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O panorama nacional
Na última década, a produção agrícola brasileira teve um enorme
impulso. A produção de grãos no país aumentou 100%, enquanto a área
plantada cresceu apenas 12%. Isso é resultado da crescente utilização
de tecnologias modernas, sobretudo as associadas a programas de
melhoramento de plantas, que vêm gerando variedades mais adapta-
das às diversas condições ambientais e de cultivo e aos diferentes
solos que existem no Brasil.
Riscos e benefícios
A desconfiança em relação à segurança dos alimentos transgênicos, comum em vários
países, inclusive no Brasil, não se baseia em fatos. As análises de risco dos produtos
geneticamente modificados ou derivados deles e outros estudos científicos deixam
claro que não há riscos em sua produção ou em seu consumo. A discussão sobre a
legislação brasileira de biossegurança deve levar em conta o conhecimento existente,
para proteger o meio ambiente e a população sem inibir o desenvolvimento da ciência
e da tecnologia.
Franco M. Lajolo
Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental,
Faculdade de Ciências Farmacêuticas,
Universidade de São Paulo
Poucas pessoas sabem que a engenharia genética, se bem utilizada, que podem ajudar a controlar anemias nutricionais,
tem enorme potencial para dar mais qualidade de que afetam milhões de pessoas no mundo inteiro.
vida às populações. Ela pode aumentar a produtivi- Com tudo isso, deveria haver um grande entu-
dade agrícola, beneficiar o meio ambiente e melho- siasmo pela introdução dos transgênicos. Mas, in-
rar a qualidade dos alimentos e a saúde humana. felizmente, não é o que acontece.
Diversos exemplos demonstram esse potencial. Diversas circunstâncias têm gerado desconfian-
É o caso de plantas resistentes a insetos, que ne- ça em relação aos transgênicos, em especial no Bra-
cessitam de menos inseticidas, preservando o meio sil. Mas ela não se baseia em fatos e sim na per-
ambiente e a saúde humana. Ou de frutos com ama- cepção individual equivocada do risco possível. O
durecimento controlado e, portanto, de melhor equívoco se deve tanto a medidas conflitantes de
conservação e qualidade. Ou ainda de sementes de origem governamental quanto ao despreparo da
plantas como soja, milho, canola e arroz, que já mídia para bem informar seus leitores em assuntos
tiveram seu valor nutricional melhorado por enge- de ponta de ciência e tecnologia, e ainda à falta
nharia genética. de educação científica da média da população bra-
A mesma tecnologia também produziu óleos com sileira. Em resumo, a desconfiança decorre do co-
teor mais equilibrado de ácidos graxos (saturados e nhecimento limitado do assunto e das informações
insaturados), melhores para o coração, bem como pouco esclarecedoras veiculadas pela mídia.
raízes cujos carboidratos auxiliam as funções intes- Como qualquer tecnologia, a da produção de trans-
tinais. Ao lado disso, sementes enriquecidas com vi- gênicos deve ser avaliada criteriosamente, para que
taminas e minerais – a chamada biofortificação – sua segurança seja garantida. A ciência e a prática
são importantes em programas de saúde pública, já têm mostrado, até o momento, que a produção e o
consumo de alimentos transgênicos não acarretam vêm sendo obtidos nessas análises suge-
riscos novos em relação aos já existentes nos ali- rem que o instrumental disponível para
mentos produzidos de maneira convencional. a avaliação é bastante confiável para
A avaliação de segurança alimentar – parte da ro- estabelecer a sua segurança. O risco de
tina do estudo dos alimentos – utiliza uma metodo- ocorrência de efeitos adversos da in-
logia denominada ‘análise de risco’. Tal procedimen- gestão de alimentos transgênicos – por
to, adotado e aceito internacionalmente, investiga exemplo, a transferência natural do
os riscos de possíveis efeitos adversos dos alimentos gene introduzido para bactérias in-
na população, propõe o gerenciamento desses riscos testinais ou para o organismo huma-
através de políticas normativas e de controle e faz no, ou problemas causados pelas proteí-
circular informação entre os setores envolvidos. nas expressas por esse gene ou por alterações signi-
Na produção dos alimentos transgênicos, transfe- ficativas na composição nutricional do alimento – é
rem-se genes de um organismo (doador) para outro extremamente pequeno. Isso vem sendo demons-
(receptor), no qual o gene transferido será expresso, trado pelo uso desses produtos em rações animais e
alterando alguma característica desse receptor (uma na alimentação humana, por muitos anos e em di-
planta ou um animal). A análise de risco avalia os versos países, sem qualquer registro confirmado de
perigos potenciais associados a esse gene, ao organis- efeito adverso à saúde.
mo doador e aos efeitos intencionais ou não que po- No Brasil, por determinação legal, qualquer ali-
dem resultar da expressão desse gene no receptor. mento que contenha organismos geneticamente
Protocolos de avaliação de segurança de organis- modificados deve trazer essa informação no rótulo.
mos transgênicos vêm sendo sucessivamente pro- Mas essa exigência nada tem a ver com a segurança
postos, aperfeiçoados e endossados por organismos de tais alimentos: a norma apenas garante que o
internacionais como a Organização das Nações Uni- consumidor exerça de forma mais informada e ple-
das para Alimentos e Agricultura (FAO). Tais proto- na o seu direito de escolha. Os alimentos transgêni-
colos envolvem a geração de informações baseadas cos já encontrados no mercado em vários países –
em estratégias e etapas específicas, que ocorrem ao inclusive no Brasil – foram avaliados e considera-
longo de todo o processo de produção, desde a con- dos seguros por diversos organismos científicos e
cepção inicial do produto até seu lançamento no órgãos de saúde pública internacionais de gran-
mercado. Essas estratégias e etapas são as seguintes: de credibilidade.
• avaliação da segurança do organismo que deu Vale apontar, porém, que se essa rotulagem obri-
Sugestões
origem ao gene (ausência de patogenicidade ou gatória garante, por um lado, um direito dos consu- para leitura
toxicidade); midores, pode, por outro, se for mal regulamentada,
• descrição do organismo transformado e da esta- gerar custos desnecessários e instaurar desconfian- LAJOLO, F. M. & NUTTI,
M. R. Transgênicos
bilidade da transformação; ça. Não há base científica, por exemplo, para impor — Bases científicas
• descrição das técnicas utilizadas e caracteriza- essa rotulagem a produtos refinados (como açúcar da sua segurança,
São Paulo, SBAN,
ção molecular da modificação genética ocorrida; ou óleo) obtidos a partir de plantas transgênicas ou
2003.
• caracterização (bioquímica, funcional, toxico- a alimentos em cujo processamento são usadas BORÉM, A., DEL
lógica) dos novos produtos decorrentes da ex- enzimas produzidas por organismos transgênicos GIUDICE, M. P.
& COSTA, N. M. B.
pressão do gene introduzido; (como acontece em alguns casos na produção de Alimentos
• composição química do produto, relativa a ma- queijos). A exigência também não se aplica à carne geneticamente
modificados,
cro e micronutrientes, e a outras substâncias, de animais alimentados com sementes transgênicas. Viçosa, UFV, 2003.
conforme o caso, para identificação de efeitos Esses produtos não apresentam riscos à saúde e, em COSTA, N. M. B.
não intencionais; nenhum desses casos, é possível detectar nos produ- & BORÉM, A.
Biotecnologia
• ensaios nutricionais ou toxicológicos com tos finais a presença de genes modificados, tornan- e nutrição, São
animais; do impossível a fiscalização exigida pela lei. Paulo, Nobel, 2003.
THOMAS, J. A. & FUCHS,
• estudos de possível alergenicidade (capacidade O desenvolvimento da biotecnologia é essencial R. Biotechnology
de causar alergias) com base nas características para que o Brasil adquira competitividade em áreas and safety
estruturais da proteína expressa, envolvendo en- estratégicas, como as de agronomia e saúde. Por assessment,
Londres, Academic
saios in vitro e in vivo. isso, é também essencial que a lei sobre biossegu- Press, 2003.
rança, atualmente em tramitação no Congresso ICSU (International
Council for
Nacional, se apóie no conhecimento científico exis-
TRANSGÊNICOS SÃO CONFIÁVEIS tente, disponibilizado pelos pesquisadores brasi-
Science). New
genetic foods and
agriculture:
A evolução das normas referentes à avaliação de leiros às autoridades envolvidas em sua elaboração.
scientific
segurança dos alimentos geneticamente modifica- Só assim ela poderá garantir a segurança ambien- discoveries –
dos, os trabalhos de harmonização dessas normas tal e a saúde pública sem inibir o desenvolvimento societal dilemmas,
Paris, ICSU ,2003.
em nível mundial e os dados experimentais que científico e tecnológico. ■
A experiência da AgroGenética
A presença de ingredientes derivados de plantas transgênicas em produtos alimentícios
vem aumentando no mundo inteiro, inclusive no Brasil. De 2000 a 2003, verificou-se no
país um aumento de 5% para 32% desses componentes em grãos, sucos, sopas, salsichas,
temperos, entre outros itens analisados por uma empresa incubada na Universidade
Federal de Viçosa (MG). O cumprimento das normas para a produção e o comércio dos
transgênicos, que o país vem discutindo, depende da existência de laboratórios capazes
de detectar e quantificar a presença de resíduos desses produtos nos alimentos.
Porcentagem
dutos não contêm transgênicos, já que estes ainda 20,0
Os alimentos transgênicos, ou seja, que contêm ção, mas essa especialização agrícola em monocul-
produtos ou subprodutos de organismos genetica- turas para exportação não garante o abastecimento
mente modificados, constituem uma das mais re- de alimentos para o mercado interno.
centes alterações introduzidas na alimentação – isso As conseqüências da disseminação de produtos
aconteceu há menos de uma década. As empresas transgênicos no mercado de alimentos têm várias
de biotecnologia ampliaram seu controle do merca- dimensões. Do ponto de vista histórico, podemos ob-
do da alimentação humana e animal por meio da servar algumas alterações inéditas. A maior transfor-
invenção de novos organismos vivos, plantas e/ou mação na forma como a humanidade se alimenta
animais – produtos artificiais da combinação de ocorreu na revolução neolítica, há cerca de 10 mil
genes de espécies distintas (chegando até a mistura anos, quando surgiu a agricultura. Desde então, as
de filos diferentes, através da transferência de genes técnicas agrícolas, em especial o saber dos agriculto-
entre animais e plantas). res sobre as sementes e a forma de selecionar as me-
A quimera, animal mitológico, híbrido e impos- lhores para o replantio, estiveram na base da produ-
sível, com corpo de cabra, cabeça de leão e cauda de ção de alimentos. A segunda maior transformação,
dragão, tornou-se real. Desde 1973, apesar das pro- produto do intercâmbio moderno de gêneros entre
postas efêmeras de moratória, vêm sendo criados os continentes, seguido da industrialização, permi-
novos organismos vivos com genes recombinados, tiu uma globalização do saber arcaico da domes-
destinados não só a servirem de alimentos. A guer- ticação das plantas alimentícias, levando as espe-
ra biológica foi uma das fronteiras de vanguarda na ciarias, o milho, a batata, a cana-de-açúcar, entre
pesquisa de novas ou velhas doenças e de toxinas tantas outras espécies vegetais, a tornarem-se pe-
geneticamente manipuladas, mas as mais rentáveis ças-chaves na constituição do moderno sistema
aplicações dos organismos transgênicos foram as mundial de mercado.
industriais, como no uso de bactérias transformadas Atualmente, a adoção de sementes transgênicas
para produzir insulina, interferon e hormônio do que geram plantas com grãos infecundos, devido à
crescimento humano. presença de um gene ‘exterminador’, ameaça a auto-
A tecnologia de manipulação genética de espé- nomia dos produtores agrícolas sobre as sementes,
cies animais e vegetais para fins industriais, medi- tornando-os inteiramente dependentes de grandes
cinais ou alimentares certamente pode ter usos fornecedores de fertilizantes, agrotóxicos e das pró-
adequados, com uma potencialidade imensa ain-
da desconhecida. No entanto, o uso atual dos trans-
gênicos na agricultura de grãos tem trazido a mar-
ca de uma expansão precipitada, levando ao temor
global de uma decomposição ainda maior na qua-
lidade da alimentação humana.
O mais curioso não é o fato – já suficientemente
bizarro – de se misturarem na comida genes de se-
res vivos diferentes, criando o que os europeus cha-
mam de frankenfoods, mas o de que a mais poderosa
empresa de produção de alimentos transgênicos do
mundo também seja a maior produtora de venenos.
A empresa norte-americana Monsanto, maior pro-
dutora mundial de herbicidas, produziu um tipo de
soja que recebeu genes de uma bactéria e de uma
flor para tornar-se mais resistente ao herbicida
Roundup, fabricado pela própria Monsanto. A soja
resistente, chamada Roundup Ready, assim como o
milho que incorpora o veneno nas próprias folhas
através de um gene recombinado, são os principais
produtos transgênicos no mercado mundial de ali-
mentos, embora enfrentem grande resistência no
mercado europeu.
Assim, a soja transgênica tem servido para au-
mentar o uso e a dependência de um agrotóxico
específico de uma empresa multinacional. Ao custo
de maior contaminação ambiental e maior devasta-
ção florestal consegue-se maior volume de produ-
Rubens O. Nodari A avaliação dos riscos e impactos ao meio ambiente do uso em larga
e Miguel P. Guerra escala de organismos geneticamente modificados
Departamento de Fitotecnia, (OGMs) ou transgênicos deve se basear em boas
Centro de Ciências Agrárias, práticas científicas e em uma abordagem multi-
Universidade Federal de Santa Catarina disciplinar. Embora as implicações econômicas, so-
ciais e éticas também devam ser avaliadas em con-
junto com a análise de riscos ambientais, elas não
são abordadas neste artigo.
Entre os alertas mais contundentes sobre os pos-
síveis riscos ao meio ambiente decorrentes do culti-
vo ou liberação de plantas transgênicas estão (1) a
geração de novas pragas e plantas daninhas; (2) o
aumento do efeito das pragas já existentes, por meio
da recombinação gênica entre a planta transgênica
e espécies filogeneticamente relacionadas; (3) os
danos a espécies não-alvos; (4) a alteração drástica
na dinâmica das comunidades bióticas, levando à
perda de recursos genéticos valiosos, seguido da
contaminação gênica de espécies nativas, que intro-
duziria nestas características originadas de paren-
tes distantes ou até de espécies não relacionadas; (5)
Indiretos Difícil
A dificuldade de prever, testar e monitorar os efeitos diretos e indiretos do cultivo de variedades transgênicas
(OGMs) depende da escala em que esses efeitos ocorrem: essa dificuldade aumenta à medida que cresce a escala
espacial e à medida que os efeitos se tornam indiretos e envolvem aspectos ecológicos e sociais
os efeitos adversos em processos ecológicos nos populações e de outras espécies com as quais inte-
ecossistemas; (6) a produção de substâncias tóxicas ragem. Do ponto de vista agrícola, a transferência de
após a degradação incompleta de produtos quími- genes pode provocar o surgimento de plantas dani-
cos perigosos codificados pelos genes modificados; nhas e pragas resistentes, bem como variantes ge-
e (7) a perda de biodiversidade. néticos cujas características não se pode anteci-
Esses alertas foram lançados no final da década par. Além disso, a agrodiversidade, composta pelas
de 1980 por cientistas de várias universidades nor- variedades ‘crioulas’ ou tradicionais ainda cultiva-
te-americanas, entre eles os microbiólogos James das pelos agricultores, poderá ser drasticamente
Tiedje e Richard Lenski e o biólogo Philip Regal. afetada. Devem ser considerados outros riscos em
Mais tarde, outros cientistas não apenas reforçaram espécies não-alvos, como microrganismos e ani-
tais riscos como incluíram outros. Cabe destacar os mais, assim como a contaminação do solo e da água
trabalhos do biólogo Norman Ellstrand, da Univer- por transgenes. As dimensões desses problemas
sidade de Riverside, e outros, relacionados à trans- também não podem ser previstas sem estudos de
ferência dos transgenes para parentes silvestres e impactos ambientais.
outras variedades de plantas em cultivo. A avaliação ambiental deve ser baseada nos ris-
Dos riscos acima mencionados, todos já foram cos potenciais de cada um dos transgênicos. Precisa,
comprovados experimentalmente ou constatados em
campo, exceto a geração de substâncias tóxicas pela
degradação dos produtos gênicos. Entretanto, à me-
dida que o conhecimento científico avança nessa
área e diferentes transgênicos são desenvolvidos,
novos riscos potenciais são evidenciados. Também
não se pode deixar de considerar que são múltiplas
as ameaças aos componentes da biodiversidade, já
que um ecossistema é constituído não só por seres
vivos, mas também pelos processos ecológicos.
Entre os riscos ambientais, a transferência dos
transgenes por cruzamentos sexuais, já constatada
em várias situações, é considerada hoje uma das
ameaças mais sérias. Espécies que adquirirem cer-
tos transgenes dessa forma poderão alterar seu valor
adaptativo e, em conseqüência, a dinâmica de suas
portanto, levar em conta as características dos genes plantas transgênicas. Concluídos em 2003, tais es-
inseridos e as implicações do uso em larga escala tudos indicaram que os sistemas de cultivo que
dos organismos modificados. Os procedimentos para incluíram variedades transgênicas foram mais no-
essa avaliação estão associados à identificação dos civos à biodiversidade que os convencionais para
perigos, à estimativa de sua magnitude e da fre- duas (beterraba e colza) das três espécies testadas.
qüência de ocorrência, e à existência de alternati- Assim, os estudos científicos tornaram possível, nes-
vas ao uso desses organismos. Os riscos ambientais se caso, tomar uma decisão sabendo das possíveis
de uma variedade transgênica dependem das conseqüências.
interações complexas decorrentes da modificação A diretriz maior é a de que um novo produto
genética, da história natural dos organismos envol- deve ser seguro e sadio para a espécie humana e
vidos e das propriedades do ecossistema no qual para o meio ambiente. Portanto, o impacto de um
essa variedade é liberada. transgene no ambiente e na saúde humana deve ser
A análise dos riscos ambientais, porém, é difi- criteriosamente avaliado. Assim, é relevante men-
cultada por vários fatores: a imprevisibilidade do cionar a estratégia e o objetivo de uma avaliação de
sítio do DNA onde será feita a inserção do(s) gene(s); plantas transgênicas proposta pelo ecólogo cana-
a presença de genes de resistência a antibióticos e dense Garry Peterson, hoje na Universidade McGill
outras seqüências que favorecem a transferência de (Estados Unidos), e colegas, na revista Conservation
DNA e causam instabilidade; a ausência de controle Ecology (v. 4-1, p. 13, 2000). Essa proposta é, de
da expressão gênica; a falta de controle do fluxo certa forma, adequada para as condições e a legisla-
gênico; a imprevisibilidade dos efeitos pleiotrópicos ção brasileiras (ver quadro à esquerda).
(colaterais) e dos efeitos a organismos não-alvos, ao Os estudos de impacto ambiental, no entanto, são
ambiente e à saúde humana. complexos, e devem incluir abordagens multidisci-
plinares. Três manifestações a esse respeito mere-
cem ser destacadas. A primeira é do jornalista cien-
tífico Cláudio Cordovil, no site Observatório da Im-
QUE CRITÉRIOS prensa (17/6/2003): “…estudos de avaliação de ris-
Sugestões
para leitura
co realizados por especialistas, para alegar uma
LEVAR EM CONTA? suposta inocuidade das novas tecnologias, extrema- NATIONAL RESEARCH
COUNCIL.
Por que é necessário realizar estudos ambientais mente valorizados por jornalistas, são considerados Environmental
antes da liberação comercial? Porque um risco é simplistas por cientistas sociais, por não contem- effects
definido em função da magnitude do seu efeito e da plarem as dimensões socioculturais da construção of transgenic
plants: the scope
probabilidade de ocorrência. Portanto, sem estudos do risco”. A segunda, da Academia Nacional de and adequacy
científicos, que critérios serão levados em conta Ciências dos Estados Unidos (National Science of regulation,
Washington,
para a tomada de uma decisão? Embora a decisão Academy), diz que a avaliação de plantas trans- National Academy
sobre a adoção de uma nova tecnologia ou produto gênicas deve ser feita de maneira “mais rigorosa e Press, 2002.
NODARI, R. O.
seja de natureza política, a base é científica. transparente”, com a participação de especialistas
& GUERRA, M. P.
Conhecendo-se os riscos, pode-se tomar uma de- independentes e maior envolvimento da população ‘Avaliação de riscos
cisão. É o que está ocorrendo na Inglaterra, onde o em geral. ambientais
de plantas
governo solicitou à comunidade científica, em 1999, A terceira, também dessa Academia, está em um transgênicas’,
a realização de estudos de impacto ambiental de relatório recente sobre o ‘confinamento biológico in Cadernos
de Ciência
de organismos geneticamente engenheirados’ e Tecnologia, v. 18,
(www.nap.edu/books/0309090857/html). O docu-
FOTO SILVIO AVILA/FOLHA IMAGEM
nº 1, p. 81, 2001.
mento concluiu que a falta de ciência e de dados de ROYAL SOCIETY.
Lavoura de soja transgênica no município Philosophical
de Tupanciretã, na região noroeste qualidade é o fator mais significativo que limita Transactions:
do Rio Grande do Sul nossa capacidade de alcançar métodos efetivos de Biological Sciences,
v. 358, nº 1.439,
bioconfinamento – métodos biológicos que visam novembro de 2003
confinar ou conter os OGMs e seus transgenes em si (edição especial
mesmos, ou seja, evitar o escape gênico. Como os sobre OGMs).
TIEDJE, J. M. e outros.
métodos podem falhar, um método, isoladamente, ‘The planned
seria insuficiente para prevenir o escape gênico. introduction
of genetically
Por isso, os cientistas recomendam desenvolver e engineered
testar múltiplos métodos para evitar o escape dos organisms –
Ecological
transgenes e seus efeitos adversos ao meio ambien-
considerations and
te. Por todas essas razões, os autores do relatório recommendations’,
enfatizam a necessidade de uma regulamentação in Ecology, v. 70,
nº 2, p. 298, 1989.
abrangente e rigorosa. ■
O controle legal
Novas regras estão sendo elaboradas para garantir a segurança biológica, ou biossegurança,
das atividades de engenharia genética e permitir o avanço da área sem que haja agressão à saúde
humana ou ao meio ambiente. O projeto de Lei nº 2.401/2003 já foi aprovado na Câmara de Deputados
e aguarda votação no Senado Federal. Algumas questões não resolvidas na legislação de 1995
permanecem sem solução no novo projeto, mas ainda há tempo para respostas legislativas que
permitam aprimorar a política nacional de biossegurança.
Paulo Affonso Leme Machado* A Câmara de Deputados aprovou em 5 de fevereiro o projeto de Lei
Departamento de Ecologia, nº 2.401/2003, que discorre sobre construção, cul-
Instituto de Biociências, tivo, produção, manipulação, transporte, transferên-
Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), cia, importação, exportação, armazenamento, pes-
campus de Rio Claro e Faculdade de Direito, quisa, comercialização, consumo, liberação e descar-
Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) te no meio ambiente dos organismos geneticamente
modificados (OGM). Caberá agora ao Senado Fede-
ral apreciar o projeto, voltando em seguida à Câma-
ra para a votação final.
As novas regras estão sendo elaboradas para que
haja segurança biológica ou biossegurança na en-
genharia genética, com o objetivo de se avançar na
área de biotecnologia sem agredir a saúde huma-
na, animal e vegetal, protegendo-se a vida e o meio
ambiente.
Normas legais já existem desde 1995, com a pro-
mulgação da Lei nº 8.974, modificada posteriormen-
* Autor do livro Direito ambiental brasileiro te pela Medida Provisória nº 2.191-9 em 2001. Pela
(Malheiros editores, São Paulo) Lei nº 8.974, o governo federal – através dos minis-
e professor convidado térios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde
na Universidade de Limoges, – detém o controle sobre as atividades de engenha-
França (1986-2003). ria genética, como ocorre com a regulação de agro-
tóxicos. Criou-se, na ocasião, a Comissão Técnica trabalhos somente na ausência do titular, como
Nacional de Biossegurança (CTNBio), instalada no consta do próprio projeto. Portanto, não deveria ha-
Ministério da Ciência e Tecnologia. Mas não tem ver dúvidas na estruturação de uma comissão que
sido fácil nem harmônico, desde então, entrosar vai desempenhar papel central na biossegurança do
os ministérios e a CTNBio. Incertezas e discordân- país; é preciso deixar claro se ela vai funcionar com
cias sobre qual o tipo de controle que deve ser feito 27 ou com 54 membros.
em relação aos OGMs e quem deve exercê-lo Na nova lei, uma das funções da CTNBio foi
norteiam a discussão. inserida nas disposições finais e transitórias, que
determinam que a comissão deliberará em última e
definitiva instância, no âmbito das atividades de
pesquisa, nos casos em que a atividade for potencial
DISCÓRDIA ou efetivamente poluidora, bem como sobre a ne-
O pomo de discórdia foi a liberação do estudo de cessidade do licenciamento ambiental. Esse arti-
impacto ambiental para o plantio e a comercializa- go está deslocado, devendo ser encaixado junto
ção da soja geneticamente modificada no fim do ano com as competências da CTNBio. A avaliação do
passado. Houve ação cível pública contra esse com- possível ou efetivo dano ambiental (EPIA/RIMA)
portamento administrativo, mas o governo federal causado pelas atividades de pesquisa não ficou res-
acabou, por medidas provisórias, liberando a safra trita à competência da CTNBio.
de soja de 2003 e 2004, sendo que o projeto de lei A CTNBio passa a ter novas responsabilidades.
determina a liberação da safra de 2005. Conserva o poder de emitir pareceres sobre o uso
O meio ambiente encontrou na Constituição Fe- comercial de OGMs, ganhando as atribuições de Esse símbolo,
deral de 1988 uma excelente normatização através autorizar, registrar e acompanhar as atividades de de acordo com
de seu artigo 225. Dando a devida importância à pesquisa com OGMs ou derivados de OGMs. Com a nova lei,
deverá
prevenção do risco ambiental, através do estudo tais poderes, vale a pena insistir em que esses 27 aparecer no
prévio de impacto ambiental, ensejando a parti- membros titulares e os 27 suplentes precisariam rótulo de todo
cipação do público na sua aprovação, a Constituição comprovar sua idoneidade moral, fazendo publi- produto com
estabelece como um dever do poder público o con- car sua declaração de bens, antes de sua posse e ao componentes
trole da produção, da comercialização e do emprego se desligar de suas funções. É importante lembrar transgênicos
de técnicas, métodos e substâncias que comportem que essas pessoas decidirão sobre tecnologias de
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio vanguarda e de risco que interessam a milhões de
ambiente. brasileiros, e que essas decisões administrativas
envolvem fortíssimos interesses econômicos.
A composição da CTNBio tem dado destaque aos
cientistas – já compõem quase a metade da comis-
A NOVA LEI são. Espera-se que eles contribuam não só como pes-
A concepção dos mecanismos de controle da lei que quisadores e professores, mas também como inte-
tramita no Congresso Nacional muda completamen- grantes da sociedade, à qual devem prestar contas.
te o quadro atual. Pelo projeto a ser apreciado pelo Não se deve supervalorizar nem apequenar os profis-
Senado Federal, as ações de controle estão divididas sionais da ciência antecipadamente: seu mérito será
em duas partes: a atividade de pesquisa e a ativida- julgado pelo trabalho criterioso, independente e
de de uso comercial de OGMs. A primeira será ana- transparente que esperamos seja feito na Comissão.
lisada exclusivamente pela CTNBio; já o controle Os especialistas, os integrantes da sociedade ci-
sobre o uso comercial dos OGMs será efetuado pela vil e os representantes do governo deverão incorpo-
Secretaria de Aqüicultura e Pesca e pelos ministé- rar em suas decisões administrativas os deveres le-
rios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde. gais da motivação, razoabilidade e proporcionalida-
A CTNBio será composta por 27 cidadãos brasi- de, aplicando, entre outros, os princípios da preven-
leiros de reconhecida competência técnica, de notó- ção, da precaução e da informação. Ainda que indi-
rios atuação e saber científicos, com grau acadêmi- cados pelas sociedades científicas ou por associa-
co de doutor: 12 especialistas, nove representantes ções, os especialistas e os integrantes da sociedade
de vários ministérios e seis representantes da socie- civil não estarão representando suas corporações,
dade civil. Foi um equívoco de redação a exigência respondendo pessoalmente pelas suas decisões.
de que todos os 27 membros sejam doutores. Uma Como cabem, pelo menos, 23 atribuições à Comis-
contradição é a de que tanto os membros titulares são Técnica Nacional de Biossegurança, e conside-
quanto os suplentes venham a participar das subco- rando o tempo a ser empregado nos trabalhos desse
missões, cabendo a todos a distribuição dos proces- colegiado, seria injusto e ineficiente não se prever
sos para análise. Ora, o suplente participará dos remuneração aos conselheiros não funcionários.
CARTA
Pela nova legislação, o uso comercial de OGMs
e seus derivados passará a ser regulado pelos minis-
térios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde
e pela Secretaria de Aqüicultura e Pesca, podendo
ser revisto pelo Conselho Nacional de Biosseguran-
ça (CNBS). Esse Conselho está sendo criado pelo
projeto de lei e será órgão de assessoramento supe-
rior do presidente da República para a formulação
e implementação da Política Nacional de Biossegu-
C ientistas represen-
rança. Terá competência para analisar, exclusiva-
mente, os pedidos de liberação para uso comercial
de OGMs e seus derivados com relação aos aspectos tantes de 13 socie-
da conveniência e oportunidade socioeconômicas
dades científicas, encabe-
e do interesse nacional. A expressão ‘interesse na-
cional’ abarca um número enorme de interesses çados pela Associação
presentes na questão, como os relativos ao meio
ambiente, à saúde e à biossegurança. Na esfera da Nacional de Biosseguran-
socioeconomia, estão o emprego, a produção agrí-
ça (ANBio), encaminha-
cola, o comércio exterior e nacional.
O Conselho Nacional de Biossegurança será a ram em 17 de fevereiro uma
última instância administrativa dos organismos
geneticamente modificados. Ao ser dito que anali- carta aos senadores brasi-
sará a liberação para uso comercial sob os aspectos
leiros na qual pedem mu-
da conveniência e da oportunidade, juridicamente
está se dizendo que decidirá discricionariamente danças significativas no
(sem restrições). Felizmente a concepção de dis-
cricionariedade evoluiu de uma ilimitada autonomia texto do Projeto de Lei
do Poder Executivo para um controle moderado,
no 2.401/03, que estabele-
mas efetivo, do Poder Judiciário.
Filtro das pressões políticas, econômicas e am- ce uma lei de biossegu-
bientais da questão, o Conselho Nacional de Biosse-
gurança deverá procurar a solução de possíveis confli- rança no país, aprovado
tos entre a CTNBio e os orgãos de fiscalização. Quan-
pela Câmara Federal na
do o governo não tiver decisões já previamente fe-
chadas, esse conselho poderá ter um eficiente papel madrugada do dia 5 de
de entrelaçamento da segurança da saúde e do meio
ambiente com o desenvolvimento da biotecnologia. fevereiro. Esse é um raro
Há uma última questão que não foi resolvida
momento para a história
nem na lei de 1995 nem no novo projeto: a seguran-
ça econômica das empresas que atuam em biotec- brasileira da ciência, em
Sugestões nologia, frente a possíveis danos decorrentes de
para leitura suas atividades. A engenharia genética ficou res- que várias entidades se
trita às pessoas jurídicas; as pessoas físicas foram
MAE-WAN HO E reuniram em torno de uma
OUTROS, Génie proibidas de atuarem nela de forma autônoma e
génétique, Paris,
Éditions Sang
independente. Continuará em vigor a responsabi- causa comum: a real ado-
de la terre, 1997. lidade civil objetiva, que é importante, mas não
FARAH, S.B., suficiente. Ao se expedir o certificado de qualida- ção da biotecnologia no
DNA — Segredos
de em biossegurança, indaga-se sobre a situação
& mistérios, Brasil. Apresentamos aqui
São Paulo, Sarvier, financeira do requerente. Contudo, não há, ainda,
1997.
VALLE, S. e TELLES,
parâmetros para identificar qual a garantia econô- a íntegra do texto.
J.L. (org.), mica e financeira de uma empresa que pretende
Bioética atuar em biotecnologia. Se danos ocorrerem e a
e biorrisco
— abordagem
empresa falir, quem pagará os danos pessoais e am-
transdisciplinar, bientais, que podem ser enormes? Ainda é tempo
Rio de Janeiro, de encontrarmos respostas legislativas para aper-
Interciência, 2003.
feiçoar a política nacional de biossegurança. ■
AO SENADO
As sociedades e entidades científicas brasileiras que ves burocráticos, os investimentos em pesquisa nes-
subscrevem o presente documento vêm mui respei- te setor serão reduzidos bruscamente, levando o país
tosamente apontar os pontos que consideram serem a um atraso irrecuperável.
fundamentais para o aprimoramento do PL de Biosse- 3. Igualmente relevante é a convalidação dos atos
gurança, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia já praticados pela CTNBio em obediência à Lei no 8.974,
5 de fevereiro de 2004 e encaminhado à esta Casa. de 1995, em consideração à integridade que ela repre-
O projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputa- senta e por significar um grande investimento já prati-
dos, de relatoria do deputado Renildo Calheiros, repre- cado com erário público. Portanto, é importante que o
senta sem dúvida um grande avanço para a pesquisa Senado Federal modifique o texto enviado pela Câma-
brasileira, todavia a complexidade científica da matéria ra, convalidando os atos praticados pela CTNBio des-
requer o seu aprimoramento criterioso no Senado Fede- de 1995 até a presente data, independentemente de
ral, sob pena de vermos lograda a expectativa de retorno estarem relacionados à comercialização ou à pesquisa.
social dessas pesquisas para a população brasileira. 4. Os textos do PL que tratam da pesquisa com
Dentre os pontos que deverão ser considerados pelo células-tronco embrionárias são particularmente alar-
Senado Federal indicamos: mantes quanto aos efeitos na saúde pública. A tera-
1. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança pia celular com células-tronco embrionárias pode repre-
(CTNBio) deve ser a única e definitiva instância para jul- sentar a esperança de tratamento para milhões de bra-
gar sobre a natureza científica da matéria de tamanha sileiros afetados por doenças genéticas, que atingem
complexidade. Somente uma instância como a CTNBio mais de 5 milhões de pessoas, a maioria crianças e jo-
com a multidisciplinaridade e abrangência necessá- vens. Não se trata de produzir embriões para esta fi-
rias, conforme definido em sua composição em texto nalidade, mas de utilizar aqueles que são descartados
legal, com representantes tanto dos setores interessa- em clínicas de fertilização. Em resumo, é justo deixar
dos do poder executivo (aí incluído o Ibama através da morrer uma criança ou um jovem afetado por uma
representação do Ministério do Meio Ambiente), como doença neuromuscular letal para preservar um em-
das sociedades científicas e da sociedade em geral, é brião cujo destino é o lixo? A exacerbação burocráti-
que possibilitará a legitimidade, a transparência e a de- ca, baseada em crenças não compartilhadas pela maio-
mocratização do processo decisório de temas desta ria da população brasileira, impedirá que sejam sal-
complexidade científica. Acreditamos portanto que o vas milhares de vidas e a busca de cura de inúmeros
parecer da CTNBio deverá ser vinculado tanto para as problemas de saúde. A CTNBio também deve ser con-
atividades de pesquisa como para as de comercia- siderada com legitimidade para decidir em última ins-
lização. Convém ressaltar que estudos de impacto am- tância sobre esta matéria.
biental serão exigidos sempre que a CTNBio considerar
que a atividade é potencialmente causadora de degra-
dação do meio ambiente, tanto para atividades de pes- • Academia Brasileira de Ciências (ABC)
quisa como de comercialização e que a manifestação do • Associação Nacional de Biossegurança (ANBio)
Ministério do Meio Ambiente sobre a matéria deverá se
• Associação Brasileira de Biotecnologia (Abrabi)
dar no âmbito da CTNBio onde terá assento.
• Associação Brasileira de Distrofia Muscular
2. É fundamental para o desenvolvimento nacional
• Associação Brasileira para a Proteção dos Alimentos (Abrapa)
que as pesquisas oriundas das instituições públicas
• Centro Brasileiro de Estocagem de Genes
possam ser rapidamente incorporadas ao nosso setor
• Centro de Estudos do Genoma Humano
produtivo, sob pena de a sociedade brasileira não po-
der usufruir dos investimentos em ciência e tecnologia • Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN)
no Brasil. Portanto, a CTNBio deve ser a única e definiti- • Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA)
va instância com legitimidade para julgar a segurança • Sociedade Brasileira de Genética (SBG)
desses produtos, cabendo ao Conselho de Ministros • Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas (SBMP)
(CNBS) opinar sobre a pertinência socioeconômica da • Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM)
permissão de comercialização. A continuar esses entra- • Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal (UFRJ)
a b r i l d e 2 0 0 4 • CCIIÊÊNNCCIIAA HHOOJJEE • 4 9
É T I C A
Hugh Lacey
Swarthmore College,
Pensilvânia (Estados Unidos)
e Departamento de Filosofia,
Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo*
* Primeiro semestre de 2004. Lacey é autor de Valores e atividade científica (São Paulo, Discurso Editorial, 1998)
e atualmente está escrevendo The structure of the ethical controversies about transgenic crops (Estrutura das
controvérsias éticas sobre safras transgênicas), com o apoio da Fundação Nacional de Ciências (Estados Unidos).