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» Avaliagao Avaliar o desempenho do aluno constitui um momenta importante da aprendizagem, desde que professores € alunos estejam cientes do que se espera desse processo. Camecemos por fsclarecer um marentendio, decorrente da alegacée comum de queem flasofiao aluno deve dizer o que pensa € que, portanto, toda avaliagao seria impositiva do panto de vista do mestre. Convérn destacar que a avaliacae do trabalho filoséfica néa visa 8 caincidéncia de respastas, mes segue critérios claros que permitem definir veo trabalho do aluno é adequedo ou nao. Em uma dissertagéo, por exemplo, espera-se que © aluno atenda ao tema proposto & desenvolva uma argumentacde coerente, com clareza de ideias e fundamentagao tedrica dos conceitas trabalhadas, Além disso, nem todas as questdes so tao abertas quant 0 aluno supde. Muitas delas visam verificar se um texto fei bem compreendide em suasiceias principais ou se 0 aluno assimilou as informagdes dadas e sabe aplicé-lasa situagdes noves. abe 20 professor investigar as cificuldades iniciais das alunos e conversar cam eles ares- peite, Entre as dificuldades mais comuns, destacamos: primeiras cantatas com os conceitos filoséficos: repertorio pobre de vocabuléria do préprio vernéculo:dificuldade de expresséo oral ou escrita;afirmagdes genéricas e vazias, sem fundamentagéo; abuso de exemplos, o que denota prevalecimenta do pensamenta concretae dficuldade de abstragaa; textos curtas demais, cam a alegagdo de “sintese"- é preciso lembrar que o procedimentode endlise antecede asintese Qualquer avaliagao exige do professor especial cuidada com a clarezane formulacéa das propostas de atividades, para que o aluno saiba muito bem a que esta sendo solicitado, Ja nos referimos a importancia de estimular exposicGes orais @ trabalhos em grupo, para identificar desde a inicio a tipe de dificuldades, Séo adequadas também avaliacoes curtas em intervalas menores, para que os alunos acompanhem o propria aprendizado. Alguns professores utilizam autocorregao ou corregéo em duplas, de modo quena propria aula selam constatadas as dificuldades mais comuns. Quanto ao professor, canvém que a devolugao do trabalho seja tao breve quanto possivel. Por fim, @ avaliagao do trabalho do aluno é também uma avaliagéo da metodolagia do professor, dando-Ihe oportunidade de, com base na insucesso dus alunos, rever suas pro- prias propostas @ exigéncias. » No limiar de um novo tempo Vivemos uma época em que a transicéo para os suportes da nova educagao comeca se delinear, mas ainda nda se concratizou. 0 paradigma emergente sera fruta dos meios digitais em expanséo. A facilitagéo crescente de acesso a internet e 8 universalizagéo dos servicos tenderéo a intensificar 0 aprendizado pelos novos meios. Em médio prazo 0 curricula escolar sera reinventado & modificada a metodologia de ‘ensino, As navas tecnolagias vaa possibilitar a troca de ideias que extrapolam os limites da sala de aula e do prdprio espaco escolar, em abertura global. Se antes predominava a con- tato solitario com a pagina do livro, agora diversos links oferecem opgdesa cada momento. E verdade que 0 excesso de informagaa se tornau um dos desafios dos novos tempos. Nao se pade confiar em qualquer sitenem admitir que toda infarmacéa garanta credibilidade. Educar para 0 nova mundo € propiciar condigdes de selecioner informagées e de refletir criticamente sobre seu significado, por isso mesmo nao ha como concordar que todo pra- gressa tecnaléaica nos ofereca apenas vantagens. Elas sq reais, mas qualquer tecnologia em si mesma nao é boa nem ma, porque seus usos dependem da agéo humana valorativa. Se, por um lado, o aluno pode tornar-se mais ativo e compartilhar informacées, por outro, a fungaa do professor permanece mais necesséria ainda. Superada a organizagao escolar entrada na aula expositiva, o professor podera tornar-se um orientador dos trabalhos. Eo que pensar do ensina de filasofia? 0 filasafar nao tem pressa. 0 pensamento filosd- fico é uma polifonia em que no se ouve apenas a sua voz, mas "conversa" com aqueles que ‘o antecederam e com 0s que, como ele, pensam seu tempo presente e projetam o futuro. Enfim, mesmo se o livro impresso desaparecesse e todo trabalho se reelizasse com re~ cursas aigitais, a leltura atenta do texto eo diélago, em qualquer suporta, permaneceriam ‘come instrumentas por exceléncia do filasofar. ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR » Conclusao O trabalho do filosafo-educador é 0 de oferecer condigoes para que tode e qualquer alu- no desenvolva as competéncias e habilidades tipicas da reflexao filosofica, que se baseia na canacidade de prablematizacao. Ensinar a pensar filasoficamente é dar condigaes para 2 autonomis e 3 emancipagao do educando, porque a sociedade propriamente moral e democratica necessita de pessoas capazes de autocritica constante. Embora esse abjative seja comum as disefplinas de curriculo, lembramas que em filesc- fia o pracesso se realiza de acordo com a especificidade do filosofar, que aprendemos por meio do acesso a tradigto filosofice, seus instrumentos conceituais @ problematizadores, ‘coma também pelo contata com a realidad vivida, » Bibliografia sobre o ensino de filosofia Leituras ARANTES, Paulo Eduardo et al. A filosofia e seu ensino, 2. ed. Sao Paulo; Petropolis: Educ; Vazes, 1995. (Este livra redne as palestras proferidas na "Semana de Filosofia", em setem- bro de 1991, na PUC-SP, Os autores séo: Paulo Eduarda Arantes, Franklin Leopolda e Silva, Salma Tannus Muchail, Celso Fernanda Favaretto e Ricardo Nascimento Fabbrini) ASPIS, Renata Lima; GALLO, Silvio. Ensinar flesofia: um livra para professores. S80 Paulo: Atta Midia e Edueacao, 2009, BECKER, Fernando. 4 epistemologia do professor: 0 cotidiano na escola, 10. ed. Petropolis: Vozes, 2002. BRASIL, MINISTERIO DA EDUCACAG. Ciencias humanas e suas tecnologias. In: Orientagdes Curriculares para 0 Ensina Média, Brasilia: Ministéria da Educacéo; Secretaria de Educagao Basica, 2008. BRASIL. MINISTERTO DA EDUCACAO. Paramatros Curricularas Nacionais. Ensino Média:Bases Legais. Brasilia: MEC, 1998. FOLSCHEID, Dominique; WUNENBURGER, Jean-Jacques. Metodologia filaséfica. S80 Paulo: Martins Fontes, 1997, GALLO, Silvio; KOHAN, Walter Omar (Orgs). Filasofia na ensina médio. Petrépolis: Vozes, 2000, GALLO, Silvio. Deleuze § a educacdo. 2. ed. Bela Horizonte: Auténtica, 2008, Metodotogia do ensino de filosofia: uma didatica para 0 ensino médio. Campinas: Papirus, 2012. KOHAN, Walter 0. (Org). Politicas do ensino de filosofia. Ria de Janeiro: OPBA, 2004, NOVAES, José Luts Corréa; AZEVEDO, Marco Antonio Oliveira de (Orgs.).Afilosofia @ seu ensino: dasafios emargentes. Porto Alegre: Sulina, 2010. PIOVESAN, América et al, (Orgs). Filosofia @ ensino em debate. Tjuk: Unijul, 2002. PORTA, Mario Ariel Gonzales. A filosofia a partir de seus problemas: didatica e metodologia do estudo filoséfico. 3. ed. S40 Paula: Loyola, 2007. RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e pratica para o ensino medio. Campinas: Autores Asociados, 2009. SEVERING, Antonio Joaquim, Como ler um texto de filosofia, 2, ed. $80 Paul Metodotogia do trabalho cientifico. 22. ed. S80 Paulo: Cortez, 2002, aulus, 2009. » Bibliografia sobre interdisciplinaridade FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: histéria, teoria e pesquisa. 18, ed, Campinas: Papirus, 2012. JAPIASSU, Hilton, Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. HERNANDEZ, Fernando. Transgressdo e mudanca na educagao: os projetos de trabalho, Porto Alegre: Artmed, 1988. HERNANDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organizagao do curricula por projetos de tra: balho: o conhecimenta é um caleldoscépio, Porte Alegre: Artmed, 1998, ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR » Sugestées para a escolha do programa Esta obra tem uma estrutura temdtica que eompoe suas sete unidades, Aescolha de temas como centro, porém, nao excluia historia da filosofia como referencial constante, por isso tivemos 0 cuidada de retomar 0 percurso que certos conceitos fizeram no tempo ena perspectiva de diversas pensadores, dependendo da tematica abordada. No final dos capitulos, a inclusao de leituras cam- plamentares favorece a cantata do aluno cam os tex- tos dos fildsofos, Em alguns momentos recorremos 8 artigos ou a textos literarios, a fim de que 0 aluno os interprete sob o alhar filosdfico, e ndo apenas infar- mativa ou estetica, ‘As sugestéas de programacéa apresentadas nao desconsideram a dificuldade de abranger um universo, de tao grandes dimensdes, como as salas de aula de cada professor na nossa pais. Por isso essas pistas re- presentam apenas um primeiro momento de escolhas possiveis ou que eventualmente servirda de orientacéia para as préprias adaptacées do professor. Embora a Lei n.11.684, de 2 de junho de 2008, es- tabeleca a obrigatoriedade da disciplina de filosofia, nos trés anos do ensino médio, nem sempre essa ‘exigéncia tem side cumprida, além de também variar ‘ondmera de aulas semanais. Acrescidas essas varié- veis as dificuldades dos alunos na primeiro contato com a filosofia, lembramas que a mais importante & estimulérlos a refletirfilosoficamente, o que de inici poderdreduziro ritmo de estuda com base no contel- do selecionada. Nesses casos, nao havera coma dar conta de uma programagao muita extensa, Durante a escolha do conteudo das aulas, conver que o professor esteja atento ao estagio em que se encentram seus alunos, ao universo a quepertencem, bem como aa nmera de aulas de que dispoe, de modo aselecionar assuntos e procedimentos que favorecam, ‘odesenvolvimenta da competéncia filasética.0a mes- mo mado, se &s vezes o programa é elaborado antes de se conhecerem os alunos, é de esperar alteracoes, para se adequar as circunstancias. Apresentamas a seguir algumas hipéteses de programagao. Aulas de filosofia nos trés anos do ensino médio A ordem apresentada a seguir pode ser alterada conforme o interesse do professor e da classe. Por ‘exemplo, estética no 2 ano (e nda na 34) ou filosofia, das ciéncias no 1#ane (e nono 2), eassim por diante. ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR A OBRA NA SALA DE AULA iano Unidade 1, “Descobrindo a filosofia’: composta de dois capitulas, “A experiencia filosfica” e “As origens. da filosofia’. Unidade 2, “A condi¢ao humana”: ha trés capitulos que poderao ser trabalhadas em sua totalidade ou. pode-se selecionar os temas mais convenientes. Unidade 8, “Conhecimenta e verdade”: as seis capitulos dessa unidade apresentam variacdes de dificuldade, cabendo ao professor selecioné-los de acor- do com 0 amaduracimenta intelectual dos alunos. Pode-se escolher os trés primeiros capitulos ¢ deixar ‘08 outros trés para o segundo ou terceiro anos. Des tacamas a Impartancia do capttula sobre légica para alunos iniciantes: pelo menos a primeira parte, delégica, aristotélica, @ fundamental, Unidade 4, “Filosofia moral": os quatro primeiros capitulas sao mais acessiveis. 0 ultimo, "Teorias éticas: abordagem cronoldgica’, pade ser aproveitado para ‘complementar temas ja abordadas nos capitulos an- teriores, come reforca deles au em contrapontoa eles. 2° ano Unidade 5, “Filosofia politica”: constitulda por seis capitulos, sendo os dois primeiras intradutérios. Os quatro iltimos mostram a desenrolar dos conceitos em cada periode histérico. 0 professor podera utilizar todos ou selecionar alguns aspectos espectficos para, depois concentrar-se na oposigaa entre socialisma @ capitalismo contemporaneos. Unidade 6, “Filosofia das ciéncias’: composte de quatro capitulos, permite estudar o conteudo introdu- torio do capitulo 23, “Ciancia, tecnologia e valores’, & selecionar na sequéncia as tépicos mais importantes, por exemplo, destacar o tera da Revolugaa Cientifica a8 caracteristicas do métado experimental. 39 ano Unidade 7, “Estética’: constituida de cinca capitu- los, permite escolher os quatro primeiros e utilizar 0 Ultimo, "Concepcies estéticas’, para complementar @ ‘exemplificar tépicos & medida que forem estudados, Unidade 3, “Conhecimentoe verdade”: retomar os trés capitulos finais, nfo selecionados na programacao do Fano. Unidade 5, “Filosofia politica’: retomar capitu- los que eventualmente néo tenham sida estudados. Aprofundar discussées sobre politica contemporénea,, 8 conflitos entre liberdade @ igualdade e a crise da, demacracia representativa classica. Unidade 6, “Filosofia das ciéncias": ratomar as questoes atuais sobre ética aplicada, diante dos, conflitos entre a aplicagao da tecnologia em pesqui- sas @ as questies éticas que precisam ser objeto de reflexo, Camplementar a discusséa sabre as métadas, das ciéncias naturais e das ciéncias humanas diante da ‘expectativa contemporénea de estabelecer pontes entre todas as éreas do conhecimento. Quseja,asvalores cag- nitivas so insepardveis de avaliagdes éticas e politicas, ‘tantonas pesouisas cientificas como em suasaplicagoes. (Classes com menor numero de aulas Afim de se adaptar & realidade de escolas com poucas aulas e a cutros tipos de dificuldades, sugeri- mas uma programacéo bastante sucinta, que poderé ser ampliads & medida que houver tempo ou as alunos, corrasponderem as expectativas. Asugestao ¢ distribuir os capitulos iniciais de cada unidade e outras complementares. Nao indicaremos os anos para deixar maior flexibilidade de escolha, Por exenplo: + 08 dois capitulos da unidade 1: A experiéncia filo~ s6fica” e “As origens da filosofia; + 08 dois primeiros capitulos da unidade 2 "Nature- za e cultura’ e “Linguagem e pensamento"; + unidade 3, abordar “0 que podemas conhecer?" & gica: aristotélica e simbélica"; + unidade 4,"Moral,ética e ética aplicada”e" nasce moral"; iquém + unidade §, “A construgao da democracia” e "Direitos humanos’ + unidade 6, “Ciencia, tecnologia e valores"; + unidade 7, “Estética: introducae conceitual” e "Arte ‘come forma de pensamento”, SugestGes abertas Nessa hipétese mais livre, o programa tence a variar muito, conforme a preferéncia do professor & as circunstancias: + comeger pela primeira unidade e seguir a sequén- cia apresentada pela livro; + uma ou duas unidades, de acorda com as conve- niéncias pedagégicas; por exemplo: antropologia & estética; ética e politica; conhecimento e filosofia da ciéncia e outras combinagoes possiveis; + escolher um periada ~ por examplo, a contempo- raneidade ~ e trabalhar os capitulos que a ele se referem em cada uma das unidades; nesses casos, 0 professor precisa destacar aspectos importan- tes que antecedem as problematizagoes atuais. + de acoréo com o planejamento escolar realize do com os professores das demais disciplinas, estabelecer a interdisciplinaridade: temas de po- litice relacionados com a programagao de histéria © geografia; método cientifico, com as aulas das disciplinas das areas de matematica e ciéncias da natureza; estética, com as de arte; determinadas correntes filosoficas, com as correntes esteticas em literatura; e assim por diante. ‘Observacoes para todas as sugestdes Durante as aulas, a prafessor pode chamaraaten- cao pera as imagens ¢ os boxes coma momentos de reflexdo, bem coma para os links, que paderso facilitar, e ampliar 0 trabalho pessoal do aluno. Convém inserir acontecimentos que merecem refle- x80: um conflito em algum pais de regime autoritério, suscita discusses sobre ‘desvios da poder"; a ida a um museu contemporénen sugere o tema da "ruptura do naturalisma"; um filme em cartaz pode provocar, as mais diversas discusstes, como eratismo, morte, alienacao. Com essas sugestdes nao estamos acon- selhanda transformar a pragrama em uma colcha de retalhos, sem estrutura alguma, mas apenas lembrar que o excessiva apego a rigidezda programacao pode dificultar o contato mais caloroso com 0 mundo em. movimento, ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR UNIDADE | [ Descobrindo a filosofia Aunidade 1, "Descobrindo a filosofia’, compoe-se de dois capttulos introdutérios, Comecamos por uma aproximagao sobre o que é filosofia, conceito camplexo, que ndo comporta definigao precisa. Por conta disso, preferimos usar experiancia filasofica, que.se expressa de mansiras diversas entre os filésofoe, Para discutir o nascimento da filosofia nas poli das coldnias da Grécia antiga, partimos da consciéncia, mitica que a antecedeu, a fim de compreender methor come ela se configurau naquele primeira momenta. A experiéncia filos6fica Aprépria pergunta sobre uma provavel definigéa de filosofia ja é uma indagacao filoséfica. A intima liga cdo entre a refletir e a atitude de filosofar é realizada pela referéncia constante @ histéria da filosofia, ao masmo tempo que se abre espaco para a autonomia do pensar. Diante des pragméticos para os quals a filosofia parece indtil, acenamas com a importaéncia e a necessidade desse tipo de reflexao. Pode-se rever, na primeira parte deste Suplemento, os tépicos abar- dadas para justificar a incluso da filasofia na grade curricular do ensina medio. Explicamos o significado de “filosofia de vida" para distinguHla do tipa de reflexéo filaséfica, sempre prable- ‘matizadors e fundada na heranca da historia da filasofia. Com Immanuel Kant, estabelecemos a intima ligagao ‘entre orefletireaatitude do filosofar, sem esquecer que ‘oprocesse do conhecimenta filosdfica esta intimamente, ligado a filosofia como produto (a histéria da filosctia) Terminamas com uma digressao a respeito de Sécrates, com a intengdo de exemplificar algumas caracteristicas da filosofia que permanecem até hoje. » Sugestées complementares E interessante apresentar aos alunos @ prondncia dos nomes de fildsofas, sobretudo os de lingua alema @ francesa, jé queos estudantes geralmente se encan- tram mais familiarizades como inglés. € compreensivel que no se fale em pronancia "correta’, porque, além, ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR das variacées no proprio pals, temos dificuldade em, Pronunciar alguns sons tipicos de outras linguas, Vejamas alguns exemplos: 1 - Dicas para a lingua alema + wtem som de “v" Weber (véber) + gtem som de “gue": Engels (énguels); +h tem som aspirado: Wilhelm Hegel (vilrelm réquel), Habermas (rabermas), Hannah (rang), Husser| (russel); + Jtem som de Jung (iung), Jaspers (iaspers); + stam som de Simmel (zimel); + v tem som de “f Yolk (folk), tarmo qua significa “povo", von (fon), particuls traduzida por “de” Johann Wolfgang von Goethe (idrran volfgang fon guet, em que “é" @ pronunciada cam a boca arredandada em “bie final de Goethe desaparece); + eitem som de “ai": Heidegger (raidequer), Horkhei- mer (rork réimer), Wittgenstein (vitguenstain), Einstein (sinstain), Leibniz lisibniz) + eu tem som de “6i”: Freud [fréid). Atengao: Nietzsche se diz “nitchi*; Kant é “kant”, embora alguns alunos tendam a pronunciar equiva- cadamente "kent, por influéncia da lingua inglesa; ha também a tendéncia de chamar Locke (léc) errada~ mente de “luc” 2 - Dicas para a lingua francesa + no se costuma pronunciar o"s* € 0"e"do final das palavras: Descartes ("decért”, note que também no é pronunciada o 's" da primeira silaba); + au tem som de “0”: Lévi-Strauss llevistros}; + ai tem som de "6": Baudelaire (bodelér); + eu tem somde"e” fechado, arredandando a boca em, “bico": Deleuze (sem pranunciar 0 "e" final, “deléz") + eau tem som de “6”: Maurice Merleau-Ponty [morrice merl6 pont); + u tem som de “d*, quase um ‘T arredandanda os labios em *bico": Camus (camé, oxitona, sem pro- huunciar 0s" final), Althusser (altussér); + outem som de"u":Rousseau (russé), Michel Foucault {michel Fuca; + oir tem som de "oa": Simone de Beauvoir (bovodr); + rot tem som de "rro": Diderot: jerra) + gn tem sam de “nh”: Montaigne (monténhe, cam 0 “e” final quase sem ser pronunciada); + ean tem som de “an*: JearrPaul Sartre (jan pol sartre). Qutrasdicas: Bourdieu (burdi@), Durkheim (durkraim), Félix Guattari (felix guatorri), Fourier (furrié), Gérard Le- brun (guerrar lebrén), Henri Poincare (anri poancarré), Jacques Derrida (jac derrida), Jean Baudrillard (an bodriar), Jean-Francois Lyotard (jan francoa liotr), Hippolyte Taine Cipdlit tein), Luc Ferry (luc ferril, Mon tesquieu (montesquié), Edgar Morin (edger morrén), Rabelais (rabelé), Ricoeur {riquér), Saint-Simon (sansi- ‘mén), Saussure (socir), Teilhard de Chardin (teiard de chardan), Touraine (turréin), Voltaire (voltén. Atividades complementares IEW Pedir aos alunos que respondam a questao a seguir. Expliqueo que Edmund Husser! quis dizer com a aparen- ‘te ambiguidade segundo a qual ele “sabe” e, a0 mesmo ‘tempo, "nao sabe" o que ¢ flosofia. Husserl quis dizer que nao ha uma definigie unica de filosofia, & que cada filbsofo repensa e reconstréi cons- tantemente o que entende por filosofia. Esse conceito vvariou conforme o tempo e o lugar. [ED Leitura analtica da ctagio de Kar Jaspers: A filosofia se vé rodeada de inimigos, a maioria dos quais nao tem consciéncia dessa condigdo. A autocom- placéncia burguesa, 05 convencionalismos, o habito de considerar o bem-estar material como razdo suficiente de vida, ohabito de 6 apreciar a cincia em fungaodesua utilidade técnica, oilimitado desejo de poder, a bonomia dos politicos, o fanatismo das ideologias, a aspiracéo a um nome literdrio ~ tudo isso proclama a antifilosofia. E (os homens nao a percebem porque nao se dao conta do {que esto fazendo. E permanecem inconstientes de que 2 antifilosofia é uma filosofia, embora pervertida, que, se aprofundada, engendraria sua prépria aniquilacao. JASPERS, Ker. Introducto ao pensamente fosofco. ‘So Paulo Dultrs, 2005, p, 139140 a) Indagar a respeito de Karl Jaspers, Karl Jaspers (1883-1959), Alésofo lem: estudos pela medicina e pela psiquiatria, o que marcou sua reflexéo a respeito da liberdade e dos limites da exist@ncia humana. ) Solicitar aos alunos que procurem o significado de diversos termos ou expresses que aparecem no texto (ou discuti-los com eles). Exemplos: + Autocomplactncia burguesa: autocomplactncia signi fica “a disposigao de atender aos desejos e as manias de simesmo' (complacénciaé essa mesma disposicdo para ‘com os outres); burguesa: no contexto,reflete os gostos de pessoas da classe média ou da classe médie alta + Bonomia dos politicos: literalmente, a bondade dos politicos; mas oautor usa otermo emsentide pejorativo, ‘denuncianda os que so simplérios (simplicidade exces siva,ignoracia nos limites da estultice). + Fanatismo das ide logias: ideologiasno sentido de visio ‘de mundo sem critica que allmenta fanatismos, ou sj ‘conviegbes inabalaveis. 4 Verifcar se 05 slunos compreenderam a critica feita pelo filésofo. ‘Trata-se da recusa do flosofar (a antifilosofia), que traz ‘consequéncias perversas, jf que individuo se recusa a [penser e se amolda a convicgdes inabaléveis, a habitos hao questionados, sobretudo aqueles influenciados pelo ‘mundo contempordneo,que exalta o bem-esiar materia, ‘pragmatism, hedonismno,o desejode glériaeo suces- ‘so aqualquer custo. Para Jaspers, porém,a antifilosofia é Slosofia porque, em iltima instancia, recusarse arefletit sobre o seu modo de viver de determinada manera ja é lum pensamento, s6 que pervertido, porque desvirtuado ‘de seu significado humano mais fundamental, ou seja, ‘conhecimento de si mesmo. 4) Problematizar 0 texto com base no cotidiano de al- gumas pessoas conhecidas dos alunos (ou @ vida deles ‘mesmos), dando exemplos. Supor que a reflexao filoséfica é prerrogativa apena: ‘daqueles que se ocupan com as ciéncias lhumanas é tum equivoco, quando, na verdade, a filosofia abrange todas as éreas, Nesse sentido, deveria fazer parteda vida de todos, sejam clentistas, engenhelros, negoclantes ‘outros. Pode-se exemplificar a questi cltando 0 apreco ‘gue certas pessoas (2m pelos avangos da tecnologia sem considerar os efeitos prejudiciais 20 ambiente, ou com ‘os beneficios do progresso que nfo sto distribuidos de ‘maneia justa entre totos etc. As origens da filosofia Neste capitulo apresentamas algumas caracte- risticas dos mitos- as formas que eles assumemna contemporaneidade -@ @ passagem da consciéncia mitica para a racionalidade filos6fica na munda grego. A filosofia no resultou de um “milagre grego", que teria separada mito e razac. A nova ordem humana fol lentamente construida com o aparecimenta da pélis, da escrita, da moeda, da lei escrita, elementos que possibilitaram maior capacidade de abstragao e de discussao, 0 que estimulou a consciéncia critica. O mapa da Grécia antiga (pagina 29) permite que o aluno localize as colonies gregas (Magna Grécia, atual sul da Ttalia) e Jénia (atual Turquial, locais onde surgi a filosofie, facil identificer os pré-socraticos por meio dos pontos amarelas, No periada classico, com pontos vermelhos, vemos Sécrates (c. 470-399 a), Platao (c. 428-347 0.0) e Aristoteles (c. 384-322 aC. ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR este ultimo indicade em Estagira, cidade da entéo Macedénia onde nasceu; entretanto, acrescente que ele viveusua maturidade em Atenas, tendo all fundada ‘o Liceu, Por fim os filésafas do helenismo grego estao dessa oposigao para os filosofos pré-socraticos, Em seguida, busquem exemplos para explicar de que maneira atualmente continua existindo esse tipo de indagacae filoséfica. assinalados em verde. Destacamos os conceitos fundamentals dos principais filésofos pré-socréticos @ a influéncia que exerceram no pensamenta posterior. Algumas pistas entre as pré-socraticas: a eritica ao mito, fundade na crenca dos poderes divinos, e sua substituicao pela arqumentacaofiloséfica. Nas teorias, elaboradas, a opiniaa baseia-se nas aparéncias,maso logos (razao) conduz a verdade, ainda que varie entre 08 filésofos 0 que cada um considera aparéncia (ver, ‘a oposicaa entra Herdclito e Parménides). Quanto & atualidade, a filosofia busca ir além do senso comum, que muitas vezes se apresenta de modo nao critico, apenas repetindo tradic6es nao questionadas. A filosofia pressupde uma constente disponibilidade para a indagagao, para surpreender-se com 0 dbvio & ‘quastionar as verdades dadas. Nesseaspecto, pade-se colacar em xeque preconceitos arraigacos. Caen A pré-compreenséo Francoise Raffin é uma professora francesa contemporanea. Neste texto, ela ponderaa respeito das caracte- sisticas da filosofia, contrapondo-a ao preconceito, um pré-comhecimento.em que a rardo é passiva, pois se trata de um conhecimento desprovide de justificativa racional. De acordo com Kant, essa passividade leva 0 individuo 2 heteronomia, ou seja, a aceitar os valores recebidos sem critica, tomnando-se incapaz de pensar por si mesmo, Porisso 0 precanceito precisa ser combatido em nome da verdade. 20 final dotexto, autora analisa que, do ponte de vista sco, opreconceito 6 fator de exclusio.e, dopontade vista tedrico, 6umabstéculo ao conhecimento,jé quendo ésustentado por uma base teérca.O professor pade solicitar aos alunos que apresentem argumentes filoséficos justificando a necessidade de critica ao preconceito, » Sugestao complementar Atividade complementar Andlise de conceitos em grupa. Solicitar acs alunos: que leiam o enunciado e respondam a questa Verdade e opinida so dois canceitos antagOnicos, Analise com os colagas de seu grupo a importancia © preconceito A luta contra 05 preconceitos caracteriza a a¢do da razéo que procura se emancipar de uma situacao_ inicial de dependéncia para alcancar a autonomia de um pensamento que se firma por suas préprias forcas. "Sapere aude", ousa usar teu préprio entendimento, esta é, segundo Kant, a palavra de ordem do luminismo, movimento que incita cada um a se liberar dos tutores, da autoridade da tradicSo, para pensar por si mesmo, Anogio de preconceito © preconceito é uma ideia recebida sem critica, uma opinio aceita sem elaboragSo pessoal. Por isso ele 6 tido habitualmente como uma presunco de saber e como tal é geralmente desacreditado. Sua etimologia latina praejudicium, comum a preconceito e a prejuizo, nos demonstra isso: de fato, vemos no preconceito ro somente uma afirmagio desprovida de justificativa racional, mas também a fonte de controvérsias, de conflitose mesmo de violéncias que dividem e opdem os homens. Kant define o preconceito como “a tendéncia & passividade e, consequentemente, 8 heteronomia da raz3o" (Kant, Critica da faculdade do juizo, § 40). ‘Assim, ele n80 apenas marca a natureza dos preconceitos, mas também ressalta as duas maiores questOes, em nome das quais se trava a luta contra eles: + Em primeiro lugar, sea rarBo 6 passiva, ela pode ser ofuscada pelo erro e pela ilusio; o preconceito deve ser combatido em nome da verdade. + Em segundo lugar, se a razi0 & passiva, 0 sujeito no pensa por si mesmo e recebe sua lei do exterior; 0 preconceito deve ser entao combatido em nome da liberdade. Pensar livremente, ser autonomo é ser agente de seu préprio pensamento, tl ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR Lutar contra os preconceitos A luta contra os preconceitos, tantas vezes invocada, parece um imperativo, um dever para quem almeja © conhecimento verdadeiro e 0 acordo entre os espiritos. Na realidad, os preconceitos podem aparecer, de acordo com que acabamos de estabelecer, como algo que € preciso eliminar.€ isso por duas razdes: + Do ponto de vista ético, 0 preconceito exclui; ele particulariza. Sem duvida, ele permite unir uma comu- nidade através de uma espécie de bom senso comum, Mas esse senso comum nao seria apenas, como observa Hegel, “a maneira particular de ser limitada de uma naco em um tempo e um lugar determi rnados"? Além disso, o bom senso ¢ “muitas vezes pouco sadio” e pode ser definido como "0 modo de pensar de uma época no qual estéo contidos todos os preconceitos dessa época” (Hegel, Ligdes sobre 2 hist6ria da flosofia, tomo 1) + Do ponto de vista tedrico, 0 preconceito aparece como um obstaculo ao conhecimento. Pior do que a ignorancia, que é apenas uma falta de conhecimento, ele se apresenta como um julzo do qual expde a forma exterior. Muitas vezes, ele se apresenta como uma explicagio de como as coisas so, mas, ‘como ele ndo se apoia em nenhuma base racional, deve-se suspeitar de sua verdade. Muitas veres, le nao passa de uma racionalizagSo secundéria de situagdes vividas, que ele pretende essencialmente justificare, portanto, manter. Aparentemente explicativo, na verdade ele tem uma fungSo pratica e até ‘mesmo politica. [..] Distingdes conceituais Preconceito, opiniso, juizo Essas trés nodes esto classificadas aqui segundo uma ordem crescente de racionalidade: + © preconceito ¢ uma ideia recebida, aceita sem exame critico e sem elaboragao racional. + acpiniao é um parecer formado a partir da experiéncia. Ela supde uma certa atividade intelectual: com, paracao de situacdes particulares e reflexdo. Dizemos: "formar uma opiniao”, “construir uma opiniso” Afirmamos: “esta é minha opinigo”, enquanto ninguém pensar em dizer: “este é o meu preconceito”. ‘Todas as opinides se equivalem? Do ponto de vista do seu contetdo, nao: algumas sao verdadeiras, outras io falsas, Somente o conhecimento permite decidir sobre opiniges opostas, Mas elas se equivalem se Consideramos sua insuficigncia tedrica: uma nao vale maisdo que 2 out, pois nenhuma esta realmente fundamentada na razdo. E todas as opinides s8o respeitaveis? Somente as pessoas 0 sto, e é na medida fem quea liberdade de opiniao e de expressao thes & reconhecida que as opinides merecem respeito, + 0 juizo € a faculdade de distinguiro verdad ei do falso, Enquanto a opiniao nao tem um fundamento racional assegurado e ¢ varidvel e instavel (*troca-se de opiniao como se troca de camisa"), o juizo de conhecimento ¢ uma asser¢ao fundamentada na razao. RAFFIN Frangoie equonsintro08 los Rode jet FY Editor, 2009p 27-39 (Colegio FLV de blo, Série Flos) ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR UNIDADE | IT A condicado humana ‘A unidade IL, "A condi¢do humana’, é constituida por trés capttulos, que abrangem a diferenca entre natureza e cultura, a linquagem humana, o mundo do trabalho e os riscos de alienacao. Esses temas forne- cam a base da qual se irradiam as perspectivas das outras unidades, que via ampliar a visso introcutéria, da entropologia filoséfica. (CED Natureza e cultura 0 capitule tem par objetivo a introducéo & analise antropoldgica a fim de distinguir o ser humano do animal. Descobrir o que ha de “natural” no ser humano significa encontrar o que nele é fundamentalmente cultural, Comparando criancas, que cresceram sem a transmissfo da cultura pelo intercémbia com outros seres humanos, percebe-se que a grande ruptura entre ser humane e vida ani- mal encontra-se na entrada no mundo da linguagem simbélica, ‘Ao dar sentido as coisas, a histéria humana é construfda no movimento canstante entra tradicao @ ruptura. Vivemos hoje um momenta de ruptura dos, padrées da modernidade, a0 adentrarmos 3 era da sociedade da informagao e do conhecimento devido ‘Aampliacéin dos recursos de informatica, capazes de nos conectar de inumeras maneiras ¢ com rapidez, nunca alcangada anteriormente. Sugerimos, antes de comecer aleiturado texto, que ‘© professor investigue as concepcdes que os alunos, jé tem a respeita do assunto, com a questéa: "0 que 60 ser humana?” » Sugest6es complementares Atividade complementar Solicitar aos alunos que observem as duas imagens ag lado. Processo industrial, capitalisma e pedagogia podem ser apresentadas como os trés grandes refe- renciais do mado de vida acidental contempardine. ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR Lina de producto de aparelne celular em uma fébrica na cided do ‘impo, Coria do Sl, 2011. ‘aula ne Escola Estadual de Educacao Profesional Paulo Petrol, om Fortaleza (CEL 2013, Podemas imaginar que:(1) s¢houve a possibilidade de actmulo e, por sua vez, de distribuicde de renda para, a criacao do sistema econdmico capitalista por meio, da (2) fabricacaoindustrial répida, eficaz e continuade produtos que, por sua vez, s6 foi possivel pela (3) edu- ‘cagao dos corpas e mentes para que se adaptassem, ‘esse modo de vida. Nao por acaso, fi ao longa de todo, esse perioda de formagaa da sociedade industrial que surgiram as ciéncias pedagdgicas e, logo depois, as es- colas como espagos/tempos de educacao do individuo para determinado moda de ver, pensar e agir no mundo, Com base nesse cendrioe comparanda as imagens cima, pediraos alunos que evidenciem, comexemplos,, as relacdes que essas trés nochas estabelacem nas, nossas sociedades e, de forma critica, que apresentem aspectos negativos e positivos proporcionados pela, ‘escolarizagao da mundo, Oalunosdevem serincentivadosa desenvolver uma raflexdo critica cobra o ambiente escolar:apreender a complexa realidade de uma sala de aulae,porventura, das relagdes sociais em geral.Ao mesmo tempo que ‘a escola se tornou o lugar da difusao e aquisicao do conhecimento e da cultura, proporcionando-nos a de- senvolvimento pessoal esocial,ela também participa da estrutura de conservagaa dos habitos, tradicbes: e verdades nao contestadas. Sua dispasi¢éo espa cial e temporal lembra a de uma fabrica. 0 professor @ 08 demais funciondrios de uma escola (0 auxiliar de patio, o coordenadar e 0 diretor funcionam como, diferentes niveis da tearia pan-éptica, Até os ideais & valores propagades pela escola - coma melhoria de vida, formacao da exceléncia técnica e do carater mo- ral do individuo, a salvagéo do mundo pele educacao, de todas ~ 880 assumidos hoje sem a devida suspeita. Adigcussa0 pode.se encaminhar para diversas ladas; contudo, vale ressaltar que talvez a mudanga dessa, realidade nao passe somente pelos espacos, mas, pelos valores. Por exemplo, a escola poderia ser destacada como um lugar de constante aprendizado, nao pela pura repeticda dos conteudos, mas pelo encontro, pela discusséo e pela possivel construgao, de questionamentes e novos conhecimentos acerca da realidade, ‘Sugestées bibliograficas FOUCAULT, Michel. Microfisica do poder. Rio de Janeiro: Paze Terra, 28, ed, 2014, Esse livro é composto de diversas artigas e cursos do Collége de France, em que Foucault discute os micropoderes nas praticas e relacdes de poder dis- seminadas no corpe social. Destacamos 0s capitu- los "Geneslogia e poder’, "Soberania e disciplina" e “Oolho da poder’. ____.Vigiar @ punir, Ahistéria da violencia nas prises. 35. ed. Petrépalis: Vozes, 2008. Essa obra divide-se em trés partes, em que nas duas primeiras ¢ feita um historico da legislacéa penal e das punigdes desde o século XVII; na terceira parte, 6 examinado o tipo de disciplina voltada para a doc lizag8o dos corpos desenvalvida em instituiches fechadas como prises, fabricas e escolas. CASTELLS, Manuel. A era da informacdo: economia, sociedade e cultura, Sao Paulo: Paze Terra, 1999. v.2, Ver capitulo4:*0 fim do patriarcelisma:movimentos socials, familia e sexualidade nara dainformacao”, ROUDINESCO, Elisabeth. A familia em desordem. Ric de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, Obra em que a psicanalista reflete sobre as muta- ces da familia contemporanea, Linguagem € pensamento E necessério que os alunos compreendam a impor- tancia das linquagensnaformacaa de munde humana sua intima ligagdo com nosso modo de pensar 0 mundo, tanto 0 subjetivo quanto 0 objetivo, exterior a rnés.€ importante destacar que ariqueza dalinguagem faz com que observemos © mundo e construamos 0 nosso mundo também de maneira mais rica, com mais detalhes, mais contrastes, mals precisa. 0 universo simbolico da linguagem humana 6 0 meio pelo qual conseguimos campreandar o munda @ nos comunicar com ele. Para exempliicar coma esta afirmago nao @ tao Obvia quanto passa parecer, suger mos um trabalho cam a flme 0 milagre de Anne Sullivan (Estados Unidos, 1962, direcéo de Arthur Penn). A obra trata do proceso (lento e conflituoso) pelo qual Helen Keller, uma manina cega © surda-muda, com a ajuda da professora Anne Sullivan, consegue compreender © significado da linguagem de sinais se livertando da esfera de silencio e escuridao, compreendendo omunda a sua volta e se fazendo compreender. Com dois pequenas trachos (no inicio, a cena no es- critériodo pai, que se inicia por volta do sexto minuto do filme,e,no final, descoberta do significado dos sinais), 6 possivel exernplificar como a auséncia da linquacem 2 isolava. Inicialmente, Helen era trateda pela farm praticamente como um animal de estimagaa (com atendimento das necessidades bésicas e algum afeta) porgue nao conseguia comunicar seus sentimentos & necessidades. 0 “acesso ao mundo” sO @ conseguida pela apreenséio e utilizacao da linguagem. Ha verstes legendadas do filme disponiveis na internet. » Sugestéo complementar Atividade complementar Criagao de histéria em quadrinhos. Esta atividada pode ser realizada em conjunto com as disciplinas de historia, arte e lingua portuguesa, Aproveitando e pesquisa eita sobre linguager daHQ, nnasecdo Atividades,pode-se propor a oriagdo de urna his- t6ria er cuadrinhos valendersedeum fetahistérica local, regional nacional ou muncial, dependenco da preferéncia dos alunos efoudo contetido do curso de historia. Eessen- cial, entretanto, que o tema seja o mesma para todos, Os passos para a atividade 80 os seguintes: + Dividira turma em grupos de trabalho. + Escolher a faixa etéria do publico para 0 quel seré feita aHQ:criancas nao alfabetizadas, criancas alfa- betizadas, adolescentes, adultos, idosos. ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR + Escolher a tipo de linguagem: cologuia, ingue pa- rao, cialeto especifica (se possivel com 0 apoio do professor de lingua portuguesa) + Escolher tema histérica + Realizar a pesquisa histrica + Selecionar os momentos-chave da narrativa. + Roteirizar @ narrativa prevendo desenhos, perso- nagens, dislogos. + Fazer um primairo rascunha com os professares envolvidos na projeto. + Analisar 0 resultado # aperfeicaéo. + Finalizar a HQ em grande formato: uma folha Ad para cada quadro. + Apresentar para toda a classe @ professores en volvidos. Esta etapa pode incluir uma conversa @ respeito do material apresentado. + Apresentar para o publico especifico, que avaliard 6 trabalho pelos sequintes critérios: compreensdo do tema e prazer em ler 8 HO. Trabalho, consumo e lazer O trabalho é uma das atividades que caracterizamo ser humano eo distinguem do animal. No entanto, nem, ‘sempre o trabalho encontra-se a serviga dahumaniza- co. Aa contrério, a histdria nos tem mostrado como, prevaleceu a alienagao, por exemplo, nos casos extre- mos de servidéo, passando pela exploragao de servos @ posterlormente de operdrios durante a implantacao capitalista das fébricas, Esse situagdo mereceua crit ca de Karl Marx (1818-1889) ao identificar a alienagao na produgéo, que resultou no fetichismoda mercadoria ena reificacao do trabalhador. No século XX, Michel Foucault (1926-1984) inves- tigou come @ era da disciplina foi instaurada pela burguesia no século XVII, facilitando a docilizacao dos corpos. Na saciadade pés-industrial pravalece o setor de servicos, mas a “perda de si, ou seja, a dilui¢ao do “eu” contamina outros setores da vida humana, como, ‘consumo, o lazer e as ralaches pessoais. Nesse capitulo, refletimos sobre a necessidade da recuperar a centro de nds mesmos @ desse mado estabelecer relacdes mais prazerosas. » Sugest6es complementares Atividades complementares ll Atividade de pesquisa e criagao, Soliitar aos alunos que ‘pesquisem a fabula A cigarra e a formiga e, em seguida, respondam a questio: 1a Fontaine viveu na Franca do século XVII e escreveu varias fébulas que ainda slo muito conhecidas, entre as ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR quais se destaca A cigarra e a fermiga, Procure conhecer essa fabula e estabeleca a relacdo entre ela e a nova maneira de organizar @ disciplina do trabalho naquele século, Em seguida, pensando nos tempos atuais, crie outro final para a histéria, Na fébula de La Fontaine, enquanto a formiga trabalha aacigarra cantava, Quando chegou oinverno, néo tinha © quecomerefoi pedir formiga,sua vizinha. Prometeu The agar quando o verao chegasse. Mas a formiga, quando soube que ela “cantava noite e dia, a toda a hora’, ves- pondeu: "Cantavas? Pois dance agotal” ‘Aescolha de outuo final é pessoal. Por ter vivide em uma ‘época de valozizacdo do trabalho pela burguesiae deim- posigdo da disciplina, La Fontaine representa a formiga ‘como simbolo do trabalhador esforcado, sem distragzo alguma, ¢ desvaloriza a funcao do artista, porse dedicar ‘a algo que “nao € util’. Hoje vivemos na sociedade do consump e do lazer, que nao desvaloriza as atividades artistas e o entretenimento, representada pela cigarra, caitica os que so workaholic, fandticos pelo trabalho, Pode-se também relorcar que, apesar disso, muitos ainda nfl tém acesso cultura e a fmicio da arte, Atividade de leitura e anélise, Solicitar aos alunos que Jeiam o trecho da noticia, que aborda a concentracéo de renda, ¢ em seguida respondam & questa. ‘ORelatério Global daRiqueza de 2014, elaborado pelo bbanco Credit Suisse, aponta que 0 grupo que compée 0 11% mais rico da populagéo detém mais de 48% do capital mundial. £m 2074, 0 total de riqueza global aumentou, impulsionado sobretudo pelos Estados Unidos e Europa, Motada dariquoca mundial portance. M% da popula, ‘iz eelatorio Fata de, Paul, oi. 2016 Disponive em ayn fowl comtdmercaci2O4) TONSse272-metase-dariquezs-muncial- pertenceaerpopulacan-arelatore shtin> ‘Aewsaa em 13 ab. 2008, Quis sioasconsequincas dessa stung pm otabalho, Ainformagio do Relatério Global da Riqueza destaca o injusto contraste entte riqueza e pobreza na sociedade contemporénea. Se em todo o mundo apenas 1%da popu- lagio detém quase metade da riqueza do mundo, ésinal e que a grande maioria esta excluida dos beneficios do twabalho, de consumo e do lazer, Propor aos alunos que reflitam sobre a afirmagio: "Seo tra: balho alienado compromete a posse de si mesmo, o lazer também pode fazé-lo” Em seguida,solicitar que escrevarn, lum breve texto considerando as atividades de lazer sob dois aspectos: as que podem estimular a imaginacio e/ou gerar conhecimentoe aquelas que levam & acomodacio. Aatividade pode ser concluida com um debate sobre 0 tema 0 objetivo da questéo € uma reflexdo sobre lazer € passividede. Espera-se que o8 alunos pexcebam que @ alienagio pode depender menos do tipo de lazer e mais da postura individual. Por exemplo, pode-se assist & televisao (atividade frequentemente classificada como alienante) de forma critica, mantendo-se atentos as informacoes, questionando as fontes e interesses que podem ser atendidos com determinada programagao. Capital humano e capacidade humana “Amartya Sen (1933) é um economista e flésofo indiano que trabalho no Reino Unido e nos Estados Unidos. ‘No texto a seguir, vale destacara dstingdo fita entre capital humana e capacidade humana, O capital humana atua no incremento da producao de mercadorias, enquanto a educa do voltada para o desenvolvimento dacapacidade humana visa alcancar beneficios para todo ser humano, compreendido como pessoa livre e com direito ao bem-estar. Sen critica a incapacidade de se alcancarem esses beneficios, 0 que ocorre pelo fato de a mercadoria adquirir mais Importincia que os individvos Com os alunos, vale comparar esse pensamento com as criticas elaboradas pelos frankfurtianos, que, porca- minhos diferentes, explicam como arazao instrumental tem se sobreposto aos interesses propriamente humanos. Na andlise econémica contempordnea, a énfase passou, em grande medida, de ver a acumulagio de ca- pital primordialmente em termos fisicos a vé-la como um processo no qual a qualidade produtiva dos seres humanos tem uma participagao integral. Por exemplo, por meio da educacao, aprendizado e especializacgo, as pessoas podem tornar-se muito mais produtivas 20 longo do tempo, e isso contribui enormemente para © processo de expansao econdmica, Em estudos recentes sobre crescimento econémico[...] a énfase dada 20 "capital humano" & bem maior do que a de estudos semethantes realizados no muito tempo atrés Como essa mudanca se relaciona a vis8o do desenvolvimento — desenvolvimento como liberdade? [.] Mais particularmente, podemos indager qual ¢ relacdo entre a orientacdo para o “capital humano’ € a énfase sobre a “capacidade humana’ ...]? Ambas as abordagens parecem situar o ser hurmano no centro das atenges, mas elas teriam diferencas além de alguma congruéncia? Correndo o risco de simplificagso excessiva, pode-se dizer que a literatura sobre capital humano tende a concentrar-se no potencial [..] das pessoas para levar a vide que elas tém razdo para valorizar e para melhorar as escolhas reais que elas possuem. Essas duas perspectivas ndo podem deixar de estar relacionadas, uma vez que ambas se ocupam do papel dos seres humanos , em particular, dos potencias efetivos que eles realizam e adquirem, Mas 0 aleridor usado na avaliagdo concentra-se em realizacdes diferentes. [..] Vejamos um exemplo. Se 2 educacéo torna uma pessoa mais eficiente na produgio de mercadorias, temos entéo claramente um aumento do capital humano. Isso pode acrescer o valor da produgéo na econo- mia e também a renda da pessoa que recebeu a educa¢0— 20 ler, comunicar-se, argumentar, ter condicBes de escother estando mais bem informade, ser tratada com mais consideracio pelos outros etc, Os beneticios da educagao, portanto, excedem seu papel como capital humano na produgio de mercadorias. A perspectiva mais ampla da capacidade humana levaria em consideracao—e valorizaria — esses papeis adicionais também, Assim, as duas perspectivas 580 estreitamente relacionadas, porém distintas. [.] (© uso do conceito de "capital humano” — que se concentra apenas em uma parte do quadto [...] com certera uma iniciativa enriquecedora, Mas necessita realmente de suplementacao. Pois os seres humanios no sao meramente meios de produgao, mas também a finalidade de todo o processo. [+] Importa ressaltar também o papel instrumental da expansdo da capacidade na geracio da mudan- «2 social (indo muito além da mudanca econémica), De fato, o papel dos seres humanos, mesmo como instrumentos de mudanca, pode ir muito além da produgdo econbmica (para a qual comumente aponta a perspectiva do "capital humano”) ¢ incluir 0 desenvolvimento social e politico. Por exempl, [..] aexpan- Sao da educacdo para as mulheres pode reduzir a desigualdade entre os sex0s na disteibuicso intrafamilisr também contribuir para a reducao das taxas de fecundidade e de mortalidade infantil. A expanséo da educagio basica pode ainda melhorar a qualidade dos debates piblicos. Essas realizagées instrumentals podem ser, em iiltima analise, importantissimas — levando-nos muito além da producao de mercadorias convencionalmente definidas. ‘Ao buscar uma compreenséo mais integral do papel das cepacidades humana, precisamos levar em consi- deracio: 1) sua relevincia direta para o bem-estar ea liberdade das pessoas; 2) seu papel indireto, influenciando a mudanca social; 3) seu papel indireto, influenciando a produg8o econémica, A relevaincia da perspectiva das capacidades incorpora cada uma dessas contribuigdes. fm contraste, 0 capital humeno da literatura dominante ¢ visto primordialmente em relagio ao terceiro desses trés papéis Existe uma clara sobreposi¢io de abrangéncias — e essa sobreposicSo é importantissima, Mas também existe uma forte necessidade de ir muito além desse papel acentuadamente limitado e circunscrito do capital humano ao concebermos 0 desenvolvimento como liberdade. SEN Amanya Desenvolvimento camo tberiae. See Paulo.Companhia das Letras 2000p 331-336 ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR unipabe | JIT Conhecimento e verdade Esta unidade € composta de seis capitulos. Os trés primeiros comecam peladiscusséo sobre o que é conhecimenta, o significado das ideolagias @ a légica. Nos trés ultimos, é apresentado um retrospecto das diversas teorias do.conhecimento desde a Antiguidade até os tempos atuais. Os filésofos da Antiguidade buscavem a verdede, @ esséncia das coisas, perguntando: "0 que € ser?”, “Tato que existe, 0 que é?". Na modernidade, surgiu o questionamenta sobre os critérios do conhecimento: “O que € possivel conhecer?”, "Oe que podemos ter certeza™. No Idade Média, inicialmente o platonismo e, depois, 0 aristotelisma foram adaptados a fé cristé. Descartes contrapos a metefisica da modernidade & tradigo, dando inicio a um periodo de mucancas com as tendéncias do racionalismo, as quais se opuseram 0s representantes do empirismo (Locke) e do ceticis- mo (Hume), Ocriticisma de Kant representoua critica da meta- fisica, teoria que se desdobrou no idealismo de Hegel eno materialisma do século XIX, representado pelo positivismo de Comte e pelo materialismo dialético de Marx. Na Idade Contempordnea, a chamada “crise da azo" acentuou a critica & metefisica e & verdade ‘como representagao, com destaque para Nietzsche. No século XX, a investigagao sobre a linguagem assu- miu um importante papel com a filosofia analitica de Wittgenstein. Ands a teoria critica dos frankfurtianos, afilosofia pos-modeerna se apresentou comtendéncias diferenciadas com Foucault, Derrida e Gilles Deleuze. O que podemos conhecer? Este capftulo, que abre a unidade, indica os prin- cipais temas sobre o canceito de canhecimenta: a verdade e a distingao entre conhecimento intuitive conhecimento discursivo. Em seguida, 880 examinados, ‘5 impasses da dagmatismo e do ceticismo com a elucidacao do significado de dagmatismo filoséfico, ‘expresso com a qual Kant (1724-1604) classificou os, filésofos que 0 antacederam ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR Oceticismo foi analisado com base no pensamento do sofista Gorgias (c. 483-375 a.C.), do renascentista, Montaigne (1583-1592), do filésofe moderna Hume (1711-1776) e do brasileiro contamporaneo Oswaldo Porchat (1933). 0 conceite tradicional de verdade vern sofrendo eriticas desde o final do sécula XIX, com os ‘chamados “mestres da suspeita” ~ Marx (1818-1683), Nietzsche (1844-1900) e Freud (1856-1939) -, desen- cadeadores de um proceso que colocou em questao ‘a critéria de evidéncia, até entao vigente na filcsofia tradicional, com excecdo de tradigao cética. Essa discussao persiste até hoje. » Sugest6es complementares Atividades complementares LEW Enuevista,produgio de texan ediscussio.A proposta dessa atividade ¢esclarecer quaiss40 08 tipos de conhecimenta, Sugerimos ao professor a divisio da classe em grupos Dequenos para realizar entrevistascurtas com os demais professores da escola e com profssionais que idem com Dutzos tipos de saber «fim deinvestigaro que caracteriea cada irea deconhecimento,Pode-se, porexemplo, consul taros professores de Hsica,qulmica, matematica, histezi, geograla, art, biclogia, perguntando sobre o dbjeto de cada disciplina, ou entrevistar um padre, um pastor, ura rabino etc, indagando sobre o que é o saber religioso Recothidas as informacbes, cada grupo elabora um texto para apresentar aoscolegas. Em seguida,discute-secomo A Glosolia se insere nesse universo do conhecimenta ‘El Leiturae compreensio de trecho citado. Os alunos deve- tio ler a citagao de Nietzsche e, em seguida, realizar as atividades propostas, (© que é verdade, portanto? Um batalhio mével de metaforas, metonimias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relagbes humanas, que foram enfatizadas podtica eretoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, apéslongo uso, parecem a um pave slidas, canénicas e obrigatorias: as verdades s0 ilusdes, das quais se esqueceu que 0 530, metaforas que se tomaram gastas e sem forca sensivel, moedas que perderam sua efigie e agora 36 entram em cconsideracao como metal, ndo mais como moedas. NIETZSOME, Friedrich W. Sobre verdad w manta no gmtide extra 3, Sc Pail Ar Cara 1983 p, HE, (Cslepac Ds Peneadores| a) Explique os termos metéfera, metonimia, antrepomorfismo e candnico, apresentados no texto, Seo professor desejar, as definigoes poderao ser trabalhadas antes daleiturada citagao. Metéfora: transferéncia de sentido de um termoa outro, por comparacao, em consequéncia de alguma sernelhan- (8; no contexto, a dela de algo que é tomado no sentido igurado. Metonimia: figura de retérica usada forado seu contexto de significagao; uso de um nome por outro; par exemplo: “respeite meus cabelos brancos" para significar "respeite minha idade’ Antropomorfismo: dar forma humana; no contexto, dar uum sentido as coisas de acordo com sua vivencla. Canénico: lative a cinone (ou cénon), modelo, padréo. b)Por que essa citagao demonstra o rompimento de Nietzsche com a concepgio tradicional de verdade? Niewsche critica a concepede tradicional de verdade, segundo a qual € possivel conhecer a realidade como ela &, Trata-se, portato, de uma solugéo metafisica € dogmitica. Além disso, Nietasche questiona aorigem das verdades edos valores. conclui que eles apenas parecer sélidos e obrigatérios, embora no passem de lusées ou ‘metéforas, Se convier, o professor poderd adiantar algu- ‘ma explicagio sobre a genealogia nietzschiana, como: a genealogia & o método que investiga a origem de certos Valores, a fim de denunciar as verdades que esto contra fo “querer viver" e que desse modo renegam os instintos ‘humanos vitais (mais informagbes nos capitulos 11, "Fi Josofia contemporanea’, 16,“Teorias éticas: abordagem cronol6gica”) [Ef Solicitaraos alunos que leiamas duas citagoes,comparem- ‘nas e analisem suas semelhancas, 0 familiar é ohabituale o habitual é o mais dificil de *conhecer’, isto é, de ver como problema, como alhsio, distante, "fora de nés |.) NIETZSOME,Frowrich WA gia cnei, S30 Pause: Companhia dos tas, 2001 5.251 Pedimos somente um pouco de ordem para nos pro- teger do caos. Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, ideias que fogem, que desaparecem apenas esbocadas, jd corroidas pelo esquecimento ou precipitadas em outras, que tam- bbém no dominamos.[.]€ por isso que queremos tanto _agamar-nosa opinioes prontas. DDELEUZE, Gilles: GUATTARI Fen 0 que ¢ osafa? ia de Janeic:Eltora 34,1002. p 250, Nietzsche refere-se A ilusio do conhecimento “cer: to" do cotidiano, pois o habitual é 0 mais dificil de conhecer. Nao ousamos questions-lo porque é mais cémodo permanecer preso a ele, Delewze (1925-1995) Guattari (1930-1992), de modo semelhante, afirmam que © caos é angustiante, desconfortavel ¢ por isso preferimos nos agarrar a opinides prontas. Os dois textos advertem sobre a necessidade de filosofar, esse ‘po de reflexto que descontia do dbvio e problematiza a realidade. Ideologias: as ilusées do conhecimento No capitulo sao analisados diversos sentidos do conceite de ideologia até ser abordade a significadone- ative dado por Marx e suas caracteristicas principais (naturalizacéo, universalizagao, abstracéo e aparecer social, lacuna e inversdo). Com exemplas dos qua~ drinhos, da publicidade e da micia, sao examinados, ‘espacos em que a ideologia pode instaurar-se e sabre «@ possibilidade da acéo positiva da contraidealogia. Outras concepcies de ideclogia sao representadas: por Gramsci (1891-1937), cam ocanceito de heqemonia,, Habermas (1929), ao analisaro agir instrumental, bem, ‘como o alhar critico de Ricoeur (1913-2005) ao rever as concepgées anteriores, » Sugestaéo complementar Atividade complementar Padir ans alunas que lelam o trecho selacionada & respondam &s questdes propostas. Em toda sociedade cvilizada existem, necessariamen: te, duas classes de pessoas: a que tia sua subsisténcia da forga de seus bracos e a que vive da renda de suas pro- priedades ou do produto de funcdes, onde o trabalho do espirito prepondera sobre o trabalho manual. A primeira 2 classe operaria ea segunda ¢ aquela & qual eu chama- ria de classe enudita, Os homens de classe operdria tém desde cedo necessidade do trabalho de seus fithos.Essas criangas precisam adquirir desde cedoo conhecimentoe, sobretudo, chabito do trabalho penoso aquese destinam. Nao podem, portanto, perder tempo nas escola. [..] Os fihos da classe erudita, 20 contrério, podem dedicar-se 2 estudar durante muito tempo. Tém muita coisa para aprender para alcangar o que se espera deles no futuro. Necessitam de certos tipos de conhecimentos que sé dem aprender quando o espirito amadurece e atinge determinado grau ded esenvolvimento, |. Esses 8 fatos que no dependem de qualquer vontade humana; decor- remnecessariamente da prépria naturezados homens eda sociedade:ninguém est3em condigbes de poder mudé-los. Portanto,trata-sede dados invaridveis dos quais devemos partir. Concluames, entdo, que em todo Estado bem admi- ristrado e no qual se dé atenao & educacao dos cidadéos deve haver dois sistemas completos de instrugao que nao tém nada de comum entre si, DDESTUTT OE TRACY. Ants 18021. be GOMES Caras Minayo [etal Tabu 8 conkocimente: amas ra advcacio do trabalhaior Sao Paul: Cortwe Autores Aazosiedos, 1967 p15 ‘SUPLEMENTO PARA O PROFESSOR a) Reescreva sucintamente o texto de Destutt de Tracy. No texto de Destutt de"Tracy, toda sociedade divide-seem classe erudita e classe opersia, Por isso deve haver dois sistemas diversos de instrugio- as criangas da primeira podem ter educaedo integral, enquanto as da segunda devem ser encaminhadas cedo para o trabalho. Segun- do 0 autor, rata-se de fatos naturais que no podemos alterar. 1b) Em que o sentido de ideologia em Marx, apresentado no lio didatico, difere do conceito usado por Destutt de Tracy? Destutt de Tracy (1754-1836) criow o termo ideclogia, no sentido de *ciéncia das ideins”, pelo qual pretendia com: preender como se formam as ideias em uma sociedade, fenquanto Marx destacou 0 cariter iusério © negativo da ideologia. ‘¢)Combase nas caracteristicasda ideologia descritas por Marx, identifique o carster ideolégico do texto: explique se ocorre naturalizagao e destaque trechos de inversao e lacuna, se houver. No texto de Destutt de Tracy ocome anaturalizagio: Bases, io fates que nao dependem de qualquer vontade huma- rng; decorrem necessariamente da propria natureza dos homens e da sociedade". H4 inversao quando Destutt de ‘Tracy afirma que em toda sociedade eivilizada existera necessariamente duas classes de pessoas, separando 0 ‘wabalho intelectual do manual, Trata-se de inversdo por- que toma o efeito como causa, isto & a separacdo entre as duas classesno é a causa que determina a existéncia de dois sistemas de ensino, mas éa consequéncia, pis é a elite que domina, excluindo os opersrios da educagao completa Porianto, a desigualdade nao é de natureza, mas é social. Ha também uma lacuna nesse mesmo trecho, ao ocultar-se a exploracaa de uma classe sobre outa, 4) Com base neste texto de Gramsci, identifique em que ele se distingue do texto de Destutt de Tracy, posicionando-se sobre o assunto. A diviséo fundamental da escola em classica e pro- ional era um esquema racional: a escola profisional destinava-se as classes instrumentals, a0 passo que @ clssica se destinava as lasses dominantes e aos intelec- tuais.[.] A tendéncia, hoje, € a de abolir qualquer tipo de escola "desinteressada''e formative’. [.]A crise terd ‘uma solugéoque, racionalmente, deveria seguir essa linha escola inica inicial de cultura geral,humanista,formeativa, ue equilibre equanimemente o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual, Deste tipo de escola Unica, através de repetidas experiéncias de orientacio profissiona, passar-se-& a ume das escolas especializadas (04 20 trabalho produtivo. RAMS, Antonio. inelectuaie organteagt da cutie 5. Ro de laneto:Calizagto Brass, 1085. IG. 6 (Ching Perepetivas co Home) Gramsci distingue-sedeTracy aocriticar aescoladualista, que destina uma formacio par a elite e. profissional zacio precove para os filhos de operdrios, Para Gramsci, a escola dnica (de formagao global) deveria ser universal ‘SUPLEMENTO PARA 0 PROFESSOR ‘e86 mais A frente os alunos se encaminhariam indistin- tamente para a profissionalizacao. 0 posicionamento 2 respeito € pessoal A logica constitui um instrumento importante para 0 pensamenta em geral e para o filosofar. Ela 6 oestuda dos métodos € principios de argumente- go, De inicio so abordados os tipos mais comuns de falacias - argumentas néo vélides -, para depois exeminaras regras do pensamento correto, por meio dos métodos e principios da légica tradicional, her- dada de Aristételes (c. 384-322 aC). Os critérios de verdade do enunciado e validade do argumento sao explicitados como quadrade de apasicoes e as regras do silogismo, bem camo a distingao entre os tipos de argumentacdo: a deducéo,ainducaa e a analoia ‘inda que alégica aristatélica continue senda util zada, 4 logica simbolica oumatematica configurou-se, ‘partirco século XIX,com a intuito de eriar uma lingua” gem artificial pera garantir maior rigor na argumenta- ‘Gao, Desse modo, ela naa difere em essencia da logica Classica, mas tornou-se mais técnica e, portanto, mais eficaz.E também mais universel, devide ao sistema de notagées e simbolos usados, que prescinde da lingua de cada pais. No tépico de légica simbélica, mereceu destaque apenas a ldgica proposicional (ou calculo propesicional), que estuda as formas de argumentes. » Sugest6es complementares Atividades complementares Exercicios de logica aristotélica, Ei ldentiticagio do tipo de Falécia, [estes exercicios,os alunos deverio identificaro tipo de Galicia nas seguintes proposisbes: a) Todos os homens sio racionais. Ora, as mulheres nao so homens, portanto as mulheres nio sio racionais. Equivoco (facia semanticaou de ambiguidade}-o termo homem esta sendo usado em dois sentidos (humanidade ‘pessoa do sexo masculina); nesse caso, como se vera adiante, ambéra fere 2 rgra Segundo. qual osilogismo 86 deve ter trés termos. ) Aceito o testemunho do padre, por ser um homem de f, e rejeito 0 do ateu porque nao confio em quem nao tem uma crenca. Este argumento deadobra-se em dois: é de autoridade ao considera confiavelo testeraurino de um padre —embor pacires também possam mentir ou se enganar—ao mesmo tempo que é um argumenta contra o homem, a0 descartar ‘por preconceito 0 testemunho do ateu

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