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LEIN® 10.172, DE 09 DE JANEIRO DE 2001 Aprova o Plano Nacional de Educagao e dé outras providéncias. © PRESIDENTE DA REPUBLICA Faco saber que 0 Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1" Fica aprovado 0 Plano Nacional de Educagao, constante do documento anexo, com duragéo de dez anos. Art. 2° A partir da vigéncia desta Lei, 0s Estados, o Distrito Federal e os Municipios deverdo, com base no Plano Nacional de Educagéo, elaborar planos decenais correspondentes. ‘Art. 3° A Unido, em articulagao com os Estados, o Distrito Federal, os municipios ¢ a sociedade civil, procedera a avaliagdes periddicas da implementagao do Plano Nacional de Educagao. § 1° 0 Poder Legislativo, por intermédio das Comissées de Educagéo, Cultura e Desporto da Camara dos Deputados ¢ da Comisséo de Educagao do Senado Federal, acompanharé a execugdo do Plano Nacional de Educagao § 2°A primeira avaliago realizar-se-& no quarto ano de vigéncia desta Lei, cabendo ao Congreso Nacional aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas & corregdo de deficiéncias e distorodes AAs, 4° A Uniao instituiré o Sistema Nacional de Avaliagao e estabelecera os mecanismos necessérios ao acompanhamento das metas constantes do Plano Nacional de Educagéo. At, 5° Os planos plurianuais da Unigo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios serao elaborados de modo a dar suporte s metas constantes do Plano Nacional de Educagdo e dos respectivos planos decenais. Art. 6° Os Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios empenhar-se-&0 na divulgagao deste Plano e da progressiva realizagao de seus objetivos e metas, para que a sociedade o conheca amplamente e acompanhe sua implementagao, ‘Art 7° Esa Lei entra em vigor na data de sua publicagao. Brasilia, 9 de janeiro de 2001; 180° da Independéncia e 113° da Republica, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza Este texto ndo substitui o publicado no D.O.U. de 10.01.20017. 1 Leis Federais ‘ederais Leis F EDUCAGAO TECNOLOGICA E FORMAGAO PROFISSIONAL 7.1 Diagndstico Nao ha informagdes precisas, no Brasil, sobre a oferta de formagéo para © trabalho, justamente porque ela & muito heterogénea, Além das redes federais, « estaduais de escolas técnicas, existem os programas do Ministerio do Trabalho, das secretarias estaduais e municipais do trabalho e dos sistemas nacionais de aprencizagem, assim como um certo niimero, que se imagina muito grande, de cursos particulares de curta duragdo, inclusive de educagao a distancia, além de treinamento em servigo de cursos técnicos oferecidos pelas empresas para seus funcionérios. © primeiro Censo da Educagao Profissional, iniciado pelo Ministério da Educagao em 1999, fornecera dados abrangentes sobre os cursos basicos, técnicos e tecnol6gicos oferecidos pelas escolas técnicas federais, estaduais, municipais @ pelos estabelecimentos do chamado Sistema S (SESI, SENAI, SENAC, SESC ¢ outros), até aqueles ministrados por instituigées empresarias, sindicais, comunitarias flantrépicas A heterogensidade e a diversidade séo elementos positivos, pois permitem atender a uma demanda muito variada. Mas ha fatores preocupantes. O principal deles é que a oferta é pequena: embora, de acordo com as estimativas mais, recentes, ja atinja, cerca de cinco milhdes de trabalhadores, esté longe de atingir a populagdo de jovens que precisa se preparar para o mercado de trabalho e a de adultos que a ele precisa se readaptar, Associada a esse fato esta a limitagao de vagas nos estabelecimentos publicos, especialmente na rede das 152 esoolas federais de nivel técnico & tecnotégico, que aliam a formago geral de nivel médio & formagéo profssional. ‘© maior problema, no que diz respeito as escolas técnicas piblicas de nivel médio, é que a ata qualidade do ensino que oferecem esta associada a um custo extremamente ato para sua instalagéo e manutengo, 0 que torna invidvel uma rmultplicagdo capaz de poder atender ao conjunto de jovens que procura forrnagao profisional.Além disso, em razao da oferta restrta, criou-se um sistema de selegao que tende a favorecer os alunos de maior renda e melhor nivel de escolarizagao, afastando os jovens trabalhadores, que sdo 0s que dela mais necessitam. Afora estas redes especificas - a federal e outras poucas estaduais Vocacionadas para a educagao profssional - as demais escolas que oferecem educagao profissional padecem de problemas de toda ordem, No sistema escolar, a matricula em 1996 expressa que, em cada dez concluintes do ensino médio, 4,3 haviam cursado alguma habiltagao profissional Destes, 3,2 eram concluintes egressos das habiltagdes de Magistério e Técnioo em Contabilidade - um conjunto trés vezes maior que a soma de todas as outras, nove habiltagées lstadas pela estatistica, Tabela 18 - Habilitagdes de nivel médio com maior numero de concluintes - 1988 & 1996, ‘Concluintes crescimento Habilitagées ssss | % | 1996 | x | 1988-1888 Magistério ? | 427.928 20,1 | 193.024] 166 | 520 rau Técnico 4 Fone: ace | 13548] 180] 174196] 150] 534 Administagao | 24165 | 38 | sz001] 27 | 324 Proc. de sage | 24 | sz] 27 | 03 Dados ‘Auxilar de ane ce | 3739 | 06 | 1599] 13 | attr Magistiio - Meawero - | 2a | 19 | sa | os | 229 Eloténica rao | 12 | eos | 08 ] 232 Agropecuéria | 7.959 | 13 | e768] a8 | 102 Mecdnica s7e0 | oo | east | o7 | 460 Seowtaiads | astt | 14 | aso | a7 | 40 Tota sasst3| ste | 490005] 42,1 | — 500 Fonte: MEC/INEP/SEEC o Leis Federais ‘ederais Leis F Funcionando em escolas onde hé caréncias e improvisagdes generalizadas, a Educagao Profssional tem reafirmado a dualidade propedéutico- profissional existente na maioria dos paises ocidentais. Funcionou sempre como mecanismo de exclusdo fortemente associado a origem social do estudante, Embora no existam estatisticas detalhadas a respeito, sabe-se que a maioria das habiltagSes de baixo custo e prestigio encontra-se em insttuigbes notumas estaduais ou municipals. Em apenas 15% delas ha biblotecas, menos de 6% oferecem ambiente adequado para estudo das ciéncias e nem 2% possuem laboratério de informatica - indicadores da baixa qualidade do ensino que oferecem as camadas mais desassistidas da populacdo Ha muito, 0 Pais selou a educagao profissional de qualquer nivel, mas sobretudo 0 médio, como forma de separar aqueles que néo se destinariam as melhores posigées na sociedade. Um cendiio que as diretrzes da educagao profssional propostas neste plano buscam superar, a0 prever que o cidadéo brasileiro deve galgar — com apoio do Poder Publica -nivels altos de escolaizagao, até poraue estudos t&m demonstrado que o aumento de um ano na média educacional da opulagéo economicamenteativa determina um incremento de 5,5 % do PIB (Produto Intemo Bruto). Nesse contexto, a elevagao da escolaidade do trabalhador coloca-se como essencial para a insergéo compettva do Brasil no mundo globalizado. 7.2 Diretrizes Ha um consenso nacional: a formagéo para o trabalho exige hoje niveis cada vez mais altos de educagéo basica, geral, nao podendo esta ficar reduzida & aprendizagem de algumas habilidades técnicas, o que nao impede o oferecimento de cursos de curta duragao voltados para a adaptagao do trabalhador as ‘portunidades do mercado de trabalho, associados & promogao de nivels crescentes de escolarizagdo regular. Finalmente, entende-se que a educagdo profissional nao pode ser concebida apenas como uma modalidade de ensino médio, mas deve consttuir educagao continuada, que perpassa toda a vida do trabalhador. Porisso mesmo, esto sendo implantadas novas diretizes no sistema pblico de educagéo profissional, associadas a reforma do ensino médio. Prevé-se que a educagdo profssional, sob o ponto de vista operacional, seja estruturada nos niveis, basico - independente do nivel de escolar'zacéo do aluno, técnico - complementar a ensino médio e tecnolégico - superior de graduacdo ou de pés-graduagao. Prevé-se, ainda, a integragao desses do's tipos de formagéo: a formal, adquirida em institigées especializadas, e a ndo-formal, adquirida por meios diversos, inclusive no trabalho. Estabelece para isso um sistema flexivel de reconhecimento de créditos abtidos em qualquer uma das modalidades e certifica competéncias adquiridas por meios no-formais de educagdo profissional. E importante também considerar que a oferta de educagdo profissional 6 responsabilidade igualmente compartithada entre o setor educacional, 0 Ministério do Trabalho, secretatias do trabalho, servigas sociais do comércio, da agricultura e da indistria e os sistemas nacionais de aprengizagem. Os recursos provém, portanto, de multiplas fontes. E necessério também, e cada vez mais, contar com recursos das proprias empresas, as quais devem financiar a qualificacdo dos seus trabalhadores, como ocorre nos paises desenvolvidos. A politica de educagdo profissional &, portant, tarefa que exige a colaboragdo de rmiiiplas instancias do Poder Piblico e da sociedade civ. [As metas do Plano Nacional de Educagdo esto voltadas para a implantagao de uma nova educagao profissional no Pais ¢ para a integragdo das iiciativas. Tém como objetivo central generalizar as oportunidades de formagao para o trabalho, de treinamentos, mencionando, de forma especial, 0 trabalhador rural 7.3 Objetivos e Metas? 1. Estabelecer, dentro de dois anos, um sistema integrado de informages, em parceria com agéncias governamentais e instituigSes privadas, que oriente a politica educacional para satisfazer as necessidades de formagao inicial continuada da forga de trabalho.” 2. Estabelecer a permanente revisdo adequagao as exigéncias de uma poltica de desenvolvimento nacional e regional, dos cursos basicos, técnicos e superiores da educacao profissional, observadas as ofertas do mercado de trabalho, em colaboracéo com empresérios e trabalhadores nas préprias escolas, em todos os niveis de governo. 3. Mobilizar, articular e aumentar a capacidade instalada na rede de institugdes de educago profissional, de modo a trplicar, a cada cinco anos, a oferta de cursos basicos destinados a atender & populagéo que esté sendo excluida do mercado de trabalho, sempre associados & educago basica, sem prejuizo de que sua oferta seja conjugada com ages para elevacdo da escolaridade."* 4, Integrar a oferta de cursos basioos profssionais, semore que possivel, com a oferta de programas que permitam aos alunos que nao coneluiram 0 ensino fundamental obter formagao equivalente,.”* 5, Mobilzar, articular e ampliar a capacidade instalada na rede de instuigdes de educagao profissional, de modo atriplicar, a cada cinco anos, a oferta de formacao de nivel técnico aos alunos nelas matrculados ou egressos do ensino médio."* Leis Federais ‘ederais Leis F 6. Mobilzar, articular e ampliar a capacidade instalada na rede de instituigdes de educagao profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a oferta de educagdo profissional permanente para a populagdo em idade produliva e que precisa se readaplar as novas exigéncias e perspectivas do mercado de trabalho."* 7. Modificar, dentro de um ano, as normas atuais que regulamentam a formagéo de pessoal docente para essa modalidade de ensino, de forma a aproveitar e valorizar a experiéncia profssional dos formadores,* 8. Estabelecer, com a colaboracdo entre o Ministério da Educagao, 0 Ministio do Trabalho, as universidades, os CEFETs, as escolas técnicas de nivel superior, 08 servigos nacionais de aprendizagem e a iniciativa privada, programas de formagao de formadores para a educacéo tecnolégica e formagéo profssional."® 9. Transformar, gradativamente, unidades da rede de educagao técnica federal fem centros piblcos de educacéo profssional e garant, alé o final da década, que pelo menos um desses centros em cada unidade federada possa servir como centro de referéncia para toda a rede de educacgo profissional, rotadamente em matéria de formagéo de formadores e desenvolvimento metodolégico.” 410, Estabelecer parcerias entre os sistemas federal, estaduais e municipais a iniciatva privada, para ampliare incentivara oferta de educacao profissional"* ‘1, Incentivar, por meio de recursos publicos e privados, a produgéo de programas de educagdo a distancia que ampliem as possiblidades de educagao profissional permanente para toda a populagéo economicamente ativa.* 12, Reorganizar a rede de escolas agrotécnicas, de forma a garantir que cumpram o papel de oferecer educacao profissional especifica e permanente para a populagao rural, levando em conta seu nivel de escolarizagdo e as peculiaridades e potencialidades da atividade agricola na regiao." 13, Estabelecer junto 4s escolas agrotécnicas e em colaboragao com 0 Ministério da Agricultura cursos bésicos para agricultores, votados para a melhora do nivel técnico das praticas agricolas e da preservagéo ambiental, dentro da perspectiva do desenvolvimento auto-sustentével.” 14, Estimular permanentemente 0 uso das estruturas pablicas e privadas ‘no sé para os cursos regulares, mas também para o treinamento e retreinamento de trabalhadores com vistas a inser-los no mercado de trabalho com mais, condigdes de competitvidade € produtividade, possibitando a elevagao de seu nivel educacional, técnico e de renda, 15. Observar as metas estabelecidas nos demais capitules referentes educagao tecnolégica e formagao profissional

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