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pas ¥% w ¢ SS . Enciclopédia VERBO das Literaturas de Lingua Portuguesa VERBO 601 FILODEMO — FILOLOGIA 602 de seu amo; Venador — 0 outro filho do nobre — perde-se na caga, para vir pois @ encontrar-se no amor por Fipri mena, tida por pastora. O conflito/que decorre da desigualdade social verificada entre os amantes é resolvido pela/incer~ ven¢ao de um pastor castelhano, agente de um tipico discurso de reconhpci to, durante 0 qual se revela a ascfndéncia nobre dos dois irmaos, recolh{dos pelo O paralelismo entre os d amor é evidente ¢ consuma+ de processos de dialogo alternancia dos espacas, com © palacio (em que se situa a evolufio da primeira historia) a dar lugar a0 gampo, onde tem lugar 0 encontro entrf o cavaleiro ¢ a pastora, num quadro fe convencionali- dade pastoril Mais do que no evdluir da acgio ou no seu desenlace, porém/ o interesse do A. F. reside em outros aspfctos. Assim, embora assente numa acciofperfeitamente defini- da, 0 auto vale pelafespecial configurasio do discurso dramfitico, em que sobres- saem varios tipos[He didlogo {em verso em prosa) e de frondlogo. Quanto ao imei { merecem especial des- travados entre 0s pro- tagonistas ¢ os feus criados e amigos: é 0 caso das interfocugdes entre Dionisa Solina (personfigem em quem se notam alguns tragos fla Celestina) ¢ é, sobretu- do, 0 caso dd dislogo ocorrido entre lodemo e Dytiano, centrado na oposi¢io entre dois tfpos de amor: 0 amor «pela passiva», ddfendido pelo protagonista da pega, e 0 afnor «pela activan, sustentado por Duriafo, que procede inclusivamen- te a uma/saborosa sitira de Petrarca, Bembo q «outros escodrinhadores de amor mals especulativos». No qfee diz respeito ao monélogo, hé tue mehcionar 0 caso dos mogos Vilar- oe Splina, que dele se server, essen: te, para comentar a acc4o; ¢ ha que rfferir, num outro plano, as tiradas lirieds de Filodemo e de Florimela, enuyfciadores que se servem do discurso de primeira pessoa nio s6 para pontua- rend o desenvolvimento dramético, mas também para integrarem os trimites da historia numa visto geral da Natureza e do Amor, num registo de melancolia bem camoniana BIBLIOGRAFIA: I — Autor ¢ Comédias Port gueses por Antinio Presten Luis de Cambes € On fos Autores Portuguese, Lis, 1587 (reprodugao anasttica, com pret. de Hernini Cidade e nota b= bligrifica de J. V. Pina Martins, Ex, Lysiay1973); xAtto de Filodemor, in Luis de Caries. Teatro ¢ Garter, sd, de Hernini Cidade com llsyagies de Lima de Freitas, Lx., 1980; II — A. ira de Al- sneide, «Le thésere de Camoes dans Phiseoire da théure portugise, in Ballon is portagais, tf, n.° 2, Institue franegfs au Portugal, Lx,, 1950; Hernini Cidade, Luis dg Camées, IT: 0s ‘Anes e 9 Teatro do Sen Te™mpo Conteido Biografico, Lx.,1956f Cesatina Donat, ‘Sul conflitto tra amore attivo amore contempla vo nel teatro nae Studi Camoniani/80, Romanice Vulgaria Quadepni, 2, "Aquila, 1980; Luis Francisco Fcbel Vafiases ‘obre'o Teatro de Caries, Lx, 1980: Oscgf Lopes, sSobre 0 teatro camonianor,in Ler e Dpois, Porto, 1969; Maria Tdalina Resta Rodrigug, «Os autos de Cambes¢0 teauro peninsular, in bstados Tberios, de Cultura 3 Literatura (9:8, 1g «x0, Lx ICAL, 1987, ido original do termo (apro- ximadamente «gosto pela palavra», em grego) sofreu 20 longo da sua histéria uma consideravel evolugio, de que nos interessam sobretudo 0s mais recentes estadios. Hoje, nao se diré que um en- saio interpretativo sobre o estilo, as fon- tes ou a estrutura de Os Lusiadas pertence ao dominio da Filologia, mas antes ao da critica literdria; do mesmo modo, um es- tudo sobre o vocabulério ou a sintaxe de Camées nao deverd ser etiquetado de fi- loldgico, mas antes de linguistico. E fre- quente, no entanto, vermos trabalhos como esses e, de modo mais lato, as acti vidades centradas no estudo da produgio de linguagem ¢ de literatura serem classi- ficadas como filol6gicas, especialmente quando uma perspectiva diacrénica dis- tancia de nds 0 objecto desse estudo. Is- to porque o uso cozrente da lingua con- tinua a chamar fildlogos aos linguistas, aos literatos ¢ a outros estudiosos afins, sem que estes se reconhecam na designa- g40 ou sequer a apreciem como justa descrigao das suas ocupagdes. Existe uma inadequacio entre o significado ge- ral e tradicional do termo «Filologia» e algumas disciplinas cientificas ow artisti- cas a que ele é atribuido, inadequagio 603 FILOLOGIA 604 que decorre de ndo ser tomada em conta a autonomizacio que essas disciplinas (designadamente a /linguistica e as cién- cias literdrias) alcangaram a partir do séc. xIx em relagéo & sua raiz comum., Esta, a F. romantica, tinha 0 mais ambi- cioso dos programas: a «meta derradeira que 0 fildlogo se propde» era entao (ou é ainda, segundo a lapidar formula de Lu- ciana Stegagno-Picchio, 1979: 214) nada menos que «entender, no sentido mais amplo do termo, quanto um outro ho- mem, mesmo distante no tempo e no es- aco, confiow aos signos». A essa raiz comum se referia a 1.7 ed. do dicionario de Morais (1789), quando definia

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