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Universidade Federal de Uberlandia Programa de P6s-Graduagdo em Musica Pesquisa artistica em misica S (LOPES-CANO e OPAZO, 2014, p. 165-177) —— Sees G LL Uru Segunda Parte: problemas e instrumentos 8. A pratica musical na pesquisa artistica 8.4, TAREFAS DE PESQUISA AUTOETNOGRAFICA EM PESQUISA ARTISTICA : E sobre née (direta ou indivetamente) A 8.4.4. ENTREVISTAS AUTOETNOG! RAFICAS "Outro recurso de autorreflexio sdo as entrevistas realizadas com técnicas especificas, como: 8.4.4.1, AUTOENTREVISTA * Pode ser por escrita ou oralmente * Dica: responder as perguntas (através de um questiondrio, por exemplo) que gostariamos que alguém nos fizesse * Algumas respostas podem ser titeis (pois organiza as ideias) e poderti, inclusive, integrarem 0 trabalho. 8.4.4.2. ENTREVISTA AUTOETNOGRAFICA INTERATIVA « Entrevistar outras pessoas, mas de forma que possa influenciar nosso pensamento ou para que podemos entender melhor nosso pensamento (sobre nés mesmos) * Pode ser feita por questionério ou terceiros -a fim de o entrevistado se sentir mais a vontade 8.4.5. ANALISE DE ARTEFATOS PRE-EXISTENTES, * Resgatar objetos,, artefatos, documentos antigos, colegdes artisticas, didrios, gravacdes, etc, que nos fornecam informacées sobre nés mesmos (direta ou indiretamente) Ny * Dica: Fazer uma lista dos artefatos de interesse e fazera ‘cha catalografica'/fichamento dele Gignificado cculto ou evidente. Como nos sentimoc? Toda autoetnografia permite que nos conhegamos como membros de uma cultura, identificando como reagimos ou agimos em nome dela. O que se busca por meio da autoetnografia é conhecer essa cultura. A autoetnogratia artistica permite-nos conhecer a nds préprios e aos outros, saber como fazemos, como reagimos, como agimos no contexto da acdo-criacSo artistica e em torno das questdies de investigac3o do nosso projeto. £ um processo de geracio de informagoes relacionadas com nossas rotinas ou exibigdes originais, estratégias habituais ou emergentes, técnicas comuns ou novas e em geral, com tudo 0 que fazemos quando fazemos arte. A autoetnografia ajuda-nos a saber como & fazemos, como @ queremios, como 0 devemos fazer para responder 8s perguntas e realizar as tarefas de investigacao e criaglo. 8. A pratica musical na pesquisa artistica 8.5, RECURSOS METODOLOGICOS PARA INTEGRAR ACAO / CRIAGAO NO PROCESSO DE PESQUISA Estratégias para converter atividades caracteristicas da pratica artistica em tarefas formalizadas de pesquisa, através da introducdo de elementos metodolégicos que se integram as atividades musicais, de forma minimamente invasiva. 2 Interagdo e a retroalimentagao (ciclo de feedback) eee seed A entre a pritica criativa e a reflexao ——— + Oprocesso inclui observagées da pratica a, peace) artistica, que deverd ser registrada, refletida e Seaties conceitualizada. A reflexo e conceitualizac3o deverdo gerar ideias e estratégias para as novas Practica acGes/objetivos, que por sua vez também nat deverdo ser observados, registrados e refletidos F f - O ponto de partida e de chegada 8.5.1 PRATICA ARTISTICA: . - -Forga motriz por trés da pesquisa da criagao Realizada por meio de técnicas autoetnogréficas, como as 8.5.2 OBSERVAR A PRATICA: ‘i diversas auto-observacdes. 8.5.3 REGISTRA A PRATICA: _Realizada por meio de estratégias autoetnograficas, como 0 inventario 8.5.4 REFLETIR SOBRE A PRATICA: Pode-se recorrer as técnicas de autorreflexio autoetnografica {como os citados anteriormente) e também na andlise dos registros audiovisuais da pratica attistica, a partir dos aspectos: Creerc Mole tee Tart elec esse eee tesr eels eee secs Brie Meee cnr eee yar 8.5.5 CONCEITUAR A PRATICA ARTISTICA ~ Alpuns dos aspectos levantados na conceitualizacao se tornardo elementos substanciais da investigacao, - Necessério registrar esse elementos, por exemplo em um quadro de ideias, de forma que permita modelar teoricamente aspectos espectficos da pratica artistica que so os motores do trabalho, ~Algumas estratégias: rotular os fenémenos, aplicar e adaptar conceitos de outras disciplinas, criar tipologias, gerarimagens metaféricas visuais ou sonoras, etc. - Exemplo: pesquisa de graduaco do Pedro Gonzalez * Objetivo: Descobrir como é sua experiéncia de performance em diferentes aspectos © Metodologia: Entrevista * Compartilhamento dos resultados: Inicialmente através de breve resumo, mas a0 perceber a énfase em alguns aspectos decidiu organizé-los em tipologia * Criago de categorias (relacionadas a relaco do performer) * Beneficio: facilitou a observaco especifica de cada entrevistado e definir as etapas, de vivéncia dos fenémenos 8.5.6. DESIGNE NOVAS ACOES -Aconceituacao permite a designac3o de novas ages artisticas para estudar testar, bem como novos objetivos e metas da aco artistica. '* Apés elaboragio da tipologia e realizaciio da andlise dos . 4, fesultados da entrevista, conseguiu conceber performances ~ Continuacao do exemplo do Pedro Gonzalez: artisticas centradas em alguns dos aspectos, alguns até que 1ngo foram abordados nas respostas (mas que pode descobrir devido & conceitualiza¢o) - Exemplo pesquisa da Reina Navarro Perde-te a conseiéncia. 0 corpo 7) fez 0 60m, ni 0 inctramento Explora estados de consciéncia que ocorrem durante a execucdo musical - ‘estado de fluxo' Objeto de pesquisas no campo da improvisacao jazzistica, psicologia do esporte e assunto nos estudos dos estos corporais e cogni¢ao corporificada Para vivenciar este estado de espirito, recorreu a técnicas de concentragao, meditacao e testes Aplicou em uma primeira pesquisa e depois de refletir observou a escassez de ferramentas. Entdo comecou a conceitualizar a prépria experiéncia, para desenvolver melhores ferramentas. Conceitualizago realizada ajuda a diferenciar os tipos de estado de fluxo Pesquisa proporciona a projeco de novas técnicas e personalizadas para alcancar o estado de fl Sua reflexdo-conceituacao permitiu-the refinar sua pratica e levé-la aos objetivos. 8. A pratica musical na pesquisa artistica 8.6 EXPERIMENTACAQ. - Nos método$ qualitativos é "a observacao controlada em uma situagSo de laboratério de mostra da realidade a Ja" - mas também pode acontecer nas quantitativas. - Experimentar significa ‘observar(direta ou auxiliada) o desenvolvimento de um fendmeno inserido em um contexto controlado’, que seré posteriormente analisado Elemento ou agio que é manipulado ¢ controlade - Exemplo: Instrumentista que precisa resolver um problema técnico: ys * Implementagdo de um dedithado que deixe uma passagem dificil mais musical * Realizacdo de testes com diferentes dedilhados durante o estudo, até encontrar o melhor resultado. * Sea situago for formalizada, pode se tornar um instrumento metodologico experimental * Nesse contexto os dedilhados ensaiados funcionam como varidveis independentes, enquanto os resultados no fraseado sdo as dependentes. ——> Recultade obcervavel apdc a aplicagdo da varidvel independente. + Realizou gravacdes audiovisuais durante os teste (que auxiliam a observagio). Registrou, avaliou e escolheu os resultados * Poderia fazer roteiro antes da experimentaciio (o que, como e resultado esperado) e pedido opinio aos colegas + Esses protocolos fazem com que uma prética comum torne-se uma experiéncia formal, que com uma metodologia pré-definida pode até ser uma tarefa de pesquisa em um trabalho artistico 8. A pratica musical na pesquisa artistica 8.6 EXPERIMENTACAO. - Na pesquisa artistica pode haver muitos outros modos de experimentagio (desde os de relages entre variaveis dependentes e independentes e os métodos de tentativa e erro - em que os procedimentos e/ou resultados esperados nao sio formalizados) - Esse segundo tipo parece estabelecer relagiio com a ‘tradigao experimental na musica contempordnea’ - Sobre a musica experimental, John Cage afirma que ela deve ser entendida “nao como a descrigéio de um ato que serd posteriormente julgado em termos de sucesso ou fracasso, mas simplesmente como um ato cujo resultado é desconhecido"(Cage 2002, 13). - Donlad Schén (1998) identifica trés tipos de experimentacao: 1.Experimentacao Exploratéria Responde a pergunta se..2; A aco é implementada para ver o que vem a seguir (ndo ha previsio] 2. Experimentacao de aco em movimento Ago p /oposito predeterminado; Resultados esperados e inesperados; ‘que queria? Gostou do resultado 3, Comparando ou testando hipéteses ara escolher a mais adequada Testa-se cada hipétese pa 8.6 EXPERIMENTACAO “Embora um experimento deva ser uma observacao em um contexto controlado, Schén afirma que, na reflexdo a partir da acdo, esse cenério costuma ser complicado. Sendo assim, propde os conceitos dei." para distinguira pratica experimental em situagdes controladas, e 2. " : onde a experimentagio ocorre dentro da prépria pratica profissional in situ e em tempo real (Sch6n 1998, 138)". *Ambos ocorrem com frequéncia na pesquisa em arte > ~Também pode-se realizar situagBes laboratoriais nas nossas sessdes de estudo habituais (como no exemplo citado), onde temas a possibilidade de controlar todas as variveis, 0 processo, 0 registo, a observacio, a analise ea avaliagao dos resultados. 8. A pratica musical na pesquisa artistica 8.6 EXPERIMENTACAO. - Exemplo de experimento de laboratério: Pesquisa da Lisa Kortleitner, “A study of the use of body gestures in expensive playing” * Varios estimulos musicais, sonoros ou audiovisuais foram manipulados e administrado de maneira controlada pelo pesquisador a um piiblico que colabora voluntariamente na situa¢o experimental. ‘* Resultado: A experiéncia permitiu ao autor estabelecer relacdes entre a dimenséo “audiovisual” de uma performance musical e as emogGes que esta sugere ao ouvinte. - Os experimentos de campo jé acontecem ‘in situ’, ou seja, no mesmo momento da pratica artistica. - Exemplo: Mark Cousins, diretor de cinema e autor do dacumentério de 15h, "The Story of Filrm: An Odyssey". * Cineastas diferentes editaram diferentes finais para o filmes para que os produtores, ou os censores* escolhessem o mais conveniente e esses finais foram apresentados para o piiblico (que ndo sabiam da dinamica previamente], a fim de notarem como seria a recep¢ao. * Reago do piiblico sem observacao sistemética e registrada, Simplesmente foi observado o que estava acontecendo e impressées foram trocadas com alguns dos participantes. * Exercicio experimental pouco formalizado, metodologicamente desleixado, mas eficaz e suficiente para os objetivos do cineasta. 8. A pratica musical na pesquisa artistica 8.6 EXPERIMENTACAO. - Outro exemplo: pesquisa de graduagdo sobre performance do Pedro Gonzales (ja citado) « Incluiu processos de formago em outras artes performativas, entrevistas com diversos performers e artistas cénicos e muita reflexio, + Exploracdo de diferentes aspectos da performance cénica em um concerto: performance que ele preparou, em que foi posto a prova a eficacia de propostas estéticas que, até entio, estavam apenas no plano tedrico é reflexivo, + Concerto: performance (teste experimental fol necesséro tanto para encerraro ciclo de pesquisa iniciado, como para confirmar ou refutar algumas ideias artisticas desenvolvidas no estudo e verificar a eficacia de outras. — fe) Também folobservaco e registrada (através de eravacto, conversa e questionsrio) es reacoes e opinides do pubblico (que nao sabiam que estavam participando de um experimento), que se configurou uma etapa fundamental para avaliar as propostas artsticas, * Comas informagées obtidas, Gonzdlez complementou sua andlise de desempenho ‘experimental. CONSIDERAGOES FINAIS -0 pesquisador ‘artistico' tem muita liberdade, mas é extremamente definir os procedimentos metodolégicos e ferramentas a serem utilizadas, mesmo que proporcionem atividades 'experimentais’ -Consideragio da individualidade (artistica, analitica, de observagao, etc) do pesquisador - Necessidade de reflexdo e registro durante todas as etapas da pesquisa OBRIGADA!

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