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GOMISSAO DE ESTUDOS FINANCEIROS & ECONOMICOS DOS ESPADOS F MUNICIPIOS MINISTERIO DA FAZENDA f HINANCAS ESTADOS vo BRASIL RELATORIO APRESENTADO PELO SECRETARIO DA COMISSAO VALENTIM F. BOUCAS Dunoon: SEAL o08seRMgEs YoY Em Sessao de 6 de Abril de(1932 VOLUME I | MEMBROS DA COMISSAO DE ESTUDOS FINANCEIROS E ECONOMICOS DOS ESTADOS £ MUNICIPIOS CREADA PELO DECRETO NU- } MERO 20.361, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1931 1.— Dr. Oswaldo Aranha, Ministro da Fazenda. 2-~ Dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, Dr. J. G. Pereira Lima. Dr. Agenor ce Roure. Dr. José Carlos de Macedo Soares. Major Juarez Tavora. T— Dr. Oscar Weinschenck. 8-~ Dr. Eugenio Gudin, 9-~ Dr. Joaquim Catramby. | 10 Dr. Alceu de Azevedo, | U-~ Dr, Waldemar Falciia ( | ' I | Tecnico dos Ministerios da Justica ¢ da Wazenda. RELATORIO .... oa SITUAGAO PINANCEIRA INDICE MEMBROS DA COMISSAO....... Introdugiio . . era Metodo adotado. oon ‘i ‘As aividas...... Roobun © servigo anual das varias *dividas, oe [As divides flutuantes.. ‘i ; Osdispositivos do codigo dos interventores. ‘A organizagio dos orgamentos. . Padriio orgamentario.... A Receita. Boe A Desposa,- + Chassifieagio da Receita. — Classificagio da Despesa, eer Impostos Tnter-cstadonis. . Dooumentos fornecidos,.....s0ceeecreeseeseeeeseeees ‘Temos «ie conhecor a nds mesmos.. ++ Conclusio. . RB BCONOMICA DOS BSTADOS DO AMAZONAS.. Confronto entre a receita a de 1920 0 1981... Confzonto das receitas orga Confronto das despesns fixadas para 1931 ¢ 1932. Divide externa ¢ 0 seu serviyo para 1931, Divida interna consolidada em 1931 a Divide interna flutuante em 1931....-++ 0 Principals produtos exportados para o exterior pelos portos do Rstado, de 1927 a 1931....++++ comtgco entesor o do enbotageiy de 1927 0 1931 DO PARA... Contronto entre, regita nerecadada @ a despesa fe- ‘toda de 1920 @ 1931... Confonto dus ratias orgadas pant 1931 2 1932 Confronto das despesns fixadas para, 1931 0 1952....-++ Divida externa ¢ 0 sot servigo para 1931 Divide interna consolidada: em 1934... recntiada © a despesa ofetuade s para 1931 ¢ 1932. aa Ale 9 20 2 23 24 26 2 28 33 34 35 36 37 at 38 39 50 43 44 43 46 VI DO PARA (conttasast) Divida interna flutuante em 1931 Principais produtos exoortados pata o exterior pelos portos do Estado, de 1927 a 1931 Comércio exterior ¢ de cabotagem, de 1927 a 1931. DO MARANHAO...... Confrouto entre a receita arrecadada e a eee fe. tunda de 1920 a 1931. Confronto das reveitas orgadas para 1931 © 1932. Confronto das despesas fixadas para 1931 ¢ 1932 . Diviaa externa ¢ 0 seu servigo para 1931 Divida interna consolidada em 1931 a Divide interna flutuante em 1931,..06.essseeseevee ‘Principais produtos exportados para o exterior pelos portos do Bstado, de 1927 a 1931 Comércio exterior e de cabotagem, de 1927 a 1931, DO PIAUI.. Conironto entre @ receita arrecatinda © a despesn efetuada de 1920 a 1931 Confronto das receitas orsadas para 1931 ¢ 1932.. Conironto das despesas fixades para 1931 ¢ 1932,...... Divida interna consolidada em 1931. ad Divida interna flutuante em 1931. Prineipais produtos exportados para o exterior pelos portos do Estado, de 1927 2 1931, Combrcio exterior e de cabotagem, de 1927 a 1931 DO cEaRA, Contronto entre a rectita artecadada ea despesa efetuada de 1920 a 1931 ee Confronto das receites orgadas para 1931 © 1932......, Confronto das despeses fixadas:para 1931 e 1952... Divida externa © 0 seu servigo para 1931..... Divida interna consolidada em 1931 Divide interna flutvante em 1931. Principeis produtos expartados para o exterior pelos portos do Estado, de 1927 a 1931....... : Comércio exterior © de cabotagem, de 1927 a 1931. DO RIO GRANDE DO NORTE..0..2...6-. 0 ccceeee Confronto entre a receita arrecadada ea despesa ofe- tuada de 1920 a 1931. sore Contronto Jas recvites orgadas para 1931 ¢ 1932. Confronto das despesas fixedas para 1931 © 1932. Divida externa e 0 seu servigo pera 1931........ Divida interna consolidada emi 1991.-/...0.- Divide interna futuante era 1931. Poss: 7 48 49 51a 60 53 st 55 56 37 87 58 59 61a 8 6 ot 65 66 67 68 69 a 78 m 2 3 ” 18 15 16 n 908 nr : ; / DO RIO GRANDE DO NORTE (continusgz0) Principals pro Jutos exporta ios para o exterior pelos portos do Bstado, do 1927 a 1931. , Coméreio exterior © de cabntagem, de 1927 a 1981... DA PARAIBA.. Confronto ents de 1920 a 1931 , Conftonto dag receitas orgadas pare 1931 ¢ 1932,. Confronto das despesss fixulas para 1931 1932 Divide interna eonsolidaa om 1931 Divida interna flutuante em 1931... . proctilos exportacios para o exterior pains partos do Batado, de 1927 a 1931 Coméreio exterior ¢ de eabotaygem, DE PERNAMBUCO 2.2.2.2... eee a lad a reovita a dospesn efetundia do 1927 1931 Confronts entre a roveita arreendiun ea ciospese afetinad dle 1920 1 1931 Beste Confront daw roesitas orgaring para 1931 © 1932. Confronte das despesas fisulas para 1931 © 1932 Pivida externa v o seu servign anual em 1931... Divida intomna consolidada em 13L...c...- ++ Divide interne flutuante em A93L..eee eves : Principais produtos exportadas para 0 sso yrs do Betado, de 1927 a 1931 Comérefo exterior & cle eabotagemy d DE ALAGOAS. 127 a 1934... Confronto entre a receit arrueadlada @ a despee ofetiada de 1920 a 1984 Confronto dus ree las orgulas para 1931 © 1932. Confronta das despesns fixndas para 1931 ¢ 1932. Divide externa ¢ 0 o para 1931, Divide interna, consolidada em 1931... Divida interna flutawnte em 1931, abe Prineipais procutos exportitos pari o exterior pelos portos: do Bstulo, de 927 «1931, 0009000000 Coméreio exterior ¢ de cabutngem, de 1927 2 1931.. DH SERGIPE, 0... sce ccsceteeseecereseettersaees Confronto entre a receita srvevadada @ a despese ofe- fiaacta de 1920 8 1931s Contronto das reccitas org Confronto das despesas fixadas rma 1931 ¢ 1932. Divida interna comsolidada em 1931 Divide interna flutwante em 1931 Principais provttos exportavon pa 0 exterior ros orton do Estailo, de 1927 a 1931. Comércio extirior e de cabningemn, de 1927 a 1991, Pas 86 87 89 0 98 ot 920 93 on 95 95 96 7 99 108 101 102 108 104 105, 105 106 7 109 a 118 ut 12 113 ud 115 us 116 WT 119 a 126 121 122 128 124 124 124 125 vIL va 50 127 Confronto entre a receita arrecedada ¢ a sespesa efetuada de 1920 a 1931 Contronto das recsitas orgadas parn 1931 0 1932. Confronto das aespesa fixadas para 1931 e 1932, Divide externe e 0 seu servigo para 1931 Divida interna consolidada em 1931. Divida interna flutuante em 1931.. cent Principais produtos exportados para o exterior pelos portos do Estado, de 1927 a 1931 Comércio exterior e de cabstagem, de 1927 a 1931 DO ESPIRITO SANTO. aoe we 137 Confronte entre a receita arrecadada e a despese ofetuada de 1920 2 1931 Confronto das reccites orgadas para 1931 e 1932. Confront das despesas fixadas para 1931 e 1932 Divide externa ¢ 0 seu servigo para 1931 vee 142 Divida interna consolidada em 1931 Divide interna flutuante em 193 Prineipais produtos exportados para o exterior pelos portos do Estaao, de 1927 a 193L....6.c0e0008 Comércio exterior e de cabotagem, de 1927 a 1931... DO RIO DE JANEIRO....... pee 147 Confronto entre a roccita arrecadada e a despesa ofetuada de 1920 a 1931. Gap Confronto das receitas orgndas para 1931 © 1932 Confronto das despesas fixadas para 1931 © 1932 Divida externa e 0 seu servigo pera 1931 Divida interna consolidada em 1931. Divida interna flutuante em 1931... ‘DE 80 PAULO. 155 Confronto entre a receita arrecadada ea despesa efetuaa de 1920 a 1931 Es Confronto das receitns orgades para 1931 © 1932... Confronto das despesas fixadas para 1931 ¢ 1932. Divida externa ¢ 0 seu servigo para 1931 interna consolidada om 1931.......00e00004 Divide interna flutuante om 1931, Principais produtos exportados para o exterior pelos portos do Estado, de 1927 a 1931 Comércio exterior © de ecbotagem, de 1927 a 1931.. DO PARANA... 165 Conéronto entre a receita arrecadada ¢ a despese efetuada de 1920 a 1931... Pope. 2 136 129 130 431 132 133, 134 135 136 a 146 139 140 Mt e 143 144 144 43 146 a 154 149 150 151 152 153 153 a 164 187 158 159 160 161 161 162 163 a 174 167 : DO PARANA (eontinuneto: Conironto das roccitas orgadas para 1931 © 1932. Confconto das despesas fixadas pare 1931 © 1932. Divide externa ¢ 0 seu serviga pare 1931 Divide interna consofitada em 1931... Divide interna flutuante em 1931 ee Principals produto exports pon. extrior pelos portos do Estado, de 1927 a 1931, Comérsia exterior e de cabntagem, de 1927 a 1931 DE SANTA CATARINA. Contronto entre a receita arrecadada ¢ a despesa efetuain de 1920 a 1931 ee en Conftonte das receitas ors: ara 1931 ¢ 1932. Confronto das despesas fixadas para 1931 © 1932 Divida externa eo set servigo para 1931. Divide interna consolidada em 1931, Divide interna flutuante em 1931 Prineipis produtos exportados parn 0 exterior ton portos do Bstado, de 1927 a 1931... Comérein exterior © de exbotayram ie 1927 1 1931 DO RIO GRANDE DO SUL. Confronto entre a recvila arrectada © a sores efotuada, de 1920 « 1931 a 5 Cconfeonto dan rovitay Orgad pra 1 © 19B2. 0... Contronta das desponas fixndas pare 1931 © 1932. Diva externa © 0 seu sarviga piven 1981 Divida interne consolidada em 1981. Divida interna flubuante em 1931 produtos exportados para 0 exterior tae portos stato, de 1927 @ 19316 ere : 1, de 4927 0 1931, do Bs Coméreio exterior ¢ DE MINAS GERAIS, cabot Confront entre a re de 1920 a 1931. Confronto das rectit 1931 @ 1982 Confronto dns desp pura 1931 © 1982, Divida externa ¢ 0 seu servign para, 1931 Divida intern consolidada em 1931,.. Divide interna fintnante em 1931, DE GoIAs. arrocaddarla on despesa efelunda Confront entre a reccita arrecadnda ea despa efetuada lo 1920 a 1031 _ Coafronto ‘lay rassiiag orgadas pera 1931 © 1932.0... Confronto clas dlespesas fixadas para 1931 © 1932... a interna flutuante em 1931...606.e0e es 185 a 195 a 202 ¢ 205 2 Pons. 168 169 170 at im 172 173 184 477 178. 179 180 18t 182 183 184 194 187 198 189 190 io mt 192 193 204, 197 198 199 200 201 203 210 207 208 209 210 Ix DE MATO-GROSSO. Confronto entre a receita arrecaclada e a despesa efetuada de 1920 a 1931, doocg0 Conéronto das recsitas orgadas para 1931 ¢ 1932 Confronto das despeses fixadas pare 1931 e 1932 Divida interna consolidada em 1931 Divida interna flutuante em 1931 cece *rincipais produtos exportados para o exterior pelos portos, do Estado, de 1927 a 1931 Coméreio exterior ¢ de cabotagem, de 1927 a 1931 RESUMO DA RECEITA E DESPESA DOS ESTADOS.. Maps demonstrativo das Receitas orgadas para, 1932 — Valor em contos de réis. een Mapa demonstrative da percontagem das Receitas orgadas para 1932. we : pi ‘Mepa demonstrative das Despesas fixadas para, I Valor em contos de ris.....626.ceeeecceeseeeee Mapa demonstrative da percentagem das Despesas fixadas para 1932, MAPAS GERAIS H CONFRONTOS DA RECEITA E DES- PESA ESTADOAIS. . : ‘Mapa geral des Receitas dos Estados orgades para 1932 ‘Mapa geral das Despesas dos Bstados fixadas para 1932 Confronto entre a Receita e a Despesa orgamentarias dos Estados para 1932,, ona Confronto entre o total da Receita oo da Despesa dos Es- tados no periodo de. 1920 & 1931.....e.ccseceeeys EMPRESTIMOS EXTERNOS REALIZADOS PELOS ESTA- DOS E MUNICIPALIDADES E AINDAEM CIRGU- LAGAO EM 31-12-1930, DISCRIMINADOS POR. MOEDAS E DATAS .. ; T Quadro— Emprestimos externos, em libras esterlinas, realizados polos Estados. Seonnossen I Quadro — Emprestimos externos, em francos ¢ em flo sing, realizados pelos Estados. . acuHOne HT Quadro —Emprestimos externos, em dollars, realiza- dos pelos Estados.......4..... IV Quadro — FEmprestimos externos, em libras esterlinas fem francos, realizados pelas Municipalidades..... V Quadro — Emprestimos externos, em dollars, realizaclos pelas Municipalidades, oe VI Quadro — Total dos Enprestimos Estadoais. emi- tidos em cada ano, . aa VI Quadro—Total dos Emprestimos Municipals emi- tidos em cada aNO.. eee eeeeeee sie veeee VIII Quatro — Total dos Emprestimos Bstadoais © Muc nicipais emitidos em cada ano....., Pass. 211 a 218 213 214 215 216 216 207 218. 219 a 228 pate 222 225 e 224 225 © 226 227 e 228 229 a 234, 231 232 233, 234 235 a 244 287 © 238, 239 240 2a 242 243 244 28s QUADROS COMPARATIVOS DA DIVIDA PASSIVA DOS ESTADOS COM A RESPECTIVA RECEITA Quadro comparative das divides externa, interna e fi tunnte de carta Estado com a Receita orgada em 1931 dlividas comso- Quadso comparative do servigo amual lidadas com a Receita orgada de carla Bstado em {931 DESPESA COM A INSTRUCAO PRIMARIA, POLICIA MILITAR, VENCIMENTOS DOS INTERVENTO- RES E SECRETARIOS. : . Receita e Desposa orgamentarias para 0 exercicio de 1932 primaria © 4 Policia 10 Covligo ce verbas destinadas 4 Instruct Militar, em confront com as prosctilas p los Interventores, cee : : ‘Veacimentos ¢ representagtio de Interventares ¢ de Secre- tarios ¢ niimero de orpamentatias, para o exereicio de 1932, om confront, tos pelo Codigo dos Tnterventores... etacins, constantes com os presi Pas. 247 a 250 210 250 a 254 253 254 RELATORIO bos ‘TRABALHOS APRESENTADOS PRLA COMISSAO TECHNICA SR. VALENTIN: F. BOUCAS, Diretor Geral dos Servigos “ Hollerith’” COMISSAO DE ESTUDOS FINANCEIROS & ECONOMICOS TNS ESTADOS E MUNICIPIOS | Exmo. Sr.. Ministro da Fazenda Comissto de Estudos Finan Estados e Municipios e dignos Membros da ceiros e Economicos dos ’0 do discurso do Sr, Chefe do Govérno Pr tealizada no Teatro Mumicipal sideragées : ‘ovisorio, na s |, em 3 de Outubro altimo, as “Estamos sinceramente empenhados na nomico-finane Municipios reorganizagio eco- Ia Uniiio, dos Hstados ¢ uum programa nacional de nao de dispersfio, A Uniio tem de se x curando, ao mesmo teny Entre 0 Govérno P Prefeitos: muni it de todo o pais, isto & « simultane: mente, Inspira-no harmonia ¢ pO, todos os scus elementos componentes, rovisorio @ os Luterventores, cipais, deve haver id financeira, admin entre estes & os dade de diretrizes na ordem trativa € economica, Compre a todos seguir o mesmo rumo para uniformidade do. resultados,” forgo © semelhanga dos Esse amplo objetivo de uma politica, nfo parcial, mas geral, de nossa atcha devidamente consubstanciado ¢ > 86 na Tei organiea on decret n, 19.398, de 11 de Novemhry ds 1950, como ainda no deereto n, 20.348, de 29 de Agus Que institue cunselhos consultivos nos Esl; Municipios, ¢ estabelece normas sébre Esses decretos visam precip E ainda para melhor asseyuré: 9 economico-financeira se to do ano passado, dos, no Distrito Federal e nos administragde local, nente ayuela identidade de diretri la foi ereada it Comis Ss. fstados Kinan- » pelo, deereto n. 20.631, de io dle ceiros ¢ Economicas dos Estalos e Munie ipios 9 de Novembro tambem de 1931, A’s reunides preliminares dessa Comissiio compareceram os S; José Carlus de Macedo Soares, Joaquim Cat wr Wein- Drs, mby, Os 4 schenck, Antonio Carlos, Pereira Lima, Allceu de Azevedo e Eugenio Gudin, deixando de comparecer outros membros por motivo justificado. Essa Comissio geral desdobrou-se em duas parciais: uma, encarregada do estudo das condigées economico-financeiras dos Estados em geral ¢ dos Municipios, a comecar pelos Estados do Amazonas e Alagéas, e outra, com a incumbencia mais particular do exame das dividas externas dos mesmos Estados e Municipios. Esssas duas comiss6es parciais deveriam desenvolver sua agio sob a superintendencia dos Ministros da Fazenda e da Justiga, Fomos distinguidos pelos entdo ministros dessas pastas, respectiva- mente, 0s Srs, José Marla Whitaker e Oswaldo Aranha, com 0 convite para, na qualidade de representante tecnico de um e outro désses minis- terios, reunir ¢ coordenar os elementos de execugio de seus trabalhos. Posteriormente, o Sr. Mauricio Cardoso, assumindo a diregio do Ministerio da Justiga, igualmente nos honrava com seu decidido apoio, ratificando, em termos que bastante nos sensibilizaram, aquele convite de seu ilustre antecessor no ministerio. A primeira das ComissGes referidas, de que faziam parte os Srs. José Carlos de Macedo Soares, Joaquim Catramby e Oscar Weinscheneks, pronta- mente se desobrigou da tarefa que the foi confiada, tendo os relatorios teferentes as condigées financeiras, dos Estados do Amazonas e Alagéas sido entregues nao sé ao Exmo, Chefe do Govérno Provisorio, como aos interventores daquelas duas unidades da Federagio, por intermedio do atual Sr. Ministro da Fazenda, A segunda Commissio inicialmente nos encaregou de obter todos os dados e documentos, sobretudo os contratos daquelas dividas, par: precisamente caracterizé-las, poder Com a ausencia plenamente justifieada do Sr. Dr, José Carlos de Macedo Soares, que se acha’ atualmente em Genebra, dignameute repre- sentando 0 nosso pais em varias conferéncias internacionais, 0 Sr. Mi- nistro Oswaldo, Aranha, para que as Comissées se orientassem por am critério uniforme, julgou conveniente suas reunides em conjunto, pois que, além daguela vantagem de critério uniforme,“havia a considerar que nuigdes se conjtigavam perfeitamente, e, assim, mais facil seria a dlaboragio de conclusées fundamentais, ‘Vamos, na qualidade de secretario tecnico dé uma e outra, dar-Ihes conta Pormenorizadamente do quanto temos realizado, de todos os esforcos que temos dispendido, para 0 tio elevado objetivo de construgéo nacional. 5 Fazemo-lo nfo tanto pélo prazer de assinalar 0 dever cumprido, mas principalmente para que o pais tenha exacta nogio da obra ciclopica que se esti realizando naquele sentido, visto como o que havia, em materia economico-financeira nos Estados, nfo era sino desordem, desperdicio inresponsabilidade. ise dos elementos imprescindiveis abilidade, io contabil No foram faceis a colheita ¢ and 4 nossa tarefa, em face da desordem, do desperdicio, da irrespon: r, se atendermos 4 desarg: gue, entretanto, nfo’ é de admi ss508 anacronicos, em que sempre vivemos, pélo empréyo, até hoje dos proc E! justo, comtudo, salientar que ha leis estaduais de orgimento redi: gidas de férma hem clara, dispensando outras informagées saplemen- tares, como as do Rio Grande do Sul ¢ Pernambuco, nossa mi A demora da chegada a os de exemplares dle leis orgamen- tarias do corrente ano veiu ainda mais dilatar o prazo déste estado. Mas as dificuldades nao nos entibiam, ¢, recebomos dos. fo que se nos impie, empr ¢ Maria Whitaker, Mauricio Cardoso e Oswaldo Aranha Sts, Ministros Jos a mais forte e de Ex, o Sr, Chefe idida cooperagfio, sem esquecer ainda § do Govérno Provisorio, euja agio junto aos Srs, interyentores, prestigion nossa atividade. Nao chegamos ar rk essa Coaperagio, @ certamente nao teriamas chegado como suiltados que sie de estimar, pois representam solido ali- cere para a consciente reorganizagio economicu-financeira de nossos Estados. A tecnica niio conhece os partidos; nfo conhece a politica e muito menos os politicos. Conhece apenas os algarismos, na rigidés de sua ex- pressiio. Neste trabalho, como em todos os de nosso Departamento, nio 05 preocupam sino este 4s conveniencias daqueles, que nfo grandes ¢ fegitimos interesses de nosso pai jam ou no favoravels, possam on nto servir ‘obrepomos, mas subordinamos aos Apurimos fatos, alguns de maior importancia ¢ mais indisfargavel gravidade, Queremos trazel-os ao conheeimento desta prestigiosa Comissiio, acompanhaclos dos comentarios € sugestées que nos hajam despertados, comentarios € suges formular, tio s6mente como base de Ses que ousamos discussfo para nossas deliberagées definitivas. METODO ADOTADO © manacial de informagées era dos mais complexos. O essencial era, portanto, proceder com metodo, E foi o que procuramos realizar. Antes de tudo, tratimos de confeccionar: 1*) Quadros economicos e financeiros dos 20 Estacios, no petiodo de 1920 a 1932, pelos quais se verifica: —Que 0 total dos deficits dos Estados de 1920 a 1931 importa em 1.811.383 contos. — Que os Estados que apresentam maiores deficits, no mesmo periodo, sio: Sdo Paulo com 1.161.240 contos; Rio de Janeiro com 250.121 contos; Minas Gerais com 124.245 contos; Bafa com 75.627 contos; Parand com 58.287 contos; Espirito Santo com 35.986 contos; Pernambuco com 26.016 contos; Para com 23,562 contos; Rio Grande do Norte com 15.457 contos ¢ finalmente Santa Catharina com 11.440 contos. — Que os Estados que apresentam menores deficits, no mesmo periodo, séo: Amazonas com 1.199 contos; Goiaz com 1.395 contos; Alagoas com 3.927 contos; Sergipe com 4.301 contos; Maranho com 5.062 contos; Rio Grande do Sul com 8.507 contos e Mato Grosso com 9.944 contos, ~~ Que apenas tres Estados da Unifio, no periodo acima referido, apresentam saldo entre a receita arrecadada e a despesa efetuada, Sio eles, na ordem decrescente desse saldo: Ceard, com 3.178 contos; Pa 948 ¢ finalmente 0 Piaui com 807 contos. aiba com 2) Quadros com as receitas e as despesas de todos os Estados. Nos tres ultimos anos, isto é, de 1930 a 1932, apresentam os seguintes algarismos: Recelte Despesa 1950... 1.030.269 4.611.182 4931 1.168.123 1,265,153 1932 A 1.187.246 1.238.971 Os confrontos da receita de ano'a ano mostram que, entre 1930 e 1931, a deste acusa um aumento de 137.854 contos; entre 1931 ¢ 1932, a diferenga a favor do iiltimo ano € apenas de 19,123 contos, ¢ isso devido 4 grande depressio que vémn sofrendo as cotagées de nossos pradutos, 3°) Identicos confrontos relativamente ais despesas. Estas p de 1931, comparadas com as de 1930, sofreram uma reducio de 346.029 ao ano, s para 1932, comparadas com as de 1931, foram dimi- contos. E as fixad: auidas de 29,182 contos. E art, 13, n, 1, do Codigo dos Interventores, segundo 0 qual > de despesas se realizou em obediencia ao que dispie compre; s se dev iam empenhar em realizar 0 equilibria orgamentario dos Estados sob sta admi- nistraci 0. Parece-nos util assinalar que, em quarenta «© um anos de nossa vida republicana, quadros ¢ confrontos dessa natureza sio assim, pela primetr: vez, verdadeiramente sistematizados. AS DIVIDAS Ja existem, portanto, elementos reunidos, de modi a peemitir saber das possibilidades ¢ recursos de cada um dos Estados, como o vitlto de seus com eros ¢ internos, quer no que diz respeito Ay dividas consuli- promissos e: dadas, quer em referencia & divida flutuante, Durante o Imperio, varios trahalhos aparceeram sibre o assunto, uns concernentes ds fontes de reeeita de cada provineia, & legalidade de a oo beranga, outros, mais com estudos da situa completos , sObre os orgamentos pruvinciais, i, Entre cles, convém citar as ‘ada_provinei seguintes as rendis m 1883; “Estuclo sibre os impostos provinciais feito pelas leis orgamentarias e publicado em 1877, Relatorio da Comission encarregala de revere ¢ is do Imperio, trabalho publieado Como se pode ver pelos dois trahalhos citades, a questi de impustas, hoje chamados interestadeais © que nayacla época se denominaya interpec vineiais, é entre nds quasi secular. Além das obras referidas existe s6bre 0 assunte ta Titeratura, que versa a materia sobre todos os seus aspeto: ‘antes para o estudo dessa questio e que se acha novamente na ordem do dia, <= subsidies tambem impor it a) 8 em vista do que estabelece o decreto 19.995, de 14 de Maio do ano pasado, sto, sem duvida, a serie de decisé s do antigo Conselho de fazenda, do tempo do Imperio ¢ os debates parlamentares, reunidos em volumes ma parte que pertence ao regime republicano. Essas considerag6es, que, no capitulo sobre orcamentos, aparecem muito mais desenvolvidas, sfo feitas apenas para mostrar que o nosso trabatho s bre @ situagéo economico-financeira dos Estados ¢ dos Municipios é 0 primeiro - que se realiza, na Reptiblica, com as minudencias necessarias investigagses dessa ordem, ¢ & apresentado com a maior oportunidade, pois seus dados aleangam todos os orgamentos de 1932 ¢, na maioria dos casos, as rendas arrecadadas ¢ as despesas efetuadas do ano proximo passado, E yerdade que, nos relatorios do Ministerio da Fazenda, de 1904 a 1906, © Dr, Leopoldo de Bulhées publicou dados concernentes 4 estatistica finan. ceira dos Estados, mas a deficiencia de informa es prejudicou-the em parte © objetivo, Eram, em todo o caso, elementos de valor, como sio os que foram publicados péla extinta Diretoria Geral cle Estatistica em 1908, 1916, 1924 1926. Mas todos eles se ressentiam de falta dle informagées precisas, princi- Palmente no que dizia respeito ao estado das dividas, que a situagio creada péla revolugio permitiu que se conhevesse em seus menores detalhes. Pelas mensagens dos presidentes ou governadores dos Estados, como pelos relato- rios dos seeretarios de fazenda nfo era possivel ter-se idela exata da situagio das finansas estaduais, pois aqueles documentos faltava sinceridade, ¢ in- duziam a erros iamentaveis a quem os lesse, Este capitulo tratard da divida dos Estados e dos onus que acarveta & eceita estadual cada um désses compromi 8. Em primeiro logar, falaremos da divida externa que, dada a instabili- dade do valor da nossa moeda, ¢ a que mais pesados encargos exige dos ‘orgamentos estaduais, Em 31 de Dezembro de 1930, a divida externa, dos 15 Estados que téne cmprestimos realizados no exterior, era representada pelos seguintes alga- rismos: . Engen feetteesen! 96,946,161 Em dollares... Em francos. . ses 229,937,205 Em flori 8 8.900.000 Essa divida exige, anualmente, a8 seguintes importancias: ore 155.748.800 de acérdo com os respectivos contratos, | Em 4 5.912.844 Em dollares. 16.593,801 Em fancos.. 16.128.244 Em florins.. 1.797.800 Tnstavel como é, em seu valor, nosso meio circulante, para determinar a equivalencia daquelas importancias em moeda nacional, foi necessario adotar uma taxa arbitraria para sua conversio, ¢ foi essa a de 6 d. ouro, bem mais elevada que a da cotagio atual, Feita a convers io, a divida externa consolidada dos Estados é de 2,861.467 contos, scndo os scus encargos anuais de 304.038 contos, Apenas 5 Estados nao tém divida consolidada externa e : Piaui, P fo eles, em raiha, Sergipe, Goias ¢ Mato Grosso. ordem geograti imac As rendas estimadas, para 1932, dos Estados que tém compromissos externos, somam 1.141.240 contos. A divida externa é2 34 vezes a receita estimaca desses Estados € 0 ser- vigo anual, de acérdo com os contratos, exige 26, 6 9 de sua receita total, Isso na hipotese do cambio a 6 d., mas, na realidade, aquelas percen- tagens sio muito mais clevadas ; ¢ 0 so no s6 por porque a convers ‘te motivo, como tambem ‘0 4 moeda nossa dos enmprestimos em francos foi feita con- siderando estes como franeos papel, embora haja, sdbre todos empres- timos, reclamagées em que se pleiteia pagamento em francos ouro, Dos Estados, o que mais deve no exterior, em numeros absolutos, & S. Paulo, ¢ 0 Rio Grande do Norte é 0 que tem a menor divida externa. © primeiro deve 1.600.283 contos, 10 cambio de 6 d. ouro, € o servic anual dessa divida cleva-se a 196,180 contos, a sejam 49 9% de sua receita, «la para 1932 em 400.920 contos. ‘Mas nem todos esses compromissos si que esti or o pagos com a receita papel de sew orgamento, visto que os encargos dos emprestimos de 1921 correm por conta da arrecadagio da taxa de 5 francos, avaliada a renda para éste ano em 52,500,000 francos, ¢ os de 1930 péla ta venda do café apenhado, em shillngs ¢ pélo produto da Exeluindo os emprestimos de 1921 ¢ 1930, aquelas responsabilidades decem, quanto vida, 2 698,360 contos; ¢, quanto ao servico anual, a 60.204 contos. As percentagens passam a ser de 174 % © 15 % respectiva- niente, © Rio Grande do Norte que, como j4 vimos, € 0 que menos deve no exterior, dispende anualmente com a sua divida externa 186 contos, que 10 podem fazer e sdvs de minas ou de terras; ¢) que tém de aholir o imposto de exportagio, substituindo-o por outros mais racionais ; F) que os Estados devem empregar no minimo 10 % de sua renda com a instrugio primaria ¢ nfo pédem gastar mais de 10 % com servigos da seguranga publica, Os interventores ¢ prefeitos nfo se podem eximir désses deveres, bur Jando tais normas, pois é dos mais rigorosos o processo de fiscalizagio a que 0s sujeita © novo Codigo, Quer isso dizer que vamos ter péla primeira vez, em toda a historia de nossa vida cconomico-financeira, o equilibrio orgamentario nfio sb na Unido, como em todos os Estados © Municipios. De resto, & precis » assinalar que a maioria dos Estados, atendendo a instrugdes do Governo Federal, ja no comego do corrente ano, teve 0 cuidado de organizar seus orgamentos, com despesa menor que a fixada no exercicio anterior, Comprendendo o aleance dessas consideragdes de S. Ex. 0 St. Chefe do Governo Provisorio, nosso Departamento procurou relacionar os Estados que tém deixado de atender aos dispositivos do Codigo dos Initerventores, quanto: @) ao numero de Secretarias de Estado; 16 4) aos vencimentos dos Interventores; 2” ” ” Secretarios ; d) & despesa com a Forga Putblica; ec)” " " Insteugkio Primaria; 7) a0 equilibrio orgamentario ; g) A supressao de impostos interestaduais 5 h) as contribuigdes dos munic i) a0 quadro explicativo das dividas. © Codigo dos Interventores classifica os Estados para efeito de de vencimentos ¢ representagio dis. Interventores ¢ secretarios, da divisto administrativa (péla renda dos municipios), do némero de secretarias de Estado, da seguinte forma: Categoria A) Renda inferior a 10.000 contos; "By" entre 10.000 e 20.000 contos; eG) eee 20.000 ¢ 50.000 " ; "Dom 50.000 e 100.000"; "EP mo” 100.000 e 200.000" ; aera) ae ere 200.000 e 300.000”; ” G)_stiperior a 300.000 contos, Pélo orgamento de 1932, estio classificado: Na categoria a, seis Estados: Amazonas, Piaui, Rio Grande do Norte, Sergipe, Goias ¢ Mato Grosso, Na categoria b, seis Estados: Pard, Maranhio, Ceard, Paratha, Ala- géas e Santa Catarina, Na categoria c, dois Estdos: Espirito Santo ¢ Parand, Na ‘categoria d, tres Estados: Pernambuco, Baia e Rio de Janeito, Na categoria c, un Estado sémente, 0 Rio Grande do Sul, que quasi atinge a categoria superior. Na categoria , um Estado: Minas Gerais. Na categoria g, um Estado: Sio Paulo, A despesa prevista para a Policia Militar excede a 10 % do total da despesa, contra o que determina o Codigo dos Interventores, nos seguintes Estados: Piaui, Ceard, Paraiba, Sergipe, Minas Gerais, Goias ¢ “Mato Grosso. Quanto 4 Instrugéo Primaria, a despesa prevista nfo atingiu a 10% da 7 receita, como prescreve 0 Codigo dos Interventores, nos seguintes Estados: le do Sul. Quanto fs Sccretarias, o Estado que as‘tém em maior mimero do ina 0 Codigo, é: 0 Espirito-Santo (4 em vez de 3), Ha Estados que as tém em menor mimero do que determina o mesmo Codigo. Pernambuco, Paranii, Rio Gran que deter tes so: Maranhiio, Alagéas, Rio de Janeiro, Parand, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, No que «liz respeito ao equilibrio orgamentario, apresentam deficit os seguintes, nas previsées de 1932: Pernambuco e Sio Paulo. A ORGANIZACAO DE ORCAMENTOS Relativamente aos orgamentos, era esta sua situagio geral: 0 da Unido, gs dos Estados ¢ os dos Municipios diferiam entre si, Obedecian a divisées e classificacdes distintas, ¢ nfio ao mesmo molde, 10 mesmo padriio. De modo que era impossivel qualquer confronto, qualquer compa: Havendo ‘agio entre eles. 1 falta de uniformidade, acontecia o seguinte: a) Nao se conhe im devidamente as fontes de renda dos Rstades. Néo istematicn das rubricas de receita nos tres grandes titulos, adotados péla Unio ¢ accitos por muitos Estados: Ordinaria. Extraordinaria. Aplicagio especial. De fato ha Hstados que nfo as distribuem sob e O Rio Grande do Sul classi s titulos. Renda de impostos, Rendas industriais, Renda patrimonial, Contribuig6es. Renda extraordinaria, Nao considera, pois, a renda com aplicagio especial, © Amazonas possue o titulo “Aplicagéio especial”, ‘Tem o de “Renda Extraordinaria” ¢ as demais rendas, que deveriam ser “ordinarias”, ele as classifica em dois paragrafos: “Exportagio” e “Interior”. © Maranhi de “Apli Titulos ha que ora figuram na “Renda Ordineria”, ora na Extraor= Assim a “‘Cobranga da divida ativa” est, por exemplo, na “Ordi« 2 jo tem o titulo “Extraordinaria”. Sergipe"nio tem o fio especial”.

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