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ELETRONICA RADIO E TV SUMARIO 48 LIGAO TEORICA CARGA ELETRICA - CAPACITORES 1 A carga oletrica + Tipos de slotrcidado + Lois de atracao © repulsso + Corpos neuttos eeletrizados + Natureza da carga eletrica + Expicagao dos fenémenos eléricos + Coren sobre adenominagao de etic posta e nega + Reorrente elétrica + Sentdo da corrente elérica + Aplicagbes praticas do concelto de carga elétrica + Distribuicao das cargas eletricas nos corpos NOs capacttores = Gapacténcia + Unidade de medida + Analogia hidraulica da unidade + De que depende a capactancia de um capacitor + Explcagao do efeto capacitvo, com apoio na teoria dos elétrons + Glassiicacao dos capacitores +O capacitor no circuito - Associagées + Associagbes + Polaridate dos capacitores 44 LIGAO PRATICA DETALHES PRATICOS DOS CAPACITORES | Inrodugao II Tipos usuais de capacitores Iil- Garacteristicas técnicas importantes IV- Identticagao dos capacitores 4° LIGAO ESPECIAL ‘ACESSORIOS USADOS EM RADIOTECNICA (2! PARTE) @) Parafuses, porcas ¢ aruelas @) Terminals {) Fusiveis e portausiveis 9) Lampada:pioto P) Porta pihas 1) Blindagem }) Dissipadores "Dial aka im) Lec 5) Soquetes: CURSO DE ELETRONICA BASICA RADIO - TV 4° LICAO TEORICA CARGA ELETRICA - CAPACITORES 1-Acarga elétrica 'Até 0 momento temos considerado a carga eléttica simplesmente como um portador de eletricidade, sem nada acrescentar sobre a sua nalureza. Vamos, agora, estudar a carga elétrica com um ouquinho mais de profundidade, ja que fla intervém em todos os fenémenos da Eletrénica. O aluno deve compreender bem o que vamos expor, pois a explicagao de todos os fendmenos eletricos, desde uma conhecidissima descarga atmosferica (raios) até o mais complicado sistema de comunicagao dos satélites artificiais, @ dada a partir da carga elétrica 1 - Tipos de eletricidade Vamos tomar um pedago de fio isolante, um tio de seda, por exemplo. ‘Amarremos a uma de suas extremidades tum pedacinho de material bem leve, por exemplo medula (parte do meio) de um sabugo seco, papel, Isopor, etc. A outra ‘oxtromidade do flo deve ser presa a uma haste qualquer, de modo que o fio fique pendurado e nao encoste em nada. Se a haste for construida como sugerimos na figura 1, teremos 0 que se chama de pendulo elétrico. Figura | - Péndulo Eletrico Se 0 aluno nao quiser construir 0 ppendulo como o da figura 1, podera, por ‘exemplo, prender o fio isolante na beirada de uma mesa, com um pedago de fita adesiva (durex), como mostramos na figura 2. Isso feito, temos 0 nosso péndulo ‘em condigoes de ser utilizado, para demonstrar os tipos possiveis de eletricidade. E 0 que faremos com as seguintes experiéncias: 18) Tomemos um pedago de flanela, um pente de plastico e um bastao Figura 2 - Péndulo Elerco utiizando-se uma de video, desses utlizados em farmécias, para misturar remédios. Agora, alrtemos, u seja, estrequemos 0 pente na flanela ‘ou no cabelo como mostra a figura 3 Apés isto, aproximemos o pente, da e Figura 3 - Estregando pente no cabelo bolinha de isopor. Observamos que 0 pente atrai a bolinha de isopor como ilus- tra a figura 4. Devemos tomar o culdado de nao deixar que ela toque no pente. i Figura 4 Penteatraindo 0 isopor. ‘Agora, fagamos a mesma expe- riéncia cam 0 bastéo de vidro, ou seja, atritremo-lo com a flanela, como mostra a figura 5, @ aproximemo-lo da bolinha de isopor. Observamos o mesmo fendmeno anterior, isto 6, a bolinha também sera atraida, como mostra a figura 6. 2 Figura 5 - Atritando 0 bastao de vidro na ‘anal. Para ficar mais completa esta primeira experiéncia, artanjemos também lum bastao de metal, que pode ser um pedaco de ferro redondo, um pedaco de fio de cobre grosso, etc. Como tizomos Figura 6 vito. Isopor sendo atraido polo bastdo de com o pente € 0 basiao de vidro, atri temos 0 bastao metalico com a flanela da mesma maneira que na figura 7 © apro ximemo-lo da bolinna de nosso péndulo. ‘iritando basta de ferro com a Figura 7 faneta \Vamos notar que a bolinha permanece em sua posigag, isto é, nao é atraida pelo ‘metal, como $e vé na figura 8 Desta primeira experiéncia pode- ‘mos tar tr8s conclusoes: a) O bastao de vidro e 0 de Figura 8 tert. leopor nao & atraido pelo bastio de plastico (pente) adquirem eletricicade, {quando attitados com fianela, 'b) © bastao metalico néo adquire letricidade. (0) A eletricidade dos bastoes de vidto € de plastico (penta) deve ser a mesma, isto é, de mesmo tipo, porque produziram na bolinha de isopor 6 mesmo eleito, ou seja, ambos atrairam a bolinia da mesma maneira. Estas trés conclus6es, apa rentomente légicas, nao sdo todas verdadeiras, como veremos com as. ultras experiéncias, 22) Atritemos o bastao de vidro e aproximemo-lo da bolinha do isopor, mas, ‘agora, deixemos que a bolinha toque no bastao, como na figura 9, Observamos, Figura 9 -Isopor tocando ne bastao de vido. ‘entao, que a bolinha, apés tocar no bas: tao de vidro, afasta-se do bastao, igual & figura 10. Figura 11 - Tacando na bolinha de isopor com Figura 12 - sopar tacando no pente, pente, a bolinha é novamente repelida, ‘como mostra a figura 13, Esta segunda experiéncia parece confirmar a conclusao ¢ da anterior, ou seja, que 0 tipo de eletricidade dos dois, bastdes 4 0 mesmo. Eniretanto, isso nao 6 verdade, como demonstraremas com a terceira experiéncia. 3!) Encostemos, novamente, a ‘mo na bolinha. Agora, aproximemos dala © basiao de vidio, previamente atritado, & deixemos que a bolinha toque nele. Ela sora repelida. Em seguida, aproximemos 0 bastao do plastico, ou seja, o pente, também previamente atritado. Notaremos que a boiinha, que foi repelida pelo basto de vidro, ¢ alraida pelo pente. Entao, Podemos tirar a conclusao definitiva © verdadeira de que a eletricidade do bastéo de vidro é diferente da eletrici dade do bastao de plastico. Conclusao: Existem dows pos idade: ou saja: a positva e de elet negativa. Prosseguindo em nossas experién: cias, vamos, agora, construir dois péndu: los elétticos. Feito isto, atritemos o pente com a flanela © aproximemo-lo das bol nhas dos dois péndulos, tocando-as com © penta. Agora, aproximemos entre si os Figura 14 - Cargas elticas iguaisrepelem se dois péndulos. Vamos verificar que as duas bolinhas se afasiam (fig. 14), Em seguida, tocamos com a mao nas duas bolinhas @ repetimos a expe: riéncia anterior, mas com o bastéo de vi dro previamente atritado. Observamos o mesmo efeito, ou seja, as bolinhas se atastam. Desta pratica podomos tirar a ‘concluséo que constitui a primeira ii: Cargas elétricas repelem-se. iguais Por cargas elétricas iguais 0 aluno deve entender aquelas que tém o mesmo sinal, ou seja, todas positivas ou todas negativas. ‘Tomemos agora os dois péndulos com as bolinhas descarregadas pelo to: ‘que das maos, @ a um deles aproximemos Figura 10 ce vdeo. Isopor send repelido pelo bastao Isto posto, toquemos a bolinha com a mao, como ilustra a figura 11 Fagamos agora a mesma coisa, mas com 0 pente, ou seja, atritemo-l0. ‘aproximemo-lo da bolinha e deixemos que ela o toque, igual a figura 12. Observamos ‘a mesma coisa que aconteceu com 0 bastae de vidro, isto 6, apés tocar no Figura 13 -lsopor send repatido pelo pent. A cletricidade do bastéo de vidro & chamada de eletricidade vitrea e Convencionou-se que ela é posit A eletricidade do bastao de plastico (do pente, em nossa experiéncia) 6 chamada de eletricidade resinosa e, convencionalmente, é negativa. 3 Figura 15 - Cargas aléticas eierentes atraem © bastao de vidro, previamente atritado, permitindo que a bolinha toque nele. Aproximemos do outra o pente também atritado e delxemos qué a bolinha 0 Toque. Apés isto, aproximando entre si os dois péndulos observamos que as bolinhas, agora, se aproximam, como na figura 18, Dai resulta a segunda li Por cargas elétricas diferentes deve-se entender aquelas que tém sinais contrarios, sto é, positivas © negativa 3- Corpos neutros e eletrizados Até 0 momento temos falado exaustivamente em cargas elétricas, mas nao explicamos ainda o que 6 realmente a carga eletrica. Seria a bolinha de isopor, de nnossas experiéncias, uma carga eléttica? A resposta é nao. A bolinha é simples- mente um corpo ao qual conferimos car ‘gas elétricas, ou seja, um corpo que nos eletrizamos. Antes de ser eleirizado, ele estava no estado neutro, isio é, sem cargas. 4 - Natureza da carga elétrica Sabe-se que todo corpo é cons- tituido de minusculas partes, que so cha- madas de moléculas. Assim, o papel dess ta ligdo, 0 lapis, 0 ferro, enfim tudo © que ‘ocupa lugar no espago € formado de mo- léculas. Estas, por sua vez, s80 formadas de partes menores ainda, que 40 os Atomos. Tambem os atomos sao formados de pequenas particulas. Dessas, as mais importantes para o nosso estudo sao: 0 elétron, 0 proton eo neutron. ‘0 elétron 6 a particula do atomo que tem carga elétrica negativa, o proton tem carga positiva e 0 néutron nao tem carga. ‘A particularidade do atomo & a de que ele 6 uma estrutura vazia, ou soja, tem uma parte central, quo se chama cleo, onde estdo situados os néutrons © 05 protans, @ tem os elétrons girando fem volta desse nicleo, a grande distancia, relativamente ao seu tamanho. Poderiamos, para fixar idéias, comparar 0 ‘tomo com um sistema planetario. © que diferencia um atomo dos outros @ © numero de elétrons, & consequentemente, de protons odo néutrons que ele possui. O atomo de ferro, por exemplo, formado pelas mesmas particulas que 0 atomo de carbone (carvao); entretanto, esses dois elementos sao totalmente diferentes nas suas propriedades fisicas, porque o numero de particulas & diferente Quando 0 étomo tem bastante elétrons, estes se dispoem em camadas fom volta do nacleo. Essas camadas tém um numero certo e determinado de eletrons. Na figura 16, representamos um tomo com 3 elétrons, 3 protons, 3 Figura 16 -Atomo. néutrons e 2 camadas. Desta introdugao e do que ja ssabemos das experiéncias com 0 pendulo alétrico, podemos tirar as seguintes conclusées: 18) Como o niimero de elétrons do tomo ¢ igual ao numero de prétons, 0 ‘tomo ¢ eletricamente neutro, isto 8, 130 6 oletrizado. 2) Como olétrons @ protons exis- ‘tem om igual numero e tém cargas elt cas de sinais contrarios, ha atragao entre ales. 3%) A forga de atracao entre prétons e elétrons depende da posicéo da camada na qual 0 elétron se encontra, Assim, os elétrons da camada mais. atastada do nicleo estao mais fracamente ligados a ele. Esto dotalhe bastante importante, como veremos mais tarde. Para completar estas rapidas nodes sobre os atomos, podemos salientar que: a) A distancia entre o niicioo ¢ uma camada de elétrons 6 muito grande. Para {que 0 aluno tenha uma idéia dessa dis- tancia, diremos que, se 0 nuicleo pudesse ter 0 tamanho de uma bola de pingue- ppongue, 0 elétron deveria estar acerca de 15 quildmetros do nucleo e deveria ser muito menor que uma cabega de affinete. Note que esta comparagao é feita apenas, para que se tenha uma ideia de quao dis- tante esta o eléiron do nicleo e quae dite- rentes eles so em dimensdes. Na real dade, 0 atomo & 140 pequeno que sao necessarios muitos @ muitos thoes deles ppara encher um dedal ') Oelétron 6 bem mais leve que 0 proton, mais precisamente cerca de mil © oltocentas vezes. 5 - Explicacao dos fené- menos elétricos De posse de algumas nogdes so. bre tomo, podemos explicar, de maneira correta, os fendmenos observades nas experiéncias com o péndulo elétrco. a) Aeletrizacao dos bastoes Comecemos pelo de vidro. Esse basto, evidentemonte, 6 formado por um numero incalculavel de étomos que, por sua vez, tém um ndmero muito maior de lations. Por outro lado, em razao de sua constituigao molecular, esses elétrons 4 estdo fortemente presos aos atomos. Em sendo assim, quando se esirega a flanela no bastao de vidro, ela, tendo seus elatrons mais livres, perde elétrons, os quais se depositam no bastao de vidro. Desta maneira, 0 vidro fica eletrizado @ a flanela também. Dizemos que o vidro ficou com eletricidade positiva e a flanela, negativa, Se atritarmos com a flangla 0 bastdo de resina, que em nossas experiéncias ¢ um pente plastico, preferivelmente de ebonite, observare- ‘mos 0 conirario do caso anterior, ou seja a flanela, por ter seus elétrons mais, fortemente ligados ao atomo que o bastao de resina (pente), retira elétrons do pente. Nestas circunstancias, tanto 0 pente como a flanela ficam eletrizados. Com estas duas oxplicacdes, 0 aluno pode ‘compreender porque os dois bastoes tem elatricidades diferentes, embora sejam alritados com a mesma flanela. E 0 que determina s9 um corpo esta eletizado ou nao 6 0 rompimento de seu estado de neutralidade. Assim, 0 bastao de vidro, bem como a flanela, inicialmente, esto fem estado neutro, isto 6, tm a mesma ‘quantidade de elétrons, que sao as cargas elétricas negativas, e de protons, que S30, as cargas elétricas positivas. Quando alrtados, isto @, esiregados um contra 0 outro, rompe-se esse equillbrio ea flaneia, que tem seus elétrons mais, fracamente presos aos atomos, cede-os 20 vidio, E interessante notar que a quantidade de elétrons que o vidro ganhou 6 igual aquela que a flanela perdeu. Isto é facil verificar, pois basta que se encoste o vidro na flanela para que ambos retornem ao estado neutvo b) A atracao ou repulsao da bolinha de isopor A bolinha de isopor usada no pendula, de inicio, esta no estado neutt, ou seja, tem mesma quantidade de protons e elétrons. Quando dela se aproxima um dos bastdes eletrizados acontece 0 seguinte: as cargas elétricas do bastao eletrizado repelem as cargas, elétricas de mesmo sinal da bolinha © atraem as de sinais contrarios, como aprendemos. Poderia parecer ao aluno ‘que, em sendo igual o nimero de cargas, elétricas positivas e negativas na bolinha a fora de atragao fosse igual a de repulsao @ nao devesse haver movimento Isso nao acontece, porque a quantidade de carga de um 56 sinal existente no bastao eletrizado ¢ maior do que a existente na bolinha e, portanta, havera atiagao, isto 6, tendéncia da bolinha a ‘aproximar-se do bastao. Insistindo, ainda neste ponto, vamos recorrer a um exemplo numérico. Suponhiamos que a bolinha tenha § elétrons e 5 protons portanto, esteja em estado neutro ‘Admitamos que, apés atrtado, 0 bastio de vidro fique com 10 elétrons. Entao, ‘quando se aproxima 0 bastao da boiinha, Figura 17 - Airagio de dots compos com cargas levicas cilerentes, os § protons desta Ultima sao atraidos pelos 10 elétrons do bastao, Como 10 Cargas tém mais forca de atracdo que as 5, a bolinha aproxima-se do bastao. Na figura 17, ilustramos 0 exemplo ¢) Eletrizacao por contato Mostramos que a bolinha, apés tocar no bastao, @ repelida. Vejamos porque. Para maior facilidade, vamos considerar ainda, o exemplo numérico do item anterior. Deixemos que a bolinha com 5 cargas negativas @ 5 positivas entre em contato, ou seja, toque no bastao com carga negativa. Guando isso se da, as 5 cargas positivas da bolinha neutralizam-se com 5 negativas do bastao; portanto, a bolinha, que era neutra, passa a ser negativa e, como 0 basido ainda 6 nogativo, porque possui § ‘cargas negativas, haverd repulsdo, como foi observado em nossas experiéncias. Gonvém notar que, se 0 basto fosse de resina plastica (pente, em nosso ‘exemplo), 0 ofeito seria o mesmo, ou seja, repulsao da boiinha. Entretanto, as cargas negativas da bolinha é que seriam neutralizadas. 6 - Comentario sobre a denominacao de eletricidade positiva e negativa Nos atirmamos que a eletricidade {que apareceu no vidro atrtado foi chama: da de positiva e a de resina, negativa Eniretanto, das explicagoes anteriores ficou claro que o vidro atrtado fica com excesso de elétrons, que sao cargas negativas. Logo, é evidente que a eletricidade do vidro @ negativa, e nao positiva. Como este fato fot comprovado muito tempo depois da descoberta da eletricidade pelos sabios gregos, conservam'se até hoje as classificagoes dadas para eletricidade vitrea e a resinosa, embora se saiba que estao trocadas. 7 - Acorrente elétrica Até aqui temos afirmado cons tantemente que a corrente elétrica é 0 movimento das cargas eletricas. Podemos agora, com muito mais propriedade, atirmar que: a corrente eletrica ¢ 0 movimento dos elétrons. Corrente Elétrica = Elétrons jem movimento. 8 - Sentido da corrente elétrica a) Convencional Como se convencionou que @ eletricidade do vidro positiva, admitiu-se que as cargas elétricas (elétrons) se moviam do vidro (potencial mais alto) para a resina, ou seja, do positive para o egativo, ‘Sentido Convencion: sitivo para 0 negativo. b) Verdadeiro do Depois do que vimos no item 6, percebemos que o sentido verdadeiro do movimento dos elétrons @ do negative para o positivo. ~ Sentido Real - do negativo para o positivo. Observacio: ‘Como 0 sentido da corrente nao} a solucao pratica dos problemas} de eletricidade, até hoje se tem mantido © sentido convencional; logo, o aluno| no deve estranhar quando, em nossos| Circuitos, indicarmos como sentido dal corrente aquele que vai do positivo par o negativo, 9- Aplicacées praticas do conceito de carga elétrica Todas as descobertas cientiticas, sempre iém aplicagées praticas que beneficiam a humanidade. No caso da eletricidade, elas sao Inumeraveis. A explicagao dos fendmenos eletricos com base na teoria dos elétrons permitiu um desenvolvimento enorme da ciéncia eletrica, com aplicagbes prélicas das mais televanies, tais como radio, TV, radar, etc Como estudaremos algumas dessas aplicagées com detalhes, vamos citar, a seguir, duas utlissimas, ‘de observacao cortente, que, mesmo nao sendo objeto de nosso curso, $40 exemplos da Utlidade dos conceitos que estudamos, a) Péra-raios Em conseqiéncia dos desliza- mentos entre camadas de nuvens, o que aconiece mais freqdentemente nos prenuncios de tempestades, elas se Carregam fortemente de eletricidade 5 Figura 18- Para-aios Entao, saltam intensas descargas entre as uvens de elatricidade de sinais opostos, Essas descargas sao conhecidas como raios. A maior parte dos raios saltam de uma nuvem a outra e produzem uma luminosidade que conhecemos como relampago. A descarga produz um grande desprendimento de calor, que Gilata o ar e provoca o som que chamamos de trovao. ‘Quando os raios acontecem entre ‘a nuvem e a terra, tornam-se imen- samente perigosos, devido a enorme ‘quantidade de eletricidade que se escoa. Um modo de protegao contra os raios consiste na instalagao de para-raios (figura 18}. Estes so constituidos de barras de metal de pouco mais de um metro, colocadas na parte mais alta do edificio ‘que se deseja proteger, ligados a terra através de condutores de grande diametro. ‘Quando uma nuvem com carga positiva passa perto do pata-raio aparecem nele cargas elétricas de sinais ‘ontrarios aos da nuvem. Entao,a carga da nuyem é alraida e dé-se 0 raio, Desta maneira, a nuvem é'descarregada'para a terra @ nao produz os efeitos maléticos ‘quo se contiecem. E aconselhavel, em caso de tempestade, tomar chuva ao invés de abrigar-se sob arvores muito altas, porque esias “atraem” 0 rio. b) Protegao de caminhdes- tanque Se aluno jd teve a oportunidade de ver um desses caminhoes que trans: ortam combustivel, certamente obser: ‘you que possuem uma corrente metalica que &e arrasta no chao. A finalidade dessa corrente € "descarregar” para a terra as cargas elétricas que aparecem, fem consequdncia de atrito do combustivel com as paredes do tanque, devide aos balancos, Se nao houvesse essa corrente, poderia acontecer 0 seguinte: 0 tanque fica eletrizado pelo atrito do liquide em suas paredes. Como 0s pneus 50 de bor- racha (isolante, portanto), as cargas nao ‘$9 “escoam. Quando 0 operador, com os és na terra, toca na parte metalica do ‘aminhao, geralmente no registro de des- carga, solta uma fafsca que pode incen lar o combustivel. A corrente evita esses inconvenient. 10 - Distribuigao das cargas elétricas nos corpos Quando se comunicam cargas elétricas a um corpo, essas cargas tem tendéncia a ocupar a maior area possivel que 6, evidentemente, a superficie externa. Assim, se eleirizarmos uma caixa, dentro dela nao haverd cargas elétricas, mas somente por fora. A explicagao disso é a seguinte: Todo corpo eletrizado tem cargas s6 de mesmo sinal: cargas de mesmo sinal repelem-se; logo, procuram distanciar-se entre si, ocupando a maior superficie, Evidentemente, a maior superficie é a externa. Esse fato @ bastante utiizado em letricidade, quando se desoja protegao contra acao de cargas exteriores, como ‘na protecao de instrumentos sensiveis contra campos elétrics, por exemplo, ll - Os capacitores O estudo das cargas elétricas, que fizemos, permite-nos apresentar um componente de aplicacéo consiante em todos 0s circuitos de eletrénica, que @ 0 ‘capacitor, vulgarmente conhecido como ‘condensador. Aconselhamos o aluno a ‘empregar sempre a primeira denomi. hagao, pois é mais correta. O capacitor ‘cumpre inimeras finalidades nos cicuitos eletrénicos. utiizado no bloqueio de corrente continua para live passagem de corrente alternada, como reservatorio de cargas nos circuitos de filtro, como tanque nos circuitos osciladores, etc., como 0 aluno tera oportunidade de aprender, no desenvolvimento do nosso curso. Por ora, analisaremos apenas o principio de funcionamento e os detalhes construtivos os capacitores. 1- Capacitancia Suponhamos que se coloquem duas placas de metal em paralelo, sem ue se toquem, como mostramos na figu- ra 19. Essas placas chamam-se armadu- Figura 18 - Armaduras como exemplo de um capacitor Fas e 0 conjunto, capacitor. Liguemos essas duas placas @ uma bateria, Como sabemos que as duas placas nao se tocam, nao haverd passagem de corrente eletrica, ou, melhor dizendo, nao deveria haver passagem de corrente elétrica Admitamos que, apés certo tempo, tempo esse que corresponde ao de carga do ‘capacitor, sejam medidas as tensoes nas placas ¢ na bateria, Veriica-se que nao ha diferenca nas medidas; conseqilen- temente, nao esta pasando corrente. Agora. desliga-se a bateria e mede-se novamente a diterenca de potencial entre as placas. Veriica-se que ela ¢ igual a da bateria. Ora. 0 fato de exist essa diferenca de potencial indica que as placas acumularam cargas elétricas. alem de que uma delas tem cargas negativas e a outra. positvas. Para ‘maior faciidade de racocinio, admitamos que 0 capacitor tenha acumulade duas cargas eletricas. quando a ele aplicou-se 1 volt de diferenga de potencial.Em uma segunda pratica. unamos entre si os terminais do capacitor. claro que as. cargas positivas € negativas se anulam & temos. entao, 0 que se chama de descarga do capacitor Uma vez descarregado, apliquemos ao nosso capacitor uma diferenca de potencial de 2 volts. Esperemos o tempo necessario para que se carregue. Feito isto, eterminemos, por um proceso qualquer que no momenta nao tem importancia. a Nova quantidade de carga. Verificamos que ela @ duas vezes maior que a anterior. ou seja. 4 cargas.Agora. em experiéncias iguais a descrita, mas com outras diferencas de potencial. medimos sempre a quantidade de carga Veriticamos que. para 3 volts encontramos 6 cargas: para 4 volts. 8 cargas: para § volts. 10 cargas: ¢ assim por diante. Observando atentamente esses numeros. notamos uma particularidade interessante, ou soja. a relagdo, isto 6, a divisdo entre a quantidade de cargas que o capacitor acumulou e a diferenca de potencial aplicada é constante e sempre a mesma ras diversas experiencias, isto e, 2. pois 2 dividido por 1 resulta 2: 4 dividido por 2 também da 2, e assim por diante. Depois disso, podemos detinir a capacidade ou capacitancia de um ‘capacitor da seguinte maneira: capacitor a relagao (divisao) entre a quantidade de carga acumulada @ a diferenca de potencial aplicada as suas armaduras. 2- Unidade de medida A unidade de medida da capacitancia ¢ chamada de farad, em homenagem ao grande sabio inglés Michael Faraday, sendo representada pela letra F. FARAD =F 6 0 farad 6 uma unidade de medida muito grande e tem pouca ou quase nenhuma aplica¢ao pratica. Por isso, utlizam-se seus submilipis: 4) Microfarad, que corresponde & nésima parte de um farad @ se representa por uF. 1 Microfarad (uF) = 1.000.000 b) Picofarad, que equivale & milio- nésima parte do microfarad e se repre~ senta por pF (picofarad). Usou-se muito a denominacao micromicrofarad, mas, atualmente, tom-se proferido picofarad (PF), por ser mais curta, tanto na leitura ‘como na abreviacao, 1 Picotarad (pF) = —————_____ F 1.000.000.000.000 Afora esses dois submiltiplos do farad, normalmente 0 aluno encontrard, ‘com bastante treqdéncia, 0 nanotarad. ¢) Nanofarad, cuja notagao 6 nF © corresponde a milésima parte do migrofarad, ou seja, é um submatiplo que esta entre 0 microfarad e 0 picofarad, r Nanofarad (nF) =. 1.000.000.000 3 - Analogia hidraulica da unidade Continuando com as comparagies hidréulicas que as vezes fazemos, podemos comparar a capaciténcia com lum reservatorio (caixa dgua). Assim, no caso da agua, a bomba é a energia que movimenta a Agua, depositando-a no reservatério. No caso da eletricidade, a pilha é a energia que movimenta as cargas elétricas, depositando-as no rapacitor. Grande volume de agua enche um lago. Grande volume de cargas elétricas conduz a um farad. Um pequeno volume de agua enche, por exemplo, um barr Um pequeno volume de cargas enche, por exemplo, um capacitor de um microfarad. Jé muito pouca agua enche, por exemplo, um dedal, € muito poucas cargas cartegam, por exemplo, um ‘capacitor de um picofarad. Quando se diz que uma coisa & muito grande, ela deve ser tomada em ‘comparagao a outra. Por isso, para se ter ideia da enormidade do tarad, basta dizer que, para que uma esfera tenha capacitancia de um farad, ela deve ser maior que a Terra. 4 - De que depende a capacitancia de um capacitor Das experiéncias dos itens anteriores, podemos concluir que a ‘capacitancia nao depends da diferenca de potencial aplicada as armaduras do capacitor. Isto 6 facil de concluir, porque, quando se aumenta ou se diminui a tensao nas armaduras, também aumenta ou diminui a quantidade de carga acumulada, de modo que a relacao entre fa tensao € a quantidade de carga, que, or definioao, & a capaciténcia, continua sempre a mesma Desta afirmativa nao va o aluno concur que um capacitor construido para funcionar em 50 V possa ser ligado em 500 V. Claro que nao, pois, embora a capacitancia permaneca a mesma nas dduas tensdes, 0 capacitor de 50 V rompe: se (estraga-se). ao ser ligado em 500 V. A capaciténcia do capacitor depende: a) das dimensoes (area) das armaduras. Para demonstrar que assim 6, basta consiruir capacitores com armadu ras de Areas diferentes e medir a quantidade de carga que elas acumulam, quando submetidas mosma diferenca de potencial. Por exemplo, construamos. um capacitor com duas placas de 100 centimetios quadrados de area, ou sea, placas de 10 cm de lado, colocando-as. faco a face 0, distanciadas entre si de 1 cm. Agora, construamos outro capacitor de 400 cenlimetros quadrados de area, isto 6, placas de 20 centimetros de lado, € também coloquemos essas placas face a face, na mesma distancia anterior de 1 com. (Veja na figura 20.) Ligando os dois capacitores assim consiruidos a uma determinada diferenca de potencial, que pode ser a mesma para 0s dois ou no, € dividindo 0 valor da quantidade de carga Figura 20 - A capacitancia de um capacitor depende da area das placas, ‘acumulada pela diferenca de potencial em cada capacitor, vamos observar que 0 capacitor nimero dois, isto 6, 0 que tem lado duas vezes maior area quatro vezes maior, tem capacidade quatro vezes maior que 0 primeiro.* Isto demonstra que a capacitancia depende diretamente da area das armaduras. b) do dielétrico Chama-se de dielétrico de um capacitor a substancia isolante que esta’ colocada entre suas’armaduras, ‘A capacidade do capacitor também depende dessa substancia. Nas experiéncias tedricas que citamos até aqui, com a intencao tnica de iminuir a dificuldade para entendimento da capacitancia, temas empregado como dielétrico o ar. Embora existam, na pratica, capacitores cujo dielétrico & o ar, ‘quando se desejam grandes capacidades 40 utilizados outros materiais como dielétrico, tais como mica, plastico, poliéster, ceramica, vido, dle0, etc. Para observar como varia a capacitancia com o tipo de dielétrico, recorramos ainda as experiéncias. Figura 21 cespessura, Admitamos que, sendo 0 ar 0 dielétrico, no capacitor ndmero um do exemplo anterior, tenhamos__ encontrado capaciténcia de 8.86 pF. Agora, vamos preencher 0 espaco entre as duas, armaduras, com mica, como ilustramos na figura 21. Aplicando ao capacitor assim formado uma diferenca de potencial, medindo a quantidade de carga acumulada e dividindo pela tensao essa uantidade, vamos encontrar para nova capacitancia 0 valor de 53.16 pF. Isto significa que a mica fez a capacitancia aumentar de 6 vezes, Se tivesse sido Uusado como dielétrico 0 “teflon’, que é um. plastico, 0 aumento teria sido de duas vvezes. o dielbvico usado e de sua Disso se conclui que a capacitancia depende do tipo de dieletrico utlizado. ©) da espessura do dielétrico Inicialmente, devemos esclarecor que se chama de espessura do dieletrico a distancia entre as armaduras. Vamos mostrar que a capacitancia depende dessa espessura: para tanto. tambem langamas mao das experiéncias Consideremos, entdo, 0 capacitor com dieléirico de are area de 100 centimetros quadrados de armadura Vimos que. quando essas armaduras, esto distanciadas uma da outra de um centimetro, a capacitancia € de 8.86 pF. Agora, em outra experiéncia, vamos conservar as dimensoes das placas e 0 dielétrico de ar e aproximar as armaduras entre si, de mado que a distancia entre elas passe a ser de 0,5 om {meio centi metro). Neste caso. ainda medindo a diferenga de tensao aplicada, a quantidade de cargas acumuladas & dividindo a segunda pela primeira, vamos encontrar que a capacitancia € de 17.7% PF. ou seja, duas vezes a anterior Notamos entao que. dividindo a espessura pela metade, a capacitancia dobrou de valor. Se desejarmos efetuar ultra experiencia semeihante, poderemos dobrar a espessura do dielétrico, isto & aumentar a distancia entre as armaduras para 2 cm, Nesta situagao, medindo novamente a capacitancia, vamos encontrar 4.43 pF. ou seja, a metade do valor encontrado quando a espessura era de 1 cm. Isto nos leva a concluir que, aumentando a espessura do cielétrico. a ccapacitancia diminui, A concluszo a cue chegamos é a de que a capacitancia varia inversamente com a espessura do dieletrico. Observacao: Do exposto até aqui, poder-se-ia concluir erroneamente que 0 capacitor & sempre constituido por duas placas planas e paralelas. Isto nao ¢ verdade Alias, como 0 aluno vera na ligso pratica, quando se desejam grandes capacidades fem pequenos volumes, as placas (armaduras) sao dispostas em espiral. Diremos, ainda, que nem ¢ preciso que sojam piacas, para existir 0 efeito da ‘capacitancia. Basta que tenhamos dois ou mais corpos com qualquer forma e entre eles exista diferenga de potencial, para ‘que se tenha 0 efeito da capacitanca, O aluno vera, por exemplo, que na ligacao de componentes de racio através do tios, estes fios formam com o chassi uma pequena capaciténcia, a qual, em frequéncias elevadas, pode mudar completamente © comportamento do Circuito, ‘Além disso, qualquer componente, mesmo 0 resistor que o aluno conhece, possui uma pequena capacitancia. Em conclusao, diremos que se da © nome de capacitor a qualquer corpo utlizado tendo em vista o aproveitamento de sua capacitanca, 5 - Explicagao do efeito capacitivo, com apoio na teoria dos elétrons Consideremos a figura 22, onde se v8 um capacitor formado por duas placas planas e paraielas. A placa A esta ligada a uma fonte de corrente continua, que em nossa figura chamamos de bateria, através de uma Figura 22 - Carga de um capacitor chave ch, que permitira interromper 0 Circuito, quando desejarmos. A placa B esta ligada ao polo negativo da bateria, tendo em série um medidor de corrente. Certamente, com a chave ch desligada, 0 ‘medidor de correnta nao acusa passagem de qualquer corrente. Quando se liga a chave ch, & primeira vista, também nao deveria passar corrente, porque as duas placas nao se tocam e o ar, em tal Circunstancia (baixa tensao entre Ae Be ambiente seco) nao é condutor. Contudo, © operador iria observar que o ponteiro do medidor de corrente da um salto brusco no momento em que se liga a chave, mostranco que esta passando corrente, ‘2m seguida, cai lentamente, até a posicao de repouso, indicando que néo ha mais Passagem. E quando dizemos que 0 Capacitor esté carregado, ‘Como explicar esse acontecimen- to, se nao existe ligac3o material alguma entre as placas A e B? A répida introdugao que demos, sobre a teoria dos eletrons, nos permite fazé-lo. Vejamos. Iniciaimente, as placas A e B esto no estado neutro, ou seja, em cada uma ‘existe igual quantidade de cargas elétricas negativas (eléirons) e positivas (protons). Quando se fectia a chave ch liga-se a placa A ao polo positive da bateria, em ‘que, como sabemos, ha falta de olétrons. Este pélo, entao, retira os elétrons da placa A, a qual fica positivada. O pélo negativo da bateria tem excesso de eletrons (cargas negativas) ¢ como os elétrons procuram ocupar sempre a maior 4rea possivel, eles se encaminham para a Placa B, passando pelo medidor de corrente, que os acusa, Devemos observar o seguinte: 4°) No momento em que se liga a chave a placa B, hid muito espaco em sua area; dessa forma, o maior numero possivel de elétrons encaminha-se para ela € € por isso que a corrente inicial & grande, 22) A medida que vai escasseando © espaco, a quantidade de elétrons que a placa aceita vai diminuindo, até nao Teceber mais nenhum. E quando 0 capacitor esta carregado. ‘A quantidade de elétrons que & ‘etirada da placa A ¢ igual aquela que & depositada na placa B. 4°) A corrente que 0 instrumento acusa néo passa através do dieletrico, mas somente no circuito externa do capacitor, ou seja, da placa A para a B, atraves da pilha, 5°) Estas explicagdes permitem entender o porqué de a capacitancia depender da area das placas. De fato, quanto maior a area, mais cargas ela pode conter. 6°) Embora esta teoria parega muito simples, 0 aluno deve estar perguntando: E'o dielétrico, que papel desempenha nela? Além disso, 0 efeito devera ser o mesmo, se as duas placas,A e Bestiverem em qualquer posigao © distancia? Realmente, a coisa & um pouco mais complicada do que parece, mas pode, mesmo assim, ser conceituada com fundamento na teoria das cargas, que jd vimos. De fato, quando as duas placas estao face a iace e ligadas a bateria, aparece 0 efeito da inducéo, isto &, & placa A. positiva, atrai os elétrons da B, egativa, e a B, negativa, atrai os protons da A. Esta acao facilita a retirada de eletrons pelo polo + (positivo) da bateria e © forecimento pelo polo - (negativo) & placa B. ‘Além disso, essa agao depende da distancia, ou seja, quanto mais proximas as placa, maior 6 0 efeito da indugdo © ‘mais faciitado 0 movimento das cargas. Isso explica porque a capacitancia depende da distancia entre as armaduras, 72) Falta explicar porque 0 tipo de dielétrico também tem influéncia na capacitancia. Isto nao ¢ dificil. De fato, 0 dielétrico € uma substancia, em estado inicialmente neutro, que possui elétrons © Protons em igual ndmero. Quando colocados entre as duas placas, esses elétrons e prétons orieniam-se em virude da aplicagao da diferenca de potencial da bateria, e as cargas negativas (elétrons) ‘encaminham-se para a placa A e as Positivas, para a B. Isso aumenta a corrente inicial. ou seja, a quantidade de cargas que as placas armazenam. ‘Como a quantidade de elétrons @ prétons dependo do tipo de material usado, fica explicado porque a ccapacitancia depende do dielétrico. 6 - Classificacao dos capacitores Os capacitores podem ser clasificados levando-se em conta a variagao da capacitancia. 0 tipo de dielétrico eo formato fisico dos mesmos. ) Quanto a variagao da capacitancia, cles podem ser: Capacitor fixo - Como 0 nome sugere, é aquele cuja capacitancia nao varia. Na figura 23, mostramos um tipo muito comum de capacitor fixo,de poliéster, © sua representacdo esquems- tica, ou Seja, 0 simbolo de desenho, Capacitor variavel - E aquele cuja 8 capacitancia pode ser _variada Ccontinuamente. Na figura 24, mostramos tum capacitor varidvel duplo e ‘seu simolo gratico. Capacitor somivariavel - Corres: ponde ao tipo de capacitor cuja capacitancia pode ser ajustada. Na pratica, esse tipo de capacitor recebe 0 ‘nome de “padder’ ou “trimmer’. Na figura 25 mostramos um tipo de “trimmer” com Gielétrico de mica e seu simbolo gratico, b) Quanto a forma fisica - cos: tuma-se classificar 0 capacitor em tubular, de disco, plano, moldado, de passagem, ‘pin-up”(lé-s0 “pinap’), otc. Na figura 26 mostramos um capacitor do tipo de disco ceramico, °c) Quanto ao material utilizado como dielétrico, os capacitores podem ser: a 6leo, de ceramica, eletrolitcos, etc., recebendo, as vezes, denominacoes particulares, registradas pelos fabricantes, tals como ‘mylar’, “tellon’,“styrofiex’, ete 7 - O capacitor no cir- cuito - Associacées Os capacitores, como afirmamos 1 inicio desta licdo, sao extensamente utiizados nos circuitos de eletronica. O tipo de capacitor e de dlielétrico depende de onde ele atue e o valor da capacitancia 6 determinado pelo projetista. Em razéo disso, 0 aluno deve acostumar-se a ‘empregar, em suas montagens ov nas substituig6es, capacitores exatamente guais aos especificados. Muitas vezes, principalmente em alta frequéncia, a Substituigéo de um capacitor de polister’, por exemplo, por um de papel ou de ceramica pode alterar com pletamente o funcionamento do aparelho, mesmo que o capacitor substituido esteja ‘em bom estado e tenha valor rigoro: ‘samente igual aa substituido, Em outras situagdes, pode acontecer que se queira um determinado valor de capacitanci, fora dos comerciais, e que se disponhia de certo numero de capacitores, com os quais se deseja formar a capacitancia necessaria. Nesse ‘caso, deve-se langar mao da associago de capacitores, ou seja, liga-los de ‘maneira convenient, para que © conjunto 8 a capacitancia desejada, Nos projetos, 0 projetista sempre s0 vé a bragos com esse problema porque as capacitancias residuais dos Componentes sempre esto presentes, seja em série ou em paralelo com o capacitor efetivo, sendo necessario associa-los para 0 calculo final. Este certamente, nao € problema de um curso como 0 nosso, mas o aluno deve saber associar capacitores, para 0 caso de uma eventualidade, 8 - Associacées Os capacitores podem ser associados em série, em paralelo @ em PSE Figura 23 - Capacitor fixo, despolatizado, de pollster e sua representacao arética Figura 24 - Capacitor variével duplo © sou simbolo ratio. Figura 25 Timmer e seu simboto. Figura 26 - Capacitor fixo, despotarizado, de Disco Ceramico & seu simbol. série-paralelo ou assoviagéo mista, Associagao em série Nesta associagao, uma armadura de um capacitor ligada a uma do seguinte; a outra deste ultimo, a uma do que Ihe soguo, © assim sucessivamonte como mostramos na figura 27. Note 0 aluno que representamos uma associacdo de 2 capacitores e desenhamos 0 circuit esquematico. ne ~ Sao particularidades associacao: a) A capacitancia resultante, ou soja, aquela que sozinha substitui a dos dois, 6 dada pelo produto das dessa ‘capacidades, divigido pela sua soma, Por ‘exemplo, sendo um capacitor de 6 11F € 0 outro de 3 uF, 0 capacitor que sozinho le Deste exemplo 0 aluno pode 9 cconcluir outra propriedade, ou seja: ') A capacitancia resultante desta associagéo sempre € menor que a menor ‘capacitancia dos capacitores do circuito. ) Quando se aplica uma diferenca de potencial nos terminals da associacao, que correspondem aos terminais livres do primeiro @ ultimo capacitor, essa diferenca de potencial reparte-se entre os Ccapacitores, de maneira que o que possuir menor capacitancia recebera maior parcela de tensao. Esta particularidade deve ser observada sempre que se faz luma associacao em seria, porque, se nao for levada em conta, podera daniticar 0 capacitor de valor mais baixo. Vamos insistirnisso, dando um exemplo numérico simples. Suponhamos que os dois capacitores da figura 27 foram construi- dos com as sequintes especificagées. @ que a tensao que vamos aplicar entre 08 terminais a 0 b seja de 100 V. A primeira vista, como um pode funcionar até 75 V © 0 outra em 50 V, parece que a associagao pode ser ligada em 125 V (75 + 50), sem nenhum problema. Veromos que assim nao 0 6. Raciocinemos: a Capacitancia total da associagao €, como vimos, de 2 uF. Essa capacitancia equivalente esta ligada a uma diferenca de tensao de 100 V; logo, podemos determinar a quantidade de carga. De fato. se para definir a capacitancia dividimos a quantidade de carga pela diferenca de potencial aplicado é facil concluir que, para calcular a quantidade de cargas, basta multiplicar a ccapacitancia’pela diferenca de potencial logo, a quantidade de carga em cada capacitor 6 de: 2 uF x 100 V = 200 1 ‘microcaulomb) ir ‘A quantidade de carga em cada capacitor €, portanto, de 200 C. Pode- mos, eniao, determinar qual deve ser a tensdo em cada um, para que oles ad quiram essa carga. Para calcular a tensao, basta dividir a quantidade de carga pela capacitancia, Assim, para os dois capacitores, teremos: eur 2)3 uF 200 we ae uF 200 +3 = 66,66 V Como se confirma, 0 capacitor de menor capacidade, sera submetido a Figura 27 - Associagao em série de capactores, @ seu cxcuito exquematicn, Figura 28 - Associagao de capacitores em Datalelo e sua representaca gratca Figura 29 » Associagao mista de capactores @ sua representagao esquematia Figura 30 - Capacitor eletoliica polarzado & seu simaoto, tensao de aproximadamenie 66,66 Ve se estragara (entrara em curto-circuito), Porque ele foi construido, para trabalhar ‘com 0 maximo de 60 V. E ébvio que, se isto acontecer, o de 6 uF ficard sob a diferenca de potencial de 100 Ve também se estragara. Associagao em paralelo Neste tipo de ligacéo, os capacitores tm todos 0s terminais de uma das armaduras unidos entre si, & todos 0s da outra também unidos entre’si, como mostramos na figura 28, onde aparece uma associacao de 3 capacitores fam paralalo. Neste tipo de associagao, as particularidades sao: a) A capacitancia equivalente & igual a soma de todas as capacitancias, portanto, maior do que qualquer ‘capacitancia da associacao. 10 b) A diferenca de tensao aplicada & associagao @ a mesma, para todos os. capacitores. Assim, se 0s capacitores da figura 28 tivessem, respectivamente, 5, 10 ¢ 3 uF de capacitancia, a associagao teria Se a tensao aplicada entre os, terminais ae b for de 200 V, todos os capacitores estarao submetidos a essa mesma tensao. No caso de uma associacdo desse tipo, 0 aluno deve sempre observar se lodes os capacitores tém tensao de trabalho igual ov superior ao valor que se vai aplicar, pois, em caso contrério, 0 que for de menor tensao entrard em curto- circuit Associacao mista Este tipo de associacao de capacitores 6 a combinagao da associaco em série e da associacao em aralelo. Na figura 29, mostramos uma associacao mista de trés capacitores, com ‘seus respectivos simbolos. Em consequéncia do modo de ligagao, esta associacdo goza das propriedades dos dois tipos de associacao que estudamos, 9 - Polaridade dos capa- lores Nas experiéncias que citamos até aqui. 0 aluno notou (figura 22) que ligamos 0 p6lo positivo da bateria & placa ‘Ae 0 negativo, a placa B. De imediato surge a pergunta: E so invertermos, ou seja, ligarmos a placa B 20 positivo’e a placa A ao negativo da batetia, 0 que acontecera? A resposta é que, de um modo geral, nao acontecera nada, ou soja, na grande maioria dos capacitores que'se empregam na pratica, as placas, ou melhor dizendo, as armaduras, nao tém polaridade deiinida e, portanto, é inditerente 0 modo de ligacaa, ‘Mas, existe uma excecao: A familia dos capacitores eletroliticos, que vveremos melhor na icao pratica. Dizemos que esses capacitores sao polarizados e, portant, as suas armaduras tém polaridades definidas, devendo ser tespeitadas, sob pena de inutilizagao delinitiva do componente. Na figura 30, mostramos um capacitor eletroiitico polarizado, com sou respectivo simbolo grafico, Para encerrar esta ligdo, devemos lembrar ao aluno que, exatamente como se fez para os resistores, os terminalis de ligagao dos capacitores também sao chamados de lides. CURSO DE ELETRONICA BASICA RADIO - TV 4° LICAO PRATICA DETALHES PRATICOS DOS CAPACITORES - Introdugao Nesta igo, vamos analisar os capacitores do ponto de vista pratico, ou ‘sea, considerando os tipos preterenciais, ‘suas caracteristicas mais importantes, 0 modo de identificd-los, etc. Nao nos preocuparemos com as aplicacdes nos Circuitos eletrénicos, porque sao varia dissimas e serao estudadas no desenvol- vimento do curso, a medida que os Circultos forem sendo apresentados. ‘A nossa intencao maior, com esta ligdo, @ fomecer ao aluno os elementos necessarios para que possa identilicar 6, se for o caso, adquirir capacitores para ‘suas montagens ou substituicées, com perfeito conhecimento do assunte. Il - Tipos usuais de ca- pacitores Vamos descrever aqui 0s tipos de capacitores com os quais o aluno se defrontara frequentemente, em seus trabalhos técnicos. Fa-lo-emos sucin- tamente e por ordem de importancia nas aplicacoes gorais. 1- Capacitor de papel Vimos, na ligao anterior, que a capacitancia'do capacitor depende da area das armaduras e do tipo e espessura do diclétrico. Nesta circunstancia, quando se deseja grande capacitancia, & necessario que as armaduras tenham area grandee equeno espacamento entre si. Claro esta quo, se fossemos construir capacitor com chapas metélicas planas, como 0 tipo que apresentamos na ligdo anterior e que serviu de base para nossas experiéncias ® detinicao de capacitancia, tal capacitor ocuparia muito espago, tornando-se impraticével 0 seu uso. Na pralica, faz-se uma construcao diferente. Cortam-se dduas tras metalicas (geralmente, aluminio ou estanho}, compridas, com area suficiente para que se oblenha a capacitancia desejada, e coloca-se entre elas uma tira, também fina, de papel: ‘manteiga ou papel paratinade, conforme mostramos na figura 31, Forma-se, entao, um “sanduiche" de trés camadas. Em seguida, enrolam-se as camadas, de modo que elas formem um role, como mostramos na figura 32. Uma vez terminado 0 rolo, fixam-se as armaduras tira do alumni ‘i Papel tira de afGmninio Figura 81 - Gonstrugao de um capacitor. 0s terminals de ligagao, que chamamos de lides. Depois, cobre-se o rolo com uma camada de substancia protetora, que pode ser asiallo, plastica, vidio, aluminio, ate. © capacitor construldo dessa tira de aluminio Figura 32 Wanewa do aumentar a aBactincia de um capactor maneira recobia o nome de capacitor tubular de papel. Atualmente este tipo de capacitor no € mais fabricado.Na realidade, ele nao era tubular, pois nao era oco; contudo, mantinha-se essa designagao. Na figura 33, mostramos 0 aspecto real de alguns capacitores lubulares. Esses capacitores eram Figura 83 - Alguns capacitores tubules. " {abricados nos mais variados valores de capacitancia, desde 50 pF ate 5 uF, © de tensdo de trabalho (mais adiante, vveremos 0 que & a tensao de trabalho), 2- Capacitor a dleo Este tipo de capacitor tem construcao semelhante & do tubular de Papel, com a Unica diferenga de que 0 dielétrico @ constituido por uma tira de papel impregnada de dleo especial. Com Isso, consegue-se capacitores com propriedades superiores as dos de papel, tais como maior isolacdo e maior capacidade em um mesmo volume. Os capacitores a dleo tém aspecto ‘semelhante aos de papel, com a diferenca de que sua cobertura deve ser melhor, para que o dleo nao vaze. Geralmente, a Figura $4 - Capacitor a deo. cobertura protetora é de aluminio (tigura 34) Os capacitores a dleo sao fabricados para os mesmos valores de capacitancia que os de pape! 3 - Outros tipos de capacitores tubulares Existem no mercado outros tipos de capacitores tubulares, sendo, na construgao, em tudo semelhantes aos do papel. Diterem destes altimos somente quanto a natureza do material utilzado como dielétrico, geralmento uma fita de material plastico. Recebem nomes comerciais variados, dependendo do fabricante, tais como: “poliéster ‘styrotlex’, "mylar", etc. Sao construidos para uma gama imonsa de valores, que variam desde 5 pF até 680 KpF. Os capacitores com dielétrico de plastico sao de melhor qualidade que os citados anteriormenta (papel e dieo). Seu aspecto fisico somelhante ao de papel, ‘mas, em alguns tipos, a camada protetora 6 feita com 0 préprio pldstico de que se fez 0 dielétrico, geralmente poliestireno, que € transparente e permite distinguir claramente as armaduras. Quando o aluno trabalhar com capacitor desse tipo, devera tomar 0 cuidado de nao aquecer demais os lides de ligagao 2, também, nao encostar 0 soldador no corpe do capacitor, porque 0 plastico se fundira @ danificara o ‘componente. Na figura 35, apresentamos alguns tipos de capacitores com dielétrico de pléstico (Os capacitores com dielétrico de Figura 35 - Capacitors com dieltioo plastic. plastico séo bastante utilizados atualmente em quase todos os circuitos eletrénicos. Ha algum tempo, as industrias nacionais passaram a fabricar o capacitor que se chama de "poliéster metalizado” {figura 36). Tal capacitor consiste de uma tira de "poliéster” (diolétrico), sobre a qual 6 depositada uma fina camada de metal {armadura). Trata-se de um avango na técnica de fabricagao de capacitores, pois, com eles, consegue-se capacidade alta em pequeno volume e, além disso, tém a capacidade de ‘auto-recuperacao", isto 6, a destruicdo de uma pequena parte do dielétrico, que em outros tipos inutilizaria 0 capacitor, pondo suas armaduras em curto-circuito, ndo provoca maiores danos, visto que o dielétrico se recupera por si mesmo. Esses capacitores sao fabricados para os mesmos valores dos capacitores comuns de papel, Figura 96 - Capacitor de poliéster metalizado. 4 - Capacitores de cera- mica Nest tipo, como 0 nome sugoro, 0 diclétrico 6 um material ceramic. Tem larga aplcagao pratica, devido as suas excelentes qualidades, tais como: muita Capacitanoia em pequeno volume; grande resisténcia de isolacao; baixas perdas el. Os capacitores de cerémica apre- sentam-se sob os mais variados aspectos, sendo mais comuns os seguintes: 8) Tubulares Esses capacitores eram realmente tubulares, pois consistiam num “tubo” de ceramica revestido interna e exter famente por uma camada metalica Essas camadas formam as armaduras @ 0 corpo ceramico & o dielétrico. Na figura 37, mostramos um capacitor de corémica, tubular, em corte © em seu aspecto real Eram fabricados nos mais diversos valores de capacitancia, que iam, Figura 87 - Capacitor tubular e vista em core geralmente, desde 1 até 10 KpF. No Capacitor ceramico tubular, os lides de Figura 38 Gapaciior de disco ceramico @ vista om corte, 12 ligagao sao radiais e soldados as armaduras. Como se pode observar pela figura 37 (corte), a armadura interna Prolonga-se até uma das extremidades © passa para a superficie externa, para que O lide possa ser soldado. b) De disco © capacitor ceramico do tipo disco 4 mostrado, tanto em corte como em seu aspecto real, na figura 38. Trata-se de uma pastilha de material cerdmico que funciona como dielétrico, em cujas duas Figura 9 Capacitor do tip pinup e visia um corte faces se deposita um metal, geralmente rata, que age como armaduras. Estes tipos de capacitores sao {abricados para diversos valores. Devernas acrescentar que os ca pacitores de ceramica, tanto o tubular co- mo 0 de disco, apés a fixagao dos lides, re ‘cobem uma camada protetora de resina. Figura 40 Capacitor de passagem, e vista em conte. ¢) Tipo “pin-up” Na figura 39, apresentamos, em corte e em seu aspecto real, um capacitor de cerdmica do tipo "pin-up" (Ié-se “pinap"). Como 0 aluno pode facilmente deduzir, trata-se de um capacitor de ‘cerémica, tubular, derindo do descrito no item a apenas na fixagao dos lides de ligagao. De fato, no capacitor do tipo “pin- Up’, um dos lides @ radial e 0 outro axial Esse sistema de fixacao de lides é vantajoso, principaimente quando o Capacitor ¢ ligado em circuit impresso (em ligdes futuras, veremos do que se trata), pois, ficando de pé, ocupa menor espace horizontal, o que € importante nos aparelhos compactos. s valores da capacitancia deste tipo de capacitor costumam ir de 100 pF a 40 KpF. Sua superlicie externa também recebe a camada protetora. ct Fguradt ‘Capacitor de mica e vista em core 4d) De passagem Era um tipo de capacitor corimico que tinha muita aplicacao em alta- freqaéncia, tal como em seletor de canais de televisao, circuito de Fl (ireqdéncia intermediatia), etc. Ele era usado para a passagem de um sinal dai resultando seu nome. Trata-se de um capacitor tubular que tem a armadura interna ligada ao Figura 42 ~ Gonsirugao de um capacitor de condutor por onde passara o sinal, @ a extema ligada diretamente 20 chassi. Na figura 40, mostramos 0 capacitor de passagem, em corte e no aspecto real. Eram fabricados para valores desde alguns até 1 000 pF. 5 - Capacitores de mica Tais capacitores séo construidos tendo como dielétrico uma lamina de mica , como armaduras, laminas metalicas ou © préprio metal (normalmente, a prata) depositade sobre a lamina de mica. S20 capacitores de timas propriedades eletricas e grande constancia de ‘capacidade; excelente isolacao e, por isso, muito empregados em eletrénica, principalmente em circuitos de alta freqdéncia. Na figura 41, apresentamos um capacitor de mica, em corte eno aspecto fisico real. Como se pode observar pelo desenho do produto determinado, o capacitor de mica é protegido por um involucro de material resistente, em geral baquelita. Quando se necesita de grandes capacidades, os capacitores de mica s80 ligados em paralelo dentro do préprio Invélucro, pois, como vimos na licao tedrica, na associacao om paralelo as capacitancias sao somadas. Na figura 42, mostramos um capacitor de mica que é formado por dois capacitores em paralelo. 5 lides de ligacao de capacitor de mica geraimente sao axiais, isto é, s40 colacados na cirecao de um eixo paralelo ao plano das placas. Entretanto, so ossiveis outras formas. Os capacitores de mica podem ser, normalmente, fabricados para valores desde 5 pF até 10 KpF. 6 - Capacitores eletro- liticos: Quando se desejam capacitancias elevadas em volume reduzido, usa-se um tipo especial de capacitor que ¢ 0 eletrolitico. Basicamente, o capacitor letrolitice € composto de uma lamina do aluminio enrolada em espiral, imersa em uma solugao sdlida, que se chama eletrélito, dal resultando 0 seu nome. Como para existir 0 feito capa- citivo sao necessarias, no minimo, duas larmaduras, o aluno estaré estranhando a nossa descrigao do eletrolitico. Na realidade, essa ‘segunda armadura existe, Sendo o proprio elatoite. Explquemos ‘seu funcionamento: O eletrélito bom condutor de Figura 43 - Capacitor eletotico umido, 13 Celetricidade: conseqdentemente, pode ser usado como armadura. Falta o dielético. Este @ formado no préprio capacitor, fa- zondo-se passar uma corrente continua entre a caneca e a lamina de aluminio, 0 que acasiona a deposicao de uma fina ca~ mada de éxido (processo em quimica co- nhecido como elettélise) sobre a lamina de aluminio. Como 0 éxido é um otimo isolante, ele forma o dielétrico do capa Gitor. Fica-se, entao, com 0 seguinte: uma armadura @ a lamina de aluminio; outra armadura, a solugao salina (eletrito); € 0 ialétrico & a camada de oxido depositada sobre a lamina, ‘Como 0 aluno notou, foi necessario ‘submeter 0 conjunto a uma corrente con tinua, para que ele se tornasse realmente lum capacitor. Dizemos, entao, que 0 ca pacitor foi polarizado, ficando explicada, ‘aqui, a observacao importante que fize- mos na ligao tedrica, de que 0 capacitor lotrolitico 6 polarizado. ‘Convém notar que, se invertermos 0s polos do capacitor eletralitico na liga (Gao, ocorrerd o fendmeno inverso, isto &, a camada de Oxido se desfard e, ficando Unidas, neste caso, armadura com arma dura, dar-se-d 0 curto-circuito do capa itor. Este tipo de capacitor que descre vemos esta representado na figura 43 constitu 0 capacitor elétrolitico timido, porque 0 eletrdita é liquido. ‘Atualmente, o capacitor eletrolitico Umido cedeu lugar ao eletrolitico seco. Isto foi possivel mudando-se a técnica de construgao do eletrdlito, embora se con- serve 0 mesmo principio de funciona. mento, Essa nova técnica consiste em su: bstituir 0 eletrdlito liquido por um papel absorvente embebido nesse elatrdlito e enrolado em laminas de aluminio. Com este proceso conseguem-se algumas vantagens sobre © primeiro, pois o capacitor podera ser instalado em qualquer posi¢ao, sem perigo de vazamento, além de que @ possivel enrolar varias laminas e liga-las em paralelo. Com isso, consegue-se maior eapacidade, no mesmo volume, que 0 eletroitico Umido. Na figura 44, mostramos o dese: rho de um eletrliico seco. Gomo se percebe peta figura, exis: te uma armadura de aluminio nao oxidada ‘que esta om intimo contato com 0 papel absorvente © que serve para facilitar 0 Contato do eleirdlito com o terminal de ligagao negativo, ‘Os capacitores eletroliticos sao construides para uma grande variedade de valores, podendo atingir desde 0,22 uF até 10.000 pF. Existem capacitores eletroliticos sob variadas formas fisicas e, na figura 48, mostramos algumas das mais usadas em eletronica ‘Quanto ao modo de colocagao no chassi existem dois tipos: um para ser colocado sob o chassi © outro sobre o chassi Quanto ao método de fixagao do Figura 45 - Alguns tpos de capacttores eletroliicas. desprendimento de calor, tal como 0 radio a valvula, deve merecer maiores ccuidados, 7 - Capacitor varidvel Na figura 46, apresentamos um capacitor variével duplo @ um quadruplo com dielétrico de ar. Esse capacitor consta de um rotor, que 6 constituide polas armaduras mévels, ¢ um estator, que é formado pelas armaduras fxas. Como se pode notar, as armaduras fixas esido unidas entre si, 0 mesmo acontecendo com as méveis; deste mado, 05 capacitores apresentados constituem se de uma associacao em paralelo de capacitores pianos, semelhantes ao que estudamos na ldo teérica. Quando as armaduras méveis estao totalmente introduzidas nas fixas (capacitor techado), 0 capacitor apresenta a sua capacidade maxima ou nominal Quando as armaduras fixas estao Complotamente fora das méveis (capacitor aberto), 0 capacitor apresenta ainda uma pequena capacitancia, que se chama de Capacitancia minima ou residual Fora dessas duas posicoes, 0 aluno deve observar que, a0 introduzir 0 rotor no estator, aumenta a capacidade e, ao gira-lo para fora do estator, essa ‘capacidade diminui Oar entre as chapas 6 o dielétrico. Atualmente, para conseguir capacitores varidveis de pequenas dimens6es, utilizaveis em receptores portateis, usa-se como dielético uma fina Figura 46 - Capactores varavets (Duna e Quadip0). capacitor eletrolitica no chassi, temos dois tipos principais, ou seja, 0 de rosca e © de dentes ou travas. O primeiro, Naturalmente, é provido de uma rosca e 2 respectiva porca, para fixagao ao chass! © segundo tem dentes ou travas, que devem ser introduzidos em furos previa: mente feitos e depois, torcidos. Em inglés, este tipo de fixagao @ conhecido como “twist prong”, que significa “dente torcido” Nas figuras 43 e 45, 0 aluno identifica faciimente 0s tipos citados, Os capacitores eletroliticos 1m grande aplicagao em eletronica, principalmente onde se necessita de elevada capaciténcia, ta's como em fontes de alimentagto, circuitos transistorizados, etc. Embora os eletroliticos tenham a grande vantagem de possuir elevada capacidade, eles tém algumas desvan tagens, tais como: baixa resisténcia de isolagao, elevadas perdas, etc. Além disso, nao toleram temperaturas muito elevadas e, por isso, sua localizagao em um apareiho eletrénico onde existe = at Figura 47 - Capacitor variavel mini com Ailetico a plastica. 14 Figura 48 Gapacior Ajusiavel p ‘camada de material plistico. Na figura 47 mostramos esse tipo de capacitor. Os capacitores variaveis sao construidos para pequenas capacitancias, existindo uma série de valores pret renciais que sao observados pelos projetistas de radio. Para as aplicagdes_ em radiotécnica, os variéveis sao construidos com duas, trés ou mais seccoes,ditas em “tandem”, isto 6, comandados por um 8 - Capacitores semiva- riaveis Os capacitores semivariaveis 40 aqueles cuja variacao de capa Figura 49 - Capacitor ajustvel - trimmer citancia se {az por ajustes que permanecem, Por isso, também sao ‘chamados de capacitores ajustaveis. Os dois tipos mais importantes sao: a) “Padder”™ E um capacitor geralmente de mica, cuja capacttancia varia moditicando- se a distancia entra as armaduras, através de um paratuso. Assim, quando o parafuso esta bem aperiado, a capa: citancia é maxima e, quando bem frouxo cla 6 minima. Na figura 48, apresentamos ‘um “padder’ em corte © no aspacto real ( “padder”¢ utlizado no “rastreio® de fraqiiéncia nos osciladares locais dos receptores de radio, que estudaremos no momento oportuno, e construido para variagdes de 20 a 600 pF, isto é, 20 pF quando totalmente aberto, e 600 pF quando 0 parafuso estiver bem apertado, b) “Trimmer” outro tipo de capacitor ssomivariavel, em principio semalhante a0 *padder’, ou seja, também 6 formado por duas armaduras metalicas, tendo a mica como dielétrico, e a capacitancia é variada, atuando-se sobre © parafuso, que moditica a distancia entre as armaduras. Na figura 49, apresentamos o “trimmer” ‘am corte e 0 aspecto fisico de dois tipos muito comuns. lll - Caracteristicas técnicas importantes Algm da capacitancia, 0 técnico deve conhecer as caractoristicas técnicas mais importantes sobre os capacitores, para que possa aplica-los corretamente, Tais caracteristicas, cujo significado vamos apresentar resumidamente a ‘seguir, costumam ser impressas no corpo do préprio capacitor e sao, tambem, fornecidas pelos fabricantes, em publicagoes técnicas. Para as aplicagdes comuns, as mais importantes sa0 1 - Capacitancia nominal Corresponde ao valor da capaciténcia em submiltiplos do farad. Essa indicagdio vem impressa no corpo do ietetrico, ARMADURA capacitor, em numero ou em cédigo que permite identical. 2-Tolerancia A tolerancia @ uma caracteristica importante, porque indica a falxa de valores dentro da qual esta a capacitancia real do capacitor. Por exemplo, se adquirirmos um capacitor de 100 pF de valor nominal s6 por muita coincidéncia cle tera valor real de 100 pF. Entretanto, se a tolerancia desse capacitor for do 10% ((é-se: dez por cento}, poderemos afirmar com seguranga que o valor real do Capacitor asta entre 90 @ 110 pF. De fato, se a capacitancia for medida por um ‘aparelho de preciso, encontrar-se-4 um valor qualquer entre estes dois, podendo inclusive ser um deles. ‘Quando o aluno substituir um capacitor, devera observar sempre a tolerancia, para evitar que o funcionamento do circuito seja alterado. Nos circuitos de som dos aparelhos de radio, a tolerancia de 20% nos capacitores 6 aceitavel; entretanto, 0 mesmo nao acontece na parte de alta freqdéncia, principalmente nos capacitores que determinam as treqiéncias, Portanto, 0 aluno nunca deve substituir um capacitor de 5% de tolorancia, por exemplo, por outro de 20%, porque os resultados poderdo ser completamente diferentes do procurado. © inverso pode ser feito com vantagens, ou seja, substituir um capacitor de 20% de toleréncia por outro de 10% ou 5% 6 pode trazer vantagens. A tolerancia dos capacitores & indicada em porcentagam (%) e costuma ‘sor improssa no corpo dos mesmos, 500 a forma de nimeros ou em cédigo de cores, que permitem identifica-las. Nos Capacitores usuais, existem trés laixas de tolerancia, que $40: 5%, 10% © 20% (Ie- ‘se: cinco por cento, dez por cento 9 vinte por cento). 3 - Tensao de trabalho Indica 0 maior valor de tensao continua que se pode aplicar nas armaduras do capacitor, sem perigo de danificé-lo, O dano, no caso, corresponde & ruptura (queima) do dielétrico e. conseqdentemente, curto-circuito das armaduras. A tensao de trabalho & 15 Indicada em volts @ tambem poae ser marcada por numeros ou cédigo de cores. E comum usar-se as letras V, VDC ou WV para indicar a unidade de tenso de trabalho, sendo que V significa simplesmente volts; VDC ("voltage direct Current’) @ uma sigla, em inglés, que quer dizer “volts de corrente continua” © WV (work voltage") também 6 sigla inglesa, significando “tensao de trabalho No caso de substituicao de capacitores, 0 aluno deve observar sempre a tensdo de trabalho e nunca efetuar a troca por um capacitor de menor tensao. Assim, se um capacitor letrolitico de 100 uF x 450 V for subs: tituido por outro de 100 uF x 150 V, este Ultimo entrara em curto-circuito e, além de anificar- se, pora em risco a integridade {de outros componentes que facam parte de sou circuit. Quando nao for possivel encontrar um capacitor com tensao de trabalho igual a do original, 0 aluno devera dar preferéncia ao que tiver maior tensao. 4-Outras caracteristicas Alem das caracteristicas que citamos, que 40 as mais importantes para o técnico montador e/ou reparador, exisiem outras que interessam muito a0 projetista © que mencionaremos rapida ‘mente, nas linhas seguintes, a) Resisténcia de fuga Corresponde a resisténcia shmica do dilétrico, sendo também chamada de resisténcia de isolacao, Nos bons capacitores, como 0 de “polistiral", por ‘exemplo, a resistencia de isolacao é¢ sempre maior que 50 000 M. Os capacitores eletrolitices, por sua vez, tém resisténcia relativamente baixa, ou seia menor que 1.0. b) Coeficiente de tempera- tura Como acontece com os resistores, a temperatura tambem modifica a Capacitancia dos capacitores. A variacao pode ser para mais ou para menos. No primeiro caso, diz-se que 0 capacitor tem Coeficiente de temperatura positiva e no segundo negativa. (© coeficiente de temperatura & dado em partes por milhao por grau centigrado, que se abrevia ppm"C. Por exemplo, um capacitor de 100 PF, tendo costicienta de temperatura de + 750 ppmv"C © submetide a uma diterenca de temperatura de 100°C, sofre uma vatiagao de capacidade de 750 x 100 x 100: 1 000 000 = 7.5 PF, ou seja, 7.5%, que nao é desprezivel, IV- Identificagao dos capacitores

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