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Néstor Garefa Canclini A GLOBALIZACAO IMAGINADA TLUMIYURAS Copyright © 2003: Néstor Gatefa Canclini Copyright © desta digo ‘Editors Huminucas Lea, sobre detahe da video-instalagio, Si0 Paulo-Roma, Rachel Rossen. Revisit: Aciadne Escobar Branco ws de capa Editora e Fotolivo Comparigsoe filmes de milo ‘uminuras ISBN: 85-7321-197-0 2003 EDITORAILUMINURAS LTDA. ‘yoiluminuras.com.br fxpice INTRODUGLO Cultura ¢ politica nos imagindsios da globalizagio, 7 Globalnagtes circulates etangenciais, 8 Primecas quests de mézodo, 13 I- NARRATIVAS, METAFORAS E TEORIAS Captruto 1 Globalizar-se ou defender a identi ide: como escapar dessa opgio, 19 Incegragia de cidadfor ou lay empresasal, 20 Quando Davi nas sabe onde es Golas, 24 Modos de imaginar a global, 29 Expetfculs da plobalizagio e melodramas da ines ral nfo-identificado, 41 nacionalizagio, globalizagio, 41 (eDonald’s e Macondo, 46 para um bestidio da globalizagio, 48 eter trabalho de eampo sabre o México em Edimburgo, 54 10 maniguetiee, 79 18) Ocncontr intercultural, 81 6 inieagdo dos Eades Unidos, 88 tela nortnamericana, 92 0 capago eal iano ¢ oF cirewitos tansnacionaie, 94 Cantruto 4 Nio sabemos como chamar os outros, 99) I . Capitulo 7 CAPITAIS DA CULTURA E CIDADES GLOBAIS geoprificae geocultural, As cidades, e sobreeudo as megacidadss, fo lugares onde esa questo se torna igante. Ou sea, espasos onde se apaga e se toena incerto ‘So dteas delimitadas © homogéneas, mas % _espagos de interagio em que as identidadese os sentimentos de pertencimento sio é ursos materiais e simbdlicos de origem local, nacional ‘0 que antes se entendia por “lugar” | | A.guclogeecu prensa lobia sos leva eimaynar anos ocala | | | ‘Quando nos perguntam onde moramos, a sexposta tampouco é simples. Ot “habitats de significado", como sfo chamados por Zygmunt Bauman, sfo pags, «que se expandem e se contraem. Vivernos em "hdbicats de ofertas difusas e escolhas livees" (Bauman, 1992: 190; Hannera, 1996: 42-4 mas condicionadas por uma variedade de informagGes ¢ extilos provenientes de ul de percencimenco além do pr6prio, e que fazem com que este se lo «Heel Imaginams os lgues de penencment edinds 152 153 ‘adquitir as qualidades de. ca para conftontar ay dlfeengas.entce seres humanos.¢ as ‘ao pela qual a inclinagfa predominance "étemer 0 ser outro” Bauman, 1999: 6). Na Europa e nas cidades la regides do préprio fe pobres, cent desigual, mas, em geral, menos segregader, de articular 0 local com o proveniente de outras partes da nagio e de oursas nagSes. [Nas dus ditimas décadas, o crescimento qua Berlim, Buenos Aires e Sie Paulo, entre outrascidades) ¢ 0 aumento da inseguranga, levaram so entrincheiramento em condominiosfechados e monitorados por sistemas deslocalizados de viglincia, 0 que vem tornando 0 uso do solo e a fragmentasio, das interagice cada vex mais sem prevalece, poréim, a concepeio urbar médias como para os set iva de migrantes (em Paris € 20 modelo norte-americano. Ainda ca integradora, de modo que, tanto para + populares, as grandes cidades sio Ambitos rerculeuralidade, possivelmente “os dinicos expacos onde & im conjunto de relagdes relevantes em relagio 19963: 55). As passeatas ¢ manifesagées, os prorestos det ‘evitinhos, as ridios comunitérias ¢ 25 « falam sobretudo do que se los sio essas agSes urbanas ¢ es circuitos onde a sepregasio ¢ superada, ainda que de forma cizcunseancial ( nenascimento po urnano ola Quero indagar mais especificamente em que sentido as ge es 0 spagos para imaginar a globalizagfo ¢ ariculla com o nacional e o lor. Ess. {questo foi elaborads, durante of anos 90, em eelarfo 3s megalépoles globus do Primeiro Mundo, Saskia Sassen, que inaugueou esa linha de pesquisa com Nova York, Londres eTquio, ¢ Manuel Castel, Jordi Borja e Peter Hall, que aaplicam 4 cidades europtias, ateram a visio alarmista sobre a decadéncia do urbano predominance nos estudor dos anos 80. Em contraposigio as imagens de ‘egacongestionamentos, poluigfo,delingléneia © demais mazeas,o urbanismo 154 = as destrezas ngcessirias | lobalizador fala em grandes avangos econémicos, parcial interupeio do declinio onal e grandes projetos de reurbanizagéo, Como argumento para essa ressurgimento econdmica eculeural dessascidades, aumenta 0 emprego, |, que estava em declinio, formam: romovem-se monumentais obras publicas. também de Nova York: a cidade cuja ‘como “a estagio terminal da (Koolhaas, 1994) assistiu & redugio, nos altimos anos, do auimero de assassinatos e roubes (grasas is cdmeras de vi rmpreendeu a cconstrusia de novos centros de arte © negécios, & sede de empresas editorais poderosas, 100 jornais, 240 revistas ¢ 160 mil dominios de Inceenes. ‘Que sequisizos deve cumpric uma cidade para sep. glgbal? Os autores citados de organismos de gertio, pesquisa ¢ consultoriag®) m habitancesnacionas extrangeion(@) prestgio decorrente da concentagio de clits areas e cienficas{@) ata porcentagem de turismo internacional (Borla € 98; Sassen, 1998) ar€ que porto ¢ cel quem se benefcia com 0 desenvolvimento de focos smioria vé apenas como eipeielo. Essa cidade cicadas cima. En remodeaszo, onde 250 in deixada pelo muro que dividia asd lavz. Havia ainda poucos obras, onde nio se podia ent “Também havia ali uma loja onde se vendiam “fotos edificios em construsio, folhetos, objeros decora ce canecos com imagens do que ainda nio se const axé-um quebra-cabegs dos 155 | | sedes avangadas de ati design, relagées pil segundo grupo, os Sio Paulo, Cidade do México, Chicago, Ts nodos de gestio de servigas globalizados coexiste com setores econémicas informais ou marginais, servigos urbanos deficientes, pobreze, lesemprego e inseguranga. CO sand pape cad ine tent cre exes exec iso idades de integrasio internacional ¢ desigualdade, exclusio econdmica ¢ cultura. Esses problemas sio especialmente gritantes em relagio aos jovens, que tm sa incorporagio 20 mercado de trabalho dificultada, pela desigualdade econémica € pela falea de preparo educacional. —¢, lcioh 90 “Aldsinicgrato e a dexigial€ade ou sca o dialismo ence a cidade global e cidade local marginalizada e insegur, $40, para muitos centrosurbanos, o principal obstéculo para a reinsergko nessa nova etapa do seu desenvolvi Castells alertam que um dos grandes rscos da globalizagi & ela ser feta para uma elie: “vendeze uma parte da cidade, enquanto o resto ¢ abandonado e escondido” (Borja e Castells, 1997: 185). Vitias cidades dos Estados Unidos enfrentaram os problemas de insegueangs ¢ vi por meio de politicasespecfica de f, a0 mesmo tempo, apoio a ofertas sua imagem, 1ensa reordenasio (nem sempre democrética) ‘atcas ¢ culturais capazes de configuear cecandmicas ¢financeiras ¢ 0 atrofiamento dos Estados reduiam suas} de melhorar os servigos e a segurana, mobilizar novos recursos econdmicos € cculeurais com vistas a renovar e expandir sua vida urbana e sua projegio externa, (© desemprego 56 fax aumentar, sobretudo entre as novas geragbes 156 A GLOBALIZAGAO DAS CIDADES NA PERIFERIA Seo éstudo de cidades como Berlim, Paris ¢ Viens cont rmodernidade, podemos nos perguntar seas wi para repensar & sobre as transformagies igo. Se concordamos desde 0 inicio do séeulo XX, ensidades muito abertas, onde as tradigbes losis se hibridavam com os reper comercalizam: Espana, Franca e Ingl: Caracas, Havaia, Rio de Jancieo, estas duas thtimas num: eragdo com 8 Africa), e com os Estados Unidos ¢ a Asia nas do oceano Pacifico (Lima ¢ Panam), Encontramos nesses centros ancecedentes da globalizagfo, mas com restrigées resultantes da Ldgica colonial ou imperial que p os vinculos com sma mete6pole. Aré meados do século XX, a estrutura urbana ¢ 0 significado da vida nessa eapitas latino-americanas foram condicionados sobretudo pelo papel que elas desempenhavar como centro pol e cultural de cada nag. Hoje, 20 contritio, © que faz do México ¢ de Sio Paulo cidades globais nfo € sua condigio de capitas regionais, ou suas conexées com um pals metropolitano, € sim 0 fato de terem se tornado focos decisivos de redes econémicas, eK” comunicacionais de excala mundial, ~Embora a populasio da cidade do México tenha passado de 185 mil a 3,4 miles de habitances desde meados do século XIX acé 1940, a ese manteve 0 tragado quadrangular estabelecido no século XVI pelos cong espanhdis. A vida da cidade se organizava, a procedentes das metedpoles com que nas cidades atlinticas (Buenas Aires, a urbana sitios arqueolégicos que evocam o passdo prt-hispinico. 157 ido foi, durante todo esse perfodo, o principal ator da sociedade nacional para essa unificagio: com o artesanato, as arte Formou-se um patriménio «1 se decénios mais carde, eram 70%), aglomerar wseus, a monumentalizasio visual dos sitios iis preservados pelo Estado mexicano, com que em qualquer outro pats latino-americano, na cidade do México desde meados do século XX até a arualidade’ 950, 2 capital ocupava basicamente os distritos hoje mais centrais — Benito 2, Cuauhuémoe € Coyoacin —, a vida era, em grande parte, cipicamente de baiero, Hlavia bondes, 22 mil carrogas, 60 mil sutoméveis, ¢ 1.700 énibus que transporcavam um milhio de passageiros por dia (eviews Hey). Qualquer habitante Podia chegsr 10 Centro Histérico a pé ou numa viagem de nio mais de cinco ‘quildmerros. Uma pequena parte da populaczo se informava por meio da imprensa cesctia, outro tanto pelo eidio, que comesava a te mastificay, ia muito ao cinema, 10s sales de danga ¢ 20s parques. Nao havia televiséo nem video. A universidade, 2s livearias e os teatros ficavam no centro da cidade, Dos Espagos URBANOS AOS CIRCUITOS MIDIATICOS 158 © que se redistribuiu no espago urbano nos élkimos redes de comunicasso anos? Em primeiro ‘ranimissSo de info oferecem novas modal sxravés do ridio ¢ da televisio, em pi ou a reunifo em shoppings centers que s deencontroe passcio. Além disso, muitas de de vincular grandes setores da populacio 2 experitnca¥ Maccourbanas e de outros 5 paises. Assim, muda também o sentido da cidade como eifaro-piblico. Esses J mieios nfo apenas favorecem uma interacio mais fluida da capital com a vida nacional, mas também com bens e mensagens cansnacionais: a megalspole como lugar onde se concentram informag6es eespeticulosinternacionais, filiais de grandes redes estrangeiras, centros de gestio de caj inovagbes € imagindrios lobalizados, ‘A cidade do México continua a ser paleo de eventot localizados que atraem grandes parcels da populacto. Os ue chegam em 12 de dezembro 2 vila de Guadalupe p: dois milhées que visitam Fecapalapa na Semana San aglomeram no Zés .em parcialmente os antigos espagot ofe is tm a propriedade

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