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QUINTA EDICAO __PREFACIO _ A QUINTA EDICAO Metodologia Cientfica procura colocar & disposicio do acadéinico, que ingtessa ro curso superior, o instrumental cientfico metodolégico bisico para o seu estudo uni sitar Com o advento da legislacdo em vigor ~ Lei das Diretrizes ¢ Bases da Educagao Nacional, n® 9.394/96 ~ que nao faz mais referéncia a um primeiro ciclo de estudos, as instituigdes de ensino superior nio deixardo de oferecer ao aluno, que ingressa nos cursos de graduagio, disciplinas que o introduzird no estudo superior, rigoroso ¢ organizado e na iniciagio & pesquisa Enire as disciplinas de iniciagdo, a Metodologia Cientifica continua sendo tm dos instumentos de trabalho que pode servir no estudo e na aprendizagem dos mais dife- rentes conteidos cientficos. Para alcangar este intento os autores esquematizaratn, de for- 1a simples e légia, todos os passos de um estudo sério e de um trabalho ciemtific. © enfoque tradicional, orientada para a critica do método, supde seu dominio. © que nio se pode, obviamente, esperar dos que ingressam na Universidade. Orientamos, ‘nosso trabalho para a aprendizagem do método, estando af swa originalidade. Assim, 0 texto apresentado originalmente ¢ agora mais uma vez revisado, além. de enriquecer a bibliografia no setor, estabelece um roteiro seguro de trabalho, tanto para docentes como para discentes. XI Metodologia cientiicn Ao oferecer a0 piblico a quinta edigio atualizada do livro Merodologia Cientifi: ‘ca, podemos afirmar, pelos depointentos recebidos, que o roteiro sugerido & umm auxiliar pprecioso no estudo, na elaboragao ¢ na apresentagao de trabalhos cientificos, A obra revisada continua perseguindo, em todo 0 texto, o objetivo fundamental de iniciar 0 estudioso no trabalho intelectual sétio, objetivo e sistemético. isso resulta a caracterizacao mais saliente do livro: sua apresentago simples, clara e Kégica, Tudo 0 que pudesse dificultara seqléncia ordenada das idéias, como discus: sGes de questdes em contfito, foi omitido. Tal procedimento ¢ justificado se levarmos em conta que a publica a que se dirige rao € 0 dos fil6sofos das ciéncias, nem mesmo o dos cientistas profissionais de larga expe- rigncia, mas, sim, 0 pablico que inicia seus estudos universitérios ou que sente a necessi- dade de consolidar os conhecimentos metodalégicos, talvez nunca aplicados na execugo sistematica de todas as tarefas de um trabalho cientifico. Nos tiltimos anos, numerosas publicagdes t&m surgido no setor de Metodotogia Cientifica, com os mais variados enfoques. Esta diversidade de dados tora dificil reunir, €em uma 36 obra, todas as informagdes e orientagdes para 0 estudo e a pesquisa Apesar dessascontribuigSes, mantvemos a estrutura do texto das edigdes ante- rores por julgé-laeficiente na busca dos objetivos aos quais esté condicionada a iniciagdo A pesquisa ciemtitica Pelos resultados didético-pedag6gicas obtidos, foram mantidas as figuras, os qua ‘dros. os esquemas e os modelos de trabalho de pesquisa bibliografica e de pesquisa descri- tivo-experimental, com os respectivos passos de sua elaboragio e apresentacao. Sem os modelos priticos, a teara fica estéil. Finalniente, o novo texto foi atualizado segundo a verso 2000 da NBR 6023 da Associagio Brasileira de Norms Técnicas para a comreta apresentacdo das referéncias bibliogrificas. Oferece também subsidios para aplicar a informitica nos trabalhos univer- sitdrios. Experamos que esta quinta edigZo também possa servir de instrumento de traba- Iho para muitos universitérios, como ocorreu com as edigdes anteriores. importante nao é traballar, mas trabalhar bem, 0s Autores INTRODUGAO A universidade brasileira evolui a grandes passos. Voltada amteriocmente & trans- missfio do saber adguirido ou a conservacio do patriménio cultural do passado, orienta-se em nossos dias, sob a presso das mudangas constantes que o desenvolvimento impe, a0 censino, & pesquisa e & extensio. Em razio dessa nova filosofia, o ensino superior tem por objetivos o desenvolvi- mento das cigncias, letras ¢ artes através da pesquisa, a formagiio de profissionais de nivel universitrio, o desenvolvimento de novas tecnologias e a intervengio social ‘Muito deve ser feito, porém, tanto pelos professores como pelos alunos, antes de se poder afirmar que a universidade esteja correspondendo adequadamente as novas fun- Bes que Ihe so impostas pelas novas nevessidades culturais, sociais ¢ econ6micas. Assim como foi estruturada e elaborada, a metodoogia cientifica consttui para ssa tarefa um subsidio, cujo valor ndo pode ser negado: fornecer os pressupostos do traba- Iho cientiico, Esses comprecndem certas normas consagradas pelo uso, entre cientistas, re- ferentes & estrutura e & apresentagao do trabalho cientifico, além das tgcnicas e méto- dos relativos & pesquisa e & execugao da mesma. Sao igualmente pressupostos do tra- bbalho cientifico aqueles mecanismos mentais que se desencadeiam através do processo reflexivo. Metodotogia cientica Os alunos. ao se equiparem com tais conhecimentos prévios, apoderam-se dos meios corretos de executar as operagdes de interesse de suas atividades cientificas. Preten- de-se, destarte, alcangar os objetivos da metodologia cientfica, uns imediatos, outros a longo prazo. A disciplina tem, com efeito, objetivos imediatos: melhorar a apresentagdo dos trabalhos escolares e, sobretudo, elevar o nfvel de aperfeigoamento dos estudos, despertan- do no aluno um senso critica suscetivel de coloc4-to em condighes de reagir, de ser ativo ou de participar das atividades escolares. Esse senso critico deverd evolu, tornando-se esp tito cientifico fecundo e eriador. 0 objetivo @ longo prazo é, sem diivida, o mais importante: elevar o nivel de rendimento dos estudos. Para tanto, os alunos serio acompanhados por seus mestres, du- rante toda a carreira universitéria; serZo iniciados na pesquisa, em seu respectivo ramo, em {que vero a aplicagio direta, concreta e proveitosa éas normas oferecidas pela metodologia cientifica. Visando a atender a esses objetivos, o presente trabalho foi estruturado em quatro partes. Na primeira, buscam-se os fundamentos, solsre os quais repousa 0 conhecimento Cientifico, relacionados dirctamente com a pesquisa. Na segunda parte, sio spresentados (0s métodos e as téenicas aplicaveis & pesquisa descritiva, A pesquisa experimental e& pes- quisa bibliogréfica. Na terceira parte apresentamos a pesquisa e seus diferentes tipos, Na uarta e iltima parte sio apresentadas as fases da elaboragio da pesquisa e sua comunica- 40, envolvendo a estrutura, a forma e o contetido das trabalbos académicos, com orienta- .90es detathadas sobre como preparar um trabalho de qualidade, dentro das normas de metodologia cientifics PARTE | O Conhecimento Cientifico Capitulo 1 O HISTORICO DO METODO CIENTIFICO As cigncias, no estado em que se encontram atuslmente, so 0 resultado de tentati- ‘vas ocasionais e de pesquisas cada vez mais metédicas e cienificas nas etapas posteriores. A cigneia é uma das poucas realidades que podem ser legadas &s gerages se- guintes. Os homens de cada perfodo histérico assimitam os resultados cientficos das gera~ {Ges anteriores, desenvolvendo e ampliando alguns aspectos novos. Do duplo elemento de tuma época. 0 mative e o fixo, o ainda nio comprovado ¢ o estabelecido definitivamente, somiente 0 Ultimo & cumulative e progressive, (0s elementos que constituem boa parte da ciéncia e que sio a parte transit6ria € cfémera, como certas hipdteses e teorias, perdem-se no tempo, conservando, quando mui- 10, interesse histéreo, Cada época elabora suas teorias, segundo o nivel de evolugio em que se encon- tra, substituindo as antigas, que passam a ser consideradas como superadas ¢ anacrOnicas, ‘© que permitiu a cigncia chegar ao nfvel tual foi o nicleo de t6cnicas de ordem Pritica, seus fatos empiricos e leis, que formam 0 elemento de continuidade, que foi sendo aperfeigoado e ampliado ao longo da historia do Homo sapiens. A cigncia, nos moldes em que se apresenta hoje, & relativamente recente, $6 na idade moderna da historia adquiriu o carter cientifico que tem atwalmente. Entretanto. 6 Metocologi contiica desde 9 inicio da humanidade 4 se encontravam os primeiros tragos rudimentares de co- nhecimentos de técnicas que constituiriam a futura cigncia, A revolugdo cientifica, propriamente dita, registra-se nos séeulos XVI e XVII, ‘com Copérnico, Bacon ¢ seu método experimental, Galileu, Descartes ¢ outros. Nao sur. giv, porém, do acaso. Toda descoberta ocasional e empitica de téenicas ¢ de conlecimien- tos referentes a0 universo, & natureza e ao homem, desde 0s antigas babilGnios e exipcios, a contribuicio do espirito criador grego, sintetizado e ampliado por Aristiteles. as inven ‘gbes feitas na época das conquistas preparam o surgimento do método cientifico eo cardter de objetividade que vai caractetizar a ciencia a partie do século XVI, ainda de forma vaci- lante e agora de modo rigoroso, Aos poucos 0 método experimental foi aperfeigoado e aplicada ei novos seto~ res, Desenvolveu-se o estudo da quimica da biologia; surgi um conhecimento mais objetivo da estrutura e das fungdes dos organismos vivos no século XVIII. J4 no séeulo ‘seguinte, verificou-se uma modificacdo geral nas atividades intelectuais e industciais. Sur- giram novos dados relativos & evolugdo, 20 tomo, & luz, & eletticidade, ao magnstismo, A cenergia. Enfim, no século XX, a cigncia, com seus métodos objetivos e exatos, desenvol- ‘yeu pesquisas em todas as frentes do mundo fisico e humano, atingindo um grau de preci- sio surpreendente no s6 na érea das navegagies espaciais © de transplantes, como nos mais variados setores da realidad, Essa evolugio das ciéncias tem, sem divida, como mola propulsora os métodos e instrumentos de investigagao aliados ao espitito cientifico, perspicaz, rigoroso e objetivo. Esse espirito, que foi preparado ao longo da hist6ria, imp5e-se agora, de mancia inexorével, a todos quantos pretendem conservar o legada cientifico do passado ou, ainda, se propSem a ampliar suas fronteiras. 1-0 conhecimento e seus niveis : © homem nio age diretamente sobre as coisas, Sempre hd um intermedirio, um instrumento entre ele e seus atos. Isso também acontece quando ele faz ciéncia, quando investiga cientficamente, Ora, nio é possivel fazer um trabalho cientifico sem conhecer os instrumentos. E esses se constituem de uma série de termos € de conceitos que devem ser claramente distinguidos, de conhecimentos a respeito das atividades cognoscitivas que nem sempre entram na constituigdo da ciéncia, de processos metodolégicos que devei set se- _Buidos, a fim de chegar-se a resultados de cunho cientifico e, finalmente. é preciso imbui se de espirito cientifico, Oistacco do metodo cinco 7 ‘Nossas possibilidades de conhecimento sdo muito ¢ até, ragicamente, pequenas. Sabemos pouguissimo, ¢ aguilo que sabemos sabemo-lo muitas vezes superficialmente, sem grande certeza, A maior parte de nosso conhecimento so- mente é provivel, Existem certezas absolutas, incondicionais, mas estas sao ra- ras” (Bochensks, 1961, p. 42). (© que & conhecer? uma relagdo que se estabelece ene sujito que conhece e 6 objeto conhecido. No processo de conhecimento 0 sujeito cognoscente se apropri, de certo modo, da objeto conhecido. Se a apropriagdo € fisica, sensivel, por exemplo, a representagio de uma onda Inminosa, de um som, © que acarreta uma modifica de um érgdo corporal do sujeito ‘cognoscente, tem-se um conhecimento sensivel. Tal tipo de conhecimento é encontrado tanto em animais como no homem. Se a representagio nio é sensivel, o que ocorre com realidades, tais como con- ceitos, verdades, principios ¢ leis, tem-se entdo um conhecimento intelectual. © conhecimento sempre implica uma dualidade de realidaides: de um lado, 0 sujeito cognoscente e, de outro, 0 objeto conhecido, que esté possufdo, de certa maneira, pelo cognoscente. © abjeto conhecido pode, as vezes, fazer parte do sujeito que conheec. ode-se conhecer 2 si mesmo, pode-se conhecer e pensar os seus pensamentos. Mas nem todo 0 conhecimento é pensamento, O pensamento é atividade intelectual. Pelo conhiecimento homem penetra nas diversas reas da realidade para dela tomar posse. Ora, @ propria realidade apresenta niveis e estruturas diferentes em sua pr pria constituigao, Assim, a partir de um ente, fato ou fendmeno isolado, pode-se subit até situé-lo dentro de um contexta mais complexo, ver seu significado c fungio, sua natureza aaparente e profunda, sua origem, sua finalidade, sua subordinagio a outros entes; enfim, sua estrutura fundamental com todas as implicagGes daf resultantes, Essa complexidade do real, objeto de conhecimento, ditara, necessariamente, formas diferentes de apropriagio por parte do sujeito cognoscente. Essas formas dario os dliversos niveis de conhecimento segundo o grau de penetragao do conhecimento ¢ conse ‘idente posse mais ou menos eficaz da realidade, levando ainda em conta a érea ou esirutu~ ra considerada ‘Com relacao ao homem, por exemplo, pode-se consideré-lo em seu aspecto €x- terno e aparente e dizer uma sétie de coisas que o bom senso dita ou a experiéneia cotidiana censinow, Pode-se, também, questions-1o quanto 8 sua origem, sua realidade e destino € pode-se, ainda, investigar 0 que dele foi dito por Deus através dos profetas e de seu enviado Jesus Cristo, Finalmente, pade-se estudé-lo com propésito mais cientifico e objetivo, in ‘vestizando experimentalmente as relagSes existentes entre certos Grgios © suas fungoes. 8 Metodoiogiacienttoa ‘Tam-se, assim, quatro espécies de consideragdes sobre a mesma realidade: © homem, conseqiientemente o pesquisador, esté se movendo dentro de quatro ntveis dife- rentes de conhecimento. O mesmo pode ser feito com outros abjetos de investigagao. ‘Tém-se, entdo, conforme o casa: 4) conhecimento em co by conhecimento ciemtfico; ©) conhecimento filosética; 4) conhecimento teol6gico, sujeto cconhecimento objeto ~filossticn ~ teal6gicn Figura 1 — 0 conhecimento ¢ seus 1.10 conhecimento empirico Conhecimento empirico, também chamado vulgar ou de senso comum, 0 co- tnhecimento do povo, obtido 20 acaso, aps ensaios ¢ tentativas que resultarn em erros eer acertos. Este tipo de conhecimento € amet6dico e assistemético, AA pessoa comum, sem formagio para eperacionalizar os métodos e as téenieas cientficas, tem conhecimento do mundo material exterior onde se acha inserida e de um certo mimero de pessoas, seus semelhantes, com as quais convive. Vé essas pessoas no ‘momento presente, lembra-se delas, prevé o que poderio fazer e ser no futuro, Tem conscién- cia de si mesma, de suas idéias, tendéncias e sentimentos. Cada qual se serve da experineia do outro ora ensinando, ora aprendendo, em tum intenso processo de interac3o humana e social. Pela vivencia coletiva os couhecimen: tos sii transmitidos de uma pessoa & outra, de uma geragio & outra © histo do métod ceniico 9 Pelo conhecimento empirico, a pessoa conhece o fato e sua ordem aparente, tem cexplicagdes concernentes 8 razo de ser das coisas e das pessoas. Tudo isso é obtido das cexperigncias feitas ao acaso. sem método e de investigagdes pessoais feitas 20 sabor das citeunstincias da vida ou entao sorvido do saber dos outros e das tradigies da coletividade ou, ainda, tirado da doutrina de uma religito positiva 12-0 conhecimento cientifico O conhecimento cientifico vai além do empitico, procurando conhecer, akém do fendmeno, suas causas e leis. Para Aristételes 0 conhecimento s6 se dé de mancira absoluta quando sabemos ual a causa que produziu o fendmeno e o motivo, porque nio pode ser de outro modo; & 0 saber através da demonstragéo (Labr, 1958). A cigncia, até a Renascenga, era tida como um sistema de proposigdes rigorosa- ‘mente demonstradas, constantes e gersis que expressam as relagdes existentes entre seres, fatos e fendmenos da experiéncia. © conhecimento cientifico era caracterizado como: 8) certo, porque sabe explicar 0s motivos de sua certeza, 0 que ni aconte- ce com 0 conhecimento empirico; )geral, no sentido de conhecer no real 6 que hi de mais universal e vilido para todos os casos da mesma espécie. A cigncia, partindo do individuo concreto, procura o que nele ha de comum com os demais da mesma espécie; ©) met6dico e sistemstico. O cientista ndo ignora que os seres fatos estio ligados entre si por certas relagdes. O seu objetivo € encontrar e repro- dduzir esse encadeamento, Alcanga-o por meio do conhecimento ordena- do de leis e principios. A essas caracterfsticas acrescentam-se outras propriedades da ciéncia, como a objetividade, o interesse intelectual e 0 esplrito entico. A cigncia, assim entendida, era 0 resultado da demonstragio c da experimenta- «0, sb aceitando 0 que fosse provado, Hoje a concepgao de ciéncia & outra, A cigncia no € considerada como algo ‘pronto, acabado ou definitive, Nao & a posse de verdades imutiveis, 9 Metodoagiasentiica Onisterice do métodocienieo 11 ‘Atualmente, « cigncia 6 entendida como uma busca constante de explicagdes e de alugies, de revisio e de reavaliago de seus resultados, apesar de sua falibilidade e de seus mites. Nessa busca sempre mais rigorosa, a cifncia pretende aproximar-se cada vez tais da verdade através de métodos que proporcionem control, sistematizacio, revisio e guranga maior do que possuem outras formas de saber ndo-cientificas. Por ser algo dinimico, a ciéncia busca renovar-se e reavaliar-se continuamente. ciéncia € um processo em construgao. .3- O conhecimento filoséfico © conhecimento filoséfica distingue-se do conhecimento cientifico pelo objeto igacZo e pelo método. O objeto das cigncias so os dados préximos, imediatos, eteeptiveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem materiale fisiea, 10 or isso suscetiveis de experimentacao. O objeto da filosofia & constituido de realidades rediatas, imperceptiveis aos sentidos e que, por serem de ordem supra-senstveis, ultrapas- am a experiéneia, A ordem natural do procedimento é, sem diivida, partic dos dados materiais e :nsiveis (ciéncia) para se elevar aos dados de ordem metafisica, nio sensiveis, razio il 1a da existéncia dos entes em geral(filosofia). Parte-se do concreto material para 0 con- reto supramaterial, do particular ao universal. Na acepyio clissica, a flosofia era considerada a eifneia das coisas por suas ausas supremas. Modernamente, preferese falar em filosofar. O filosofaré um interrogaz, ‘um continuo questionar a si mesmo e i realdade. A filosofia nfo € algo feito, acabado. A losofia€ uma busca constante do sentido, de justificagio, de possibilidades, de interpreta- fo a respeito de tudo aquilo que envolve o ser humano e sobre © prSprio ser em sua xistincia conereta Filosofar é interrogar, A interrogagio parte da curiosidade. Essa inata, Ela 6 ‘onstantemente renovada. pois surge quando um fendmeno nos revela alguma coisa de um bjeto ¢ ao mestno tempo nos sugere o oculto, 0 mistério. Esse impulsiona o ser humano a uscar 0 desvelamento do mistério, Vé-se, assim, que a interrogacio somente nasce do sistério, que € 0 oculto enquanto sugerido. Jaspers (Apudl Huismann e Vergez, 1967, p. 8), em sua Introducdo & Filosofia, loca a esséncia da filosofia nx pracura do saber, € no em sua posse. A filosofia trai a si esa e degenera quando é posta em formulas. =e gaan | ‘A tarofa fundamental da flosofia resume-se na reflexl0. A experiéncia fomece uma multplicidade de impressdes opinides, Adquirern-se conbecimentos cientficos e téonicos nas mais variadasdreas. Tém-se aspiragSes e preocupacdes as mais divers A filsofiaprocurarefletir sobre esse sabe, intecroga-se sobre ele, problematizao, Filoso- faré interrogar principalmente sobre fatose problemas que cercam o ser umano conereo, em seu contexto histrico, se contexto muda através dos tempos, 0 que explica 0 desl carnento dos temas de tflexio filos6fica. E claro que alguns temas perpassam a bisa tomo a propria humanidade. Qual o sentido da existéneis do ser humano e da vide? Existe ou nio existe o absolut? Hi liberdade? Entretanto, o campo de relexto armpliou-se muito em nossos dias. Hoje os filésoos,além das interrogagées metafsicas tradicionais, formu lean novas questOes: « humanidade seré dominada pela técnica? A méquina substuiré 0 ser humane? Também poderao o homem ou a mulher serem preuzidos em série, em tubos de ensaio? As conquistas espaciais comprovam 0 poder ilimitado da espécie humans? 0 progresso técnica é um beneficio para a humanidade? Quando chegarda vez do combate contra a fom e a misétia? O.que€ valor, hoje? A filosofia procura compreender a reatidade em seu contexto mais universal. Nao | solugies definitivas para grande nimero de questdes. Entretanto, habilita 0 ser humano a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida conereta, .4~ O conhecimento teolégico Duas sdo as atitudes que se podem tomar diante do mistétio. A primeica étentar penetrar nele como esforgo pessoal da inteligéncia. Mediante aareflexo ¢ 0 auxilio de instrumentos, procura-se obter um procedimento que seja cientii- £0 01 filoséfico. A segunda atitude consiste em aceitar explicagdes de alguém que j tena desven- {dado 0 mistério e implica sempre uma atitude de f€ diante de um conhecimento revelado, Esse conhecimento revelado ocorre quando hd algo oculto ow um mistério, alguém que o manifesta e alguém que pretende conhecé-L. Entende-se por mistétio tudo © que € oculto enquanto provoca a curiosidade © leva & busca. O mistério é 0 oculto enquanto sugerido. Pode estar ligado a dados da nature- 2a, da vida futura, da existéncia do absoluto, para mencionar apenas alguns exemplos. Aquele que manifesta o oculto & 0 revelador. Pode ser 0 prOprio homem ov Deus. Aquele que recebe a manifestagio tem fé humana, se 0 revelador for um bomen ‘ou uma mulher, e tem fé teal6gica, se Deus for 0 revelador. 12 Metodologia conti A fé twoldgica sempre esti lizada a uma pessoa que testemunha Deus diante de ‘outeas pessoas. Para que isso aconteea, & necessério que tal pessoa que conhece a Deus © ue vive 0 mistério divino o revele a outra. Afirmar, por exemplo, que tal pessoa € 0 Cyisto cequivale a explicitar um conhecimento teol6gico. © conhecimento revelado ~ relative a Deus ~ ¢ aceito pela fé teol6gica constitui © conhecimento teolégico. Esse por sun vez. 68 conjunto de verdades ao qual as pessoas chegaram, no com o auxilio de sua intcligéncia, mas mediante a aceitagéo dos dados da revelagio divina. Vale-se de modo especial do argumento de autoridade, $0 0s conhec' ‘mentos adquiridos nos livros sagrados ¢ aceitos racionalmente pelas pessoas, depois de terem passado pela critica histérica mis exigente. O contetido da revelacio, feita a eritica dos fatos ali narrados e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se de auten- ticidade e de verdade. Essas verdades passam a ser consideradas como fidedignas, e por ‘isso sio aceitas. Isso é feito com base na lei suprema da inteligéncia: aceitar a verdade, vena de onde vier, contanto que sejalestimamente adquirida. 2-O trindmio: verdade- evidencia ~certeza 4Jé foi visto que o problema do conhecimento é, em grande parte, enigmatico (O ser humano é cheio de limitagies ¢ a realidade que pretende conhecer e dominar é mil- tipla © complexa. Diante disso surgem inémeras questdes: 0 ser humano pode conhecer a verdade? O que & a verdade? Quais sio as evidéncias que temos de que as verdades revela- das pela religido ou descobertas pela ciéncia sejam realmente a verdade? Como poemos tercerteza de que o ser humano e a humanidade estejam no caminho certo? Nosso esforvo, a0 Longo das paginas a seguir, sera exatamente no sentido de compreender o camino que Cientistas, pesquisadores e estudantes percorrem para nos proporcionar evidéncias cientii ‘cas que, com razodvel grau de certeza, nos indiquem seno a verdade, pelo menos nos ajudam a entender o universo, a vida e a realidade em que vivemos, 21-A verdade ‘Todos falam, discutem e querem estar com a verdade, Nenhum mortal, porém, é © dono da verdade, Isso porque o problema da verdade esté na finitude do préprio ser ‘bumano, de um lado, ¢ na complexidade ¢ ocultamento do ser da realidade, de outro. O ser das coisas ¢ objetos que pretendemos conhecer oculta-se € manifesta-se sob miltiplas for ‘mas. Aquilo que se manifesta, que aparece em um dado momento, no é certamente, a totalidade do objeto, da realidade investigada. A pessoa pode apoderar-se e conhecer aque- leaspecto do objeto que se manifesta, que se impoe, que se desvela, ¢ isso ainda de modo O Fistérico do metodo cientiieo 13 ‘humano, sto 6, imperfeito, pois nfo entra em contato direto com o objeto, mas apenas com sua representagio © impresses que causa. Contudo, a realidade toda jamais poder ser ‘captada por um investigador humano; quid. nem todos juntos alcangario um dia desven- «dar todo esse mistério. Isso, porém, nao invalida o esforgo humano na busca da verdade, na procura incansével de deciftar os enigmas do universo. O ser se desvela aqui e acoli, em ‘uma ow em outra érea, com mais ou menos intensidade, mais para uns que para outros, Pode-se dizer que, em certas areas, a humanidade jf entendeu bastante aquilo que o ser & ‘manifesta: a conquista tecnolégica, as viagens espaciais mostram quanto ja foi aprendido, isso gracas, certamente, aos instrumentos cienificos de que nos servimos para perceber ¢ ver 0 que os sentidos jamais teriam visto. Mas essa & apenas uma faceta da realidade, do ser. O que se conhece sobre o ser humano, sobre a vida e a morte, sobre o futuro, sobre responsabilidade dos criminosos, sobre os mil problemas que afligem a cade um de nbs ea todos? (O desvelamento do ser das coisas supe, ¢ isso & inegdvel, a capacidade de perce- bermos as mensagens; isso implica atengo, boa capacidade de percepcao e bons instru ‘mentos de pesquisa. Init! lembrar que os instrumentos sfo o centro de toda pesquisa cicn- tffica rumo & abertura do ser, & manifestagio do ser, ao conhecimento da verdade. © que é, pois, a verdade? F 0 encontro da pessoa com o desvelamento, com 0 dlesocutamento e com a manifestagio do ser. esséncia das coisas se manifesta, tome-se translicid,visivel ao olhar,&inteligénca e& compreenso humana. Pode-se dizer que hs verdade quando perechemos ¢ dizemos 0 ser que se desvela, que Se manifesta. Hi uma cera conformidade entre o que julgamos dizemos e aquilo que do objeto se manifesta 0 objeto, porém, nunca se manifesta totalmente, nunca é inteiramente transpa- rente, Por outro lado, nfo somos capazes de pereeber tudo aquilo que se manifesta e nem nos & possivel estar de posse plena do objeto de conhecimento; quando muito, podemos ‘conhecer 0s objetos por suas representa verdade, a verdade absoluta ¢ total. .s imagens, Por isso, nunca conhecemos toda a Muitas vezes ocorre, ainda, que, tevados por certas aparéncias ¢ sem o auxilio de instrumentos adequados, emitimos conclusdes precipitadas que nao cocrespondem 20s fa~ {os ¢& realidade: temos entio o erro. E 0s ert0s so freqiientes ao longo da historia; temos, por exempla, as afirmagdes do geocentrismo, da geragao espontines etc, 2.2—A evidéncia As afirmagSes erradas decorrem muito mais de nossas atitudes precipitadas ¢ de nossa ignoriincia com relagio & natureza daquilo que se oculta e se desvela aos poucos do que da prépria realidade. 14 Motodoosis clentiea A verdade $6 resulta quando hi evidéncia, Evidéncia & manifestagio clara, é transparéncia, & desocultamento e desvelamento da natureza e da esséncia das coisas ‘A respeito daguilo que se manifesta das coisas, pode-se dizer uma verdade. Mas, como nem tudo se desvela de um ente, portanto, nfo se pode falar arbitratiamente sobre 0 que no se desvelou. A evidéncia, o desvelamento, a manifestagdo da natureza e da esséncia das coisas sio, pois, 0 critério da verdade. 2.3-A certeza Finalmente, a certeza € o estado de espitito que consiste na adesio firme a uma verdade, sem temor de engano, Esse estado de espiito se fundamenta na evidéncia, no desvelamento da natureza e da esséncia das coisas Relacionando o trindmio, pode-se concluir dizendo que, havendo evidéncia, isto €,8e 0 objeto, fato ou fendmeno se desvela ou se manifesta com suficiente clareza, pade-se afirmar com certeza, sem temor de engano, uma verdade. Quando nao houver evidéncia ou suffciente manifestagio do objeto, fato ou fend- ‘meno, 0 sujeito seré encontrado em outros estados de espirito, o que deve transparecer também na sua expressZo ou na sua linguagem, Si0 os casos da ignorancia, da divida e da opiniao. Ignordncia é um estado intelectual negativo, que consiste na auséneia de conheci- ‘mento relativo as coisas por falta total de desvelamento. A ignorancia pode ser 8) vencfvel: quando pode ser superads; 8) imvenefel: quando no pode ser superads; ©) ewlpdvet: quando hi obrigaso de fa-ta desaparecer, 4) desculpdvet: quando nso hi obrigaso de fazt-la desaparecer A divida & um estado de equifri entre a afirmagio e a nepasio, A divida é cespontiinea quando o equilforio entre a afirmaglo e a negagao resulta da falta do exame dos pris © dos contra, A diivida reffetida é um estado de equilfbrio que permanece apés 0 exame das razbes pris e contra A daivida metédica consiste na suspensiio ficticia ou real, mas sempre provis6ria, do assentimento a uma assereo tida até entdo por certa para Ihe controlar o valor. (© stro do metodo entico 15 {A diivids universal consiste em considerar toda assergo como incerta, E a divi- a dos eéticos. ‘A opiniio caracteriza-se pelo estado de espitivo que afirma com temor de se en- ‘ganar, Ja se afirma, mas de tal maneira. que as razdes em contrério ndo dio uma certeza. ‘O valor da opiniao depende da maior ou menor probabilidade das razbes que fundamentam, aafirmagio. A opinido pode, as vezes, assurnir as caracterisicas de probabilidade mater tica. Essa pode ser expressa sob a forma de uma fragao, cujo denominador exprime 0 niimero de casos possiveis ¢ cujo numerador expressa 0 nimero de casos favordveis. Por cexemplo, havendo em uma caixa 6 bolas pretas e 4 brancas, a probabilidade de se extrair ‘uma bola branca seri, matematicamente, 4/10. ‘86 haverd certeza quando o numerador se igualar ao denominador. ‘A preocupacio do cientista 6 chegar a verdades que possam ser afirmadas com certeza. Baader ~ Te Shino —ajelo connecinento obo” manieasso —ignrtc ada a Sipe pn sem arena =e com evidenca Figura 2 — Problems da verdade. 3~A formagio do espirito cientifico Feita a dsingioente os diferente nves de conheciment, esclarecidas a3 con- Aigées da verdade e 80 eto, ainda nfo seré possivel realizar um trabalho cientiico E necessti, além disso er uma reserva de ouras qualdades que sio decisivas para de- sencadear a verdadsiza pesquisa, Pouco adiantatia © conhecimento ¢ 0 emprego do instrumental metodol6zico, ‘sem aquele rigor e seriedade de que o trabalho cientifico deve estar revestido. 16 Metodolopiacentites ssa almostera de seriedade que envolve e perpassa todo 0 trabalho s6 aparece € transparece se 0 autor estiver imbuido de espirito ciemtifico, ‘Todo estado de espirito pode ser cultivado e nio & diferente com o esprit cien- tifico que anima o cientista,£ errada a imagem comumente divulgada que associa a figura do cientista a certs estere6tipos ¢ biotipos. Fazer cigncia nio € privilégio de um tipo em particular de pessoa, nem privilégio de povos, de racas ¢ de culturas. Podem variar as condigies objetivas para se fazer ciencia, como recutsos,treinamentos e equipamentos adequados, mas a formagio do espitito cientifico tem seu ponto de partida na curiosidade infantil, passa pela inquictagio da adolescéncia e pelos sonhos do jovem. Se bem eultiva- dos e administrados tais atributos, a coeséncia metodolégica que se espera na maturidade pode resultar em cientistas e pesquisadores produtivos ou, no minimo, em adultos eapazes de trata, analisare sintetizar os dados da realidade de maneira Idgiea ¢ coerente Assim como a formacio do espitito cientifieo pode se dar em qualquer idade ‘em guaisquer circunstincias, a ciéncia pode ser praticada também nas mais variadas situagdes de vida, € nio apenas no recesso dos laboratérios € na solide das pesquisas de campo. ( desafio de pafses como o Brasil é, sobretudo, encontrar solugdes para os graves problemas sociais que o pais vive, solugdes essas muito mais urgentes e necesséirias do que toda a inddstria de armas, de foguetes e de vingens espaciais, por exemplo. 3.1 —Natureza do espirito cientitico Oespitito cientfico é, antes de mais nada, uma atitude ou disposigio subjetiva do ppesquisador que busca solugdes sérias, com métodos adequados, para o problema que en- frenta. Essa atitude no é inata na pessoa; ao contri disso, € conquistada a0 longo da vida, &custa de muitos esforgos e exercicios. Ela pode e deve ser sprendida. © espitito cientifico, na prética, 6 expresso de uma mente critica, objetiva e racional. A consciéncia critica levard o pesquisador a aperfeicoar seu julgamento e a de- senvolver o discernimento, capacitando-o a distinguir e separar o essencial do superficial, © principal do secundétio, Criticar € julgar, distinguir, discernir, analisar para melhor poder avaliar os ele mentos componentes da questao. A critica, assim entendida, ndo tem nada de negativa. E. antes, uma tomada de posigdo, no sentido de impedir a aceitacio do que é facil e superficial. O ertica s6 admite fo que & suscetivel de prov CO ristoco do método ciniico 17 {A consciéncia objetiva, por sua ver, implica 0 rompimento carajoso com as posi- bes subjetivas, pessoais e mal fundamentadas do conhecimento vulgar. Para conguistar & Sbjetividade cientifica, & necessério libertarse da vis4o subjetiva do mundo, arraigada na pripia organizagio biol6gica epsicol6gica do sujeito ainda influenciad pelo meio social ‘A cbjsividae 6a contig bisca da cinci. O que vale wo &o que agum cicmisaipapjaon pena, as agile que ealiente 6 Tso porgueaciénla no iea- nm ‘A objtvdade toma o ao cientficoimpestoaayonto de desapareesr, por exemple. 4 elon do pengusaor 86 iteresam o oblema ea solugdo, Qualqut um doesn copeinca cn qualque tpe, eo festa Ser sempre o mesmo, Pong independ das sposigies subetias objid dest cientico no acta eis soles 0 sold nas pessoas © each, rel ser ssn no satsazem a objetvidade do saber Finalmente, expo cenco age rcionalnene Asics razdesexplctvs de una questo poder eines onracionais As races que a ao desconece 8 races da abvariedade, do eninento ¢ do cra naa epcam nem usa no campo da cna 3.2 ~ Qualidades do espirito cientifieo ‘Além das propriedades fundamentais, j4 referidas, poderiamos acrescentar ou- tras tantas qualidades de ordem intelectual e moral que o espiito cientifico implica Como virtude intelectual, ee se traduz, no senso de observagao, no gosto pela preciso ¢ pelas idéias claras, na imaginago ousada, mas regida pela necessidade da pro- Na, na curiosidade que leva a aprofundar os problemas, na sagacidade € no poder de discernimento, Moralmente, o espiito cientifico assume a atitude de humildade ¢ de reconbeck- mento de suas limitagdes, da passibilidade de certos erros € enganos. ‘0 espirito cientifico & imparcial, nfo torce os fatos, vespeita escrupulosamente a verdade © possuidor do verdadeiro espiito cientifico cultiva a honestidade, evita o pli- cio, no colle como seu 0 que outros plantaram, tem horror as acomodagbes € € corajoso para enfrentar os obsticulos e os perigos que uma pesquisa possa oferecer, 19 metosooga comes Finalmente, o espfritocientitico no reconhecefronteiras,nio admite nenhuma intromissio de autridades estranhas ou limitagdes em seu campo de investigngaoe defen de o livee exam dos problemas. A honestidade do cientista estérelacionada, unicamente, com a verdade dos fatos, westiga que 3.3 Importancia do espirito cientifico Diante do exposto, & desnecessério encarecer a importincia do esphito cientii- 0. O universitirio, por exemplo, consciente de sua fungio na universidade, vai procurat mbuir-se desse espirito cientfico, aperfeigoando-se nos métodos de investigacao e spri- ‘morando suas técnicas de trabalho. Os conhecimentos cientificos que vai aqui, os bons ‘ou maus mestres que vai enftentar no constitutio o essencial da vida académica. Oessen- cial € aprender como tabalhar, como enfrentare solucionar os problemas que se apresen- tam nao s6 na universidade, mas principalmente na vida profissional Eiss0 ndo ¢ adquisir conhecimentos cientificos comprovados,féimulas méigicas para todos os males, mas sitt hbitos, consciéncia e esprito preparado no emprego dos instruments que levardo a solu- ‘gees de problemas, Essasserapre se apresenardo, na carrera profissional, com novos ms- tizes, de tal forma que as solugées, porventura aprendidas na universidade, serio inadequa- das. Logo, faz-se necessério apelar para o esprito de criatividade ¢ de inciativa que, aliae das 20 conhecimento cientifico, adquirido no decorrer dos estuds universitris, vai achat 4 solugio mais indicada que as citcunstincas exigicem ‘Aqui vale o ditado: “ao pobre que bater a porta néo se do peive, mas a linha e 2 anzot". O peixe resolve a situasio presente, was a linha ¢ o anzol poderio resolver © sroblema em definitivo, Por outro Tado, a ciéneia, atualmente, nfo se resume na criatividade de um génio soladdo que faz descobertas decisivas. A pesquisa cientifiea se apresenta como um edificio, ‘a dimensdo dos arranha-céus, que supde a mobilizagio de um exército de técnicos ¢ de vesquisadores, trabalhando em equipes disciplinadas, e que dispoe de orgamentos da im ‘ortaucia de um tesouro do Estado, Como se filiar tal exército sem a mentslidade ¢ o espirito que 6 animam? Qualidades e virtudes intelectuais ¢ morais existem, indubitavelmente, desde que { pessoas sobre a face da Terra, a0 passo que a cigncia é uma aventura bem recente rist6teles, certamente, nlo sentia falta de nenhuma das Virtudes supracitadas e, no entan + suit Fisica nada tem de cientifico, no sentide moderna da palavra, © hisérico do méado cientiico 19 ‘Trata-se, portanto, de reconhecer que 0 espirito cientitico é, antes de tudo, wm. produto da historia. E uma progressiva aquisigao das téenicas que exigem pesquisas exatas verificdvels Pouco a pouco.institui-se um mundo cientfico ot, como diz Bachelard (1967), uma cidade cientifica. cujos costumes e leis constituem 0 espirito cientifico portant, o espitito de um grupo, quase um espfrito de corporagio, no qual cada apren- diz de pesquisador ¢ iniciado: quase como os novos membros de umn clube, ou como os calouros das grandes escolas s8o iniciados pelos veteranos, no espirito e tradigdes do grupo. Iniciagio nas téenicas de trabalho, familiaridade no manuseio dos instrumentos de laboratérios, habilidade no trato com fontes bibliogrficas nio se aprendem em um dia (uisenann e Vergez, 1967. . 116 € ss), ‘TESTE - RESUMO Complete as sentengas a seguir com a(s) palavra(s) adequada(s) 1 Descobrir ou estabelecer relagies entre os fendmenos, fatos ou dados da realidade é ‘Conhecer fatos sem justficd-los ou explicar-Ihes as causa é préprio do co- nhecimento 3— Occonhecimento cujo objeto é material e mensurdvel ¢ cujo método é expe- ‘imental chama-se [Na concepsiio eléssica,trés sio as caractersticas do couhecimento cient £0, 2 saber . . 5— Hojea cigncia é entendida no como a posse, mas como _-constante de explicagdes e solugdes de problemas, de revisio ¢ reavalingao continua de seus resultados. a c rento do mundo material com seus 6— Enquanto as cigneias buscam o conhecimento d fendmenos ¢ suas leis, quem busca explicar as causas remotas ¢ 0 sentido da cexisténcia humana e do mundo é i . vecades sobre que 1 aecitago da revel divin a espsto de veda Cheap o esd cpacidde fit ntelgenia mara € po prado conecinento Adologia centica 8~ A adequagiio que se estabelece entre 0 que o sujeito cognoscente afirtna por meio de uma proposigdo ¢ o objeto do qual se afirma ou, ainda, a relagio de conformidade entre o dizer ¢ 0 set constitui o que se denomina 9— Somente se poderd afirmar uma verdade com certeza quando howver ay 10~ Atitude e qualidade subjetiva que leva 0 sujeito a buscar solugiies sérias com métodos adequados, o esptitocrtco e objetivo. oempenhoe desint. Métodos e Técnicas de Pesquisa ainda o espirito imparcial, honesto, perspicaz ¢ que nio mede esfor: 608 € dificuldades na busca do saber chama-se

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