You are on page 1of 533
Vari clan LO TERAO LIA Yo Ferg ere ore At Keto Pree NS. J wTONIO VIEIRA: DA COMPANHIA DEJESV, Prégador de Sua Alteza. SEGVNDA PARTE: DEDICADA No Panegyrico da Rainha Santa AO SERENISSIMO NOME DA ae N: S- ; EM LISBOA. NaOfiicinade MIGVEL DESLANDES. | Edfuacufta,8 de Antonio Leyte Pereyra, Mercador de Liuros. “M.DC.LXXXIL Comtodas as licencas,@ Prinilegio Real. L, anges ees eup Serres ee Gece auee eee | MAPPROUAGAM DO M.R. P.M. Fr. [OadM ; de Deos,da Serafica Ordem de S. Francifeo, Calificador | do Santo Ojficio, ec. Tefte Liuro, que contém os Sermoens do P.Anto- nio Vieita, da Companhia de Izsv, de varios al- fumptos ; pregados em varias pattes,8& ge ralmente ap- plaudidos em todas. E entre as agudezas defte crate Préeador naa ha ceufa contra nofla Santa Fé, ou bons cairns. Francilco da Cidade 17.de Ianciro de 682. Fr. lowe de Deas. MPPROUAGAM DO M.R.P.M.Fr. THOME da Conceygito, da Ordem da Carmo , Calificador do Sante Officia cre. Iefta Segunda Parte dos Sermoens do P.Antonia Vicira, a Companhia deJesv, Prégador de Sz Alteza.Em nenhum delles achcy coufa alec contra nofla Santa Fe, ou bons coftumes; &me parecem dig- “ niflimos da licenga; que fe pede, para que pot meyo dz eftampa, fe comuniquea todos a fecundidade de tio fando,8 claro Engenho.Carmo de Lisboa em 3. deTu~ uereiro de 1682. Fr.oThome da Conceycia. + ij eAP- UPPROVAGAM DO MOR. POM.OFr, 10e4M da Madre de Deos,Prouineial que. fay da Pronincie de Por- sigal da Serafiea Order de S.Franci{co. Pregador de Sia Altera. Examinador das Tres Ordens Militares. E hoje 7 digni {imo eArcebi[po det Babiayerc- - SENHOR. FAndame V. A. que -veja a Segunda Parte dos Setmoens do P-Antonio Vieira, da lagrada Re. ligiad. da Companhia de lnsv, di nillimo Prégador de V.A.hauehdome ja concedido a h com omeuparecer,fobre a imprefla& do. primeiro. To- mo. E he elta'a primeira ventura, que fegunda vez fe © repetio. As fuas Obras {a6 em tudo tad iguaes, que o mefmo juizo, que fe fez de hnas , fe deue fazer de ro- das. Efe fe lhe pode norar differenga, he a que‘fe acha nas yeas das Minas, que quanto mais abettas;da6-a pra- ta mais acendrada,8& o ouro.mais puto.Eu os li com go- fto igual 4 admiragao,com que ele maximo Prégador he venerado em todas as partes do- mundo, pot’ Oraculo de tados os Prégadores. Ordinariamiente os Sermoens lidos, fa& menos agtadaueis ,do que ouuidos ; porque Jhe faltanopapel, aquella:alma, que’ o. efpirito’ da as palauras; & com que as vozes acompanhio.as acgoens. Porem nefte papel eftao tad animidas as palautas,& tao yiua.a cloquencia, que lhe ditanta vida. penna, come: The tinhadadoa boca. A lingoagem terfa fem affecta— gio, osconceytosfentenciofos fem artificio, a eloquen- : ‘ cla honra deo informar 4. e ' ciafecunda fem demaliay tudo tio ajultado ds leys de ham grande Oradot, que em redyzilo a termos pratica- “ ueis, he efte Ortdor tao fingular, que Deos o fez o pri- meiro.E niofey, quando fara o fegundo! Ynir o clo- quente com o fentenciolo, he felicidade,de que fo pode pteflmir fera vaidade o P.Antonio. Vieira; pois admi. rando.a Fama tepartidas, em Tullio eloquencia,& em Senecaas fentengas, vemos nelle juntos o: fentenciofo de hum Seneca,8¢oeloquente de hum Tullio.Difle Phi. lo Hebréto, que Abraham enere ds Ethéos foy ‘refpeita- do por feu Princepe » porque nao v2aua de palauras, que foflem valgares, mas de razoens , que pareciao Di- py), winas: Howorabantur exm; quali {oss Principem's meque ib. de exim fermonibus vtchatur vnlgaribus , fed Diuinitacem™t guamdam pre fe ferentibus. Nalcendo bemadinidadefte™* re{peito ao Author deftes Sermoens;pois eltilo; razoés, & conceitos, tudo he tio fobre ao que tem chegado 0 humano, que fedeixa conhecer nelles com fin Tadd. de hita ehaenets Diuina. Salam&o repetidas vezes aualiou as Letrasem mayor prego qué 0 Ouro = Onmne aurum in comparationt illius arenaest exigna. E aflim fe fora confultado fobre a impreflao deftes Sermoens,, ereyo, que hauia defer deparecer, que aomenos fede. uiao imprimir com Letras deOQuro. Eu digo oque elle hauia de dizer. V.A.como Princepe taodabioymanda- ra,o.quefor mais feruida mandar. §: Brancilco da.Cida= de2g. deFeucreyrode 682. ! Fr.Jode da Madre de Deos, LI. = ae LICENGAS. Da Religiao. P} V Antonio de Oliueyra da Companhia de Iesv, Prouincial da Prouincia do Brazil ; por comiflaa efpecial que tenho de noflo Muyto Reuerendo Padre Todo Paulo Oliua, Prepofito Geral,dou licenca,para que fe pofla imprimir efteLiuro da Segunda Parte dosSer- moens do P. Antonio Vieira, da mefma Companhia, Prégador de S.A. Oqual foyreuilto, cxaminado, 8 approuado por Religiofos douros della, por Nos depu- tados para iffo. E em teftemunho da yerdade,dey elta fabferipta com meu final, & fellada como [ello de meu Officio, Dada naBahiaaos 30. de hinho de «3 f eAntonio de Olineyra. ~ Da Santo Officio. Itas as informagoens , pedele imprimir a Se- gundaPatte dos Sermoens do Padre Antonio Vieira, contheudo nefta petigad. E depois de imprel- fos, cornarié para (cdma dar licenga y que corrad. Efem ella nio.correrao. Lisboa 4.de Feucrei-; fo de 1682. Manoel Pimentel de Soufi. Frialeriode S.Reymundo, ; Do ‘Do Ordinario. — Odem{e imprimir eftes Sermoens do Padre Anto- Ps: Vieira. E depois tornarad para fe dar licenga para correrem. E fem ellanao corretao. Lisboa 7.deFe- uerciro de i682. Sérvas. oFaco. Ve fe pofla imprimir, viftas as licengasdo Santo Osu & Ordinatio. Edepois de impreflo tor- nara a Mefa,para fetayxar,& conferir ; & femiflo nam cortera. Lisboa 22. de Feuereiro de 682, Roxas. Lamprea. Rega. - Neromba. 7 iro conftar da folha atraz, eftar efte Liuro.con- forme com {ett Original, pode correr.Lisboa 4. de Nouembro 682. M anoel Pimentel de Souja. Manoel de Moura Manoel. Teronime Soares. Fy,Valerio de S.Raymunda, —, Toto daCofta Pimenta. Bento de Beja de Noronha: Ode corer. Lisboa 2s. de Nouembro 1682. Serra, Ayxao efte Liuro em doze toftoens. Lisboa 24. de Nouembro de 682. Roxas. Baflo, Rego. Lamprea, Noronbay SER MOENS. Que contéarefta Segunda Parts, t Evmao da Rainha S.Yfabels Oe Sermito de N-Senliora da Gloria. Ile Seriniia da primeira Domings tle Qsiarefias. I¥., Sermaodaserceira Quarta feyra de eae B, Sértuan de § Antonio em Roma, - VI. Sermia de S. Rogue. VIL. Sermo de S. Pedro Nolafeo. \ PUL Sermizo da fexta fexta feyra de Bazi ‘ IX, Sermio da quinte Dominga de Quare[me. x “serhiao de N, Senhora da Grace. RE Sermis de'§. Antonio no Maranhita. + XII. Sermao de S. Bartholomew. XULSermio dd Mandato, s XIV. Serie ao ebiterrd dos offos ai “ipehaaes XV. Sermioda primeira Dominga do Aduento.— 53- 86. 126. Tq. 184. 215. Eddy B74 1399, to 37h 401, 4.8, DA RAINHA SANTA Pees tds EL. PREGADO Em Roma’ na Iprejados Portuguezes no snno x de 1674. Simile off Regnum Colorum bomini negotiator’ qicerentibonas margaritas: inventa autcmuna pretiofa . abijt, & vendidit ornuta, gile babuit, or emit ears. Matth. 13. §. 1 t nha duas ve- } 2cs) Coroa- # da: coronda naterra, & coroada no Ceo:coroada com buma das coroas, queda a fortuna, & 1) Huma Rai-* coroada com aquella, coreg; que he fobre todasias /fortu- nas, fe dedica afolemnidade defte dia, O. Mundo a conhe- cecom o neme de Hebel: & noffa Patria, que the nio sabe outronome, avencra com 2 antonomefia de Rainha San- ta. Com efte titulo, que ex= -cede todos os titulos, acano> nizou ee > “ nizou em vida © pregaé de fuss obras a elte pregaa tc iS guivad as vozes de fens var fallos:a eltas vores a adora- $26,08 altares,os applatifos do Mundo, Rainha,& Santa. Eltc ferio argumento, & eftes os dous palos domeu difcurfo, 2 No texto do Evange- tho, que propuz , temos a pa- rabola de hum negaciante, €m quem concorréraé ‘todas aquellas tres qualidades , ou boas partes, que poucas vezcs fe con¢ordad: cabedal , dili- Bencia, & ventura. Cabedal: Ovinia gue babusr: diligencia: Ouerente bonas margaritas: Ventura: /nventa wma prétio- Ja. Rico, diligente, venturo- fo, Equenegociante he elite? He tito iaclle| que com os bens di terra {abe negociar o Reyno do ‘Ceo > Simile off Regnum Calornin homini ne- ‘gotiatart. “3. Efte Mundo, Senhores, eompofle de tanta varitdide deEflados, olficios , & cxer- Sicios publicos , & particula- tts , politicos , & cconomi- os; fagrados,& profanos: ne- hums outra coufahe fenam hiia praga,ou fey ra univerfal) dnflituida ,& {ranqueada por Serisas da Deos atodas.os homens para negociarmos nella o Reyno do Ceo. Aifio eniaou Cita tona parabola daquélle Rey, querepartio differentes talen- tos, ou cabedaes afeus cria- dos, para que negociaifem co elles até fua vinda: Nigatsa- £8 mnt ditm vento. Pata as nes, 19:43 ] #ociacocosda terran muytos “falta Perea : Stites rem eabedal’) & faltalhe'a diligen- cia; outros té cabedal, & dili- gcnci4jmas faltalhea ventura, Na negociagad do Céo nab heafii. A todos da Deos 0 ca- bedal,a todos offerece a vétu- ra, fea todos. pedea diligécia. OQ cabedil faa os talentos da natureza,a ventura {a6 os au> xilios da graga, a diligeucia he a cooperagio: das) obras, Quando oReydilfe + Nege- tiaivind dem venio tos criadosy a quem entregou a fua fazen- da, para que negociaffem com ella, crad tres: todos tres ti- “verad cabédal , dous tiverad. diligencia; hum nao teve vé- tura, E porque nilo reve ven- turaette ultimo? Porque nao teve diligencia: enterrou o talento. Bem o conhecia o Rey, pois fiow delle o menos. E que fuccedco aos, outros dous? > Pla? citate eile Elogi Raiaha Santa [abel 3 =dous? O que tisha citco ta- lentos,negocion, é& grengcou soutres cinco. Ovque tnha dous talento’; negociou, & angeou outros dous. Am- os tiverad igual ventura, porque fizerao igual diligen- cia: mas o que entrou com mayor cabedal,{ahio tambem com mayor ganancia, 4 Ninguem entrou na pra- ga deite mundo com. mayor cabeda|, que a noffa Rainha Santa: humacoroa,, & outra cored: a deAragio, & ade Portugal.O mercante do Eua- gelho trativacm perolas:San- ta Habel em coroas.! Grande cabedal!! Dchiia grande Rai+ nha de Lacedemonia diffe Plinio fio livradeSumma feli- Ona fewis ib, denarum-in orm cedo Laceda- fume. monia veperitur, que Regss fix fd, tray Reguiwxer y Regis inarer (fait Uabel.noG {6 foy filha de Rey ,.mulheralo'Rey 5 & may de Rey : mas que fillia? que mulher? quemay? Fila de kum Rey, emquem cftaved unidos os Brazoens detodos os Reys da Europa ,:Pedro Segundo de Aragao: mulher de hum Rey3 que foy arbitro dos Reys cm todas os plei- tos\que tiveraé em feu tempo as Coroas de Hefpanha,; Dio- nyfionde ‘Pormugal. May de hum Rey) Aono Quartay de quem defcendem todos os Monarchas,, &) Prineipes: da Chritiindade ; nao’ vivende hoje nenhum, que o melhor fangue, que tem nas Veas, naa feja de Mabel. Grande fortue na de mulher, grande cabe- dal, Mas parece que nao ha- via defer niulher, porque o negociar he officio de home: Homint negorators, © repate he do Evangelho, a folugao fera da Epittela. 2 gue wuinlienern: fortert’, gists Prov. fmvenet 3) Quem achara no 3!-!0 mundo hia mulher forte , hu- ae s ma mulher varonil,huma mu> ¢¢, iher. como homem? |Tuda ifs fo querdizcr otexto: For tents uirilem, ot oginen, Quarida cu lias bravezas detia pro- pola, & pergunta de Sala- mao, cflava ¢{pcrando:, ov por hima Judith coma efpas da pamad dircita ,& a cabeoa de Olofernes naciquerda: ow por huma Jacl como érava, 6 com o martello straveflanda as fontes a Sifaras por huma Debora prantada‘na téfta de hum exercito, capitancanide ci- Serinad da” Be arsick , Se vencendo ba- talhas, Mas nad he ilto o que refponde Salamaa: diz que a mulher forte, amulher varo- nil, a mulher mais que mu- ther, cra huma mulher nego- jante: Agra emit: fyndonem qundidit: ee vide, gma bona oft wegotiatiocjas. E como ne- pe efta mulher ?;Como o jomem do Evangelho : com cabedal ,com diligencia , com wentura;comcabcdal: Dest predam damefticis, fais: com diligencia: Non extingwetur in fe lucerna ejus ; com ven- aura, é& ventura dobre todas: Malte silve congregaverant di~ bat witias , tu fupergreffaves wmi= werfas. Ja temos hua mulher negociante, como homem. Sénos fileaya para S. Iabel, que nos diffeife Salamio o nafcimento, a patriay & 0 eftado defta noravel mulher. Tambem iff dife, Diffe, que era Rainha,& Hefpanhola,é Aragoneza, Rainha +) Parpa: ra; & ly ffes indamentune gus porque naquelle tempola as peffoas Reses cra licito weltir purpora, Helpanhola: Pros aul, cp de altinis finrbus pre- dines eqns porque na antiga -gofinografia &na frafi da Eferitura o fim da terra he Hefpanba. Finalmente Ara- neza,& tal Aragoneza, que Bocas Bt poly nan wade. gebit: porque os Aragonezes entre codis as nagocns de Hefpanha fora os primeyros que ernobrecérao,é& enrique- cerad comdefpajos a fua Ca- roa, conquiltando novas ter- yas, Novos mares); 6 novas gentes. E Santa Ifabel’ em rticular foi nalcida, &.cria- ie nos bragosidelRey Dom Jayme de Aragao, -fobre- nomeo Conquiltador: oqual & feu filho ElRey Dom Pedro pay de Ifabel:, foro: os que conquiftarao, em Hefpanha oReyno da Valenga , emIta- liao Reyno de ‘Sicilia, no Mediterraneovas Ihas: de Fe ‘eis. Vifa, & Malhorea, Einao pas» .°5 rérao aqui os defpojosayA. eftes fe feguirad fuccefliva- mente! primeyro , os Reynos de Corfica , 8! Sardenha,»de: pois oflotentiflimo, &obelli- cofifime Reyne de Napo> les, & ultimamente que?:A, mefma Jerufalem', onde Sa- jamao efcrevia,é& ondec{tava: vendoa mulher forte, de qué fallava, entre defpojos nalci- da, entre defpojos crinda, 1b eal sg ---—- + Rainba Sante Tfabel, destam gloriofos. défpojos oe Ex. fpolyjs non mai- es ok i vy ans vifte fuppoitoy:éorfap- poilanque iu naditey dizer fenao-o que me diz o Evan- gtlho; o themarderd o Ser- mao, & o-aflumpto delice, 1a melhor negociante do. Rey- nodo Ceo: Similéefl Regnum Celorum bomint ‘negoratorn, Negociou Habel de hum Rey- no\para outro Reynoy éde hia Coroa para outra Coros: nio-da Reyna , & Coroa de Avagad parag Reyno, &Co- roa.de Portugal:, fenio'do Reynoy.8Coroa daterra pa- ¥a on Reyno,) &! Coroa do Ceo s que vemia fer ememe- nos palavras: Rainha, & San- ta. Efics dous:nomes d6men= tehavemos de complicar: hi como: cutro : & veremos.a noffa, Rainha ram induflrios fa. biante nomancjo: de- flageduas coroas, qut coma’ coroande: Rainhsernegociow fer-mayor Santa ya com aco- pegeciou fer nia~ Mayor |Rainhs, of éiamaytr ta porquesRe inhay: A Rai deitedos a: Sarte lease Gerda Brags, Aven ae 1 sae Sitnile efbRegnarm Celor tem Gomine > negonareri. Ratoha; &Gatira +) & porque! Santa, mayor Rainha: Efta hea’ pri= meira parte donoffo difcur- fo, 80 elle foyo primeyro lan- go: da melhor negociance(do Keyno doCeo, 7 © mayor cabedal ,que podedaro Mando’, he huma coroa. Mas ‘ainda ‘que as co+ roas {262s que daotas Leys; nao fae mereadoria de ley, Ao menos cu nadhavia de affepurer cfta mercadoria; de fogo, mar; & coffarie; porque asmefmes Cordes muilas ve~ zes, ellos fabo roubo,ellaso incendio , ‘ellas'o ‘naufragio,. Para conquiflerReynios ‘da terra $i ‘melhoreabgdal he himma"Coroa; : rigs“ para ne~ gociar © Reyno'de Ceo, ‘he genero quequsii nao tenvvay Iér..Ponde humacoroanaidat bee deCyro, conquittarids Refriosde: Balthafare ponde lita‘coreana cabegaide! Ale- xendvey conquifthraies Rey> nosdoBarie a pende tum coréal nad na cabega’, lento entordesCefar, & A uy tia, inh aribevdsdelda pan . 1.22 ast Ad att. eek nuptras filo fuo tria, & da mais florente Re- publica fara.o mais foberbo, éviolenta Imperio. Mag pa- ranegociar o Keyno do Gea, nema Balthafar, nem) a)Da> rio, nem aAlexandre, nema Celar, nemao mefno Cyro, aquem Deos chamayasofeu Rey, & 0 feuungisio, 5 Carita meg Cyro, Valcrao pada as co- 095, bid . 8) Oracu andey bufean- do nonoffo Evangeiho algtia corea, & ainda, que Chnito nunca multiplicou tantasife- melthangasy & tantos modos de acquirir o Reyno de Cex em diverlos Eftados , & ,offi- gins; 9 de; Rey nio fe acha; allic\Achareis hum lavrador, hum: mercanre:, hunipefca+ dor, hum Letradojmas Rey nao! E\porque? ‘Nao feo per- fonagts os Reys, que pudel- fem cntrartambem! em -huma parabola,& authori far muyto- a, Scena com:)aipompa |, 6c Mageftade da purpura? Gla-) roveita que fi, Elaflim o fez Chrifto muytas vezes. Mas vedeo que dizem as parabow lagdes Reys: Regs y gis, fesit: dntravie Rev, Sears, 8 videret difcumbentes > gust 2.11 Rex iurns conemistere bellum) Joh Wiens ada adverfus alinm Regem: abst Ler, fa regiomer longinguam acce- 14-3¢ pere filt Regnum. Reys-que Eatnthpdlsy que fazém ban- quetes que fice gucrrasyq maindad exercitos;.que-con= quiltéo Reynos da terra, iffo achareis no ewarigelha} mas Rey$, que de empreguem!em acquirir 6 Reyno do Ceo, pa- rece gue nao he occupagam de: perfonagens tad grandes: Aomenos Chriftodifes:que oReynodo Cearera dos) pé-! quenos:: dine parvailon ad mer verre, tale eft ent Reenurn. Crlarum. Tacs {a0 olavrador hoy campo oymercider na! ptagao pelcadormortiar, o Letradona bane: yfoiebre-o livroce Mais: nag Certes, nos: palacios, nos thronds g:é&ide= baixo.dos doccis’, 7 achareis? Bodas, banqueres; fellas, co» medias: & opor-cobiga y ow ambighojexercitos; guerras,: conquiftas; .Exaqui porque! ascoroasnao {ao boa mercas doria,ao menos muyto, aril! cada para negociar-o Reynor do CeofReys , & hellicefosy: Reys, de politicos, Reys, de) deliciofos,quantos quizerdes: mas Reys, 6 Santos, muyto poucos, Wede-o nas: a Lucy 19k Mares 19, Rainha Santa Tabel. divinas, onde {fe pode ver com certeza, Dé tantos Keys quantos houve no Payo de Deos :fdtres achareis Santos: David, Ezechias, Jozias- OUr ¥e; naquellé, tempo grands ate de Santos, grande ueceflio de Reys ;mas Reys, & Santos lantidade,, & coraa? tits yo anill } bok og) Efehe coufa tad diti- cultofa fer Rey, & Sate, mui- to mais; dificultofo; heoder Rainha,& Santa), No mefino. exemplo o:temos. |Dei-todos 05, Reys de Ifracl 8c: Juda, tres Santos» detodss.as Rai- nhay, nechumas Ainda nam eita ponderndos) @ | numero das Rainhas: naquelie tempo ¢ra_muyto, mayor) fem com- Paracio que) dos Reys;por~: Seen, Sdiufaday a poljsamia & affimcomohos J@hegrandeza , & Mageflade: teré os Reys muites criados, Sx mouitos ininktves, afin con tad cra parte:damefmasMet geftade,é dameima grandezd Terem) muitos: Rainhas. | Das Rajobasique (eve Davidjalém de.currad miuites,y fabamos nome a fetes Jeroboam teve dezoito, & {6 Sslamaa fetes centas > Ficrsunigue. of wxores. guaji Regine mevolde!Rainhass Santa’ ing2 nhume: . Finalmenteidefde o principioidamido até Chri tag lem que ipallarad: quando! menbs quatre mil annes | em? todés:osReynos, & todas as nagoens) nad. achiveis:Rainha Santa thaisi que unicamente Efther: el ro Equal hea razao dil- to? Porque! he mais: difticul- tofa fer Rainha Satta, @ Rey Santo 2) Porque aind? que no Rey); Sena Rainha hoiguala fortuna, naimulher be mayor a vaidadeQs-fomes da Cor roa, padrfobrm, para), Cras digem, para sicabegan Ronde, a mefma coroa-na cabsca ide David, & nacabega de Mi- chol ¢ na de; Michol tantas fumavadas , na de David ne- nhum fuino, -Erfeme aiffer- des que David era huinildeyéc Santo: tomemosoutranpare- Thasy Octiers: ved) Reyioque: habve ine:Munde foy EiRey, Affero; masa Raidhs Vall bi mmite mats funiets q.Afues Lrechyfey bikey Rainhs Gefsbel ipyite waisfumela quyAcch, ~ Lem- Pp fiptingenla, D3. Xe. fendo tao innumeravel ongal!!-3- 8 ‘ Sermas da s . Lembwayvoside Athalia, que’ cam preciola |) defte vidra, foy afeguada Medex} ova’ Sc defte oyrd fe formion, fe fegunds Symiramis'do Povo’ fabricoua peanha que levan= Hebreo, Eramajyé! ave ( G: tou a Eflatua de fabel:aré he mais J & pofmuyto vaiyée) as Eftrellas. Mas antes’ que muyto) fumola nao.duvidow! mais tos empenhemos! na! tirana vida,aitodos‘os) fillos® ponderagio delta’ verdade'y defeu filho EIRcy Ochofias.' acudamos as vozts do Evan- De oeohum homem {ele fe-' gelho, que-parece eftad bra-> melhante, refolugio.E buf- Finds contra ella. O modo? cando a caula o3Padres, & |. déenegociar o Reyao do Ceo, Expofitoresnioachio/ outta, &aforma,ou contrato delta nemdadoutra , fenaoo fer’ negociagao, diz Chrifte pque mulher: Quie femme treat; hade fer dando; deyxando, 8 dizcomtodbs Abulenfe.Mu- renunciando onegociantetu-* Ther Achalia, mulher Gelabel, do quanto tiver: Pedi om- mulher Waithi, mulher Mi-’ safe, G-enaiteam, Se abel . chol, mulher Berfabé,'mulhier’ renuncidra’a Cored, & dey-" finalmente Eva. E’em'todas' xéradeifér Rainha jp enrao eftas fempre pode mais a vai- differamos jultamente, G. com dade, quea virtude: a coroarda terra comprow, & oi : | negocious.4 -corsatdo “Oro5| VIG TIED mas ella viveou Rainha-, “8 1 mortree Rainha,& niorerdan—* rt Perdoayme RainhaSan-| ciouaCoroa. Eubemiey , q/ tacte difeurfo;mas'nao mo’ renunciar hia Coroa, afli co- perdocis ;\porque'too elle: mohe aimayor coula do Ma foy ordenado'a avaliay o pre? do}.affim he tambem aimaist co,acncatecerafingularida-’ difhculto{a;mas ndo por iffo: de ,& afublimar a grandeza impoflivels Exempla’ temos de voffas glorias, MenosSan- no noffefeculo, pofto que ol taforalfabel,fea fuafantida- nao viflém os|paffados. Ro de nad affentara fobre mu- mao vio,& Roa vé.Huma lher 5 & coroa. Deites' dons das mayores Coroas da Eu~ metacs, hum tad fragil, outro ropa, reaunciada com sine! i ; valor, | — Rainka Santa Habel. qalor , & deixada com tanta gloria {4 por feguica fe do E- wangelho , & fegurar debaxo das chaues de Pedro aquelle Reyno, que {6 ellas podem abrir. Pois porque nao dei- xou Ifabel efte tudo,que ver- dadciramente he.o tudo do mundo : Omnia que babuit ? Porque nad renuncion,& di- Mittio de fiacoroa,para fe co- formar com’ o Euangelho? 12 Primeiramente digo, que fideixou Ifsbel a coroa ; mas deéixou-a fema deixar , dimittioa'dens a dimitrir 5 & senunciousifem a rcnunciar, FraTlabel Rainha, mas que Raina ¢ Huma Rainba, que debaxods purpura trazia per etuimente 0 cilicio = huma sinha que afferitada a mela Real, jewaua quafi todo 0 an- no a pad, & ner huma Rai- nha,que quando fe reprelen- taua0 as comedias, os faraos, os feftins, ella eftaua arreba- tada no Ceo,orado, é& cGtem- plando:huma Rainba,que por dentro da foacoroa lhe efte- ua6 atraueflando a cabcea,& © coragaoos elpinhosda Co- yoa de Chrifto: huma Rainha que adorsda , & fervida dos Grandes de icu Reyno, ella 9 feruia de juelhas aos pobres , && lheslaudua os pés com {uas miaos, & lhe curawa ; & beija- ua as chagas. Delta mancira vlaua Tfabel da Coroe , ajun- tando,é& vnindo na Pefloada Rainha dous extremos tao diftantes, & dous exercicios ta6 contrarios; & ifte digo 4 foy deixar a coroa {entra dei- xin, Tenbo para prova hum texto de S, Paulomuito vul- gar,d fabido,mas de tad dif ficultofa inteligencia, que té= dole empregado variamente nelle todos os Expolitores fagrados , ainda fe lhe deleja inais propria, & adequada expoficam, ¥ 13 Uaicam informa Deb efjet. exinaninit femetipfum , forma ferui accipiens. Quer dizer + Sendo.o| Verbo Eter= no por eflencia, & igualdade ao Padre, Deos, quando ta- mou, &ynio a fy a natureza humana, defpiote , & deipo- joule de tudo quanto era , && » quanto tina, Ainda o diz com mayor ¢nergia o Apo- Nolo: Exinaninis [emetipfom + affi como hum vafo quando fe emborea,é fe elgota,langa de fi quanto tem , & fica va- fio, afi o fez , & ficou Deos B far Philip. a7 10 fazendofe homem. Ia. elties yendoa dificuldade, nad {a es Tecologos , mas todos. Deos,fazendole homem nao perdeo nada do que tinha,né deixon nada do que era. Era Deos,é ficou Deo: era infi- nito, & ficou intinito : Era eterno; fe immento , & ficou Ererno, & immenfo; era im- pafiuel, & immortal, cficou immortal, &impaflivel Pois fe Deas nad deixou, nem re- nunciou, nem dimittiode fy nada do queera,nem do que tinha, como diz S, Paulo que fe defpojou,& fe efgotoua ty mielmo,é& de fy mefmo: Ex- inaninit femetipfiom ? Aili difle profundamente 0 Apo- ftolo, & tambem diza como ifto podia fer , 6 como foy: Forman ferui accipiens , cura in forma Dei effet. He verda- de que Deos fazendofe ho- mem,nad perdeo nadado que era,nem deixau nada do que tinha; porém tomou, &vnio ap que era tido 0 contrario do que era: tomou , & vaio go que tinha tudo o contra- vio do que tinha; & tomar vnir.namefma Pelfoa extre- mos t10 contrarios, & tad di- ftintes, fay defpojarte de tu: Serinad da do oque era fern fe depojars Eta Deos, &fezfe homem: era Eterno,& nalceo em tems po: era immen(o,& determi- foufea lugarvera impathuel, && padecia: era inimortal , & morreo:era fupremo Senior, & feale:feruo: & fernir o Sc- nhor,morrer 0 immortal,pa= decer o impaffivel , limirarle oimmen(o, & humanarfe o Diuinosnad fo foi tomar 4 nad era,fenad deixario 4 ¢ra. Nad deixar, déixando, q iflo nao podia fersmas deixar re- tendo , deixar conferusndo, deixar fem deixar: Exinant- wit (emetiplina formam ‘ferué aecipiens 5 cam int forina Deb effet. ito he o que fez o Ver= bo: & ifto he o que few Habel, conformandofe: altiflimameé- te com o Euangelho ao modo do mefmo Autordo Euanger lho, Rainha com Magefta- def coroa: mas que coroa, que Mageltade,que Rainha? Coroa fi, mas coroa femsa deixar deixada ; porque dei- xou toda a pampa, & efplen= dor do miido,com que fe en- vandecem as coroas. Miger fhide fi ; mas Migeftade fem arenunciar renunciada: por- que renunciou tod. a olten- tugad 5 £ — Rainhd Santa Tabet. ta¢ad,toda a altiveza,& toda aidolatria,com que fe adorad as Mageltides.Rainha fimas Rainla nad Rainha: porque tirida’ foberania do:titulo , neniia outra coula fe via'em Ifabel das que fe admitaé nas Rainhas, {endo poriflo mef- moa mais admiraue! de to- das. 14 Defla mancira deixou a@nofla Rainhaa corca, & o tudo que pedis o Euangelho: Gmiasta que baleit. Mas: effi comioa deixou {em a deixary Porque a nso deixou deixan- deat Porque nad abdicou a Mageltade , porque nao dei- xou'de fer Rainha , ownad aceitando!a coroa,quando fe dhe offereeto , ow rénuncian- doa depois de aceitada? Rel- do, que eflafoy a mayor indeftiia de fua negaceaead: eonferuar o cabedal de Reis nha para grangear fer mayor Senta. O mayor bem, oug vnice bem,que tem as fupre- mas dignidides do mido,he ferem hum degrao., fobre o gual {elevata mais a virtude: be ferem hum cunho Resl,co gue fobe am. yor valor a lan- tidade, Santo foy Dauid , & Santo Abraham, & primeito It Abraham que'Dauid, Cam- tudo S, Mattheos referindoa genealogia de Clnifto, ante- poem David a Abrahams liliji 4 ij David’, filij Abrabmits Pois {fe Abraham tambem cra Sa-: to,& Santo da primeira clafle como Dauid, & precedia na antiguidade , porque: fe lhe antepoem Daud Da a ra- za6 Santo Thomasangelica- mente,Porque ainda q Abra- bam era Santo ,.6¢ tab Santo como David, Dauid era San- to, & Rey juntamente,o que nao iconcoria ¢m Abraham. Alantidade de Abrabam,po- fto que grande, era fantidade fem coroa: a fantidade de Dauid,era {aridade coroada ; & fentidade aflentada tobre coroa,aindaem grao igual,he mayor fantidade. 15. Eporque? Porque na Mageftade, na grandeza, no poder,na adorzea6,dc €m to- das as outras circunftancias,q acompanhs® as coroas, con= correm todos os contrarios,4 pode ter a virtude,é& a fanti- dade:& a -virtude confervada entre os feus contrarios , he dobrada virtude. Quui hima das miaisnctaucis fentécas do Santo Agoftinho : jndiat Bij “atts Dia Thom. Aug. 12 onimis wtarquod nenquit atedi~ nit-Oucas todas ts idades.e q nica ouuiraé,diz Agoftinho, E que hao de ounir? Falls do parto virginal,& diz affi!ir- Bo partu [uo crenit, uirginita- tem dum pareret , duplacauit. ‘WNeftas vitimas palauras repa- ro, Diz Santo Agoftinho,que Moria Santiffima concebedo , parindo, & ficando Virgem, nao (6 cofertou,mas dobrouw avirgindade ; Mirginitatent , dum pareret , duplicauit. Se » fulldra de qualquer outta vir- tude , naotinha difficuldade efta doutrina, Mas da_vir- gindade, parece que nae pa- ae fer, porque a virgindade confifte em indivifuel. He hia inteireza perfeita, incor- rupta, intemerata , que nad de crecer, nem minguar, nem admitte mais,ou menos. Pois fe efta virtude foberane, Seangelica nad admitte dimi- nuiciG , nem augmento , fe quando be,femore be igual , & fempreameima,como dia S, Agoftinho,que creceo,que fe augmentou , & que fe do- brov,& foy dabrada no par- toda Virgem'? Parque foy vintude, que fe conleruou in- teira entre oslcos contrarios. Serniaa da A conceiciG,o parto,o ter f= Tho,o fer May,lad os contra- rios da virgindade: & con- feruarfe Muria Virgem lendo juntamente May, foy fer da- bradamente Virgé: Pixginitay tens , dem pareret , duplcawits Tacs forad as viitudes de Lfaq bel. O mayor contrario, & 0 mayorinimigo da virtude he, buma grande fortuna, 8qua- to mayor fortuna,tate mayor inimigo. A humildade , 0 defpreza domunido,a mode- ragad, aabllinencia, a pobre- za voluntaria na outra gente, fa fimples virtudes’ ; mas eftas mefmas com hia coroa na cabeca,com hum cetro na méo, debaxo de hum docel 5 & aflentadas em hum trono, {a6 dobradas virtudes,porque, fad virtudes jitas com os feos contrarias.A humildade jun- tacoma Mageftade , he do» brada humildade: a modera- ie junta com o fupremo po= er, he dobrada moderagao? o defprezo do mundo junto como meimo mfidoaos pes, he dobrado delprezo domi- dosi pobreza com a riqueza, g-abltinencia coma abundan= cia,a mortificagid com o re- galo,a modeftia com @ lizon= ey

You might also like