riencia del extranjero, e s p e c i a l m e n t e del asiático, para los tiempos

p o s t e r i o r e s . A s í se f o r m ó u n a l e y e n d a e n la q u e las r e m i n i s c e n c i a s de
A m a r n a se f u n d e n c o n e l e m e n t o s d e l r e c u e r d o d e l o s h i c s o s y c o n
experiencias d e la c o n q u i s t a asiría, la d o m i n a c i ó n de pei-sas y g r i e g o s
y, f i n a l m e n t e , el e n c u e n t r o c o n los j u d í o s .
 ¿. PIEDAD PERSONAL Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD

I N T E R I O R I Z A C I Ó N D E LA D I V I N I D A D *

L a h i s t o r i a d e la r e l i g i ó n d e l R e i n o N u e v o se caracteriza p o r d o s d e s -
a r r o l l o s d e i m p o r t a n c i a capital. E l p r i m e r o es u n a crisis e n l a v i s i ó n
p o l i t e í s t a d e l m u n d o , q u e c u l m i n a e n la r e v o l u c i ó n de A m a r n a . E l
6 3
s e g u n d o es c o n o c i d o c o m o la « p i e d a d p e r s o n a l » . P e r o , b a j o esta
d e n o m i n a c i ó n g e n é r i c a , se e s c o n d e n cuatro f e n ó m e n o s diferentes q u e
s u e l e n c o n f u n d i r s e , l o cual h a d a d o lugar a n o p o c o s m a l e n t e n d i d o s :
—Formas religiosas l o c a l e s , diferentes d e la r e l i g i ó n oficial e i n t e r -
63
local del E s t a d o ; p o r e j e m p l o , el c u l t o d e H e q a - i b e n E l e f a n t i n a ;

*Gotiesbehenigung. No es posible traducir literalmente este término. Behenjgung significa

«consideración», o «reflexión», hecha desde el corazón, más práctica, por tanto,
que intelectual. [N. del T.]
62 Cfr. A. Erman, Denksteineaus der thebanischen Graberstadt (SPAWigil); B. Gunn, «The
Religión of the Poor in Ancient Egypt», JEA 3, 1916, 8l-g4¡ H. Brunner, «Die
I ,
religióse Wertung der Armut im alten Agypten», Saeculum 12, 1961, 3 9~*344 ¡
Fecht, LiterarischeZ$ugnissezur «Persónlichen Frdmmigkeit» inAgypten, AHAW1965); G. Pose-
I c r tam
ner, «La pié.té personelle avant l'áge amarnien», RdE' 27> I975i' 95'~2lOi f - ~
bien la bibliografía aportada por H. Brunner en «Persónliche Frdmmigkeit», LA
I V a s
. 95I-963, í comoj. Baines, «Practical Religión and Piety», JEA '73, 1987, 79-
98 y «Society, Morality, and Religious Practice», en B.E. Shafer (ed.), Religión in
Ancient Egypt, Londres, I99I, 123-200.
63 Se trata aquí del culto de un príncipe divinizado de la VI dinastía practicado sobre
todo por los príncipes de nomos de la dinastía XII. Éstos ven en su predecesor una
figura con la que desean identificarse y una'especie de héroe fundador de su princi-
pado. Cfr. D. Franke, DasHeiligtum des Heqa-ib aufElephantine. Geschichte eines Provinzlwligtums
im Mittleren Reich, SAGA 9, Heidelberg, 1994, especialmente 142-146.
 290 EGIPTO

— F o r m a s r e l i g i o s a s d o m é s t i c a s e i n d i v i d u a l e s , d i f e r e n t e s d e la
r e l i g i ó n s a c e r d o t a l d e l o s t e m p l o s ; p o r e j e m p l o , el c u l t o p r i v a d o d e
6
capillas e n A m a r n a y e n D e i r el M e d i n a * ;
— R e l i g i ó n p o p u l a r a d i f e r e n c i a d e la r e l i g i ó n y la t e o l o g í a cultas
de las capas s u p e r i o r e s ; p o r e j e m p l o , l o s a m u l e t o s , las f i g u r a s d e B e s
65
y los o b j e t o s m á g i c o s , a d e m á s d e graffitiy exvotos e n s a n t u a r i o s ;
— N u e v a s f o r m a s d e r e l i g i o s i d a d , c o m o l a q u e c a r a c t e r i z a n al
R e i n o N u e v o , d i f e r e n t e s d e la r e l i g i o s i d a d t r a d i c i o n a l .
E l t e m a d e este c a p í t u l o es e x c l u s i v a m e n t e el ú l t i m o d e l o s f e n ó ­
menos mencionados.

N o hay p a l a b r a e g i p c i a p a r a « p i e d a d p e r s o n a l » , n i t a m p o c o u n a
p a l a b r a q u e p u e d a c o n s t i t u i r u n a a u t o d e f i n i c i ó n d e esta n u e v a r e l i ­
g i o s i d a d q u e b r o t a e n e l R e i n o N u e v o c o n el d i n a m i s m o d e u n
m o v i m i e n t o . P e r o esto n o d e b e s o r p r e n d e r ; t a m p o c o hay, e n a b s o ­
luto, u n a palabra para « r e l i g i ó n » . Sí hay fórmulas y giros que
e x p r e s a n u n í v o c a m e n t e el e s p í r i t u y el p r o g r a m a d e esta n u e v a r e l i ­
g i o s i d a d , y q u e s ó l o a p a r e c e n e n tal c o n t e x t o , p o r l o q u e e l l o s i d e n ­
tifican c o n s e g u r i d a d l o s textos y m o n u m e n t o s c o r r e s p o n d i e n t e s a
d i c h a r e l i g i o s i d a d . E n p r i m e r í s i m o l u g a r está la l o c u c i ó n « p o n e r s e
u n d i o s e n e l c o r a z ó n » . E s t a n t í p i c a d e este m o v i m i e n t o , q u e c a b e
t o m a r l a c o m o u n a a u t o d e f i n i c i ó n d e l m i s m o y, desde ella, l l a m a r a la
p i e d a d p e r s o n a l « i n t e r i o r i z a c i ó n d e la d i v i n i d a d » .
L a i n t e r i o r i z a c i ó n d e l a d i v i n i d a d c o n s t i t u y e el t e r c e r estadio d e la
. « h i s t o r i a d e l c o r a z ó n » a l a q u e n o s h e m o s r e f e r i d o e n las p p . 1 6 8 -
1 7 0 . E n lugar de la i m a g e n del h o m b r e del R e i n o M e d i o , c o n su
i d e a l d e l « h o m b r e g u i a d o p o r el c o r a z ó n » , a p a r e c e a q u í e l i d e a l d e l
c o r a z ó n g u i a d o p o r e l d i o s . N o es e l c o r a z ó n a b i e r t o a l a s o c i e d a d
q u e t i e n e e n s u i n t e r i o r grabadas las n o r m a s d e M a ' a t , s i n o el q u e h a
a c o g i d o al d i o s , es d e c i r , a s u v o l u n t a d , q u e l e g u í a . Esta i m a g e n d e l
h o m b r e c o r r e s p o n d e al c a m b i o e s t r u c t u r a l d e M a ' a t e n e l m a r c o d e
la n u e v a v i s i ó n d e l m u n d o , q u e c o n t r a p o n e d i o s y m u n d o y deriva el
m u n d o de la voluntad creadora, vivificadora y destinadora del dios.
A h o r a , M a ' a t y a n o es e l p r i n c i p i o d e u n a j u s t i c i a c o n e c t i v a i n m a -

64 Arm H. Bomann, The Prívate Chapel in Ancient Egypt. A Study ofthe Chapéis in the Workmen's Village.
at el-Amarna with Special Reference to Deir el Medina and other Sites, Londres/Nueva York, 1991.
Se trata aquí de lugares de culto pertenecientes a ditintas familias.
65 A.I. Sadek, Popular Religión in Ancient Egypt, HÁB 27. Hildesheim, 1987.
 I V / 4 . PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD

n e n t e , s i n o d e u n a c o n e c t i v i d a d q u e b r o t a d e la v o l u n t a d d e l d i o s .
A h o r a , « s e r j u s t o » ya n o significa i n t e g r a r s e e n la r e d d e la c o m u n i -
d a d m e d i a n t e la a u t o r r e n u n c i a y la s o l i d a r i d a d , s i n o s o m e t e r s e d e
m a n e r a h u m i l d e y o b e d i e n t e a la v o l u n t a d d e l d i o s , q u e , c o m o d i c e
6 6
A m e n e m o p e , « d a M a ' a t a q u i e n él q u i e r e » .
E n l a d o c t r i n a d e A m e n e m o p e , d e f i n a l e s d e la é p o c a r a m é s i d a ,
este i d e a l d e l c o r a z ó n g u i a d o p o r e l d i o s es e x p r e s a d o d e f o r m a
inequívoca:

Da peso a tu corazón, fortifica tu corazón,

que tu lengua no gobierne.
(Verdad es) que la lengua del h o m b r e es el timón del barco,
67
(pero) el señor de todas las cosas es su p i l o t o .

P e r o y a e n l o s c o m i e n z o s d e l a d i n a s t í a XVIII, e n la é p o c a d e
T h u t m o s i s III, esta f ó r m u l a expresa p l e n a r i a m e n t e la i n t e r i o r i z a c i ó n
de la d i v i n i d a d :

Padre y madre para el que le recibe en su corazón,

para el que se aparta del que pasa distraído p o r su ciudad.
68
A q u e l a quien él guía no puede andar extraviado .

E n u n ostrakon d e la é p o c a d e A m e n o f i s II l e e m o s esta o r a c i ó n :

Te he recibido en mi corazón p o r q u e eres fuerte,

... (tú) protector (nhw),
69
mira: ya n o tengo miedo (snd) .

L A FIESTA G O M O ORIGEN DE LA PIEDAD PERSONAL

Este ostrakon f o r m a p a r t e d e u n a serié d e piezas semejantes q u e f u e r o n

halladas e n la n e c r ó p o l i s t e b a n a . D a t a n d e h a c i a la m i t a d de la d i n a s -
tía XVIII, y n o s p u e d e n p r o p o r c i o n a r i m p o r t a n t e i n f o r m a c i ó n s o b r e
el o r i g e n d e esta n u e v a r e l i g i o s i d a d . T e b a s . f u e s u b a s t i ó n i n c l u s o e n
é p o c a s p o s t e r i o r e s . Está b i e n claro q u e h u b o d e t e n e r r e l a c i ó n c o n la
n a t u r a l e z a d e l d i o s A m ó n . P e r o cabe d a r u n p a s o m á s . L o s ostraha de

66 Amenemope 2 1 - 5 - 6 ; Grumach, Untersuchungen, 134.

67 Amenemope XX.3-6; Grumach, Untersuchungen, 1 2 4 - 2 8 .
68 ÁHG 7 5 . 2 3 - 2 4 = STG n.° 165, T T 1 6 4 .
69 P. Cairo I22I7 rto. ed. G. Posener, en i?c/E 27, 1975, 2 0 6 - 2 0 9 .
 292 EGIPTO

o r a c i o n e s q u e c o n t i e n e n l o s textos de p i e d a d p e r s o n a l m á s a n t i g u o s
no son precisamente ejercicios literarios. Servían a u n fin d e t e r m i -
n a d o . E r a n p r e s e n t a d o s al d i o s s a c a d o e n p r o c e s i ó n a l o l a r g o de su
c a m i n o . C o n e l l o s , el i n d i v i d u o se d i r i g í a d i r e c t a m e n t e al d i o s (es
decir, a la i m a g e n d e la p r o c e s i ó n ) s i n las i n s t a n c i a s m e d i a d o r a s d e l
culto y d e l E s t a d o . L a fiesta, y c o n c r e t a m e n t e la « h e r m o s a fiesta d e l
valle d e l d e s i e r t o » ¡ e n la q u e el d i o s A m ó n r e c o r r í a el c a m i n o d e
levante a p o n i e n t e , visitaba los t e m p l o s f u n e r a r i o s de los reyes,
pasando t a m b i é n p o r las n e c r ó p o l i s de l o s f u n c i o n a r i o s , c o n s t i t u í a el
m a r c o de esta f o r m a de c o m u n i c a c i ó n r e l i g i o s a . E s e v i d e n t e q u e la
p i e d a d p e r s o n a l t e n í a sus raíces e n la fiesta. Para c o m p r e n d e r esto, es
p r e c i s o saber q u e e n E g i p t o las fiestas e r a n la ú n i c a p o s i b i l i d a d q u e
t e n í a n l a s capas p o p u l a r e s de p a r t i c i p a r de la vida r e l i g i o s a : Las fiestas
e r a n la o p o r t u n i d a d q u e se le o f r e c í a al i n d i v i d u o d e « v e r al d i o s » .
L o s ostraka p r o c e d e n t e s d e S h e k A b d el G u r n a d e m u e s t r a n c o n el
e j e m p l o d e la fiesta d e l v a l l e q u e , ya e n la é p o c a d e T h u t m o s i s I I I y
A m e n o f i s I I , se d e s a r r o l l a r o n e n el m a r c o d e estas fiestas f o r m a s de
p i e d a d p e r s o n a l e n las q u e l o s i n d i v i d u o s p o d í a n d i r i g i r s e a la d i v i -
n i d a d c o n o r a c i o n e s y o t r o s r u e g o s p o r su s a l v a c i ó n .
E n la fiesta, la e s t r u c t u r a d e r e p r e s e n t a c i ó n a la q u e n o s h e m o s
r e f e r i d o e n las p p . 2 3 4 ~ 2 4 6 q u e d a b a s u s p e n d i d a p o r el t i e m p o q u e
d u r a b a la f i e s t a . L a fiesta e g i p c i a se s u s t e n t a b a e n la i d e a d e q u e la
s e p a r a c i ó n de c i e l o y t i e r r a p o d í a a n u l a r s e d e n t r o d e c i e r t o s l í m i t e s ,
lo que p e r m i t í a q u e los dioses estuvieran de n u e v o p e r s o n a l m e n t e
p r e s e n t e s e n la t i e r r a ; L a r e p r e s e n t a c i ó n se m u d a b a e n p r e s e n c i a
real. L a fiesta e g i p c i a e s c e n i f i c a b a l o s t i e m p o s p r i m i g e n i o s , c u a n d o
los dioses c a m i n a b a n p o r la t i e r r a y el d i o s s o l a r r e i n a b a s o b r e h o m -
bres y dioses j u n t o s . L a s c a n c i o n e s festivas h a b l a n de q u e el c i e l o y la
tierra se u n e n , o de q u e a m b o s se l l e n a n d e j ú b i l o p o r la. p r e s e n c i a
i n m e d i a t a de l o s d i o s e s :

Cielo y tierra están llenos de su belleza,

70
bañados en el oro de sus r a y o s .

T o d a s e m p i e z a n n o m b r a n d o al c i e l o y a la t i e r r a :

¡Regocijo en el cielo,
71
alegría en la tierra! .

70 pBerlín 3056, VII, 6, etc., s. LL, 248.

0
71 LL, 25 -262 reúne muchas de estas canciones.
 IV / 4. PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD

L a fiesta n o s ó l o p e r m i t e al i n d i v i d u o u n a r e l a c i ó n d i r e c t a c o n el
d i o s , s i n o q u e a d e m á s d e t e r m i n a la e s t r u c t u r a de su p e r t e n e n c i a
social y p o l í t i c a . E l e g i p c i o n o se sentía p e r t e n e c i e n t e a u n p u e b l o , a
una nación, sino a una ciudad. Pueblo y nación son en Egipto c o n -
c e p t o s p e r f e c t a m e n t e a n a c r ó n i c o s q u e n a d a s i g n i f i c a b a n e n el p e n s a -
m i e n t o de l o s h o m b r e s y q u e , p o r t a n t o , es mej.or evitar e n el m e t a -
l e n g u a j e c i e n t í f i c o . L a e s t r u c t u r a de p e r t e n e n c i a p r i m a r i a , p o l í t i c a ,
la d e t e r m i n a b a la c i u d a d e n la q u e se h a b í a n a c i d o y e n la q u e se
e s p e r a b a ser e n t e r r a d o . P e r o esta p e r t e n e n c i a n o t e n í a su s o s t é n v i s i -
b l e e n la p e r s o n a d e l a l c a l d e , s i n o e n la d e l d i o s d e la c i u d a d , y era
d u r a n t e las fiestas e n h o n o r del dios de la c i u d a d c u a n d o el i n d i v i d u o
la s e n t í a y c e l e b r a b a . . L a c o m u n i d a d d e l a q u e s e n t í a p a r t e e r a la
c o m u n i d a d m u n i c i p a l de l o s njwtjw, d e l o s c o n c i u d a d a n o s , y esta
c o m u n i d a d se c o n s t i t u í a c o m o tal c o m u n i d a d e n la c e l e b r a c i ó n de la
fiesta d e su d i o s m u n i c i p a l . Esta e s t r u c t u r a d e p e r t e n e n c i a q u e u n í a
al i n d i v i d u o a su c i u d a d t e n í a t a m b i é n su l a d o s e c u l a r y p r á c t i c o , q u e
n o h a y q u e p e r d e r de vista. Este l a d o está e n la n a t u r a l e z a d e l E s t a d o
n
de leitourgía e g i p c i o , q u e l l a m a a sus c i u d a d a n o s a l o s servicios l a b o -
rales, p o r l o q u e t i e n e q u e a s e g u r a r s e la p o s i b i l i d a d d e l o c a l i z a r l o s .
C a d a i n d i v i d u o t e n í a e n t o d o t i e m p o q u e estar l o c a l i z a b l e . E s t e
a c c e s o d e l E s t a d o a sus s u b d i t o s estaba o r g a n i z a d o c o n la c o l a b o r a -
c i ó n d e l o s t e m p l o s . Esta e s t r u c t u r a d e p e r t e n e n c i a c e n t r a d a e n l a
c i u d a d , c o n su i d e o l o g í a d e l a r r a i g o e n e l s u e l o m u n i c i p a l , e x p e r i -
m e n t a .a p a r t i r de la e x p e r i e n c i a de las fiestas de la c i u d a d u n p r o c e s o
d e t e o L o g i z a c i ó n q u e se i n i c i a e n el R e i n o N u e v o y d e t e r m i n a la
m e n t a l i d a d e g i p c i a d e la É p o c a B a j a . D e la l e a l t a d al E s t a d o se h a c e
u n a r e l i g i ó n . E s t o s p r o c e s o s g i r a n e n E g i p t o e n t o r n o a la c u e s t i ó n
de q u i é n es el « s e ñ o r d e l f u n e r a l » , q u e h a c e p o s i b l e la p e r d u r a c i ó n
d e s p u é s de la m u e r t e . H a s t a el R e i n o N u e v o , y d e n u e v o y m u y e n f á -
t i c a m e n t e e n e l p e r í o d o de A m a r n a , el s e ñ o r d e l f u n e r a l es el rey.
P e r o , d u r a n t e el R e i n o N u e v o el r e y es s u s t i t u i d o c o m o s e ñ o r d e l
f u n e r a l p o r el d i o s , y c o n c r e t a m e n t e e l d i o s d e la c i u d a d . C o m o se
d i c e e n el c a p í t u l o 183 d e l L i b r o de l o s m u e r t o s ,

Hoy he venido de la ciudad de mi dios: Menfis.

El más hermoso de los n o m o s de este país.
(...)

72 Cfr. Parte I, nota 65.

 EGIPTO
294

¡Dichoso quien obra justamente para el dios que está en ella!

El da años al que así obra para él,
le permite poseer una tumba,
llegar a ella en u n hermoso funeral,
73
recibir sepultura en el distrito sagrado .

E n M e n f i s , el s e ñ o r d e l f u n e r a l es P t a h , e n T e b a s A m ó n , y e n
otras c i u d a d e s los d i o s e s c o r r e s p o n d i e n t e s . P o r eso, el d i o s de l a c i u -
d a d es, c o m o se d i c e e n u n texto s a p i e n c i a l p o s t e r i o r ,
74
aquel de quien dependen la vida y la muerte de sus c i u d a d a n o s .

E l l u g a r d e l s e r v i c i o y la l e a l t a d al r e y l o o c u p a n e l s e r v i c i o y la
l e a l t a d al d i o s . S e es fiel al d i o s p e r m a n e c i e n d o e n la p r o p i a c i u d a d .
P o r eso se d i c e t a m b i é n e n el texto antes c i t a d o , q u e es el t e s t i m o n i o
m á s a n t i g u o c o n o c i d o de la i n t e r i o r i z a c i ó n d e l d i o s :

Padre y madre para el que le recibe e n su corazón,

pero se aparta del que pasa distraído p o r su ciudad.

El p i a d o s o p e r m a n e c e la c i u d a d de su d i o s . L a r e c o m p e n s a p o r
esa v i d a d e f i d e l i d a d es u n a h e r m o s a s e p u l t u r a , l o c u a l se d e j a e n
m a n o s d e l d i o s . E n u n h i m n o r a m é s i d a se d i c e de A m ó n - R e :

Su recompensa es u n hermoso funeral

73
para u n corazón contento con M a ' a t .

A h o r a se d i c e e n r e f e r e n c i a al d i o s :

Q u i e n le sigue poseerá su tumba.

La muerte n o le alcanza.
Muere satisfecho de la vida y es sepultado,
quien anda p o r su agua.
Se reconoce al alabado p o r su gran n o m b r e ,
76
su recompensa es la del perfecto g l o r i f i c a d o .

73 Cfr. mí libro Agypten - Theologie und Frdmmigkeit einerfiühen Hochkultur, Stuttgart, 1984, 28.
74 plnsinger 28,4; M. Lichtheim, Ancient Egyptian Literature, tomo IIÍ, Berkeley, 1980,
207; del mismo autor, Egyptian Wisdom Literature in the International Context. A Study ofDemotic
Instructions, OBO 52, Fribourg, 1983, 162 s.
:
75 P. Gh.Beatty IV rto. 8,6-7. Cfr. ibid., 7,4 «tu recompensa es un hermoso funeral
para el cantor que te alaba a fin de que se destaque en el más acá como ba cumplido
para alabar al señor de los dioses».
76 CGC 42 231. K. Jansen Winkeln, Ágyptische Biographien der ZZ- und23- Dynastie, Wiesba-
den, 1985, tomo I, pp. 194 ss., tomo II, p. 543-
 IV / 4. PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD 295

I n c l u s o se « p e r e g r i n a » a o t r a s c i u d a d e s p a r a p a r t i c i p a ! ' e n sus'
fiestas. E n h i m n o s d e l p e r í o d o r a m é s i d a r e p r e s e n t a t i v o s d e la « p i e -
dad p e r s o n a l » se l e e :

Soy u n débil de su lugar,

77
u n pobre y u n peregrino de su c i u d a d .

T o d o el que peregrina a tu ciudad dice, cuando se despide de ti:

78
¡dichoso el que se junte c o n t i g o ! .

L a i d e a d e la a d h e s i ó n p e r s o n a l c u a n d o se trata d e u n a d i v i n i d a d
t i e n e , p u e s , su o r i g e n e n la i n s t i t u c i ó n e g i p c i a de la fiesta. D u r a n t e
el R e i n o N u e v o se a m p l í a y g e n e r a l i z a c o m o u n a n u e v a r e l i g i o s i d a d .
C a b e c a r a c t e r i z a r a esta n u e v a r e l i g i o s i d a d c o m o « l e a l t a d al d i o s » .
I n c l u s o el « a c t u a r e n el agua d e a l g u i e n » , la expresiva l o c u c i ó n p a r a
r e f e r i s e a la l e a l t a d , c o n la q u e u n o se d e c l a r a l e a l s e r v i d o r d e su
s e ñ o r , es a h o r a t r a n s f e r i d a a la r e l a c i ó n c o n la d i v i n i d a d :

da aliento a quien le adora,

79
y hace buena la vida de quien en su agua actúa .

E L D I O S G O M O P A T R Ó N : LA P I E D A D G O M O L E A L T A D A L D I O S

E l d i o s s u c e d e a h o r a al s o b e r a n o d e l R e i n o M e d i o y al p a t r ó n d e l
P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , m i e n t r a s q u e el p i a d o s o d e s e m p e ñ a el
papel del débil, p o b r e y necesitado de p r o t e c c i ó n , y e l l o c o n total
8 o r
i n d e p e n d e n c i a d e la p o s i c i ó n s o c i a l r e a l . A h o r a es la d i v i n i d a d
p a d r e y m a d r e suyos, p a d r e d e l h u é r f a n o , e s p o s o d e la v i u d a , r e f u g i o
d e l o p r i m i d o , d e f e n s o r d e l p o b r e , b u e n p a s t o r y j u e z q u e f a v o r e c e el
8 1
p o b r e , q u e salva al d e s g r a c i a d o d e l p o d e r o s o . A l o cual c o r r e s p o n d e
la p r e d i c a c i ó n d e l p i a d o s o c o m o el p o b r e , el o p r i m i d o , el q u e b u s c a
p r o t e c c i ó n . L a p r o t e c c i ó n ya n o se b u s c a e n el p r ó j i m o , s i n o s ó l o e n
la d i v i n i d a d . D e s p u é s d e l p e r í o d o d e A m a r n a es m á s frecuente
e n c o n t r a r e n l o s textos frases c o m o ésta:

77 I T 409: ÁHGn.° 173, 25s.

78 Himno de Ramsés III a Amón-Re, ÁHG n.° 196, 47 s.
0
79 ÁHG 83.6-7=STGn. 13, T T 1 1 .
80 Cfr. al respecto H. Brunner, «Die religiose Wertung der Arrmit» (nota 62).
81 Cfr. G. Posener, «Amon juge du pauvre», en Beitrage zur ag. Baufrosch. 12 (Homenaje a
ss
H. Ricke), Wiesbaden, I97l> 59-^3; y mi libro Re undAmun, 274 - 6.3.
296 EGIPTO

No he buscado n i n g ú n protector entre los hombres,

82
el dios ( A m ó n , Mut, etc.) es mi p r o t e c t o r .

La confianza en u n a justicia, que libera del m i e d o y de la miseria, n o

encuentra ahora n i n g ú n sostén e n el m u n d o de los h o m b r e s ; a h o r a es
confianza en la d i v i n i d a d . Esta « c o n f i a n z a » , para la q u e n o hay n i n -
guna palabra e n el i d i o m a e g i p c i o (que p u d i e r a c o r r e s p o n d e r al b í b l i c o
emunah = pistis) es a h o r a expresada m e d i a n t e la m e t á f o r a del s i l e n c i o . E l
silencio, o r i g i n a r i a m e n t e la v i r t u d capital e n las relaciones i n t e r h u m a -
nas (educación, mesura y s u b o r d i n a c i ó n a la c o m u n i d a d s e ñ o r i a l m e n t e
8 3
organizada) es a h o r a v i r t u d capital de la p i e d a d . D i s t i n g u e al q u e se
s o m e t e a la v o l u n t a d d e l d i o s y c o n f í a e n la p r o t e c c i ó n d e l d i o s , o¡
8 4
usando la l o c u c i ó n egipcia: « s e p o n e e n m a n o s del d i o s » .
Este traslado de la c o n f i a n z a d e s d e la esfera h u m a n a a la d i v i n a l o
expresa del m o d o más c o n c r e t o el caso de %2mwt-Kiki, que lega t o d o s
sus b i e n e s a la diosa M u t , h a c i é n d o l a así su p a t r o n a y p r o t e c t o r a p a r a
el resto de su vida, y de m o d o especial e n l o r e l a c i o n a d o c o n la s e p u l -
8 5
tura y el c u l t o f u n e r a r i o . K i l d i n f o r m a e n su t u m b a d e q u e se h a
instalado en la p a r t e oeste d e T e b a s :

Hubo u n hombre del sur de Heliópolis,

un auténtico escriba en Tebas;
Zimut era su apellido recibido de su madre,
llamado K i k i , legitimado.

82 Por ejemplo, iüfG 173.12-13, 42 s., 62 s., I 0 2 ss., 177,

83 Esto lo ha señalado por primera vez S. Morenz en Die Heraujkunji des transzendenten Goties
ínAgvj)fen, SSAWIO9.2, Berlín, 1964, I09-II2.
84 Esta idea aparece con especial claridad en el texto del dorso de la tabla.con la figura
sedente de Amenemotep (Berlín 6910), que data de la época de Seti I (de la tumba
tebana T T 215 de Der el Mfedine) y comienza con estas estrofas:
O/i hermoso asiento en la mano de Amón,
del protector de ¡os silenciosos, del salvador de los pobres,
el que da aliento a quien ama,
el que le concede una hermosa vejezal Oeste de Tebas
y concluye con el deseo:
...j así esté a salvo en tu mano
I
(STG 283, con referencia & Amenemope 24- 9~20:
Dichoso el que alcanza el occidente,
cuando se halla a salvo en la mano del dios.
Sobre la seguridad de quien está «en la mano del dios», v. también Amenemope
22.8 y 23.II.
85 V. al respecto Vernus, en iít/J? 30, 1978, 115-146.
 IV / 4. P I E D A D P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD

Pero al que su dios había instruido

y llenado de su enseñanza;
él le hizo recorrer el camino de la vida
para conservar sus miembros.
El dios le había reconocido ya como hijo.
Recibió alimentación y.cosas espléndidas.

Entonces pensó
que debía encontrar un patrón;
y encontró a Mut arriba entre los dioses,
con la fortuna y el éxito en su mano,
la vida y el aliento a su disposición.
T o d o lo que acontece, sucede p o r orden suya.

Dijo él: quiero dejarle mi patrimonio y todas mis ganancias,

pues conozco su p o d e r c o n mis ojos,
su potencia única.
Ella me ha quitado el temor
y me ha amparado en los momentos difíciles.
Ella acudía precedida del viento del norte,
cuando la invocaba pronunciando su n o m b r e .

Soy u n débil de su lugar,

u n pobre y u n peregrino de su ciudad;
si yo dispongo de u n patrimonio, es para que ella sea rica
y yo a cambio obtenga mi aliento vital.
Nadie más de m i casa debe recibir parte,
y su ka [de ella] debe estar en paz.

(...)
N o he tomado n i n g ú n protector entre.los hombres,
no me he (buscado) ningún [patrón] entre los grandes..
A ningún hijo m í o he escogido
para [organizarmel m i funeral.

El funeral está sólo en tu mano.

T ú también eres m i diosa madrina, que cuidará
de que m i m o m i a esté impecable cuando haya de m o r i r .
298 EGIPTO

(•••)
Me alegro de tu fuerza,
porque eres tan grande como cualquier otro dios.
Mi corazón está lleno de mi señora,
y no temo a n i n g ú n h o m b r e .
Por la noche duermo tranquilo,
pues tengo una protectora.

Q u i e n tiene a M u t de protectora
ningún dios puede atacarle;
es bien visto p o r el rey de su tiempo,
hasta que se hace venerable.

Q u i e n tiene a M u t de protectora
no sufre n i n g ú n mal;
está todos los días a resguardo
hasta que se incorpora a la necrópolis.

Q u i e n tiene a M u t de preotectora,
¡qué hermosa es su vida!
El favor del rey tonifica los miembros
del que la ha recibido en su corazón,

Q u i e n tiene a M u t de protectora •
sale ya como p r o m e t i d o del seno materno;
es afortunado desde la cuna,
será señor de su tumba.

Q u i e n tiene a Mut de protectora,

¡dichoso él, que la busca!
N i n g ú n dios le vencerá,
86
cual u n o que no conoce la m u e r t e .

C o n su d e c i s i ó n d e c e d e r sus b i e n e s , K i k i se c o n v i e r t e en
« c l i e n t e » de la d i o s a M u t . Q u e esta d e c i s i ó n fuese p o s i b l e p a r a el
e g i p c i o d e l p e r í o d o r a m é s i d a —con t o t a l i n d e p e n d e n c i a d e la c u e s -

86 ÁHG n.° 173. O. Kaiser (ed.), Texte aus der Ummelt desAí(WAT) tomo II.6, Lieder und
Gebetell, Gütersloh, 1991, 879-883.
 IV / A. PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD £99

t i ó n d e c u á n t o s de h e c h o la tomaran—, l o d e m u e s t r a el h e c h o de q u e
se h a b l a s e d e la d i v i n i d a d c o m o d e u n p a t r ó n , c o m o r e f u g i o de l o s
o p r i m i d o s , de u n a m a n e r a q u e n o cabe c o n s i d e r a r m e t a f ó r i c a . E s t a -
m o s ante u n m o d e l o real, y u n a i n s t i t u c i ó n r e a l m e n t e existente, d e la
r e l a c i ó n d i o s - h o m b r e . E r a p o s i b l e , m e d i a n t e la t r a n s f e r e n c i a d e l
p r o p i o p a t r i m o n i o , a c o g e r s e al p a t r o n a t o d e u n a d i v i n i d a d y ser
cliente s u y o . H a y aquí tan p o c o de m e t á f o r a c o m o e n la t e o l o g í a
israelita de la alianza. C o n ésta a c o n t e c e algo p e r f e c t a m e n t e a n á l o g o
e n el p l a n o p o l í t i c o y e n el m o d e l o de p a c t o . N o s o n i n d i v i d u o s , s i n o
t o d o u n p u e b l o el q u e i n s t i t u c i o n a l i z a su r e l a c i ó n c o n u n a d i v i n i d a d
s e g ú n el m o d e l o y la f o r m a d e l c o n t r a t o p o l í t i c o , el c u a l n o es, n i
a q u í n i e n el caso d e l p a t r o n a t o e g i p c i o , u n a m e r a m e t á f o r a . E l
m o d e l o de la alianza aparece r e v e s t i d o d e m u c h a s m e t á f o r a s —matri-
m o n i o , f i l i a c i ó n , etc.—, i g u a l q u e e n E g i p t o el m o d e l o d e l p a t r o n a t o
de la m e t á f o r a d e l p a d r e p a r a el h u é r f a n o y el e s p o s o p a r a la v i u d a .
P e r o e l l o n a d a c a m b i a de la r e a l i d a d n o m e t a f ó r i c a d e la i n s t i t u c i ó n .
E l d e v o t o q u e l l a m a al d i o s « p a d r e y m a d r e » t i e n e , naturalmente,
p a d r e s reales e n el m u n d o h u m a n o , y n o r o m p e la r e l a c i ó n c o n ellos
c u a n d o r e c o n o c e la p a t e r n i d a d d i v i n a . P e r o c u a n d o a l a b a al d i o s
c o m o su p a t r ó n y p r o t e c t o r y a g r e g a q u e « n o h a b u s c a d o n i n g ú n
p a t r ó n e n t r e l o s h o m b r e s » , cabe s u p o n e r q u e e l p a t r o n a t o s o c i a l es
r e l e v a d o p o r el p a t r o n a t o r e l i g i o s o . L a c o n f i a n z a q u e e l p i a d o s o
« i n v i e r t e » —en s e n t i d o m á s l i t e r a l de la palabra— e n la d i v i n i d a d es
u n a c o n f i a n z a sustraída al h o m b r e . L a p i e d a d n o es a q u í u n a a m p l i a -
c i ó n , s i n o u n a s u s t i t u c i ó n d e la t r a d i c i o n a l M a ' a t . L a M a ' a t es s u s t i -
t u i d a p o r la v o l u n t a d d e l d i o s .

L A T E O L O G I Z A C I Ó N D E LA J U S T I C I A C O N E C T I V A
Y L A L E G I B I L I D A D DE LA H I S T O R I A

L a r e l i g i ó n i n s t i t u y e u n a f o r m a y u n a d i m e n s i ó n n u e v a s de la
c o n e c t i v i d a d . L a r e l a c i ó n d i o s - h o m b r e se c o n v i e r t e a q u í e n u n l a z o
s o c i a l q u e l i g a al i n d i v i d u o t a n « c o n s t e l a t i v a m e n t e » y l e h a c e t a n
p e r s o n a c o m o , s e g ú n la s a b i d u r í a d e l R e i n o M e d i o , la v i n c u l a c i ó n
s o c i a l d e l i n d i v i d u o a través de su c o r a z ó n q u e e s c u c h a y r e c u e r d a .
A este m i s m o v í n c u l o se r e f i e r e n l o s h o m b r e s d e l R e i n o N u e v o
c u a n d o d i c e n q u e h a n « p u e s t o al d i o s e n s u c o r a z ó n » . E n u n
m u n d o a m p l i a d o c o n esta d i m e n s i ó n d e c o n e c t i v i d a d d i v i n a ya n o
300 EGIPTO

son p o s i b l e s e x p e r i e n c i a s d e a i s l a m i e n t o r a d i c a l c o m o las e x p r e s a -
das e n el Diálogo del desesperado con su ba. E n n i n g ú n o t r o contexto
resulta t a n a t i n a d a la c é l e b r e d e f i n i c i ó n d e A . N . W h i t e h e a d de l a
r e l i g i ó n : « R e l i g i ó n is w h a t the i n d i v i d u a l d o e s w i t h h i s o w n s o l i t a -
rmess» .
A l a l u z de esta d i m e n s i ó n , el d e s t i n o y la h i s t o r i a se l e e n d e u n a
m a n e r a n u e v a . L a i d e a d e la p i e d a d p e r s o n a l d o t a d e e s t r u c t u r a y
de s e n t i d o a d o m i n i o s d e la e x i s t e n c i a q u e a n t e s p a r e c í a n c o n t i n -
gen t es y e n tal s e n t i d o o s c u r o s e i n d e s c i f r a b l e s . P a r a e x p l i c a r esto
d e b o v o l v e r al m o d e l o d e las d i m e n s i o n e s e x p e r i e n c i a b l e s de c e r c a -
nía al d i o s . E n este caso se t r a t a d e l p o l i t e í s m o c o m o f o r m a c u l t u -
ral. L a p r e g u n t a i n i c i a l era: ¿ c ó m o a d q u i e r e u n a e s t r u c t u r a el
m u n d o n u m i n o s o ? , y la r e s p u e s t a e r a : m e d i a n t e l o s p a r á m e t r o s
o r d e n a d o r e s d e l l e n g u a j e , el c o s m o s y el o r d e n p o l í t i c o . P e r o t a m -
b i é n se p u e d e i n v e r t i r la p r e g u n t a . E l m u n d o de l o s d i o s e s , si existe
c o m o e s t r u c t u r a y f o r m a c u l t u r a l , d o t a p o r su p a r t e d e e s t r u c t u r a
al l e n g u a j e , al c o s m o s y a l a e s f e r a p o l í t i c o - s o c i a l . H a c e el m u n d o
l e g i b l e . E l « d i s c u r s o s o l a r » q u e h e m o s d e s c r i t o es u n a f o r m a e m i -
n e n t e de tal l e c t u r a d e l m u n d o , q u e p e r m i t í a a l o s e g i p c i o s r e c o -
nocer en los f e n ó m e n o s del « c u r s o del s o l » u n texto de m á x i m a
relevancia salvífica, si n o r e c o n o c e r d i r e c t a m e n t e su « h i s t o r i a de l a
s a l v a c i ó n » p o l í t i c a y p e r s o n a l . A l g o s i m i l a r p o d r í a m o s t r a r s e e n la
r e l a c i ó n d e l m u n d o e g i p c i o c o n la c r e c i d a d e l N i l o . L a d i m e n s i ó n
cósmica de la c e r c a n í a al d i o s h a c e el c o s m o s l e g i b l e p a r a el e g i p c i o .
L o p r o p i o c a b e d e c i r d e l l e n g u a j e . S ó l o p o r q u e el l e n g u a j e c o n s t i -
tuía u n a d i m e n s i ó n de la c e r c a n í a al d i o s , se l l e g ó a la c a n o n i z a c i ó n
de la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a c o m o r e p r e s e n t a c i ó n d e las « p a l a b r a s d e l
d i o s » , c o m o « e s c r i t u r a s a g r a d a » , y a la c a n o n i z a c i ó n del e g i p c i o
m e d i o c o m o l e n g u a d e l c u l t o , esto e s , c o m o p o l i s i s t e m a l i n g ü í s -
tico, algo c a r a c t e r í s t i c o d e t o d a c u l t u r a e n la q u e el l e n g u a j e es u n a
8 8
d i m e n s i ó n de la p r o x i m i d a d a l o s d i o s e s . E n l o q u e r e s p e c t a a l a
d i m e n s i ó n p o l í t i c o - c ú l t i c a , ya h e m o s v i s t o la f u e r z a e s t r u c t u r a n t e
de la r e l i g i ó n p o l i t e í s t a al t r a t a r d e l t e m a d e las fiestas m u n i c i p a l e s .
El p o l i t e í s m o d e t e r m i n a el o r d e n e s p a c i a l d e l país y la p e r t e n e n c i a
de sus h a b i t a n t e s .

87 A.N. Whitehead The Making of Religión, Cambridge, 1927. 6.

88 Cfr. F. Junge, «Sprachstufen und Sprachgeschichte», en /(piischrift der Deutschen Mprgen-
landischen Ges. Supplement VI (1985), 17-34..
 IV / 4. PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD 301

P e r o , d e s d e e l p u n t o d e vista m o d e r n o , y t a m b i é n ya d e s d e el
b í b l i c o , la d i m e n s i ó n d e c i s i v a d e l a r e a l i d a d q u e d a aparentemente
e x c l u i d a d e este s i s t e m a . Esta d i m e n s i ó n es e l t i e m p o t a l c o m o l o
viven, lo e x p e r i m e n t a n , l o recuerdan y lo i n t e r p r e t a n los h o m b r e s ,
t a n t o e n el p l a n o de la b i o g r a f í a i n d i v i d u a l c o m o e n e l d e la h i s t o r i a
p o l í t i c a . ¿ F u e el t i e m p o , e n el s e n t i d o d e l a b i o g r a f í a y la h i s t o r i a
i l e g i b l e p a r a el e g i p c i o ? N a t u r a l m e n t e q u e n o . ¿ P e r o q u é o t r a cosa
sino los parámetros religiosos, ordenadores de la visión politeísta
del m u n d o , c o n f i e r e p a r a él u n a e s t r u c t u r a al t i e m p o ? L a c o n s t r u c -
c i ó n c u l t u r a l e s p e c í f i c a d e l t i e m p o b i o g r á f i c o está e n E g i p t o , c o m o
e n t o d o el m u n d o a n t i g u o , d e t e r m i n a d a p o r l a i d e a d e l a « j u s t i c i a
c o n e c t i v a » , es d e c i r , l a i d e a d e u n a c o n e x i ó n e n t r e e l h a c e r y e l
8 9
r e s u l t a d o d e l h a c e r . Esta c o n e x i ó n c o n s t i t u y e la h i s t o r i a d e la v i d a
d e l e g i p c i o , l a h a c e l e g i b l e al d a r l e u n s e n t i d o y u n a d i r e c c i ó n .
M a ' a t t a m b i é n es v e n e r a d a c o m o p e r s o n i f i c a c i ó n d e l a j u s t i c i a
c o n e c t i v a e n l a f i g u r a d e u n a d i o s a , la d i o s a d e l D e r e c h o , s i e n d o e l
visir, c o m o j u e z s u p r e m o , su m á x i m o s a c e r d o t e . P e r o n u n c a a p a r e c e
M a ' a t c o m o d i v i n i d a d q u e r e c o m p e n s a o castiga. E l e g i p c i o del
R e i n o M e d i o n o t e o l o g i z a b a esta f u n c i ó n . L a j u s t i c i a c o n e c t i v a n o
era cosa de l o s dioses, sino de l o s h o m b r e s , y m á s e x a c t a m e n t e ,
c o m o h e m o s v i s t o , de la m e m o r i a s o c i a l , q u e c a p a c i t a a l o s h o m b r e s
para « o b r a r u n o s para o t r o s » . E l p r e m i o al b i e n consiste e n q u e
s i e m p r e se o b r a , se h a c e a l g o , p a r a el b u e n o . E l h o m b r e es el ú n i c o
r e s p o n s a b l e e n l a c o n e x i ó n d e l h a c e r y e l r e s u l t a d o d e l h a c e r . Esta
c o n e x i ó n n o es, p o r tanto, n i n g u n a d i m e n s i ó n d e l c o n c e p t o de la
c e r c a n í a al d i o s . E l h a c e r y d e c i r e n M a ' a t n o l e a c e r c a m á s a l a d i v i -
n i d a d . S ó l o e n e l j u i c i o d e l o s m u e r t o s se m u e s t r a e l c o r a z ó n d e l
j u s t o d i g n o d e estar c e r c a d e l o s d i o s e s e n el m á s allá.
L a t e o l o g í a d e la v o l u n t a d significa f r e n t e a esto u n a t e o l o g i z a c i ó n
d e l a j u s t i c i a c o n e c t i v a . A h o r a , h a c e r e l b i e n es u n a c t o d e p i e d a d
r e l i g i o s a . E l j u s t o está cerca d e la d i v i n i d a d : l a h a p u e s t o e n s u c o r a -
z ó n y se m u e v e e n s u a g u a . M a ' a t h a c e p o s i b l e e l a c e r c a m i e n t o a l a
d i v i n i d a d n o e n l a h o r a de la m u e r t e , s i n o y a e n esta v i d a .

89 Sobre el concepto.de la relación entre «hacer-resultado del hacer», v. K. Koch

(ed.), Um dasPrinzip der Vergeltungin Religión und Recht des Alten Testaments (WdF 125), Darms-
tadt, I9V2; del mismo autor/J. Roloff, art. Tat-Ergehen-Zusamenhang, en Reclams
-
Bibellexikon, Stuttgart, 198741 4 9 3 4 9 4 ¡ mismo autor, Spuren deshebráiscben Denkens.
BeitragezuralttestamentlichenTheologie. GesammelteÁufsatze I, ed. de B. Janowskiy M. Krause,
Neukirchen-Vluyn, 1991.
 EGIPTO

E s t e c a m b i o se a p r e c i a m á s c l a r a m e n t e e n el c o n c e p t o d e l a
c u l p a q u e e n l o s m é r i t o s d e l p i a d o s o . E n l o t o c a n t e a las i d e a s d e
c u l p a y de p e c a d o , E g i p t o t o m ó u n c a m i n o c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o
al q u e e s c o g i ó el O r i e n t e P r ó x i m o . E n M e s o p o t a m i a , cuando
a l g u i e n s u f r í a u n a a d v e r s i d a d , p o r e j e m p l o u n a e n f e r m e d a d , se
intentaba m e d i a n t e m é t o d o s d i v i n a t o r i o s , averiguar-el n o m b r e de
la d i v i n i d a d e n o j a d a p a r a a p l a c a r l a p o r m e d i o d e c o n j u r o s y s a c r i ­
f i c i o s e s p e c i a l e s . A q u í , la r e l i g i ó n d e h e c h o h a c í a l e g i b l e la h i s t o r i a
de u n a vida, lo cual p e r m i t í a p r e v e n i r i n f o r t u n i o s c o m o e n f e r m e ­
dades, a c c i d e n t e s , p é r d i d a s de b i e n e s y otras adversidades c o n
m e d i d a s e s p e c í f i c a m e n t e r e l i g i o s a s . E l p r o b l e m a q u e p l a n t e a esta
f o r m a d e i n t e r p r e t a r l a r e a l i d a d es o b v i o . T o d a d e s g r a c i a es l e í d a
c o m o c a s t i g o p o r a l g u n a i n j u s t i c i a c o m e t i d a , y e l caso d e l i n o c e n t e
q u e sufre t i e n e q u e p a r e c e r i l e g i b l e e i r r e s o l u b l e . Este p r o b l e m a
p r o d u j o en Mesopotamia toda una literatura dedicada exclusiva­
m e n t e a é l . E l b í b l i c o Libro de Job se i n s c r i b e e n esta t r a d i c i ó n . E n
E g i p t o , este p r o b l e m a e r a d e s c o n o c i d o . P a r a el e g i p c i o e r a p e r f e c ­
t a m e n t e n a t u r a l q u e u n i n o c e n t e s u f r i e s e a d v e r s i d a d e s . P a r a él, l o s
a c c i d e n t e s , las d e s g r a c i a s , las « c o s a s q u e o c u r r e n » , e n e x p r e s i ó n
e g i p c i a , q u e d a b a n f u e r a d e l h o r i z o n t e d e la c o n e x i ó n h a c e r - r e s u l -
tar, e n el d o m i n i o e x t e r i o r d e la c o n t i n g e n c i a . A q u í n o se m a n i ­
festaba la i r a d e u n d i o s o f e n d i d o , s i n o e l p o d e r d e l m a l , d e l c a o s ,
d e l n o - s e r . D e este p o d e r p o d í a el e g i p c i o p r o t e g e r s e s u b o r d i n á n ­
d o s e , p o r e j e m p l o , a u n p a t r ó n p o d e r o s o q u e g a r a n t i z a b a a sus
seguidores que «jamás caerá u n a desgracia sobre e l l o s » . P e r o c o n ­
t r a las e n f e r m e d a d e s y o t r a s d e s g r a c i a s p a r e c i d a s , e l p a t r ó n n a d a
p o d í a h a c e r . D e éstas se p r o t e g í a el e g i p c i o c o n m e d i o s m á g i c o s . L a
m a g i a l i b e r a b a las f u e r z a s c o s m o g ó n i c a s q u e m a n t i e n e n e l m u n d o
c o n el c u r s o d e l s o l , p u d i e n d o s e r u t i l i z a d a s p a r a el cas.O p a r t i c u l a r
d e l p a c i e n t e . E r a l a f o r m a e g i p c i a d e d o m i n a r l a c o n t i n g e n c i a y,
c o m o se d i c e e n las Instrucciones para Merikare, el i n s t r u m e n t o c o n c e ­
d i d o al h o m b r e p o r e l d i o s c r e a d o r « p a r a p a r a r l o s g o l p e s d e la
9 0
a d v e r s i d a d » . L a s f a t a l i d a d e s e s t á n f u e r a d e l h o r i z o n t e d e la
a c c i ó n s o c i a l o « c o m u n i c a t i v a » , e s t a n d o éste s ó l o c o n s t i t u i d o p o r
la c o n e x i ó n d e l h a c e r y el r e s u l t a d o d e l h a c e r , p o r la j u s t i c i a c o n e c ­
tiva de M a ' a t . E l r e i n o d e l a a d v e r s i d a d l o e n c a r a e l e g i p c i o c o n

90 Instrucciones para Merikare P 136-37 cfr. Joachim Friedrich Quack, Studien zur Lehre
fürMerikare, Wiesbaden, 1992, 78 s.
 IV / 4. PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD 303

escepticismo pesimista: « N o p o d e m o s saber lo que a c o n t e c e , de

m o d o q u e p u d i é r a m o s c o n o c e r l o q u e s u c e d e r á m a ñ a n a » , se d i c e
9
e n P t a h h o t e p ' , y a l g o p a r e c i d o e n las Instrucciones para Kagemni: «no
9 2
se p u e d e c o n o c e r l o q u e a c o n t e c e » . E n las Lamentaciones del hombre
del oasis leemos-.

N o te prepares para el día siguiente antes de que llegue:

93
no se puede saber qué desgracias t r a e r á .

E n u n a carta f u n e r a r i a d e l R e i n o M e d i o se l e e esta frase: « N o b a y

9 4
límites del a c o n t e c e r » ' Y e n cartas d e l R e i n o N u e v o e n c o n t r a m o s
esta f o r m u l a c i ó n : « H o y estoy b i e n , p e r o n o sé c u á l será m i e s t a d o
9 5
m a ñ a n a » . E l h o m b r e n o d e b e c a e r e n la i l u s i ó n d e q u e p u e d e
h a c e r v e r d a d e r o s p l a n e s p a r a el día d e m a ñ a n a , p u e s el f u t u r o se le
o c u l t a . C o n c e p t o s c o m o « f u t u r o » (jjt:- « l o q u e v i e n e » ) e « h i s t o r i a »
(hprjjt: « l o q u e a c o n t e c e » ) t i e n e n e n e g i p c i o c o n n o t a c i o n e s f a t a l i s -
96
t a s . L a esfera d e las « a d v e r s i d a d e s » , c o m o la e n f e r m e d a d , la s o l e -
d a d , el e m p o b r e c i m i e n t o y l a p e r s e c u c i ó n , n o es, e n tal s e n t i d o ,
« r e s u l t a d o » de n i n g u n a acción, y n o tiene n i n g ú n sentido c o m u n i -
cativo, c o m o el castigo o la r e p r e s a l i a p o r a l g ú n acto d e l q u e e l sujeto
se h a c e c u l p a b l e , p o r lo q u e p e r m a n e c e i l e g i b l e b a j o esta l u z .
E s t o s u f r e u n c a m b i o e n e l h o r i z o n t e d e la p i e d a d p e r s o n a l .
A h o r a a p a r e c e el d i o s c o m o i n s t a n c i a de p r e m i o y castigo, y esta c u a -
l i d a d s u p r i m e la i d e a de u n a j u s t i c i a c o n e c t i v a i n m a n e n t e , basada e n
la s o l i d a r i d a d s o c i a l . E l p r o p i o d i o s g a r a n t i z a la c o n e c t i v i d a d s i n
estorbos del obrar unos para otros:

Pues esto n o significa que el que obra lo haga para u n o que no

obra.

91 34-3 Dévaud cfr. 345 según el manuscrito de Londres L2 de la dinastía XVIII, que
. aquí ofrece el texto más claro: «nadie conoce su propia condición como para poder
planear.el mañana». Esta misma sentencia se encuentra también en pRamesseum I
Bl,6 (s. Barns, Fwe RamesseumPapjri, 6), por lo que Gunn la clasifica como proverbio
en/EA 12, 283. Gunn la traduce así: «there's no one who knows bis luck when be
plans the morrow». Brunner remite también al pasaje de pRamesseum I Al, 18:
«nadie sabe lo que acontece en esta vida terrena».
92 Kagemni II.2.
93 Bauer Bl, 183 s.
94 W.K. Simpson en JFÁ 52, 1966, 39-52; G. Fecht en MDAIK 14., 1969, 113.
95 Abd el Mohsen Bakir, Egyptian Epistolography, 77 y 91.
96 Sobre jjt v. Morenz, «Die Bedeutungsentwicklung von jjt, 'Das, was kommt' zu
'Unheil' un 'Unrecht'», en Religión und Geschichte des alten agypten, Weimar, I975> 343"
359-
 304 EGIPTO

Significa que Re actúa en el cielo

97
y ve al que obra. El recompensa al que ha realizado su a c c i ó n .

Y e n f o r m u l a c i ó n más general:
98
Q u i e n algo b u e n o hace, el dios le recompensa .
Y , de h e c h o , l o s f e n ó m e n o s q u e a n t e s e r a n r e l e g a d o s a la esfera
e x t e r i o r e i l e g i b l e d e la c o n t i n g e n c i a s o n a h o r a , d e s d e la p e r s p e c t i v a
del i n d i v i d u o , l e g i b l e s e n u n s e n t i d o r e l i g i o s o . E n la m e d i d a e n q u e
a h o r a el d i o s g a r a n t i z a l a c o n e x i ó n d e l h a c e r y e l r e s u l t a d o d e l
h a c e r , este r e s u l t a d o c o n f o r m a u n a esfera e n la q u e el d i o s , al m a n i -
f e s t a r s e e n i n t e r v e n c i o n e s e n las q u e r e c o m p e n s a o c a s t i g a , p u e d e
9 9
ser p e r c i b i d o ; u n a d i m e n s i ó n d e p r o x i m i d a d e x p e r i m e n t a b l e q u e
e n E g i p t o es n u e v a y c o m p l e m e n t a r i a d e las tres d i m e n s i o n e s c l á s i -
cas. C a b e h a b l a r a q u í f r a n c a m e n t e d e u n a f o r m a d e r e v e l a c i ó n . L o s
0 0
términos egipcios aquí usados s o n « e n c o n t r a r » y « v e n i r » ' . H a y
u n d o c u m e n t o i l u s t r a d o r q u e data a ú n d e l f i n a l d e l p e r í o d o d e
A m a r n a . S e trata d e a q u e l l a c a n c i ó n a A m ó n c u y o c o m i e n z o ya
h e m o s citado más arriba, y q u e fue grabada e n u n a tumba tebana.
P r o c e d e d e la é p o c a d e l a p e r s e c u c i ó n , p u e s e x p r e s a e l a n h e l o d e l
dios expulsado.

97 Berlín 24195; similar en Viena 5103:

Re sale para observar al que obra; •
él retribuye la acción de quien la realiza.
V. al respecto, «La retribution des actions: á propos d'une máxime», en GM 84.
I_
*985> 7 7 9 - Cfr. también H. de Meulenaere, «Reflexions sur une máxime», en
Studien zur Sprache und Religión des alten Ágyptens (hom. aW. Westendorf), Gotinga, 1984
• 555-559-
98 El Cairo CG 22954. Cfr. Vernus, op.cit.
99 Sobre el concepto de «intervención», cfr. B. Albrektson, History and the Gods. An Essay
on the Idea of Historical Events as divine Manifestations in the Ancient Near East and in Israel, Lund,
1967, y con referencia a Egipto, J.F. Bprghouts, «Divine Intervention in ancient
Egypt and its Manifestation», en R J . Demarée, JJ. Janssen, Gleanings from Deirel-
Medina, Leiden, 1982, I-70.
100 I. Shirun-Grumach, Offenbarung, Orakel undKónigsnoveíle, AAT 24. Wiesbaden, 1993,
se detiene (pp. 124-128) en el motivo del «encontrar» en el sentido de «tener
una revelación» (p. 126); pero en los pasajes que cita no se trata de encontrar al
dios, sino de objetos hasta entonces ocultos, como escritos, pozos, etc. Que el
propio dios sea «encontrado» en su venida, parece un motivo característico de la
piedad personal. También en la estela del sueño de Thutmosis IV es el propio dios
lo que se encuentra; «Encontrar él a este magnífico dios hablándole por su pro-
pia boca era (como) cuando un padre habla con su hijo» (Urk IV, 1542; Shirum-
Grumach, 142).
 I V / A . PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA U t LA VULUNIAU

Q u é bien hace quien te sigue, A m ó n :

101
u n señor que es u n gran « e n c u e n t r o » para quien le busca .

E n t e x t o s p o s t e r i o r e s d e p i e d a d p e r s o n a l , e l « e n c o n t r a r » se
refiere casi s i e m p r e a la i n t e r v e n c i ó n salvadora d e la d i v i n i d a d :

Q u e encuentren a A m ó n cuando venga

103
precedido de suave a u r a .

103
La encontré cuando llegó envuelta en suave a u r a .

El caso más c é l e b r e de tal r e v e l a c i ó n es el q u e n o s r e f i e r e el p o e m a

de la batalla d e Q a d e s h , d e l q u e t r a t a r e m o s e n e l c a p í t u l o s i g u i e n t e .
E n u n m o m e n t o d e g r a n p e l i g r o , R a m s é s I I reza a A m ó n :

Mi voz circuló p o r Tébas,

104
encontré a A m ó n , que acudió a mi llamada '.

A m ó n i n t e r v i e n e e n l a c o n t i e n d a « t e n d i e n d o la m a n o » al rey y
s a l v á n d o l o e n e l ú l t i m o m o m e n t o d e la m u e r t e o l a c a p t u r a . E s t e
h e c h o n o se d e s c r i b e d e m o d o m í t i c o - m á g i c o , c u a l t e o f a n í a literal e n
el c a m p o d e batalla, c o m o e n los textos b í b l i c o s o c o m o e n l a p r o p a -
g a n d a i r a n í d e la ú l t i m a g u e r r a e n t r e I r á n e Irak. A q u í se n a r r a , p o r
el c o n t r a r i o , y d e m a n e r a realista, c ó m o e n el ú l t i m o m o m e n t o u n
c o n t i n g e n t e e g i p c i o d e é l i t e , q u e antes h a b í a s i d o e n v i a d o a l l e v a r a
c a b o m i s i o n e s e s p e c i a l e s p o r o t r a r u t a y a h o r a se r e ú n e c o n l a t r o p a
p r i n c i p a l , a c u d e r a u d o e n ayuda d e l rey a m e n a z a d o , l o q u e s i n d u d a
c o r r e s p o n d e al d e s a r r o l l o real d e la batalla. E n el m a r c o d e la n u e v a
c o n s t r u c c i ó n d e la r e a l i d a d e n la cuarta d i m e n s i ó n d e la c e r c a n í a a la
d i v i n i d a d , este a c o n t e c i m i e n t o es l e í d o c o m o i n t e r v e n c i ó n d i v i n a . E l
dios A m ó n n o se manifiesta e n persona, sino e n el m e d i o historia,
e n las « a d v e r s i d a d e s » . S e g u i m o s a q u í , c o m o antes, e n e l h o r i z o n t e
d e l a m e d i a t e z . T o d a s las d i m e n s i o n e s , t a m b i é n l a h i s t o r i a , s o n
m e d i o s e n los q u e l o d i v i n o t a n t o se o c u l t a c o m o se m u e s t r a . S ó l o la
m í s t i c a h a c e . e l i n t e n t o d e atravesar estos v e l o s d i m e n s i o n a d o s d e la

101 Grafito de. Pawah en la tumba de PairiTT 139, ed. Gardiner, cfr.ÁHG n.° 147.
102 Estela de Berlín 20377Á£fGn. 148, 39 s. cfr.ÁHGn 173,23-24; 175-7; I79.9-IO-
0 0

103 Estela de Turín 1593+1694, Af/G n° 149,23.

104 Cfr. al respecto Erik Hornung, Geschichte ais Fest. Zjuei Vortrage zum Geschichtsbild derfrühen
Menschheit, Darmstadt, 1966; del mismo autor, «Zum altágyptischen Geschichtsbe-
wufttsein», en Archaologie und Geschichtsbewuftsein. Kolloqukn zur allgemeinen und vergleichenden
Archáologie 3, Munich, 1982, 13-30.
3o6 EGIPTO

c e r c a n í a m e d i a d a al d i o s . E s t a m o s m u y l e j o s d e esto e n e l E g i p t o
f a r a ó n i c o . P e r o a h o r a , t a m b i é n la h i s t o r i a se vuelve, e n el s e n t i d o d e
la m e d i a c i ó n , d i v i n a m e n t e t r a n s p a r e n t e para q u i e n « s e h a p u e s t o al
dios e n el c o r a z ó n » .
S e g ú n la c o n c e p c i ó n clásica, e l d i o s actúa p o r m e d i o d e l r e y . L a
v o l u n t a d p l a n i f i c a d o r a d e l dios r e s p o n d e a u n o s p r o p ó s i t o s d e t e r m i ­
n a d o s , y el d i o s se sirve d e l rey p a r a su r e a l i z a c i ó n . Esto n o es n i u n a
v e r d a d e r a t e o l o g í a d e la v o l u n t a d n i u n a t e o l o g í a d e la h i s t o r i a , s i n o
« t e o c r a c i a r e p r e s e n t a t i v a » . P e r o a q u í e l dios n o actúa p o r m e d i o d e l
rey, s i n o q u e se sirve d e la t r o p a salvadora. Es d e c i r : actúa é l m i s m o ,
y n o « r e p r e s e n t a t i v a m e n t e » , p u e s los soldados n o le « r e p r e s e n t a n » .
S ó l o a este a c t u a r p e r s o n a l d e l d i o s , n o m e d i a d o p o r las i n s t a n c i a s
representativas d e l culto y de la realeza, puede llamarse « i n t e r v e n ­
c i ó n » o , si se q u i e r e , « r e v e l a c i ó n » e n s e n t i d o e s t r i c t o . S ó l o a h o r a
p u e d e hablarse de u n a verdadera « i n t e r v e n c i ó n h i s t ó r i c a » del dios.
Hay q u e d i s t i n g u i r e n t r e las « m a n i f e s t a c i o n e s d e p o d e r » mantene­
d o r a s e l m u n d o (así t r a d u c e I . S h i r u n - G r u m a c h e l t é r m i n o e g i p c i o
bgw), d e l t i p o de la salida del s o l , las cuales t i e n e n u n carácter r i t u a l y
p e r t e n e c e n al t i e m p o cíclico d e l nhh, y los a c o n t e c i m i e n t o s q u e t i e n e n
carácter ú n i c o , l o s cuales p e r t e n e c e n al t i e m p o l i n e a l de la h i s t o r i a y,
p o r establecer u n a d i f e r e n c i a e n t r e u n antes y u n d e s p u é s , s o n a c o n ­
t e c i m i e n t o s q u e h a c e n é p o c a . L a b a t a l l a d e Q a d e s h f u e así e x p e r i ­
mentada c o m o u n acontecimiento que hizo época. A h o r a , la historia
10 5
ya n o es « f i e s t a » . , s i n o a c o n t e c i m i e n t o . .
A v e n t u r a r í a a q u í l a tesis d e q u e , a n t e u n a s i t u a c i ó n t a n a p u r a d a
c o m o la q u e se p r o d u j o e n Q a d e s h , u n rey de t i e m p o s a n t e r i o r e s n o
h a b r í a s a b i d o q u é h a c e r , y l a h a b r í a s i l e n c i a d o e n sus i n f o r m e s d e
g u e r r a . E n éstos, l o significativo q u e d a d e l l a d o de l o r e g u l a r y l o
ritual, mientras q u e los acontecimientos que lo desbordan, c o m o
d e r r o t a s o r e b e l i o n e s p a l a c i e g a s , s o n r e l e g a d o s al d o m i n i o d e l a s
m a n i f e s t a c i o n e s c o n t i n g e n t e s d e l caos, y toda m e n c i ó n de los m i s m o s
carece de valor. E n el R e i n o N u e v o empieza a invertirse la relación
e n t r e f i g u r a y f o n d o . A h o r a , l o s a c o n t e c i m i e n t o s se d e s t a c a n s o b r e e l

lOg Cfr: al respecto Erik Hornung, Geschichte ais Fest. /juei Voiiragezum Geschichtsbild derfrühen
Menschheit, Darmstadt, 1966; del mismo autor: «Ztim altagyptischen Geschichtsbe-
wufitsein», en Archaolagie und Geschkhtsbewujitsem. Kolloquien zur allgemeinen und vergleichenden
Archaoibgie, 3, Munich, 1982, 13-30.
106 Arnold Gehlen habla en este sentido de «Hintergrundserfüllung» [«cumplimiento» o
«realización de fondo» T.]: Urmensch undSpatkultur, Bonn, 1956, 56-61.
 I V / A . PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD 307

f o n d o d e l o q u e s i e m p r e se r e p i t e , de l o p e r i ó d i c o , i g u a l q u e la i n s ­
1 0 6
c r i p c i ó n s o b r e el m u r o . E l l o c o n c u e r d a c o n el m o d e l o m e s o p o t á -
m i c o . L a v o l u n t a d d e l o s d i o s e s , q u e a q u í n o se b a i l a , c o m o e n
Egipto, totalmente a b s o r b i d a p o r la o c u p a c i ó n d e m a n t e n e r el
m u n d o , se vuelve t a m b i é n a la h i s t o r i a h u m a n a , al a c t u a r h u m a n o y
sus r e s u l t a d o s . P e r o , d e ese m o d o , la h i s t o r i a c r e a t a m b i é n , a d i f e ­
r e n c i a de l o q u e o c u r r e e n E g i p t o , u n e s p a c i o d e e x p e r i e n c i a y d e
1 0 7
s i g n i f i c a d o r e l i g i o s o s y se l l e n a de s e n t i d o . E n el a n t i g u o E g i p t o , al
m e n o s e n l o s p e r í o d o s m á s a n t i g u o s d e su e v o l u c i ó n , n o e r a éste el
caso. E l e g i p c i o estaba c o n v e n c i d o d e q u e la r e a l i d a d es s i g n i f i c a t i v a
p r e c i s a m e n t e e n el a s p e c t o d e su r e p e t i c i ó n r e g u l a r p o r q u e n e c e s i t a
de c o n s t a n t e c o n f i r m a c i ó n y c o n s e r v a c i ó n .
D e l m i s m o m o d o q u e R a m s é s I I p u e d e l e e r e n la l l e g a d a d e la
Na'aruna e n el ú l t i m o m o m e n t o el a u x i l i o d e A m ó n , o t r o s h o m b r e s
l e e n l o s a c o n t e c i m i e n t o s de su b i o g r a f í a p e r s o n a l c o m o i n t e r v e n c i o ­
n e s divinas. E n u n a estela, u n h o m b r e a g r a d e c e al d i o s U p u a u t q u e le
1 0 8
salvase de u n c o c o d r i l o . Otros atribuyen en inscripciones peniten­
ciales u n a e n f e r m e d a d —en la m a y o r í a d e l o s casos u n a enfermedad
ocular-^ a u n a falta de la q u e se s i e n t e n c u l p a b l e s , c o m o el p e r j u r i o ,
1 0 9
el r o b o o la c a l u m n i a . E l r e c o n o c i m i e n t o p ú b l i c o , si b i e n d e
f o r m a s ó l o alusiva, d e u n a c u l p a a través de i n s c r i p c i o n e s e n estelas
n o p r e t e n d e o t r a cosa q u e a p l a c a r a la d i v i n i d a d . Esta p u b l i c i d a d es
u n a m e d i d a t e r a p é u t i c a : l i b e r a d e la c u l p a q u e se m a n t i e n e s e c r e t a .
Si n o q u e d a s e secreta, p r o n t o h a b r í a a p a r e c i d o u n d e m a n d a n t e , y los
t r i b u n a l e s p ú b l i c o s h a b r í a n t o m a d o cartas e n el a s u n t o . E s la c u l p a
m a n t e n i d a e n s e c r e t o la q u e p r o v o c a la i n t e r v e n c i ó n de la d i v i n i d a d .
L a e x p r e s i ó n e g i p c i a p a r a el a c t o d e h a c e r a l g o p ú b l i c o es sdd b^w,
1 1 0
literalmente: «revelar los h e c h o s » . Se refiere tanto a las i n t e r ­
v e n c i o n e s p u n i t i v a s c o m o a las s a l v a d o r a s . T a m b i é n el p o e m a d e la
batalla de Q a d e s h p e r t e n e c e al g é n e r o de la « r e v e l a c i ó n de
h e c h o s » . L a p r o x i m i d a d a la d i v i n i d a d q u e se e x p e r i m e n t a c o n l l e v a

107 J- Bottéro, «Symptomes, signes, écritures», enJ.P. Vernant etalii, Dininatiori'etRatio-

nalüé, París, 1974, 70-198.
108 H. Brunner, «Eine Dankstele an Upuaut», en DasHórendeHerz, OBO 80, Fribourg,
1988, 173-188.
t o g Cfr. la colección de textos ÁHG n.° 147-171.
IIO J.F. Borghouts, «Divine Intervention in Ancient Egypt and its Manifestation»
(nota 99), y mis «Aretalogien», en LA I, 4^5- I- Shirun-Grumach hace retroceder
esta práctica de la revelación de hechos a la dinastía XI, pero no puede documentar
-
la fórmula en los textos-, cfr. Ojfenbarung, 43 45-
 3 o8 EGIPTO

la o b l i g a c i ó n d e b a c e r l o s p ú b l i c o s . A e l l o d e b e m o s la a b u n d a c i a d e
t e x t o s q u e a q u í s u b s u m i m o s e n la c a t e g o r í a d e la p i e d a d p e r s o n a l .
P e r o sería u n a c o m p l e t a e q u i v o c a c i ó n n o ver en ellos más que una
s u e r t e d e g é n e r o l i t e r a r i o . E l d i s c u r s o d e la p i e d a d p e r s o n a l r e s u l t a
d e u n a f o r m a n u e v a d e c o n s t r u i r la r e a l i d a d , e n la q u e el t i e m p o ,
el d e s t i n o y la h i s t o r i a se h a c e n l e g i b l e s p a r a e l h o m b r e e n u n s e n -
t i d o r e l i g i o s o . N o se trata a q u í e x c l u s i v a m e n t e d e u n a n u e v a f o r m a
d e t e o l o g í a d e la h i s t o r i a e n el s e n t i d o d e la i d e a b í b l i c a d e la « h i s -
t o r i a c o m o r e v e l a c i ó n » , n i e x c l u s i v a m e n t e de u n a n u e v a f o r m a d e
c r e e n c i a e n el d e s t i n o q u e h a c e d e p e n d e r la f o r t u n a y la d e s g r a c i a
d e la p i e d a d d e l i n d i v i d u o , s i n o d e a m b a s cosas j u n t a s , d e l t i e m p o
c o m o d i m e n s i ó n d e las « a d v e r s i d a d e s » e n e l s e n t i d o m á s a m p l i o .
E l t i e m p o q u e d a a h o r a s u j e t o a la v o l u n t a d r e c t o r a y p l a h i f i c a d o r a
d e la d i v i n i d a d . L a e s f e r a d e las a d v e r s i d a d e s , q u e e n la c o n c e p c i ó n
c l á s i c a d e l R e i n o M e d i o c o n s t i t u í a el d o m i n i o e x t e r i o r al s i s t e m a ,
p a r a t o d o s l e g i b l e , d e l h a c e r y el r e s u l t a d o d e l h a c e r d e f i n i d o p o r la
j u s t i c i a c o n e c t i v a ; el á m b i t o de la c o n t i n g e n c i a caótica, c o n t r a el
q u e s ó l o la m a g i a t e n í a a l g ú n p o d e r , es a h o r a i n c l u i d o e n el d o m i -
n i o d e l t i e m p o p l e n o d e s e n t i d o . L a « h i s t o r i a » se c o n v i e r t e , j u n t o
a neheh, la i n f i n i t u d c í c l i c a , y djet, l a p e r m a n e n c i a i n a l t e r a b l e , e n u n
tercer aspecto del t i e m p o :

T u ser es la plenitud del tiempo (nhh),

tu imagen es la permanencia (dt),
111
tu ka es todo lo que acontece (hprwt nbwt)

Esta es u n a a f i r m a c i ó n d e g r a n p r o f u n d i d a d y a l c a n c e i n t e l e c t u a -
les. S e h a l l a e n u n h i m n o al s o l d e la t u m b a de T j a i ( T T 2 3 ) , p e r t e -
1 1 3
n e c i e n t e a la é p o c a de M e r n e p t a h , p e r o se la e n c u e n t r a t a m b i é n e n
f o r m u l a c i o n e s parecidas e n textos de distinto g é n e r o , f u n c i ó n y
d i f u s i ó n , p o r l o q u e p u e d e v a l e r c o m o e x p r e s i ó n característica de la
n u e v a v i s i ó n d e l m u n d o . E n la i n s c r i p c i ó n de R a m s é s II e n L u x o r se
3
l e e : kg.f wnnt nbt, « S u ka es t o d o l o q u e e x i s t e » " ; e n el h i m n o d e
A m ó n d e L e i d e n , esta f ó r m u l a se a m p l í a a la i d e a de la c r e a c i ó n c o n

111 k3.k hprwt nbwt: himno al sol en la turna de Tjai (TT 23)., de la época de Merneptah,
c o n
v. ÁHG 98; STG n.° 17, 18-23 23, Amn. (y). Cfr. también el texto' de Kiki en
p. 265 s.
0
112 V.ÁfíG98¡ STGn. 17, 18-23 con 23, Amn. (y).
113 Cfr. KM U, 346.8 ;
114 P. Leiden I 350, V, 17.
 I V / 4 . P I E D A D P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD 30Q

las palabras k$.f wnnt nbtjmj r$.f, « S u ka es t o d o l o existente c o m o d i c h o

11 1
p o r s u b o c a » ' ' . E n l a estela n u p c i a l d e R a m s é s II se l e e : wd.n.kpw
hprwtnbwt, « L o q u e has o r d e n a d o es t o d o l o q u e a c o n t e c e » = « T o d o
1 5
l o q u e a c o n t e c e , a c o n t e c e p o r o r d e n t u y a » (KRIlI, 249-lo) ' .
E n la t e o l o g í a d e la h i s t o r i a c a r a c t e r í s t i c a d e l p e r í o d o r a m é s i d a ,
q u e r e d u c e t o d o l o q u e a c o n t e c e a la v o l u n t a d p l a n i f i c a d o r a d e l d i o s ,
p u e d e r e c o n o c e r s e la i d e a d e l d i o s c r e a d o r d e l t i e m p o q u e A j e n a t ó n
h a b í a f o r m u l a d o e n sus h i m n o s a A t ó n . A t ó n n o sólo era el dios d e la
luz, s i n o t a m b i é n el d i o s d e l t i e m p o ; la l u z y el t i e m p o s o n o b r a suya.
«Tú e r e s e l t i e m p o d e l a v i d a » , se d i c e e n e l G r a n H i m n o . P e r o
A t ó n era concebido sólo c o m o energía cósmica, y n o c o m o instancia
é t i c a , e l t i e m p o p o r él c r e a d o e r a i n d e p e n d i e n t e d e su c o n t e n i d o .
A t ó n c r e ó el t i e m p o , p e r o n o l o q u e e n él a c o n t e c e . Esto ú l t i m o e r a
más b i e n cosa d e l rey. A j e n a t ó n aparecía c o m o s e ñ o r d e l d e s t i n o ,
i g u a l q u e el r e y d e l R e i n o M e d i o , y l o s h i m n o s al rey estaban a t o d a s
l u c e s e n la t r a d i c i ó n d e l l e a l i s m o d e l a d i n a s t í a X I I . G o m o i n s t a n c i a
é t i c a , A j e n a t ó n se l l a m a b a « e l q u e vive e n M a ' a t » , u n e p í t e t o q u e
n o r m a l m e n t e c o n v e n í a al d i o s solar. Este r e p a r t o de tareas, e n e l q u e
al d i o s l e c o r r e s p o n d e l a o b r a c ó s m i c a y al rey la h i s t ó r i c a y d e t e r m i -
n a n t e d e l d e s t i n o , q u e d a i n v a l i d a d o tras e l fracaso d e la r e l i g i ó n d e
A m a r n a . D e s a p a r e c e e n t o n c e s la d i f e r e n c i a e n t r e t i e m p o c ó s m i c o y
t i e m p o h i s t ó r i c o . L a t e o l o g í a r a m é s i d a de la v o l u n t a d a d o p t a la i d e a
d e l d i o s c r e a d o r d e l t i e m p o , p e r o e l c o n c e p t o d e l t i e m p o se e n r i -
q u e c e c o n su c o n t e n i d o . E l t i e m p o q u e A m ó n crea c o m p r e n d e t o d o
6
l o q u e e n él a c o n t e c e " .
G o m o s e ñ o r y p l a n i f i c a d o r d e l o s a c o n t e c i m i e n t o s , el d i o s d e la
é p o c a r a m é s i d a g u a r d a r e l a c i ó n c o n la r e l i g i ó n , c e n t r a d a e n e l r e y ,
d e l a é p o c a d e A m a r n a . Y ésta a s u v e z c o n e l l e a l i s m o d e l R e i n o
M e d i o , que p r o c e d e de los « p a t r o n e s » del Primer Período I n t e r -
m e d i o , l o s cuales se p r e s e n t a b a n c o m o g r a n d e s p l a n i f i c a d o res d o t a -
d o s d e f u e r t e v o l u n t a d . L a v o l u n t a d d e l r e y se r e a l i z a e n e l a c t o ; é l

Ilg Este lenguaje tiene sus raíces, como ha mostrado I. Shirun-Grumach, en la institu-
ción del oráculo real en la dinastía XVIII, cfr. pasajes como éste: «lo que su ka (el del
dios) quiere {mrrtk^.f) es lo que sucede» (Urkrvi62, 7s.¡ 1546,1), Grumach, Offen-
barung, 129. Lo propio respecto al rey (Hatshepsut): «Lo que [mi ka] desea [es lo que
!
sucederá] además de (r- ) lo que él ha deseado», Grumach, 11%. Cfr. también la for-
mulación, más eulógica, respecto a Amón: dd hprhprtj, «él habla y sucede lo que debe
1
suceder» (STG, texto 68 con nota g; ReundAmun, I5 )- dd, «hablar» significa tam-
bién «pensar», «planear».
Il6 Cfr. al respecto mi libro fyit undEwigkcit im alten Agypten.
 EGIPTO

h a b l a y l o q u e d i c e s u c e d e . « H á g a s e tu v o l u n t a d » , es la r e a c c i ó n
típica d e l c o r t e s a n o a la d e c l a r a c i ó n de i n t e n c i o n e s d e l rey. « D e c i d e
y ocurrirá, o r d e n a y se h a r á ; l o q u e . t u ka d e s e a es l o q u e o c u -
7
r r i r á » " . C o n la t e o l o g i z a c i ó n de la i d e a de la v o l u n t a d r e a l se o p e r a
u n c a m b i o f u n d a m e n t a l e n la c o m p r e n s i ó n d e la h i s t o r i a . P u e s la
v o l u n t a d d e l rey se c o n c r e t a s i e m p r e e n u n a ú n i c a a c c i ó n : la r e n o -
8 9
v a c i ó n d e u n t e m p l o " , la e r e c c i ó n de o b e l i s c o s " , la p r o d u c c i ó n de
1 2 0
estatuas y o b j e t o s p a r a el c u l t o , el n o m b r a m i e n t o d e f u n c i o n a -
1 2 1 1 2 2
rios , la e x c a v a c i ó n d e u n p o z o , etc. La v o l u n t a d del dios, en
c a m b i o , se d i r i g e al m u n d o e n t e r o . N u n c a se d i r á q u e todo lo que
sucede p r o c e d e de la v o l u n t a d d e l rey, p u e s esto sería i n c l u i r la esfera
e n t e r a d e la c o n t i n g e n c i a n e f a s t a , a la q u e el e g i p c i o t i e n e h o r r o r
c o m o m a n i f e s t a c i ó n q u e es d e l n o s e r . M á s b i e n o c u r r e todo lo que el
rey quiere. E n esta e n e r g í a p r o d i g i o s a d e la r e a l i z a c i ó n i n m e d i a t a d e la
1 2 3
v o l u n t a d , el rey se m u e s t r a c o m o « u n d i o s q u e d e c i d e y e j e c u t a » :
« Y o soy u n d i o s q u e d e c i d e y e j e c u t a . N u n c a d e j a d e c u m p l i r s e l o
l24
q u e sale d e m i b o c a » ( H a t s e p s u t ) ' . E l rey se refleja e n la d i v i n i d a d
a la q u e c o r r e s p o n d e la m i s m a a u t o r i d a d . E l l o es p r o p i o d e la t e o -
l o g í a d e la r e p r e s e n t a c i ó n , y n o s i g n i f i c a u n a t e o l o g i z a c i ó n del p a p e l
d e l rey. E s t e p a s o se da allí d o n d e el rey deja d e r e p r e s e n t a r al d i o s

117 Urk IV 96, 14-16, cfr. Shirun-Grumach, Offenbarung, 114-

118 Estela de Koptos de Rahotep, Shirun-Grumach, Offenbarung, Il8s.
119 Obelisco de Hatsepsut, [Me IV, 362,2-I5> Shirun-Grumach, Ojfenbarung, 117.
120 Urk IV 96, IO-16, estela de Thutmosis I de Abidos, Shirun-Grumach, Offenbarung,
114.
I2.I Urk IV 1386,13 s., Shirun-Grumach, Ilg.
122 Estela de Ramsés II de Kubban, KRIII, 356.
123 Urk IV, 1074,9, Shirun-Grumach, 115.
124 Urk IV 351,5 s., Shirun-Grumach, 114.
125 Irene Shirun-Grumach sitúa este cambio en una nueva forma de comprender la
historia que se da ya en el Primer Período Intermedio. También ella ve el origen de
la teología de la voluntad o, en su terminología, la «teología de la revelación» en la
ideología del patrón del P.P.I.: sus «términos centrales» proceden «de la fraseolo-
gía de los funcionarios y los príncipes de los nomos», del «ámbito del administra-
dor previsor, cuyas cualidades son ahora transferidas al divino oikonomos, señor y pla-
nificador de la historia» (p. 178). Pero cree que esta transferencia de ideas se
produce ya en la dinastía XI. Esta suposición es fruto de una idea falsa, adoptada por
Hornung, de Ma'at como «plan divino para la creación», que he intentado refutar
en mi libro sobre Ma'at. La recensión que hace F. Junge de mi libro Ma'at esta
dominada por esta idea anacrónica de una creación producto de la voluntad divina,
cfr. Gótiingische Gelehrte Anzeigen 245' !993i I4.5~l6o. El egipcio no se forma el concepto
de un plan divino sino durante el Reino Nuevo y en el contexto de la «creación por
el corazón» en relación al dios Ptah; cfr. al respecto Re undAmun, 220 s, 238-241.
 I V / A . PIEDAD P E R S O N A L Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD 311

p a r a s u b o r d i n a r s e a é l , p o r q u e la v o l u n t a d d e l d i o s , d e la q u e
d e p e n d e « t o d o c u a n t o a c o n t e c e » , está n a t u r a l m e n t e más allá d e la
125
voluntad del rey .
E l m u n d o q u e q u e d a e n m a n o s d e l d i o s n o n e c e s a r i a m e n t e se
vuelve l e g i b l e . E l t i e m p o cíclico del e t e r n o r e t o r n o i n c l u y e el c a m b i o
m i s t e r i o s o , la «mutabüitas mundi». P e r o al p i a d o s o q u e se deja g u i a r e n
su c o r a z ó n p o r la v o l u n t a d d e l d i o s se l e o f r e c e la p o s i b i l i d a d d e
1 8 6
« p o n e r s e en m a n o s del d i o s » , c o m o e n la f o r m u l a c i ó n de A m e -
n e m o p e , y h a l l a r s e g u r i d a d e n esta c o n f i a n z a e n la d i v i n i d a d . Es l o
q u e expresa esta o r a c i ó n l i t e r a r i a :

Me he puesto ayer y hoy en manos de A m ó n

y me siento salvado, mis planes continúan.
, Me hago u n hermosa morada
hasta que mi tiempo se acabe,
cuando me entregue a él: él es la estaca de mi embarcadero.
¡ Q u é hermoso es (este) entierro, no tiene igual!
U n patrón entre los hombres es pasajero, sus planes fracasan,
27
(pero) yo me entregué a A m ó n y encontré el mayor b i e n ' .

G o m o e n el caso de la crisis de la v i s i ó n p o l i t e í s t a d e l m u n d o , q u e
c u l m i n a e n la r e v o l u c i ó n m o n o t e í s t a d e A j e n a t ó n , e n el caso d e la
p i e d a d p e r s o n a l se m u e s t r a t a m b i é n t o d a la i m p o r t a n c i a d e esta e v o -
l u c i ó n e n sus c o n s e c u e n c i a s p o l í t i c a s . A l f i n a l d e la d i n a s t í a X X se
c r e a e n T e b a s u n E s t a d o d i v i n o c u y o j e f e es e l p r o p i o A m ó n , q u e
1
g o b i e r n a p o r m e d i o de o r á c u l o s . A q u í , E g i p t o sustituye n u e v a m e n t e
el m o d e l o d e la « r e p r e s e n t a c i ó n » p o r e l m o d e l o d e u n a t e o c r a c i a
« i d e n t i t a r i a » ; p e r o c o n l o s s i g n o s c a m b i a d o s . D e a c u e r d o c o n la
i d e a o r i g i n a l d e la t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a , e l r e y g o b i e r n a c o m o u n
d i o s , p e r o a h o r a g o b i e r n a el d i o s c o m o u n rey.
A l f i n a l de este p r o c e s o e m p i e z a , c o m o su c o n s e c u e n c i a l ó g i c a , el
T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , la d e s i n t e g r a c i ó n d e la u n i d a d del
E s t a d o y la f u n d a c i ó n d e l « E s t a d o d i v i n o » t e b a n o c o m o « t e o c r a c i a
d i r e c t a » e n la q u e se a n u n c i a y r e a l i z a la v o l u n t a d d e l d i o s d i r e c t a -

12,6 Cfr. ya el grupo de figuras sedentes de madera de otro Amenemope de la época de

Seti I (6910), cuya inscripción dorsal empieza así: «Qué hermoso estar sentado en
la mano de Amún», y termina con estas palabras: «Que él me conceda una her-
mosa vejez gozando de salud en su mano» (Ag. Inschr. II, 68-71; Kitchen, RII, 387-
88¡ ÁHG n..° 169; STG texto 206).
127 ÁHGn.° 186.
 EGIPTO

m e n t e m e d i a n t e o r á c u l o s y omina, s i n m e d i a c i ó n d e l r e y . D e esta
é p o c a p r o c e d e t a m b i é n el t e x t o q u e expresa de m a n e r a u n í v o c a esta
teología:

Poderoso penalizador (b2w), potente como Sekhmet,

como u n fuego en el combate;
misericordioso él, que vela p o r quien le alaba,
que se vuelve para confortar al que sufre,
pues él ve a los hombres, n i n g u n o hay a quien no conozca,
y a millones de ellos atiende.
128
¿ Q u i é n puede resistir tu h a , quién evitar tu f u r i a ? .

128 H i m n o de la estela proscriptora Louvre G 256. ed. de Beckerath, RdE 20, 1968,
7-36.
 5. RAMSÉS II Y LA BATALLA DE QADESH

L A S E M Á N T I C A H I S T Ó R I C A D E L A GUERRA

D e l m i s m o m o d o q u e e l n u e v o t i p o s o c i a l d e l p a t r ó n c a m b i a la
s e m á n t i c a c u l t u r a l d e l R e i n o A n t i g u o y d e t e r m i n a c o n el l e a l i s m o -
exacerbado- d e la s o l i d a r i d a d vertical la s e m á n t i c a d e l R e i n o M e d i o , el
n u e v o t i p o s o c i a l d e l j e f e y aristócrata m i l i t a r d e t e r m i n a la s e m á n t i c a
c u l t u r a l d e l R e i n o N u e v o , e s p e c i a l m e n t e e n el p e r í o d o r a m é s i d a . L a
g u e r r a y t o d o l o q u e ésta i m p l i c a n o h a b í a n t e n i d o h a s t a e n t o n c e s
n i n g ú n p a p e l e s p e c i a l e n la v i s i ó n t r a d i c i o n a l d e l m u n d o . Esta v i s i ó n
e g i p c i a d e l m u n d o c o r r e s p o n d í a a la i m a g e n d e l m u n d o ordenado
q u e f u e c r e a d o p o r e l d i o s s o l a r y e n el q u e el r e y p o n e a M a ' a t y
e x p u l s a a Isfet. L a g u e r r a e r a u n a d e las f o r m a s d e e x p u l s a r a Isfet.
E g i p t o n o se c o n c e b í a a sí m i s m o c o m o r e i n o ; j u n t o a o t r o s r e i n o s ,
s i n o c o m o , el ú n i c o r e i n o , r o d e a d o , d e . u n a : z o n a d e caos que.se p i e r d e
e n u n ámbito inéxplorable, habitada p o r enemigos « q u e no.vencen,
p e r o t a m p o c o p u e d e n s e r v e n c i d o s » . D e a h í q u e esos e n e m i g o s
n u n c a f u e r a n d u r a d e r a m e n t e s o m e t i d o s , y q u e la e s f e r a d e l caos
n u n c a p u d i e r a i n t e g r a r s e e n la d e l o r d e n . S ó l o c a b í a m a n t e n e r l a
fuera, y para, eso se l e v a n t a r o n l o s « m u r o s . d e l " s o b e r a n o » , b a r r e r a de
E g i p t o f r e n t e al C e r c a n o O r i e n t e , y el c i n t u r ó n d e f o r t a l e z a s d e
Nubia, que cumplía la misma finalidad: e n : e I s u r .. E a ¿ m a T C O d e e s t a

s e m á n t i c a , l o s r e s u l t a d o s d e las a c c i o n e s m i l i t a r e s n u n c a fueron
d u r a d e r o s . N o - p e r t e n e c í a n al- t i e m p o l i n e a l d e la resultatividad, s i n o
 EGIPTO
314

al t i e m p o c í c l i c o de la iteratividad, d e l « u n a y otra v e z » . Y u n a y otra

vez t u v o el O r i e n t e q u e « s e r d e r r o t a d o » y el sur i n t i m i d a d o . D e n t r o
de esta s e m á n t i c a n o existe la o p o s i c i ó n e n t r e g u e r r a y p a z . E l c o n ­
c e p t o de la g u e r r a p e r t e n e c e a u n a s e m á n t i c a l i n e a l : la d e a c c i ó n
r e s u l t a t i v a . A q u í s ó l o p o d e m o s h a b l a r de « g u e r r a » entendiéndola
c o m o acción que tiene p o r objetivo u n resultado duradero y sólo p o r
tal r e s u l t a d o p u e d e ser j u s t i f i c a d a . U n a s veces se trata d e d e f e n d e r s e
de u n agresor, y otra de c o n q u i s t a r t e r r i t o r i o s extranjeros. E n la
esfera d e l « u n a y o t r a v e z » , e n c a m b i o , n o p o d e m o s h a b l a r d e g u e ­
rras, s i n o de razzias. E n la razzia, u n p o d e r m a n i f i e s t a su c o n t r o l p e r ­
m a n e n t e del m u n d o e n t o r n o . N o b u s c a el c a m b i o , s i n o la c o n s e r v a -
. c i ó n del estado p r e v i o . P o r eso n o conoce n i n g u n a situación pacífica.
E x p r e s i ó n g r á f i c a d e este c o n t r o l es el p i c t o g r a m a d e la m a t a n z a d e
e n e m i g o s q u e e n c o n t r a m o s ya e n la t u m b a p i n t a d a de H i e r a c ó m p o l i s
y e n la p a l e t a d e N a r m e r . E n la p a l e t a d e N a r m e r p u d o h a b e r a ú n
u n a r e f e r e n c i a a u n a c o n t e c i m i e n t o h i s t ó r i c o e n el t i e m p o l i n e a l ; l o s
c o n f l i c t o s d e la u n i f i c a c i ó n e r a n t a m b i é n g u e r r a s e n e l s e n t i d o q u e
a q u í d a m o s a esta p a l a b r a , p u e s su o b j e t i v o era la u n i f i c a c i ó n y, c o n
e l l a , la p a z . P e r o ya e n la t a b l i l l a d e m a r f i l d e l rey D e n , la n o t a q u e
d i c e « P r i m e r a v e z q u e e l este es d e r r o t a d o » h a c e r e f e r e n c i a a u n
a c o n t e c i m i e n t o e n el t i e m p o c í c l i c o , a u n a razzia r i t u a l i z a d a .
L a e x p e r i e n c i a h i s t ó r i c a d e las g u e r r a s de l i b e r a c i ó n c o n t r a l o s
h i c s o s e n l o s c o m i e n z o s d e l R e i n o N u e v o c a m b i ó r a d i c a l m e n t e la
s e m á n t i c a d e la g u e r r a . E s t a a c c i ó n d e l a r g a d u r a c i ó n , q u e se
e x t i e n d e a d o s g e n e r a c i o n e s ( S e q é n e n r e y sus d o s h i j o s , K a m o s e y
Ahmose), e r a algo c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o d e l o s c o n f l i c t o s p e r m a ­
n e n t e s de E g i p t o c o n sus e n e m i g o s . E r a u n f e n ó m e n o de la r e s u l t a -
tividad, d e l t i e m p o l i n e a l , y, p o r t a n t o , d e la h i s t o r i a . E l s i m b o l i s m o
d e las f o r m a s de e x p r e s i ó n c u l t u r a l i n i c i a l m e n t e n o g u a r d a b a el p a s o
c o n el c a m b i o d e s e m á n t i c a . T h u t m o s i s III," p r i m e r f a r a ó n e g i p c i o
q u e l l e v ó a c a b o u n a p o l í t i c a b é l i c a e n e l n u e v o s e n t i d o , t o d a v í a se
h a c í a r e p r e s e n t a r c o n f o r m e al e s q u e m a t r a d i c i o n a l d e l rey q u e m a t a
a sus e n e m i g o s y es g l o r i f i c a d o e n i m á g e n e s c o m o las de l a « e s t e l a
p o é t i c a » , q u e p a r e c e n estar e n t e r a m e n t e e n c o n s o n a n c i a c o n la
s e m á n t i c a d e l c o n t r o l y la i n t i m i d a c i ó n , y, p o r e n d e , c o n e l m u n d o
i d e o l ó g i c o d e l R e i n o M e d i o . S ó l o la r e p r o d u c c i ó n de p a r t e s d e sus
d i a r i o s de g u e r r a c o m o i n s c r i p c i o n e s e n el t e m p l o de A m ó n e n K a r -
nalc, y ello e n la f o r m a d e l d i s c u r s o . ' m o n u m e n t a l , t i e n e e n c u e n t a la
n u e v a m a n e r a de e n t e n d e r la h i s t o r i a . S ó l o S e t i I , q u e al c o m i e n z o
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH
315

de la dinastía X I X h a c e i n t e n c i o n a d a m e n t e d e la p o l í t i c a de T h u t m o -
sis I I I m o d e l o de su p r o p i a a c c i ó n p o l í t i c a e x t e r i o r , d e s a r r o l l a n u e v a s
f o r m a s d e r e p r e s e n t a c i ó n i c o n o g r á f i c a d e la g u e r r a q u e t i e n e n e n
c u e n t a la n u e v a s e m á n t i c a .
S i n r a z ó n se h a q u e r i d o v e r e n las c a m p a ñ a s m i l i t a r e s casi a n u a l e s
de T h u t m o s i s I I I la e x p r e s i ó n de u n a c o n c e p c i ó n ritualista d e la h i s -
t o r i a , p r o p i a de la v i s i ó n t r a d i c i o n a l e g i p c i a d e l m u n d o . Estas c a m -
p a ñ a s t i e n e n su s e n t i d o n o e n la i t e r a t i v i d a d cíclica, s i n o e n la r e s u l -
tatividad l i n e a l . T i e n e n u n a m e t a q u e sólo cabe alcanzar n o e n u n a
c a m p a ñ a , s i n o e n u n a serie d e c a m p a ñ a s c o n s e c u t i v a s . Esta m e t a es la
p a z , y el c o n c e p t o g e n e r a l ( n o r e f l e j a d o e n la l e n g u a e g i p c i a ) p a r a
esta s e r i e de c a m p a ñ a s o r d e n a d a s a la m i s m a es el d e g u e r r a . P o r la
paz, o b j e t i v o de la g u e r r a , hay q u e e n t e n d e r la t r a n s f o r m a c i ó n de la
z o n a i n t e r m e d i a , c a ó t i c a , d e l o s e n e m i g o s , a los q u e hay q u e i n t i m i -
d a r y g o l p e a r , p e r o n o s o m e t e r n i d o m i n a r d e n t r o de u n a esfera d e
g o b i e r n o y d e o r d e n e n el s e n t i d o e g i p c i o . Esta m e t a se c o n s i d e r a
a l c a n z a d a c o n la f i j a c i ó n d e u n a f r o n t e r a c o m ú n , y l o más f a v o r a b l e
posible para los egipcios, c o n los demás grandes reinos —Mitanni y
Hatti—. L a g u e r r a n o d e b e c o n t i n u a r , al m a r g e n de esta m e t a , c o m o
u n r i t u a l q u e d e b e p e r p e t u a m e n t e r e p e t i r s e . A l c o n t r a r i o , la p a z
l o g r a d a es a f i a n z a d a , c o m o h a c e n T h u t m o s i s I V y A m e n o f i s I I I ,
m e d i a n t e p a c t o s y m a t r i m o n i o s p o l í t i c o s . Este e s p a c i o e c u m é n i c o d e
acción política, estructurado por la dicotomía guerra/paz o
a m i g o / e n e m i g o , es la n o v e d a d d e l R e i n o N u e v o .
D e n t r o d e este n u e v o e s p a c i o de a c c i ó n p o l í t i c a c o r r e s p o n d e a l o s
reyes u n p a p e l q u e n o f i g u r a b a e n la i m a g e n t r a d i c i o n a l d e l rey. S u
d e s e m p e ñ o p o r reyes c o m o T h u t m o s i s I I I , Seti I y R a m s é s I I fue o r i -
g e n de c o n s i d e r a b l e s t e n s i o n e s políticas i n t e r i o r e s . N a t u r a l m e n t e
h u b o — p r o b a b l e m e n t e e n t r e l o s sacerdotes— c í r c u l o s q u e c o n t i n u a -
b a n a f e r r a d o s a la i m a g e n t r a d i c i o n a l e g i p t o c é n t r i c a d e l m u n d o y o
b i e n l l e v a b a n reyes c o n t r a r i o s al t r o n o , c o m o la r e i n a H a t s e p s u t , o
b i e n h a c í a n c a m b i a r al p r o p i o rey de o p i n i ó n , c o m o a R a m s é s I I , q u e
a p a r t i r de su d é c i m o a n i v e r s a r i o c o m o rey o p t ó p o r u n a p o l í t i c a d e
paz. Estas t e n s i o n e s s u b i e r o n d e g r a d o al f i n a l d e l p e r í o d o de
A m a r n a . S e m a n i f e s t a r o n p r i m e r o e n el p l a n e s p e c t a c u l a r de p o n e r
e n el t r o n o a u n p r í n c i p e c o n s o r t e h i t i t a , y tras el f r a c a s o d e este
i n t e n t o c o n d u j e r o n a la v i c t o r i a d e l l a d o c o n t r a r i o , el m i l i t a r , q u e
d e t e r m i n a r á la p o l í t i c a e g i p c i a e n la f i g u r a d e H o r e m h e b y d e l o s
p r i m e r o s reyes de la dinastía X I X . Esta p o l í t i c a estuvo m a r c a d a p o r la
 3i6 EGIPTO

g u e r r a e g i p c i o - h i t i t a , q u e e s t a l l ó c o n la m u e r t e d e l p r í n c i p e h i t i t a ,
a s e s i n a d o e n su viaje a E g i p t o , y a la q u e n o se c o n s i g u i ó p o n e r t é r -
m i n o hasta 5° a ñ o s d e s p u é s , c o n R a m s é s I I , tras c o n s i d e r a b l e s
esfuerzos.

E L AFFAIRE ZANNANZA

E s t o s a c o n t e c i m i e n t o s s o n t a n s i n g u l a r e s , q u e h e m o s de c o n c e d e r l e s
u n l u g a r e s p e c i a l e n esta h i s t o r i a d e l s e n t i d o . M e p a r e c e i n d i s c u t i b l e
q u e las e x p e r i e n c i a s d e e s t o s d e c e n i o s d e j a r o n h o n d a h u e l l a e n la
s e m á n t i c a c u l t u r a l d e la é p o c a d e l o s r a m é s i d a s . D e l e s t a l l i d o d e l a
g u e r r a s ó l o t e n e m o s i n f o r m a c i ó n d e f u e n t e s h i t i t a s , e n t r e ellas l o s
Hechos de Suppiluliuma, r e d a c t a d o s p o r su h i j o M u r s i l i s :

Estando m i padre en el país de Kargamis, envió a Lupakld y T a r -

hunta-zalma al país de A m k a . Estos marcharon, atacaron el país
de A m k a y regresaron c o n deportados, reses (y) ovejas, que p r e -
sentaron a m i padre.
Pero los egipcios se e n t e r a r o n del ataque a A m k a , y les entró
m i e d o . Y c o m o su s e ñ o r Piphururijas había muerto, la reina de
Egipto T a h a m u n z u (esposa del rey) envió u n embajador a m i
padre con el siguiente mensaje:
« M i m a r i d o ha muerto* y no tengo n i n g ú n hijo v a r ó n . La gente
dice que tú tienes m u c h o s . S i m e enviaras a u n o de tus hijos,
podría ser m i m a r i d o . N u n c a tomaré c o m o esposo a u n o de mis
s e r v i d o r e s » . G u a n d o m i padre oyó esto, c o n v o c ó a los grandes
para que.le aconsejaran y dijo:
« ¡ N u n c a me ha pasado cosa parecida en mucho t i e m p o ! » .
Fue y envió a H a t t u - z i t i s , el chambelán, d i c i é n d o l e : « ¡ V e y
tráeme i n f o r m a c i ó n cierta! P u e d e qué i n t e n t e n engañarme.
Q u i z á tengan ya u n p r í n c i p e y quiero i n f o r m a c i ó n segura sobre
esto».

El enviado egipcio, el h o n o r a b l e señor Hanis fue a verle. G o m o

m i padre había encargado a Hattu-zitis decir estas palabras
cuando le envió a E g i p t o : « Q u i z á tengan ya u n príncipe; puede
que intenten engañarme y no querer de verdad a u n o de mis hijos
como r e y » , la reina egipcia respondió así en una carta:
 I V / 5 . R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH
317

« ¿ P o r qué dices: 'puede que intenten engañarme'? Si tuviera u n

hijo, ¿escribiría a u n país extranjero de esta manera, que para m í
y mi país es humillante? Desconfías de mí y me dices una cosa así.
El que fue m i m a r i d o m u r i ó y no tengo hijos varones. ¿ D e b o
acaso tomar c o m o esposo a u n o de mis servidores? N o he escrito
a ningún otro país, sólo a ti te he escrito. La gente dice que tú tie-
nes muchos hijos. D a m e u n o de tus hijos y será mi marido y rey
de E g i p t o . »
(Lo que viene a continuación está bastante deteriorado. A S u b i -
l u l i u m a le extraña la insistencia con que se le pide uno de sus
hijos. Luego expresa al enviado egipcio su temor de que quizá los
egipcios quieran utilizar a su hijo como rehén, pero el enviado
consigue tranquilizarle). A s í trató mi padre, en consideración a
ellos, el asunto del hijo. L u e g o , m i padre exigió el contrato escrito
« c o m o cuando el dios de las tormentas t o m ó al hombre de
Kurustama, el hitita, y lo llevó a tierra egipcia y las hizo (a las g e n -
tes de Kurustama) egipcias; como cuando el dios de las tormentas
hizo u n contrato entre el país de Egipto y el país de Hatti; como
cuando se h i c i e r o n amigos para siempre; como cuando se leyó la
tabla ante e l l o s » .
Entonces les habló m i padre de esta manera: «Hattusa y Egipto
f u e r o n amigos desde a n t i g u o . A h o r a esto ha ocurrido también
entre nosotros. El país de Hatti y el país de Egipto serán amigos
para siempre»

E n las Plegarias de Mursilis v u e l v e n a r e l a t a r s e l o s m i s m o s a c o n t e c i -

m i e n t o s vistos b a j o u n a l u z algo d i f e r e n t e . S e trata de plegarias d i r i -
gidas al d i o s de las t o r m e n t a s h i t i t a p a r a q u e aleje la.peste que d e s d e
h a c e a ñ o s asóla el p a í s y a m e n a z a c o n a c a b a r c o n t o d o el p u e b l o . S e
p i d i e r o n o r á c u l o s , y éstos q u e d a r o n c o n s i g n a d o s e n dos d o c u m e n -
tos. U n o t r a t a b a d e l o s s a c r i f i c i o s al r í o M a l a y sus r i t u a l e s , q u e
d e b i d o a la p e s t e se h a b í a n d e s c u i d a d o . E l o t r o trataba del p a c t o d e
Kurustama.

El dios de las tormentas de Hatti llevó la gente de Kurustama a

Egipto e hizo u n pacto sobre ella c o n los hititas, de modo que
éstos se c o m p r o m e t i e r o n ante él bajo j u r a m e n t o . A u n q u e ahora

129 Sobre los procesos, cfr. R. K r a u s s , Das Ende der Amarnazeit, Hildesheim, .1979!
D . Sürenhagen, Paritatische Staatsvertráge aus hethitischer Sicht¡ Pavía, 1985.
3i8 EGIPTO

tanto los hititas c o m o los egipcios estaban c o m p r o m e t i d o s p o r

j u r a m e n t o ante el dios de las tormentas, los hititas i g n o r a r o n sus
c o m p r o m i s o s . R o m p i e r o n el j u r a m e n t o de los dioses. M i padre
envió tropas y carros para atacar el país de A m k a , en t e r r i t o r i o
egipcio. Pero los egipcios se atemorizaron y p i d e r o n en seguida.a
u n o de sus hijos para hacerlo rey. Pero cuando m i padre les dio a
u n o de sus hijos, los egipcios le mataron mientras le c o n d u c í a n
allí. M i padre m o n t ó en cólera, declaró la guerra a Egipto e inició
los ataques. D e r r o t ó a las tropas y carros de guerra del país de
Egipto. El dios de las tormentas de Hatti, mi señor, resolvió dar«la
victoria a mi padre; él venció y acabó con las tropas y carros del
país de Egipto. Pero cuando llevaron a los prisioneros a Hatti, se
declaró una peste entre ellos y m u r i e r o n .

Guando los prisioneros fueron conducidos a Hatti, estos p r i s i o -

neros llevaron la peste al país de Hatti. Desde el p r i m e r día
m u r i e r o n hombres en el país de Hatti. Guando hube encontrado
el documento sobre Egipto, ordené preguntar al oráculo: «Estos
acuerdos que hizo el dios hitita de las tormentas: que los egipcios
y los hititas j u r a r í a n ante el dios de las tormentas, que las d i v i n i -
dades de Dammassara estarían presentes en el t e m p l o , y que los
hititas r o m p i e r a n en seguida su juramento ¿es quizá t o d o esto la
razón de la ira del dios de las tormentas d e H a t t i , m i s e ñ o r ? » . Y
130
esto me fue c o n f i r m a d o .

O b l i g a d o s l o s h i t i t a s p o r la p e s t e q u e i n t r o d u j e r o n l o s p r i s i o n e -
ros e g i p c i o s y q u e d u r a n t e 20 años h i z o estragos e n A n a t o l i a , e n t o d o
el C e r c a n o O r i e n t e y p r o b a b l e m e n t e t a m b i é n e n E g i p t o , y q u e
i n t e r p r e t a r o n c o m o s e ñ a l de la ira d e l d i o s y castigo p o r u n a i n j u s t i -
cia q u e e l l o s c o m e t i e r o n , l o s h i t i t a s b u s c a r o n la c u l p a d e la g u e r r a
c o n E g i p t o e n sí m i s m o s , y la e n c o n t r a r o n e n el a t a q u e p o r s o r p r e s a
a la c i u d a d e g i p c i a d e A m k a , q u e s u p o n í a la r u p t u r a de s u p a c t o . L a
m u e r t e d e l p r í n c i p e Z a n n a n z a a g u d i z ó el c o n f l i c t o , p e r o la p e s t e
p u s o f i n p o r u n t i e m p o a las a c c i o n e s m i l i t a r e s de a m b a s p a r t e s .
P o d e m o s s o s p e c h a r q u e detrás d e l affaire Z a n n a n z a h u b o c í r c u l o s
e g i p c i o s q u e q u e r í a n i m p e d i r c o m o f u e r a la g u e r r a c o n l o s h i t i t a s y

a
130 A . Goetze, e n J . B . Pritchard (ed.), AncientNearEastern TextsReiatingtothe OldTestament, 2.
ed., Princeton, 1955, p . 395.
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE Q A D E S H

salvar la p a z p o r éstos p e r t u r b a d a m e d i a n t e u n m a t r i m o n i o p o l í t i c o
q u e , s e g ú n l o s c o n c e p t o s t r a d i c i o n a l e s e g i p c i o s , h a b r í a de estar t o t a l -
m e n t e e x c l u i d o : el m a t r i m o n i o de u n a r e i n a v i u d a c o n u n p r í n c i p e
e x t r a n j e r o . L a o p o s i c i ó n q u e i m p i d i ó q u e se d i e r a este p a s o a s e s i -
n a n d o al p r í n c i p e , es fácil de i d e n t i f i c a r . E l l a t o m a r á las r i e n d a s e n
l o s u c e s i v o . E x p o n e n t e de esta o p o s i c i ó n es e l g e n e r a l H o r e m h e b ,
q u i e n b a j o el j o v e n T u t a n k h a m ó n a d o p t ó l o s i n u s i t a d o s t í t u l o s d e
s
r e g e n t e (jdnw) y s u c e s o r al t r o n o (rp t), y tras c u y a m u e r t e y e l b r e v e
i n t e r l u d i o d e A y c o m o u s u r p a d o r a s c e n d i ó al t r o n o . T o d o el s i g n i f i -
c a d o d e este g i r o se h a r í a p a t e n t e c u a n d o , t i e m p o d e s p u é s , H o r e m -
h e b a d o p t ó m e d i d a s s u c e s o r i a s q u e q u i z á se p a r e c í a n a u n g o l p e d e
E s t a d o a ú n m á s q u e su p r o p i a a s c e n s i ó n al t r o n o . H o r e m h e b n o m -
b r ó v i s i r al c o m a n d a n t e d e la f o r t a l e z a f r o n t e r i z a d e S i l e , l l a m a d o
P a r a m e s s u , u n o f i c i a l de t r o p a q u e o s t e n t a b a el t í t u l o de e m b a j a d o r
de A s i a , a c u m u l a n d o a d e m á s s o b r e é l l o s c a r g o s d e s u p e r i o r d e l o s
s a c e r d o t e s y g e n e r a l , así c o m o los n u e v o s t í t u l o s d e l s u c e s o r al t r o n o :
1 3
representante y p r í n c i p e h e r e d e r o ' . La c o m b i n a c i ó n e n u n a sola
p e r s o n a de f u n c i o n e s c o m o la d i r e c c i ó n d e l g o b i e r n o civil (visir), la
d e l c u l t o ( s a c e r d o t e p r i n c i p a l ) y la d e l e j é r c i t o c o n la s u c e s i ó n al
t r o n o era a l g o t o t a l m e n t e i n u s i t a d o e n E g i p t o , y s u g i e r e u n a s u e r t e
d e e s t a d o d e e x c e p c i ó n . N o r m a l m e n t e , la a d m i n i s t r a c i ó n c i v i l , la
m i l i t a r y los sacerdotes estaban estrictamente s e p a r a d o s . Es l ó g i c o
q u e se haya c o n s i d e r a d o la s i t u a c i ó n al f i n a l d e l p e r í o d o d e A m a r n a
muy dramática.

L A S U B I D A A L P O D E R D E LOS M I L I T A R E S

P a r a m e s s u era el r e p r e s e n t a n t e t í p i c o d e u n a n u e v a clase q u e se c o n -
c e b í a c o m o u n a a r i s t o c r a c i a : oficiales q u e p r o b a b l e m e n t e se s e n t í a n
más e s t r e c h a m e n t e l i g a d o s a la n o b l e z a m i l i t a r asiática de l o s mari'annu
q u e a l o s s a c e r d o t e s y l o s f u n c i o n a r i o s e g i p c i o s . Parte d e l s e n t i m i e n t o
de s u p e r i o r i d a d d e este g r u p o era u n o r g u l l o d e l i n a j e p o r l o c o m ú n
e x t r a ñ o a l o s e g i p c i o s . L a f a m i l i a d e l tal P a r a m e s s u e r a d e s c e n d i e n t e
de u n a n t e p a s a d o l l a m a d o S e t i q u e h a b í a v i v i d o siglos atrás, y a p a r t i r
de él l o s n o m b r e s ( P a ) R a m s e s y S e t i se h a b í a n a l t e r n a d o e n la f a m i -
l i a . T a m b i é n el h i j o de este visir P a r a m e s s u se l l a m a b a S e t i , y era u n

131 Cfr. D . Polz, « D i e Sarge des (Pa-)Ramessu», en MDAIK4.2, 1986, 145-166.

 320 EGIPTO

j o v e n tan e n é r g i c o y p r o m e t e d o r , q u e H o r e m h e b l l a m ó a su p a d r e a
o c u p a r el c a r g o m á s a l t o d e l E s t a d o p e n s a n d o ya e n é l . S e t i t e n í a q u e
h a b e r n a c i d o c o m o h e r e d e r o d e l t r o n o y ser, e n el s e n t i d o t r a d i c i o ­
n a l d e la e x p r e s i ó n e g i p c i a , « g o b e r n a n t e e n el h u e v o » . C o n estas
m e d i d a s , H o r e m h e b h a b í a a f i a n z a d o la n u e v a c a p a m i l i t a r e n la
d i r e c c i ó n del país.
Esta « s u b i d a al p o d e r de l o s j e f e s m i l i t a r e s » e n la t r a n s i c i ó n de la
d i n a s t í a X V I I I a la X I X ( W . H e l c k ) trajo c o n s i g o u n a d e las t r a n s f o r ­
m a c i o n e s m á s r a d i c a l e s de la s o c i e d a d y la s e m á n t i c a e g i p c i a s . C o n ­
v i e n e q u e e x a m i n e m o s m á s de c e r c a las t r a n s f o r m a c i o n e s s o c i o l ó g i ­
1 3 2
cas asociadas a la n u e v a s e m á n t i c a d e la g u e r r a . Para H e l c k , la t o m a
d e l p o d e r p o r H o r e m h e b c a m b i ó el E s t a d o e g i p c i o e n u n a « d i c t a ­
1 3 3
dura m i l i t a r » . E l E s t a d o d e l o s r a m é s i d a s se d i s t i n g u i ó p o r « l a
3 4
i m p r e g n a c i ó n m i l i t a r de la v i d a e n t e r a » ' .
S ó l o c a b e c o n s i d e r a r m i l i t a r e n s e n t i d o e s t r i c t o al g r u p o d e
i n t e n d e n t e s d e c a b a l l e r í a y oficiales d e c a m p o . Este g r u p o j u g ó e n el
c o n j u n t o de la s o c i e d a d e g i p c i a d e l R e i n o N u e v o , y e s p e c i a l m e n t e e n
el p e r í o d o r a m é s i d a , el p a p e l de u n a a r i s t o c r a c i a . Esta tesis, d e f e n ­
d i d a p r i n c i p a l m e n t e p o r H e l c k , d e b e ser e n m a r c a d a e n el d e b a t e e n
t o r n o a los p u e b l o s de j i n e t e s i n d o - a r i o s y su i n f l u e n c i a e n ciertas
t r a n s f o r m a c i o n e s p o l í t i c a s y c u l t u r a l e s q u e se p r o d u j e r o n e n el C e r -

132 Me apoyo aquí en la tesis doctoral, aún no publicada, de Andrea Gnirs, «Militar
und Staat. Eine soziologische Untersuchung zur spaten 18. D y n . und zur Ramessi-
denzeit» (tesis, Heidelberg, 1991).
133 Helck, DerEinfluflderMilitárfiihrer in der 18. agyptischen Dynastie, UGAA14., reimp., Hildes-
heim, 1964, 87. El trabajo de Helck, concebido como u n esbozo, deja abiertas las
cuestiones relativas tanto a la organización del ejército y a la vida militar como a los
aspectos generales de la estructura social, y se contentra en algunas personalidades
sobresalientes. Alan Schulman dedicó en 1964 una monografía a las cuestiones rela­
tivas a la organización del ejército, y los aspectos sociológicos más generales han sido
estudiados por A h m e d Kadry en una tesis doctoral (1982).
134 Esta tesis hace referencia al hallazgo de ciertas conexiones entre títulos militares y civi­
les. Según Helck, esto significa que el mundo militar diferenciado del resto y consti­
tuyendo u n estamento propio, ganó influencia en los últimos tiempos de la dinastía
XVIII y en el período ramésida en ámbitos civiles de la administración del Estado, y
esta influencia viene expresada en ciertas combinaciones de títulos. Carreras típicas
de entonces eran (a) el ascenso en el departamento militar de la administración desde
posiciones como la de «escriba reclutador» a la de intendente (jmj-r2 ms"), y de ésta a
puestos superiores de la administración civil, preferentemente los de director de
obras (jmj-r3 kgt) y administrador de fincas o de palacios (jmj-r3pr), y (b) el ascenso en
el departamento militar desde el puesto de comandante (hripdt) o de oficial de carros
(ktn tpj) al de intendente de caballería o el de «general de caballería» (jmj -rgssmwt), y
de éstos a las funciones de dirección de obras en la administración civil. •
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH 321

c a n o O r i e n t e y e n el E g e o . Para H e l c k , l o s h i c s o s , i n t r o d u c t o r e s del
c a b a l l o y de la t é c n i c a de l o s c a r r o s de g u e r r a e n E g i p t o , e r a n h u r r i -
tas, esto es, u n p u e b l o de j i n e t e s i n d o e u r o p e o , y l o s mari'annu d e las
c i u d a d e s - e s t a d o sirias c o n s t i t u í a n u n a a r i s t o c r a c i a de c a r r o s de g u e -
r r a . L a i n t r o d u c c i ó n d e l c a r r o de g u e r r a h a b r í a d a d o o r i g e n en todas
p a r t e s a u n o r d e n d e v a l o r e s e s p e c í f i c o , o r i e n t a d o a la g u e r r a , o sea,
« h e r o i c o » , y a u n a e s t r a t i f i c a c i ó n s o c i a l ( e n l a n o b l e z a y f u e r a de
e l l a ) . A u n q u e las tesis de H e c k e l s o n , c o n t o d a su sutileza, i n s o s t e n i -
b l e s (los h i c s o s e r a n s e m i t a s , y l o s mari'annu n o c o n s t i t u í a n n i n g u n a
n o b l e z a guerrera especializada en carros de guerra), los hallazgos
c o n f i r m a n e n g e n e r a l e l c u a d r o q u e p i n t a H e l c k , s o b r e t o d o la
b i p a r t i c i ó n d e l e j é r c i t o , o p e r a d a e n el R e i n o N u e v o , e n « f u n c i o n a -
r i o s m i l i t a r e s » y « o f i c i a l e s de t r o p a » . S ó l o a h o r a se p r o d u c e d e n t r o
del m u n d o m i l i t a r , t r a d i c i o n a l m e n t e n o s e p a r a d o de la o r g a n i z a c i ó n
d e l m a n d o y d e las e x p e d i c i o n e s , la d i f e r e n c i a c i ó n d e l g r u p o d e los
oficiales activos c o m o s e c c i ó n i n d e p e n d i e n t e , c o m o c l a r a m e n t e lo
d e m u e s t r a e l h e c h o d e q u e la g u e r r a a d q u i e r a u n n u e v o s e n t i d o
c o m o el á m b i t o m á s i m p o r t a n t e de la a c c i ó n p o l í t i c a . Q u e el t í t u l o
de i n t e n d e n t e de caballería designase el p u e s t o m á s alto d e esta n u e v a
s e c c i ó n , p o n e de m a n i f i e s t o el p a p e l p r i m o r d i a l d e l c a b a l l o y d e la
t é c n i c a de l o s c a r r o s de g u e r r a e n este á m b i t o .
P e r o e n l o t o c a n t e al s i g n i f i c a d o c u l t u r a l d e la g u e r r a y al p a p e l
social de l o s g u e r r e r o s , el h e c h o más i m p o r t a n t e es la c o m b i n a c i ó n de
s u c e s i ó n e n el t r o n o y m a n d o s u p r e m o m i l i t a r , es d e c i r , la c o n d i c i ó n
de « g r a n i n t e n d e n t e de c a b a l l e r í a » , q u e e n el p e r í o d o r a m é s i d a d i s -
1 3 5
t i n g u í a al p r í n c i p e h e r e d e r o . Esta m u e s t r a más c l a r a m e n t e p o r q u é
y e n q u é s e n t i d o c a b e h a b l a r de u n a a r i s t o c r a c i a m i l i t a r e n E g i p t o
—como f e n ó m e n o l i m i t a d o a la é p o c a ramésida— f o r m a d a p o r la (gran)
f a m i l i a r e a l y l o s c o m p a ñ e r o s de a r m a s e l e g i d o s p o r c o o p t a c i ó n . E l
aristócrata m i l i t a r t í p i c o de c o r t e e g i p c i o es el p r í n c i p e e n el c a r r o de
g u e r r a , n o el b a r ó n t e r r a t e n i e n t e de la s o c i e d a d h o m é r i c a . Y el h e c h o
d e q u e , e n el p e r í o d o r a m é s i d a , la f a m i l i a r e a l s o l i e r a a s i g n a r a sus
m i e m b r o s los puestos más elevados de la vida m i l i t a r activa, p r u e b a que
esta v i d a m i l i t a r g o z a b a d e l m á x i m o p r e s t i g i o .
P e r o v o l v a m o s a las i n f o r m a c i o n e s s o b r e l o s a c o n t e c i m i e n t o s de
esta é p o c a , q u e d e j a m o s e n H o r e m h e b y P a r a m s e s , p a r a e c h a r u n a
m i r a d a a la p o s i c i ó n s o c i a l del m i l i t a r c o m o n u e v o aristócrata.

135 Gnirs, Militar und Staat.

322 EGIPTO

L A BATALLA D E Q A D E S H

L a g u e r r a hitita estaba a d o r m e c i d a a causa de la peste, p e r o a ú n n o se

h a b í a l l e g a d o a la p a z . E n E g i p t o seguía i n t e r p r e t á n d o s e esta s i t u a c i ó n
c o m o d r a m á t i c a y a m e n a z a d o r a . Esta s e n s a c i ó n t e n í a q u e v e r c l a r a -
m e n t e c o n las a c c i o n e s q u e S e t i l l e v ó a c a b o e n c u a n t o a s c e n d i ó al
t r o n o . E n el i n t e r i o r h a b í a q u e a p l a c a r a l o s d i o s e s a i r a d o s p o r la
r e v o l u c i ó n de A j e n a t ó n m e d i a n t e u n g r a n d i o s o p r o g r a m a de c o n s -
t r u c c i ó n de t e m p l o s . G a r a al e x t e r i o r h a b í a q u e r e c o n s t r u i r el r e i n o
de T h u t m o s i s I I I . E n sus sucesivas c a m p a ñ a s anuales S e t i s i g u i ó c l a r a -
m e n t e el e j e m p l o de T h u t m o s i s III., y c o n tal éxito, q u e m u c h o s d e l o s
vasallos q u e entre tanto se h a b í a n c o n v e r t i d o e n hititas se p a s a r o n a l o s
egipcios, entre ellos el p r í n c i p e de A m u r r u , t e r r i t o r i o de d o n d e
E g i p t o o b t e n í a la m a d e r a d e c e d r o i m p r e s c i n d i b l e p a r a l a c o n s t r u c -
c i ó n d e sus b a r c o s . P a r a e t e r n i z a r sus a c c i o n e s , S e t i d e s a r r o l l ó u n
1 3 6
nuevo esquema iconográfico . E l rey se h i z o r e p r e s e n t a r e n el c a r r o
de guerra atacando u n a fortaleza o c i u d a d fortificada q u e unas i n s -
c r i p c i o n e s i d e n t i f i c a b a n . L o s datos topográficos l l e g a b a n a veces a
c o n f o r m a r u n a e s p e c i e d e m a p a , c o m o l a e s c e n a d e l r e g r e s o d e la
c a m p a ñ a hitita, q u e r e p r o d u c e u n i t i n e r a r i o c o n fortalezas y p o z o s : el
m a p a m á s a n t i g u o d e l m u n d o . A l r e y le i n t e r e s a b a , obviamente,
i n c l u i r e n la escena t a n t o s datos c o m o fuera p o s i b l e para i n d i v i d u a l i -
zar el a c o n t e c i m i e n t o r e p r e s e n t a d o y p r e s e n t a r l o c o m o h a z a ñ a ú n i c a .
A q u í c o m i e n z a u n a t e n d e n c i a q u e p o c o después, e n la d o c u m e n t a c i ó n
de la batalla d e Q a d e s h c o n R a m s é s I I , alcanzaría su c é n i t 137
.
El c a m b i o de b a n d o de algunos i m p o r t a n t e s vasallos sirios fue
p a r a l o s h i t i t a s l a o c a s i ó n p a r a e m p r e n d e r u n a o f e n s i v a a la q u e e l
sucesor de Seti I, el j o v e n Ramsés I I tuvo q u e enfrentarse e n el a ñ o
5 - ° d e su r e i n a d o . D e a q u í n a c i ó la l e y e n d a e g i p c i a d e l a b a t a l l a d e
Q a d e s h . S e trata d e la m á s s i n g u l a r e i m p r e s i o n a n t e l a b o r d e r e p r e -
s e n t a c i ó n histórica h e c h a e n E g i p t o . L a base de la siguiente r e p r e -

136 Cfr. R . O Faulkner, « T h e W a r s of Sedaos I » , en JEA 33, 1947, 34 ss.; W . Murnane,

The Roadto Kadesh. AHistorical Interpretation ofthe BatileReliefs ofKingSety I. atKárnak, Chicago,
I985-
137 Cfr. A . H . Gardiner, The Kadesh-Inscriptions ofRamesses II, Oxford, 196O; H . Goediclce
(ed.), Perspectives on the Battíe of Kadesh, Baltimore, 1985; T h . v.d. Way, DieTextüberlieferung
Ramsés' II. zur Qadesh-Schlacht. Analjse undStruktur, H A B 22, 1984. E d i c i ó n de textos:
K . A . K i t c h e n , Ramesside Inscriptions II, 1979, 2 ss. G . Fecht, «Das Poéme über die
Qades-Schlacht», en SAKII (1984), 282-333; del mismo autor, «Ramsés II. u n d
die Schlacht bei Qadesh ( Q i d s a ) » , en GottingerMiszellen 80, 1984, 23-53.
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH 323

sentación la c o n s t i t u y e n u n largo texto literario, el llamado

« P o e m a » , d e l q u e p o s e e m o s d o s e j e m p l a r e s s o b r e p a p i r o y varias
i n s c r i p c i o n e s e n t e m p l o s , y u n a g r a n c o m p o s i c i ó n m o n u m e n t a l de
f i g u r a s c o n i n s c r i p c i o n e s , la m á s l a r g a d e las c u a l e s c o m p l e t a el
« i n f o r m e » d e l P o e m a . D e esta d o c u m e n t a c i ó n se d e s p r e n d e l o
siguiente:
0 0
El 9 . día d e l 2 . ° m e s estival de su 5 - a ñ o de r e i n a d o (es d e c i r , a
p r i n c i p i o s de a b r i l de 1 2 7 4 - C¡.), R a m s é s I I m a r c h ó c o n sus tropas y
a

carros e n d i r e c c i ó n n o r t e . A d i f e r e n c i a d e las i n f o r m a c i o n e s egipcias

d e esta clase, a q u í n o se e m p i e z a c o n u n a m e n c i ó n d e l a c o n t e c i -
m i e n t o q u e da o c a s i ó n a las a c c i o n e s de S u M a j e s t a d . L a s e x p e d i c i o -
nes militares n o s o n presentadas p o r l o general c o m o o p e r a c i o n e s
espontáneas, sino c o m o reacciones a l a agresión o « r e b e l i ó n » e n e -
m i g a . P e r o el texto e g i p c i o n o se r e f i e r e p r i n c i p a l m e n t e a e s t o . D e s -
p u é s de u n a m a r c h a sin c o n t r a t i e m p o s d e u n m e s de d u r a c i ó n —«Sus
t r o p a s p a s a r o n p o r l o s d e s f i l a d e r o s c o m o p o r las calles de E g i p t o -
a r r i b ó R a m s é s I I el d í a g . ° d e l m e s 3 - ° d e l v e r a n o a la c i u d a d de
S h a b t u n a al s u r d e Q a d e s h . A l l á c a p t u r ó a d o s b e d u i n o s q u e se
h a c í a n pasar p o r d e s e r t o r e s d e l e j é r c i t o hitita.

V i n i e r o n dos shasu, de la tribu de los shasu,

para decir a Su Majestad:
«Nuestros hermanos, que son jefes
de las tribus que se encuentran con el enemigo de Hatti,
nos han enviado para decir a Su Majestad:
1 3 8
Q u e r e m o s ser servidores del faraón V S F
y separarnos del príncipe de Hatti.»
S.M. les respondió: « ¿ D ó n d e están vuestros hermanos,
los que os han enviado para comunicar esta decisión a S . M . ? » .
A l o que éstos respondieron:
«Allí donde está el miserable príncipe de Hatti,
pues el e n e m i g o de Hatti está en el país de Haleb ( A l e p p o ) , al
norte de T u n i p .
El teme demasiado al faraón V S F
para venir al sur
desde que ha oído que el faraón V S F ha ido al n o r t e » .
Pero las palabras que estos dos shasu dijeron

138 « Q u e él viva sano y feliz», también escrito en egipcio de forma abreviada.

 324 EGIPTO

a S . M . no expresaban la verdad.
Pues fue el enemigo de Hatti el que los mandó
para que averiguaran dónde se encontraba S . M .
e impedir que el ejército de S . M . se preparase
para el combate c o n el enemigo de Hatti.
El enemigo de Hatti, que mandó a los shasu
para decir esas palabras a S . M . ,
había llegado con sus tropas y carros,
y con los príncipes de cada u n o de los países
que estaban bajo el d o m i n i o de Hatti.
Sus tropas y carros, de las que, por ser ellos sus aliados, él disponía
para combatir c o n las tropas de S . M .
estaban pertrechados y preparados para el combate
detrás de A l t - Q a d e s h ,
sin que S . M . supiera que allí se hallaban
139
cuando los dos shasu eran interrogados en su presencia .

E n c i r c u n s t a n c i a s n o r m a l e s , el e j é r c i t o e g i p c i o se h a b r í a d e t e n i d o
y c o n c e n t r a d o e n Shabtuna, u n lugar e n territorio aliado fronterizo
c o n E g i p t o , y s ó l o d e s p u é s d e las e x p l o r a c i o n e s m á s c u i d a d o s a s se
h a b r í a a p r o x i m a d o a la f o r t a l e z a e n e m i g a d e Q a d e s h , q u e e n t o d o
c a s o t e n d r í a q u e ser t o m a d a a n t e s d e c o n t i n u a r el a v a n c e h a c i a el
n o r t e . L a astucia de l o s hititas d i o sus f r u t o s , y R a m s é s p r o s i g u i ó su
m a r c h a s i n p e r m i t i r q u e sus fuerzas se r e u n i e r a n :

Pero S . M . estaba solo,

apartado, con su séquito;
la división de A m ó n
marchaba a sus espaldas;
la división de Re
atravesaba el vado al sur de Shabtuna,
a una distancia de I iter ( l O , 5 km) del lugar donde S . M . se
encontraba.
La división de Ptah
se encontraba al sur de A r o n a m a ,
y la división de Seth
marchaba p o r la carretera;
pero S . M . había formado una tropa de choque

139 « I n f o r m e » , 8-28.
 I V / 5 . R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH
325

con toda clase de oficiales de su ejército.

1 0
Este se hallaba aún en la linde de Amurru * ..

Es o b v i o q u e esta d e s c r i p c i ó n de la s i t u a c i ó n q u e hace el P o e m a se
r e f i e r e al m o m e n t o e n q u e R a m s é s se d e s p l a z a b a c o n su s é q u i t o al
oeste de Q a d e s h . L u e g o , R a m s é s e s p e r ó al n o r t e d e Q a d e s h a la d i v i -
s i ó n d e A m ó n e instaló u n c a m p a m e n t o .

V i n o un explorador del séquito de S . M .

y presentó a dos exploradores hititas.
S.M. les dijo: ¿quiénes sois?
Ellos dijeron: pertenecemos al príncipe de Hatti.
Nos ha enviado para averiguar dónde se encuentra S.M.
Y dijo S . M . : ¿ d ó n d e se halla
el enemigo de Hatti?
¡Mirad, yo he oído que está en Haleb, al norte de Tunip!
Ellos dijeron a S . M . : mira, el miserable príncipe de Hatti ha l l e -
gado con muchos
extranjeros que están con él
y que él ha traído consigo como aliados
(sigue una lista de pueblos, desde los dardanoi, al oeste, hasta
Mitanni al este, y desde los gasea, j u n t o al mar Negro, hasta U g a -
rit, A l e p p o y Qadesh, en Siria).
Ellos tienen tropas y carros
y son numerosos como granos de arena j u n t o al mar.
141
Están armados y dispuestos a combatir detrás de A l t - Q a d e s h .

E n vista d e la s i t u a c i ó n , R a m s é s r e u n i ó a sus oficiales para p o n e r -

les al c o r r i e n t e d e la n u e v a s i t u a c i ó n . L o s e g i p c i o s h a b í a n c a í d o e n
u n a t r a m p a . N o s ó l o se d e m o s t r ó q u e l o q u e d e c í a n los s u p u e s t o s
d e s e r t o r e s era u n e n g a ñ o ; se p u s o de m a n i f i e s t o q u e t a m b i é n l o s
p r í n c i p e s v a s a l l o s , p o r c u y o s t e r r i t o r i o s h a b í a a v a n z a d o el e j é r c i t o
hitita, y hasta los c o m a n d a n t e s de las g u a r n i c i o n e s egipcias, a l o s q u e
estos m o v i m i e n t o s d e t r o p a s n o p o d í a n p a s a r i n a d v e r t i d o s , t e n í a n
q u e estar i m p l i c a d o s e n este c o m p l o t . N o h a b í a q u e p e r d e r t i e m p o .
Se e n v i ó al v i s i r p a r a q u e l a d i v i s i ó n d e P a t h f o r z a s e la m a r c h a .
D u r a n t e ese t i e m p o , l a d i v i s i ó n d e R e d e j a b a atrás el b o s q u e d e

140 « P o e m a » , 56-64; Fecht, SAKII, 289.

141 « I n f o r m e » , 33-51.
326 EGIPTO

R o b a u i y salía a la l l a n u r a q u e h a b í a al o e s t e d e Q a d e s h . M u w a t a l l i
a p r o v e c h ó este m o m e n t o p a r a i n i c i a r el ataque.

A ú n estaba S . M . sentado con el consejo de oficiales,

cuando llegó el miserable enemigo de Hatti
con sus tropas y carros de guerra
y los muchos pueblos extranjeros que con él estaban.
Ellos atravesaron el vado al sur de Qadesh
y atacaron p o r sorpresa la división de S . M .
que avanzaba ignorante de todo.
Las tropas y carros de S . M . huyeron de ellos
hacia el norte, donde S . M . se encontraba.
Entonces las huestes de los enemigos de Hatti rodearon
8
al séquito de S . M . , que estaba a su lado'* .

L a c o n c i s i ó n del i n f o r m e se n o s asocia a la c e l e r i d a d de u n c a r r o de
g u e r r a . Q u i z á b a s t a r o n diez m i n u t o s para, dispersar el c u e r p o de R e , y
para r e c o r r e r su distancia al c a m p a m e n t o y encerrarse e n él s ó l o h a b r í a
n e c e s i t a d o I O - 2 O m i n u t o s . E l ataque hitita estaba p e n s a d o c ó m o u n a
e m b o s c a d a , y n o c o m o batalla c a m p a l , p u e s e n este caso M u w a t a l l i n o
h a b r í a d e j a d o su i n f a n t e r í a de 3 7 - O O O h o m b r e s a c u b i e r t o detrás de
Q a d e s h p a r a u t i l i z a r s ó l o sus c a r r o s . E l fallo d e l h i t i t a estaba e n q u e
h a b í a e s p e r a d o d e m a s i a d o t i e m p o para lanzar su ataque p o r s o r p r e s a .
Si l o q u e le i m p o r t a b a era capturar al rey, h a b r í a atacado antes.
E n este p u n t o , las d e s c r i p c i o n e s , t a n t o d e l I n f o r m e c o m o d e l
P o e m a , c a m b i a n d e e s t i l o : e n e l P o e m a , éste q u e d a e x t e r n a m e n t e
a
c o n d i c i o n a d o p o r el e m p l e o de la 1 . persona—las palabras s o n a h o r a
d e l rey—, y e n c u a n t o al C o n t e n i d o , q u e d a d e t e r m i n a d o p o r u n a
t r a n s p o s i c i ó n d e l r e l a t o a l o m i l a g r o s o , t o t a l m e n t e ajena al o r d e n de
la estrategia m i l i t a r . E n el I n f o r m e , al f i n a l de cual se da e l salto a la
a
1 . p e r s o n a , se l e e :

Entonces S . M . los divisó y se levantó raudo,

enfurecido contra ellos c o m o su padre M o n t u .
Recibió las armas y se colocó su coraza,
y era como Seth cuando muestra su poder.
Luego enganchó a «Victoria en T e b a s » , su gran tiro de caballos,
y salió disparado, estando completamente solo.

I4¡? « I n f o r m e » , 75-83.
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE Q A D E S H 327

S.M. era poderoso, su corazón valiente,

nadie podía medirse con él.
T o d o lo que le rodeaba estaba en llamas,
con su soplo ardiente quemaba todo territorio extranjero.
Sus ojos les lanzaban miradas furibundas,
y con su poder lanzaba llamas contra ellos.
N o le importaba el millón de extranjeros,
los veía como paja cuando pasaba veloz
en medio de las huestes enemigas de Hatti
y de los muchos pueblos extranjeros que con él estaban.
S . M . era c o m o Seth, grande en fuerza,
como Sekhmet cuando pasa veloz,
y una vez acabó S . M . con todas las huestes del miserable príncipe
de Hatti
y con sus grandes príncipes y todos sus hermanos,
y c o n todos los príncipes de todos los países que habían llegado
con él,
los hombres de sus tropas y sus carros fueron cayendo de bruces
u n o tras otro.
Y S . M . los mataba allí donde se hallaban
tras caer en multitud delante de sus caballos,
estando S . M . solo, sin nadie a su lado.
A c t o seguido derribó S . M . a toda la multitud de los enemigos de
Hatti, cayendo todos, uno tras otro, de bruces,
mientras los cocodrilos se lanzaban a las aguas del O r o n t e s ,
yendo yo detrás de ellos como una serpiente.
Y o vencí en todos los territorios extranjeros, yo solo,
después de que mis tropas y carros me hubiesen abandonado,
y ni u n o de ellos se dio la vuelta y se detuvo.
Tan cierto como que estoy vivo es que Re me ama
y mi padre A m ó n me bendice:
todas las cosas que M i Majestad ha dicho
las he realizado de verdad
1 3
ante los ojos de mis tropas y mis carros * .

Si hay q u e c r e e r este I n f o r m e , allí o c u r r i ó u n m i l a g r o . E l ejército

e g i p c i o e m p r e n d e la h u i d a c u a n d o avista al e n e m i g o . P e r o R a m s é s ,

143 «Informe», 8 4 - I I O .
 3s>8 EGIPTO

e n f u r e c i d o , se t r a n s f o r m a e n u n m o n s t r u o d e f u e g o q u e e n c a r n a a
t o d a s las d i v i n i d a d e s g u e r r e r a s j u n t a s d e l p a n t e ó n e g i p c i o : M o n t u ,
S e t h y S e k h m e t , y es capaz él s o l o de d i s p e r s a r a todas las fuerzas e n e -
m i g a s . L o s e n e m i g o s e x p e r i m e n t a n su a p a r i c i ó n c o m o u n a t e o f a n í a
q u e les i n f u n d e p a v o r :

N o es un h o m b r e el que tenemos entre nosotros,

sino- Seth, grande en fuerza,
Baal en persona.
L o que hace n o son cosas de un h o m b r e ,
sino de u n ser único, que vence a cientos de miles,
sin tropas ni carros que estén con él.
¡Arriba, arriba, rápido!
¡Huyamos de él,
salvemos nuestras vidas y respiremos aliviados!

C o n semejante m a g n i f i c a c i ó n s i m b ó l i c a y gráfica p o r e n c i m a de
la n a t u r a l e z a , esta d e s c r i p c i ó n p a r e c e e m p e ñ a d a e n u n a i n d i v i d u a -
l i z a c i ó n h i s t ó r i c a d e l a c o n t e c i m i e n t o y e n r e d u c i r el a c o n t e c e r a
u n a m a n i f e s t a c i ó n de s u p e r i o r i d a d intemporal. Este recurso
p a r e c e m á s p r ó x i m o a la a n t i g u a f ó r m u l a g r á f i c a d e la m a t a n z a d e
l o s e n e m i g o s q u e al n u e v o e s q u e m a d e l o q u e es u n a b a t a l l a . P e r o
la d e s c r i p c i ó n c o r r e s p o n d e j u s t a m e n t e a este n u e v o e s q u e m a .
R a m s é s , i n m e n s o y s o l i t a r i o s o b r e su c a r r o d e g u e r r a , d i s p a r a sus
flechas s o b r e u n a m u l t i t u d d e e n e m i g o s q u e , p r e s a d e l p á n i c o , se
a t r o p e l l a n e n t r e sí y t r a t a n d e salvarse n a d a n d o . E l m e d i o g r á f i c o
c o m p l e t a la d e s c r i p c i ó m v e r b a l c o n la e s c e n a b u r l e s c a d e l p r í n c i p e
d e A l e p p o , q u e h a t r a g a d o t a n t a a g u a , q u e su g e n t e t i e n e q u e
p o n e r l e cabeza abajo.
E s t a m o s a q u í a n t e u n a h i p é r b o l e i n t e n c i o n a d a . E s t o se r e c o n o c e
s o b r e t o d o e n l o s datos n u m é r i c o s e x a g e r a d o s hasta l o m o n s t r u o s o
— m i l l o n e s h u í a n d e m í , a m i l l o n e s de l o s p u e b l o s e x t r a n j e r o s v e n c í
« y o s o l o » , c i e n t o s de m i l e s c a y e r o n b a j o m i espada—. E s t o n o s h a c e
r e c o r d a r u n t ó p i c o de la i m a g e n t r a d i c i o n a l d e l rey:
145
El es u n o y millones pocos son los otros miles de h o m b r e s .

144 « P o e m a » , 158-162; Fecht, S M I I , 299.

145 ÁHG 230, 2.
 I V / 5 . R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH
329

El que dispara la flecha como Sekhmet

46
para derribar a millares de aquellos que ignoran su p o d e r ' .

E n o t r o s l u g a r e s de l a d o c u m e n t a c i ó n s o b r e la batalla de Q a d e s h
se c o n c r e t a n las f u e r z a s d e l e j é r c i t o c o n t r a r i o : 3 7 - 0 0 0 i n f a n t e s y
3 - 5 ° ° c a r r o s . E s t o s s o n c o n t i n g e n t e s m u y g r a n d e s p a r a la é p o c a ,
p e r o n o p o r p r i n c i p i o i m p r o b a b l e s . C o n la m e n c i ó n d e estas m a g n i -
t u d e s n o se p r e t e n d e s i n o d a r u n a i n f o r m a c i ó n f á c t i c a . H a y a q u í ,
p u e s , u n c a m b i o d e p e r s p e c t i v a y u n a metábasis eis alio genos, q u e t a m -
a
b i é n p a r e c e s u g e r i r el p a s o a la 1 . persona.
S i n o s p r e g u n t a m o s q u é se p r e t e n d e p r o p i a m e n t e a q u í y q u é
clase d e g é n e r o es éste, d e s d e cuya p e r s p e c t i v a y a cuya l u z se r e p r e -
s e n t a n e i n t e r p r e t a n l o s a c o n t e c i m i e n t o s , e n c o n t r a m o s la r e s p u e s t a
e n el P o e m a . E l P o e m a h a c e u n a d e s c r i p c i ó n s i m i l a r d e l o s s u c e s o s ,
q u e s ó l o se d i f e r e n c i a d e l I n f o r m e e n q u e c o n t i e n e c u a t r o d i s c u r s o s
l a r g o s , t e x t u a l m e n t e c i t a d o s , d e l r e y , d e l o s c u a l e s el p r i m e r o , u n a
o r a c i ó n al d i o s A m ó n , es el m á s l a r g o e i m p o r t a n t e . C o n él, y a
diferencia del Informe, lo milagroso de los hechos recibe u n a f u n -
d a m e n t a c i ó n r e l i g i o s a . N o es e l r e y , s i n o e l d i o s A m ó n q u i e n h a
o b r a d o u n m i l a g r o , q u i e n h a i n t e r v e n i d o p a r a c a m b i a r el c u r s o d e
la b a t a l l a ; ciertamente n o l o h a c e a p a r e c i e n d o , c o m o el p r o p i o
Y a h v é e n e l A n t i g u o T e s t a m e n t o , e n el c a m p o d e batalla y a t e r r o r i -
z a n d o c o n s u a s p e c t o a l o s e n e m i g o s , p e r o sí d o t a n d o al r e y , q u e
s ó l o e x p e r i m e n t a l a c e r c a n í a d e l d i o s , d e fuerzas s o b r e h u m a n a s . E l
i n f o r m e d e l o s a c t o s d e l r e y se c o n v i e r t e e n i n f o r m e d e u n a s a l v a -
c i ó n m i l a g r o s a , q u e d e ese m o d o se i n s c r i b e e n e l m u n d o d e las
i d e a s y las f o r m a s d e e x p r e s i ó n d e la « p i e d a d p e r s o n a l » . E l g é n e r o
del i n f o r m e d e s a l v a c i o n e s m i l a g r o s a s sirve p a r a p r o c l a m a r l a g r a n -
d e z a d e l d i o s y se r e a l i z a t í p i c a m e n t e e n c u m p l i m e i n t o d e u n v o t o
q u e h a c e q u i e n se v e e n g r a v e s d i f i c u l t a d e s : « Q u i e r o a n u n c i a r t u
p o d e r a los pájaros del cielo y a l o s peces del a g u a . . . » . L a soledad y
el d e s a m p a r o t a n r e s a l t a d o s , t a n h i p e r b ó l i c a m e n t e e x t r e m a d o s , d e l
rey a b a n d o n a d o p o r sus t r o p a s y c a r r o s y c e r c a d o p o r 2,-500 c a r r o s
e n e m i g o s , c u m p l e n , e n el m a r c o d e este g é n e r o , la f u n c i ó n d e d e s -
c r i b i r u n a s i t u a c i ó n d e s e s p e r a d a . D e esta s i t u a c i ó n brota, la o r a c i ó n
a la divinidad, ú n i c o e j e m p l o , p o r lo demás, de plegaria e n u n
i n f o r m e de campaña faraónico:

146 ÁHG 228,13-14.

330 EGIPTO

¿ Q u é te sucede, padre A m ó n ?
¿ C ó m o u n padre olvidaría a su hijo?
¿ C ó m o haría yo algo sin ti?
¿ N o voy y vengo sólo por tu palabra?
¿Alguna vez me he opuesto a algún plan que tú hayas tenido?
¿ Q u é significan para ti esos asiáticos, A m ó n ,
los miserables, que no conocen al dios?
¿Acaso no he construido numerosos monumentos para ti
y llenado tu templo de m i botín,
acaso no te he erigido a ti mi templo funerario
y transferido mi entero patrimonio?
(...)
Sé bondadoso con quien se entrega a ti,
y obrará para ti con u n corazón que te ama.
Te invoco, padre A m ó n ,
ahora que estoy en medio de una multitud que no conozco.
Todos los países extranjeros se han unido contra mí,
y yo estoy completamente solo, sin nadie a mi lado.

A q u í n o h a b l a u n p e c a d o r q u e interpreta, l a . s i t u a c i ó n p e n o s a e n
q u e se h a l l a c o m o castigo de u n a d i v i n i d a d e n c o l e r i z a d a q u e s ó l o se
m o s t r a r í a m i s e r i c o r d i o s a r e c o n o c i e n d o él su c u l p a y p r o m e t i e n d o
actos de p e n i t e n c i a y e n m i e n d a ; h a b l a , p o r el c o n t r a r i o , u n rey p i a -
d o s o q u e s u b r a y a su o b e d i e n c i a y sus s e r v i c i o s al d i o s . P e r o es u n a
o r a c i ó n p r o n u n c i a d a d e s d e la m i s m a c o n c i e n c i a de d e p e n d e n c i a d e
la m i s e r i c o r d i a d i v i n a q u e caracteriza a las i n s c r i p c i o n e s d e D e i r - e l -
M e d i n a . L a salvación e x p e r i m e n t a d a , la i n t e r v e n c i ó n d e la d i v i n i d a d ,
es p r o c l a m a d a c o n la m i s m a l o c u c i ó n q u e e n las estelas: «encontré que
A m ó n había venido c u a n d o l e i n v o q u é . E l m e d i o su m a n o y y o m e
1 4 7
l l e n é de j ú b i l o » . ' T r e s v e c e s se r e p í t e l a p a l a b r a « e n c o n t r é » a s o -
ciada a la v i v e n c i a de la i n t e r v e n c i ó n p e r s o n a l d e l d i o s :

Encontré que A m ó n me era de más ayuda

148
que millones de tropas y cien mil c a r r o s . ,

Encontré que m i corazón se había hecho fuerte

y m i espíritu llenado de alegría I+9 1

s
147 « P o e m a » , 123 -
148 Ibid., 117.
149 Ibid., 128.
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE Q A D E S H

Encontré que los 2-500 carros que m e tenían cercado

se atropellaban entre ellos en medio de una confusión general
50
delante mis caballos' .

D e s c r i p c i ó n de la s i t u a c i ó n d e s e s p e r a d a , p l e g a r i a y e x p e r i e n c i a del
a
d i o s « e n c o n t r a d o » i n d i c a c i o n e s claras d e q u e la p a r t e escrita e n 1 .
p e r s o n a d e l P o e m a de Q a d e s h es u n a v a r i a n t e d e l f o r m u l i s m o de la
estela de p i e d a d p e r s o n a l , m o d i f i c a d o p a r a uso del rey: u n a c a n c i ó n de
gratitud tras la salvación del p e l i g r o m o r t a l y u n a alabanza del dios salva­
d o r , del q u e , c o n i d é n t i c o t e n o r , se dice e n h i m n o s de la m i s m a é p o c a :

Es más valioso para el que le recibe en su corazón,

151
el n o m b r e de él solo es más fuerte que cientos de m i l e s .

Tal es la e x p e r i e n c i a q u e R a m s é s p r e t e n d e haber tenido en

Q a d e s h , y de la q u e q u i e r e dejar t e s t i m o n i o e n la d o c u m e n t a c i ó n de
a
esta batalla. C o n el c a m b i o a la 1 . p e r s o n a y la m a g n i f i c a c i ó n s i m b ó ­
lica, gráfica y m i l a g r o s a d e la r e p r e s e n t a c i ó n p o r e n c i m a d e la n a t u ­
raleza, n o r e c a e e n l o s t ó p i c o s de la i m a g e n t r a d i c i o n a l d e l rey, s i n o
q u e c a m b i a el p l a n o d e l d i s c u r s o y pasa d e l d i s c u r s o h i s t o r i o g r á f i c o
de l o s i n f o r m e s de a c c i o n e s regias al d i s c u r s o r e l i g i o s o d e la p r o c l a ­
m a c i ó n de la g r a n d e z a d i v i n a después de u n a e x p e r i e n c i a d e salvación
m i l a g r o s a e n la s i t u a c i ó n más d e s e s p e r a d a .

N o t e n e m o s motivos para d u d a r de que, entre los a c o n t e c i m i e n ­

tos b é l i c o s de ese día, se p r o d u j o r e a l m e n t e p a r a R a m s é s u n g i r o s a l ­
v a d o r , y de q u e el j o v e n rey l o e x p e r i m e n t ó c o m o s a l v a c i ó n m i l a g r o s a
f r u t o d e u n a i n t e r v e n c i ó n de A m ó n . S o b r e l o q u e este g i r o o r i g i n ó
e n el m u n d o r e a l n o se d i c e u n a sola p a l a b r a n i e n el I n f o r m e n i e n
el P o e m a , p e r o p o d e m o s v e r l o r e p r e s e n t a d o e n l o s r e l i e v e s . E n ellos
v e m o s a u n a g r a n f o r m a c i ó n de t r o p a s y c a r r o s e g i p c i o s d e s p l a z a r s e
e n p e r f e c t o o r d e n h a c i a el c a m p a m e n t o a t a c a d o . U n a i n s c r i p c i ó n
explica así la e s c e n a :

Llegada de los na'aruna del faraón desde el país de A m u r r u . Ellos

encontraron que las huestes enemigas de Hatti habían cercado el
campamento de S . M . p o r su lado oeste, mientras S . M . se hallaba
en él solo, sin sus tropas... mientras la división de A m ó n , en la

150 Ibid., 132.

151 ÁHG 194, 21-22.
 332 EGIPTO

que estaba el faraón, aún no había terminado de instalar campa-

mento y las tropas de Re y de Ptah aún estaban de camino y las de
vanguardia (es decir, las de la división de Ptah) aún n o habían
salido del bosque de Rabawi. Los na'aruna cayeron sobre las hues-
tes de los enemigos de Platti cuando entraban en el campamento,
y los servidores de S . M . los mataron y no dejaron escapar a u n o
solo de ellos, pues sus corazones estaban llenos de la fuerza del
faraón, su b u e n s e ñ o r , mientras él se hallaba detrás de ellos
i n c o n m o v i b l e cual u n a m o n t a ñ a de cobre o c o m o u n m u r o de
52
bronce' .

Esta t r o p a d e é l i t e , s i g n i f i c a t i v a m e n t e d e n o m i n a d a c o n u n s e m i -
t i s m o —na'aruna ( « l o s j ó v e n e s » ) — n o se h a l l a b a , c o m o el e j é r c i t o
p r i n c i p a l , e n el valle d e l O r o n t e s , s i n o q u e avanzaba a l o l a r g o d e la
c o s t a h a c i a el n o r t e , seguramente para reforzar, mediante una
d e m o s t r a c i ó n d e f u e r z a f a r a ó n i c a , la lealtad de A m u r r u . N a d i e p o d í a
c o n t a r c o n q u e l l e g a r a a t i e m p o al l u g a r d e l c o m b a t e . E s t a f e l i z
c a s u a l i d a d f u e p a r a el a m e n a z a d o R a m s é s a q u e l l a s a l v a c i ó n q u e él
v i v i ó e i n t e r p r e t ó , c o n f o r m e a la s e m á n t i c a de su é p o c a , c o m o i n t e r -
v e n c i ó n d i v i n a . L o s h i t i t a s , q u e l l e v a r o n a c a b o su a t a q u e s ó l o c o n
c a r r o s y n o se h a b í a n o r g a n i z a d o p a r a u n a a c c i ó n b é l i c a m á s l a r g a ,
t u v i e r o n q u e v e r s e e n u n a g r a n a p u r o a n t e esta r e s i s t e n c i a n o p r e -
vista. Y su r e p l i e g u e a c a b ó e n h u i d a c o n las c o n s i g u i e n t e s bajas.
S i n d u d a R a m s é s I I se e n c o n t r ó d e s p u é s d e esta v i c t o r i a e n u n a
situación estratégicamente bastante desesperada. D o s de sus cuatro d i v i -
s i o n e s h a b í a n s u f r i d o i m p o r t a n t e s bajas, m i e n t r a s a la o t r a o r i l l a d e l
O r o n t e s se h a l l a b a M u w a t a l l i c o n 37.OOO s o l d a d o s de i n f a n t e r í a d e s -
cansados. N o se p o d í a p e n s a r e n o c u p a r Qjadesh. L o más q u e se p o d í a
h a c e r e n esta s i t u a c i ó n e r a e m p r e n d e r la r e t i r a d a . Las n e g o c i a c i o n e s
c o r r e s p o n d i e n t e s t u v i e r o n q u e haberse h e c h o al día siguiente. L o s t e x -
tos egipcios las p r e s e n t a n c o m o fruto del deseo de paz q u e m a n i f e s t a r o n
los hititas después d e h a b e r s i d o n u e v a m e n t e derrotados e n otra batalla.
E n c u a l q u i e r caso, Ramsés tuvo q u e l o g r a r armisticio para p o d e r , c o m o
se d i c e e n los textos, « r e g r e s a r a la p a z » . L o s hititas, sin e m b a r g o , p r o -
s i g u i e r o n sus a c c i o n e s militares s i n n i n g ú n i m p e d i m e n t o , arrasaron el
t e r r i t o r i o de U p e ( D a m a s c o ) , a la s a z ó n capital de p r o v i n c i a egipcia, y
v o l v i e r o n a s o m e t e r al d e s e r t o r A m u r r u al d o m i n i o hitita.

152 Kitchen II, 131-133.

 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA U t U A U t b H
Óóó

C o n s i d e r a n d o estos h e c h o s e n c o n j u n t o hay que ver la c a m p a ñ a del

a
a ñ o 5 ( l 2 7 4 - C . ) más b i e n c o m o u n fracaso de los e g i p c i o s . R a m s é s
h i z o e n los años siguientes cuanto p u d o p o r r e c u p e r a r t o d o lo. p e r d i d o .
1
L a c a m p a ñ a d e l a ñ o 8 (r.27 a. C . ) registra c o n q u i s t a s de c i u d a d e s en
las r e g i o n e s d e B i b l o s y Q a d e s h , y e n el a ñ o I O (12,69 - C . ) se e r i g e
a

u n a s e g u n d a estela t r i u n f a l e n N a h r el K e l b . P r o b a b l e m e n t e , estas
campañas p e r s e g u í a n ya el fin de crear unas c o n d i c i o n e s favorables para
los t r a t a d o s de p a z . L u e g o d e j a m o s d e t e n e r n o t i c i a s de o p e r a c i o n e s
militares e n S i r i a . E g i p t o desfrutó de u n p e r í o d o pacífico de u n a d u r a -
a
c i ó n s i n p a r a n g ó n ( 6 0 a ñ o s ) , y esta paz la selló e n el a ñ o 2,1 (12,45 -
C . ) el m a t r i m o n i o de Ramsés I I c o n u n p r i n c e s a hitita.

LAS M A N I F E S T A C I O N E S D E L P O D E R

N o deja d e s o r p r e n d e r q u e R a m s é s I I h i c i e r a p r e c i s a m e n t e a la c a m -
p a ñ a fracasada d e l a ñ o 5 y a la m u y p r e c a r i a m e n t e c o n d u c i d a batalla
de Q a d e s h — q u e q u i s o h a c e r p a s a r p o r u n a v i c t o r i a egipcia— / o b j e t o
de u n a r e p r e s e n t a c i ó n m o n u m e n t a l y l i t e r a r i a s i n p a r a n g ó n e n todas
la r e p r e s e n t a c i o n e s h i s t ó r i c a s de E g i p t o . S u d o c u m e n t a c i ó n es i n s ó -
lita ya e n el aspecto c u a n t i t a t i v o : c o n o c e m o s n o m e n o s d e diez e j e m -
plares d i s t i n t o s c o n s e r v a d o s e n m u r o s de t e m p l o s . S i l o s t e m p l o s d e l
B a j o E g i p t o , s o b r e t o d o l o s d e M e n f i s y l o s de la C i u d a d de R a m s é s ,
se h u b i e s e n c o n s e r v a d o , el n ú m e r o d e e j e m p l a r e s p r o b a b l e m e n t e
h a b r í a q u e d u p l i c a r l o . A esto se a ñ a d e n d o s p a p i r o s c o n el « P o e m a
d e la b a t a l l a de Q a d e s h » . U n o d e e l l o s , e l p a p i r o S a l l i e r I I I , es u n a
t r a n s c r i p c i ó n q u e data d e l a ñ o 9 d e R a m s é s I I , 2 - ° m e s de v e r a n o .
D e t o d o el arte e g i p c i o d e la r e p r e s e n t a c i ó n n o c o n o z c o n i n g ú n o t r o
caso d e u n a c o n t e c i m i e n t o ú n i c o q u e haya s i d o t a n f r e c u e n t e m e n t e
r e p r e s e n t a d o . I n u s i t a d o es t a m b i é n el u s o p a r a l e l o de la r e p r e s e n t a -
c i ó n m o n u m e n t a l y la l i t e r a r i a d e u n a c o n t e c i m i e n t o . Y n o m e n o s
ú n i c a es la e x t e n s i ó n d e l c o n v o l u t o de Q a d e s h . S ó l o el P o e m a t i e n e
la e x t e n s i ó n d e u n l i b r o e g i p c i o . Y a esto se a ñ a d e n las i m á g e n e s d e
dos c u a d r o s de g r a n d e s d i m e n s i o n e s .
P e r o más i m p o r t a n t e s q u e este aspecto cuantitativo s o n los aspectos
cualitativos de las r e p r e s e n t a c i o n e s de la batalla de Q a d e s h . E l p r i m e r o
es la p e c u l i a r « s e m i ó t i c a d e l a c o n t e c i m i e n t o » , q u e h a b l a d e s d e la
r e p r e s e n t a c i ó n de l o s p r o c e s o s e n i m á g e n e s ; el s e g u n d o , la e x h i b i c i ó n
púbHca del fallo de las tropas egipcias, l o cual se sale del d e c o r o e g i p c i o
 EGIPTO
334

e n la representación histórica; y el tercero, la interpretación religiosa del

a c o n t e c i m i e n t o , f e n ó m e n o este de u n a nueva f o r m a c i ó n de s e n t i d o .
E n l o t o c a n t e al p r i m e r p u n t o , c o n v i e n e insistir de n u e v o e n q u e
las i m á g e n e s d e Q a d e s h m a r c a n el p u n t o c u l m i n a n t e de u n a r e p r e -
s e n t a c i ó n realista, individualizadora, del a c o n t e c i m i e n t o . Aquí
i m p o r t a b a n las c i r c u n s t a n c i a s exactas y c a d a d e t a l l e . N i n g u n a o t r a
o p e r a c i ó n m i l i t a r d e la h i s t o r i a e g i p c i a h a s i d o t r a n s m i t i d a c o n u n
d e t a l l i s m o n i d e l e j o s c o m p a r a b l e . ¿ Q u é es u n a c o n t e c i m i e n t o ? P o r
a c o n t e c i m i e n t o e n t e n d e m o s a q u í u n p r o c e s o que se destaca d e l f o n d o
de lo c o r r i e n t e y esperable p o r su carácter e x t r a o r d i n a r i o . U n a c o n t e -
c i m i e n t o es u n a e x c e p c i ó n a la regla y d e b e su i m p o r t a n c i a a su c a r á c -
ter e x c e p c i o n a l . H a y así c i e r t o p a r e n t e s c o e n t r e el c o n c e p t o de a c o n -
t e c i m i e n t o y el de m i l a g r o . U n m i l a g r o es u n a c o n t e c i m i e n t o q u e se
destaca c o m o e x c e p c i ó n a la r e g u l a r i d a d de las leyes naturales. P o r o t r a
parte se da u n a o p o s i c i ó n e n t r e el c o n c e p t o de a c o n t e c i m i e n t o y el de
o r d e n . E l o r d e n es el f u n d a m e n t o de l o esperable; el a c o n t e c i m i e n t o
r o m p e el o r d e n . E l p i c t o g r a m a t r a d i c i o n a l de la m a t a n z a d e l o s ene-"
m i g o s b u s c a la r e p r o d u c c i ó n de u n o r d e n ; el n u e v o t i p o de r e p r e s e n -
t a c i ó n , e n c a m b i o , la r e p r o d u c c i ó n d e u n a c o n t e c i m i e n t o . E n él se
expresa u n c a m b i o e n el s i g n i f i c a d o de la idea de a c o n t e c i m i e n t o —en
e g i p c i o hprt, hprwt—. E n el m a r c o d e l o r d e n t r a d i c i o n a l , el a c o n t e c i -
m i e n t o era u n a p e r t u r b a c i ó n s i n especial s i g n i f i c a d o . A h o r a , el a c o n -
t e c i m i e n t o es l o c a r g a d o de s i g n i f i c a d o : '
Las i m á g e n e s d e Q a d e s h v a n m u y lejos e n esta d i r e c c i ó n . L a i m a -
g e n de la batalla estaba c o n f o r m a d a de tal m a n e r a q u e e n f r e n t e d e la
i m a g e n d e l f a r a ó n l a n z a d o e n su c a r r o de g u e r r a c o n t r a s u e n e m i g o
h u b i e s e u n l u g a r c o n c r e t o , casi s i e m p r e u n a c i u d a d fortificada, c o m o
o b j e t i v o s u y o . L a s i m á g e n e s de Q a d e s h se a t i e n e n al e s q u e m a d e la
d i v i s i ó n d e l a c o n t e c e r e n d o s c u a d r o s c o n dos escenas, q u e a q u í l l a -
m a r e m o s la e s c e n a d e l c a m p a m e n t o y la escena d e la l u c h a . E n estos
d o s c u a d r o s , el e s c e n a r i o , es d e c i r , el l u g a r c o n c r e t o , n o es, c o m o
a n t e s , el o b j e t i v o d e l a a c c i ó n b é l i c a d e l rey, s i n o q u e c o n s t i t u y e el
p r i n c i p i o o r g a n i z a d o r d e l t o d o , y el f a r a ó n e n t r o n i z a d o o l a n z a d o e n
su c a r r o a p a r e c e i n c l u i d o e n este e s c e n a r i o . L a c o h e r e n c i a d e la i m a -
g e n y l a d i s p o s i c i ó n d e las f i g u r a s e n el e s p a c i o e s t á n determinadas
p o r la e s c e n a . L a p o s i c i ó n r e l a t i v a d e l o s a c t o r e s y l o s o b j e t o s u n o s
r e s p e c t o a o t r o s —los na'aruna q u e s i e m b r a n el t e r r o r e n el c a m p a -
m e n t o , la i n f a n t e r í a h i t i t a q u e avanza detrás de Q a d e s h , l a s i t u a c i ó n
i n s u l a r de la f o r t a l e z a de Qadesh—, es p r o y e c t a d a s o b r e la s u p e r f i c i e
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE Q A D E S H
335
a la m a n e r a d e u n a m a p a . L a r e a l i d a d a c t u a l , la c o n t i n g e n c i a d e las
c i r c u n s t a n c i a s y l o s a c o n t e c i m i e n t o s r e a l e s , e n l o s q u e t a m b i é n las
a c c i o n e s d e l f a r a ó n f o r m a n p a r t e d e l t o d o , d e t e r m i n a n la c o m p o s i -
c i ó n y c o n e x i ó n i n t e r n a d e la i m a g e n . Es fácil s o s p e c h a r q u e e n estas
i n n o v a c i o n e s i c o n o l ó g i c a s s i n p r e c e d e n t e s (y q u e l o s t i e m p o s p o s t e -
r i o r e s c a l i f i c a r á n de ú n i c a s ) se a n u n c i a n t r a n s f o r m a c i o n e s de la c o n -
c i e n c i a h i s t ó r i c a e g i p c i a . Así, la q u e e m p i e z a p o r dejar d e e n t e n d e r ,
e n la e j e c u c i ó n d e l r i t u a l h i s t ó r i c o , la a c c i ó n h i s t ó r i c a d e l f a r a ó n
c o m o d e s e m p e ñ o de u n p a p e l i n t e m p o r a l m e n t e establecido p a r a
concebirla c o m o acción en u n espacio n o previamente dispuesto en
el q u e , a d e m á s d e l rey y de l o s e n e m i g o s , t i e n e n p a r t e u n c ú m u l o de
c i r c u n s t a n c i a s c o n t i n g e n t e s e i m p r e d e c i b l e s c o n las q u e t o d a p l a n i f i -
c a c i ó n h a de c o n t a r . D e t r á s d e l r e a l i s m o de las i m á g e n e s de Q a d e s h ,
q u e casi h a c e a ñ i c o s las p o s i b i l i d a d e s d e e x p r e s i ó n d e l a r t e e g i p c i o ,
hay u n a e x p e r i e n c i a n u e v a , escandalosa q u i z á .
R a m s é s a t r i b u y ó a esta e x p e r i e n c i a u n s i g n i f i c a d o e x c e p c i o n a l , y
esto se r e c o n o c e e n la m a n e r a c o m o h i z o r e p r e s e n t a r p a r a c o n o c i -
m i e n t o g e n e r a l la batalla de Q a d e s h . T o d o s l o s detalles están p r e s e n -
tes: la d i s p o s i c i ó n d e l e j é r c i t o e n e m i g o y el o r d e n de m a r c h a d e l
e g i p c i o , la m a n i o b r a de d i v e r s i ó n y la e x p l i c a c i ó n falsa, el a t a q u e p o r
sorpresa, la h u i d a y la a p a r i c i ó n a t i e m p o de l o s na'aruna e n el e s c e n a -
r i o , p e r o t a m b i é n la i n t e r v e n c i ó n de A m ó n y la s a l v a c i ó n m i l a g r o s a
del f a r a ó n g r a c i a s a sus f u e r z a s g i g a n t e s c a m e n t e a c r e c e n t a d a s : t o d o
esto subraya el a c o n t e c i m i e n t o , es d e c i r , el carácter ú n i c o , la t r a s c e n -
d e n c i a y la c o n t i n g e n c i a de u n a c o n t e c e r q u e h a b r í a d e b i d o s e g u i r u n
curso c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o , a u n q u e t a m b i é n h a b r í a p o d i d o s e g u i r
o t r o d i s t i n t o . L o s e s c u l t o r e s d e l r e y se e n t r e g a r o n d u r a n t e a ñ o s ,
quizá d e c e n i o s , a la l a b o r de h a c e r v i s i b l e la i m p o r t a n c i a d e l a c o n t e -
c i m i e n t o . E s c e n a s ya c o n c l u i d a s f u e r o n m i n u c i o s a m e n t e r e e l a b o r a -
das p a r a q u e el s e n t i d o q u e d a s e a ú n m á s c l a r o .
P r i m e r o se c o l o c a r o n l o s d o s c u a d r o s u n o e n c i m a d e o t r o e n el
p i l o n o n o r t e d e l t e m p l o f u n e r a r i o de R a m s é s I I , e l R a m e s e u m . E n la
e s c e n a d e l c a m p a m e n t o d e esta v e r s i ó n n o h a y n a d a d e p a r t i c u l a r .
P e r o la e s c e n a d e la b a t a l l a p r e s e n t a al r e y s o b r e el c a r r o f r e n t e a la
c i u d a d d e l c o m b a t e e x a c t a m e n t e d e la m i s m a f o r m a q u e las i m á g e n e s
bélicas de S e t i I . T o d a v í a n o e n c o n t r a m o s el n o v e d o s o p r i n c i p i o de la
i n c l u s i ó n d e la a c c i ó n d e l rey e n u n o r d e n e s c é n i c o m e z c l a d o .
E n L u x o r se d i s p u s i e r o n las d o s e s c e n a s n o u n a s o b r e o t r a , s i n o
y u x t a p u e s t a s , e n el p i l o n o o c c i d e n t a l . T a m b i é n a q u í p a r e c e q u e la
 336 EGIPTO

p r i m e r a v e r s i ó n , d e la q u e s ó l o se c o n s e r v a n s e ñ a l e s , t a m p o c o d e s -
a r r o l l ó las n u e v a s p o s i b i l i d a d e s d e c o m p o s i c i ó n e n u n g r a n e s p a c i o ,
a d i f e r e n c i a d e la s e g u n d a v e r s i ó n , q u e r e p a r t e las d o s escenas e n t r e
los dos p i l ó n o s .

E l a c o n t e c i m i e n t o n o p e r t e n e c e al t i e m p o c í c l i c o , s i n o al t i e m p o
l i n e a l . D i v i d e la c o r r i e n t e d e l t i e m p o e n u n antes y u n d e s p u é s . E s
i r r e v e r s i b l e . L o s a c o n t e c i m i e n t o s c a m b i a n la r e a l i d a d . Y esto es v e r -
dadero m u y especialmente de los acontecimientos que son acciones
m e m o r a b l e s , es decir, gestas. Las gestas s o n resultativas. L o g r a n d i o s o
d e l a c o n t e c i m i e n t o d e Q a d e s h d e b e estar e n s u r e s u l t a d o . E n esto
r a d i c a la p a r a d o j a d e la d o c u m e n t a c i ó n d e Q a d e s h . P u e s el r e s u l t a d o
p o l í t i c o - m i l i t a r d e la batalla de Q a d e s h es, c o m o h e m o s v i s t o , i g u a l a
cero; más a ú n : hay que valorarlo negativamente. A consecuencia de
la b a t a l l a d e Q a d e s h , l o s e g i p c i o s p e r d i e r o n A m u r r u y Q a d e s h , y l a
p r o v i n c i a d e D a m a s c o fue devastada.
H e m o s v i s t o q u e R a m s é s q u i s o r e p r e s e n t a r la b a t a l l a d e Q a d e s h
c o m o u n a c o n t e c i m i e n t o c o n c r e t o d e u n r a n g o q u e l o hacía capaz d e
d e c i d i r el d e s t i n o d e E g i p t o . L a l u c h a t a n h e r o i c a m e n t e peraltada d e l
r e y n o es p r e s e n t a d a c o m o el c u m p l i m i e n t o d e u n a m i s i ó n e n e l
ritual del t i e m p o cíclico, sino c o m o e j e c u c i ó n de u n a a c c i ó n q u e
c a m b i a el m u n d o . L a a c c i ó n c a m b i a el m u n d o , y el m u n d o c a m b i a d o
h a c e necesarias otras a c c i o n e s , p e r o n o las m i s m a s . E l resultado d e la
a c c i ó n q u e R a m s é s p r e t e n d i ó h a b e r r e a l i z a d o e n Q a d e s h n o es la v i c -
t o r i a , s i n o l a p a z y e l f i n d e t o d a h o s t i l i d a d . R a m s é s I I c o n c e b í a la
g u e r r a c o m o u n a s i t u a c i ó n sujeta al t i e m p o y , p o r t a n t o , pasajera, y
l a p a z c o m o e l v e r d a d e r o r e s u l t a d o d e la l u c h a . E l r e s u l t a d o d& l a
batalla de Qjadesh n o fue a q u e l éxito m i l i t a r d u d o s o , s i n o la p a z . L o
q u e sigue m o s t r a r á a ú n m á s c l a r a m e n t e esta v e r d a d .
E l s e g u n d o p u n t o , el fallo d e las t r o p a s , es p a r t e d e la h i s t o r i a tal
c o m o es c o n t a d a , d e su e s t r u c t u r a d e plot. L a h i s t o r i a n o p u e d e c o n -
tarse d e o t r o m o d o . ¿ C ó m o h a b r í a q u e e x p l i c a r q u e e l f a r a ó n cayó
e n u n a e m b o s c a d a y se v i o s o l o ante l o s c a r r o s e n e m i g o s ? P e r o , i n d e -
p e n d i e n t e m e n t e d e su s i g n i f i c a d o n a r r a t i v o e n el m a r c o d e la h i s t o -
r i a c o n t a d a , este t e m a p r o b a b l e m e n t e t i e n e t a m b i é n u n s i g n i f i c a d o
p o l í t i c o . Para l o s fines d e la n a r r a c i ó n h a b r í a bastado c o n m e n c i o n a r
brevemente aquellos hechos. Pero s o n ampliamente desplegados, y
además e n d o s discursos d e l rey. E l P o e m a de Q a d e s h muestra su
c a r á c t e r e s p e c í f i c a m e n t e l i t e r a r i o e s p e c i a l m e n t e e n l o s discursos l a r -
 I V / 5 . R A M S É S II Y LA BATALLA DE QADESH
337

gos, q u e s o n citados t e x t u a l m e n t e . L o s tres más l a r g o s los p r o n u n c i a

el rey. U n o de ellos es la o r a c i ó n a A m ó n , y los o t r o s dos s o n d i s c u r -
sos r e p r e n s o r e s al e j é r c i t o . E n el p r i m e r o d e estos d o s , el rey l l a m a a
los q u e h u y e n y les p i d e q u e regresen.•

¡Resistid, alentad vuestros corazones, mis soldados!

Mirad mi victoria, miradme a mí, que estoy solo,
pues A m ó n es mi protector y su mano está j u n t o a mí.
¡ Q u é cobardes son vuestros corazones, mis guerreros, que estáis
en vuestros carros!
No se puede confiar en vosotros.
¿Es que no hay nadi¡e entre vosotros a q u i e n yo no haya h e c h o
bien cuando estaba en su casa?
¿ N o erais unos pobres desgraciados cuando ascendí al t r o n o ?
C o n mi compasión diaria os he hecho grandes,
(...) diariamente decía a quien algo me pedía:
¡Sí, lo haré!
(*...) pero mirad, todos os habéis comportado cobardemente unos
con otros.
N i n g u n o de vosotros estaba ahí para echarme una mano cuando
luchaba.
El c r i m e n que mis tropas con sus carros han cometido es mayor
de lo que cabe imaginar.
Mirad: A m ó n me ha dado su victoria,
cuando ni las tropas ni los carros estaban conmigo.
El mostraba mi victoria a todos los países lejanos
en m i brazo armado, cuando estaba solo,
153
sin u n oficial detrás de mí, sin u n conductor sobre su c a r r o .

E l o t r o d i s c u r s o r e p r o c h a a l o s h u i d o s al a t a r d e c e r c o n a m a r g a s
palabras su i n f i d e l i d a d :

¿ Q u é os ocurre, mis oficiales,

mis tropas y carros, que no pudisteis combatir?
¿ N o se hace u n h o m b r e grande en su ciudad
cuando regresa después de haber demostrado valentía delante de
su señor?
Doblemente distinguido será su nombre en el combate,

153 « P o e m a » , 169-199.
338 EGIPTO

y desde entonces será respetado p o r su brazo armado.

¿ N o os b e hecho bien a ninguno de vosotros?
Pero vosotros me habéis abandonado en medio del combate.
(...) Q u é pensará, cuando esto se cuente, quien lo oiga:
vosotros me abandonasteis, me dejasteis solo,
ni u n oficial n i u n carro había a mi lado,
54
ni u n soldado que me echara una mano cuando c o m b a t í a ' .

T a m b i é n e n el I n f o r m e hay u n a r e p r e n s i ó n p a r e c i d a d e l rey. P e r o
n o va d i r i g i d a a l o s c u l p a b l e s , l o s a l i a d o s asiáticos d e R a m s é s II y sus
c o m a n d a n t e s de g u a r n i c i ó n , q u e n o le h a n i n f o r m a d o sobre los
m o v i m i e n t o s d e las t r o p a s hititas e n su t e r r i t o r i o , s i n o a l o s oficiales
que él c o n s i d e r a testigos d e esta t r a i c i ó n :

¡Mirad la situación en que se encuentran los comandantes de

guarnición y los príncipes vasallos del faraón!
Día tras día se presentan ante el faraón para decir:
« E l miserable príncipe de Hatti está en el país de Haleb, al norte
de T u n i p ;
ha huido de S . M . cuando oyó que el faraón había v e n i d o » .
Pero mirad, acabo de oír de estos dos exploradores hititas:
el miserable enemigo de Hatti ha llegado c o n muchos países q u e
están con él y con hombres y caballos numerosos como granos de
arena.
Mirad, están ocultos detrás de A l t - Q a d e s h , y mis comandantes y
155
mis oficiales n o pudieron anunciarme su l l e g a d a .

Los oficiales c o n f i r m a n espantados « e l gran c r i m e n » q u e los

comandantes, o, m e j o r dicho, los «jefes extranjeros» y los príncipes
asiáticos, h a n c o m e t i d o al n o a n u n c i a r esa llegada o al h a c e r u n a d e s -
156
cripción falsa . Q u i e n n o d e n u n c i a u n c o m p l o t c o n t r a el r e y . e s
culpable de c o m p l i c i d a d . D e « g r a n c r i m e n » califica t a m b i é n el
P o e m a el e r r o r d e l e j é r c i t o . A p e n a s se n o s p u e d e o c u l t a r q u e esta
s i n g u l a r d o c u m e n t a c i ó n d e u n a c a m p a ñ a f a r a ó n i c a t i e n e , e n t r e sus
varias i n t e n c i o n e s , l a d e c u l p a r al e j é r c i t o . H a s t a a h o r a h a s i d o
c o m ú n s u p o n e r q u e R a m s é s I I quiso d a r u n a l e c c i ó n a su e j é r c i t o c o n

154 Ibid., 253-266..

155 « I n f o r m e » , 54-67. . •
156 Así con Fecht, GM 80, 47 s.
 IV / 5. R A M S É S II Y LA BATALLA DE Q A D E S H 339

el f i n de evitar d e b a c l e s s e m e j a n t e s e n el f u t u r o y c o m p r o m e t e r l o de
u n a v e z p o r t o d a s c o n las viejas v i r t u d e s g u e r r e r a s d e la v a l e n t í a y la
f i d e l i d a d i n q u e b r a n t a b l e . P e r o hay q u e p r e g u n t a s e si p a r a tal i n s -
t r u c c i ó n h a b r í a n s i d o l o s m u r o s de l o s g r a n d e s t e m p l o s d e l p a í s el
m e d i o m a t e r i a l a d e c u a d o . S i a t e n d e m o s a la c r o n o l o g í a , e n c o n t r a -
m o s q u e esta supuesta i n s t r u c c i ó n c o r r e s p o n d e a u n a é p o c a e n la q u e
la p o l í t i c a e x t e r i o r h a b í a d a d o u n g i r o i n v e r s o y ya n o h a b í a n i n g u n a
g u e r r a . Y a q u í está la clave del p r o b l e m a de Q a d e s h .
Plasta a h o r a se s u p o n í a q u e las i m á g e n e s e i n s c r i p c i o n e s d e la
batalla d e Q a d e s h q u e d a r o n e n los m u r o s casi i n m e d i a t a m e n t e d e s -
pués del a c o n t e c i m i e n t o m i s m o . P e r o aquí h u b o u n p r o c e s o más
l a r g o , l o c u a l se p u e d e v e r e n q u e la f o r m a m o n u m e n t a l d e f i n i t i v a
p a r a s u r e p r e s e n t a c i ó n n o se e n c o n t r ó d e b u e n a s a p r i m e r a s , y e n
q u e a ñ o s d e s p u é s d e l a c o n t e c i m i e n t o a ú n se c o n t i n u a b a trabajando
e n su r e p r e s e n t a c i ó n artística. E l t e m a f u e u n a y o t r a vez r e t o m a d o
p a r a h a c e r l o cada vez más g r a n d i o s o , d e s a r r o l l á n d o s e f o r m a s cada vez
más c l a r a m e n t e expresivas d e l carácter ú n i c o del a c o n t e c i m i e n t o , q u e
f u e r o n trasladadas a cada vez más t e m p l o s , hasta t e r m i n a r e n el t e m -
p l o d e A b u - S i u m b e l , la é p o c a de cuya c o n s t r u c c i ó n data de los d e c e -
n i o s s e g u n d o y t e r c e r o d e l r e i n a d o de R a m s é s I I , bastante d e s p u é s de
1 5 7
la batalla d e Q a d e s h . E l s e n t i d o de las r e p r e s e n t a c i o n e s de Q a d e s h
es f r u t o d e la s i t u a c i ó n p o l í t i c a no de l o s a ñ o s i n m e d i a t a m e n t e p o s t e -
r i o r e s a la b a t a l l a , s i n o d e l s e g u n d o d e c e n i o , c u a n d o R a m s é s I I , e n
vez de c o n t i n u a r c o n las c a m p a ñ a s , o p t ó p o r u n a p o l í t i c a de e n t e n -
d i m i e n t o y d e p a z . E l p a c t o c o n H a t t u s i l i I I I e n el a ñ o 2,1 y el m a t r i -
m o n i o c o n u n a h i j a de este rey el a ñ o 34- p u s i e r o n las bases de u n a
paxRamessidica q u e se m a n t u v o d u r a n t e 6 O a ñ o s .
P u e d e p r e s u m i r s e q u e esta p o l í t i c a de p a z de g r a n a l c a n c e r e s u l t ó
t a n n o v e d o s a c o m o las f o r m a s d e r e p r e s e n t a c i ó n d e la b a t a l l a d e
Q a d e s h . Es fácil i m a g i n a r q u e los m i l i t a r e s n o la a p o y a r o n . P o r otra
p a r t e s a b e m o s q u e R a m s é s a c c e d i ó al t r o n o c o m o r e p r e s e n t a n t e d e
este g r u p o . P a r a p o d e r realizar su v i s i ó n d e u n a pax Ramessidica, R a m -
sés t u v o q u e d i s t a n c i a r s e de l o s m i l i t a r e s y d e c l a r a r s u p e r a d a la grave

157 El suceso de Qadesh continuó siendo, todavía viente años después, de la máxima
importancia para Ramsés, como se desprende también de una carta en la que éste
invita al rey hitita Hattusil a una visita de Estado a Egipto. Q u e en ella se alude a
Qadesh, lo revelan frases como «aunque mi ejército no estuvo conmigo y mis carros
tampoco estuvieron conmigo», y « u n ejército mío se encontraba en Amurru, otro
ejército en..., y otro más en Taminta». Cfr. Fecht, GM 80, 41 s.
 EGIPTO

s i t u a c i ó n c u y o r e m e d i o fue la « d i c t a d u r a m i l i t a r » d e H o r e m h e b y
de la dinastía X I X . E l g i r o q u e R a m s é s I I deseaba efectuar s i g n i f i c a b a
la r u p t u r a r a d i c a l c o n el c o m e t i d o p a r a c u y o c u m p l i m i e n t o su d i n a s -
tía h a b í a s i d o l l a m a d a y la vuelta a c o n c e p c i o n e s q u e 5 0 a ñ o s antes el
p a r t i d o v e n c e d o r —el d e la guerra— h a b í a e x c l u i d o c o n el asesinato de
Z a n n a n z a . Para a s e g u r a r i n t e r i o r m e n t e este g i r o e n la p o l í t i c a e x t e -
r i o r , R a m s é s n o e n c o n t r ó o t r o m e d i o m á s a d e c u a d o q u e el de e x h i -
b i r y d i f u n d i r p ú b l i c a m e n t e s i n n i n g ú n r e p a r o el f a l l o d e l q u e el
e j é r c i t o se h a b í a h e c h o c u l p a b l e antes de Q a d e s h .
El t e r c e r p u n t o c o n c i e r n e al m a r c o g e n e r a l de u n a n u e v a f o r m a -
c i ó n d e s e n t i d o , d e n t r o d e la c u a l el a c o n t e c i m i e n t o d e Q a d e s h
a d q u i r i ó para R a m s é s su e s p e c i a l s i g n i f i c a d o . Esta f o r m a c i ó n de s e n -
t i d o es la « p i e d a d p e r s o n a l » , o sea, la t e o l o g í a d e la v o l u n t a d , d e s d e
la cual la h i s t o r i a es i n t e r p r e t a d a c o m o e x p r e s i ó n directa de la v o l u n -
tad d i v i n a . E l p r o p i o R a m s é s I I d i o c o n la f ó r m u l a m á s c o n v i n c e n t e
p a r a esta c o n c e p c i ó n d e la h i s t o r i a , e x p r e s á n d o l a j u s t a m e n t e e n la
i n s c r i p c i ó n q u e c o n m e m o r a s u m a t r i m o n i o c o n la p r i n c e s a h i t i t a ,
q u e c o n m e m o r a , p u e s , el f i n a l y la c o r o n a c i ó n d e l c a m b i o i n t r o d u -
c i d o c o n Q a d e s h . E n ella se l e e : « L o q u e t ú o r d e n a s es t o d o l o q u e
a c o n t e c e » . E s t o n o s i g n i f i c a s e n c i l l a m e n t e : « L o q u e o r d e n a s , se
c u m p l e » ; s i g n i f i c a q u e t o d o a c o n t e c e r , es d e c i r , la h i s t o r i a , es f r u t o
d e la v o l u n t a d d e l d i o s . E n el m a r c o d e esta f o r m a c i ó n d e s e n t i d o ,
l o s a c o n t e c i m i e n t o s ya n o m a n i f i e s t a n la c o n t i n g e n c i a de l o i m p r e v i -
sible, p a r a e n f r e n t a r s e a la c u a l el d i o s n o h a d a d o al h o m b r e el a r m a
de la m a g i a , s i n o d e la v o l u n t a d d i v i n a .
 6. CAMBIO ESTRUCTURAL DEL PASADO

LA GÉNESIS DEL PASADO EN LA RUPTURA DE LA TRADICIÓN

U n a t r a d i c i ó n p o r t a e n sí el p a s a d o s i n ser c o n s c i e n t e de él n i p e r c i ­
b i r l o c o m o tal. H a c e r algo « p o r t r a d i c i ó n » es b a c e r l o p o r q u e es l o
q u e « s i e m p r e » se h a h e c h o . E n la f o r m a d e la t r a d i c i ó n , el ayer está
p r e s e n t e e n el h o y d e u n a m a n e r a q u e n o l e p e r m i t e a p a r e c e r c o m o
p a s a d o . P o r p a r a d ó j i c o q u e esto p u e d a s o n a r , la t r a d i c i ó n h a c e al
p a s a d o i n v i s i b l e c o m o tal p a s a d o al n e g a r l a d i f e r e n c i a e n t r e ayer y
hoy y p r o c u r a r q u é n a d a c a m b i e .
C o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o es el caso c u a n d o se p r o d u c e u n a r u p ­
t u r a d e la t r a d i c i ó n y el ayer es o b j e t o d e e s f u e r z o s c o n s c i e n t e s de
a p r o p i a c i ó n y de t r a d u c c i ó n al h o y p a r a h a c e r l o p r e s e n t e al h o y . A q u í
n o se b o r r a la d i f e r e n c i a , s i n o q u e , p o r el c o n t r a r i o , es s u b r a y a d a .
A q u í , el ayer n o es d e s p a c h a d o c o m o a l g o p a s a d o y a c a b a d o , s i n o al
c o n t r a r i o , elevado a n o r m a i n t e m p o r a l m e n t e válida. A pesar de lo
cual, el p a s a d o n o r m a t i v o sigue p e r t e n e c i e n d o a otra é p o c a , a la q u e
se m i r a p o r e n c i m a d e la r u p t u r a c o n a d m i r a c i ó n s i n p o d e r c o n t i ­
nuarla c o m o tradición.
T a l es la f o r m a e n q u e la é p o c a r a m é s i d a eleva el R e i n o M e d i o a
pasado n o r m a t i v o . E l c r o n o t o p o e g i p c i o a d q u i e r e así u n a b i g r a d u a l i -
dad o b i t e m p o r a l i d a d q u e hasta e n t o n c e s se le escapaba. Es cierto q u e
342 EGIPTO

el R e i n o M e d i o t a m b i é n h a b í a p u e s t o sus m i r a s , salvando la q u i e b r a
q u e s i g n i f i c ó el P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , e n el R e i n o A n t i g u o .
P e r o f u n d i ó este r e c u r s o al p a s a d o c o n su p r o p i o l e n g u a j e y sus p r o -
pias f o r m a s de m a n e r a q u e n o apareciera n i n g u n a d i f e r e n c i a e n t r e el
R e i n o A n t i g u o y el N u e v o . E l R e i n o A n t i g u o n o se h i z o « c l á s i c o »
para el R e i n o M e d i o ; más b i e n o c u r r i ó q u e el R e i n o M e d i o fue c o n t i -
n u a c i ó n del R e i n o A n t i g u o e n el s e n t i d o e n q u e se c o n t i n ú a u n a t r a -
d i c i ó n . L o p r o p i o cabe d e c i r de al dinastía X V I I I . S ó l o la é p o c a r a m é -
sida ostenta, a la vez q u e el r e c u r s o a c e n t u a d a m e n t e r e s t a u r a d o r a los
« c l á s i c o s » d e l R e i n o M e d i o , u n a r a d i c a l i n n o v a c i ó n e n su l e n g u a j e
de f o r m a s , p o r l o q u e a h o r a la d i f e r e n c i a e n t r e A n t i g u o y N u e v o ,
« c l a s i c i s m o » y « n e o t e r i s m o » , salta a la vista. P o r eso, y e n este p r e -
ciso s e n t i d o , cabe h a b l a r de b i t e m p o r a l i d a d .
E n la c u l t u r a d e l p e r í o d o r a m é s i d a o b s e r v a m o s u n p r e s e n t e q u e
p o r t a e n sí el p a s a d o , m a s r e f l e j a d o , v i s i b l e , c o m o l o o t r o q u e ella, y
e r i g i d o e n m o d e l o n o r m a t i v o . U n p a s a d o n o r m a t i v o n o se f o r m a
p o r sí m i s m o c o m o r e s u l t a d o d e u n p r o c e s o d e s e d i m e n t a c i ó n d e
larga d u r a c i ó n , s i n o q u e es r e c r e a d o e n el m i r a r atrás d e u n t i e m p o
p o s t e r i o r . A s í r e c r e ó el p e r í o d o r a m é s i d a el R e i n o M e d i o . D o n d e -
q u i e r a q u e n a c e u n c l a s i c i s m o , se h a p r o d u c i d o antes u n a r u p t u r a d e
la t r a d i c i ó n . E l c l a s i c i s m o se c o n s t i t u y e d e s d e el a p a r t a m i e n t o y la
58
m i r a d a al p a s a d o ' .
L a r u p t u r a de la t r a d i c i ó n q u e crea u n a c o n c i e n c i a d e l a d i s t a n c i a
y a través de la c u á l el p e r í o d o r a m é s i d a r e i n v e n t a y h a c e suya la t r a -
d i c i ó n del R e i n o M e d i o , n o es el S e g u n d o P e r í o d o I n t e r m e d i o , s i n o
el de A m a r n a , u n i n t r e v a l o de 2 O a ñ o s c o m o m u c h o . E s t o es a s o m -
b r o s o , y vuelve a p o n e r de relive la r a d i c a l i d a d de a q u e l l a r e v o l u c i ó n .
L a e x p e r i e n c i a de la r u p t u r a y el d e s e o de u n n u e v o c o m i e n z o c o n la
vista p u e s t a e n u n g r a n p a s a d o n o s o n c u e s t i o n e s de d u r a c i ó n , s i n o
de i n t e n s i d a d .
A p e s a r de l o c u a l t i e n e t a m b i é n p a r t e e n l a r u p t u r a d e l a t r a d i -
c i ó n q u e h a h e c h o r e s u r g i r ese p a s a d o u n p r o c e s o de l a r g a d u r a c i ó n :
la e v o l u c i ó n d e l l e n g u a j e . L a e v o l u c i ó n d e l l e n g u a j e f u e e s t a b l e -
c i e n d o a l o l a r g o de l o s siglos u n a distancia e n t r e el l e n g u a j e l i t e r a r i o
del R e i n o M e d i o y l e n g u a j e c o l o q u i a l de los siglos X I V y X I I I q u e a l e -
j a b a cada v e z m á s l o s t e x t o s d e a q u e l l a é p o c a , p r o d u c i e n d o así u n
« e f e c t o de d i s t a n c i a m i e n t o » e n el s e n t i d o d e las t e o r í a s estéticas d e

_I
158 Cfr. al respecto A . y J. Assmann, Kanon undfynsur, Munich, 1987, I 5 9 -
 I V / 6 . CAMBIO E S T R U C T U R A L D E L PASADO
343

V i k t o r Shklovsky y B e r t o l t B r e c h t . E l l o h i z o e x t r a ñ o s l o s textos a n t i -
guos, s e p a r á n d o l o s d e l l e n g u a j e h a b l a d o . C o n la p r o g r e s i v a t r a n s f o r -
m a c i ó n d e l l e n g u a j e , su l e c t u r a se h a c í a c a d a v e z m á s h i p o t é t i c a .
E s t a n d o el l e n g u a j e e s c r i t o y l i t e r a r i o d e l R e i n o N u e v o a f e r r a d o al ^
i d i o m a d e l R e i n o M e d i o , esta d i s t a n c i a n o t u v o n i n g u n a r e p e r c u -
sión. L o s textos c o n t e m p o r á n e o s estaban tan alejados del lenguaje J^|f|
c o l o q u i a l c o m o l o s textos a n t i g u o s . P e r o esta v i n c u l a c i ó n d e l lenguaje
escrito al l e n g u a j e d e l R e i n o M e d i o fue a b a n d o n a d a e n la é p o c a de U
A m a r n a . D e s d e e n t o n c e s , los textos escritos f u e r o n a p r o x i m á n d o s e al
lenguaje c o l o q u i a l . E l p e r í o d o ramésida aceptó esta n o v e d a d y desarrolló ^ ¡¡
u n lenguaje literario p r o p i o que refleja u n c o m p r o m i s o entre lenguaje
coloquial y lenguaje escrito. P e r o , al m i s m o t i e m p o , v o l v i e r o n a e s c r i -
b i r s e textos e n el l e n g u a j e d e l R e i n o M e d i o , el c u a l n o era ya el l e n -
guaje e s c r i t o c o n t e m p o r á n e o , y q u e , p a r a e s c r i b i r e n é l , h a b í a q u e
59
a p r e n d e r c o m o u n l e n g u a j e c l á s i c o ' . L a e v o l u c i ó n d e l l e n g u a j e y la
r u p t u r a d e la t r a d i c i ó n e n g e n d r a r o n j u n t a s el c l a s i c i s m o d e l R e i n o
M e d i o . A s í se e x p l i c a q u e la c a n o n i z a c i ó n d e l R e i n o M e d i o se r e f i -
riese s o b r e t o d o a la l i t e r a t u r a .

E L R E N A C I M I E N T O RAMÉSIDA

La voluntad de nuevo c o m i e n z o que a n i m ó a los p r i m e r o s tiempos

del p e r í o d o r a m é s i d a se expresa s o b r e t o d o e n el c o n c e p t o d e « r e p e -
t i c i ó n d e l n a c i m i e n t o » , q u e S e t i I n o s ó l o a d o p t ó , c o m o antes q u e él
A m e n e m h a t I p a r a su s e r i e d e n o m b r e s , s i n o q u e i n c l u s o l e a ñ a d i ó
dataciones e n sus p r i m e r o s dos a ñ o s d e r e i n a d o . E l l o i n d i c a m u y c l a -
r a m e n t e q u e el c o n c e p t o e g i p c i o llevaba asociada la i d e a de u n a n u e v a
e r a . S i , a n t e s q u e é l , A m e n e m h a t I se c o n s i d e r ó e l f u n d a d o r de
aquella n u e v a e r a q u e n o s o t r o s l l a m a m o s R e i n o M e d i o , S e t i I se veía
como nuevo fundador, r e d u c i e n d o el p e r í o d o d e A m a r n a , que
c u a n d o s u b i ó al t r o n o h a b í a c o n c l u i d o h a c í a ya m á s d e u n c u a r t o de
s i g l o , a la c o n d i c i ó n de u n a catastrófica « e r a i n t e r m e d i a » q u e h i z o
absolutamente necesario u n nuevo c o m i e n z o .
L a e x p r e s i ó n « r e p e t i c i ó n d e l n a c i m i e n t o » , tan a s o m b r o s a m e n t e
p a r e j a al t é r m i n o f r a n c é s « r e n a i s s a n c e » , e x p r e s a la v o l u n t a d d e

l
59 Cfr. al respecto F. Junge, «Sprachstufen und Sprachgeschichte», en ^PMGSupl. VI,
Wiesbaden, 1985, 17-34. A

"""" ~~-fl\
'ÜLEGIO LOYOIA
A R C A SSV'j^AF;-''
 344 EGIPTO

devolver a Egipto, mediante imágenes, construcciones y restauracio-

n e s , l o s d i o s e s e x p u l s a d o s . S e g ú n la t e r m i n o l o g í a e g i p c i a , las i m á g e -
n e s de l o s d i o s e s y t o d a s las cosas c o n ellas r e l a c i o n a d a s n o s o n f a b r i -
cadas, s i n o q u e « n a c e n » , p u e s n o s o n copias de c u e r p o s d i v i n o s ,
s i n o c u e r p o s ellas m i s m a s . E l i c o n o c l a s m o de A j e n a t ó n h a b í a d e s -
t r u i d o esta esfera de r e p r e s e n t a c i ó n ; la d i n a s t í a X I X se p r o p u s o r e s -
taurarla y a u n renovarla c a m b i a n d o lo entonces existente.
P r e s c i n d i e n d o d e la e x c e s i v a a c t i v i d a d c o n s t r u c t o r a q u e d i s t i n -
g u i ó a l o s p r i m e r o s t i e m p o s d e l p e r í o d o r a m é s i d a , las h u e l l a s d e l o s
restauradores ramésidas c u b r i e r o n los m o n u m e n t o s del pasado c o n
la m i s m a a p l i c a c i ó n c o n q u e l o s i n c o n o c l a s t a s atonistas habían
h e c h o su l a b o r . P e r o esta p r e d i l e c c i ó n r e s t a u r a d o r a p o r l o a n t i g u o
p r o n t o f u e m á s allá d e la m e r a r e s t a u r a c i ó n p a r a t o m a r el c a r á c t e r
de u n a a p r o p i a c i ó n u s u r p a t o r i a . I n n u m e r a b l e s i m á g e n e s antiguas
d e d i o s e s y reyes f u e r o n v i n c u l a d a s al n o m b r e d e R a m s é s II y a r r a s -
t r a d a s d e t o d a s p a r t e s d e l p a í s a la n u e v a c a p i t a l e s t a b l e c i d a e n e l
d e l t a . Esta r e u t i l i z a c i ó n e r a u n a n u e v a f o r m a de r e c u r s o al p a s a d o .
E l h e c h o d e q u e las o b r a s p r e f e r e n t e m e n t e u s u r p a d a s f u e r a n , j u n t o
a algunas estatuas de A m e n o f i s I I I , ciertas obras especiales de la
d i n a s t í a X I I l o d e m u e s t r a . Esta p r e d i l e c c i ó n e r a t a n t o más s i n g u l a r
c u a n t o q u e l o s artistas d e l p e r í o d o r a m é s i d a t o m a r o n o t r o s c a m i n o s
c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o s y e n m o d o a l g u n o se i n s p i r a r o n e n e l
estilo de los m o n u m e n t o s u s u r p a d o s ¿ V e r e m o s q u e éste p r o c e d e r
t i e n e u n p a r a l e l o e n la l i t e r a t u r a .
L a i d e n t i f i c a c i ó n d e R a m s é s II c o n l o s reyes de la dinastía X I I
p r o d u j o u n f e n ó m e n o b i e n s i n g u l a r : e n la v i s i ó n r e t r o s p e c t i v a d e
u n gran pasado desde u n a época m u y posterior, Ramsés II, Sesos-
t r i s I I I y S e s o s t r i s I se f u n d e n e n u n a ú n i c a f i g u r a . E l « S e s o s t r i s »
1 6 0
de la p o s t e r i o r n o v e l a s o b r e S e s o s t r i s y el d e las Aegyptiaca de
3 6
H e c a t e o d e A b d e r a ' , extractadas p o r D i o d o r o , m e z c l a n r e m i n i s -
c e n c i a s d e R a m s é s I I c o n el r e c u e r d o , t o d a v í a c a n ó n i c o , d e l R e i n o
M e d i o . R a m s é s I I c o n s i g u i ó d e h e c h o i d e n t i f i c a r s e c o n S e s o s t r i s (i
y I I l ) desde u n a visión lejana.

160 Lloyd, A . B . (1982), «Nationalist Propaganda in Ptolemaic Egypt», en Historia, fyits-

chriflfürÁlye Geschichte, Wiesbaden, 31, 3 3 - 5 5 . Cfr. K . Sethe, Sesostris, U G A A ü I ; M.
Malaise, «Sesostris, Pharaon de légende et d'histoire», en CdE 41, 1966, 2 4 é ~ ? 7 ^ -
161 O . Murray, «Hecateus of Abdera and Pharaonic K i n g s h i p » , enJEÁ 5 6 , 1 9 7 Q , 1 4 1 -
171, esp. 161-164.
 I V / 6 . CAMBIO ESTRUCTURAL DEL PASADO
345
C L A S I C I S M O Y CARNAVAL

0
Y a n o s r e f e r i m o s e n el c a p í t u l o 3 . d e la P a r t e P r i m e r a a las e n s e -
ñ a n z a s d e s a b i d u r í a d e l p a p i r o C l i e s t e r B e a t t y . E n la p a r t e allí citada
se expresa la i d e a d e q u e el l i b r o es u n m e d i o m á s s e g u r o p a r a a l c a n -
zar la i n m o r t a l i d a d que la t u m b a . Q u i e n q u i e r e p e r m a n e c e r d u r a d e -
r a m e n t e e n la m e m o r i a d e la p o s t e r i d a d , i n v i e r t e e n la literatura y n o
e n la c o n s t r u c c i ó n d e p i e d r a . V e a m o s a q u í c ó m o c o n t i n ú a el t e x t o
1 6 2
q u e n o s m u e s t r a al a u t o r c o m o « c l á s i c o » :

Hazte escriba, y tómatelo en serio:

entonces tu n o m b r e será igualmente (inmortal).
Más valioso es u n libro que una estela c o n su inscripción,
que una cámara funeraria bien puesta.
Esos libros son c o m o tumba y pirámide
en la conservación de sus nombres.
Pues esto es sin duda algo valioso en el más allá:
un nombre en la boca de los liombres.
El hombre se ha ido, su cuerpo se ha convertido en polvo,
y todos sus contemporáneos han ido a la tierra.
Pero la escritura hace que se acuerden de é l
y una boca lo hable de él a otra..
Más.valioso es u n rollo escrito que una casa c o n muros,
que capillas funerarias al oeste;
mejor es él que u n palacio bien cimentado,
que una estela conmemorativa en el templo.
¿Hay. aquí alguien c o m o Hordjedef?
¿ O alguien c o m o Imhotep?
Entre nuestros contemporáneos, n i n g u n o como Neferti
o K e t i , el más:grande de ellos.
Te cito sólo, los nombres de Ptahemdjehuti y Kakeperresenb.
¿Hay otro c o m o Ptahhotep
!
o como Kaires? •

162 Cfr. para lo que signe mis más detallados estudios « G i b t es eine Klassik.irn der ágyp-
tischen Literaturgeschichte?», en XXII. Deuischer Orientalistentag, Supl. ^jDMGig.85, 35~
52, y « D i e Entdeckung der Vergangenheit. Innovation u n d Restauration in.der
agyptischen Literaturgeschichte», e n H . U . Gumbrecht y U . L i n k - H e e r (eds.), Epo-
chenschweüen und'Epochenstrukturen im Diskurs der Literatur- undSprachhistorie, Frankfurt, 1985»
484-499 (=Síeín unJ&íf, 303-313).
346 EGIPTO

Estos sabios que predecían el futuro,

decían cosas que se han cumplido.
Se encontraban c o m o palabras
escritas en sus libros.
[...] Están, sí ocultos, pero su magia se extiende
a todos los que leen en sus libros.
Ellos se fueron, y sus nombres (podrían estar hace m u c h o ) o l v i -
dados,
163
pero sus escritos mantienen despierto su x-ecuerdo .

L o s o c h o a u t o r e s d e b e n su i n m o r t a l i d a d a la « m a g i a de l a e s c r i -
t u r a » , q u e « s e e x t i e n d e a t o d o s los q u e l e e n e n sus l i b r o s » . L a e s c r i -
t u r a n o s ó l o es c a p a z de v e n c e r al t i e m p o , s i n o t a m b i é n d e r e s u l t a r
siempre p r o v e c h o s a . L o s libros ganan i m p o r t a n c i a c o n los siglos
p o r q u e sus m e n s a j e s se a c r e d i t a n y d e m u e s t r a n s u v e r d a d . S i n esta
d i s t a n c i a d e m u c h o s a ñ o s y s i n esas r e n o v a d a s c o n f i r m a c i o n e s , u n
l i b r o n o alcanza el p u n t o de m a d u r e z q u e l o h a c e c l á s i c o . D e los
o c h o n o m b r e s q u e m e n c i o n a la p e n ú l t i m a estrofa, seis n o s s o n f a m i -
liares: I m h o t e p , Hordjedef, Neferti, K e t i , K a k e p e r r e s e n b y P t a h o -
t e p . D e I m h o t e p n o p o s e e m o s n i u n a l í n e a , p e r o es m e n c i o n a d o
c o m o a u t o r de u n a d o c t r i n a s o b r e la v i d a , i g u a l q u e H o r d j e d e f , K e t i
y P t a h h o t e p , de cuyas o b r a s d i s p o n e m o s . L o s n o m b r e s d e N e f e r t i y
K a k e p e r r e s e n b e s t á n a s o c i a d o s a d e s c r i p c i o n e s de caos o a l a m e n t a -
c i o n e s . L o s dos n o m b r e s restantes están i g u a l m e n t e v i n c u l a d o s a
e s t o s d o s g é n e r o s . E s , p u e s , la l i t e r a t u r a s a p i e n c i a l l a q u e h a c e
i n m o r t a l a s u a u t o r . L a n a r r a c i ó n de S i n u h é n o se e n c u e n t r a e n t r e
las o b r a s clásicas.
S i n u h é t a m p o c o se e n c u e n t r a e n t r e l o s n o m b r e s d e u n a lista
n o t a b l e m e n t e m á s extensa q u e , t o m a n d o c o m o m o d e l o la lista de l o s
reyes, r e ú n e p e r s o n a l i d a d e s i m p o r t a n t e s d e l p a s a d o . E s t a lista p r o -
6 4
c e d e de u n a t u m b a de. la dinastía XIX' existente e n S a q q a r a ' . L o s d o s
r e g i s t r o s i n f e r i o r e s , q u e s o n l o s ú n i c o s c o n s e r v a d o s , m e n c i o n a n 13
n o m b r e s cada u n o ; a r r i b a , visires y s u m o s s a c e r d o t e s ; a b a j o , s a c e r -
d o t e s de r a n g o a l g o i n f e r i o r , y e n m e d i o , u n a l í n e a h o r i z o n t a l c o n
más n o m b r e s . D e ellos nos interesan aquí sólo c i n c o , que s o n a
todas luces n o m b r e s de autores del p a s a d o . C u a t r o de ellos los

-
163 Pap. Chester Beatty I V rto. S>.5 3-n; D . Wildung, Imhotep undAmenhotep, Góttwerdungim
Alten Ágypten, M Á S 36, Munich, 19.77, 2'5-?7-
164 D . Wildung, Imhotep und Amenhotep, 28-29.
 I V / 6. CAMBIO E S T R U C T U R A L D E L PASADO
347
c o n o c e m o s p o r el p a p i r o C h e s t e r B e a t t y : K a i r e s , I m h o t e p , K a k e p e -
r r e s e n b y K e t i ; el q u i n t o es I p u w e r , el « a u t o r » d e las Advertencias de
Ipuwer. T o d o s e s t o s n o m b r e s , c o n e x c e p c i ó n q u i z á d e l d e K e t i , n o
s o n d e a u t o r e s , s i n o de p e r s o n a s e n b o c a de las c u a l e s , y e n el m a r c o
d e u n a f i c c i ó n l i t e r a r i a , se p o n e el t e x t o ; p e r o d e esto n o n e c e s i t a -
m o s o c u p a r n o s a q u í . L a a p a r i c i ó n d e I p u w e r e n esta s e g u n d a lista
c o n f i r m a la i m p r e s i ó n de q u e t a m b i é n las l a m e n t a c i o n e s o las d e s -
c r i p c i o n e s d e c a o s p e r t e n e c e n a la m á s alta l i t e r a t u r a . E l ú n i c o
m a n u s c r i t o c o n s e r v a d o d e las Advertencias de Ipuwer p r o c e d e , p o r l o
demás, del p e r í o d o ramésida.
Las d o s f u e n t e s , el p a p i r o y el relieve e n la t u m b a , i l u s t r a n d e dos
m a n e r a s c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t a s el i n t e r é s d e l p e r í o d o r a m é s i d a
p o r el p a s a d o . Se d i s t i n g u e n e n u n p u n t o capital: el texto literario
a c e n t ú a la r u p t u r a ; el r e l i e v e , e n c a m b i o , la c o n t i n u i d a d . E l t e x t o
del p a p i r o a c e n t ú a la r u p t u r a al d a r a e n t e n d e r q u e el p r e s e n t e n o
g a n a al p a s a d o p o r q u e a c t u a l m e n t e n o h a y n a d i e q u e p u e d a i g u a l a r
a H o r d j e d e f y a I m h o t e p . Esta es la f o r m a t í p i c a d e r e f e r i r s e u n p r e -
s e n t e a u n p a s a d o e l e v a d o a la c o n d i c i ó n d e c l á s i c o . E l r e l i e v e d e l
m u r o , e n c a m b i o , a c e n t ú a la c o n t i n u i d a d p o r q u e l l e v a la l i s t a d e
p e r s o n a l i d a d e s del pasado hasta el p r e s e n t e . U n a lista n a c e del
d e s e o d e u n m o d e l o , la o t r a d e l d e s e o d e c o n t i n u i d a d . A m b a s
e x p l o r a n el p a s a d o .
L a l i t e r a t u r a d e l p e r í o d o r a m é s i d a t o m a , al i g u a l q u e las artes
p l á s t i c a s , c a m i n o s p r o p i o s , y n o se a t i e n e a l o s m o d e l o s q u e ella
c a n o n i z a . L o s . m a t e r i a l e s s o n p o p u l a r e s , y p r o c e d e n e n su m a y o r
p a r t e d e l a t r a d i c i ó n o r a l . A l g u n o s g é n e r o s , c o m o las c a n c i o n e s
amorosas p o r ejemplo, aparecen sólo en manuscritos del p e r í o d o
r a m é s i d a , y s ó l o d u r a n t e este p e r í o d o s o n f o r m a s d e l d i s c u r s o l i t e r a -
r i o . E l p e r í o d o r a m é s i d a es, s o b r e t o d o , el ú n i c o p e r í o d o de la h i s -
t o r i a e g i p c i a q u e n o s p e r m i t e ver u n l a d o de la c u l t u r a e g i p c i a q u e de
o t r o m o d o se n o s h a b r í a o c u l t a d o , y q u e , e m p l e a n d o u n a e x p r e s i ó n
1 6 5
d e M i j a i l B a c h t i n , l l a m a r é su « c u l t u r a d e la r i s a » . E s t a se c o m -
p o n e s o b r e t o d o de historietas y fábulas d i v e r t i d a s q u e v i v e n e n t e r a -
m e n t e e n la t r a d i c i ó n oral, p e r o a l o s q u e a h o r a se a ñ a d e n i l u s t r a c i o -

165 M . Bachtin, Rabelais und seine welt, ed. de R. Lachmann, Frankfurt, 1987; del mismo
autor, Literatur und Karneval. Zjir Romantheorie und LAchkultur, Ullstein Materialien 35218,
Frankfurt/Berlm/Viena, 1985; del mismo autor, Probleme der Poetik Dosloeskijs, Ullstein
Materialien 35228, Frankfurt/Berlín/Viena, 1985; DieÁsthetik des Wortes, ed. de R.
Grübel, Frankfurt, 1979-
 348 EGIPTO

166
n e s s o b r e ostraka . L o s textos c o r r e s p o n d i e n t e s los c o n o c e m o s sólo
p o r m a n u s c r i t o s d e é p o c a s m u y p o s t e r i o r e s , s o b r e t o d o p o r el m i t o
6 7
demótico del ojo solar' . Las mismas imágenes que aparecen sobre
ostraka las e n c o n t r a m o s t a m b i é n s o b r e p a p i r o e n f o r m a d e v i ñ e t a s
s e m e j a n t e s a las de las tiras d e c o m i c .
U n o d e estos p a p i r o s está e n crasa o p o s i c i ó n a l o q u e estamos a c o s -
t u m b r a d o s a v e r s o b r e este c o s t o s o m a t e r i a l d e e s c r i t u r a . S e trata d e
u n p a p i r o c o n s e r v a d o e n T u r í n q u e c o n t i e n e u n ciclo d e 1 2 escenas de
6 8
carácter i n d u d a b l e m e n t e o b s c e n o ' . Los protagonistas s o n u n H o m -
b r e y u n a j o v e n m u j e r . A p a r t e d e su falo g i g a n t e s c o , e l h o m b r e a p a -
r e c e r e p r e s e n t a d o de u n a m a n e r a e n t e r a m e n t e t r a d i c i o n a l y c a r a c t e r i -
6 9
z a d o i n e q u í v o c a m e n t e c o m o m i e m b r o d e l estrato s o c i a l i n f e r i o r ' .
L o s rasgos r e v e l a d o r e s s o n la frente d e s c u b i e r t a , el p e r f i l m a r c a d o , la
p e r i l l a , l i g e r a b a r r i g a y e l m i e m b r o c i r c u n c i d a d o . D e s d e el R e i n o
A n t i g u o , t o d o s l o s m i e m b r o s de la s o c i e d a d ' e g i p c i a q u e , p o r falta d e
o c i o y d e m e d i o s , estaban e x c l u i d o s d e l acceso a la c u l t u r a e g i p c i a d e l
170
c u e r p o , s o n c a r a c t e r i z a d o s j u s t a m e n t e c o n estos r a s g o s .
P a r a c o m p r e n d e r esta c a r a c t e r i z a c i ó n es p r e c i s o r e p a r a r e n l a
extrema artificialidad de la cultura egipcia del c u e r p o , establecida
d e s d e m u y t e m p r a n o e n e l s e n o d e la c u l t u r a c o r t e s a n a y u r b a n a . S e
i m p e d í a el c r e c i m i e n t o n a t u r a l d e l c a b e l l o m e d i a n t e afeitados y d e p i -
l a c i o n e s , i n c l u s o d e l a s cejas, q u e e r a n s u s t i t u i d a s p o r t r a z o s d e
m a q u i l l a j e . S e l l e v a b a n p e l u c a s , q u e v a r i a b a n s e g ú n el c a r g o y la o c a -
s i ó n . A m b o s sexos m a q u i l l a b a n su r o s t r o , p o r t a b a n a d o r n o s y se p e r -
f u m a b a n c o n óleos. L a vestimenta de l u m i n o s o l i n o b l a n c o n o
dejaba r e s q u i c i o al g u s t o p e r s o n a l . L a a p a r i e n c i a c o r p o r a l d e l e g i p c i o

166 E. B r u n n e r - T r a u t , Altagyptische Tiergeschichte undFabel. Gestalt undStrahlkraft, Darmstadt,

1984.
167 Pap. Leiden I 384; W . Spiegelberg, Der agyptische Mythos vom Sonnenauge nach dem Leidener
Demotischen Papjrus l 384, 19*7 ¡ de Cenival, Le mythe de l'oeil du soleil. Trnaslittération ettra-
duction avec commentaire philologique, Demotische Studien 9, Sommerhausen, 1988; E-
s s n I I
Brunner-Traut, Altagyptische Marchen, Dusseldorf,. 19898, 155 - - ° 7 - 3 4 s. D e m o -
tische Paralleltexte: pTebt. Tait 8 y pLille s/n¡ M . Smith, « S o n n e n a u g e » , en LA V,
1984, 1982-1987. '
168 Pap. Turín Gat. 2031, ed. J.A. Omlin, DerPapyrus55001 undseinesatirisch-erotischen /¡¿ich-
nungen undInschrifien, T u r í n , 1973- Ocasionalmente aparecen en ostraka escenas de
temática semejante. Los paralelismos más estrechos se encuentran en el arte menor
egipcio del helenismo.
169 Suele considerarse al hombre u n sacerdote (de rango inferior), pero, a mi parecer,
nada hay que lo sugiera.
170 K . R . Weeks, The Anatomical Knowledgeofthe Ancient Egyptians and the Representation oftheHuman
Figure inEgyptianÁrt, tesis, Yale, I970,
 IV / 6. CAMBIO E S T R U C T U R A L D E L PASADO
349

d i s t i n g u i d o de a m b o s sexos estaba estilizada y d e s p e r s o n a l i z a d a basta

el l í m i t e . L a belleza distinguía de f o r m a n í t i d a y r a d i a n t e a la élite del
7I
p u e b l o rústico y l a b o r i o s o ' .
Esta d i f e r e n c i a tuvo desde el p r i n c i p i o su v a l o r p a r a el arte, y p o r
eso e n c i e r r a desde a n t i g u o , e n la r e p r e s e n t a c i ó n de escenas d e l p u e ­
b l o t r a b a j a d o r —artesanos, c a m p e s i n o s y pastores—, u n e l e m e n t o
c a r i c a t u r e s c o o, p a r a d e c i r l o c o n B a c h t i n , « c a r n a v a l e s c o » . P u e s la
r e p r e s e n t a c i ó n del c u e r p o « p o c o v i s t o s o » , d e l c u e r p o « n o t r a t a d o »
o « p r e p a r a d o » p o r las artes c o s m é t i c a s p a r a el á m b i t o de la i n t e r v i -
s i ó n s o c i a l c o n s t i t u y e ya u n f e n ó m e n o d e l o c a r n a v a l e s c o , l i t e r a r i a ­
m e n t e e x p r e s a d o e n el g é n e r o de la sátira d e l o s o f i c i o s . L o s distintos
o f i c i o s s o n a q u í o b j e t o d e b u r l a p o r la s u c i e d a d q u e p r o d u c e n , y los
m a l o s o l o r e s , los estados de a g o t a m i e n t o y los defectos c o r p o r a l e s s o n
e x a g e r a d o s hasta el e x t r e m o : u n a e x p o s i c i ó n t a m b i é n d e lo c o r p o r a l ,
p e r o de a q u e l l o s aspectos del c u e r p o q u e están t o t a l m e n t e d i s i m u l a ­
1 7 3
dos y s i l e n c i a d o s e n la c u l t u r a elitista d e l c u e r p o .
E l h é r o e de n u e s t r a h i s t o r i a p e r t e n e c e , p u e s , a la esfera de la c o r ­
p o r a l i d a d « s o c i a l m e n t e n o a p t a » . S í n t o m a s d e esta falta de a p t i t u d
n o s o n s o l a m e n t e el aspecto d e s c u i d a d o , s i n o t a m b i é n la e x h i b i c i ó n
s i n r e p a r o s de f u n c i o n e s c o r p o r a l e s q u e l a v e r g ü e n z a r e p r i m i r í a . E l
falo g i g a n t e del. h o m b r e hay q u e v e r l o c o m o u n a e x a g e r a c i ó n c ó m i c a ,
g r o t e s c a , c o m o la de los d e f e c t o s c o r p o r a l e s e n las sátiras de los o f i ­
c i o s . L a m u j e r e n c a r n a p o r su p a r t e las i d e a s d e b e l l e z a d e l l u j o s o
m u n d o d e la élite, d i a m e t r a l m e n t e o p u e s t a s al m u n d o de ese h o m ­
b r e . N o es q u e sea u n a d a m a d i s t i n g u i d a . T i e n e m á s q u e v e r c o n
a q u e l l a s m u s i c a n t e s , d a n z a r i n a s o criadas q u e s o l í a n a p a r e c e r e n los
b a n q u e t e s de los g r a n d e s p a r a solazar el c o r a z ó n y los sentidos de los
c o m e n s a l e s ; es, d i g a m o s , m e n o s u n sujeto q u e u n o b j e t o d e la c u l ­
t u r a e g i p c i a del l u j o . P e r o e n esas escenas a p a r e c e casi s i e m p r e c o m o
sujeto, es d e c i r , ella se divierte, e n v e z d e o f r e c e r s e p a r a la d i v e r s i ó n
de o t r o s . E n esta i n v e r s i ó n se cifra la c o m i c i d a d d e las historietas q u e
se c o n t a b a n y q u e estas i m á g e n e s i l u s t r a b a n . . •

171 Cfr. mi art. «Ikon.ograph.ie der Schonheit im alten A g y p t e n » , en T h . Stemmler

(ed.), Schone Frauen - schóne Manner. Literarische Schónheitsbeschreibungen, Mannheim, 1988,
13-22; C h r . Müller, «Kórperpflege», en LA III (1979), 668-67O; H . Sourouzian,
«Schonheitsideal», LAv (1984), 674-76; E. Zoffili, KleidungundSchmuckimaltenÁgyp-
ten, Frankfurt/Berlín, 1992.
172 P. Seibert, Die Charakteristik. Untersuchungen zu einer altagyptischen Sprechsitte und ihrenAuspragun-
gen in Folklore undLiteratur, Á g . A b h . 17, Wiesbaden, 1967.
350 EGIPTO

Las d e m á s i m á g e n e s d e l p a p i r o d e T u r í n m u e s t r a n figuras a n i m a -
les q u e i l u s t r a n f á b u l a s y q u e a p a r e c e n p o r c e n t e n a r e s e n ostraka y
p a p i r o s d e l p e r í o d o r a m é s i d a . S o n escenas de ese m u n d o i n v e r t i d o :
d o n c e l l a s - g a t a s s i r v e n a d a m a s - r a t a s ; u n f a r a ó n - r a t ó n ataca u n a f o r -
taleza d e f e n d i d a p o r gatos; u n a g o l o n d r i n a a s c i e n d e p o r u n a escalera
a u n á r b o l e n cuya c o p a u n h i p o p ó t a m o r e c o g e h i g o s , e t c . C o n r a z ó n
o b s e r v a H e d w i g K e n n e r q u e « e n la a n t i g ü e d a d . . . la c o m i c i d a d h i l a -
r a n t e n u n c a es i n o f e n s i v a . . . , s i n o q u e es s i e m p r e a m b i g u a : d i v e r t i d a
7 3
y a m e n a z a d o r a a l a v e z » ' . Esta a m b i v a l e n c i a es c o n s u s t a n c i a l a la
c u l t u r a d e la risa y d e l o c ó m i c o e n g e n e r a l . E l e l e m e n t o s a t í r i c o -
p a r ó d i c o es m á s f u e r t e d o n d e h a y a l u s i o n e s i n e q u í v o c a s a f ó r m u l a s
g r á f i c a s d e c a r á c t e r s a g r a d o , o d o n d e el r a t ó n ( i d e n t i f i c a c i ó n d e la
f i g u r a d e a l g ú n h o m b r e c i l l o q u e h a c e r e c o r d a r al M i c k e y M o u s e d e
W a l t D i s n e y ) ejecuta r e s p e t a d o s actos d e v i o l e n c i a estatal c o m o a l g u a -
cil, c a r c e l e r o o j u e z . T a m p o c o la i n v e r s i ó n es c o m o tal s i m p l e m e n t e
c ó m i c a , sino q u e señala la i n e x o r a b i l i d a d del o r d e n v á l i d o . L a c u l -
t u r a p o p u l a r d e l a risa se a l i m e n t a e n t o d a s p a r t e s d e e x p e c t a t i v a s y
e s p e r a n z a s , las q u e n e c e s a r i a y t í p i c a m e n t e g e n e r a la p r e s i ó n d e u n a
74
cultura oficial r i g u r o s a m e n t e diferenciadora y canonizada' '.
E n esta é p o c a se f o r m a , m á s allá d e la c u l t u r a l o f i c i a l e s c r i t a , u n
e s p a c i o estético l i b r e y e x o n e r a d o d e las e x i g e n c i a s f o r m a t i v a s y n o r -
mativas d e la l i t e r a t u r a c u l t a . E n é l b r o t a n o b r a s d e l i t e r a t u r a n a r r a -
tiva d e e n t r e t e n i m i e n t o , c o n narraciones mitológicas, pequeños
relatos y c u e n t o s h i s t ó r i c o s ; t a m b i é n c a n c i o n e s de a m o r y, f i n a l -
m e n t e , l o s g é n e r o s carnavalescos e n s e n t i d o e s t r i c t o , c o m o l o s o n las
h i s t o r i a s e r ó t i c a s e n i m á g e n e s y las i l u s t r a c i o n e s d e h i s t o r i a s d e a n i -
m a l e s . Q u i z á q u e p a r e s u m i r t o d o c u a n t o este l i b r e e s p a c i o e s t é t i c o
alberga c o n u n a expresión empleada e n la lírica a m o r o s a y la poesía
175
de b a n q u e t e s : « r e c r e o d e l c o r a z ó n » (shmhjb: o l v i d a r e l c o r a z ó n [la
p r e o c u p a c i ó n ] ) . C o n este c o n c e p t o d e l o l v i d o d e f i n e t a m b i é n B a c h -
t i n la f u n c i ó n d e la « h u m o r a d a » carnavalesca. E n su t e o r í a , las p a l a -
b r a s m o n o l ó g i c a s están al s e r v i c i o d e l a e s t a t u a r i d a d de u n a « m e m o -

173 H . K e n n e r , Das Phanomen der verkehrten Weltin dergireschich-rómischenAntike, Klagenfurt,

1970,57-
174 La misma autora ha puesto de manifiesto una tendencia similiar a la infantilización
en la cultura egipicia en Frühfórmen des Erkennens. am Beispiel Altagyptens, Darmstadt, I99O.
175 Cfr. M . V . Fox, « T h e Entertainment Song Genre in Egyptian Literature», enScripta
Hierosojymitana 28. Egyptological Studies, Jerusalén, 1982, 268-316; id., The Song ofsongs
and the ancient Egyptian Love Songs, Madison, 1985, 244-247-
 I V / 6. CAMBIO E S T R U C T U R A L DEL PASADO 351

r i a m u e r t a » , las d i a l ó g i c a s al d e la c o n t i n u i d a d d e la « m e m o r i a
7 6
v i v a » y la h u m o r a d a c a r n a v a l e s c a al d e l o l v i d o ' . L a « h u m o r a d a »
q u e h a c e o l v i d a r , y q u e n o r m a l m e n t e existía a p a r t a d a e n l a s u b c u l -
tura d e l f o l k l o r e s i n e s c r i t u r a , q u e d a a d m i t i d a e n el p e r í o d o r a m é ­
sida d u r a n t e d o s s i g l o s e n el d o m i n i o d e la e s c r i t u r a , c r e a n d o e n él
u n e s p a c i o de l i b r e c o m u n i c a c i ó n estética.
L a c o n s t i t u c i ó n d e este e s p a c i o l i b r e y la c a n o n i z a c i ó n d e l o s c l á ­
sicos escolásticos c o r r e n parejas. N a c e a h o r a la i d e a d e u n a l i t e r a t u r a
a n t i g u a , n o r m a t i v a , q u e se s u p o n e q u e n o p u e d e ser i g u a l a d a , y
m e n o s aún sobrepujada, ni, p o r tanto, continuada, sino sólo m e m o -
rizada y c o p i a d a . E n A l e j a n d r í a , la c a n o n i z a c i ó n de los clásicos g r i e ­
gos c o i n c i d e e n el t i e m p o c o n el n e o t e r i s m o d e u n a « m u s a l i g e r a »
7 7
( C a l i m a c o ) ' . L a i m p o s i b i l i d a d de que los antiguos t e n g a n d i g n o s
s u c e s o r e s d e s p i e r t a e n la é p o c a r a m é s i d a el d e s e o d e u n a « n u e v a »
l i t e r a t u r a , la c u a l d e b e ser l i g e r a y e n t r e t e n i d a , p o r q u e d e la f u n c i ó n
f o r m a t i v a ya se e n c a r g a la l i t e r a t u r a d e l r a n g o d e la d e l o s c l á s i c o s
a n t i g u o s . D e n t r o d e esta n u e v a f u n c i ó n l i t e r a r i a , las f o r m a s y l o s
temas de la c u l t u r a de la risa n o d e j a n d e ser i n t e r e s a n t e s , y e n o c a ­
s i o n e s a s c i e n d e n d e s d e la s u b c u l t u r a a la alta c u l t u r a .

176 R.. Grübel, « Z u r Ásthetik des Wortes bei Michail M . B a c h t i n » , en M . M . Bachtin,

DieAsthetikdes Wortes, Frankfurt, 1979. 60 s.
177 Cfr. al respecto E . A . Schmidt, «Historische Typologie der Orientierungsfunktionen
von K a n o n in der grieschichen u n d romischen L i t e r a t u r » , en A . y j . Assmann
(eds.), KanonundfynsuT, 246-258-
 7. EL OCASO DEL REINO NUEVO

E l f i n de la dinastía XX —en l o s d e c e n i o s e n t o r n o a IIOO a . C — y , c o n

ella, el del R e i n o N u e v o , está m a r c a d o p o r u n a n u e v a d e s i n t e g r a c i ó n
d e la u n i d a d p o l í t i c a . E s t u v o así b a j o el s i g n o t í p i c o d e l o s e s t a d o s
« t r a n s i c i o n a l e s » , e n l o s q u e n o s d e t e n d r e m o s e n la P a r t e Q u i n t a .
Este f i n a l es i n e q u í v o c a m e n t e c o n s e c u e n c i a de p r o c e s o s de d i s o l u ­
c i ó n i n t e r n a q u e se v i e r o n a c e l e r a d o s e i n t e l e c t u a l m e n t e r e m a t a d o s
p o r el m o v i m i e n t o r e l i g i o s o d e la p i e d a d p e r s o n a l y su t e o l o g í a de la
v o l u n t a d , y e n l o s q u e H . B r u n n e r d i a g n o s t i c ó u n a « p é r d i d a de la
1 7 8
i d e a del E s t a d o » . P e r o este f i n a l se i n s c r i b e a la vez e n u n a d e s i n ­
t e g r a c i ó n m u c h o m á s a m p l i a , q u e afecta a la t o t a l i d a d de los Estados
mediterráneos y orientales que, empezando p o r Mesopotamia, fue­
r o n c o n s t i t u y é n d o s e d e s d e e l E g e o hasta el I n d o e n el c u r s o d e la
E d a d d e l B r o n c e a n t i g u a , m e d i a y n u e v a . L a t r a n s i c i ó n de la E d a d
del B r o n c e a la E d a d d e l H i e r r o n o es s ó l o u n a p e r i o d i z a c i ó n f o r m a l
de la p r e h i s t o r i a y la p r o t o h i s t o r i a s e g ú n el c r i t e r i o de la t e c n o l o g í a
de las a r m a s , s i n o t a m b i é n u n u m b r a l e n t r e edades q u e h a q u e d a d o
g r a b a d o e n la m e m o r i a c u l t u r a l de O c c i d e n t e . L a s d o s n a r r a c i o n e s
f u n d a c i o n a l e s de O c c i d e n t e , las e p o p e y a s h o m é r i c a s y la h i s t o r i a
b í b l i c a del É x o d o — H o m e r o y Moisés— se r e f i e r e n j u s t o a ésta t r a n s i -

178 H . B r u n n e r , « D i e religióse A n t w o r t auf d i e ; K o r r u p t i o n in Á g y p t e n » , en Das

HbrendeHerí, IO3-I09, esp. 106.
 I V / 7. EL OCASO DEL REINO NUEVO
353

c i ó n . A m b a s s o n d e l siglo X I I I a . C , y a r r o j a n el a n c l a d e l r e c u e r d o al
f o n d o d e u n m u n d o p r e t é r i t o b a j o las capas d e d e s t r u c c i ó n y d e
o l v i d o q u e a b o r a , c o n el final de la E d a d d e l B r o n c e y el c o m i e n z o de
la E d a d d e l H i e r r o , se e x t i e n d e n s o b r e el m u n d o d e s i n t e g r a d o d e l
M e d i t e r r á n e o y d e l A n t i g u o O r i e n t e y m a r c a n c o m o «dark age» un
h i a t o e n t r e el m u n d o c l a r a m e n t e i l u m i n a d o d e la E d a d d e l B r o n c e
tardía y la A n t i g ü e d a d . E g i p t o p a r t i c i p a a su m a n e r a de esta t r a n s f o r ­
m a c i ó n u n i v e r s a l . N o se h u n d e c o m o el r e i n o h i t i t a , s i n o q u e p e r ­
dura e n parte floreciente y p r o d i g i o s a m e n t e creativo en lo cultural
hasta la a n t i g ü e d a d tardía; p e r o n o se p u e d e i g n o r a r q u e , c o n el final
de la e c ú m e n e d e l b r o n c e , c o n c l u y e t a m b i é n e n E g i p t o u n a é p o c a a
la q u e p o s t e r i o r m e n t e , r e m o n t a n d o los « s i g l o s o s c u r o s » d e l o l v i d o ,
se r e f e r i r á n l o s h o m b r e s c o m o a u n a b u n d a n t e m a n a n t i a l d e s e n t i d o ,
de o r d e n y d e f o r m a s c u l t u r a l e s .
S i i m p o s i b l e es i g n o r a r las f u e r z a s i n t e r i o r e s d e o r d e n p o l í t i c o ,
e c o n ó m i c o y e s p i r i t u a l q u e i m p u l s a r o n e n E g i p t o el p r o c e s o de d i s o ­
l u c i ó n del R e i n o N u e v o , n o m e n o s imposible parece, p o r otra parte,
n e g a r la r e l a c i ó n d e este p r o c e s o c o n l a d e s i n t e g r a c i ó n g e n e r a l d e l
m u n d o de la E d a d d e l B r o n c e . Esta d e s i n t e g r a c i ó n g u a r d a r e l a c i ó n
c o n las g r a n d e s m i g r a c i o n e s de p u e b l o s e x t r a n j e r o s —las i n v a s i o n e s
d ó r i c a s , los m o v i m i e n t o s d e los P u e b l o s del M a r y de l o s escitas, q u e
a c e l e r a r o n el ocaso d e l m u n d o m i c é n i c o y d e l r e i n o hitita—, y a u n q u e
E g i p t o s ó l o m a r g i n a l m e n t e se v i o afectado p o r estos m o v i m i e n t o s —y
R a m s é s I I I s i n d u d a e x a g e r ó la i m p o r t a n c i a d e su g u e r r a d e f e n s i v a
c o n t r a l o s P u e b l o s d e l Mar—, t a m b i é n E g i p t o estuvo, e n v u e l t o e n este
proceso universal de p e n e t r a c i ó n y c o l o n i z a c i ó n . L o s soldados r e c l u -
t a d o s e n t r e l o s P u e b l o s d e l M a r y e n t r e l o s l i b i o s , e s t a b l e c i d o s e n el
delta, d e s a r r o l l a n , a c r e c e n t a d o su n ú m e r o c o n l i b i o s q u e l l e g a n e n
masa, u n a a r i s t o c r a c i a m i l i t a r q u e a s i m i l a l a c u l t u r a e g i p c i a y a s u m e
p a p e l e s cada v e z m á s i m p o r t a n t e s de o r d e n m i l i t a r a d m i n i s t r a t i v o y
sacerdotal, hasta o c u p a r el t r o n o c o m o dinastía X X I I . Es c o m ú n
h a b l a r a q u í de d o m i n i o e x t r a n j e r o , p e r o este c o n c e p t o está v e d a d o
en u n a « h i s t o r i a d e s d e d e n t r o » , pues s u p o n e u n c o n c e p t o de
extranjería d e s c o n o c i d o e n t r e l o s e g i p c i o s . L a c o n d i c i ó n de n a t u r a l y
la de e x t r a n j e r o n o la d e c i d e n el o r i g e n y la « r a z a » , s i n o la a c e p t a ­
c i ó n d e las reglas c u l t u r a l e s , y a q u í s ó l o asirios y persas f u e r o n c o n s i ­
d e r a d o s e x t r a n j e r o s e n el s e n t i d o c u l t u r a l e g i p c i o . P e r o , a u n q u e n o
p o d a m o s h a b l a r a q u í de d o m i n i o e x t r a n j e r o , la t o m a d e l p o d e r p o r
los l i b i o - e g i p c i o s f u e o r i g e n d e u n a t e n d e n c i a , q u e n o p o d e m o s
 EGIPTO
354

i g n o r a r , a la d i s o l u c i ó n p o l í t i c a , q u e c u l m i n ó e n la «anarquía
l i b i a » . L a p e n e t r a c i ó n de « m e s h w e s h » e n E g i p t o suele e m p a r e j a r s e
c o n la de l o s e t r u s c o s e n Italia, l o s d o r i o s e n G r e c i a , l o s f i l i s t e o s e n
P a l e s t i n a y l o s escitas e n U r a r t u (el t e r r i t o r i o d e l o s p o s t e r i o r e s
a r m e n i o s ) . L a c o n s e c u e n c i a d e estos d e s p l a z a m i e n t o s s e r á u n a d e s ­
c o m p o s i c i ó n e n la c o n e c t i v i d a d p o l í t i c a y u n a r e g i o n a l i z a c i ó n d e las
c u l t u r a s , a h o r a asentadas e n e s p a c i o s más r e d u c i d o s .
L a n u e v a u n i d a d q u e r e s u l t a r á de esta d e s i n t e g r a c i ó n t r a n s i c i o n a l
a p u n t a a u n a e s t r u c t u r a p o l í t i c a c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t a d e la d e l
m u n d o d e l B r o n c e . L a i d e a d i r e c t r i z de esta u n i d a d y a n o es u n
m u n d o de E s t a d o s , s i n o el E s t a d o m u n d i a l . E l r e i n o n e o a s i r i o i n i c i a
este p r o g r a m a y avanza, e n el c é n i t d e su p o d e r í o , hasta T e b a s , e n el
A l t o E g i p t o . E l r e i n o n e o b a b i l o n i o h e r e d a esta i d e a , p e r o su t i e m p o
es d e m a s i d o escaso p a r a s u p e r a r a l o s a s i r i o s a n t e s de h e r e d a r l a l o s
p e r s a s . E l p r o c e s o d e esta translatio imperii se c o n t i n ú a c o n A l e j a n d r o
M a g n o y el I m p e r i o R o m a n o hasta la E d a d M e d i a , y h a p e r d u r a d o a
través d e l I m p e r i o O t o m a n o , el « S a c r o I m p e r i o R o m a n o d e l a
N a c i ó n A l e m a n a » y el i m p e r i o de los zares hasta la é p o c a m o d e r n a . E l
f u n d a m e n t o d e esta a s o m b r o s a c o n t i n u i d a d es, t a m b i é n a q u í , u n a
c o n s t r u c c i ó n s e m á n t i c a : la i d e a de l o s i m p e r i o s q u e se r e l e v a n u n o s a
o t r o s , el ú l t i m o de l o s cuales p r e c e d e r á al J u i c i o F i n a l s o b r e la T i e r r a
y a la llegada d e l R e i n o de D i o s . Esta v i s i ó n de la h i s t o r i a , e s b o z a d a e n
el Libro de Daniel d e l A n t i g u o T e s t a m e n t o y e n el Apocalipsis de San Juan d e l
N u e v o , la a d o p t ó e l I m p e r i o r o m a n o e n la i n t e r p r e t a c i ó n de T e r t u ­
l i a n o y e n c o m b i n a c i ó n c o n la d o c t r i n a de las e d a d e s d e H e s í o d o ,
i d e n t i f i c á n d o s e c o n ese ú l t i m o i m p e r i o y p r e s e n t á n d o s e así c o m o el
b a s t i ó n q u e p r o t e g e . a los h o m b r e s d e l o s t e r r o r e s d e l f i n d e l m u n d o .
U n p r o c e s o h i s t ó r i c o c o m o fue la t r a s l a c i ó n de las f o r m a s d e d o m i n i o
p r o p i a s de u n o r d e n de p r o p o r c i o n e s colosales, y sentidas c o m o a m e ­
nazadoras, de u n p u e b l o a o t r o se c o n v i r t ó e n u n a i d e a h i s t ó r i c a m e n t e
p o t e n t e , capaz de p r o d u c i r c o n t i n u i d a d allí d o n d e era c o m p r e n d i d a y
e x p u e s t a e n textos f u n d a c i o n a l e s . Es l o q u e o c u r r i ó c o n el c o n c e p t o
d e l o s c u a t r o r e i n o s y s u d e s a r r o l l o e n el a p o c a l i p s i s d e D a n i e l . E l
r e i n o e g i p c i o n o e n t r a e n esta a n a l o g í a , y e l l o t i e n e q u e v e r c o n la
r u p t u r a e n t r e el m u n d o d e la E d a d d e l B r o n c e y el d e la E d a d d e l
H i e r r o . L a idea egipcia del Estado que hubiera p o d i d o hallar cabida
e n esa s u c e s i ó n d e i m p e r i o s , d e h e c h o d e s a p a r e c i ó c o n e l R e i n o
N u e v o , y n o t e n í a d i r e c t a m e n t e n a d a q u e v e r c o n la n u e v a i d e a d e
i m p e r i o q u e se e x t e n d i ó e n el p r i m e r m i l e n i o d e s d e A s i r í a .
 I V / 7 . EL OCASO D E L REINO NUEVO
355
P e r o u n a f ó r m u l a c o m o la d e la « p é r d i d a d e la i d e a d e l E s t a d o »
( B r u n n e r ) n o acierta a c o m p r e n d e r los h e c h o s . A l final del R e i n o
N u e v o , el E s t a d o E g i p c i o n o s ó l o n o se h a h u n d i d o , s i n o q u e t i e n e
para más de m i l a ñ o s —hasta su i n c o r p o r a c i ó n al I m p e r i o R o m a n o — , y
su c u l t u r a s e g u i r á e x i s t i e n d o m u c h o m á s d e l o q u e s i n la i d e a de
Estado le h a b r í a sido p o s i b l e . P u e d e i n c l u s o a f i r m a r s e q u e la s u p e r v i -
v e n c i a d e l E s t a d o e n las c o m p l i c a d a s c i r c u n s t a n c i a s i m p u e s t a s p o r los
sucesivos d o m i n i o s e x t r a n j e r o s s ó l o fue p o s i b l e m e r c e d s o b r e t o d o a
esta p o d e r o s a i d e a d e l E s t a d o . L o s l i b i o s , l o s e t í o p e s , l o s p e r s a s y,
f i n a l m e n t e , la casa m a c e d o n i a de los lágidas h i c i e r o n suya esta idea del
E s t a d o , y e l l o les p e r m i t i ó l e g i t i m a r s e c o m o f a r a o n e s e g i p c i o s . E n la
é p o c a r o m a n a , el Estado e g i p c i o existía ya s ó l o c o m o i d e a , y n o c o m o
r e a l i d a d , p e r o esa i d e a era t a n v i g o r o s a , q u e l o s p r o p i o s e m p e r a d o r e s
r o m a n o s n o p u d i e r o n e x h i b i r su c o n d i c i ó n s i n o a la m a n e r a d e l o s
f a r a o n e s . Es i n d u d a b l e q u e el i m p e r i o r o m a n o a s i m i l ó m u c h o de esta
i d e a e n la c o n f o r m a c i ó n de su p r o p i a i d e o l o g í a , traspasándola a través
de la Iglesia C a t ó l i c a a la t e o l o g í a p o l í t i c a de O c c i d e n t e .
Es i n s t r u c t i v o r e p e t i r a q u í u n j u e g o d e la i m a g i n a c i ó n q u e ya r e a -
lizamos a p r o p ó s i t o del final del R e i n o A n t i g u o . ¿ Q u é aspecto t e n -
d r í a la c u l t u r a f a r a ó n i c a si se h u b i e r a h u n d i d o j u n t o c o n el R e i n o
N u e v o ? Esta p r e g u n t a n o es t a n h i p o t é t i c a c o m o e n el caso del R e i n o
A n t i g u o , p o r q u e m u c h a s r e p r e s e n t a c i o n e s d e la c u l t u r a e g i p c i a d e
h e c h o t e r m i n a n c o n el R e i n o N u e v o , d a n d o la i m p r e s i ó n de q u e el
final d e l m i s m o c o n l l e v ó el d e la c u l t u r a e g i p c i a .
Sea c u a l sea la r e s p u e s t a q u e d e m o s a esta p r e g u n t a , u n a c o s a es
clara: la c u l t u r a e g i p c i a n u n c a h a b r í a l l e g a d o a ser u n a p a r t e c o n s t i -
tutiva d e n u e s t r a p r o p i a t r a d i c i ó n . E l l a se i n t r o d u c e e n ésta p o r d o s
vías: la d e l o s a u t o r e s d e la a n t i g ü e d a d c l á s i c a y la d e la B i b l i a . L o s
a u t o r e s de la a n t i g ü e d a d clásica n o h a b r í a n e n c o n t r a d o y a a la c u l -
t u r a e g i p c i a c o m o u n a c u l t u r a viva y, c o m o l o s a u t o r e s á r a b e s de la
E d a d M e d i a y l o s v i a j e r o s e u r o p e o s d e la E d a d M o d e r n a , ú n i c a -
m e n t e n o s h a b r í a n p o d i d o i n f o r m a r d e sus r u i n a s . P e r o e n r e a l i d a d
n o s i n f o r m a n d e m u c h o m á s : n o s t r a n s m i t e n n o s ó l o la i m a g e n q u e
ellos se h a n f o r m a d o de E g i p t o a través d e las h u e l l a s , s i n o t a m b i é n
d e la i m a g e n q u e l o s p r o p i o s e g i p c i o s p r o y e c t a b a n s o b r e e l l o s e n el
o r d e n t a n t o d e l o s m e n s a j e s c o m o d e l o s r e c u e r d o s d e su p r o p i a
c u l t u r a , esto es: la a u t o i m a g e n e g i p c i a d e la É p o c a B a j a . L a i m a g e n
t r a n s m i t i d a d e esta m a n e r a a la t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l fue f e c u n d í s i m a
p a r a ésta.
 356 EGIPTO

T a m p o c o l a B i b l i a n o s h a b r í a t r a n s m i t i d o a l g u n a h u e l l a d e la
c u l t u r a f a r a ó n i c a si E g i p t o se h u b i e r a h u n d i d o e n e l s i g l o X I . E s
c i e r t o q u e l a i n f o r m a c i ó n d e l É x o d o se basa e n la e x p e r i e n c i a r e a l
d e u n a e s t a n c i a e n E g i p t o y u n a s a l i d a p o s t e r i o r , p e r o estas e x p e ­
r i e n c i a s n o las t u v i e r o n l o s h e b r e o s , sino l o s h i c s o s , cuyas t r a d i c i o ­
n e s h e r e d a r o n l o s h e b r e o s . Israel elevó estas t r a d i c i o n e s al r a n g o d e
u n p a s a d o p r o p i o y n o r m a t i v o y las h i z o o b j e t o d e s u r e c u e r d o c u l ­
t u r a l , c u a n d o e l p u e b l o n e c e s i t ó este p a s a d o p o r r a z o n e s d e s u
s i t u a c i ó n p r e s e n t e . P e r o este p r e s e n t e n o f u e , c o n t o d a s e g u r i d a d ,
a n t e r i o r a la a p a r i c i ó n d e l o s p r i m e r o s p r o f e t a s . P o r e s o , la p l a s m a -
c i ó n l i t e r a r i a d e l a h i s t o r i a de J o s é , d e l É x o d o y d e las d e m á s r e f e ­
r e n c i a s a E g i p t o q u e h a l l a m o s e n la B i b l i a está d e t e r m i n a d a p o r el
E g i p t o d e la É p o c a B a j a , y n o p o r el E g i p t o d e la E d a d d e l B r o n c e ,
e n el q u e la t r a d i c i ó n sitúa e l É x o d o . Y es esta c o n c r e c i ó n y e s p e c i ­
f i c a c i ó n l a q u e da a l o s textos b í b l i c o s , s o b r e t o d o a la historia de
J o s é (Gen.37~5°)> t o d a s u f u e r z a .
Estas r e f l e x i o n e s n o s o n d e l t o d o o c i o s a s . N o s h a c e n v e r q u e n o
p o d e m o s o c u p a r n o s c o n el a n t i g u o E g i p t o desde u n interés p u r a ­
m e n t e anticuario, sino t a m b i é n b u s c a n d o e n él nuestro pasado más
l e j a n o , al q u e h e m o s estado l i g a d o s p o r lazos m u y f u e r t e s , a u n q u e a
m e n u d o o c u l t o s , a l o l a r g o d e l o s s i g l o s . Esta d i m e n s i ó n d e n u e s t r o
i n t e r é s p o r la a n t i g u a c u l t u r a e g i p c i a existe p o r q u e esta c u l t u r a n o se
hundió c o n el Reino N u e v o .
 PARTE QUINTA

Teocracia, poliarquía y arcaísmo

ESTELA TRIUNFAL DE PIYE ( P I A N K I ) , FRONTISPICIO
(FUENTE: N.CHR. GRIMAL, LÁ STÉLE TRIOMPHALE DE C
Pl( ANKH)Y
AUMUSÉE DU CAIRE, i98i, LAM. V )
 1. TANIS YTEBAS: LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN

D I V I S I Ó N D E L GOBIERNO, DESDIFERENGIAGIÓN
D E LOS PODERES

C o n el f i n d e l R e i n o N u e v o e m p i e z a u n a é p o c a agitada y p l a g a d a de
t e n s i o n e s p a r a la q u e se h a g e n e r a l i z a d o la d e n o m i n a c i ó n de « T e r c e r
P e r í o d o I n t e r m e d i o » . Este « T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o » se d i s t i n -
g u e e n m u c h o s p u n t o s esenciales de l o s dos p r e c e n d e n t e s , p o r l o q u e
h a y q u e p r e g u n t a r s e si la e x p r e s i ó n « p e r í o d o i n t e r m e d i o » es a q u í
a p r o p i a d a . U n o d e esos p u n t o s es su d u r a c i ó n : se trata d e u n p e r í -
o d o de m á s d e c u a t r o c i e n t o s a ñ o s . O t r o p u n t o , r e l a c i o n a d o c o n el
p r i m e r o , es e l f u n c i o n a m i e n t o s i n f r i c c i o n e s : d e m o d e l o s p o l í t i c o s
n u e v o s , la a u s e n c i a de e x p e r i e n c i a s caóticas c o m o las e p i g r á f i c a m e n t e
c o n s i g n a d a s e n los mensajes y r e c u e r d o s de los dos p r i m e r o s p e -
r í o d o s i n t e r m e d i o s . Estas n o f a l t a n d e l t o d o , p e r o se c o n c e n t r a n e n
la s e g u n d a etapa de ese p e r í o d o , p o r l o q u e c o n v i e n e d i s t i n g u i r a q u í
al m e n o s dos p e r í o d o s . E l p r i m e r o (ca. Io8o-8°,0 a . G . ) es el p e r í o d o
d e T a n i s y T e b a s , el d e la d i v i s i ó n e n n o r t e y s u r , d e u n d u a l i s m o
ciertamente cargado de tensiones, p e r o siempre políticamente e q u i -
l i b r a d o . E l s e g u n d o p e r í o d o (ca. 8 2 , 0 - 6 5 0 a . G . ) es el de la p o l i a r q u í a
l i b i a , e n su ú l t i m a etapa ( 7 2 5 - 6 5 0 a . C . ) p r i m e r o a s o c i a d a , y l u e g o
i n t e g r a d a e n el r e i n o d e K u s h , p o r l o q u e ya n o se le p u e d e c o n s i d e -
rar u n p e r í o d o i n t e r m e d i o . E l p e r í o d o de la p o l i a r q u í a l i b i a se d e s -
taca e n el T e r c e r P e r í o d o . I n t e r m e d i o c o m o u n a é p o c a c o n s i g n i f i -
cado p r o p i o p o r q u e q u e d ó e n la m e m o r i a cultural de E g i p t o c o m o
 V / 1 . TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA D I V I S I Ó N 36l

u n a s i t u a c i ó n especial. H e r ó d o t o lo caracteriza c o m o el de la « d o d e -
c a r q u í a » , o g o b i e r n o de los d o c e : « T r a s la l i b e r a c i ó n d e E g i p t o (de
los asirios, J . A . ) y el g o b i e r n o d e l sacerdote de H e f a i s t o s ( « S e t h o s » ) ,
los e g i p c i o s —que n o p u e d e n vivir sin u n rey— d i v i d e n E g i p t o en d o c e
p a r t e s g o b e r n a d a s p o r d o c e reyes. Estos e m p a r e n t a r o n e n t r e ellos e
hicieron u n pacto, pues n o querían que nadie destronara a nadie ni
se a p o d e r a r a de sus t i e r r a s » ( l l , J-4-7)-
En este p e r í o d o se d e s a r r o l l a u n c i c l o d e n o v e l a s r e c o g i d o e n
p a p i r o s d e m ó t i c o s d e la é p o c a g r e c o r r o m a n a (el Ciclo de Petubastis). Se
trata del ú n i c o ensayo de g é n e r o h e r o i c o h e c h o e n la l i t e r a t u r a e g i p -
cia, c u y o l e j a n o p a r e c i d o c o n la Ilíada resulta de i n f l u e n c i a s literarias,
y e n c u a l q u i e r caso d e a f i n i d a d e s d e g é n e r o . L a é p o c a d e la p o l i a r -
q u í a l i b i a vive e n estos r e c u e r d o s c o m o u n a e d a d f e u d a l y h e r o i c a .
Más a ú n : hasta la n o v e l a d e t e m a e g i p c i o m á s i n f l u y e n t e de la E d a d
M o d e r n a se d e s a r r o l l a e n u n a especie de t e r c e r p e r í o d o i n t e r m e d i o .
e n
J e a n T e r r a s s o n h a c e vivir a los p e r s o n a j e s de su n o v e l a Séthos ( l 7 3 * )
u n Egipto dividido en cuatro reinos: Tanis, Menfis, T i n i s y Tebas.
L o c u a l se a p r o x i m a a s o m b r o s a m e n t e , a u n q u e sea d e f o r m a más b i e n
casual, a la r e a l i d a d de las dinastías X X I I - X X I V . J u n t o a T a n i s y T e b a s
h a b r í a q u e n o m b r a r a q u í a Sais ( r e i n o al q u e p e r t e n e c í a M e n f i s ) y
H e r m ó p o l i s . T o d o s los reyes están más o m e n o s cercanamente
e m p a r e n t a d o s u n o s c o n o t r o s , p e r o se h a c e n m u t u a m e n t e la g u e r r a .
P o d e m o s c o m p a r a r esta i m a g e n de r e c u e r d o c o n u n a r e p r e s e n t a c i ó n
d e a q u e l l a é p o c a q u e t i e n e c a r á c t e r de « m e n s a j e » . S e t r a t a de u n a
r e p r e s e n t a c i ó n d e la p o l i a r q u í a l i b i a vista.desde e l r e i n o d e K u s h : la
estela t r i u n f a l d e Piye (o P i a n k i ) , q u e este g o b e r n a n t e d e N apata e r i -
gió después de u n a c a m p a ñ a exitosa e n E g i p t o , y q u e n o s muestra
una instantánea contemporánea aceptablemente precisa, aunque,
p o r s u p u e s t o , « s e m á n t i c a m e n t e p r e p a r a d a » , de la s i t u a c i ó n h a c i a
7 3 0 a . C , q u e se c o r r e s p o n d e a s o m b r o s a m e n t e c o n las i m á g e n e s d e l
r e c u e r d o d e esa é p o c a . P o r este m o t i v o d i s t i n g u i r e m o s a q u í e n t r e dos
é p o c a s c o n p e r f i l e s h i s t ó r i c o s y s e m á n t i c o s p r o p i o s , y s ó l o las u n i r e -
m o s e n r a z ó n d e la c o n v e n i e n c i a de u n a c l a s i f i c a c i ó n m á s fácil d e n -
t r o d e la é p o c a d e s i g n a d a c o n el t é r m i n o , q u e e n r e a l i d a d n a d a n o s
dice, de T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o .

E n el a ñ o 1 9 d e R a m s é s X I (ca. 1 0 8 0 a . C ) , u n tal H e r i h o r , d e
c u y o o r i g e n n a d a se sabe y cuya p e r s o n a r e u n í a l o s t í t u l o s de s a c e r -
d o t e d e A m ó n , v i s i r y g e n e r a l í s i m o , a d o p t a u n a e s p e c i e de d i g n i d a d
362 EGIPTO

r e g i a m i e n t r a s e s c r i b e su n o m b r e ( c o n el t í t u l o de s u m o s a c e r d o t e
i n c l u i d o ) e n volutas, se da el t í t u l o de rey e i n t r o d u c e u n n u e v o c ó m -
p u t o a n u a l q u e c o m i e n z a c o n el a ñ o I , a u n q u e n o d e su p r o p i o r e i -
n a d o , s i n o d e u n a e r a d e « r e n a c i m i e n t o » . E s t o s tres p a s o s —la
i n t r o d u c c i ó n de u n a n u e v a c r o n o l o g í a , la a d o p c i ó n de la d i g n i d a d
r e g i a y la a c u m u l a c i ó n de cargos— s o n i g u a l m e n t e r e v o l u c i o n a r i o s .
S u p o n e n u n a r u p t u r a t o t a l c o n la t r a d i c i ó n , p e r o n o m á s q u e u n a
r u p t u r a p a s a j e r a , p u e s u n a v e z c o n s u m a d a ésta y c o n s o l i d a d o el
n u e v o o r d e n , estos p a s o s e n b u e n a p a r t e se d e s a n d a n . S ó l o r e v e l a n
una situación transicional y excepcional.

D e s p u é s de A m e n e m h a t I ( 1 9 9 1 a . G . ) y S e t i I (12,95 a . C . ) , u n
g o b e r n a n t e utiliza p o r t e r c e r a vez e n la b i s t o r i a de E g i p t o la e x p r e s i ó n
« r e p e t i c i ó n d e l n a c i m i e n t o » p a r a a n u n c i a r su r e i n a d o c o m o el p r i n -
c i p i o de u n a n u e v a era. Este paso se salía de l o r u t i n a r i o , y equivalía a
la d e c l a r a c i ó n de u n estado de e x c e p c i ó n . N o r m a l m e n t e , el i n t e r é s e n
la c o n t i n u i d a d e r a . m á s f u e r t e q u e la v o l u n t a d d e r u p t u r a y r e n o v a -
c i ó n . Q u i e n p r e s e n t a b a su ascenso c o m o el i n i c i o de u n r e n a c i m i e n t o
d e j a b a c l a r o q u e la c o n t i n u i d a d estaba r o t a . A m e n e m h a t I u s ó esta
e x p r e s i ó n p a r a p r o c l a m a r el f i n de l o q u e fue el P r i m e r P e r í o d o I n t e -
m e d i o , y Seti I el d e l p e r í o d o de A m a r n a . E l n o m b r e « r e p e t i c i ó n d e l
n a c i m i e n t o » , q u e H e r i h o r d i o a la n u e v a era, n o a n u n c i a l a v u e l t a a
u n a a n t i g ü e d a d acabada, s i n o la n u e v a é p o c a c o m o tal, la r u p t u r a c o n
l o a n t e r i o r . L a p r o p i a c u l t u r a d e esta é p o c a p e r m i t e r e c o n o c e r u n a
clara r u p t u r a c o n las t r a d i c i o n e s d e l p e r í o d o r a m é s i d a , n o a p r e c i á n -
d o s e n i n g ú n r e g r e s o a las f o r m a s de a l g ú n p a s a d o c o n c r e t o . E s s o r -
p r e n d e n t e el escaso u s o q u e este p e r í o d o hace de f o r m a s y c o n t e n i d o s
del pasado» D e ahí q u e n o se l e haya c o n t a d o e n t r e l o s « r e n a c i m i e n -
1
t o s » de la h i s t o r i a c u l t u r a l , y sí e n t r e l o s virajes o p e r í o d o s de p r o -
2
fundas t r a n s f o r m a c i o n e s d e la h i s t o r i a d e E g i p t o .

1 Cfr. Salvatore Settis, «Verbreitung und Wiederverwendung antiker M o d e i l e » , en H .

Beck y K . Hengevoss-Dürkop (eds.), Studien %ur Geschkhte der Europaischen Skulptur im
12./13. Jahrhundert (Schriften des Liebighauses), Frankfurt/Main, 1994, 35l~366.
2 Ver, de la literatura importante sobre este período, especialmente E. Meyer, Gottesstaat,
Militarherrschaft und Standewesen inAgypten (ftir Geschkhte der 21. und 22- Dynastie), SPAW (phil.-
hist. Kiasse), Berlín, 1928; H . Kees, Herihor und die Errichtung des thebanischen Gottesstaats,
NAWG, 1936; del mismo autor, Die Hohenpriester des Amunvon Karnakvon Herihor zum Ende der
Athiopenzeit, Leiden, 1964.; K . A . Kitchen, The Third Intermedíate Period in Egypt (lüo-650 BC),
Warminster, 1973; M . Romer, Gottes- undPriesterherrschafi in Ágypten am Ende desNeuenReichs.
Ein rehgionsgeschichtlichesPhanomen undseinesocalen Grundlagen, A A T 21, Wiesbaden, 1994.
 V / 1. TANIS Y T E B A S : L A c r u w

D e t o d a s las m e d i d a s c o n las q u e H e r i h o r lleva a c a b o la r u p t u r a

c o n el p a s a d o y c o n el sistema de los r a m é s i d a s , q u i z á sea la i n t r o d u c -
c i ó n de u n a n u e v a c r o n o l o g í a la m á s i m p o r t a n t e y s i g n i f i c a t i v a . Esta
m e d i d a n o s aclara l o q u e v e r d a d e r a m e n t e s i g n i f i c a b a c o n t a r los a ñ o s
p o r r e i n a d o s . E l r e y e g i p c i o era el s o b e r a n o d e l t i e m p o s o c i a l , es
d e c i r , d e l t i e m p o c o m o d i m e n s i ó n s o c i a l e n la q u e la t o t a l i d a d d e las
a c c i o n e s , p l a n e s y r e c u e r d o s está o r g a n i z a d a e n u n sistema d e c o o r -
d e n a d a s de s i m u l t a n e i d a d , a n t e r i o r i d a d y p o s t e r i o r i d a d . T o d o s l o s
p l a z o s y t é r m i n o s , v e n c i m i e n t o s y o b l i g a c i o n e s se f i j a n s e g ú n este
t i e m p o , q u e e l rey d o m i n a i g u a l q u e e s p a c i a l m e n t e d o m i n a u n t e r r i -
t o r i o . C o n esta c o m p a r a c i ó n e v o c o , n o s i n i n t e n c i ó n , el KoíNidre, la
o r a c i ó n j u d í a e n J o m K i p p u r c o n la q u e « t o d o s l o s j u r a m e n t o s y
c o m p r o m i s o s » q u e d a n s u s p e n d i d o s . Esta o r a c i ó n se c u e n t a e n t r e las
3
p r o c l a m a c i o n e s d e la « c o r r e c c i ó n » t e o c r á t i c a d e l t i e m p o s o c i a l q u e
Dios hace c o m o señor soberano cuando u n gobernante oriental
s u c e d e a o t r o . C o n el a d v e n i m i e n t o d e u n n u e v o g o b e r n a n t e e m p e -
zaba e n O r i e n t e u n a n u e v a é p o c a e n la q u e r e i n a r í a n la c o n c o r d i a , la
a b u n d a n c i a y la p r o s p e r i d a d . E l n u e v o g o b e r n a n t e « h a c í a j u s t i c i a »
(misharum shakanum, c o m o r e z a la f ó r m u l a b a b i l o n i a ; e n e g . shprmS't)
conmutando penas, suspendiendo obligaciones, anulando deudas
e t c . , q u e e r a n m e n o s a c t o s de c o m p a s i ó n q u e d e r e s t i t u c i ó n , y esta
m i s m a s o b e r a n í a r e n o v a d o r a , f u n d a d o r a e i m p u l s o r a de u n a n u e v a
4
é p o c a , era trasladada e n la t e o c r a c i a j u d í a a D i o s . E n esta d i r e c c i ó n
h a y q u e b u s c a r el s i g n i f i c a d o de la f ó r m u l a c o n q u e H e r i h o r i n t r o -
d u c e su p r o p i a c r o n o l o g í a , d e s m a r c á n d o s e así d e l t i e m p o e s t a b l e c i d o
p o r Ramsés X I , i n c l u i d o s todos los c o m p r o m i s o s t e m p o r a l m e n t e
fijados. C o n esta s e c e s i ó n , todas las r e l a c i o n e s p o l í t i c a s d e l m a n d a t a -
r i o t e b a n o c o n su s o b e r a n o d e j a n d e ser e n T a n i s r e l a c i o n e s i n t e r i o -
3
res y se c o n v i e r t e n e n r e l a c i o n e s e x t e r i o r e s .

E l l o e n m o d o a l g u n o i m p l i c a q u e tales r e l a c i o n e s sean hostiles, s i n o

t o d o l o c o n t r a r i o . N o se trata de u n a r e b e l i ó n , s i n o de u n a especie de
3 V . al respecto m i estudio Politische TheologiezwischenIsrael undÁgypten, C.F.v. Siemens-
Stiftung, Reihe T h e m e n 52, Munich, 1992.
4- A los decretos mesopotámicos de liberación con motivo de las sucesiones (andwaru -
hebr. deror) corresponden en Egipto las proclamaciones de liberación con ocasión
de las fiestas de Sed, tal c o m o se conservan, bajo A m e n o f i s III, en Soleb, y más
tarde, bajo O s o r k o n II (en copia textual de la inscripción de Soleb), en Bubastis
(Kitchen, 321).
5 Cfr. David O ' C o n n o r en B . G . Trigger / B J . K e m p / D . O ' C o n n o r / A . B . Lloyd,
e
Áncient Egypt. A Social History, Cambridge, I983, 239 t d- cast.: Historia del Antiguo Egipto,
Editorial Crítica, 1985].
 EGIPTO

6
« c o n c o r d a t o » . P r e c i s a m e n t e e n esto h a b í a c o n s i s t i d o la l e c c i ó n h i s -
t ó r i c a capital q u e E g i p t o h a b í a a p r e n d i d o d u r a n t e el R e i n o N u e v o : el
r e c o n o c i m i e n t o de q u e el m u n d o o r d e n a d o n o t e r m i n a e n los límites
de E g i p t o , s i n o q u e fuera d e l t e r r i t o r i o de s o b e r a n í a e g i p c i a hay t a m -
b i é n u n o r d e n al q u e es n e c e s a r i o adaptarse de la f o r m a más efectiva y
ventajosa p o s i b l e . L a g u e r r a n o tenía p o r q u é ser s i e m p r e la f o r m a más
v e n t a j o s a d e tal a d a p t a c i ó n E l arte d e la p o l í t i c a e x t e r i o r consistía e n
e n c o n t r a r las f ó r m u l a s e n cada caso m á s ventajosas, y l o s e g i p c i o s
h a b í a n llevado este arte tan lejos, q u e a h o r a , e n esta s i t u a c i ó n d e l a ñ o
19 de Ramsés X I , les p a r e c i ó a los tebanos, y p o s i b l e m e n t e t a m b i é n a los
t a n i t a s , l o m á s v e n t a j o s o a p l i c a r l o a las c i r c u n s t a n c i a s i n t e r i o r e s y
d o m e ñ a r el caos i n t e r i o r m e d i a n t e la i n t r o d u c c i ó n de o r d e n e x t e r i o r .
C o n el i n i c i o d e u n a n u e v a e r a t r a z ó H e r i h o r u n l í m i t e h a c i a
f u e r a . C o n la a c u m u l a c i ó n , hasta e n t o n c e s ú n i c a , de c a r g o s s o b r e su
persoiaa s u p r i m i ó e n c a m b i o l í m i t e s i n t e r n o s . Las d o s m e d i d a s , la d e
la d i f e r e n c i a c i ó n (hacia fuera) y la d e s d i f e r e n c i a c i ó n (hacia d e n t r o ) ,
se c o n d i c i o n a n m u t u a m e n t e , y a m b a s s o n e n i g u a l m e d i d a r e v o l u c i o -
n a r i a s . H a s t a e n t o n c e s , el o r d e n se basaba e n u n a estricta s e p a r a c i ó n
entre reinado y administración. Era de todo p u n t o impensable que
u n rey fuese a la vez visir, s u m o s a c e r d o t e y g e n e r a l . N o s ó l o d e l e g a b a
el rey estas f u n c i o n e s e n los f u n c i o n a r i o s ; t a m b i é n e n la esfera de los
a l t o s f u n c i o n a r i o s e s t a b a n estas f u n c i o n e s s i e m p r e c u i d a d o s a m e n t e
s e p a r a d a s . P o r r e g l a g e n e r a l , n i s i q u i e r a se a s i g n a b a n a m i e m b r o s de
la d i n a s t í a r e i n a n t e ; e n t o d o c a s o , el c a r g o d e g e n e r a l , q u e p o r p r i -
m e r a v e z a s c i e n d e e n el R e i n o N u e v o al r a n g o de j e f a t u r a s u p r e m a de
s u d e p a r t a m e n t o , era t r a d i c i o n a l m e n t e o c u p a d o e n la é p o c a r a m é -
7
s i d a p o r el p r í n c i p e h e r e d e r o . P a r a e l c a r g o d e v i s i r , o d e l o s d o s
v i s i r e s , el d e l n o r t e y el del s u r , así c o m o p a r a el d e s u m o s a c e r d o t e
d e A m ó n y s u p e r i o r d e t o d o s l o s s a c e r d o t e s , sé r e c l u t a b a n h o m b r e s
d e otras f a m i l i a s . Esta e s t r u c t u r a t r a d i c i o n a l d e l r e p a r t o i n t e r i o r d e
p o d e r e s fue s u p r i m i d a p o r H e r i h o r , y este p a s o fue h a c i a d e n t r o t a n
8
r e v o l u c i o n a r i o c o m o h a c i a f u e r a la p r o c l a m a c i ó n d e u n a n u e v a .

6 Esta expresión la emplea David O'G.onnor en su excelente análisis de las circunstan-

cias políticas de la dinastía XXI en Trigger et al., Ancient Egypt, 232.
a
7 Andrea Gnirs, Militar undStaat, tesis doct., Heidelberg, 2- Parte, Secc. B , cap. II.
8 E n el año 2 de la nueva era existió al parecer u n visir llamado Nebmarenakt. O
H e r i h o r abdicó entonces de su visirato (Kees, 12) o, lo que parece más probable,
añadió el cargo de visir a los que ya ostentaba después de apartar a Nebmarenakt del
suyo (Kitchen, Z4-&, n. 31).
 V / 1 . TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN
365

C o n este p a s o d e f i n i ó H e r i h o r u n n u e v o p a p e l p o l í t i c o q u e p o d r í a
d e n o m i n a r s e , e n el s e n t i d o t é c n i c o , a x i o l ó g i c a m e n t e n e u t r a l d e la
p a l a b r a , c o m o el d e d i c t a d o r o « t i r a n o » . P e r o , a d i f e r e n c i a d e los
t i r a n o s y d i c t a d o r e s p o s t e r i o r e s , n o l e g i t i m ó este p a p e l «hacia
a b a j o » , c o n m e d i d a s s o c i a l e s y la o b t e n c i ó n d e u n a m p l i o r e s p a l d o
popular, sino «hacia arriba», mediante una construcción radical­
mente teocrática.
L a c o m b i n a c i ó n de cargos de H e r i h o r r e c u e r d a a la d e H o r e m h e b ,
que, c o m o él, a s c e n d i ó de j e f e d e l ejército a r e g e n t e y s u c e s o r al t r o n o
9
( « p r í n c i p e h e r e d e r o d e l país e n t e r o » ) , y f i n a l m e n t e a r e y . T a m b i é n
1 0
la p o s i c i ó n d e H o r e m h e b se p u e d e c o m p a r a r a la d e u n d i c t a d o r .
Ésta se d e b e a u n a suerte de estado de e x c e p c i ó n r e s u l t a n t e de la grave
crisis p r o d u c i d a al final d e l p e r í o d o de A m a r n a . L a crisis p r o d u c i d a al
final del R e i n o N u e v o c o n d u j o de i d é n t i c a m a n e r a al país a u n a situa­
c i ó n de p e n u r i a q u e suscitó la d e m a n d a d e m e d i d a s d i c t a t o r i a l e s .
N o es difícil averiguar e n q u é c o n s i s t i ó esta crisis y c u á l era la v e n ­
taja de la s o l u c i ó n d i c t a t o r i a l . E l g o b i e r n o d e l o s r a m é s i d a s se h a b í a
d e t e r i o r a d o p o r su i n c a p a c i d a d p a r a g o b e r n a r , es d e c i r , p a r a c o n t r o ­
lar y a d m i n i s t r a r , el r e i n o de T a n i s . N u e v a m e n t e se trataba esta v e z —y
las fuentes l o i n d i c a n a ú n más c l a r a m e n t e q u e al final d e l R e i n o A n t i ­
guo— de u n a típica « c r i s i s de p e n e t r a c i ó n y d i s t r i b u c i ó n » . L a i n f r a e s ­
t r u c t u r a n e c e s a r i a p a r a q u e la e c o n o m í a d e a p r o v i s i o n a m i e n t o f u n ­
cionara, había q u e d a d o destruida. Las entregas n o l l e g a b a n a los
a l m a c e n e s estatales, y el a b a s t e c i m i e n t o desde l o s m i s m o s n o l l e g a b a a
su d e s t i n o . L a c i r c u l a c i ó n de e n t r a d a s y salidas d e s d e l o s a l m a c e n e s
p a d e c í a las sustracciones de f u n c i o n a r i o s c o r r u p t o s y g r u p o s locales de
i n t e r e s a d o s . Las c o n s e c u e n c i a s f u e r o n el h a m b r e , las h u e l g a s , las p r o ­
testas y los p r o c e s o s . E l g o b i e r n o , q u e ya n o p o d í a c o n f i a r e n sus f u n ­
cionarios, quiso.intervenir con «encargados especiales» nombrados
adhoc, l o q u e n o h i z o s i n o agravar a ú n m á s el caos, p o r q u e estos c o r ­
t e s a n o s — f r e c u e n t e m e n t e extranjeros— c o n t r a r i a b a n la p l a n i f i c a c i ó n
de los f u n c i o n a r i o s h a c i e n d o u s o de c o m p e t e n c i a s p o c o claras". J u n t o
c o n la i n f r a e s t r u c t u r a d e s a p a r e c i ó el c l i m a de c o n f i a n z a , de s o l i d a r i -

9 Cfr. para una comparación H e r i h o r / H o r e m b e b , M . Rbmer, Gottes- und Priesterherrs-

chafi, 38.
10 A . Gnirs, Militar undStaat, Parte I, Secc.A.
11 Sobre la crónica escandalosa del los últimos tiempos de la época ramésida, cfr. Pascal
Vernus, Affaires et scandales sous Ramsés. La crise des valeurs dans l'Égypte du Nouvel Empire, París,
1993-
3 66 EGIPTO

dad y de l e a l t a d q u e h a b í a d e t e r m i n a d o el e s p í r i t u d e la b u r o c r a c i a
e g i p c i a , y sin el cual ésta n o f u n c i o n a b a . E g i p t o h a b í a d e j a d o d e ser
g o b e r n a b l e desde u n ú n i c o p u n t o . Y e n esta s i t u a c i ó n s ó l o h a b í a u n a
salida: c o n c e n t r a r c o m p e t e n c i a s e n u n a sola m a n o , p e r o l i m i t a n d o su
alcance, es d e c i r : dividir el país e n t e r r i t o r i o s c o n t r o l a b l e s .
T a m b i é n de este p e r í o d o p o s e e m o s u n a « d e s c r i p c i ó n d e l c a o s »
literaria q u e ilustra la s i t u a c i ó n de crisis vista c o n los ojos d e u n a f e c -
t a d o . Se trata d e u n h o m b r e q u e es e x p u l s a d o d e su t i e r r a y vive e n
t e r r i t o r i o e x t r a n j e r o . T a m b i é n S i n u h é t u v o q u e c r u z a r la f r o n t e r a
del país i n t e n t a n d o escapar d e l c o n t r o l estatal. S u e x p e r i e n c i a d é l o
e x t r a n j e r o e m p e z ó p a r a él c u a n d o se h a l l ó f u e r a d e E g i p t o . E n e l
R e i n o N u e v o t a r d í o , o e n el T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , a l g u i e n se
e n c u e n t r a ya e n el extranjero c u a n d o a b a n d o n a su c i u d a d . Este d r á s -
t i c o c a m b i o e n la e s t r u c t u r a d e la p e r t e n e n c i a y e n la c o h e r e n c i a
p o l í t i c a del país se a p r e c i a c l a r a m e n t e e n la Carta literaria de Moscú ( p a p .
1Z
P u s h i u n 1 2 7 ) - S e trata de u n a o b r a l i t e r a r i a q u e a d o p t a la f o r m a de
o b r a de carácter p r á c t i c o p a r a c o n s i d e r a r la s i t u a c i ó n de l o s t i e m p o s
d e s d e u n á n g u l o e n e x t r e m o s u b j e t i v o . E n la Carta literaria de Moscú, el
y o n a r r a d o r es el de u n alto f u n c i o n a r i o q u e d i s p o n e de b a r c o , c a r r o
y s e r v i d o r p r o p i o s y está p r ó x i m o a la c o r t e . D e s p u é s d e q u e le h a n
r o b a d o t o d o s sus b i e n e s e n u n asalto o u n a r e v u e l t a , h a p e r d i d o su
p u e s t o y ha sido e x p u l s a d o de su c i u d a d , vaga s i n r u m b o p o r E g i p t o .
C a d a vez q u e c o n s i g u e e n t a b l a r r e l a c i o n e s s o c i a l e s , éstas se r o m p e n
e n c u a n t o se d e s c u b r e la p o s i c i ó n q u e antes o c u p a b a :

Me hallaba en una ciudad que no era la mía,

en una población que n o conocía,
como un extraño en ella.
N o tenía a mis antiguos compañeros.
Los que quise hacer mis nuevos amigos,
estuvieron u n tiempo j u n t o a mí,
mas luego se alejaron de mí.
A causa de lo que yo fui me volvían la espalda a m í y a mis n e c e -
13
sidades .

12 R A . Caminos, A Tale ofWoe, Oxford, 1977- La editio princeps de M . A . Korostovtev apa-

reció en ruso, Moscú, 1961.
13 P. Moscú 127, 3, 7-9. ed. de Caminos, A Tale ofWoe, 38-40, pl. 8. Sobre la descon-
fianza hacia el caminante solitario remite Caminos a las observaciones de W. Ward,
Orientalia N . S . 31, 1962, 405 s.
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA D I V I S I Ó N 367

E l l u g a r al q u e se r e f i e r e está s o m e t i d o al r é g i m e n i n t i m i d a t o r i o
de u n t i r a n o l o c a l q u e h a c e la v i d a i m p o s i b l e a l o s c i u d a d a n o s c o n
t r i b u t o s abusivos y m e d i c i o n e s falsas. Y a n o existe u n d e r e c h o c o m ú n
e n E g i p t o : cada alcalde de aldea c a m p a p o r sus r e s p e t o s :

El señor fue injusto conmigo en la qenbet:

« M e causó males en mi c i u d a d ! » .
Sus tributos pesaban sobre mí más de lo que nadie puede imagi-
nar.
Muchos h u b o exprimidos p o r ellos y prendidos p o r él y sus esbi-
rros.
El me dejó también con las manos vacías del grano que otros me
habían dado cuando estuvo ausente.
(La gente dice de sus medidas para el g r a n o ) : « ¡ Q u é malo es el
carpintero que las ha hecho!
¡Un saco se convierte en saco y m e d i o ! » .
14
Por A t u m , el único, que él saqueaba a la g e n t e .

• P e r o la e x p e r i e n c i a m á s a m a r g a es la c o n c i e n c i a d e q u e n a d i e le
echa d e m e n o s . E n esa s i t u a c i ó n de total d i s o l u c i ó n d e todas las redes
s o c i a l e s , u n o p u e d e i n c l u s o c a e r d e s d e las p o s i c i o n e s m á s altas s i n
q u e e l l o a n a d i e le p r e o c u p e . I g u a l q u e e l Desesperado, n u e s t r o p e r s o -
naje v e e n la t u m b a u n l u g a r de r e s o c i a l i z a c i ó n e n o t r a c o m u n i d a d :

Si hubiera habido una noticia que consolara mi corazón

cuando llegó la desgracia.
Pero nunca hubo una comunicación de mi estado
durante toda mi peregrinación.
Si huesos y carne quedan abandonados al borde del desierto,
¿quién les dará sepultura?
N i n g ú n mensaje hubo de interés p o r m í .
Mira, ni los muertos ni los vivos se preocuparon p o r mis afliccio-
nes.
¿ Q u é significarán mis sufrimientos c u a n d o el tiempo haya
pasado,
y esté en el reino de los muertos y c o n la mirada en lo h o r i z ó n -
15
tico? .

14 P. Moscú 127, 4, 13-15.

15 P. Moscú 127, 3, 9-13, Caminos, 40-43.
 368 EGIPTO

L a Carta literaria de Moscú es u n a d e s c r i p c i ó n d e u n c a o s . T r a t a l o s

temas clásicos: h a m b r e , violencia, arbitrariedad, recaudación local y
a u m e n t a d a d e t r i b u t o s , r u i n a d e las r e l a c i o n e s e n t r e l o s h o m b r e s ,
s o l e d a d , d i s o l u c i ó n d e la r e d y la m e m o r i a s o c i a l e s y v a n a e s p e r a n z a
e n la i n t e r v e n c i ó n de u n a i n s t a n c i a s u p e r i o r , a la q u e s ó l o c a b e r e f e -
rirse c o m o « é l » .
A l f i n a l del R e i n o N u e v o , y e n el T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o ,
E g i p t o se c o n v i e r t e d e E s t a d o t e r r i t o r i a l e n u n a f e d e r a c i ó n m u l t i -
c é n t r i c a d e p e q u e ñ o s E s t a d o s . Las c i u d a d e s s o n f o r t i f i c a d a s o c o n s -
t r u y e n c i u d a d e l a s d o n d e l o s . c i u d a d a n o s p u e d a n refugiarse e n caso d e
p e l i g r o . E l c a m p o a b i e r t o ya n o o f r e c e s e g u r i d a d . E l - H i b e , la l o c a l i -
d a d e n la q u e será e n c o n t r a d o n u e s t r o p a p i r o , es u n a de las f o r t a l e -
zas q u e m a r c a n l a f r o n t e r a d e l E s t a d o d i v i n o al n o r t e . E l E s t a d o ya
n o o f r e c e p r o t e c c i ó n f r e n t e a d i s t u r b i o s y asaltos, c o m o a s e g u r a este
t e x t o . L o s c e n t r o s l o c a l e s d e b e n arreglárselas e l l o s s o l o s .
T a m b i é n las m e d i d a s d e H e r i h o r s u g i e r e n u n a s u e r t e d e e s t a d o
de e x c e p c i ó n . P r e t e n d í a n s o b r e t o d o r o m p e r c o n el pasado para
p e r m i t i r la c r e a c i ó n d e u n n u e v o o r d e n . E n c u a n t o este o r d e n se
c o n s o l i d ó , las m á s e x t r e m a s d e ellas q u e d a r o n a n u l a d a s . E n e l a ñ o 7
se a b a n d o n ó e l n u e v o c ó m p u t o d e l o s a ñ o s . P e r o e s o n o s i g n i f i c a
q u e se h u b i e r a v u e l t o al a n t i g u o o r d e n , s i n o m á s b i e n q u e e l n u e v o
o r d e n se h a b í a h e c h o l o s u f i c i e n t e f i r m e , c o n l o q u e la r e i n t r o d u c -
c i o n del c ó m p u t o u n i f i c a d o , sin duda más práctico, p o r los años de
r e i n a d o d e la casa r e i n a n t e e n T a n i s y a n o c u e s t i o n a b a la a u t o n o m í a
del soberano tebano.
E n t r e t a n t o se h a b í a p r o d u c i d o e n el n o r t e u n c a m b i o s i m i l a r al
del sur q u e ratificaba definitivamente el n u e v o o r d e n y hacía s u p e r -
fluas las m e d i d a s t e m p o r a l e s d e e x c e p c i ó n . A l l í s u b e al t r o n o un
h o m b r e a ú n d e m a s i a d o j o v e n l l a m a d o Nsw-Bg-nb-dd o Smendes (en
la f o r m a g r e c i z a d a p o r M a n e t ó n ) , c u y o o r i g e n , c o m o el d e H e r i h o r ,
es o s c u r o , y c u y a s r e l a c i o n e s c o n e l s o b e r a n o t e b a n o s o n e n t a l
g r a d o a m i s t o s a s , q u e c a b e s o s p e c h a r q u e ese j o v e n p o d r í a ser el h i j o
1 6
de H e r i h o r . S o b r e el c a r á c t e r a m i s t o s o de esta r e l a c i ó n n o s i l u s t r a
de u n a f o r m a m u y g r á f i c a u n a f u e n t e l i t e r a r i a : el r e l a t o d e l viaje d e
W e n a m ó n . E s t e se h a l l a e n u n p a p i r o q u e f u e a d q u i r i d o j u n t o c o n
la Carta literaria de Moscú, y d e l q u e se d i c e f u e e n c o n t r a d o e n E l -
H i b e b h , la f o r t a l e z a q u e m a r c a la f r o n t e r a e n t r e l o s t e r r i t o r i o s d e l

16 Viente, JNESzS, 1/4.

 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN

1 7
n o r t e y d e l s u r . I g u a l q u e la Carta literaria de Moscú, e l t e x t o a d o p t a
e x t e r i o r m e n t e u n a f o r m a n o l i t e r a r i a : la d e u n i n f o r m e s e m e j a n t e a
u n acta administrativa b u r o c r á t i c a . E l relato ilustra la s i t u a c i ó n h i s t ó -
e
rica e n el a ñ o 5 d e l r e n a c i m i e n t o , es decir, e n el a ñ o 24 ¿ Ramsés XI.
W e n a m ó n es e n v i a d o p o r H e r i h o r a B i b l o s c o n la m i s i ó n d e a d q u i r i r
m a d e r a p a r a la b a r c a s a g r a d a d e A m ó n . A q u í se d a g r a n v a l o r a la
a u t o r i z a c i ó n d e esta m i s i ó n . L a o r d e n de c u m p l i r l a h a p a r t i d o e n r e a -
l i d a d d e l p r o p i o dios A m ó n , y el relato m u e s t r a u n p u n t o d e a p a r i e n -
cia satírica: d e s d e el l a d o t e b a n o , el status d i v i n o d e l q u e l a h a o r d e -
n a d o es más q u e suficiente p a r a q u e la m i s i ó n se c u m p l a , y W e n a m ó n ,
en lugar de valiosos regalos y de u n a escolta militar, q u e era lo
c o r r i e n t e e n estos casos, p a r t e p r o v i s t o ú n i c a m e n t e d e u n a « r e c o m -
p e n s a d i v i n a » o f r e c i d a e n r e c o m e n d a c i o n e s e s c r i t a s y u n a estatua
p o r t á t i l d e A m ó n . S u p r i m e r a e s t a c i ó n es T a n i s , d o n d e S m e n d e s y
T a n u t a m ó n , q u e a ú n n o e r a n rey y r e i n a , a u n q u e ya e r a n l o s « f u n d a -
m e n t o s q u e A m ó n h a p u e s t o al n o r t e de este p a í s » , a p o y a n su m i s i ó n
y le e q u i p a n al m e n o s c o n l o m á s n e c e s a r i o . A m b o s le s i g u e n el j u e g o .
E l p r í n c i p e d e B i b l o s , e n c a m b i o , n o está c o n f o r m e c o n la n u e v a
f o r m a s i m b ó l i c a d e p a g o , es d e c i r , la r e c o m p e n s a d i v i n a . W e n a m ó n le
p r o p o n e regalar la m a d e r a al dios A m ó n , e t e r n i z a r este r e g a l o e n u n a
estela y r o g a r al dios q u e , e n r e c o m p e n s a por ello, l e c o n c e d a 50 años
m á s de v i d a . P e r o el p r í n c i p e le p r e s e n t a al e g i p c i o la c u e n t a de l o q u e
e n otras o c a s i o n e s se había p a g a d o e n plata p o r l a m a d e r a p a r a l a barca
de A m ó n .

M e trajo d o c u m e n t o s de tiempos de sus antepasados y me hizo

leerlas. I.OOO debos de plata era el total consignado en sus d o c u -
mentos...
¿ Q u é clase de misión es la tuya, que te h a n enviado sin ninguna
provisión? ¡
Le dije: eso n o es verdad. M i misión no carece de provisión. N o
hay n i n g ú n barco en el N i l o que no sea de A m ó n . A él le p e r t e -
nece t a m b i é n el mar. Suyo es el L í b a n o , del que tú piensas que
« m e p e r t e n e c e a m í » . « S í » , dijo A m ó n R e a H e r i h o r , a m i
señor, que me ha enviado. Y m i señor m e entregó esta magnífica
imagen del dios...

17 Pap. Pushkin 120, ed. de Golenishchev, Papyrus hiératique de la collectian W. Golénischejf con-
tenantla description du vqyage de l'Egyptien Ounou-Amon en Phénicie, Recueü des Travaux 21, 1899,
74.-IO2. H . Goedicke, The Reporto/Wenamum, Baltimore, 1975-
37o EGIPTO

T ú dices que los reyes anteriores habrían enviado plata y o r o —si

h u b i e r a n p o d i d o enviar vida y salud, n o habrían enviado tales
cosas...—. ¡Pero A m ó n - R e es el señor de la vida y la salud! T a m -
b i é n era el señor de tus antepasados. Ellos se pasaron la vida
haciéndole ofrendas. ¡ Y tú también, pues tú eres u n servidor de
A m ó n ! Si dices « s í » a A m ó n y cumples su encargo, te encontra-
rás sano, feliz y afortunado mientras vivas, y así te verá tu país y
todo tu pueblo. ¡No pidas para ti otra cosa de A n ó n - R e , el rey de
18
los dioses! .

W e n a m ó n le p r o p o n e luego enviar u n mensajero a Tanis para que

traiga el d i n e r o n e c e s a r i o . A s í se h a c e , y c u a n d o el m e n s a j e r o v u e l v e
m e s e s m á s t a r d e , el p r í n c i p e d e B i b l o s o r d e n a c o r t a r l a m a d e r a y
d e p o s i t a r l a e n la o r i l l a . " W e n a m ó n h a c e al p r í n c i p e otra p r o p o s i c i ó n
m á s e n la d e s p e d i d a .-

¿ N o te alegraría hacerte construir u n a estela en la que pudieras

decir: « A m ó n - R e , el rey de los dioses, me ha enviado a su m e n -
sajero A m ó n - d e l - c a m i n o , j u n t o c o n W e n a m ó n , su mensajero
h u m a n o , para retirar la madera destinada a la grande y sublime
barca de A m ó n . Y o la corté, yo la transporté y yo pagué a m i s
obreros, los barcos y la tripulación. Y o la hice llegar a Egipto para
que A m ó n me concediera 5 O años más de vida. Y así s u c e d i ó » ? Y
cuando en tiempos posteriores venga u n mensajero y la lea y vea
tu n o m b r e en la estela, recibirás agua en el occidente según los
19
dioses que allá se e n c u e n t r e n .

A ú n n o se sabe si este texto es u n a sátira l i t e r a r i a o u n acta a u t é n -

tica; la c u e s t i ó n sigue h o y abierta. P e r o , e n t o d o caso, el t e x t o revela el
c a m b i o m e n t a l , p o l í t i c o y e c o n ó m i c o q u e d i s t i n g u e a la n u e v a e r a d e
la t r a d i c i ó n d e l R e i n o N u e v o , y m u e s t r a a la vez l o c o n s c i e n t e s q u e d e
este c a m b i o e r a n l o s h o m b r e s d e esa e r a . N o s a b e m o s si e l a u t o r se
t o m ó e n serio el i n t e n t o d e H e r i h o r d e c o n s e g u i r l o q u e q u e r í a c o n el
« p a g o » simbólico del oráculo de A m ó n o más b i e n quiso ridiculizar
a H e r i h o r , p e r o , sea c o m o f u e r e , n o s m u e s t r a d e u n a m a n e r a b i e n
significativa cuál era el estilo de g o b i e r n o d e la dinastía X X I . E l p r o p i o
H e r i h o r plasmó en u n a inscripción, desgraciadamente m u y deterio-
r a d a , u n o r á c u l o d e A m ó n q u e l e p r o m e t í a 20 a ñ o s m á s d e v i d a .

18 Wenamun 2,8-34.
19 Wenamun 2,54-6o.
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN 371

Hasta q u é p u n t o l o s e g i p c i o s « c r e í a n » e n este o r á c u l o , m e d i a n t e el
cual H e r i h o r r e p r e s e n t a b a n o s ó l o sus m e d i d a s p o l í t i c a s , s i n o c u a l -
q u i e r a s u n t o , i n c l u s o los f e n ó m e n o s m á s triviales, c o m o m a n i f e s t a -
c i o n e s de la v o l u n t a d d e l d i o s A m ó n —el v e r d a d e r o r e y - , s i e m p r e l o
i g n o r a r e m o s . H e r i h o r l l e g ó a vivir u n p o c o m á s d e l t i e m p o de v i d a
que le c o n c e d i ó el o r á c u l o . E l relato de W e n a m ó n p o n e de m a n i f i e s t o
q u e sus c o n t e m p o r á n e o s t e b a n o s v e í a n la f o r m a de g o b i e r n o t e o c r á -
tica de la dinastía X X I c o m o u n a c u r i o s i d a d q u e se hallaba e n c o n t r a -
d i c c i ó n c o n la t r a d i c i ó n , y q u e p r o f a n o s c o m o el p r í n c i p e d e B i b l o s ,
m u y d i f í c i l m e n t e , si alguna vez l o h a c í a n , p o d í a n aceptarla.
A u n q u e el n u e v o c ó m p u t o f u e a b a n d o n a d o e n el a ñ o 7 d e la
nueva era ( p r e s u m i b l e m e n t e el de la m u e r t e de H e r i h o r ) , e n p o l í t i c a
e x t e r i o r se i m p u s o la s e p a r a c i ó n de las esferas d e p o d e r , y e n p o l í t i c a
i n t e r i o r la d e s d i f e r e n c i a c i ó n d e l p o d e r d e l g o b i e r n o , y otras d i n a s -
tías l o c a l e s s i g u i e r o n el e j e m p l o t e b a n o al a s u m i r sus m i e m b r o s las
f u n c i o n e s del s a c e r d o c i o , la j e f a t u r a m i l i t a r y la a d m i n i s t r a c i ó n civil.
E l s u c e s o r d e S m e n d e s e n T a n i s , P s u s e n n e s I, t a m b i é n se n o m b r ó
s u m o sacerdote d e A m ó n , c o n l o q u e el r e i n o d e l n o r t e y el d e l s u r ya
n o se c o m p l e m e n t a b a n c o m o el p o d e r t e m p o r a l y el p o d e r espiritual,
s i n o q u e se s i t u a b a n p e r f e c t a m e n t e p a r a l e l o s u n o j u n t o a o t r o . T a m -
b i é n e n la c ú s p i d e d e l o s p r i n c i p a d o s q u e s u r g i e r o n e n la s e g u n d a
etapa d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , la d e la « p o l i a r q u í a l i b i a » , e n
H e r a c l e ó p o l i s , M e d n e s , A t h r i b i s , Sais y o t r o s l u g a r e s h a b í a s i e m p r e
u n p r í n c i p e q u e r e u n í a e n su p e r s o n a l o s c a r g o s d e s u m o s a c e r d o t e
del dios d e la c i u d a d c o r r e s p o n d i e n t e , c o m a n d a n t e d e l ejército y j e f e
2 0
de la a d m i n i s t r a c i ó n . H a b í a n a c i d o u n a n u e v a f o r m a d e o r g a n i z a -
c i ó n p o l í t i c a . E n l u g a r d e d i f e r e n c i a c i ó n f u n c i o n a l bajo u n g o b i e r n o
único, ahora había diferenciación gubernamental con unificación
f u n c i o n a l . Este d e s a r r o l l o se p r o d u c e b a j o f o r m a s d e p o l í t i c a e x t e -
r i o r amistosa, t o t a l m e n t e dispuesta a la alianza y la asistencia, y, p o r
e n d e , al m a y o r r e f u e r z o p o s i b l e d e l o s lazos e x t e r i o r e s . E l m e d i o , el
« c e m e n t o » de esta c o n e x i ó n era el p a r e n t e s c o —el m a t r i m o n i o p o l í -
tico o la o c u p a c i ó n d é l o s p u e s t o s m á s i m p o r t a n t e s p o r m i e m b r o s de
la familia—. P r á c t i c a m e n t e todas las casas r e i n a n t e s estaban c e r c a n a -
21
m e n t e e m p a r e n t a d a s o e n t r o n c a d a s . E n l u g a r d e l m o n o p o l i o d e la

20 J. Yoyotté, «Les Principautés du Delta au temps de l'anarchie libyenne», en Mélan-

gesMaspéro, 1:4, El Cairo, 1961, I 2 I - l 8 l .
21 Véase al respecto los árboles genealógicos en Trigger et aüi, AncientEgypt, p. 236 s.
 372 EGIPTO

v i o l e n c i a , q u e h a b í a d e f i n i d o al E s t a d o e g i p c i o , h a b í a a h o r a sistemas
d e a l i a n z a s m e d i a n t e las c u a l e s l o s E s t a d o s p a r t i c u l a r e s , p o s e e d o r e s
cada u n o d e su p r o p i o e j é r c i t o , se p r o t e g í a n u n o s d e o t r o s . E n l u g a r
del m o n o p o l i o tributario, tributaciones particulares. E n lugar del
p r i n c i p i o d e l m é r i t o b u r o c r á t i c o , q u e hasta e n t o n c e s h a b í a d e t e r m i ­
n a d o , al m e n o s e n t e o r í a , l a o c u p a c i ó n d e l o s p u e s t o s , e l p r i n c i p i o
aristocrático del linaje.
Esta f e u d a l i z a c i ó n d e la b u r o c r a c i a e g i p c i a s i n d u d a g u a r d a r e l a ­
ción c o n los libios, q u e ahora o c u p a b a n los puestos superiores. Sus
tribus estaban n a t u r a l m e n t e o r g a n i z a d a s s o b r e la base d e l p a r e n t e s c o ,
y este p r i n c i p i o q u e d ó i m p r e s o e n las estructuras b u r o c r á t i c a s t r a d i ­
c i o n a l e s d e la a d m i n i s t r a c i ó n e g i p c i a . P e r o el p a r e n t e s c o n o e r a s o l a ­
m e n t e el m e d i o m á s i m p o r t a n t e de i n t e r c o n e x i ó n h o r i z o n t a l , s i n o
también p r i n c i p i o de i n c l u s i ó n y legitimación en sentido vertical. E l
o r i g e n y el l i n a j e d e t e r m i n a b a n la p o s i c i ó n s o c i a l .
C a s i todas las s o c i e d a d e s c o n o c i d a s d e l m u n d o a n t i g u o y m e d i e v a l
—la israelita, la g r i e g a , la r o m a n a * la b i z a n t i n a , la europea— e s t u v i e ­
r o n estructuradas de m o d o p r e f e r e n t e m e n t e genealógico, p o r lo q u e
la n o v e d a d y l a i m p r o b a b i l i d a d h i s t ó r i c a d e este p a r a d i g m a e n l a
s o c i e d a d e g i p c i a es f á c i l m e n t e s u b e s t i m a d o . E n r e a l i d a d h u b o a q u í
u n p r o f u n d o c a m b i o d e p a i - a d i g m a . E l p a r a d i g m a g e n e a l ó g i c o ya n o
valía s ó l o e n e l p l a n o s u p e r i o r d e las casas r e i n a n t e s , s i n o t a m b i é n e n
los p l a n o s s u b o r d i n a d o s d e las f u n c i o n e s l o c a l e s sacerdotales y a d m i ­
nistrativas. O r i g e n y p a r e n t e s c o l o e r a n t o d o . Para q u i e n o c u p a b a u n
puesto era i m p o r t a n t e presentarse c o m o hijo de u n « N N d e i d é n ­
tico título, hijo de u n N N de idéntico t í t u l o » , etc., etc., y la mayor
b e n d i c i ó n de los dioses era p o d e r heredar u n puesto de « h i j o a
c c
h i j o » (w z3w : « u n o , hijo del o t r o » ) , l o que produjo algunos á r b o ­
les g e n e a l ó g i c o s i n c r e í b l e m e n t e f r o n d o s o s , q u e o c u p a b a n v a r i o s
siglos, d e s u c e s o r e s e n u n c a r g o . L a n e c e s i d a d de i n c l u s i ó n g e n e a l ó ­
gica e r a t a n t o m a y o r p o r c u a n t o q u e las d e m á s f o r m a s l e g i t i m a d o r a s
de i n c l u s i ó n e n u n s e c t o r s o c i a l h a b í a n d e s a p a r e c i d o . L o s « m e n s a ­
j e s » g e n e a l ó g i c o s d e esta é p o c a s u g i e r e n m á s c l a r a m e n t e q u e t o d o s
l o s d e m á s la d e s a p a r i c i ó n d e l o s p a r á m e t r o s o r d e n a d o r e s t r a d i c i o n a ­
les q u e antes h a b í a n e s t r u c t u r a d o e l e s p a c i o social. E n l o s t i e m p o s e n
que f u n c i o n a b a el g o b i e r n o m o n á r q u i c o central, la c u a l i f i c a c i ó n
e s p e c i a l i z a d a , q u e se a d q u i r í a y d e m o s t r a b a e n u n sistema d e f o r m a ­
c i ó n c e n t r a l m e n t e r e g u l a d o , e r a la q u e d e c i d í a , al m e n o s e n t e o r í a ,
q u i é n o c u p a b a l o s p u e s t o s . G u a n d o este s i s t e m a d e r e c l u t a m i e n t o
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN
373

s e g ú n c u a l i f i c a c i ó n y eficacia p e r d i ó v i g e n c i a , q u e d a b a el c r i t e r i o d e l
o r i g e n para n o d e j a r la o c u p a c i ó n de los p u e s t o s a m e r c e d d e l azar o
del o d i o s o d e r e c h o d e l m á s f u e r t e . E l p r i n c i p i o g e n e a l ó g i c o d e l a
h e r e d a b i l i d a d del c a r g o se i m p u s o hasta tal p u n t o e n t o d o s l o s d o m i -
n i o s de la s o c i e d a d , q u e q u i n i e n t o s a ñ o s d e s p u é s H e r ó d o t o creyó v e r
e n E g i p t o u n sistema de castas: « L o s e g i p c i o s t i e n e n siete castas d i f e -
r e n t e s . U n a es la d e l o s s a c e r d o t e s , la s e g u n d a , la d e l o s g u e r r e r o s ;
l u e g o v i e n e n los v a q u e r o s , los p o r q u e r o s , l o s b u h o n e r o s , l o s i n t é r -
p r e t e s y los b a r q u e r o s » ( i l , 1 6 4 ) -
V e m o s a p a r e c e r a q u í , p o r s e g u n d a vez d e s p u é s de m á s d e I . O O O
a ñ o s , u n a n u e v a e s t r u c t u r a d e p e r t e n e n c i a s o c i a l e n el v a c í o d e j a d o
p o r u n a e s t r u c t u r a t r a d i c i o n a l e s f u m a d a . T r a s el d e s m o r o n a m i e n t o
del R e i n o A n t i g u o e n c o n t r a m o s la e s t r u c t u r a d e l p a t r o n a t o , c o n l o s
n u e v o s r o l e s s o c i a l e s d e l m a g n a t e y el c l i e n t e y la i d e o l o g í a c o r r e s -
p o n d i e n t e d e la l e a l t a d , q u e l u e g o d e j a r o n su h u e l l a t a n t o e n la i m a -
g e n d e l r e i n o p o s t e r i o r c o m o e n la de la p i e d a d p e r s o n a l . A h o r a
e n c o n t r a m o s , p o r u n a p a r t e , la p e r t e n e n c i a g e n e a l ó g i c a a u n a c a d e n a
de p a d r e s y a n t e c e s o r e s e n el c a r g o , m a s , p o r otra, t a m b i é n u n a r e l a -
c i ó n g o b e r n a d a p o r las ideas d e la p i e d a d p e r s o n a l c o n el d i o s tutelar
de c a d a . c i u d a d , l a c u a l d e t e r m i n a el l u g a r s o c i a l d e l i n d i v i d u o y la
f o r m a d e su a r r a i g o y su s e g u r i d a d .
P e r o , e n l l a m a t i v o c o n t r a s t e c o n el p r i m e r o y el s e g u n d o p e r í o d o s
i n t e r m e d i o s , n o se o y e n e n a b s o l u t o v o c e s q u e se l a m e n t e n de la
r u i n a d e la u n i d a d p o l í t i c a d e l r e i n o n i q u e h a b l e n d e « c a o s » . E s
e v i d e n t e q u e esta v e z n a d i e p e r c i b e la s i t u a c i ó n p o l í t i c a c o m o s i t u a -
c i ó n crítica o, m e n o s aún, catastrófica. L a diferencia c o n los a n t e -
r i o r e s p e r í o d o s i n t e r m e d i o s r a d i c a e n la e s t r u c t u r a de las c o n e x i o n e s
que, e n el d o m i n i o d e la p o l í t i c a e x t e r i o r , t r a b a b a n las d i s t i n t a s
dinastías y p r i n c i p a d o s e n u n o r d e n c o m ú n . L a ventaja de este n u e v o
o r d e n p o l í t i c o t u v o q u e ser t a n e v i d e n t e , q u e la p é r d i d a d e la u n i d a d
p o l í t i c a n o se e x p e r i m e n t a b a c o m o u n a p é r d i d a d e s e n t i d o .
L a s e m á n t i c a de la a c c i ó n social y p o l í t i c a , antes o r i e n t a d a a la i d e a
de M a ' a t , se había d e s v a n e c i d o . N a t u r a l m e n t e , el « p a r a d i g m a g e n e a -
l ó g i c o » n o era s u f i c i e n t e p a r a l l e n a r el vacío así c r e a d o . Q u i z á p o d í a
dar f u n d a m e n t o a u n a n u e v a e s t r u c t u r a de p e r t e n e n c i a , p e r o n o era
u n a idea n o r m a t i v a c o n fuerza suficiente para g u i a r la a c c i ó n . P o r otra
parte, apenas e n c o n t r a m o s e n esta é p o c a g é r m e n e s de u n a s e m á n t i c a
feudal e n t o r n o a c o n c e p t o s relativos al h o n o r , el n o m b r e f a m i l i a r y el
p r e s t i g i o d e l l i n a j e . L a s ideas centrales de la n u e v a s e m á n t i c a c u l t u r a l
 EGIPTO
374
p r o v e n í a n de u n a fuente d i s t i n t a r l a p i e d a d p e r s o n a l y su t e o l o g í a d e la
v o l u n t a d . E v i d e n t e m e n t e , d o n d e m e j o r p o d í a n realizarse estas i d e a s
era en el p l a n o local, d o n d e p o d í a n traducirse e n estructuras a d m i n i s ­
trativas de a l c a n c e l i m i t a d o . P u e s el d i o s de la p i e d a d p e r s o n a l e r a el
d i o s t u t e l a r de la c i u d a d , y la f o r m a de p a r t i c i p a r p e r s o n a l m e n t e d e l
s e n t i d o y de la vida r e l i g i o s o s era la fiesta d e la c i u d a d .
E l m i s m o p r o c e s o d e r e g i o n a l i z a c i ó n y d e s c e n t r a l i z a c i ó n d e la
administración egipcia tenía también, y sobre t o d o , u n lado práctico.
D e s i n t e g r a d a la r e d g l o b a l d e d i s t r i b u c i ó n y a p r o v i s i o n a m i e n t o d e l
Estado, los sistemas locales de a p r o v i s i o n a m i e n t o t u v i e r o n que
r e e m p l a z a r l a . P o r eso v i e r o n s i e m p r e l o s m a g n a t e s l o c a l e s e n la d e s ­
i n t e g r a c i ó n d e l g o b i e r n o c e n t r a l la o p o r t u n i d a d de e r i g i r s e e n
gobernantes y legitimar su m a n d o , lo cálmente l i m i t a d o , p e r o f u n -
c i o n a l m e n t e t o t a l , e n su c a p a c i d a d p a r a a s e g u r a r el a p r o v i s i o n a ­
m i e n t o —y esto s i g n i f i c a l e g i t i m a r l o h a c i a abajo—. S e g u r a m e n t e esto
n o fue e n el T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o m u y d i s t i n t o q u e e n el p r i ­
m e r o . P o r e s o , el b e c b o d e q u e e n las i n s c r i p c i o n e s p r i v a d a s d e las
dinastías X X I I a XXVI a p a r e z c a n a m e n u d o frases, e i n c l u s o largas
citas, de i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o ,
s o b r e t o d o de las t u m b a s d e S i u t , es t o d o m e n o s f r u t o d e u n m e r o
i n t e r é s p o r el p a s a d o . H a b í a u n s e n t i m i e n t o de a f i n i d a d c o n a q u e l l o s
b o m b r e s d e b a c e casi m i l e n i o y m e d i o - , se v e í a n e n e l l o s m o d e l o s ,
tanto literarios c o m o sociales, para una situación comparable,
t o m á n d o s e su f i g u r a s o c i a l c o m o e l e m e n t o d e la p r o p i a a u t o r r e p r e -
s e n t a c i ó n . P e r o esto n o v a l e p a r t i c u l a r m e n t e p a r a l a d i n a s t í a X X I , es
d e c i r , p a r a la v e r d a d e r a é p o c a de t r a n s f o r m a c i ó n / E n las i n s c r i p c i o ­
n e s de d i c h a é p o c a , t o d a f o r m a d e a u t o r r e p r e s e n t a c i ó n retrocede
ante la r e a l i z a c i ó n r a d i c a l d e la i d e a t e o c r á t i c a .
La dinámica histórica del Tercer Período Intermedio viene deter­
m i n a d a p o r el m o v i m i e n t o p e n d u l a r e n t r e d o s m o d e l o s p o l í t i c o s : e l
tradicional « h i p o t á c t i c o » ( « A » ) del g o b i e r n o faraónico, que prevé
la u n i d a d e n el p l a n o d e l g o b i e r n o y la d i f e r e n c i a c i ó n e n e l p l a n o de
las f u n c i o n e s , y el n u e v o m o d e l o « p a r a t á c t i c o » ( « B » ) , i n t r o d u c i d o
p o r H e r i h o r , q u e p r e v é u n a y u x t a p o s i c i ó n e n el p l a n o d e l g o b i e r n o
y la u n i d a d e n el p l a n o d e las f u n c i o n e s . E l n u e v o m o d e l o a d q u i e r e
su f o r m a clásica bajo el t e b a n o P i n u d e m I y el tanita P s u s e n n e s I.
P i n u d e m es el s u m o s a c e r d o t e de la dinastía X X I q u e m á s f r e c u e n t e y
c l a r a m e n t e e m p l e a l o s t í t u l o s r e g i o s , y P s u s e n n e s se da p o r su p a r t e el
t í t u l o de s u m o s a c e r d o t e de A m ó n . D e ese m o d o q u e d a c u b i e r t a t o d a
 V / 1 . T A N I S Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA D I V I S I Ó N

la p a r a t a x i s p o l í t i c a . E l m o d e l o f u n c i o n a p a r t i c u l a r m e n t e b i e n e n
este caso, p u e s l o s d o s g o b e r n a n t e s e m p a r e n t a n m e d i a n t e u n m a t r i -
m o n i o p o l í t i c o ( P i n u d e m se casa c o n u n a b i j a d e P s u s e n n e s ) y h a c e n
u n a típica política de «seguridad c o m ú n » " . L o s m o d e l o s A y B
d o m i n a r á n c o m o o p c i o n e s p o l í t i c a s alternativas l o s siglos s i g u i e n t e s .
P o r eso p o d e m o s f i g u r a r n o s q u e esta é p o c a d e m á s d e 3 0 O a ñ o s n o
fue u n a é p o c a d e p e r m a n e n t e d i v i s i ó n . S i e m p r e h u b o entonces
g o b e r n a n t e s q u e q u i s i e r o n el r e g r e s o al m o d e l o A y q u e p o r a l g ú n
t i e m p o l o g r a r o n i m p o n e r l o . U n o de ellos fue, p o r ejemplo, S h e s -
k o n q I , f u n d a d o r d e la dinastía X X I I , q u e p u s o f i n a la a u t o n o m í a d e
la c i u d a d d i v i n a t e b a n a al p r o h i b i r l a h e r e d a b i l i d a d d e l p u e s t o d e
s u m o s a c e r d o t e y h a c e r v a l e r la regla de q u e ese p u e s t o d e b e s i e m p r e
o c u p a r l o u n h i j o d e l rey r e i n a n t e . N o m e n o s e n é r g i c a m e n t e r e a c -
c i o n ó más tarde O s ó r k o n I I después de que los sumos sacerdotes
S h e s k o n q ( h i j o d e O s o r k o n i ) y su h i j o H a r s i e s e h u b i e s e n a d o p t a d o
el t í t u l o d e rey y l o g r a d o i m p l a n t a r c o n é x i t o e l m o d e l o B . S i e m p r e
h u b o , p u e s , p e r í o d o s de r e i n a d o q u e n o f u e r o n propiamente
« p e r í o d o s i n t e r m e d i o s » y que incluso h i c i e r o n u n a política exterior
a g r e s i v a . S h e s k o n q I f i g u r a , i n c l u s o e n la p r o p i a B i b l i a , como
s a q u e a d o r d e l t e m p l o d e j e r u s a l é n . P e r o t a m p o c o e n l o s p e r í o d o s de
fortaleza p u d i e r o n restablecerse los m o n o p o l i o s , definidores del
E s t a d o , d e la v i o l e n c i a y la r e c a u d a c i ó n d e t r i b u t o s . P o r o t r a p a r t e ,
l o s p e r í o d o s e n q u e d o m i n ó el m o d e l o B n o se c o n s i d e r a r o n c o m o
p e r í o d o s d e d e s o r d e n si la d i v i s i ó n p a r a t á c t i c a d e l p o d e r e r a c o m -
pensada c o n m e d i d a s generadoras de confianza.

TEOCRACIA

E l t é r m i n o « t e o c r a c i a » p r o c e d e de Flavio J o s e f o , q u i e n l o a c u ñ ó p a r a
2 3
d e f i n i r la c o n s t i t u c i ó n j u d í a . Este t é r m i n o h a c e r e f e r e n c i a a la i d e a
d e la a l i a n z a c o n D i o s : el p u e b l o e l i g e a I H W H c o m o rey, y I H W H
elige a Israel c o m o su p u e b l o . E l p o d e r g u b e r n a t i v o es e j e r c i d o r e p r e -

22 Los dos gobernantes son grandes constructores de fortalezas, pero estas fotalezas no
están enfrentadas entre sí, sino a una amenaza compartida en la que hay que ver
intrusiones libias.
c r
23 Contra Apionem 2, f - H. Cancik, «Theokratie und Priesterherrschaft.
I >>
Die mosaische Verfassungbei Flaviusjosephus, c. Apionem 2, I57~ 98 , enj. Tau-
bes (ed.), Theokratie, Munich, 1987, 65 77-
 376 EGIPTO

sentativamente p o r l o s s a c e r d o t e s , p e r o e n a c u e r d o c o n D i o s , el v e r -
d a d e r o g o b e r n a n t e , c u y a v o l u n t a d es a v e r i g u a d a e n t o d a d e c i s i ó n
i m p o r t a n t e m e d i a n t e técnicas oraculares ( « u r i m y t h u m m i m » ) . E n la
m e d i d a e n q u e l o s s a c e r d o t e s n o se p r e s e n t a n c o m o g o b e r n a n t e s
( c o m o e n el caso d e l o s h a s m o n e o s ) , c a b e d e n o m i n a r a esta f o r m a
« t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a » . E l rasgo distintivo de esta t e o c r a c i a i d e n t i t a -
ria es q u e q u i e n g o b i e r n a es D i o s m i s m o , q u e d a n d o e l p u e s t o d e l
g o b e r n a n t e d e s o c u p a d o . L o s sacerdotes q u e e j e r c e n defacto el p o d e r se
c o n s i d e r a n servidores d e D i o s y r e c e p t o r e s de sus ó r d e n e s .
P e r o c u a n d o el s a c e r d o t e r e p r e s e n t a n t e d e D i o s a p a r e c e c o m o
g o b e r n a n t e , es m e j o r h a b l a r de t e o c r a c i a r e p r e s e n t a t i v a . E n el p l a n o
de la r e a l i d a d h i s t ó r i c a , las t r a n s i c i o n e s s o n f l u i d a s , p u e s e l p o d e r
e j e r c i d o de h e c h o s i e m p r e se a c o m p a ñ a d e títulos, p e r o la d i s t i n c i ó n
t i e n e su s e n t i d o e n el p l a n o t e ó r i c o . E n su f o r m a clásica, l a m o n a r -
q u í a f a r a ó n i c a se basa e n el p r i n c i p i o d e la t e o c r a c i a r e p r e s e n t a t i v a .
E n tanto q u e g o b e r n a n t e y n o s a c e r d o t e , el f a r a ó n r e p r e s e n t a al d i o s
e n calidad de h i j o s u y o . Es v i c a r i o e i m a g e n de su p a d r e . Y é l es a su
vez r e p r e s e n t a d o p o r sus s a c e r d o t e s .
C a b e t a m b i é n h a b l a r de t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a r e s p e c t o a las c u a t r o
p r i m e r a s dinastías d e E g i p t o , p u e s e n ellas el g o b i e r n o d e l f a r a ó n . n o
se e n t e n d í a c o m o r e p r e s e n t a c i ó n , al s e r el f a r a ó n e n c a r n a c i ó n d e l
d i o s . P e r o la d i f e r e n c i a c o n la t e o c r a c i a j u d í a n o p u e d e c o n s i d e r a r s e
e x t r e m a . P u e s e n ésta n o es la p o s i c i ó n d e l g o b e r n a n t e , s i n o l a d e
D i o s la q u e q u e d a « d e s o c u p a d a » . Q u i e n g o b i e r n a n o es i m a g e n d e
D i o s , s i n o q u e « e s » D i o s . E l r e i n a d o f a r a ó n i c o e n su f o r m a clásica,
r e p r e s e n t a t i v a , n u n c a a b a n d o n ó d e l t o d o el a s p e c t o e n c a r n a t o r i o .
G o m o h i j o d e l d i o s , e l f a r a ó n s i e m p r e e r a t a m b i é n , al m i s m o
t i e m p o , e n c a r n a c i ó n d e u n d i o s . P e r o el d i o s q u e se e n c a r n a b a e n el
f a r a ó n era s i e m p r e r e d u c i d o al g r a d o d e u n d i o s h i j o . E L f a r a ó n n o
e n c a r n a b a a A m ó n , a R e o a P t a h , s i n o a H o r u s , h i j o de O s i r i s , y
c o m o tal era e s e n c i a l m e n t e u n h i j o .
U n a f o r m a m e d i a d o r a e n t r e la t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a y la t e o c r a c i a
representativa era el m o d e l o de la c o r r e s p o n s a b i l i d a d . E n este caso, el
f a r a ó n n o e n c a r n a al d i o s c o m o g o b e r n a n t e , mas t a m p o c o l o r e p r e -
senta: a m b o s g o b i e r n a n j u n t o s c o m o p a d r e e h i j o . T a l es el m o d e l o d e
la r e l i g i ó n de A m a r n a . A j e n a t ó n escribía el n o m b r e de su d i o s e n a n i -
llos reales, y le daba el título de « m i p a d r e » e n el s e n t i d o de sénior d e l
r e i n o . El m o n o t e í s m o equivalía aquí a m o n a r q u í a , u n a m o n a r q u í a
ejercida c o n j u n t a m e n t e p o r A t ó n y A j e n a t ó n . P o r eso s u p r i m i ó A j e -
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN
377
n a t ó n el c a r g o de s u m o sacerdote c o m o i n s t i t u c i ó n r e p r e s e n t a t i v a . É l
a c t u ó in persona c o m o sacerdote de su d i o s , n o p e r m i t i e n d o q u e e n esta
f u n c i ó n n a d i e le r e p r e s e n t a r a . P e r o defacto r e i n ó s o l o , p u e s n o se
c o n o c e n técnicas d e a v e r i g u a c i ó n de la v o l u n t a d de A t ó n .
E l sistema q u e H e r i h o r i m p l a n t ó e n T e b a s es el q u e m á s se a p r o ­
x i m a al s i s t e m a j u d í o . Es c i e r t o q u e H e r i h o r a d o p t a el t í t u l o de rey,
p e r o rebaja el c o n c e p t o de m o n a r q u í a al r a n g o s a c e r d o t a l . C o n s e r v a
su t í t u l o d e s a c e r d o t e y h a s t a i n c l u y e e l t í t u l o de s u m o s a c e r d o t e
c o m o p r e n o m b r e e n su t i t u l a t u r a . E l t í t u l o de rey n o expresa su r e l a ­
c i ó n c o n el d i o s , s i n o c o n R a m s é s X I . S i g n i f i c a s o l a m e n t e s o b e r a n í a
p o l í t i c a e n el s e n t i d o d e i n d e p e n d e n c i a r e s p e c t o d e l r e i n o tanita, n o
u n a r e l a c i ó n r e p r e s e n t a t i v a c o n el r e i n o d i v i n o . Esta es u n a d i s t i n ­
c i ó n i m p o r t a n t e q u e casi s i e m p r e q u e d a e n l a s o m b r a c u a n d o se
h a b l a d e las r e g a l í a s d e l o s s u m o s s a c e r d o t e s t e b a n o s . L o s s u m o s
s a c e r d o t e s d e la d i n a s t í a X X I r e p r e s e n t a n c o m o s e r v i d o r e s , , n o c o m o
g o b e r n a n t e s , al g o b i e r n o d e l d i o s . P o r eso h a y q u e h a b l a r a q u í d e
teocracia identitaria.
L a i m p l a n t a c i ó n de u n a t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a e n E g i p t o n o o b e d e ­
ció, a m i j u i c i o , a motivos políticos, sino religiosos. Ella transforma
la t e o l o g í a de la v o l u n t a d e n r e a l i d a d p o l í t i c a . R a m s é s I I I fue ya m u y
l e j o s e n e s t o . E n sus h i m n o s a A m ó n se p r e s e n t a e n e l p a p e l d e l
« p o b r e » q u e h a p u e s t o al d i o s « e n su c o r a z ó n » y le sirve fiel « e n su
a g u a » . S u s o r a c i o n e s y d i á l o g o s d e d i c a d o s a A m ó n h a b l a n el l e n g u a j e
de la p i e d a d p e r s o n a l . P e r o , p o r o t r a p a r t e , R a m s é s I I I se r e p r e s e n t a
e n sus i n s c r i p c i o n e s h i s t ó r i c a s c o n u n pathos d i v i n o d e u n e f e c t o
p u n t o m e n o s , q u e o p e r í s t i c o . S e g u r a m e n t e h a b r í a s i d o el ú l t i m o al
q u e se l e h u b i e r a o c u r r i d o rebajar e l r a n g o de l a m o n a r q u í a . Q u e es
j u s t o l o q u e h a c e H e r i h o r , q u e a d m i t e c i e r t a s r e g a l í a s , p e r o n o la
a m p u l o s i d a d d e l c o n c e p t o r a m é s i d a de la realeza. E n el f o n d o él es el
s a c e r d o t e , o el g e n e r a l , p el visir, y deja la a u t o r i d a d d e l g o b e r n a n t e
a A m ó n . H e r i h o r i n s t i t u y e u n a t e o c r a c i a i d e n t i t a r i a p a r a r e s o l v e r la
d i s o n a n c i a cognitiva que la m o n a r q u í a r a m é s i d a h a b í a p r o d u c i d o
c o n s u p i e d a d y su p a t é t i c a a u t o e x a l t a c i ó n . L a v i s i ó n d e l m u n d o , la
i d e a d e l a d i v i n i d a d y el cocncepto d e l a r e a l e z a y a n o a r m o n i z a n .
C a b e i m a g i n a r q u e el p a r a d i g m a r a m é s i d a d e u n . r e i n o d i v i n o p á t i c a ­
m e n t e exaltado se h a b í a a g o t a d o c o n el r e c o n o c i m i e n t o de la t e o l o g í a
de l a v o l u n t a d , y c o l a p a s a d o d e n t r o d e sus p r o p i a s paradojas.
T o m a d a e n s e r i o , l a t e o l o g í a d e la v o l u n t a d exigía u n e j e c u t o r o b e ­
diente, n o u n representante e n c u m b r a d o .
 EGIPTO
378

Y esto s ó l o f u n c i o n a c o n u n a t é c n i c a u m v e r s a l m e n t e aceptada de
c o n s u l t a o a v e r i g u a c i ó n de la v o l u n t a d d i v i n a . A este f i n s o n p e r f e c -
c i o n a d a s las f o r m a s o r a c u l a r e s t r a d i c i o n a l e s d e E g i p t o , a m p l i a d a s
hasta la e x a g e r a c i ó n a l o l a r g o d e l p e r í o d o r a m é s i d a . L a e g i p c i a n o es
u n a c u l t u r a e s e n c i a l m e n t e d i v i n a t o r i a ; ésta es u n a d e sus d i f e r e n c i a s
más significativas c o n M e s o p o t a m i a . Hasta el R e i n o N u e v o n o se d e s -
a r r o l l a n f o r m a s de a d i v i n a c i ó n p o r i n t e r p r e t a c i ó n d e s i g n o s . E n el
p e r í o d o r a m é s i d a se p r a c t i c a ya la a d i v i n a c i ó n a través d e los s u e -
24 25 26
ñ o s ' , los p á j a r o s , l o s v i e n t o s y las e s t r e l l a s . L a f o r m a m á s a n t i g u a
y e x t e n d i d a , la f o r m a clásica t a m b i é n , de c o n o c i m i e n t o de la v o l u n -
tad d i v i n a es el o r á c u l o , p e r o i n c l u s o d e éste n o h a y t e s t i m o n i o s
a n t e r i o r e s al R e i n o N u e v o . Esto es m e n o s a s o m b r o s o d é l o q u e q u i z á
2 7
resulte al p r o n t o . T o d o s estos f e n ó m e n o s se d a n e n el h o r i z o n t e de
u n a t e o l o g í a de la v o l u n t a d , la c u a l s ó l o a p a r e c e e n el R e i n o N u e v o .
L a p a l a b r a l a t i n a oraculum, d e os, « b o c a » , c o n n o t a la i d e a de u n a
d e c l a r a c i ó n o r a l . E s t o v a l e t a m b i é n p a r a el terminus technicus egipcio
hr.tw, « o r á c u l o » , q u e v i e n e de la l o c u c i ó n dd.hr.tw, « h a n hablado»:.
P e r o e n E g i p t o el d i o s n o h a b l a , s i n o q u e m a n i f i e s t a s u v o l u n t a d
m e d i a n t e m o v i m i e n t o s d e su i m a g e n e n p r o c e s i ó n , l o s c u a l e s s o n
e n t e n d i d o s c o m o « d e c l a r a c i o n e s » . L o s o r á c u l o s se i n s c r i b e n , p u e s ,
s ó l o e n el c o n t e x t o d e las p r o c e s i o n e s , es d e c i r , d e las fiestas. L o s
m o v i m i e n t o s d e l a i m a g e n d e c u l t o c o n s t i t u y e n u n Código s u m a -
m e n t e r e s t r i n g i d o q u e l i m i t a la m a n i f e s t a c i ó n d e l d i o s p r á c t i c a m e n t e
al sí y al n o , y c o m o m u c h o a la e l e c c i ó n e n t r e varias alternativas q u e
se le p r o p o n e n e n f o r m a de c a n d i d a t o s o de d o c u m e n t o s e s c r i t o s . Es
s o r p r e n d e n t e c ó m o a l g o así n o s ó l o . f u n c i o n a r a d u r a n t e s i g l o s , s i n o
q u e a d e m á s p r o s p e r a r a y se a m p l i a r á s i n c e s a r . L a e x a g e r a d a t e o r í a
28
del e n g a ñ o s a c e r d o t a l se p u e d e p e r f e c t a m e n t e e x c l u i r d e este c o n -
2 9
texto p o r q u e —como ha señalado p r i n c i p a l m e n t e M . R ó m e r — e n

24 El papiro ramésida Chester Beatty III es un manual de interpretación de los sueños.

Cfr. S. Sauneron, «Les songes et leur intérpretation dans l'Egypte ancienne», en
Sources Orientales 2, 1959-
r
25 H. Brunner, «Vogelschau inÁgypten», en GAf 2'5', 977- 45~46.
26 H. Brunner, «Zeichendeütung aus Sternen und winden in Agypten», en fs. Elli-
ger, I 9 7 3 - reimp. en DasHórende Herz, 1988, 224-229-
27 C/r.J. Cerny, «Egyptian Oracles», en R.A. Parker, ASaite Oracle PápyrusfiomThebesin the
BrooklynMuseum(PapyrusBrooklyn 4^.218.3), Providence, 1962, 35-
28 H. Bonnet, Reallexikon derÁgyptischen Religionsgeschichte, 800s. H.M. Schenke, Die Orakelim
Alten agypten, tesis doctoral, Berlín, 1960; 175•
29 M. Romer, Gottes- undPriésterherrschaft, 135 ss.
 V / 1 . T A N I S Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA D I V I S I Ó N
379
m u c h o s o r á c u l o s l o s p r o p i o s asistentes e r a n s a c e r d o t e s . E l o r á c u l o
e r a u n a e s p e c i e d e t e a t r o , p e r o esto n o s i g n i f i c a q u e f u e r a u n acto
i l u s i o n i s t a . E l o r á c u l o hay q u e e n t e n d e r l o c o m o u n a c t o p ú b l i c o
s i m b ó l i c o . Éste se d e s a r r o l l a d e u n a m a n e r a e s p o n t á n e a y c o n v i n -
c e n t e e n el m a r c o d e la c u l t u r a festiva e g i p c i a , i g u a l q u e la p i e d a d
p e r s o n a l y la t e o l o g í a de la v o l u n t a d q u e t o d o s l o s q u e la v i v e n v i n c u -
l a n a la fiesta. L a fiesta, que n a d i e l l a m a r á h o y acto i l u s i o n i s t a , es u n a
e s c e n i f i c a c i ó n d e la p r e s e n c i a d e l d i o s , y el o r á c u l o es desde su o r i g e n
p a r t e d e este c o n t e x t o e s c e n i f i c a d o r . M á s a ú n : la e s c e n i f i c a c i ó n f e s -
tiva d e la p r e s e n c i a d e l d i o s se o r i e n t a e n t o d o s sus detalles al m o d e l o
3 0
r e g i o . L a p r o c e s i ó n es e n sí u n e s p e c t á c u l o t e o c r á t i c o , y el E s t a d o
d i v i n o t e b a n o n o es, e n este r e s p e c t o , s i n o u n a p e r m a n e n c i a d e la
fiesta. L a fiesta es la f o r m a e n q u e el d i o s , s e ñ o r d e la c i u d a d , i n s p e c -
c i o n a su d o m i n i o y ejerce su g o b i e r n o .
U n a m o d a l i d a d e s p e c i a l m e n t e característica d e la dinastía X X I s o n
los d e c r e t o s o r a c u l a r e s . Estos s o n d o c u m e n t o s escritos c o n garantías
de p r o t e c c i ó n de A m ó n para determinadas personas. L o s decretos
o r a c u l a r e s s o n t a n t o p a r a vivos c o m o p a r a m u e r t o s . E n el caso d e l o s
vivos, su f u n c i ó n es la de u n a m u l e t o o u n t a l i s m á n . P r o t e g e n p r i n -
c i p a l m e n t e d e d e s g r a c i a s , i n c l u i d a s las c o n s e c u e n c i a s d e la i r a d e
otras d i v i n i d a d e s . E n el caso d e l o s m u e r t o s , su f u n c i ó n es la de u n a
carta d e r e c o m e n d a c i ó n a las a u t o r i d a d e s d e l m u n d o i n f e r i o r c o n
ó r d e n e s t e r m i n a n t e s d e p r e s e r v a r la i n m u n i d a d d e l m u e r t o . A m b a s
f o r m a s de r e g u l a c i ó n e i n f l u e n c i a e n d o m i n i o s q u e e s c a p a n al c o n -
t r o l h u m a n o t r a s c i e n d e n el á m b i t o d e p o s i b i l i d a d e s d e las a c c i o n e s
r e g i a s . E l d i o s g o b i e r n a n o s ó l o c o m o rey, s i n o t a m b i é n c o m o d i o s .
L a n e c e s i d a d d e s e g u r i d a d d e esa é p o c a p u d o h a b e r visto e n la t e o -
c r a c i a u n a i m p o r t a n t e ventaja.
E n l o s d e c r e t o s relativos al m á s allá, A m ó n se p r e s e n t a c o n la m á s
g r a n d i o s a titulatura d e g o b e r n a n t e . Esta t i t u l a t u r a v i e n e expresada e n
u n e u l ó g i c o e s t i l o p a r t i c i p i a l ; t a m b i é n las i n s c r i p c i o n e s r e a l e s d e l
p e r í o d o ramésida e m p i e z a n p o r lo r e g u l a r c o n largas alabanzas del
rey expresadas e n c o n s t r u c c i o n e s p a r t i c í p a l e s q u e h a c e n r e l a c i ó n de
3 1
sus títulos y sus n o m b r e s e n u n l a r g o h i m n o . Esta eulogía se i n s c r i b e

30 Cfr. al respecto y especialmente J.Cerny, «Egyptian Oracles, 36 mit der Gegenü-

berstellung einer Sanftenprozession Haremhabs und einer Barkenprozession
Amuns», en fig. 8.
31 LA II, 1975, 40-46 s. v. Eulogie.
 38o EGIPTO

e n la t r a d i c i ó n de l o s g r a n d e s h i m n o s a A m ó n d e la é p o c a r a m é s i d a
t a r d í a , d e l o s c u a l e s se c o n s e r v a u n c o n v o l u t o d e u n a c o p i a d e l a
dinastía X X I I e n el M u s e o d e B e r l í n . 3 3

La p r i m e r a p a r t e d e l texto liga e n l o c u c i o n e s s i e m p r e nuevas el

a s p e c t o d e l d i o s o r i g i n a r i o y o r i g e n d e t o d o s e r a las f o r m a s d e s u s
o b r a r p r e s e n t e y e t e r n o , e l q u e m a n t i e n e el m u n d o c o m o s o l , l u n a y
c r e c i d a d e l N i l o . E l d i o s es e l t o d o - u n o d e l q u e t o d o s u r g i ó , el q u e
tocio l o c o m p r e n d e , e l q u e está d e m ú l t i p l e s f o r m a s p r e s e n t e e n e l
m u n d o y a l a vez p e r m a n e c e o c u l t o e i n c o g n o s c i b l e ; es e l « B a » , es
d e c i r , el p o d e r i n m a t e r i a l - a n í m i c o q u e se m a t e r i a l i z a c o m o m u n d o :

Este dios sublime, señor de todos los dioses,

A m ó n - R e , señor de Karnak, el primero de Tebas,
el augusto Ba, que surgió al principio,
el gran dios que vive de Ma'at.
El p r i m e r dios original, el que creó todos los dioses originales,
aquel del que nació todo dios.
33
El dios u n o , que se hizo m i l l o n e s .
El u n o ú n i c o , que creó los seres,
que en el p r i n c i p i o puso la tierra.
O c u l t o e n su origen, abundante en encarnaciones, cuyo p r i n c i -
pio se desconoce.

L o s s i g u i e n t e s v e r s o s o p o n e n al u n o s u r g i d o de sí m i s m o , d e l c u a l
t o d o b r o t ó , s u f o r m a d e a p a r e c e r c o m o s o l , p r i m e r o e n su p r i m e r í -
simo.comienzo original, y luego e n su curso diario:

Sublime forma que infunde amor,

majestuosa, fuerte e n sus apareceres,
señor de las alturas, de i m p o n e n t e figura,
de cuya imagen, toda figura surgió.
El que dio comienzo al ser cuando nada había que no fuera él,
el que e n el p r i n c i p i o i l u m i n ó la tierra.

G r a n disco solar de luminosos rayos, • • '

que cuando se muestra, cada mirada vive.

32 ÁHGnos 119-137; 14.3; 130.

33 Este verso se encuentra sólo en la variante Pinudem.
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN 38l

El que cruza el cielo sin cansarse,

mañana a mañana, en firme y constante misión.
El anciano que al amanecer reaparece joven,
que llega hasta los límites del tiempo.
Q u e recorre el cielo y atraviesa el m u n d o inferior,
iluminando los dos países para sus criaturas.

Las estrofas s i g u i e n t e s a h o n d a n e n el a s p e c t o de la c o n s e r v a c i ó n
d e l m u n d o m e r c e d a su a c c i ó n d e c i d i d a y e n é r g i c a . E l « t o r o » , el
« c a r n e r o » y el « l e ó n » ( t a n f a m i l i a r e s p a r a n o s o t r o s c o m o s i g n o s
zodiacales) s i m b o l i z a n el i n m e n s o p o d e r q u e el d i o s m a n i f i e s t a e n las
f o r m a s c ó s m i c a s e n q u e se a p a r e c e : e l s o l , la l u n a y e l N i l o . A q u í
j u e g a u n p a p e l especial el d o m i n i o s o b r e el t i e m p o . Neheh, el t i e m p o
c í c l i c o d e l o s d í a s , l o s m e s e s y l o s a ñ o s , « v i e n e » y a l l e n o d e su
fuerza, es d e c i r , l o q u e el t i e m p o cíclico trae está d e t e r m i n a d o p o r su
v o l u n t a d p l a n i f i c a d o r a , y las o b r a s suyas realizadas e n esa a b u n d a n c i a
de tiempo p e r d u r a n i m p e r e c e d e r a s e n el t i e m p o djet.

Dios divino, que se formó a sí mismo,

que creó el cielo y la tierra c o n su corazón.
El más grande de los grandes, el más poderoso de los poderosos,
el más grande y más viejo que los dioses.
T o r o que se remoza de puntiagudas astas;
los dos países tiemblan ante su gran nombre.
El tiempo viene cargado de su potencia,
y llega hasta el extremo de la perduración eterna.

. G r a n dios, que dio origen a todo ser,

que conquistó los dos países con su fuerza.
C a r n e r o de sublime figura,
más clemente que todos los dioses.
L e ó n de mirada fiera cuando abre los ojos de udya,
señor del fuego contra sus enemigos.

G r a n fuente original cuya agua mana a su hora,

para mantener vivo lo que salió de su torno alfarero.
El que recorre el cielo y atraviesa el m u n d o inferior,
y en la madrugada aparece en su lugar d e ayer.
S e ñ o r de la fuerza, de inaccesible majestad,
sus rayos ocultan su cuerpo.
382 EGIPTO

Su ojo derecho y su ojo izquierdo

son el sol y la luna;
cielo y tierra están impregnados de su belleza,
dios enérgico, que no está inactivo,
que se afana ascendiendo y descendiendo;
los hombres nacieron de sus dos divinos ojos,
y los dioses de la palabra de su boca.
Creador del sustento, el que dio los alimentos, el que creó cada ser,
dios eterno, que pasando los años su tiempo no tiene fin,
que envejeciendo y rejuveneciéndose recorre el tiempo infinito,
anciano que vive su juventud.

L a s e g u n d a p a r t e d e l a l a r g a eulogía está d e d i c a d a a l o s a t r i b u t o s
r e g i o s , e n s e n t i d o e s t r i c t o , de la d i v i n i d a d . E l d i o s n o es s ó l o p o t e n -
cia c ó s m i c a , s i n o t a m b i é n d i o s p e r s o n a l , c o n o c e d o r , o m n i s c i e n t e ,
q u e j u z g a , o r d e n a , castiga y salva.

A b u n d a n t e en ojos, grande en oídos, •

que guía a millones con sus rayos;
señor de la vida, que da cuando quiere,
tiene el d o m i n i o terreno bajo su vigilancia.
El que ordena y se hace lo que ordena sin oposición,
nada se acaba de lo que él ha creado.
C o n su dulce n o m b r e y amor clemente,
toda mirada se eleva para adorarle.
Aterrador, grande en fuerza,
cada dios le teme.
Joven toro que hace retroceder a los furiosos,
brazo poderoso que golpea a sus enemigos.

Este dios que funda el país con sus decretos.

Ba, el que brilla con sus dos ojos de udjat;
el que como ba se encarna en encarnaciones,
sagrado-oculto, al que no se puede conocer,
. rey es, que creó a los reyes,
que une a los países en el mandamiento que él ha dictado.
Dioses y diosas se inclinan ante su poder,
porque grande es su respeto p o r él.
El que vino en el principio ha puesto el final,
ha fundado los países con sus decretos.
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN
383

L a r e v e l a c i ó n d e este d i o s es la c r e a c i ó n ; ésta le revela a él e s c o n -

d i é n d o l e . E l d i o s está p r e s e n t e e n s u e s t a d o o c u l t o . L a p r i m e r a
estrofa de la s e c c i ó n s i g u i e n t e d e s p l i e g a la i d e a d e l d i o s o c u l t o a t r a -
vés de p a r a d o j a s q u e s o n f r u t o de u n t r a b a j o t e o l ó g i c o d e s i g l o s . L a
s e g u n d a e s t r o f a o p o n e al a s p e c t o c ó s m i c o d e la intramundanidad
oculta d e l d i o s el aspecto p e r s o n a l de su a c c i ó n salvadora. Esta estrofa
(final) m u e s t r a el n o m b r e d e l d i o s c o m o g o b e r n a n t e , el m i s m o q u e
f i g u r a e s c r i t o e n a n i l l o s r e a l e s ; se r e f i e r e , p u e s , al g o b e r n a n t e d e la
teocracia tebana.

Secreto en encarnaciones que no se p u e d e n conocer,

el que se ocultó a todos los dioses.
El que se sustrajo como sol que no puede ser c o n o c i d o ,
el que se escondió de lo que de él salía;
( antorcha radiante de gran luz,
vemos en su ver.
El día entero le vemos y no nos hartamos de él;
al amanecer, todos los rostros se vuelven a él y le rezan.
Resplandeciente en formas y figuras en medio de la Enéada,
su figura conviene a todo dios.
V i e n e el N i l o , sopla río arriba el viento del norte
dentro de este dios misterioso.

El, cuya m a n o no tiembla, dicta mandamientos para millones de

años.
C o n firme oráculo y orden eficaz, él no conoce el fracaso.
El que da años a la vida y duplica los del que merece su favor,
él creó un muro de roca para el que está en su agua,
ningún mal sufre el que anda por sus caminos.
El que acude ante quien le llama,
corazón propicio al que le adora,
3
el que tiende (la mano) al que pronuncia su nombre *.
U n b u e n protector para el que le recibe en su corazón,
u n apoyo para siempre:
rey del A l t o y el Bajo Egipto, A m ó n - R e , rey de los dioses,
señor del cielo y de la tierra,

34- Los versos en cursiva se encuentran sólo en la variante Pinudem (P. El Cairo
58033).
 384 EGIPTO

de las aguas y de las montañas,

que creó el país con su encarnación,
más grande y más sublime
que todos los dioses de los primeros tiempos.

N a d a d e m u e s t r a m á s c l a r a m e n t e q u e este ú l t i m a e s t r o f a , que
h a b l a d e l d i o s c o m o g o b e r n a n t e d e l E s t a d o d i v i n o , el h e c h o de q u e
la t e o c r a c i a t e b a n a es la i n s t i t u c i o n a l i z a c i ó n d e la p i e d a d p e r s o n a l .
L o s t í t u l o s d e A m ó n e s t á n t o m a d o s d e l u n i v e r s o c o n c e p t u a l d e la
piedad personal.
Es i n s t r u c t i v o c o m p a r a r este l a r g o t e x t o c o n el G r a n H i m n o d e
A j e n a t ó n . L o s p a r a l e l i s m o s c o n el p e r í o d o d e A m a r n a s a l t a n a l a
vista. A m b o s , el E s t a d o d i v i n o y el E s t a d o de A m a r n a , s o n teocracias;
el E s t a d o d i v i n o l o es m á s e n el s e n t i d o d e l g o b i e r n o s o l i t a r i o d e l
d i o s , y el E s t a d o de A m a r n a más e n el s e n t i d o d e l g o b i e r n o c o m p a r -
t i d o y el r e p a r t o de p o d e r e s , d o n d e el d i o s se.encarga d e la c o n s e r v a -
c i ó n c ó s m i c a y, p o r t a n t o , n o t i e n e q u e m e z c l a r s e e n l o s a s u n t o s
h u m a n o s m e d i a n t e o r á c u l o s . A m b a s t e o c r a c i a s se b a s a n e n u n a r e l i -
g i ó n e n el f o n d o m o n o t e í s t a , y s u d i f e r e n c i a r a d i c a e n q u e , e n
A m a r n a , el a c e n t o se c o l o c a m á s e n el p r e f i j o « m o n o » , y e n T e b a s
más e n « t e í s t a » . L a r e l i g i ó n d e A m a r n a es ( p a r a e m p l e a r la c é l e b r e
d i s t i n c i ó n k a n t i a n a ) u n « d e í s m o » , y n o u n « t e í s m o » , p u e s a su
i d e a d e la d i v i n i d a d le f a l t a n l o s r a s g o s p e r s o n a l e s . L a r e l i g i ó n . d e
T e b a s , e n c a m b i o , r e c o n o c e a los d e m á s d i o s e s , a u n i n c l u y é n d o l o s a
t o d o s ellos e n u n o s o l o , y e l e v a n d o a este u n o i n f i n i t a m e n t e s o b r e su
m u l t i t u d . A m b a s t e o c r a c i a s se e s f u e r z a n p o r la r e a l i z a c i ó n p o l í t i c a d e
u n a v e r d a d r e n u n c i a n d o al r e i n o d e l m u n d o y f o r m a n d o u n e n c l a v e .
A j e n a t ó n se aisla e n el r e c i n t o m a r c a d o p o r sus estelas l i m í t r o f e s d e
A m a r n a f r e n t e al m u n d o e x t e r i o r , y H e r i h o r e r i g e el E s t a d o d i v i n o
cual E s t a d o d e n t r o d e l E s t a d o .
E s t o s p a r a l e l i s m o s h a c e n las d i f e r e n c i a s m á s claras. C a s i t o d o s los
temas del texto t e b a n o están ausentes e n A m a r n a : el d i o s o r i g i n a l , la
p r i m e r a c r e a c i ó n , el « b a » , el d i o s o c u l t o , la i n m a n e n c i a , la o m n i s -
c i e n c i a , la i n s t a n c i a ética d e l d i o s j u e z , g o b e r n a n t e , c o n s e j e r o y a u t o -
r i d a d s u p r e m a y la i n s t a n c i a salvadora d e l d i o s a u x i l i a d o r , p r o t e c t o r
y p a t r ó n . S ó l o la s o l a r i d a d d e l d i o s , y s o b r e t o d o la p a r a d o j a del estar
o c u l t o y o m n i p r e s e n t e , es c o m ú n a a m b o s textos:

T ú estás lejos, pero tus rayos están en la tierra.

 V / 1 . T A N I S Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN
3S5
35
T ú estás en sus rostros, pero no se puede conocer tu c a m i n a r .

Esta c o n c o r d a n c i a n o es casual. L a i d e a f a s c i n a d o r a d e l d i o s t a n t o
m á s l e j a n o y o c u l t o c u a n t o más i n t e n s a y a c a b a d a m e n t e p r e s e n t e , se
e n c u e n t r a ya e n el c o n t e x t o de a q u e l l a n o v e d o s a t e o l o g í a solar q u e ya
n o i n t e r p r e t a el c u r s o d e l sol c o m o a c c i ó n c o n c e r t a d a . e n el m u n d o
3 6
de l o s d i o s e s , s i n o c o m o la a c c i ó n s o l i t a r i a d e l u n o . L a t e o l o g í a de
A m a r n a p r o c e d e de esta n u e v a t e o l o g í a solar q u e n o desapareció tras el
fracaso de la r e l i g i ó n de A m a r n a , s i n o q u e fue u l t e r i o r m e n t e d e s a r r o ­
l l a d a e i n t e g r a d a e n la t e o l o g í a de A m ó n de la é p o c a r a m é s i d a . O t r a
c o n c o r d a n c i a m á s es la i d e a d e q u e el d i o s se « e n c a r n a » e n el
m u n d o . E n el h i m n o de A m a r n a se l e e :

T ú creas millones de encarnaciones de ti, el u n o :

3 7
ciudades, aldeas, campo, camino y r í o .

U n a c r e a c i ó n , n o exnihiío, s i n o exDeo. S i g n i f i c a q u e la l u z crea las

cosas al hacerlas visibles y darles así f o r m a , u n a i d e a q u e el siglo X V I I I
habría calificado de « m a t e r i a l i s t a » o « n a t u r a l i s t a » . Las e n c a r n a c i o n e s
e n q u e el h i m n o t e b a n o piensa c u a n d o alaba al dios c o m o el « b a » q u e
« s e e n c a r n a e n e n c a r n a c i o n e s » , s o n de o t r a clase. E l d i o s se e n c a r n a
a q u í c o m o « a l m a del m u n d o » , para d e c i r l o c o n P l a t ó n . S e g ú n la c o n ­
c e p c i ó n tebana, A m ó n es el « b a » del m u n d o . E l m u n d o es u n c u e r p o ,
e n a n a l o g í a c o n la a n t r o p o l o g í a s e g ú n la c u a l el c u e r p o está a n i m a d o
p o r u n « b a » q u e l o a b a n d o n a tras la m u e r t e , p e r o e n el caso i d e a l la
u n i ó n c o n él se c o n s e r v a e n otras f o r m a s . E n A m a r n a n o a p a r e c e el
c o n c e p t o « b a » . S ó l o e n la é p o c a ramésida l o e n c o n t r a m o s usado c o m o
c o n c e p t o t e o l ó g i c o para expresar la r e l a c i ó n entre el dios y el m u n d o .
O t r o p a r a l e l i s m o es la r e l a c i ó n de d i o s c o n la v i d a d e l i n d i v i d u o .
E n A m a r n a se d i c e :

Guando asciendes, viven;

. cuando desciendes, mueren.
38
T ú mismo eres el tiempo en el cual y p o r el cual vivimos' .

n
35 ÁHG 92, 25~26; cfr. Zandee, Der Amunhymnus des Pap. Leiden I 344.yerso, 129 -
273; 735 n. 219.
36 Cfr. el texto de la tumba tebana 57 (Kaemhet), de la época de Amenofis III, STG n.° 76:
«tú recorres el cielo cada día, cuando estás a la vista, pero tu marcha está oculta».
37 ÁHG 92, 115-117.
38 M. Sandman, Textsfrom the time ofAkhenaten, BAegVIII (1938), 95.15-18. Cfr. supra, p.
249 s.
386 EGIPTO

Y en Tebas:

El que da el tiempo de la vida y duplica los años del que está en

privanza con él.

L a d i f e r e n c i a resulta a q u í e s p e c i a l m e n t e clara. E l d i o s d e A m a r n a
c r e a , p o r m e d i o d e s u m o v i m i e n t o y c o m o u n a e n e r g í a c ó s m i c a , el
t i e m p o e n el q u e t o d a vida se d e s p l i e g a . E l dios t e b a n o crea el t i e m p o
p o r d e c i s i ó n v o l u n t a r i a y favorece a a q u e l q u e está e n p r i v a n z a c o n é l .
E l t i e m p o q u e él crea es d e s t i n o q u e v i e n e d e l d i o s .

Pero n o d e b e m o s olvidar que h e m o s c o m p a r a d o dos magnitudes

dispares. E l texto t e b a n o n o es u n h i m n o , s i n o u n a elaborada titulatura
c o m p u e s t a c o n m a t e r i a l de los h i m n o s ramésidas a A m ó n . L a finalidad
i n m e d i a t a de esta titulatura n o es la alabanza del dios, y t a m p o c o e x p l i -
car al h o m b r e la g r a n d e z a del dios, sino asegurar las r e s o l u c i o n e s c o n -
tenidas e n el d e c r e t o q u e s i g u e . T o d o d e c r e t o r e a l e m p i e z a a c l a r a n d o
q u é a u t o r i d a d es la q u e dicta r e s o l u c i o n e s y p o n e e x i g e n c i a s . Hasta el
decálogo b í b l i c o adopta este f o r m u l i s m o c u a n d o e m p i e z a c o n u n a p r e -
sentación de la a u t o r i d a d legisladora: « Y o s o y J H W H , tu D i o s , el q u e te
sacó de E g i p t o » . T o d a la eulogía que h e m o s visto aquí n o es otra cosa q u e
esta i d e n t i f i c a c i ó n , más elaborada, de la a u t o r i d a d q u e ordena.. E l d e s -
t i n a t a r i o de este d e c r e t o o r a c u l a r es el d i o s O s i r i s , s e ñ o r d e l m u n d o
i n f e r i o r . Las r e s o l u c i o n e s c o n c i e r n e n a la m u e r t a N é s h o n s y a su esposo
P i n u d e m . N e s h o n s d e b e ser divinizada—tanto su ba c o m o su cadáver—.
D e b e r e c i b i r c o m i d a y b e b i d a , y su ba h a de t e n e r l i b e r t a d de m o v i -
m i e n t o . D e b e ser b i e n r e c i b i d a e n el m u n d o i n f e r i o r . S u c o r a z ó n d e b e
p e r m a n e c e r afecto a su esposo, q u e a ú n vive. Ella recibirá sus ofrendas,
para ella se ejecuta la liturgia de las setenta alabanzas de R e , n i n g ú n m a l
d e b e ella s u f r i r , y t o d o esto l o g a r a n t i z a r á A m ó n , a d e m á s de l o q u e
p o s i b l e m e n t e haya q u e d a d o olvidado e n este decreto y q u e sea necesario
para la d i v i n i z a c i ó n . L a frase « n a d i e destruirá n u n c a su ba e n el m u n d o
i n f e r i o r » ofrece u n a garantía para el j u i c i o de los m u e r t o s .
L o s textos s o n , p u e s , e j e m p l o s de t e o l o g í a aplicada. L a t e o l o g í a
d e l d i o s o c u l t o d e l u n i v e r s o , d e l d i o s a b s o l u t o , se j u n t a al d e s e o d e
u n a s e g u r i d a d i g u a l m e n t e a b s o l u t a . N o es el « d i o s d e l o s f i l ó s o f o s »
el q u e a q u í a c t ú a , s i n o el d i o s d e la p i e d a d p e r s o n a l y e l d i o s d e l a
m a g i a . L o s p e l i g r o s p o r l o s q u e el h o m b r e d e l R e i n o N u e v o t a r d í o y
d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o se sentía a c e c h a d o p r o v e n í a n e n p r i -
m e r t é r m i n o de los d i o s e s .
 V / 1. TANIS Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA D I V I S I Ó N
387

E l h o m b r e deseaba estar p r o t e g i d o d e « S e k h m e t y de su h i j o , del

d e r r u m b a m i e n t o de u n m u r o y del rayo, d e la lepra, la ceguera y el m a l
d e o j o , d e las siete estrellas de la O s a M a y o r y de a l g u n a estrella q u e
cayera, de la E n é a d a de H e l i ó p o l i s , e n el A l t o E g i p t o , y sus tabúes, de los
libros d e l c o m i e n z o y los libros del f i n del a ñ o , de t o d o tipo de m u e r t e ,
de t o d o tipo de e n f e r m e d a d , de toda i n c u l p a c i ó n , de t o d o m a l , de t o d o
d e s o r d e n , d e t o d o fracaso, de t o d o m a l t r a t o , de t o d a palabra dura, de
t o d a p a l a b r a v u l g a r , de t o d a b u r l a . . . , d e l o s castigos de A m ó n , M u t ,
K h o n s u , A m e n - e n - L u x o r , M o n t u y M a ' a t , de u n o r á c u l o adverso, de
l o s d i o s e s q u e le a l c a n z a n a u n o c u a n d o h u y e , q u e le e n c u e n t r a n e n
c u a l q u i e r l u g a r d e l país d o n d e se h a l l e y l e m a t a n e n la c i u d a d o a la
inversa, de t o d o dios y toda diosa q u e p u e d a n castigarle si n o están c o n -
tentos,
de los dioses q u e agarran a u n o e n vez d e a o t r o , del g r a n d e y s u b l i m e de
H e l i ó p o l i s , de t o d o d e m o n i o enviado y de t o d o d e m o n i o v a g a b u n d o , de
39
toda e n f e r m e d a d y toda f i e b r e » . A s í reza u n decreto oracular t í p i c o .
C o n t r a amenazas tan universales s ó l o u n dios universal p o d í a p r o -
teger. M a g i a y p i e d a d p e r s o n a l : ambas se c e n t r a n e n a q u e l l o s á m b i t o s
de la vida contra los que la r e v o l u c i ó n de A j e n a t ó n se había d i r i g i d o . L a
p i e d a d p e r s o n a l fue entonces r e d u c i d a a su o r i g e n , el lealismo, y dejada
al rey. E n A m a r n a n o había n i n g u n a r e l a c i ó n p e r s o n a l entre h o m b r e y
dios. E l i n d i v i d u o sólo p o d í a r e l a c i o n a r s e p e r s o n a l m e n t e c o n el dios a
través d e l rey m e d i a d o r . E l m á s allá a q u e h a c e n r e f e r e n c i a las r e s o l u -
ciones d e los decretos oraculares para N e s h o n s y P i n u d e m estaba s u p r i -
m i d o e n la v i s i ó n d e l m u n d o de A m a r n a . L o s m u e r t o s v i v í a n e n sus
4 0
t u m b a s y e n el t e m p l o y los j a r d i n e s d e A m a r n a . P e r o fue sobre t o d o
la magia, a cuyo d o m i n i o p e r t e n e c í a n los decretos « t a l i s m á n i c o s » o r a -
culares para vivos, la q u e estuvo p r o s c r i t a e n Amarna".
L a m a g i a y la p i e d a d p e r s o n a l e s t a b a n e n E g i p t o más cerca u n a d e
otra de l o q u e se cree. A m b a s e r a n f o r m a s d o m é s t i c a s de r e l i g i ó n . E n
E g i p t o , magia y r e l i g i ó n n o se o p o n í a n f r o n t a l m e n t e , sino q u e se c o m -

39 I.E.S. Edwards, Hieratic Pajryri in the British Museum, 4-thser.: Oracular AmuleticDecrees of the
Late New Kingdom, 2 tomos, Londres, 1960, I, 2-y.
40 Cfr. Hornung, «Zur Struktur des agyptischen Jenseitsglaubens», en 119, 1992,
124-130. .
41 Este hecho satisface la definición qué Durkheim hace de la magia; v. Die elementaren
Formen des religiosen Lebens, Frankfurt, 1981, 69 ss. La religión es siempre grupal, y hace
a sus practicantes «miembros de un mismo cuerpo moral», mientras que la magia
sólo crea relaciones «accidentales y transitorias», semejantes a las relaciones entre
médico y paciente.
 388 EGIPTO

41
p l e m e n t a b a n . L a m a g i a era ritual de uso d o m é s t i c o . E n los templos se
e j e c u t a b a n l o s r i t u a l e s p r e c i s o s p a r a el m a n t e n i m i e n t o d e l c o s m o s y
para el b i e n de la c o m u n i d a d ; el sacerdote n o actuaba e n causa p r o p i a ,
s i n o c o m o r e p r e s e n t a n t e d e l rey y de la c o m u n i d a d . L o s m i s m o s ritos
eran e n parte ejecutados, j u n t o a otros más característicos, p o r especia-
listas, s o b r e t o d o m é d i c o s , q u e a la vez e r a n s a c e r d o t e s , e n el á m b i t o
p r i v a d o . Es e n t o n c e s c u a n d o hay q u e h a b l a r de m a g i a . E n esta f o r m a
de a p l i c a c i ó n hay q u e d e t e r m i n a r p r i m e r o el contexto de la c e l e b r a c i ó n
del ritual, p u e s éste n o es de suyo sacro. E l t e m p l o es u n lugar sagrado,
la casa n o . L o m i s m o respecto al t i e m p o . El ritual del t e m p l o se e n c u a -
d r a e n el t i e m p o s a c r o c í c l i c o , la m a g i a se p r a c t i c a casi s i e m p r e adhoc
para tratar u n caso u r g e n t e . P o r eso eran necesarios aquí otros m e d i o s ,
l o cual p e r m i t e d i s t i n g u i r f á c i l m e n t e los textos m á g i c o s de los r e l i g i o -
sos. P e r o n u n c a había ( d e j a n d o aparte A m a r n a ) la más m í n i m a t e n s i ó n
entre t e m p l o y casa.
L o s d e c r e t o s o r a c u l a r e s s o n la p r u e b a . E l l o s u n e n l o s d o m i n i o s
d e l t e m p l o , la casa y la t u m b a p o n i e n d o a l o s tres p o r i g u a l b a j o la
p r o t e c c i ó n d e l m i s m o d i o s . Y es s i g n i f i c a t i v a m e n t e la m a g i a la q u e ,
e n la t r a d i c i ó n d e esta t e o l o g í a d e l d i o s u n i v e r s a l o c u l t o , era p a r t i c u -
l a r m e n t e eficaz. D e a h í q u e llegase al e x t r e m o d e e m p l e a r u n a r e p r e -
s e n t a c i ó n g r á f i c a d e esta i d e a de la d i v i n i d a d , cuya g r o t e s c a f e n o m e -
n i d a d n o h a c e m á s q u e e v i d e n c i a r la i r r e p r e s e n t a b i l i d a d d e l o q u e
p r e t e n d í a r e p r e s e n t a r . Y así e n c o n t r a m o s l a i m a g e n d e l d i o s c o n
siete cabezas. E n u n p a p i r o m á g i c o de é p o c a algo p o s t e r i o r se explica
esta i m a g e n de la s i g u i e n t e m a n e r a :

Bes, con 7 cabezas,

encarna los has de A m ó n - R e , ...,
del señor del cielo, la tierra, el m u n d o inferior, las aguas y las
montañas.
El que mantiene secreto su n o m b r e para los dioses,
el gigante de millones de codos,
el robusto, que asentó el cielo sobre su cabeza,
... de cuya nariz procede el aire que vivifica todas las narices,
el que asciende como sol para iluminar la tierra,
y de los fluidos de cuyo cuerpo nace el N i l o para dar vida a toda
48
boca... .

42 Serge Sauneron, Lepapjrus magique ¡IlustrédeBrokklyñ [BrooklynMuseum , Nueva

York, I970, 23 lám. IV, fig. 3 (junto ap. 13).
 V / 1 . T A N I S Y T E B A S : LA ÉPOCA DE LA DIVISIÓN
389

BES PANTHEOS (ÉPOCA SAÍTA, SS. V I I - V I A . C . )

(FUENTE: S . SAUNERON, LE PAPYRUS MAGIQUE ILLUSTRÉ DE BROOKLYN,
LÁM. iv. DIBUJO: ALEIDA ASSMANN)

B e s n o es u n g r a n d i o s , sino más b i e n u n m o n s t r u o . T í p i c o de él es
la m u e c a de a c t i t u d d e f e n s i v a ; es el d i o s q u e se o c u l t a tras u n a m á s ­
cara. T a m b i é n a q u í a p a r e c e n o más q u e c o m o máscara, la máscara d e l
d i o s u n i v e r s a l o c u l t o . E n el m i s m o p a p i r o vuelve a a p a r e c e r su f i g u r a ,
p e r o esta vez c o n n u e v e cabezas. E l texto d e s c r i b e esa figura c o m o la de
u n « h o m b r e d e n u e v e cabezas q u e s a l e n d e u n m i s m o c u e l l o , p e r o
q u e es u n r o s t r o de B e s , c o n u n a cabeza de c a r n e r o , o t r a d e h a l c ó n ,
otra de c o c o d r i l o , otra de h i p o p ó t a m o , otra de l e ó n , otra de t o r o ,
4 3
o t r a d e m o n o y o t r a d e g a t o » " . Este theospantheos a p a r e c e e n p a p i r o s
4 4
m á g i c o s g r i e g o s c o m o el Enneamorphos, o el de las « n u e v e f o r m a s » .
L a m a g i a n o s m u e s t r a de m a n e r a b i e n e x p r e s i v a l o s l í m i t e s d e la
« t e o l o g í a d e la v o l u n t a d » e g i p c i a . S i esta t e o l o g í a , e n t e n d i d a c o m o
u n a f i c c i ó n de c o h e r e n c i a u n i v e r s a l , se h u b i e r a c o n v e r t i d o e n la f o r -

43 Sauneron, ojb. til, 18, lám. II, fig.'ü (junto a p. IS>).

44 R- Merkelbach, M. Totti, abrasax. Ausgewáhlte Papjri religiosen und magischen Inhalts Bd. I:
Gebete, Abhandlungen der rheinisch-westfálischen Akademie der Wissenschaften,
sonderreihe Papyrologica Golonensia vol. XVIII, 78; R. Merkelbach, Abrasax 3: Zwei
griechisch-ágyptische Weihezeremonien, Opladen, 1992, IO s. ypassim.
39o EGIPTO

m a c i ó n de s e n t i d o p r o p i a d e l E g i p t o t a r d í o , se h a b r í a c o n s t i t u i d o
a q u í , c o m o c o m p l e m e n t o r i t u a l d e la a c t i t u d i n t e r i o r d e la p i e d a d
p e r s o n a l , u n a c u l t u r a d i v i n a t o r i a d e d i c a d a al e s c u d r i ñ a m i e n t o d e la
voluntad divina, exactamente igual que en M e s o p o t a m i a . Pero de
esto n o h u b o más q u e u n c o n a t o . E s o sí, la m a g i a n o dejó d e c u m p l i r
j u s t a m e n t e esa f u n c i ó n d e s e r v i r de c o m p l e m e n t o r i t u a l a la p i e d a d
p e r s o n a l . L a m a g i a se basa e n f i c c i o n e s d e c o h e r e n c i a , es d e c i r , e n
s u p o s i c i o n e s b á s i c a s s o b r e l o q u é « e l m u n d o c o n e c t a e n su i n t e -
r i o r » , que n o s o n a r m o n i z a b l e s c o n u n a t e o l o g í a r a d i c a l d e la v o l u n -
tad. Es difícil i m a g i n a r c ó m o el a u t o r de las Instrucciones para Amenemope
h a b r í a a c o m o d a d o la m a g i a a su v i s i ó n d e l m u n d o . L a m a g i a se basa
e n la i d e a de u n o r d e n s o b r e el q u e se p u e d e i n f l u i r e n la m e d i d a e n
q u e se l o c o n o c e . E l o r d e n es l o c o n t r a r i o d e la a r b i t r a r i e d a d . L a
m a g i a n o sería p o s i b l e si el h o m b r e v i e r a la v o l u n t a d d e l d i o s c o m o
a r b i t r a r i e d a d , l o c u a l la h a r í a i n e s c r u t a b l e . L a t e o l o g í a d e l a v o l u n t a d
es, p u e s , s o l a m e n t e u n a de las caras. L a otra es u n a i d e a d e la c o h e -
r e n c i a b a s a d a e n las r e l a c i o n e s d e o r d e n c o g n o s c i b l e s . P e r o la i d e a
d e l dios u n i v e r s a l o c u l t o es e n a m b a s caras i g u a l m e n t e v á l i d a .
 2. LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA

LA POLIARQUÍA LIBIA

E l final d e l R e i n o N u e v o y el c o m i e n z o de u n a etapa d i f e r e n t e e s t u -
v i e r o n m a r c a d o s p o r e l p a s o r e v o l u c i o n a r i o q u e d i o H e r i h o r al
a d o p t a r el t í t u l o d e rey e i n t r o d u c i r u n n u e v o c ó m p u t o d e l o s a ñ o s .
C o n e l l o se p r o d u j o u n a p a r t i c i ó n d e l g o b i e r n o de la q u e , p e s e a las
m ú l t i p l e s v o l u n t a d e s d e t e n d e r p u e n t e s , n o h u b o vuelta atrás y d e t e r -
m i n ó la h i s t o r i a d e los siglos s i g u i e n t e s . E l f i n d e esta é p o c a de d i v i -
s i ó n y el c o m i e n z o de la p o l i a r q u í a l i b i a e s t u v i e r o n m a r c a d o s p o r u n
paso s i m i l a r .
P e d u b a s t i s , p r í n c i p e d e la l í n e a t a n i t a , a d o p t ó e n e l a ñ o 8 el
n o m b r e r e a l d e S h e s h o n q s I I I , i n i c i ó u n c ó m p u t o a n u a l p r o p i o y se
e s t a b l e c i ó e n L e o n t ó p o l i s c o m o f u n d a d o r de dinastía X X I I I . D e s e n -
c a d e n ó así u n p r o c e s o d e p r o g r e s i v a d e s m e m b r a c i ó n q u e m u y r á p i -
d a m e n t e c o n d u j o a u n a p l u r a l i d a d f o r m a d a p o r hasta 2,0 casas r e i -
n a n t e s d e la q u e u n a p a r t e o s t e n t a b a e l t í t u l o r e a l , o t r a (el caso m á s
f r e c u e n t e con- d i f e r e n c i a ) el t í t u l o e x t r a n j e r o de « c a u d i l l o d e M a » y
c
o t r a m á s e l t í t u l o d e « n o b l e » (h3tj- ). P r á c t i c a m e n t e t o d o s estos
g o b i e r n o s p r o c e d e n d e apanages y p r i m o g e n i t u r a s q u e se h i c i e r o n
h e r e d i t a r i o s y f u n d a r o n líneas laterales. E l título de « c a u d i l l o de
M a » es u n a a b r e v i a t u r a , y s i g n i f i c a c a u d i l l o d e l o s m e s h w e s h . L o s
m e s h w e s h e r a n u n a t r i b u l i b i a . E n la dinastía X I X , M e r n e p t a h estuvo
e n g u e r r a c o n u n « c a u d i l l o d e m e s h w e s h » . E n su é p o c a e r a n e n e -
m i g o s de E g i p t o y c o n s t i t u í a n u n a g r a n a m e n a z a p a r a la pax Ramessidica.
 392 EGIPTO

P e r o , al m i s m o t i e m p o , l o s m e s h w e s h s i r v i e r o n c o m o m e r c e n a r i o s
e n el e j é r c i t o r a m é s i d a y se e s t a b l e c i e r o n e n c o l o n i a s m i l i t a r e s . A
p e s a r d e l o c u a l los l i b i o s c o n t i n u a r o n s i e n d o e n los p r i m e r o s siglos
del p r i m e r m i l e n i o u n a a m e n a z a a la q u e las c i u d a d e s egipcias h u b i e -
r o n de r e a c c i o n a r c o n s t r u y e n d o fuertes! H a b í a , pues, m e s h w e s h
e n e m i g o s y a m i g o s . L o s ú l t i m o s se i n t e g r a r o n c o m p l e t a m e n t e e n la
c u l t u r a e g i p c i a , p e r o c o n s e r v a n d o su t í t u l o e x t r a n j e r o y el s i g n o d e l
c a u d i l l o l i b i o : la p l u m a . E l l o s v a l o r a b a n a todas l u c e s su o r i g e n y se
consideran descendientes de u n a aristocracia militar ramésida. S h e -
s b o n q I p r o v e n í a de u n linaje de « g r a n d e s p r í n c i p e s m e s h w e s h » q u e
g o b e r n a r o n bajo la dinastía X X I e n H e r a c l e ó p o l i s c o m o s u m o s s a c e r -
d o t e s de H e r y s h e f y n o b l e s . P e r o , c o m o s e ñ o r e s de E g i p t o , se a d a p -
t a r o n a la f o r m a f a r a ó n i c a d e g o b e r n a r y o p r i m i e r o n hasta c i e r t o
g r a d o a su s o c i e d a d , q u e h a y q u e i m a g i n a r s e g m e n t a r i a , e n u n a
d i v e r s i d a d de j e f e s d e clanes q u e e n p r i n c i p i o e r a n d e l m i s m o r a n g o .
P e r o esta f o r m a d e s o c i e d a d n o q u e d ó o l v i d a d a , s i n o s ó l o s o b r e e s -
c r i t a , c u a l u n p a l ' i m p e s t o , p o r el t e x t o d e la e s t r u c t u r a f a r a ó n i c a d e
g o b i e r n o . Pero-, c o m o este t e x t o p a l i d e c e , el q u e está d e b a j o v u e l v e a
hacerse visible y empieza a i m p o n e r s e c o m o estructura d o m i n a n t e .
E s t e c a m b i o se i n i c i a c o n la s e c e s i ó n d e l p r í n c i p e P e d u b a s t i s y se
c o n s u m a bajo S h e s s h o n q I I I , u n r e y de d u d o s a l e g i t i m i d a d . E l p r o -
b l e m a de este rey era q u é a s c e n d i ó al t r o n o tanita c o m o s u c e s o r de su
p a d r e T a k e l o t I I e l u d i e n d o al p r í n c i p e h e r e d e r o O s o r k o n , q u e e j e r -
cía e n T e b a s d e s u m o s a c e r d o t e . P e r o este O s o r k o n se h a l l a b a e n
T e b a s e n u n a p o s i c i ó n a ú n m á s d i f í c i l . F u e c o l o c a d o allí p o r T a k e l o t
I I c o n t r a u n p r e t e n d i e n t e n a t i v o (el n i e t o h o m ó n i m o d e l rey s a c e r -
d o t e H a r s i e s e ) y c o n t r a la v o l u n t a d d e las familias t e b a n a s . L a c r u e l -
d a d i n u s i t a d a c o n q u e i n t e n t ó i m p o n e r s e h a c i e n d o frente a la r e s i s -
t e n c i a t e b a n a fue causa d e u n a g u e r r a civil de d i e z a ñ o s .

D e t o d o esto n o s i n f o r m a u n a larga i n s c r i p c i ó n de a q u e l O s o r k o n
e n el t e m p l o d e K a r n a k q u e t i e n e c a r á c t e r d e m e n s a j e y, c o m o tal,
45
d e s c r i b e los a c o n t e c i m i e n t o s c o n cierta e l a b o r a c i ó n s e m á n t i c a . P o r
ella n o s e n t e r a m o s d e q u e h u b o u n a s u b l e v a c i ó n de T e b a s c o n t r a « e l
p r o t e c t o r d e l p a í s » y d e la l l e g a d a d e O s o r k o n a T e b a s ; t a m b i é n d e
su r e c i b i m i e n t o s o l e m n e p o r l o s s a c e r d o t e s , de su o f r e n d a a A m ó n ,
d e l o r á c u l o f a v o r a b l e d e este d i o s c o n o c a s i ó n d e la fiesta de N e h e b -
k a u y de u n d i s c u r s o de l o s s a c e r d o t e s t e b a n o s d i r i g i d o al p r í n c i p e :

45 R.A. Caminos, T)ie Chronkle ofPrince Osorkon, Anal. Or. 37, Roma, 1958. '
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA
393

¡Tú eres el valiente protector de todos los dioses!

A m ó n te ha hecho primogénito de tu progenitor,
él te eligió entre cientos de miles para realizar el deseo de su corazón.
A h o r a te hacemos nuestros ruegos conociendo tu amor p o r él.
Mira, él te ha traído hasta nosotros para alejar nuestra miseria
y poner fin a la tempestad que nos amenaza.
Pues esté país estaba a punto de hundirse,
y sus leyes eran pisoteadas p o r rebeldes
que se rebelaron contra su señor a pesar de ser sus funcionarios.
Todos los escribas en sus templos anulaban sus instrucciones,
las que el p r o p i o señor de la planta de la estopa había dejado en
libro,
y arruinaban los ritos sagrados de los templos, que eran saqueados.
Y todo esto sucedió sin que el rey lo supiera.

L a c o n t i n u a c i ó n d e este d i s c u r s o se h a l l a e n g r a n p a r t e d e s t r u i d a ;
éste s i n d u d a t e r m i n a b a c o n la p e t i c i ó n d e castigar a los r e b e l d e s . E l
p r í n c i p e a c c e d e a esta p e t i c i ó n y castiga a los r e b e l d e s de u n a m a n e r a
q u e es el e q u i v a l e n t e r i t u a l d e l p i c t o g r a m a p r i m i t i v o de la m a t a n z a de
los e n e m i g o s :

Entonces fueron llevados los prisioneros atados juntos.

Luego los golpeó ante él ( A m ó n ) y ordenó que se los llevaran
como cabras en la n o c h e de la fiesta del holocausto, cuando apa-
rece Sothis.
Cada u n o fue quemado en el fuego ante el lugar donde cometió
sus desmanes.

L a d e s c r i p c i ó n de esta e j e c u c i ó n r i t u a l apenas t i e n e p a r a l e l o e n
E g i p t o . L o más p r ó x i m o es u n a i n s c r i p c i ó n de Sesostris I e n e l - T o d , que
describe i g u a l m e n t e u n castigo p o r la p r o f a n a c i ó n de u n t e m p l o . F u e r a
de estos casos, el castigo del fuego sólo aparece e n maldiciones. Pertenece
46
al i m a g i n a r i o de la a n i q u i l a c i ó n y n o al d e r e c h o p e n a l e g i p c i o . N o es
ciertamente nada accidental que sea precisamente e n las inscripciones de
esta época, d o n d e el g é n e r o de la m a l d i c i ó n florece de u n m o d o especial.
E n u n texto de a p r o x i m a d a m e n t e la m i s m a época se lee:

46 Cfr. al respecto mi art. «Whenjustice fails. Jurisdiction and Imprecation in Ancient

Egypt and the Near East», en JEA 78, 1992, 149-162.
 EGIPTO
394

(quienes perjudiquen a esta institución...)

se habrán buscado su destrucción por A m ó n .
(...) Serán entregados al fuego del rey en el día de su ira. S u ureus
vomitará fuego sobre sus cabezas, aniquilará sus cuerpos y c o n s u -
mirá su carne, y serán, c o m o A p o p i s en la madrugada del año
47
nuevo...
L a p r o p i a i n s c r i p c i ó n de O s o r k o n c o n t i e n e este t i p o de m a l d i c i o -
nes :

Q u i e n contraríe este decreto que he promulgado,

quedará a merced de la ira de A m ó n - R e ,
la llama de Mut se adueñará de él cuando ella descanse,
4,8
y su hijo no le sucederá .

Esta m e d i d a de O s o r k o n hay q u e e n t e n d e r l a e n el s e n t i d o d e tales

maldiciones. Pretende más que nada amedrentar, p e r o sobre t o d o
t e s t i m o n i a la a u s e n c i a de t o d o s e n t i m i e n t o d e l o b r a r r e c t o y de a u t o -
c o n f i a n z a . Y es n o t o r i o q u e esta a u s e n c i a t i e n e m á s q u e v e r c o n el
« c a o s d e a r r i b a » q u e c o n el de a b a j o . N o es así s o r p r e n d e n t e q u e
esta i n s c r i p c i ó n v u e l v a a h a b l a r m á s a d e l a n t e de a g i t a c i o n e s :

Después, en el año 15 y en el día 2,5 del cuarto mes de Shemu,

el cielo n o se había tragado la luna,
y hubo una gran agitación en este país c o m o . . .
... los hijos de la rebelión instigaron a la sublevación a los del sur
y a los del norte.
... Pero él n o se cansó de luchar en medio de ellos,
igual Horus, que sigue a su padre.
Pasaron años en los que cada cual robaba tranquilamente a su
prójimo.

Esta vez O s o r k o n p r u e b a c o n u n gesto c o n c i l i a d o r . C o n u n a flota

de c a r g u e r o s l l e n o s d e o f r e n d a s lleva a c a b o u n a n a v e g a c i ó n , s e m e -
jante a u n a p r o c e s i ó n triunfal, hacia Tebas, organiza allí u n gran
sacrificio a A m ó n y se d i r i g e l u e g o al dios c o n u n a larga c o n s u l t a o r a -
c u l a r , c o n l a q u e éste « s e m u e s t r a c o n f o r m e » . P e r o las s i g u i e n t e s
frases, d e s g r a c i a d a m e n t e m u y d e t e r i o r a d a s , s u g i e r e n q u e h u b o u n a
r e a v i v a c i ó n de la r e v u e l t a .

47 Decreto para Amenofis , hijo de Hapu, cfr.JEA 78, 156.

48 Caminos, op. cit, *]!.
 V / 2 . LA POLIARQUÍA L I B I A Y EL REINO U t ÍHAI-mim

... que se habían sublevado contra él.

N i u n o solo de los grandes de este país dijo...
Así sucedió que se quedó completamente solo,
sin u n a m i g o . . .

P o r u n m o j ó n d e l N i l o n o s e n t e r a m o s de q u e el rival d e O s o r k o n ,
H a r s i e s e , d e s e m p e ñ a b a e n el a ñ o 6 d e S h e s h o n q el c a r g o de s u m o
4 9
s a c e r d o t e de A m ó n ' . D e esto se p u e d e c o n c l u i r q u e la m e n c i o n a d a
r e b e l i ó n tuvo é x i t o .
Pero p o c o después llegan « b u e n a s n o t i c i a s » de Tebas:

Mira, él ha hecho lo que tú decías antes del tiempo establecido.

Le darás aún más por sus servicios.
N o te confíes al ejército, no planees ninguna lucha,
el gran n o m b r e . . .

C i e r t a m e n t e , este texto n o es s u f i c i e n t e p a r a u n a r e c o n s t r u c c i ó n
de los a c o n t e c i m i e n t o s h i s t ó r i c o s , p e r o a q u í n o s interesa p o r su v a l o -
r a c i ó n subjetiva de l o q u e a c o n t e c e . Es u n o d e los p o c o s « m e n s a j e s »
d e esta é p o c a q u e r e c u r r e n al t ó p i c o d e la « d e s c r i p c i ó n d e l c a o s » y
p r e s e n t a n la s i t u a c i ó n c o m o la d e u n « p e r í o d o t r a n s i t o r i o » . U n o s
c i n c u e n t a a ñ o s d e s p u é s de estos a c o n t e c i m i e n t o s se llega a u n a r e o r -
g a n i z a c i ó n c o m p l e t a d e l E s t a d o d i v i n o t e b a n o q u e de u n a vez y p a r a
s i e m p r e d e b e r á h a c e r i m p o s i b l e la r e p e t i c i ó n d e tales a g i t a c i o n e s .
O s o r k o n I I I e m p i e z a ( c o m o , antes q u e él, O s o r k o n I I ) n o m b r a n d o a
su h i j o T a k e l o t , y a g o b e r n a n d o c o m o p r í n c i p e s a c e r d o t e e n H e r a -
cleópolis, s u m o sacerdote de T e b a s . P e r o , c u a n d o más tarde (hacia
755 a
- C . ) n o m b r a a este m i s m o h i j o c o r r e g e n t e , a m b o s p u e s t o s
q u e d a n vacantes. Y e n vez de n o m b r a r a o t r o s u m o sacerdote del
E s t a d o d i v i n o , el p u e s t o q u e d a v a c a n t e . E n t o n c e s d e c i d e r e v a l o r i z a r
el c a r g o d e « e s p o s a d e A m ó n » , . q u e s i g u i e n d o u n a t r a d i c i ó n q u e se
r e t r o t r a e al R e i n o N u e v o o c u p a la r e i n a , e n este caso S h e p e n u p e t ,
hija de O s o r k o n I I I . E l lugar más alto del Estado divino lo o c u p a
a h o r a u n a m u j e r , y c o m o al m i s m o t i e m p o se e s t a b l e c e q u e , c o m o
esposa d e l d i o s , d e b e p e r m a n e c e r v i r g e n , q u e d a c o n j u r a d o el p e l i g r o
del n a c i m i e n t o de dinastías t e b a n a s d e s u m o s s a c e r d o t e s . Esta d e c i -
sión tendrá para Tebas consecuencias que O s o r k o n I I I nunca habría
d e s e a d o . E l m o d e l o B , c o n su serie d e f u n c i o n e s d i c t a t o r i a l e s , q u e -

49 Caminos, op. d i , I I I .
 EGIPTO

d a r á s u p e r a d o , y s o n a r á la h o r a d e las g r a n d e s f a m i l i a s t e b a n a s , q u e
e n t o n c e s o s t e n t a b a n l o s c a r g o s c i v i l e s y m i l i t a r e s . E n la c i m a d e l
E s t a d o d i v i n o estaba u n a m u j e r c u y o p u e s t o d e e s p o s a d e l d i o s ,
u n i d o a su a s c e n d e n c i a real ( d e b í a ser s i e m p r e u n a p r i n c e s a ) , a s e g u -
raba sus regalías, tales c o m o la e s c r i t u r a de su n o m b r e e n c a r t u c h o s ,
la sepultura e n el p a t i o d e l t e m p l o y u n a c o r t e de estilo f a r a ó n i c o . D e
ese m o d o , T e b a s volvía a ser r e s i d e n c i a y c o r t e , u n a c o r t e cuasi f a r a ó -
n i c a . P e r o e n la c i m a d e l g o b i e r n o civil estaba, c o m o « j e f e s u p r e m o
d e l A l t o E g i p t o » , u n a d m i n i s t r a d o r q u e era el « m a y o r d o m o s u p e -
r i o r de la e s p o s a d e l d i o s » . L o s h o m b r e s q u e d e s e m p e ñ a r o n esta
f u n c i ó n , e m p e z a n d o p o r K e l b a s k e n ( o c u p a n t e d e la t u m b a t e b a n a
J
2 2 3 ) , H a r w a ( t u m b a 3 7 ) y A k a m e n e r u ( t u m b a 4 ° 4 ) i así c o m o e l
sacerdote supremo y lector Petamenope (tumba 3 3 ) , volvieron a
h a c e r s e e n la n e c r ó p o l i s f u n c i o n a r i a l t e b a n a , tras u n a i n t e r r u p c i ó n
de siglos, t u m b a s m o n u m e n t a l e s d e p i e d r a d e p r o p o r c i o n e s f a n t á s t i -
cas q u e n o s ó l o e n l a z a b a n c o n la g r a n t r a d i c i ó n d e l R e i n o N u e v o ,
s i n o q u e e c l i p s a b a n a t o d a s las t u m b a s privadas hasta e n t o n c e s c o n s -
5 0
truidas en E g i p t o .

E L REINO DE NAPATA

E l más exitoso de los i n t e n t o s de p o n e r f i n al,Tercer P e r í o d o I n t e r m e -

d i o y fundar u n r e i n o e g i p c i o ú n i c o bajo u n a m o n a r q u í a e n el s e n t i d o
más t r a d i c i o n a l y gigantista, p a r t i ó d e u n E s t a d o q u e se h a b í a c o n s t i -
t u i d o m u y al sur, e n K u s h , e n la r e g i ó n de la cuarta catarata. E l p r o c e s o
es tan singular, que m e r e c e u n a c o n s i d e r a c i ó n algo más d e t e n i d a .
Este r e i n o de N a p a t a n o e r a el p r i m e r E s t a d o q u e se h a b í a c o n s t i -
t u i d o e n el sur de E g i p t o . N o s ó l o la h i s t o r i a de la c o l o n i z a c i ó n , s i n o
t a m b i é n el d e s a r r o l l o d e f o r m a s d e o r g a n i z a c i ó n p o l í t i c a e n t o r n o a
cabecillas, os i n c l u s o reyes, c o m i e n z a n e n el c u a r t o m i l e n i o , y su e v o -
l u c i ó n es al p r i n c i p i o p a r a l e l a a la de E g i p t o . P e r o l u e g o , e l E s t a d o
e g i p c i o n a c i e n t e de a q u e l l o s p r i m e r o s t i e m p o s p a r e c e p o n e r f i n a esa
e v o l u c i ó n c o n el t r a z a d o d e f r o n t e r a s p o l í t i c a s , e l c r e c i m i e n t o d e l
p o d e r í o m i l i t a r y la e x p l o t a c i ó n e c o n ó m i c a . L a s t r i b u s n u b i a s , q u e
los a r q u e ó l o g o s i n t e g r a n e n el « g r u p o A » , regresan a u n nivel de

50 D. Eigner, Die monumentalen GrabbautenderSpátzeitinderthebanischenNekropole, Denkschx.

Óst. Ak. d. Wiss. VIII, Viena, 1984.
 V 12. LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NA PATA
397

o r g a n i z a c i ó n p o l í t i c a más p r i m i t i v o y p r á c t i c a m e n t e d e s a p a r e c e n , o
al m e n o s q u e d a n f u e r a d e l c a m p o d e v i s i ó n d e l o s a r q u e ó l o g o s ,
d u r a n t e la dinastía I . T r a s u n i n t e r v a l o de v a r i o s c i e n t o s de a ñ o s hay
u n a n u e v a o l e a d a d e c o l o n i z a d o r e s cuya c u l t u r a m a t e r i a l es d i s t i n -
g u i d a c o m o « g r u p o C » . P o r las i n s c r i p c i o n e s d e H a r k u f , u n j e f e
e x p e d i c i o n a r i o de E l e f a n t i n a , n o s e n t e r a m o s d e q u e , ya d u r a n t e la
dinastía V I , d i f e r e n t e s t r i b u s f o r m a n u n a c o a l i c i ó n e n la Baja N u b i a .
Más al sur está el t e r r i t o r i o de Y a m , q u e , cabe s u p o n e r , se h a l l a b a e n
la r e g i ó n d e l q u e l u e g o sería r e i n o de N a p a t a , e n la z o n a de la cuarta
catarata. P u e d e s e g u i r s e a r q u e o l ó g i c a m e n t e la h i s t o r i a de la c o l o n i -
z a c i ó n de esta r e g i ó n e n el R e i n o M e d i o , a la vez q u e la d e l g r u p o G
e n la B a j a N u b i a . P e r o b a j o l o s h a l l a z g o s d e K e r m a , la c a p i t a l d e l
E s t a d o de la A l t a N u b i a , e n la o r i l l a o r i e n t a l más a r r i b a de la t e r c e r a
catarata, se h a n e n c o n t r a d o vasos de p i e d r a c o n los n o m b r e s d e P e p i
I y I I , d e l R e i n o A n t i g u o , de A m e n e m h a t I y Sesostris I,
d e c o m i e n z o s d e l R e i n o M e d i o . Es t e n t a d o r i m a g i n a r s e el r e i n o d e
K e r m a e n sus p r i m e r o s t i e m p o s c o m o u n p r i n c i p a d o q u e , i g u a l q u e
B i b l o s e n el n o r t e , estaba o r i e n t a d o a E g i p t o , era f a v o r e c i d o p o r la
c o r t e e g i p c i a c o n l o s m i s m o s d o n e s y q u e surtía a E g i p t o de i m p o r -
tante b i e n e s —madera de c e d r o e n el p r i m e r caso, y o r o y m a r f i l e n el
51
s e g u n d o — . P e r o t o d o esto es p u r a e s p e c u l a c i ó n . E n c u a l q u i e r caso,
d u r a n t e el R e i n o M e d i o K e r m a se desarrolla hasta c o n s t i t u i r u n c e n -
t r o p o d e r o s o y florece e n el S e g u n d o P e r í o d o I n t e r m e d i o , c u a n d o el
c o n t r o l e g i p c i o s o b r e la Baja N u b i a se e s f u m a . L o s d o m i n a d o r e s h i c -
sos v i e r o n e n l o s g o b e r n a n t e s d e K u s h sus a l i a d o s n a t u r a l e s c o n t r a la
casa r e b e l d e d e T e b a s . A s í h u b o ésta d e l l e v a r a c a b o su g u e r r a de
l i b e r a c i ó n e n dos frentes, u n o e n el n o r t e c o n t r a los h i c s o s , y o t r a e n
el sur c o n t r a K u s h . . P e r o las c o n s e c u e n c i a s de esta p o l í t i c a e x p a n s i o -
nista f u e r o n m u y d i f e r e n t e s e n el n o r t e y e n el s u r .
M i e n t r a s el n o r t e q u e d a b a i n t e g r a d o e n u n s i s t e m a de a l i a n z a s
e x t e r i o r e s q u e r e d u c í a a l o s p r í n c i p e s l o c a l e s a la c o n d i c i ó n d e v a s a -
l l o s d e la c o r o n a e g i p c i a , el s u r era i n c o r p o r a d o al t e r r i t o r i o d e
s o b e r a n í a e g i p c i a y a d m i n i s t r a d o c o m o u n v i r r e i n a t o c o n el status d e
c o l o n i a d e la c o r o n a . E l l o s u p o n í a u n a e g i p c i a n i z a c i ó n m u c h o m á s
i n t e n s a q u e e n el n o r t e , n o s ó l o e n l o s a s p e c t o s p o l í t i c o y e c o n ó - '
m i c o , s i n o t a m b i é n , y s o b r e t o d o , e n el r e l i g i o s o . E n l o s c e n t r o s

51 Kemp, en Trigger Et alii, Egypt. A SocialHistory, 130 s

 EGIPTO
398

i m p o r t a n t e s se c o n s t r u y e r o n t e m p l o s q u e s e r v í a n d e a l m a c e n e s y
centros administrativos, aunque naturalmente también eran, sobre
t o d o , c e n t r o s d e c u l t o cuya i r r a d i a c i ó n tuvo e n p a r t e a l c a n c e s u p r a -
r r e g i o n a l . L a p a r t i c u l a r i d a d de estos c e n t r o s de c u l t o n u b i o s c o n s i s -
tía e n q u e e n e l l o s se h o n r a b a , a la vez q u e al d i o s d e l r e i n o A m ó n -
R e y a o t r a s g r a n d e s d i v i n i d a d e s e g i p c i a s , al p r o p i o rey e g i p c i o
r e i n a n t e c o m o ser d i v i n o . Y c o m o el rey era r e p r e s e n t a d o c o m o el
ú n i c o o f i c i a n t e a n t e l o s d i o s e s , se l l e g ó a r e p r e s e n t a r e s c e n a s e n las
q u e él m i s m o a p a r e c í a e n el d o b l e p a p e l d e d i o s y s a c e r d o t e . E s t a
c o l o n i z a c i ó n r e l i g i o s a d e N u b i a se e x t e n d i ó l u e g o a la A l t a N u b i a , el
n ú c l e o t e r r i t o r i a l d e K u s h . E n G e b e l B a r k a l , e n la r e g i ó n d e la
c u a r t a catarata, e r i g i ó T h u t m o s i s III u n t e m p l o a A m ó n q u e q u e d ó
e s t r e c h a m e n t e l i g a d o al t e m p l o d e K a r n a k , c o m o u n a e s p e c i e d e
s u c u r s a l d e éste. M á s a ú n : G e b e l B a r k a l fue d e c l a r a d a algo así c o m o
la p a t r i a o r i g i n a l d e l d i o s , q u e h a b r í a v e n i d o d e l s u r . E l p u n t o d e
a r r a n q u e de esta i d e a era la f i g u r a d e l d i o s M i n , c o n el q u e el A m ó n
d e K a r n a k estaba d e s d e t i e m p o atrás f u n d i d o . M i n e r a , i g u a l q u e
H a t h o r , u n a d e las d i v i n i d a d e s p r e s e n t e s ya e n la p r e h i s t o r i a y q u e ,
e n t i e m p o s h i s t ó r i c o s , e s t u v i e r o n a s o c i a d a s , fuera de E g i p t o , al d e -
s i e r t o y a las r i q u e z a s d e l s u e l o . L u e g o , A m ó n , i n i c i a l m e n t e e q u i v a -
l e n t e a M i n , se c o n v i r t i ó e n « s e ñ o r d e l o s n u b i o s , g o b e r n a n t e d e
P u n t » , d e l q u e los h i m n o s p u d i e r o n cantar:

Cuyo agradable olor aman los dioses,

cuando regresa de Punt,
rico en aromas cuando desciende dé Nubia,
hermoso rostro cuando viene del país divino.

A través del c u l t o d e G e b e l B a r k a l , N u b i a fue i n c o r p o r a d a n o s ó l o

p o l í t i c a , s i n o t a m b i é n r e l i g i o s a m e n t e al m u n d o e g i p c i o , c o n s e r -
v a n d o el e s p l e n d o r m í t i c o d e l a t i e r r a s a g r a d a d e la q u e l o s d i o s e s
e r a n n a t u r a l e s . A la p a l a b r a N u b i a se v i n c u l ó u n a s e m á n t i c a r e l i g i o s a
q u e n o t e n í a n i n g u n a e q u i v a l e n c i a e n el n o r t e . N u b i a n o era s ó l o la
tierra del o r o y de t o d o s los b i e n e s lujosos posibles, apreciada y
e x p l o t a d a d e s d e t i e m p o atrás; t a m b i é n a d q u i r i ó u n s i g n i f i c a d o r e l i -
g i o s o s i n el cual n o se e n t i e n d e n l o s a c o n t e c e r e s p o s t e r i o r e s .
E r a i m p o r t a n t e d e c i r t o d o esto p a r a q u e q u e d e claro q u e el r e i n o
d e N a p a t a n o s u r g i ó d e l a n a d a , s i n o q u e se c o n s t r u y ó s o b r e u n
p a s a d o . M á s p r e c i s a m e n t e dos p a s a d o s c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o s c o n
l o s q u e se l e p u e d e v i n c u l a r : u n o m á s a n t i g u o y m á s p r o p i a m e n t e
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA
399

n u b i o , r e p r e s e n t a d o p o r el r e i n o d e K e r m a , el c u a l c o n s t i t u y ó el
p e r í o d o de florecimeinto del g r u p o G n u b i o , y otro más reciente,
e g i p c i o , q u e e n el R e i n o N u e v o s u s t i t u y ó al r e i n o de K e r m a c o m o
v i r r e i n a t o de K u s h y e g i p c i a n i z ó el país c o n t e m p l o s y m i t o s . F u e este
p a s a d o e g i p c i o el q u e el r e i n o n u b i o de N a p a t a h i z o s u y o y d e l q u e
r e c i b i ó su a s o m b r o s a d i n á m i c a s e m á n t i c a . L a r e m i s i ó n a este p a s a d o
era t o d o m e n o s o b v i a , p u e s las f u e n t e s c u l t u r a l e s d e las q u e p u d i e r a
h a b e r b e b i d o estaban secas d e s d e h a c í a t i e m p o . L o s c u l t o s se h a b í a n
e x t i n g u i d o , los t e m p l o s a r r u i n a d o , y l o s s a c e r d o t e s , escribas, s o l d a -
d o s y c o m e r c i a n t e s e g i p c i o s h a b í a n a b a n d o n a d o el p a í s . E l ú l t i m o
virrey de K u s h fue a q u e l P a n e h e s i q u e , b a j o R a m s é s I X y p o r e n c a r g o
de éste, i n t e n t ó restablecer el o r d e n e n el A l t o E g i p t o , y e n el q u e hay
q u e v e r al v e r d a d e r o , y f i n a l m e n t e v e n c i d o , rival de H e r i h o r . G o n la
c o n s t i t u c i ó n d e l E s t a d o d i v i n o y la b i p a r t i c i ó n d e l g o b i e r n o e n
E g i p t o , q u e l u e g o d i o l u g a r otras d i v i s i o n e s , se t e r m i n ó la p r e s e n c i a
e g i p c i a e n N u b i a . E n t r e el r e i n o e g i p c i o d e K u s h y el r e i n o de
Napata n o h u b o n i n g u n a continuidad, sino u n hiato de varios c i e n -
t o s d e a ñ o s c u y a c o n s e c u e n c i a h u b o d e ser el c o m p l e t o o l v i d o d e
t o d a s las t r a d i c i o n e s e g i p c i a s . P o r e s o , el r e c u r s o a esas t r a d i c i o n e s
salvando a q u e l l a r u p t u r a fue u n h e c h o c u l t u r a l a s o m b r o s o e i m p r o -
b a b l e , q u e necesita ser e x p l i c a d o .
La siguiente e x p o s i c i ó n de los c o m i e n z o s del r e i n o de Napata
sigue e n g r a n p a r t e a T i m o t h y K e n d a l l , q u e b a s á n d o s e e n a n o t a c i o -
nes n o p u b l i c a d a s d e G . A . R e i s n e r referentes a t u m b a s y y a c i m i e n t o s ,
p u d o p r e s e n t a r la r e c o n s t r u c c i ó n m á s detallada y c o n v i n c e n t e h e c h a
5 2
hasta el día de a q u e l l o s p r o c e s o s . L o s c o m i e n z o s d e N a p a t a n o s o n
e n t o d o caso a n t e r i o r e s al a ñ o 8 5 0 a . C . , esto es, 2 0 0 a ñ o s d e s p u é s
d e la d e s a p a r i c i ó n d e l g o b i e r n o e g i p c i o . S e trata de l a c i u d a d y el
c e m e n t e r i o de e l - K u r r u , el p r i m e r c e n t r o del Estado de Napata,
situado a u n o s 15 k m s c o r r i e n t e abajo de G e b e l B a r k a l . L o s p r i m e r o s
g o b e r n a n t e s de K u r r u s o n p a r a n o s o t r o s a r q u e o l ó g i c a m e n t e r a s t r e a -
bles e n u n serie de t u m b a s c o n f o r m a d e t ú m u l o q u e r e c u e r d a n a las
t u m b a s circulares de los g o b e r n a n t e s d e K e r m a y a los e n t e r r a m i e n t o s
del g r u p o G . P o r l o q u e n o s i n d i c a n las h u e l l a s —no se c o n s e r v a n
« m e n s a j e s » de esta época—, hay q u e i d e n t i f i c a r los c o m i e n z o s de esta

52 T. Kendall, «The Origin of the Napatan State: el-Kurru and the Evidence for the
royal Ancestors», en Meroitkia 16. Desgraciadamente no ha podido tenerse aquí en
cuenta la brillante monografía de László Tórók, The Brith of an Ancient African Kingdom.
Kush and HerMyth ofthe State in the First Millenium BG, Univ. Lille III, Lille, 1995.
 400 EGIPTO

dinastía, e n el sentido cultural, c o m o n u b i o s . Entre los objetos

b a i l a d o s e n estas t u m b a s l o s hay, s i n e m b a r g o , d e o r i g e n i n e q u í v o c a -
m e n t e e g i p c i o , c o m o vasos d e p i e d r a , alhajas d e o r o y r e c i p i e n t e s d e
l o z a , a d e m á s d e c e r á m i c a , l o s c u a l e s p e r m i t e n d e d u c i r la e x i s t e n c i a
d e r e l a c i o n e s c o m e r c i a l e s c o n E g i p t o . P e r o las t u m b a s d e l a s i g u i e n t e
g e n e r a c i ó n p e r m i t e n c o n c l u i r a l g o más.- u n a i n f l u e n c i a . c u l t u r a l d e
E g i p t o . Las cámaras funerarias presentan ahora m u r o s de piedra
tallada y l a c e r á m i c a a p a r e c e p i n t a d a c o n escenas d e estilo e g i p c i o ; y
hasta se h a h a l l a d o e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a . Las h u e l l a s se r e l a c i o n a n c o n
mensajes iconográficos y epigráficos q u e p e r m i t e n d e d u c i r la p r e s e n -
cia de e g i p c i o s y e l d e s a r r o l l o d e u n c u l t o f u n e r a r i o e g i p c i o p a r a l o s
g o b e r n a n t e s n u b i o s . Y las t u m b a s d e la g e n e r a c i ó n s i g u i e n t e r e v e l a n
q u e el p r o c e s o d e e g i p t i z a c i ó n avanza de f o r m a r á p i d a y d r a m á t i c a .
S i antes se a d m i t í a q u e esta i n f l u e n c i a e g i p c i a p a r t í a d e l o s s a c e r -
dotes de A m ó n d e l t e m p l o d e G e b e l B a r k a l , q u e a pesar d e la r u p t u r a
d e l o s v í n c u l o s c o n l a m e t r ó p o l i p r o s i g u i e r o n el c u l t o d u r a n t e e l
Tercer Período Intermedio, K e n d a l l ha demostrado, basándose en
i n f o r m a c i o n e s n o p u b l i c a d o s s o b r e t u m b a s , q u e a q u e l t e m p l o se
h a l l a b a e n r u i n a s d e s d e h a c í a siglos. L a e g i p t i z a c i ó n s ó l o p u d o h a b e r
partido del m i s m o E g i p t o . ¿ C ó m o hay que e n t e n d e r esto? La
r e c o n s t r u c c i ó n d e K e n d a l l p a r e c e a p r i m e r a vista a l g o n o v e l e s c a ,
p e r o p o d r í a ser e n l o e s e n c i a l a c e r t a d a . K e n d a l l s u p o n e q u e el c l e r o
tebano de A m ó n , a m e n a z a d o p o r u n sublevación, b u s c ó refugio e n
los g o b e r n a n t e s d e K u r r u . P a r a tal s u b l e v a c i ó n a c o n t e c i ó , s e g ú n l a
h e m o s d e s c r i t o m á s a r r i b a , e n el a ñ o I I d e . T a k e l o t I I (ca. 8 4 0 a . G . ) ,
c u a n d o el g o b e r n a n t e t a n i t a n o m b r ó a su h i j o O s o r k o n s u m o s a c e r -
d o t e d e A m ó n , p o n i e n d o así e n s e r i o p e l i g r o la i n d e p e n d e n c i a d e l
Estado d i v i n o . Las revueltas f u e r o n reprimidas sangrientamente, y
varios sacerdotes f u e r o n ejecutados de u n a manera cruel. M o t i v o
s u f i c i e n t e p a r a q u e m u c h o s g r u p o s afectados i n t e n t a r a n salvarse d e la
p e r s e c u c i ó n h u y e n d o a N u b i a . E n el c u r s o p o s t e r i o r d e estos c o n -
flictos, el E s t a d o d i v i n o t e b a n o r o m p i ó sus e s t r e c h o s v í n c u l o s c o n l a
dinastía X X I I tanita, y e m p e z ó a c o n t a r l o s años de r e i n a d o d e la
dinastía X X I I I e n L e o n t ó p o l i s . C r o n o l ó g i c a m e n t e , los disturbios
t e b a n o s c o i n c i d e n c o n el c a m b i o c u l t u r a l e n N u b i a .
L a c o n s e c u e n c i a d e este c a m b i o c u l t u r a l es q u e las g e n e r a c i o n e s
s i g u i e n t e s d e la casa r e i n a n t e d e K u r r u se c o n s i d e r a n n o m b r a d a s p o r
A m ó n l e g í t i m a s h e r e d e r a s d e l t r o n o e g i p c i o . S u d i o s es el A m ó n d e
G e b e l B a r k a l , í n t i m a m e n t e v i n c u l a d o al c u l t o d e A m ó n e n T e b a s .
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA 401

F u n d a m e n t o d e esta c o n s t r u c c i ó n c ú l t i c a , p o l í t i c a y t e o l ó g i c a es la
g r a n estela d e T h u t m o s i s I I I e n G e b e l B a r k a l , a h o r a n u e v a m e n t e
l e g i b l e y q u e p e r m i t e q u e los r e c u e r d o s sepultados revivan en la i m a ­
g e n sagrada q u e de N u b i a t e n í a el R e i n o N u e v o . F u e r a n cuales f u e ­
r a n los factores d e s e n c a d e n a n t e s de este c a m b i o c u l t u r a l , lo c i e r t o es
q u e n o p u e d e n ser r e d u c i d o s a u n a « s u p e r v i v e n c i a » m á s o m e n o s
a u t o m á t i c a de las t r a d i c i o n e s egipcias del R e i n o N u e v o , s i n o q u e t i e ­
n e n que ver c o n u n recurso reconstructivo a formas y c o n t e n i d o s
e n t e r r a d o s y o l v i d a d o s s a l v a n d o el h i a t o d e v a r i o s s i g l o s . A q u í
p o d r í a n y h a b r í a n i n t e r v e n i d o c o n j u n t a m e n t e varias circunstancias.-
la p e r m a n e n c i a d e c o l o n o s e g i p c i o s e n el p a í s , la v i s i b i l i d a d d e l o s
templos a b a n d o n a d o s y ruinosos, pero que siguen despertando s e n ­
t i m i e n t o s , las r e l a c i o n e s c o m e r c i a l e s , n u n c a r o t a s , c o n E g i p t o , la
estancia d e s o l d a d o s kushitas e n E g i p t o y de c o m e r c i a n t e s , i n t é r p r e ­
tes y q u i z á t a m b i é n e n v i a d o s e g i p c i o s e n K u r r u y m u c h a s otras c i r ­
c u n s t a n c i a s , e n t r e las q u e la a f l u e n c i a de r e f u g i a d o s p o l í t i c o s , q u e
K e n d a l l r e c o n s t r u y e , t e n d r í a e s p e c i a l s i g n i f i c a c i ó n . P u e s , si b i e n e n
G e b e l B a r k a l el r e c u e r d o d e l c u l t o p a r e j o d e K a r n a k se h a b í a p e r ­
d i d o , e n K a r n a k o c u r r í a l o c o n t r a r i o . A q u í , los t e x t o s q u e h a c í a n
r e f e r e n c i a a la p a t r i a n u b i a de A m ó n - M i n c o n t i n u a r o n e m p l e á n d o s e
e n el c u l t o , s i n q u e l o s a p u r o s d e los sacerdotes l o i m p i d i e r a n .
C o n la e g i p t i z a c i ó n , l o s g o b e r n a n t e s de K u r r u d e j a r o n m e n s a j e s
q u e n o s o t r o s p o d e m o s e n t e n d e r . Las i n s c r i p c i o n e s m á s antiguas s o n
a ú n t o r p e s , y l o s t e m p l o s más a n t i g u o s , m o d e s t a s c o n s t r u c c i o n e s de
l a d r i l l o . P e r o esto c a m b i a r á r á p i d a m e n t e . E l p r i m e r o de a q u e l l o s
5 3
g o b e r n a n t e s es A l a r a / A r i i , d e l q u e más t a r d e se d i r á q u e c o n f i ó e n
A m ó n , q u e le h a p u e s t o c o m o r e y . K a s h t a ( « e l k u s h i t a » ) , su s u c e ­
sor, ostenta ya t o d a la t i t u l a t u r a e g i p c i a , y d e s a r r o l l a u n a m u y a m b i ­
ciosa a c t i v i d a d c o n s t r u c t o r a d e p u r o estilo e g i p c i o . C o n su s u c e s o r ,
P i y e , c u l m i n a este d e s a r r o l l o . S u s i n s c r i p c i o n e s h i s t ó r i c a s n o s ó l o
están e n la m e j o r t r a d i c i ó n e g i p c i a , s i n o q u e c o n s t i t u y e n d e n t r o de
ésta u n a c u m b r e d e l arte n a r r a t i v o y m a n i f i e s t a n la a m b i c i ó n d é este
g o b e r n a n t e d e p o n e r f i n al T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o n o s ó l o p o l í ­
tica, s i n o t a m b i é n c u l t u r a l m e n t e , y dar i n i c i o a u n n u e v o p e r í o d o de
e s p l e n d o r . U n a v e z m á s d e m u e s t r a la alianza d e l i t e r a t u r a y p o l í t i c a

53 Macadam, The TemplesofKawa, pp. 76-81, pls. 3S»-2é- En esta inscripción, Alara-Arii
aún no se denomina «rey» (nswt), sino sólo nbhps, nbtgwj e «hijo de Amón». Tam­
poco lleva corona ni Ureus, pero escribe su nombre en cartuchos.
402, EGIPTO

sus v i r t u a l i d a d e s . L a d i n a s t í a k u s h i t a n o s ó l o c o n f í a e n la f u e r z a d e
sus t r o p a s , s i n o t a m b i é n , y e n la m i s m a m e d i d a p o r l o m e n o s , e n el
p o d e r de su r e t ó r i c a , e n la f u e r z a e l e c t r i z a n t e de su m i s i ó n r e l i g i o s a
y e n el e s p l e n d o r de su a r q u i t e c t u r a .

Esta v e z h u b o u n a u t é n t i c o r e n a c i m i e n t o . E l q u e n o fuese d u r a ­
d e r o y f i n a l m e n t e n o fuese más q u e u n a p r e p a r a c i ó n de l o q u e l u e g o
v e n d r í a c o n la d i n a s t í a XXVI, se d e b e a c i r c u n s t a n c i a s d e p o l í t i c a
e x t e r i o r q u e más a d e l a n t e h a b r e m o s de c o n s i d e r a r .
L a a s c e n s i ó n d e la casa k u s h i t a , f u n d a d o r a d e la d i n a s t í a XXV, se
p r o d u j o p o r etapas. E l p r i m e r p a s o , la c o n s t i t u c i ó n d e u n g o b i e r n o
l o c a l e n K u r r u , p e r m a n e c e p a r a n o s o t r o s e n la o s c u r i d a d , y s ó l o
t e n e m o s n o t i c i a d e él a través d e h u e l l a s a r q u e o l ó g i c a s . E l s e g u n d o
p a s o es la p r e t e n s i ó n d e l r e c o n o c i m i e n t o p o r E g i p t o de u n r e i n o d e l
m i s m o r a n g o q u e l o s d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o . L a casa k u s i t a
se c o l o c a así al m i s m o n i v e l q u e e l d e las d i n a s t í a s y p r i n c i p a d o s
e g i p c i o s . E l t e r c e r p a s o es la a s p i r a c i ó n a la m o n o c r a c i a f a r a ó n i c a e n
el s e n t i d o c l á s i c o . E s t e p a s o e x i g í a v o l v e r a la g r a n t r a d i c i ó n d e l
pasado. E l n u e v o o r d e n que los gobernantes kushitas q u e r í a n i n s ­
t a u r a r f r e n t e a las c o r t e s p o l i c é n t r i c a s d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e ­
dio sólo podía legitimarse c o m o regreso a b o r d e n antiguo y v e r d a ­
d e r o . E n e l a s p e c t o p o l í t i c o e x i g í a el r e g r e s o a la f o r m a c l á s i c a d e l
reparto de p o d e r e s . P o d e r clerical, p o d e r secular y p o d e r m i l i t a r
f u e r o n de n u e v o r e p a r t i d o s e n t r e distintas m a n o s . L o s k u s h i t a s s a c a ­
r o n p r o v e c h o d e a q u e l l a e s t r u c t u r a q u e h a b í a c r e a d o O s o r k o n III
(dinastía XXIIl) p a r a i m p e d i r de u n a vez p o r t o d a s e n f r e n t a m i e n t o s ,
si n o g u e r r a s civiles, c o m o l o s q u e se p r o d u j e r o n e n T e b a s a l r e d e d o r
del c a r g o de s u m o s a c e r d o t e . E l l o s h i c i e r o n q u e la p r i n c e s a A m e n i r -
dis, h i j a de K a s h t a y h e r m a n a d e P i y e , fuese a d o p t a d a p o r la e s p o s a
d e l d i o s e n t o n c e s r e i n a n t e , S h e p e n u p e t I, hija de O s o r k o n III.

L A EPOPEYA D E P I Y E .

A n t e s d e q u e la d i n a s t í a k u s h i t a d i e r a el t e r c e r p a s o y r e s t i t u y e r a e l
r e i n o f a r a ó n i c o e n t o d o su e s p l e n d o r t r a d i c i o n a l , el o r d e n h i s t ó r i c a ­
m e n t e c o n f i g u r a d o d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o e n c u e n t r a e n Piye
u n d e f e n s o r . Justo e n el p u n t o e n q u e amenaza c o n d e s m o r o n a r s e ,
d e b i d o a q u e u n o de l o s p r í n c i p e s l i b i o s d e l delta, l l a m a d o T e f n a k t e ,
 V / 2. LA POLIARQUÍA L I B I A Y EL REINO DE NAPATA

p e r t u r b a el d e l i c a d o e q u i l i b r i o d e l p o l i c e n t r i s m o p o l í t i c o y —esta vez
d e s d e el norte— p r e t e n d e llevar a c a b o u n a n u e v a u n i f i c a c i ó n , i n t e r -
v i e n e Piye y r e s t a b l e c e p o r la fuerza de las a r m a s ese e q u i l i b r i o .
La estela t r i u n f a l de Piye, bailada e n 1862; cerca de G e b e l B a r k a l p o r
u n oficial e g i p c i o de p e r m i s o e n su país, e i n m e d i a t a m e n t e trasladada
p o r M a r i e t t e a su m u s e o de B o u l a q , arroja u n a clara l u z s o b r e las d i s -
tintas situaciones políticas de E g i p t o al final d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r -
m e d i o y muestra u n p a n o r a m a de extrema d i s p e r s i ó n política. Pero
esta s i t u a c i ó n n o es p e r c i b i d a c o m o u n « c a o s » o b j e t o de l a m e n t a c i o -
nes, s i n o q u e , p o r el c o n t r a r i o , aparece c o n c e p t u a d a y c o d i f i c a d a c o m o
u n o r d e n p o l í t i c o . Se trata, pues, de u n a s i t u a c i ó n e x a c t a m e n t e inversa
a la de los dos p e r í o d o s i n t e r m e d i o s p r e c e d e n t e s : frente a las l a m e n t a -
c i o n e s y d e s c r i p c i o n e s de caos q u e sería l ó g i c o esperar de la d i s c r e p a n -
cia e n t r e la r e a l i d a d p o l i c é n t r i c a y la t e o r í a m o n o c r á t i c a , n o s ó l o
o b s e r v a m o s la a u s e n c i a de t o d a d i s o n a n c i a cognitiva, s i n o i n c l u s o u n a
d e s c r i p c i ó n p o s i t i v a , c o m o la q u e a d m i t i r í a u n o r d e n n o r m a t i v o , de
esta s i t u a c i ó n . Esta estela t r i u n f a l de P i y e es c o m o la g l o r i f i c a c i ó n d e l
T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o : d e f i e n d e el o r d e n de l o s n u m e r o s o s reyes,
p r í n c i p e s y n o b l e s r e i n a n t e s u n o tras o t r o d e l a g r e s o r i n t e r n o , q u e
q u i e r e crear la u n i d a d —y q u e más tarde f u n d a r á la dinastía XXIV—.
E l i n t e r é s p o l í t i c o de Piye e n la c o n s e r v a c i ó n d e l o r d e n p o l i c é n -
t r i c o r e s u l t a ya d e la e s c e n a q u e m u e s t r a el f r o n t i s d e la e s t e l a . E l l a
retrata—contra t o d a t r a d i c i ó n , p u e s n u n c a se f i a r e p r e s e n t a d o e n u n a
estela u n a e s c e n a h i s t ó r i c a , s i n o s i e m p r e u n a escena cúltica— la q u i n -
taesencia d e l o r d e n p o l í t i c o q u e Piye desea: el h o m e n a j e a l o s d i s t i n -
tos reyes y p r í n c i p e s s o m e t i d o s p o r Piye, p e r o f i n a l m e n t e c o n f i r m a d o s
y r e s p a l d a d o s e n sus t í t u l o s y p r e t e n s i o n e s d e g o b i e r n o . E n t r e e l l o s
sólo T e f n a k t e , el rival, está a u s e n t e , sea p o r q u e Piye se n i e g a a a d m i -
t i r l e e n esta c o d i f i c a c i ó n i c ó n i c a d e l o r d e n , sea p o r q u e r e s p e t a el
h e c h o d e q u e T e f n a k t e defacto n o se a d h i r i ó a ese o r d e n . E n m e d i o
figura el p r o p i o Piye, m i r a n d o a la d e r e c h a ; detrás de él, A m ó n e n su
t r o n o , m i r a n d o i g u a l m e n t e a la d e r e c h a y a c o m p a ñ a d o d e M u t ( d e
p i e ) . A a m b o s l a d o s de este g r u p o c e n t r a l a p a r e c e n , e n d o s r e g i s t r o s ,
los g o b e r n a n t e s d e l Bajo y el M e d i o E g i p t o . E l g r u p o de la d e r e c h a , al
q u e Piye m i r a , está e n c a b e z a d o , e n el r e g i s t r o s u p e r i o r , p o r la r e i n a
( N e s t j e n e t ) y el r e y N i m l o t d e H e r m ó p o l i s . E l r e y t i e n e e n la m a n o
d e r e c h a u n s i s t r o , y c o n la i z q u i e r d a c o n d u c e u n c a b a l l o . Estas d o s
figuras, q u e a p a r e c e n de p i e , están b i e n destacadas. L a s o c h o figuras
restantes a p a r e c e n p o s t r a d a s . A l a d e r e c h a , e n el r e g i s t r o i n f e r i o r tres
 404 EGIPTO

« r e y e s » más b e s a n la t i e r r a : O s o r k o n d e T a n i s - B u b a s t i s , í u p u t de
L e o n t ó p o l i s y Pfetjauawibastet de H e r a c l e ó p o l i s . E l g r u p o d e la d e r e -
cha c o m p i ' e n d e , p u e s , s ó l o personajes r e g i o s , c o m o tales r e c o n o c i b l e s
n o s ó l o p o r el t í t u l o y la e s c r i t u r a e n c a r t u c h o s , s i n o t a m b i é n p o r la
d i a d e m a c o n el u r e u s . E n el g r u p o de la i z q u i e r d a se h a l l a n r e p r e s e n -
tados, e n el r e g i s t r o s u p e r i o r , d o s c a u d i l l o s de M a , r e c o n o c i b l e s p o r
su p l u m a ( A k a n o s h y D j e d a m o n e f a n k ) , y e n el i n f e r i o r u n n o - M a (el
p r í n c i p e Pediese) y otros dos caudillos de M a (los n o b l e s Patjenfi y
P i m u i ) . Más a d e l a n t e v o l v e r e m o s s o b r e la i d e n t i d a d de las p e r s o n a s y
el s i g n i f i c a d o d e l o s t í t u l o s . A h o r a s ó l o n o s i n t e r e s a el q u e éstas n o
sean « r e b e l d e s » n i « m i s e r a b l e s e n e m i g o s » , s i n o q u e a p a r e z c a n c o n
t o d o el o r n a t o d e su i d e n t i d a d d e g o b e r n a n t e s . Es la r e p r e s e n t a c i ó n
e n i m á g e n e s de u n h e c h o p o l í t i c o q u e se halla e n crasa c o n t r a d i c c i ó n
c o n toda la i d e o l o g í a t r a d i c i o n a l , algo p a t e n t e i n c l u s o p a r a l o s q u e n o
s a b e n l e e r . L o s t í t u l o s r e a l e s y el u r e u s s i g n i f i c a n t a m b i é n c ó m p u t o
a n u a l p r o p i o . E n el E g i p t o de esta é p o c a se vivía e n varias « z o n a s c r o -
n o l ó g i c a s » , p u e s a las t r e s o c u a t r o c r o n o l o g í a s e g i p c i a s ( e l E s t a d o
d i v i n o t e b a n o h a b í a a d o p t a d o el c ó m p u t o d e la dinastía XXIIl) se a ñ a -
d i ó el c ó m p u t o a n u a l d e P i y e . L e j o s d e r e c o n o c e r e n estas s i t u a c i o n e s
s í n t o m a s de caos y a n a r q u í a , Piye las s a n c i o n a c o m o el o r d e n q u e r i d o
p o r la d i v i n i d a d , u n o r d e n i c ó n i c a m e n t e a r t i c u l a d o y c o d i f i c a d o e n
las i m á g e n e s d e su estela.

P i y e a d q u i e r e su p e r s p e c t i v a s u p e r i o r , q u e le p e r m i t e t e n e r u n a
v i s i ó n de los m ú l t i p l e s p r i n c i p a d o s y p e q u e ñ o s r e i n o s e n c o m p e t e n -
cia e n q u e E g i p t o se h a b í a f r a g m e n t a d o c o m o e l e m e n t o s c o n f o r m a -
d o r e s de u n o r d e n p o l í t i c o , d e u n n u e v o m o d e l o d e « g r a n r e i n o »
q u e él esboza e n o t r o t e x t o :

A m ó n de Napata me ha puesto como gobernante de este país,

igual que yo dije a u n o : « S é r e y » , y es rey,
o « T ú n o serás r e y » , y no es rey.
A m ó n de Tebas me ha puesto como gobernante de Egipto
igual que yo dije a u n o : « Y o te c o r o n o » , y coronado está,
o « T ú n o serás c o r o n a d o » , y no está coronado.
Q u i e n está bajo mi protección, no corre peligro de que su ciudad
sea conquistada, mientras yo pueda impedirlo.
Los dioses hacen u n rey, los hombres hacen u n rey,
54
pero yo soy u n rey que A m ó n ha h e c h o .
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA
405

Piye se c o n s i d e r a « g r a n r e y » e n el s e n t i d o asirio d e l rey que t i e n e

a o t r o s reyes bajo él, y u n rey d e s i g n a d o p o r A m ó n e n el s e n t i d o de la
t e o c r a c i a t e b a n a , m i e n t r a s q u e l o s d e m á s reyes s o n d e s i g n a d o s u n o s
p o r dioses ( c o m o l o s reyes de A s i r i a , B a b i l o n i a o I s r a e l ) y o t r o s p o r
él m i s m o ( c o m o l o s reyes d e l M e d i o y el Bajo E g i p t o ) . Este m o d e l o le
p e r m i t e o b s e r v a r d e s d e a r r i b a el caos fáctico de la « p o l i a r q u í a l i b i a »
y, d e s d e esa p e r s p e c t i v a , p r e s e n t a r l o c o m o o r d e n .

L a s i t u a c i ó n d e e x t r e m a d i s g r e g a c i ó n está b i e n a la vista. E l texto

de la i n s c r i p c i ó n r e f l e j a esta e s c e n a c o n u n a p r e c i s i ó n i n u s i t a d a e n
E g i p t o . L a i n c e s a n t e s e p a r a c i ó n de apanagesy p r i m o g e n i t u r a s b i z o q u e
de l o s r e i n o s de las dinastías X I I y X X I I I s ó l o q u e d a r a n g o b i e r n o s de
5 5
c i u d a d e s c o n u n m í n i m o t e r r i t o r i o a su a l r e d e d o r . E n el M e d i o
5 6
Egipto, H e r m ó p o l i s y Heracleópolis eran reinos independientes .
E l E s t a d o d i v i n o d e T e b a s estaba ya b a j o d o m i n i o de l o s kushitas. E l
t o d o r e c u e r d a al « S a c r o I m p e r i o R o m a n o d e la N a c i ó n A l e m a n a »
e n t i e m p o s de la c o n q u i s t a n a p o l e ó n i c a , o a l o s B a l c a n e s d e s p u é s de
la P r i m e r a G u e r r a M u n d i a l . E n d o s o c a s i o n e s se i n t e r c a l a n listas c o n
los n o m b r e s de r e p r e s e n t a n t e s d e l o s p a r t i c u l a r i s m o s estatales d e l
B a j o E g i p t o a c o m p a ñ a d o s de t í t u l o s p r e c i s o s y p r e t e n s i o n e s t e r r i t o -
riales. U n a de estas listas n o m b r a a los m i e m b r o s de la c o a l i c i ó n de la
q u e T e f n a k t e h a p o d i d o valerse p a r a el p r o p ó s i t o de s o m e t e r d e s d e el
n o r t e el r e i n o y c r e a r u n n u e v o g o b i e r n o c e n t r a l . L a s e g u n d a lista
n o m b r a a los príncipes y gobernantes que h a n acabado sometiéndose
a P i y e . E n ella se d i s t i n g u e c l a r a m e n t e e n t r e tres categorías de g o b e r -
nantes: reyes, caudillos de M a y n o b l e s u otros señores que n o s o n

54 Grimal, Les termes de lapropagande royale égyptienne de la XIX""' dynastie á la conquéte d'Alexandre,
París, 1986, 2I7-2I8.
55 En el Este del delta gobiernan los herederos de las dinastías XXII y XXIII Osorkon IV
y Iuput II junto con toda una serie de portadores de títulos no reales: el «príncipe
de Ma» Sbesbonq de Busiris (a quien en el curso de los acontecimientos sucede el
«conde» Pmui), el «gran.príncipe de Ma» Djedamonefank de Mendes, cuyo prín-
cipe heredero general Ankhor de Hermópolis parva, el «príncipe» (rp'-t) de Athri-
bis, Bakennefi (a quien suceden sus hijos Petiisis y Esnaut, que se reparten el nomo
de Athribis-Heliópolis), el «conde» y príncipe de Ma Akanosh de Sebe.nnytos,
Behber el-Hagar y Sammanud, el conde y príncipe de Ma Patjenfi de Pi-soped, el
conde y príncipe de Ma Nachthornashenu de Pikror, el príncipe de Ma Pentawere y
el príncipe de Ma Pentabekne, el sacerdote Petharsomtus de Letópolis, los condes
Horbes de Ese y Rosesau, Djedkiu de Kentnefer, Pabasa de Keraha.
56 En Hermópolis gobierna Nimlot/Namart con su «reina» Nestjenet, y en Heracleó-
polis Peftjauawibastet. Éste, conocido, también por algunos monumentos, gobierna
al estilo faraónico, con su propio cómputo anual.
406 EGIPTO

c a u d i l l o s d e M a . L o s m o n u m e n t o s de la é p o c a c o n f i r m a n c o n t o d a
e x a c t i t u d los datos de estas listas.
La p r e c i s i ó n e n la d e s c r i p c i ó n es indicativa de la s i g n i f i c a c i ó n q u e
p a r a P i y e t i e n e el statu quo. Piye d e s c r i b e la s i t u a c i ó n c o m o u n o r d e n
p o l í t i c o q u e c o m o tal respeta y a d m i t e . S u c a m p a ñ a militar n o p e r s i g u e
u n a t r a n s f o r m a c i ó n r e v o l u c i o n a r i a . E l t o m a p a r t e e n el j u e g o d e la
c r e a c i ó n de u n o r d e n p o l í t i c o i n t e r i o r e m p l e a n d o m e d i o s p r o p i o s d e
u n a «política e x t e r i o r » cuando vincula (pero n o fusiona) en calidad
de vasallos los g o b i e r n o s existentes a su r e i n o k u s h i t a - t e b a n o , h a c i e n d o
valer su r a n g o s u p e r i o r (njswt-bjt, e n o p o s i c i ó n al m e r o njswt, u n i d o al
uso del p r o n o m b r e hm.f, « S u M a j e s t a d » ) . Q u i e r e , p o r u n a p a r t e ,
c o n s e r v a r las e s t r u c t u r a s e x i s t e n t e s , m a s , p o r o t r a , t a m b i é n q u i e r e
i m p o n e r u n a n u e v a estructura s u p e r i o r q u e las e n g l o b e . Y esta i m p o -
s i c i ó n es p a r a él su m i s i ó n divina. G o m o esta n u e v a estructura n o d e b e
disolver las antiguas, s i n o al c o n t r a r i o , p r o t e g e r l a s , reforzarlas y c o n -
servarlas, su m i s i ó n es p o l í t i c a m e n t e d é b i l , p e r o Piye i n t e n t a c o m p e n -
sar esta d e b i l i d a d p o r m e d i o de la semántica p o l í t i c a . E l texto q u e Piye
h a c e g r a b a r e n la estela t r i u n f a l de G e b e l Barkal está ante t o d o al s e r v i -
cio de la p u b l i c i d a d y la p e r p e t u a c i ó n de esta semántica.
L a s i t u a c i ó n h i s t ó r i c a h a c i a 73°/7^5 á - C , q u e la i n s c r i p c i ó n
p l a s m a c o n tanta p r e c i s i ó n , es el t r a s f o n d o , p e r o n o la o c a s i ó n p a r a
la a c c i ó n de P i y e . Esta es. más b i e n p r o v o c a d a p o r u n a d i n á m i c a q u e
a m e n a z a el f u n d a m e n t o .del o r d e n p o l í t i c o , el e q u i l i b r i o d e l j u e g o
p o l i c é n t r i c o d e f u e r z a s . A l o e s t e d e l d e l t a , T e f n a k t e d e Sais se h a
adueñado de u n a i m p o r t a n t e zona territorial y aliado c o n los
« r e y e s » de las dinastías X X I I y X X I I I y sus m ú l t i p l e s r a m a s laterales y
c o n c a u d i l l o s d e M a . T e f n a k t e m a r c h a h a c i a el s u r y a m e n a z a a l o s
« r e y e s » de H e r a c l e ó p o l i s y H e r m ó p o l i s . D e s e a c o n s t r u i r u n a n u e v a
f o r m a d e u n i d a d p o l í t i c a b a j o su s o b e r a n í a . E n este p u n t o se p r o -
d u c e la i n t e r v e n c i ó n de q u e i n f o r m a la estela d e P i y e .

Llegaron para anunciar a Su Majestad:

hay u n caudillo del oeste,
el conde, y príncipe de Ntr, Tefhakt,
que se encuentra en el n o m o del A r p ó n , en el n o m o del T o r o del
Desierto,
en Hapi, en [...],
en A n u , en la Gasa Dorada y en Menfis.
Ha tomado posesión de todo el oeste,
 V / 2 . LA POLIARQUÍA L I B I A Y EL REINO DE NAPATA

desde los pantanos del norte hasta Lisht,

y marcha ahora hacia el sur con u n gran ejército,
con todo el país, aliado suyo, siguiéndole;
los condes y administradores de distrito le siguen como perros.
N i n g u n a fortaleza de los nomos del sur le ha cerrado las puertas
(sigue una lista).
Dirigiéndose a los n o m o s del este,
éstos le han abierto igualmente las puertas:
(sigue otra lista).
Mira, ahora pone cerco a Heracleópolis.
Q u e se ha enroscado como la serpiente U r o b o r o s
y no deja salir a q u i e n quiere salir, ni entrar a q u i e n quiere
entrar, y lucha cada día.
El la tiene cercada p o r todas partes,
cada conde conoce su bastión,
él tiene a cada hombre en su división
bajo los condes y los administradores.

E l s e g u n d o m e n s a j e v i e n e de l o s « c o n d e s y c o m a n d a n t e s de g u a r -
n i c i ó n e n sus c i u d a d e s » , q u e se v e n a s e d i a d o s . A n u n c i a n q u e a h o r a
t a m b i é n N i m l o t se h a l l a e n H e r m ó p o l i s b a j o u n a g r a n p r e s i ó n y h a
tomado disposiciones para someterse a Tefnakte:

Mira, ha ido a unirse a él,

ya no está del lado de Su Majestad.

E n t o n c e s Piye da a l o s c o m a n d a n t e s d e las t r o p a s e s t a c i o n a d a s e n
E g i p t o o r d e n d e atacar a T e f n a k t e . C o n esto n o s e n t e r a m o s de q u e ,
e n esta é p o c a , el A l t o E g i p t o estaba ya e n m a n o s k u s h i t a s . A l a vez
envía a E g i p t o u n e j é r c i t o al q u e da i n s t r u c c i o n e s m u y p r e c i s a s : n i n -
g ú n ataque n o c t u r n o p o r s o r p r e s a ; c o m b a t i r s ó l o d e día y c o n p r e v i o
aviso; si el adversario desea u n a p l a z a m i e n t o , d e b e c o n c e d é r s e l e , y si
q u i e r e e s p e r a r r e f u e r z o s , hay q u e e s p e r a r su l l e g a d a , d e b i é n d o s e
l u c h a r c o n t r a estas t r o p a s d e r e f u e r z o . A d e m á s h a y q u e a n u n c i a r a
éstas el c o m b a t e d e la s i g u i e n t e m a n e r a :

N o sabemos a quién debemos hablar,

al dirigirnos al ejército.
(pero escucha:) p o n el tiro al mejor carro de guerra de tu establo
y organiza los frentes de batalla.
¡Entonces notarás que es el dios A m ó n el que nos ha enviado!
 4o8 EGIPTO

Para Piye es de s u m a i m p o r t a n c i a q u e esta g u e r r a se d e s a r r o l l e c o n -

f o r m e a ciertas reglas, es d e c i r , q u e sea u n a g u e r r a justa, y t e n i e n d o e n
c u e n t a su m i s i ó n d i v i n a , t a m b i é n u n a g u e r r a santa. Las excelentes c u a -
l i d a d e s de q u e desea a p a r e c e r revestido e n la d e s c r i p c i ó n de sus a c c i o -
nes n o s o n las v i r t u d e s clásicas d e l g e n e r a l : estrategia, astucia táctica,
rapidez, i m p r e d e c i b i l i d a d , valentía, intrepidez, planificación, etc.,
s i n o p i e d a d , b e n e v o l e n c i a , d e f e r e n c i a , c o n f i a n z a e n el d i o s , c o n c i e n -
cia d e la p r o p i a m i s i ó n y c o n s e c u e n c i a . N o desea a p a r e c e r c o m o g r a n
conquistador, sino c o m o gobernante legítimo.
M i e n t r a s la p r i m e r a p a r t e d e la i n s t r u c c i ó n e x p o n e las reglas q u e
esa g u e r r a d e b e r e s p e t a r , la s e g u n d a se r e f i e r e a la c o n d u c t a del e j é r -
cito e n T e b a s . T e b a s a p a r e c e a q u í c o m o u n a c i u d a d sagrada, e n la q u e
d e b e garantizarse la p a z d e la f o r m a m á s e s c r u p u l o s a . E l ejército d e b e
dejar las a r m a s , p u r i f i c a r s e c o n agua y vestir de l i n o s a c e r d o t a l . A n t e
el d i o s , la fuerza m i l i t a r c a r e c e d e s e n t i d o .

N i n g ú n héroe tiene fuerza sin él.

El hace fuertes a los débiles,
y así muchos huyen de pocos
y u n o sólo vence a miles.

P o r eso d e b e n l o s s o l d a d o s p u r i f i c a r s e , p o s t r a r s e arite él y h a b l a r l e
así:

Enséñanos el camino,
para que luchemos bajo tu sombra.
Q u e las tropas que tú has enviado ataquen con éxito,
y ante ellas la multitud sienta terror.

L a semántica que Piye e m p l e a para obligar a los g o b i e r n o s del

n o r t e , c o m o antes q u e él N a r m e r , M e n t u h o t e p y K a m o s e e n el
s u r , a r e c o n o c e r u n r e i n o q u e está p o r e n c i m a d e e l l o s , es la
semántica teocrática del E s t a d o d i v i n o . Las m e d i d a s a q u í descritas
s o n a b s o l u t a m e n t e nuevas. ¿ D ó n d e h u b o antes e n E g i p t o algo
c o m p a r a b l e ? T o d o u n e j é r c i t o d e b e p u r i f i c a r s e y vestir de m o d o
sacerdotal p a r a e n t r a r e n el t e m p l o y p o d e r p e d i r p r o t e c c i ó n a
A m ó n . S e trata d e u n r i t u a l f o r m a l p a r a i n i c i a r u n a g u e r r a .
E n lo que sigue h a r e m o s u n a r e c a p i t u l a c i ó n m u y breve de los
r e s u l t a d o s d e s c r i t o s e n e l t e x t o antes de v a l o r a r el texto c o m o m o n u -
m e n t o histórico, literario y civilizatorió.
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA 400,

E l e j é r c i t o e n v i a d o p o r Piye avanza h a c i a H e r a c l e ó p o l i s p a s a n d o
p o r T e b a s , y e n H e r a c l e ó p o l i s se e n c u e n t r a c o n la c o a l i c i ó n d e tres
reyes y c i n c o p r í n c i p e s q u e se h a n a d h e r i d o c o n sus e j é r c i t o s a T e f -
n a k t e . Se p r o d u c e n dos e n f r e n t a m i e n t o s , tras los cuales el ejército de
los aliados se r e t i r a h a c i a el Bajo E g i p t o , m i e n t r a s q u e N i m l o t h u y e
hacia H e r m ó p o l i s , d o n d e tiene su r e s i d e n c i a . L u e g o , el ejército k u s -
hita p o n e sitio a la c i u d a d d e H e r m ó p o l i s y da p a r t e al rey.
E l rey « s e e n f u r e c e c o m o u n a p a n t e r a » p o r q u e los c o a l i g a d o s h a
h u i d o , y j u r a p a r t i r él m i s m o p a r a E g i p t o . P e r o a n t e s d e b e c e l e -
b r a r s e e n T e b a s la fiesta de L u x o r de la f o r m a p r e s c r i t a , y esta fiesta
d u r a tres s e m a n a s . E l e j é r c i t o , q u e se h a e n t e r a d o d e la c ó l e r a d e S u
Majestad, i n t e n t a , m e d i a n t e u n a serie de a c c i o n e s llevadas a cabo
c o n é x i t o , c a l m a r a su s e ñ o r . T r e s veces se d i c e : « d i e r o n p a r t e a S u
M a j e s t a d , p e r o su c o r a z ó n n o q u e d a b a c o n t e n t o » . C o n c l u i d a s las
festividades tebanas, P i y e se d i r i g e a la c e r c a d a Hermópolis,
r e p r e n d e a su e j é r c i t o y e s t r e c h a el c e r c o , hasta q u e d e H e r m ó p o l i s
e m p i e z a a s a l i r u n « o l o r a d e s c o m p o s i c i ó n » . E l r e y N i m l o t se v e
o b l i g a d o a e n v i a r e m i s a r i o s , y f i n a l m e n t e a la r e i n a . Desafortunada-
m e n t e grandes partes del texto que sigue están destruidas. P e r o ,
después de u n a extensa l a g u n a , los diseuros c o n t i n ú a n : Nimlot
c a m b i a de a c t i t u d y, a r r e p e n t i d o , vuelve a ser vasallo de Piye. E l
t e x t o da g r a n v a l o r a la h e c h u r a d e estos d i s c u r s o s , y a p r o x i m a d a -
m e n t e d o s t e r c e r a s p a r t e s d e l m i s m o se c o m p o n e n d e d i s c u r s o s . E n
ellas se d e s p l i e g a la d i m e n s i ó n s e m á n t i c a de la h i s t o r i a alumbrando
la m o t i v a c i ó n i n t e r n a de a c t o s , a c t i t u d e s . y p o s t u r a s , interpretando
procesos y precisando metas. Las grandes cualidades literarias del
t e x t o , s o b r e las q u e a ú n h a b r e m o s de v o l v e r , r e s i d e n e n estos d i s -
c u r s o s . L o s a c o n t e c i m i e n t o s de H e r m ó p o l i s c o n c l u y e n c o n la s u m i -
s i ó n d e l rey, la c o n f i s c a c i ó n d e su t e s o r o , u n a o f r e n d a e n a c c i ó n de
gracias a T h o t , el d i o s d e H e r m ó p o l i s , y u n a e s c e n a m u , p a r t i c u l a r ,
q u e p r o v o c a u n s e g u n d o a c c e s o d e i r a d e P i y e . E l t e x t o r e f i e r e tres
d e estos a r r e b a t o s , y t o d o s a c a b a n c o n u n j u r a m e n t o s o l e m n e d e l
r e y . ¿ Q u é h a s u c e d i d o ? E n la i n s p e c c i ó n d e l e s t a b l o , P i y e c o m -
p r u e b a q u e ( ¿ l o s ? , ¿ a l g u n o s ? ) caballos h a n m u e r t o de hambre
—¡qué p o d r í a e s p e r a r s e e n u n a c i u d a d s i t i a d a d u r a n t e meses!—.
¿ P e r o c ó m o « l e e » P i y e este d e s c u b r i m i e n t o ?
 EGIPTO

Tan cierto como que vivo y Re me ama

y mi nariz alienta vida:
que a mis ojos es más grave dejar a mis (!) caballos morir de hambre
que todas tus demás faltas.

Este a s u n t o es p a r a P i y e o c a s i ó n p a r a p r o c l a m a r su m i s i ó n d i v i n a
m á s c l a r a m e n t e q u e e n n i n g ú n o t r o pasaje d e l l a r g o t e x t o :

¿ N o sabes que la sombra del dios está sobre m í ?

El no permite que mi causa fracase.
Si otro que no me conociera hubiera hecho lo que yo,
nada le habría yo censurado.
Y o nací e n c a r n e , creado en el huevo divino,
la semilla del dios está en mí.
Tan cierto como su ka dura, yo no actúo sin él,
pues él es el que m e o r d e n a hacer lo que hago.

E l s e n t i d o d e esta e s c e n a es la d e f i n i c i ó n de la c u l p a d e N i m l o t
p o r las c o n s e c u e n c i a s d e l s i t i o . Q u i e n , c o n t r a su p r o p i a c o n v i c c i ó n ,
c i e r r a sus p u e r t a s al g o b e r n a n t e e n v i a d o p o r el d i o s , se h a c e c u l p a b l e
d e t o d a s las c o n s e c u e n c i a s d e l e s t a d o de sitio q u e le .ha o b l i g a d o a
i m p o n e r . Esta c u l p a t i e n e e n él el carácter de u n p e c a d o , a d i f e r e n -
cia d e la a c c i ó n d e u n e n e m i g o q u e o b r a e n l e g í t i m a d e f e n s a . E n
c u a n t o al s i g n i f i c a d o d e l c a b a l l o e n esta é p o c a , hay q u e s a b e r q u e d o s
reyes kushitas se e n t e r r a b a n c o n sus caballos p r e f e r i d o s , y q u e O s o r -
k o n I V e n v i ó al r e y a s i á t i c o S a r g o n I I , c o m o el o b s e q u i o m á s n o b l e
q u e e n t o n c e s p o d í a h a c e r s e , « d o s m a g n í f i c o s caballos d e E g i p t o q u e
n o t i e n e n i g u a l e s e n t o d o el p a í s » .
T a m b i é n el r e y P e f t j a u a w i - B a s t e t d e H e r a c l e ó p o l i s a p r e n d e en
s e g u i d a la l e c c i ó n y n o p e r m i t e u n c e r c o , s i n o q u e d e c l a r a s u t o t a l
s u m i s i ó n e n u n d i s c u r s o q u e d e s p l i e g a , desde la p e r s p e c t i v a d e l v a s a -
l l o , t o d a la s e m á n t i c a de la r e l a c i ó n c o n el rey v e r d a d e r o , e l e g i d o p o r
la d i v i n i d a d . A ú n h a b r e m o s d e v o l v e r s o b r e este t e m a . A c o n t i n u a -
c i ó n se d e s c r i b e n tres casos de l o q u e c o n s t i t u y e u n a t e r c e r a p o s i b i l i -
d a d : u n a c i u d a d c i e r r a sus p u e r t a s , p e r o q u e l u e g o , p u e s t a a n t e u n
u l t i m á t u m , evita el c e r c o y se s o m e t e . E n t o d o s estos c a s o s , P i y e es
b e n e v o l e n t e y se l i m i t a a c o n s f i s c a r l o s t e s o r o s , t r a n s f e r i r el c o n t e -
n i d o de l o s a l m a c e n e s al t e m p l o d e A m ó n e n K a r n a k y o r g a n i z a r u n a
o f r e n d a de a c c i ó n de gracias a l o s dioses de la c i u d a d . C o n la t r a n s -
f e r e n c i a de los a l m a c e n e s al t e m p l o de A m ó n e n K a r n a k , Piye lleva a
 V / 2. LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA 411

efecto u n a p r á c t i c a p o l í t i c a d e l R e i n o N u e v o q u e e n su t i e m p o h a b í a
c o n d u c i d o a u n a i n m e n s a a c u m u l a c i ó n d e r i q u e z a s e n el t e m p l o
t e b a n o de A m ó n . Esta p r á c t i c a se ajusta a su c o n c e p t o d e l p a p e l d e la
« p i e t a s » y a su c o n c e p t o t e o c r á t i c o del E s t a d o .
P i y e a l c a n z a c o n su e j é r c i t o la c i u d a d d e M e n f i s y l e p o n e el
m i s m o u l t i m á t u m . P e r o Menfis r e s p o n d e a su mensaje c o n u n a
b o f e t a d a : c i e r r a sus p u e r t a s y a u n hace salir a u n a a b i g a r r a d a t r o p a de
a r t e s a n o s y m a r i n e r o s . M e n f i s n o t i e n e , c o m o se v e , n i n g ú n p r í n ­
c i p e . S e e n c u e n t r a ya b a j o d o m i n i o d e T e f n a k t e , q u e h a c e a q u í u n a
b r e v e a p a r i c i ó n , g r i t a u n a a r e n g a a l o s s i t i a d o s y d e s a p a r e c e e n su
caballo ( n o e n u n c a r r o , h e c h o q u e el t e x t o d e s t a c a ) . L a h i s t o r i a d e l
sitio y la t o m a d e M e n f i s , p u n t o c u l m i n a n t e de t o d o el t e x t o , ilustra
a c a b a d a m e n t e la p e r s p e c t i v a c o n s t a n t e de la n a r r a c i ó n . T o d o el c a p í ­
t u l o c o n s t a d e u n o s 1 7 0 v e r s o s . D e ellos s ó l o 5 8 c o r r e s p o n d e n a d i s ­
c u r s o s : I . ° el u l t i m á t u m d e P i y e ( 1 5 ) . 2 - ° el d i s c u r s o d e T e f n a k t e
0
(16), 3 . d e l i b e r a c i ó n e n el e j é r c i t o d e P i y e s o b r e l a e s t r a t e g i a d e l
sitio ( 9 ) , 4 - ° j u r a m e n t o d e Piye, q u e m o n t a e n c ó l e r a p o r esos d i s ­
c u r s o s y a m p a r a d o e n la v o l u n t a d de A m ó n o r d e n a el a t a q u e i n m e ­
diato: «yo quiero tomar Menfis c o m o un torrente» ( i o ) , y 5-°
arenga de Piye (8).
Las a c c i o n e s b é l i c a s c o m o tales s ó l o s o n m e n c i o n a d a s . S o n d o s , y
la p r i m e r a n o es p r o p i a m e n t e u n c o m b a t e . S e e n v í a al e j é r c i t o p a r a
q u e se a p o d e r e d e la flota d e M e n f i s , l o c u a l c o n s i g u e s i n d e r r a m a ­
m i e n t o d e s a n g r e , p u e s l o s b a r c o s se h a l l a n s i n t r i p u l a c i ó n e n el
p u e r t o . L a s e g u n d a es la t o m a de M e n f i s : « M e n f i s fue t o m a d a c o m o
p o r la a c c i ó n de u n t o r r e n t e . M u c h o s h o m b r e s m u r i e r o n , y otros
f u e r o n hechos p r i s i o n e r o s y c o n d u c i d o s ante S u M a j e s t a d » . Esto n o
se d e s c r i b e c o m o a c c i ó n h e r o i c a d e u n g r a n g e n e r a l , s i n o c o m o la
r e a l i z a c i ó n casi a u t o m á t i c a d e u n a v o l u n t a d , c u y o i n s t r u m e n t o se
c o n s i d e r a P i y e . P o r q u e , de la t o m a de M e n f i s , más i m p o r t a n t e q u e el
aspecto m i l i t a r es, p a r a el t e x t o , la p s i c o l o g í a de la r e b e l i ó n y el sitio,
del r e c o n o c i m i e n t o e x i g i d o , n e g a d o y f i n a l m e n t e o b l i g a d o , c o m o
m u e s t r a n los d i s c u r s o s , así c o m o el e p í l o g o de la c o n q u i s t a , q u e a q u í
es d e s c r i t o e n n o m e n o s d e 7 2 v e r s o s . E n él a p a r e c e n las a c c i o n e s
sagradas de P i y e e n M e n f i s , B a b i l o n i a ( K e r a h a ) y H e l i ó p o l i s , así
c o m o las l e g a c i o n e s d e l rey I u p u t I I , d e l c a u d i l l o de M a A k a n o s h , del
príncipe heredero Pediese y otros nobles del Bajo E g i p t o .
L a ú l t i m a p a r t e de la i n s c r i p c i ó n i n f o r m a de las p r o m e s a s de f i d e ­
l i d a d de los p r í n c i p e s d e l delta q u e se s o m e t e n , l o q u e u n a vez m á s se
 4i2 EGIPTO

e x p o n e e n f o r m a d e l a r g o s d i s c u r s o s , y c o n c l u y e c o n u n a lista de
t o d o s los g o b e r n a n t e s q u e r e c o n o c e n la s o b e r a n í a s u p r e m a d e P i a n k i .
F i n a l m e n t e , t a m b i é n T e f n a k t e o f r e c e la p a z , y su d i s c u r s o , d e n o
m e n o s de 39 v e r s o s , c o n s t i t u y e u n a c i m a d e l g é n e r o . L a m i s i ó n de
Piye se b a c u m p l i d o . E l texto f i n a l i z a c o n la visita de l o s c u a t r o reyes
( I u p u t I I , O s o r k o n I V , P e f t j a u a w i b a s t e t y N i m l o t ) al k u s h i t a e n su
p a l a c i o p a r a p r e s e n t a r l e sus r e s p e t o s . A q u í se p l a n t e a u n a c u e s t i ó n
relativa a la p u r e z a cúltica, de la q u e n u n c a antes se ha h a b l a d o .
T r e s reyes, se d i c e , d e b e n e s p e r a r fuera, y s ó l o u n o p u e d e e n t r a r .
E x c e p t o N i m l o t , todos s o n incircuncisos y c o m e n p e s c a d o , q u e « e s
aborrecido en p a l a c i o » . O b s e r v a m o s aquí p o r p r i m e r a vez normas
d e p u r i f i c a c i ó n p o r las q u e l o s e g i p c i o s d e la É p o c a Baja e r a n c o n o ­
c i d o s ; e n t o d o caso, H e r ó d o t o se e x t i e n d e e n l o s detalles d e l estricto
e x c l u s i v i s m o e g i p c i o e n la m e s a , q u e n o a d m i t e c o m e n s a l e s e x t r a n j e ­
r o s , y la h i s t o r i a b í b l i c a de J o s é a f i r m a l o m i s m o . Piye se p r e s e n t a e n
esta e s c e n a h u m i l l a d o r a d e l o s r e y e s d e l d e l t a c o m o u n r e y n o s ó l o
l e g í t i m o , s i n o i n c l u s o « p u r o » e n el s e n t i d o s a c e r d o t a l y u t i l i z a su
p u r e z a o r t o p r á c t i c a m e n t e o b s e r v a d a c o n t r a l o s l i b i o s . A q u í , las p r e s ­
c r i p c i o n e s r e l i g i o s a s r e l a t i v a s a la p u r e z a t r a z a n l í m i t e s c o m p l e t a ­
m e n t e n u e v o s . N o s a b e m o s d e d ó n d e v i e n e n estas p r e s c r i p c i o n e s .
P e r o hay m u c h o s i n d i c i o s de q u e éstas n o s u r g i e r o n e n K u s h , s i n o e n
el E s t a d o d i v i n o de T e b a s . D e o t r o m o d o , sería difícil e x p l i c a r c ó m o
N i m l o t habría p o d i d o hacerlas suyas. P e r o t a m b i é n p u d o haberse
e x t e n d i d o u n a o r t o p r a x i a d e este t i p o d e s d e T e b a s hasta H e r m ó p o l i s
al n o r t e , y hasta K u s h e n el s u r .
L o m á s l l a m a t i v o d e l t e x t o d e P i y e es su c a r á c t e r l i t e r a r i o . E s u n
t e x t o s i n g u l a r e n t r e t o d a s las i n s c r i p c i o n e s r e g i a s . S ó l o el p o e m a d e
la b a t a l l a d e Qjadesh p o d r í a p a r a n g o n á r s e l e . P e r o el texto de P i y e es
casi el d o b l e d e l a r g o . H a y q u e v a l o r a r este h e c h o e n el m a r c o d e las
f o r m a s y p o s i b i l i d a d e s de las q u e la c u l t u r a e g i p c i a d i s p o n í a . L o s t e x ­
tos e g i p c i o s s o n de c o r t o a l i e n t o p a r a n u e s t r o c o n c e p t o d e t e x t o . L a s
i n s c r i p c i o n e s regias c o m p r e n d e n p o r l o r e g u l a r d e c i n c u e n t a a c i e n
v e r s o s . U n t e x t o q u e d u p l i c a esta e x t e n s i ó n , c o m o , p o r e j e m p l o , la
i n s c r i p c i ó n t r i u n f a l c o n o c i d a c o m o Estela de Israel, de M e r n e p t a h , d e s ­
b o r d a ya d e f o r m a c o n s i d e r a b l e el m a r c o a n t e r i o r , y c o n s t i t u y e u n a
e x c e p c i ó n i n t e n c i o n a l . A l a s i n s c r i p c i o n e s se o p o n e n a q u í l o s l i b r o s ,
escritos sobre p a p i r o y e n cursiva. S o n n a t u r a l m e n t e más extensos.
P e r o la e x t e n s i ó n de u n a o b r a l i t e r a r i a , , c o m o , p o r e j e m p l o , la n o v e l a
d e S i n u h é , es de 5 O O a 6 0 0 v e r s o s . T a l es la e x t e n s i ó n q u e R a m s é s I I
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA
413

q u i s o q u e tuviera el p o e m a de la batalla de Q a d e s h , p u e s se p r o p u s o
p u b l i c a r y p e r p e t u a r este a c o n t e c i m i e n t o n o e n la f o r m a t r a d i c i o n a l
del i n f o r m e r e g i o , s i n o e n la d e u n « l i b r o » l i t e r a r i o . E s t o s d a t o s ,
q u e n o s p a r e c e n e x t e r n o s , s o n de capital i m p o r t a n c i a p a r a d e t e r m i ­
n a r el g é n e r o de l o s t e x t o s . C a d a g é n e r o t i e n e su e x t e n s i ó n típica, su
« p e s o e s p e c í f i c o » . N o se e n t i e n d e c o r r e c t a m e n t e u n texto e g i p c i o si
n o se l o l e e e n el m a r c o de su g é n e r o , cuyas c o n v e n c i o n e s v i e n e n e n
él s u p u e s t a s . E n t r e u n a « e s t e l a » y u n « l i b r o » n o hay s ó l o d i f e r e n ­
cias c u a n t i t a t i v a s . P o r e s o , t a m p o c o se e n t i e n d e d e l t o d o el texto de
P i y e si n o se a d v i e r t e c l a r a m e n t e q u e , c o n su e x t e n s i ó n d e ca. 9 ° °
versos, d e s b o r d a t o d o s l o s m a r c o s . T r a d u c i d o a nuestras m a g n i t u d e s ,
t i e n e el f o r m a t o de u n a o b r a e n d o s t o m o s . N u n c a antes se e s c r i b i ó
e n E g i p t o u n texto de l o n g i t u d c o m p a r a b l e e n u n a estela.
P i y e e n c a b e z a su t e x t o c o m o « d e c r e t o » (wd, la p a l a b r a c o m ú n
t a n t o p a r a « d e c r e t o » c o m o p a r a « e s t e l a » ) , p e r o su i d e a es la d e u n
l i b r o . E l texto se articula e n dos partes de l o n g i t u d a p r o x i m a d a m e n t e
i g u a l . E l p u n t o á l g i d o d e la p r i m e r a p a r t e l o c o n s t i t u y e la t o m a de
H e r m ó p o l i s , c o n N i m l o t c o m o a d v e r s a r i o p r i n c i p a l , y el d e la
s e g u n d a p a r t e la t o m a d e M e n f i s , c o n T e f n a k t e c o m o , a d v e r s a r i o
p r i n c i p a l . Las l u c h a s d e la p r i m e r a p a r t e v a n p r e c e d i d a s d e las a c c i o ­
n e s sagradas e n T e b a s , y a las de la s e g u n d a p a r t e s i g u e n las a c c i o n e s
sagradas e n M e n f i s , B a b i l o n i a y H e l i ó p o l i s . L a p r o p o r c i ó n e n t r e
n a r r a c i ó n y discurso —aproximadamente 2 : 3 ~ c o r r e s p o n d e también
57
a la c o n s t r u c c i ó n de las n a r r a c i o n e s l i t e r a r i a s . S u e l a b o r a d a f o r m a
artística p u e d e c o m p a r a r s e a.la de u n o r a t o r i o , c o n las partes n a r r a t i ­
vas c o m o r e c i t a t i v o s y l o s d i s c u r s o s c o m o a r i a s ; y h a s t a c o n a l g u n o s
c o r o s . N o falta n i e l c o r o f i n a l . G o m o e n u n o r a t o r i o b a r r o c o , la
n a r r a c i ó n r e f i e r e el c u r s o d e la a c c i ó n , y l o s d i s c u r s o s s o n su « i l u s ­
tración i n t e r i o r » lírico-subjetiva. Las partes narrativas ( « r e c i t a t i ­
v o s » ) reactivan las f ó r m u l a s y f o r m a s v e r b a l e s clásicas de la n a r r a c i ó n
del M e d i o E g i p t o : « P e r o , c u a n d o la t i e r r a se i l u m i n ó y e m p e z ó el
d í a . . . » , la s o l e m n e f o r m a v e r b a l i n i c i a d o r a del capítulo « f u e x l o
c c
q u e h i z o . . . » , el « n a r r a t i v o » h .nsdm.f, « e n t o n c e s o y ó » , c o n el que
la n a r r a c i ó n avanza u n p a s o , y el r e s u m i d o r wn.jn.fhrsdm, q u e n o s o t r o s
traducimos también p o r « e n t o n c e s o y ó » , pero que resume y cierra
u n c a p í t u l o a n t e r i o r d e la n a r r a c i ó n . L a s p a r t e s n a r r a t i v a s d e t e r m i -

57 Cfr. F. Hintze, Untresuchungen Stil undSprache neuágyptischerErzahlungen, Berlín, I950-

 EGIPTO
414

nan la construcción total del texto; en ellas están engastados los dis-
cursos, incluso cuando son cuantitativamente predominantes. Lo
que se halla casi totalmente ausente del texto es la parte «eulógica»,
que en las inscripciones reales del Reino Nuevo representa la mayo-
ría de las veces la mitad del texto total y juega todavía un papel
importante en la crónica del príncipe Osorkon..La eulogía no tiene
que ver con la reproducción de un acontecimiento histórico, sino
con la descripción de rasgos característicos del rey que trascienden la
época, rasgos cuya condición extrahistórica es expresada con las for-
mas atemporales de los sintagmas nominales egipcios (participios,
oraciones de relativo, etc.). La estela de Piye reduce este elemento a
unos pocos versos, y éstos los pone, cual «arias», en boca del propio
Piye en modo directo y como comienzo:

Orden expresada por Su Majestad:\

«Sabed hasta dónde he llegado, superando a los antepasados:
yo soy un rey, símbolo del dios,
imagen viva de Atum, "-
que salió de un vientre destinado a gobernar,
y a quien los mayores que él temían. ¡
Su padre sabía, su madre reconocía:
!
ya en el huevo está destinado a gobernar.
El dios presente, al que los dioses aman-,
hijo de Re, que obra con sus manos,
. Miamana Piye.** ¡

Y luego prosigue ya el narrador épico:

Llegaron para informar a Su Majestad... , '

Esta parte eulógica es extremadamente breve comparada con lo

acostumbrado en Egipto. Ello muestra, ya en el comienzo mismo, que
los pesos están aquí repartidos de distinta manera. Piye no aparece
como el tradicional rey-dios, encarnación de una identidad intempo-
ral, sino como el general-sacerdote del Tercer Período Intermedio,
cuya identidad individual se evidencia por su pietas y su energía, propias
de un hombre enviado por el dios y en tal sentido divino. ¡- . •_

El carácter literario del texto se muestra, más aún que en sus meras
proporciones, en sus recursos conscientes a grandes tradiciones de la
literatura egipcia, en su empleo de modelos lingüísticos, formales y
 V / 2. LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA 415

58
motívicos, en su «clasicismo» . Piye moviliza en este texto la memo-
ria cultural de Egipto y se legitima por la « c u l t u r a » tanto por lo
59
menos como por la piedad y el éxito militar. Los puntos álgidos los
constituyen los discursos, y en éstos sobresalen a su vez las declaracio-
nes lealistas. Los discursos de Nimlot, Peftjauawibastet y, muy espe-
cialmente, Tefnakte recuerdan a las oraciones ramésidas de la piedad
personal, con sus construcciones formales características de la invoca-
ción bímnica, la lamentación, la confesión, la promesa y la alabanza.

Peftjauawibastet se dirige a Piye con las siguientes palabras:

(Invocación) ¡Salve, Horus, rey poderoso,

toro que embiste a toros!
(Lamentación) El mundo inferior se ha apoderado de mí,
estoy hundido en las tinieblas.
¡Dame la luz de tu rostro!
. No he encontrado'ningún compañero en el día de la desgracia,
' ningún apoyo el día de la lucha (estos dos versos son citas de las
Instrucciones de Amenemhat i),
sólo a ti, poderoso rey — \ :,
¡haz desaparecer las tinieblas de mi vista!
(Promesa) Quiero servirte con mis bienes,
Heracleópolis debe ser tributaria tuya.
, (Alabanza) En verdad eres Horakhte, la principal de las estrellas
circumpolares, '
mientras ella exista, existirás tú como rey.
Si no se apaga, tú no te apagarás,
... ¡rey del Alto y el Bajo Egipto, Piye, el que siempre vivirá!

Bastante más extenso es el mensaje de Tefnakte:

(Invocación y lamentación) ¡Ten piedad! No puedo ver tu rostro

en días de ira (o: de la ceguera),
. No puedo sostenerme ante tu soplo ardiente, .
y me atemoriza tu grandeza.

58 Cfr. Vi. Ghr. Grimal, «Bibliotéques etpropagande royale a l'époque éthiopienne»,

en Livre du centenaire, MIFAO 104, El Cairo, 1980, 3 7 4 8 . -

59 También esta demostración de formación literaria clásica es un rasgo que recuerda a

la ideología de la corte neoasiria. Cfr. al respecto P. Maschinist, «The Assyrians and
their Babylonian Problem», en Jahrbuch desWmenschaftskolkgsiu Berlín igí^Tfyí» Berlín,
' I985.353-364- -
4i6 EGIPTO

Mira, tú eres Seth, el primero del sur,

Montu, el fuerte toro.
Cualquiera que sea la ciudad a la que dirijas tu mirada,
no me encontrarás en ella, aunque tenga que huir hasta las islas
del mar.
Temo el poder de tu cólera
y me digo: su llama me es adversa.
¿No se ha enfriado aún el corazón de Tu Majestad con lo que ya
has hecho conmigo?
Pero soy en verdad miserable.
No me castigues por mi pecado, ,
tú, el que portas la balanza y juzgas con la pesa.
Inponme triple penitencia, - i
pero cuida la semilla para que coseches el fruto a su hora,'
no arranques el árbol frutal con su raíz.
Tan cierto como tu ka dura, tengo en mi cuerpo mi terror ante ti,
mi temor de ti me llega a los huesos. , ~
No puedo sentarme a beber cerveza, •• • >
y no me permito tocar el arpa. J
1
Como el pan del hambre • , ~
y bebo el agua de la sed, ' y
desde el día en que oíste mi nombre. ,
El dolor continuará en mis miembros J
mi cabeza estará calva y mis vestiduras cubiertas de polvo,
hasta que «hagan» que Neith me alivie (lo que sólo Piye como rey
enviado por el dios puede hacer). ¡
Larga es la carrera que has tomado contra mí, tu mirada a mí
dirigida. , '* ¡
¿Será mi ha alguna vez absuelto?
¿Será el servidor purificado de sus faltas?

La imagen de Tefnakte penitente, que se mantiene a pan y agua y

debe renunciar a las comodidades y a tocar el arpa, hace recordar
sorprendentemente una anécdota que Plutarco y Diodoro cuentan
de este gobernante. Se decía, según ellos, que rechazó la civilización
egipcia en su totalidad y escogió un estilo de vida primitivo. E n una
campaña contra los árabes, el rey salió sin su equipo de rigor y hubo
de contentarse con los que tenía a mano., Pero encontró tan grato su
estado, que optó por llevar en adelante una vida.sencilla, maldi-
 V / 2 . LA POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA 417

c i e n d o a M e n e s c o m o f u n d a d o r de lá cultura egipcia d e l l u j o . L u e g o
g r a b ó su m a l d i c i ó n e n u n a estela q u e h i z o levantar e n el t e m p l o d e
6 0
A m ó n de K a r n a k . S e g ú n esta a n é c d o t a , T e f n a k t e a d o p t a v o l u n t a -
r i a m e n t e u n estilo de vida del q u e e n la e p o p e y a de Piye se l a m e n t a ;
p e r o e n ambas fuentes su n o m b r e está u n i d o al m o t i v o d e sus i n a u -
ditas r e n u n c i a s .
E l v a l o r q u e Piye da a su p i e d a d , a sus obras religiosas y a su actos
de c u l t o c o r r e s p o n d e a la t r a d i c i ó n f a r a ó n i c a , q u e p r e s e n t a s i e m p r e
al rey c o m o g e n e r a l y s e ñ o r d e l c u l t o , p e r o , c o n él, ésta da u n paso
decisivo e n u n a d i r e c c i ó n q u e se d i s t i n g u e p o r la u n i ó n , c a r a c t e r í s -
tica d e l T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o , e n u n a sola p e r s o n a de las f u n -
c i o n e s de j e f e m i l i t a r y s u m o s a c e r d o t e . S i e m p r e se h a visto e n esta
u n i ó n u n h á b i l travestismo c o n el q u e u n a d i c t a d u r a m i l i t a r q u e r í a
darse u n a a p a r i e n c i a de l e g i t i m i d a d . E l texto d e Piye aclara i n t e r i o r -
m e n t e esta aparente c o m p o n e n d a . E l aspecto r e l i g i o s o d e su f u n c i ó n
es t o d o m e n o s u n a m á s c a r a . E n él, la a c t u a c i ó n o f i c i a l c o m o s e ñ o r
del c u l t o y la p i e d a d p e r s o n a l n o sólo s u p o n e n , c o m o c o r r e s p o n d e al
p a p e l t r a d i c i o n a l d e l rey, u n a m o t i v a c i ó n i n t e r i o r , s i n o t a m b i é n u n a
suerte de c o m p e t e n c i a l i t ú r g i c a c o m o la q u e caracteriza a l s a c e r d ó t e
p r o f e s i o n a l m e n t e a u t o r i z a d o y f a c u l t a d o , q u e c o n o c e el r i t u a l y
observa la p u r e z a d e l c u l t o . « Q u i t a r el sello,, a b r i r el p a s a d o r , m i r a r
al d i o s , c e r r a r el p a s a d o r y volver a p o n e r el sello>> s o n a c c i o n e s r e a -
lizadas p o r m a n d a t o r e g i o , p e r o s i e m p r e . p o r u n . s a c e r d o t e p r o f e s i o -
n a l . U n rey n o se m e z c l a e n ellas. P i y e lleva a c a b o e n H e l i ó p o l i s s e r -
v i c i o s s a c e r d o t a l e s r e g u l a r e s , m o s t r a n d o a s í — e n la f o r m a de u n
mensaje— c ó m o e n t i e n d e é l , y c ó m o quiere, e s c e n i f i c a r h i s t ó r i c a -
m e n t e , la c o m b i n a c i ó n d e j e f a t u r a m i l i t a r y s a c e r d o c i o . E n este
m i s m o c o n t e x t o hay q u e b u s c a r t a m b i é n la e x p l i c a c i ó n de los s i n g u -
lares tabúes r e s p e c t o al o r d e n de las a u d i e n c i a s e n p a l a c i o . Las n o r -
mas q u e a h o r a d e b e n respetarse s o n p r e s c r i p c i o n e s de p u r e z a p r o p i a s
de los sacerdotes extendidas a u n d o m i n i o q u e hasta e n t o n c e s n o era
el s u y o , q u e era, p o r t a n t o , p r o f a n o . .
L a e p o p e y a de P i y e n o s ó l o i n f o r m a de m e d i d a s p o l í t i c a s : ella
m i s m a es u n a m e d i d a p o l í t i c a . P o s i b l e m e n t e haya i n c l u s o q u e valorar
la ventaja p o l í t i c a de esta m e d i d a más q u e t o d o s los éxitos "militares.
El d e s o r d e n del T e r c e r P e r í o d o I n t e r m e d i o se c o n c r e t a b a s o b r e t o d o

60 Plutarco, Dehide, cap. 8, ed. de Griffiths, 128; 282. Diodoro, Bibl. Hist. I, 45.
J. Yoyotte, Kémi 21, 1971, 40-42.
4i8 EGIPTO

e n el a b i s m o cada v e z m a y o r e n t r e el l e n g u a j e d e las i n s c r i p c i o n e s
oficiales y la r e a l i d a d de la s i t u a c i ó n p o l í t i c a , q u e i m p o n í a sus p r o ­
pias leyes f u e r a d e l d i s c u r s o p o l í t i c o . E l texto de Piye l o g r ó a p r e s a r
l i n g ü í s t i c a m e n t e esa r e a l i d a d , verterla e n c o n c e p t o s y h a c e r l a r e p r e ­
séntame c o m o u n o r d e n p o l í t i c o . '
 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN.
EL RENACIMIENTO ETÍOPE Y EL RENACIMIENTO SAÍTA

ESQUEMA HISTÓRICO

Lá campaña de conquista de Piye se desarrolló en el año 72,8 a.G.

Debía impedir la unificación de Egipto bajo Tefnakte, y al menos
logró este objetivo. Pero, poco tiempo después, Tefnakte accedió ala
dignidad real y fundó la dinastía X X I V . G o b e r n ó ocho años, y le
sucedió su hijo Bochoris.
En el año 7*5 subió al trono el hermano de Piye, Shabaka. C o n él
termina definitivamente la poliarquía libia. Según Manetón, hizo
prisionero a su rival, Bochoris, y lo quemó vivo. Shabaka no quiso
gobernar Egipto desde la lejana Napata, y eligió a Menfis como capi-
tal. El nombre real que escogió, Neferkare, que era el nombre de
Pepi I I , también le vinculaba al Reino Antiguo y a su capital, Menfis.
Shabaka codificó su empeño en recuperar, y también reinventar, las
tradiciones antiguas menfíticas en un célebre monumento: el lla-
mado Monumento de la teología menfita, que se cuenta entre los textos más
importantes de Egipto, y en el que más adelante nos detendremos.
En Tebas terminó la construcción del pequeño templo de la dinastía
X V I I I en Medinet Habu, que pronto se convirtió en un centro reli-
gioso de primer, orden, en el que se celebraban ritos y fiestas cuya
institución fue igualmente obra de Shabaka. También nos detendre-
mos en esto mási adelante. Shabaka, construyó además en Karnak,
Edfú, Dendera, Abidos, Menfis y Athribis, y puso en práctica u n .
amplio programa de renovación del culto.
 420 EGIPTO

E n el año *]0% le sucedió su sobrino Shebitku, hijo de Piye, que

también se había puesto un nombre regio del Reino Antiguo, D j e d -
61
kare, e incluso Kaemwese en su « n o m b r e de H o r u s » , que era el
del posiblemente en su época ya legendario hijo de Ramsés I I ,
patrón de todos los anticuarios y conservadores de monumentos.
Reinó 12 años, y le sucedió en el 690 su hermano Taharqa. Taharqa
construyó templos en Nubia, especialmente en Kawa, y utilizó para
su decoración modelos de los templos de pirámides de Menfis,
entre ellos los de Sahure, Niuserre y Pepi I I . E n Karnak construyó
el lag-o sagrado, cuya forma aún hoy se conserva, y en cuya parte
norte erigió una construcción misteriosa, el «edificio de Taharqa»,
del que sólo se conservan partes de la cripta, decorada con textos e
imágenes muy importantes, y construyó también en torno al templo
antes mencionado, sito en Medinet Habú. Su compañero de
gobierno, el administrador del Estado divino de Tebas era M o n -
temhet, propietario de un palacio-tumba de proporciones fantásti-
cas, cubierto de relieves y de una riqueza iconográfica destacadísima
por su calidad artística; un verdadero tesoro de la memoria cultural,
sólo emulado en grandiosidad por el palacio-tumba vecino del
sumo sacerdote lector Petamenophis, que, aunque contemporáneo,
no hace en sus inscripciones, estrictamente litúrgicas, ninguna
referencia a acontecimientos históricos de la época. El período de
gobierno de Taharqa se caracterizó por los conflictos con los asirios,
cuyas ambiciones de dominio también apuntaban a Egipto. E n el
año 674 hubo combates en Askalon, de los que Taharqa salió vence-
dor, pero en el 671 Asarhaddon conquistó Menfis y deportó a toda
la corte a Nínive. E n el año 669 emprendió una campaña más con-
tra Egipto, pero murió en el camino. Su sucesor, Assurbanipal,
continuó la guerra y llegó, en persecución de Taharqa, hasta la
Tebaida. Los adminsitradores provinciales kushitas se entregaron y
pasaron a ser vasallos d é l o s asirios. Guando, poco después, se des-
entendieron de Assurbanipal, éste emprendió la tercera campaña
contra Egipto. Los vasallos del Bajo Egipto fueron deportados y eje-
cutados; sólo se perdonó la vida a Necao de Sais, a quien se puso,
junto con su hijo Psamético, como hombre de confianza de los asi-
rios en Egipto. Los asirios acabáronla su manera, con el último
resto de la poliarquía libia (o del feudalismo libio) y prepararon el

6l Sobre los nombres del rey, cfr. Parte Primera, nota 22.
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN 42i

camino a la dinastía XXVI. Egipto estaba adminsitrado por 2,0 vasa-

llos que los anales asirios denominan sarru ( « r e y » ) , y uno de los
cuales era Montemhet de Tebas.
En el año 664 murió Taharqa, dejando a su sucesor en el trono,
Tantamani, tan sólo el derecho a gobernar un Egipto resignado a la
dependencia asiría. La decisión de Tantamani de reconquistarlo
quedó consignada en un monumento que es un testimonio más, y
un testimonio impresionante, de la conciencia religiosa, caracterís-
tica de los reyes de esta dinastía, de haber sido elegidos para una
misión. El joven rey habla aquí de un sueño en el que aparecen dos
serpientes. .

En el año I de su subida al trono [....] tuvo S.M. una visión en:

sueños: dos serpientes, una a su derecha y otra a su izquierda.
Luego despertó S.M. y no pudo encontrarlas. S.M. dijo: «¿Qué ,
puede significar esto?». Entonces le hicieron saber esto: « A ti te
pertenece el Alto Egipto; conquista el Bajo Egipto. Las dos seño-
• ras han aparecido junto a tu cabeza, pues el país te pertenece todo
62
lo largo y ancho que él es, y nadie lo compartirá contigo . 1

La visión onírica tiene el carácter inequívoco de una indicación

divina, «salvadora para quien la toma en consideración, pero fatídica
para quien la ignora», como dice el texto en erudita alusión a las Ins-
63
trucciones de Ptahhotep . La reconquista de Egipto por Tantamani se llevó
a cabo, enteramente en el estilo de Piye, como peregrinaje de templo
en templo, recibiéndose enlodas partes la bienvenida de los sacerdo-
tes. Sólo en Menfis encontró Tantamani resistencia, pero fue rápida-
mente vencida. Necao I, el jefe del partido proasirio cayó en la batalla.
Los príncipes del delta, esto es, los vasallos nuevamente puestos por los
asirios, se sometieron al rey, quien pronunció una oración de agrade-
cimiento a A m ó n por haber hecho realidad el sentido del sueño:

Mi señor está conmigo, este sublime dios,

Amón-Re, señor de Karnak, que reside en Gebel Barkal:
64
el gran dios, bienhechor con quien obra para él ,

62 Estela del sueño, ed. deN.G. Grimsl, El.Cairo,

Quatre stéles napatéennes au Musée du Caire,
••: 1981, 6-7; del mismo autor, AHistory of Ancient Egypt (en francés, 1988), Oxford, 1992,
• " . 35I-" ' • •• •'•
63 H. Brunner, «Zitate aus Lebenslehren», en E. Hornungy O. Keel
Cfr. (edsw), Síu-
dienzualtag. Lebenslehren, 0B0 28, 1979, 105-171.
64 Léase jrj n./en vez de m.fi
 EGIPTO

que vela por quien él ama,

el que da fuerza al que está en su agua;
quien atiende a su voluntad, ninguna transgresión puede cometer,
65
aquel a quien él guía no puede andar extraviado .

L a r e a c c i ó n de A s s u r b a n i p a l p r o v o c ó u n a catástrofe. P o r p r i m e r a
vez e n su larga h i s t o r i a , T e b a s , la c i u d a d sagrada de A m ó n , fue c o n -
q u i s t a d a , s a q u e a d a e i n c e n d i a d a . E l shock t u v o q u e h a b e r s i d o t a n t o
m a y o r p a r a E g i p t o c u a n t o q u e el g o b e r n a n t e k u s h i t a se p r e s e n t a b a ,
a ú n más c l a r a m e n t e q u e sus p r e d e c e s o r e s , c o m o e n v i a d o de A m ó n .
Q u i z á haya q u e v e r e n este shock u n a de las r a z o n e s de q u e esta fuente
de la m i t o m o t ó r i c a p o l í t i c a se secara p a r a s i e m p r e . N i n g u n o d e l o s
p r e t e n d i e n t e s futuros realizará ya n a d a c o n s i g n i f i c a c i ó n h i s t ó r i c a e n
el n o m b r e d e A m ó n . L a d i n a s t í a XXVI r e n u n c i a r á a t o d o patnos
« m e s i á n i c o » y cultivará u n estilo de a u t ó r r e p r e s e n t a c i ó ñ l l a m a t i v a -
m e n t e secular, i ,
C ó m o M o n t e m h e t , el v e r d a d e r o g o b e r n a n t e de la T e b a i d a , c o n - ;
s i g u i ó s o b r e v i v i r a t o d a s estas t u r b u l e n c i a s e n t r e ásirios y kushitas y'
m a n t e n e r el o r d e n y el a p r o v i s i o n a m i e n t o e n s u t e r r i t o r i o , es u n
m i s t e r i o . L o s a s i r i o s c a m b i a r o n el o r d e n ' ¡ p o l í t i c o d e E g i p t o . E n
l u g a r de los v e i n t e reyes vasallos p u s i e r o n a su h o m b r e d e c o n f i a n z a ,
P s a m e t i c o I, c o m o r e y d e t o d o E g i p t o b a j o la c o n d i c i ó n d e q u e
r e n u n c i a r a a t o d a tentativa de r e b e l i ó n . A s í e f e c t u a r o n de iure, y de,
f o r m a e x p e d i t i v a , la ansiada u n i f i c a c i ó n d e l r e i n o e g i p c i o , d e j a n d o
a P s a m e t i c o la t a r e a d e r e a l i z a r l a defacto. Y la r e a l i z ó c o n n o t a b l e
h a b i l i d a d . E n e l a ñ o 9 e n v i ó a su h i j a N i t o k r i s , e n u n a auténtica
m a r c h a t r i u n f a l , a T e b a s p a r a s e r a d o p t a d a p o r S h e p e n u p e t II y
A m e n i r d i s II, las dos esposas del d i o s . Esta fue la p r i m e r a « u n i f i c a -
c i ó n » de la h i s t o r i a d e E g i p t o h e c h a desde el norte. L a p r i n c e s a fue
r e c i b i d a e n T e b a s p o r M o n t e m h e t , q u e fue c o n f i r m a d o e n sus t í t u -
l o s . P e r o , m á s t a r d e , las a c u m u l a c i o n e s « d i c t a t o r i a l e s » de c a r g o s
f u e r o n s i s t e m á t i c a m e n t e r e d u c i d a s y ajustadas a la m e d i d a d e u n a
b u r o c r a c i a r i g u r o s a m e n t e c e n t r a l i z a d a . E l c a r g o de g o b e r n a d o r d e l
s u r q u e d ó s e p a r a d o d e l de a l c a l d e de T e b a s y c o n f e r i d o al m a y o r -
d o m o , de la esposa d e l d i o s . Para o c u p a r este c a r g o se l l a m ó a g e n t e s
d e l n o r t e : I b i , Pabasa, P a d i h o r r e s n e t , etc. D e ese m o d o q u e d a b a n
restablecidos los clásicos m o n o p o l i o s estatales. S ó l o a h o r a f u e r o n las

65 Grimal, Quatrestéles, 15.

 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN

milicias locales, que en el Tercer Período Intermedio habían garan-

tizado la soberanía relativa de los principados, sometidas a la autori-
66
dad del rey . Psametico logró esto con ayuda de un ejército de mer-
cenarios griegos, carios, judíos y otros extranjeros. En el año 653 a.
C , las guarniciones asirías fueron expulsadas del país y perseguidas
hasta Ashdod, sin que ello tuviera consecuencias negativas para
Egipto. En el 6 l O murió Psametico I. Su sucesor, Necao II es cono-
cido sobre todo por sus intervenciones en Palestina; él mató al rey
Josías de Jerusalén, que le hizo frente en Megiddo (Reyes 2, 2,3:2,9),
y sustituyó a su sucesor, Joacaz, por un hombre elegido por él, Joa-
quín. Necao II trajo más griegos al país, construyó con su ayuda una
flota comercial e inició el gran proyecto de construcción de u n
canal que debía unir el mar Rojo con la rama pelusiana del N i l o .
Psametico II, que subió al trono en el año 595» reinó sólo seis años,
y le sucedió en el 589 su hijo Apries (el Hofra bíblico, de acuerdo
c
con su nombre real; H"jbR ). Apries no pudo impedir la caída de
Jerusalén, a la que siguió una insurrección en la lejana Elefantina;
En el curso posterior de su reinado se produjeron conflictos entré
los mercenarios griegos y el ejército egipcio, que eligió otro rey:
a
Amasis. E n 5 7 ° - G . , Amasis derrotó en Momemphis al ejército de
mercenarios de Apries. Este cayó y fue enterrado con todos los
honores en Sais. Aunque cabecilla de una revuelta antigriega, A m a -
sis fue como rey el más abierto al mundo y el más amigo de los grie-
gos de todos los reyes de está dinastía. Amasis murió en 52,6, poco
antes de que los persas conquistaran Egipto bajo Gambises en el año
525 a. G.

RECUPERACIÓN Y REINVENCIÓN DEL PASADO

En el siglo VII se operó en Egipto una transformación profunda de

su conciencia histórica. La casa real kushita y su propaganda legiti-
madora fue el origen de un proceso que, rápidamente extendido a
círculos más amplios de las capas ilustradas de Egipto, conformó una
relación fundamentalmente nueva con el pasado histórico y una

66 Aunque en época posterior aparecen,constantemente unidades armadas que ampa-

ran las revueltas contra los persas, pero también contra gobernantes nativos; cfr, D.
O'Connor enTrigger etalii, Egypt. A Social History, 249-
424 EGIPTO

nueva construcción del tiempo cultural. Egipto se hizo entonces

consciente de su dimensión temporal, desarrolló una nueva con-
ciencia cultural e intentó expresarla en una gran variedad de formas
artísticas y literarias. La forma lingüística, icónica o arquitectónica
dejaba ahora de ser sencillamente proyectada como lo correcto y
conforme a una norma sin alternativa, para ser elegida consciente-
mente sobre un paradigma de posibles opciones. De ese modo, los
mensajes cobraban una dimensión reflexiva: ellos no sólo tienen un
tema o una función concretos, sino que además hacen visible una
elección estilística que constituye un reconocimiento del pasado y,
con él, de Egipto como identidad cultural.
El recurso a modelos del pasado fue siempre en Egipto una de las
posibilidades más importantes de llevar a efecto una renovación
cultural y política salvando una ruptura de la tradición. Siempre
que intentaba recuperar una tradición olvidada, renovar una rara
fiesta o sustituir una imagen de culto, cuando no introducir una
innovación cültica, se procedía a estudiar los archivos. En ocasiones
los propios reyes hacían gala de este trabajo de archivo, por ejemplo
Neferhotep,. de la dinastía XIII, y Ramsés IV, de la dinastía XX. De
ciertas sentencias del Libro de los muertos se dice que el rey X o el prín-
67
cipe y las encontraron en inspecciones o trabajos de restauración .
Los. primeros reyes de la dinastía XII construyeron un templo como
el de la pirámide de la dinastía V I , y Hatshepsut se inspiró para su
templo funerario de Deir el Bahari en las construcciones vecinas de
Mentuhotep I I . Sesostrisanch tomó como modelo para la inscrip-
ción de la cámara de su sarcófago los textos de la pirámide de Una,
y también Hatshepsut empleó, en la inscripción relativa a su coro-
nación, textos de la dinastía XII. Se copiaban inscripciones antiguas
consideradas modelos de su género. El manuscrito sobre cuero de
Berlín, perteneciente a la dinastía XVIII, es sin duda una copia de
una inscripción de Sesostris I. E n este sentido hay que entender
también la marcada orientación de la dinastía XXII al estilo artístico
de la época de Amenofis III como un intento de conectar con una
gran tradición anterior al período ramésida.

67 El cap. 64 habría sido encontrado por un príncipe llamado Hordjedef en Hermó-

polis y entregado al rey Micerinos. Algunas de estas leyendas de hallazgos y de auto-
res ficticios se retrotraen hasta los tiempos de la dinastía I. Varios son los textos de
los que se decía fueron hallados, o escritos, bajo el'rey Dewen. Cfr. J. Osing, «Alte
Schriften», e n í i l , 1972, I49-IS4¡ Redford, King-üsts, 151, nota 109.
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN
4*5
D e estas f o r m a s de r e c u r r i r c o n s c i e n t e m e n t e al p a s a n d o salvando
la r u p t u r a d e u n a t r a d i c i ó n hay q u e d i s t i n g u i r c l a r a m e n t e l o s casos
d e t r a d i c i ó n n o i n t e r r u m p i d a . E n ellos n o a p r e c i a m o s u n a cadena de
r e c u r s o s arcaizantes, s i n o u n e m p l e o i n i n t e r r u m p i d o d e l o s m i s m o s
t e x t o s e n el c u l t o . U n e j e m p l o i m p r e s i o n a n t e d e esta c o n t i n u i d a d
l i t ú r g i c a es u n p a p i r o d e B e r l í n d e p r i n c i p i o s d e l a é p o c a t o l e m a i c a
c o n u n a c o l e c c i ó n de r e c i t a c i o n e s c ú l t i c a s . U n a o b s e r v a c i ó n i n t r o -
d u c t o r i a i n d i c a q u e esta c o l e c c i ó n es c o p i a d e u n m a n u s c r i t o d e la
6 8
é p o c a d e A m e n o f i s III (ca. 1 4 0 0 - 1 3 6 0 a . C . ) . N o r m a l m e n t e se
h a b r í a c o n s i d e r a d o esto c o m o u n e n g a ñ o p i a d o s o , c o m o la l e y e n d a
d e Un d e s c u b r i m i e n t o , destinada a asegurar al texto la a u t o r i d a d de
su a n t i g ü e d a d . P e r o u n e x a m e n d e estos textos m u e s t r a q u e este dato
m á s b i e n se q u e d a c o r t o y la c o l e c c i ó n es n o t a b l e m e n t e más antigua
q u e el o r i g i n a l a q u e h a c e r e f e r e n c i a . L a m i s m a c o l e c c i ó n de textos se
e n c u e n t r a ya e n sarcófagos de p r i n c i p i o s del s e g u n d o m i l e n i o , y
a l g u n o s textos f i g u r a n ya e n las p i r á m i d e s d e l a d i n a s t í a VI (s. XXIV
a . C ) . ,La t r a n s m i s i ó n d e textos es a s o m b r o s a m e n t e f i e l . H a y a q u í
u n a l i t u r g i a , i n s c r i t a e n el d o m i n i o d e l a e s c r i t u r a r i t u a l , q u e
d u r a n t e m á s 2 . 0 0 0 a ñ o s fue f i e l m e n t e r e g i s t r a d a e i n c e s a n t e m e n t e
ejecutada c o n perfecta l i t e r a l i d a d textual e n el c u l t o . A m b a s f o r m a s ,
la d e l r e c u r s o y la del empleo c o n t i n u o de siempre los mismos textos
y modelos, constituían e n Egipto u n a costumbre inveterada.
A esto se a ñ a d e n , e n el p e r í o d o r a m é s i d a , l a f o r m a c i ó n d e u n a
clara estructura de centro y periferia e n la t r a d i c i ó n literaria y la c a n o -
n i z a c i ó n d e u n g r u p o d e a u t o r e s clásicos e l e g i d o s c o m o a u t o r e s d e
69
textos f u n d a m e n t a l e s p a r a la e n s e ñ a n z a . E n este p e r í o d o oficia e n
M e n f i s c o m o s u m o s a c e r d o t e d e P t a h u n h i j o d e R a m s é s II l l a m a d o
K a e m w e s e , al q u e p u e d e c o n s i d e r a r s e c o m o el p r i m e r a n t i c u a r i o y
70
c o n s e r v a d o r d e m o n u m e n t o s de l a h i s t o r i a . N u m e r o s o s m o n u m e n -
tos de G i z a y Saqqara e x h i b e n su n o m b r e c o m o a u t o r d e su restaura -
c i ó n . A d e m á s d e d e s e m p e ñ a r su cargo sacerdotal, este p r í n c i p e tuvo
q u e h a b e r desarrollado u n a actividad incesante y a m p l í s i m a e n la r e s -
t a u r a c i ó n d e la antigua M e n f i s . T u v o q u e h a b e r vivido fascinado p o r
los t i e m p o s e n q u e M e n f i s fue l a capital d e l p a í s , p o r la é p o c a d e l

68 G.- Móller, Uber die in einem spathieratischen Papyrus des Berliner Museums enthalntenen Pyramiden—
texte, Berlín, 1900. /
1
69 Cfr. al respecto pp. 34I-35 - ''• '
70 F. Gomaa, Chaemwees, Sohn Ramsés' II., Hohepriester von Memphis, AA 27. Wiesbaden,
1973.
4-26 EGIPTO

R e i n o A n t i g u o , más de m i l años distante ya de la suya, p e r o p r e s e n t e

a través de n u m e r o s o s y m a g n í f i c o s m o n u m e n t o s , p r i n c i p a l m e n t e las
tres p i r á m i d e s de la dinastía IV. A q u e l l a é p o c a tuvo q u e p a r e c e r l e u n a
a n t i g ü e d a d de g r a n d e z a clásica, m o d é l i c a , t e s t i m o n i o de u n p a s a d o
n o r m a t i v o que había q u e conservar a t o d a costa p o r q u e era la pauta de
t o d o c u a n t o p o d í a c o n s i d e r a r s e g r a n d e , p e r f e c t o y v á l i d o . L o fue f a s -
c i n a c i ó n i n d i v i d u a l de K a e m w e s e definiría q u i n i e n t o s años después el
Zpitgeist g e n e r a l de E g i p t o . N o es s o p r e n d e n t e q u e K a e m w e s e se c o n -
virtiese e n u n a figura l e g e n d a r i a y sobreviviese e n la literatura d e m ó -
71
tica c o m o h é r o e de u n ciclo n o v e l e s c o .

L o q u e , e n c a m b i o , s u c e d e e n E g i p t o e n la é p o c a de las dinastías
XXVy XXVI n o es, c i e r t a m e n t e , p e n s a b l e s i n estas m ú l t i p l e s f o r m a s
t r a d i c i o n a l e s r e f e r i d a s al p a s a d o , p e r o h a y q u e d i s t i n g u i r l o d e las
m i s m a s . c o m o algo cuantitativa y cualitativamente distinto. A h o r a ,
estos r e c u r s o s al pasado a d q u i e r e n unas d i m e n s i o n e s extraordinarias,
q u e rebasan i n c l u s o las p r o p o r c i o n e s egipcias, y q u e p e r m i t e n h a b l a r
de u n « r e n a c i m i e n t o » . Egipto descubre ahora, en una extensión
m u c h o m a y o r q u e e n e l p e r í o d o r a m é s i d a , su p r o p i a a n t i g ü e d a d ,
e l e v á n d o l a al r a n g o de p a s a d o n o r m a t i v o . A h o r a , p r á c t i c a m e n t e t o d a
la capa s u p e r i o r culta, y e n p r i m e r l u g a r , e l p í o p i o rey, sigue el e j e m -
p l o del p r í n c i p e K a e m w e s e , visitando y c o p i a n d o los m o n u m e n t o s
d e l o s antepasados. E l r e c u r s o a m o d e l o s d e l p a s a d o t o m a las d i m e n -
s i o n e s de u n a r e v o l u c i ó n c u l t u r a l . A h o r a abarca t o d o s l o s d o m i n i o s
d e la cultura; hasta la e l e c c i ó n de n o m b r e s p r o p i o s . Se e l i g e n « n o m -
b r e s b e l l o s » q u e s u e n e n a n o m b r e s d e l ' R e i n o A n t i g u o , se a d o p t a e n
las r e p r e s e n t a c i o n e s artísticas el estilo y la v e s t i m e n t a d e l R e i n o A n t i -
g u o , p e r o t a m b i é n se c o p i a n m o d e l o s de l o s R e i n o s M e d i o y N u e v o ;
el l e n g u a j e de las i n s c r i p c i o n e s es u n e g i p c i o m e d i o n o t a b l e m e n t e
más p u r o q u e el de la é p o c a e t í o p e , y p a r a las i n s c r i p c i o n e s de t u m - .
b a s y s a r c ó f a g o s se e m p l e a n d e f o r m a g e n e r o s a a n t i g u o s textos d e
p i r á m i d e s . Las t u m b a s t e b a n a s de la é p o c a c o p i a n p r e f e r e n t e m e n t e
o r i g i n a l e s de la dinastía XVIII. T o d o u n m u r o d e l t e m p l o f u n e r a r i o
d e la r e i n a H a t s h e p s u t , el m u r o d e l r e c i n t o de las o f r e n d a s a T h u t -
m o s i s II, es c o p i a d o p o r M o n t e m h e t , y la c o p i a es l u e g o t r a s l a d a d a

71 Sobre la importancia deMenfis en la Época Baja como ciudad fundacional de Egipto

y «cronotopo» de una gran pasado , v. Jan Bergmann, Ich bin¡sis. Studienzum mempkitischen
Hintergrund dergriechischen Isisaretalogien, Upsala, 1968, especialmente pp. 44-66. -.^
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN

desde allí a las tumbas de Ibi y Pabasa. Otros originales lo son de

72
tumbas privadas . Las copias de estilos son tan perfectas, que a veces
bloques enteros, sacados de su contexto, fueron datados como de la
73
V dinastía , o de la época de Amenofis III, basta que se pudo cono-
74
cer la localización original . Respecto a algunas piezas no existe hasta
hoy acuerdo sobre si pertenecen a la dinastía XII o a la XXVI.
El mismo esmero que los talleres artísticos ponen en la reproduc-
ción de los rasgos estilísticos de épocas pasadas caracteriza a las escri-
torías de las bibliotecas de los templos, que en la época saíta empie-
zan a experimentar con una filología que más tarde florecerá en
Alejandría. La tradición egipcia del Libro de los muertos conoce ahora
nuevas redacciones en las que se fija no sólo la forma textual de las
sentencias particulares, sino también, y sobre todo, el orden y el
número de las mismas. Cabe perfectamente hablar aquí de una
canonización. Hasta entonces, los distintos papiros que recogían tex-
tos del Libro de los muertos se diferenciaban mucho unos, de otros; cada
uno elegía de un cuerpo de sentencias ora esta, ora aquella sentencia
para formar series de sentencias demasiado individualizadas. Los
escribas se esforzaban por producir un texto único colacionando dis-
75
tintos manuscritos y registrando variantes . También los Textos de
las Pirámides de esta época son de una calidad asombrosa. Guando se
apartan de la versión del Reino Antiguo, es porque se han hecho sus-
tituciones de todo punto pertinentes para que el sentido del texto
resulte transparente. • • ¡

La época sé presenta como vestida del eclecticismo de sus formas

de expresión cultural; es difícil desprenderse de la impresión de que
aquí, más que configurarse un preséntense escenifica u n pasado.
Estamos, por así decirlo, ante la primera, ola de «egiptomanía>>,
cuyos impulsores son los propios egipcios. Si por egiptomanía se
entiende el entusiasmo por el lenguaje de las formas externas de la
cultura egipcia, que cubre una época posterior a la manera de un

72 Cfr. P. Der Manuelian, Living inthe Past. Studies en, the Archaism ofthe Egyptian Twenp-sixth
Djnasty, Londres, 1994- ¡. ...
73 P. Der Manuelian, «A Fragment of Relief from the Tomb of Montuemhat attribu-
ted to the Fifth Dynasty», en JSSEA 12, 1982, 185-188. .. ;
74 E. Staehelin, «Zu einem agyptischen Reliefkopf in Riggisberg», en Antike Kunst,
BemaI2, 1969, 88-90.
75 U. Verhoévenrvah Elsbergen, UntersuchungenzurspathieratiSchenBuchschrifi{traba.jo de
_ I
habilitación, Colonia, 1994), I 5 8 -
428 EGIPTO

traje, la época saíta tiene ya todos los rasgos de esta mascarada cultu-
ral. Pero no se puede pasar por alto el hecho de que aquí no se recu-
rre a cualquier tradición, sino siempre a la tradición normativa en
un determinado género, u n determinado tema o un determinado
lugar. Las inscripciones biográficas no citan de modelos del Reino
Nuevo o del Reino Antiguo, sino del Primer Período Intermedio, y
sobre todo de la tumba de Itj-jbw (Siut I I l ) , cuya inscripción biográ-
fica tiene el rango de clásica. Esto significa que el que cita no se reco-
noce ni en el burocratismo del Reino Antiguo, ni en el lealismo del
Reino Medio, ni en la sociedad cortesana del Reino Nuevo, sino en
el ideal del « p a t r ó n » , del magnate autónomo, responsable de sí
mismo i que en tiempos de crisis mantiene vivos a los habitantes de su
demarcación. Sin duda la corte tebana de la esposa del dios es un
punto de cristalización de virtudes cortesanas orientadas a modelos
del Reino Medio, pero la referencia al rey queda ahora relegada a
segundo término, y ya no es la fuente más importante de significa-
ción biográfica.

La valoración más común del renacimiento etíope-saíta puede

resumirse en la siguiente cita: « L a verdadera raíz' del arcaísmo es la
confusión de los míticos tiempos primitivos con el pasado histórico.
Egipto se mantuvo vivo mientras guardó memoria de su fondo
mítico. El vigor y las normas de los míticos tiempos primitivos, que
se sustraían cada vez más a los escépticos, no podían proporcionar un
pasado histórico accesible a ningún estudio;¡los buscadores encon-
76
traban formas externas, no espíritu» .
Nada menos acertado en la valoración de? ésta revolución cultural
en Egipto. N o puede hablarse aquí de una «confusión», sino de un
descubrimiento del pasado histórico. El mito no se perdió en Egipto
en este descubrimiento, sino todo lo contrarió. Probablemente nin-
guna época fue mitopoyéticamente más creativa que esta Época Baja.
Lo que ahora brota en Egipto es una mentalidad que combina la con-
ciencia de un inmenso pasado documentalmente estudiado y, en tal
sentido, histórico, con la presencia de los dioses y el anclaje de todas
esas instituciones de la realidad histórica, adecuadamente valoradas en
su enorme antigüedad, en los hechos fundacionales de la mítica edad

76 H. Brunner, «Zum Verstandnis der archaisierenden Tendezen in der Spátzeit»,

Saeculum 21, 1970, l6l. :
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN

7 7
p r i m i t i v a . E l m i t o se c o n v i e r t e e n p r e h i s t o r i a f u n d a d o r a . D é ese
m o d o , E g i p t o se s u m a a u n a serie de i r r u p c i o n e s c o m p a r a b l e s de u n a
c o n c i e n c i a h i s t ó r i c a q u e , más o m e n o s e n la m i s m a é p o c a , t a m b i é n
e x p e r i m e n t a r o n o t r o s p u e b l o s d e l m u n d o a n t i g u o , y q u e e n todas
partes c o n d u j o a distintas f o r m a s de r e c u p e r a c i ó n d e l pasado h i s t ó -
r i c o . E n Israel, las t r a d i c i o n e s e n t o r n o al É x o d o se c o n v i e r t e n e n
n ú c l e o de u n pasado n o r m a t i v o y de u n a r e c a p i t u l a c i ó n c o m p l e t a de
la historia israelita. E n G r e c i a , las epopeyas h o m é r i c a s s o n difundidas
y a d q u i e r e n el r a n g o de textos f u n d a c i o n a l e s . E n a m b o s casos se trata
de la c o d i f i c a c i ó n de u n p a s a d o de ca. 5 0 0 a ñ o s de a n t i g ü e d a d . E n
A s i r í a aparece u n a extensa c o l e c c i ó n y u n a e d i c i ó n f i l o l ó g i c a de toda
la t r a d i c i ó n l i t e r a r i a , y, c o n ella, el c o n c e p t o de u n a « b i b l i o t e c a
n a c i o n a l » q u e e n c u e n t r a i m i t a d o r e s e n l o s pisistrátidas d e A t e n a s y
l u e g o , a través de diversos eslabones, c u l m i n a e n la b i b l i o t e c a de A l e -
j a n d r í a . L a r e c u p e r a c i ó n d e l pasado e n el sentido de u n a idea cultural
n o r m a t i v a es t o d o m e n o s u n f e n ó m e n o de d e c a d e n c i a c u l t u r a l , y si.
a q u í hay u n a « c o n f u s i ó n » , es la de a q u e l l a f o r m a de h i s t o r i c i s m o
c o n t r a la q u e se dirige la segunda c o n s i d e r a c i ó n inactual de Nietzsche
( « D e la u t i l i d a d y los p e r j u i c i o s de la historia p a r a la v i d a » ) , y q u e es
cosa de los e g i p t ó l o g o s , n o de los e g i p c i o s .
E n su b ú s q u e d a de u n pasado n o r m a t i v o , E g i p t o se e n c o n t r a b a e n
u n a s i t u a c i ó n i n c o m p a r a b l e m e n t e distinta que Israel, G r e c i a y, hasta
c i e r t o grado,. M e s o p o t a m i a . L o s t e s t i m o n i o s d e l p a s a d o estaban a la
vista, i m p o n e n t e s y a c c e s i b l e s . N o era n e c e s a r i a la c o d i f i c a c i ó n de
r e c u e r d o s l e g e n d a r i o s . E l p a r t i c u l a r c o n s e r v a d u r i s m o de la escritura
j e r o g l í f i c a y la s o l i d e z d e la f o r m a c i ó n e n las escuelas e g i p c i a s , q u e
m a n t u v i e r o n siempre, vivo e l c o n o c i m i e n t o de la l e n g u a clásica y de
los t e x t o s f u n d a c i o n a l e s , así c o m o el u s o c o n t i n u a d o d e t e x t o s , e n
p a r t e a n t i q u í s i m o s , e n el c u l t o , h i c i e r o n p o s i b l e q u e estos m o n u -
m e n t o s se m a n t u v i e r a n . n o s ó l o visibles, s i n o t a m b i é n l e g i b l e s . S ó l o
se necesitaba interés p a r a r e c i b i r sus mensajes, y este interés es l o q u e
d i s t i n g u e a las épocas e t í o p e y saíta.
E n l a é p o c a saíta,. el arte d e l p a s a d o a d q u i e r e la d i g n i d a d d e un
m o d e l o q u e h a y q u e c o p i a r c o n la m á x i m a p e r f e c c i ó n p o s i b l e . El
a r t e d e esta é p o c a , y t a m b i é n d e é p o c a s p o s t e r i o r e s , i n c l u i d a la
d e c o r a c i ó n g r e c o r r o m a n a d e los t e m p l o s , n o s ó l o es a r c a i z a n t e ; es

77 Eric Voegelin ha denominado a esta forma de pensamiento «historiogénesis»: Order

andHistory IV, TheEcumenicAge, Baton Rouge y Londres, 1974., 59-113.
 EGIPTO
43o

t a m b i é n más r e g l a m e n t a d o , e s t e r e o t í p i c o , r i t u a l i z a d o si se q u i e r e ,
q u e t o d o arte a n t e r i o r . E l c a r á c t e r p i c t o g r á f i c o d e l arte e g i p c i o , la
t e n d e n c i a a la f ó r m u l a , i n h e r e n t e a este arte e n v i r t u d d e su e s t r e -
c h o p a r e n t e s c o c o n la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a , se m a n i f i e s t a a h o r a c o n
más f u e r z a . A m b o s aspectos, la m i r a d a a u n g r a n p a s a d o y l a f i r m e z a
d e las r e g l a s e n el a r t e , se e x p r e s a n e n la d e s c r i p c i ó n e n e l c é l e b r e
pasaje de las Leyes q u e h a c e P l a t ó n del arte e g i p c i o . A l l í e s c r i b e P l a -
t ó n q u e l o s e g i p c i o s m o s t r a r o n e n sus t e m p l o s l o s m o d e l o s o t i p o s
estándar —la e x p r e s i ó n g r i e g a es skemata—, e n los q u e q u i s i e r o n r e c o -
n o c e r y d e f i n i r p a r a s i e m p r e « l o b e l l o » . L o s e g i p c i o s , se d i c e allí,
« c o n o c í a n ya d e a n t i g u o este p r i n c i p i o d e q u e c o n v i e n e q u e l o s
j ó v e n e s d e las c i u d a d e s se e j e r c i t e n h a b i t u a l m e n t e e n b u e n o s a d e -
manes y buenas m e l o d í a s . Y p r e s c r i b i e n d o cuáles y de qué m o d o
h a b í a n de ser éstos, l o s e x p u s i e r o n e n l o s t e m p l o s , y n i a l o s p i n t o -
res, n i a o t r o s de l o s q u é p r o d u c e n figuras y cosas semejantes, les era
lícito i n n o v a r e n contra de ellos n i discurrir otros m o d e l o s que los
p a t r i o s ; n i a h o r a les está p e r m i t i d o , n i e n estas cosas n i e n todo!
c u a n t o c o m p r e n d e la m ú s i c a . Y o b s e r v a n d o hallarás allí q u e las p i n - ,
turas o g r a b a d o s d e h a c e IO.OOO a ñ o s (y d i g o IO.OOO.años n o p o r
d e c i r , s i n o c o m o cifra real) n o s o n n i más h e r m o s a s n i m á s feas q u e '
las ejecutadas a c t u a l m e n t e , s i n o q u e están trabajadas c o n el m i s m o
78
a r t e . » (Leyes, 6 5 6 d - 6 5 7 a ) . '
( ',, f

Esta h i s t o r i a n o s p u e d e dar u n a i d e a de c ó m o los p r o p i o s e g i p c i o s

e n t e n d í a n su praxis artísitica e n el É p o c a Baja y c ó m o se p r e s e n t a b a a
los ojos de u n p r o f a n o . Ella n o s ofrece; b i e n q u e a través d e los i n t e -
reses e s p e c í f i c a m e n t e p l a t ó n i c o s , u n a vista i n t e r i o r d e l f e n ó m e n o .
P o r u n a p a r t e es i m p o r t a n t e la d u r a c i ó n de IO.OOO a ñ o s , u n a e s t i -
m a c i ó n e x a g e r a d a d e l p a s a d o q u e t a m b i é n se e n c u e n t r a e n H e r ó -
d o t o , l o m i s m o q u e la i d e a d e q u e e n este g i g a n t e s c o p e r í o d o d e
t i e m p o n a d a c a m b i ó p o r q u e los egipcios h i c i e r o n t o d o l o p o s i b l e p o r
i m p e d i r c u a l q u i e r e v o l u c i ó n . I m p o r t a n t e es, p o r o t r a p a r t e , la i d e a
de u n a c a n o n i z a c i ó n d e l l e n g u a j e de las f o r m a s artísticas: n o q u i t a r
n a d a , n o a ñ a d i r n a d a , n o c a m b i a r n a d a ; la i d e a de q u e se p o d r í a
i m p e d i r t o d a e v o l u c i ó n y, de esa m a n e r a , m a n t e n e r el c o n t a c t o c o n
u n saber o r i g i n a l . I m p o r t a n t e es, e n t e r c e r l u g a r , el p a p e l q u e p a r a
P l a t ó n d e s e m p e ñ a e l « a r t e de las m u s a s » e n el sistema e d u c a t i v o d e
los e g i p c i o s . N a t u r a l m e n t e , este aspecto de su d i g r e s i ó n s o b r e E g i p t o

78 Cfr. al respecto mi libro Das kulturelle Gedachtnis, 171-174, igo-194.'

 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN
431

está particularmente marcado por las ideas griegas y por la idea que el
propio Platón tiene de la educación. Pero la idea del carácter pres-
criptivo del arte en general como gramática cultural, como un meta-
texto que codifica las formas correctas y hace posible que haya accio-
nes y actitudes «bien formadas», es acertada cuando se la traduce de
la esfera de la escuela a la del culto.
Una mirada a los innumerables modelos escultóricos, así llamados
—en el artículo « m o d e l o s » del Lexikon der Ágyptologie, T h . Liepsner
79
estima su número en 2-000 —, que se encuentran dispersos en
todos los grandes museos, nos muestra de qué habla Platón cuando
piensa que los artistas egipcios se atenían a «esquemas» y reglas
estrictas. El canon de que Platón habla no tiene nada que ver con las
conocidas reglas relativas a las proporciones en la representación
bidimensional de la realidad tridimensional °. Piensa más bien en
una fijación de los modelos capaz de proporcionar una base o gra-
mática icónica de movimientos, acciones, posiciones bien formados;
en,suma; formas de comportamiento, cuyas imágenes modélicas
quedaron representadas en los templos. E n Platón, este carácter
modélico va constantemente de lo artístico a lo educativo; pero, en el
dominio del arte, los modelos escultóricos muestran lo que significa
la orientación a modelos o «esquemas».
El elemento aristocrático o elitista de este «vivir en el pasado» es
evidente. Thomas Mann puso de relieve con perspicacia genial en sus
novelas de José las implicaciones sociales de la memoria cultural, y
mostró de qué manera el «vivir de citas», el recurso a ejemplarida-
des y modelos de conducta del pasado, es capaz de elevar y escenificar
81 1
la dignidad del individuo . En este sentido habría que ver también
en el arcaísmo de la Época Baja la forma de expresarse una especie de
conciencia cultural aristocrática,,en la que, por una parte, la capa
superior se distingue de las demás capas del pueblo a que pertenece,

79 LA iv, 1 9 8 0 , 1 6 8 - 1 8 0 .
80 Así W. Davis, «Plato oñ Egyptian Art», e n JEA 65, 1979, I2I-I27. María Luisa
Gatoni me indica con razón que Platón habla en el conocido pasaje del segundo
libro de las Leyes de la danza, y que el término schemata se refiere primariamente a las
figuras de danza i Las figuras de danza expresan determinados caracteres, e influyen
en la formación del carácter. La afición a las «malas» figuras estropea irremisible-
mente el carácter. (

81 Cfr. al respecto mi contribución «Zitathaftes Leben. Thomas Mann und die Pha-
nomenologie der kulturellen Erinnerung», en Thomas Mann Jahrbuch 6, 1993, 1 3 3 -
158.
 432 EGIPTO

p e r o , p o r o t r a , se p r e s e n t a , i n c l u y e n d o e n ella a las d e m á s capas,

c o m o r e p r e s e n t a n t e de la c u l t u r a e g i p c i a h a c i a fuera, frente a asirios,
g r i e g o s , j u d í o s o persas \
L a é p o c a saíta c r e a , d e s d e su r e v i v i f i c a c i ó n de t r a d i c i o n e s o l v i -
d a d a s , u n l e n g u a j e de f o r m a s p e r f e c t a m e n t e n u e v o , y e n s u c u l t i v o
d e la m e m o r i a c u l t u r a l d e s a r r o l l a a q u e l l a i d e n t i d a d e g i p c i a f r u t o
d e u n a v e t e r a n a y a c r i s o l a d a s a b i d u r í a c u l t u r a l de m i l e n i o s q u e t a n
h o n d a m e n t e i m p r e s i o n ó a l o s g r i e g o s . L o s e g i p c i o s d e esta é p o c a
v i v e n e n la c o n c i e n c i a d e s e r h e r e d e r o s d e u n p a s a d o i n m e n s o .
E l l o s h a n e s t u d i a d o l o s a r c h i v o s , c o m p i l a d o listas de reyes y á r b o -
les g e n e a l ó g i c o s ; ellos saben d ó n d e l o c a l i z a r h i s t ó r i c a m e n t e los
e x t r a o r d i n a r i o s m o n u m e n t o s del pasado; y ellos n o c u e n t a n c u e n -
tos de g i g a n t e s y c í c l o p e s . V i v e n e n u n á m b i t o de r e c u e r d o s q u e
a b a r c a m i l e n i o s , q u e se les o f r e c e a la vista, e n t o d a su m a g n i f i c e n -
c i a , e n p i r á m i d e s y m a s t a b a s , e s f i n g e s , o b e l i s c o s y estelas, y se les
o r d e n a c r o n o l ó g i c a e h i s t ó r i c a m e n t e , s i n faltar d e t a l l e , e n a n a l e s ,
l i s t a s , i n s c r i p c i o n e s e i m á g e n e s . S i es v e r d a d q u e el p a s a d o n o es
c o m o t a l a l g o q u e está a h í s i n m á s , s i n o a l g o q u e t i e n e q u e s e r
r e c r e a d o e n el r e c u e r d o , p u e d e d e c i r s e q u e n i n g u n a é p o c a de
Egipto fue tan rica e n pasado.

E L M A N I F I E S T O M E N F I T A DE S H A B A K A ;

E l p r i m e r o y más i m p o r t a n t e m o n u m e n t o de tal r e c u r s o al p a s a d o es
de la é p o c a d e l rey Shabaka. E l texto, c o n o c i d o c o m o Monumento de teo-
¡ogíámenfita, t i e n e p o r t e m a la g l o r i f i c a c i ó n d e la c i u d a d de M e n f i s .
Parte del p r o g r a m a p o l í t i c o de los reyes etíopes era, sin duda,
r e c o n s t r u i r M e n f i s n o s ó l o a r q u i t e c t ó n i c a , s i n o s o b r e t o d o espiritual
y religiosamente y convertirla e n capital de u n E g i p t o que pretende
u n r e n a c i m i e n t o del R e i n o A n t i g u o . Y a la d e c i s i ó n p o r M e n f i s c o m o

82 Una interpretación parecida es la de Sabine Neureiter, «eine neue Interpretation

: des Archaismus», enSAKzi, 1994, 22I-2JJ4- Ella ve en el arcaísmo una estrategia de
la capa superior destinada a marcar su diferencia con las capas inferiores. La nece-
sidad de distinción de la élite egipcia seguramente juega en la Época Baja un papel
más importante que en el pasado, pues las circunstancias políticas cambiantes han
hecho inseguras las estructuras sociales. Creo, sin embargo, que esta explicación
puramente sociológica -de la sociología del saber- no hace entera justicia al carácter
universal del fenómeno. ' . '
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN
433

n u e v a c a p i t a l d e l país era u n acto d e r e n o v a c i ó n , de d e s p e r t a r el

p a s a d o más a n t i g u o . Se trata de u n b l o q u e de basalto, cuya i n s c r i p -
c i ó n es p r e s e n t a d a c o m o r e p r o d u c c i ó n d e u n a n t i g u o m a n u s c r i t o
s o b r e p a p i r o . E n el e n c a b e z a m i e n t o explica S h a b a k a las c i r c u n s t a n -
cias de la r e d a c c i ó n :

Su Majestad hizo escribir de nuevo este libro en casa de su padre

Ptah. Su Majestad lo había encontrado como obra de losjmtepa-
sados, carcomida p o r los gusanos, y no se la conocía del principio
al fin. Entonces dispuso S.M. que se escribiera de nuevo, y ahora
es más bella que antes.

E l b l o q u e a c a b ó , ya e n 1 8 0 5 , e n el M u s e o B r i t á n i c o . Pasó u n
siglo hasta q u e se e m p e z ó a e n t e n d e r el s e n t i d o d e la i n s c r i p c i ó n , y
m u c h a s c u e s t i o n e s i m p o r t a n t e s s o b r e ese s e n t i d o s i g u e n h o y a b i e r -
tas. E l l o se d e b e a l a e n o r m e d i f i c u l t a d d e l t e x t o , p e r o t a m b i é n a
sus g r a n d e s l a g u n a s , p u e s la p i e d r a f u e u t i l i z a d a c ó m o p i e d r a
m o l a r , y e n su p a r t e m e d i a se h a l l a c o m p l e t a m e n t e b o r r a d a . E l
p r o b l e m a m á s i m p o r t a n t e q u e p l a n t e a el t e x t o , su datacióri, c o n t i -
n ú a h o y i r r e s u e l t o . H u b o u n t i e m p o e n q u e se d i s c u t i ó si.el t e x t o
8 3
es d e la d i n a s t í a I-II o de l a V - V I . D e s d e e n t o n c e s m u c h a s b u e n a s
r a z o n e s h a n s u g e r i d o q u e , si n o e n su t o t a l i d a d , al m e n o s e n a l g u -
84
nas p a r t e s es u n a o b r a d e l a d i n a s t í a XXV . S u d a t a c i ó n o s c i l a ,
p u e s , e n casi 2,.$00 a ñ o s . P e r o , sea c u a l sea la m a n e r a d e d e t e r m i -
n a r la i m p l i c a c i ó n de la d i n a s t í a XXV e n la c o m p o s i c i ó n d e l t e x t o ,
n o p u e d e h a b e r n i n g u n a d u d a s o b r e la r e c e p c i ó n p r o d u c t i v a d e
este t e x t o p o r d i c h a d i n a s t í a . H e m o s c i t a d o p a r t e s d e este texto e n
la Parte P r i m e r a c o m o e j e m p l o s de e l a b o r a c i ó n y r e c u e r d o m i t o l ó -
g i c o s d e la u n i f i c a c i ó n . A h o r a q u e r e m o s t r a e r l o á c o l a c i ó n c o m o
t e s t i m o n i o d e la n u e v a e i n t e n s a r e l a c i ó n d e l o s k u s h i t a s c o n e l
p a s a d o . A m b a s l e c t u r a s d e l texto m e p a r e c e n p e r t i n e n t e s . E l t e x t o
o f r e c e i n f o r m a c i ó n t a n t o s o b r e el p a s a d o r e c o r d a d o c o m o s o b r e el
p r e s e n t e e n el q u e tales r e c u e r d o s f u e r o n i m p o r t a n t e s y desde cuyas

83 Época arcaica: K. Sethe, Dramatische Texte zu altagpptischen Mysterienspielen (UAAG IO, Leip-
zig, 1928). Alto Reino Antiguo: H.Junker, DieGdtterlehrevonMemphis, Stizungsber. d.
Preuss. Ak. d. Wiss. Jg. 1939 Nr. 6, Berlín, 1941.
84 F. Junge, «Zur Fehldatierung des sog. Denkmals memphitischer Theologie, oder:
Der Beitrag der agyptischen Theologie zur Geistesgeschichte der Spátzeit», en
MDAIKzg, 1973, 195 ss.; H A . Schlógl, DerGott Tatenen,: riach Textenúnd Bilderndes Neuen
Reichs, OBO 29, Fribourg, 1980.
 EGIPTO
434

n e c e s i d a d e s y c o n d i c i o n e s a q u e l p a s a d o fue r e c u p e r a d o , y t a m b i é n
reinventado.
E l t e m a d e este texto es M e n f i s , su s i g n i f i c a d o m í t i c o y p o l í t i c o
c o m o « c o l i n a o r i g i n a l » , es d e c i r , c o m o el l u g a r o r i g i n a l d e la
C r e a c i ó n , el p r i m e r o q u e e m e r g i ó d e las a g u a s p r i m o r d i a l e s , y
l u g a r t a m b i é n d e la f u n d a c i ó n d e l r e i n o f a r a ó n i c o . P a r a p o d e r
e n t e n d e r la t e m á t i c a y la p r e t e n s i ó n d e l t e x t o , h a y q u e t e n e r p r e ­
sentes d o s p e c u l i a r i d a d e s de la idea e g i p c i a de la C r e a c i ó n : e n p r i ­
m e r l u g a r , la e s t r e c h a c o n e x i ó n d e C r e a c i ó n y g o b i e r n o , y e n
s e g u n d o l u g a r , el e n t r e c r u z a m i e n t o c o m p l e m e n t a r i o d e c o s m o g o ­
n í a y c o s m o p e y a . Y a la d o c t r i n a m á s a n t i g u a d e la C r e a c i ó n , la d e
H e l i ó p o l i s , i l u s t r a estas p e c u l i a r i d a d e s d e u n a m a n e r a c l á s i c a .
S e g ú n e l l a , el d i o s c r e a d o r A t u m ( « e l T o d o » ) se d e s p l i e g a e n e l
m u n d o a la vez q u e l o crea, y p a r a l e l a m e n t e a este p r o c e s o , a la v e z
t r a n s i t i v o e i n t r a n s i t i v o , y p e n s a d o c o m o c o m p l e m e n t a r i o , se c o n s ­
t i t u y e e l g o b i e r n o d e l m u n d o , y el t í t u l o d e g o b e r n a d o r p a s a d e
u n a g e n e r a c i ó n a o t r a de d i o s e s hasta q u e f i n a l m e n t e , e n la q u i n t a
g e n e r a c i ó n , lo hereda H o r u s , que, c o m o dios del r e i n o histórico,
se e n c a r n a e n c a d a f a r a ó n r e i n a n t e . L a s c o s m o g o n í a s e g i p c i a s
s i e m p r e s o n a la v e z « c r a t o g o n í a s » ; c o m b i n a n el n a c i m i e n t o d e l
m u n d o c o n una descripción del n a c i m i e n t o del g o b i e r n o . :

Atum'

Shu y Tefnut

Geb y Nut .
(tierra v cielo)

Osiris é Isis Seth y kíefthys

Horus

L a t e o l o g í a m e n f i t a c o m p l e t a y a m p l í a este á r b o l g e n e a l ó g i c o c o n
u n a a d i c i ó n decisiva:
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN
435
Ptah-Tatanen

Atum-Re

Shu y Tefhut
1
Geb y N u t
(tierra y cielo)

Osiris e Isis Seth y Ñefthys

HoLs

Salta a la vista que la base de la doctrina de Menfis es la doctrina

de Heliópolis, y que aquélla quiere superar a ésta. De ahí que siem-
pre se haya intentado situar el origen del texto en una fase de la his-
toria de Egipto en la que pudo haber una disputa demostrable entre
Heliópolis y Menfis sobre el lugar original de la Creación y del
gobierno del mundo. Naturalmente, la Época Baja queda apartada
de esta disputa;: en ella esperamos una competencia entre Tanis,
Tebas, en todo caso Bubastis, y Menfis. Heliópolis no juega aquí
absolutamente ningún papel político; Por eso reconstruyó Sethe un
prehistórico «reino de Heliópolis», que se habría desprendido del
prehistórico «reino de Menfis», y por eso .sitúan otros el texto en la
época de las dinastías.V-VI, primera de florecimiento del culto solar
heliopolitano^ Pero este razonamiento pasa por alto la verdadera
cuestión. C o n total independencia de la cuestión acerca dé la prin-l
cipal referencia histórico-política de Egipto, la doctrina de Heliópo-
lis jugó siempre el papel de una « G r a n Tradición», es decir, de una
eosmo-cratogonía interregional, normativa para todo Egipto, desde
el Reino Antiguo hasta los sistemas teológicos de los templos greco-
rromanos. Toda cosmogonía local debía partir de esta doctrina clá-
sica y universal. La tensión entre la « g r a n » tradición de Heliópolis;
la antigua y universal tradición egipcia, y las diversas pequeñas tradi-
ciones de los centros religiosos particulares, como Tebas, Menfis,
Hermópolis, Elefantina, Esna, Edfú, Sais, etc., determinó la histo-
ria entera de la religión egipcia.
La conexión previa de «Ptah-Tatenen» antes de Atum como pri-
mera generación de creador/gobernante es típica del período ramé-
436 EGIPTO

sida, y se encuentra, por ejemplo, en la lista de reyes de Turín. Este

documento pone al mismo tiempo de relieve a qué discurso pertenece
el Monumento de teología menfita. Es un ejemplo de la historiografía egipcia,
y se ocupa con la «prehistoria» que precede a los anales de los reyes
históricos. Estos anales también son, por lo demás, una copia igual­
mente fragmentaria realizada sobre una piedra del mismo material, y
comprenden desde los reyes protohistóricos de reinos aún no unifica­
dos hasta los de la dinastía V. Hay ciertos indicios de que la piedra de
Palermo es igualmente de la dinastía XXV y producto de los mismos
estudios archivísticos-anticuarios que el Monumento de teología menfita.
El texto comienza con una proclamación de la existencia del reino
original de Ptah-Tatenen, que como el dios original nacido de sí
mismo y creador de los dioses —y expresamente reconocido como tal
por Atum—, gobernó ya como rey del Alto y el Bajo Egipto el reino
unificado. E n lo que sigue se salta las demás generaciones del proceso
cosmo-cratogónico y pasa directamente a la disputa entre Horus y
Seth, citada en la forma primitiva de un texto dramático, y probable­
mente real, de un «antiguo papiro carcomido por los gusanos».
Este mito explica cómo después de la unidad originaria se llegó a la
partición del reino y a la posterior reunificación en la mano de
Horus. Ya hemos examinado los capítulos correspondientes del texto
en la Parte Primera de este estudio, y no vamos a detenernos aquí en
él. Pero la actualidad de este mito en la época de Shabaka es evidente.
Era confrontado con la situación de un reino dividido defacto. Las
empresas de Piye habían sancionado más que modificado esta divi­
sión. Lo que a Piye le interesaba no era volver a unificar Egipto, sino
impedir que tal unificación la llevase a cabo Tefnakte. El primero y
decisivo paso hacia lá superación de la «poliarquía libia» y la restau­
ración de la monocracia faraónica clásica lo dio Shabaka. El debió de
ejecutar al sucesor de Tefnakte, Bochoris. Sin duda sostuvo, frente a
lá dinastía XXIV, u n programa completamente distinto del de su
padre. Deseaba volver a los tiempos de esplendor faraónico, cuyos
testimonios podía ver en los monumentos del Reino Antiguo con­
centrados en Menfis y su entorno del modo más impresionante. D e
ahí su deseo de enlazar con tradiciones menfitas. La promoción de
Menfis a nueva capital y residencia regia en un Egipto reunificado no
era sólo asunto de medidas arquitectónicas, sino también de renova­
ción cultural. Y aquí hay que ver el origen del renacimiento que
entonces se iniciaba. -
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN
437

A p r o p ó s i t o de la f u n d a c i ó n de M e n f i s c o m o r e s i d e n c i a de H o r u s
c o r o n a d o c o m o rey del E g i p t o r e u n i f i c a d o , describe el texto el e n t i e -
r r o d e O s i r i s y, c o n él, el o r i g e n de la n e c r ó p o l i s de M e n f i s , G i z a -
Saqqara.

Este es el lugar (en que los... prepararon) [la hermosa sepultura]

de Osiris en casa de Sokaris
(...) Nefthys e Isis en Busiris,
Pues Osiris se había ahogado en su agua.
Isis y Nefthys lo buscaron, lo vieron y lo agarraron.
Horus ordenó a Isis y a Nefthys:
rescatadlo, no permitáis que se ahogue.
Horus a Isis y Nefthys. Para decir: aprisa, rescatadlo...
Isis y Nefthys a Osiris. Para decir.- hemos venido para sacarte...
ellos sacaron la cabeza a tiempo.
Y lo llevaron a tierra.
El entró por las puertas secretas
a la santidad de los señores de la eternidad
siguiendo (rjimtt) al que asciende en el país de la luz, ,
siguiendo los caminos de Re en el « G r a n T r o n o » (Menfis);
Él entró en el palacio,
se j u n t ó con los dioses,
Tatenen, Ptah, señor dé l ó s a n o s .
Y así llegó Osiris a la tierra en el castillo del rey,
en la parte norte de este país, a la que había llegado.
Pero su hijo Horus apareció como rey del Alto Egipto,
apareció como rey del Bajo Egipto,
cuando le abrazó su padre Osiris,
8 5
junto con los dioses que se hallaban delante y detrás de é l .

Este c a p í t u l o d e l t e x t o r e c l a m a p a r a M e n f i s la t u m b a d e O s i r i s ,
q u e la G r a n T r a d i c i ó n localiza e n A b i d o s . L a r e p r o d u c i b i l i d a d de los
lugares sagrados n o es e n la É p o c a Baja n i n g ú n p r o b l e m a . C a d a t e m -
plo e n q u e se c e l e b r a n los « m i s t e r i o s de O s i r i s » c o n t i e n e u n a t u m b a
de O s i r i s . E n el R e i n o N u e v o , la fiesta m e n f i t a de S o k a r se c o n v i e r t e
e n u n a de las más celebradas e n t o d o el país, a d q u i r i e n d o el r a n g o de
G r a n T r a d i c i ó n . Se p e r e g r i n a a A b i d o s , p e r o la fiesta m e n f i t a de

85 J u n k e r , op. cit, 3 6 - 3 8 . M i t r a d u c c i ó n s i g u e l o s t e x t o s p r e p a r a d o s p o r j u n k e r , y t a m -
bién, e n buena medida, su traducción. " '
438 EGIPTO

S o k a r se celebra t a m b i é n e n T e b a s , y f i n a l m e n t e e n t o d o s l o s c e n t r o s
culturales i m p o r t a n t e s , y se c o n v i e r t e e n fiesta del e n t i e r r o de O s i r i s .
E l c a p í t u l o a r r i b a c o n s i d e r a d o n o p u e d e r e t r o c e d e r hasta antes d e l
R e i n o N u e v o , y esto l o delatan ciertos giros y m o t i v o s , c o m o « l a s a n -
t i d a d de l o s s e ñ o r e s de la e t e r n i d a d » (la p a l a b r a « s a n t i d a d » está
a d e m á s escrita c r i p t o g r á f i c a m e n t e ) y la i d e a de la t u m b a c o m o
« c a m i n o » n o c t u r n o d e l s o l , q u e a b u n d a e n las t u m b a s reales d e l
8 6
Reino Nuevo .
Las líneas siguientes t i e n e n todas p o r t e m a el «castillo del r e y » y la
r e c o n c i l i a c i ó n de H o r u s y S e t h , p e r o están d e m a s i a d o d e t e r i o r a d a s
p a r a o f r e c e r u n t e x t o c o h e r e n t e . C o n t o d o , se a p r e c i a q u e el t e m a
« M e n f i s » o c u p a e n este texto el lugar central. D e s p u é s de las g r a n d e s
lagunas empieza la segunda parte del texto, dedicada al c o m i e n z o de la
genealogía c o s m o - c r a t o g ó n i c a , a la r e l a c i ó n de Ptah c o n A t u m . Es la
d o c t r i n a menfita de la C r e a c i ó n , u n o de los textos egipcios más r a r o s
entre los que d e s a r r o l l a n n a r r a t i v a m e n t e el tema de la « C r e a c i ó n » .
87
L o s dioses q u e n a c i e r o n de Ptah/se h i c i e r o n P t a h . s o n : ;

Ptah en el Gran T r o n o [...] .¡ .

Ptah N u n El padre que [engendró] a A t u m
Ptah Naunet La madre que alumbró a A t u m
Ptah-Wer El corazón y la lengua de la Enéada
[...1 [...] todo ... que alumbró a los dioses <
[...] [ . . . ] . . . que alumbró a los dioses
[...] •[...]
[...] [... Neferltem en la nariz de Re,
día tras día. .

86 E. H o r n u n g , « A u f d e n S p u r e n der S o n n e . G a n g durch ein agyptisches K ó n i g s -

I-
g r a b » , e n ÉranosJahrbuch (1981), 43 475- H. Brunner, « D i e Unterweltsbücher in
d e n a g y p t i s c h e n K o n i g s g r a b e r n » , e n G . S t e p h e n s o n ( e d . ) , Leben undTodin denReligio-
nen. Symbol und Wirklichkeit, D a r m s t a d t , 1980, 2,1^-2,0.8.
87 P a r a esta t r a d u c c i ó n m e b a s o e n G a r d i n e r y E r m a n , q u e a p r i n c i p i o s d e s i g l o c o m -
p r e n d i e r o n p e r f e c t a m e n t e , a m i j u i c i o , el s e n t i d o d e e s t a l o c u c i ó n . L u e g o , S e t h e
l l a m ó la a t e n c i ó n s o b r e el s i g n i f i c a d o d e hpr m, c o r r i e n t e e n las. « t r a n s f o r m a c i o n e s »
d e l o s t e x t o s d e l o s ¡ s a r c ó f a g o s y d e l Libro de los muertos, c o m o « c o n v e r t i r s e e n » , cam-
b i a n d o la t r a d u c c i ó n « l o s d i o s e s q u e s e h i c i e r o n P t a h » e n « l o s d i o s e s q u e h a b í a n
t o m a d o la f i g u r a d e P t a h » . E s t a t r a d u c c i ó n es g r a m a t i c a l m e n t e t a n p o s i b l e c o m o
« h a c e r s e » . La c u e s t i ó n q u e a q u í se n o s p l a n t e a s ó l o p u e d e r e s o l v e r s e s e m á n t i c a -
m e n t e . E n el c o n t e x t o de u n a c o s m o - t e o g o n í a m e p a r e c e m u c h o m á s a d e c u a d o
e n t e n d e r este acto d e dar n a c i m i e n t o P t a h a los d i o s e s c o m o u n h a c e r s e éstos P t a h .
J u n k e r . q u i s o e x c l u i r d e la l o c u c i ó n hpr m t o d a r e f e r e n c i a al t i e m p o , proponiendo
t r a d u c i r l a , p o r « t e n e r la f i g u r a d e » . , .
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN
439

nacidos por medio del corazón, símbolo de Atum

nacido por medio de la lengua como símbolo de Atum,
88
cuando (ello) fue grande y poderoso .

Este texto, lamentablemente muy deteriorado, trata del naci-

miento de la Ogdoada, que en la doctrina hermopolitana personifica
el estado original preexistente, de Ptah, que de ese modo es repre-
sentado como la unidad esencialmente trascendente, previa a, y fun-
damentadora de, la preexistencia misma. La ambivalencia consciente
del giro hprm, que se puede traducir tanto por «nacer, o surgir, d e »
como por «llegar a ser», «convertirse e n » o «hacerse», se mani-
fiesta también en un himno ramésida a A m ó n - R e :

Los ocho fueron tus primeras formas de aparecer

89
a fin de que tú las hicieses unidad .
Tu cuerpo estaba oculto bajo los más antiguos,
90
porque tú, Amón, te mantenías oculto al frente de los dioses .

A m ó n se «despliega» en la Octada y la «hace» unidad; la relación

de ocho y uno es pensada a la vez como despliegue y contracción.
9 1
Pero Ptah transmitió [su fuerza]
a los dioses y sus Kas
98
por medio de este corazón, por el que Horus nació de Ptah,
. por medio de esta lengua, por la que Thoth nació de Ptah.

Ocurrió que corazón y lengua adquirieron poder sobre todos los ;

miembros ,
88 E l p r i m e r a c t o d e l a C r e a c i ó n , al q u e a q u í s e h a c e r e f e r e n c i a d e f o r m a r e s u m i d a , e s
e l q u e c r e a e l m u n d o d e l o s d i o s e s . L a t r a d u c c i ó n t r a d i c i o n a l « g r a n d e y p o d e r o s o es
P t a h » n o s e ajusta a l a g r a m á t i c a , y s e m á n t i c a m e n t e n o d i c e n a d a .
89 Cfr. F . J u n g e , « W i r k l i c h k e i t u n d A b b i l d . Z u m i n n e r a g y p t i s c h e n S y n k r e t i s m u s u n d
zur Eltsicht d e r H y m n e h des N e u e n R e i c h s » , e n G. Wiefíner (ed.), Synkretismusfors-
chung. Theorie und Praxis, W i e s b a d e n (1978), 8 7 - 1 0 8 , 105 c o n n . 59- E n A m ó n , l o s 8 s e
c o n v i e r t e n e n u n o . Cfr. p B e r l í n 13603 e n S . S a u n e r o n , J . Y o y o t t e , « L a n a i s s a n c e d u
I I
m o n d e s e l q n l ' E g y p t e a n c i e n n e » ( S o u r c e s O r i e n t a l e s i ) ( P a r í s , 1 9 5 9 ) . 7 ~ 9 > 5&
• •. d o c . 15.-
90 p L e i d e n l 350 III 2 2 - 2 7 ¡ J- Z a n d e e , De hymnenaanAmon van Papyrus Leiden 1350, OMRO
28, L l e i d e n , 1947, 6 3 - 6 6 ; A H G n . ° . 135¡ReundAmun, 0,22, s .
91 . phtj.f según S e t h e . J u n k e r l o c o m p l e t ó c o n nh, « l a v i d a » . A m b a s c o s a s s o n p o s i b l e s .
92 T a m b i é n sería p o s i b l e : « c ó m o el cual H o r u s n a c i ó » . H o r u s y T h o t h s o n identifica-
d o s e n e s t o s v e r s o s c o n e l c o r a z ó n y la l e n g u a d e l d i o s c r e a d o r . E s t a e s u n a r e p r e s e n -
. t a c i ó n c o m ú n e n l a É p o c a B a j a , d e l a q u e J u n k e r , 45"47> p u d o r e u n i r u n a s e r i e d e
documentos..
 44o EGIPTO

por la enseñanza de que él (el corazón) está en todos los cuerpos,

y ella (la lengua) en todas las bocas
de todos los dioses, hombres,
animales, bichos y de todo ser vivo,
y el corazón piensa y la lengua ordena todo lo que ellos quieren.

E n todos los seres vivos, que proceden de Ptah, actúa algo de la

originaria fuerza creadora del dios en forma de corazón y de len-
gua. Y aquí comienza un discurso antropológico, que prosigue más
abajo.

Su Enéada estaba ante él

como dientes, es decir, la simiente de A t u m ,
y como labios, es decir, las manos de A t u m ;
Había nacido la Enéada de, A t u m
p o r medio de su semen y de sus dedos. \
Pero la Enéada es en verdad dientes y labios
en esta boca del que ha inventado los nombres de todas las cosas,
del que Shu y Tefhut proceden, del que ha creado la Enéada.
1
Esta sección de la doctrina se ha. entendido , siempre como una
polémica con Heliópolis. Más acertado me parece interpretarla
como un comentario. La antigua doctrina sagrada, válida por encima
de todo localismo, es interpretada en esta sección a favor de Menfis.
El « s e m e n » y las « m a n o s » de A t u m , por medio de los cuales ha
engendrado, en u n acto de autocopulación, a Shu y a Tefnut, son
aquí los «dientes» y los «labios», que es lo que exige la lengua que
todo lo crea pronunciando palabras. i'

Los ojos ven, los oídos oyen ;

y la nariz respira aire para dar noticia al corazón..,
Esto es lo que hace brotar todo conocimiento.
! La lengua repite lo que es pensado por el corazón. ' ,

El proceso de la Creación es interpretado, conforme al modelo

antropológico, como creación corporal. « F a l o » y « m a n o » , tradi-
cionales símbolos corporales de lo creador, se convierten aquí en
«dientes y labios». Los verdaderos órganos creadores son el corazón
y la lengua. C o m o el egipcio no traza ninguna frontera clara entre
« c u e r p o » y « e s p í r i t u » , conocimiento y lenguaje son entendidos
como fenómenos corporales. El conocimiento nace en el corazón en
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN 441

v i r t u d de los datos que los sentidos le s u m i n i s t r a n . E l c o n o c i m i e n t o

f o r m a d o e n el c o r a z ó n es c o m u n i c a d o p o r la l e n g u a .

Y así nacieron todos los dioses,

es decir, A t u m y su Enéada.
Pero todos los jeroglíficos nacieron
de lo que el corazón pensaba y la lengua ordenaba.
Y así fueron creados los.kas, y Hemuset estableció
que toda alimentación y toda ofrenda de alimentos fueran resul­
tado de esta palabra
(que fue pensada p o r el corazón y ordenada por la lengua).
(Y así recibe a Ma'at el que) hace cosas meritorias,
(y a Isfet el que) hace cosas odiosas.
Y así se da vida al pacífico
y muerte al criminal.
Y así fueron creados todos los oficios y todas las artes,
la acción de los brazos y el andar de las piernas,
los movimientos de todos los miembros según las instrucciones
de estas palabras pensadas p o r el corazón y manifestadas p o r la
!
lengua y en las que todo estaba previsto.

Así pudo llamarse a Ptah «el que todo lo creó y dio nacimiento a
los dioses», . ..
pues él es Tatenen, el que formó a los dioses,
aquel del que provenían todas las ofrendas de alimentos y toda
alimentación,
las ofrendas a los dioses y todas las cosas perfectas.
A^í se vio y se reconoció , .
: que su fuerza es mayor que la de los demás dioses.

93
Y Ptah quedó satisfecho después de haber creado todas las cosas
y todos los jeroglíficos,
después de formar a los dioses,
después- de crear sus ciudades (en adelante, sus = de los dioses)
y fundar sus nomos,
después elegir los pasteles de sus ofrendas

93 htp p o d r í a t r a d u c i r s e t a m b i é n p o r « y d e s c a n s ó . . . » , e n c o r r e s p o n d e n c i a c o n l a d e s ­
c r i p c i ó n b í b l i c a d e la. C r e a c i ó n . P e r o el c o n c e p t o d e l d e s c a n s o tras e l t r a b a j o ( p a u s a )
lo expresa el i d i o m a e g i p c i o de otra m a n e r a .
 EGIPTO
442

y fundar sus capillas,

después de haber creado sus cuerpos a su semejanza, con lo que
quedaron satisfechos.
Y así entraron los dioses en sus. cuerpos
hechos de madera y de mineral,
de barro y de todas las demás cosas que salen de él,
que de él han nacido.
Y así se reunieron en torno a él todos los dioses y sus kas,
contentos y unidos al señor de los dos países.

Ésta es la más elaborada r e p r e s e n t a c i ó n egipcia de la C r e a c i ó n p o r

la p a l a b r a . S e d i f e r e n c i a de la b í b l i c a e n dos p u n t o s . U n o es el p a p e l
d e l c o r a z ó n , es d e c i r , d e l p l a n d e la C r e a c i ó n p o r él c o n c e b i d o ; d e
esto n o se h a b l a e n la B i b l i a . E l o t r o es el p a p e l de la escritura, de los
9 4
j e r o g l í f i c o s , d o s veces m e n c i o n a d o s . Estos d o s - p u n t o s están e s t r e -
c h a m e n t e r e l a c i o n a d o s ' . P u e s l o q u e el c o r a z ó n i d e a n o es l a f i g u r a
f o n é t i c a de cada cosa, s i n o su « c o n c e p t o » y su « f o r m a » . L a l e n g u a
da f o r m a v o c a l a l o s c o n c e p t o s q u e el c o r a z ó n p i e n s a , y la e s c r i t u r a
j e r o g l í f i c a f o r m a visible: ;

Pero todos los jeroglíficos nacieron ,

de lo que el corazón pensaba y la lengua ordenaba.

Ptah es el dios de l o s artistas y los artesanos; a él d e b e n las cosas su

« d i s e ñ o » , su f i g u r a i n m o d i f i c a b l e , e t e r n a m e n t e r e p r o d u c i d a e n el
n a c e r y p e r e c e r de las cosas y los seres vivientes, y c o p i a d a e n los s i g -
n o s de la e s c r i t u r a . P o r e s o , T h o t h , el d i o s de la « l e n g u a » , es t a m -
b i é n el dios de la escritura j e r o g l í f i c a . É l p u e d e t r a n s f o r m a r los p e n -
s a m i e n t o s d e l c o r a z ó n e n l e n g u a j e h a b l a d o y e s c r i t o . L a C r e a c i ó n es
u n acto de a r t i c u l a c i ó n : m e n t a l , i c ó n i c a y f o n é t i c a . C o n las cosas y
sus n o m b r e s n a c e n a la vez sus signos .escritos:
95
Y Ptah quedó satisfecho después de haber creado todas las cosas
y todos los jeroglíficos.

L a totalidad de la C r e a c i ó n q u e d a r e s u m i d a e n la l o c u c i ó n « t o d a s
las cosas y t o d o s los j e r o g l í f i c o s » . S i i d e n t i f i c a m o s la d i s t i n c i ó n e n t r e

94 mdwntr, l i t e r a l m e n t e « p a l a b r a s d e l d i o s » , es c o m o s e d e n o m i n a e n i d i o m a e g i p c i o
1
la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a .
95 O b i e n « y así d e s c a n s ó . . . » , v. n o t a 93. • .
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN
443
una esfera de arquetipos (ideas) y un mundo de copias infinitamente
reproducidas como un principio de la filosofía platónica, en esta
bipartición de la creación se encuentra ya expreso un platonismo
primario y ateórico. Los jeroglíficos son los arquetipos de las cosas
que constituyen la totalidad de la realidad. Entre cosa y signo de
escritura hay en el pensamiento «jeroglífico» egipcio una relación
semejante a la existente entre cosa y concepto en el griego. A l tiempo
que Ptah concebía los arquetipos de las cosas, inventaba también la
escritura, cuyos signos T h o t h sólo necesitaba trazar, del mismo
modo que él, como lengua, no tiene más que expresar los pensa-
mientos del corazón. Por eso se escribe un onomastikón como lista de
96
«todas las cosas que Ptah ha creado y T h o t h e s c r i t o » . T h o t h , el
dios de la escritura, sólo tuvo que encontrarla, no inventarla. La
escritura estaba ya en la estructura de la realidad..El neoplatónico
Yámblico reconoció perspicazmente el platonismo latente en el pen-
samiento jeroglífico cuando, en su Carta de Abammon, interpretaba el
principio simbólico de la escritura de los egipcios como una imita-
ción dé la «demiurgia» divina: « L o s egipcios imitan la naturaleza
del universo y la demiurgia de los dioses cuando producen, a través
de símbolos, imágenes de los conceptos místicos, invisibles y secre-
tos, de la misma manera que la naturaleza expresa, de manera simbó-
lica, los logoi invisibles en formas visibles y la demiurgia divina escribe
97
la verdad de las ideas en imágenes visibles» .
La complementariedad de Ptah, que « c r e a » las cosas, y T h o t h ,
que las «escribe», trae a la memoria el acuerdo de Dios y Adán en el
Paraíso. Dios creó los seres vivos « y se los presentó a A d á n para ver
qué nómbreles ponía; y cada ser vivo llevaría el nombre que Adán le i
pusiera». (Gen., 2,, 5¡o).Elacto de Adán de poner nombres y el acto
de T h o t h de escribir cumplen ambos la misma función de enlazar
cosas y palabras, y como se trata de una creación por la palabra, lo
que A d á n pronuncia y Thoth escribe no es sino lo que ellos « l e e n »
en las cosas. • • • •,/

¿ C u á l es el origen de estas ideas? Me parece evidente que la i n s -

cripción de Shabaka combina varios textos-fuentes. Algunos de los
capítulos dramáticos de la Doctrina política pueden proceder del Reino

96 A . H . G a r d i n e r , AncientEgyptian Onomástica, t e x t o , v o l . I, O x f o r d , I947> r*.

97 Y á m b l i c o , De Mysteriis, V I I , I .

COLEGIO LOYOLA
A R C A SEMINAR!!
444 EGIPTO

Medio o incluso del A n t i g u o . El capítulo sobre la Creación por la

palabra, en cambio, no puede pertenecer a una época anterior a la
de los ramésidas. N o es nada difícil seguir la historia de esta idea a
través de cientos de himnos. Antes del Reino Nuevo nacen las cosas
que las palabras dicen que nacen, y lo dicen juegos de palabras sin
ninguna particular intención. El lenguaje aparece aquí como una de
tantas «secreciones» del creador. Hasta la dinastía XVIII no brota la
idea de la creación intencional por el lenguaje. Pero esta idea se
limita aquí a la creación de los dioses. Los dioses nacen de la boca, es
decir, de las palabras, del creador. Sólo en la dinastía XIX puede
reconocerse la idea de que la totalidad del mundo procede de la
palabra divina. E n textos menfitas, el corazón del creador, es decir,
el órgano de la concepción intelectual, juega aquí el papel princi­
98
p a l . Pero de la escritura jeroglífica apenas se habla en estos textos.
Este es u n tema específico de nuestro texto. Y es también su rasgó
más « m o d e r n o » . Pues su valoración de la escritura jeroglífica sólo
pudo producirse cuando, ésta había llegado a constituir u n medio
puramente sacro, y esto sucedió en la Época Baja. La idea de la escri­
tura jeroglífica como escritura sagrada, sacerdotal, con la que sólo se
escriben .textos sagrados y en la que sólo los sacerdotes son iniciados,
la encontramos sólo en autores griegos. La mayoría de los autores no
ve en ella más que u n simple malentendido, pero refleja de manera
muy fiel la imagen que los propios sacerdotes egipcios tenían de sus
sistemas de escritura, la cual quisieron transmitir a los griegos. De
hecho, en la Época Baja la escritura.jeroglífica empieza a convertirse
en una especie de escritura de cosas, cuyo repertorio de signos es
coextensivo con la totalidad de las cosas existentes. Cuando el texto
de Shabaka hace referencia a esta teología, no puede ser más antiguo
que la época ramésida. Se trata de aquellas partes del texto en las que
se habla de Ptah-Tatenen.

El arcaísmo lingüístico de la Época Baja obedece a los mismos

motivos.ideológicos que el arcaísmo artístico, y encontró igualmente
en un texto griego una interpretación en exacta correspondencia con
la teoría platónica del arte, formulada además con una más clara
referencia a la misma. Pienso en el filósofo neoplatónico Yámblico,
que en su Carta de Abammon, conocida con el título de Los misterios de

98 Cfr. m i l i b r o Re undÁmun, 220-1; 238-24.1.

 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN
445

Egipto, f o r m u l ó el i m p e r a t i v o , o p r o h i b i c i ó n , c u l t u r a l de l o s egipcios
— « ¡ N o d e b e s c a m b i a r n a d a ! » — e n r e l a c i ó n al l e n g u a j e y l o s textos
r e l i g i o s o s . L a o b r a trata a q u í de la p r e e m i n e n c i a de las l e n g u a s a n t i -
guas, c o m o el b a b i l o n i o y el e g i p c i o , c o m o l e n g u a s sagradas: « G o m o
los d i o s e s d e c l a r a r o n sagradas a t o d a s las l e n g u a s d e l o s p u e b l o s
s a g r a d o s , c o m o el e g i p c i o y el a s i r i o , s o m o s d e la o p i n i ó n d e q u e
n u e s t r o t r a t o o r a l c o n l o s dioses t i e n e q u e valerse d e u n a f o r m a de
e x p r e s i ó n q u e sea afín a los dioses. L a f o r m a de h a b l a r c o n l o s dioses
es t a m b i é n la m á s o r i g i n a r i a y a n t i g u a . . . P o r eso n o s m a n t e n e m o s
f i r m e m e n t e e n la ley de su trasmisión, p u e s esta f o r m a es la q u e más
c o n v i e n e y más se a d e c ú a a los d i o s e s » ( v i l , 4)- « H a y q u e c u i d a r las
v e n e r a b l e s f ó r m u l a s t r a d i c i o n a l e s de o r a c i ó n c o m o asilos s a g r a d o s ,
m a n t e n e r l a s s i e m p r e i d é n t i c a s y usarlas d e i g u a l m a n e r a , s i n q u i t a r
s
n a d a de ellas n i añadirles n a d a de otra p a r t e . » ( v i l , 5)- L ° g r i e g o s ,
p r o s i g u e , s o n b u s c a d o r e s d e n o v e d a d e s , « n o t i e n e n n a d a fijo y n o
c o n s e r v a n n a d a tal c o m o l o h a n r e c i b i d o . . . L o s b á r b a r o s , e n c a m -
b i o , p e r s e v e r a n e n el u s o de las mismas f ó r m u l a s , p u e s s o n de c a r á c -
ter c o n s e r v a d o r ; mas, p o r eso m i s m o , s o n q u e r i d o s p o r los dioses, y
ellos se d i r i g e n a los dioses e n f ó r m u l a s q u e s o n de su a g r a d o . P e r o a
n i n g ú n h o m b r e le está p e r m i t i d o , bajo n i n g ú n c o n c e p t o , c a m b i a r
esas fórmulas».
L a i d e a d e u n a « l e n g u a s a g r a d a » se c o r r e s p o n d e c o n la e x p r e s i ó n
mdt ntr, « p a l a b r a s d e d i o s » , q u e e n E g i p t o d e s i g n a , a la vez q u e a la
escritura j e r o g l í f i c a , ál estadio alcanzado p o r el m e d i o e g i p c i o escrito
e n esta e s c r i t u r a e s p e c i a l . L a c o n s e r v a c i ó n de l o s textos a n t i g u o s , la
p e r s e v e r a n c i a e n las m i s m a s liturgias a través de m i l e n i o s de c u l t o y la
r í g i d a i n v a r i a b i l i d a d d e las figuras o r i g i n a l e s d e la e s c r i t u r a j e r o g l í -
fica p u e d e n v i n c u l a r s e a la s u p o s i c i ó n de Y á m b l i c o de q u e detrás de
t o d o esto se e n c u e n t r a la i d e a de u n a c o m u n i c a c i ó n sagrada c o n los
dioses, y de q u e la C o n s e r v a c i ó n e s c r u p u l o s a de la f o r m a o b e d e c e a la
p r e o c u p a c i ó n ' p o r q u e l o s textos sagrados p u d i e r a n ser i l e g i b l e s p a r a
los d i o s e s .
E l texto de Shabaka es s i g n o de u n a r e n o v a c i ó n c u l t u r a l q u e , j u s -
t a m e n t e e n su r e g r e s o a l o s m o d e l o s más a n t i g u o s accesibles, m a r c a
u n f u t u r o . Las ideas d e l Monumento de teología menfita m a r c a n los sistemas
t e o l ó g i c o s d e l o s t e m p l o s de l a É p o c a B a j a , y la t r í a d a d e p e n s a -
m i e n t o , p a l a b r a y s i g n ó de escritura se erige e n p u n t o de p a r t i d a de
u n a t e o r í a sacerdotal de l o s j e r o g l i f o s q u e d e t e r m i n a r á la c o n c e p c i ó n
o c c i d e n t a l d e la escritura j e r o g l í f i c a hasta G h a m p o l l i o n .
 EGIPTO

El Monumento pertenece al contexto de un amplio programa de reno-

vación religiosa que se propone la meta de recuperar la sacralidad del
país y de sus centros sagrados. Podemos observar huellas y reflejos de
esta política sobre todo en Tebas. Allí, los gobernantes kushitas desarro-
llan una febril actividad constructora, encargando obras arquitectóni-
cas de carácter ostensiblemente festivo en el contexto de una reorgani-
zación de las fiestas tebanas. Probablemente, la figura más importante
de este programa arquitectónico-teológico fue el «supremo sacerdote
lector» Petamenophis, cuyo gigantesco palacio funerario, que rebasa
todas las proporciones, domina, junto con el de su contemporáneo
Montemhet, el Assassif. Donde mejor se observa la transformación de
99
Tebas en «paisaje sagrado» es en la necrópolis tebana. El fondo del
valle de Deir el Bahari fué urbanizado,y habilitado por primera vez
como lugar sagrado por Mentuhotep I I , que aquí erigió allí su templo
funerario. En la dinastía,XVIII, la reina Hatshepsut enlaza con esta tra-
dición al levantar su templo funerario formando pareja con el de M e n -
tuhotep, 5 0 0 años más antiguo, y convertir un santuario de Hathor,
situado entre ambos, en un verdadero templo. Este santuario de
Hathor es ahora la meta de la procesión reorganizada de la fiesta del
valle. Se remodela la antigua avenida de la procesión, y los palacios
funerarios de las dinastías X X V y X X V I quedan alineados con ella. El
valle de Assassif—el camino de la procesión-^ y Deir el Bahari —la meta
de la misma— se convierten así en lugares sagrados de primer orden. La
decoración de las.tumbas se inspira de! diversas maneras en.el santuario
de Hathor en Deir el Bahari. La tumba de Basa contiene un nicho para
el culto diseñado como una reproducción de este santuario; La vaca
Hathor sobresale del muro en altorrelieve encuadrada en una figura
arquitectónica copiada del templo de'Hathór en Deir el Bahari. Allí,
en el templo déla dinastía X V I I I , enmarca un acceso á través de una
puerta, y tieneyáel carácter de un signo recordativo, pues reproduce
un santuario arcaico que, en forma tridimensional, aunque igual-
100
mente simbólica, se halla en el templo funerario de D j o s e r . E n
Tebas, como en Menfis, observamos las huellas de una recuperación y
uña reinvención de tradiciones ligadas a la sacralidad de un determi-

99 E n e l s e n t i d o q u e l e d a H . C a n c l k e n « R o m e as a S a c r e d L a n d s c a p e . V a r r o a n d t h e
E n d o f R e p u b l i c a n R e l i g i ó n i n R o m e » , e n Visible Religión, 4,/$, 1985/86, 350-265. E l
t é r m i n o « p a i s a j e » es c o n f u n d e n t e , p u e s a q u í s e trata d e p l a n i f i c a c i ó n u r b a n a , n o
d e d i s e ñ o p a i s a j í s t i c o . P e r o es a p l i c a b l e ' t a n t o a R o m a c o m o a T e b a s .
100 V . m i t r a b a j o Das GrabdesBasa, AV 6, Mainz, 1973, 28-34. ,,, .;
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN

nado lugar. En Menfis fueron las doctrinas cosmogónicas del ámbito

de la teología ramésida de Ptah y las tradiciones primitivas en torno al
papel de Menfis como «balanza de los dos países» en la disputa entre
Horus y Seth y como primera capital de Egipto. La teología y las fiestas
de los lugares sagrados son renovadas para recuperar la fuerza de irra-
dicación religiosa que poseyeron estos centros. Ahora no se trata tanto
de acumular riquezas en los templos a través de las consagraciones,
como en el Reino Nuevo y en el Tercer Período Intermedio, cuanto de
acumular «sacralidad», es decir, significado religioso.

El medio más importante para esta sacralización de un espacio es la

fiesta. De esa manera se establece una muy peculiar conexión entre
espacio y tiempo, geografía y calendario. Esta conexión recibe una
codificación válida para toda la Época Baja en un texto que lleva por
título de El libró de recorrer la eternidad, y que con toda probabilidad es de la
1 91
época saíta . . Se trata de una liturgia funeraria, es decir, de una reci-
tación cúltica dirigida al muerto en la que se invita a éste a participar
en 39 fiestas tebanas, 39 abidosianas y 78 (=2 veces 39) menfitas,
junto a otras: un calendario variable de fiestas. N o es uña guía para el
más allá, como siempre se ha supuesto, sino un guía para el más acá.
Pero una guía relativa a un aspecto particular del mismo: el más acá en
sus tiempos y lugares sagrados. El egipcio ya no busca la ansiada cerca-
nía a la divinidad en el más allá, sino en el más acá: en los centros reli-^
giosos del país, y especialmente en su propia ciudad. Por eso reapare-
cen ahora, después de una interrupción de siglos, las tumbas
monumentales. Estando en su tumba, el egipcio está presente en su
ciudad y habla como ciudadano a las generaciones posteriores. La ciu-
dad como marco de una pertenencia social que sobrevive a la muerte
desempeña un importante papel en las inscripciones de estas tum-
102
bas . La fiesta del dios de la ciudad es la ocasión más señalada para las
visitas a las tumbas y para que muertos y vivos se encuentren. Por eso,
el dios de la ciudad es, como se dice en un texto sapiencial posterior,
103
«aquel de quien dependen la muerte y la vida de sus ciudadanos» .

101 N u e v a e d i c i ó n p o r F . R . H e r b i n , Lelivredeparcourirl'eternüé, O L A 58, L o v a i n a , 1994.

102 Cfr. al r e s p e c t o E . O t t o , DiebiographischenlnschriftenderAgyptischenSpátzeit, L e i d e n , 1954,
87-94-
103 p l n s i n g e r 28,4; M . L i c h t h e i m , AncientEgyptianLiierature n i (1980), ZOJ; d e l m i s m o
a u t o r , Egyptian Wisdom Literature in théInternational Contad. A Study ofDemotícInstructions ( 0 B 0
52, 1983), 162 s.
448 EGIPTO

Se trata, pues, no sólo de una mundanización de la creencia en el

más allá, sino a la vez de una sacralización del más acá. La ciudad se
convierte en ciudad sagrada, el país Egipto en el país sagrado, el país
«sacratísimo» incluso (iepOTáTT) Xü)pa), en la medida en que se pre-
senta como meta de las apetencias ultratérrenales de los egipcios. E n
él pensamiento egipcio tardío, todo Egipto se convierte en un
«dominio ultraterreno dentro de lo terrenal», en templum mundi.

E L ANNUS MIRABILIS D E T A H A R Q A

La estela de Taharqa, del año 6, es una de las inscripciones reales más

impresionantes de la tradición faraónica. La peculiaridad de este
texto reside en la fuerza de su imaginación mítica. En él no sólo se
describen de forma detallada los acontecimientos del año 6 —una
crecida extraordinaria del Nilo, lluvia en Nubia, la subida al trono
del rey después de seis años de corregencia y la visita de la madre del
rey en Egipto—, sino que además se les da una interpretación reli-
giosa y mitológica. El texto comienza con una descripción general de
las virtudes del rey y sus efectos bienhechores:

S.M. era un amado del dios, |

día y noche se dedicaba .
a hacer buenas acciones para los dioses, ¡ ,
a reconstruir templos que se hallaban en ruinas, -
a devolver a sus imágenes su aspecto inicial,'
a construir sus almacenes y dotarles de sus mesas para las.ofrendas,
a hacer ofrendas de toda clase de cosas •< .. • >
•
y mesas de ofrendas.de ámbar y plata. '. • ; • .>
Pero el corazón de S.M. estaba contento, / .> . . >- ¡
de dispensarles (a los dioses) atenciones día tras'día. • \,.
En su tiempo, el país gozó de abundancia , •
como ocurrió en tiempos del señor del universo.
Todo el mundo dormía hasta despuntar el día,
nadie decía «Si tuviera» '
Ma'at se propagaba por las tierras,
e Isfet se hallaba reducida y postrada. _

El texto parece formalista. Pero no ¡conozco otro que relacione

más clara y explícitamente el papel del rey como restaurador de cul-
 V / 3 . RECUERDO Y RENOVACIÓN
449

tos y el m i t o de u n a E d a d de O r o p r i m i g e n i a . E l r e s t a b l e c i m i e n t o de
los c u l t o s s i g n i f i c a el r e t o r n o de la E d a d de O r o . L a p i e d a d d e l rey
trae b i e n e s t a r al país, y este bienestar es i n t e r p r e t a d o c o m o regreso al
estado p r i m i t i v o , c u a n d o el c r e a d o r m i s m o d o m i n a b a s o b r e su c r e a -
c i ó n . Esta i n t e r p r e t a c i ó n es insólita, y b a sido e l e g i d a i n t e n c i o n a d a -
m e n t e . E l l a d e m u e s t r a q u e la h i s t o r i a era a l g o q u e r i d o y s e n t i d o
conscientemente c o m o regreso.

Milagros sucedieron en tiempos de S . M . ,

en el año 6 de su subida al trono,
cosas que no se veían desde los tiempos de los antepasados,
pues tanto le amaba su padre A m ó n - R e .

S.M. rogó que llegase una crecida

a su padre A m ó n - R e , señor de Karnak,
para que no hubiese sequía en esa su época.
Y al instante se hizo realidad todo
lo que salió de los labios de S.M.

Llegó la época de las lluvias, y el Nilo subió • ¡ ..

en todos los lugares día tras día.
Durante muchos días creció un codo cada día.
Alcanzó las montañas d e l Alto Egipto.
La tierra estaba cubierta por el agua original,
no se podía distinguir la tierra del río. .
El río ascendió hasta una altura de 2,1 codos, I palmo y 3 l / 2
dedos en el muelle de Tebas. > .

S.M. hizo que le trajeran los anales de los antepasados

para conocer las crecidas de su tiempo, no encontrando en ellos
nada semejante.

.Las marcas d e l nivel del N i l o e n el m u e l l e de T e b a s se h a n c o n s e r -

v a d o ; las de e n t o n c e s s o n de h e c h o las m a y o r e s q u e sé m i d i e r o n e n la
a n t i g ü e d a d . A l g u n o s d e c e n i o s a n t e s , b a j o O s o r k o n III, h u b o u n a
crecida algo m e n o r q u e causó g r a n d e s d a ñ o s y se e x p e r i m e n t ó c o m o
u n a catástrofe. E n t o n c e s , el rey h a b í a s u p l i c a d o a A m ó n q u e alejase
las aguas. E l s i g u i e n t e « m i l a g r o » g u a r d a r e l a c i ó n causal c o n el p r i -
m e r o , p e r o es descrito c o m o u n h e c h o i n d e p e n d i e n t e :
 EGIPTO
45o
Pero cayó lluvia del cielo en Nubia
e hizo resplandecer las montañas hasta el final.
Todo el mundo en Nubia tuvo abundancia en todas las cosas,
Egipto era en hermosa fiesta.
Alabaron al dios por amor a S . M .
S.M. se sentía inmensamente feliz
por lo que su padre A m ó n había hecho por él,
y dispuso que se sacrificara a todos los dioses u n toro y un pájaro,
y se les ofreciera pan y cerveza,
con todo el corazón p o r lo que su padre había hecho por él.

T a h a r q a i n s e r t a e n este pasaje d e su i n f o r m e u n a c o n s i d e r a c i ó n
r e s u m i d o r a de carácter g e n e r a l :

Y dijo S . M . : mi padre A m ó n - R e de Karnak

obró cuatro hermosos milagros para mí en u n solo año,
el año 6 de m i gobierno como rey;
nada parecido se vio desde los tiempos de los antepasados.
La crecida llegó como u n ladrón
e inundó todo este país.
Nada parecido se encontró en los testimonios escritos desde tiem- ,
pos inmemoriales,
nadie dijo: esto ya lo he oído de mi padre, i
Ella hizo que toda la cosecha fuese buena para mí, '
pues mató a las ratas y las serpientes .
e impidió que la langosta la devorase
y el viento del sur se la llevara. !
Llevé a los graneros cantidades incalculables
de cereales del Alto y el Bajo Egipto,
y de todos los cereales que crecen en el suelo.

G o m o hasta a h o r a s ó l o se h a n m e n c i o n a d o d o s m i l a g r o s , el d e la
c r e c i d a y el d e la l l u v i a —¿o hay q u e c o n t a r t a m b i é n c o m o m i l a g r o s
la e l i m i n a c i ó n d e las p l a g a s y la e v i t a c i ó n d e v i e n t o s c á l i d o s d e l
sur?—, l o s dos; m i l a g r o s r e s t a n t e s d e b e n a p a r e c e r e n la n a r r a c i ó n
q u e s i g u e a la c i t a d a . A h o r a se trata de a c o n t e c i m i e n t o s c o m p l e t a -
mente distintos:

Pero yo había venido de Nubia j u n t o con los hermanos del rey.

S.M. me había exigido que permaneciera c o n él,
porque me tenía más aprecio que a todos sus hermanos e hijos, -
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN
451

y me había distinguido frente a ellos.

Los corazones de los notables tenían preferencia por mí,
y el amor por mí satisfacía a todos los hombres.
Recibí la corona en Menfis,
después de que el halcón se hubiera alejado en el cielo.
Mi padre Amón me había ordenado
que reuniera bajo mis suelas a todos los países del interior y
extranjeros:
en el sur hasta Retehu-Qebet,
en el norte hasta Qebeh Hor (en el sentido de «última Thule»)
en el este hasta donde sale el sol,
y en el oeste hasta donde se pone.

[Pero ella se encontraba] en Nubia, la hermana del rey, dulce en

amor,
la madre del rey, Abala, que viva. ••<••:;:"
Siendo un joven de 2 0 años me alejé de ella,
cuando fui al Bajo Egipto con su S.M.
Ella navegó corriente abajo para verme después de muchos años.
Y me encontró en el trono de Horus,
después de haber recibido las coronas de Re,
y haberse las dos serpientes de la corona unido sobre mi cabeza,
y cuando todos los dioses protegían mi cuerpo.
Ella sintió una inmensa alegría cuando vio la belleza de S.M.,
igual que Isis cuando vio a su hijo Horus
en el trono de su padre Osiris,
cuando dejó de ser un muchacho
en el nidode Kemmis.
Y entonces el Alto y el Bajo Egipto, y todos los países extranjeros,
inclinaron la cabeza ante la madre de este rey.
Su fiesta era grande,
y los viejos junto a los jóvenes, ;
cantaron a la madre del rey una canción jubilosa:

Isis recibió a Horus :.

como la madre del rey a su hijo cuando con él se reunió.
Oh rey del Alto y el Bajo Egipto, Taharqa, que vive eternamente
entre los dioses,
tú perduras, vives eternamente
452 EGIPTO

por lo que ordenó tu Padre A m ó n ,

el dios activo, que ama al que le ama,
y conoce a quien a él se somete,
el que hizo que tu madre se reuniera contigo en paz,
para contemplar tu belleza, la que él te concedió.
T ú vives y estás sano
como Horus vive para su madre Isis,
y te hallarás ahí, en el trono de Horus,
para siempre.

Resulta ya asombroso que.un acontecimiento como el viaje de la

madre del rey al Bajo Egipto y el reencuentro de madre e hijo des-
pués de muchos años quede eternizado en una estela; pero mucho
más asombrosa es su interpretación a la luz del mito de Isis y
H o r u s . La celebración del reencuentro, que semeja una escena
mítica, recuerda la concepción de Thomas Mann de una «vida en
el m i t o » o una «vida en la c i t a » , de un «caminar sobre las h u e -
l l a s » , que da sentido y esplendor a las acciones y aconteceres del
presente al sentirse en ellos el retorno de las « f o r m a s » y «hormas
originales» de orden mítico. La manera en que T h o m a s M a n n
contrapone en sus novelas de José la «solemnidad^ de Jacob en la
presentación de esa realidad superior a la forma caprichosa y ecléc-
tica, conscientemente citadora, de tratar José con el mito y de
caminar sobre las huellas del pasado, me'parece la más adecuada
para caracterizar la diferencia entre las dinastías XXV y XXVI en su
relación con el pasado. í
Naturalmente, los gobernantes kushitas caminan sobre las hue-
llas del mito de forma más consciente que sus predecesores egip-
cios, pues ellos están más distantes del mismo. Ellos deben p r i -
mero hacer suyas las «formas y normas originales». Pero no
podemos olvidar que en todo caso es preciso aprender. La historia
del espíritu es siempre historia de alguna recepción. A pesar de lo
cual hace hay una gran diferencia entre simplemente continuar
una tradición y conectar de manera consciente y explícita con
determinadas tradiciones salvando la distancia impuesta por una
ruptura o por la lejanía cultural de sus orígenes. Tal es la situación
de la dinastía XXV.
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN
453
E L C U L T O D E L PASADO

S i se q u i e r e e n t e n d e r e l a r c a í s m o de esta é p o c a c o m o e x p r e s i ó n de
u n a t r a n s f o r m a c i ó n de la m a n e r a de c o m p r e n d e r la h i s t o r i a y de u n a
c o n s t r u c c i ó n n u e v a del t i e m p o cultural, n o cabe l i m i t a r s e a l o s datos
de la h i s t o r i a d e l a r t e , s i n o q u e es p r e c i s o c o n s i d e r a r t a m b i é n las
nuevas f o r m a s de la vida religiosa. Estas se c o n c r e t a n e n fiestas y ritos
q u e h a c e n u n a m u y m a r c a d a r e f e r e n c i a al t i e m p o , e x a c t a m e n t e al
t i e m p o d e s p l e g a d o e n p a s a d o , p r e s e n t e y f u t u r o . D o n d e más c l a r a -
m e n t e se expresa esto es e n u n uso festivo q u e a h o r a v i e n e a o c u p a r el
p r i m e r p l a n o , si es q u e n o se i n v e n t ó e n este p e r í o d o d e las dinastías
XXVy XXVI. M e r e f i e r o al culto de los « a n t e p a s a d o s de l o s d i o s e s » .
L o s antepasados de l o s dioses s o n dioses m u e r t o s , y . c o m o m u e r -
tos r e c i b e n u n a u t é n t i c o c u l t o f u n e r a r i o . E l l o s r e p r e s e n t a n la p r o -
f u n d i d a d d e l t i e m p o , : d e la q u e a h o r a se es c o n s c i e n t e . S o n d i o s e s
del p a s a d o , o , más e x a c t a m e n t e , d e l p r e - p a s a d o , def p l u s c u a m p e r -
fecto, de a q u é l p a s a d o v e r d a d e r a m e n t e y p a r a s i e m p r e r e a l i z a d o , q u e
c o m o mítica edad p r i m o r d i a l puso los cimientos del presente. D e
este p a s a d o se sabe a h o r a el e g i p c i o s e p a r a d o , y la c o n c i e n c i a de esta
s e p a r a c i ó n se a r t i c u l a e n actos r e c o r d a t o r i o s de c u l t o f u n e r a r i o . E n
la é p o c a g r e c o r r o m a n a , t o d o s los t e m p l o s t i e n e n sus lugares de culto
f u n e r a r i o de l o s dioses m u e r t o s , q u e s o n v i s i t a d o s e n distintas o c a -
s i o n e s festivas e n s o l e m n e p r o c e s i ó n . U n o d e e l l o s es la n e c r ó p o l i s
de l o s a n i m a l e s s a g r a d o s . P e r o a q u í n o se trata d e c u l t o a a n i m a l e s ,
s i n o de u n c u l t o al t i e m p o , y e n T e b a s , d o n d e ya antes, e n las é p o c a s
e t í o p e y saíta, v e m o s f l o r e c e r u n a fiesta c o m o ésta, n a d a t i e n e q u e
v e r c o n l o s a n i m a l e s s a g r a d o s . D e e l l o se p u e d e i n f e r i r q u e , e n l o s
t e m p l o s d e É p o c a Baja, e l l u g a r d o n d e se e n t e r r a b a a l o s a n i m a l e s
sagrados ú n i c a m e n t e o f r e c í a e l l u g a r y la o c a s i ó n p a r a l o s actos cuí-
d e o s de r e m e m o r a c i ó n d e l pasado c u m p l i d o , q u e a h o r a e n t r a n e n el
programa de t o d o culto. ,
L a f o r m a tebana d e este c u l t o f u n e r a r i o de los dioses es la fiesta de"
los diez días. E l dios A m ó n de L u x o r viaja cada IO días s o b r e el N i l o
de L u x o r a M e d i n e t H a b u p a r a o f r e c e r u n a b e b i d a a l o s antepasados
d e l o s d i o s e s . E l t é r m i n o d e esta p r o c e s i ó n n o está e n el t e m p l o
f u n e r a r i o d e R a m s é s III, s i n o e n el p e q u e ñ o t e m p l o d e la d i n a s t í a
XVIII q u e R a m s é s : III i n c l u y ó c o m o u n a n e x o e n su g r a n c o n j u n t o
a r q u i t e c t ó n i c o . E n la dinastía XXV, las p r o p o r c i o n e s se i n v i e r t e n . E l
p e q u e ñ o t e m p l o e m p i e z a a agrandarse, p o r las c o n t i n u a s a d i c i o n e s y
 EGIPTO
454
r e m o d e l a c i o n e s , y acaba c o n v e r t i d o e n el más i m p o r t a n t e c e n t r o de
c u l t o de la p a r t e o c c i d e n t a l . L a s esposas d e l d i o s se c o n s t r u y e n sus
t u m b a s e n su p a t i o . E l n o m b r e e g i p c i o d e l l u g a r , D^mwt, e n c o p t o
« D j e m e » , se c o n v i e r t e e n n o m b r e de t o d a la r e g i ó n , y l o s g r i e g o s l o
e s c r i b e n c o m o lo o y e n : « T b e b a i » .
A m ó n de L u x o r c e l e b r a este c u l t o f u n e r a r i o a d o p t a n d o u n p a p e l
d e h i j o q u e n o r m a l m e n t e c o r r e s p o n d e al r e y . E n É p o c a B a j a , la
f i g u r a d e l d i o s u n o A m ó n se despliega e n tres g e n e r a c i o n e s . A l d i o s
de K a r n a k corresponde, c o m o f o r m a originaria muerta, A m ó n -
K a m u t e f , « e l q u e ha c o n s u m a d o su t i e m p o » , el dios o r i g i n a l p r e e -
x i s t e n t e , y c o m o f o r m a f i l i a l el A m ó n - e n - L u x o r , q u e n o h a y q u e
c o n f u n d i r c o n K h o n s u , el d i o s n i ñ o h i j o de A m ó n y M u t . A m ó n -
e n - L u x o r , Jmn~m-jpt, e s c r i t o e n c u n e i f o r m e A m a n a p p a , n o es la
f i g u r a i n f a n t i l de u n a tríada de dioses, s i n o la f o r m a filial de u n a t r i -
n i d a d . Esta t r i n i d a d t i e n e u n c a r á c t e r i n c o n f u n d i b l e m e n t e tempo-
r a l . K a m u t e f es el d i o s d e l p a s a d o c u m p l i d o , y A m ó n - e n - L u x o r , el
d i o s del p r e s e n t e q u e se r e n u e v a p e r i ó d i c a m e n t e . P e r o , e n el sistema
clásico de la r e l i g i ó n egipcia, éste era e l l u g a r d e l rey, el cual e n c a r n a
la p r e s e n c i a q u e se r e n u e v a , q u e c o n t i n u a m e n t e se h a c e p r e s e n t e , d e
l o d i v i n o . Este aspecto d e l rey l o expresa el t í t u l o e g i p c i o ntrnfr, q u e
n o s o t r o s t r a d u c i m o s c o m o « e l b u e n d i o s » ' : p e r o m u c h o más e x p r e -
sivas s o n las f ó r m u l a s antiguas theos epiphanes (.«el dios q u e a p a r e c e » ) y
deuspraesens (<¿el dios p r e s e n t e » ) . C o n la d i s t i n c i ó n . e n t r e u n a f o r m a
p a t e r n a y u n a f o r m a filial de l o d i v i n o m i s m o , ciertos aspectos y f u n -
ciones centrales del c o n c e p t o clásico del rey s o n trasladados al
m u n d o d é l o s dioses. E l l o n o significa q u e e l rey n o siga o s t e n t a n d o
t a m b i é n l o s títulos q u e le c o r r e s p o n d e n . P e r o a h o r a j u e g a el p a p e l de
u n d i o s q u e existe t a m b i é n s i n él y q u e n o se e n c a r n a e n é l . L o s
p a p e l e s antes r e p a r t i d o s e n t r e l o s d i o s e s y el rey sé e j e r c e n a h o r a
exclusivamente e n el m u n d o de los dioses, y el rey p u e d e a su m a n e r a
p a r t i c i p a r d e este d e s e m p e ñ o i d e n t i f i c á n d o s e c o n el d i o s q u e h a
a d o p t a d o su p a p e l .
Esta m u d a n z a g e n e r a l d e l s e n t i d o r e l i g i o s o , q u e pasa de la t e o l o -
gía p o l í t i c a al culto e n el t e m p l o y al m u n d o de l o s dioses la ilustra de
f o r m a p a r a d i g m á t i c a el c a m b i o d e s i g n i f i c a d o q u e e x p e r i m e n t a l a
figura del A m ó n de L u x o r . E l t e m p l o de L u x ó r y la fiesta de esta c i u -
d a d , c e l e b r a d a a n u a l m e n t e e n el R e i n o N u e v o , s o n l u g a r y o c a s i ó n
p a r a la c o n f i r m a c i ó n cúltica d e l rey c o m o h i j o del d i o s . L u x o r era el
l u g a r d o n d e el rey e r a s i m b ó l i c a m e n t e e n g e n d r a d o : p o r A m ó n y
 V / 3. RECUERDO Y RENOVACIÓN

donde éste le reconocía como hijo suyo. Este engendramiento y

reconocimiento era ritualmente ejecutado en la ceremonia de la
104
coronación y anualmente r e n o v a d o . En esta fiesta sagrada del
nacimiento del rey divino, A m ó n de Luxor representaba, natural-
mente, el papel de padre. Pero ahora el rey asume el papel de hijo y
lo representa en una fiesta que cada diez días le lleva a la parte occi-
dental para realizar la ofrenda funeraria a sus divinos antepasados
muertos. Esta ceremonia también tiene su precedente en el Reino
Nuevo: la fiesta del valle. La fiesta de Luxor y la fiesta del valle esta-
ban estrechamente relacionadas en el Reino Nuevo. E n la fiesta de
Luxor, el rey celebraba su condición de hijo del dios A m ó n , y en la
del valle, su condición de hijo como eslabón de una cadena dinástica.
Gomo en la fiesta de Luxor viajaba, en compañía de A m ó n , Mut y
Khonsu, de Karnak a Luxor para ser confirmado como hijo del dios
durante su estancia en el templo de A m ó n de Luxor, en la fiesta del
valle viajará con la misma compañía de Karnak a los templos funera-
rios de sus antepasados de la parte occidental de Tebas para asegu-
rarse, como hijo legítimo, la bendición de sus antepasados e incluir
a éstos en el tiempo sagrado de su reinado. Este complejo aconteci-
miento festivo, en el que se enlazan y se reflejan mutuamente cielo,
tierra y reino de los muertos, lo conciertan ahora los dioses entre
ellos. El simbolismo del gobierno es reemplazado por un simbolismo
del tiempo. Muertos, vivos y dioses se comunican cúlticamente unos
con otros y mantienen así la marcha del mundo.
Este modelo, desarrollado en la Tebas de las dinastías XXV y XXVI
—y que quizá tiene orígenes más antiguos—, entra en la época greco-
rromana en la estructura básica del culto en todo gran templo. Cada
centro tiene ahora no sólo su « M e d i n e t H a b u » , sino también su
«templo de L u x o r » , un lugar para el culto de los antepasados
muertos de los dioses y una «casa de nacimiento» como lugar
donde se festeja al dios que en forma de hijo viene nuevamente al
mundo cada año.

104 Cfr. al r e s p e c t o L . B e l l , « L u x o r T e m p l e a n d t h e C u l t o f t h e R o y a l K a » , e n JNES 44

(1985), 251-294-
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 PARTE SEXTA

Egipto bajo los persas y los griegos

 1. ESQUEMA HISTÓRICO

É n él a ñ o 5^5 - C ¡ - , G a m b i s e s c o n q u i s t a E g i p t o . D u r a n t e t o d o e l
a

siglo V, E g i p t o q u e d a b a j o el d o m i n i o de l o s g r a n d e s reyes D a r í o I,
Jerjes, A r t a j e r j e s I y D a r í o II c o m o satrapía d e l i m p e r i o p e r s a . P e r o
los persas g o b i e r n a n E g i p t o de u n m o d o c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o
q u e l o s a s i r i o s . L a p o l í t i c a asiría c o n s i s t í a e n s o m e t e r a los goberr-
n a n t e s l o c a l e s a vasallaje. D o n d e n o los h a b í a , d e b í a n s e r i n v e n t a -
dos, n o de o t r o m o d o q u e e n el caso de las c o l o n i a s africanas b a j o la
a d m i n i s t r a c i ó n i n g l e s a , e n las q u e el g o b i e r n o b r i t á n i c o , p a r a h a c e r
c o m p a t i b l e el p u e b l o s o m e t i d o c o n la p r o p i a estructura a d m i n i s t r a -
tiva, d e b í a I n v e n t a r j e f e s allí d o n d e e n c o n t r a b a t r i b u s o r g a n i z a d a s
de f o r m a acéfala. P o r eso se h i c i e r o n los jefes de la aristocracia m i l i -
tar l i b i a , c u y o status q u e d ó i g u a l a d o al d e M o n t e m h e t c o m o n o b l e
d e la c a p i t a l y al d e o t r o s f u n c i o n a r i o s d e l M e d i o y el A l t o E g i p t o ,
s o c i o s de l o s a s i r i o s . L a dinastía XXVI s u p o v o l v e r a t r a n s f o r m a r las
estructuras feudales establecidas p o r los asirios e n estructuras b u r o -
cráticas, p e r o n i l o s p r o p i o s p r i n c i p a d o s l i b i o s , n i el r e c u e r d o d e
los m i s m o s p u d i e r o n e x t i n g u i r s e . Esta estructura f e u d a l se c o n s e r v ó
c o m o subtexto, y e n el siglo IV salió a la s u p e r f i c i e . A l o s persas t a m -
b i é n se les h a b r í a o f r e c i d o así la p o s i b i l i d a d de u n i r s e c o n esta élite
m i l i t a r . P e r o a p o s t a r o n p o r o t r a é l i t e : el c l e r o . E s t o s i g n i f i c a q u e
a c e p t a r o n el p a p e l c ú l t i c o - i d e o l ó g i c o d e l g o b i e r n o f a r a ó n i c o c o n
 VI / 1. ESQUEMA HI5TÓRIC0 459

1
todos los títulos . C o n ello asumían la relación filial con los dioses,
la cual los legitimaba a los ojos de los egipcios, pero también les
obligaba a una incesante dedicación a los dioses. H u b o que cons-
truir, ampliar, y renovar los templos, producir las imágenes,
aumentar el número de puestos sacerdotales, proveer las mesas de
las ofrendas, organizar las fiestas, consultar y seguir los oráculos, y
mantener, enterrar y entronizar a los animales sagrados, y toda esta
actividad tenía que ser hecha pública y eternizada en inscripciones.
Si un faraón cumplía bien con este papel, el que fuera nubio, libio,
persa o macedonio no suponía ninguna diferencia, y los egipcios no
percibían esta ocupación del puesto real como dominio extranjero;
tan poco como los griegos modernos la introducción de la casa de
Wittelsbach o los ingleses la de Hannover. Las dificultades venían
sólo cuando el papel era mal desempeñado.
Esto es lo que se dijo de Gambises, lo cual, como veremos, hubo
de tener su parte de verdad, aunque probablemente algo de ella era
fruto de leyendas posteriores, de cuando los persas empezaron a des-
8
cuidar sus tareas religiosas . Jerjes y Artajerjes I ya no estuvieron pre-
sentes en Egipto, dejando el gobierno en manos de los sátrapas. Y es
ahora cuando el dominio persa aparece como dominio extranjero, y
sufre en seguida, bien que sólo por breve tiempo, u n tambaleo. E n
los años 460-455 a. G . , Inaro y Amirteo, dos descendientes de las
casas principescas libias, se alian con los atenienses y emprenden una
revuelta contra los persas. E n este período de resistencia brotan las
historias antipersas que poco después Heródoto, viajando por el
país, recogerá de los egipcios. Ellas cuentan que Gambises mató al
buey Apis (Her., III, 29), aunque de su año 6.° se conservan una
estela y una sarcófago de un Apis cuyas inscripciones informan del
entierro ritual del animal sagrado. Y Darío I construyó el gran tem-
plo de A m ó n en" el oasis de Karga, el programa de cuya decoración es
el ejemplo más temprano de un compendio teológico. Gambises y
Darío pudieron felicitarse de contar con el asesoramiento de un
egipcio que les puso al corriente de sus dignidades y deberes faraóni-
cos y les inició en los mismos.

1 .. G . P o s e n e r , La pretiriere domination perse en Egypte, E l C a i r o , 1 9 3 6 , 7> I 2 > 1 7 ° ; K . M . T .

. A t k i n s o n , « T h e L e g i t i m a c y o f C a m b y s e s a n d D a r i u s as K i n g s o f E g y p t » , enJAOS
76, 1956, 167 ss.
2 S o b r e la i m a g e n e g i p c i a d e l d o m i n i o p e r s a , Cfr. t a m b i é n G . B u r l c a r d , « L i t e r a r i s c h e
T r a d i t i o n u n d h i s t o r i s c h e R e a l i t a t » , e n ^45121, 1994, 93-106.
46o EGIPTO

L a estatua n a ó f o r a d e l m é d i c o m a y o r U d j a h o r r e s n e t se halla e n el
M u s e o V a t i c a n o y p a r e c e s e r p a r t e d e las p i e z a s q u e e l e m p e r a d o r
A d r i a n o se l l e v ó d e E g i p t o . E n sus i n s c r i p c i o n e s , U d j a h o r r e s n e t
3
i n f o r m a d e su c a r r e r a .

Entonces llegó a Egipto Cambises, el gran rey de todos los países

extranjeros,
y todos los extranjeros de todos esos países estaban con él.
Después de que hubo conquistado todo este país, ellos se estable-
cieron en él,
y él fue gran señor de Egipto y gran rey de todos los países extran-
jeros.
Entonces, S . M . me ofreció el cargo de médico mayor
y me permitió estar a su lado como compañero y jefe de palacio. ,
Y o confeccioné para él la serie de sus nombres añadida a su n o m -
bre real « R e t o ñ o de R e » , i
Enseñé a S . M . el significado de Sais, la sede de Neith, la grande,
la madre del dios, que alumbró a Re,
la primera que parió, cuando aún n o existían los partos,
y la doctrina que enseña el significado del templo de Neith:
el cielo en todos sus aspectos;
más la doctrina que enseña el significado de las casas de la corona
roja y de todos los dioses y diosas que en ella están,
y la doctrina que enseña el significado de los santuarios de Resnet
y Mehnet, del templo de Re y de los templos de A t u m :
el secreto de todos los dioses. ¡
(...) ' ¡ -
Hice una petición a S . M . Cambises
concerniente a todos los extranjeros que se habían instalado en el
templo de Neith: •
expulsarlos de allí y permitir que el templo de Neith volviera a
cumplir su función anterior,
Y S . M . ordenó echar a todos los extranjeros que se habían insta-

3 Cfr. al r e s p e c t o A . B . L l o y d , « T h e I n s c r i p t i o n o f U d j a h o r r e s n e t , a C o l l a b o r a t o r ' s
T e s t a m e n t » , e n JEA 68, 1 9 8 2 , 1 6 6 - 1 8 O ; G . G o d r o n , « N o t e s s u r l ' h i s t o i r e d e l a
m é d e c i n e e r l ' o c c u p a t i o n p e r s e e n E g y p t e » , e n Hommmages Saumas, Montpellier,
1986, 285-297! T . H o l m - R a s m u s s e n , « C o l l a b o r a t i o n i n Early A c h a e m e n i d
E g y p t » , e n Studies inAncient History and Numismatics, A a r h u s , 1988, 2 9 - 3 8 ; G . B u r k a r d ,
-
•. « L i t e r a r i s c h e T r a d i t i o n » , %fiS 1 0 , 1 , 9 7 9 9 - S o b r é l a t u m b a d e U d j a h o r r e s n e t , v. M .
V e r n e r e n BIFAO 89, 1989, 2 8 3 - 2 9 0 . j • •'• . . '• '
 V I / 1 . ESQUEMA HISTÓRICO 46l

lado en el templo de Neith,

con todas sus cabanas y todas sus impurezas, que se habían adue-
ñado de este templo.
Guando ellos sacaron sus cosas fuera de los muros de este templo,
ordenó S.M. limpiar el templo de Neith y dotarlo de todo el per-
sonal y de los sacerdotes de horas del templo.
S.M. ordenó organizar un sacrificio a Neith, la grande, la madre
del dios, y a los grandes dioses de Sais, como antes se hacía.
S.M. ordenó que se celebraran todas sus fiestas y procesiones
como antes se había hecho.
S.M. hizo esto porque le enseñé el significado de Sais.
La ciudad es de todos los dioses que están en ella, ocupando sus
lugares, para siempre.
(...)
Entonces fue el rey del Alto y el Bajo Egipto Gambises a Sais.
Se personó en el templo de Neith
y se inclinó ante Su Majestad [la diosa] tan respetuosamente como
todo rey había hecho.
Organizó una gran ofrenda de todas clase de cosas buenas
para Neith, la grande, la madre del dios, y los grandes dioses de
Sais.
(...)
S.M. realizó muchas buenas acciones en el templo de Neith.
Dispuso que se hicieran libaciones para el señor de la eternidad
en el templo de Neith,
como los reyes anteriores habían hecho.
Pero S . M . hizo todo esto porque yo enseñé a S . M . cómo debía
cada rey llevar a cabo todas estas buenas acciones en este templo
p o r el significado de este templo como sede de todos los dioses
que en él permanecen eternamente.
(...)
Y o dispuse, por orden de S.M., que la ofrenda a Neith, la grande,
la madre del dios, se realizase siempre.
Y o erigí monumentos a Neith, la señora de Sais, e hice todas las :
cosas que un fiel servidor hace por su señor.
Soy u n hombre bueno para su ciudad:
Salvé a sus habitantes de la gran tempestad que azotó a todo el país
como ninguna lo había hecho antes en este país.
Protegí al débil del fuerte,
 EGIPTO

salvé al temeroso cuando se vio apurado,

les hice el mayor bien siempre que hubo que obrar p o r ellos.
(...)
Soy u n hombre honrado por su padre y alabado p o r su madre, y
que está en el corazón de sus hermanos. Y o les permití acceder al
sacerdocio y les di buenas tierras de labranza por orden de S.M. a
perpetuidad. Organicé u n hermoso funeral al que no podía tener
un funeral, me preocupé p o r que todos sus hijos tuvieran sus-
tento, reforcé todas sus casas e hice p o r ellos las mismas buenas
obras que un padre hace por su hijo, cuando la tempestad llegó a
este n o m o dentro de la grandísima tempestad que dominaba todo
el país.
(...) \ : • \:

La majestad del rey D a r í o , que viva eternamente,.;me ordenó

regresar a Egipto cuando S . M . se hallaba en Elam como gran rey
de todos los países extranjeros y Gran Gobernador de Egipto para
;
reparar la sala de la casa de la vida [...], que estaba casi e ñ ruinas.
Los extranjeros me llevaron de país extranjero en país extranjero
hasta Egipto, como había ordenado el señor de los dos países.
Hice lo que S . M . me había ordenado. La proveí de sus escolares,
todos hijos de buena cuna, sin nadie dé origen i n f e r i o r entre
ellos. Los puse bajo la dirección de todos los hombres cultos [ver-
sados] en todas sus labores. S . M . dispuso que se les dieran todas
las cosas necesarias para que pudieran realizar todos sus trabajos.
Y o les surtí de todo lo que era bueno para ellos y de todo lo que
ellos necesitaban consignado p o r escrito, como antes hacían.
S.M. hizo esto porque conocía la utilidad de este arte para m a n -
tener con vida a todo enfermo y para eternizar los nombres de
todos los dioses, sus templos, sus ofrendas y la celebración de sus .
fiestas. ..

Este texto c o n f i r m a el t e s t i m o n i o de la B i b l i a e n l o q u e se refiere

a la p o l í t i c a persa c o n l o s p u e b l o s s o m e t i d o s . A s í c o m o G i r o devuelve
a l o s j u d í o s d e p o r t a d o s a su p a t r i a , y m á s t a r d é E z r a es e n v i a d o a
J e r u s a l é n , i n v e s t i d o d e los t í t u l o s persas de r e d a c t o r d e las leyes d e l
d i o s c e l e s t e y d e la m á x i m a a u t o r i d a d r e a l , p a r a v o l v e r a p o n e r e n
v i g o r las leyes t r a d i c i o n a l e s —es d e c i r , la Tora—, l o s c o n q u i s t a d o r e s
persas se esfuerzan t a m b i é n e n E g i p t o p o r g o b e r n a r el país, e n c o l a -
b o r a c i ó n c o n la élite e g i p c i a , e n el m a r c o de su p r o p i a s e m á n t i c a y
 V I / 1 . ESQUEMA HISTÓRICO

sus propias leyes. Udjahorresne es un paralelo exacto del ca. I 0 O años

anterior Ezra. U n texto demótico de época muy posterior, en el que
luego nos detendremos, informa de que bajo Darío, en el año
3(519
a . C ) , se nombró una comisión encargada de recoger «la legislación
e
anterior, que había estado en vigor hasta el año 44 d Amasis»*.
Darío fue el primero y último rey persa que levantó un templo
egipcio o encargó la construcción de obras arquitectónicas sagradas
en Egipto. Pero después de la rebelión de Egipto consecuente a la
batalla de Maratón, rebelión en la que Egipto es derrotado por Jer-
jes en 484» y sobre todo tras el levantamiento de Inaro en 460-454»
la actitud persa hacia Egipto da un vuelco. Los nombres egipcios des-
aparecen de todos los rangos más altos del ejército y de la administra-
ción, que ahora muestran el verdadero rostro de u n poder ocupa-
dor. La afluencia masiva de mercenarios y colonos persas, fenicios,
judíos y babilonios da lugar a la formación de una capa superior y
otra media respecto a las cuales los egipcios se sienten marginados.
Los papiros árameos de Elefantina, sobre los que luego nos extende-
remos, proporcionan una imagen bien expresiva de esta situación.
Los nombres egipcios sólo aparecen en los rangos subordinados de la
administración local.

Pero a fines del siglo V, el nieto de Amirteo se proclama rey sin

que Artajerjes II intervenga, formando él solo la dinastía XXVIII. Su
sucesor, Nepherites I, llega de Mendes y funda la dinastía XXIX. El
hijo de éste, Muthis, reina sólo unos meses, poco tiempo después de
que Akoris fuese derrocado. Tras el breve período de reinado de su
hijo, Nepherites II, sube al trono Nectanebo I como primer rey de la
dinastía XXX. Ya Akoris había acometido un programa de construc-
ciones y renovaciones que fue continuado en gran manera por los
reyes de la dinastía XXX Nectanebo I, Takos y Nectanebo II. La mayo-
ría de los grandes proyectos arquitectónicos tolemaicos tienen su
origen en iniciativas y construcciones precursoras de la dinastía XXX.
Los Tolomeos simplemente continúan u n programa que empezó a
aplicarse en esta época y cuyo.objetivo era la renovación sistemática
de todos los cultos de Egipto. E n 343» Artajerjes III conquistó de

4 W . S p i e g e l b e r g , Die sogennante Demotische Chronih des Pop. derBibliothéque Nationale %u París

nebstden auf derRückseitedesPapyrus stehendenTexten, L e i p z i g , 1914. 30-%2¡ E . Meyer, Ágyp-
tischeDokúmenteausderPerserzeit, S i t z u n g s b e r i c h t e d e r k g l . P r e u s s . A k d W i s s XVI, 1915,
304 ss. •••; ;
464 EGIPTO

nuevo Egipto. Durante diez años volvieron los persas a ser señores de
Egipto, hasta que fueron definitivamente vencidos por Alejandro
Magno.
La agitada historia de las últimas dinastías egipcias permitió que
aparecieran de nuevo las estructuras feudales de los principados
libios del delta, con las que ya Piye hubo de bregar. Amirteo, Nephe-
rites y Nectanebo eran descendientes de los príncipes de Sais, M e n -
des y quizá otros lugares del delta. Además estaba el principado de
Heracleópolis, cuya línea llegaba hasta los tiempos de la dinastía XXI.
Desde esta ciudad se esperaba que saliera el rey que pondría fin al
odiado dominio extranjero de persas y griegos.

C o n la victoria de Alejandro Magno sobre los persas, Egipto cayó

en manos de los griegos. Tras la batalla de Issos, Alejandro se apre-
suró recoger la herencia egipcia antes de proseguir sus campañas en
1
Oriente. O su penetración en Egipto se produjo con la más cuida-
dosa y asombrosamente certerá.adaptación a las tradicionales forma-
ciones de sentido egipcias, o su figura adoptó a los ojos de los:egip-
cios que reconocían en él al ansiado rey salvador las formas más
tradicionales, las mismas con las que entró en la historiografía. Nos
encontramos aquí ante la típica interacción'entre expectativa, expe-
riencia y recuerdo. La experiencia está ya condicionada por la expec-
tativa, y más aún lo está el recuerdo, que eclipsa muchos datos conr
tingentes. Según la tradición, lo primero que hizo Alejandro fue
consultar el oráculo de A m ó n del oasis de Siwa, en el que se c o n -
firmó como hijo de Zeus-Amón: un oráculo para la elección de un
rey en el marco, de la teología de la voluntad y en el estilo del Estado
divino tebano, el mismo tipo de oráculo al que los gobernantes etío-
pes acabaron recurriendo. Sú aparición reanimó la «mitomotórica>>
del mesianismo político, presentándose ante los egipcios como rey
salvador enviado por los dioses. De ese modo definió desde el prin-
cipio los contornos determinantes de la formación de sentido en
cuyo marco los macedonios se establecerían y legitimarían en Egipto
como gobernantes. Ellos eran los reyes salvadores enviados por la
divinidad para poner fin al infausto dominio persa. Por eso ellos
oscurecieron el recuerdo del dominio persa igual que los reyes de la
dinastía XII él recuerdo del Primer Período Intermedio para poder
contrastar ellos tanto más con ese fondo oscurecido. Los persas ocul-
taron las imágenes de los dioses —ellos harán todo lo posible por
 VI / 1. ESQUEMA HISTÓRICO 465

d e v o l v e r a su sitio las estatuas de los d i o s e s . L o s persas d e s t r u y e r o n

los t e m p l o s —ellos n o escatimarán esfuerzos p o r r e c o n s t r u i r t o d o s los
t e m p l o s y levantar o t r o s nuevos—. L o s persas m a t a r o n a los a n i m a l e s
sagrados —ellos d e d i c a r á n especial a t e n c i ó n a los cultos de los a n i m a -
les—. T o d o esto e n c o n t r ó entre los egipcios u n a a c o g i d a t a n t o m a y o r
c u a n t o q u e e g i p c i o s y g r i e g o s se h a b í a n a l i a d o ya h a c í a siglos c o n t r a
los persas, a u n q u e su capacidad o r i e n t a d o r a y f o r m a d o r a de u n s e n -
t i d o h u b o de agotarse c o n f o r m e la i m a g e n de los persas p a l i d e c í a e n
el h o r i z o n t e de la e x p e r i e n c i a y el r e c u e r d o de los e g i p c i o s .
Q u i s i é r a m o s esbozar, d e n t r o de esta historia del s e n t i d o , la histo-^
ria p o l í t i c a de la é p o c a t o l e m a i c a n o más q u e a g r a n d e s rasgos y c o n -
c e n t r a r n o s , d e n t r o d e l c u a d r o g e n e r a l resultante, e n su p o l í t i c a c u l -
t u r a l . Para ello h e m o s de dejar a u n l a d o todas las c o m p l e j i d a d e s de
la p o l í t i c a e x t e r i o r y de las dinastías de esta é p o c a . N o p o r q u e c a r e z -
can d e i n t e r é s p a r a u n a h i s t o r i a del s e n t i d o , s i n o al c o n t r a r i o , ' p o r -
q u e el c ú m u l o de datos q u e h a b r í a q u e c o n s i d e r a r d e s b o r d a el m a r c o
de esta h i s t o r i a . L o e s p e c i a l m e n t e interesante de esta ú l t i m a é p o c a de
la h i s t o r i a f a r a ó n i c a r a d i c a e n su c a r á c t e r d r a m á t i c o , o, d i r í a m o s
i n c l u s o , m e l o d r a m á t i c o . E l l o se debe e n b u e n a parte a que la dinastía
d e esta é p o c a se esfuerza p o r a c o g e r c o s t u m b r e s , expectativas y f o r -
m a c i o n e s d e s e n t i d o extrañas, l o que le da u n a apariencia teatral. L a
c o r t e t o l e m a i c a d e b i ó d e o f r e c e r el e s p e c t á c u l o c o n s t a n t e d e u n
d r a m a e g i p c i o i n t e r p r e t a d o p o r actores g r i e g o s vestidos de e g i p c i o s .
Si e n la é p o c a saíta aparece l o q u e , e n r a z ó n de su arcaísmo de « d i s -
f r a z » , h e m o s l l a m a d o la p r i m e r a ola de « e g i p t o m a n í a » , c u l t i v a d a
p o r l o s p r o p i o s e g i p c i o s , esta a p r e c i a c i ó n es m u c h o más p e r t i n e n t e
r e s p e c t o a la é p o c a t o l e m a i c a . L a i n s t i t u c i ó n d e l m a t r i m o n i o e n t r e
h e r m a n o s , p a r a c i t a r . s ó l o u n e j e m p l o , aplica a la r e a l i d a d u n a i d e a
relativa a u n a c o s t u m b r e e g i p c i a de u n m o d o t a n c o n s e c u e n t e c o m o
n u n c a se c o n o c i ó e n el pasado e g i p c i o .
T o l o m e o I g o b e r n ó E g i p t o , tras la m u e r t e de A l e j a n d r o e n 323,
p r i m e r o c o m o « s á t r a p a » bajo el g o b i e r n o n o m i n a l de los sucesores
de A l e j a n d r o , F i l i p o A r r i d é o (el h e r m a n o d e f i c i e n t e m e n t a l de A l e -
j a n d r o ) y A l e j a n d r o I V (su h i j o , a ú n de c o r t a e d a d ) , hasta q u e e n
304 se h i z o c o r o n a r f a r a ó n e n M e n f i s . A l e j a n d r o , q u e h a b í a s i d o
d i s c í p u l o d e A r i s t ó t e l e s , y T o l o m e o I , q u e era h i s t o r i a d o r y h a b í a
escrito u n a h i s t o r i a de A l e j a n d r o M a g n o , p u s i e r o n las bases c u l t u r a -
les d e l M u s e o q u e i n a u g u r a r í a T o l o m e o I I j u n t o c o n la c é l e b r e
b i b l i o t e c a de A l e j a n d r í a , q u e c o m o c e n t r o d e e n s e ñ a n z a y e s t u d i o
466 EGIPTO

ú n i c o e n el m u n d o de e n t o n c e s era a la vez l u g a r de e d u c a c i ó n de l o s
príncipes. Entre los filósofos, historiadores y otros eruditos e i n t e -
lectuales q u e T o l o m e o llevó a su c o r t e se c o n t a b a H e c a t e o de A b d e r a ,
q u e vivió e n A l e j a n d r í a d e 32,0 a 3 0 5 a. G . S u g r a n d i o s o p r o y e c t o de
u n a h i s t o r i a de E g i p t o , d e l q u e se c o n s e r v a r o n largas excerptas e n la
b i b l i o t e c a h i s t ó r i c a de D i o d o r o , d e m u e s t r a c o n q u é s e r i e d a d se
e s f o r z a r o n l o s g r i e g o s p o r c o m p r e n d e r la c u l t u r a e g i p c i a . H e c a t e o
p r o y e c t ó u n a i m a g e n de E g i p t o q u e a la vez d e b í a servir de m o d e l o a
T o l o m e o y sus p r í n c i p e s . Es n o t a b l e q u e esta m i s m a i m a g e n v o l v i e r a
a s e r v i r ? . 0 0 0 a ñ o s d e s p u é s , c o n la m e d i a c i ó n d e D i o d o r o , de
m o d e l o a u n p r í n c i p e . J e a n - B é n i g n e B o s s u e t e s c r i b i ó su Discourssur
í'histoire universelk, a p a r e c i d o e n 1 6 8 1 , a p e t i c i ó n de L u i s XIV c o m o t r a -
tado p a r a l a e d u c a c i ó n d e l D e l f í n , esto es, e n c i r c u n s t a n c i a s c o m p a -
r a b l e s a las d e l mouseíon a l e j a n d r i n o . B o s s u e t p r e s e n t a el E g i p t o d e
D i o d o r o c o m o escuela de la l e g i s l a c i ó n y la p o l í t i c a m á s sabias, c u y o
o b j e t i v o ú l t i m o es la f e l i c i d a d d e l p u e b l o y q u e o b l i g a a l o s reyes al
estricto c u m p l i m i e n t o d e la ley. - !
L o s T o l o m e o s p u s i e r o n g r a n e m p e ñ o e n ser b u e n o s faraones, estu^-
d i a n d o las t r a d i c i o n e s egipcias p a r a dar la i m a g e n de b u e n rey esperada
p o r l o s i n d í g e n a s y h a c e r t o d o l o p o s i b l e ' p o r satisfacer a é s t o s . S u s
esfuerzos.se h a c í a n manifiestos sobre t o d o e n cuatro t e r r e n o s .
L a s c o n s t r u c c i o n e s de l o s T o l o m e o s ñ o f u e r o n s i n o la e j e c u c i ó n
i

de u n p r o g r a m a d e r e n o v a c i ó n , i n i c i a d o p o r N é c t a n e b o I y N e c t á -
n e b o II, p a r a t o d o e l país y de d i m e n s i o n e s g i g a n t e s c a s . E n n u e s t r o
c o n t e x t o es i m p o r t a n t e . n o s ó l o el h e c h o de q u e p a r a l o s T o l o m e o s la
c o n s t r u c c i ó n d e t e m p l o s o c u p a s e u n l u g a r p r e e m i n e n t e e n t r e las
o b l i g a c i o n e s f a r a ó n i c a s , s i n o t a m b i é n el de q u e , e n e l c u m p l i m i e n t o
de esta l a b o r , a q u é l l o s t o m a r a n u n a d e c i s i ó n d e p o l í t i c a c u l t u r a l d e
g r a n a l c a n c e . E n la é p o c a d e A l e j a n d r o M a g n o , c u a n d o l o s g r i e g o s ,
aliados d u r a n t e siglos c o n t r a los o d i a d o s persas, f u e r o n . r e c i b i d o s c o n
e n t u s i a s m o c o m o l i b e r a d o r e s , se h i c i e r o n e x p e r i m e n t o s de h e l e n i z a -
c i ó n d e l a t r a d i c i ó n a r t í s t i c a . L o s r e l i e v e s e n la t u m b a de P e t o s i r i s
m u e s t r a n q u é d e r r o t e r o s h a b r í a p o d i d o t o m a r la e v o l u c i ó n artística
si estas t e n d e n c i a s h u b i e r a n c o n t i n u a d o . P e r o estas t e n d e n c i a s n o
c o n t i n u a r o n . A l c o n t r a r i o : l o s r e l i e v e s de l o s t e m p l o s de l a é p o c a
t o l e m a i c a se o r i e n t a n e s t r i c t a m e n t e a los m o d e l o s de l a dinastía XXX,
m o s t r á n d o s e c o m o l o s ú n i c o s e n t r e las t r a d i c i o n e s artísticas m e d i t e -
r r á n e a s y del C e r c a n o O r i e n t e (hasta G á n d a r a , ¡ e n e l n o r t e d e la
I n d i a ! ) resistentes al h e l e n i s m o . C i e r t a m e n t e esto n o p u e d e i n t e r -
 VI / 1. ESQUEMA HISTÓRICO 467

pretarse como indicio de una oposición «nacionalista» al régimen

de los macedonios, sino como una decisión de los propios T o l o -
meos, cuya independencia de la federación de los Diadocos querían
también manifestar en el terreno cultural.
No minimizamos la importancia de los cultos egipcios de los ani-
males si los consideramos, hasta el umbral de la época de los T o l o -
meos, un fenómeno concomitante más que el centro vital de la reli-
gión egipcia. También los fenómenos concomitantes pueden ser
esenciales, y ciertamente el culto de los animales había llegado a ser,
ya en el Reino Nuevo, un elemento nada despreciable de la religión
egipcia. Pero lo que los Tolomeos hicieron fue dar una vez más un
paso cuantitativa y cualitativamente tan considerable, que desde
entonces el culto de los animales ocuparía el centro de la religión
egipcia. Todo culto se basaría desde entonces en el triángulo

Manifestación cósmlco-solar
(forma de Re)
p.e. Apis-Osiris

Encarnación viva Inmortalización transfiguradora

(forma animal) (la momia en figura de Osiris)
p. e. el buey Apis p.e. Osiris-Apis

Gomo los reyes se consideraban a sí mismos también encarnacio-

nes vivas de la divinidad suprema, entran teológicamente en la misma
categoría que los animales sagrados. Quizá haya que ver aquí también
una razón de su interés en el culto de los animales. Se ha demostrado
la existencia de estrechos vínculos entre el culto de los animales y el
3
culto de los reyes .
A l triangulo de las formas de presentación divina arriba (

expuesto hay que añadir aún la imagen de culto en el templo. Esta

no recibe ningún nombre propio, y por eso sé halla en u n plaño
distinto. La política de los Tolomeos respecto a las imágenes del
culto aprovecha de'la forma más clara la idea egipcia tardía del
papel salvador del rey. Los primeros cuatro reyes de la casa de los
lágidas se hacen alabar porque ellos han encontrado y devuelto a su
lugar las estatuas de los dioses que los persas ocultaron, y de ese

5 D i e t e r K e s s l e r , Die heiügen Tiere undderKónig. Teil I: Beitrage z u Organisation, Kult u n d

T h e o l o g i e d e r s p a t z e i d i c h e n T i e r f r i d h ó f e , AAT16, W i e s b a d e n , 1989.
468 EGIPTO

modo satisfacen esperanzas mesiánicas, como las expresadas, por

ejemplo, en el Oráculo del cordero, un texto demótico, en el que nos
6
detendremos en el próximo capítulo .
Estos tres campos, específicamente religiosos, de la actividad regia
—construcción de templos, culto de los animales e imágenes de los
dioses— se corresponden con tres temas de la propaganda antipersa:
destrucción de los templos, matanza de los animales sagrados y ocul-
tación de las estatuas de los dioses.
Por otra parte, también se esforzaron, en cuarto lugar, por lograr
una síntesis religiosa, cultural y política de las tradiciones egipcias y
griegas. La acción más importante en esta dirección fue la creación
de un nuevo dios: Sarapis. Sarapis no sólo reunía en sí a los dioses
egipcios Osiris, Apis (Ptah), A m ó n y Re, sino que también era idén-
tico a los seres supremos de otras religiones, especialmente Zeus.
C o n la política cúltica de los dps primeros Tolomeos, Sarapis e Isis
devienen divinidades cuyo culto se extiende a todo el Mediterráneo.
Aunque el propio Egipto apenas participó de esta nueva forma inter-
nacional de religión egipcia, ésta condicionará la imagen de la reli-
gión egipcia fuera de Egipto, y lo hará hasta el siglo XIX.
Los Tolomeos se esforzaron al máximo por gobernar el país con-
forme al concepto egipcio de gobierno. Crearon la institución del
sínodo sacerdotal, que se convocaba una vez al año para debatir y
7
aprobar importantes decisiones políticas . E n este contexto hay que
mencionar también los decretos filantrópicos, con los quedos T o l o -
meos querían mostrarse como reyes justos en el sentido antiguo
oriental, es decir, como protectores de los débiles y auxiliadores de
los pobres. La idea de la soberanía regia incluía no sólo la facultad
para decretar, sino también para derogar leyes según las circunstan-
cias. Los decretos filantrópicos eran disposiciones correctoras, como
amnistías, reducciones de tributos y condonaciones de deudas. Esta
política de integración egipcia tuvo éxito hasta la batalla de Raphia,
en el año 217- Entonces empezaron las revueltas egipcias. N o nece-
sitamos aquí ocuparnos en las razones de las mismas. Lo importante
es que el consenso, en el que los Tolomeos tanto interés habían

s
6 G . H o l b l , Geschichte des Ptolemtierreich.es, D a r m s t a d t , 1994. 73 -
7 W . Hufi, « D i e i n ptolemaischer Zeit verfafiten S y n o d a l - D e k r e t e d e r agyptischen
P r i e s t e r » , e n 2J*E 88, 1991, l 8 g - 2 o 8 ¡ d e l m i s m o a u t o r , « G e d a n k e n zumThema
'Staat' u n d ' K i r c h e ' i m p t o l e m a i s c h e n A g y p t e n » , ' e n Hellettistische Studien, Gedenksch-
rift f. H . B e n g t s o n , M u n i c h , 1991, 5 5 ~ 6 o . >
 V I / 1 . ESQUEMA HISTÓRICO 469

p u e s t o , se d e s i n t e g r ó . L a s r e b e l i o n e s e s t a l l a r o n p r i m e r o e n el B a j o
E g i p t o , instigadas p o r soldados egipcios del ejército v e n c e d o r en
R a p b i a y r e b e l d e s de capas m e n o s p r i v i l e g i a d a s . E l g o b i e r n o se v i o
e n v u e l t o e n u n a g u e r r a d e g u e r r i l l a s , a la q u e n o c o n s i g u i ó p o n e r
f i n hasta el 1 8 5 a . G . E n el a ñ o 2 0 6 , los r e b e l d e s del sur, c a p i t a n e a -
d o s p o r su c a b e c i l l a , H e r w e n n e f e r , f u n d a r o n e n T e b a s u n r e i n o
c o n t r a r i o . E n 200 s u c e d i ó a aquél A n k w e n n e f e r , q u e r e i n ó hasta el
a ñ o 1 8 6 . E n el s í n o d o d e l o s s a c e r d o t e s de A l e j a n d r í a , T o l o m e o V
d e c l a r ó a A n k w e n n e f e r e n e m i g o de los dioses, p e r o acabó c o m p a d e -
c i é n d o s e de é l . Y u n d e c r e t o f i l a n t r ó p i c o d e l a ñ o 1 8 5 p r o m e t i ó la
amnistía a t o d o s los p r ó f u g o s . E n el a ñ o 1 3 1 , c u a n d o las disputas p o r
el t r o n o e n t r e T o l o m e o VIII, Evergetes II y G l e o p a t r a II a r r a s t r a r o n
al país a u n a g u e r r a civil, u n e g i p c i o l l a m a d o H a r s i e s e se p r o c l a m ó
rey e n T e b a s , s i e n d o e n seguida expulsado de la c i u d a d , a u n q u e c o n -
s i g u i ó d u r a r p o r b r e v e t i e m p o e n la f o r t a l e z a de el H i b e c o m o
f a r a ó n . Las demás r e b e l i o n e s n o c u l m i n a r o n c o n ascensos al t r o n o .
E n 1 6 5 u n tal D i o n i s i o P e t o s a r a p i s i n t e n t ó u n l e v a n t a m i e n t o q u e
tuvo g r a n r e s o n a n c i a e n t r e la p o b l a c i ó n egipcia. E n 164» u n o s r e b e l -
des asaltaron e n el F a y u m el A m o n i o n de M y e r i s e n G r o c o d i l ó p o l i s .
A l m i s m o t i e m p o estallaba u n a r e b e l i ó n e n la T e b a i d a . L a T e b a i d a se
c o n v i r t i ó e n u n f o c o de d i s t u r b i o s : e n el a ñ o 88 fue r e p r i m i d o c o n
g r a n d u r e z a u n l e v a n t a m i e n t o q u e d u r a b a ya tres a ñ o s . T e n e m o s
n o t i c i a de otras r e b e l i o n e s e n los a ñ o s 63 y 6 5 . Y e n el 2 9 se s u b l e -
v a r o n los t e b a n o s c o n t r a el g o b i e r n o , e n t o n c e s r o m a n o .
E l m o t i v o de estas r e b e l i o n e s era el exceso de cargas t r i b u t a r i a s ,
i m p r e s c i n d i b l e s p a r a f i n a n c i a r las costosas g u e r r a s . Y . u n a c o n s e -
c u e n c i a del m i s m o , la a b u n d a n c i a de p r ó f u g o s , q u e d e j a r o n d e s p o -
bladas g r a n d e s s u p e r f i c i e s d e t e r r e n o s de cultivo y c o n s t i t u y e r o n e n
las c i u d a d e s y l o s t e r r i t o r i o s de r e t i r a d a u n p r o l e t a r i a d o f á c i l m e n t e
m o v i l i z a b l e c o n t r a el g o b i e r n o . L a s u p o s i c i ó n de q u e e n la e v a l u a -
c i ó n de los t r i b u t o s se h a c í a n d i s t i n c i o n e s étnicas y los g r i e g o s t r i b u -
t a b a n m e n o s q u e los nativos e g i p c i o s , s ó l o es v e r d a d e r a de la é p o c a
8
r o m a n a , n o d e la t o l e m a i c a . L o s i m p u e s t o s q u e s o p o r t a b a n l o s
c a m p e s i n o s e r a n m a y o r e s q u e los q u e s o p o r t a b a n , o t r o s subditos, l o
c u a l sugería la existencia d e u n a d i s c r i m i n a c i ó n e n t r e clases étnicas
q u e avivó el o d i o a los g r i e g o s y f o m e n t ó el m e s i a n i s m o p o l í t i c o .

8 . Cfr. al r e s p e c t o K o e n G o u d r i a a n , Ethnicily in Ptolemak Egypt,. A m s t e r d a m , 1988;

1
J. M é l é z e - M o d r z e j e w s k i , « L e s t a t u t d e s H e l l é n e s d a n s l ' E g y p t e l a g i d e » , e n Revuedes
Études Grecques 96, 1983, 24-1-268.'
 2. LA CRÓNICA DEM ÓTICA Y EL MESIANISMO
POLÍTICO DE LA ÉPOCA BAJA

ALEJANDRO M A G N O Y EL MITO EGIPCIO DEL REY SALVADOR

A l c o n c e p t o t r a d i c i o n a l q u e del rey tenía el Estado e g i p c i o p e r t e n e c e

la i d e a de q u e el rey es h i j o d e l d i o s s u p r e m o , e n g e n d r a d o y e n v i a d o
p o r éste p a r a i m p a r t i r j u s t i c i a a l o s h o m b r e s e n la t i e r r a y c o n s t r u i r
t e m p l o s a l o s d i o s e s . M i e n t r a s esta c a d e n a n o se r o m p i e r a , el r e y
velaba p o r el. b i e n e s t a r d e l país y o b t e n í a p a r a él la b e n d i c i ó n de l o s
d i o s e s . S i esta c a d e n a se r o m p í a se p r o d u c í a n d i s o n a n c i a s c o g n i t i v a s
o e x p e r i e n c i a s d e c a o s . Y e n t o n c e s , el statu quo n o r e f l e j a b a el o r d e n
d e b i d o , y las expectativas se c o n c e n t r a b a n e n la a p a r i c i ó n de u n rey
salvador e n v i a d o p o r el d i o s , el cual c o r r e g i r í a la s i t u a c i ó n . G u a n d o
A l e j a n d r o M a g n o f u e , n a d a m á s l l e g a r a E g i p t o , a c o n s u l t a r el o r á -
c u l o de A m ó n d e l oasis de Siwa p a r a c o n f i r m a r s e c o m o h i j o d e l d i o s ,
n o h i z o s i n o a s u m i r , se diría q u e c o n la s e g u r i d a d de u n s o n á m b u l o ,
9
el p a p e l t r a d i c i o n a l e g i p c i o del rey s a l v a d o r . C o n esa d e c i s i ó n , A l e -
j a n d r o r e a c t i v ó la m i t o m o t ó r i c a p o l í t i c a de la f i l i a c i ó n d i v i n a , q u e
veía e n el g o b e r n a n t e l e g í t i m o n o s ó l o al d e s c e n d i e n t e e n s e n t i d o

. g Cfr., s i n e m b a r g o , S t a n l e y M . B u r s t e i n , « A l e x a n d e r i n Egypt: Gontinuity a n d

G h a n g e » ( a p o r t a c i ó n a.la c o n f e r e n c i a d e l A j n e r i c a n R e s e a r c h C e n t e r i n E g y p t , B e r -
. keley, 1990),. q u e d e f i e n d e la e x i s t e n c i a d e u n a p r o p a g a n d a e g i p c i a c o n t r a A l e j a n - r
d r o ¡ c i t . : e n F r a n k f u r t e r , Elijan in Upper Egypt. TheApocalypseofElijan andJLarlj Chrislianity,
M i n n e a p l i s , ' 1 9 9 3 , 2I?,\n. 54.
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO 471

genealógico, sino al hijo físico del dios supremo, a quien éste había
10
engendrado por una suerte de unión mística con la reina . Poste-
riormente llegó incluso a contarse de Alejandro —y esta historia
puede corresponder perfectamente a la forma, vivida y difundida por
el propio Alejandro, de su Vita— que A m ó n tuvo acceso a su madre,
no en la forma de Filipo II, sino de Nectanebo II —lo cual dio pie a la
inversión burlesca de que Nectanebo, expulsado por los persas de
Egipto y admitido de incógnito como mago en la corte macedonia,
11
habría tenido acceso a Olimpia en la forma de A m ó n . E n todo
caso, la historia proyectaba una vez más el primitivo mito egipcio en
la corte macedonia, y vinculaba a Alejandro a tres padres: A m ó n
(como padre divino), Filipo II (como padre legítimo) y Nectanebo I
(como padre físico).
Alejandro se hizo luego coronar faraón en Menfis y visitó Tebas
para hacerse reconocer por A m ó n en su forma tebana como hijo y
renovar el culto del lea real en el templo de Luxor. De allí adoptó los
cuernos en espiral del carnero como elemento distintivo de su ico-
nografía. C o n esta acción, Alejandro recuperaba aún más clara-
mente el pasado y reactivaba ideas que ya se habían desvanecido en la
época saíta. El mito de la filiación divina del faraón había sido ya
antes, bajo Nectanebo I lo más tarde, traspasado al mundo de los
dioses y despojado de su significado político. Ahora ya no era el rey
reinante, sino el dios niño de la tríada del templo el que año tras
año era traído de nuevo, al mundo". Esta venida al mundo siempre
renovada se convirtió en fiesta del « n a c i m i e n t o del d i o s » , cele-
brada aproximadamente en la misma forma en que había sido codi-
ficada la secuencia de imágenes del «nacimiento del rey divino» en,
el Reino Nuevo.!Para ella se levantaron templos accesorios más
pequeños, los llamados mammisi (en copto, «casa de naci-

10 H . B r u n n e r , Die Geburt des Gottkónigs. Siudien zur UberHeferung eines altagyptischen Mythos, A A
I O , W i e s b a d e n , i g 6 4 ¡ E . B r u n n e r - T r a u t , « P h a r a o a n d J e s ú s ais S o h n e G o t t e s » , e n
Antaios 2, 3 3 2 - 3 4 7 , r e i m p . e n Gelebte Mythen, D a r m s t a d t , 19983, 31-59-
11 S o b r e la n o v e l a d e A l e j a n d r o d e l P s e u d o Calístenes, v. E . A . W . B u d g e , T h e History
o f A l e x a n d e r t h e G r e a t , C a m b r i d g e , l 8 8 g ¡ R . M e r k e l b a c h , Die.QueUeh des griechischen
Alexander.romo.ns, M u n i c h , 1977» 7 7 " 8 8 ; L . K o e n e n , « T h e D r e a m o f N e k t a n e b o s » ,
BASP 22, 1985. 192 s.
12 Cfr. al r e s p e c t o m i a r t . « D i e Z e u g u n g d e s S o h n e s . B i l d , S p i e l , E r z á h l u n g u n d d a s
P r o b l e m d e s a g y p t i s c h e n M y t h o s » , e n J . A . , W . B u r k e r t y F . S t o l z , Funktionen uncíLeis-
tungen desMylhos. Drei altorientalische Beispiele ( O B O 48), F r i b u r g o y G o t i n g a , 1982,
I3-6I.
 EGIPTO

miento>>); el más antiguo que conocemos lo construyó Nectanebo I

13
en D e n d e r a . El mito estaba, pues, aún muy vivo en Egipto, pero
en una forma despolitizada. Alejandro lo repolitizó a su llegada a
Egipto. Deseaba que se le viera no como conquistador, sino como
liberador, y puso los fundamentos de la formación de sentido en la
que se legitimarían los Tolomeos en Egipto.
Sería precipitado ver en la utilización por Alejandro de mitos y ~'
esperanzas de salvación de los egipcios no más que un genial cálculo
estratégico. El vivía este mito, incluso en contextos en los que ello no
era oportuno. Esto lo demuestra ya el episodio de Opis, en 336,
cuando sus soldados, extenuados, le propusieron que les despidiera y
continuara su campaña él solo con su padre A m ó n . El mito egipcio •
del nacimiento del rey divino tiene su paralelo más cercano (si se
deja aparte la historia posterior del nacimiento de Jesús) en el mito
griego de Hércules, que además se desarrolla igualmente en
14
«Tebas» .

D E U T E R O N O M I S M O Y M E S I A N I S M O : LA C R Ó , N I C A D E M Ó T I G A

EÍ mesianismo egipcio de la Época Bajá se nos muestra con máxima cla-

ridad en un texto en lengua demóticaque, en' forma de comentario de
un oráculo, recapitula la historia de las dinastías XXVIII-XXX. La cual
corresponde al único período largo de la historia de Egipto sobre el que
una obra historiográfica egipcia nos ilustra. El papiro 0,1$ de la Biblio-
teca Nacional de París muestra en su cara un texto que es conocido
lS
como Crónica dernótica . El texto del dorso trata'entre otras cosas de aque-
lla codificación ya mencionada, cuya confección Darío I había orde-
nado, de todas las leyes que estuvieron en vigor en Egipto hasta el año

13 F . D a u m a s , LesMammisis des temples égyptiens, P a r í s , 1958.

14 E s t a s c i r c u n s t a n c i a s p r o b a b l e m e n t e n o s o n n i s i q u i e r a a c c i d e n t a l e s , cfr¡ W . B u r k e r t ,
MuseumHelveticum 2 2 , 1 9 6 5 , l68s.; R . M e r k e l b a c h , Die Queüen desgriechischen Alexanderro-
" mans, M u n i c h , 19772. 7 7 " 8 3 .
15 W . S p i e g e l b e r g , Die sogennante Demotische Chronik des Pap. 21$ derBibliothéque Nationale zu París
nebst den auf der Rückseite desPapjrusstehenden Texten, L e i p z i g , 19145 E . M e y e r , A gyptische
Dokumente aus derPerserzeit, S P A W , 1 9 1 5 . J . J o h n s o n : « T h e D e m o t i c c h r o n i c l e as a
h i s t o r i c a l S o u r c e » , enEnchoria 4 ( *974i I.-í8r « T h e D e m o t i c C h r o n i c l e as a S t a t e -
m e n t o f a T h e o r y o f K i n g s h i p » , enJSSEA 1 3 , 1983, .6lss.¡ « I s t h e D e m o t i c G h r o -
?: n i c l e a n A n t i - G r e e k T e x t ? » , e n GrammataDemotlca, Fs. E. Lüddeckens, Würzburg,
: ; ;
1984, I 0 7 - I 2 4 - , '
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO
473

6
4 4 de A m a s i s ' . Y a los p r i m e r o s estudiosos de la Crónica demótica se d i e r o n
1
cuenta de su semejanza c o n la o b r a histórica d e l D e u t e r o n o m i o ' ' . Las
c o i n c i d e n c i a s s o n asombrosas. E n a m b o s casos hay u n a r e c a p i t u l a c i ó n
histórica q u e t e r m i n a c o n u n a catástrofe: en el r e i n o de J u d á , la c o n -
quista babilónica de 587; e n Egipto, la conquista persa de 3 4 3 . E n ambos
casos, la catástrofe es atribuida a la c o n d u c t a de los reyes. Y en a m b o s
casos, se m i d e a los reyes c o n la vara de la « l e y » , según el esquema:

El rey N N abandonó la ley (...)

por su pecado fue castigado él,
por su pecado fue castigado su hijo.

Por ejemplo:

El cuarto gobernante que hubo depués de los medos (...)

« ¡ N o fue!»
Es decir, se apartó del dios.
18
N o se le permitió seguir gobernando .

D e l o s b u e n o s reyes, q u e a q u í s o n , c o m o e n el Libro de los reyes, la

e x c e p c i ó n , se d i c e : -

; El segundo gobernante que hubo después d é l o s medos,.. i.

el faraón Nepherites;
porque todo lo que hizo, lo hizo debidamente,
19
se permitió a su hijo que le sucediera . ..,

El quinto gobernante que hubo después de los medos,

es decir, « H a k o r i s » , el señor de las diademas:
Se le permitió gobernar todo su tiempo,
20
' porque hizo cosas meritorias por los t e m p l o s .

P e r o más adelante se d i c e del m i s m o / g o b e r n a n t e :

Fue derrocado porque abandonó la ley

21
y no se preocupó p o r sus semejantes . :• ;. i -.

16: W . S p i e g e l b e r g , Demotísche Ghronik, 30-32.

17 E . M e y e r , Agyptische Dokumente aus derPerserzaeit; cfr. J . G w . G r i f f i t h s , The Divine Verdid, L e i -
d e n , 1991, 176-183.
18 IV, 7-8, W . S p i e g e l b e r g , 18.
19 'III, 20-2I, S p i e g e l b e r g , 17.
20 • I V , 9.-IO, S p i e g e l b e r g , 18.
474 EGIPTO

L a suerte de los reyes está d e t e r m i n a d a p o r u n a i n s t a n c i a a la q u e

2 2
se hace referencia e n la f o r m a típica del passivum divinum b í b l i c o . P e r o
2 3
e n o t r o s pasajes se h a b l a t a m b i é n e x p l í c i t a m e n t e d e « d i o s » . El
b u e n g o b e r n a n t e es r e c o m p e n s a d o c o n u n largo r e i n a d o , s u c e d i é n -
d o l e su h i j o e n el t r o n o . E l m a l g o b e r n a n t e r e i n a s ó l o p o r p o c o
t i e m p o , y el t r o n o es l u e g o o c u p a d o p o r u n u s u r p a d o r .
D e N e c t a n e b o I I , que fue d e s t r o n a d o p o r los persas, se dice l u e g o :

Apis, Apis, Apis

es decir: Ptah, Phre, Harsiesis,
que son los señores de los reinados.
T ú te olvidaste de ellos cuando aspirabas a las riquezas.
Su suerte está en las tres veces. Pues Apis significa los dioses que
ha nombrado arriba.
. Apis es Ptah.
Apis es Phre. 1
2
Apis es Harsiesis *.
5
A p i s aparece e n este texto c o m o ter-unus* , el dios u n o - t r i n o , e n el
cual los p r i m e r o s dioses d é l a realeza, P t a h ¿ R e y H o r u s , se f u n d e n e n
u n o s o l o . Esta es ya la f o r m a t í p i c a de los o r á c u l o s e n el s i n c r e t i s m o
de la a n t i g ü e d a d tardía, los cuales p r o c l a m a n lá i d e n t i d a d de los d i s -
t i n t o s dioses p r i n c i p a l e s e n u n ú n i c o dios s u p e r i o r :

El U n o es Zeus, es Hades, es Helios, es, Dioniso.

26
U n dios en todos los dioses .

2
El U n o Zeus, el U n o Hades, el U n o Helios, es Sarapis ?.

21 IV, IO.
22 Cfr. al r e s p e c t o , G . G h r . M a c h o l z , fyitschr. f. Neutestamentl Wissenschoft 8l, 1990, 247~253-
. P o r e l passivum divinum e n t i e n d e n l o s n e o t e s t a m e n t a r i o s la f o r m a d e h a b l a r d e D i o s e n
/ m o d o pasivo: « p u e s ellos serán c o n s o l a d o s » , e n vez de « D i o s los c o n s o l a r á » .
23 P . e . V, 17, c o n r e f e r e n c i a a l o s d o m i n a d o r e s e x t r a n j e r o s :
El dios los devuelve a los lugares • •>,
de d o n d e h a n v e n i d o . ... • •
24 V, 12.
25 Cfr. al r e s p e c t o H . S . V e r s n e l , Ter Unus. Isis, Dionysos, Hermes - Three Studies in Henotheism,
• L e i d e n , 1990. • : ; • • ',.'
26 Ps. J u s t . c o h o r t . a d G e n t . 15 = Orph.fr. 239. M a c r o b i o , Sat. 118.17, cita el p r i m e r v e r s o .
a
27 M . N i l s s o n , -Grundriji der Greichischen Religionsgesichte, 1. e d . , M u n i c h , 1974, II, 573 s.
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO 475

Tan asombroso, y tan revolucionario para la imagen tradicional

egipcia del rey, como el deuteronomismo en la construcción del
pasado, con su estricto enjuiciamiento de los reyes según su actitud
hacia la ley y su conducta en relación a la divinidad, es el mesianismo
respecto al futuro, expreso en las profecías que hablan del rey salva-
dor que vendrá de Heracleópolis:

Oráculo: La diosa Emhojet viene,

j trae al de Heliópolispara su regazo.
Comentario: es decir: Emhojet, que es la serpiente Ureus,
trae al de Heracleópolis, y se siente contenta,
para su regazo en el palacio real.
Arsaphes es el que ordena al gobernante que será.
Se suele decir: es un hombre de Heracleópolis el que reinará des-
pués de los países extranjeros (y) de los jonios.

' ¡Regocíjate, profeta de Heryshef.

Es decir: el profeta de Heryshef se regocija después de los jonios.
Pues es un gobernante procedente de Heracleópolis.
¡Que abra los hornos! . •
Le he dado reses. • • •
. Es decir: el gobernante que será
abre [las puertas] de los templos
y hace (de nuevo) sacrificios a los dioses. \
¡Salve, salve, oh hijo del mes!
Hermosa, hermosa es Heracleópolis!
Es decir: muchas cosas hermosas le serán deparadas a Heracleó-
28
polis en la época referida .

El «deuteronomismo» y el «mesianismo» de este texto guardan

entre sí una relación sistemática. La experiencia de los malos reyes, los
que violentan la « l e y » , refuerza la imagen ideal del buen rey, del que
89
se dice: « E l no abandonará la l e y » . La primera y más noble acción
salvadora del buen rey es la apertura de los templos para permitir las
ofrendas a los dioses. Éste es el papel tradicional del faraón, y ya en el
papiro Westcar se señala como la primera y más noble tarea de los reyes

28 II, 23 - III,, 4.. Spiegelberg, 15-16. /

29 III, 16.
476 EGIPTO

de la dinastía V a n u n c i a d o s p o r D j e d i y e n g e n d r a d o s p o r el dios solar,

la de erigir t e m p l o s a los dioses y p r o v e e r sus altares de ofrendas. P e r o
c o n la experiencia traumática de los t e m p l o s saqueados.y destruidos, las
estatuas de los dioses desaparecidas, los cultos suspendidos, y los ritos y
las fiestas o l v i d a d o s , este p a p e l c o b r a a h o r a más v a l o r . Este t r a u m a
d e t e r m i n a r á , c o m o i n t e n t a r e m o s d e m o s t r a r más d e t a l l a d a m e n t e e n
u n o de los capítulos siguientes, la m e n t a l i d a d egipcia.

EL ORÁCULO DEL CORDERO

E l m i s m o m e s i a n i s m o m a n i f i e s t o e n la Crónica demótica l o expresa t a m -

b i é n o t r o texto d e m ó t i c o d e esta é p o c a c o n s e r v a d o e n u n p a p i r o d e
los p r i m e r o s t i e m p o s d e la é p o c a i m p e r i a l : el Oráculo del cordero. E n él
se h a b l a de u n escriba q u e en.la é p o c a d e l rey B o c h o r i s e n c u e n t r a u n
libro que describe acontecimientos futuros.

E l e s c r i b a p a r t i c i p a r á d e la r e v e l a c i ó n d e l « c o r d e r o » ( e n el q u e
q u i z á haya q u e v e r u n a f o r m a d e m a n i f e s t a r s e el d i o s , c o n f i g u r a d e
c a r n e r o , H e r y s h e f d e H e r a c l e ó p o l i s —el « S i ó n » d e l m e s i a n i s m o
30
e g i p c i o — , q u e l e c o n f i r m a el c o n t e n i d o d e l l i b r o ; S e trata d e u n a
d e s c r i p c i ó n de u n caos e n el estilo clásico: : ¡

... Y en ese tiempo sucederá que el hombre rico será un hombre

pobre. ' i ,
... N i n g ú n hombre dirá la verdad... ¡ ¡ . -
. . . y desaparecerá la c o r o n a blanca de Egipto. Q u i e n e s la b u s -
quen, no la encontrarán...
Muchas cosas abominables sucederán en Egipto.
; Las aves del cielo y [los peces del mar] comerán su carne y beberán i.
1
su sangre, '
y los hombres sensatos arrojarán (a sus hijos) al agua \

. ¡Ay de Egipto! [Llora] p o r la maldiciones, que serán numerosas

en éh '
. Llora Heliópolis porque el este se ha convertido en...,

301 <3jr. L . K a k o s k y , P r o p h e c i e s o f R á m - G o d s , enveta OrientaliaHung. XIX 3 , 1966, 344.S.

y 35.5 s- .- . . •
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO
477

Llora Bubastis. Llora Nilópolis,

porque hacen de las calles de Seberinytos un viñedo
y porque el embarcadero de Mendes se ha convertido en u n
manojo de hojas de palma y ramas de persea.
Lloran los grandes sacerdotes de Upoke.
Llora Menfis, la ciudad de Apis.
Llora Tebas, la ciudad de A m ó n .
Llora Letópolis, la ciudad de Shu.
El miedo trae sufrimientos.
El cordero terminó con todas las maldiciones que caerán sobre ellos.
Entonces le dijo Psinyris:
¿ C u á n d o ocurrirá esto, que no hemos visto antes?
Y le dijo (el cordero): si soy un ureus en la cabeza del faraón, (los
acontecimientos) sucederán. Pero cuando se cumplan 9Ó0 años '
gobernaré Egipto, y sucederá que el medo que puso su mirada hacia .
Egipto, se marchará a tierras extranjeras y a lugares exteriores a
Egipto. La injusticia perecerá. La ley y la justicia volverán a Egipto.
Habrá represalias contra ellos por las capillas de los dioses de
Egipto, y contra Nínive, la provincia del asirio. Y sucederá también
que los egipcios marcharán sobre el país de Siria y dominarán sus
provincias y encontrarán las capillas de los dioses de Egipto. La feli-
cidad que Egipto conocerá es inefable. A l aborrecido del dios todo
le irá mal, y al que agrada al dios, el dios le agradará cuando se le dé ,
sepultura. La estéril se llenará de júbilo, y la que tiene u n hijo se
alegrará por las cosas buenas que sucederán en Egipto. Los escasos
habitantes que habrá en Egipto dirán: ojalá mi padre y mi abuelo
31
estén aquí cuando vengan los buenos tiempos . :

T a m b i é n H e r ó d o t o sabe d e u n v a t i c i n i o h e c h o a B o c h o r i s , .el
ú l t i m o rey de la d i n a s t í a XXIV (al q u e c o n f u n d e c o n M i c e r i n o s ) , a
q u i e n , e n castigo p o r l o s p e c a d o s d e su p a d r e , le p r e d i c e s ó l o seis
a ñ o s de v i d a , al c a b o d e l o s c u a l e s E g i p t o q u e d a r á b a j o d o m i n i o
3 8
extranjero durante 1 5 0 a ñ o s . C u a n d o algunos gobernantes t o l e -
m a i c o s subrayan e n sus i n s c r i p c i o n e s oficiales que ellos d e v o l v i e r o n a

31 K . T h . Z a u z i c h , « D a s L a m m d e s B o k c h o r i s » , e n Pajryrus ErzherzogRainer: Festschrifi zum

100-jahrigen Bestehen der Pafeyrussammlung der Oesterreichischen Nationalbibliothek, Viena, 1983,
165 s s . ; d e l m i s m o a u t o r , LA III, 912 s.¡ R e d f o r d , ifíng-/irfs, 286 s.
32 H e r II, 129 s s . , cfr. G . M ó l l e r , « Z u H e r o d o t s a g y p t i s c h e n G e s c h i c h t e n » , e n ^ ^ S 65,
1920, 76 s . ; C h r . Z i v i e - G o c h e , G¡zaaulermillenaire, 1991, 99. E l M i c e r i n o s d e H e r ó -
d o t o reina e n Sais, y s u r e i n a d o t e r m i n a i n m e d i a t a m e n t e antes del d o m i n i o kushita..
478 EGIPTO

E g i p t o las i m á g e n e s de l o s dioses, l o h a c e n t e n i e n d o p r e s e n t e s estas

t r a d i c i o n e s a ú n vivas e n el p u e b l o , y e s c e n i f i c a n su t i e m p o c o m o la
33
p r o m e t i d a é p o c a de la s a l v a c i ó n .
D e l f u t u r o rey salvador se dice q u e r e i n a r á 55 a ñ o s :

... el de 2 años, que no es nuestro (coronado).

34
El de los 55 (años) (es) nuestro c o r o n a d o .

E L O R Á C U L O D E L ALFARERO

E l m i s m o n ú m e r o e n c o n t r a m o s e n otra p r o f e c í a p o l í t i c a , ésta escrita

5
e n g r i e g o : el Oráculo del alfarero* .
Esta vez el e s c e n a r i o es E g i p t o bajo el rey A m e n o f i s , e n q u i e n hay
q u e r e c o n o c e r a A m e n o f i s III. E l rey visita H e r m ó p o l i s y e n c u e n t r a
allí a u n alfarero; su t o r n o ha sido d e s t r u i d o y su p r o d u c c i ó n e m b a r -
g a d a . E l a l f a r e r o i n t e r p r e t a su d e s g r a c i a c o m o s i g n o d e d e s g r a c i a s
futuras. V e n d r á u n t i e m p o e n que los « h o m b r e s d e l c i n t u r ó n »
d o m i n a r á n E g i p t o . E l l o s v e n e r a n a T y p h o n (= S e t h ) y d e s t r u y e n l o s
t e m p l o s e g i p c i o s . L a ley y el o r d e n d e s a p a r e c e n d e l p a í s . H a b r á g u e -
r r a e n t r e h e r m a n o s y c ó n y u g e s , y l o s h o m b r e s se m a t a r á n u n o s a

33 Cfr. H . J . T h i s s e n , StudienzumRaphia-Dekret, M e i s e n h e i m , 1966. ;, .

34 K o l . II, 5. : ' - •• ,
35 L . K o e n e n , « D i e P r o p h e z e i u n g e n d e s T ó p f e r s » , e n ZfE 2, 1968, 178-209; del
m i s m o autor, « T h e Prophecies of a Potter: A P r o p h e c y o f World Renewal b e c o m e s
:
a n A p o c a l y p s e » , e n Xll.th Intern. Congr. ofPapjroíogy, Toronto, 1970,249~254 F>
D u n a n d , L ' o r a c l e d u p o t i e r et la f o r m a t i o n d e l ' a p o c a l y p t i q u e e n E g y p t e , e n M .
P h i l o n e n k o ( e d . ) , L'Apocalyptique. Etudesd'histoire des religions 3, P a r í s , I977> 54~56.
R e d f o r d , King-Jists, 284-286. D . F r a n k f u r t e r , EHjah in UpperEgypt, i n t e r p r e t a estas
; p r o f e c í a s , e n el s e n t i d o d e las d e s c r i p c i o n e s clásicas d e s i t u a c i o n e s caóticas, c o m o
«vaticinia sine e v e n t i b u s » y señala otros textos oraculares d e E g i p t o de parejo c o n -
t e n i d o : S. 160 n . 3 ( P S I 982)) n . 5 ( P S I 760); P . C a i r o 31222; p . O x y . 2554:
pStanford Gg3bv¡ p T e b t T a i t 13; p a p i r o d e omina l u n a r e s d e V i e n a (cfr. n o t a 40).
R. M e y e r h a d e s t a c a d o e n s u tesis d o c t o r a l d e H e i d e l b e r g Vom koniggeíeiteten zum gotíge-
¡eiteten Menschen (1994) e l h e c h o de que Psametico I reinara 55 a ñ o s , y ha q u e r i d o v e r
e n la d u r a c i ó n d e s u r e i n a d o el o r i g e n d e estas p r o f e c í a s . S e trataría e n t o n c e s d e
p r o f e c í a s p r o p a g a n d í s t i c a s exeventu, d e l t i p o d e las d e N e f e r t i . U n a v e z m á s , u n a
d i n a s t í a h a b r í a p r e s e n t a d o , e n e v i d e n t e r e c u r s o al t e x t o c l á s i c o , e n e s t a é p o c a s i n
, d u d a c o n o c i d o , s u a s c e n s o al t r o n o c o m o el f i n d e l c a o s , y a tal e f e c t o h a b r í a m a n -
t e n i d o v i v o e l r e c u e r d o d e l i n f o r t u n i o d e j a d o atrás e n f o r m a d e p r o f e c í a s . P e r o m á s
:
a s o m b r o s a es l a h i s t o r i a d e l a r e c e p c i ó n d e estas p r o f e c í a s , q u e , e n r i q u e c i d a s e n e l
c u r s o d e l o s s i g l o s p o r las n u e v a s e x p e r i e n c i a s c o n l o s p e r s a s y l o s g r i e g o s , l a p r o p a -
ganda política convirtió e n expresión dé u n a auténtica expectativa mesiánica.
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO 4// y

otros. C o m o en las profecías de Neferti, 2 . 0 0 0 años más antiguas, la

naturaleza participa de la miseria general:

El Nilo estará bajo, la tierra será estéril,

el sol se oscurecerá por no querer ver la desgracia de Egipto.
Los vientos harán estragos sobre la tierra.

Pero los hombres de los cinturones luego «caerán del árbol de

Egipto como las hojas en o t o ñ o » , y volverán las imágenes de los dio-
ses. El rey salvador será enviado por el mismo dios solar mismo y
entronizado por Isis. El reinará 55 años. El país prosperará, las cre-
cidas serán altas, el verano y el invierno recuperarán su ritmo n o r -
mal, los vientos soplarán suaves y el sol brillará, hará visible la injus-
ticia y los malvados serán entregados a la justicia.
También en la época de los reyes Amenofis III y Bochoris se des-
arrolla un ciclo de leyendas que en el fondo tiene el mismo tema: el
sufrimiento de Egipto bajo los extranjeros y su expulsión final. Más
abajo nos detendremos en este tema, cuando tratemos de la cons-
trucción de lo culturalmente diferente característica de la Época
Baja. Ahora nos interesa sobre todo el cambio en la conciencia his-
tórica expreso en estas profecías. E n u n presente marcado por el
infortunio, tanto el pasado como el futuro adquieren un significado
nuevo, y en la medida en que las esperanzas políticas se centran en
un futuro en el que Egipto recuperará su grandeza, cobra importan-
cia aquel pasado en el que esa grandeza fue una realidad, de la cual
sus restos pueden dar testimonio.

D E U T E R O N O M I S M O , MESIANISMO Y VISIÓN APOCALÍPTICA

Tanto el «deuteronomismo» d é l a Crónica demótica como el «mesia-

nismo» de este y otros textos constituyen reacciones claras y típicas a
experiencias históricas desgraciadas. Entre éstas hemos de contar pri-
mero, y sobre todo, las invasiones asirías en la primera mitad del
siglo VII y el segundo dominio persa bajo ArtajerjesT y Darío II, y en
segundo lugar el dominio de los primeros persas, siempre preocupa-
dos por la legitimación, y el de los Tolomeos.
El deuteronomismo reacciona a la experiencia del fracaso, de la
catástrofe, y el mesianismo a la experiencia de la opresión. Por deutero-
nomismo en este sentido general se entiende la interpretación histórica
4JSO EGIPTO

centrada en el concepto de culpa. Los acontecimientos catastróficos se

tornan legibles en tanto que pueden ser interpretados como consecuen-
cias del apartamiento culpable de lo justo y debido. Tal interpretación
de la historia presupone una medida de lo justo con la que pueda
medirse el comportamiento de los reyes. En la época clásica, el propio
rey encarnaba esta medida, y era casi impensable, o en todo caso no se
decía de manera explícita, que el rey pudiera no ajustarse a ella. Distinto
es el caso de Babilonia: el modelo de conducta babilonio da al rey la
36
medida a la que debe ajustarse . El Deuteronomio y la historia escrita
en su espíritu llevan aún más lejos, bajo la impresión de la catástrofe del
año 587 a. C , esta disociación entre el rey y la ley (como medida de lo
justo). En Egipto coadyuvaron a la génesis de esta idea no sólo las expe-
riencias históricas desgraciadas, sino también la codificación del Dere-
cho bajo Darío I. Ahora, el Derecho era por primera vez algo válido
independientemente de la voluntad del rey reinante, codificado y obje-
tivado. El rey ya no lo «encarnaba», sino que lo asumía y lo cumplía. Es
cierto que la fuente del dorso de la Crónica demótica no permite inferir que
este Derecho esté vinculado a la idea de una voluntad divina legisladora.
Pero la idea general de una fundamentación del Derecho en la voluntad
del dios, especialmente del dios solar, es una concepción clásica_egipcia.
E l dios solar protege el Derecho en un sentido general, y cabe suponer
que, en sentido especial, protege también la codificación de Darío. Si
37
un rey se aparta del Derecho, el Derecho le castigará —o bien «será»
castigado, como dice la Crónica demótica empleando' elpassivum divinum—.
El mesianismo, es decir, la expectativa de un rey salvador enviado por
el dios, que expulsará a los extranjeros, castigará las injusticias y hará que
la justicia vuelva a reinar sobre la tierra, permitiendo a los hombres vivir
en paz, plenitud, felicidad y,cercanía al dios, es un fenómeno conocido
38
y extendido como forma de reacción a la opresión política . En Egipto
tiene un carácter especial sólo en tanto que el mesianismo de la Época
Baja pudo construirse sobre una larga tradición literaria de propaganda

36 P . H a d o t , « F ü r s t e n s p i e g e l » , e n ReallexikonfíirAntike undC/irafenfum,.Bd. 8, 5 5 5 - 6 3 2 .
37 S i g o a q u í l a t e s i s d o c t o r a l d e R . M ' e y e r , V o m konig- zum Gotígeleiteten Menschen. Em Beitragzur
TypologiereíigióserWelthaltungen, IlDieágyptischeTora, Heidelberg, 1994* ^ .
38 E . W . M ü h l m a n n (1961), ChiliasmusundNativismus: SiudienzurPsychologie, Soziologie undhisto-
rischen Kasuistik der Umsturzbewegungen, B e r l í n . V . L a n t e r n a r i , Movimenti rehgwsi di liberta e di
salvezzadeipopolioppressi, R o m a , 1 9 6 0 , t r a d . a l . , ReligioseFretheits- und Heilsbewegungen unter-
drückterVólker ( S p z i o l . T e x t e ) , N e u w i e d , 1 9 6 0 . P . ' W o r s l e y , The trumpet Shall Sound. AStudy
of'Cargo'-Gults in Melanesia, N u e v a Y o r k , 1968.
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO 4-ÓT

política. Las coincidencias entre el o r á c u l o del alfarero y la profecía de

Neferti s o n suficientes para clasificar el oráculo del alfarero en el m i s m o
39
g é n e r o l i t e r a r i o . E n la época g r e c o r r o m a n a , los textos que describen
u n caos, c o m o el oráculo del alfarero, la crónica d e m ó t i c a y el oráculo
40
del c o r d e r o , en m o d o alguno son p r o d u c t o s e s p o r á d i c o s .
E l p a p e l del rey salvador, q u e hace r e a l i d a d la j u s t i c i a , que se p r e -
o c u p a p o r los dioses y trae la a b u n d a n c i a y la paz, p e r t e n e c e a la i d e a
t r a d i c i o n a l del rey, y es algo que t o d o rey se atribuye, de f o r m a mas ó
m e n o s explícita, e n sus i n s c r i p c i o n e s ; y del m o d o más explícito e n las
épocas de crisis y e n los casos de l e g i t i m a c i ó n e s p e c i a l m e n t e p r o b l e -
41
m á t i c a . U n e j e m p l o b i e n i m p r e s i o n a n t e es la estela d e l a ñ o 6 de
T a h a r q a , q u e ya h e m o s c o n s i d e r a d o a r r i b a . Esta d o g m á t i c a de u n a
es.catología r e a l i z a d a se c o n v i e r t e a h o r a e n u t o p í a . Y ya n o v i e n e de
arriba, s i n o de abajo.
H a h a b i d o bastantes épocas de o s c u r i d a d e n la h i s t o r i a egipcia, y
reyes q u e v o l v i e r o n a e n c e n d e r la luz de la cercanía al d i o s . L o s textos
a n t i g u o s v e í a n c o n e s p a n t ó las épocas sin.reyes, y p i n t a b a n las terrjU
bies c o n s e c u e n c i a s de la a n a r q u í a y el i n t e r r e g n o . Para ellos, el caps
1
v i e n e de a b a j o , y la s a l v a c i ó n , d e l rey. T o d o s l o s reyes q u e e n sus
« m e n s a j e s » se p r e s e n t a n especialmente envueltos e n elpathos del r e s -
t a u r a d o r y salvador, desde A m e n e m h a t I o Sesostris I ( i n s c r i p c i ó n de
T o d ) hasta T a h a r q a , c u l p a n a la i n c o n s t a n c i a h u m a n a o a la r e b e l i ó n .

39 Cfr. al r e s p e c t o F . D u n a n d , « L / o r a c l e d u p o t i e r e t la f o r m a t i o n d e l ' A p o c a l y p t i q u e
;
e n É g y p t e » , e n M . P h i l o n e n k o ( e d . ) L'Apocalyptique, E t . H i s t . R e l i g i o n s 3, París,
1979, 41-67 y e s p . D a v i d F r a n k f u r t e r , Elijah in UpperEgypt, 159-238.
40 D a v i d F r a n k f u r t e r h a l l a m a d o la a t e n c i ó n , e n s u i n v e s t i g a c i ó n d e l t r a s f o n d o l i t e r a -
r i o e i d e o l ó g i c o d e l A p o c a l i p s i s c o p t o d e E l i a s (op. cií.y 185-194) . s o b r e o t r o s m u c h o s
t e x t o s s i m i l a r e s . U n a c o l e c c i ó n d e m ó t i c a d e omina l u n a r e s d e l s i g l o II d . C . p r o n o s -
t i c a i n v a s i o n e s y d e s i n t e g r a c i o n e s s o c i a l e s ( R . ^ a r k e r , Demotic Papyrus on Eclipse- and
Lunar-Omina, 35~52; F r a n k f u r t e r , op. cit, 187). O t r o t e x t o d e m ó t i c o s i m i l a r c o n omina
' a s t r o l ó g i c o s r e l a c i o n a fases d e S o t h i s y o t r o s f e n ó m e n o s c o n p r e d i c c i o n e s d e r e b e -
l i o n e s , guerras, p r o s p e r i d a d e c o n ó m i c a y a c c i o n e s del f a r a ó n p o r el bienestar del
país (P. Cairo 31222, cfr. H u g h e s , A Demotic Astrológica! Text, 256-264)- U n papiro
' griego d e época algo p o s t e r i o r profetiza disturbios sociales, e n f e r m e d a d , hambre,,
a u s e n c i a d e u n rey y el a d v e n i m i e n t o f i n a l d e u n a é p o c a e n la q u e e l r e y v o l v e r á a s e r
g r a n d e y sus e n e m i g o s serán.castigados (pap. Oxy. 2554r F r a n k f u r t e r , 187 s . ) . Un
p a p i r o d e m ó t i c o c o n claras r e m i n i s c e n c i a s d e l o r á c u l o d e l a l f a r e r o , l a m e n t a la d e s -
t r u c c i ó n de M e n f i s ( P . T e b t . Tait 13, e d . T a i t , Papyrifrom Tebtunis, 45-48). U n papiro
g r i e g o d e l s i g l o IIl/lV p r o f e t i z a t o d a s las c a l a m i d a d e s y c a o s i m a g i n a b l e s ( P S I 76O1
Frankfurter, 188).
41 E . H o r n u n g h a expuesto los aspectos m e t a h i s t ó r i c o s d e este p a p e l d e l f a r a ó n c o m o
s a l v a d o r : Geschkhte alsFest. Zjuei Vortragezum GeschichtsbildderfrühenMenschheit, Darmstadt,
I966.
482 EGIPTO

L a ú n i c a e x c e p c i ó n es T u t a n k h a m ó n , q u e se e n c o n t r ó e n m e d i o d e
u n a r e v o l u c i ó n v e n i d a de arriba, p e r o el i m p u l s o a su d i s i m u l o es tan
g r a n d e , q u e n o p u e d e n o m b r a r a n a d i e . E l d o g m a g e n e r a l es q u e el
caos v i e n e de abajo, y el o r d e n del rey.
P a r a l o s e g i p c i o s d e la É p o c a Baja, la a m e n a z a t o m a u n a f o r m a
c o m p l e t a m e n t e distinta. A h o r a t e m e n el caos de arriba, causado p o r
los m a l o s reyes q u e o l v i d a n la ley. Y a n o n e c e s i t a n al rey c o m o e n c a r -
n a c i ó n viva del p o d e r d i v i n o y « e j e m p l a r de i n c o r p o r a c i ó n » d e l dios
H o r u s . Estas f u n c i o n e s d e p r e s e n t a c i ó n v i v i e n t e d e l o d i v i n o las
48
c u m p l e n a h o r a l o s a n i m a l e s s a g r a d o s . L o s sacerdotes h a c e t i e m p o
q u e se e n c a r g a n de estos a s u n t o s . C o n el r i t u a l d i a r i o de la o f r e n d a ,
ellos c u i d a n de q u e las mesas de las o f r e n d a s n u n c a e s t é n vacías y las
b e b i d a s fluyan r e g u l a r m e n t e . P o r m e d i o de la r e c i t a c i ó n de las f ó r -
m u l a s c o n t r a S e t h y A p o p i s , ellos i m p i d e n q u e se declare u n a g u e r r a
civil o u n a r e b e l i ó n , o q u e a l g ú n e n e m i g o e x t e r i o r se a p o d e r e de
E g i p t o . E l l o s c u m p l e n c o n las c e r e m o n i a s de O s i r i s , gracias a l o cual
las leyes se m a n t i e n e n e n v i g o r y l o s h o m b r e s se r e s p e t a n m u t u a -
m e n t e . L o ú n i c o q u e i m p o r t a es el c u m p l i m i e n t o c u i d a d o s o e i n i n -
t e r r u m p i d o c o n las p r e s c r i p c i o n e s , c o n el s e r v i c i o c o n s t a n t e a l o s
dioses. D e l rey ya n o se espera s i n o q u e asegure las bases materiales de
este servicio c o n s t r u y e n d o t e m p l o s e i n s t i t u y e n d o o f r e n d a s .

N O S T A L G I A D E L A EDAD D E ORO •

E n la t r a d i c i ó n clásica, el E s t a d o h a b í a c o m p e n s a d o la r u p t u r a q u e
s u p o n í a el « m u n d o d i v i d i d o » . Cada;rey p r e t e n d í a h a b e r c o n s e g u i d o
el r e t o r n o de u n a s u e r t e d e e d a d de o r o . « E l país estaba i n u n d a d o
e n su é p o c a » , se d i c e c u a n d o r e i n a T a h a r q a , « c o m o o c u r r í a e n
3
t i e m p o s d e l s e ñ o r d e l u n i v e r s o » * . C o n esta i d e o l o g í a n o s m o v e m o s
e n el m a r c o d e u n a e s c a t o l o g í a r e a l i z a d a . Esta i d e o l o g í a t r a d i c i o n a l
de la expectativa realizada de u n a é p o c a final t a m b i é n la p r o p a g a r o n
4 4
los T o l o m e o s . P e r o falta saber hasta q u é p u n t o c o r r e s p o n d í a e n su
caso a la i m a g e n g e n e r a l q u e d e l m u n d o t e n í a n l o s e g i p c i o s . A h o r a

42 S o b r e la e q u i v a l e n c i a f u n c i o n a l d e l r e y y l o s a n i m a l e s s a g r a d o s , cfr. G. P o s e n e r , De ¡a
divinité dupharaon, París, 1960,15-2?; D. K e f í l e r , Die heiligen Tiere und derKónig I, W i e s -
: ;
baden, 1989.. ; ' ¡ . . -
43 V . supra, p . 448. Cfr. m i Ma'at, 224.
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO 483

puede observarse en los textos de los templos un cambio fundamen-

tal de posición respecto a la época primitiva. Ahora, y sólo ahora,
adquieren las descripciones de la edad primitiva una coloración nos-
tálgica y el carácter del pasado que jamás volverá:

Ma'at descendió del cielo en su época (la de los dioses primitivos),

uniéndose con los terrenales.
El país estaba inundado, los cuerpos saciados.
No había ningún año de hambre en los dos países.
Los muros aún no habían caído, el espino aún no pinchaba
45
en la época de los antepasados de los dioses .

Los «antepasados de los dioses» de los que aquí se habla son aque-
llos dioses muertos cuya veneración cúltica juega en la Época Baja un
46
papel cada vez más señalado en forma de un culto funerario . La idea
de que, con la elevación del cielo, los dioses se alejaron y ocultaron, y de
que el culto puede, al menos simbólicamente, salvar esa distancia, apa-
rece en esta teología trasladada de la dimensión espacial a la temporal. El
culto funerario de los antepasados de los dioses mantiene el vínculo con
la edad primitiva, cuyo no-ahora se relaciona con el aquí-y-ahora del
presente de idéntica manera que el no-aquí de los dioses celestes.
En la Época Baja, la creencia en la superación simbólica de estas
dos distancias que los dioses impusieron al apartarse del aquí-y-
ahora adquiere una forma cuasi dogmática, y la función mediadora
del culto una intensidad tal, que la idea básica de la lejanía de los
dioses se cambia en la idea contraria de una especial cercanía, y
Egipto es visto como «residencia de los dioses», «templo del
47
m u n d o » y «país sacratísimo» . Esta visión de Egipto brota de la
sensación de que está próximo el fin de los cultos que operan la
mediación y hacen que los dioses se avecinen simbólicamente en el
aquí y ahora, y de la preocupación por que, al cesar los cultos,
pudiera producirse una segunda separación, esta vez definitiva, entre

44 Cfr. L . K o e n e n , « D i e A d a p t a t i o n á g y p t i s c h e r K o n i g s i d e o l o g i e a m P t o l e m a e r h o f > > ,

e n E . V a n ' t D a c k , P . v a n D e s s e l y W . v a n G u c h t ( e d s . ) , Egypt and the Hellenistk World,
L o v a i n a , 1983, 143-190.
45 E . O t t o , « D a s ' G o l d e n e Z e i t a l t e r ' i n e i n e m a g y p t i s c h e n T e x t » , e n Religions en Egypte
hellénistique et romaine, Golloque de Strasbourg, Bibliothéque des Centres d'Etudes
- I s
S u p é r i e u r e s s p é c i a l i s é e s , P a r í s , 1969, p p . 9 3 o 8 ¡ v . m i Ma'at, p , 225 -
46 Cfr.supra, 453-455-
47 Cfr. G . F o w d e n , The Egyptian Kermes. A histórico} approach to the late pagan mind, Cambridge,
1986,14.
484 EGIPTO

d i o s e s y h o m b r e s q u e n i n g ú n m i t o , n i r i t o * n i otras f o r m a s de
m e d i a c i ó n s i m b ó l i c a p o d r í a n ya s u p e r a r . U n texto e s c r i t o a t o d a s
l u c e s e n l o s p r i m e r o s t i e m p o s c r i s t i a n o s p i n t a el o c a s o d e l m u n d o
( e g i p c i o ) c o n los c o l o r e s d e l o d e f i n i t i v o e i r r e v e r s i b l e :

Y vendrá u n tiempo en que se mostrará que los egipcios en vano

honraron a la divinidad con corazón piadoso y devoción constante,
y que toda solicitud sagrada con los dioses será vana e infructuosa.
(
Pues la divinidad volverá a ascender de la tierra al cielo y abando-
nará Egipto. Este país, que antaño fue asiento de la religión, será
despojado de la presencia divina. Los extranjeros poblarán este
país, y no sólo se descuidarán los viejos cultos, sino que la religión,
la piedad y el culto a los dioses quedarán prohibidos por la ley. D e
la religión egipcia sólo restarán fábulas y piedras con inscripciones.
(...) E n esos días, los hombres estarán cansados de la vida y dejarán
de admirar y venerar el cosmos (mundus). Este todo, tan bueno que
nunca h u b o n i habrá nada mejor, estará en peligro de venirse
abajo, los hombres lo verán como una carga y lo despreciarán. Ya
no amarán a ese cosmos obra incomparable de la divinidad, a esa
construcción gloriosa, compuesta de una multiplicidad infinita de
formas, instrumento (machina) de la voluntad divina, que generosa
derrama su gracia en su obra, donde todo lo que merece adora-
ción, alabanzay amor se muestra como unidad en su multiplicidad
armónica. Se preferirá la oscuridad a la luz¿ y la muerte a la vida.
. Nadie alzará su mirada al cielo. A l piadoso se le tendrá por loco, al •;
impío p o r sabio, y al malo por b u e n o . (...) ¡ ;
Los dioses sé separarán dé los hombres—¡oh d o l o r o s a separa-
ción!—, y sólo quedarán los malos demonios que se mezclan con
los hombres, y los miserables cometerán :con violencia toda clase
i de crímenes y promoverán la guerra, la rapiña, ,él engaño y todo
1 lo que repugna a la naturaleza del alma.
En esos tiempos, la tierra dejará de ser firme, y el mar navegable,
y el cielo n o sostendrá a las estrellas en sus revoluciones; ni las
estrellas seguirán su camino e h el cielo; toda voz divina dejará
necesariamente de oírse. Los frutos de la tierra se pudrirán, el
suelo se volverá estéril, y el aire mismo se tornará asfixiante y
espeso. A s í será la senectud del m u n d o : ausencia de religión (inre-
8
íigio), de orden (inordinatio) y de entendimiento (inrationaUtas)* .
 VI / 2. LA CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO 485

E n esta d e s c r i p c i ó n , la r u i n a d e l m u n d o , l a p é r d i d a de su-sabia
o r d e n a c i ó n y su h a b i t a b i l i d a d , n o es c o n s e c u e n c i a d e u n c o l a p s o
p o l í t i c o , s i n o de u n a d e c i s i ó n r e l i g i o s a ; de u n a c o n v e r s i ó n . L o s
h o m b r e s a b a n d o n a r á n la r e l i g i ó n a n t i g u a , q u e consistía e n la v e n e -
r a c i ó n del c o s m o s , p a r a entregarse a u n a n u e v a r e l i g i ó n que ve e n el
c o s m o s « u n a c a r g a » y l o « d e s p r e c i a » . L o s ritos serán s u p r i m i d o s , y
los c u l t o s c a n c e l a d o s y p r o h i b i d o s , c o n l o c u a l u n o s y o t r o s ya n o
p o d r á n c u m p l i r su c o m e t i d o , consistente e n m a n t e n e r , a través d e la
v e n e r a c i ó n , el curso o r d e n a d o del m u n d o y c o n s e g u i r q u e los d i o s e s
se a v e c i n e n e n la t i e r r a . L a c o n s e c u e n c i a d e t o d o e l l o será q u e l o s
dioses a b a n d o n a r á n la t i e r r a , y el m u n d o , antes m a n t e n i d o r i t u a l -
m e n t e e n su o r d e n , q u e d a r á a la d e r i v a . E l m u n d o e n t r a r á e n su
s e n e c t u d . E n estas i m á g e n e s se articula la c o n c i e n c i a q u e del final de
los t i e m p o s c o b r a la c u l t u r a egipcia. E l cristianismo v i c t o r i o s o se s i n -
t i ó a l u d i d o e n este t e x t o , y l o clasificó c o m o u n a suerte de c a p i t u l a -
c i ó n del paganismo derrotado, cuyo p r o p i o ocaso él m i s m o p r e -
9
d i j o * . G u a n d o este a p o c a l i p s i s p i n t a el o c a s o de l a r e l i g i ó n e g i p c i a
c o n los c o l o r e s de u n a catástrofe d e l m u n d o e n t o r n o , h a c e r e c o r d a r
las palabras c o n t r a el dios S e t h . D i a r i a m e n t e , además d e e n las g r a n -
des fiestas, e r a n r e c i t a d a s p a r a a h u y e n t a r al « m a l i g n o » y alejar el
p e l i g r o , t a m b i é n a q u í r e p r e s e n t a d o c o m o catástrofe d e l m u n d o e n (

t o r n o . E l s e n t i d o de la r e l i g i ó n e g i p c i a , c o m o b i e n c l a r a m e n t e se
m u e s t r a a q u í , estaba c e n t r a d o e n el m a n t e n i m i e n t o del m u n d o
m e d i a n t e la o f r e n d a , la p a r t i c i p a c i ó n y la v e n e r a c i ó n « c o n c o r a z ó n
p i a d o s o y d e v o c i ó n c o n s t a n t e » . L o s e g i p c i o s v i v í a n r a d i c a d o s e n la
c o n c i e n c i a de q u e el m u n d o n e c e s i t a de esa i n c e s a n t e v e n e r a c i ó n
para que sea h a b i t a b l e p o r los h o m b r e s .

48 Asclepio 24-36, ed. Nock-Eesugiére, Collection Budé, 1960, v. 326-329; v e r s i ó n

copta: N a g H a m m a d i G o d e x VI, 8.65.15-78.43, e d . Krause-Labib, 1971, p p . 194-
20Ó. Gfr. F o w d e n , TheEgyptianHermes, p p . 39T43¡ ^- m s a r t s >
^ K ó n i g s d o g m a » , e n Stein
undfyit, 287¡ « M a g i s c h e W e i s h e i t . w i s s e n s f o r m e n i m agyptischen K o s m o t h e i s m u s » ,
e n Stein und&it, 75- J - - M a h e , Hermes en Haute-Egypte,
- r >
vol. 2, Quebec, 1982, 69-97;
F r a n k f u r t e r , Elijah, 188 s. A l a inrationabilitas bonorum omnium latina corresponde e n
c o p t o « l a ausencia de b u e ñ a s palabras». La decadencia del e n t e n d i m i e n t o m e d i a n t e
la p a l a b r a y e l p r e d o m i n i o d e l a v i o l e n c i a e s u n o d e l o s m o t i v o s c e n t r a l e s d e las d e s -
c r i p c i o n e s e g i p c i a s d e e s t a d o s c a ó t i c o s ; v. m i art. « K ó n i g s d o g m a u n d H e i l s e r w a r -
t u n g » , en Stein undfyit, 259-287-
49 S . A g u s t í n , DeCivitateDei, VIII, c. 26.
 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO:
TRAUMA Y FOBIA

L A D E M O N I Z A G I Ó N DE S E T H

L o s kushitas h a b í a n p u e s t o el m i t o de la disputa j u d i c i a l e n t r e H o r u s
y S e t h p o r el « o j o » —por la d o b l e c o r o n a egipcia— e n el c e n t r o d e su
p o l í t i c a de r e n o v a c i ó n religiosa, y al h a c e r de M e n f i s la capital y c i u -
d a d de la c o r o n a c i ó n , h a b í a n c o n e c t a d o c o n u n a t r a d i c i ó n q u e la
asociaba al o r i g e n d e l E s t a d o , esto es, a la p r i m e r a u n i f i c a c i ó n s u p e -
r a d o r a de la p r i m i t i v a d i v i s i ó n . Q u e r í a n el e n l a c e c o n este m í t i c o
acto o r i g i n a l q u e fue la u n i f i c a c i ó n . S e t h representa e n este m i t o l o s
a s p e c t o s c o n t r a r i o s a l o s d e l r e i n a d o de H o r u s : v i o l e n c i a , f u e r z a
física y a n a r q u í a , l o s cuales h a b í a n sido n o m a r g i n a d o s , s i n o d o m i -
n a d o s e i n t e g r a d o s . E l m e n s a j e d e l Monumento de teología menfita n o
encierra u n a d e m o n i z a c i ó n , sino una reconciliación.
Este m i t o es actualizado e n las épocas saíta y persa. E l m a r c o d e la
d i s p u t a se c o n s e r v a . S e t h es a c u s a d o y d e c l a r a d o c u l p a b l e . E s c a s t i -
g a d o , y la l a m e n t a c i ó n d e sus c i u d a d e s es descrita c u a l u n a d e r r o t a
política.

Su se lamenta, Wns está en duelo,

los gemidos recorren Oxirrinco.
Los oasis de Kharga y Daldila gritan su aflicción,
la desventura atraviesa su interior.
K i n ó p o l i s gime porque su señor no está en ella.
Hipselis es u n lugar desierto, O m b o s ha sido derribada,
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA

sus casas destruidas, todos sus habitantes aniquilados.

Su señor ya no está, el que planeó la rebelión, ya no está,
50
pues le han hecho p r e s o .

Seth aparece ahora c o m o u n d o m i n a d o r extranjero vencido y

e x p u l s a d o . Y a n o se h a b l a de r e c o n c i l i a c i ó n e i n t e g r a c i ó n . S e t h se
d i s p o n e a e m p r e n d e r u n a n u e v a i n v a s i ó n e n la q u e d u p l i c a r á sus
anteriores d e s m a n e s . P e n e t r a c o n sus aliados e n E g i p t o y h a c e e n los
t e m p l o s los más terribles estragos. D e n u e v o d e b e Isis elevar sus q u e -
jas al dios solar:

O h Re-Horakhty, único señor, que no tiene igual,

el que da órdenes y todos cumplen lo ordenado,
a cuya sentencia nadie puede escapar:
¡Recuerda lo que tú ordenaste cuando fueron creados los p r e -
ceptos!
T ú dispusiste: pasos para los hombres,
culto preceptivo para los dioses,
instrucciones para el rey en su palacio (...)
Pero mira, Seth, el rebelde, ha venido por su cuenta,
ha vuelto de nuevo a Egipto,
para destrozarlo con su mano.
A h í está, dispuesto a apoderarse del país con violencia,
de la manera como antes se comportaba,
cuando destruyó los lugares sagrados,
cuando derribó sus capillas,
cuando daba gritos en los templos.
Ha hecho daño, ha repetido sus ofensas,
de nuevo ha ocasionado ddjw. '

Ha traído la desgracia a la Tnnt,

ha planeado la rebelión en Menfis.
Mira, penetra en el Serapeum,
ha violentado la casa de Opet. •
Ha cortado madera en Iusaas,
ha pescado, peces en el lago Meris.
Ha cazado, ha capturado aves, * .
en los alrededores de la Primera de las Gasas. .

50 Urkunden VI, 14-16.

 EGIPTO

Se ha propasado (en hwt-w'bt),

ha gritado ante la Enéada.
Ha tramado contiendas, ha vociferado
ante los dioses de Menset.
Ha vuelto a hacer daño
a las orillas del T i n i s .
Ha dado gritos en Mendes/Busiris,
la ciudad y el n o m o de Busiris/Mendes están consternados.
Se ha acercado (tkn) al hwt b^u),
ha hecho violencia (khb) en sus muros.
Ha sacado madera del Sais de Neith,
ha cometido maldades en la casa del embalsamamiento (Hwthm3g).
Ha ocasionado ddjw en la jmht .¡
y 'bnt en K e r - A h a .
Ha hecho lo que aborrece A t u m hasta en el templo de la Enéada.
Ha causado^ confusión (hrjj) y dado gritos
en el templo de A m ó n - W e r en la jmht.
Ha originado refriegas, ha causado incendios
en el templo de los has del este. <
Se ha aproximado al Hwt~Nbs, ha pisado w-snn,
ha profanado el árbol sagrado (sps) de Nbs •
—cuando él verdece, verdece la tierra—, i • '
Se ha acercado a la cámara sagrada de lusas
con la acacia en la que está la muerte y la vida.
H a intentado comer a Mafdet í
ante las miradas de Mut y Bastet.
Mira,, ha comido el pez A b d u
1
en los lugares del ba del este.
Ha pisado la tierra en Kefthernebes
ante la mirada de Re en el cielo. ' ,
Ha comido del carnero sagrado
en el templo del gran A m ó n .
H a puesto las manos en la planta Mnhp
ante la mirada del macho cabrío de Mendes.
Ha organizado una matanza ante los hombres en Busiris
ante la mirada de Wennefer, el justificado.
Ha comido del pez A b d u
e
y ha comido del pez dw ¡
en la gran sala de Heliópolis.
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 489

Ha cortado la entrada, ha robado las ofrendas

del palacio del único señor, del que no tiene igual
[con lo que en sus dos casas no se oyen más que quejas a todos los
dioses, y los ritos no se llevan a cabo a las horas establecidas]
Ha capturado al halcón y al pez jtn
ante las miradas de S h u y Tefnut.
Mira, ha atado al buey Apis
ante la mirada del que ha hecho lo que existe.
Ha dejado secarse la leche de Sekat-Hor,
ha derribado a la vaca htmt, la madre del dios.
Ha cortado el acceso al lago de los árboles 7m,
ha desecado (stp ?) el lago de la vaca htmt, .
ha planeado hacerse bandolero,
:
ha pensado en superarse. • •"•
La aflicción se extiende hasta el lugar en que se detiene,
subvertido está todo lo que tú ordenaste,
51
etc. .

S e t h t i e n e a h o r a los rasgos de u n c o n q u i s t a d o r asiático q u e e c h a

del t r o n o al rey l e g í t i m o H o r u s , y d e s c a r g a su v i o l e n c i a asesina y su
b r u t a l i d a d a n á r q u i c a p r i n c i p a l m e n t e s o b r e los t e m p l o s y sus d i o s e s .
S e t h c o m e l o s a n i m a l e s s a g r a d o s , v i o l a l o s t a b ú e s y d e s p a r r a m a las
o f r e n d a s . E n c a r n a el a r q u e t i p o d e l s a c r i l e g o . S u o b j e t i v o es la d e s -
t r u c c i ó n de l o s c u l t o s , p e r o eso s u p o n e la r u i n a d e l m u n d o e n t e r o ,
p u e s l o s c u l t o s t i e n e n la f u n c i ó n d e m a n t e n e r e l c u r s o n o r m a l d e l
m u n d o . S i S e t h l o g r a su o b j e t i v o , se d e s e n c a d e n a u n a catástofe de
dimensiones cósmicas:

, O h , deten tu asalto, ;
para que el sol no se oscurezca sobre el banco de arena del lago del
doble machete, '
para que el cielo no se trague a la luna en la fiesta de Mspr en
Heliópolis, '
para que las tortugas no se beban el Nilo y las aguas desaparezcan,
para que no brote una llama en m e d i o del océano y una llama
encienda otra, - '.
para que no se conozca el viaje corriente abajo y corriente arriba

51 E l c a t á l o g o c o m p l e t o d e p e c a d o s , d e l q u e a q u í r e p r o d u c i m o s u n a p e q u e ñ a p a r t e , se
e x t i e n d e d e s d e U r k VI, l8,IO h a s t a 24,2.
 EGIPTO

del sol que en caminos al atravesar el cielo,

para que los dos cielos no giren a la vez
y el cielo se una con la tierra,
para que no se abra el arca en Heliópolis
y pueda verse lo que hay en ella, "'
para que no se desprenda el paño en Menfis
y sea visto el brazo del «así y así»,
para que la lámpara no se apague en la noche del mal,
en esa hora que nunca llegue,
para que el mar no se vuelva dulce
y su agua sea bebida,
para que las cuatro sentencias no sean conocidas en Heliópolis,
y el cielo se caiga cuando él las oiga, ;
para que no se tina de sangre la morada de los dioses en medio de
spt-ptrtj,
5
y la justicia en este país ( n o ) ' encuentre impedimento, • '••
(la morada) en la que se encuentra el señor del universo, ese dios,
como el que no hay u n segundo,
en la que son juzgados, ,
para que la abertura que hay en Pharbaitos no se destape y el cielo
frente a él se quede sin aire (?) '
para que no se quite el sello de A n u b i s
y no se quiebre la arcilla de Ptah, ¡ '
para que la maleza que sirve de escondrijo no sea cortada,
y se expulse al que en ella se mantiene oculto,
para que no se oiga ningún grito : ;
y nadie haya ahí para declarar contra el que abra la boca en
Babilonia,.
para que el asno no asuste al gato
y éste no le muestre a aquél su parte trasera,
para que el cocodrilo no se abalance sobre el nadador
c 53
donde desembocan las aguas ní/ .
¿
E s t a c a t á s t r o f e de d i m e n s i o n e s g l o b a l e s es d e s e n c a d e n a d a p o r la
o f a n a c i ó n ' d e l u g a r e s s a g r a d o s y la r e v e l a c i ó n d e s e c r e t o s d e l

L a d o b l e n e g a c i ó n p a r e c e e x c e s i v a . ¿O h a y q u e s u p o n e r q u e la s u s p e n s i ó n d e l a j u s -
;
... t i c i a e n e s t e p a í s s e r í a u n a c a t á s t r o f e ? .. • , .ñvji:,
. P. Louvre 3129, J, 38-57;.P- BM IOSgc?; II, 3.-34-, e d . S c h o t f (1939), 120-129.
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 491

culto, es decir, por el acto de traspasar los límites que, según las
54
ideas los egipcios, protegen lo sagrado: tabú y secreto .

E L REFUERZO D E LAS FRONTERAS CULTURALES

Así como, en tiempos de inseguridad política, las ciudades egipcias se

rodean de murallas y se transforman en ciudadelas, la cultura egipcia,
sujeta a las condiciones del dominio extranjero, se rodea de murallas
simbólicas y zonas protectoras. E n esto también hay que ver formas de
reacción a las experiencias históricas de las épocas persa y tolemaica.
Estas reacciones encuentran una equivalencia exacta enjudea, donde
la cultura judía se protege de las amenazas persa y helenística a su
identidad cultural con la muralla simbólica de la ley. La carta de Aris-
teas, del siglo I I a . C , despliega esta metafórica fortificadora:

El legislador, dotado por Dios de gran conocimiento, nos rodeó

de firmes empalizadas y sólidos muros para que no tengamos nin-
guna clase de trato con ninguno de los demás pueblos y nos man-
tengamos puros de cuerpo y alma, libres dé ideas engañosas para
poder adorar a Dios sólo, pues sólo Dios es poderoso, a diferen-
cia de la creación(...) Y para que no nos manchemos con nada y
nos echemos a perder en contacto con lo malo, nos rodeó por
todas partes de normas de purificación, de mandamientos sobre
55
el comer y el beber, y el tocar, oír y ver .

Mary Douglas ha interpretado esta actitud como la típica de una

« cultura-enclave», que se rodea de una valla de purificaciones
56
rituales para resistir la presión igualadora de un entorno hostil . En
Egipto encontramos un proceso comparable de fortificación simbó-
lica. Los límites simbólicos son aquí bwt, «repugnancia, horror,
tabú» (pureza/impureza) y sst2, «secreto» (saber/revelación). A este
orden pertenecen sobre todo las informaciones, de aspecto fantástico,
pero probablemente rio carentes de fundamento, de Heródoto sobre

54. Cfr. al r e s p e c t o Y á m b l i c o , De mysteriis V I , 5 « P u e s el recitador amenaza c o n destruir

el f i r m a m e n t o , revelar l o s m i s t e r i o s d e Isis, d e s c u b r i r l o o c u l t o e n el a b i s m o (las
p r o f u n d i d a d e s d e l m u n d o ) , d e t e n e r la b a r c a , e s p a r c i r l o s m i e m b r o s d e O s i r i s al
T y p h o n o cosas p o r el e s t i l o » .
55 C a r t a d e A r i s t e a s , 1 3 9 y 142. s e g ú n G . D e l l i n g , DieBemaltigungderDiasporasituation durch
dashellenistischejudentum, B e r l í n , 1987, 9-
4-92 EGIPTO

las rigurosas n o r m a s de p u r i f i c a c i ó n que observaban los egipcios e n su

trato c o n los g r i e g o s , y p r o b a b l e m e n t e c o n los extranjeros e n g e n e r a l .
N i n g ú n egipcio tocaría u n cuchillo o cualquier otro utensilio culinario
q u e h u b i e r a usado antes u n g r i e g o , n i c o m e r í a carne de n i n g ú n animal
q u e h u b i e r a sido sacrificado c o n u n c u c h i l l ó g r i e g o . N i n g ú n egipcio se
5 7
atrevería a besar a u n g r i e g o e n la b o c a . S e g u r a m e n t e las dos c a t e g o -
rías de la s e p a r a c i ó n y la m a r c a c i ó n de diferencias —horror y secreto,
i m p u r i f i c a c i ó n y revelación— t i e n e n e n E g i p t o u n a larga t r a d i c i ó n .
Pero su f u n c i ó n tradicional radica e n la diferenciación entre l o sagrado
y l o p r o f a n o , y n o e n t r e l o p r o p i o y l o extraño. L o s tabúes r i g e n e s p e -
cialmente para el sacerdote, n o para el egipcio e n g e n e r a l . E l sacerdote
d e b e someterse e n su trato c o n l o sagrado a estrictas n o r m a s de p u r i f i -
c a c i ó n y abstinencia, c o n cuya observación se aparta de la masa profana.
L o p r o p i o sucede c o n la categoría de l o secreto,, c o n la disciplina de lo
a r c a n o , a la q u e los s a c e r d o t e s están sujetos. Ésta p r o t e g e los r i t o s
sagrados de la p r o f a n a c i ó n . Y aquí n o se piensa e n los extranjeros, sino
e n los i n d i v i d u o s n o consagrados.

Debes hacer esto sin permitir que lo vea otro hombre

que no sea de tu entera confianza o u n sacerdote lector.
N o permitas que n i n g u n a mirada observe y ¡ningún servidor
:
'entre. '.
(...)
Esta escritura es enteramente secreta.
Los profanos no deben mirar :
58
en ningún lugar y en ningún t i e m p o .

Supremamente santos son los lugares ,.• ¡

no vistos, no escuchados p o r nadie
que no sea u n sumo sacerdote lector o u n sumo sacerdote de
59
Sem . . ' '•. .

E n É p o c a Baja c a m b i a el c o n c e p t o de l o p r o f a n o y, c o n él, el s e n -
t i d o de la d i f e r e n c i a m a r c a d a p o r el t a b ú y el s e c r e t o . A h o r a n o es

56 M a r y D o u g l a s , In the Wilderness. The Doctrine ofDefilement in theBook ofNumbers, Sheffield,

1993-
;
57 H e r ó d o t o , I I , 41. ' ' ' : •
58 Libro de los muertos, c a p . 148 ( N u ) ¡ v. m i l i b r o LiturgischeHeder, 19 s. .
59 L a m e n t a c i o n e s V , 13, e d . F a u l k n e r , « T h e L a m e n t a t i o n s o f I s i s a n d N e p h t h y s » , e n
-
MélangesMaspéroI, OrientAncient. M é m . Inst. Franc. 66, El C a i r o , I935 I93°\ lám. IV.
 V I / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 493

tanto del i m p u r o , o del n o c o n s a g r a d o , d e l q u e hay que p r o t e g e r a lo

s a g r a d o c u a n t o d e l e x t r a n j e r o . Este n o s ó l o es el e s e n c i a l m e n t e
i m p u r o y p r o f a n o , s i n o q u e a d e m á s e n c a r n a la a m e n a z a de S e t h , la
v o l u n t a d s a c r i l e g a de d e s t r u c c i ó n , p r o f a n a c i ó n y e x p o l i a c i ó n , el
60
i m p u l s o v a n d á l i c o e i c o n o c l a s t a . E n textos de c u l t o p o s t e r i o r e s se
aparece t a m b i é n e n o c a s i o n e s la p r e s c r i p c i ó n de n o p e r m i t i r a n i n -
g ú n e x t r a n j e r o e n t r a r e n l o s s a n t u a r i o s y asistir a r i t o s s e c r e t o s . E n
las criptas del t e m p l o de H a t h o r e n D e n d e r a se d i c e expressis verbis que
los extranjeros n o p u e d e n e n t r a r : ^

El lugar oculto de los poderosos en la casa de los sistros,

para el caso de que los destructores penetren en Egipto ^
z
Q u e los asiáticos ( 2mw) no entren ahí,
que los beduinos (J^ÍIÜ) no lo dañen,
que los profanos no merodeen por sus alrededores.
Q u i e n recite u n encantamiento (?) contrario,
61
tenga la leche de Sekhmet en su c u e r p o .

El lugar cuyo secreto mantiene oculto,

para el caso de que los asiáticos penetren en la fortaleza.
Q u e los fenicios no se aproximen a él,
q u e l o s egeos (h2w-nbwt) no entren,
que los vagantes no merodeen por sus alrededores.
Q u e ningún mago ejecute allí sus ritos. .
62
Q u e sus puertas no se abran a nadie no autorizado .

E n u n l i b r o ritual de la É p o c a Baja, la « c a s a de la v i d a » es c a r a c -
terizada de la s i g u i e n t e m a n e r a :

: Debe estar muy, muy escondida. '

Nadie debe conocerla, nadie verla '/ '

6o. C a b e - r e c o r d a r , e n este c o n t e x t o , la i n s c r i p c i ó n - d e U d j a h o r r e s n e t , q u i e n . s e q u e j a
ante el rey persa C a m b i s e s d e q u e e n el t e m p l o d e N e i t h e n Sais se h a n instalado
« e x t r a n j e r o s » (h^stjw), y o b t i e n e el p e r m i s o real para expulsar a esos extranjeros y
« h a c e r q u e e l t e m p l o d e N e i t h sea r e s t a u r a d o y v u l e v a a s e r l o q u e e r a a n t e s » ( P o s e -
n e r , LapremiéredominationperseenEgypte, 14 s s . ) . O t r a s i n s c r i p c i o n e s i n f o r m a n d e s i t u a -
c i o n e s p a r e c i d a s , c o m o v e m o s , p o r e j e m p l o , e n E . J e l i n k o v a - R e y m o n d , l e í inscríptions
• delastatueguerisseuse deDjedher-le-Sauveur, B d E 23, 1956, 102 s . y y G . L e f e b v r e , Letombeau
dePétosirisII,-Les inscriptions, El Cairo, 1924,137.
61 - S e g ú n R . G i v é o n j Les Bédouins Shosou des documents égyptiens, L e i d e n , 1 9 7 I 1 168 s.
62 Ibid., 170 s. •
494 EGIPTO

excepto del disco solar, que mira en su secreto .

Los oficiantes... deben entrar en silencio, con el cuerpo cubierto,
para estar asegurados contra una muerte repentina.
64
El asiático no debe entrar, no debe ver n a d a .

E s t e m a n d a m i e n t o d e m a n t e n e r el s e c r e t o es m u y t í p i c o de l o s
textos g r i e g o s y l a t i n o s q u e c i r c u l a b a n c o n el título de Corpus Hermeti-
cum. D e ellos p r o v i e n e el t é r m i n o « h e r m é t i c o » , a s o c i a d o a las ideas
más r i g u r o s a m e n t e secretas y al e s o t e r i s m o . E n u n o de estos textos se
p r o h i b e i n c l u s o t r a d u c i r e l t e x t o al g r i e g o ( a u n q u e e l t e x t o de q u e
d i s p o n e m o s h o y está escrito e n g r i e g o ) :

Deja este texto sin traducir, para que estos secretos permanezcan
ocultos a los griegos y para que el lenguaje insolente, flaco y afec-
tado de éstos no haga desaparecer la dignidad y la fuerza de n u e s -
tra lengua y la energía de los nombres. Pues los griegos sólo tie-
n e n discursos vacíosj buenos para imponer cosas, y su filosofía es
puro y ruidoso palabreo. Nosotros, en cambio, no usamos pala-
bras, sino sonidos llenos de energía ((j>toVOÍS \ l € ( 7 T d í S T(úV
6 5
epytov) . ,

Está actitud nada tenía que ver c o n n i n g ú n r a c i s m o o n a c i o n a -

6 6
l i s m o . L a actitud de los e g i p c i o s ante los extranjeros estaba m a r c a d a

63 p S a l t 825, VII, I. • • !
64 p S a l t 825. VII, 5. P h . D e r c h a i n , LePap. Salt825- Rituelpour la conservation de la vie en Egypte
I, B r u s e l a s , 1965,168, n . 83 r e m i t e a: G h a s s i n a t , Denderah, 5.54.6-8; 60, IO-61, 2:
' 97Í4. S u a n e r o n ; \ f l / f í 4 0 60, I I I n . 4 ; Analecta Bíblica 12, 1957, Í57: H e r ó d b t ó , Z¡ 41.
Corpues Hermeticum A s c l e p i u s 24- G H XVI, 2.-B'.H. S t r i c k e r , Dé briefvan Aristeas.De helle-
* nistischeCodificatiesderpraehelleensegodsdiensten,Amsterdam, 1956, 36-43.
65 Corpus Hermeticum XVI, e d . A . J . F e s t u g i é r e , A . D . N o c k l l , 230.¡ G . F o w d e n , The
Egyptian Hermes, Anhistorical Approachto the Late Pagan mind, C a m b r i d g e , 1986, 37.
66 P a r a las d i v e r s a s m o d a l i d a d e s d e l a o p o s i c i ó n e g i p c i a , a l o s g r i e g o s s e h a g e n e r a l i z a d o
e l u s o d e l t é r m i n o « n a c i o n a l i s m o » ¡ cfr. E . D r i o t o n , « L e n a t i o n a l i s m e a u t e m p s d e s
p h a r a o n s » , e n idem, Pages d'égyptologie, E l C a i r o , 1957í S a m u e l K . E d d y , The Kingis dead,
• L i n c o l n , . 1961, c a p í t u l o s IO-II; A l a n B . L l o y d , « N a t i o n a l i s t P r o p a g a n d a i n P t o l e -
•rnaic E g y p t » , . e n Historia 31,1982, 33-55; J- Gwyn Griffiths, « E g y p t i a n N a t i o n a í i s m
' i n the E d f u T e m p l e T e x t s » , e n j . Ruffle, G . A . Gaballa y K. K i t c h e n ( e d s . ) , Glimpses
ofAncientEgypt, Warminster, 1979, I73 79- _I
David Frankfurter, e n c a m b i o , ha lla-
m a d o la a t e n c i ó n , enElijahin UpperEgypt, s o b r e la crítica d e G e l l n e r al e m p l e o d e l t é r -
m i n o n a c i o n a l i s m o a p l i c a d o , a l a s s o c i e d a d e s t r a d i c i o n a l e s y a g r a r i a s (Nations and
• ¡Nationaíism, Ithacá, 1983^ 8-rí8). E l n a c i o n a l i s m o p r e s u p o n e el c o n c e p t o d e n a c i ó n
; c o m o u n a identidad y u n a solidaridad q u e c o m p r e n d e y supera t o d o s los localismos
, y l o s n i v e l e s s o c i a l e s . L a é p o c a g r e c o r r o m a n a es p r e c i s a m e n t e , la q u e m e n o s a d m i t e
este t é r m i n o . . • .- :
 V I / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 495

por la preocupación por que éstos pudieran decir blasfemias ante los
dioses y los dioses sentirse ofendidos por la conducta indebida de los
extranjeros y apartarse de Egipto.
El miedo a la religión diferente, que suponía la intención de des-
truir la propia, era infundado en el trato con los griegos. En este res-
pecto, los griegos pensaban y actuaban sobre la base de su convenci-
miento de la supranacionalidad e interculturalidad de los dioses.
Heródoto era incluso de la opinión de que los griegos habían tomado
la mayoría de sus dioses de los egipcios^ En todo caso, la religión no era
nada en lo que los pueblos se diferenciaran radicalmente unos de
otros. Incluso cuando un pueblo como el egipcio lo hacía todo exacta-
mente al revés que todos los demás pueblos, los dioses que él adoraba
eran los mismos que los de los demás, de ahí que sus nombres pudie-
ran traducirse sin dificultad de una lengua a otra. Los griegos no tuvie-
ron la menor dificultad en reconocer en las divinidades egipcias las
suyas propias. Y esto no era sólo la opinión de un intelectual dotado
como Heródoto, sino que se manifestaba en la facilidad con que los
Tolomeos grecizaron los topónimos egipcios. Esta operación consistía,
en esquema, en añadir a la traducción griega del nombre de la divini-
dad egipcia de una ciudad determinada el sufijo -polis: Heliópolis;
Hermópolis, Diospolis, Apolinópolis, Afroditópolis, Letópolis, Hera-
cleópolis, etc., por tratarse, respectivamente, las ciudades de Helios,
Hermes, Zeus, Apolo, Afrodita, Leto, Heracles, etcétera.
Esta práctica de traducir los nombres de los dioses, unida al con-
vencimiento básico de la existencia de una comunidad intercultural
de los dioses, no era en modo alguno algo inventado por los griegos,
sino que correspondía a la esencia del politeísmo del antiguo
Oriente. De los sumerios hay documentadas listas bilingües y trilin-
gües del siglo III con nombres de/dioses. El documento más extenso
con traducciones babilonias de nombres de divinidades es la gran
lista babilónica de dioses (an-anum). Se trata de una lista bilingüe que
contiene más de 3 ° ° dioses: en una columna figuran los dioses
67
sumerios, y en otra sus equivalentes babilonios . Pero la fuente más
68
interesante de este tipo es la lista anusa ameli, de tres columnas . La

67- R . L . L i t k e , ÁReconstructionoftheAssyro-Babylonian God lists An:Amum, Anusa Ameli, tesis d o c ,

Y a l e , 1958- E x i s t e n i n c l u s o listas t r i l i n g ü e s q u e d a n n o m b r e s d e d i o s e s , a d e m á s d e
e n s u m e r i o y acá d i o , e n e m e s a l ( d i a l e c t o l i t e r a r i o d e l s u m e r i o ) .
68 L i t k e s ó l o o f r e c e u n a t r a n s l i t e r a c i ó n , y s u t e s i s n o está p u b l i c a d a .
496 EGIPTO

primera columna da los nombres sumerios, la segunda los acadios y

la tercera el tertium comparationis, la competencia o función de cada
divinidad. Esta lista hace explícito el procedimiento usado en la tra-
ducción de los nombres de los dioses. El supuesto de la traducción es
que el nombre de un dios no sólo es, como otros nombres propios,
el nombre de una persona, sino también el de una función especí-
fica, el de una atribución o incluso el de un núcleo de cualidades
típicas, lo cual puede funcionar como denominador común con la
divinidad de la otra religión. Q u i e n quiere traducir nombres de dio-
ses debe, conocer estas atribuciones. El saber que aquí se exige es un
fruto específico del politeísmo oriental. El creó las definiciones con-
ceptuales de los dioses, y, con ella, una base o «interfaz» de traduci-
bilidad intercultural. Sobre esta base, la religión de otro pueblo apa-
recía como el menos extraño de los fenómenos.
Pero esto tuvo que haber sido fundamentalmente distinto en el
caso de los persas. La religión zoroástrica de los aqueménidas excluía
categóricamente toda traducibilidad de los dioses egipcios a su
mundo religioso. E n su caso, la otra religión podía ser tolerada, e
incluso protegida, por razones políticas, pero no conectada con la
propia. Por eso no era nada improbable que bajo los persas se llegase
a confrontaciones específicamente religiosas, como las suscitadas por
el dios Seth: destrucción de templos e imágenes de culto y muerte de
los animales sagrados. Las acusaciones griegas y egipcias a este res-
pecto pudieron estar teñidas de tendenciosidad. Pero totalmente
distinto fue lo sucedido en Elefantina. E l j e f e de la colonia militar
judía de Elefantina se apoya, en una nota dirigida al gobernador
persa, en el hecho de que, en su conquista de Egipto, Gambises des-
truyera todos los templos egipcios y sólo respetara el templo judío de
69
Jehu en Elefantina . ¿ C ó m o hay que entender este argumento? N o
ciertamente en el sentido de una acusación. A q u í se apela a una
especie de solidaridad religiosa entre persas y judíos contra los egip-
cios. Esta solidaridad es el punto capital; ella indica que hubo un
conflicto en el terreno de la religión. E n este conflicto, la parte egip-
cia reacciona con los rituales de execración del dios Seth.

69 E . M e y e r , DerPapjrusfundvon Ekphantine, L e i p z i g , 1912, 82. P a p . C 30:13 s . B . P o r t e n ;

Archivesfrom Ekphantine. The Life ofanAncient fewish Military Colony, B e r k e l e y / L o s A n g e l e s ,
1986. P e r o cfr. t a m b i é n al r e s p e c t o G . Burkaro;, 121, 1994, 93-I05 y 122, 1995,
31-37-
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA
497

P e r o las r e a c c i o n e s egipcias p a r e c e q u e n o se q u e d a r o n ahí. E n el

m e n c i o n a d o e s c r i t o al g o b e r n a d o r p e r s a B a g o h i / B a g o a s , J e d o n j a
solicita p e r m i s o f o r m a l p a r a r e c o n s t r u i r el t e m p l o de J a h u , q u e tres
a ñ o s antes había s i d o d e s t r u i d o p o r s o l d a d o s e g i p c i o s , o b e d e c i e n d o
ó r d e n e s d e l g o b e r n a d o r (frataraka) persa V i d r a n g a , y al m a n d o . d e su
h i j o N e f a y a n . L o s sacerdotes de K h n u m de Elefantina, se dice, a p r o -
v e c h a r o n la a u s e n c i a t e m p o r a l d e l sátrapa A r s a m e s / A r s h a m p a r a
i n d u c i r a V i d r a n g a a c o m e t e r esa i n f a m i a . L u e g o , V i d r a n g a , N e f a y a n
y t o d o s l o s c u l p a b l e s f u e r o n e j e c u t a d o s c o n g r a n s a t i s f a c c i ó n d e la
c o m u n i d a d j u d í a , p e r o el t e m p l o n o fue r e c o n s t r u i d o , y la c o m u n i -
dad lleva ya tres a ñ o s de a y u n o . - -
L o q u e los sacerdotes de K h n u m h i c i e r o n c o n t r a los j u d í o s y c o n -
tra el t e m p l o de J a h u se p u e d e a v e r i g u a r p o r o t r o s d o c u m e n t o s . E l
m e m o r á n d u m c o n el p e r m i s o p a r a la r e c o n s t r u c c i ó n d e l t e m p l o
m e n c i o n a la c o m i d a de la o f r e n d a (mincha) y el i n c i e n s o . N ó s e m e n - '•
c i o n a ( l u e g o n o se p e r m i t e ) el h o l o c a u s t o , es d e c i r , q u e el a n i m a l
s a c r i f i c a d o sea q u e m a d o e n el altar. E n o t r o d o c u m e n t o se d i c e
e x p r e s a m e n t e q u e « n o se s a c r i f i q u e n allí c o r d e r o s , t e r n e r o s , cabras
10
[ . . . ] , p e r o sí i n c i e n s o y mincha^ : D e esto s u e l e d e d u c i r s e q u e el
h o l o c a u s t o d e l c o r d e r o pascual fue el o r i g e n del c o n f l i c t o . L o s s a c e r -
d o t e s d e l d i o s K h n ü m , c o n f i g u r a d e c a r n e r o , c u y o t e m p l o era
v e c i n o d e l de J a h u , se. e s c a n d a l i z a r o n d e q u e l o s j u d í o s s a c r i f i c a r á n
u n c o r d e r o . A l l í o c u r r i ó lo que Moisés había previsto que pudiera
o c u r r i r c u a n d o r e s p o n d i ó a la e x i g e n c i a d e l f a r a ó n de c e l e b r a r la
fiesta d e l s a c r i f i c i o e n E g i p t o y n o e n el d e s i e r t o : « N o n o s es l í c i t o
hacerlo, p o r q u e habríamos de ofrecer e n sacrificio a nuestro D i o s ,
Y a h v é , l o q u e a b o m i n a n l o s e g i p c i o s ; si i n m o l a m o s a su vista l o q u e
ellos a b o m i n a n , , n o s a p e d r e a r á n » . ( E x . , 8 : 2 2 ) .

E L M I T O D E LOS LEPROSOS

E l dios Seth, al q u e los rituales de e x e c r a c i ó n r e p r e s e n t a n c o m o e n e -

m i g o r e l i g i o s o , aparece e n fuentes griegas v i n c u l a d o e s p e c i a l m e n t e a
1
los j u d í o s . P l u t a r c o m e n c i o n a e n el c a p í t u l o 3 d e su o b r a Delside et
Osiride u n a fuente, s e g ú n la cual S e t h es el p r i m e r p a d r e de los j u d í o s .
D e s p u é s de su destierro de E g i p t o , a n d u v o fugitivo d u r a n t e siete días,

7° C 33, 10 s.; P o r t e n , Archives,' 292 s.

498 EGIPTO

y l u e g o , ya e n l u g a r s e g u r o , e n g e n d r ó dos h i j o s : H i e r o s o l y m a y J u d á .
E n la f i g u r a del dios S e t h se e n c a r n a n l o s m i e d o s a las fuerzas v i o l e n -
tas del desierto y a la furia d e s t r u c t o r a de los invasores asiáticos y d e l
e n e m i g o r e l i g i o s o q u e mata a los a n i m a l e s sagrados y h u e l l a los m i s -
t e r i o s . U n t e x t o d e m ó t i c o de la é p o c a r o m a n a c o n u n a d e s c r i p c i ó n
p r o f é t i c a de u n f u t u r o caos i n t e r p r e t a las f o r m a s de a p a r e c e r las cala-
71
m i d a d e s y el d e s o r d e n c o m o m a n i f e s t a c i o n e s de S e t h . T a m b i é n este
texto v i n c u l a la f i g u r a d e l dios S e t h a l o s j u d í o s . Y la f i g u r a c o n t r a r i a
a S e t h y a l o s j u d í o s es la d i o s a Isis. L o s j u d í o s s o n c a l i f i c a d o s d e
« q u e b r a n t a d o r e s d e la l e y » (paranomoi), « q u e u n a vez f u e r o n e x p u l -
sados de E g i p t o p o r o r d e n de I s i s » . « A t a c a d a los j u d í o s » , p r o s i g u e
el texto, « p u e s gentes i m p í a s s a q u e a r á n vuestros t e m p l o s » , y « v u e s -
t r o g r a n t e m p l o se c o n v e r t i r á e n arena para l o s c a b a l l o s » . E l m i e d o a
l o s « e x t r a n j e r o s » , « q u e p o b l a r á n esta t i e r r a » y q u e « n o s ó l o d e s -
c u i d a r á n los a n t i g u o s cultos, s i n o q u e l l e g a r á n a p r o h i b i r l o s » ( c o m o
se dice e n el apocalipsis d e A s c l e p i o ) , cristaliza n o e n t o r n o a g r i e g o s y
r o m a n o s c o m o representantes del p o d e r p o l í t i c o , s i n o e n t o r n o a l o s
j u d í o s c o m o r e p r e s e n t a n t e s de u n a r e l i g i ó n extraña. y-
C a b e v e r a q u í variantes d e l « m i t o de los l e p r o s o s » , al q u e ya n o s
r e f e r i m o s c u a n d o tratamos de la c u e s t i ó n relativa a la f u n c i ó n q u e e n
E g i p t o p u d i e r o n h a b e r t e n i d o los r e c u e r d o s d e l a é p o c a de A m a r n a .
A q u í n o s i n t e r e s a m e n o s la c u e s t i ó n d e l i m p u l s o o r i g i n a l q u e p u d o
h a b e r c o n d u c i d o a l a i n v e n c i ó n de esta l e y e n d a q u e las c o n d i c i o n e s e
i n t e r p r e t a c i o n e s bajo las cuales c i r c u l ó , -en diferentes v e r s i o n e s , e n el
E g i p t o h e l e n í s t i c o . S ó l o la v e r s i ó n q u é c u e n t a M a n e t ó n conserva c l a -
ras r e m i n i s c e n c i a s de la e x p e r i e n c i a d e A m a r n a . G o m o ésta n o t e n í a
sitio e n el r e c u e r d o oficial, p u d o c o n v e r t i r s e e n c e n t r o d e cr i s t al i za-
c i ó n de t o d o s a q u e l l o s . r e c u e r d o s y e x p e r i e n c i a s q u e s ó l o se q u e d a b a n
c o n la i m a g e n t e m i b l e del e n e m i g o r e l i g i o s o . Las d e m á s v e r s i o n e s de
la l e y e n d a se r e f i e r e n de la f o r m a m á s i n e q u í v o c a a l o s j u d í o s . L a
n a r r a c i ó n m á s a n t i g u a de esta h i s t o r i a se e n c u e n t r a e n H e c a t e o d e
7 2
A b d e r a . Esta evita (casi) todas las e x p r e s i o n e s a n t i j u d í a s q u e c a r a c -
t e r i z a n a las v e r s i o n e s p o s t e r i o r e s . E ñ H e c a t e o , los a c o n t e c i m i e n t o s
se i n i c i a n c o n u n a p e s t e ; q u e asoló. E g i p t o . L o s e g i p c i o s p i e n s a n q u e
los dioses están e n o j a d o s p o r los muchos, extranjeros-que viven e n
E g i p t o y q u e h a n i n t r o d u c i d o cultos y c o s t u m b r e s e x t r a ñ o s . D e c i d e n

71 P a p . G P J 520, s e g ú n D a v i d F r a n k f u r t e r , Elijah in UpperEgypt, 189-191.

72 H e c a t e o d é A b d e r a , A i g y p t i a k a , apud D i o d o r o , Bibl. Hist. x l , 3.- . —.
 Vi / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 499

e n t o n c e s expulsar a los e x t r a n j e r o s . N o se d i c e c ó m o y d e s d e d ó n d e
l l e g a r o n estos e x t r a n j e r o s a E g i p t o . L o s e x p u l s a d o s f u n d a r o n c o l o -
n i a s , u n a s e n G r e c i a , y otras e n P a l e s t i n a . L a s p r i m e r a s t u v i e r o n
c o m o jefes y guías a D a n a o y a G a d m o , y las s e g u n d a s a M o i s é s , f u n -
d a d o r y l e g i s l a d o r de la c o l o n i a de J e r u s a l é n . M o i s é s p r o h i b e las
i m á g e n e s de dioses, « p o r q u e D i o s n o t i e n e n i n g u n a figura h u m a n a ;
7 3
sólo el cielo q u e c i r c u n d a la tierra es D i o s y S e ñ o r de T o d o » .
M i e n t r a s que M a n e t ó n hace c o m e n z a r esta h i s t o r i a bajo el r e i n a d o
de A m e n o f i s I I I , e n L i s í m a c o , u n h i s t o r i a d o r a l e j a n d r i n o , p r o b a b l e -
7 4
m e n t e d e l siglo I I a . C . , u n a s i t u a c i ó n de carestía m u e v e al rey
B o c h o r i s a c o n s u l t a r el o r á c u l o . B o c h o r i s y A m e n o f i s I I I s o n los dos
reyes q u e , c o m o h e m o s v i s t o , a p a r e c e n e n la t r a d i c i ó n d e la É p o c a
Baja l i g a d o s a p r o f e c í a s : A m e n o f i s c o n la p r o f e c í a d e l a l f a r e r o , y
7 5
B o c h o r i s c o n la p r o f e c í a d e l c o r d e r o . B o c h o r i s da i n s t r u c c i o n e s
para que los templos sean purificados de los « i m p u r o s e impíos»:
(anagnon kai dyssebon) q u e se h a b í a n i n s t a l a d o e n e l l o s , y éstos s o n l o s
j u d í o s , q u e e n esta época e r a n víctimas de la l e p r a y de otras e n f e r m e -
dades y h a b í a n buscado refugio e n los t e m p l o s . B o c h o r i s o r d e n a l u e g o
e c h a r al agua a l o s l e p r o s o s y expulsar al resto al d e s i e r t o . T e n e m o s ,
p u e s , c o m o e n H e c a t e o , a E g i p t o e n u n a s i t u a c i ó n q u e echa a r o d a r la
p i e d r a : el h a m b r e . P e r o , c o m o e n M a n e t ó n , s o n los extranjeros, q u e
l u e g o s o n e x p u l s a d o s , los q u e h a n t r a í d o la e n f e r m e d a d c o n t a g i o s a .
Éstos se r e ú n e n e n t o r n o a « u n tal M o i s é s » , q u e los saca d e l país y les
o r d e n a « n o confraternizar c o n n a d i e (el m o t i v o del la m i s a n t r o p í a y la
76
amida) y destruir t o d o s los t e m p l o s y altares (el cliché del a t e í s m o ) » .
D e l h e c h o de q u e h u b i e r a tantas v a r i a n t e s d e la h i s t o r i a h e m o s de

_ I
73 Cfr.M. S t e m , Greek and Latín Authorson Jews andjudaism, e vols., Jerusalén, I 9 7 4 9 8 4 ,
20-44- T a m b i é n T á c i t o califica el c o n c e p t o j u d í o d e D i o s d e m o n o t e í s t a y a n i c ó -
n i c o : Aegyptiipleraqueanimalia effigiesque compositasvenerantur, Iudaeimentesola unumque numen
inteUigunt: profanos, qui deum imagines mortalibus mateáis in species hominum effingant; summum illud et
aeternumñequeimitabileñequemteriturum,(.Historiae,V, 5-4 S t e r n , II, I 9 y 2 6 ) .
74 L i s í m a c o , Aegyptiaca, apudJosephus, ContraApionem1,304-311; S t e r n , n . ° 158, I, 383-
386. -U: . ^ L V ' . - v • • „ . : '

75 E n T o l o m e o d e M e n d e s , e l r e y b a j o e l c u a l a c o n t e c i ó la. s a l i d a (poreia) d e l o s j u d í o s :
d e E g i p t o g u i a d o s p o r M o i s é s es « A m o s i s » , u n n o m b r e c o n el q u e n o p u e d e r e f e -
r i r s e m á s q u e a A h m o s e , e l r e y q u e e x p u l s ó a l o s h i c s o s ; apud T a t i a n o , Oratio ad Grae-
cos, x x x v i i i , S t e r n n . ° irfia/h, I , 380 s. T a m b i é n A p i ó n s e b a s a e n T o l o m e o , e i g u a l
q u e éste data el É x o d o del r e m a d o d e A h m o s e . • . , .
76 S t e r n , op. cit., I, 3 0 9 . Los judíos aparecen en A p o l o n i o M o l ó n c o m o «atheouskai
misanthropous» ( i m p í o s y m i s á n t r o p o s ) , apud J o s e p h u s F l a v i u s , C A . II, I 4 5 > 148,
;
S t e m , n . ° 49, 154 s. Cfr. t a m b i é n D i o d o r o , B i b l . H i s t . , XX-XXIV-XXXV, 1:3.
 EGIPTO

d e d u c i r q u e nos e n c o n t r a m o s ante las formas típicas de presentarse las

t r a d i c i o n e s orales. L a l e y e n d a a d q u i e r e y cambia su f o r m a a partir de
u n a s cuantas figuras o f ó r m u l a s t í p i c a s . T í p i c a s s o n las p e r s o n a s :
A m e n o f i s y B o c h o r i s , c o m o típicos s o n los h e c h o s narrados: situación
de carestía, consulta d e l o r á c u l o , o de u n sabio, c o m i e n z o de las cala-
m i d a d e s y arreglo final de la s i t u a c i ó n .
E n A p i ó n , c o n t r a q u i e n p r i n c i p a l m e n t e se d i r i g e F l a v i o J o s e f o ,
M o i s é s es u n e g i p c i o d e H e l i ó p o l i s q u e sacó a l o s j u d í o s d e E g i p t o .
L l e g a d o a J e r u s a l é n , « s e sintió o b l i g a d o c o n las costumbres de su país
y e r i g i ó casas h i p e t r a l e s (descubiertas) de o r a c i ó n e n distintas partes
de la ciudad, todas orientadas al este, p o r q u e esa era la o r i e n t a c i ó n e n
H e l i ó p o l i s . E n vez de l o s obeliscos levantó pilares, al p i e de los cuales
se e n c o n t r a b a u n m o d e l o d e e m b a r c a c i ó n . L a s o m b r a proyectada p o r
la estatua s o b r e esta p i s c i n a describía ú r i c í r c u l o a n á l o g o al d e l sol e n
7 7
el c i e l o » . L a d e s c r i p c i ó n d e A p i ó n es la ú n i c a q u e r e n u n c i a al
m o t i v o de l o s otros, y a u n al d é l a irreligiosidad. E l e g i p c i o A p i ó n era el
d i r e c t o r d e l M u s e o de A l e j a n d r í a e n la p r i m e r a m i t a d d e l siglo I d . G .
S u s u c e s o r e n este p u e s t o f u e K a i r e m o n , p r o b a b l e m e n t e e g i p c i o
c o m o é l , q u e m á s t a r d e fue a R o m a c o m o i n s t r u c t o r d e l e m p e r a d o r
7 8
N e r ó n . S u v e r s i ó n d e esta h i s t o r i a se h a l l a c e r c a d e la p r o f e c í a
d e m ó t i c a , e n la q u e Isis r e c o m i e n d a la e x p u l s i ó n de los j u d í o s ( G P L
5 2 0 ) . E n K a i r e m o n , Isis se a p a r e c e e n s u e ñ o s al rey A m e n o f i s y l e
r e p r o c h a la d e s t r u c c i ó n d e u n t e m p l o e n t i e m p o s d e g u e r r a . E l
7 9
escriba Sacerdotal P h r i t i b a n t e s ( « e l s u p e r i o r del t e m p l o » ) le a c o n -
seja aplacar a la diosa h a c i e n d o e n E g i p t o una « l i m p i e z a » de l e p r o -
o 0 0 0
sos. E l rey r e ú n e e n t o n c e s a 2 5 - leprosos y los destierra del país;
L o s j e f e s de l o s l e p r o s o s s o n M o i s é s y J o s é b a j o los n o m b r e s egipcios
de T i s i t h e n y Peteseph. E n Pelusio se r e ú n e n c o n ellos 380.OOO p e r -
sonas d i s p u e s t a s a salir d e E g i p t o , p e r o a las q u e el rey A m e n o f i s
había n e g a d o la salida. T o d o s j u n t o s c o n q u i s t a n E g i p t o , el rey t i e n e
que h u i r a N u b i a , y s ó l o su H i j o y sucesor Ramsés c o n s i g u e expulsar a
los « j u d í o s » a Siria y r e c o n q u i s t a r E g i p t o .
F i n a l m e n t e , T á c i t o o f r e c e e n sus Historiae V, 3 - 5 u n r e s u m e n d e l
8 0
m i t o d e l É x o d o q u e c o m b i n a distintas v e r s i o n e s . E n E g i p t o se h a
77 S t e r n , op. cit, n . ° 164.
78 K a i r e m o n , Aegyptiaca Historia, a ^ u J J o s e p h u s - , C A . I, 2 8 8 - 2 9 2 , S t e r n , n . ° 178, I, 4 1 9 -
21. S o b r e K a i r e m o n cfr. P . W . v a n d e r H o r s t , Chaeremon. Egyptian Priest and Philosopher,
L e i d e n , 1984, e s p . 8 s. y 49 s. •>:••••
79 P3-hrj-tp-hwt-ntr, cfr. R e d f o r d , King-lists, 187, n o t a 98. •
80 S t e r n , n . ° 281, II, 1 7 - 6 3 . '
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 501

d e c l a r a d o u n a e p i d e m i a que causa d e f o r m a c i o n e s c o r p o r a l e s . E l rey

B o c h o r i s c o n s u l t a el o r á c u l o , y éste le d i c e q u e d e b e « l i m p i a r » el
país y expulsar esa raza (genus) a otros países, p u e s los dioses la a b o r r e -
c e n (ut invistan deis). M o i s é s se presenta c o m o g u í a de l o s j u d í o s e x p u l -
s a d o s al d e s i s e r t o , l o s c o n d u c e a P a l e s t i n a y f u n d a J e r u s a l é n . P a r a
p e r p e t u a r su a u t o r i d a d , M o i s é s dota al p u e b l o de u n a n u e v a r e l i g i ó n
o p u e s t a a todas las d e m á s r e l i g i o n e s (novos ritus contrariosque ceterismorta-
libusindidit): « l o s j u d í o s c o n s i d e r a n p r o f a n o t o d o lo q u e p a r a n o s o t r o s
es s a g r a d o ; p o r o t r a p a r t e p e r m i t e n t o d o l o q u e p a r a n o s o t r o s es
t a b ú » (profana illic omnia quae apud nos sacra, rursum concessa apud illos quae nobis
incesta). L o s j u d í o s c o n s a g r a n e n el t e m p l o la estatua de u n , a s n o y le
sacrifican u n c a r n e r o , « a l parecer para burlarse de A m ó n » . E n
T á c i t o , la i n v e n c i ó n de m i t o s c o n t r a d i s t i n t o s alcanza su l í m i t e . T o d o
l o q u e u n o s h a c e n es p r e s e n t a d o c o m o i n v e r s i ó n blasfema de a q u e l l o
q u e p a r a o t r o s es s a g r a d o .
E l h i s t o r i a d o r P o m p e y o T r o g o , q u e e s c r i b i ó ya e n u n a é p o c a de
t r a n s i c i ó n , ofrece u n a m u y detallada d e s c r i p c i ó n , del é x o d o j u d í o q u e
81
c o m b i n a l a v e r s i ó n b í b l i c a c o n el m i t o e g i p c i o . A q u í M o i s é s aparece
c o m o h i j o de J o s é . L o s e g i p c i o s , víctimas de la l e p r a y o t r o s m a l e s , y
a d v e r t i d o s p o r u n o r á c u l o , le e x p u l s a n j u n t o c o n o t r o s l e p r o s o s de
E g i p t o p a r a q u e su e n f e r m e d a d n o c o n t i n ú e p r o p a g á n d o s e . M o i s é s se
lleva los i n s t r u m e n t o s sagrados de los egipcios, y éstos salen e n su p e r -
s e c u c i ó n , p e r o u n a tempestad los obliga a regresar. L l e g a d o a Palestina
tras siete días de c a m i n o ; Moisés declara festivo el s é p t i m o día. R e c o r -
d a n d o q u é su g e n t e fue expulsada de E g i p t o p o r m i e d o a la e x t e n s i ó n
de los c o n t a g i o s , M o i s é s p r o h i b e e l trato c o n extranjeros, u n a o r d e n
q u e iría p o c o a p o c o t r a n s f o r m á n d o s e e n p r o h i b i c i ó n religiosa.
T o d a esta m i t o l o g í a gira alrededor del tema del ultraje religioso. E n
M a n e t ó n , la r e b e l i ó n de los leprosos se dirige e n p r i m e r t é r m i n o c o n -
tra los dioses. S ú cuitó queda prohibido', sus tabúes relativos a los a l i -
m e n t o s son.sistemáticamente violados. L o p r i m e r o q u e hace A m e n o f i s
es p o n e r a salvo las imágenes de los dioses y los animales sagrados. Las
atrocidades de los vandálicos rebeldes las p a d e c e n sobre t o d o los t e m -
p l o s , las i m á g e n e s d e l c u l t o y los a n i m a l e s s a g r a d o s ; s o n actos c u y o
objeto es la visibilidad de los dioses tradicionales. Pues los rebeldes t i e -
n e n u n D i o s invisible y u ñ a r e l i g i ó n invisible. Las versiones egipcias de

81 P o m p e y o T r o g o , Historiae Philippicae, apud Justino, Hist. Phil, Hbri xxxvi E p i t o m a , 1:9 - 3:9 >
Stern, n . ° 137, I, 334-34.2, .
502 EGIPTO

esta historia están marcadas p o r u n a p r e o c u p a c i ó n fóbica p o r la pureza

y el cuidado de lo sagrado e n sus formas visibles —las imágenes d e l culto
y l o s a n i m a l e s s a g r a d o s - . U n a f o b i a q u e s u r g i ó de u n t r a u m a , y este
t r a u m a se refleja e n l o descrito e n la liturgia contra Seth y e n lo q u e las
profecías del alfarero y del c o r d e r o p i n t a n para desgracia d e E g i p t o , y
que las leyendas recogidas p o r H e r ó d o t o d i c e n que h i c i e r o n los persas:
la d e s t r u c c i ó n de los t e m p l o s y las i m á g e n e s del culto, la r e v e l a c i ó n de
los secretos y la m u e r t e de los animales sagrados.
S i de la v e r s i ó n q u e M a n e t ó n o f r e c e de esta h i s t o r i a h i c i m o s u n a
excepción al c o m p r o b a r la presencia e n ella de antiguas tradiciones, que,
consideradas e n su n ú c l e o , se r e m o n t a n a l p e r í o d o de A m a r n a , y a u n
antes del r e i n a d o de A j e n a t ó n , a los tiempos de los hicsos, respecto a las
v e r s i o n e s a q u í c o n s i d e r a d a s n o cabe d u d a de q u e ellas h a b l a n de l o s
j u d í o s ; e n algunas versiones p u e d e n t a m b i é n observarse claras r e f e r e n -
cias a la v e r s i ó n bíblica de esta historia. A estas versiones p u e d e aplicár-
(

82
seles el c o n c e p t o , acuñado p o r A m o s F u n k e n s t e i n , de contra-historia.
P o r eso es instructivo c o n f r o n t a r estas leyendas egipcias d e « l e p r o s o s ^
c o n la v e r s i ó n b í b l i c a d e l É x o d o . L a s i t u a c i ó n difícil c o b r a e n t o n c e s
d o b l e f o r m a : p r i m e r o , c o m o la s i t u a c i ó n d e l o s hijos d e Israel, q u e
c o m o esclavos d e s p r e c i a d o s p o r l o s e g i p c i o s c l a m a n a D i o s , y l u e g o ,
c o m o la s i t u a c i ó n de l o s e g i p c i o s , azotados p o r plagas hasta q u e d e j a n
marcharse a los h e b r e o s . T a m b i é n el É x o d o tiene u n a d o b l e cara: a c o n -
tece tanto e n la f o r m a de la l i b e r a c i ó n c o m o e n la f o r m a d e u n a p e r s e -
c u c i ó n militar. F i n a l m e n t e , el m o t i v o de l a ' c o l o n i a se presenta t a m b i é n
bajo dos f o r m a s : p r i m e r o c o m o c o l o n i z a c i ó n d e l p a í s d e G o s h e n p o r
los hijos de Israel, y c o l o n i z a c i ó n tal c o m o la presenta M a n e t ó n : e n la
f o r m a extrema d e l e s t a b l e c i m i e n t o de u n c a m p o de trabajo y de c o n -
c e n t r a c i ó n , y l u e g o c o m o f u n d a c i ó n de u n p u e b l o sobre los c i m i e n t o s
de la revelación de la ley e n el S i n a í y la legislación de M o i s é s .
L a v e r s i ó n b í b l i c a es e x a c t a m e n t e l o c o n t r a r i o de la e g i p c i a . S i e n
ésta s a l e n m a l p a r a d o s l o s j u d í o s , s e ñ a l a d o s c o m o l e p r o s o s , e n la
bíblica los egipcios aparecen c o m o torturadores y explotadores
i m p í o s . A m b a s v e r s i o n e s se s o s t i e n e n s o b r e u n a fobia. L a e g i p t o f o b i a
j u d í a , a l i m e n t a d a d e l m i t o d e l É x o d o , ve e n el e g i p c i o - al t i r a n o ,
o p r e s o r , h e c h i c e r o e i d ó l a t r a ; la j u d e o f o b i a e g i p c i a , a l i m e n t a d a d e l
m i t o de los l e p r o s o s , ve e n el e x t r a n j e r o j u d í o a P v i o l a d o r de tabúes,

82 A . F u n k e n s t e i n , PerceptionsofjewishHistory', Berkeley', 1993, 32-49¡ D . B i a l e , Gérshom

SchoJem:Kabb.aJaandCoünterhistory, Cambridge, Mass., 1979-
 VI/3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5°3

p r o f a n a d o r de t e m p l o s , b l a s f e m o , a t e o y m i s á n t r o p o . P e r o e n el
s e g u n d o caso se trata, c o m o c l a r a m e n t e se d e s p r e n d e d e l o d i c h o
a n t e r i o r m e n t e , de u n a variante d e l t r a u m a asiático de los e g i p c i o s , y
n o de a l g ú n p a r t i c u l a r a n t i s e m i t i s m o .
E n el m i t o de los l e p r o s o s cristaliza la c o n s t e l a c i ó n de u n a b o r r e -
c i m i e n t o c u l t u r a l m u t u o . L a idolatría y el i c o n o c l a s m o están d i a l é c -
t i c a m e n t e r e f e r i d o s u n o al o t r o . U n o s v e n el h o r r o r de los h o r r o r e s ,
el m a l r a d i c a l , e n u n a r e l i g i ó n i l u s o r i a , e s t a n c a d a y e n r e d a d a e n l o
c r e a d o e i n c a p a z de.avanzar hacia el C r e a d o r . O t r o s v e n l o s p e c a d o s
m á s h o r r i b l e s y l o s m a y o r e s s a c r i l e g i o s e n u n a r e l i g i ó n q u e c o n la
d e s t r u c c i ó n de las i m á g e n e s y la v i o l a c i ó n d e l o s t a b ú e s e l i m i n a el
c o n t a c t o c o n el m u n d o de los dioses, r e n u n c i a n d o así a la b e n d i c i ó n
d e los dioses, la fertilidad de la tierra y la j u s t i c i a e n t r e los h o m b r e s ,
e n s u m a : c o m p r o m e t i e n d o el curso d e b i d o d e l m u n d o . L o q u e e n la
t r a d i c i ó n b í b l i c a es la h i s t o r i a d e l b e c e r r o d e o r o , es e n la t r a d i c i ó n
egipcia el m o t i v o de la matanza de los a n i m a l e s sagrados. L a simetría
es p e r f e c t a . L a a b o m i n a c i ó n d e la i d o l a t r í a n a c e d e l d e s e o d e ser
r e d i m i d o d e l m u n d o , la a b o m i n a c i ó n d e l i c o n o c l a s m o , e n c a m b i o ,
del deseo d e c o n s e r v a r el m u n d o . E l saber de esta r e l a c i ó n n u n c a se
p i e r d e e n la i n t e r p r e t a c i ó n j u d í a de la B i b l i a . L a ley s i e m p r e es i n t e r -
p r e t a d a c o m o i n v e r s i ó n n o r m a t i v a de la i d o l a t r í a , y el e j e m p l o m á s
63
i m p r e s i o n a n t e d e la m i s m a l o t e n e m o s e n la Guía para perplejos d e l
gran filósofo, n o del t o d o o r t o d o x o , R a b b i Moses b e n M a i m ó n
( M a i m ó n i d e s , 1135-1204). ,
T o d o s los m o t i v o s de está historia —el m i e d o a la otra r e l i g i ó n , que
busca la n e g a c i ó n y d e s t r u c c i ó n de la p r o p i a , la sospecha de u n a c o n -
j u r a de sus seguidores c o n los e n e m i g o s exteriores y c o n los leprosos—
r e a p a r e c e n m i l e n i o s m á s t a r d e e n F r a n c i a . E n ciertas c r ó n i c a s d e l
a ñ o I 3 2 I se l e e q u e los l e p r o s o s de t o d a F r a n c i a f u e r o n c a p t u r a d o s y
m u e r t o s p o r habérseles hallado culpables d e l i n t e n t o de acabar c o n la
c r i s t i a n d a d e n v e n e n a n d o p o z o s y fuentes y hacerse así c o n el p o d e r .
E n algunas v e r s i o n e s se cree saber q u e los j u d í o s estaban aliados c o n
los l e p r o s o s . P e r o la m a y o r y más i m p o r t a n t e p a r t e de estas c r ó n i c a s
d a n u n a v e r s i ó n m á s c o m p l e j a . D e t r á s de la c o n j u r a d e l o s j u d í o s y
los l e p r o s o s estaba el rey m u s u l m á n de G r a n a d a . I n c a p a z éste de a c a -
b a r c o n l o s c r i s t i a n o s p o r la f u e r z a , h a b r í a r e c u r r i d o a la astucia y

83 Moses Maimpnides, The GuideofthePerplexed (Dalalatal-ha'irin), trad. de Salomo Pines,

Chicago, 1963.
 504 EGIPTO

o f r e c i d o u n a i n m e n s a s u m a d e d i n e r o a l o s j u d í o s , l o s c u a l e s se
8 4
h a b r í a n s e r v i d o de los l e p r o s o s p a r a ejecutar su p l a n .
G u a n d o , v e i n t i c i n c o a ñ o s d e s p u é s , se d e c l a r ó la peste e n Francia,
el m i e d o g e n e r a l i z a d o n o t a r d ó e n e n c o n t r a r u n d e s a h o g o e n m a s a -
cres de j u d í o s . D e n u e v o se creía e n la c o n j u r a y e n l o s p o z o s y fuentes
e n v e n e n a d o s . L o s l e p r o s o s ya h a b í a n d e s a p a r e c i d o de escena, p o r l o
85
q u e e r a n l o s j u d í o s los c u l p a b l e s de la c a l a m i d a d . ¿ C ó m o e n t e n d e r
esta c o n t i n u i d a d ? G a r l o G i n z b u r g o p i n a q u e la e x t e n s i ó n m e d i e v a l
d e l t r a t a d o de F l a v i o J o s e f o Contra Apionem i n t r o d u j o e n O c c i d e n t e el
m i t o e g i p c i o de l o s l e p r o s o s e h i z o q u e arraigara la a s o c i a c i ó n de los
j u d í o s c o n l o s l e p r o s o s j u n t o a o t r o s t r a d i c i o n a l e s clisés antisemitas,
c o m o e l a s e s i n a t o r i t u a l , e l c u l t o d e l a s n o , etc. P e r o , e n la E d a d
:
M e d i a , sólo se c o n o c í a n d e Flavio J o s e f o las Antiquitates Iudaicae y .el Bellum
86
Iudaicum, d o n d e n a d a se d i c e , d e estas c o s a s . ; P e r o esta h i s t o r i a se
e n c u e n t r a t a m b i é n e n las Historiae de T á c i t o , y fue asimilada p o r h i s t o -
riadores cristianos, c o m o O r o s i o . P o r eso es m u y p o s i b l e q u e existiera
a q u í u n a c o n e x i ó n directa c o n esta t r a d i c i ó n . P e r o la e x p l i c a c i ó n d e l
f e n ó m e n o debe buscarse t a m b i é n e n aspectos más generales, a n t r o p o -
l ó g i c o s y p s i c o h i s t ó r i c o s . S i n d u d a las s o c i e d a d e s d e s a r r o l l a n de
m a n e r a e s p o n t á n e a , bajo c o n d i c i o n e s c o m p a r a b l e s , f o r m a s similares
de histeria de masas, b ú s q u e d a s d e chivos expiatorios,¡obsesiones por
la p u r e z a y m i e d o s a la c o n t a m i n a c i ó n . P e r o n o se p u e d e i g n o r a r q u e
hay t o d a u n a serie de e l e m e n t o s d e l a n t i j u d a í s m o o c c i d e n t a l q u e s ó l o
cabe explicar c o m o survival de u n a f o r m a c i ó n de sentido egipcia q u e se
8 7
r e m o n t a a los t i e m p o s d e l o s persas y los T o l o m e o s .

R I T U A L E S DE E X E C R A C I Ó N Y D E S C R I P C I O N E S DE C A O S

E l i m p u l s o i c o n o c l a s t a o « i d o l o f ó b i c o » n o s es p e r f e c t a m e n t e c o m -
p r e n s i b l e p o r q u e estamos m o d e l a d o s p o r las ideas religiosas y d e sal^

84.' Cfr, G a r l o G i n z b u r g , Ecstasies. DecipheringtheWitches' Sabbath, N u e v a York* 1991 ( i t a l . , Star

ria nolturna, T u r í n , 1989; a l . Hexensabbat, B e r l í n , 1 9 8 9 ) . , c a p . I , 33 s s .
85 G i n z b u r g , op. cit, c a p . 2.
86 H . S c h r e c k e n b a c h , Die FlaviusJosephus Tradition in Antike undMittelalter, L e i d e n , 1972 ¡ ídem¡
Rezeptionsgeschichte und textkritische Untersuchungen zu Flaviusjosephus, L e i d e n , 1977 > G i n z b u r g ,
op. cit, 55, n . 2 0 .
87 Cfr. al r e s p e c t o , h o y p r i n c i p a l m e n t e , P . S c h a f e r , Judacophobia. Reactions againstjews in the
Áncient World, C a m b r i d g e , M a s s . , 1996. •'. . ;
 V I / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA gOg

v a c i ó n de la Biblia-. E n c a m b i o n o s es bastante m e n o s c o m p r e n s i b l e
la a d o r a c i ó n egipcia de i m á g e n e s , d e m o n i z a d a c o m o « i d o l a t r í a » .
E l PapyrusJumilhac, u n m a n u s c r i t o de la dinastía X X X q u e - c o n t i e n e
u n a c o d i f i c a c i ó n d e l s a b e r s a c e r d o t a l , d e s c r i b e la r e l a c i ó n , d o m i -
n a n t e e n la m e n t a l i d a d egipcia de la É p o c a Baja, e n t r e actividad c ú l -
tica y c o n s e r v a c i ó n del m u n d o :

Guando hay pocos panes de ofrenda en sus altares,

ocurre lo mismo en todo el país,
y escasos serán los medios de subsistencia para los vivos.
Si en este lugar las libaciones se interrumpen,
escasa será el agua del Nilo que al crecer entre en su pozo
y la boca de las tortugas se cerrará.
U n año de hambre soportará el país entero-,
1
no habrá ni frutos en los árboles (en el « á r b o l de la v i d a » ) n i
hortalizas.
Si las ceremonias de Osiris se desatienden
a su hora en este lugar...,
el país quedará privado de sus leyes,
los inferiores abandonarán a sus señores,
y no habrá órdenes para la multitud.
Si no se decapita al enemigo que se tiene delante,
en figura de cera, sobre papiro o en figura de madera, c o m o
manda el ritual,
los países extranjeros se alzarán contra Egipto •
. y la guerra civil y la rebelión brotarán en todo el país.
No se obedecerá al rey en su palacio, .
88
.. y el país quedará,privado de su defensa .
..... . . '"" / ' • •,-
E l c u l t o m a n t i e n e el c u r s o d e l m u n d o : e n su a s p e c t o n a t u r a l
c o m o f e r t i l i d a d y a b u n d a n c i a , e n su aspecto s o c i a l c o m o « s o l i d a r i -
8 9
d a d v e r t i c a l » , y e n su aspecto p o l í t i c o c o m o p a z e x t e r i o r e i n t e r i o r
y e f e c t i v i d a d de la a u t o r i d a d f a r a ó n i c a . E n el « m u n d o e s c i n d i d o » ,
las e n e r g í a s c o s m o g ó n i c a s d e j a n de m a n i f e s t a r s e d e m a n e r a p u r a -
m e n t e positiva y d i s p e n s a d o r a de v i d a . Para p o d e r c o n s e r v a r la v i d a ,
d e b e n c o m b a t i r el caos. E l curso del sol d e b e p o r eso ir a c o m p a ñ a d o
e n la tierra de ritos q u e t i e n e n u n s e n t i d o d o b l e : alabar al dios solar

s
88 XVII, 19-XVIII, II ( a b r e v i a d o ) ; J . V a n d i e r , LePajyrusJumilhac, París (1961), 129 -
89 S o b r e e s t e c o n c e p t o , v. m i Ma'at.
5o6 EGIPTO

y c o m b a t i r a A p o p i s . « A c l a m a d a la serpiente U r e u s y e s c u p i d a A p o -
9 0
p i s » , e n s e ñ a el sabio A m e n e m o p e . P e r o las a c l a m a c i o n e s n o b a s -
tan. L a a m b i v a l e n c i a d e l m u n d o e s c i n d i d o se refleja e n estos ritos d e
p r o t e c c i ó n d e l c u r s o solar e n u n a a m b i v a l e n c i a afectiva. E l d i o s s o l
suscita a m o r , éxtasis, a d m i r a c i ó n fascinada; A p o p i s , e n c a m b i o , s u s -
cita o d i o , a b o r r e c i m i e n t o y p u r a furia a n i q u i l a d o r a . U n o d e estos
rituales e x e c r a d o r e s c o n t r a A p o p i s b a l l e g a d o basta n o s o t r o s . S e trata
de u n t e x t o s o r p r e n d e n t e m e n t e l a r g o p a r a la e x t e n s i ó n h a b i t u a l d e
los t e x t o s e g i p c i o s ($2 p á g i n a s d e texto j e r o g l í f i c o a u t ó g r a f o e n la
91
e d i c i ó n de F a u l k n e r ) , y de u n a auténtica o r g í a de v i o l e n t a s fantasías
de a n i q u i l a c i ó n , las cuales n o se d i r i g e n c o n t r a u n e n e m i g o t e r r e n a l ,
p o l í t i c o , s i n o c o n t r a u n a i m a g e n de cera d e l e n e m i g o c ó s m i c o , q u e
es m a l t r a t a d o d e t o d a s las m a n e r a s i m a g i n a b l e s y, f i n a l m e n t e , a n i -
q u i l a d o e n el f u e g o . L a p r i m e r a sentencia es recitada « P a r a e s c u p i r a
A p o p i s » , la s e g u n d a p a r a « T o m a r el a r p ó n y l a n z a r l o c o n t r a A p o -
p i s » , la t e r c e r a p a r a « A t a r a A p o p i s » , la c u a r t a p a r a « T o m a r el
c u c h i l l o y clavárselo a A p o p i s » , la q u i n t a p a r a « P e g a r f u e g o a A p o ; -
p i s » , la sexta p a r a « A r r o j a r a A p o p i s al f u e g o » , etc., e t c . Se trata de
u n a ristra i n t e r m i n a b l e de m a n i f e s t a c i o n e s de o d i o y f u r i a a n i q u i l a -
d o r a c o n t r a el e n e m i g o c ó s m i c o . T o d a ella d e b e r e c i t a r s e p o r la
m a ñ a n a , al m e d i o d í a , p o r la tarde, p o r la n o c h e y a t o d a s h o r a s si se
q u i e r e , n a t u r a l m e n t e t a m b i é n e n las g r a n d e s festividades, e i n c l u s o
e n casos de n e c e s i d a d , es d e c i r , c u a n d o hay t e m p e s t a d , n u b o s i d a d o
t i e m p o r e v u e l t o , o c u a n d o el c i e l o d e l este e n r o j e c e o se levanta u n a
t o r m e n t a . D e esta m a n e r a se p u e d e r e c h a z a r al e n e m i g o d e l s o l y
m a n t e n e r el c u r s o d e l astro.
P e r o t o d o el t e x t o se s u s t e n t a e n t e r a m e n t e s o b r e e l p a r a l e l i s m o '
e n t r e el c o s m o s y el r e i n o . L o q u e el f a r a ó n hace al e n e m i g o d e l sol,
l o h a c e i g u a l m e n t e al e n e m i g o d e l f a r a ó n . « V e n al f a r a ó n , R e , t e r -
m i n a c o n sus e n e m i g o s c o m o él h a t e r m i n a d o c o n A p o p i s y castigado
9 2
a los q u e s o n m a l v a d o s c o n t i g o » ; « M i r a , el f a r a ó n expulsa a t o d o s
tus e n e m i g o s , R e ; e x p u l s a t ú a t o d o s sus e n e m i g o s , v i v o s y m u e r -
9 3
t o s » . T o d a s las o p e r a c i o n e s de los dioses q u e p a r t i c i p a n e n la l u c h a
a sangre y fuego c o n t r a A p o p i s se d i r i g e n al m i s m o t i e m p o c o n t r a l o s

90 p B M 10474, x, 19-20.
91 R . O . F a u l k n e r , . T h e Papjrus Bremner Rhind (b.M.No. 10188), B i b l i o t h e c a A e g y p t i a c a III,
B r u s e l a s , 1933, 4 2 ~ 9 3 -
92 pBMlOl88, 22.4..
93 pBMioi88, 22.6.
 V I / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5°7

e n e m i g o s d e l f a r a ó n . H o r u s t o m a su a r p ó n de b r o n c e p a r a destruir a
9 4
los e n e m i g o s de Re y a los e n e m i g o s del f a r a ó n , y los carniceros
t o m a n su c u c h i l l o para m a t a r a los e n e m i g o s d e R e y p a r a m a t a r a los
9 5
e n e m i g o s d e l f a r a ó n . Es e v i d e n t e q u e este r i t u a l d e a n i q u i l a c i ó n
favorece la « b u e n a m a r c h a » tanto del c o s m o s c o m o de l a p o l í t i c a , y
j u n t o c o n el c u r s o d e l sol m a n t i e n e el g o b i e r n o f a r a ó n i c o . D e ahí el
t e m o r a q u e l o s e n e m i g o s e x t e r i o r e s e i n t e r i o r e s se i m p o n g a n e n el
país si la f i g u r a de c e r a d e l d r a g ó n A p o p i s n o es es m a l t r a t a d a de la
m a n e r a prescrita.
Esta f o r m a d e v i o l e n c i a s i m b ó l i c a j u e g a e n el c u l t o e g i p c i o u n
i m p o r t a n t í s i m o p a p e l , y se vuelve cada vez m á s d o m i n a n t e a m e d i d a
96
q u e crece e n el e g i p c i o la c o n c i e n c i a de la a m e n a z a . C o n la d e m o n i -
z a c i ó n c r e c i e n t e de S e t h , la d i m e n s i ó n p o l í t i c a d e l « e n e m i g o » va
o c u p a n d o el p r i m e r p l a n o . A este Seth i n c l u s o se le llama « e l m e d o » .
L a v i o l e n c i a s i m b ó l i c a practicada e n los rituales d e los t e m p l o s ayuda
al e g i p c i o de É p o c a Baja a asimilar la e x p e r i e n c i a d e l d o m i n i o e x t r a n -
j e r o , es decir, a resolver la disonancia cognitiva q u e h u b o de causar u n
extranjero sentado e n el t r o n o f a r a ó n i c o . E s v e r d a d q u e l o s ritos e r a n
ejecutados de nomine para el rey t o l e m a i c o de t u r n o s e n t a d o e n el t r o n o
y h a c i e n d o de faraón. Mas para los sacerdotes egipcios n o suponía
n i n g u n a dificultad i n s u p e r a b l e el t e n e r q u e i n c l u i r e n la clase de los
e n e m i g o s a los p r o p i o s griegos, el o d i o y el a b o r r e c i m i e n t o a los c u a -
les estos ritos m o d e l a b a n y escenificaban.
E s t o s r i t u a l e s a p o t r o p e i c o s n o s o n n i n g u n a n o v e d a d d e la é p o c a
t o l e m a i c a . S o n rituales tradicionales. L o s m i e d o s q u e c o n d i c i o n a n la
v i s i ó n d e l m u n d o , d e l E g i p t o tardío v i e n e n d e atrás y t i e n e n u n a larga
h i s t o r i a . L o ú n i c o t í p i c o de É p o c a Baja es la i d e a de p o d e r asegurar
la j u s t i c i a c o n e c t i v a c o n los m e d i o s d e l r i t u a l c ú l t i c o .
L a s f u e n t e s q u e hasta a h o r a h e m o s c o n s i d e r a d o —los r i t o s a p o -
t r o p e i c o s , las p r o f e c í a s p o l í t i c a s y las l e y e n d a s s o b r e la e x p u l s i ó n de
l o s leprosos— e x h i b e n t o d a s ellas l o s m i s m o s r a s g o s f ó b i c o s d e esta
f i j a c i ó n obsesiva e n el c u l t o , e n l o q u e la B i b l i a l l a m a « i d o l a t r í a » .
P e r o l o s textos b í b l i c o s q u e h a b l a n d e i d o l a t r í a m u e s t r a n u n a f o b i a
p r o p o r c i o n a l . E l c a p í t u l o 2 8 d e l D e u t e r o n o m i o p i n t a c o n los c o l o -
res más t e r r i b l e s y la f o r m a d e u n a m a l d i c i ó n s o l e m n e l o q u e s u c e -

94 Ibid.,2,.
95 H>¡d-> 4-
96 Cfr. H . B r u n n e r , « G e f á h r d u n g s b e w u f i t s e i n » , é n L A l I , 479-483.
 5o8 EGIPTO

d e r á si Israel es i n f i e l a la alianza, y el m a n d a m i e n t o más i m p o r t a n t e

de esta a l i a n z a es la a b s t e n c i ó n d e la i d o l a t r í a e n c u a l q u i e r a de sus
f o r m a s . S o b r e l a v i s i ó n israelita d e l m u n d o y de la h i s t o r i a se c i e r n e ,
t a n t o c o m o s o b r e la e g i p c i a , el n e x o fatal e n t r e l a i n f i d e l i d a d y la
c a t á s t r o f e . L a h i s t o r i a d e l b e c e r r o d e o r o g r a b a e n la m e n t e d e l
j u d í o l a i d e a d e la i n f i d e l i d a d q u e a q u í i m p o r t a . E n a q u e l
m o m e n t o , el m u n d o estuvo r e a l m e n t e e n j u e g o . Lapericopé ( E x . , 3 2 )
f o r m a la l e c t u r a de la T o r a e n el J o m K i p p u r , el día d e la r e c o n c i -
l i a c i ó n , q u e h a c e p o s i b l e q u e el m u n d o c o n t i n ú e e x i s t i e n d o p o r l o
menos u n año más.
E l b e c e r r o de o r o es el m i s m o b u e y A p i s d e l q u e e n la Crónica demó-
tica se d i c e : •

Apis, Apis, Apis

es decir: Ptah, Phre, Harsiesis,
que son los señores de los reinados.

A s í de a s o m b r o s a es la c o r r e s p o n d e n c i a entre la Crónica demótica y la

i n t e r p r e t a c i ó n b í b l i c a de la historia, y así d e claras a p a r e c e n las d i f e -
rencias e n esta c o n t r a p o s i c i ó n de idolatría e i c o n o c l a s m o . Las r e v u e l -
tas egipcias estallan c u a n d o el culto está amenazado' p o r la desatención
estatal. E n J u d e a , las revueltas se p r o d u c e n p o r m o t i v o s exactamente
inversos: cuando gobernantes c o m o A n t i o c o I V Epifanes quieren
i n t r o d u c i r c u l t o s e x t r a ñ o s p o r l a fuerza. Y a e n la p a r t e h i s t ó r i c a d e l
D e u t e r o n o m i o se atribuye, el a l e j a m i e n t o , típico e n los reyes, de la ley
y d e ! c a m i n o de D i o s n o a d e m a s i a d o p o c a , s i n o a d e m a s i a d a « r e l i -
g i ó n » , a l a i n t r o d u c c i ó n de c u l t o s e x t r a ñ o s . L o q u e « d e s a g r a d a » a
Y a h v é n o es la p a r q u e d a d e n sacrificios y fiestas, s i n o la i n t r o d u c c i ó n
de usos « p a g a n o s » y la vuelta al b e c e r r o d e o r o . L a fobia de Israel se
centra e n la idea d e a d o r a r a falsos dioses; la de E g i p t o , e n c a m b i o , a
la de d e s c u i d a r el culto de u n o solo de los dioses,
i A la vista d e estas r e l a c i o n e s , n a d a p a r e c e h a c e r m e n o s j u s t i c i a a
la m e n t a l i d a d e g i p c i a q u e la t a n f r e c u e n t e i n t e r p r e t a c i ó n p u r a m e n t e
m a t e r i a l i s t a d e las m i s m a s : e n estos m i e d o s n o h a y q u e v e r s o l a -
m e n t e las p r e o c u p a c i o n e s d e u n a casta s a c e r d o t a l p a r a s i t a r i a q u e
t e m e p o r sus p r e b e n d a s . N a t u r a l m e n t e , t a m b i é n e n t r e los s a c e r d o -
tes t u v o q u e h a b e r e s p í r i t u s m e z q u i n o s a l o s q u e a n t e t o d o les
i m p o r t a b a la s e g u r i d a d d e la i n s t i t u c i ó n d e las o f r e n d a s , d e la q u e
ellos y sus familias v i v í a n . P e r o la s e m á n t i c a de esta p r á c t i c a hay q u e
buscarla e n otra parte. ¿ P o r qué creían que los egipcios los dioses,
 V I / 3 . L A CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA ¿Op,

c o n l o s q u e a t o d a costa d e s e a b a n estar e n c o n t a c t o , s ó l o les e r a n

accesibles a través de i m á g e n e s y a n i m a l e s s a g r a d o s ?
S e g ú n la i d e a egipcia, los dioses están l e j a n o s y o c u l t o s , p e r o hay
d o s f o r m a s e n las q u e están p r e s e n t e s e n la t i e r r a : e n la f o r m a de la
h a b i t a c i ó n y e n la f o r m a de la e n c a r n a c i ó n . E n la r e l i g i ó n clásica, la,
e n c a r n a c i ó n se realiza p r i n c i p a l m e n t e e n el f a r a ó n : e n él se e n c a r n a
el dios H o r u s , el cual se i m p l i c a e n la historia c o m o ú l t i m o m i e m b r o
de la dinastía de los dioses. L a f o r m a de la h a b i t a c i ó n es realizada p o r
las i m á g e n e s d e l o s d i o s e s . Este a s p e c t o d e la p r e s e n c i a d i v i n a pasa
a h o r a a o c u p a r el p r i m e r í s i m o p l a n o e n el c u l t o y la t e o l o g í a de los
e g i p c i o s , y hasta e n c u e n t r a u n a f o r m u l a c i ó n t e ó r i c a . P o r los textos
c o r r e s p o n d i e n t e s n o s e n t e r a m o s de q u e los egipcios se r e p r e s e n t a b a n
el c o t i d i a n o h a b i t a r l o s d i o s e s e n sus i m á g e n e s c u a l u n a u n i ó n de
« b a » e « i m a g e n » d e s p u é s de q u e el « b a » desciende d e l c i e l o y
entra e n la i m a g e n de culto q u e se halla e n el t e m p l o . L a f o r m a « b a »
d e l d i o s d e E d f ú , p o r e j e m p l o , es el d i s c o s o l a r a l a d o l l a m a d o
« A p i » . « E n c u a n t o A p i llega al cielo cada día para v e r su copia e n su
s a n t u a r i o , se p o s a e n su estatua; él se u n e a sus i m á g e n e s (de l o s
97
relieves), y su c o r a z ó n está c o n t e n t o e n su c a p i l l a » ' ; « e l e s p l é n d i d o
A p i b r i l l a eri las m o n t a ñ a s d e l este p a r a u n i r s e a su i m a g e n e n
9 8
E d f ú » ; « T u b a e n el cielo contacta c o n su i m a g e n , y el u n o se u n e
99
a la otra, su r e p r e s e n t a n t e » .
Si se q u i e r e r e d u c i r la t e o l o g í a de estos textos tardíos a u n a b r e v e
f ó r m u l a , p o d r í a llamársela « t e o l o g í a de la h a b i t a c i ó n » . Esta t e o l o -
gía se f u n d a e n la idea de q u e c o n los m e d i o s d e l l e n g u a j e y el r i t u a l
se p u e d e c o n s e g u i r q u e l o s l e j a n o s y o c u l t o s p o d e r e s d e l c i e l o , d e l
m u n d o i n f e r i o r , d e l p a s a d o y d e l f u t u r o h a b i t e n e n el a q u í y a h o r a
del t e m p l o . Ello requiere constante d e d i c a c i ó n y u n esfuerzo que
n u n c a decaiga. E l t e m p l o es l u g a r de c o n t i n u a s v e n i d a s y r e u n i o n e s .
E l c o n c e p t o del « h a b i t a r » aparece a q u í e n u n a f o r m a d i n a m i z a d a y
d r a m a t i z a d a . M a ñ a n a tras m a ñ a n a « d e s c i e n d e » el d i o s , « m i r a » y
« e n t r a » e n su casa y se « u n e » a sus i m á g e n e s , p e r o t a m b i é n n o c h e
1 0 0
tras n o c h e «va a d e s c a n s a r » y « d u e r m e » e n su t e m p l o . E l t e m p l o
n u n c a está v a c í o d e su p r e s e n c i a , p u e s c o n s t a n t e m e n t e v a ' a é l . L o s

97 D . K u r t h , Treffpunkt der Gotten Inschrijien aus dem Tempe! des Horus vonEdfu, Z ú r i c h , I994i 8 l .
98 Kurth, Treffpunkt,277.
99 K u r t h , Treffpunkt, 175.
100 P o r e j e m p l o K u r t h , Treffpunkt, 124-
 EGIPTO

p i l ó n o s s o n c o m o a n t e n a s y p u n t o s d e aterrizaje: a e l l o s « l l e g a » el
1 0 1
d i o s e n f i g u r a d e h a l c ó n o d e F é n i x , p e r o t o d o el t e m p l o , j u n t o
c o n los ritos e n él p r a c t i c a d o s , aparece c o m o u n a ú n i c a o r g a n i z a c i ó n
destinada a i m p e d i r q u e alguna vez cese la afluencia de l o s dioses.
E n el caso d e l h a l c ó n v i v o , el a n i m a l sagrado de E d f ú , la h a b i t a -
c i ó n es ya e n c a r n a c i ó n . E l d i o s de E d f ú se e n c a r n a e n u n a n i m a l
s a g r a d o , q u e el s a c e r d o t e r e c o n o c e p o r su f o r m a y c o l o r ( t a m b i é n
p a r a esto hay u n r i t u a l ) , y e n esta e n c a r n a c i ó n r e n u n c i a al p o d e r y la
g r a n d e z a q u e los h i m n o s le alaban. Se s o m e t e a las leyes y los p e l i g r o s
d e este m u n d o , de l o s cuales la e j e c u c i ó n c u i d a d o s a e i n c e s a n t e d e
p o t e n t e s ritos t i e n e q u e p r o t e g e r l e . P r o t e g i e n d o al d i o s e n c a r n a d o ,
los ritos a la vez p r e s e r v a n al rey y a t o d o el país del i n f o r t u n i o , p u e s
c o n su e n c a r n a c i ó n el dios u n e su d e s t i n o al del país. C o n la e n c a r -
n a c i ó n e n a n i m a l e s s a g r a d o s y c o n la p r e s e n c i a e n i m á g e n e s y r i t o s
s a g r a d o s , l o d i v i n o se i n t r o d u c e m u y a d e n t r o e n el m u n d o d e l o s
h o m b r e s , mas n o para « r e d i m i r l o » , sino para m a n t e n e r l o en su
c u r s o . L a « a f l u e n c i a de d i o s e s » aparece c o m o u n a energía que
a n i m a a las estatuas y se hace c a r n e e n los a n i m a l e s sagrados.
L a e n e r g í a a q u í p r o d u c i d a p a r a m a n t e n e r el m u n d o en su c u r s o
resulta de l a p r o d u c c i ó n de c o n t a c t o o « c ó n e c t i v i d a d » . C o n la d i s -
p o s i c i ó n de" sus espacios, c u b i e r t o s t o d o s .de i n s c r i p c i o n e s e i m á g e -
n e s , y c o n l o s r i t o s q u e e n él se e j e c u t a n , el t e m p l o d e b e g a r a n t i z a r
a n t e t o d o u n a c o s a : la c o n e x i ó n d e l o s e p a r a d o y l a p r o d u c c i ó n d e
s e n t i d o y s a l v a c i ó n m e d i a n t e la m a g i a c o n e c t i v a . S e trata d e u n a
f o r m a de m a g i a c o o p e r a t i v a o m a g i a c o n e c t i v a cuyo m e d i o es la p a l a -
b r a , la i m a g e n , la a c c i ó n sacra y la a r q u i t e c t u r a , e n s u m a : t o d a s las
f o r m a s s i m b ó l i c a s e n todas sus e x p r e s i o n e s c u l t u r a l e s . L a i d e a de la
j u s t i c i a c o n e c t i v a a d o p t a a q u í la f o r m a de la « p i e d a d c o n e c t i v a » .
H a y u n breve texto g r i e g o p r o c e d e n t e de E d f ú q u e r e s u m e a d m i -
r a b l e m e n t e . el p r i n c i p i o c o n e c t i v o al q u e n o s e s t a m o s r e f i r i e n d o :
« ¡ C o n la f u e r z a (hatos), o h rey, c o n l a f u e r z a , o h h a l c ó n , h a z , o h
dios sol, q u e la llama gire c o n r á p i d o s c o r c e l e s ! » . E l c u l t o del a n i m a l
s a g r a d o , el p o d e r p o l í t i c o d e l rey y la e n e r g í a c ó s m i c a d e l c u r s o d e l
sol se j u n t a n a q u í e n u n t r i á n g u l o de fuerzas.
E l t e m p l o es el l u g a r de esta p r a x i s c o n e c t i v a , y su m e d i o el l e n -
guaje. L o s textos q u e c u b r e n sus m u r o s n o s ó l o r e p r o d u c e n las r e c i -
taciones cúlticas q u e r e s u e n a n e n sus r e c i n t o s , sino q u e t a m b i é n d e s -

IOI K u r t h , Treffpunkt, 276-280.

 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5 1 1

c r i b e n y e x p l i c a n el t e m p l o y su t e o l o g í a . E n el l i b r o I d e l o s R e y e s
(6-8), la B i b l i a d e s c r i b e la e d i f i c a c i ó n y c o n s a g r a c i ó n d e l t e m p l o de
S a l o m ó n , y n o h a n sido pocos los intentos de r e c o n s t r u c c i ó n del
t e m p l o basados e n esta d e s c r i p c i ó n . E n e n t e m p l o de E d f ú y e n otros
t e m p l o s egipcios d e la é p o c a g r e c o r r o m a n a p o d e m o s c o m p a r a r d e s -
c r i p c i o n e s m u c h o más extensas y detalladas de los m i s m o s c o n su r e a -
l i d a d a r q u i t e c t ó n i c a . P e r o de estos textos se d e s p r e n d e a l g o m á s : el
t e m p l o y t o d o l o q u e e n él a c o n t e c e n o es otra cosa q u e la r e a l i z a c i ó n
exacta d e lo e x p r e s a d o p o r m e d i o del l e n g u a j e , y c o n c r e t a m e n t e d e l
l e n g u a j e e s c r i t o . E n su o r g a n i z a c i ó n , su d e c o r a c i ó n y su f u n c i o n a -
m i e n t o se atiene d e la f o r m a más exacta a los escritos sagrados, a los
cuales se hace r e f e r e n c i a c o n u n a e x p r e s i ó n m u y p a r t i c u l a r y s i g n i f i -
cativa. A estos escritos se les l l a m a los « b a s d e R e » , q u e p o d r í a m u y
b i e n traducirse p o r la « e n e r g í a d e l s o l » . L o s escritos sagrados c o d i -
fican la fuerza c o n s e r v a d o r a d e l m u n d o a t r i b u i d a a l s o l , el t e m p l o la
traslada a la p r a x i s t e r r e n a l y l o s textos f i j a n el t o d o de u n a m a n e r a
c o m p r e n s i b l e p a r a n o s o t r o s a u n a través d e m i l e n i o s y a b i s m o s d e
extrañeza c u l t u r a l .

EL.SACERDOCIO C O M O FORMA DE VIDA

Y a al final del R e i n o N u e v o p o d e m o s observar e n el t e m p l o de K a r n a k

la p r e s e n c i a de v i v i e n d a s p a r a l o s s a c e r d o t e s . E n el T e r c e r P e r í o d o
I n t e r m e d i o se g e n e r a l i z ó la c o s t u m b r e d e q u e l o s sacerdotes v i v i e r a n
d e n t r o d e los m u r o s d e l t e m p l o . Y así, estos m u r o s n o s ó l o e n c e r r a -
b a n la actividad cúltica, sino t a m b i é n u n a f o r m a d e vivir. P e r o la d i f e - ,
r e n c i a d e esta f o r m a d e vida c o n las d e l resto d e l o s e g i p c i o s , y sobre
t o d o c o n las e x t r a n j e r a s , n o s ó l o la s e ñ a l i z a l o s m u r o s d e l t e m p l o .
T a m b i é n la m a r c a n ciertas r e g l a s . e s p e c i a l e s d e v i d a , q u e R o b e r t L .
M e y e r h a l l a m a d o e n su tesis d o c t o r a l de H e i d e l b e r g , a q u í varias veces
citada, la « T o r a e g i p c i a » . Esta d e n o m i n a c i ó n a l u d e a las reglas a las
q u e l o s s a c e r d o t e s t i e n e n q u e s o m e t e r s e y q u e c o n e c t a n las n o r m a s
rituales de p u r e z a c o n m á x i m a s m o r a l e s . Tales reglas estaban escritas
e n los pasillos q u e se abrían tras las puertas p o r las q u é los sacerdotes
d i a r i a m e n t e e n t r a b a n e n el t e m p l o . P e r o ellas c o n s t i t u í a n t a m b i é n
p a r t e de u n acervo m u c h o más a m p l i o de saber q u e era a d m i n i s t r a d o
p o r los s a c e r d o t e s . L a f i j a c i ó n escrita d e este a c e r v o f o r m a b a u n a
p e q u e ñ a b i b l i o t e c a de l i b r o s q u e c o d i f i c a b a n t o d o el saber relevante.
 $12 EGIPTO

C l e m e n t e d e A l e j a n d r í a n o s ha d e j a d o u n a d e s c r i p c i ó n de esta
b i b l i o t e c a . H a b l a d e 4 2 l i b r o s i m p r e s c i n d i b l e s (pany anankaion) q u e
constituían el f o n d o básico de u n a biblioteca de templo y que los sacer-
dotes p o r t a b a n e n p r o c e s i o n e s , y t o d o s ellos escritos p o r T h o t h - H e r -
mes. L a p r o c e s i ó n de l i b r o s d e q u e i n f o r m a C l e m e n t e es u n o de los
I0S!
típicos «rituales intelectuales» ( B e r n h a r d L a n g ) . Este c a n o n se arti-
103
cula e n diferentes secciones de a c u e r d o c o n el o r d e n de la p r o c e s i ó n :

El cantor porta:
I libro con himnos a los dioses
I libro con el informe sobre la vida del rey
El horoskopos porta:
4 libros astrológicos
—sobre el orden de las estrellas fijas
—sobre la posición del sol, la luna y los cinco planetas .
—sobre las conjunciones y las fases del sol y la luna
—sobre las horas de salida de las estrellas
El hierogrammateus porta: " -
IO libros jeroglíficos sobre cosmografía y geografía, sobre Egipto
y el N i l o , construcción de templos, propiedades de los templos y
aprovisionamiento y organización de los templos
El stolistes porta: í v
IO libros sobre educación y arte de las ofrendas, que tratan de
sabiduría y piedad, ritos de las ofrendas,'ofrendas primiciales,
himnos, oraciones, procesiones y fiestas ¡
10
El profeta * porta: ¡
IO libros hieráticos sobre leyes, dioses y la formación sacerdotal
103
entera . ' • • -, -

H a s t a a q u í , la lista está o r d e n a d a de f o r m a climáctica. E l p r o f e t a

t i e n e el r a n g o s u p r e m o , el estolista el s e g u n d o , el h i e r o g r á m a t o el
t e r c e r o , etcétera.

102 B e r n h a r d L a n g ( e d . ) , Das tanzende Wort. Intellektuelle Rituale ¡mReligionsvergleich, Munich,

I98é-
c
103 C l e m e n t e d e A l e j a n d r í a , S t r o m . v i , c a p . IV, 3 5 - 1 - 3 7 » fr- G . F o w d e n , The Egyptian Her-
mes. A HistoricalApproachto the Late Pagan Mind, C a m b r i d g e , 1986, 58 s.
104 E l t í t u l o g r i e g o d e prophetes t r a d u c e e l t í t u l o e g i p c i o d e hm-ntr, «servidor divino» =
s u m o s a c e r d o t e , y n o t i e n e , p o r t a n t o , n a d a q u e ver c o n el c o n c e p t o h e b r e o d e
profeta. '. •
105 El sacerdote de m a y o r rango porta los libros m á x i m a m e n t e pertinentes, p r o b a b l e -
m e n t e p o r q u e él es e l ú n i c o q u e t i e n e a u t o r i d a d y c o m p e t e n c i a p a r a i n t e r p r e t a r l o s .
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5*3

H a y a d e m á s , s e g ú n C l e m e n t e , seis libros m é d i c o s : sobre las partes

del c u e r p o , sobre e n f e r m e d a d e s , sobre ó r g a n o s , s o b r e drogas, sobre
e n f e r m e d a d e s oculares y sobre e n f e r m e d a d e s g i n e c o l ó g i c a s .

L o s catálogos c o r r e s p o n d i e n t e s a las b i b l i o t e c a s d e l o s t e m p l o s de
E d f ú y T o d , q u e h a n l l e g a d o hasta n o s o t r o s , así c o m o o t r o s hallazgos
106
diversos, c o n f i r m a n esta a r t i c u l a c i ó n . L a t e n d e n c i a a la d e l i m i t a -
c i ó n y la n o r m a t i v i d a d es c l a r a m e n t e a p r e c i a b l e e n s u o r g a n i z a c i ó n ,
t a m b i é n e n l o relativo al n ú m e r o sagrado 4 2 , q u e es el d e n o m o s de
e s
E g i p t o , igual e n la b i b l i a h e b r e a el n ú m e r o 2 2 , o el 2 4 > el de letras
h e b r e a s y a r a m e a s . L a f o r m a y e s t r u c t u r a d e u n c a n o n excluye toda,
a r b i t r a r i e d a d . L o s 4 2 n o m o s y las 2 2 ó 2 4 letras s o n s í m b o l o s d é l a
t o t a l i d a d , f ó r m u l a s del m u n d o , si se q u i e r e . A l realizar el canon,esta
f ó r m u l a d e l m u n d o , se c o n v i e r t e e n el m u n d o e n f o r m a d e l i b r o .
T a m b i é n la B i b l i a h e b r e a m u e s t r a t o d o s los rasgos d e u n a b i b l i o -
teca m a n u a l y d e t r a b a j o « i m p r e s c i n d i b l e » . L a B i b l i a es antes q u e
nada u n a biblioteca r e u n i d a e n u n l i b r o . E n su f o r m a canónica y
d e f i n i t i v a se l i m i t a a tres s e c c i o n e s : T o r a , p r o f e t a s y e s c r i t u r a s - ( e n
o r d e n a n t i c l i m á c t i c o ) . C i e r t o q u e la e x t e n s i ó n o r i g i n a l d é l a b i b l i o -
1 0 7
teca d e Q u m r a n , c o m o la d e la b i b l i o t e c a de T e b t y n i s , se estima e n
a p r o x i m a d a m e n t e 1 . 0 0 0 rollos, cantidad que parece considerable,
p e r o e n c u a n t o al c o n t e n i d o t a m b i é n a q u í es b a s t a n t e e v i d e n t e el
carácter d e b i b l i o t e c a d e trabajo frente al de b i b l i o t e c a d e c o l e c c i ó n .
B r i a n S t o c k h a l l a m a d o a l o s m o v i m i e n t o s h e r é t i c o s d e la E d a d
M e d i a q u e f u n d a b a n su p e c u l i a r i d a d e n la r e f e r e n c i a a u n a litera-
t u r a a d m i n i s t r a d a p o r ellos m i s m o s « c o m u n i d a d e s t e x t u a l e s » ( t a -
108
túa/ communín'es.) . M u c h o s d e l o s s i g n o s d i s t i n t i v o s d e estos m o v i -

• .' .: . ... , ,•,'/' , . 'i..;-.• [/•.

106 S ó b r e l o s c a t á l o g o s ele l i b r o s , cfr. Ai. G r i m m , « A l t á g y p t i s c h e T e m p e l l i t e r a t u r . Z u r
G l i e d e r u n g u n d F u n k t i ó n d e r B ü c h e r k a t a l o g e . v o n E d f u u n d e t - T o d » , e n SAK, s u p l .
. 3, 1988, l68s. R e d f o r d , Kinglists, 214 ss. D e Tebtynis p r o c e d e n , p o r e j e m p l o , textos
rituales, h i m n o s a los dioses, libros cosmográficos y geográficos, astronomía, magia,
textos sapienciales, l i b r o s d e s u e ñ o s , m e d i c i n a , libros s o b r e la a d m i n i s t r a c i ó n d e los
t e m p l o s , o n o m á s t i c a s , y o t r a s m a t e r i a s ( W . J . T a i t , Papyrifrom Tehtunis in Egyptian and in
Greek, L o n d r e s , .1977> E . R e y m o n d , From the contents ofthe Librairies of the Suchos Temples in the
Fayyum 2.from ancient Egyptian Hermetic Writings, V i e n a , 1977> F o w d e n , The Egyptian Hermes).
G . B u r k a r d , « B i b l i o t h e k e n i m A l t e n Á g y p t e n » , e n Bibliothek-Forschung und Praxis 4.
_II
Heidelberg, 1980, 7 9 5 - D e l m i s m o autor, «Literarische Tradition u n d historis-
c h e R e a l i t a t » , e n J ^ Í S 121, 1994,.93-IO6.
107 H . S t e g e m a n n , DieEssener, Qumran, Johannes der Taufer und Jesús, F r i b u r g o , 19943»
108 B r i a n S t o c k , « T e x t u a l C o m m u n i t i e s » , e n The Implications ofLiteracy. Writien Language and
Modelsoflnterpretation intheEleventh andTwelfih Centuries, P r i n c e t o n , 1983, 88-240.
 EGIPTO
514

m i e n t o s de l o s s i g l o s XI y XII, q u e este a u t o r h a r e s a l t a d o , se
e n c u e n t r a n ya e n la c o m u n i d a d de Q u m r a n y e n n u m e r o s a s a g r u -
p a c i o n e s s e m e j a n t e s , c o m o las d e ó r n e o s , p i t a g ó r i c o s , g n ó s t i c o s ,
c r i t i a n o s p r i m i t i v o s , h e r m é t i c o s , e t c . , q u e e n el h e l e n i s m o y e n la
a n t i g ü e d a d t a r d í a se c o n f i g u r a b a n t í p i c a m e n t e s o b r e l o s c i m i e n t o s
109
de u n a l i t e r a t u r a n o r m a t i v a . L o característico de u n a textual commu-
nity era, p o r u n l a d o , la s i g n i f i c a c i ó n de u n t e x t o b á s i c o , c a p a z d e
d e f i n i r su i d e n t i d a d , y, p o r o t r o , la e s t r u c t u r a de a u t o r i d a d y j e f a -
t u r a r e s u l t a n t e de la c o m p e t e n c i a e n el trato c o n t e x t o s . A q u í c o n -
v e r g í a n la c o m p e t e n c i a f i l o l ó g i c a y la c o m p e t e n c i a p o l í t i c a . L a j e f a -
t u r a c o r r e s p o n d í a al q u e p o s e í a el m a y o r c o n o c i m i e n t o y la
i n t e r p r e t a c i ó n más c o n v i n c e n t e de los textos.
¿ P o d e m o s c o m p a r a r la f o r m a de v i d a sacerdotal de la É p o c a Baja
e n E g i p t o a esta c o m u n i d a d t e x t u a l ? L a c o m p a r a c i ó n s ó l o p o d r á
t e n e r u n a v a l i d e z p a r c i a l . E n p r i m e r l u g a r falta el r a s g o de la d i s i -
1
d e n c i a ; L o s sacerdotes n o c o n s t i t u í a n n i n g u n a secta, n o se s e g r e g a -
b a n de u n a c u l t u r a mainstream, r e p r e s e n t a b a n a la r e l i g i ó n o f i c i a l . S u
n e c e s i d a d de d i s t i n c i ó n e s p i r i t u a l t e n í a o t r o s m o t i v o s . E v i t a b a n e l
c o n t a c t o c o n extrajeros e i m p u r o s , se esforzaban p o r llevar u n a vida
e s c r u p u l o s a m e n t e fiel a las reglas y d e d i c a b a n t o d o su t i e m p o al culto
d i v i n o , la m e d i t a c i ó n y la c o n s e r v a c i ó n de l o s e s c r i t o s . P o r eso
d e b í a n m a n t e n e r s e f u e r a de l o s a s u n t o s m u n d a n o s . A d e m á s —y este
m o t i v o es q u i z á el q u e m e j o r e x p l i c a su n e c e s i d a d dé distinguirse—,'
los sacerdotes de la É p o c a Baja se c o n s i d e r a b a n la élite social e i n t e -
l e c t u a l de E g i p t o . L o s s a c e r d o t e s p r o f e s a b a n u n m a r c a d o e l i t i s m o ,
e s p e c i a l m e n t e e n la é p o c a g r i e g a , c u a n d o ya n o h a b í a n i n g ú n c a r g o
e g i p c i o e q u i p a r a b l e o i n c l u s o s u p e r i o r al suyo, y ellos r e p r e s e n t a b a n
la élite de n a c i m i e n t o f r e n t e a l o s g r i e g o s . T o d a élite se s u s t e n t a e n
u n a n e c e s i d a d de d i s t i n c i ó n frente a l o s otros, y u n a f o r m a típica de
m a r c a r tal d i s t i n c i ó n es la s i m p l i f i c a c i ó n d e la f o r m a de v i d a , q u é es
e r i g i d a e n u n arte d i f í c i l de a p r e n d e r . E ñ r e a l i d a d h a y q u e h a b e r
n a c i d o e n ella p a r a d o m i n a r l o p o r e n t e r o . T a l es el p r i n c i p i o de t o d a
a r i s t o c r a c i a . E n E g i p t o , este arte t o m a u n a f o r m a p a r t i c u l a r m e n t e
literal: el c o n o c i m i e n t o de l o s l i b r o s , el d o m i n i o de la e s c r i t u r a y el
v i r t u o s i s m o e n el trabajo de T h o t h . D e ahí q u e su f o r m a de v i d a se
asemeje a la de u n a c o m u n i d a d textual; P e r o n o d e b e m o s olvidar —y

109 Cfr. al r e s p e c t o E . P . S a n d e r s , Jewish and Christian Self-Definition, P h ü a d e l p h i a , 1980, 1981

y 1984.
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL D E L OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5^5

esto c o n s t i t u y e la s e g u n d a d i f e r e n c i a i m p o r t a n t e r e s p e c t o de las
c o m u n i d a d e s textuales e n s e n t i d o estricto— q u e sus m i s i ó n vital más
i m p o r t a n t e n o la v e í a n e n la c o n s e r v a c i ó n de la t r a d i c i ó n escrita y la
i n t e r p r e t a c i ó n de l o s textos s a g r a d o s , s i n o e n la e j e c u c i ó n d e l o s
r i t o s . L o s textos p r o p o r c i o n a b a n s o l a m e n t e , p e r o e n g r a n m e d i d a ,
los f u n d a m e n t o s n e c e s a r i o s p a r a la e j e c u c i ó n d e esos r i t o s . E s t o s
e n c e r r a b a n o b i e n las recitaciones y las i n s t r u c c i o n e s rituales, o b i e n
el saber f u n d a m e n t a l , c o m o , p o r e j e m p l o , el c o n t e n i d o e n l o s l i b r o s
s o b r e la d i s p o s i c i ó n y la d e c o r a c i ó n de l o s t e m p l o s , s o b r e a s t r o n o ­
m í a , o b s e r v a c i ó n celeste y c ó m p u t o t e m p o r a l , s o b r e el r e i n o , las
leyes, el D e r e c h o y las reglas de vida, etc., p e r o e n t o d o caso s ó l o lo
110
n e c e s a r i o e i m p o r t a n t e . P e r o , e n la É p o c a B a j a , el t e m p l o e g i p c i o
se c o n v i e r t e t a m b i é n e n r e d u c t o de u n a f o r m a d e v i d a a l t e r n a t i v a
q u e , c o m o la de l o s p i t a g ó r i c o s y e s e n i o s , se caracteriza p o r el a s c e ­
tismo y la c o n t e m p l a c i ó n .
P r o p i a d e l e l i t i s m o de los s a c e r d o t e s e g i p c i o s d e la é p o c a g r e c o ­
r r o m a n a es t a m b i é n la e s t i l i z a c i ó n de la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a c o m o
criptografía, algo característico e n la epigrafía d e la é p o c a g r e c o r r o ­
m a n a . L o s sacerdotes e g i p c i o s de esta época—esto d e b e q u e d a r b i e n
c l a r o — n o u t i l i z a n m e n o s de c u a t r o sistemas d e e s c r i t u r a d i s t i n t o s :
d e m ó t i c o y g r i e g o p a r a fines c o t i d i a n o s , d e p e n d i e n d o de la l e n g u a
q u e q u e r í a n u s a r p a r a r e d a c t a r sus t e x t o s , y j e r o g l í f i c o y h i e r á t i c o
1
p a r a fines s a g r a d o s " . Fines sagrados e r a n las i n s c r i p c i o n e s e n t e m ­
p l o s y m o n u m e n t o s d e p i e d r a de t o d a clase, así c o m o la c o p i a y la
c o m p o s i c i ó n de « l i t e r a t u r a de t e m p l o » . P a r a las i n s c r i p c i o n e s se
usaba, c o m o s i e m p r e , el sistema j e r o g l í f i c o , y p a r a los l i b r o s el h i e ­
r á t i c o . A m b a s e r a n e s c r i t u r a s ' q u e e n esta é p o c a s ó l o a p r e n d í a n los,
s a c e r d o t e s . E l e s c r i b a n o r m a l d o m i n a b a el d e m ó t i c o , a l g u n o s t a m ­
b i é n el g r i e g o . E n esta é p o c a , la escritura j e r o g l í f i c a y la h i e r á t i c a se
c o n v i r t i e r o n , p u e s , e n escrituras p u r a m e n t e sagradas, q u e , descarga­
das de t o d a f u n c i ó n c o m u n i c a t i v a , s ó l o d e b í a n servir p a r a registrar y
r e p r e s e n t a r estéticamente la t r a d i c i ó n sacerdotal. G o m o tal estetiza-
c i ó n d e b e e n t e n d e r s e la p r o d u c c i ó n d e e n i g m a s m e d i a n t e e l u s o

110 L a s b i b l i o t e c a s (prmd3t, « c a s a d e l o s r o l l o s » ; b i b l i o t e c a e s p e c i a l sacra, hiera bibliothéke,

s e g ú n D i o d o r o , I , 49-3) estaban agregadas a los t e m p l o s , y c o n t e n í a n los escritos
n e c e s a r i o s p a r a l a s a c t i v i d a d e s c o r r e s p o n d i e n t e s . Cfr. a l r e s p e c t o G . Burkard,
«Bibliotheken i m alten A g y p t e n » .
111 P o r f i r i o trata d e l o s s i s t e m a s d e e s c r i t u r a e g i p c i o s e n s u Vida de Pitágoras, y Clemente
A l e j a n d r i n o e n el l i b r o V d e sus Stromata.
 5i6 EGIPTO

c r i p t o g r á f i c o d e la e s c i t u r a . E s t e u s o o b e d e c í a m e n o s al d e s e o de
m a n t e n e r secretos q u e , a la inversa, a u n a c e n t u a d o gusto p o r la v i s i -
b i l i d a d . V i k t o r S h k l o v s k i ha a c u ñ a d o p a r a l o s p r o c e d i m i e n t o s
e m p l e a d o s e n este gusto p o r la v i s i b i l i d a d el t é r m i n o d i s t a n c i a m i e n t o
(ostranknie). E l d i s t a n c i a m i e n t o se o p o n e a la h a b i t u a l i z a c i ó n o
« a u t o m a t i z a c i ó n » de n u e s t r a p e r c e p c i ó n . E n la c o s t u m b r e , « l a vida
m e r a m e n t e pasa, se vuelve i n s u s t a n c i a l . L a a u t o m a t i z a c i ó n l o devora
t o d o , las cosas, las v e s t i m e n t a s , l o s m u e b l e s , la m u j e r y el m i e d o a la
1 1 8
guerra» . E l arte tiene la m i s i ó n de « d i s t a n c i a r » las cosas, de m o d o
q u e se resistan a la p e r c e p c i ó n a u t o m a t i z a d a . E n t o n c e s , la m i r a d a se
d e t i e n e , la o r i e n t a c i ó n se h a c e d i f í c i l , y la p e r c e p c i ó n a u t o m a t i z a d a
r e t r o c e d e ante la n e c e s i d a d del d e s c i f r a m i e n t o c o n s c i e n t e , c o m p l e j o
y t r a b a j o s o . E l p r o c e s o de p e r c e p c i ó n ya n o d e s e m b o c a y desaparece
e n l o q u e es su f i n a l i d a d : la c o m p r e n s i ó n y la o r i e n t a c i ó n . « P a r a
l o g r a r este o b j e t i v o , el arte e m p l e a dos p r o c e d i m i e n t o s : el d i s t a n c i a -
m i e n t o r e s p e c t o de las cosas y' la c o m p l i c a c i ó n de la f o r m a . Este
ú l t i m o p r o c e d i m i e n t o h a c e a la p e r c e p c i ó n d i f í c i l y f a t i g o s a . E n el
a r t e , e l p r o c e s o de p e r c e p c i ó n es u n f i n e n ' s í m i s m o , y d e b e
3
a m p l i a r s e l o m á s que se p u e d a " .
E n este s e n t i d o h a y q u e e n t e n d e r l o s e j e m p l o s e g i p c i o s de c r i p -
t o g r a f í a , esto es, c o m o p r o c e d i m i e n t o s de c o m p l i c a c i ó n f o r m a l . E l
c a r á c t e r e n i g m á t i c o d e la e s c r i t u r a d e b e e s t i m u l a r la l e c t u r a ; es u n
p r i n c i p i o e s t é t i c o q u e q u i e r e a t r a e r y r e t e n e r la m i r a d a i m p i d i é n -
d o l e q u e a través de la e s c r i t u r a c o m o r e p r e s e n t a c i ó n g r a f e m á t i c a de
l a v o z se fije e n esta ú l t i m a , y q u e a través de esta ú l t i m a c o m o
r e p r e s e n t a c i ó n f o n e m á t i c a d e l s e n t i d o se d e t e n g a e n é s t e . L a
m i r a d a d e b e m á s b i e n q u e d a r d e t e n i d a e n la escritura, « e n la e s p e -
4
s u r a d e l o s s i g n o s » " . E s t o se c o n s i g u e m e d i a n t e u n a l e g i b i l i d a d
d i f i c u l t a d a , p e r o n o i m p o s i b i l i t a d a . E l p r i n c i p i o b á s i c o de la e s c r i -

112 V i k t o r S c h k l o v s k i j , Theorie der Prosa, t r a d . d e G i s e l a D r o h l a , F r a n k f u r t , 1966, 14.

113 V . S c h k l o v s k i j , op. cit. G a r l o G i n z b u r g , q u e d u r a n t e m i e s t a n c i a e n e l G e t t y C e n t e r
for the History of Arts a n d the H u m a n i t i e s de Santa M o n i c a organizó u n seminario
sobre « M a k i n g T h i n g s Strange. T h e Prehistory o f a Literacy D e v i c e » , m e hizo
r e c o r d a r el c o n c e p t o d e d i s t a n c i a m i e n t o . D e b o a l a s d i s c u s i o n e s c o n G . G i n z b u r g
n u m e r o s a s s u g e r e n c i a s , p o r las q u e l e e s t o y s u m a m e n t e a g r a d e c i d o .
114 Aleida Assmann, « I m Dickicht der Zeichen. Drei Auswege: Hodegetik, H e r m e n e u -
tik u n d D e k o n s t r u k t i o n » , e n FrankfuñerRundschau 233, 8-IO-1991, 26. Cfr. t a m b i é n ,
d e la m i s m a a u t o r a , « D i e S p r a c h e d e r D i n g e . D e r starre B l i c k u n d d i e w i l d e .
S e m i o s e » , e n H . U . G u m b r e c h t y K . L . P f e i f f e r ( e d s . ) , Materialittit derKommunikation,
Frankfurt, 1988, 237-251.
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5*7

t u r a e n i g m á t i c a es la d e s c o n v e n c i o n a l i z a c i ó n . L o s s i g n o s p r e s e n t e s ,
o r e c i b e n o t r o s i g n i f i c a d o q u e el c o n v e n c i o n a l , o s o n o t r o s q u e los
s i g n o s c o n v e n c i o n a l e s , es d e c i r , se i n t r o d u c e n s i g n o s n u e v o s . Estas
posibilidades resultan del carácter fundamentalmente abierto del
sistema j e r o g l í f i c o . Y éste resulta a su vez d e l c a r á c t e r i c ó n i c o d e los
s i g n o s . D e a b í q u e la c r i p t o g r a f í a s ó l o f u n c i o n e e n la e s c r i t u r a
j e r o g l í f i c a , n o e n la c u r s i v a d e r i v a d a de e l l a . T o d o s i g n o de e s c r i -
tura tiene una doble f u n c i ó n : p o r una parte designa una unidad
l i n g ü í s t i c a , b i e n e n el p l a n o f o n e m á t i c o , b i e n e n el p l a n o s e m á n -
8
t i c o , o b i e n e n a m b o s a la v e z " , y p o r o t r a r e p r e s e n t a a l g o a la
116
m a n e r a de u n a i m a g e n a r t í s t i c a . E n el p r o c e s o d e c o n v e n c i o n a l i -
z a c i ó n , la s e g u n d a f u n c i ó n , la i c ó n i c a , q u e d a p r á c t i c a m e n t e s u s -
p e n d i d a . E l s i g n o d e s i g n a l o q u e d e b e d e s i g n a r , i n c l u s o c u a n d o el
o b j e t o r e p r o d u c i d o deja de ser c o m o tal r e c o n o c i b l e y s ó l o el s i g n o
c o m o tal se destaca c o m o u n i d a d s u f i c i e n t e m e n t e d i s t i n t a y discreta
de la c a d e n a de s i g n o s . T a l es la r a z ó n de q u e casi t o d a s las e s c r i t u -
ras o r i g i n a l m e n t e i c ó n i c a s se h a y a n d e s p r e n d i d o d e s u i c o n i c i d á d á
l o l a r g o de su e v o l u c i ó n (es d e c i r , c o n v e n c i o n a l i z a c i ó n ) . Para r e c o -
n o c e r u n a « a » c o m o tal « a » , es p r e c i s o n o v e r ya e n ella la cabeza
de t o r o que u n a vez representó. E n los jeroglíficos n o sucede esto.
Los jeroglíficos siguen siendo imágenes aun funcionando como
s i g n o s d e e s c r i t u r a , y s u i c o n i c i d á d , s u s p e n d i d a e n e l p r o c e s o de
c o n v e n c i o n a l i z a c i ó n , p u e d e reactivarse e n t o d o t i e m p o , p o r e j e m -
p l o l e y é n d o l o s c o n f o r m e al p r i n c i p i o d e l r e b u s . E l p r i n c i p i o d e l
r e b u s p e r m i t e t a m b i é n la i n t r o d u c c i ó n c o n s t a n t e de n u e v o s s i g n o s .
T o d a s las cosas q u e de a l g ú n m o d o cabe r e p r o d u c i r e n u n a i m a g e n
p u e d e n e m p l e a r s e corrió s i g n o s de e s c r i t u r a . Estos s i g n o s s i g n i f i c a n
e n t o n c e s , o b i e n la cosa m i s m a r e p r o d u c i d a , o b i e n , s e g ú n el p r i n -
c i p i o d e l a a c r ó f o n í a , las c o n s o n a n t e s i n i c i a l e s d e s u n o m b r e ; o
b i e n i n d i c a n , a través d e la m e t á f o r a o la m e t o n i m i a , u n c o n c e p t o

Ilg S o b r e l o s c o m p o n e n t e s s e m á n t i c o s d e l a e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a , cfr. e n e s p e c i a l H . te
V e l d e , « E g y p t i a n H i e r o g l y p h ' s as S i g n s . S y m b o l s a n d G o d s » , e n Visible Religión IV/V,
1985/86, pp. 63-72, y « E g y p t i a n H i e r o g l y p h s as L i n g u i s t i c S i g n s a n d M e t a l i n g u i s -
t i c I n f o r m a n t s > > , e n Visible Religión VI,. 1988. ;
Il6 S o b r e la i n t e r f e r e n c i a e n t r e i m a g e n y e s c r i t u r a , v. e s p . R . T e f n i n , « D i s c o u r s e t i c o -
n i c i t é d a n s l ' a r t é g y p t i e n » , e n GóttingerMisiellen 79, 1984, pp. 55~72¡ P- V e r n u s , . .
« L ' é c r i t u r e d e l ' E g y p t e a n c i e n n e » , en.L'espace etla lettre. GahiersJussier 3, I 9 7 7 i 6o-77¡
d e l m i s m o a u t o r , « D e s r e l a t i o n s e n t r e t e x t e s et r e p r é s e n t a t i o n s d a n s l ' E g y p t e p h a -
r a o n i q u e » , e n M . A , C h r i s t i n ( e d . ) , Ecritures I I , P a r í s , 1985, 45~69,.y « L e s e s p a c e s
-
de l'écrit dans l'Egypte p h a r a o n i q u e » , e n B S F i í l i g , 1990, 35 53-
5i8 EGIPTO

n o r e p r e s e n t a b l e . T a l es t a m b i é n el m o d o de f u n c i o n a r d e la e s c r i -
t u r a n o r m a l , s ó l o q u e e n e l l a l o s s i g n o s y sus f u n c i o n e s h a n s i d o
establecidos c o n v e n c i o n a l m e n t e .

L a c r i p t o g r a f í a « h a b i t u a l » se o r g a n i z a s e g ú n las m i s m a s reglas
q u e la e s c r i t u r a n o r m a l . S ó l o a la s e g u n d a m i r a d a se c o n o c e q u e se
trata d e s i g n o s n o h a b i t u a l e s y m i s t e r i o s o s . P e r o hay o t r a f o r m a d e
c r i p t o g r a f í a . Es la q u e deja a la p r i m e r a m i r a d a lá i m p r e s i ó n de u n a
escena. L o s signos s o n elegidos y dispuestos de m a n e r a tal que s e m e -
j e n figuras de u n a c u a d r o . S ó l o la s e g u n d a m i r a d a d e s c u b r e q u e e n
ellos se oculta u n e s c r i t o . Las i n s c r i p c i o n e s criptográficas e n i m á g e -
n e s sueltas se e n c u e n t r a n casi s i e m p r e e n m o n u m e n t o s p r i v a d o s
(estelas, i n s c r i p c i o n e s f u n e r a r i a s ) y están d e s t i n a d a s á a t r a e r la
m i r a d a d e l v i s i t a n t e y d e s p e r t a r su c u r i o s i d a d y su i n t e r é s . L a s i n s -
c r i p c i o n e s criptográficas escénicas o figúrales, e n c a m b i o , se e n c u e n -
t r a n casi s i e m p r e e n los t e m p l o s , p o r e j e m p l o c o m o i n s c r i p c i o n e s de
7
los a r q u i t r a b e s " , cuya f u n c i ó n ya hacía r e c o r d a r a D r i p t o n los volú-j
m e n e s c a l i g r a f i a d o s de las m e z q u i t a s á r a b e s " . L a f r o n t e r a e n t r e
ambas f o r m a s es, c o n t o d o , b o r r o s a . Las i n s c r i p c i o n e s criptográficas
de i m á g e n e s i n t e g r a n m u c h o s e l e m e n t o s n o e s c é n i c o s , y las i n s c r i p - :
ciones criptográficas q u e sólo e m p l e a n la escritura i n t e g r a n p e q u e ñ a s
escenas. Estas p u e d e calificarse de « j u e g o s de e s c r i t u r a » , e n s e n t i d o
1
a n á l o g o al de los « j u e g o s de palabras» . Igual q u e los j u e g o s de p a l a -
b r a s , l o s j u e g o s d e e s c r i t u r a se b a s a n s o b r e t o d o e n l a a m b i v a l e n c i a
d e l s i g n o . Esto es c i e r t o de la c r i p t o g r a f í a e n g e n e r a l , q u e e n t o d o
t i e n e carácter de j u e g o . P e r o hay o t r a f o r m a m u y especial de a m b i v a -
l e n c i a , q u e aparece c u a n d o u n signo f u n c i o n a e n dos sistemas de s i g -
n i f i c a c i ó n c o m p l e t a m e n t e distintos: c o m o s i g n o de escritura y c ó m o
f i g u r a . Este « b a s c u l a r » u oscilar e n t r e i m a g e n y texto es c a r a c t e r í s -
t i c o d e l j u e g o c o n la e s c r i t u r a . U n a a m b i v a l e n c i a s i m i l a r i d e n t i f i c a
t a m b i é n al a r a b e s c o , es d e c i r , a la e s c r i t u r a o r n a m e n t a l á r a b e . Esta
funciona lo m i s m o c o m o o r n a m e n t o o c o m p o n e n t e de u n o r n a -
m e n t o q u e c o m o escritura.: L o q u e e n el arte á r a b e - i s l á m i c o b a s a d o
e n la escritura es el o r n a m e n t o , es e n las escenas egipcias la c o m p o -
sición figural.

117 E. D r i o t o n , « R e c u e i l de cryptographie m o n u m e n t a l e s , enASAE'40, 1940,305-

427-
118 CdE 17-18, 1934» « C e g e n r e d'éléga'nce t r o u v e . s o n p e n d a n t d a n s les i n s c r i p -
t i o n s á r a b e s m o d e r n e s a c a r a c t e r e s e n t r e l a c e s » . . ,-
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL D E L OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5I9

E n la escritura j e r o g l í f i c a es p a r t i c u l a r m e n t e evidente este oscilar

e n t r e i m a g e n y t e x t o , p e r o esta e s c r i t u r a es, c o m o ya h e m o s r e c a l -
c a d o , u n a e s c r i t u r a c o n i m á g e n e s q u e trata c o m o i m a g e n a t o d o
9
signo de escritura, y lo hace además p r i m o r o s a y artísticamente" .
Las fronteras e n t r e i m a g e n y escritura s o n a q u í e s e n c i a l m e n t e b o r r o -
sas. E l l o n o es t a n cierto de la plástica v o l u m i n o s a —aunque t a m b i é n
hay j u e g o s de escritura de plástica voluminosa—, y n o l o es d e n i n g ú n
m o d o d e la escritura cursiva. P e r o l o es, y e n g r a n m e d i d a , d e l b a j o -
rrelieve y el j e r o g l í f i c o . L a l e n g u a e g i p c i a n o hacía a q u í n i n g u n a d i s -
t i n c i ó n c o n c e p t u a l , y ambas s o n zh, « e s c r i t u r a » , y la e j e c u c i ó n de
ambas era o b r a d e los m i s m o s artistas. L a f r o n t e r a e n t r e escritura e
i m a g e n s i e m p r e fue, p u e s , e n E g i p t o m u c h o más p e r m e a b l e q u e e n
las culturas de escritura alfabética.
L a criptografía egipcia p e r t e n e c e al d o m i n i o del j u e g o estético y la
c u l t u r a d e l o c i o . D e esto hay u n m u y n o t a b l e t e s t i m o n i o e n las i n s -
c r i p c i o n e s de S e n m u t , u n f u n c i o n a r i o de la reina Hatshepsut que
tenía a gala h a b e r i n v e n t a d o dos n u e v o s c r i p t o g r a m a s :

Signos que he creado por invención de mi corazón,

como cosas que se hacen en el campo (=como ocupación ociosa) y
0
que no pueden encontrarse en los escritos de los antepasados" .

L a m e n c i ó n expresa d e l « o c i o » a l u d e al c a r á c t e r b ú d i c o de esta
criptografía. Esta se m u e v e e n u n espacio estético allende las f u n c i o -
nes administrativas o cúlticas a las q u e la escritura está n o r m a l m e n t e
ligada.
P e r o , a pesar de esta caracterización, la criptografía es t o d o m e n o s
u n j u e g o o c i o s o . E l l o t i e n e r e l a c i ó n c o n la estructura s í g n i c a de los
j e r o g l í f i c o s . A los egipcios les faltaba t o d a c o n c i e n c i a de la a r b i t r a r i e -
d a d d e los s i g n o s . Para el e n t e n d i m i e n t o e g i p c i o , los j e r o g l í f i c o s n o
s o n arbitrarios,¿sino q u e tras ellos hay u n a m o t i v a c i ó n ; ellos se basan
e n , o r e m i t e n a, relaciones esenciales c o n l o d e s i g n a d o . S u p r i n c i p i o
es a q u e l q u e A l e i d a A s s m a n n h a l l a m a d o d e « s i g n i f i c a c i ó n i n m e -
1 2 1
d i a t a » . D e a h í q u e Jas a s o n a n c i a s , l o m i s m o q u e las r e f e r e n c i a s
gráficas, l o s j u e g o s de palabras y l o s j u e g o s d e escritura,, r e m i t a n al
o r d e n d e las cosas y al o r d e n d e l m u n d o . E l t r a t o b ú d i c o , es d e c i r ,

119 H . G . F i s c h e r , L'écritureetl'art de l'Egypte ándeme, París, 1986.

120 E . D r o i t o n , « D e u x c r y p t o g r a m m e s d e S e n e n m o u t » , e n ASAE 38, 1938, 231-246.
121 A . A s s m a n n , DkLegitimitat der Fiktion. Ein Beitragzur Geschkhte der literarischen Kommunikation.
Theorie und Geschkhte der Literatur und der schónen Künste 55, Munich, 1980.
 EGIPTO

d e s c o n v e n c i o n a l i z a d o , c o n los signos l i b e r a referencias y c o n e x i o n e s

q u e están e n la n a t u r a l e z a d e las cosas, n o d e l o s s i g n o s ; l i b e r a u n a
« e t i m o g r a f í a » q u e r e p o s a e n u n a c r e e n c i a e n el carácter d e r e v e l a ­
c i ó n de la escritura, d e l m i s m o m o d o q u e la etimología cabalística o la
h e i d e g g e r i a n a r e p o s a n e n la c r e e n c i a e n el carácter de r e v e l a c i ó n d e l
l e n g u a j e . D e a b í q u e l o s j u e g o s d e p a l a b r a s y los j u e g o s d e e s c r i t u r a
s e a n e n E g i p t o j u e g o s s a g r a d o s . E l l o s r e m i t e n a la o r d e n a c i ó n , q u e
las p a l a b r a s y l o s s i g n o s c o n s e r v a n , d e las cosas y d e l m u n d o , a la
coherencia cósmica.

I n s c r i p c i o n e s jeroglíficas i n t e n c i o n a d a m e n t e encriptadas a p a r e c e n
a
ya d e f o r m a aislada e n el R e i n o A n t i g u o ( 2 . m i t a d d e l t e r c e r m i l e ­
I 2 a e r
n i o ) , se h a c e n algo m á s f r e c u e n t e s e n el R e i n o M e d i o ( l . c u a r t o
1 2 3
del s e g u n d o m i l e n i o ) y c o m i e n z a n a j u g a r •un', p a p e l más i m p o r t a n t e
a 4
e n el R e i n o N u e v o ( 2 m i t a d d e l s e g u n d o m i l e n i o ) " , p e r o hasta la
É p o c a Baja s o n d e u n a rareza e x t r e m a . Más tarde desaparece l a f r o n ­
tera entre escritura n o r m a l y criptografía, y este c a m b i o c o i n c i d e casi
e x a c t a m e n t e e n el t i e m p o c o n la c o n q u i s t a d e E g i p t o p o r A l e j a n d r o
M a g n o . L o s p r i n c i p i o s d e la criptografía i n v a d e n el sistema j e r o g l í f i c o
125
e n g e n e r a l . L a c o n s e c u e n c i a es u n a p r o l i f e r a c i ó n e n o r m e d e signos,
cuya c a n t i d a d a p r o x i m a d a m e n t e se d e c u p l i c a . ' C a d a c e n t r o r e l i g i o s o
126
desarrolla a h o r a p r á c t i c a m e n t e su p r o p i o sistema d e e s c r i t u r a . Y la
dificultad de la escritura a u m e n t a e n g r a d o p r o p o r c i o n a l . S i n d u d a los
p r o p i o s e g i p c i o s la p e r c i b í a n c o m o tal escritura criptográfica, c o m o
escritura secreta q u e sólo l o s iniciados d o m i n a n . P e r o el interés e n la
1
m i s m a sigue s i e n d o m á s estético q u e esotérico . Las i n s c r i p c i o n e s m á s

122 E . D r i o t i o n , « U n r é b u s d e l ' a n c i e n e m p i r e » , e n MIFAO 46 = Mélanges Maspéro I,

1935. 697-704-
1^3 E . D r i o t o n , « U n e f i g u r a t i o n c r y p t o g r a p h i q u e s u r u n e s t é l e d u M o y e n E m p i r e » , e n
RdE I, 1933, 2 0 3 - 2 2 9 . P a r t i c u l a r m e n t e a b u n d a n t e s s o n l o s e j e m p l o s d e e s c r i t u r a e n
las t u m b a s d e B e n i H a s a n j v . al r e s p e c t o K . S e t h e , %AS 59i 62 y E . D r i o t o n , RdE I ,
'205.
124 E . D r i o t o n , « E s s a i s u r la c r y p t o g r a p h i e p r i v é e d e la f i n d e laXVHI' d y n a s t i e » , e n RdE
I. 1933. I - 5 0 .
125 S o b r e e l s i s t e m a d e e s c r i t u r a t o l e m a i c o - j e r o g l í f i c o , cfr. E r i c h w i n t e r , « H i e r o g l y -
p h e n » , e n RAG15. S t u t t g a r t , 1991, 8 3 - 1 0 3 ; S . S a u n e r o n , L'écritureftgurative dans les tex-
tesd'Esna. E s n a VIII, e l C a i r o , 1982. F . D a u m a s , « D u p h o n é m e a u s y m b o l e d a n s l ' é -
c r i t u r e h i é r o g l y p h i q u e p t o l é m a i q u e » , e n Le courrier du CNRS 29> I978i I 4 2 I - -

126 S . S a u n e r o n , L'écriture fgurativé dans les textes d'Esna. E S N A ' - V I I I , E l C a i r o , 1982-,

D . Kurth, « D i e Lautwerte der Hieroglyphen i n d e n Tempelinscriften der grie-
c h i s c h - r o m i s c h e n Z e i t . Z u r S e m a n t i k i h r e r H e r l e i t u n g s p r i n z i p i e n » , e n ASAE 69, .
1983,287-309. :'-;;••';•
 V I / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA $0,1

d e c i d i d a m e n t e e n c r i p t a d a s s o n las más visibles y m o n u m e n t a l e s . Se

i d e a n y a p l i c a n estrategias de e n c r i p t a c i ó n c o n f i n e s estetizantes, es
. decir, para reforzar la visibilidad y la presencia de la escritura. E l c o n ­
t e n i d o de los textos así estetizados n o es n a d a d i s t i n t o d e l de otros
m e n o s misteriosos. ,.
L o s p r o c e d i m i e n t o s de estetización p o r e n c r i p t a c i ó n están ligados,
c o m o antes h e m o s d i c h o , a la i c o n i c i d á d d e los j e r o g l í f i c o s . S ó l o
s o b r e e s t á b a s e es p o s i b l e la « d e s c o n v e n c i o n a l i z a c i ó n » d e los signos.
S u i c o n i c i d á d g a r a n t i z a q u e sean s i e m p r e r e c o n o c i b l e s , a u n q u e n o
sean l e g i b l e s s i n m á s : r e c o n o c i b l e s c o m o r e m i t e n t e s a cosas q u e a su
vez r e m i t e n a s o n i d o s o a e l e m e n t o s de s e n t i d o ( s e m a s / s e m e m a s ) . L a
teoría sacerdotal c o r r e s p o n d i e n t e a la escritura j e r o g l í f i c a c o m o c r i p ­
tografía se ha conservado e n el tratado de H o r á p o l o sobre los j e r o g l í ­
f i c o s . Este texto g r i e g o de la a n t i g ü e d a d t a r d í a h a s i d o casi s i e m p r e
r e l e g a d o al r e i n o de l o s m a l e n t e n d i d o s (de l o s « f e c u n d o s » e n el
m e j o r de los casos) p o r q u e se le h a t o m a d o c o m o u n a d e s c r i p c i ó n
« d e l » sistema de escritura e g i p c i o . P e r o trata s ó l o de u n a variante, y
j u s t o de la q u e constituye la escritura q u e P o r f i r i o l l a m a b a « s i m b ó ­
l i c a » . P r o f i r i ó y C l e m e n t e de A l e j a n d r í a d i s t i n g u e n tres escrituras.
P o r f i r i o las d e n o m i n a « e p i s t o l a r , j e r o g l í f i c a y s i m b ó l i c a » , y C l e ­
m e n t e « e p i s t o l a r , sacerdotal y j e r o g l í f i c a » . L a d i v i s i ó n t r i p a r t i t a de
C l e m e n t e refleja claramente los tres tipos de escritura: d e m ó t i c a , h i e -
rática y j e r o g l í f i c a . P o r f i r i o e n c a m b i o p a r e c e n o c o n t a r la h i e r á t i c a
c o m o escritura diferenciada, n i h a c e r e n ' e l s e n o de la escritura j e r o ­
glífica, d i f e r e n c i a e n t r e e s c r i t u r a n o r m a l y c r i p t o g r á f i c a . J u n t a n d o
ambas d e s c r i p c i o n e s , o b t e n e m o s el siguiente e s q u e m a :

I . E p i s t o l a r (la « e s c r i t u r a de las cartas») = demótica

2,. S a c e r d o t a l ' = hierática
3. J e r o g l í f i c a = jeroglífica
4. Simbólica = criptográfica
—
La d e s c r i p c i ó n de H o r á p o l o se refiere al n . ° 4 l a « e s c r i t u r a s i m ­
b ó l i c a » — . E n ella n o i n t e r e s a n l o s s i g n i f i c a d o s c o n v e n c i o n a l e s , es
d e c i r , f o n é t i c o s . Se b u s c a n las r e f e r e n c i a s a la r e a l i d a d q u e p u e d a n
d e s c u b r i r s e a través de los « j u e g o s de e s c r i t u r a » . P o r eso es algo t r i ­
vial el q u e la p a l a b r a « a b r i r » se escriba c o n la i m a g e n d e u n a l i e b r e
p o r q u e la p a l a b r a p a r a l i e b r e t e n g a las m i s m a s c o n s o n a n t e s . M u c h o
más r e v e l a d o r a es la c i r c u n s t a n c i a de q u e la l i e b r e n o c i e r r e l o s ojos
 EGIPTO

m i e n t r a s d u e r m e y p u e d a p o r eso r e p r e s e n t a r m e j o r q u e n i n g u n a
o t r a el hallarse algo « a b i e r t o » . G o m o es s a b i d o , todas las d e s c r i p -
c i o n e s de H o r á p o l o se b a s a n e n este e s q u e m a « s i m b ó l i c o » . P o r
carentes de s e n t i d o q u e n o s p a r e z c a n estas e x p l i c a c i o n e s , hay m u c h o s
aspectos que h a c e n s u p o n e r q u e ya los sacerdotes egipcios de la É p o c a
Baja h a b r í a n p e n s a d o e n t o m a r estos d e r r o t e r o s . E n .el m i t o d e m ó -
t i c o del ojo solar l e e m o s , e n t e r a m e n t e e n el estilo de H o r á p o l o : « S i
se q u i e r e escribir la p a l a b r a ' m i e l ' , dibújese u n a i m a g e n de N u t c o n
1 8 7
u n a c a ñ a e n la m a n o » , y : « S i se q u i e r e e s c r i b i r la p a l a b r a ' a ñ o ' ,
1 8 8
d i b ú j e s e la i m a g e n de u n b u i t r e , p o r q u e deja p a s a r l o s m e s e s » .
C u a n t o más se cargaba d e l i b e r a d a m e n t e a los s i g n o s de tales s i g n i f i -
c a d o s s i m b ó l i c o s , m e j o r p o d í a n c u m p l i r su f u n c i ó n m n e m o t é c n i c a
r e s p e c t o a la m e m o r i a c u l t u r a l .
P r o b a b l e m e n t e l o s sacerdotes estaban c o n v e n c i d o s de q u e sus s i g -
n o s e r a n copias de las palabras q u e P t a h c o n c i b i ó y p r o n u n c i ó e n la
c r e a c i ó n , y q u e T h o t h e s c r i b i ó . A este r e s p e c t o h a y q u e t r a e r de
n u e v o a c o l a c i ó n el pasaje, q u e ya c i t a m o s m á s a r r i b a , d e l a Carta de '•
Abammon de Y á m b l i c o s o b r e el p l a t o n i s m o l a t e n t e e n él Monumento de ;
teología menfita. Y á m b l i c o i n t e r p r e t a el p r i n c i p i o s i m b ó l i c o d e la e s c r i -
t u r a e g i p c i a c o m o u n a i m i t a c i ó n d e la « d e m i u r g i a » d i v i n a : « L o s
e g i p c i o s i m i t a n la n a t u r a l e z a d e l u n i v e r s o y la d e m i u r g i a d e los d i o -
ses c u a n d o p r o d u c e n , a través d e s í m b o l o s , i m á g e n e s de l o s c o n c e p -
tos místicos, invisibles y secretos, de la m i s m a m a n e r a q u e la n a t u r a - '
l e z a e x p r e s a , de m a n e r a s i m b ó l i c a , l o s logoi i n v i s i b l e s e n f o r m a s
visibles y l a d e m i u r g i a d i v i n a escribe la v e r d a d de las ideas e n i m á g e -
129
n e s v i s i b l e s » . N o cabe caracterizar m e j o r el p r i n c i p i o de la « s i g n i -
f i c a c i ó n i n m e d i a t a » , e n el c u a l se f u n d a la c r i p t o g r a f í a d e las ins-r
c r i p c i o n e s q u e m u e s t r a n l o s t e m p l o s de la É p o c a Baja.
Y hay u n aspecto más q u e d e b e m o s c o n s i d e r a r . E l sistema de
e s c r i t u r a de la É p o c a B a j a , i n a c a b a b l e e n sus e x i g e n c i a s y a l z a d o al.
n i v e l d e l v i r t u o s i s m o , c o n s t i t u í a s ó l o u n d o m i n i o p a r c i a l d e u n arte
q u e i g u a l m e n t e se d e s a r r o l l ó s ó l o e n d i c h a é p o c a : el arte d e la d e c o -
r a c i ó n de los t e m p l o s . E n a l g ú n t i e m p o entre los siglos V I y I V a . C . ,
E g i p t o d e c i d i ó c o d i f i c a r la t o t a l i d a d d e l saber c ú l t i c o y c u l t u r a l r e l e -
v a n t e y r e p r o d u c i r e n l o s m u r o s de los t e m p l o s partes e s e n c i a l e s del

127 O j o s o l a r VII, IO, v. A . L o p r i e n o , « D e r d e m o t i s c h e M y t h o s v o m S o n n e n a u g e » , e n

'.: Mythén undEpenTil T U A T I I I 5 , ; G ü t e r s ] o h , 1995, 1054.
128 O j o s o l a r IX, 10, L o p r i e n o , op. cit, 1057. í
129 Y á m b l i c o , DeMysterns, VIII. . •
 VI / 3. LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 523

m i s m o . P e r o l o h i z o s e g ú n u n sistema e x t r a o r d i n a r i o desde el p u n t o
d e vista a r t í s t i c o . E l t e m p l o más a n t i g u o d e c o r a d o c o n f o r m e a este
3 0
p r i n c i p i o f u e c o n s t r u i d o ya b a j o D a r í o I e n el oasis d e K h a r g a ' .
Este sistema d e d e c o r a c i ó n de l o s t e m p l o s c o n s t i t u í a él m i s m o u n a
p a r t e i m p o r t a n t e del saber c o d i f i c a d o . E n t r e l o s 4 2 l i b r o s « i m p r e s -
c i n d i b l e s » e n la b i b l i o t e c a de u n t e m p l o t a m b i é n había, s e g ú n C l e -
m e n t e de A l e j a n d r í a , l i b r o s q u e t r a t a b a n d e l a r t e d e d e c o r a r t e m -
131
p l o s . L a s l e y e s de este arte s ó l o a h o r a h a n e m p e z a d o a ser
d e s c i f r a d a s ; l o s f r a n c e s e s h a n a c u ñ a d o a este p r o p ó s i t o la a c e r t a d a
1 3 8
e x p r e s i ó n de « g r a m m a i r e d u t e m p l e » . E l sistema de e s c r i t u r a es
sólo u n a p a r t e de esta gramática, y esta g r a m á t i c a es a su vez sólo u n a
p a r t e d e l g i g a n t e s c o e d i f i c i o d e l saber, r e c o g i d o e n 4 2 l i b r o s , c u y o
c o n t e n i d o l o c o n s t i t u y e t o d o l o r e l a t i v o al r i t u a l y al o r d e n d e l
m u n d o q u e d i c h o r i t u a l se e n c a r g a d e c o n s e r v a r . S i n l o s r i t o s q u e
t r a d u c e n este s a b e r e n a c c i o n e s , el s i s t e m a e n t e r o se q u e d a e n gris
t e o r í a , y el o b j e t i v o d e esta t r a d u c c i ó n es n a d a m e n o s q u e m a n t e n e r
el curso n o r m a l d e l m u n d o .
S o b r e esta e v i d e n c i a e g i p c i a se levanta el m i t o g r i e g o d e los j e r o -
g l í f i c o s . S u m a l e n t e n d i d o n o c o n s i s t e e n h a b e r c o n c e b i d o el s i s -
t e m a j e r o g l í f i c o c o m o e s c r i t u r a secreta y n o c o m o la e s c r i t u r a nor--
m a l d e l o s e g i p c i o s . L o s e g i p c i o s y a h a b í a n h e c h o d e ella u n a
e s c r i t u r a secreta, y así se la p r e s e n t a r o n a l o s g r i e g o s . E l m a l e n t e n - r
d i d o r a d i c a e n q u e l o s g r i e g o s n o r e c o n o c i e r o n el s e n t i d o estético
de la c r i p t o g r a f í a c o m o caligrafía. Y e n t o n c e s se p l a n t e a la c u e s t i ó n
de si q u i z á esto era t a m b i é n u n e l e m e n t o d e la a u t o r r e p r e s e n t a c i ó n
s a c e r d o t a l e g i p c i a . C o m o es s a b i d o , l o s g r i e g o s e x p l i c a b a n la i n v e n -
c i ó n y el u s o d e t a n c o m p l e j a e s c r i t u r a s e c r e t a m e d i a n t e u n a d i f e -
r e n c i a c i ó n m á s p r o p i a de la s o c i o l o g í a d e l s a b e r . E s t a d i f e r e n c i a -
c i ó n p o d r í a h a b e r s i d o e l . v e r d a d e r o m o t i v o d e q u e el s i s t e m a
j e r o g l í f i c o se h i c i e s e m á s c o m p l e j o . P e r o n o p u e d e s e r u n h e c h o
casual q u e esta a r c a n i z a c i ó n s i s t e m á t i c a d e l a e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a
c o i n c i d i e s e c o n la c o n q u i s t a g r i e g a d e E g i p t o y el d o m i n i o e x t r a n -

130 V . H . S t e r n b e r g e l - h o t a b i , « D i e G ó t t e r l i s t e d e s S a n k t u a r s i m H i b i s - T e m p e l v o r i
El- Ghargeh. U b e r l e g u n g e n zur Tradierung u n d Kodifizierung religiosen u n d kult-
t o p o g r a p h i s c h e n G e d a n k e n g u t s » , e n Aspekte spatá'gyptischerKultur ( H o m . a E. Winter,
AegyptiacaTreverensia7i I994)i 239~^54v
131 C l e m e n t e d e A L , strom. V I 4> 35~37- E n t r e los « I O libros jeroglíficos» hay u n o
« S o b r e la c o n s t r u c c i ó n d e l o s t e m p l o s » .
132 E. Winter, «Weitere Bemerkungen zur 'grammaire d u temple' i n der griech.-róm.
Z e i t » , e n W . H e l c k ( e d . ) , fempel und Kult, Á g A b h 46, 1987, 61-76.
 524 EGIPTO

j e r o de l o s T o l o m e o s . L o q u e d i s t i n g u e a este d o m i n i o e x t r a n j e r o
d e l d o m i n i o p e r s a p r e c e d e n t e y de las c o n q u i s t a s asirias a n t e r i o r e s
a éste es u n a m a s i v a i n m i g r a c i ó n g r i e g a . A c o n s e c u e n c i a de ella se
f o r m a e n E g i p t o u n a n u e v a c a p a s u p e r i o r , y la a n t i g u a élite se v e ,
1 3 3
j u n t o c o n el r e s t o de l o s « n a t i v o s » , a p a r t a d a de la p o l í t i c a . En
esta s i t u a c i ó n siente u n a g r a n n e c e s i d a d d e d i s t i n c i ó n . Esta élite n o
se p r o p o n e e n t o n c e s h a c e r la e s c r i t u r a i l e g i b l e a las capas i n f e r i o -
r e s , p u e s p a r a éstas l o es de t o d o s m o d o s , s i n o h a c e r d e l d o m i n i o
de la e s c r i t u r a u n v i r t u o s i s m o , y de la i n s t r u c c i ó n e n el saber fijado
e n la e s c r i t u r a u n a c i e n c i a o c u l t a . S ó l o c o n tal i n c r e m e n t o d e la
c o m p l e j i d a d , y esto s i g n i f i c a : de la i m p o r t a n c i a del saber a d m i n s i -
t r a d o p o r la é l i t e s a c e r d o t a l , p u d o ésta c o m p e n s a r la p é r d i d a de
p o d e r p o l í t i c o y m a n t e n e r la d i s t a n c i a s o c i a l r e s p e c t o de las capas
13
i l e t r a d a s * . E s t o n o e r a u n « e n g a ñ o d e s a c e r d o t e s » , s i n o la r e s -
puesta, t a n típica c o m o l e g í t i m a , a u n desafío cultural y social c o m o
el q u e c o n s t i t u í a la i n m i g r a c i ó n ^griega.
P o r l o d e m á s , d i s t i n c i ó n y e s t e t i z a c i ó n n o f o r m a n n i n g ú n p a r de
o p u e s t o s i n c o n c i l i a b l e s , s i n o q u e , p o r el c o n t r a r i o , están e s t r e c h a -
m e n t e e m p a r e j a d o s . C a d a aristocracia r e s p o n d e a los desafíos q u e se
le p r e s e n t a n a u m e n t a n d o las e x i g e n c i a s formales,' c o n l o c u a l g a n a
t a n t o e n d i s t i n c i ó n c o m o e n « v i s i b i l i d a d » . U n a capa s u p e r i o r n o
p u e d e c o n t r a s t a r e f i c a z m e n t e c o n las i n f e r i o r e s más 'que a u m e n -
' t a n d o su v i s i b i l i d a d m e d i a n t e la e l e g a n c i a , el l u j o , la delicadeza y el
1 3 3
r e f i n a m i e n t o e n las f o r m a s . L a m a n e r a e g i p c i a de a u m e n t a r la
v i s i b i l i d a d c o n s i s t i ó e n u n a p a r t i c u l a r u t i l i z a c i ó n de la e s c r i t u r a y
d e l m i s t e r i o . C u a n t o m á s v i s i b l e se h a c í a esta capa s u p e r i o r e n su
saber, m a y o r era el s e c r e t o e n él o c u l t o . « C o l o c a n esfinges d e l a n t e

133 S o b r e las c i r c u n s t a n c i a s s o c i a l e s y c u l t u r a l e s e n la é p o c a t o l e m a i c a , cfr. J . H . J o h n s o n

( e d . ) , Life in a Muíticultureal Society. Egypt from Gambyses toConstantme and Bey ond, C h i c a g o ,
. I992S. S o b r e l a c u l t u r a g r e c p - e g i p c i a , v. e s p e c i a l m e n t e e l m a g n í f i c o l i b r o d e G. F o w -
d e n , The Egyptian Hermes. An historicalApproach to the Late Pagan Mind, C a m b r i d g e , 1986.
134 A l t i e m p o q u e la é l i t e s a c e r d o t a l a u m e n t a la c o m p l e j i d a d d e la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a ,
m e n g u a e l c o n o c i m i e n t o d e l o s j e r o g l í f i c o s e n a m p l i o s c í r c u l o s d e la c a p a s u p e r i o r
l e t r a d a . E s t a p é r d i d a s e i n i c i a m u c h o a n t e s d e l o q u e h a s t a a h o r a s e s u p o n í a ; cfr. al
respecto H . Sternberg-el Otabi, « D e r Untergang der Hieroglyphenschrift. Schrift-
v e r f a l l u n d S c h r i f t t o d i m A g y p t e n d e r g r i e c h i s c h - r o m i s c h e n Z e i t » , e n CdE 69,
1994, 218-248. • ' , ;"•
135 S a b i n e N e u r e i t e r o f r e c e u n a i n t e r p r e t a c i ó n m u y s e m e j a n t e , i n s p i r a d a e n la t e o r í a d e
• s i s t e m a s d e N i k l a s L u h m a n n , d e l f e n ó m e n o d e ! a r c a í s m o d e É p o c a Baja, e l c u a l , s i n
e m b a r g o , n o se p r o d u c e p r e c i s a m e n t e e n u n p e r í o d o d e d o m i n i o extranjero ( « E i n e
n e u e I n t e r p r e t a t i o n d e s A r c h a i s m u s » , e n SAK 21, I994« 221-254)-
 V I / 3 . LA CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO: TRAUMA Y FOBIA 5^5

d e sus t e m p l o s » , e s c r i b e P l u t a r c o , « p a r a i n d i c a r q u e su t e o l o g í a
1 3 6
e n c i e r r a u n a s a b i d u r í a e n i g m á t i c a » . Esta o b s e r v a c i ó n aclara la
estética del m i s t e r i o . L a esfinge r e p r e s e n t a b a p a r a los g r i e g o s , c o m o
objeto fascinante, lo estético, c o m o objeto apotropaico, lo distin­
tivo, y c o m o e n i g m a , l o m i s t e r i o s o de la r e l i g i ó n e g i p c i a .

136 P l u t a r c o , DelsideetOsiride, cap. 9 (354C), e d . d e J . G w . Griffiths, University o f Wales

.'. P r e s s , 1970, 130 s, 283 s . J . H a n i , La religión égyptienne dans lapensée de Plutarque,.París,
. 1976, 244 s.
 U. UNO Y MUCHOS: EL COSMOTEÍSMO MONISTA

E n a g u d o contraste c o n l o s caracteres de u n a cultura de enclaves, q u e

d e t e r m i n a n la a p a r i e n c i a de E g i p t o bajo las c o n d i c i o n e s d e l d o m i n i o
extranjero, se halla el resuelto universalismo de las divinidades egipcias
Isis y Sarapis, que adoradas p o r los T o l o m e o s irradian desde A l e j a n d r í a
a t o d o el m u n d o m e d i t e r r á n e o . R e s p e c t o a estas d i v i n i d a d e s s ó l o se
p u e d e n citar textos e n g r i e g o y e n latín. A pesar de lo cual n o "podemos
pasarlos p o r alto e n el c o n t e x t o de nuestra h i s t o r i a d e l s e n t i d o , p u e s ,
c o n toda su universalidad, c u e n t a n c o m o divinidades egipcias. Q u i s i é -
r a m o s acercarnos a q u í a la Isis helenística d é aquella a d m i r a b l e escena
c o n que c o m i e n z a el l i b r o X I de las Metamorfosis de A p u l e y o .
. L u c i o , u n j o v e n que, p o r curiosear e n la magia,.se había c o n v e r t i d o
e n u n asno y h a b í a p a s a d o p o r m ú l t i p l e s aventuras, h a l l á n d o s e d o r -
m i d o a orillas del M e d i t e r r á n e o , es despertado p o r el r e s p l a n d o r de la
l u n a a s c e n d i e n d o s o b r e el m a r . L o s p r i m e r o s I O l i b r o s , e n l o s q u e
A p u l e y o se ciñe a su g r i e g o original, c u e n t a n historias desgraciadas e n
f o r m a burlesca. P e r o , e n el l i b r o X I , el t o n o cambia, y el texto se t r a n s -
f o r m a de n o v e l a p i c a r e s c a de aventuras e n u n a n a r r a c i ó n profunda-
m e n t e religiosa de culto y m i s t e r i o , que A . D . N o c k calificó d e « c u m -
137
bre de aquella p i e d a d o r i g i n a r i a de las religiones m i s t é r i c a s » . E n la
atmósfera t r a n s f o r m a d a d e l l i b r o X I , e n la q u e el h é r o e d e s p i e r t a , la

137 A . D . N o c k , Conversión. Teh Oíd and the New in Religión fiom Alexander the Great to Augustine of
:
Hippo, O x f o r d , 1933, r e i m p . 1963, 138. • .. . •• • o.
 VI / 4. UNO Y MUCHOS: EL COSMOTEISMO MONISTA

salida d e la l u n a a d q u i e r e el carácter de u n a t e o f a n í a , p u e s el h é r o e
138
dirige al astro las siguientes palabras (que a q u í a b r e v i o ) :

Diosa celeste —seas la Ceres que a todo alimenta, la madre origi-

nal de los frutos..., o la celeste V e n u s , que . . . es adorada en el
santuario marino de Pafos, o la hermana de Febo, que ... ahora es
adorada en el templo magnífico de Efeso, o la Proserpina tri-
forme ... propiciada en variado culto ... sea cual sea el nombre, el
rito, la figura con que haya que invocarte—, ayúdame a escapar de
m i gran miseria...!

Lucio invoca u n poder divino f e m e n i n o , p e r o sin n o m b r e , que

c r e e v e r e n c a r n a d o e n la l u n a y a n t e el c u a l l e v i e n e n a las m i e n t e s
c u a t r o p o s i b l e s c a n d i d a t a s a esa e n c a r n a c i ó n : G e r e s - D é m e t e r ,
Venus-Afrodita, Diana-Artemisa y Proserpina-Perséfone. Los n o m -
bres específicos, las advocaciones y los ritos s o n para él m u c h o m e n o s
i m p o r t a n t e s q u e el p o d e r c ó s m i c o q u e se l e r e v e l a e n la l u n a . L a
diosa le r e s p o n d e en sueños presentándosele de u n a m a n e r a muy
s e m e j a n t e . Ella h a c e su p r e s e n t a c i ó n r e c i t a n d o t a m b i é n u n catálogo
de n o m b r e s :

A q u í estoy yo, Lucio, conmovida p o r tu oración, la madre de la

naturaleza (rerum naturaeparens), la señora de todos los elementos, la
primogénita del tiempo (saeculorumprogenies initialis), la mayor de las
divinidades, reina de los muertos, primera de los celestes, que une
• a todos los dioses y diosas en u n solo rostro (deorum dearumque facies
uniformis), que a una señal mía mando sobre la luminosa bóveda
celeste, los vientos favorables del mar y la muy lamentada calma del
mundo inferior, la única divinidad a la qué bajo múltiples formas,
ritos diversos y variados nombres la tierra entera adora,
p o r eso los frigios me llaman... Pessinuntia..., los atenienses...
me llaman A t h e n a quecrópica, los chipriotas m e llaman Venus
páfica, los cretenses Dictina, los sicilianos Proserpina ortíguica;
los eleusinos me llaman Démeter; otros Hera, y otros más Bellona
y Hécate y Ramnusia. Pero los etíopes y los egipcios, que poseen la
, enseñanza original, me honran con prácticas propias y me llaman
con mi verdadero nombre, reina Isis.

138 J.Gw. Griffiths, Apukius o/Madauros: Thelsis-Book (Metamorphoses, Bookxi), EPRO 39,
s
L e i d e n , I975> 7° > H ^ s s .
 528 EGIPTO

La diosa vincula t a m b i é n n o m b r e s y g r u p o s étnicos. L o s n o m -

b r e s s o n i m p o r t a n t e s , p e r o s ó l o s o n los q u e u t i l i z a n g r u p o s e s p e c í -
f i c o s q u e a d o r a n a la d i o s a d e u n a f o r m a d e t e r m i n a d a y c o n r i t o s
p r o p i o s . P e r o s o b r e estos n u m e r o s o s n o m b r e s é t n i c o s , ella t i e n e u n
« n o m b r e v e r d a d e r o » que sólo usan los pueblos de tradición más
antigua y auténtica: l o s egipcios y l o s etíopes. L a m e n c i ó n de los etí-
o p e s e n este c o n t e x t o se explica p o r q u e P h i l a e , e l p r i n c i p a l l u g a r de
c u l t o d e Isis e n e l E g i p t o t a r d í o , se c o n s i d e r a ya p e r t e n e c i e n t e a
Nubia.
H a y a l g u n o s textos m á s d e E g i p t o s o b r e Isis q u e alaban a la diosa
c o n los n o m b r e s q u e u s a n los distintos p u e b l o s . E l más t e m p r a n o es
u n o de l o s cuatro h i m n o s q u e Isidoro de N a r m u t h i s reprodujo e n
1 9
pilares d e l t e m p l o de T e r m u t h i s e n M e d i n e t M a d i (siglo I a . C . ) ?

Todos los mortales que viven en la tierra ilimitada,

tracios, griegos y bárbaros, ;
pronuncian tu hermoso nombre, u n nombre p o r todos honrado,
(pero) cada uno habla su propia lengua en su propio país.
Los sirios te llaman: Astarté, Artemis, Nanaia,
las tribus licias te llaman Leto, la señora,
los tracios te llaman madre de los dioses,
y los griegos « H e r a del gran t r o n o » , Afrodita, i
Hestia, la bondadosa. Rea y Démeter. ' ,
1 0
Pero los egipcios te llaman Thiouis * (porque saben)
que tú, que eres Una, eres a la vez todas las que los pueblos de los
14,1
hombres invocan . ¡ ; - '•

O t r o texto de este t i p o se e n c u e n t r a e n u h p a p i r o de O x i r r i n c o .
C o n t i e n e u n l a r g o h i m n o a Isis q u e c o m i e n z a c o n u n lista m u y

139 E n estos a n t i g u o s lugares d e l c u l t o e g i p c i o a la d i o s a d e las cosechas R e n e n u t e t , o

.1 ( T h ) e r m u t h i s , e r i g i ó T o l o m e o II S o t e r u n t e m p l o a I s i s - T h e r m u t h i s . . .
14Ó T h i o u i s = e g . wH, c o p t o T I O Y I , « l a ú n i c a » , v . A . V o g l i a n o , PrimoRapporto degli.scavi
condotti dalla Missione arckeologica d'Egitto della R. universita di Milano nellazona diMadinetMadi,
M i l á n , 1936, 2 7 - 5 1 , e s p . p . 3 4 .
141 V e r a F . V a n d e r l i p , The Four Greek Hymnus ofhidorus and the Gult ofhis, American Studies i n
P a p y r o l o g y XII, T o r o n t o , 1 9 7 2 , í 8 s.-, E . B e r n a n d , Inscriptionsmétriquesde l'Egyptegréco-
romaine, P a r í s , 1969, n . ° I75i 632 s s . ¡ M . T o t t i , Ausgewahlte Texte derIsis-Serapis-Religion,
S u b s i d i a E p i g r a p h a XII, 1985, 7 6 - 8 2 : F . D u n a n d , « L e s y n c r é t i s m e i s i a q u e á l a f i n
d e l ' é p o q u e h e l l é n i s t i q u e » , e n F . D u n a n d y P . L e v á q u e ( e d s . ) , Les syncrétismes dans les
religionsgrecque etromaine, G o l l o q u e d e Strasbourg, Bibliothéque des Centres d'Etudes
supérieures spécialisés, París, I973i 7 9 9 3 --
S o b r e - I s i d o r o cfr. D r i j v e r s , VoxTheologica
0
32,1962,I39-I5 -
 VI / 4. UNO Y MUCHOS: EL COSMOTEÍSMO MONISTA
529

extensa, p e r o desgraciadamente m u y d e t e r i o r a d a , de n o m b r e s y l u g a -
1 4 2
r e s . E n él leemos, p o r ejemplo:

[...] en Afroditópolis la Única [...], en casa de Hefesto (= Menfis)

[..Jkmueñis, que tú en [...Jophis eres llamada «Bubastis». [...],
en Letópolis, Magna, la Única, [...], en A f r o d i t ó p o l i s , en el
n o m o prosópico, Guía de las naves, Afrodita multiforme. E n el
delta, Amparadora; en Nithina, en el n o m o ginecopolitano,
Afrodita; en Paphremis, Isis, Reina, Hestia, Señora de todos los
países, [...] en el n o m o saíta, A t k e n a victoriosa [...]; en Sais,
Hera, Reina, Esbelta; en Iseum, Isis; e n Sebennytos, E n t e n d i -
miento, Soberana, Hera, Santa; en Hermópolis, Afrodita, Reina,
Santa; [...] en Apis, Sophioa; en Leuke Akte, Afrodita, Moukis,
Eseremphis; en Kynópolis, en el Busirites, Praxidiké; en Busiris,
la Buena Suerte (Jykhe agathe); en Tanis, la de graciosa figura, Hera,
etcétera.

T r a s u n a larga lista de tales t o p ó n i m o s e g i p c i o s y n o m b r e s de Isis,

el t e x t o p r o s i g u e c o n n o m b r e s de l u g a r e s y p a í s e s d e l e n t o r n o de
E g i p t o , c o m o A r a b i a , d o n d e se la l l a m a G r a n D i o s a , c o m o e n L i c i a ,
« L e t o » , en Myra «Sabia, L i b e r t a d » , en Greta, « D i c t i n n i s » , en
Calcedonia, « T h e m i s » , en Roma, « G u e r r e r a » , en las Cicladas,
« T r i p l e » , en Patmos, «Joven [...]., e n P a f o s , «Bienvenida, Divina,
Complaciente», en Kíos, «Paseante», en Salamina «Observa-
d o r a » , en Chipre, « G e n e r o s a » , entre l o s indios, « M a y a » , en
S i d ó n « A s t a r t é » . L a lista se cierra c o n u n a f ó r m u l a s o r p r e n d e n t e : la
h e r m o s a vida de t o d o s l o s dioses (GeúJV ángVTGoV TÓ kaXÓV CóJOv).
L a a l a b a n z a c o n l o s n o m b r e s q u e u t i l i z a n o t r o s p u e b l o s es u n
p r o c e d i m i e n t o h í m n i c o q u e n o se l i m i t a a Isis. E n el p a p i r o L e i d e n
I 3 8 4 se i n v o c a d e f o r m a p a r e c i d a a l ' d i o / s I a o - S a b a o t h - A b r a s a x e n
u n a C e r e m o n i a de c o n s a g r a c i ó n :
; v ;i ; :
; Te invoco una vez más . • >' " -- ;' .\ V
como los egipcios: Phno eai Iabok,
como los judíos: Adonaie Sabaoth,
como los griegos: rey que reina sobre todas las cosas, -
;

como los sumos sacerdotes egipcios: oculto, invisible, el que todo

142 B.P. Grenfell y A.S. Hunt, 77ie Oxyrhynchus Pajyri XI, L o n d r e s , 1915,. 196-202,
n . ° 1380, cfr. v a n G r o n i n g e n , Depapyro Oxyrhynchita1380, G r o n i n g e ñ , 192I; A.D.
N o c k , Conversión, 150 s s .
 EGIPTO
53o

lo ve,
como los partos: O Y E R T O (Grande sobre la tierra), señor de
143
todas las cosas .
Hay u n a i n v o c a c i ó n m á g i c a q u e c o m i e n z a así:

Te invoco a ti, que abarcas el universo,

144
en cada lengua y cada dialecto .

H a y tantos n o m b r e s d e l d i o s c o m o l e n g u a s d i f e r e n t e s .

La alabanza de u n a d i v i n i d a d c o n el n o m b r e y e n las l e n g u a s de l o s
distintos p u e b l o s es u n t ó p i c o q u e i n s i n ú a q u e t o d o s l o s dioses e n e l
f o n d o n o s o n sino n o m b r e s de u n ú n i c o dios. E l m o n o t e í s m o en el
sentido j u d í o , cristiano e islámico niega a los demás dioses. A q u í ,
p o r el contrario, tenemos u n concepto del dios U n o q u e incluye a
los m ú l t i p l e s dioses d e c l a r á n d o l o s m e r o s n o m b r e s , variantes o a s p e c -
tos l o c a l e s d e u n a ú n i c a d i v i n i d a d . E l c o n c e p t o j u d í o , c r i s t i a n o e
i s l á m i c o d e l D i o s U n o es exclusivo: n i e g a a l o s demás dioses. E l c o n -
cepto de u n i d a d q u e e n c o n t r a m o s e n E g i p t o y e n la r e l i g i ó n d e Isis.es
i n c l u s i v o : c o m p r e n d e a los d e m á s d i o s e s . \
1 4 5
Este S e r es i n v o c a d o c o m o H y p s i s t o s , « S u p r e m o » , o también
4 6
c o n l a m u y e x t e n d i d a f ó r m u l a d e l H e i s T H e o s ' . L a i d e a de q u e e l
d i o s s u p e r i o r d e u n a r e l i g i ó n d e t e r m i n a d a , . d e un-.panteón concreto',
i n c l u y e e n sí a t o d o s l o s d e m á s dioses, es m á s antigua, y e n el a n t i g u o
E g i p t o p u e d e ya d o c u m e n t a r s e e n el p e r í o d o r a m é s i d a , (siglos X I I I y
X I I a . C ) . P e r o a h o r a estamos ante la i d e a v e r d a d e r a m e n t e i n t e r n a -
c i o n a l de u n dios q u e c o m p r e n d e e n sí al ser s u p r e m o d e las d i f e r e n -
tes r e l i g i o n e s . L a f o r m a típica de expresarse esta i d e a d e la d i v i n i d a d

143 Cfr. R. Merkelbach y M . Totti, Abrasax, Ausgewahlte Papyri religiósen und magischen InhaltsBd. 1:
Gebete, Abhandlungen der rbein.-westf. Akad. d. Wiss., Sonderreihe Papyrologica
Coloniensia vol. XVIII,.I, Opladen, 1960, 166 s. Para más paralelismos; cfr. E .
Peterson, Heis Theós. Epigraphische, formgeschichtliche und religionsgeschichtliche Untersuchungen
(Forschungen zur Religión und Literatur des Alten und Neuen Testaments NF 24)1
:
Gotinga, 1926, p . 254. •;" :• - '- v. :

144 Papyri Graeca Magicae, ed. Preisendanz II, 109,119. •>•*•"• •"- : • .•
145 Sonre Hypsistos cfr. M . Nilsson, Harvard Theólogical Review 56, 1963, I 0 I - I 2 0 . sobre
Hypsistos como denominación del Dios de los judíos y traducción del hebraico El
Elyon, cfr. E. Bickermann, Thejewsinthe GreekAge, Cambridge, Mass., 1988, 263 s.¡
a s
¿. M.-Hengel, JudentumundHeUenismus, 3 . ed;, Tubingá, 1988, 545 - : C . C o l p e , art.
«Hypsistos», en Der KleinePauly, vol. 2, Munich, -1979, 1292 s.|
146 E. Peterson, Heis Theos. O . Weinrich, Neue UrkundeniurSarapis-Religion, Tubinga, 1928.
 VI / U. UNO Y MUCHOS: EL COSMOTEÍSMO MONISTA 531

s o n los o r á c u l o s q u e p r o c l a m a n la i d e n t i d a d d e l o s d i f e r e n t e s dioses
s u p r e m o s e n u n ú n i c o d i o s s u p e r i o r . E l m á s a n t i g u o d e este t i p o l o
e n c o n t r a m o s e n la Crónica demótica:

Apis, Apis, Apis

es decir: Ptah, Phxe, Harsiesis,
que son los señores de los reinados.

Estas triples o c u á d r u p l e s r e p e t i c i o n e s s o n típicas d e la i d e a h e l e -

nística d e u n ser s u p r e m o :

El U n o es Zeus, es Hades, es Helios, es Dionisos.

147
U n dios en todos los dioses .

1 8
El U n o Zeus, el U n o Hades, el U n o Helios, es Sarapis * .

E n este o r á c u l o , S a r a p i s es e l e v a d o al r a n g o d e d i o s u n v e r s a l y
ú n i c o , q u e t o d o l o c o m p r e n d e . T a m b i é n I a o , e l dios d e los j u d í o s , es
p r o c l a m a d o e n u n o d e estos o r á c u l o s d i o s u n i v e r s a l : c o m o E ó n , e l
mundo como temporalidad, e n h e b r e o O l a m , é l es H a d e s e n
invierno, Zeus e n primavera, Helios en verano y « A b r o s I a o » en
1 4 9
otoño . E n u n a d e las s e n t e n c i a s r e c o g i d a s c o m o « o r á c u l o s s i b i l i -
n o s » i n c l u s o se i n t e r p r e t a la c é l e b r e a u t o r r e f e r e n c i a d e Y a h v é , « Y o
soy e l q u e s o y » ( E x . , 3,14)» e n este s e n t i d o d e l d i o s u n i v e r s a l : « Y o
soy el q u e es (eljil 8'éyu) y€ ó uJ/), q u e e n t r e esto e n t u espíritu: y o m e
p u s e e l c i e l o c o m o capa, m e vestí c o n e l o c é a n o , la t i e r r a es e l s u e l o
d e m i s p i e s , e l a i r e es m i c u e r p o y las estrellas g i r a n a m i a l r e d e -
, s o
dor» .
Esta es la i n v e r s i ó n exacta d e l a i d e a c e n t r a l d e l m o n o t e í s m o ,
h e b r e o . « E l aire es m i c u e r p o , c i e l o y o c é a n o s o n m i v e s t i d o » : así
h a b l a el d i o s c ó s m i c o , « l e d i e u c o ^ m i q u e » , c o m o a c e r t a d a m e n t e l o
151
llamó André-^Jean Festugiére . E l n o dice: « Y o soy el q u e s o y » ,
s i n o : « Y o soy T o d o » . E l q u e d i c e « Y o s o y e l q u e s o y » es u n d i o s

147 P s . J u s t . c o h o r t . a d G e n t . 15 = O r p h . f r . 2 3 9 . M a c r o b i o , S a t . I, 18.17, c i t a e l p r i m e r
verso. • ... : ..... -L'.- •
a s
148 M . N i l s s o n , Grundrifl der GriechischenReligiomgeschkhte, 1 . e d . , M u n i c h , I974i 573 -
s
149 M a c r o b i o , Sat. I, 18, 20¡ cfr. P e t e r s o n , 243 -'< H e n g e l , loe. cit., 4 7 ^ s. GJr. t a m b i é n l a
o
i n s c r i p c i ó n Héis 2¿üs Sérapis Iaó (CILII S u p l . 5665), D u n a n d , 1 9 7 5 » 1 7 -
150 R . M e r k e l b a c h y M . T o t t i , Abrasax, Ausgewáhlte Papjri reíigidsen und magischen Inhalts Bd. 2,
Gebete, A b h . d e r r h e i n . - w e s t f . A k a d . d . W i s s . , S o n d e r r e i h e P a p y r o l o g i c a C o l o n i e n -
sia, O p l a d e n , 1991, 131.
151 A . - J . F e s t u g i é r e , La révélationd'HermésTrismegistell: Ledieucosmique, París, 1949.
 532 EGIPTO

c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o , u n d i o s q u e n o señala n a d a f u e r a d e é l ,
d e j a n d o s i n base a todas las i d e n t i f i c a c i o n e s cósmicas. Esta frase es la
1 5 3
n e g a c i ó n y el r e c h a z o de esa r e f e r e n c i a al c o s m o s . Pero junto c o n
la r e f e r e n c i a c ó s m i c a p i e r d e t a m b i é n su base la t r a d u c i b i l i d a d i n t e r -
c u l t u r a l . Y a h v é es, c o n t o d a su t r a s c e n d e n c i a , a la vez u n dios d e c i d i -
d a m e n t e n a c i o n a l . Es exactamente l o c o n t r a r i o del dios c ó s m i c o , q u e
la a n t i g ü e d a d tardía g r i e g a y r o m a n a a d o r a b a c o m o el d i o s ú n i c o q u e
está p o r e n c i m a de l o s dioses n a c i o n a l e s .
E n la t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l ha p r e n d i d o u n a f ó r m u l a breve y e n é r -
g i c a p a r a c e ñ i r el c o n c e p t o de este d i o s ú n i c o q u e se e n c a r n a e n el
u n i v e r s o . Esta f ó r m u l a , q u e fue a c u ñ a d a e n e l E g i p t o t a r d í o , r e z a :
Hen to pan o to Hen kai to pan —existen m u c h a s variantes—, y p u e d e t r a d u -
c i r s e c o m o « l o U n o - T o d o » . L a p a t r i a d e esta i d e a d e la U n i d a d -
T o t a l i d a d p a r e c e q u e fue E g i p t o . L a m e n c i o n a d a f ó r m u l a está p r e -
sente e n diversas t r a d i c i o n e s e g i p c i a s . E s p e c i a l m e n t e f r e c u e n t e es su
152
p r e s e n c i a e n el Corpus Hermeticiim . Además juega un importante
p a p e l e n la t r a d i c i ó n a l q u i m i s t a , cuyos o r í g e n e s a l c a n z a n i g u a l m e n t e
1 5 4
a Egipto . U n a o b r a d e la literatura m á g i c a g r e c o - e g i p c i a se titula En
55 :
kai topan . > : r v r.

Ig2 S o b r e E x . , 3, 14, cfr. e n t r e o t r o s O . G r e t h e r , Ñame und Wort Gottes im A.T., Giefíen,

1934.3 s s - ¡ W . v . S o d e n , Bibel undAlter Orient, Berlín, 1958, 78-88; G . F o h r e r , Ges-
chichte der israelitischen Religión, B e r l í n , 1969, 63 s s . j J . G . d e M o o r , The Rise ofYahwism,
L e u v e n , 1990, I 7 5 > 237 ss-
153 Henkai/topan c o m o divisa h e r m e n é u t i c a : F e s t u g i é r e , C . H . II, 234 ss, n.8¡ cfr. m i l i b r o
1
ZgitundEwigkeitim AltenÁgypten, Heidélberg, 1975» 3 » n-94> id., « P r i m a t u n d T r a h s z e n -
dez. Struktur u n d G e n e s e der agvptischen Vorstellurig eines ' H ó c h s t e n W e s e n s ' » , e n
W . W e s t e n d o r f ( e d . ) , Aspekte der spSiágyptischen Religión, W i e s b a d e n , I979> 38.
154 G o m o d i v i s a a l q u i m i s t a : A l c h i m . g r e c s I 84, 13'.' Cfr. al r e s p e c t o J . Lindsay,77ie Origins
ofAlchemy in Graeco-RomanEgypt, L o n d r e s , 1970. !• ' *
155 C i t a d o e n P G M XIII 980 c o m o t o m o V d e las « P t o l e m a i k a » . •:};,••
 5. EL CRONOTOPO EGIPCIO

H a c i a el a ñ o 3 2 0 , u n intelectual g r i e g o l l a m a d o H e c a t e o viaja a A l e -
j a n d r í a , capital d e l r e i n o t o l e m a i c o , p a r a p o n e r s e a d i s p o s i c i ó n d e l
r e c i é n f u n d a d o Estado d i a d o c o de E g i p t o e n calidad de h i s t o r i a d o r y
p r o p o r c i o n a r a T o l o m e o I u n pasado h i s t ó r i c o que p u d i e r a servir d é
base a su p r o y e c t o de u n r e i n o f a r a ó n i c o h e l e n í s t i c o - e g i p c i o . S u
o b r a e n c u a t r o t o m o s estaba p e n s a d a a la v e z c o m o g u í a de b u e n
g o b i e r n o , la c u a l d e b í a p r o p o r c i o n a r a T o l o m e o í el m o d e l o d e u n a
m o n a r q u í a i l u s t r a d a . E n c o n s o n a n c i a c o n el h o r i z o n t e e c u m é n i c o
del h e l e n i s m o , H e c a t e o sé esfuerza p o r s u p r i m i r las f r o n t e r a s c u l t u -
rales q u e se h a b í a n c r e a d o e n el este c o m o r e a c c i ó n Contra los i m p e -
r i o s a s i r i o y p e r s a . T o d a s las c u l t u r a s a p a r e c e n e m p a r e n t a d a s , y
E g i p t o es el o r i g e n de todas ellas. D e E g i p t o p a r t i e r o n c o n q u i s t a d o -
res y c o l o n i z a d o r e s hacia todas las r e g i o n e s del m u n d o . I n c l u s o G r e -
cia d e b e sú o r i g e n a e m i g r a n t e s p r o c e d e n t e s de E g i p t o . '
• T o l o m e o I e n c o n t r ó esta c o n s t r u c c i ó n de la h i s t o r i a t a n d e su
a g r a d o c o m o l o s l e c t o r e s a f r o a m e r i c a n o s la de M a r t i n B e r n a ! , q u e
h a q u e r i d o r e i v i n d i c a r l a c o m o el « m o d e l o a n t i g u o » d e la c u l t u r a
1 5 6
e u r o p e a . Y d i o a E g i p t o , su t e r r i t o r i o , u n a ventaja c u l t u r a l s o b r e
todos los demás d e l m u n d o helenístico, legitimándola c o m o u n a
s u e r t e d e r e g r e s o al o r i g e n . P e r o H e c a t e o h i z o t a m b i é n , y s o b r e

156 M a r t i n B e r n a l , BlackAthena: TheAfroasiaticRootsofClassicalcivilization,tomo I : TheFabrication

of ancient Greece, 1785-1985; t o m o Q,: TheÁrcheologicaland documentar) Evidence ( N e w B r u n s -
wick: Rutgers U P , 1987-1991) [ e d . c a s t . : Atenea negradas raíces afroasiáticas de la civilización
1993].
clásica, E d i t o r i a l C r í t i c a ,
 EGIPTO
534

t o d o , u n a c o n t r i b u c i ó n i n e s t i m a b l e a la c o n s t r u c c i ó n de la c o n t i ­
n u i d a d y a la e v i t a c i ó n d e u n a r u p t u r a c u l t u r a l . L o s T o l o m e o s se
c o n s i d e r a b a n h e r e d e r o s y c o n t i n u a d o r e s de esta p r i m e r a y más a n t i ­
g u a c u l t u r a . P o r eso d e b í a ésta serles t r a n s p a r e n t e y c o m p r e n s i b l e
h a s t a e n sus ú l t i m o s e s t r a t o s t e m p o r a l e s . E l l o s d e b í a n c o n o c e r
aquello que estaban llamados a continuar. El proyecto del h e l e ­
n i s m o n o c o n s i s t i ó e n h e l e n i z a r el m u n d o o r i e n t a l , s i n o e n e n c o n ­
trar f o r m a s d e e x p r e s i ó n e n las q u e las t r a d i c i o n e s i n d í g e n a s r e s u l ­
t a r a n t r a n s p a r e n t e s y t r a d u c i b l e s . E l h e l e n i s m o p r o p o r c i o n ó a las
c u l t u r a s l o c a l e s u n a l e n g u a c o m ú n e n la q u e p o d í a n a r t i c u l a r s e
1 5 7
m u c h o más d i f e r e n c i a d a y flexiblemente q u e e n las suyas p r o p i a s .
« E l g r i e g o era la l e n g u a d e l a c o m u n i c a c i ó n y de la t r a n s m i s i ó n . E l
1 5 8
servía, d i c h o e n otras p a l a b r a s , d e v e h í c u l o » . E l h e l e n i s m o , m á s
q u e c u b r i r a l o s d i s t i n t o s p u e b l o s y culturas, a las diversas r e l i g i o n e s
y tradiciones del m u n d o , d e entonces, con u n uniforme barniz c u l ­
tural g r i e g o , les p r o p o r c i o n ó « u n m e d i o flexible p a r a las f o r m a s d e
e x p r e s i ó n culturales y r e l i g i o s a s » . L a c u l t u r a de la a n t i g ü e d a d tardía
es t a n d e u d o r a p o r l o m e n o s d e las c u l t u r a s o r i e n t a l e s c o m o de l a
h e r e n c i a g r i e g a , y las f o r m a s de e x p r e s i ó n lingüísticas, i n t e l e c t u a l e s ,
m i t o l ó g i c a s y plásticas de la c u l t u r a griega rio se p r e s e n t a r o n propia-:
m e n t e c o m o u n a alternativa, o u n a antítesis, a las t r a d i c i o n e s l o c a ­
les, s i n o q u e m á s b i e n p r e s t a r o n a éstas u n a n u e v a v o z .
L o s e g i p c i o s p e r c i b i e r o n e n s e g u i d a esta o p o r t u n i d a d . Y a u n a
g e n e r a c i ó n d e s p u é s de H e c a t e o , e s c r i b e el s a c e r d o t e e g i p c i o M a n e -
t ó n c o n f o r m e al m o d e l o d e H e c a t e o u n a h i s t o r i a de E g i p t o q u e se
sirve t a n t o de todas las f u e n t e s egipcias d i s p o n i b l e s c o m o d e l n u e v o
m e d i o q u e e r a l a h i s t o r i o g r a f í a g r i e g a . D e . ese m o d o , el d i s c u r s o
griego sobre Egipto adquiría u n a nueva cualidad. Y a n o articulaba,
c o m o en H e c a t e o de A b d e r a y e n H e r ó d o t o , la m i r a d a desde fuera
c o n la c u r i o s i d a d d e l e x t r a n j e r o , s i n o q u e h a b í a l l e g a d o a ser u n
m e d i o de a u t o p r e s e n t a c i ó n e g i p c i a h a c i a a f u e r a . L a h i s t o r i a d e
M a n e t ó n hacía t r a n s p a r e n t e a los griegos el c r o n o t o p o e g i p c i o e n sus
estratos dinásticos y su c o n t i n u i d a d al h a c e r de la lista d e los reyes l a
e s p i n a i d o r s a l d e su e x p o s i c i ó n . E g i p t o , q u e p a r a l o s g r i e g o s f u e
s i e m p r e la c u l t u r a de m á s larga m e m o r i a , era a h o r a m e d i b l e y a b a r -
cable e n su d i m e n s i ó n t e m p o r a l .

157 G . W . B o w e r s o c k , Hellenism inLateAntiquitf,.Cambridge, 1990. . -

158 B o w e r s o c k , Hellenism, 5. "-
 VI / 5. EL CRONOTOPO EGIPCIO 535

S i n el h e l e n i s m o n u n c a se h a b r í a l l e g a d o a ese e n c u e n t r o e n t r e
E u r o p a y E g i p t o e n el m e d i o de u n a t e r c e r a f o r m a d e e x p r e s i ó n
c o m ú n a a m b a s c u l t u r a s . P o r e s o , t a m b i é n p a r a l o s e g i p c i o s fue el
h e l e n i s m o u n a n u e v a fase c u l t u r a l d e i m p o r t a n c i a c a p i t a l . E n el
m e d i o d e la h i s t o r i o g r a f í a , la f i l o s o f í a , la t e o l o g í a y la m a g i a p u d o
E g i p t o a p o r t a r a la a n t i g ü e d a d helenística tanta sustancia c u l t u r a l p o r
lo m e n o s c o m o la q u e r e c i b i ó de fuera. P e r o e n la a n t i g ü e d a d tardía,
E g i p t o e n t r ó a la vez e n la m e m o r i a de E u r o p a .
Q u i s i é r a m o s , para t e r m i n a r , hacer u n repaso de las diferentes f o r -
m a c i o n e s de s e n t i d o q u e , e n c o r r e s p o n d e n c i a c o n las capas t e m p o r a -
les d e l c r o n o t o p o e g i p c i o , h e m o s e x p u e s t o e n las seis p a r t e s d e este
l i b r o , p e r o u s a n d o el c o n c e p t o de j u s t i c i a c o n e c t i v a c o m o ú n i c o h i l o
r o j o y d e j a n d o fuera todas las demás f o r m a c i o n e s semánticas q u e t a m -
b i é n n o s p a r e c i e r o n i m p o r t a n t e s . E n esto p o d e m o s p a r t i r de H e c a t e o
de A b d e r a y c o m p r o b a r así q u e t a m b i é n a él l e fue accesible i n c l u s o la
s e m á n t i c a c u l t u r a l de u n a é p o c a e n t o n c e s a n t i g u a de más d e dos m i l
años. P u e s la semántica de la c o n s t r u c c i ó n e n p i e d r a , q u e él explica e n
su célebre pasaje s o b r e los « a l b e r g u e s » y las «casas e t e r n a s » , c o n s t i -
tuye la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o m á s a n t i g u a y d u r a d e r a a la v e z de
E g i p t o , a m á s d e la f o r m a c i ó n d e s e n t i d o c a r a c t e r í s t i c a d e l R e i n o
A n t i g u o . Sus observaciones m e r e c e n q u e v o l v a m o s a citarlas a q u í :

L o s naturales d a n al t i e m p o q u e d u r a la v i d a u n v a l o r m u y escaso,
E n c a m b i o , d a n la m a y o r i m p o r t a n c i a al t i e m p o d e s p u é s d e la
m u e r t e , d u r a n t e el cual se conserva e n la m e m o r i a el r e c u e r d o de la
v i r t u d . A las casas d e los vivos las l l a m a n « a l b e r g u e s » (katalyseis) p o r -
q u e e n ellas v i v i m o s p o r b r e v e t i e m p o . A las t u m b a s d e l o s m u e r t o s
las l l a m a n «casas e t e r n a s » (aidioi oikoi) p o r q u e el t i e m p o q u e pasamos
e n el H a d e s es i n f i n i t o . P o r eso d e d i c a n escasa a t e n c i ó n a aspectos de
159
sus casas, m i e n t r a s q u e , para las t u m b a s , n i n g ú n gasto es e x c e s i v o .

N o cabe caracterizar más a c e r t a d a m e n t e la r e l a c i ó n e n t r e la c o n s -

t r u c c i ó n d e l t i e m p o c u l t u r a l y la s e m á n t i c a d e l a c o n s t r u c c i ó n e n
p i e d r a . E l d i s c u r s o m o n u m e n t a l i s t a n o i n v i e r t e s ó l o e n p i e d r a , sino
t a m b i é n e n m e m o r i a . L a t u m b a d e p i e d r a es v e n t a j o s a s ó l o p a r a

159 H e c a t e o d e A b d e r a , e n D i o d o r o , Bibl. Hist. I, 51- L a v e r d a d e s q u e H e c a t e o n o e r a

p r i n c i p a l m e n t e u n v i a j e r o . E n 320 a . G . l l e g ó a A l e j a n d r í a p a r a e s t a b l e c e r s e allí p o r
15 a ñ o s .
 536 EGIPTO

a q u e l cuyas v i r t u d e s le h a n h e c h o m e r e c e d o r de u n p u e s t o d u r a d e r o
e n la m e m o r i a de la p o s t e r i d a d .
S i n e m b a r g o , la p a l a b r a clave « v i r t u d » p e r t e n e c e ya a la f o r m a -
c i ó n de s e n t i d o d e l P r i m e r P e r í o d o I n t e r m e d i o y d e l R e i n o M e d i o .
L a p r o p a g a c i ó n de la r e l i g i ó n d e O s i r i s y ' l a i d e a d e l j u i c i o de l o s
m u e r t o s f a v o r e c e n el viraje ético d e l discurso m o n u m e n t a l i s t a . A h o r a
el a c e n t o se c o l o c a e n las i n v e r s i o n e s i n m a t e r i a l e s e n el más allá.
P r o p i o d e l R e i n o M e d i o es t a m b i é n l o q u e cabría llamar la p o l i t i -
z a c i ó n de la j u s t i c i a c o n e c t i v a : la i d e o l o g í a d e l l e a l i s m o , c o n su r e t ó -
rica de la crisis, la d e c i s i ó n y el g i r o salvador. A l a d q u i r i r d i m e n s i ó n
ética y p o l í t i c a , la idea de la j u s t i c i a conectiva es desarrollada p o r p r i -
m e r a vez de m o d o d i s c u r s i v o . L o q u e e n el R e i n o A n t i g u o era u n a
« m e n t a l i d a d » , e n el s e n t i d o de u n c o n j u n t o .de a c t i t u d e s f u n d a -
m e n t a l e s q u e d i r i g í a n la a c c i ó n y el c o m p o r t a m i e n t o , es a h o r a i d e o -
l o g í a c o n s c i e n t e m e n t e r e f l e j a d a . E n el c o n t e x t o d e este v o l v e r s e la
c u l t u r a r e f l e x i v a se d e s a r r o l l a lá « l i t e r a t u r a » c o m o el m e d i o m á s
i m p o r t a n t e de esa a u t o i l u m i n a c i ó n c u l t u r a l . Esta l i t e r a t u r a se c o m -
p o n e de textos q u e n o s ó l o h a n de f o r m u l a r las n o r m a s y los valores
b á s i c o s , s i n o t a m b i é n p r a c t i c a r l o s e x p o n i e n d o él a c e r v o , a p r e n d i d o
de m e m o r i a , de la élite f u n c i o n a r i a l .
E n el R e i n o N u e v o se p r o d u c e l a t e o l o g p á c i ' ó n d e la j u s t i c i a
conectiva, q u e a h o r a es e q u i p a r a d a c o n la v o l u n t a d divina. E n el s e n o
de la « p i e d a d p e r s o n a l » , la i m a g e n d e l h o n ñ S r e sufre u n c a m b i o , y
el i d e a l d e l h o m b r e g u i a d o p o r el c o r a z ó n es s u s t i t u i d o p o r el i d e a l
d e l c o r a z ó n g u i a d o p o r el d i o s . A j e n a t ó n intentó detener este desarro-
llo i n t r o d u c i e n d o u n c o s m o t e í s m o i l u s t r a d o . L a v o l u n t a d d i v i n a era
i d e n t i f i c a d a c o n las e n e r g í a s c ó s m i c a s « l u z » y « m o v i m i e n t o » ,
m e d i a n t e las c u a l e s el m u n d o n a c e c a d a d í a d e l s o l . E l d e s t i n o y la
h i s t o r i a n o t e n í a n cabida e n esta v i s i ó n d e l m u n d o .
C o n el fracaso de la r e l i g i ó n de A m a r n a vuelve a i r r u m p i r , a h o r a
c o n m á x i m a energía, la t e o l o g í a de la v o l u n t a d , a la q u e la r e l i g i ó n de
A m a r n a se h a b í a o p u e s t o . L a teología de la voluntad culmina y desapa-
rece e n la dinastía X X I j u n t o c o n su e x p e r i m e n t o de u n a teocracia r a d i -
cal. A g o t a d o este p a r a d i g m a s e m á n t i c o , la c u l t u r a e g i p c i a v u e l v e la
vista a su p a s a d o .
E l « R e n a c i m i e n t o » etíope-saíta vive de la cita y se remite a todos los
estratos del pasado. A h o r a es c u a n d o el « c r o n o t o p o E g i p t o » , típico de
É p o c a Baja y t r a n s p a r e n t e a sí m i s m o hasta las últimas p r o f u n d i d a d e s
de su pasado, aparece c o m o la cultura de más larga m e m o r i a . '
 V I / 5 . EL CRONOTOPO EGIPCIO
537

Bajo las c o n d i c i o n e s creadas p o r los d o m i n i o s persa y g r i e g o b r o ­

t a n f o r m a c i o n e s de s e n t i d o q u e r e a c c i o n a n c o n t r a e x p e r i e n c i a s d e
infortunio y enajenamiento del p r o p i o m u n d o : «deuterono-
m i s m o » , m e s i a n i s m o y v i s i ó n a p o c a l í p t i c a . N o es s o r p r e n d e n t e q u e
a h o r a E g i p t o y el Israel d e l I I t e m p l o se a p r o x i m e n s e m á n t i c a m e n t e ,
p u e s ambas culturas viven bajo las m i s m a s c o n d i c i o n e s .
A h o r a s o b r e t o d o se a c e n t ú a la d i f e r e n c i a c o n los o t r o s . P e r o este
p a r a l e l i s m o estructural e n t r e E g i p t o e Israel e n c i e r r a u n a c o n t r a p o ­
s i c i ó n e n el c o n t e n i d o . L o que para u n a r e l i g i ó n es s a c r i l e g o , es p a r a
la otra s a n t o . A n i c o n i s m o e idolatría, así c o m o a c o s m i s m o y c o s m o -
t e í s m o , se d e s a r r o l l a n e n clara c o n t r a d i s t i n c i ó n m u t u a .
V i s t a desde d e n t r o , la « i d o l a t r í a » se m u e s t r a c o m o el i n t e n t o d e
trasladar la « s o l i d a r i d a d v e r t i c a l » d e l n i v e l r e g i o al n i v e l celeste. E l
c u l t o de las i m á g e n e s d e f i n e u n eje q u e p e r m i t e a l o d i v i n o d e s c e n ­
d e r a l a t i e r r a y h a b i t a r e n e l l a . L a i d o l a t r í a n o es o t r a cosa q u e l a
f o r m a c u l t u a l d e l c o s m o t e í s m o . E n este o r d e n , el c o n c e p t o d e l a
M a ' a t halla u n a n u e v a y más favorable c o y u n t u r a . L a o f r e n d a a M a ' á t
se destaca c o m o el r i t o más i m p o r t a n t e . L a « j u s t i c i a c o n e c t i v a » se
t r a n s f o r m a así e n « p i e d a d c o n e c t i v a » , es d e c i r , e n la i d e a de que. es
p o s i b l e m a n t e n e r el m u n d o u n i d o m e d i a n t e la c o n t e m p l a c i ó n y l a
a c c i ó n cúltica.
L a t e o r í a de esta praxis la f o r m u l a n textos e n l e n g u a griega, de l o s
q u e a l g u n o s h a n e n t r a d o . e n el CorpusHermeticum. A q u í los e g i p c i o s se
s e r v í a n n o s ó l o de la l e n g u a g r i e g a , s i n o t a m b i é n d e la f i l o s o f í a
( n e o ) p l a t ó n i c a , c o m o de u n m e d i o . E n el m e d i o del n e o p l a t o n i s m o ,
la t e o l o g í a e g i p c i a se d e j a b a t r a d u c i r d e la m a n e r a m á s i d ó n e a . S u
t r a d u c c i ó n fracasó, e n c a m b i o , en el m e d i o d e l c r i s t i a n i s m o .
L a c u l t u r a e g i p c i a e n c o n t r ó su m u e r t e ' c o m o m u n d o de s e n t i d o
e n las r e l i g i o n e s de s a l v a c i ó n . H a s t a el f i n a l p e r m a n e c i ó c i m e n t a d a
—y m u y e s p e c i a l m e n t e eri sus v e r s i o n e s griegas, c o m o el h e r m e t i s m o ,
el n e o p l a t o n i s m o y la alquimia— en los p r i n c i p i o s d e l e n r a i z a m i e n t o
d e l h o m b r e e n e l m u n d o , la c o o p e r a c i ó n de éste e n el p r o y e c t o
d i v i n o d e m a n t e n i m i e n t o d e l c u r s o d e l m u n d o y la r e c o n c i l i a c i ó n
p e r m a n e n t e e n el s e n t i d o de la p r o d u c c i ó n de c o h e r e n c i a y c o n t i ­
n u i d a d . E l a n h e l o de r e d e n c i ó n de este m u n d o , lejos d e ajustarse a
u n a c o l a b o r a c i ó n piadosa, l e era e n t e r a m e n t e a j e n o .
E l r á p i d o éxito de las r e l i g i o n e s de r e d e n c i ó n —cristianismo y g n o -
sis— e n E g i p t o s ó l o t i e n e u n a e x p l i c a c i ó n s o c i o l ó g i c a . E l e n r a i z a ­
m i e n t o e n el m u n d o y el « b i e n e s t a r e n la c u l t u r a » e r a n y s o n f o r m a -
538 EGIPTO

ciones de sentido de las capas s u p e r i o r e s . N o q u e r e m o s d i s i m u l a r que

e n t o d o este l i b r o n o h e m o s tratado d e otra cosa q u e d e los m u n d o s
semánticos de las capas s u p e r i o r e s de E g i p t o . N o h e m o s c o n s i d e r a d o
las ideas y r e p r e s e n t a c i o n e s d e l p u e b l o l l a n o . Las c u a l e s n o se n o s
m u e s t r a n e n las h u e l l a s , m e n s a j e s "y r e c u e r d o s de E g i p t o . S i acaso
p o d r í a i n t e r p r e t a r s e e n ciertas c i r c u n s t a n c i a s la « p i e d a d p e r s o n a l »
c o m o u n m o v i m i e n t o desde abajo, si b i e n la i d e a de u n a « r e l i g i ó n de
los p o b r e s » ( G u n n ) tendría a q u í u n sitio e q u i v o c a d o . E l cristianismo
y la gnosis, e n c a m b i o , o f r e c í a n u n s e n t i d o c o m p l e t a m e n t e n u e v o , el
c u a l h u b o de p r o d u c i r u n a i n t e n s a f a s c i n a c i ó n p r e c i s a m e n t e s o b r e
aquellas capas q u e se s e n t í a n , más q u e n u n c a antes, e x c l u i d a s d e la
cultura elitaria sacerdotal del E g i p t o h e l e n í s t i c o .
 FINAL

Egipto como huella,

mensaje y recuerdo
 C o n la d e s a p a r i c i ó n d e l c o n o c i m i e n t o de la escritura a fines del siglo
I V d. C . e n m u d e c e la c u l t u r a f a r a ó n i c a de E g i p t o e n su aspecto de
m e n s a j e . H a s t a el d e s c i f r a m i e n t o de la e s c r i t u r a j e r o g l í f i c a p o r
C h a m p o l l i o n ( 1 8 2 2 ) n o c o m e n z a r á E g i p t o a ser de n u e v o visible e n
sus « m e n s a j e s » . M u c h a s h u e l l a s y r e c u e r d o s d e j ó E g i p t o , p e r o tan
i n a b a r c a b l e s e i m p r e s i o n a n t e s , q u e n o p u e d e h a b l a r s e de E g i p t o
c o m o se h a b l a de u n a c u l t u r a d e s a p a r e c i d a q u e las palas de los
a r q u e ó l o g o s s a c a r o n a la l u z . E g i p t o n u n c a cayó e n o l v i d o , p u e s
s i e m p r e h a estado de alguna m a n e r a presente e n la c o n c i e n c i a c u l t u ­
r a l d e las é p o c a s p o s t e r i o r e s , c i e r t a m e n t e m e n o s e n la d e l m u n d o
1
árabe , p e r o e n t o d o caso e n la d e l m u n d o o c c i d e n t a l . •
Hasta a h o r a n o se ha c o n s i d e r a d o d e b i d a m e n t e el significado de la
i m a g e n - r e c u e r d o q u e de E g i p t o guarda l a / m e m o r i a cultural de O c c i ­
d e n t e . E l estudio g e n e r a l de Siegfried M o r e n z sobre e l « e n c u e n t r o de

I Cfr., sin embargo, A. Fodor, «The Origins ofthe Arabic Legends of the Pyramids»,
enAOHzs, 1970, 335-363; D. Frankfurter, Elijah in Upper Egypt, 1993. De acuerdo
con estas leyendas, un rey llamado Surid levantó las pirámides para tener seguros .
dentro de ellas los libros de la sabiduría después de que algunos sacerdotes le vatici-
, naran el fin de Egipto entre inundaciones e incendios. Esto hace recordar la histo­
ria que cuenta Manetón del rey Amenofis , que busca para las imágenes de los dio­
ses y los animales sagrados un lugar a salvo de los leprosos y los enemigos que le
predijeron, y también el apocalipsis de Asclepio, que pinta el ocaso de la religión
egipcia. Pero aquella historia recuerda sobre todo la transformación de los templos y
sus bibliotecas en casas del tesoro de la memoria cultural; cfr. al respecto mi libro Das
kulturelle Gedachtnis, cap. 4. . -
542 EGIPTO

E u r o p a c o n E g i p t o » es a d m i r a b l e p o r la e r u d i c i ó n y la a b u n d a n c i a de
material q u e e x h i b e , p e r o e n su fijación al ideal, t o m a d o de H e r d e r ,
de la « v i s i ó n a e s c a l a » deja t o t a l m e n t e f u e r a de c o n s i d e r a c i ó n el
2
aspecto del r e c u e r d o . L a m e m o r i a cultural n o « e n c u e n t r a » el
p a s a d o , s i n o q u e l o lleva e n sí. E l l a se vuelve h a c i a el p a s a d o n o s ó l o
p r e g u n t a n d o e i n v e s t i g a n d o , p u e s el pasado t a m b i é n la visita a ella.
E n n i n g ú n o t r o caso resulta esto tan evidente c o m o e n el d e la h i s -
toria de la llamada « r e c e p c i ó n » de E g i p t o . L a presencia de E g i p t o e n
la m e m o r i a c u l t u r a l de O c c i d e n t e h a t e n i d o y c o n s e r v a d o s i e m p r e ,
más allá de la t r a d i c i ó n y la r e c e p c i ó n , u n a cualidad m í t i c a q u e quizá
demasiado i r ó n i c a m e n t e s o l e m o s despachar c o n el t é r m i n o « e g i p t o -
manía». Naturalmente, también ha habido «encuentros» con
E g i p t o , igual q u e los h a h a b i d o c o n otros países, c o m o , p o r e j e m p l o ,
C h i n a o M é x i c o . T i e n e p e r f e c t o s e n t i d o e s c r i b i r la h i s t o r i a de tales
e n c u e n t r o s y enjuiciarlos c o n f o r m e al criterio de la « v i s i ó n a e s c a l a » .
P e r o e n E g i p t o el caso es o t r o e n la m e d i d a e n q u e estas f o r m a s d e
e n c u e n t r o j u e g a n u n p a p e l m u y p e q u e ñ o e n c o m p a r a c i ó n c o n el s i g -
nificado de las i m á g e n e s d e l r e c u e r d o en las q u e E g i p t o fue d e t e r m i -
n a n t e de la v i s i ó n q u e E u r o p a ha t e n i d o de sí m i s m a . Este p a p e l s ó l o
p u e d e c o m p a r a r s e a l o s d e Israel y G r e c i a . E g i p t o es u n a p a r t e d e
aquel pasado q u e O c c i d e n t e r e c o n o c e c o m o p r o p i o .
Es c u r i o s o q u e este p a p e l n o se haya visto hasta a h o r a . E l caso dé
E g i p t o es c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o d e l de otras c u l t u r a s o r i e n t a l e s y
e x ó t i c a s . E d w a r d S a i d n o a p r e c i a esta p o s i c i ó n e s p e c i a l d e E g i p t o
c u a n d o r e d u c e el i n t e r é s d e E u r o p a p o r E g i p t o a l o q u e él l l a m a e l
3
p a r a d i g m a d e l o r i e n t a l i s m o . E l o r i e n t a l i s m o es, s e g ú n E d w a r d S a i d ,
el i n t e r é s , d e t e r m i n a d o p o r f i n e s c o l o n i a l i s t a s , e n o t r a c u l t u r a , la
cual es estudiada p a r a p o d e r explotarla más e f i c a z m e n t e y c o n m e j o r
conciencia. La expedición napoleónica a Egipto, que combinaba los
fines c i e n t í f i c o s c o n l o s m i l i t a r e s y e c o n ó m i c o s , es p a r a él l a e s c e n a
o r i g i n a l d e l o r i e n t a l i s m o . E l l o h a c e resaltar, c o m o e n M o r e n z , u n
a s p e c t o d e l f e n ó m e n o q u e m á s b i e n es a t í p i c ó . N a t u r a l m e n t e , la
egiptología t a m b i é n t i e n e el aspecto « o r i e n t a l i s t a » resaltado p o r
S a i d . Y sin d u d a era l í c i t o s u b r a y a r l o . Es de t o d o p u n t o i n d i s c u t i b l e
q u e la e g i p t o l o g í a m o d e r n a h a a d o p t a d o e n o c a s i o n e s , r e s p e c t o a las

2 S i e g f r i e d M o r e n z , .Die BegegnungEuropas mitAgypten, Sitzungsberichte der S&chsischen

A k a d e m i e d e r W i s s e n s c h a f t e n z u Leipzig, p h i l . - h i s t . Jlasse 113 H. 5, B e r l í n , ig68¡
nueva ed. ampliada, Zúrich y M u n i c h , 1969. -, -..••.«
n

3 E d w a r d S a i d , Orientalism, N u e v a Y o r k , 1978 [ e d . cast: Orientalismo, Ed. Debate, 2002,].

 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, MENSAJE Y RECUERDO 543

fuentes p o r ella investigadas u n t o n o paternalista o i r ó n i c o q u e n o le

favorece. P e r o y o n o h a b l o de la e g i p t o l o g í a m o d e r n a . R e s p e c t o a l o
q u e l l a m o « m e m o r i a c u l t u r a l » , ella es a n t e s u n ó r g a n o d e o l v i d o
q u e de r e c u e r d o . E n las r e l a c i o n e s c o n las f u e n t e s p o r ella e s t u d i a -
das, a p e n a s vive a l g o m á s de l o q u e l a t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l h a b í a
fijado hasta H e g e l c o m o i m a g e n - r e c u e r d o d e E g i p t o .
L a i d e n t i d a d e u r o p e a d e s c a n s a , c o m o se s a b e , y c o m o Vassilis
L a m b r o p o u l o s h a v u e l t o a p o n e r d e relive r e c i e n t e m e n t e , s o b r e d o s
c i m i e n t o s t e n s a m e n t e antitéticos: A t e n a s y J e r u s a l é n , la H é l a d e e
4
Israel, el h e l e n i s m o y el h e b r a í s m o . P e r o a m b o s n o a g o t a n el e s p e c -
t r o , p u e s G r e c i a e Israel t u v i e r o n r e l a c i ó n c o n E g i p t o , y u n a r e l a c i ó n
tan señalada, q u e sus respectivas i m á g e n e s de E g i p t o , opuestas e n t r e
sí, d e b e n s e r i n c l u i d a s e n t r e las f o r m a c i o n e s d e s e n t i d o d e l a c o n -
c i e n c i a h i s t ó r i c a o c c i d e n t a l , y c o n t a r e n la r e f e r e n c i a d e ésta al
p a s a d o . Esta h i s t o r i a d e la r e c e p c i ó n d e E g i p t o n o se h a escrito hasta
a h o r a , y e n este c a p í t u l o final n o p u e d e ser s i q u i e r a e s b o z a d a .
P e r o E g i p t o n o h a estado p r e s e n t e s ó l o c o m o r e c u e r d o , s i n o t a m -
b i é n c o m o h u e l l a . L a s h u e l l a s l l e n a b a n el p a í s e n f o r m a d e m o n u -
m e n t o s g r a n d i o s o s , d e s d e las p i r á m i d e s d e G i z a y d e S a q q a r a hasta
los t e m p l o s d e la é p o c a g r e c o r r o m a n a . Estas h u e l l a s e r a n , s i n
e m b a r g o , m u d a s p a r a l o s viajeros q u e las a d m i r a b a n , y n o les o f r e -
cían n i n g ú n acceso a las f o r m a c i o n e s d e s e n t i d o e n cuyo s e n o h a b í a n
b r o t a d o . Se presentaban más c o m o enigmas q u e c o m o mensajes.
P e r o el acceso a las f o r m a c i o n e s de s e n t i d o existentes tras los m o n u -
mentos en m o d o alguno había quedado definitivamente cegado p o r
h a b e r s e l o s t e x t o s j e r o g l í f i c o s v u e l t o i l e g i b l e s . T a l es la i d e a d e la
m o d e r n a e g i p t o l o g í a , que cree h a b e r r e d e s c u b i e r t o la cultura del
a n t i g u o E g i p t o c o n el d e s c i f r a m i e n t o d e la escritura j e r o g l í f i c a , o l v i -
d a n d o p o r c o m p l e t o q u e el a n t i g u o E g i p t o h a b í a e s t a d o d u r a n t e
siglos e n e l c e n t r o d e l . i n t e r é s o c c i d e n t a l y q u e ella m i s m a f u e f r u t o
d e este i n t e r é s . Y éste i n t e r é s e n m o d o a l g u n o l o suscitó él m i s t e r i o
d e las h u e l l a s m u d a s , s i n o l o s a b u n d a n t e s textos b í b l i c o s y a n t i g u o s
q u e d e s c r i b í a n . a E g i p t o c o m o u n a c u l t u r a viva y q u e a su vez h a b í a n
p e r m a n e c i d o vivos e n la t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l . L a cual se s u b d i v i d e e n
cuatro tradiciones principales.
L a t r a d i c i ó n b í b l i c a traza u n a i m a g e n a m b i v a l e n t e , c u a n d o n o
negativa, de E g i p t o . E g i p t o aparece aquí, e n el o r d e n p o l í t i c o ,

4. Vassilis L a m b r o p o u l o s , TneRheofEurocentrism.AnatomyofInterpretation, Princeton, 1993-

 544 EGIPTO

c o m o E s t a d o d e s p ó t i c o y d e s e r v i d u m b r e , y e n el o r d e n r e l i g i o s o ,
c o m o e l p a í s d e la i d o l a t r í a , la m a g i a , e l c u l t o d e l o s m u e r t o s y la
superstición.
L a t r a d i c i ó n g r i e g a y r o m a n a a d o p t a respecto a E g i p t o u n a actitud
p r e d o m i n a n t e m e n t e positiva, c u a n d o n o d e a d m i r a c i ó n . E g i p t o a p a -
r e c e e n l o s ó r d e n e s p o l í t i c o y e c o n ó m i c o c o m o e l p a í s de. las leyes
sabias, d e l o s m o n a r c a s p r u d e n t e s y r e s p e t u o s o s d e la l e y y d e u n a
f e r t i l i d a d casi p r o d i g i o s a , q u e d e s d e b i e n t e m p r a n o p e r m i t i ó a la
p o b l a c i ó n d e d i c a r s e a las c i e n c i a s y las artes, p e r o e s p e c i a l m e n t e al
c o n o c i m i e n t o y la a d o r a c i ó n d e l o s d i o s e s . P o r eso a p a r e c e E g i p t o ,
e n el o r d e n r e l i g i o s o y f i l o s ó f i c o , c o m o u n país e s p e c i a l m e n t e p i a -
d o s o y c u l t o . D e a h í q u e esta t r a d i c i ó n c o n s i d e r a s e a l o s e g i p c i o s
c o m o l o s p r i m e r o s e n e x p l i c a r la esencia de l o s dioses y establecer los
cultos, e n s e ñ a n d o t o d o esto a o t r o s p u e b l o s .
L a t r a d i c i ó n p a t r í s t i c a t o m a u n a p o s i c i ó n i n t e r m e d i a e n t r e la
b í b l i c a y la de la a n t i g ü e d a d g r i e g a y r o m a n a . E l l o es p a r t i c u l a r m e n t e
e v i d e n t e e n C l e m e n t e de A l e j a n d r í a , O r í g e n e s y E u s e b i o de C e s á r e a .
Sobre todo en Clemente, quien contribuyó muy notablemente a
p r o p a g a r u n a i m a g e n e q u i l i b r a d a de E g i p t o y fue u n m e d i a d o r e n t r e
la p o s i c i ó n b í b l i c a y la de la a n t i g ü e d a d g r i e g a y r o m a n a , c r a s a m e n t e
divergentes. • • ' ¡
Las tradiciones n e o p l a t ó n i c a , h e r m é t i c a , ¡gnósticá y alquímica
e s t u v i e r o n , al m e n o s e n p a r t e , r e p r e s e n t a d a s p o r sacerdotes e g i p c i o s ,
a u n q u e se s i r v i e r a n de la l e n g u a g r i e g a , y p o r ; eso, t e n í a n t a m b i é n e l •
carácter de mensajes, es d e c i r , d e testimonios,; y n o d e s c r i p c i o n e s d e
lá c u l t u r a e g i p c i a . . .
Estas c u a t r o t r a d i c i o n e s r e c i b i e r o n e n el R e n a c i m i e n t o un
e n o r m e i m p u l s o , d e l q u e se d e r i v ó u n a i n t e n s a o c u p a c i ó n c o n
E g i p t o . Este a u g e l o e x p e r i m e n t a r o n d e m o d o e s p e c i a l las distintas
t r a d i c i o n e s d e l ú l t i m o g r u p o . L o s d e s c u b r i m i e n t o s recientes d e c i e r -
t o s m a n u s c r i t o s f u e r o n c e l e b r a d o s c o m o r e d e s c u b r i m i e n t o s d e la
s a b i d u r í a e g i p c i a . E n t r e estos m a n u s c r i t o s figuraba el l i b r o de H o r á -
3
p o l o , h a l l a d o e n 14*9 e n la isla d e A n d r o s , y l o s escritos d e l Corpus
Hermeticum, l l e v a d o s a I t a l i a e n 1460 p o r u n a g e n t e d e C o s m e d e
M é d i c i s y t r a d u c i d o s e n 1643 p o r M a r s i l i o F i c i n o , q u é h u b o d e

5 Hieroglyphika d e H o r á p o l o N i l i a c o , e s c r i t a s p o r é s t e e n l e n g u a e g i p c i a y t r a d u c i d a s al
g r i e g o p o r P h i l i p p ; p u b l i c a d a p o r v e z p r i m e r a e n 1505 e n t r a d u c c i ó n l a t i n a ( V e n e -
cia), c o n o c i ó n u m e r o s a s e d i c i o n e s p o s t e r i o r e s .
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, MENSAJE Y RECUERDO
545
6
p a r a l i z a r s u p r o y e c t o d e t r a d u c c i ó n de P l a t ó n . E n H o r á p o l o se
creyó h a b e r e n c o n t r a d o la clave p a r a descifrar l o s j e r o g l í f i c o s egip-
c i o s . S u l i b r o f u e , j u n t o c o n el s i m u l t á n e a m e n t e d e s c u b i e r t o d e
A m i a n o M a r c e l i n o y sus t r a d u c c i o n e s de l o s o b e l i s c o s , el p u n t o d e
p a r t i d a de u n discurso e n t o r n o a los jeroglíficos q u e p u e d e c o n s i d e -
rarse c o m o el p r i m e r estudio sistemático, científico y artístico d e l
a n t i g u o E g i p t o , y, p o r e n d e , c o m o u n a f o r m a p r i m i t i v a de e g i p t o l o -
gía. G i m a s de a q u e l d i s c u r s o f u e r o n la novela Hypnerotomachia Poliphili
(i499)» 7
de F r a n c e s c o G o l o n n a , las Hieroglyphica d e P i e r o V a l e r i a n o
(1556), las tres i n f l u y e n t e s p u b l i c a c i o n e s d e A t h a n a s i u s K i r c h e r ,
Obeliscus Pamphilius ( R o m a , 1650), Oedipus Aegyptiacus ( R o m a , 1652-
l654> 3 t o m o s ) y Sphinx mystagoga ( A m s t e r d a m , 1676), y el excurso
s o b r e l o s j e r o g l í f i c o s , d e v a r i o s c e n t e n a r e s de p á g i n a s y p u b l i c a d o
aparte ( t a m b i é n e n t r a d u c c i ó n francesa), de la o b r a e n n u e v e t o m o s
d e l o b i s p o W i l l i a m " W a r b u r t o n The Divine Legation ofMoses (Londres,
x
T738-l74 )« q u e desde u n a p o s i c i ó n c o n t r a r i a a la d e K i r c h e r a n t i -
8
c i p a m u c h o s c o n o c i m i e n t o s de la egiptología p o s t e r i o r . E l d i s c u r s o
de la t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l e n t o r n o a los j e r o g l í f i c o s h a s i d o t e m a de
n u m e r o s o s estudios y exposiciones y puede considerarse especial-
9
mente bien investigado .
L o s j e r o g l í f i c o s e r a n e n t e n d i d o s c o m o signos n a t u r a l e s o reolcha-
racters ( F r a n c i s B a c o n ) q u e n o se r e f e r í a n a l o s s o n i d o s d e l l e n g u a j e ,
s i n o a cosas y c o n c e p t o s . C o n ellos se creyó estar e n la pista de la u t o -
pía de u n a escritura « n a t u r a l » u « o r i g i n a r i a » , q u e traduce u n

6 F r a n c é s A . Y a t e s , Giordano Bruno and the HermeticTradition, L o n d r e s y C h i c a g o , 1964, 12-

7 F r a n c e s c o C o l o n n a , Hypnerotomachia PohpMi (1499)1 n u e v a e d i c i ó n d e G i o v a n n i P o z z i
y L u c i a A . C i a p p o n i , P a d u a , 1980.
8 Essaisur\eshiérog\yphesdesEgyptiens)oü l'onvoit l'origine etleprogrés du langage etde l'écriture, l'anti-
quitédes sciencesen Egypte et ¡'origine du cuite des animaux.Traduit d e Tangíais d e M . W a r b u r -
t o n [par L é o n a r d des M a l p e i n e s ] . A v e c des obsérvations sur 'lantiquité des h i é r o g l y -
p h e s s c i e n t i f i q u e s e t d e s r e m a r q u e s s u r l a c h r o n o l o g i e et s u r l a p r e m i é r e é c r i t u r e d e s
C h i n o i s . P a r í s , l744< 2 v o l s . N u e v a e d i c i ó n d e P a t r i c k T o r t , c o l l e c t i o n P a l i m p e s t e ,
P a r í s , 1978. N u e v a e d i c i ó n a l e m a n a d e P e t e r K r u m m e : W i l l i a m W a r b u r t o n , Versuch
üher.dieHieroglyphenderAgypter, c o n u n a aportación de Jacques Derrida, Frankfurt/Berr
l í n ( U l l s t e i n ) , 1980.
9 E . I v e r s e n , The myth of Egypt and iisHieroglyphs in EuropeanTradition, C o p e n h a g u e , 196I;
L . D i e c k m a n n , Hieroglyphics. The History of a Literary Symbol, S t . L o u i s , 197O! K a r l G i e h -
l o w , die Hieroglyphenkunde desHumanismus in derAllegoriederRenaissance,besonders derEhrenpforte
KaisersMaximilian I, J a h r b u c h d e r k u n s t h i s t o r i s c h e n S a m m l u n g e n XXXII, I9I5> H e f t I¡
•r L . V p l k m a n n , Bilderschrifleh derRenaissance. Hieroglyphik und emblematik in ihren Besjehungen und
Fortwirkungen, L e i p z i g , 1923; A . H e n k e l y A . S c h o n e , Emblemata. HandbuchzurSinnbildkunst
des 16. undiy.Jahrhunderts, S t u t t g a r t , 1967. . • ••
546 EGIPTO

o r d e n escrito e n la naturaleza m i s m a a u n sistema de signos h u m a n o ,

e n perfecta a n a l o g í a c o n las ideas d e la m i s m a é p o c a acerca d e l l e n -
guaje o r i g i n a l d e A d á n , q u e d a b a c o n l o s n o m b r e s c o r r e c t o s p a r a
cada cosa, y cuyas palabras t r a d u c í a n d i r e c t a m e n t e u n a f o r m a de l e n -
guaje existente e n l a p r o p i a naturaleza a u n m e d i o d e c o m u n i c a c i ó n
1 0
h u m a n a . D e l m i s m o m o d o q u e se r e c o n o c í a e n el h e b r e o la l e n g u a
o r i g i n a l de A d á n , se veía e n los j e r o g l í f i c o s u n a escritura o r i g i n a l que
r e p r o d u c í a d i r e c t a m e n t e las cosas y los c o n c e p t o s sin la m e d i a c i ó n de
n i n g u n a l e n g u a d e t e r m i n a d a . I n m e d i a t e z es a q u í la p a l a b r a c l a v e .
Para citar la d e f i n i c i ó n q u e de los j e r o g l í f i c o s daba R a l p h G u d w o r t h :
« L o s j e r o g l í f i c o s e g i p c i o s e r a n figuras q u e n o c o r r e s p o n d í a n a s o n i -
d o s o p a l a b r a s , s i n o q u e r e p r o d u c í a n d i r e c t a m e n t e las cosas y l o s
1 1
c o n c e p t o s . d e la m e n t e » . L o s j e r o g l í f i c o s e r a n la f o r m a d i r e c t a , es
d e c i r , n o l i n g ü í s t i c a m e n t e m e d i a d a y n o discursiva, de c o d i f i c a c i ó n
d e l saber. U n texto clave d e esta c o n c e p c i ó n de la escritura j e r o g l í f i c a
era el s i g u i e n t e de P l o t i n o : ;

A mi parecer, los sabios egipcios daban muestras o de una inteli-

'." gencia perfecta o de un instinto maravilloso, pues para exponer su
sabiduría empleaban n o la escritura alfabética, que dispone las
palabras y los enunciados unos tras otros e imita los sonidos y la
pronunciación de las frases, sino que se servían de una escritura a
base de imágenes; ellos grababan imágenes en sus templos, cada
una de las cuales era u n signo para una cosa o u n hecho determi-
nados: y de ese m o d o , creo, ponían de manifiesto que allí arriba
[donde están los dioses] no se da ningún entendimiento discur-
sivo, sino que cada imagen reproduce u n contenido de c i e n c i a y
de sabiduría, mostrando las cosas e r i u i i ú n i c o acto sin pensa¬
miento discursivo. L u e g o , el contenido es despegado de la ima¬
gen, se le d a n palabras y se le encuentra la razón de por qué es así
12
y no de otro m o d o . ',

M a r s i l i o F i c i n o i l u s t r ó este pasaje c o n el s i g u i e n t e e j e m p l o c é l e -
b r e , q u e e n c o n t r ó e n H o r á p o l o y e n C l e m e n t e de A l e j a n d r í a : .:

IO Cfr. al r e s p e c t o A . A s s m a n n , Die Legitimitat derFiktion-, U m b e r t o E c o , Die Suche nach der

• yollkommenenSprache, M u n i c h , 1994. •• . - . -V¬
II : « T h e Egyptian hieroglyphics were figures n o t answering to s o u n d s o r words, but
i m m e d i a t e l y r e p r e s e n t i n g t h e o b j e c t s a n d c o n c e p t i o n s o f t h e m i n d > > ; G u d w o r t h , The
: True Intellectual System ( n o t a IJj), 316.-. \ 1.':. •;•;>;'¿'i
12 Plotino, Enéada V, 8,6. PlotinsSchriften,. Bandín,- Hamburgo, 1964., 49.
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, M E N S A J E Y R t c u t i t u u

La forma discursiva del concepto « t i e m p o » es en nosotros c o m -

plicada y oscilante; así cuando decimos, p o r ejemplo, que « e l
tiempo pasa, y después de seguir un determinado curso, el final se
enlaza con el principio». El egipcio, sin embargo, recoge todo este
13
discurso en la imagen de una serpiente que se muerde la cola .

« P u e s al u t i l i z a r l o s e g i p c i o s u n a l f a b e t o r e f e r i d o a cosas, y n o a
p a l a b r a s » , escribía S i r T h o m a s B r o w n e e n la p r i m e r a m i t a d del siglo
XVII, « p o d í a n m e d i a n t e esas i m á g e n e s e x p r e s a r sus p e n s a m i e n t o s e n
la e s c r i t u r a y el l e n g u a j e d e l a n a t u r a l e z a m i s m a » . U n a e s c r i t u r a d e
las cosas e n vez d e u n a escritura del l e n g u a j e —esto p a r e c í a « l a m e j o r
I4
s o l u c i ó n a la c o n f u s i ó n b a b i l ó n i c a d e las l e n g u a s » — .
T a l es el t r a s f o n d o filosófico d e la j e r o g l í f i c a y la e m b l e m á t i c a , q u e
d o m i n ó e l arte d e s d e e l siglo XVI al XVIII.
L a t r a d u c c i ó n p o r M a r s i l i o F i c i n o d e l Corpus Hermeticum fue el
p u n t o d e p a r t i d a del discurso h e r m é t i c o - n e o p l a t ó n i c o , q u e d e b e ser
d i s t i n g u i d o del d i s c u r s o j e r o g l í f i c o , a u n q u e a l g u n o s a u t o r e s d e esta
primitiva egiptología, c o m o Athanasius K i r c h e r o William W a r b u r -
t o n , j u n t a r a n a m b o s discursos. Las e s t a c i o n e s más i m p o r t a n t e s d e l a
tradición hermética son G i o r d a n o B r u n o , A g r i p p a de Nettesheim,
Jacob Bohme, Robert Fludd, los «platónicos de Cambridge»
1 5
(Henry Moore y Ralph Cudworth e n t r e o t r o s ) e Isaac C a s a u b ó n ,
q u i e n e n 1614 « d e s e n m a s c a r ó » e l Corpus Hermeticum c o m o falsifica-
c i ó n c r i s t i a n a . T a m b i é n esta t r a d i c i ó n p u e d e c o n s i d e r a r s e b i e n
16
investigada e n d e t e r m i n a d o s a s p e c t o s .

13 M a r s i l i o F i c i n o , Operaomnia, e d . d e P . O . K r i s t e l l e r , 1968, c i t a d o e n D i e c k m a n n ,
Hieroglyphics, 3J.
14 S i r T h o m a s B r o w n e , Pseudodoxia Epidémica III, c i t . e n D i e c k m a n n , 113.
15 R . C u d w o r t h , The true Intellectual System óf the Universe: thefirstpan, wherein All the Reason and
a a
PhilosophyofAtheismisconfutedanditsImpossibilitydemonstrated, 1 . e d . , L o n d o n , 1678; 2.
e d . , L o n d r e s , 1 7 4 3 - Systema intellectuale huiusmundi, C a m b r i d g e , 1678, 1680. L a t r a -
d u c c i ó n l a t i n a p o r M o s h e i m d e la e d i c i ó n i n g l e s a d e 1678 c o m p l e m e n t a b a l a s
a 1 e u a s e
n o t a s , y a p a r e c i ó e n J e n a e n 1733 (2. e d . , L e i d e n , 1773)- E * basa l a e d i c i ó n
s
l o n d i n e n s e d e 1743- E s l á s t i m a q u e l a r e i m p r e s i ó n d e O l m s , H i l d e s h é i m , ig77> e
b a s e e n l a p r i m e r a e d i c i ó n l o n d i n e n s e d e 1678, y n o e n l a m u c h o m á s a p r o v e c h a b l e
de 1743.
16 Cfr. e n e s p e c i a l F r a n c é s A . Y a t e s , Giordano Bruno and théHermetic Tradition, C h i c a g o y L o n -
dres, 1964. D e l m i s m o a u t o r , TheRosicrucianEnlightenment, Londres, I972¡ .1. Merkely
A . G . D e b u s ( e d s . ) , Hermeticism and the Renaissance. Intellectual Histoty and the Occult in Early
ModernEurope, F o l g e r B o o k s , W a s h i n g t o n / L o n d r e s / T o r o n t o , 1988; A . F a i v r e ( e d . ) ,
Présenced'HermésTrismégiste, C a h i e r s d e l ' H e r m é t i s m e , P a r í s , 1988.
 548 EGIPTO

Hasta ahora ha p e r m a n e c i d o i g n o r a d o el h e c h o de que t a m b i é n

e n la i n v e s t i g a c i ó n h u m a n i s t a d e la t r a d i c i ó n bíblica, es d e c i r , e n los
17
círculos hebraístas y h u m a n i s t a s , . h u b o u n a o c u p a c i ó n científica c o n
E g i p t o cuya s i g n i f i c a c i ó n p a r a la e g i p t o m a n í a d e l s i g l o X V I I I y e l
n a c i m i e n t o d e la e g i p t o l o g í a m o d e r n a fue m u c h o m a y o r que l o s d i s ­
c u r s o s , p o r e n t o n c e s ya e x a n g ü e s , s o b r e los j e r o g l í f i c o s y el h e r m e ­
t i s m o . P o r eso quisier a d e t e n e r m e u n p o c o e n esta fase d e l r e d e s c u ­
1
b r i m i e n t o y l a r e i n v e n c i ó n de E g i p t o . L o s hebraístas se i n t e r e s a b a n
p o r E g i p t o e n s u esfuerzo p o r e n t e n d e r m e j o r los textos b í b l i c o s y su
c o n t e x t o h i s t ó r i c o . T a m b i é n a q u í hay q u e m e n c i o n a r al i n c a n s a b l e
A t h a n a s i u s K i r c h e r , así c o m o a l o s hebraístas J o h n S e l d e n , S a m u e l
19 a o
B o c h a r t , J o h n M a r s h a m y e s p e c i a l m e n t e J o h n S p e n c e r , cuya o b r a
e n tres t o m o s s o b r e las leyes d e los rituales h e b r e o s p u e d e c o n s i d e ­
r a r s e el p r i m e r t r a b a j o h i s t ó r i c o y s i s t e m á t i c o a c e r c a d e la r e l i g i ó n
d e l a n t i g u o E g i p t o h e c h o s o b r e la base d e u n análisis h i s t ó r i c o - c r í ­
tico de las literaturas b í b l i c a , patrística^ a n t i g u a - p a g a n a y j u d í a " . Esta
a p r o x i m a c i ó n al a n t i g u o E g i p t o , q u é se i n i c i a e n la s e g u n d a m i t a d
d e l siglo X V I I , estuvo g u i a d a p o r la c u e s t i ó n , m u y p r o p i a de la h i s t o ­
ria y la t e o r í a d e la r e l i g i ó n , relativa a la r e l a c i ó n e n t r e r e l i g i ó n r e v e ­
lada y r e l i g i ó n n a t u r a l , y, p o r e n d e , al s i g n i f i c a d o d e E g i p t o p a r a la
r e l i g i ó n r e v e l a d a d e M o i s é s . R e c o r d a n d o u n v e r s ó d e la B i b l i a q u e
h a b l a de la e d u c a c i ó n e g i p c i a d e M o i s é s ( H e c h o s , % 0,2,: « A s í a p r e n ­
d i ó M o i s é s t o d a la s a b i d u r í a d e los e g i p c i o s » ) , ; se p r e g u n t a b a p o r la
-influencia q u e la e d u c a c i ó n e g i p c i a d e M o i s é s h a b r í a e j e r c i d o s o b r e
su p o s t e r i o r l e g i s l a c i ó n . S p e n c e r se i n t e r e s ó sojare t o d o p o r l o s r i t o s
e g i p c i o s q u e h a b r í a n c o n s t i t u i d o e l t r a s f o n d o d e las leyes de M o i s é s
s o b r e los r i t o s . O t r o s se p l a n t e a b a n p r i n c i p a l m e n t e l a c u e s t i ó n d e la
educación, o i n i c i a c i ó n , teológica de Moisés. Q u e la religión d e l
a n t i g u o E g i p t o e r a u n a r e l i g i ó n m i s t é r i c a , se daba p o r s o b r e e n t e n -

17 Cfr., s o b r e e s t a r a m a d e l h u m a n i s m o , e n e s p e c i a l F r a n k E . M a n u e l , TheBrokenStajf.
!
./'••'• judaismthroughChristianEyes, C a m b r i d g e , M a s s . , 1992. >
18 M e apoyo aquí e n los resultados d e u n a investigación que se publicará c o n el título
d e MosestheEgyptian. AnEssay inMnemohistory ( C a m b r i d g e , M a s s . , 1996).
19 B o c h a r t S a m u e l , Hierozoicon, sive, bipertitum opusDe animahbus Sacra Scriptura.::, Londres,
1663. '
20 M a r s h a m , J o h n , Canon chronicusaegyptiacus, hebraicus,graecus, L o n d r e s , 1672.
21 J o h n S p e n c e r , De Legibus Hebraicorum Ritualibus et Earum Rationibus LibriTres, Cambridge,
1685, L a H a y a , 1686. S o b r e S p e n c e r , v. e n e s p e c i a l F r a n c i s ' S c h m i d t , « D e s i n e p t i e s
t o l e r a b l e s . L a r a i s o n d e s r i t e s d e J o h n S p e n c e r (1685) á W . r o b e r t s o n Smith
( 1 8 8 9 ) » , e n Arch. deSc. soc.desRel, 1 9 9 4 , 85 ( e n e r o - m a r z o ) , 1 2 1 - 1 3 6 .
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, M E N S A J E Y RECUERDO
549

d i d o . L a i m a g e n n e g a t i v a de E g i p t o —idolatría, z o o l a t r í a , m a g i a y
superstición— q u e d a b a p a r a la r e l i g i ó n p o p u l a r e g i p c i a , y la positiva
p a r a la r e l i g i ó n d e l o s i n i c i a d o s , q u e , s o b r e la b a s e d e l n e o p l a t o -
n i s m o y el CorpusHermeticum, se c o n c e b í a c o m o u n m o n o t e í s m o . Fue
e n el siglo XVII, y e n el c o n t e x t o de este d i s c u r s o , c u a n d o se a c u ñ a -
r o n los términos m o n o t e í s m o y politeísmo.
S p e n c e r se e m p e ñ ó e n p r o b a r q u e p r á c t i c a m e n t e todas las leyes,
r i t o s e i n s t i t u c i o n e s q u e M o i s é s e s t a b l e c i ó p r o c e d í a n de E g i p t o .
A u n q u e S p e n c e r a p u n t a b a m u c h o más lejos, es a s o m b r o s o cuánto de
la c u l t u r a y la r e l i g i ó n d e l a n t i g u o E g i p t o p u d o e x h i b i r e n el m a r c o
d e su p r o y e c t o b a s á n d o s e e n las fuentes bíblicas, antiguas, patrísticas
y r a b í n i c a s q u e l o g r ó r e u n i r . R a l p h G u d w o r t h , P r o f e s s o r R e g i u s de
h e b r e o e n C a m b r i d g e e n la m i s m a é p o c a q u e S p e n c e r y a m i g o de
éste, c o m p l e t ó el c u a d r o de los rituales e g i p c i o s de S p e n c e r c o n u n a
r e c o n s t r u c c i ó n de la t e o l o g í a egipcia q u e i n f l u y ó q u i z á a ú n más e n el
siglo XVIII. C u d w o r t h r e h a b i l i t ó el Corpus Hermeticum. m o s t r a n d o que
C a s a u b o n h a b í a c o m e t i d o el e r r o r de t o m a r c o m o u n o sólo los 1 6
l i b r o s de q u e a q u é l c o n s t a , y de e x t e n d e r sus o b s e r v a c i o n e s c r í t i c o -
textuales, q u e e n t o d o caso s u p o n e n u n a d a t a c i ó n p o s t e r i o r para tres
de los l6 l i b r o s , a t o d o el C o r p u s . E n realidad se trataba, según Cud-
w o r t h , d e u n a a u t é n t i c a t r a d i c i ó n c o n sus adiciones p o s t e r i o r e s .
C u d w o r t h q u i s o h a c e r u n a r e f u t a c i ó n del a t e í s m o d e m o s t r a n d o que
todas las r e l i g i o n e s ( i n c l u i d o él p r o p i o a t e í s m o ) s u p o n e n u n d e t e r -
m i n a d o c o n c e p t o d e D i o s —la idea de u n S e r S u p r e m o — que, siendo
c o m ú n a todas, hay q u e r e c o n o c e r c o m o u n c o n c e p t o v e r d a d e r o . L o s
e g i p c i o s e r a n e n este c o n t e x t o de especial i m p o r t a n c i a , d a d o que su
c u l t u r a era la m á s a n t i g u a , y l o más a n t i g u o era l o más p r ó x i m o a la
v e r d a d . C u d w o r t h r e d u j o las distintas f ó r m u l a s t e o l ó g i c a s del Corpus
Hermeticum al c o n c e p t o de u n i d a d universal o Hen kaipan.
• E n el siglo XVIII fue s o b r e t o d o W i l l i a m W a r b u r t o n q u i e n , en su
2,
o b r a e n n u e v e t o m o s The Divine Legation ofMoses* , a m p l i ó los d e s c u b r i -
m i e n t o s y las tesis de S p e n c e r y de C u d w o r t h . W a r b u r t o n proyectó la
r e c o n s t r u c c i ó n m á s i m p r e s i o n a n t e , c o n d i f e r e n c i a , de la r e l i g i ó n

22 The Divine Legation ofMoses Demonstratedjrom the Principies ofa Religious Deist, from the Omission of the
Doctrine ofafuture State of Remará and Punishment in thejewish Dispensation, e n nueve libros,
1 a
Londres, I738-I74 » 2 . ed., 1742, reimp., 1778. La r e i m p r e s i ó n e n H i l d e s h e i m ,
1974, s i g u e l a e d i c i ó n d e 177^. E l l i b r o d e W a r b u r t o n f u e t r a d u c i d o al a l e m á n p o r
J o h . C h r i s t i a n S c h m i d t , y a p a r e c i ó c o n e l t í t u l o d e William Warburtons Gottliche Sendung
I-I
Mosis. Aus den Grundsatzen derDeisten érwiesen, I75 753> e n
Frankfurt y Leipzig.
 EGIPTO
55o
e g i p c i a c o m o r e l i g i ó n m i s t é r i c a , y c a r a c t e r i z ó su t e o l o g í a s e c r e t a
c o m o v e n e r a c i ó n de u n ú n i c o , y a n ó n i m o , S e r S u p r e m o , e n c u y a
3
c a r a c t e r i z a c i ó n n o era difícil r e c o n o c e r la natura naturans de S p i n o z a * .
30 años antes, J o h n T o l a n d h a b í a p r e s e n t a d o a M o i s é s , e n su b r e v e y
e l e g a n t e m e n t e escrito tratado t i t u l a d o Origines Iudaicae, c o m o u n s a c e r -
d o t e egipcio i l u s t r a d o q u e , c o m o p r í n c i p e además del n o m o de G e s -
s é n , estaba i n i c i a d o e n l o s m i s t e r i o s e g i p c i o s y, h a b i e n d o l l e g a d o a
5 4
u n a c o n c e p c i ó n « s p i n o z i s t a » de la divinidad * , salió de E g i p t o c o n
l o s h e b r e o s a s e n t a d o s e n su p r o v i n c i a p a r a r e a l i z a r su v i s i ó n d e la
r e l i g i ó n v e r d a d e r a . E n esta r e c o n s t r u c c i ó n , T o l a n d se a p r o x i m ó de
m a n e r a a s o m b r o s a a la tesis de S i g m u n d F r e u d , cuyo l i b r ó Elhombre
Moisésj la religión monoteísta (1939) r e p r e s e n t a , j u n t o c o n las n o v e l a s de
J o s é de T h o m a s M a n n , la ú l t i m a y más i m p o r t a n t e a p o r t a c i ó n a este
d i s c u r s o s o b r e E g i p t o a p o y a d o e n la B i b l i a .
J o h n T o l a n d t u v o p a r t e , c o n su tesis, e n el n a c i m i e n t o d e la
m a s o n e r í a , la cual se c o n s t i t u y ó h a c i a 1700 e n L o n d r e s e h i z o de esta
c o n c e p c i ó n « s p i n o z i s t a » de la r e l i g i ó n mistérica egipcia p a r t e de sus •
p r o p i o s m i s t e r i o s . D e la a b u n d a n t e l i t e r a t u r a f r a n c m a s o n a s o b r e
E g i p t o q u i e r o d e s t a c a r a q u í s o l a m e n t e dos o b r a s e s p e c i a l m e n t e
i n f l u y e n t e s : U n a es el t r a t a d o Sobre los misterios de Egipto, dé I g n a z v o n
B o r n , v e n e r a b l e de la l o g i a Zym wahren Eijntracht [Hacia la verdadera concor-?
2 5
dia] de V i e n a , a la q u e p e r t e n e c i e r o n M o z a r t y H a y d n . V o n B o r n
o f r e c e u n a e x p o s i c i ó n de la c u l t u r a y la r e l i g i ó n e g i p c i a s e n b u e n a '
p a r t e basada e n D i o d o r o (y, c o n él, e n H e c a t e o de A b d e r a ) . L a ptra,
b a s t a n t e m á s i m p o r t a n t e , es el t r a t a d o ¡titulado Los misterios hebreos ola
francmasonería religiosa más antigua (Leipzig," ¡1788), de B r [ u d e r ] D [ e c i u s ]
( H e r m a n o D e c i o ) . T r a s este n o m b r e de i l u m i n a d o se o c u l t a b a e l .
f i l ó s o f o K a r l L e o n h a r d R e i n h o l d , q u i e n antes de'1787 h a b í a p e r t e -
n e c i d o a la l o g i a de Ignaz v o n B o r n e n V i e n a , y después se trasladó a

23 E l l o es p a r t i c u l a r m e n t e e v i d e n t e e n e l p o e m a d e E r a s m u s D a r w i n ( a b u e l o d e C h a r -
les D a r w i n ) « T h e T e m p l e o f N a t u r e » (1803), e n t e r a m e n t e b a s a d o e n la r e c o n s -
t r u c c i ó n p o r W a r b u r t o n d e l a r e l i g i ó n m i s t é r i c a e g i p c i a c o m o r e l i g i ó n d e la n a t u r a - :
l e z a . -Cfr. a e s t e r e s p e c t o I r w i n P r i m e r , « E r a s m u s D a r w i n ' s Temple.of Nature: Progress,
E v o l u t i o n , a n d t h e E l e u s i a n M y s t e r i e s » , en,Journal of the History of Ideas, v o l . XXV,
' Enero-Marzo 1964, N.°.i, 58-76.
24 J ° h n T o l a n d , Origines Iudaicae,Londres, 1709, Il8: Mosem enimverofuisse Pantheistam, sive,
ut cum recentioribus loquar, Spinosistam, incunctanter ajftrmatin isto loco Strabo. El librito de
T o l a n d es u n c o m e n t a r i o al i n f o r m e d e E s t r a b ó n s o b r e M o i s é s . >
.25 I t g n a z ] v [ o n ] B [ o r n ] M [ e i s t e r ] v [ o m ] S t [ u h l ] , Die Mystérien derAegypter, J o u r n a l für
Freymaurerl, Viena, 1784, 17-132.
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, M E N S A J E Y R E C U t i t u u

6
J e n a p a r a o c u p a r u n p u e s t o de p r o f e s o r d e filosofía* . E n el t r a t a d o
d e B o r n se i n s p i r a r o n la ó p e r a de M o z a r t y S c h i k a n e n d e r La flauta
mágica (1791), la o b r a de R e i n b o l d y la b a l a d a de S c b i l l e r La imagen
27
velada de Sais (l795), a d e m á s d e su a r t í c u l o La misión de Moisés (179o) .
B o r n a p o y a b a su c o n c e p c i ó n de la t e o l o g í a m i s t é r i c a e g i p c i a s o b r e
t o d o e n De mysteriis Aegyptiorum, de Y á m b l i c o , y R e i n b o l d la suya e n De
Iside et Osiride, de P l u t a r c o . A m b o s c o n v e r g í a n e n la idea de u n m o n o -
t e í s m o o r i g i n a l n o b a s a d o e n n i n g u n a r e v e l a c i ó n , s i n o e n la r a z ó n .
A m b o s h a b í a n l e í d o la e x p o s i c i ó n que h i z o W a r b u r t o n de la r e l i g i ó n
mistérica egipcia, y R e i n h o l d c o n o c í a a d e m á s la d e r i v a c i ó n q u e h i z o
S p e n c e r de las leyes rituales j u d í a s a p a r t i r de las egipcias.
S i n m e n c i o n a r el n o m b r e de S p i n o z a , la r e c o n s t r u c c i ó n por
R e i n h o l d d e l o s m i s t e r i o s e g i p c i o s c o n d u c í a a l a i d e n t i f i c a c i ó n de
D i o s y n a t u r a l e z a . Deussive natura, u n a f ó r m u l a q u e e n R e i n h o l d se
t r a n s f o r m a b a e n Jehovasivelsis. A m b o s n o m b r e s divinos los reducía
R e i n h o l d al m i s m o c o n c e p t o de u n S e r U n i v e r s a l . « J e h o v á » s i g n i -
fica s e g ú n E x . , 3,14, e n la v e r s i ó n de los Setenta, « Y o soy el s e r » (ego
eimi ho 6n, t r a d u c c i ó n griega de ehjeh ascherehjeh), e Isis es, s e g ú n la ins-^
c r i p c i ó n de Sais, t r a n s m i t i d a p o r P l u t a r c o y P r o c l o , « Y o soy t o d o l o
q u e f u e , es y s e r á » . E l a ñ a d i d o « N i n g ú n m o r t a l h a l e v a n t a d o mi
v e l o » se i n t e r p r e t a b a g e n e r a l m e n t e desde el c o n c e p t o , m u y actual e n
aquella é p o c a , d é l o s secretos de la naturaleza (secreta naturae). L a i m a -
g e n d e la Isis v e l a d a o q u e se desvela e r a u n a m o t i v o f a v o r i t o e n las
2 8
p o r t a d a s de l o s l i b r o s de h i s t o r i a n a t u r a l . Isis aparecía general-
m e n t e i d e n t i f i c a d a c o n la n a t u r a l e z a .
M o i s é s n ó h a b í a h e c h o m á s q u e t r a d u c i r al h e b r e o la i d e a de
D i o s , a c u y o c o n o c i m i e n t o h a b í a l l e g a d o e n el ú l t i m o g r a d o de su
i n i c i a c i ó n . E l D i o s de M o i s é s n o era, p u e s , o t r o que el Ser universal,
c r e a d o r y c o n s e r v a d o r d e t o d a s las cosas, c u y o v e l o n a d i e l e v a n t a .
S a b e m o s q u e , e n la é p o c a e n q u e r e d a c t ó su o b r a , R e i n h o l d se h a b í a

26 S o b r e R e i n h o l d , v . G e r h a r d W . F u c h s , Karl LeonhardReinhold - Illuminát undPhilosoph,

F r a n k f u r t a. M . / B e r l í n / B e r n a / N u e v a Y o r k / P a r í s A l i e n a , 1994" C u r i o s a m e n t e , el
e s t u d i o n o cita n i u n a palabra d e l l i b r o f a s c i n a n t e d e R e i n h o l d , a u n q u e da a b u n -
d a n t e m a t e r i a l v a l i o s o s o b r e las c i r c u n s t a n c i a s d e s u r e d a c c i ó n .
27 R e i n h o l d estaba c a s a d o c o n la hija d e W i e l a n d , S o p h i e . S c h i l l e r era a m i g o s d e
a m b o s . R e i n h o l d r e c o m e n d ó e n c a r e c i d a m e n t e a S c h i l l e r la l e c t u r a d e K a n t .
28 P . H a d d t , Zjjrldee des Naturgeheimnisses. Beim Betrachten des Widmungsblatíes in den Humboldischen
'Ideen zu einer Geographie der PJlanzen', A b h a n d l u n g e n d e r A k a d e m i e d e r W i s s e n s c h a f t e n
u n d d e r L i t e r a t u r M á i n z , g e i s t e s - u n d s o z i a l w i s s e n s c h a f t l i c h e K l a s s e A b h . 8, W i e s -
baden, 1982.
 55* EGIPTO

9
p r o p u e s t o escribir u n libro sobre Spinoza* . N o era el ú n i c o que
h a b í a p u e s t o e n c o n e x i ó n la r e l i g i ó n e g i p c i a c o n la d o c t r i n a de S p i -
n o z a . P . A . d ' O r i g n y d e f e n d i ó e n s u l i b r o L'Egypte ancienne (176?) a la
r e l i g i ó n egipcia de la a c u s a c i ó n d e ateísmo o m a t e r i a l i s m o , r e m i t i é n ­
d o s e e n este c o n t e x t o a S p i n o z a : « S i bastara c o n fabricarse u n a q u i ­
m e r a de la d i v i n i d a d p a r a n o ser a t e o , l o s e g i p c i o s , q u e v e n e r a b a n la
n a t u r a l e z a e n g e n e r a l , y las figuras d e sus siete grandes dioses i n m o r ­
tales y sus n u m e r o s o s dioses t e r r e n a l e s y z o o m o r f o s e n particular, n o
e r a n ateos; p e r o si, e n c a m b i o , h u b i e r a q u e c o n s i d e r a r c o m o tales a
los q u e , c o m o S p i n o z a , s ó l o r e c o n o c e n c o m o d i v i n i d a d a la n a t u r a ­
leza, o al p o d e r q u e o b r a e n t o d o s l o s seres d e la naturaleza, s i n d u d a
3 0
lo e r a n los e g i p c i o s e n g e n e r a l » .
P e r o de ese m o d o se creía e n c o n t r a r e n la r e l i g i ó n egipcia aquellas
ideas q u e e n el siglo XVIII r e p r e s e n t a b a n l o s objetivos m á s d e b a t i d o s
de la I l u s t r a c i ó n , y q u e e n la R e v o l u c i ó n Francesa se c o n v i r t i e r o n e n
r e l i g i ó n estatal. S e c o n c e b í a l a r e l i g i ó n e g i p c i a —no l a d e l p u e b l o ,
s i n o la d e l o s iniciados— c o m o u n a r e l i g i ó n d e la r a z ó n y de, la n a t u ­
raleza, y el c o n o c i m i e n t o d e q u e l o s e g i p c i o s l l e g a r o n s i n r e v e l a c i ó n
a l g u n a , s ó l o g u i a d o s p o r la r a z ó n , al m i s m o c o n c e p t o d e la d i v i n i d a d
que S p i n o z a y q u e Moisés (bien e n t e n d i d o ) , ofrecía el argumento
m á s p o d e r o s o c o n t r a la p r e t e n s i ó n d e las r e l i g i o n e s reveladas de ser
las depositarías exclusivas d e la v e r d a d . L o s egipcios m a n t u v i e r o n esta
r e l i g i ó n e n secreto p o r q u e s ó l o l o s espíritus m a s fuertes eran capaces
d e s o p o r t a r esta v e r d a d . L o s f r a n c m a s o n e s ' p o d í a n comprender
m e j o r esto, p u e s c o m o r e d e s c u b r i d o r e s d e esta v e r d a d h u b i e r o n d e
c o n s t i t u i r i g u a l m e n t e u n a s o c i e d a d secreta. L a idea q u e el siglo XVIII
t e n í a de E g i p t o , c o n sus i n i c i a d o s q u e a n t i c i p a b a n las valientes ideas
de S p i n o z a y sus sacerdotes q u e e n t r e t e n í a n e i n t i m i d a b a n al p u e b l o
con d e m o n i o s z o o f o r m o s , reyes y h é r o e s d i v i n i z a d o s y c e r e m o n i a s
p o m p o s a s , e r a c o m o u n e s p e j o e n e l q u e sé m i r á b a l a s o c i e d a d d e l
Antiguo Régimen.
Esta i m a g e n d e E g i p t o n o e r a p r i v a t i v a d e t r a d i c i o n e s o c u l t a s y
s o c i e d a d e s secretas. L a e n c o n t r a m o s e n la d e s c r i p c i ó n q u e hace V b l -
taire de l o s ritos e g i p c i o s , y el a r t í c u l o d e S c h i l l e r s o b r e la m i s i ó n de
M o i s é s la d i f u n d i ó e n t o d o el m u n d o c u l t o . S o b r e el e s c r i t o r i o d e
B e e t h o v e n se e n c o n t r ó , e n m a r c a d a bajo u n cristal, u n a hoja e n la q u e

29 Fuchs, op. cit., p.I55i n o t a 115. ' .1 :

30 P.A. d'Origny, L'Egypte ancienne, París, 1762, 195, según Syndram, 322, n ; 179.
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, M E N S A J E Y RECUERDO
553

el m ú s i c o había escrito c o n su p r o p i a m a n o tres frases d e l artículo de

Schiller para tenerlas s i e m p r e a la vista c o m o la e x p r e s i ó n más s u b l i m e
de l o d i v i n o :

Soy lo que existe

Soy todo lo que es, lo que fue y lo que será, ningún hombre m o r -
tal ha levantado mi velo
El es solamente de sí mismo, y a este Ú n i c o deben su existencia
31
todas las cosas

Se trata de las d o s « i n s c r i p c i o n e s de S a i s » , q u e ya V o l t a i r e h a b í a
3 2
duplicado p o r razones para m í desconocidas : Plutarco y Proclo
t r a n s m i t i e r o n s ó l o l a s e g u n d a ; l o d e m á s es u n v e r s o d e u n h i m n o
ó r f i c o q u e t r a n s m i t e n C l e m e n t e de A l e j a n d r í a y E u s e b i o c o m o e n s e -
ñ a n z a i n i c i á t i c a e g i p c i a s o b r e e l S u p r e m o y q u e ya e n W a r b u r t o n
o c u p a u n l u g a r c e n t r a l . Estas frases e r a n a f i n e s d e l siglo XVIII y
c o m i e n z o s d e l X I X d e d o m i n i o p ú b l i c o entre los p e r s o n a s cultas.
Ellas e x p r e s a b a n e l c r e d o e n u n c o n s e n s o t o l e r a n t e capaz de r e u n i r a
todas las r e l i g i o n e s y c o r r i e n t e s filosóficas y —lo m á s i m p o r t a n t e e n
n u e s t r o contexto— s i n t e t i z a b a n la sabiduría egipcia.

E x p r e s i ó n d e la s a b i d u r í a d e l a n t i g u o E g i p t o y q u i n t a e s e n c i a d e l
s p i n o z i s m o era t a m b i é n la f ó r m u l a q u e Lessing dejó escrita e n u n
l i b r o d e visitas e l 1 5 d e a g o s t o d e 1 7 8 0 , p o c o antes d e s u m u e r t e :
3 3
« H e n kai P a n » , « U n o y T o d o » , o « E l T o d o - U n o » . El misterio
de esta f ó r m u l a l o desveló J a c o b i e n su l i b r o Soore la doctrina de Spinoza en
cartas al señorMosesMendelsahn, publicado en 1785- E n u n a conversación
s o b r e el Prometeo d e G o e t h e , L e s s i n g había e x c l a m a d o : « L o s c o n c e p -
tos o r t o d o x o s d e la d i v i n i d a d ya n o s o n p a r a m í ; n o m e d i c e n n a d a .
3 4
¡ H e n kai Pan! N o sabría decir otra c o s a » . C i e r t o q u e s ó l o se

31 B e e t h o v e n c o n o c i ó el artículo d e Schiller l o más tarde p o r Matthias Artaria, que le

p r e g u n t ó e n s u l i b r o d e c o n v e r s a c i o n e s : « ¿ H a l e í d o u s t e d ' S o b r e la m i s i ó n d e M o i -
s é s ' d e S c h i l l e r ? » ¡ cfr. M a y n a r d S o l o m o n , BeethovenEssoys, C a m b r i d g e , M a s s . , 1988,
347> n . 24- Cfr. t a m b i é n E . G r a e f e , « B e e t h o v e n u n d d i e a g y p t i s c h e W e i s h e i t » , e n
Góttinger Miszellen 2, 1 9 - 2 1 .
32 D e r i t e s é g y p t i e n s , e n Essay sur les moeurs despeuples XXII ( O e u v r e s d e V o l t a i r e , e d . M .
B e u c h o t , P a r í s , 1829, v o l . X V , 1 0 2 - 1 0 6 ) .
33 H . S c h o l z , Die Hauptschriften zum Pamtheismusstreit zwischen Jacobi undMendelssohn, Berlín;
;
1916; cfr. H . F o l k e r s , « D a s i m m a n e n t e E n s o p h . D e r K a b b a l i s t i s c h e K e r n d e s S p i -
nozismus bei Jacobi, Herder u n d Schelling», e n E. G o o d m a n - T h a u , G. Matten-
. k l o t t , y C h r . S c h u l t e ( e d s . ) , Kabbalah und Romantik, T u b i n g a , 1994, 7 1 - 9 6 .
34 . F . M a u t h n e r ( e d . ) , JacobisSpinozaBüchlein nebstReplikundDuplik, M u n i c h , 1912, 6 5 - 6 6 .
 EGIPTO
554
hablaba de S p i n o z a , y n o de E g i p t o . ¿ P e r o n o había e m p l e a d o C u d -
w o r t h t o d a su e r u d i c i ó n p a r a m o s t r a r que la q u i n t a e s e n c i a de la r e l i -
g i ó n e g i p c i a era ese Hen kaipan? S i n d u d a L e s s i n g h a b í a t o m a d o esta
f ó r m u l a d i r e c t a o i n d i r e c t a m e n t e de C u d w o r t h , c u y o The Intellectual
System n o d e j ó d e ser r e e d i t a d o d u r a n t e el s i g l o X V I I I , t a m b i é n e n
3 5
A l e m a n i a , s i e n d o u n o de l o s l i b r o s más f a m o s o s de su t i e m p o . S i
este « H e n kai p a n » , o « U n o y T o d o » , estaba e n todas las b o c a s d e s -
p u é s de la p u b l i c a c i ó n de J a c o b i —lo e n c o n t r a m o s e n G o e t h e , H e r -
der, H a m a n n , H ó l d e r l i n , S c h e l l i n g , H e g e l y G o l e r i d g e , p o r citar
36
s ó l o a l g u n o s n o m b r e s — h e m o s d e s u p o n e r q u e j u n t o a é l estaba
t a m b i é n p r e s e n t e la i m a g e n d e l a n t i g u o E g i p t o . E n t r e las d o s i m p u g -
n a c i o n e s de la é p o c a , la d e l a t e í s m o r a c i o n a l i s t a y la d e l p i e t i s m o
i r r a c i o n a l i s t a , esta v i s i ó n de E g i p t o (sive de S p i n o z a ) era e l n o r t e de
una religión que concillaba naturaleza y revelación.
N o es q u e e n esta v i s i ó n s u b l i m e de E g i p t o h u b i e r a n q u e d a d o e n
el o l v i d o a s p e c t o s t a n s o r p r e n d e n t e s c o m o l o s c o c o d r i l o s s a g r a d o s .
L a i m a g e n de E g i p t o de esta é p o c a era de l o más a m b i v a l e n t e , y esta,
a m b i v a l e n c i a n o era u n m o t i v o m e n o r d e la f a s c i n a c i ó n d e l s i g l o
X V I I I p o r E g i p t o . L a r e p u g n a n c i a q u e se m e z c l a b a c o n la a d m i r a c i ó n
de E g i p t o era e n p a r t e i n t e l e c t u a l y e n p a r t e estético. L a r e p u g n a n c i a
i n t e l e c t u a l (si se q u i e r e e m p l e a r u n t é r m i n o t a n f u e r t e ) l o e r a p o r
u n a r e l i g i ó n q u e h a c í a d e la v e r d a d u n secreto r i g u r o s a m e n t e g u a r -
d a d o p o r u n p e q u e ñ o g r u p o de i n i c i a d o s . N o t o d o s p o d í a n t e n e r
hacia este aspecto la m i s m a c o m p r e n s i ó n q u e l o s m a s o n e s , i l u m i n a -
dos, r o s a c r u c e s y o t r o s m i e m b r o s de s o c i e d a d e s secretas, i g u a l m e n t e
c o n v e n c i d o s de q u e e n este m u n d o la v e r d a d s ó l o p o d í a s o b r e v i v i r
p r o t e g i d a p o r el s e c r e t o . L o s c r í t i c o s p e n s a b a n q u e las b a g a t e l a s
secretas de l o s s a c e r d o t e s n o b e n e f i c i a b a n a la v e r d a d , s i n o a e l l o s
m i s m o s y a las i n s t i t u c i o n e s d e l E s t a d o p o r e l l o s p r o t e g i d a s . A e l l o s
a p l i c a r o n la i d e a d e l a « d o b l e d o c t r i n a » —una p a r a e l p u e b l o , o t r a
p a r a l o s iniciados— c o m b i n a d a c o n el r e p r o c h e d e l « e n g a ñ o c l e r i -
c a l » , la trahison des clercs, y el c l e r o e g i p c i o era c o m o u n e s p e j o a n t e el
cual aquellos críticos —Fontenelle, D i d e r o t , Voltaire, R o u s s e a u -
3 7
p o n í a n a la Iglesia de su é p o c a . Es interesante el h e c h o d e q u e n i la

35 R a l p h C u d w o r t h , The True Intellectual System ofthe Universe.

36 S o b r e H ó l d e r l i n y C u d w o r t h , cfr. U . H ó l s c h e r , Empedoktes und Hólderlin, Frankfurt
a . M . , 1965, 4.9 m . , n o t a I l 6 .
37 Cfr. a l r e s p e c t o F r a n k E . M a n u e l , The Eighteenth Centuty Confrontsthe Gods, Cambridge,
M a s s . , 1959. -
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, M E N S A J E Y RECUERDO DDO

influyente Historia Universal de Bossuet, d e l a ñ o l68l, n i la q u i z á

m á s i n f l u y e n t e n o v e l a d e E g i p t o d e l a b a t e J e a n T e r r a s s o n Sethos
38
( 1 7 3 1 ) , a m b a s basadas e n la v i s i ó n d e E g i p t o d e D i o d o r o , d i j e r a n
u n a sola p a l a b r a s o b r e el c u l t o e g i p c i o d e l o s a n i m a l e s y t o d o l o q u e
la e d a d ilustrada asociaba a esta p r á c t i c a .
A estas tres t r a d i c i o n e s d e l d i s c u r s o s o b r e E g i p t o , la j e r o g l í f i c a , l a
h e r m é t i c a y la deísta, q u e se c o n c e n t r a b a n especialmente e n la i m a g e n
de E g i p t o c o m o r e c u e r d o , se a ñ a d i ó e n e l c u r s o d e l s i g l o XVIII una
cuarta q u e se c o n c e n t r a d a e n las h u e l l a s . E n las tres p r i m e r a s t r a d i -
c i o n e s , e l arte y l a a r q u i t e c t u r a d e E g i p t o h a b í a n j u g a d o u n p a p e l
a s o m b r o s a m e n t e í n f i m o —aunque t a m b i é n a q u í c o n s t i t u y ó u n a
e x c e p c i ó n Athanasius K i r c h e r , q u e c o n su c o l e c c i ó n sistemática de
aegyptiaca h a l l a d o s e n R o m a p u s o l a p r i m e r a p i e d r a d e l a c o l e c c i ó n
vaticana—. L a s i n f o r m a c i o n e s q u e s o b r e E g i p t o d a b a n l o s viajeros n o
c o n t e n í a n n i n g u n a n o t i c i a precisa d e l o s m o n u m e n t o s . Esta s i t u a c i ó n
c a m b i ó drásticamente a m e d i d a d o s d e l siglo X V I I I . D e s d e e n t o n c e s n o
s ó l o l o s h i s t o r i a d o r e s , t e ó l o g o s , f i l ó s o f o s , f i l ó l o g o s y artistas, s i n o
3 9
t a m b i é n l o s « a n t i c u a r i o s » se i n t e r e s a r á n p o r E g i p t o . A s o m b r o s a -
m e n t e , este c a m b i o r a d i c a l d e p a r a d i g m a s ó l o e n ú l t i m o l u g a r se h i z o
cargo d e l a n t i g u o E g i p t o . Las i n f o r m a c i o n e s d e l o s viajes d e P o c o c k e
y N o r d e n f u e r o n las p r i m e r a s e n i n c l u i r d e s c r i p c i o n e s y d i b u j o s d e
m o n u m e n t o s y o b r a s plásticas q u e satisfacían las exigencias d e l a n t i -
4 0
c u a r i s m o . S i g u i e r o n los libros ilustrados c o n reproducciones de
4 1
obras de arte egipcias, c o m o los de B e r n h a r d de M o n t f a u c o n y,
48
s o b r e t o d o , l o s d e l c o n d e d e G a y l u s . S ó l o a h o r a e m p e z a b a la e g i p -
t o l o g í a d e esta é p o c a a datar, c o l e c c i o n a r e i n v e s t i g a r las h u e l l a s d e
f o r m a sistemática. L a cultura egipcia iba h a c i é n d o s e visible n o sólo e n
el s e n t i d o e s p i r i t u a l , s i n o t a m b i é n e n e l s e n t i d o ó p t i c o , y fue esta
n u e v a v i s i b i l i d a d la q u e d i o o r i g e n a las c o r r i e n t e s d e l arte y la a r q u i -

38 J a c q u e s - B é n i g n e B o s s u e t , Discours sur ITiistoire universette. Premienpartie: depuis lecommence-

mentdu mondejusqu'á l'empire de Charlemagne (j68l), P a r í s , 1744- [ A b b é J e a n T e r r a s s o n ] ,
•••••• Sethos, histoire ou vie, fírée des monuments, Anecdotes de l'añcienne Egypte; ouvrage dans ¡equelon trouve
la description des imitations aux Mystéres Egpptiens, traduitd'unmanusaiiGrec, P a r í s , 1731» n o u v e l l e
é d i t i o n 1767.
39 Cfr. supra, p p . I O s.
-I
40 R i c h a r d P o c o c k e , ADescriptíon ofthe East, 2 t o m o s , L o n d r e s , I 7 4 3 7 4 5 - F r e d e r i c L u d -
w i g N o r d e n , Voyaged'EgfpteetdeNubie, 2 tomos, Copenhague,.1755-
41 L'Antiquité expíiquée etrepresentée en figure, I O t o m o s , P a r í s , I7I9-I724-
42 A n n e C l a u d e P h i l i p p e C o m t e d e C a y l u s , Recueil d'antiquités égyptiennes, étrusques, grecques et
romaines, 7 t o m o s , P a r í s , I752-I7&7-
 556 EGIPTO

t e c t u r a d e f i n e s d e l s i g l o XVIII y d e t o d o el s i g l o XIX d e s c r i t a s
4 3
mediante términos como «egiptomanía» o «egyptian revival» . La
más c o n s e c u e n t e d e las e m p r e s a s a n t i c u a r í a s e n p u n t o a la investiga-
c i ó n d e huellas estuvo asociada a la e x p e d i c i ó n n a p o l e ó n i c a a E g i p t o
(1798), y sus resultados, o b t e n i d o s e n el p e r í o d o de 1809-1828, f u e -
r o n p u b l i c a d o s e n l o s 2,6 lujosos t o m o s d e la Description de l'Egypte**.
C o n esta o b r a suele h a c e r s e c o m e n z a r la h i s t o r i a d e la e g i p t o l o g í a
m o d e r n a . Y , e n efecto, la e g i p t o l o g í a m o d e r n a es la v i c t o r i a d e l a n t i -
cuarismo sobre la i m a g e n de Egipto q u e , c o m o r e c u e r d o , había
a r r a i g a d o e n la m e m o r i a c u l t u r a l d e O c c i d e n t e , y e n el c o n t e x t o de la
f a s c i n a c i ó n p o r los j e r o g l í f i c o s , la t r a d i c i ó n h e r m é t i c a y la b ú s q u e d a
« d e í s t a » de u n a religión natural adquirido u n p o d e r de irradiación
q u e se e x t e n d í a a t o d o s l o s d o m i n i o s d e l a v i d a c u l t u r a l . T o d o esto
fue a r r o j a d o p o r l a b o r d a c o m o u n c ú m u l o de. e r r o r e s c u a n d o se
e m p e z ó a i n t e r r o g a r a l o s m o n u m e n t o s m i s m o s y, tras el d e s c i f r a -
m i e n t o d e l o s j e r o g l í f i c o s p o r F r a n c o i s C h a m p o l l i o n e n l8°,I2, se
c o n s i g u i ó q u e las f u e n t e s m i s m a s h a b l a r a n . L a ú n i c a c o n t i n u i d a d
e n t r e la v i s i ó n d e E g i p t o d e fines d e l XVIII y la e g i p t o l o g í a m o d e r n a
é r a l a q u e establecía la b ú s q u e d a d e u n m o n o t e í s m o e g i p c i o , fuera e n
la f o r m a d e u n m o n o t e í s m o e s o t é r i c o , q u e n u n c a dejaba d e a p a r e c e r
e n p u b l i c a c i o n e s d e destacados científicos franceses, o e n la f o r m a de
un monoteísmo originario, c o m o el q u e defendía especialmente
4 5
H e r m a n n J u n k e r , hasta q u e e n 1971 l a c r í t i c a t a n f u n d a d a c o m o
i m p l a c a b l e de E r i k H o r n u n g p u s o f i n a estos ú l t i m o s ecos d e l s u e ñ o
46
e g i p c i o d e l siglo XVIII . !•
L a o p o s i c i ó n e n t r e las v i s i o n e s d e E g i p t o d e la egiptología p r e m o -
d e r n a y la m o d e r n a estriba, p o r u n a p a r t e , e n el r e c h a z o d e l o s testi-

43 Cfr. a l r e s p e c t o , J . S . C u r l , The Egyptian Reviva!. An introductor? study of a recurring theme in the

history oftaste, L o n d r e s , 1982; Nicolaus Pevsner y Susan Lang, « T h e Egyptian Revi-
v a l » , e n N . P e v s n e r , Studies in Ad, Architecture, Design, Nueva York, 1968, 213-235;
F . W e r n e r , Agyptenrezeption in dereuropüischenÁrchitekturdesig.Jahrhunderts, W e i m a r , I994¡
D i r k S y n d r a m , Agypten-Fasiination. Untersuchungen *um Agyptenbild des europaischen Klassbjsmus
bis 1800, F r a n k f u r t a . M . / B e r n a / N u e v a Y o r k / P a r í s , 1990 (bibliografía).
44 Description de l'Egypte, oü, Recueil des observations et des recherches qui ont efe faites en Egyptependant
1
l'expedition de l'arméefrancaise,-publiée p a r l ' o r d r e s d e Sa Majesté l ' e m p e r e u r N a p o l e ó n
le G r a n d , París 1809-1829.
45 L a t e o r í a d e l m o n o t e í s m o o r i g i n a r i o , q u e s e r e m o n t a a l o s d e í s t a s d e l s i g l o XVII,
i n t e n t ó d e m o s t r a r l a e l p a d r e W i l h e l m S c h m i d t e n Der Ursprungder Gottesidee, 12 t o m o s ,
Münster, 1926-1949, c o n l o s m e d i o s d e la e t n o l o g í a . E n esta l í n e a s e h a l l a l a i n t e r -
pretación p o r H e r m a n n Junker de lo « G r a n d e » .
46 E r i k H o r n u n g , DerEine und die Vielen. AltagyptischeGottesvorstellungen, D a r m s t a d t , 1971 [ e d .
c a s t . : El unoj los múltiples: concepciones egipcias de la divinidad, T r o t t a , 1999b
 FINAL: EGIPTO COMO HUELLA, M E N S A J E Y RECUERDO
557
m o n i o s b í b l i c o s , g r i e g o s , latinos y otros sobre la cultura egipcia, cuyo
v a l o r c o m o fuentes se r e d u j o c o n s i d e r a b l e m e n t e ante la a b u n d a n c i a
de t e s t i m o n i o s e g i p c i o s , y, p o r o t r a , e n u n a abstinencia i n t e r p r e t a ­
tiva q u e , si h e m o s d e c r e e r a M o m i g l i a n o , d i s t i n g u í a ya al a n t i c u a -
r i s m o de los siglos X V I a X V I I I y q u e el positivismo de los siglos X I X y
XX elevó a p r i n c i p i o . H o y s a b e m o s i n f i n i t a m e n t e más de E g i p t o que
sus c o n o c e d o r e s del siglo X V I I I , p e r o c o n este saber t e n e m o s i n f i n i ­
t a m e n t e m e n o s q u e h a c e r . P e r o p o c o a p o c o se deja n o t a r , j u n t o a la
f i j a c i ó n a n t i c u a r í a d e las h u e l l a s , c u y o s m é r i t o s n a d i e p o n d r á e n
d u d a , cierta v o l u n t a d de entablar u n d i á l o g o c o n los « m e n s a j e s » de
la c u l t u r a e g i p c i a , a h o r a n u e v a m e n t e l e g i b l e s , q u e vuelve a h a c e r de
ellos o b j e t o de n u e s t r a m e m o r i a c u l t u r a l .
 SIGLAS

ASAE Á r m a l e s d u S e r v i c e des A n t i q ü i t é s É g y p t i e n n e s
ÁHG Jan Assmann, Agyptische H y m n e n u n d Gebete,
Z ú r i c h , 1975
BIEAO B u l l e t i n de l ' I n s t i t u t Francais d A r c h é o l o g i e O r i é n ­
tale
BiOr Bibliotheca Orientalis, Leiden
BSFE B u l l e t i n de la S o c i é t é Francaise d ' E g y p t o l o g i e
CdE G h r o n i q u e d'Egypte
CT A . de B u c k , T h e E g y p t i a n G o f f i n T e x t s , 7 t o m o s ,
C h i c a g o , 1935-1961 ! '
1
GM Gottinger Miszellen
JAOS J o u r n a l o f the A m e r i c a n O r i e n t a l S o c i e t y
JEA Journal o f Egyptian Archaeology
JNES J o u r n a l o f N e a r E a s t e r n Studies
JSSEA J o u r n a l o f t h e S o c i e t y f o r the S t u d y o f E g y p t i a n
Antiquities (Toronto) . •
KAT K l e i n e Agyptische Texte, Wiesbaden
KRI K e n n e t h A . K i t c h e n , Ramesside Inscriptions, 7
t o m o s , O x f o r d , 1968 ss.
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MAS . Münchner Agyptologische Studien
MDAIK M i t t e i l ú n g e n des D e u t s c h e n A r c h á o l o g i s c h e n I n s t i ­
tuís A b t . K a i r o I
 SIGLAS
559
O r b i s B i b l i c u s et O r i e n t a l i s , F r i b u r g o - G ó t i n g a
Oudheidkundige Mededelingen van het Rijksmu-
s e u m v a n O u d h e i d e n te L e i d e n
K u r t Sethe, D i e altágyptischen Pyramidentexte, 4
t o m o s , L e i p z i g , 1908-1922
Revue d'Égyptologie
Studien zur Altágyptischen K u l t u r
Sitzungsberichte der Preussischen A k a d e m i e der
Wissenschaften
Sitzungsberichte der Sáchsischen A k a d e m i e der
Wissenschaften
K u r t S e t h e , U r k u n d e n des A l t e n R e i c h s , L e i p z i g ,
a
S>. ed.,I933
K u r t S e t h e , U r k u n d e n d e r 18. D y n a s t i e , r e i m p . de
a
la 2 . e d . , B e r l í n y G r a z , 1961
Zeitschrift für ágyptische Sprache u n d A l t e r t u m s -
kunde
Zeitschrift der Deutschen Morgenlándischen
Gesellschaft
Zeitschrift für P a p y r o l o g i e u n d E p i g r a p h i k
 TABLA CRONOLÓGICA

Naqada I / 45°°-390.0
N a q a d a II ' • . ; 39OO - 3 5 0 0
N a q a d a III , 3 5 0 0 - 33OO
Dinastía O \- 33OO-3IOO
Ni-Hor . • • '\..

Hat-Hor

Iri-Hor V

Ka/Sechem . \

Hor Narmer ! V

Escorpión ' .1

Dinastías Tinitas (Período Arcaica) 31Ó O — 2670

I a
Dinastía 3IOO - 2 8 2 0
Hor-Ahá

A t o ti

Djer ;

Merneith
;
Wadj (Djet) / '

Dewen

Anedjib

Semerchet

C¿a"a
a
II Dinastía 2820-2670
Hetepsejemui

Nebre (Raneb) ' '

 TABLA CRONOLÓGICA

Ninetjer
Wenegnebti
Sened
Sechemib
Seth Peribsen
Neferkare
Neferkasokar
Hudjefa I
Horus-Seth Jasejemui

R e i n o A n t i g u o 3 6 7 0 — 2150

a
III Dinastía 2670 - 2600
Sanajt Nebka '
Netjerchet Djoser
Sechemchet Djoser-Teti
. " • •. Hudjefa II '
Ghaba
Kadedjet Huni

a
I V Dinastía - =.¡ ^ 2600 - 245°
Snefru
. Keops
Djedefre
Kefrén
Bicheris , -
Micerinos
Schepseskaf

a
V Dinastía • 2.45°-2345
Userkaf '. '
Sahure
;
• Neferirkare "'••/ •.-'
Schepseskare
Neferefre
' • Niuserre
Menkauhor
Djedkare
Unas ^-¡'
 EGIPTO

a
V I Dinastía 2450-2345
Teti
Userkare
Pepi I. Merire
Merenre I
Pepi II. Neferkare
Merenre II
Nitokris

P r i m e r Período Intermedio 2,I$Q — 2040

a
V I I Dinastía «Anarquía»

a
V I I I Dinastía 2150-2040
17 — 25 Reyes

a a a
I X - X Dinastía X I Dinastía .¿igo - 2 0 4 0
Heracleópplis Tebas
9 - 1 5 Reyes
Kheti
Kheti-Meriibre
Kheti Nebkaure Principe Antef
Kheti Mentuhotep I.
Merikare Antef I
Antef II
Antef III

Reino Medio 2 0 4 0 - 1 6 5 0

a
X I Dinastía , después de la unificación (2040)
Mentuhotep nVNebhepetre
Mentuhotep III. Seanchkare
Mentuhotep IV. Nebtauire

a
X I I Dinastía I994-I78I.
Amenenhat I 1994 ~ 1 9 6 4
Sesostrís I , 1974 - 1 9 2 9
Amenenhat II 1932 - 1 8 9 8
 TABLA CRONOLÓGICA 563

S e s o s t r i s II 1900-1881
S e s o s t r i s III 1881-1842
A r n e n e n h a t III 1842 - 1 7 9 4
A m e n e n h a t IV 1798-1785
Nefrusobek (Reina) 1785-1781

XIII a
Dinastía 1781-1650
47 — 62 Reyes

Segundo Período Intermedio 1650 I550

XIV a
Dinastía
1710 - 1 6 5 0

XV a
Dinastía («Hiksos Mayores») 1650-1540
Salitis

Scheschi

Ja'qobher

Ghajan

Apopis

Chamdi

XVI a
Dinastía («Hiksos Menores») 1650-1550

XVII a
Dinastía 1650-1550
Reyes tebanos:

Seqenenre Ta'o

Kamose

I 0
Reino Nuevo 155° - 7°

XVIII a
Dinastía 1550-1295

Ahmosis- 1550-1295
Amenofis 1552-1526
Tutmosis I 1526-1506
T u t m o s i s II 1506-1493
T u t m o s i s III 1479 - 1 4 2 3
Hatshepsut 1478-1458
A m e n o f i s II 1425-1401
564 EGIPTO

Tutmosis IV 1401-1390
A m e n o f i s III I390 - 1 3 5 2
Amenofis IV/Ajenatón 1352-1338
Smenjare 1338 - 1 3 3 6
Tutankhamón 1336-1327
Ay 1327 - 1 3 2 3
Horemheb 1323-1295

Tiempos Ramésidas

XIX a
Dinastía 1295 -II88
:
Ramsés I 1295- I 2 9 4
Seti I 1294 - 1 2 7 9
R a m s é s II 1 2 7 9 - • 1212
Merneptah 1 2 1 2 - I202
Amenmesse 1202 - 1 1 9 9
Seti II 1202 -II96
Siptah 1196- ligo
Tausret II96- II88

XX a
Dinastía 1 1 8 8 - IO69
Sethnacht 1 1 8 8 - 1186
Ramsés III 1186 - 1154
Ramsés TV 1 1 5 4 - 1148
Ramsés V 1 1 4 8 - 1144
Ramsés V I 1 1 4 4 - 1136
Ramsés VII 1 1 3 6 - 1128
Ramsés VIII II28- 1125
Ramsés IX 1 1 2 5 - 1107
Ramsés X 1107 - 1098
Ramsés XI 1098 - 1 0 6 9

Tercer Período Intermedio

XXI a
Dinastía IO69-945
Tanis Tebas

Ramsés XI Herihor IO8Ó-IO73

Smendes Pinudem IO69 - IO43
Ámenemnisu Masaharta 1043 - 1 0 3 9
 TABLA CRONOLÓGICA 565

Psusennes I Mencheperre 1039-993

Amenemope Smendes 993-978
Orsokon el Grande Pinudem II 978-959
Siamun Psusennes
Psusennes II 959-945

a
X X I I Dinastía 945 - 7i5
Sheshonk I Iuput 945
Orsokon I Sheshonk 924
Sheshonk II Smendes 890
Takelot I Iuwelot
Harsiese
Orsokon II Nimlot 874
Takelot II Orsokon 850

Poliarquía LiLia

a
X X I I Dinastía a
XXIII Dinastía 850-718
(en Leontópolis)
Sheshonk III Pedubastis I
Orsokon III 825
Pimai Takelot III 7.73
Sheshonk V Rudamun
Iuput 767

Época Baja

a a
X X V Dinastía XXIY Dinastía (en Sais)
760-656 730^712 ;.
Kaschta / • 760-747'
Piy(Pianki) ''. V V 747-716
Tefnachte 730-718
Bochiris 718 - 712
Shabaka •• •-: . :
v. 7 1 6 - 7 0 2
Schabataka 702-690

a
X X V I Dinastía (en Sais)
Taharqa .690 - 6 6 4
Necao I ? — 664
Tantamani 664-656
566 EGIPTO

a
X X V I Dinastía (Tiempos saltas) 664 - 525
Psametico I 664 - 6lO
Necao II 6lO - 595
Psametico II 595-589
Apries 589-570
Amasis 57° - 526
Psametico III 526 - 525

a
XXVII Dinastía (Primera dominación persa)
Cambises 5*5 - 522
Darío I 522 - 4 8 6
Jerjes I 486 - 4 6 5
Artajerjes 4^5 ~ 424
Darío II 424-405
_
Artajerjes II. ... .... 4 0 5 359

a
X X V I I I - X X X Dinastía :. ; .-- . . g
Amirteo 404-399
Neferites I , 399 ~ 393
Psammuthis 393 ...
I Achoris "• . \ . 393-380
!
Neferites II . 380
Nectanebol j- 380 - 362
Tachos ' - 362-360
Nectanebo II ! 3 6 0 - 343

Segunda dominación persa

Artajerjes III '. . 343 ~ 3 3 8
. • Arses ' 338-336
. . . Darío III ' /'..:,....,; 336-332
Chababash 333-

P e r í o d o g r e c o r r o m a n a 332 a . C — 395 d . C .
 ÍNDICE

PRÓLOGO 5

INTRODUCCIÓN. LA FORMA CON SENTIDO DE LA HISTORIA 9

1. LAS ARAÑAS Y LAS TELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Historia patente e historia oculta . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 0
Huellas, mensajes y recuerdos 14
2. L A CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL TIEMPO . . . . . . . . . . 2i
El cronotopo egipcio 21
T i e m p o lineal y tiempo cíclico 23
3. L A ESTRUCTURA DINÁSTICA
COMO CONSTRUCCIÓN DE PERMANENCIA . 30
La doctrina de las dos eternidades . . . . . . . . . . . . . . . . 3 0
La estructura dinástica como forma simbólica . . . . . . . . 31
Estado y tiempo . . . . . ; •••• 35

PARTE PRIMERA. PROTOHISTORÍA Y REINO ANTIGUO:

ESTADO Y TIEMPO . . . . . . . . , . . . . . . . . . . . . . . . . . . .'. . 39
1
; : I . L o s COMIENZOS . . ....... . . 4
1
Huellas . 4
Mensajes: la semántica fundacional
de la época de la unificación . . . . . . . . . . . . . . 48
Recuerdo: la mitomotórica del Estado egipcio . . . . . . . . 54
A n a l e s y listas d e r e y e s . . . . . . . . . 54
El m i t o de H o r u s y Seth . . . . . . . . .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5/
568 EGIPTO

2 . E L REINO ANTIGUO 63
Esquema histórico: el proceso del Reino Antiguo 63
Colonización, burocratización, demotización 63
Crisis y desmoronamiento 67
De funcionario a patrón .. 69
La época de las pirámides: la «edad de piedra»
1
de la historia egipcia 7
Lenguaje y arquitectura Jl
La «apertura de la piedra» y la semántica de lo pétreo 74
Signos y dioses 7^

El simbolismo de la pirámide 77
El espacio sagrado como cronotopo 79
El mensaje de las tumbas 84
Del estilo al canon 84
Tumba, escritura e inmortalidad ; 87
Escritura y rito. La construcción litúrgica de la permanencia . . . . 94
Estado e inmortalidad . . . . . . . . . . . . . ... 98

PARTE SEGUNDA. EL PRIMER PERÍODO INTERMEDIO:

EL CAOS COMO RECUERDO POLÍTICO. . . . . . . . . . 7 í i /!. . . . 103

1. ESQUEMA HISTÓRICO .J .I04

2. HUELLAS . .'. 110
••. 3 . MENSAJES . . . .v« ; . . v . -.j / . : . . . . r . . . 118
:

:
4- RECUERDOS ••• .v¡;<. . -.:. . . . . . 1 3 3
1
•. / • ...... - i i •

PARTE TERCERA. EL REINO MEDIO: ESTADO AUTORITARIO;

Y CULTURA ESPIRITUAL . : v . . . : . . V . .'. . . ^ V V . ' V . . . . . 145
:
1. ESQ,UEMA HISTÓRICO . I46
2 . ESTADO, ESCRITURA Y FORMACIÓN: UN DESPOTISMO
. INTERNAMENTE ILUMINADO . .• 150
El nacimiento de la escuela IgO
;
Sabiduría y formación . . . . . . . . . . . . . . v'v." . ; . . 154
Solidaridad y memoria ... . . 158
íusticia conectiva . . . . . . . . . . .
3 . L A POLITIZACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA . . . .;. . . 168
La doctrina del corazón . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 168
v Lealismo . . . . . . . . . . . . . . . . . \ ... .. . ..... 171
La anunciación del reino faraónico . . . .'. . . V . . . . 174
 ÍNDICE

4- IRA. Y AMOR: LA DOBLE GARA DEL PODER

Y LA RETÓRICA DE LA DECISIÓN 177
La ira justa como virtud política 177
Violencia y justicia 180
Política y magia 18 3
La idea del límite 189
Igualdad y justicia 191
5. L A FUNDAMENTACIÓN DE LA JUSTICIA CONECTIVA
EN EL MÁS ALLÁ: LA IDEA DEL JUICIO DE LOS MUERTOS . . I96
El más allá como institución moral ... . . 196
Juicio de los muertos y modo de vivir 200
El juicio de los muertos en el Reino Medio 204
El juicio de los muertos
como fundamentación de la justicia 210
6. LOS DOS MUNDOS Y EL LENGUAJE DE LA DESESPERACIÓN . . 217
Doctrinas de los dos mundos . . . . . . . 217
El diálogo entre el <<alma>> y el«yo>> . . . . . ¿.¡ i . . 220
7- REPRESENTACIÓN, MEDIACIÓN, EL «MUNDO DIVIDIDO»
Y EL PROBLEMA DEL MAL .VI"; . . ; . 234
Teocracia representativa ; . ::.(:'.-. . . i . . 234
1
Teodicea: construcciones del sentido a la vista del mal . . 24

PARTE CUARTA. EL REINO NUEVO: RELIGIÓN E IMPERÍUM .,.( .. 247

1. ESQUEMA HISTÓRICO ....... , . . 249

2. E L COSMOTEÍSMO GOMO FORMA DEL SABER . . . . . . . . , 257
El cosmos y las dimensiones del mundo de los dioses, . . 257
Cosmohermenéutica: el sentido mítico
del curso del sol •. 261
La nueva teología solar ,'. . 267
3. L A REVOLUCIÓN DE AJENATÓN . . . . .... . . . 2 6 9
La primera fundación de una religión
en la historia de la humanidad . . . . . . . . . . . 269
El Gran H i m n o . . . . . . . . . . . . . . . . , . . . . ., . . V V . : . . ..''275
El trauma de Amarna ' ; • . ' • ' • . ' • ' . > • ' . . 279
4 . PIEDAD PERSONAL Y TEOLOGÍA DE LA VOLUNTAD . . . ,:" 289
Interiorización d é l a divinidad . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
La fiesta como origen de la piedad personal / . . . . y . . . . . 29í
El dios como patrón: la piedad como lealtad al dios . . . 295
La teblogización de la justicia conectiva
y la legibilidad de la historia ••; . . . . . . . . . . . . . . . . . .299

1
 EGIPTO
57°

5. RAMSÉS II Y LA BATALLA DE QADESH 313

La semántica histórica de la guerra 313
El affaire Zannanza 3l6
La subida al poder de los militares 319
La batalla de Qadesh .• 322
Las manifestaciones del poder 333
6. CAMBIO ESTRUCTURAL DEL PASADO 341
La génesis del pasado en la ruptura de la tradición . . . . 341
El renacimiento ramésida 343
Clasicismo y carnaval 345
7. E L OCASO DEL REINO NUEVO 352

PARTE QUINTA. TEOCRACIA, POLIARQUÍA Y ARCAÍSMO 357

1. TANIS Y TEBAS - LA,ÉPOCA DE LA DIVISIÓN . . . . . ... .360

División del gobierno,
desdiferenciación de lbs poderes . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
Teocracia . . . 375
2. L A POLIARQUÍA LIBIA Y EL REINO DE NAPATA . . . . . . . 391
4; La poliarquía libia .. •;. 391

El reino de Napata . . . i. . . . . . . . . ._. 396

La epopeya de Piye .:' 4°2
3. RECUERDO Y RENOVACIÓN. E L RENACIMIENTO ETÍOPE
:
Y EL RENACIMIENTO SAÍTA . ..... ' 4Í9
Esquema histórico ¡. . 419
Recuperación y reinvención del pasado . . . . . . 423
El manifiesto menfita de Shabaka . . . . . . . . . . . . . . . . 432
:
El annus mirabilis de Taharqa . . . . . . . . 448
El culto del pasado 453

PARTE SEXTA. EGIPTO BAJO LOS PERSAS Y LOS GRIEGOS . . . . . . 4 5 7

I . ESQUEMA HISTÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 458

• 2 •/ L A CRÓNICA DEMÓTICA Y EL MESIANISMO POLÍTICO
•'. DÉLA ÉPOCA BAJA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 470
Alejandro Magno y el mito egipcio del rey salvador . . . . 470
Deuteronomismo y mesianismo: la Crónica demótica . . 472
El oráculo del cordero .;. . . . > . . . J . . . . . . . . . . . . . . . 47^
El oráculo del alfarero . . . . . ... . .,. . . .. . 478
Deuteronomismo, mesianismo y visión apocalíptica . ... 479
; Nostalgia de la edad de oro . . . . . . . ... . . . 482
 1
ÍNDICE 57

3. L A CONSTRUCCIÓN CULTURAL DEL OTRO:

TRAUMA Y FOBIA 486
La demonización de Seth 486
El refuerzo de las fronteras culturales 491
El mito de los leprosos 497
Rituales de execración y descripciones de caos 5°4
1 1
El sacerdocio como forma de vida 5
4 . U N O Y MUCHOS: EL COSMOTEÍSMO MONISTA 526
5- E L CRONOTOPO EGIPCIO . . . . 533

FINAL. EGIPTO COMO HUELLA, MENSAJE Y RECUERDO 539

SIGLAS 558

TABLA CRONOLÓGICA $60

ÍNDICE . . . . 567