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— Projetar ¢ apresentar solugées diferenciadas ¢ 0 principal desafio deste livro de Miriam Gurgel. Sao discutidos, nesta publicagao, de forma minuciosa, fatores subjetivos ¢ objetivos que envolvem 0 desenvolvimento de um projeto nessa area. Ao lado da necessidade profissional de conhecer fatores objetivos, como normas técnicas, medidas ergonémicas, pontos de elétrica, detalhes arquitetnicos, etc., hd que se considerar 0 fato de que esses elementos 56 adquirem sentido se vinculados 4 utilizagio do espago, do ambiente e de todos os detalhes referentes as atividades que nele serao realizadas, bem como as preferéncias ¢ aos interesses de quem o utiliza. O projeto de design de interiores envolve, de acordo com a autora, um profundo estudo sobre o perfil do cliente, abrangendo nao somente seus gostos, particularidades, necessidades e caracteristicas, como também as caracterfsticas, necessidades ¢ possibilidades do espago fisico em questao. A partir dessa andlise, ¢ possivel definir ¢ desenvolver 0 cardter, a atmosfera ¢ 0 estilo da composicao, permitindo 0 uso da originalidade em harmonia com as informagées levantadas. © uso de materiais, padronagens ¢ texturas, a ctiatividade e os critérios na escolha dos elementos compositivos, 0 aproveitamento de algumas caracteristicas arquitetnicas do local ¢ a adaptagio de outras, a influéncia da iluminagéo e da cor nos ambientes, os princfpios do design e a inspiracéo nos movimentos artisticos, entre outros fatores, so tratados em detalhes pela autora, que forma, com seus livros anteriores ~ Projetando espacos: guia de arquitetura de interiores para dreas residenciais e Projetando espacos: guia de arquitetura de interiores para dreas comerciais -, uma trilogia fundamental para 95 estudos e 0 desenvolvimento de projetos na drea. E, também, de sua auroria, Organisando espagon: quia de decorasao e reforma de residéncias. CARIMBADA | oT ene % ) CeOETE,) pa EE Projetando espacos: design de interiores ‘OBRA ATUALIZADA CONFORME ‘0 NOVO ACORDO ORTOGRAFICO DALINGUA PORTUGUESA Daidos Internacionais de Catalogacio na Publicacio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Gurgel, Miriam Projetando espacos : design de interiores / Miriam Gurgel. —4¥ ed, ~ So Paulo : Editora Senac Sao Paulo, 2011. Bibliograia. ISBN 978-85-7359-917-6 1. Decoracao de interiores 2.Desiga I. Titulo. 1 Titulo: Design de interiores. 07-6070, cDD-747, 1, Decoracio ¢ estilo ; Design de interiores : Artes decorativas 747 Miriam Gurgel Projetando espagos: design de interiores 4° edigtio Editora Senac S40 Paulo — Sao Paulo — 2011 ADMINISTRAGAO REGIONAL DO SENAC NO ESTADO DE SAO PAULO Presidente do Conselho Regional: Abram Szajman Diretor do Departamento Regional: Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitirio e de Desenvolvimento: Luiz Carlos Dourado EDITORA SENAC SAO PAULO Conseiho Editorial: Lui Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos Santana Gerente/Publishi Coordenagao Jeane Passos Santana (jpassos@sp.senac.br) torial: Marcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senacibr) Thais Carvalho Lisboa (thais.clisboa@sp.senac.br) Comercial: Jeane Passos Santana (jpassos@sp.senac.bt) Administrative: Luis Américo ‘Tousi Botelho (Iuis.tbotelho@sp senac.br) Ecdigho de Texto: Luciana Garcia Preparacao de Texto: Tereza Gouveia Revisao de Texto: [one P. B, Groenitz, Luiza Elena Luchini, Maria de Fatima A. M.Papa Projeto Grafico e Editoragiio Eletrénica: Antonio Carlos De Angelis Capa: Joao Baptista da Costa Aguiar Impressao e Acabamento: Intergcaf Indiistria Grafica Ltda. Proibida a reproducdo sem autorizagao expressa Todos os direitos desta edigao reservados d Editora Senac Sao Paulo Rua Rui Barbosa, 377 — 1 andar ~ Bela Vista — CEP 01326-010 Caixa Postal 1120 ~ CEP 01032-970 — Sao Paulo — SP ‘Tel. (11) 2187-4450 — Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senacbr Home page: http://www.editorasenacsp.com.br © Miriam Costa Gurgel, 2007 Sum6ério Nota do editor, 7 Preficio, 11 Introdugao, 13 1. Projetando 0 espago, 15 2.“Design” e seus seis elementos, 23 3. Definindo o caréter, a atmosfera e 0 estilo de composi¢ao, 71 4. Um pouco de hist6ria, 85 5, Componentes arquiteténicos dos ambientes, 113 6. Ergonometria, 127 7. Ambientes, 139 8. Valorizando 0 projeto, 197 9.0 projeto no papel, 209 Referéncias bibliograficas, 219 Indice geral, 221 Nota do editor A formacao profissional na area de design de interiores necessita de domi- nio técnico e criatividade na organizacdo de um projeto. Esse € 0 principal objetivo de Projetando espacos: design de interiores, de Miriam Gurgel. Para tanto, é necessario que o projeto contemple as diferentes necessidades internas de cada espaco, criando ambientes onde forma e funcio, isto é, estética e funcio- nalidade, convivam, de maneira que atendam as expectativas de cada individuo. Nesta publicagao que se vincula a uma drea em que o Senac Sao Paulo tra- dicionalmente desenvolve acao educacional — design de interiores—, os leitores — profissionais e estudantes — encontrarao um roteiro seguro, essencialmente pratico, que parte de conceitos objetivos para a formulagao de consideracoes técnicas e culturais, tendo em vista a elaboracao de um bom projeto. ‘e CEDETENA, ‘Aos meus amores Matt, Tata, Dedi e Yara Posso dizer que escrever este livro tornou-se uma jornada maravilhosa, uma verdadeira viagem no tempo. Relembrei a época de estagiaria no escritério de Sig Bergamin, nos anos 1980, com o estilo clean a todo vapor... Tempos da exaltagao yuppie! Meus anos de parceria com 0 arquiteto e amigo Marcos Costa, no nosso escrit6rio em Sao Paulo, onde aprendemos tanto durante os seis anos que trabalhamos juntos. O encontro com os Irmaos Campana em Milao, quando apenas come- avam sua espléndida jornada internacional. O langamento da primeira cadei- ra criada pelo arquiteto e “colega de faculdade” Arthur Mattos Casas, também no inicio de uma brilhante carreira. Minhas aulas sobre design italiano em Milao, nos anos 1990, quando se discutia o que seria realmente “identidade” num projeto de interiores. Foram bons tempos ainda continuam sendo, jé que esta vivos na meméria! Introdugdo Quando nos referimos ao design de interiores, nosso pensamento remete- -se imediatamente aos espacos que nos circundam, residenciais ou comerciais. Estamos agora concentrados em um universo diferente do da Arquitetura, mas ao mesmo tempo complementar a ela. Um universo nao menos complexo. O modo como nos comportamos em um local é determinado basicamente por dois comandos visuais: inconsciente, que da referéncias e “dicas” de como nosso comportamento seria conveniente no espago; e inconsciente, nosso background, nossa histéria, o modo como fomos educados. Assim, € nitida a responsabilidade do design de interiores como um ele- mento a mais nas relagdes humanas. Este livro mostra fundamentos e conceitos imprescindiveis num projeto de interiores de forma clara e objetiva. As fotos e as ilustra¢oes nao identificam ; 0 objetivo é abordar conceitos e ferramentas de projeto moda ou tendénc que ajudem arquitetos, designers, estudantes ou qualquer pessoa interessada em design e decoracao. Alguns autores classificam 0 processo criativo como “inconsciente”. Eu, no entanto, acredito num componente altamente consciente nesse processo, ou seja,a utilizacao responsdvel e direcionada dos elementos e principios do design na busca de uma solucdo que atenda as expectativas concretas e emocionais tao particulares a cada individuo. A pesquisa é a maior aliada de um projeto criativo e interessante, Sem ela, 0 resultado é previsivel e limitado ao que conhecemos. Somente a pesquisa abre as portas ao novo. 14 Prjtnd pas design enero O vazio, a auséncia, também é parte essencial do projeto. Como se come¢a um projeto de interiores? Quais as etapas envolvidas nesse processo? Para que haja um projeto, so necessarios um “cliente” e um espaco existen- te ou a ser construido. PRIMEIRA ETAPA: DEFINIR O BRIEFING OU PERFIL DO CLIENTE N&o existe “o que” se ndo houver “para quem” Todo projeto deve partir da criagao de um briefing, ou seja, 0 perfil do cliente, uma lista de instrugdes, com todas as especificagdes relativas a quem se destina(m) ‘0(s) espago(s) em questao e a necessaria inter-relacao espacial entre ele(s). Para se fazer o briefing, é fundamental o levantamento das caracteristicas de cada um dos individuos aos quais se destina o projeto, como particularida- des, temperamento, anseios, hobbies, expectativas e prioridades. As caracterfs- ticas no desempenho das atividades relacionadas aos ambientes do projeto devem ser minuciosamente investigadas, para que se providenciem os equipa- mentos necessarios. Projetendo o espago Para projetar o closet, por exemplo, é fundamental saber como 0 cliente guarda suas roupas ea quantidade de pares de sapatos e bolsas que tem. Fazer um levantamento dos equipamentos que devem ser previstos no escritério ou home office e suas respectivas dimensdes ser imprescindivel na hora de pro- jetar. Priorize as necessidades de cada pessoa, de modo a garantir que futuros ajustes no projeto, se necessarios, sigam corretamente a expectativa do cliente. B fundamental saber 0 que o cliente deseja em cada um dos ambientes, por exemplo dimensoes minimas, iluminagao, mobilidrio, estimulos visuais, etc. Entender cada um dos envolvidos, a finalidade dos ambientes e s caracteristicas existentes no espaco fisico destinado a cada fi- nalidade € o ponto-chave e o primeiro passo num bom projeto de design de interiores. Por exemplo, no briefing de um projeto de interiores destinado a uma fa- mili, deve-se incluir: * membros da familia, sexo, idade, hobbies, escolaridade; * _anseios, necessidades pessoais e conjuntas e prioridades; necessidades espaciais para cada familiar; numero de pessoas que utilizarao os €spagos coletivos e suas particularidades. O perfil do cliente pode ser definido com varias co nversas, entrevista, refle- xio, observacao e, sem divida, uma visita ao local acompanhado do cliente. Eaconselhavel consultar o cliente apés a elaboragdo do briefing. Verificar 0s pontos do projeto antes de Cobicé-lo pode economi- zar tempo, rojetandoespagos design de ineriores EXPENSES. sme Zw +yisir | Wee Come vinnie FIG. 1 — Anotagées feitas durante entrevista foram utilizadas na redacao do briefing SEGUNDA ETAPA: ESTUDAR O LOCAL A anilise do ambiente forneceré as diretrizes e a orientagao da setorizagao do projeto. Dimensdes, materiais existentes, elementos arquitetonicos impor- tantes, pontos elétricos, etc. devem ser corretamente analisados, ou podem, ainda, ser fotografados para referéncia futura ou comparacio posterior do re- sultado final com o previamente existente. Projetando oespago |) No caso de um espago existente, é possivel que haja plantas com dimensoes € estrutura. Mesmo com uma planta em maos, é sempre bom conferir in loco todas as informagoes referentes ao local, para se verificarem alterag6es ja reali- zadas: dimensoes (altura, largura e profundidade dos elementos presentes); + localizacao de portas e janelas; * _revestimentos existentes (material, cor, tamanho, acabamento, etc.); pontos de luz e de elétrica (em alguns casos, 0 “local exato” de cada um deles); correta localizacao dos pontos de agua e esgoto (se for 0 caso); detalhes arquitetonicos (pilares, nichos, vigas, etc.). AVIA = BB3+18 ——— 65 a Beta ip 124 FIG. 2— Exemplo de informacées coletadas in /oco. Projetando espagos: design de interiores E importante também complementar o registro com fotos, pois, como sa~ bemos, uma foto pode valer mais do que muitas anotacées. Quando o projeto se destina a um espago em construgao oua ser construtdo, as plantas serao as tinicas referencias. Entrar em cena a capacidade do designer de visualizar um espaco ainda inexistente. Os recursos grificos como computagao, perspectiva ou maquete podem aju- dar bastante nessa visualizagao. Quando o design de interiores é desenvolvido separadamente do projeto de arquitetura, podem ocorrer alguns pequenos problemas que seriam de facil solucao caso fossem desenvolvidos em conjunto ou em paralelo. © proceso de criacéo comeca realmente apés a definic&io de “O que”, “Para quem” e “Onde”. As solucdes serdo infinitas, por- tanto a existéncia de um briefing nos forneceré diretrizes, nos manteré nos trilhos e organizaré o projeto. TERCEIRA ETAPA: JUNTAR OS DADOS: Esta etapa é também crucial. As informacées coletadas devem ser agora or- rizadas, ganizadas e, principalmente, p Na maioria dos casos, seré necessdria uma pesquisa mais direcionada. Di- mensao ideal do televisor para determinado tamanho de home theater, siste- mas de som existentes no mercado e caracteristicas técnicas de sistema computadorizado de automagao residencial requisitados pelo cliente, etc. Para que o proceso criativo se inicie, uma a uma das lacunas importantes devem ser preenchidas. QUARTA ETAPA: DESIGN OU © PROCESSO CRIATIVO Muitas vezes nos assustamos com a dimensio ea complexibilidade de um projeto, Bruno Munari, em seu livro Das coisas nascem coisas, aborda de forma simples e didatica 0 proceso criativo e a necessidade da subdivisio de um teidadabes 2) grande projeto em subprojetos, e assim sucessivamente, até alcangarmos um universo menos assustador e mais compreensivel. FIG. 3 0 processo de criagdo é complexo e deve ser desmembrado em pequenos subprojetos. Esse é o segredo de um resultado funcional, interessante e que atenda a todas as necessidades do cliente, 09 Projetando espaos: design do imerores Design nao é desenho, mas o desenho faz parte do design. O design relacio- nado a artes, podemos dizer, é um processo criativo que utiliza espaso, forma, linhas, texturas, padronagens, bem como luz e cor para solucionar problemas e atingir metas especificas. Nesse processo criativo, devemos considerar principios basicos como equi- brio, ritmo, harmonia, unidade, escala e proporgao, contraste, énfase e varie- dade. O resultado projetual final ser4 fortemente influenciado por sua fungao, pelos materiais utilizados com suas caracteristicas proprias, pela tecnologia disponivel e, ainda, por um fator novo: a preocupagao com a ecologia ¢ a sustentabilidade. A tecnologia é a responsével pela criagao, aplicagao e utiliza- cao de diferentes materiais e processos construtivos, possibilitando solugoes diferentes e até mesmo inusitadas. Considero como primeiro passo para um bom design nossa capacidade de alterar paradigmas, conceitos e preconceitos, mantendo a mente aberta a solu- goes desconhecidas e inovadoras. O primeiro exercicio que fago com meus alunos de design € pedir-lhes que desenhem um croqui de uma mesa para refeigdes, Posso dizer que 90% deles desenham uma mesa com quatro pernas e alta. Na realidade o que eles dese- “Design” e seus seis elementos nham é uma ideia preconcebida de mesa, segundo suias culturas e experiéncias particulares. A questao é que uma mesa para refeicoes pode ter inameras interpretagdes, dependendo do usuario. Por exemplo, se nosso cliente imaginario fosse japo- nés, ele poderia dizer que uma mesa alta seria totalmente inadequada. Portanto, lembre-se: Design ndo é sobre “sua” ideia ou “seu” conceito preestabelecido sobre as coisas. Design é sobre necessidades e solugées criativas e apropriadas para elas. 1. ESPACO Se nao formos capazes de levantar corretamente as diferentes necessidades de cada ambiente, familia, individuo como ser tinico e complexo, profissao e, por fim, atividade que sera realizada no espago a ser criado, nao chegaremos nem perto de um bom projeto. A coleta de informagées fisicas e emocionais relevantes a um projeto é sem duvida, uma das partes mais importantes. Ela nos ajudaré a alcancar nossos objetivos de maneira organizada, poupando tempo e mantendo 0 projeto na diregao certa. Costumo dizer que pequenos espagos ¢ grandes ambientes sao dois extre- mos dificeis de lidar. O ambiente pequeno requer bastante flexibilidade na solugao projetual. Podemos dizer que muitas vezes temos de agir como verdadeiros magicos para adaptar um espaco muito restrito a todas as atividades e materiais que ali de- vem ser organizados. Um espago muito grande corre 0 risco de se tornar impessoal. Uso sempre como exemplo reas de espera de aeroportos ou showrooms de lojas. Se nio tomarmos cuidado, o projeto podera se assemelhar a esses ambientes, numa total falta de tracos pessoais. Entretanto, se esse for 0 objetivo do projeto, nada mais correto seguir esse exemplo! Projetancoespacos: design de interiors FIG. 4~ Espagos amplos necessitam de especial atencdo para que fiquem impessoais ou com atmosfera de loja de méveis. nao “Design” e seus seis elementos Podemos utilizar nossa criatividade para alterar a sensagao espacial de um ambiente, bem como para estimular determinada reagao. Nada deve ser por acaso quando nos referimos a design. O designer de interiores deve utilizar conscientemente as ferra- mentas disponiveis para atingir um objetivo claro e especifico. 2. FORMA E CONTORNO A forma dos objetos, das paredes, do espaco ¢ seu contorno estado interliga- dos, Enquanto a forma pode ser bidimensional ou tridimensional, o contorno sempre sera “chapado”, ou seja, bidimensional.. FIG. 5 —A representagio em “planta” deste projeto mostra o contorno dos méveis ¢ objetos. A perspectiva, entretanto, mostra a forma. 28 Projtando espacos: design de interiors A forma e/ou contorno retos, angulares ou curvos adicionardo ao ambiente as mesmas caracteristicas que linhas retas, obliquas ¢ curvas proporcionariam, jd que sero formadas por elas. 3, LINHAS Nossos olhos inconscientemente seguirdo a orientagdio das linhas de um ambiente. O modo e 0 tipo de linha num projeto adicio- nardo diferentes caracteristicas a ele. pilar e pedestal predominam, “austeridade’’ ao jardim interno. FIG. 6 ~ Linhas verticais criadas pelas janelas, acrescentando “Desig” eseus sis elementos A linha reta, por exemplo, é mais direta e masculina. A horizontal ajuda a relaxar, a conferir uma caracteristica mais calma e tranquila. A vertical pode alongar e sofisticar o clima da composigao. A linha quebrada esta relacionada a um efeito menos estavel e mais intranquilo. Est4 ligada ao movimento, conferindo uma caracteristica mais dinamica ao ambiente. Deve, entretanto, ser utilizada com ressalvas, ja que pode adicionar um componente inquietante 4 composi¢ao. A curva proporciona maior suavidade e feminilidade onde for aplicada. FIG. 7—A linha horizontal criada pela prateleira procurou ™: pela linha inclinada do teto. Bordas arredondadas nas prat arredondados buscam quebrar a masculinidade’e ‘abaixar’” 0 pé-cireito alto criado nchas ¢ complementos também tigidez das linhas retas Projetando espaos: design de interones 4, TEXTURAS E PADRONAGENS Mais do que servir como complemento para 0 “estilo” do ambiente, as tex- turas e padronagens possuem propriedades e caracteristicas fundamentais num projeto. Texturas Lisas ou brilhantes refletirao mais 0 som ¢ 0 calor, ao mesmo tempo que sao de facil manutengdo. As cores dos materiais parecerao mais intensas, ¢ 0s objetos | eas superficies onde forem aplicadas parecerao mais préximos do observador. As texturas brilhantes, caso sejam utilizadas em demasia, podem deixar um ambiente muito estimulante e, consequentemente, irritante e nem um pouco relaxante. Texturas ritsticas, asperas ou opacas absorverdo mais o som e 0 calor inci- dente e terdio uma manutengao um pouco mais dificil. As cores das superficies sero mais suaves, e os objetos e superficies parecerao mais distantes. Usadas em demasia podem deixar um ambiente “pesado”. E aconselhavel sempre procurar balancear a composi¢ao, quer por meio de cores e de ilumi- nagao, quer por qualquer outro elemento do design. Est@io presentes em cada um dos materiais selecionados para um projeto, o que faz da escolha correta uma tarefa complexa que vai muito além do “gosto” ou “modismo”. Algumas texturas estado diretamente vinculadas a determinado estilo, época ou mesmo a uma sensagao especifica. Podemos dizer que algumas si0 mais contempordneas ou com um “appeal” mais moderno, como 0 ago, 0 vidro eo brilho. J4 0 cristal, o veludo ou a seda podem nos remeter a uma época histori- ca. Superficies riisticas como terracota, pedras, caiagao ou ferro, no entanto, poderao nos lembrar campo e fazenda. Portanto, o tipo de textura a ser utilizado sera o que melhor aten- der as caracteristicas das atividades que seréo desenvolvidas em cada ambiente, bem como ao estilo escolhido para © ambiente. “Das ese sei elements a FOTO 1 — Exemplo de texturas. Padronagem bidimensional Trata-se de um componente visual do projeto, portanto ligada diretamente as sensagdes. Pode ser linear, floral, tematica, geométrica, etc. porém sempre ser impressa, estampada ou pintada sobre uma superficie, FOTO 2 — Alguns pes de padronagens encontradas em diferentes materiais aplicados num projeto de design de interiores. Projetando espagos: design de interiores A escolha da padronagem podera variar segundo o tamanho do ambiente, do mével ou do complemento onde sera aplicada. Padronagens pequenas afastam as superficies; as grandes aproximam a su- perficie do observador. Um piso de mosaico de vidro podera compor melhor um ambiente peque- no, como um lavabo, ampliando 0 espaco destinado a ele. Jé grandes azulejos ficarao mais bem proporcionados em amplos ambientes. Um tecido com estampa grande teré mais chance de sucesso se aplicado num sofé do que no acento de uma cadeira. Cuidado para nao extrapolar na variedade de padronagens num mesmo ambiente, pois 0 resultado podera ser inquietante ou até mesmo irritante. O oposto também poderd ser probleméti- co, com um resultado previsivel e sem graga. Padronagens e texturas se complementam. FIG. 8 — Aplicacdo de padronagem na cortina, na parede ou na cortina e parede altera completamente 0 resultado da composi 5, LUZ Para mim, a iluminagao é um dos mais interessantes elementos de um pro- jeto, pois, como as cores, pode atuar na emogao, na psique, no humor, no esta- do de espirito. Pode alterar a atmosfera de um ambiente pelo simples toque no interruptor, O importante num projeto de iluminacao é que ele seja funcional, “Design” e seus eis elementos pratico, criativo e flexivel. Deve ajudar o designer a proporcionar flexibilidade aos espagos, ou seja, por meio de diferentes comandos (computadorizados ou nao) deve ser possivel, por exemplo, a um ambiente transformar-se de sala aconchegante e intimista a area ideal para recep¢des. Lembre-se de que néio podemos pensar “luz” e “cor” separada- mente, pois elas interagem sempre. A incidéncia de luz modifi- caré uma tonalidade, assim como diferentes cores refletirao tam- bém a luz incidente sobre elas de modo distinto. Tenha em mente que os projetos sempre terao dois tipos de percepgao: uma diurna, onde quase tudo pode ser “visto” sob luz natural; e uma noturna, onde ‘os ambientes se transformam cada vez que uma lampada é acesa. Modismos surgem e desaparecem, e podemos segui-los ou ignord-los. No caso da iluminacao, nao ¢ diferente. Minha sugestao é sempre a mesma: siga os modismos que achar interessantes, mas nunca abra mao de uma iluminagao eficaz para tarefas essenciais do dia a dia. Neste livro, tratarei da ilumina¢ao mais como “criadora de cenarios” e me- nos da parte técnica, amplamente discutida em meus dois primeiros livros. A luz num projeto de interiores deve ser considerada como num teatro, num show, onde gera sensagées ao simples comando do interruptor e como componente indispensdvel a funcionalidade de um ambiente. Luz natural Num mundo em que os problemas relacionados a energia sao cada vez maiores, a utilizacao de luz natural é um importante fator a ser considerado € explorado. Utilizi-la ao maximo num projeto tornou-se “politicamente corre- to” num mundo globalizado, A luz natural apresenta particularidades, e o designer de interiores deve estar atento a elas para usé-las a seu favor. 34 Projet espa design de nterioes Durante a manha, a luz do sol ¢ mais amarelada, portanto vai alterar a cor das superficies, adicionando uma porcentagem extra de cor amarela onde incidir. Ao entardecer, a mesma luz do sol se torna mais alaranjada, mais avermelhada, alterando também a cor das superficies ¢ dos revestimentos. Para permitir que a luz entre nos ambientes e nao provoque reflexos, as superficies onde haja incidéncia direta da luz devem ser menos brilhantes, ou seja, mais opacas. Materiais e revestimentos em tons claros serio mais propensos a refletir a luz do dia e aquecerao menos, caso 0 sol incida diretamente sobre eles. Fundamental num projeto, a entrada da luz natural é evitada propositalmente em alguns shopping centers, para que os con- sumidores percam a nogdo de tempo! Luz artificial A busca por novas fontes luminosas vem se constituindo em uma das im- portantes pesquisas num projeto de interiores. Isto ocorre dada a necessidade de encontrarmos solug6es energéticas mais vidveis e sustentaveis. O consumo energético passou a ser uma preocupacao global fundamental e particularmente indispensdvel num projeto de interiores. Se nao pesquisamos, nao sabemos 0 que temos a nossa disposi¢ao, quais as novidades que permitem que um proje- to possa se diferenciar de outros. ‘As lampadas incandescentes passarao a fazer parte de um passado em que nao havia preocupagao com consumo energético. Serao, num futuro ndo mui- to distante, totalmente substituidas por lampadas menores e cada vez mais efi- cientes. ‘As lumindrias também esto evoluindo de forma expressiva, 0 que acentua ainda mais nossa necessidade de pesquisa e atualizagao. E € constante o cresci- mento do espaco conquistado pelas lampadas LED, que poderio, cada vez mais, ser utilizadas nos projetos. “Desig eseueseslementos 35) Como ferramenta de projeto, a luz pode ser utilizada para aumentar a fun- cionalidade de um ambiente ou, ainda, manipular as emog6es. ‘Um projeto correto, atual, devera ser também flexivel. Na iluminagao, a fle- xibilidade sera expressa pelas diferentes atmosferas que poderemos criar, utili- zando diferentes fontes luminosas. Portanto, quando trato de “iluminagao’, refiro-me a: + tipo de luz (natural ou artificial); + tipo de iluminagao (geral, de efeito, de tarefa ou decorativa); + tipo de lampada (incandescente, halégena, fluorescente, LED, vapor de mercurio, etc.); + tipo de facho luminoso (direto, indireto, difuso); + tipo de luminéria ou fontes luminosas (pendentes, plafons, abajures, spots, etc.) + estilo da luminéria (classica, art nouveau, contemporanea, moderna, etc.). FIG. 9 — Planta e perspectiva mostram a iluminacd il — Planta z \¢do de um home office, Ventilador central ¢ iluminagao de efeto com comandos em paralelo, abajur, arandela e iluminagao de tarefa sobre a mesa de trabalho com acionamentos independentes. SO Pretand paps deen de intrins Accorreta escolha e a combinacdo desses aspectos da iluminagao poderd resultar no sucesso ou no fracasso do projeto. Iluminando diferentes ambientes Para cada tipo de espaco, devem ser propostas solucées diferentes de ilumi- nagao, pois para cada tarefa ou atividade desenvolvida no espago uma solucao ser mais apropriada. Hé sempre uma novidade no que se refere a limpadas e luminarias. A pes- quisa nessa area seré imprescindivel, j4 que ¢ impossivel manter uma lista atu- alizada das criagGes dessa industria. Visite os sites http://www.gelampadas.com.br, http://www.br.osram info e http://www.luz.philips.com, para saber dos novos langamentos. Sugestao para uso residencial Plafons sao excelentes para proporcionar iluminacao geral difusa. Podem praticamente “desaparecer” no ambiente, se utilizados quase que na mesma cor da pintura do teto. Sao bem-vindos em qualquer ambiente e podem rece- ber diferentes tipos de lampadas. Nao sao recomendados como unica fonte de iluminag4o em ambientes com paredes em tons escuros, pois essas cores nao refletirao adequadamente a luz. Pendentes so uma op¢ao mais “aparente” do que os plafons. Poderao tam- bém “quase” desaparecer se forem da mesma cor da pintura do teto ou ainda podem ser transformados em centros de interesse, caso sejam de um modelo FIG. 10 — Plafons podem ser encontrados em varios tipos de materiais e formas. “Desig” seus seis elementos FIG. 11 — Lustres pendentes em alguns dos intimeros modelos existentes no mercado Cada um deles produz uma forma diferente de facho luminoso. procure evitar concorréncia entre o lustre e outras pegas particular. Nesse caso, vo no mesmo ambiente. Por exemplo, numa sala de jantar, um lustre express m1 uma mesa de jantar e cadeiras também expressivas. nao deve concorrer co: Caso isso acontega, o ambiente poder tornar-se “carregado” ou mesmo “con- gestionado”. Os pendentes propiciam diferentes tipos de foco luminoso dependendo do modelo escolhido. Com foco voltado para o teto, sao excelentes quando o ambiente tem pare- des escuras ¢ teto claro. Utilizar 0 teto como um grande refletor é a maneira mais correta de aumentar a quantidade de luz nesse ambiente. Essa solugao também éaconselhavel para aumentar “ilusoriamente” a altura de um ambiente muito baixo. ‘Ambientes com pé-direito muito alto podem receber muito bem um pen- dente com foco de luz direcionada para baixo. O teto permanecera sempre mais escuro diminuindo ilusoriamente a altura do pé-direito e aconchegando um pouco mais o ambiente. Pendentes com luz difusa sio excelentes fontes de luz geral, pois utilizario nao sé as paredes, mas também todo o teto como refletor. Spots externos nao sao tao populares como foram nos anos 1980, entretan- to, so uma solugio mais econdmica quando é preciso adicionar mais fontes a luz num ambiente com um tinico ponto de luz. Podem ser encontrados e™ inimeros designs, cores e solugdes. A luz gerada seré dirigida, de modo a crit sempre diferenca entre luz e sombra. Podem ajudar na ambientagao 0 29 . S15 Projetando espags: design de interones ‘do de certa forma mais “masculinos’, tematiza¢ao de determinado ambiente. serem retas, e podem acentuar uma carac- em vista de a maioria de suas linha teristica mais comercial do que residencial no ambiente. Spots embutidos no teto também vao gerar uma iluminagao de certa forma “direcionada”, com alguns pontos de Areas escuras. Lampadas tipo “spot” acen- tuarao 0 efeito criado pelo foco luminoso. Protecao de vidro fosco pode ser adicionada para suavizar o foco e evitar reflexos de luz nos olhos. Podem ser encontrados para limpadas incandescentes ou fluorescentes. Spots especiais para lampadas haldgenas sao excelentes na criagao de pon- tos de interesse. Podem ser fixos ou reguléveis, para curta ou longa distancia do objeto a ser iluminado ou ainda para criar diferentes efeitos luminosos. Lampadas dicroicas (halégenas) sao as recomendaveis para quadros, ba- nheiros ou qualquer outra situacao onde seja indispensavel a auséncia do calor gerado pela lampada halégena. Existem também minispots e ainda spots para LED, ou seja, pequenas lam- padas. Neste caso, a iluminac&o poderd ser mais de efeito “decoratiyo” do que realmente “luminoso”. Escolha bem a luminai Utilize esses aparelhos para criar interesse ¢ dinamismo no projeto de ilu- minagao, uma atmosfera mais dramatica alternando “luz” e “escuro” ou ainda uma atmosfera mais romantica e intimista. Sao excelentes para eliminar 0 efeito de um longo corredor. Utilize spots reguldveis direcionados para as paredes. Maior concentragao de luz nas laterais do corredor ampliaré ilusoriamente sua largura. FIG, 12 Spots externos com trilho suspenso ou fixo ao teto € algumas opgdes de spots embutidos. “Design” ese seis elementos Arandelas sao aconchegantes ¢ uma opgao bem charmosa para dormité- ios, entradas, escadas ou corredores. Sua luminosidade talvez nao seja sufici- ente como iluminagao geral. £ excelente como iluminagao de apoio. Diferentes materiais proporcionarao diferentes solucoes. FIG. 13 — S40 intimeros os modelos de arandelas. Dependendo do design e do material serdo diferentes os fachos Iuminosos produzidos e, consequentemente, o efeito. Lampadas de pé sao uma solucao econdmica para ambientes que precisam de muita luz esporadicamente. Podemos encontrar essa luminaria com capaci- dade para lampadas halégenas de S00W. Como a luz gerada é brilhante, o efei- to émuito bom eeficaz, porém gerard muito calor e consumiré muita energia. Alguns modelos apresentam dimmer, 0 que possibilita variacao na intensi- dade da luz. Facil instalacao, flexibilidade de movimento entre ambientes, uso de dife- rentes tipos de lampadas, intimeros modelos e varias possibilidades de utiliza- 40 sao apenas algumas das caracteristicas desse tipo de fonte de iluminagao. FIG. 14—Lumindtias de pé sao versétets e sao encontradas nao s6 em diferentes estlos, mas também para diferentes tipos de lampadas. AQ Projtande spars: design de nteriores A sanca de iluminagao é uma op¢ao para locais que necessitem ocasional- mente de bastante luz, como um living para grandes recep¢des, um home office onde se recebem clientes ou mesmo ambientes que requeiram uma atmosfera mais acolhedora. FIG. 15—A sanca, no exemplo em gesso, é utilizada como luz geral de acesso a um apariamento e compte o hall associada a arandelas em vidro fosco, FIG, 16 ~ Tipos de sanca com efeitos de luz diferentes. Qualquer que seja a op¢ao escolhida é indispensavel considerar os espacos necessArios para a manutengao da luminaria. “Design” eseusseis elementos 4) Lampadas incandescentes (j4 em desuso) podem gerar sombras; limpadas fluorescentes tém a capacidade de criar um ambiente mais “vivo” e vibrante; lampadas LED podem ajudar numa atmosfera mais intimista. Lampadas néon também podem ser utilizadas num efeito mais decorativo do que luminoso. Abajures e lampadas de mesa so 6timos recursos para uma atmosfera mais aconchegante. Apagados, sao reconhecidos pelo valor estético, ou seja, fardo sem divida parte dos complementos de um ambiente. Quando acesos, acres- centam uma nova dimensao a composigao. Muitas luminarias de mesa sao verdadeiros objetos de arte quando apaga- dos, podendo nao ser totalmente eficientes quando acesos. Algumas lumind- rias utilizam lampadas halégenas pelo tamanho e qualidade da luz emitida. Entretanto, essas lampadas geram uma enorme quantidade de calor, tornan- do insuportavel uma proximidade fisica. Portanto, analise as qualidades nao 86 estéticas mas também praticas de cada pega. Lembre-se, também, de testar aeficiéncia das lampadas e das luminarias, j4 que sao inameras utilizam LED. aquelas que FIG. 17 ~Um mesmo abajur consequentemente, diferentes at ode gerar diferentes tipos de foco iuminoso e, imosferas dependendo do tipo de lAmpada escolhida. 4.2 Projetndo seg design de nteriores

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