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Cain exec BD) ¥ ¥ (CENEPP UNESP jade Estadual Paulista OPré-Reitoria de Graduagiio, Universidade Estadual Paulista, 2008, Reitor Marcos Macari Vice-Reitor Herman Jacobus Comelis Voorwald Chefe de Gabinete Kleber Tomas Resende Oficinas de estudos pedagdgicos : reflexdio sobre a pratica do Ensino Superior / Sheila Zambello de Pinho (Coord.), Adriana Josefa Ferreira Chaves...et al.] . — St Paulo Cultura Académica : Universidade Estadual Paulista, Prd: Reitoria de Graduagaio, 2008. 18ip. Pré-Reitora de Graduasao Sheila Zambello de Pinho Pré-Reitora de Pés-Graduagéo ISBN 978-85-98605-32-6 Marilza Vieira Cunha Rudge Pré-Reitor de Pesquisa 1, Ensino Superior. I. Pinho, Sheila Zambello de. Il José Arana Varela Chaves, Adriana Josefa Ferreira, Ill. Universidade Estadual Paulista, Pro-reitoria de Graduagao, Pré-Reitora de Extensdo Universitaria Maria Amélia Maximo de Araijo Pr6-Reitor de Administragio Julio Cezar Durigan CDD 378 Ficha catalogréfica elaborada pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp Secretaria Geral ‘Maria Dalva Silva Pagotto I Cultura Académica Editora Praga da Sé, 108 - Centro CEP: 0101-900 - Sao Paulo-SP Telefone: (11) 3242-7171 118 | oFicinas DE ESTUDOS PEDAGOGICOS: REFLEXOES SOBRE. (argumentacao, didlogo, debate, exposigao), gestual, grifica, escrita ‘ou por meio de uma pritica. © A claboragdo de sinteses esta intrinsecamente articulada a andlise — A propria transmissdo/apropriagao do conhecimento —, que se dé ‘com base em sinteses provisérias ou precétias (visa caética inicial), tendo como perspectiva uma sintese mais elaborada. ‘© Cabe ao professor propiciar diferentes oportunidades de expresso de sinteses - provisérias - do conhecimento do aluno, possibilitando a passagem da sinetese para a sintese ou de sinteses menos elaboradas para sinteses mais elaboradas. ‘+ Nas diferentes formas de expressio de sinteses do conhecimento esto envolvidos diferentes niveis de complexidade de organizagaio do pensamento. Capitulo 7 - PROJETO PEDAGOGICO E PROJETO DE ENSINO: UM TRABALHO COM OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA PRATICA PEDAGOGICA Maria da Gléria Minguili® Ana Maria Lombardi Daibem™ Conuistamos um espago de amizade e cumplicidade ue se edificou no compromisso métuo como trabalho. Se pelo sono podemos preparar antecipadamente a vida, « preparamos com maior ou menor ousadia, com ‘maior ou menor originalidade, porque somos capazes de imaginar. Maria Licia Torales Pereira (In memoriam) Introdugdo Este texto focaliza 0 projeto pedagégico de um curso e seus decortentes — plano de ensino e plano de aula - como sintese dos estudos desenvolvidos durante as Oficinas de Estudos Pedagégicos", Enfatiza 0 projeto pedagégico (ou politico-pedagégico), plano de ensino e plano de aula, como instrumentos construidos no interior de um processo de planejamento mediante 0 qual pode-se construir a.universidade que se deseja (finalidades e objetivos), inserindo nela uma organizago curricular que integre as atividades de pesquisa, docéncia, extensto e administrag%o em cursos que garantam a demo- cratizagao do conhecimento produzido e sua utilizagdo na construgio da cidadania, E que essas atividades sejam desenvolvidas de maneira solidéria e articulada, levando ao avango continuo do conhecimento, 29 Profesor posed de Un, Dour Fao pla Unis, Ealing en 10 Pres psa de Unesp, Doren sop Up Eri niddiben pe com tr 31 Pograma de Fora Gontinea de Dace a Unesp~ Universi Estcl Pais, corenado ‘la Pro-Retn de Gradua. Elabordo en 205 implannd operiodo e200 «2008 120 | oFicivas DE ESTUDOS PEDAGOGICOS: REFLEXOFS SOBRE. consolidando caminhos ja descobertos ¢ construindo novos e melhores ‘caminhos para atingir 0 ponto desejado: um projeto (sonho) de vida para ‘© ser humano em suas relagdes sociais € com a natureza (ambiente). Ao explicitar 0 movimento de “aglo-reflexdo-agdo” que fun- damenta a metodologia de trabalho presente nos trés cixos teméticos das Oficinas de Estudos Pedagégicos™, o projeto pedagégico de um curso universitario aparece como sintese deste movimento dialético de tomar a pritica docente concreta como objeto de estudo, refletindo sobre ela.a partir de um referencial para (re) elaborar uma nova prética ‘que dé conta dos desafios que se colocam para a universidade piiblica ‘enquanto instituigao social, responsével pela produgo e socializagaio de conhecimento ¢ pela formagio de profissionais criticos e compe- tentes exigidos por uma sociedade que se pretenda ser humanizada: que tenha desenvolvimento e vise 0 “bem comum em todas as dimen- ‘ses da vida” (DIAS SOBRINHO, 2005, p.172).. (O contetido veiculado no texto inclui os seguintes tépicos inter- relacionados: projeto politico-pedagégico: procura-se; relagdo entre 0 trabalho humano € a necessidade do projeto; aspectos conceituais © legais; projeto pedagégico ¢ organizagao curricular; projeto pedags- zgico e planejamento participativo; construgdo do projeto pedagogic: aspectos operacionais. 1 Projeto politico-pedagégico: procura-se! Reunidos para refletir sobre a temética do planejamento, do- centes da Unesp (em um nimero aproximado de 200 professores) levantaram ¢ classificaram os principais problemas encontrados nessa pritica, realizando uma anélise diagndstica sobre a situagiio do processo de elaboragao, divulgagao pritica do projeto politico- pedagégico de cursos de graduagio®. Entre os problemas denominados estruturais, foram incluidos: avaliagao institucional nao tem contemplado as atividades de ensino; no sistema de créditos os alunos separam-se da turma; as disciplinas, 2A dese do ito tition encom princi da sen yung. 53 Avie desnov sane Oia de des oasis, refi aeromen PROIETO PEDAGOGICO E PROJETO DE ENSINO: UM TRABALHO... | 121 basicas pertencem a outros Departamentos que ndo se articulam a0 Curso; dicotomia entre Conselho de Curso e Departamento; falta de autonomia do Conselho Curso. Entre 05 problemas currieulares, foram apresentados como prioritérios: a reestruturagio curricular se resume em carga horéria © professor disponivel; dicotomia entre profissionais.generalistas € especialistas; ndo existe articulago entre Projeto Pedagégico do Curso ¢ Plano de Ensino; 0 professor niio conhece o Projeto do Curso ‘em que trabalha. Dos problemas pedagégicos, destacam-se: as aulas nio se arti ‘culam aos Planos de Ensino eao Projeto do Curso, sao fragmentadas; 0 professor é 0 “dono” da disciplina; o professor ministra disciplina que rninguém quer; as aulas podem atrapalhar as atividades de pesquisa; 1 articulagao da aula com Plano de Ensino ¢ Projeto Pedagégico & ‘mérito pessoal de professores dedicados. Em sintese, 0 Projeto Pedagégico ¢ pega burocrdtica, sem fundamentagao politico-pedagégica; voltado para o “mercado”; est ccentrado na visio do_ professor e nao do curso; € estitico, vinculado a pesquisa dos professores; confirma os pressupostos da Universidade Operacional*. A superagio desses problemas exige a reflexio coletiva sobre ‘o projeto da universidade piblica e construcao do projeto pedagézico do curso, articulando-o aos planos de ensino ¢ de aula, E mais que isso, hi necessidade de se criar e desenvolver uma cultura de plane~ jamento no interior da Universidade, no cotidiano da pritica docente universitéria. 2 Trabalho humano e necessidade do projeto A idéia de projeto nos remete aos estudos de Marx (1980) € Braverman (1977) sobre as questdes de trabalho animal e trabalho humano. Trabalho animal e trabalho humano, embora tenham semelhan- 6a, possuem diferencas essenciais: aquele é instintivo, programado 1M Ens canon expla no cpl {des pubes, 122 | oFICINAS DE FSTUDOS PEDAGOGICOS: REFLEXOES SOBRE, no interior das células, inato, nao aprendido e possui energia para ser liberada quando 0 animal for estimulado; o trabalho humano & cconsciente, pois o ser humano € 0 tinico ser vivo capaz de prever seu trabalho, planejar, antever a ago, projetar 0 desejo a ser realizado. Marx (1980) assinala 0 trabalho como sendo exclusivamente humano, recorrendo & idéia de projeto para diferenciar a atividade ‘humana da atividade dos animais: ‘Uma aranba executa operagdes semelhantes is do tece- 10, ea abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colméia. Mas 0 que distingue 0 pior arquiteto da melhor das abelhas é que 0 arquiteto figura na mente sua construgio antes de transformé-la em realidade, No fim do processo do trabalho aparece um resultado que ‘i existiaidealmente na imaginagdo do trabalhador. Ele ‘no transforma apenas o material sobre o qual opera; cle imprime ao material o projeto que tinha conscien- temente em mira, qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade. (p. 202) Somente o ser humano é capaz de regular seus atos pelo pensa- ‘mento, de projetar a ago, idealizar, planejar 0 futuro e realizi-lo. trabalho humano € uma ago inteligente ¢ transformadora ‘que exige a vontade individual ¢ do grupo para ser realizado. Para pensar, querer e realizar a transformagaio da realidade em busca de uma melhoria de qualidade que possa satisfazer as necessidades da vida humana hé necessidade de um projeto. Todas as formas de vida mantém-se em seu meio naturale desempenham atividades com o propésito de apoderarem-se dos produtos natura para seu préprio proveito(..) apoderar-se desses materiais da natureza {ais como sto nfo ¢ trabalho; o trabalho & uma ativi- dade que altera 0 estado natural desses materais para melhorar sua utilidade.(..) Assim a espéeie humana partlha com as demas, atividades de atuar sobre ana tureza de modo a transformé-la para melhor satisfuzer suas necessidades, (BRAVERMAN, 1977, p49) PROJETO PEDAGOGICO E PROJETO DE ENSINO: UM TRABALHO... | 123 3 Aspectos conceituais e legais Projeto e Projeto Pedagégico Projeto “um resultado que jé existia na imaginago do traba~ Ihador” (MARX, 1980, p.20) por isso, é caracteristica do ser humano, Ele 6 continuamente modificével porque, ao sentirmos angiistia dian- te da realidade, imediatamente vem o desejo, a vontade de mudé-la € com iss0, 0 desejo de mudar 0 projeto inicial, Podemos afirmar que “projeto” garante 0 desejo, 0 sonho, a proposta ideal, a utopia. Utopia, doravante, seré entendida neste texto, como o sonho possivel de ser realizado. Projetar, portanto, é ordenar ayGes para que o sonho possivel - a utopia - se realize (Apéndice A). Pensar um projeto pedagégico implica primeiramente em se ter um projeto de vida humana tendo em vista a sua interface com a natureza e a sociedade. A partir desse projeto ~ a Utopia — podem ser definidos 0 modelo de sociedade que queremos construir ¢ as finali- dades da educagaio que desejamos para colaborar nessa construgdo, Em contraposigdio ao modelo econémico, politico e social vigente, de natureza neoliberal, competitivo, excludente, elitista, propomos “... uma sociedade justa, politicamente democritica, so- cialmente solidéria e culturalmente plural (..) para o re-encontro do homem com sua humanidade” (DAIBEM, 1997, p. 14-15). Um projeto de educagao nessa ética requer a prética do traba- Iho coletivo e a ousadia “(..) de inventar, de produzir nosso proprio caminho” (COELHO, 1996, p.128). Trabalho coletivo que se fun- damenta na visio da totalidade concreta enquanto todo estruturado em curso de desenvolvimento ¢ autoctiagao (KOSIK, 1976, p.35). A. totalidade nao é a soma das partes, mas é uma rede de inter-relagdes, © co-telagdes, em movimento de estruturagdo e desestruturagio (Continuidade e ruptura). Nese movimento, ser humano e mundo se constroem histérica e reciprocamente, portanto, nada esté acabado; tudo estéi em movimento ¢ em construgao. Trata-se do conceito de trabalho coletivo na vertente histérico- social, como agao articulada dos homens na realidade concreta para transformé-la e transformarem-se; seres humanos siio sujeitos hist6- ricos ¢ reais do proceso de sua prépria humanizagao enquanto na vertente tradicional-liberal, so objetos alienados na especificidade 124 | OFICINAS DE ESTUDOS PEDAGOGICOS: REFLEXOES SOBRE, do fragmento que iré somar a outros para compor um produto que sequer participaram de sua idealizagio. projeto pedagégico de uma instituigio universitéria, constru- ido na vertente histérico-social, a partir das bases, é 0 instrument necessiirio para se evitar a alicnacao ¢ fragmentac2o dos sujeitos en- volvidos nessa construgao - docentes, alunos e servidores - e do curso io onde esto atuando, bem como garantir a sua articulagao as finalidades da universidade enquanto instituigao social ‘Alguns educadores incluem 0 termo “politico” na expresstio “projeto pedagégico”, nos remetendo as suas inter-relacdes com as praticas educativas e suas interfaces com a sociedade como um todo. Segundo Vasconcellos (2004), 0 termo politico nos remete também a refletir que nao ha neutralidade em nenhum projeto, muito ‘menos no pedagégico: ou temos um projeto explicito © assumido pelo grupo ou seguimos um projeto de alguém. Neste caso, cle ser ‘imposto de cima para baixo, desconsiderando as pessoas envolvidas, ‘a realidade onde o curso esté inserido ¢ a realidade maior que é a sociedade brasileira e mundial. Além disso, a omissio do termo politico pode ser mais tum fator de distoreo, por induzir ao engano de res- tringiro projeto a uma tarefa técnica, da qual somente especialistas, profisionais da érea, poderiam participar na elaborapio, deixando, portanto, de fora, segmentos importantes como os alunos e @ comunidade. Ser poll- tico significa tomar posigao nos confltes presentes na polis; significa, sobretudo, a busca do bem comum... (VASCONCELLOS, 2004, p. 20) projeto politico-pedagégico representa a proposta da insti- tuigdo universitaria em relagdo ao que ela pretende, em relagdo as suas fungdes. E construido coletivamente ¢ ao longo do proceso de realizago, avaliagao das atividades, replanejamento ¢ redefinigdo de ramos (processo de planejamento), vai se materializando & medida que se aproxima da sala de aula em Plano de Curso (que, segundo le- islagio da Unesp [1995], é chamado de Projeto Pedagégico); Plano de Ensino (Disciplina) e Plano de Aula. O projeto politico-pedagégico precisa ser pensado por todos ‘que participam da instituigdo: professores, alunos ¢ servidores. No PROIETO PEDAGOGICO E PROIETO DE ENSINO: UM TRABALHO... | 125 entanto, a sociedade brasileira ainda é seletiva e excludente; isso se reflete na instituigao universitiria que, muitas vezes, no permite a alunos e comunidade participarem das decisdes sobre o trabalho pe- dagégico por ela realizado, ndio obstante a Lei garanta a participagio desses segmentos. ‘Da mesma forma, os diferentes planos de ensino (do professor, especificando area de conhecimento, eixo temético e disciplina) de- vem ser discutidos coletivamente, lembrando que o centro de qualquer instituigto escolar, éa sala de aula e a relagao professor-aluno que ali se constréi, da educagaio basica até a educagdo superior. As propostas atuais contidas na Legislago Brasileira (Cons- tituigdo Federal, Estatuto da Crianga e do Adolescente, Lei das Diretrizes e Bases da Educagio Nacional ¢ Conselho Nacional de Educagao), as elaboradas pela Unesco ¢ por muitos grupos de edu- cadores apontam para a construgdo coletiva e solidiria de projetos educativos nas escolas. Da legislago enquanto um dos fundamentos para o projeto politico-pedagégico ‘Todos 0s profissionais envolvidos no trabalho educativo formal, fem instituigdes escolares, tém autonomia para pensar-querer-fazer ‘uma proposta pedagégica para sua instituiggo e/ou curso, durante um ‘espago de tempo. Dessa proposta geral (decorrente da visto de mun- do, de ser humano e de edueago compartithada pelo grupo) decorrem as propostas das disciplinas e os projetos de atividades, coneretizados pela ago docente em sala de aula, Essa autonomia é defendida por intelectuais ¢ educadores, des- de a Escola Nova. A Constituigio Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 6°preconiza a educa¢do como um direito social; no artigo 206, inciso VI, propde a gestiio democritica do ensino piblico; no artigo 207 determina que As universidades gozam de autonomia didético-cient- fica, administrativa e de gestio financeira e patrimonial «¢ obedecerio ao principio de indissociabilidade entre censino, pesquisa e extensio, ALei de Diretrizes e Bases da Educagao Nacional - LDB (BRA- SIL, 1996), promulgada oito anos depois da Constituigaio Federal ¢ 126 | OFICINAS DE ESTUDOS PEDAGOGICOS: REFLEXOES SOBRE, nos tempos de neoliberalismo, portanto dentro dos prineipios de au- tonomia c flexibilidade, em seus artigos 53 e 54 (incisos e pargrafos) determina a autonomia das universidades para a administragao geral da Educagio Superior, bem como a autonomia didético-cientifica, cabendo aos colegiados de ensino e pesquisa as decisbes a respeito. (O artigo 56 garante a gesttio democratica, assegura a existéncia de 6r- giios colegiados deliberativos dos quais participardo os segmentos da ‘comunidade institucional, local e regional, bem como, garante 70% dos assentos aos professores em cada drgiio colegiado e comissiio. No entanto, a LDB, quando trata da Educagio Superior (capitulo IV) & omissa quanto ao aspecto da indissociabilidade ensino-pesquisa-cx- tensio. Mas isso nio impede que as universidades piblicas continuem, defendendo esse prineipio como fundamento bisico da universidade enquanto instituigdo social."* ‘As diretrizes para um Curso Superior emanam do Conselho ‘Nacional de Educagdo porque fazem parte de um programa de Gover- no via Ministério de Educagdo e Desporto (MEC). A partir delas ou apesar delas, cada instituigdo e seu coletivo estardo tragando o perfil desejado — 0 seu projeto caracteristico. 4 Projeto pedagégico e organizasao curricular Em qualquer instituigao escolar, a organizagao curricular de um curso é niicleo central do seu projeto politico-pedagogico e decorre do projeto maior da instituigto. Curriculo € a totalidade das vivéncias educacionais de um curso. Na universidade, essas vivéncias envolvem o trabalho a ser realizado em sala de aula, laborat6rios, salas-ambientes, oficinas, estigios e demais situagdes de ensino-aprendizagem sob a orientagao de um professor ou grupo de professores, tendo em vista 0 projet (desejo) de profissional a ser formado no curso, bem como, o ser hu- ‘mano e a sociedade que se pretende, Por isso, a organizagdo curricular 35 Ver capil soe sine pequsteseno como findameno medic du consrto do cake ‘eo univrie, e astride Maras, sa ui, PROIETO PEDAGOGICO B PROJETO DE ENSINO: UM TRABALHO... | 127 um dos momentos do projeto politico-pedagégico do curso ¢ no 0 seu determinante inicial, Conhecem-se cursos que foram construidos a partir da orga- nizaglo curricular, sendo colocado o projeto posteriormente, apenas “pré-forma”, desconsiderando toda a discuss aqui apresentada para 8 construgio do projeto politico-pedagégico. Segundo esta proposta, 6 depois de definir com clareza o que se pretende na universidade, na sociedade e no curso é que se pode trabalhar a organizagao curricular, ou seja, ordenar as atividades a serem realizadas em forma de eixos norteadores, estabelecer as disciplinas e respectivas ementas para pos- teriormente cada professor elaborar seu plano de ensino, articulado ao cixo a que pertence, ao projeto do curso e d proposta de universidade, do ponto de vista cientifico, artistico, cultural, social e ético. Organizagio curricular, portanto, € uma certa ordenagio das atividades para a realizagio de um curso de graduago ou pos- graduagio, Nela se articulam dois tipos de atividades tendo em vista ‘a produglo do conhecimento: atividade tebriea — compreensao cien- tifica do presente e desejo de futuro (utopia) ~ e atividade praitica —transformagiio da realidade. A produgio de conhecimento tem, necessariamente, uma uili- dade social, um compromisso social de intervengao na realidade. E ai ‘que se dé a articulagaio entre teoria e pratica. Sé atividade pratica sem teoria ou com um minimo dela ¢ pragmatismo, servigo utilitério, que difere da produgao de conhecimento com finalidade social. O prag- ‘matismo “infere que o verdadeiro se reduz ao itil” (VAZQUEZ, 1968, p.211), a0 éxito individual e, por conta disso, faz surgir a competigéo entre os homens e a exclustio dos perdedores. Traz a dissolugao do te6rico (do verdadeiro) no util (p.214). Essa visto de praticidade utilitéria é individualista, competi- tiva; pode servir para preencher 0 Curriculo Lates do professor, mas deixa de ser uma pritica social transformadora. A pattir do final do século XIX, a maioria dos cursos tem sua organizagaio curricular elaborada pela orientagao denominada raciona- lidade técnica, fundamentada no paradigma positivista. Ela imprime 4 formagao profissional uma atividade instrumental, para solugao de problemas que se apresentam no cotidiano imediato ~ 0 mercado. ‘Nessa vertente, prevalecem os principi ‘gagdio especializada (fragmentada). Essa racion € dicotomiza teoria e prética; subordina a pritica & teoria, sendo esta

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