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HERMENEUTICA rE APLICACAO DO DIREITO OBRAS DO MESMO AUTOR. TERCEIRA EDICKO (AMPLIADAY 20_canuos waxumauzano Dprogresto © solariedade humana; jamais sera mesma in- ‘voeada para se agir, ou decidir, contra. preserigio. postive. ‘lara © precisa (1). Bota resalva, alts, tem hoje renos in~ portincia do que Ihe eaberia outrora: primelre, porque se e=~ vaneeeu 0 prestigio do brocardo — in lars cesat interpreta~ tio (2); segundo, porque, se em outros tempos se atendia a0. ‘resultado possivel de uma exegese se evitava a que condusi- ia a um sbsurdo, exceteiva dareza oa evidente injustig, hojee ‘com a vitria da doutrina da socializagio do Direito, mais 4o- ‘que nunea o hermeneuta despreza o fiat justitia, pereat mun des — se orienta polan consequencias provaveis da deco. 4 que frismente chegou (8). Entretanto, ainda no presente, Daidade que se invoca, deve ser acomodada so sistama do Diteito pétrio © regulada segundo a naturera, gravidade e importinela do negécio do ‘que se trata, as circunstincias das peatoas ¢ dos Iugarea, 0 22 {ado da civilzagSo do pais, 0 ginio ea indole dos sous habi- ‘antes (4) Tet) Geren ee gn ms Towname v T aes ee Cho, ‘vol pa maul pene yt ee “dprolonr Batted, ied Rei ee cise eh ale Sa oun JURISPRUDENCIA 198 — Ghama-se jurisprudéncia, em geral, — a0 con junto das volugées dndas pelos tribunals questOes de Direito relativamento wn easo particular, denomina-se juriapradén- tia a decisio constante e uniforme dos tribunals sdbre de- terminado ponta de Direito. ‘Na autiga Toma fove atuagio mals larga do que hoje se Ihe atribue: assim aconteci, porque aos Pretores abla 0 jus dicen. por meio de edicae declaravam como serin a justia fministrada no ano futuro, e déste modo completavam ¢ eo? Figiam o Direito vigente (1). Dé-se atualmente 0 contrério: flecideo magistrado 36 em expéci, embora em alguns e400 pre- ‘Ventve ¢ prospestivamenta, como em habeas corpus ¢ certos Tnterdicte, Nao estipula de modo geral, para o futuro, e=pres- fumente. Gntretanto o faz de modo indireto, impltcito; por ‘ave on individuos seit & sua jurisdigio e ox respectivos con Sultores se orientam yela jurispradéneta, que & sequida pelo tribunals inferiores (Or Pretores tornaram a justiga menos formalist, intro dusiram n eutas (eaidade) e pode dier-se que a des se dew ‘entrada de um elemento novo para o acervo da juridcidad oman, 0 fur gentium, que transformou 0 Direito Navionl. ‘Aauela foi «dade de onro da furieprudéncia, que teve presi @ aulonomia som par e @ astoridade de Direlto Consuetudina Fo (2). TBS — (1) “Dec, op et, p18. Vide o explo — Bat 12), casas o, em, 128; Daem, o. it. pe, WOT Bac tittle ia quae, print apceiden . f 2 ‘CARLOS MAXIMELIANO. 189 — Dasceu depois do seu pedestal. Adriano ordenouw aos prdprios magistrados que nos cares duvidotes se guiassem pelas opinion dar juriseonealtos; quando estas diverse, ‘aquelesescolhessem ‘a que Thes pareceise melhor, e descem a raasee da preferincia. Teodésio Ile Valentiiano TIT lmpie seram, em termos ainda mais eategérieos, a coneulta is obras de Pariviano, PAUL, Galo, ULPANO e MODISTINO; em he ‘vendo desacdrdo, optassem pelo primeira, e 96 mesmo quando rnenhum des oferecesse a solucho para um caso conereto, s¢ Buiassem pelo proprio critério profssional. O poder abeorven- te da Corda proclameu, enfim, a supremecta, ouy poor aind © uso exclusive, da interpretagso autnties, sobretudo now go. vernos de Constantino e Justiniano; #6 x0 Imperador ineambia interpretar ax leis — ejus est interprotari exjur est condere. [Nao obstante a yontade soberana, a juriypradéncia, em bora com amplitude diminalds, muito menor do que «do tempo dog eictos, fi pouco a powco adqsirindo autoridade, nfo mais ‘como elaboradora de normas, e, sim, como emento, ou fonts, 4 exegene apenas (1). 190 — Na Idade Média, época barbiriea, os clés ju- Mlelsros no 36 deelaravam 0 sentido « aleance dos textos po- tives, mas também tragavam regras especie para as novas necessidades da vida prética: jurisprudéncia vltow a figarar como fonte de Dire Eee rg tes vtre eurmet carb sn fit: opting enim et Kreg irre ‘outdo Tere, a2‘, ES tin inpratr master Sevres reeroni, namibia, quae x,t presenter, comatose aren spt See Enis hdetecnernat cho fomis ee meee el B89— 1) Droop it a8. HTEIB: ALBAN, opt, m1 HERMENEUTICA APLICAGSO DO DIRE!TO 219 amu interpreta a sr exocitada com smplitide tas asutne populares © pels doors (apm dctres) Gant execute Presi dsten, cit © a farsepridnci protean 0 anges evra, cman ii Provteia¢ parecer que tink maior nmero do sous, i er edusase 9 Dis una quia de Ariiniiea. Foi 9 Soca de suprenaia don glosudors, ces ders a6 sbst- ‘Siam I ‘Ro sealo XVIT resin o sistem de intrpretar dire tamente on tents eo afender 2 pines ntviuals dos doa {te quandsconstodentes, fundadas nares e Dastads na lira Tho werdadeio copii dal A rinpeuncia aecuinia o se Srande papel gue até hoje decemgenhn, de exlarecdors dos Taig, evladora a verdad iste em norms cocisss (2) ‘Gout ta nutrinie de fonte de Dinsito a Inglaterra © no8 stadn Unien pins one se atibue o costume — parti ular Tango rendorn, DLACKSTONS chamave a8 jules — riades viet ‘Tabi cecal ltramotaena da Liere Inagasio die tata yoder do jis até al do into ragados poss egt38 scores (2) 191 —Perante a propria corronto hstrico-volutiva, em rmaioria absolute no eampo da Hermentutica (1), aparece a jevisprodéncia como elemento de formasio e aperfegoamento {o Direto ‘Proenche as lacunae, com 0 auxiio da analogs e dos prin- -ipios gerais, E’ um verdadeiro suplemento da legisasio, en- ‘quanto serve para a integrar nos limites estabeecidos;instra- tnento importantissimo « autorizado de Hermenéutca, tradus ‘moo do entender e apicar oa taxtos em determinada épocs f ligar; constitu assim umn expécle de nso leyislativo, base de BP al, eS tials NBs Sie tare nde Dieter cece Pp E f = CARLOS MAKIELIANO. Direito Consuetudinivi, portanto (2) 0 senvolve-ce externamente por meio da lei, e internamente pela secrecto de novas regras, produto da exogese judicial das ds. posigies em vigor (3) 0 aplieador do ireto, na porfia de fixar 0 significado das frases de uma norma positive, deve lever em conta atmos fra espirtual que o eireunda,¢, com esta arientacto himinosa, Infundie & palavra nia e elisticn do legilador & perpitua ia ventude da vida (4) NAST conelue assim uma digressio: “A. jurisprudéncia fem, na atualidade, tres fungdes muito nia, que se desen- volveram Ientamente; uma fungio um tanto automitisa, de fepiicar a le; uma fungio de edaptagde, consistente ei pir @ Jei om harmonia com at idélas contemporaneas as noses dlades modernas; & uma fungio ereadora, destinada a preen- ‘her as Tneunas da Ii” (8) © estudo dos srestos serve também a0 progresto, de outto modo: prepara as reformas legislativas, Nio raro,o tribunal, fembora se eonforme com a norma eaerita, the aponta or de {eitos,deplora ter de jolzar a favor do texto e contra o Dirito (ov a eqllidade. A jurisprudéncia demonstra porque a letra an- tga mio pode mais adaptaree ae exigéncian socials do pre sente (6) 192 — 0 estudo dos julgados aproveita,sobrotudo, coma ‘lemento de Hermenéutca: € esta a tradi¢io brasileira. Sem- pro se entendou, desde o tempo do dominio portugués até 0 pro- sente, que — “a praxe ¢ estilo de julgar, as deviséar dos ar seotate Ecotec Swe of eet Met, de Me SPEAR mp a ae nas — te tes’ Bram ops ce pes soar, rene Frames, pie. & —o ERWENEUTICA R APLICAGKO DO DIET __2at tos a priticageral so 0 melhor intérprete das les” (1). A Drépela Consitulgto de 1891 presreve, no art. 69, §2°: “Nos ‘Gazos em que houver de apicar les dos Btadcs, » justga fc ‘oral concutara a jurlepradéncia das tribunals local, e, vi ‘eran, a jutigas dos Etadoneonsultardo a jurapradéneta dos {sibanain federais, quando bouverem de interprear leis da, Uso “Haure-se nos arestos a doutrina esclarecedora ¢ comple rmentar des textor: 6 0 ensinamento que devorre do aferismo de Faancason Bacon — de exemplis jam dicondum est, ex quibas ‘jue hourionduos eit, wi lex deficit — “a respeito dos julgados ‘umpre faver saber que dos mesmes se deve hautir 0 Direito hoa casos em que a let s6 mostra deficiente ou fatha” ‘Bnsindra DUMOULIN: ger in scholie deghutivatur, im poe lati digeruntur — “a8 eis Bo degltidas nas eacoas e dige- ridas nos pretéios”. "A jurtopradénela & a forte mais geral e-extensa de exe _geso, indica solugies adequadst 2a nocessidades sociais, evita ‘Goe uma questio doutringrin figue eternamente aberta e 06 ‘hargem a novas demandas: portanto diminue os litgies, re ‘dus to mifoimo os inconvenientes da incerteza do Direito, por fave de antomie faz eaber qual sori 0 resultado das contro vérsian (2) “Ainda que deficient, a votes falha na prétia, imperfeita como a dostring,é como esta, progressiva, emibora em muito enor eitala; depois de longas futuaeées, atinge afin a ver ate (3), Quando oe tribunais eompreendem bem o seu pape, ‘como succde com a Cirie de Caseacho, de Franca, e 0 Tribunal Supreme. (Oberoter Gerihteho)), da Austra, 2 jurisprudén- cia, embora reellante do empeno em adaplar os textos as BS, amauta Me SE Ga haonen = Die Go Brass Tscoplain tah ast ots Teo hts ed a °F 4S)" Tame, we. 8, verb. Juriopraence ma camtos maxnmtaano a condigées da sociodede prosonte, torna-so a grande renovadora {do Direito, extirpa, ervadien idéias dominantes e retrGeradas, pure, depuar,earvigee consolida as que tim fundo do eién fede utlidade geral (4) “Vina compllagio de arestos & uma colego de experiéncins Siridias, som csttar renovadas, em que se pode colher ao vivo | a reagio dos facts sobre as leis. Explia-se assim que a agi inovadora de jurisprudéneia comece sempre a fazeree sentir nos tribunals inferiores: véem estes de mal perta os interéoses 0s desejos dos que recorrem A justga: uma jurisdigéo dema- sindo elevada nfo 6 apla a perceber répida e nitkdamente a eor- onto das realidades socinis. A loi vom de cima; as boss juris Drudéneias fazem-se embalxo” (5) ‘Com reflelir 0 pensar de uma época, merece estudo até um repositrio do arestos um pouco antiges: auxilia a historia do Direito; deixa ver as rantes por que uma exegese cafu, e assim ‘ajuda a compreender a que Ihe sucedeu. Tor iso, 0 exame da Jurisprodéncia, por quaker das suas faces, quer para seu ‘quer para fandamentar 0 dissiio com as suas concluses, & ‘sempre proveitoso (6) ‘193 — Batretanto, se ainda ficam em minoria 0s que Ihe negam valor clentificg (1), Incontestavelmente nSo conserva, 1 posse, mansa e pacifica, da posigo primacial entre os ele- ‘mentag formadores de solugées juriicas (2). ‘A mazistratars constitie um elemento conservador por ‘exeeldncia: 0 pretério € a iltima eidadela que as idias novas fexpumnam, A jurisprudénela afastae dos prinelpios com fro- Go) Spar — Pectin Gany V ¢ XXL Cones fos pierie: i ean “s“progrsso, posts Siedaments, reg See Cater SVE de Die « o tutte dan ei, ‘Srattag—) H. Rirchnans ond soe Kets der Mectreasenachee, MOIS Seanman, op. a9 3 ‘aténcia maior do que a doutrina (8). E* anaitics, examina a8 ‘espécies uma por uma; 20 generalizar, pode ineorrer em dro izrave o estudioso. Aldm dioo, facto impressions e spaixona, ‘mais do que a teorla pura 194 — Bm virtude da Joi do menor eafSrgo o também para assoyurarem 0s advogados 0 éxito e os juinesinferiores ‘ manutanplo das suse sentangas, do que muitos se vangloriam, preferem, causidicos © mapistrados, a8 exposigbes sisteméticnr le doutrina jurdiea os repestirios de joripradéncia. Rasta a ‘consulta répida a um Sndice alfabético para flear um caso li ‘auidado, com as razdes na aparénein dooumentadss cientfiea- mente. ‘Por iso, os repertérios de dacaias em retumo, sim- ‘les compilagées, obtém espléndido éxito de livraria (1) HE verdadero fenatiamo pelos scérdion: dentre os fre- ‘entadores dos pretric, 280 muitos o¢ que se rebalam contra ‘ma doutrina; 20 passo que rarelam ot qve oustm disevtir um Suleedo, salvo por dever de ffelo, — quando pleteiam » refor- ‘ma do mesmo (2). Cilado um ares, x parte contréria mio se atreve a atacélo de frente; prefere ladailo, procurar com veneer de que se nfo aplica& hiptese em aprige, versara bre caso diferente (3). [No Brasil até quando o Judlesrio invade a esfera de agfo do Congreso, ou ve afasta, por oatra forma, dos eAnones eons- ‘itucionas, eurge sempre forte corrente, entre os mais doutos, we plete o respito A exegeceoeasional; embora em aasunts 4a prépria competincia o Layislativo nada tenba com a opi- io dos juirese sea tandhim certo que um 56 julgado néo eons- titue jarispradéneia (4) es (camvos_Maxinen2ano Z Quando a lei & nova, ainda 05 seus aplicadores atendem 4 teoria, compulsam tratados, apelam para 0 Direito Compa srado; dude, porém, que aparecem deeisées a propésito da norma ‘econto, volta a maioria ao trabalho semelhante & consulta a ‘iciondrios. “Copiam-so,imitam-se, contam-se os precedents ‘nas de pesi-los io se caida”. Desprezamse 0s trabalhos al- ‘retoeetbre os texton; prfereae a palavra dos profetas da t&- Duas da let (5) 195 — 0 proceaso 6 crradizsimo. Ov julgados eonstituer Dons auxiliares de exegese, quando manusesdos eriteriosaments, ‘eritcados, comparados, examinados & luz dos principio, com ‘es livros de doatrina, com as exposigGen sistométicas do Di- reito, em punho. A jurieprudéneia, 26 por a, iolads, no tem ‘valor deisivo, absolito. asta lembrar que a formam tanto ‘os arestos brithantes, como as sentengas de colégoa judiidrios ‘nie reinam a incompetincia a preguiga (1) ‘Versa 0 aresto sibre facios, entre estes & quasi impos- ‘vel que se nor deparem dows abeolutamente idéntios, 0 20 ‘menos, emebantes sob todos os aapectos: ora qualquer dife- ‘renga entre espicies em sprégo cbriga a mudar também 0 modo de doviir. isto o que se deprecnde do dizer profundo de Dumouiin — modica fect differentia magnam indueit juris

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