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A unidade léxica e a realidade psicolingiiistica da palavra Desde os gregos a palavra foi considers de articulagéo do discurso, Para Dionisio da Tricia a senteng “como seus elementos minimos um conjunto de palavras [gramatt Essa unidade léxica da gramética ¢ da lingti jonais de ‘grega, foi vigorosamente contestada por muitos as € escolas Tinglisticas nestes tiltimos quarenta anos. O conceito de palavra foi mesmo considerado como pré-cientifico. Contudo, em todo falante ‘xiste uma consciéncia intuitiva de uma unidade léxica, seja qual for @ sua lingua materna. A experimentada convivénci linguas indigenas da América, di-lhe autoridade para o testemunho convineente que nos fornece: “A experiéncia lingiistica, tanto a expressa na forma padr fe na forma escrita como aquela testada no uso didi {que nio ha incontestavelmente, em geral, a menor fm trazer a palavra a consciéncia como realidade psicol este & mais convineente do que aquele em que o indio , totalmente desconhecedor do conceito da palavra escrita, no tem, porém, grande dificuldade em ditar um texto ‘a um lingiista, palavra por palavra; naturalmente, ele ‘a pronunciar as palavras juntas [em cadeia] como na mas se a gente o interromper, fazendo-o compreender aquilo que se deseja, cle pode isolar as palavras como tal prontamente, repetindo-as como unidades. Por outro lado, normalmente ele 1 apd P. H. Mathews, 1965, p. 139. — se recusa a is no fato de que isso sm que 0 hes rotulos, Provavelmente ‘ao saber que os lingtiistas mm tampouco del » de validade universal. A nogiio ¢ opde ao quebra-eaberas que cla quica para um homem cuja conscigneia. esteja medianamente.desen- Volvida.* Se interfogarmos esse homem médio sobre o que significa 1 palavra’para ele, é bem provivel que diga que & com palavras que se formam frases, Ess de conseiéneia elementar nto pode ser o dado, 4 medida que o especialisia aprofunda as suas indagaydes sobre gilstica. Na primeira etapa da aqui ico, a fala infantil sc caracteriza pelo que 08 ps de “fala holofrstica’.’ Nesses primérdios da consciéncia semiot sentengas completas da fala adulta sio representadas por pel ladas, Por exemplo: se 0 bebé (10 a 18 meses) quer cor ‘ou vé a comida, pode emitir 0 mesmo enunciado: papa. ‘Quero papi”, “Tenho fome", ou “Othe jo da ruras e linguas diferentes fizeram as mesmas constatagSes. Nota ram a existéncia desse estagio de “fala holofrastica”. Embora as inter- pretagdes tenham variado um pouco, os fatos observados so si Na interpretacdo do bebé, uma palavra isolada corresponderia aos » Sapir, Language, 1949, pp.33-4 Ja Expaiola, 1966, pp. 185-68. 4A realidade in de eserita dvidem as sentengas em tipicamente a fron reas pala a ee 74 —Pundamentos da Lexicologia a palavra tem inicialmente um si definidos: refere-se a um complexo neb 86 gradualmente seus componentes fat 1am mais claros, resultando diseriminagies taticas."® Nesse periodo do aprendizado ling preenche trés fungdes da linguagem: a cor tencial,’ correspondendo as trés interpretagdes acima refer emisso singular: papd. Observe-se, portanto, que a palav discurso humano, papd serve: 1) & comunicagdo com 0 outro, representando sentencas Can ena re Ei fas dade do tipo "Quero papa”, “Me dé o papi”, que desencadeiam ages; 2) & relevante ¢ fornecido por fendmenos de patologia da linguagem. Os expressio do que a crianga sente, representando sentencas do tipo tspecialstas observaram que, em certos tipos de afasia, o discurso se “Tenho fome”; 3) para a referéncia as eoisas,representando senten¢as desintegra, voltando a ser representado por uma palavra como na pri- do tipo “Olhe o papa! Pp a meira etapa da aquisigéo da linguagem. Uma outra modalidade de neta essas emissdes discursivas de uma s6 palavra afasia evidencia a singularidade da palavra, Embora se vi discutir mais s € nio-diferenciadas adiante 0 problema da segmenta¢do do discurso em unidades léxicas, “A hipotese de merece referéncia aqui esse tipo de perturbagao na cadeia do discurso: sio unidades | (0 afasico reduz a sua fala a um estilo telegrifico. As palavras si pro- se fundamenta nas consideragbes seg rnuneiadas bem devagar e entrecortadas de pausas. As vezes, a comuni- fem termos de comunicagio, as palavr cagiio parece tio dificil que o afisico reduz 0 seu discurso a emissdes cionar da mesma maneira como as sentengas vém a funcionar de uma s6 palavra? mais tarde: elas abrangem toda uma proposicio; por exemplo, elas podem representar uma afirmagio como Daddy is coming (papai esti descendo a rua). Fonologicamente ‘elas podem jas a partir de uma dada regra, mais ow ‘menos como uma cadeia de simbolos é operada posteriormente; a) por exemplo, uma dentre uma variedade de tipos de entonagio influencia a emissio — tais como: declarativa, interrogativa, ow de timbres exortativos. Pode-se supor que os processos formais que regulam a percepgio ¢ a producto de sons sio essencial- mente os mesmos que aqueles que entram na sintaxe € que 0 estigio de uma palavra & simplesmente um est é durante 0 qual as regras sio estendidas da interagdo de movi- © Apud Me Neil, op. > Gh Pane 124.8 svagem. py * Lemnebers, Bologea! Foundations of come ctstivdade ¢ coine comunicicdo, FungBes da in- {Lamberg Boia! Fundation of Langage, 196), . 23 CF Lene, op. ctl, pp. 191-9.

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