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PSICOLOGIA SOCIAI | OS CONTEXTOS DO SABER Representacées, comunidade e cultura y EDITORA VOZES dos Inernaconas de Catalogaco na Publica (CIP) (mara ratora do Livre, SP, Braaih A Martin e Ana, com amor 2 REPRESENTACOES SOCIAIS E A DIVERSIDADE DO SABER do escritor argentino Jorge Luis Borges. O conto se chama A Linguagem Analitica de John ‘a enciclopédia se: fo Benevolente, nomia do reino animal: -O queéa vida? 7a vida comegar? - omecamas a viver Piaget, 1929: 268 Nas fizemos, 78 Finalmente veja esta breve versio do DSM-IV-TR (Diagnostic and Statistic Manual of Mer sistema classificatorio para doencas mentais wad por profissionais da érea d (Q) Transtomnos Geralmente Diagnos APA, 1994: vil-vil va sobre o que € percebido como a Nao se trata apenas de que cada ut rado por com 0 dispares ~ as ctiangas, os de que ha uma di pressam, uma mi ordem e de interligar coisas di Chinesa, como observou Fouc pontos de referéncia de nosso pensamento ‘uma representagao do reino ep ambigua como atbitraria. Pode ser engragada, mas néio funciona. Nés a consideramos cl mesmo modo, na fala ado e ineverente; na descrigdo de Roy das origens do sol 79 e da lua ha confusao entre 0 mundo natural ¢ 0 mundo humano e uma clara dependéncia do mundo natural nas agées humanas. Hé algo que soa errado nesta explica- cdo, Finalmente, o DSM-IV é relativamente conhecido, cer ma ra, Suas categorias tecem arbitrarias porque o sistema mé confere sentido nos ¢ familiar desde a perspectiva do observador, alg quer sentido. Eles mostram preensao do que ¢ logico ou ilégico na de o problema da varial um problema que emerge juda a natureza social dos sistemas de pe indo e até que ponto ¢ o cantexto soc! que lhes garante um carater légico ou 80 Neste capitulo eu discuto estas questées examinan- do a teoria das representagdes socials ,antropdlogos e socidlogos de ambo Go Canal da Matcha sore a entes povos e, em particular, entre 10 dos povos ocident s de missionarios e viaja disciplina emergente para a analise do .de sociedades "exéticas" e como compar 4s sociedades ocidentais. E sendo a comparagai ‘0 “primitivo e o pensamento da 81 principalmente, ainda que nao unicamente, em tomo de questdes sobre o desenvolvimento infantil at a natureza e a evolucao do pensamento da ci ca que dominou a pesquisa sobre o desenvolvimento fantil na primeira metade do século XX. Explicar a diferenca entre as formas do saber e@ ma- neira como tais formas se transformam fot um probl para empregar excelente expressao de (2002), tém hoje uma presenga mais intensa do que nunca. Debates psicolégt cos, sociologicos e frentar 0 probl que con: renga em formas de saber e 0 a razao humana. Este é um problema que 82 i nodos e pontos de tensao contem- iefinir quem pode e quem nao pode rei- € comparagéo, um sistema de pode explicar como € por que as coi- Jos comparativos tanto iluminam co: ‘mo degrau de uma escala, isto pode te desvalorizar como essoa e desautorizar tua visdo de mundo diante de outros ‘grupos sociais, Pode desacreditar o que tens a dizer e frus: tar tuas possibilidades de ter acesso a recursos e oportu- uutra, hé uma longa tradigao que lo problema de com- pparar sistemas de conhecimento e construir um referen- cial para lidar com as diferencas entre eles. Espreitando atras desta luta esta a ambivaléncia da modemidade e de 83 como ela conceitua 0 saber: de um lado, uma visdo do conhecimento como racionalidade pura, como cogni¢ao desprovida de lagos emocionais e sociais e, de outro, uma visao que procura reconhecer o enredamento do co: nhecimento com sujeito e com contexto, Inicio situando a teoria das representagées soc! tradigo a qual ela pertence e os debates com os quais relacionada, Pr tuais da teoria e os entre conh gacaio dos trabalhos de Durk! Vygotsky e Freud. Na ultima parte do cap o conceito de polifasia cognitiva, enfatizando sua contri buigao para a compreensao de racionalidades contex to-dependen lidade do conhecimento, Esta concep¢ao do conhecimento como plural deriva das pren ja das no primeiro capitulo e prepara © terreno para os capitulos subseqtientes. Ampliar as fronteiras da psicologia social No prefacio da segunda edicao de La psychanalyse, ‘son image et son public, Serge Moscovici (1976a: 16) co- loca as ambigdes que tinha com o trat: al: les problémes et les concepts de la phenoméne, en insis de cons Moscovici enumerou também os obstaculos que en- controu no caminho: 0 comportamentalismo, 0 individu- estado de coisas, ele fez uso do que Duveen (2000) cha- moud psicossocial”. Esta foi uma ima- ginagao ousada, que ligou a psicologia social as grandes questées da época, insistindo continuamente que seus recursos intelectuais poderiam esclarecer importantes problemas sociais. £ em seu conjunto que os escritos de ‘Moscovici revelam este impeto, pois ele escreveu sobre a hatureza, a historia, sobre os mestres da sociologia, $0. brea sociedade de massa, produzindo um corpus que é tao abrangente quanto audaz em sua obra ele reafirmou a importancia de uma ps social substantiva, capaz de interrogar seus recursos in- temos e se comunicar e enriquecer 0 corpus geral das cléncias socials, A tworia das representagées sociais € caso exer das aspiracdes de Moscovi social, daquilo que ela poder ual, ce pode of ‘ces sociais. Uma foi com a psicologia so Com o ambiente intelectual francés, do qual ele era um spante ativo, Este ambiente eta dominado por bata frentes — a fenome legado, 0 marxismo e sua suspeita dos saberes gerados ho cotidiano e o estruturalismo e sua percebida reniincia do humano. Moscovici lutou em todas as frentes, conver que (a) ndo existe algo como um conhe produzido por um sujeito “livre” do Outro, da histéria e da pertenca; (b) que 0 sujeito comum pode ser sujerto do conhecimento e saber bem sobre o que fala; (c) que ais toria e suas estruturas no existem independentemente dos sujeitos que as produzem ou, como os humanistas 85 pubiiahou mista de wna ve brea subjetividade eo indi \g0es col I de representagdes sociais A teotia das representacdes social dda néo apenas como uma psicologia social dos sabe- yes, mas também como uma teoria sobre como novos sa eres sao produzidos ¢ acomodados no tet 1 0 papel de inovadores e de costas ¢ desafiar as tradi m.o poder guem fazer com que insti es de transformacao. Inovadores, criti ~ todos eles so fontes d porque recuperam a dignidade do individ individualism. Representacies sociais Elas sao uma teoria que ofer um conjunto de conceitos articulados que bt car como 0s saberes sociais sao produzidos e efere a um conjunto de re- ularidades empiricas compreendendo as idéias, os valo- res eas praticas de comunidades humanas sobre objetos ficos, bem como sobre os processos socials ‘A teoria das representacdes sociais os saberes sociais. Ela se dirige cons as sobrea vida cotidiana e os saberes que ela co al, esta profundamente jo da vida e a experiéncia vivida de uma comunida- emarcando seus teferenciais de pensamento, acao e relacionamento. E um tipo de conhecimento que camente questionado; de fato, para muit um saber. A fenomenologia da vida cotidi interessa procisamente pela legitimidade de tais saberes e das s que eles expressam: identidades, praticas, tradigdes culturais e a historia de uma comuni- .das discutidas com mais detalhes no capitulo 3, Neste sentido a teoria das representagdes sociais imento é ao mesmo tempo sim! ae saber de si mundo esto cantidos habi um livro publicado e (cdo substancialmente revisada (197 produgao? A resposta era clara ber se transforma. El ‘Moscovici: este sa’ ida, do mesmo modo como mu- 88 cos ¢ dos comunistas, os grupos sociais que Moscovict estudou. O estudo empirico original investigou o pensamento social e como ele se transf cacao. Geralmente é a primeira parte do estudo que rece- que Moscovici lida com as repre. ios socials sobre a psicandlise por meio da andlise de e segunda parte do estudo nao é me € dedicada a andlise dos géneros de comunicacao ti pigos destes meios soci as partes do livro € I pata compreendermos a centralidade da comuni- jepresentacoes. Tambéem revela Sneros comunicativos produzem dife EL, 1972; TAJFEL, 1984; DOISE, 1986, 2001; HIMMELWEIT & GASKELL, 1990). Ao mesmo tem. po, ela nao renunciou e, de fato, continua sem renunciar dimensao psicoldgica propriamente dita: atengao a men- tee seus fendmenos continua sendo parte de seu esfor- co. A teoria das representagdes socials 89 ise dada, por um lado, a bresentages ntida na dimensio social das tepresentagbes, em que o poder da realicade social de enquadrar nosso pensament O papel do social na constituigdio do conh 10 No decomrer da obra de Moscovici ha um reconhect psicopatologia. Nao por acaso a primeira revista cientifica de psicologia social foi chamada de Journal of Abnormal and Social Psychology ~ Revista de Psicologia A\ Social. Por que esta ligagao entre o social e o pat [Nas teorias classicas do comportamento de massas esta conexao foi completa, Desde Le Bon até Freud, a multidéo 90 nodetna. # uma visdo que, contudo, nao se de- contradigdes, jomendlogos mostraram que ai enisar em conhecer nos pertencemos: nds parti jveis de radi- (0 apontou para ‘acd das estruturas psicol6. a percepgio e, conseqiiente- (MERLEAU-PONTY, 1986). Portanto, mes: jento como produzido ra do que ¢ dado, a uma tarefa descritiva, q tanto conservadora como enfadonha. sistemas de conhecimento. A teoria aponta zacao de todo conhecimento: os saberes nao sao siste- ‘que revelam o “qu« dos saberes. Estas dimensoes devem ser re idas e colocadas em perspectiva na formagao das repre: representacoes sociais. Moscovi ‘que o poder das representago de const © estudo do senso conn foi sempre permeado por uma atitude de desconfianga que em mais detalhes posteriormente no livro, mas agora é importante mencionar que areas inteiras de pesquisa e compreensao da funcao simbélica das representagoes 6, 92, 93 nerves eo Pasco ness IXSBUPOtD, OF E> ‘am igualmente o conhecimento local co tivos do progresso e empreendi- jos pelos tecnocratas das agencias de popularizagao da ciéncia cente de que, pessoas leigas, todos devem aba possuem e ascender a mento, oferecida por especi Esta premissa post nao tenho como investigar ido marxismo e das profundas sus- ppeitas que este mantinha em: \- 0 comum e toda tipo di Ora, a idéia de que as elites podem propagar Prdprosponts de vita 9 um pico mais amos e que este tiltimo ira repeti-los sem questionamento pode até soar convincente, mas fol amplamente rejeitada por estudos sobre a recep¢ao da midia e sobre a apropria- 4 ‘cdo das idéias (LIVINGSTONE, 1989; THOMPSON, 1930; LIEBES & KATZ, 1993). Ninguém simplesmente copia sa: ber; pelo contrario, atores e comunidades o transformam na medida em que 0 apropriam, leu bem esta questo quando de mpreender como ido das represen: ao estgio superior do conhecime ciéncia. O cotidiano, ele demonstrou, é uma fonte pode- rosa de conhecimento. Pode ser um tipo de conhecimen- ico e tecnol6gico, io nas praticas e questionamentos ode parecer irracional ou errado quanto processos econdmicos e mi ‘Moscovici compreendeu 0 1993; DUVEEN, 2000). Dai pré-estabele. costumes nias sociais, prat jedade (DURKHEIM, presentaces sociais se deve a qu tido durkheimian’ ticas das ele as concebeu como existéncia objetiva e auténoma, pois sao produzidas e re produzidas pela acao coletiva. Isto Ihes confere estabil ‘cao em ices faz. com que a mudanca seja extremamente elas se apresentem ao sujeito como co. bica das representacdes coletivas le Durkheim, Mosco- vict co cardter de fato social, sua forca mate- ‘o poder de ambientes simbélicos par danga e soli cionalizacao. tegorizagao expressa 0 mundo social que a gera e ao mesmo tempo, 0 nivel de evolugio de uma dada socieda: 98 tificas. O estudo eo isolamento das udariam a compreender as f edo € possivel identit jedades atravessam e compr KHEIM, 1905/1963: 88), Moscovici conservou a idéia basica de. ‘da logica, bem como da desenvolvida de pensament algo que deve ser considerado e entendido e prios méritos. Foi na obra de Lucien Lévy-Bn jen Lévy-Bruhl e a légica dos estilos de pensar (Quando Levy-Bruhl publicou em 1910 Les Fonctions 99 debate sobre o que rul a logica e até que ponto o raciocinio encontrado le continuou a investigar os problemas levantados por Dut ficagao Primitive correto pensar que a men: na é a mesma em todo lugar. Sua resposta a esta pergunta foi sim, mas de maneira tao paradoxal que: ‘cou o profundo universalismo de sua posicao. Até hoje miltivos da mentalidade, a unidade da met 100 tempo e espago [...] a mente dos homens é uma em sua diversidade” (LEENHARDT 1975: xi), A tarefa a que Lévy-Bruhl se propés foi “ide isa 0s principios orientador fae como eles se expressavam em costumes € instituig6es primitivas” (1910/1985). Ac estudar em deta, Ihe o per fos, ele tambem foi a0 encaloe do objetivo mais geral de expandir nossa com- essos do pensamento, uma tarefa na qual téncia no enredamento do pen estava na conttaméo dos pressupostos is que viam 0 desenvolvimento progressivo do pensamento exatamente como o abandono das emo- (es e da sociabilidade. ‘A partir de seus estudos sobre a assim chamada men- talidade primitiva, Lévy-Bruhl estabeleceu algumas ca- nda das representagoes coletivas ncontradas preciominantemente em sociedades tr nais. Sua obra ofereceu muniga0 para desafiar a concep: pao evolucionista de seu tempo, que defendia a existén- cia de apenas um tipo de racionalidade. Toda evidéncia 101 em contrario nada mais seria que um cor 0 primitivos, subdesenvolvidos, cujo destino direm diregao ao “ti de de pov ca e col cao". Ba contradigao tipica do lot para 0 cardter mistico e pré- no fatia parte destes grupos, te a-logica, Ao dos cca", queto apenas dizer que Lévy-Bruhl, 1910/1985: 76-78. 102 Na passagem cepcao da mentalidade pré-logica afirmando a logica pela qual ela opera: participacao em vez de mntradi¢ao. Isto quer dizer que existem grupos hu- ‘manos cujo pensar permite a mundos diferentes partici- do outro. E isto que permite aos indios Bororé no et “os Bororé sao atara” . Declarar-se arara nao é um problema, pois esta é uma afitmagao perfeitamente entagdes coletivas em que ito do emprego d amplamente pt \cdlo, embora descrita primet- ‘esté menos presente no mundo industrial modemo, Lévy- sto muito bem. Para ele era claro que “o pen tea mentalida- ica” porque o pensamento logico nao pode de- de racional do ser pensante, que é aceita sen existom, ‘menos enfraqueci a lado das sujeitas is leis do ra (Ocompreender propriamente dito tende a unidade légica e proclama sua necessidade; mas, de fato, nossa tanto racionall coexist 1910/1986: 386 Nestas palavras finais de Como Pensam os Natives, festé a inovacao radical do pensamento de Lévy-Bruht: ele considerou o pensamento primitivo em seus proprios termos e procurou compreendé-lo sem recurso a um re- ferencial evolucionista. Nao o considerou um estagio sub- 103 desenvolvido ou um estagio a ser abandonado. £, acima ‘oberta de transformagoes tanto a Piaget como a Vygotsky) heim, que Moscov der vida social Lévy-Bruhl ofereceu elementos valiosos para a cons: Ele nos ajudou a ver! feito de ganhos, n trimento proprio que desprezamos mod: sar e saber dico das representa tradicionais e na gico eentre od 0. A visdo de Lévy-Bruhl sobre a descontinuidade do pensamento logico e sobre a coexistencia de dit tos racionalidades cieu a Moscovict os elementos odugéo de representagdes 0 105 tibilidade como forma de saber e as fungées que elas de sempenham na vida social e em relagdo a outras for mas de saber. Piaget @ a nalureza construtiva das representagdes Em entrevista a Markova, Moscovici observou que foi quando ele descobriu a psicol get que ele “|... descobriu o que a psicologia social pode- Ha ser [| un jolvimento, da mud ga, no de reagbes a ambientes fixos” (MOSCOVICT, 2000a: 250-251). O impacto de Piaget no pensamento cde Mosco- @ enorme. Ele chegou a Durkheim e Lévy-Bruhl pot de Piaget e foi na obra de Piaget que Mosco: ncontrou a nogao de representagao Dorada como uma idéia teérica, O estudio do senso co jepresentacdes sociais, é 00la: re Piaget € te tenha na obra de Piaget alguns elementos ou e teéricos, com os quais (ou contra os quais) 3s psiquicos, ssquuer clarificou a génese e os processos de das repr nbolicas. Em parti le demonstrou que existem diferencas estruturais, undo cognitivo da crianga eo do adulto. Ao con: entreo 106 das representacé do mundo implica um processo pelo qual toda crianga deve reinventar 0 mundo que a precede. A abrangéncia do esquema conce conta da ontogét Ges ofereceu a Mosco\ duzir uma psicol ea logica subjacentes a0 investigagao das “teo. obte o proprio pensamento, as origens do sol e da lua, 0 lo, da net das arvores, montanhas doda crianca, de compreender seus cédigos, suas opera: goes, de “st como 6 partir de seu e é na verdade uma i no deve causar Moscovici a Durkt joa ver o primetzo balho de Piaget coi igagao de nossa ra por meio do di coletou como expres conhecimento, tud pensamento da crianga (MOSCOVICI, 1998: 411) Ontra dimensao da obra de Piaget no centro da teori das representagdes 50 ‘gio do saber. Como menci mente, a teoria das tepresentacdes sociais é uma teoria sobre a produ (go e transformagao do conhecimenta e, em Piaget, Mos. Covici encontrou a base para uma teoria de como 0 co ‘mutual a outra. Na sua discussio do estruturalismo, Pia: 107 get definiu claramente as estruturas como sistemas de transformago mudando permanentemente a medida ue os processos de assimilagao e acomodagao regulam jo. Sob muitos aspec: ‘ser encontrada na teoria das ntagdes sociais. As representacdes sociais cons. mento que, por meio de objetificagéo para tomar 0 néo-familiar transformado na vida so- crianga. Inspirado por ‘volvimento pressupéem uma reorganizagao completamen: te nova das est ieao de regao a 171), Esta concepgao de em diregao a um tip. Wva é integral & pico} s de seu Sociologt 108 te comoa de Durkheim: “A log orma de equilibrio ‘mével' e reversivel, tipica do final do desenvolvimento e néo um mecanismo inato presente no inicio” (1995¢: 140). Para explicar como a lb gica é construida, argumenta ele, necessitamos compre: seus processos de constituicao e como eles alcan: ssenciais devem ser compreendidas: nal do desen. uma marcha progressiva em nismo e, ao mesmo tempo, emprestou de Lévy- Brul conceituagao sobre a heterogeneidade das estruturas do ca nao é ina- tivas nas est testemunha da am 280, parte como fantas desenredar a estr com em ja uma magnifica teoria social da logica. A jagetiana das origens socials da logica da variagao que ambientes sociais podem impor $0 idade de um sistema de conheci ponencialmente c social. Tais relacdes necessitam ser desenredadas, pois de modo di- agao da ‘so- fonte derazao” das a logica’ ppica de sociedades onde a autoridade, o prestigio e a for ;quia governam as relaqdes. A segunda esta pre- snte em sociedades onde o principio de igualdade na fa pliblica ¢ a regra. Embora a soci ‘ternalizagao das regras da sociedade pela ct Sua resposta é inequ ergo social, que produz légica, Nela Piaget revela sua podleres superiores da razéo e suas cone- 38 com formas democraticas de vida, ba iprocidade e reconhecimento mutuo, A ra le ser alcancada em sociedades onde a 110 ido para a consecugao do pensamento racional rengas entre 0 mundo subjetivo e 0 objetivo. Egocentris- ‘mo e coergao social, encontrados no pensamento da cri- anga e no de “homens primitives", so duas causas de desequilibrio que obstruem a conquista do final logico do desenvolvimento, estruturas deven jecidas como to de evolugao subjacente ao desenvolvimento da ra nalidade proposto por Piaget. Moscovict samos abandonar o problema de como um tipo pr status desenvolvido e nos e mais inte- ressante, do mundo contempot \Gbes @ logicas se e1 e competem na es- ‘Ao redor deste problema reside o potencial desenvolver uma psicologia sot entre saberes e de avaliar as possibilida comunicagao entre sistemas de saber i me concentrar no capitulo 5). Vygotsky ¢ as descontinuidades da razdo Vygotsky nao € exatamente uma fonte pi teoria das representagdes sociais; Moscovici chegou a cH sua obra quando a teoria estava plenamente elaborada (MOSCOVICI, 1998). Contudo, a obra de Vyae duziu um impacto ime I a pesquisa € 0 t presentagox de que tanto a logia de Vygotsky como a de Piaget jum: a escola francesa de antropo- lar, a obra de Durkheim e de Lévy- Buhl. A psicologia de Vygotsky sobre o desenvolvimento I oferece a teoria das representaces sociais, elementos para teorizar a mudanga sem necessitarrecor- rer ao evolucionismo linear presente em Durkheim e Pia get. Como em Lévy-Bruhl, a teoria de Vygotsky da trans- formagao entre modalidades de sabe i vés de continua e pressupde coexi tituicao. Apesar de sua clara referéncia a Hegel e Marx. sua concepgao de desenvolvimento ~ da qual o desenvol 7. Os psidlagos soviet cos estavam trabalhando sob o pressuposto amplamente Gemonstiado peo trabalho de Vygotsky, de que 0 s0es psicologicas superiores nos de uma teoria get Esta foi sua oot 5 dos estudantes e comentadores de Vygotsky no O assinalam: a cultura e o desenvolvimento da sociedade de- finem o desenvolvimento das funcées psicolégica 1985, 1986; SCRIBNER, 1985; WERTSCH, 1986a, 19861 VAN DE VEER & VALSINER, 1991, 1994). Esta afitmagéio yada discusstio sobre 0 que constit eal SRS kee een pm — pouco conhecido, intitulado Studies in the History of Be- havior: Ape, primitive and child, Vygotsky e Luria (1993) procuraram estabelecer as trés linhas de desenvolvimen- to que produzem o que eles chamam de o homem cultu- ral’. Analisando 0 uso de ‘macacos antropdides, as formas d povos primitivos ¢ o desenvolvimento ontogenético da ctianga, eles iniciaram a construc senvolvimento que une as dimensies e his- orica e ontogenética. Como Wertsch assinala em seu 1m dos mais importantes docu is para entender o que Vygotsky por desenvolvimento, pois, a0 cor cadlo apenas aos periodos da infan z, eles argumentam: a completa deve di ia sociocultural que 0 Wertsch, 1992: x VYGOTSKY & LURIA, 1993). Conseqiier processos culturais e sociais que podem e: (Goes no comportamento e no pensamento. Foi te isto que o influente estudo empirico conduzido por psi- célogos soviéticos nas remotas regiées do Uzbekistao e 113 Kirghizia procurou determina (LURIA, 1931, 1976, 1979). Seguindo de perto as contribuigdes de Lévy-Brub, desenvolveram um programa que buscava investigar se as profundas transformagées. is e societats postas em acao pela Revolugao Russa de 1917 produziram im- ppacto na forma basica e no contetido do pensamento. A. finalidade da e

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