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\ S ‘Agora aplicaremos a integral definida de uma fungdo de uma vnica variavel a uma fungéo de varias variéveis. Comesaremos na Seco 18.1, definindo a integral dupla de duas variaveis em uma regido retangular fechada em R°. En- ‘to, aplicamos 0 conceito para considerar a integral dupla de uma fungao em uma regifio plana mais geral. Na Seco 18.2 mostramos como as integrais ite- radas sio usadas para avaliar as integrais duplas. Aplicamos as integrais duplas nna Secgio 18.2 para encontrar volumes de s6lidos ¢ na Secgdo 18.3, paracalcu- lar massa, centro de massa ¢ momentos de inércia. Entao, na Secgéo 18.4 de- > monstramos como as coordenadas polares podem ser usadas para avaliar cer- 7 / tas integrais duplas. Outra aplicacao de integrais duplas ¢ feita para o célculo /, de dreas de superficies, as quais discutiremos na Secgdo 18.5. | Af _ L/ 181A lntogral Dupla 1023 ‘Consideraremos as integrais triplas na Seco 18.6 definindo-as primeiro em um paralelep{pedo retangular e entéo em uma regio mais geral em R?. Mostrare- mos na Secedo 18.7 que quando uma regiao tem um eixo de simetria, as coor- denadas cilindricas s4o usadas para o célculo de uma integral tripla e quando hd simetria em relac4o a um ponto, s4o usadas as coordenadas esféricas. ( tratamento aqui é menos formal e mais intuitivo que nos capitulos anterio- res, pois as provas da maioria dos teoremas deste capitulo pertencem a um cur- so de Célculo Avangado. 18.1 A INTEGRAL DUPLA (ex. aa) FIGURA 1 (bres) Gm aw Denominamos uma integral de uma fungdo de uma tnica varidvel de integral simples para distingui-la de uma integral muiltipla, que envolve uma fungdo de vérias varidveis. Na discussdo de uma integral simples, exigimos que a fungao fosse definida em um intervalo fechado no conjunto R dos numeros reais. Para a integral dupla de uma funcdo de duas varidveis, exigimos que a fungao seja definida numa regio fechada em R?. Uma regido fechada é aquela que inclui sua fronteira. Neste capitulo, sempre que nos referirmos a uma regido, ficaré implicito que ela sera fechada. O tipo mais simples de regido fechada em R? é uma regido retangular que passaremos a definir. Consideremos dois pontos distintos A(a,, a;) e B(b,, b,), tais que a, < b, € a, < b,. Esses dois pontos determinam um retangulo com lados paralelos aos eixos coordenados. Consul- te a Figura 1.* Os dois pontos, juntamente com os pontos (b,, @;) € (@, b:), so chamados de vértices do retangulo. Os segmentos de reta que unem vértices consecutivos sao chamados de /ados do retdngulo. O conjunto de pontos inte- riores ao retngulo é chamado de regido retangular aberta € o conjunto de to- dos os pontos no retangulo aberto, juntamente com os pontos sobre os lados do retangulo, constituem uma regido retangular fechada. ‘Vamos denotar por R a regiao retangular fechada da Figura 1, e seja fuma fungio definida em R. A regio R pode ser considerada como uma regio de integrasio. A primeira etapa é definir uma parti¢lo, A, de R. Tracamos linhas paralelas aos eixos coordenados e obtemos uma malha de sub-regides retangu- Tares que cobrem R. A norma dessa particdo, denotada por | Aj, é determina- da pelo comprimento da maior diagonal de uma sub-regiGo retangular da parti- 80. O comprimento da diagonal foi escolhido porque representa a maior dis- tancia entre dois pontos em uma sub-regiao retangular. Enumeramos entao as sub-regides de uma forma arbitréria e seja m o seu total. Denotamos a largura da i-ésima regido por A,x e sua altura por A,y unidades de comprimento. En- to, se A,A unidades de drea for a area da i-ésima sub-regido retangular, A = Ax dy Seja (E,, 7) um ponto arbitrério da i-ésima sub-regiti e seja f(E, 7) valor funcional nele. Consideremos 0 produto /(é,, y) 4A. Associado a cada uma das n sub-regides existe tal produto e sua soma € SG.) 4A o Existem muitas somas da forma (1), pois a norma da partigéo pode ser qual- ‘quer ntimero positivo e cada ponto (E,, 7) pode ser qualquer ponto na i-ésima sub-regido. Se todas essas somas puderem se tornar arbitrariamente préximas do Rei O retingulo fechado também ¢ frequentemente caracterizado como 0 conjunto dos pares (x, 9) que pertencem ao produto caresiano dos intervalos fechados: ay, Bud % 0p, bal = (0%) € RF ay SxS dy ay <1 Os) 1024 Integragdo Maitipla de um nimero L, a0 tomarmos partigdes com normas suficientemente peque- nas, entdo L serd definido como o limite dessas somas quando a norma da par- tigdo de R tender a zero. Temos a definicao a seguir. Seja f uma fungdo definida numa regio retangular fechada R..O nimero L 18.1.1. DEFINIGAO serd o limite das somas da forma ¥° f(é, 7) A,A se L satisfizera propriedade de que para todo € > 0 existe um 5 > 0, tal que para toda parti¢do A, para a qual [A] < 5 e para todas as possiveis selecdes do ponto (6,, ¥)) no i-ésimo retangulo i = 1,2,....7, 2 fbn NMA - Ll 0 para todo (x, ») em R. Se V for a medida do volume do sdlido $ tendo a regido R como base e tendo uma altura cuja medida € fx, ») ‘no ponto (x, y) em R, entdo v= lim S| LGn 1) MA = Sf ve naa EXEMPLO2 — Obtenha uma aproximagao do volume do s6lido limitado pela superficie Sx = pelos planos x = 3, y = 2 pelos trés planos coordenados. Para encontrar um valor aproximado da integral dupla, vamos fazer uma partic&o da regiéio no plano xy, tracando as retas x = 1, x = 2ey = Le tomar (G,, y) no centro da i-ésima sub-regido. — ht by? Solugéo _O solido aparece na Figura 5. A regio retangular R 0 retangulo no plano xy limitado pelos eixos coordenados e pelas retas x = 3¢y = 2. Do Teorema 18.1.4, se V unidades cibicas for o volume do sélido, entio, V = [fe — de? - dey) A Figura 5 mostra R dividido em seis sub-regides que séo quadrados, tendo lados de comprimento unitério. Logo, para cada i, 4,A = 1. O ponto (7) em cada sub-regido é 0 centro do quadrado. Entdo, uma aproximacao de Vé dada pela aproximagao da integral dupla. Logo, V = 00,5, 0,5) 1 + fUL,5, 0,5) 1 + 2,5, 0,5)-1 + £O,5, 1,5) 1 + $US, 1,8) - 1+ $25, 1,5) +1 Usando uma calculadora para resolver os valores da funcdo, obtemos V = 3,957 + 3,734 + 3,290 + 3,832 + 3,609 + 3,165 = 21,59 Assim, o volume ¢ aproximadamente 21,59 unidades de volume. ( valor exato do volume do Exemplo 2 da Seceao 18.2 seré de 21,5 unidades de volume. ‘Varias propriedades da integral dupla sdo andlogas as propriedades da inte- gral definida de uma funcdo de uma inica varidvel. As mais importantes sero dadas nos teoremas a seguir. 18.1.5 TEOREMA | Sec for uma constante ¢ a fungao f for integrdvel numa regiao fechada R, en- ‘tao of serd integravel em Re [foes nad = ff yo» aa 18.1.6 TEOREMA 18.1.7 TEOREMA 8 TEOREMA 18.1.9 TEOREMA Se as fungées fe g forem integrdveis numa regio fechada R, entdo a funco Se as fungdes fe g forem integréveis na regiéo fechada R e, além disso, Exerecas 18.1 1027 J + g sera integravel em Re Jf ye.» + ace mda = [free naa + [fot 9 da © resultado do teorema 18.1.6 pode ser aplicado a qualquer miimero finito de fungées integraveis. As demonstracdes dos Teoremas 18.1.5 € 18.1.6 seguem diretamente da definigéo de integral duipl f(x, ») > g(x, ¥) para todo (x, y) em R, entao [fre aa > [foe 9 aa © Teorema 18.1.7 € andlogo ao Teorema 5.6.8 para integrais definidas de ‘uma fungdo de uma inica varidvel. A demonstracdo similar. Seja a fungao f integravel numa regidio fechada R e suponha que m e M sejam dois miimeros tais que m < f(x, y) < M para todo (x, y) em R. Entao, se A for a medida da drea da regifo R, mA < {{ fe» dd < MA ‘Suponha que a funcSo f seja continua numa regido fechada R e que a regio ‘A demonstragdo do Teorema 18.1.8 € similar aquela do Teorema 5.6.9 ¢ baseia-se no Teorema 18.1.7. ———_> R seja composta de duas sub-regides R, e R, que nao tém pontos em comum, ‘com exceedo de pontos em partes de suas fronteiras. Entéo, [J se naa = [fre aa + [[ se 9 aa ‘A demonstraco do Teorema 18.1.9 depende da definigao de integral dupla € dos teoremas de limites. EXERCICIOS 18.1 1, Ache um valor aproximado da integral dupla onde R é a regido retangular com vértices (1, 0) € (I, 3). fex-2y+ naa asa uma partsfo de R com as retas x = 0, = Ley e considere (7) como 0 centro da iésima sub- onde R é a regido retangular com vértices (0, —2) € (3, 0). Nos Exercicios de 3 a 8, ache um valor aproximado da integral Faga uma partigdo de R com asretas x = 1, € considere G7) como o centro dai 2. Ache um valor aproximado da integral dupla Sor soe 2ey a sub-regi 1 dupla, onde R éa regiao retangular com vértices Pe Q, A éuma articdo de Re (G, ¥) € 0 centro de cada sub-regiao. 3. [foe + yaa; P00 O14, 2); A: 2) = 0, x= 1, xs Xe 3y = 09 1028 « ffe N=Oy,=2 8. [fey + 39) dA; P-2,0; 06,0; A xy = Intagraglo Maiipa = 4A; POO, Of Q16, 4); A: x, = 0, x, = 2, x5 2, x3 X= 29 = 09 » 6 flay + 399) 44; PO, - 25, 016, 4), 8: ae 2, y2=0, y3=2 1. fflety—2099 at: (3, -2) 04, 8; Asx, = 3.05 = 10x, = 25 = 4 Va = 2, y2=0,y3=2, yom 4. & ffley— ao dd; A325 6; & x= 3 -2 x hs = Yo Me Nos Exercicios de 912, ache um valor aproximado da integral dupla dada, onde R é a regido retangular tendo os vértices Pe Q, A éuma partigao de Re (&,, ») é um ponto arbitrério em ‘cada sub-regido, 9. A integral dupla, P, Q e A sfo os mesmos do Exercicio 1) = (0,25, 0,5); Eas 7) = (1,75, OF Exe 19) 5, 0425); Ean %0) = (4, Di Ese 79) = 75, 1,75); Ge 19) = 125, 1,9); En 9) = 25, 2; Gy 1) = B,D. 10. A integral dupla, P, Qe A so os mesmos do Exercicio 4; G7) = 05, 1,5); Gor 7) = Be Di Ee 19) = 65,5, 0.5%; Gu 10 = 2.2: Es 1) = 2,2; Ey 79) = 6D. 11. A integral dupla, P, Qe A sio os mesmos do Exercicio 5; G12) = 0,5, 0,5); Gay 7D = Cs 1,5); Ey 79 = 25, 2 Eo 10 = (15, 3.95 Es 19 = 0.35 Ge 10 = 4, 9 En 7) = (“1,43 Bu 1) = 4.9) G5) = B45). 12. A integral dupla, P, Qe A sio os mesmos do Exercicio 5; Gy W = 2,05 Gy 7) = OO; Ey 19 Go WO = 2 Di Es 19 = O.2i Ew 10 Gn) = (2,9 = 0.4); Gy 19) 13. Obtenha uma aproxi los planos x = 3, y 3.€ pelos trés planos coordenados. ara achar um valor aproximado da integral dupla, faga uma artigo da regido no plano xy com as retas x = I, x = 2, y= Ley = 2, ecomsidere 7) como o centro da Hsima sub-regiao. 14, Calcule uma aproximasao para 0 volume do sélido limitado pelos planos x = 2r + y + 4,x = 2y = 3e pelos panos coordenados Para achar um valor aprosimado da in tegral dupa faga uma patito da regio no plano xy forma- do pelas retas x = 1, y = Ley = 2, ¢ considere (E,, 7) co- mo 0 centro da i-ésima sub-regiao. 15, Obtenka un apronimagdo part o volume do sido minado pela uperide z= 10 ~ =? 42, pelos panos x Y= Lepeos tis plano coordenados, Para achar um valor aproximado da integral dupa, fga uma partido da ep8o no plano xy com as retas x = ley = 1, ¢ considere (é,, 7) como 0 centro da i-ésima sub-regido. 16, Calule uma aproximasto para ovelume do sido limita pela superficie 100 z = 300 - 25x? — 4y?, pelos planos x= -Lxa3ye 5 e pelo plano xy. Para en- contrar um valor aproximade a iavegral dope, face uma Parti¢do da regiao no plano xy formado pelas retas x = 1, y= -ly = ley = 3,econsidere (&,, y) como 0 centro da i-¢sima sub-regido. Nos Exercicios de 17 a 22, aplique 0 Teorema 18.1.8 para en- ‘contrar um intervalo fechado que contenha 0 valor da integral dupla dada. 17. {{ @x + 59) da, onde R é a regido retangular com vértices ©, 0, (1, 0), 1, 2)€ 0, 2) 18. {{ (@ + 99) da, onde R a regido retangular com vértices 0, (1, OG, 1 e OD. 19. {[ e7dA, onde R é a regido retangular com vértices (0, 0), (9G, De, D. 20, {{ (sen x + sen y) dA, onde R é a regito retangular com vértices (0, 0), (x, 0), (x, #) € (0, 2). (Sugestdo: use o resul- tado do Exercicio 10, nos Exercicios 17.3.) a. J Isen (x + y) + sen x + sen y] dA, onde R é a regio retangular com vértices (0, 0), (7, 0), (x, ) € (0, ), (Suges- tion hl isso aos 183) na [[ 22221 ay onde mar ean com vertices (~1, 1), (1, 1), 1, Ie (= 1, 1). (Sugestdo: use Stele Go Bet 8, nos toate 1135 18.2 CALCULO DE INTEGRAIS DUPLAS E INTEGRAIS ITERADAS Para fungdes de uma tnica varidvel, o segundo teorema fundamental do céleu- lo prové um método para se calcular uma integral definida que consiste em en- contrar uma antiderivada (ou integral indefinida) do integrando. Hé um méto- do correspondente para 0 célculo de uma integral dupla que inclui executar su- ccessivas integragdes simples. O desenvolvimento rigoroso desse método é dado num curso de Célculo Avancado. Nossa discussao aqui serd intuitiva, usando FIGURA 1 18.2 Célculo de Integrais Duplas ¢ Integrais teradas, 1029 interpretagdes geométricas da integral dupla como a medida de um volume. Va- mos desenvolver 0 método primeiro para integrais duplas numa regio retangular. Seja f uma funcdo dada que ¢ integravel numa regio retangular fechada R, no plano xy, limitada pelas retas x = a, x = by, y = a, ey = b;, Vamos su- por que f(x, ») > 0 para todo (x, y) em R. Consulte a Figura 1, que mostra um esbogo do grafico da equacdo z = f(x, y) quando (x, ») esté em R. O niime- ro que representa 0 valor da integral dupla [fre naa 6a medida do volume do sélido entre a superficie ¢ a regido R. Esse nimero pode ser encontrado pelo método das secgdes planas paralelas, discutidas na Sec- do 6.1, como faremos agora. Seja y um niimero em [a;, b;]. Considere 0 plano paralelo ao plano xz pelo ponto (0, y, 0). Seja A ()) a medida da dea da regido plana de intersecgao desse plano com o sélido. A medida do volume do sélido é expressa por [2 yay Como 0 volume do sélido também é determinado pela integral dupla [fro naa = [7 avyay 0) ‘Assim, podemos encontrar o valor da integral dupla da fungao fem R, caleu- lando a integral simples de A()). Precisamos encontrar agora A(y) quando y for dado. Como A()) é a medida da area de uma regido plana, podemos encontré-la por integragdo. Na Figura 1, observe que a fronteira superior da regido plana ¢ 0 grafico da equacdo z = f(x, y), quando x estd em [a,, Bi]. Lo- fo, AG) = (Uys 9) ds, Substinindo esa equasdo em (I) obtemos | ff zeny aa = |” [ [fen «| wy | @ A integral a direita de (2) é chamada de integral iterada. Usualmente os colche- tes sdo omitidos quando escrevemos uma integral iterada. Assim, (2) pode ser escrita como [J zee aa = [ ses» de ay ® ‘Antes de calcular a “integral interna" em (3), lembre-se de que x é a varivel de integras2o e y é considerada uma constante. Isto equivale a considerar y cons- tante, tal como no calculo da derivada parcial de f(x, y) em relagdo a x. Ao considerarmos secgdes planas paralelas ao plano yz, obtemos uma inte- gral iterada com a ordem de integragdo trocada; temos entdo Jf so naa =f [Byes 9) ay ae ® Uma condigdo suficiente para que (3) ¢ (4) sejam validas é que a funcdo seja continua na regiao retangular R. 1030 ‘Integragdo Miitipla EXEMPLO 1 Calcule a integral dupla Sflor—205 4a se R for a regio que consiste em todos os pontos (x, ») para os quais -1eéx<2elcy<3. Solugdo Com a, Sfiey- 2x9 44 = f? [?, Gy - 2x4) axay : = [Pera ee]er =f’ bo-2ef = f° oy- 64 = -6) = 1, by = 2,4, = Leb; = 3, temos, de (3), No Exemplo 1 da Secgio 18.1 encontramos 25 como um valor aproximado da integral dupla acima, EXEMPLO 2 Ache o volume do sélido limitado pela superficie S(x,y) = 4 P= Foy? pelos planos x = 3, y pelos trés planos coordenados. Solugdo _A Figura 2 mostra o grafico da equado z = f(x, ») no primeiro octante ¢ 0 sélido dado, Se V unidades for o volume do s6lido, entéo, do Teo- rema 18.1.4, V= tim ¥ fu2) 4A us0 = [fre yaa = fof. Gb - ty) ay ax = [a -dey— dr Bae = Bax) dx = -de]} =25 © volume é, portanto, 21,5 uni des. FIGURA 2 y=oco) FIGURA 4 FIGURA 5 yao) 18.2 Céleuo de Integrals Duplas « integra herades 1031 No Exemplo 2 da Secedo 18.1 encontramos um valor aproximado de 21,59 para esse mesmo volume. ‘Suponha agora que R seja uma regio no plano xy, limitada pelas retas x = aex = b, onde a < be pelas curvas y = $\(2) ¢ y = o3(3), onde 4 € @, so duas fungdes continuas no intervalo fechado [a, BJ; além disso, (x) < 4,(8) para todo x, tal que a < x < b (veja a Figura3). Seja A uma partic&o do intervalo [a, bl, definida por A: a = % = 2x, ela re. ta 2x + 39 = lOc peo exo (a) integrando primero em relapdo a (6 inegrando primeiroem relagio ay. Compa. Fe os dots métados de shugo 32, Dada a integral iterada (° [Vat = dy dx) Faga um ; era do soca met de volume representa la inertia daa (eles ing Hera eae vente ead eo meade ome d mene sido com ode de inteparo Inert 38, Deda integral teratn [6 (°7 ee + aya Si as mesnas inst gu foram dass n0 Exerc 2 24. Une nteago dp pn econo one oy ido coum dos non cae og com mda € cujos eixos interceptam-se em Angulo reto. (Veja o Exerci- Gi dor Err 63) Nos Eels 336 negra rad do pade ser caetada exatamente em termos de fungdes elementares, na ordem de in- tegragdo dada. Inverta a ordem de integragdo e faca o cdiculo, as. [tf sen aay 26. [let acay 18.3 Centro de Massa e Momentos de Inércia 1035 18.3 CENTRO DE MASSA E MOMENTOS DE INERCIA No Capitulo 6, usamos integrais simples para encontrar o centro de massa de uma lamina homogénea, Usando integrais simples, podemos considerar somente laminas com densidade de massa por unidade de area constante (exceto em ca- sos especiais); contudo, com integrais duplas podemos calcular também o cen- tro de massa de laminas ndo-homogéneas. ‘Suponhamos que seja dada uma lémina tendo a forma de uma regido fecha- da R, no plano xy. Seja p(x, y) a medida da densidade de massa por unidade de érea da lamina em qualquer ponto (x, y) de R, onde p é continua em R. Para encontrar a massa total da lamina, iremos proceder da seguinte forma: seja A. ‘uma particdo de R em n retangulos. Se (, 7) for um ponto qualquer no i- ésimo retdngulo, tendo uma drea de medida A,A, entéo uma aproximago da medida da massa do i-ésimo retngulo é dada por p(é,, 7) A,A, ea medida da ‘massa total da lamina é aproximada por Selena Tomando 0 limite da soma acima, quando a norma de A tende a zero, expres- samos a medida M da massa da lamina por | M= lim, EG. 1) dA [Jee » aa A medida do momento de massa do i-ésimo retdngulo em relagao ao eixo x é aproximada por 7,p(G,, 7) 4,4. A soma das medidas dos momentos de massa dos n retangulos em relacdo ao eixo x é, entdo, aproximada pela soma desses ntermos. A medida M, do momento de massa em relagdo ao eixo x da lami- na toda é dada por a im, © 0s 7 vA = [free da ‘Analogamente, a medida M, do, momento de massa em relacdo ao cixo y ¢ da. da por t, = tim EE, x) MA % lal-o et = [fe » aa te © centro de massa da lamina é denotada por @, J) € EXEMPLO 1 Uma lamina com a forma de um tridngulo retdngulo isésceles. tem uma densidade de massa por unidade de rea que varia como o quadrado da distancia ao vertice do Angulo reto. Se a massa for medida em quilogramas, a distancia em metros, ache a massa ¢ o centro de massa da idmina. 1036 Integrago Miltipla x Solugdo _Escolha os eixos coordenados de tal forma que o vértice do tridn- d gulo retingulo esteja na origem ¢ os lados com a metros de comprimento este- jam ao longo dos eixos coordenados (veja a Figura 1). Seja p(x, )) 0 niimero ‘de quilogramas por metro quadrado da densidade de massa por unidade de area da lamina no ponto (x, y). Entdo, p(x, ») = ko? + y9), onde k é uma cons- tante, Logo, se M kg for a massa da lémina, temos de (1) que Mm tim SKE? +9244 wat0 at > wk ff + yaa FGURA 1 =f [tot eies =k ff ft tae] ae =k fo a? — atx + 2ax? ~ $x°) dx Jat — Jat + Jat — Jat) = Hat Para achar 0 centro de massa, observe que devido a simetria ele deve estar sobre a reta y = x. Logo, se determinarmos z, teremos também . De (2), M,= tim ¥ keG? +7) 4A walt=0 =k [fxce + yaa ko fx? +») dy dx KR [ey + day Jo ae =k 2 Gas — ax? + 2ax! — $x4) de aeons kat Como MX = M,, entio Mz = 4ska'; como M Logo, o centro de massa esté no ponto (4, 4.4). sa°) tkat, obtemos ¥ = $a. 18.3.1 DEFINIGAO | O momento de inércia de uma particula cuja massa é m kg, em torno de um cixo, € definido como sendo mr? kg-m?, onde r m é a distancia entre a parti- cula € 0 eixo. Se tivermos um sistema de m particulas, o momento de inércia do sistema se- ré definido como a soma dos momentos de inércia de todas as particulas. Isto é, se a i-ésima particula tiver uma massa de m, kg e estiver a uma distnci 7 m do eixo, entdo / kg-m? seré o momento de inércia do sistema, onde 18.32 DEFINIGAO 18.3 Centro de Massa @ Momentos do Inca 1037 Estendendo o conceito de momento de inércia a uma distribuicdo continua de ‘massa no plano, tal como barras ou laminas por um processo similar ao usado previamente, temos a definicéo a seguir. Suponhamos que haja uma distribuigao continua de massa ocupando uma re- gio R do plano xy, e suponhamos que a medida da densidade de drea dessa distribuig&o no ponto (x, y) seja p(x, y) kg-m?, onde p & continua em R. En- ‘to, 0 momento de inércia I, kg-m? em torno do eixo x dessa distribuigao de massa ser determinado por ee 10 & OA = [fee » aa Da mesma forma, a medida I, kg-m? do momento de inércia em torno do eixo y € dada por 1 lim, z 520Go 1) iA = ff Fo, 9 aa ea medida I, kg-m? do momento de inércia em torno da origem, ou do eixo z, € dada por Ty = lim DY &? + ves 1) AA Jf @ + 2G, » aa 1 (© nimero J, ¢ a medida do chamado momento de inércia polar. EXEMPLO2 Um fio retilineo homogéneo tem uma densidade linear de mas- sa constante de k kg-m. Ache 0 momento de inércia do fio em torno de um eixo perpendicular a ele, passando por uma extremidade. Solugdo Vamos supor que o fio tenha um comprimento de a m e que se es- tenda ao longo do eixo x, desde a origem. Vamos encontrar 0 seu momento de inércia em torno do eixo y. Dividindo 0 fio em n segmentos, seja A,xm 0 com- primento do i-ésimo segmento. A massa do i-ésimo segmento & entdo, k A,x kg. ‘Suponha que a massa do i-ésimo segmento esteja concentrada num tinico pon- to, onde x;_, < &, < x, O momento de inércia do i-tsimo segmento em tor- no do eixo y esté entre kx?_, A,x kg-m? e kx? Ax kg-m? e é aproximado por k&? Ax kg-m*, onde x,_, < 6, < x, Se 0 momento de inércia do fio em tor- no do eixo y for J, kg-m?, entZo y= im, 3 ke? dx wati=0 fie ax =a? Logo, 0 momento de inércia é 4 ka? kg-m*. 1038 Gn) Integragdo Mittin EXEMPLO3 Uma lamina retangular homogénea tem densidade de massa por unidade de area constante de k g-cm?. Ache 0 momento de inércia da lamina em torno de um vértice. Solugéo _Suponha que a lamina seja limitada pelas retas x = a, y = b, 0 eixo x € 0 eixo y. Veja a Figura 2. Se J, g-cm? for o momento de inércia em torno da origem, entio farsa Iy= ti = fuse + yaa ak ft foots racay = dkaba? + b?) © momento de inércia é, entdo, 4} kab(a? + 6°) g-cm*, E possivel encontrar a distancia com relagao a qualquer eixo L, onde a massa da lamina pode ser concentrada, sem afetar 0 momento de inércia da lamina em torno de L. A medida dessa distancia, denotada por r, chamada de raio de gira¢do da lamina em torno de L. Isto é, se a massa M kg da lamina for concentrada em um ponto distante r m de Z, 0 momento de inércia da lamina em torno de Z ser4 o mesmo que o de uma particula de massa M kg a uma distancia de r m de L; esse momento de inércia ¢ Mr? kg-m*. Assim, temos a definicéo a seguir. distri- 18.3.3 DEFINIGAO | Se J for a medida do momento de inércia em torno de um eixo L de ut buigdo de massa num plano e M for a medida da massa total da distribuiclo, FIGURA 3 | entdo o raio de giracdo da distribuigdo em torno de L tera por medida r, onde L CaM EXEMPLO4 — Suponhamos que a lémina tenha a forma de uma semicircunfe- réncia e que a medida da densidade de massa por unidade de drea da lamina em qualquer ponto seja proporcional 4 medida da distancia do ponto ao dia- metro. Se a massa for medida em quilogramas e a distancia em metros, ache © raio de giragdo da lamina em torno do eixo x. Solugdo —_Escolha os eixos xe y de tal forma que a semicircunferéncia seja a metade superior da circunferéncia x* + y* = a. Veja a Figura 3. A densidade de massa por unidade de drea da lamina, no ponto (x, y) & entdo, ky kg-m*. Exorcios 183 1039 Assim, se M kg for a massa da lmina, temos M= tim ¥ ky dd ssite0 spy di dy Se J, kg-m? for 0 momento de inércia da lamina em torno do eixo x, entio t= tim S737) AA Se dy dx =k fet = 2a?x? + x4) dx = H(QaS — $a° + 305) = thka® ‘Assim sendo, se r m for o raio de giragdo EXERCICIOS 18.3 Nos Exercicios de 1 a 12, ache a massa e o centro de massa da lamina, se a densidade dle massa por unidade de drea for a indi- ‘cada, A massa é medida em quilogramase a distincia em metros. 1. A lamina na forma de uma regido retangular,limitada pelas retas x = 3, y = 2e pelos eixos coordenados. A densidade ‘em qualquer ponto ¢ xy? kg-m’. 2. A lamina na forma de uma regido retangular, limitada pelas relas x = 4, y = Se pelos eixos coordenados. A densidade fem qualquer ponto é (32 + y) kg-m?, 3. A ldmina na forma de uma regio retangular cujos lados s40 segmentos dos eixos coordenados e a reta x + 2y = 6A densidade em qualquer ponto € y* kg-m’. 4. A lamina na forma da regido no primeiro quadrante, limita- da pela parabola y = x, pela reta y = Le pelo eixo y. A densidade em qualquer ponto € (x + y) ke-n?. ‘5. A lamina na forma da regido no primeiro quadrante, limita- da pela parabola x = 8y, pela reta y = 2e pelo cixo y. A densidade de massa por unidade de érea varia como a dis- tancia a reta y = —1 1040 Integragdo Mattia 6. A lamina na forma da regido limitada pela curva y = e*, pe laretax = 1¢ pelos eixos coordenados. A densidade de massa por unidade de area varia como a distancia ao eixo x. 7. A lamina na forma da regido no primeiro quadrante, limita- da pela circunferéncia x? + y* = a? e pelos eixos coordena- dos. A densidade de massa por unidade de area varia como a soma das distancias aos dois lados retos. 8. A ldmina na forma da regio limitada pelo triangulo cujos la- dos sio segmentos dos eixos coordenados ea reta 3x + 2) = = 18. A densidade de massa por unidade de drea varia co- ‘mo © produto das distincias aos eixos coordenados. 9. A Mimina na forma da regido limitada pela curva y = sen.x € pelo eixo x, de.x = Oa x = x. A densidade de massa por unidade de érea varia como a distancia a0 eixo x. 10. A lamina na forma da regido limitada pela curva y = JX pela reta y = x. A densidade de massa por unidade de area varia como a distancia ao eixo y. 411. A lamina na forma da regido do primeiro quadrante, limita da pela circunferéncia xe + y? = 4 pela retax +'y = 2. ‘A densidade de massa por tnidade de érea em qualquer ponto é x9 kg-m? 12. A lamina na forma da regido limitada pela circunferéncia x +9 = Le pelas retas x = Ley = 1. A densidade de massa por unidade de area em quaiquer ponto € xy kg-m? Nos Exercicios de 13 a 18, ache o momento de inércia da lémina hhomogénea dada, em torno do eixo indicado, sendo k kg-m a densidade de massa por unidade de dreae adistancia medida em metros. 13, A lamina na forma da regido limitada por 4y e pelo eixo x; em torno do eixo x. Bye 4 14, A lamina do Exercicio 13; em torno da reta x = 4. 15. A lamina na forma da regio limitada por uma circunferén- cia de raio @ unidades; em torno do seu centro. 16. A lamina na forma da regio limitada pela pardbola 22 = 4 ~ 4y.e pelo eixo x em torno do eixo x. 17. A lamina do Exercicio 16; em torno da origem. 18. A lamina na forma da regio limitada por um tridngulo com Iados a, 6 € ¢ m; em torno do lado com @ m. Nos Exercicios de 19 a 22, ache para a lamina dada, cada wm dos segmentos: (a) 0 momento de inércia em torno do eixo x; (0) 0 momento de inércia em torno do eixo y; (c) 0 raio de gira: $0 em torno do eixo x; (d) 0 momento polar de inércia. 19. A lamina do Exercicio 1 20. A lamina do Exercicio 4 21. A lamina do Exercicio 9 22. A lamina do Exercicio 10. 23, Uma lamina homogénea, com uma densidade k g-cm?, na forma de um triangulo isdsceles, tendo uma base de b em ‘e uma altura de h em, é dada. Ache o raio de giracio da la ‘mina em tomo de seu eixo de simetria. 24, Uma lamina homogénea com uma densidade k g-cm? ¢ na forma da regido limitada pela curva x = Vp, pelo cixo xe pela retax = a, onde a > 0, é dada. Ache o momento de inércia da lamina em torno da reta x = a. 25. Uma lamina na forma da regio limitada pela parabola yy = 2x ~ x? € pelo cixo x, é dada. Ache o momento inér- ‘ia da lamina em torno da reta y = 4, sea densidade de massa por unidade de drea variar como a distancia & reta y = 4. ‘A massa é medida em quilogramas e a distancia, em metros. 18.4 A INTEGRAL DUPLA EM COORDENADAS POLARES Agora mostraremos como a integral dupla de uma fungdo sobre uma regio fechada pode ser definida em coordenadas polares. Vamos comegar pelo tipo mais simples de regiao. Seja R a regiao limitada pelos raios @ = ae @ = Be pelas circunferéncias r = ae r = b. Entao, seja A uma particao dessa regiao obtida, ao tragarmos raios pela origem e circunferéncias com centro na origem.* Isso aparece na Figura 1. Obtemos uma malha de sub-regides a que chamare- mos de retngulos “‘curvos’”. A norma | A] da particio é 0 comprimento da maior dentre as diagonais dos retangulos “‘curvos’’. Seja n o niimero de sub- regides ¢ A,A a medida da area do i-ésimo retangulo “‘curvo". Como a area da i-ésima sub-regiao é a diferenga entre as areas de dois setores circulares, BA = 3r7(8; — 8-1) — H7:- 1718; — 8-1) Hei —riWri + 0, — 8.3) — we AP = 6, ~ 8, ,, Entéo, Seja7 =i, +d Ae = AA = FA O08 Tomamos o ponto (7, 6) na i-ésima sub-regido, onde 0,., < 0, < 8,¢ forma- mamos a soma Emdran= ¥ sendviarao FIGURA 1 IN. do Ri A origem do sistema de coordenadas pores também & denominada po, em alguns casos. FIGURA 3 FIGURA 4 18.4 A Intogral Dupla om Coordenadas Poles 1041 Pode ser mostrado que se f for continua na regido R, entdo 0 limite dessa so- ma, quando | Aj tende a zero, existird e sera a integral dupla de fem R. Pode- mos escrever entdo: lim x SG, 6) MA = iia 0)dA © | tim S £6, BFAr48 [J se 6)r dr dO Observe que em coordenadas polares, dA = r dr a8. Podemos mostrar que a integral dupla é igual a uma integral iterada, tendo uma dentre as duas formas possiveis: [frioaa = [2 [fe Or dr ae ‘ =f [2 M6 Or do ae Podemos definir a integral dupla de uma funeao continua f de duas variaveis em regides fechadas de coordenadas polares planas de uma maneira diferente da que jd foi feita. Por exemplo, considere a regido R limitada pelas curvas 1 = 4,0) €r = 44(0), onde d, € 4; sao fungdes suaves, € pelas retas 0 = a €6 = B. Veja a Figura 2. Na figura, 4,(@) < 4;(@) para todo 8 no intervalo fechado (a, f]. Entdo, podemos mostrar que a integral dupla de fem R existe ¢ € igual a uma integral iterada, ¢ temos Sf. “f(r, 0) dA = f hon ‘flr, Or dr dO Se a regio R for limitada pelas curvas 0 = x,(r) € 0 = z,(7), onde x, € 2 S80 fungGes suaves, e pelas circunferéncias r = ae r = b, conforme mostra a Figu- ra 3, onde x(r) < z,(r) para todo r no intervalo fechado [a, 6], entdo Sf te. oda = f° [2 f00, Oy a8 ar hw Podemos interpretar a integral dupla de uma fungao em uma regido fechada no plano coordenado polar como a medida do volume de um sélido, usando coordenadas cilindricas. A Figura 4 mostra um s6lido tendo como base uma regido R em coordenadas polares planas ¢ limitada acima pela superfici z = fir, 0), onde fé continua em R e fir, 6) > 0.em R. Tome uma particao de R dando uma malha de n retingulos ‘‘curvos”. Construa os n sélidos para 05 quais 0 i-ésimo deles tem por base o i-ésimo retangulo ‘‘curvo”” ¢ como me- dida de sua altura f(7,, 6), onde (7,, 6,) esta na i-ésima sub-regido. A Figura 4 mostra 0 i-ésimo sélido. A medida do volume do i-ésimo sélido é SnD) B,A = $0, ODF, Aur 0 ‘A soma das medidas dos volumes dos 1 sélidos & E10. Oy Ae 40 Se V for a medida do volume do sélido dado, entio v= tim DY Mi, OF Or 40 talne at = Jf se or ar ao @

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