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FUNDAGAO EDITORA DA UNESP eset do Coe Cer Fou Cade Som Tide Dine Jos Canto Maar Neo ‘Acar 1 Heme Bonin Oe PHILIPPE POUTIGNAT ‘Aerio Cabo Wage ain JOCELYNE STREIFF-FENART ‘Astninde Pn lon Gino Bena Anes aloe Ey Fras Il Mate 9 eo Ug M. Ver Tran tales Oona otro ell _ TEORIAS DA ETNICIDADE om Mat eo Co last Chine Raby, SEGUIDO DE GRUPOS ETNICOS E SUAS FRONTEIRAS: DE FREDRIK BARTH Traducio Elio Fernandes 2 Reimpressfo Nes GRUPOS ETNICOS E SUAS FRONTEIRAS* DE FREDRIK BARTH Esa coletinea de ensiios** prendese aos problemas colocs- dos pelos grupos énicos e sua persstincia, Tease de um tema de grande, mas negligenciada, imporénci para a antropologia socal. Praticamente wodo racicinio aneropologio baslase na premissa de que a varigio cultural ¢ descontinua: que haveria agreyaes humanas que, em esstnia,compartiham uma cultura comum e dfereneas ieeligadas que disinguriam cada uma des- ‘28 culturas, tomadasseparadamente de todas a8 cures. Jé que @ “cultura” & apenas um meio para descrevero comportamento hi ‘mano, seguirseia que hd grupos humanos, ito ¢,unidades emi 28 que correspondem a cada cultura. As diferengas ent cul ‘as, assim como suas ftonteras e vinclos histrices,receberam “Tris do inglés po Ei Fema, 77 eo ¢ «inode una ob let did por F. Bay Banc ep and oe The sal orton fee irene, Bern (Ol: Univesnstriant, 196. As noe de rap nd por aris form a ern dos rie dem ob, mena por Fr Banh em oe ned. 1s ue rouTionaTfy0cELINE STREFEFENART ‘muita ateneao;connado, a constnigto dos grupos émicos ena. turesa de suas fronteiras no foram examinadas de maneita fo sistema, Aniropsilogs sacs etaram amrlaments ets problemas, tern ar ce de eo ake irra pr re Sentaro sem soil englokansdenro do ql grpos eu des concrens menores poem ser aaa. Conta roe iment dea inact as fronts e ak acerisice empiri de srupos mics eas importantes qustes ue solvates por inves, [Embora a hipotese ingénua de que cada tribo ou pov mante- ve sua cultura gragas a uma ignorncia beicosa de seus visinhos ro sein defendida por mais ningutm, persist a visio simple deque o isolamentogeogrifio e soil tenham sido os fitores cr ticos para. a sustentaao da diversidade cultural. Uma investigicso empiri do eariter das froneias énicas, documensada nos en saios que se seguem, produs duas descoberas em quase nada sur preendentes, mas que demonstram a inadequagio deste ponta de visa. Em primero higar, fia clio que as fronteirs perssem, apesar do fuxo de pessoas que as atravesam. Em outas pala, as distingdes de catgoras énicas no dependemde uma ausén: ‘a de mobilidade, conto e informagdo. Mas acarreum proces 108 soiais de exclusto e de incorporacso pelos quals categorias dliscreas sto mansdas, aesar das transformagdes na patcpasio ena pertenga no decorrer de histrias de vidas indviduas. Em segundo lugar, descabrese que relages sciisesiveis,peristen- tes.¢ muitas vees de uma importinca social via, sto mantias através dessas fronteiras e slo frequentemente haseadhs precis mente nos estaruos émnicos dicotomizades. Em outras pals, 1 distingSes nica no dependem de uma sustncia de interacio| social e aceiacdo, mas so, muito a0 contri, freqdentement® 28 propriasfundagdes sobre as quais so levanados os sistemas 50 ial englobantes. A interagdo em um sistema socal como es fo leva seu desaparecimento por mudanga_e aculturagio; #8 cliferengas culurais podem permanecer apesar do contato inte ‘érnico e da interdependéncia dos grupos “TEORIASDA ETNICIDADE ‘Abordagem geral E claro que existe aqui um dominio imporant, que deve ser amplamenterepensado.O que se precisa ¢ de uma abordagem co- rica e empirica combinadas:precisamos estudar de pert 0s fits tempirios de uma variedade de casos e justr nosso concetas a ces fatosempircos de forma que eles os lucdem do modo mais simples eadequado possive,e permitan-nos explorar suas impl- ‘agbes. Nos ensios que se seguem, cada autor examina um caso de ‘eu proprio campo de abalho, com o qual est insimamente fami liarzado, erent aplica em sua andlise um conjunto comum de conceits. O principal ponto de para teérico consiteem varias pares inerligadas. Primeiramene, di-se uma importincia primor- dial a0 fata de que os grupos étieos so ctgorias de arbuigdo © ‘dentficagtorealizadas pelos proprios stores, assim, tm a crac ‘erst de organza a interagio entre as pessoas. Néstentamos r- lacionae outras caracterisicas ds grupos émicos a este ago funda ment Em segundo lugar, todos 0s ensaicsapicam um pont de visa generaivo as anilises: mais que nos ervrmos de uma tipalo- si de formas dos grupos énios ede suas relagées, trtamos ex plorar os diferentes processos que parece estat envolidos na ge ragio e manutencio de grupos émicos. Em terceiro lugar, para obserar is processs,deslocimas ofoco de investgagio da hist ria e da constimugfo interna de grupos dstntos para as frontiras ftnlcas ea manutengto dessas fronts. Cada um desses pontos requer ser expictado. Definindo grupo étnico © termo grupo étnico, na bibliogafiaancropeloic, € geal: ‘mente entendido (f. Nar, 1964) para designar uma popolagso que 1 perperuasebiologcamente de medo amplo, 2 comparlha valores culturis fundamentais,ralizdos em ‘patente unidade nas formas culuris, 190 ume rouiona #}OCHLYNESTREFEFENART 3 constitu um campo de comunicago ¢ de interagio, 4 possui um grupo de membros que se identifica e€ iden culo por outros como se consinsse uma categoria diferencive de outas categorias do mesmo spo. Esta definigao ideal nfo ¢ muito dierent em seu conteido 4a proposigto tradicional que postula que uma raga~ uma cul ‘a= uma linguagem, e ainda que uma sociedad = uma entidade ‘que rejeta ou disrimina outs. Contado, em sua forma modi cada, ela aproximasse muito de vias situagbes etmogeicas empl reas, ao menos tai como parecem se e fram descria, de modo {que este sentido continua a seri aos abjetivos da maioria dos an tropslogos. Minha contestgio ndo real tanto na subsides. ‘as carzcerstias, embora eu deva mostrar mais adiante que po- demos sair lucrando se mudarmos a énfise; minha principal objesao€ que tal formulacto impede nos de entender 0 endmeno dos grupos éicos e seu lugar na socedade e na cultura humm ‘nas Isso acontce porque ela foge de eas a questes problems tics: pretendendo propiciar um movelo ide pico de uma for sma empirca recorrente, ela implica um ponto de vista preconeebido a respito dos fatoressgnificaivos quanto a ginese, fstrutura € fungio de is grupos. mais gre deo & gue da nosinder a assum ques ma sure de ona no proemia ede d tela timplealo pesca mies cine eng a, dies clr, sero sole bret ng os dadecsponnes consi imia alert um dt fers que ules pr ex» ders el ome lends magn edn gro deserolendo a oma cll ¢ scl em dent eto, esencalmeme, and eet ‘cls li ao long dua sta de apt orien So cenrtion on Eira plum mn pore sands cad uncom an clu prop orn fn stn Fs time ear one Os grupos étnicos como “suportes de cultura” ‘Mais do que dscuir a adequacto desta versfo da historia cul tural para cuttos casos alm destes das ihas peligicas, vamos ext rminar algumas das filha logic deste ponto de visa. Dene as ‘araceriscasarroladas anteriormente, stribuise uma imporzin- cia fundamental 20 fro de se comparilhar uma mesma cular Para mim, podemos lucar muito 20 considerar esse trig impor ‘ante como uma implicagio ou um resultado, mais do que como ‘uma caracterstica priméria e dfinicional da organizagto do gru po émico, Se aptamos por encararoagpesto de “suponte de cat 1 dos grupos émicos como sua caractersia prima, it tro dus implicagbes de longo alcance. Somos indutids a identifica e dlistinguir grupos éenicos peas caraceristicas morflégias das ‘caltras das quais so os supors. Iso implica um pont de vst preconceinioso tne quanto 1. 4 naturesa da continuidade no tempo de is enidades, como 2. & localzagio dos fore deter rninantes de sun forma, 1 Pondoa énfise no aspect de “suport cultural, a classifcn {ode pessons e grupos locals como membros de um grupo énico eve depender do modo como demonstra os tagosparticulaes| da cultura. Isso ¢ algo que pode sr julgado abjedvamente pelo ob- servadoretdgrafo, na tradigdo cultural das res, indiferentemen te is caregoriase preconceitos dos stores. As diferencas entre gr pos tornamse dfereneas nos inventiros dos wagos; a atensfo & lirgida a andlise das cultura, mo & organizagho dna, A rlagfo dindmica entre os grupos irk entio ser descr em estudos sobre aculturagio, do tipo daqueles que vem cada ver mais perdendo 0 Interesse na antropologa, apesar de suas insufiiéncias toric nunca em sido seriamente dscuidas. Desde quea provenigncia Irerrica de qualquer conjunto de wagos cultura sejadiverso, 0 Ponto de vista abrange igualmente uma "émohistra” que fz a cdnice dos ganhos ¢ das mudancas culunis e procura explicat por que rast determinados itens foram tomados de empréstimo. Contudo, qual € a unidade cuja continuidade temporal &descria emesudos dess po? Peradoaalment, ele precisa incuir ultras passadas que seriam caramente excluidas no presente em ra 11 PE FOUTIONATEJOCELYNE STREIRFENART das diferengas de forma - diferengas que slo jusamente do ipo utlizado para diagnosticaradiferenciagio sinexonica das unidades éanicas. A interconexdo ene "grupo énico™e “cultura” com cere sa nfo ¢exdlareida nesa confsto, 2 As formas cultumis patentes que podem ser itemizadas ‘como tagos carncristicos apresentam os efites da ecologia. Dr zendo iso, nao quero me refer a0 ftp de que elas refletem ua hrstria de adapragio ao meio ambiente; de manera mais media, clas refletem igualmente essa crcunstincias externas is quais 05 stores dever seacomodar. O mesmo grupo de individuos, com va lores eidiasestitios, no estaria ligad a mados de vida diferen tes e no ira insttuconalzar diferentes formas de comporamen: to, quando confrontada com as diferentes oporunidades pro. riciadas por diferentes ambientes? Do mesmo modo, devemos ee perarque um grupo émico, espalhado por todo um territrio com ‘creunstincias ecoldgicas variadas, apresene diferengas regional de comportamento patente insucionalizado que no reletem di ferengas na orientaio cultural. Como deveriam elas sr classifi. dds, seas formas instucionals manifests forem as consideradas ‘ara o diagndstico? Um bom exemplo€0 caso dos modos de div ‘Soe da diversdade dos stems sciis locas ds pathans exami snados mais adiane,* Pelos valores bisicos dos pathans, um phan | do sul, proveniente das 4eas montanhosas, homogéneas ¢ de li nhagem organisada, s6 pode achar 0 comporeamento dos pthans do Swat tio diferente erepreensivl em comparaco com seus pré- pros valores, que ele cheya a dzer que seus irmaos do nore “no ‘io mais pathans". De fato, segundo critros “objetos", seu pa drdo manifest de onganiagio parece estar muito mais prximo aos dos punjabis. Mas fofme possivel, explicando as circunstinct 8 no nore, fazer com que os pathanssulists concondassem em {que s do nore consinuavam sendo de ft pathans e admisssem «com relutincia que, sob as mestas Greunstincias, eles poderiam dle ao agi da mesma maneira. Logo, ¢inadequado encara formas insieacionais manifests como constiintes de tagos culeurais Bah Phone and mannan, p74, que em qualquer einpo dstinguem um grupo émico ~ esas for mas manifesas sfo determinadas anto pea eologa quanto ela cultura trnsmitida, Por outro lado, nt se pode amar que diver sifeagBes dese ipo dentro de um grupo representem um primeiro asso para uma subdivisto e proliferarto dentro do grupo. Dispo ‘mas de conhecidos casos documentados em que um grupo énio, também num nivel rlaivamente simples de onganizacso econ «a, ocupando vitis nichos ecologiens diferentes, conserva conn cdo uma unidade cultural eémica bisics por longos priodos (cf por exemplo os chuckchees do interior edo lioral, em Bogoras, 19041909, e os lapoes litoraneos,rberinhos e das renas, erm Gjessing, 1954), Em um dos enssios que se seguem, Blom” prope argumen: tos bastante slidos a esse respeit, refrindo-se aos fzendeiros montanheses da Norueg central. Ele demonsia como sua part ipaclo e autoavaliaco em termos dos valores norueguesesgerais asseguramihes 0 reconhedimento como noruegueses no grupo ‘mico globalizant,apesar dos padres alamente caraceristicos © desvianes de avidade que a ecologa local Ines imps. Para anal ‘sr casos como esse, precisamos de um pont de vist que mio confunda of efeitos das condigbes ecologies sobre o comport: ‘mento com os da tradi cultural, mas que perita que se sep rem esses tls fatores € se investiguem os componentes excl os, cultura © sociascriadores da. dversidade Grupos étnicos como tipo de organizagio social ‘Concentrndo-nes nagulo que saiakmenteftive, os grupos {xieos si vistos como uma forma de organiagio social. Ento, ‘um trago fundamental tnaeo item 4 da lista da pigina 190, sja,caracterstica da auroatibuio ou da amibuiglo por outros a ‘um categoria nia. Una atribuigi caegrca € uma aebulgso ‘érnica quando classifi uma pessoa em termos de sua identidade TR Hla Bc ed ell ifr, 91485 14 mae POUTIONAT EOCELYNE STRAITEFENART ‘sin mats gel, presumielmentedarmitaa por su orig € seu mcio ambiente. Na media em que os tres usm denials étnias pra egos as mesmoseoutos, com objets de in tea, eles formam grupos enios nese sentido oranzaional E imporantereconhecer que, emboras eters ics sem em consieraco as diferengs culms, no podemos ded st diso uma simples relago de um para un ene as unilades denise as semelhangis edierengas cultuis. Ascaracerisieas aque sto levalas em considerago rio soa soma das dferenas Sljeavas", mas somenteaqulas qu os pres aaes conde am sgificantes. As variagdes eos no apenas marca e ceageram a difrencas; alguns ago clara fo ulndes pelos snore como sins emberas de dfeenes,outos sto ignors dos, em alguns relaconamentos, difrenas radicis sf mint. rmitadasenegadas.O conte cultiral das deotomia ics pa recem ser analicamente de dus orden: sini ou signos ma feos ~ os tajos dices que as pessas procuam «exer pa demonsoa sua idensade, als como o veto Unga, a tora, ou eal geal devid;2-orenades de valores nd menais ~ os padtes de morldade ¢ excelencn pels quis 25 nes so julgdas. Desde que peencer aura cgi iain plc serum cer tpo de pesson que poss aqula ident bist <2, iso implica igualmente que s reson dre de se juli do ¢ de jlgarse pelos padrées que so relents para aguela ‘deeidae, Nenhum dsses eos de “ones” cults desva dena lisa descitva de wags ou de diferengs curs nto po demos prever a parr de prncpios events quai tags serio realedose tornados ongnisaconalmene clevantes pelos sores. Melhor dzendo, as eegorisséncasforezem um calinho ong nacional deno do qual podem ser ealocados conto defor rmase dimensos wir em dernts sistemas seciccularss Ta categoria podem ter grande imporenca gaa o comporamento, ‘ras no precoam necessarament locas podem perme tla 1 vida social, ou podem ser televantes apenas para scores limi dos de aidade. Assi eros uma prspecta evident para des cxigtes emogefcasecomparaas de dientes formas de organi sao cic. ‘A Enfasena aribuigao como o ago fundamental dos grupos micos resolve também ae duas dfculdades conceprusis que fo- ram discutidas anteriorment. 1 quando se define um grupo nico como atibutivo e exh sivo, a natures da continuidade dos eragoeéticos & clara ela de ppende da manutencio de uma fonteira, Os ragosculturais que de- smaream a fronecira podem mudar, eas caractersiasculumis de seus membros podem igualmente se transformar ~ apes de edo, «© fato da continua dicoromizaedo entre membros e nomembros permitenosespecifar a natureza dessa continuidade einvestigara forma e o conteido da tansformacio cultural. 2 apenas os fitoressocalmente elevates tonam-s proprios para diagnostcar a pertena, e ndo as dierenga “objetvas” man- fests questo geradas por outros fatores,Pouco importa quio des semelhantes possim ser os membros em seus comportamentos rmanifestos~se eles dizem queso A, em oposigioa outa categoria B da mesma ondem, eles estio quetendo ser traados equerem ver seus proprios comporamentos serem interpreados ¢ julgados como de As. nfo de Bs; melhor dzendo, eles declaram sua sue: «904 cultura comprtithada pelos As. Os ets disso, em comps ‘ago a outros fitores que influenclam realmente os comportamen- 105, podem entlo tornarse objeto de investigaclo. As fronteiras dos grupos étnicos Dest perspec, o ponto cent da pesquisa rmase a fron- tein énica que define 0 grupo © nio a maviia cultural que ela abrange, As fonteiras ds quais devemos consagrar nossa tengo so, € car, as fonteias sodas, se hem que els possam ter co ‘mapandas terrtoras. Se um grupo conserva sua idenidade quan- do os membros interagem com outros, isso implica ertros para ddrerninara percencae melo para tornat manifests a perenga e cectusio, Or grupos émios no so simples ou neessriamente Inseados na ocupagio de ertetios exusivos; eos diferentes mo- dos pelos quas eles se conser, no so por meio de um reruc 196 peauPreFOUTIGNAT E)OCELINE STREFEFENNRT mento definitive, mas por uma expessfo ¢ validagso continuas, precisam ser analisados. ‘Além disso, afontera nica analiza vida soll ~ ela care: ta de um modo fequente uma organizagao muito compexa da r- lngtes socials e comporamentais. A identificagio de outa pestoa ‘como pertencente a um grupo émnico implica comparilhameno de exitrios de avaliado e julgamento. Logo, iso leva & acitagio de que os dois esto fundamentalmente*jogando © mesmo jogo", © isto significa que existe entre eles um determinado porencial de dt: versiagio ¢ de expansio de seus relacionaments socials que pode ecobrir de forma eventual txdos os seorese campos diferen- tes de atvidade. De outro modo, uma dicotsmisagio dos outos como estrangeiros, como membros de outro grupo émico, implica ‘que se reconheyam limites na compreensio comu, diferenas de crtrios de julgamento, de valor ede ao, e uma resrgio dain ‘teragio em setores de compreenso comm sasumida ede interes: semio. Isso tra possvel a compreensto de uma forma fnal de ma- nutenedo de rontias,arawés da qual as unidades eos limites cl- turns prsistem, SinsaGes de contto socal enre pessoas de cul ras diferentes também estio impliadas na manutencio da fonteira dic: grupos énicos pesistem como unidades significa tivas apenas se implicarem marcadas diferengas no comporamen ‘to, iso 6, diferengaseulurais perssentes. Connudo, onde indivi duos de culuras diferentes interagem, poderseia esperar que tis dlfrengas se reduissem, uma vee que &interagio simulraneamen: te requ ccria uma congruéneta de cigs e valores - melhor di: endo, uma similaridade ou comunidade de cultura (cf. Barth, 1966, onde seencontra minha argumentagio respi). Asin, 3 persstncia de grupos énios em conta implica nao apenas crite rose sinais de dentficaco, mas igualmente uma estrturio da Tineragdo que permite a persisténca das diferengas culsuras. Ota 60 orgznizacional que, segundo minha tse, deve ser encontrado em quaisquerrelagtesinterémicas consist rm um conjunte sist mito de regs dirigindo os contatos interémicos. Em qualquer vida social organizada, que se vor relevant para ainteragio em ‘qualquer situagio social particular est prescrto (Goffman, 1959) ‘TEOHAS DA ETHCIDADE cy Se os individuos concondam com tis presrigbes, sua concordan- cia com oddigos de valores do precisa estenderse para além do que € pertinent para sinagbes socials nas quais interagem. Rel (es interemicasescves pressupdem uma estrucurao da inter {$30 como essa: tum conjunto de prescriges drigindo as situates tk contatoe que permitam a aricuasSo em determinados seores cu campos de aividade, eum conjunto de prosrigdes sobre tuagdessociis que impepam a interago interémica em outosSeto- tes, folando assim pares das cultura, protegendoas de qualquer confonto ou modificagto. Os sistemas sociais poliétnicos ‘Tratase aqui, € caro, do que Furnivall (1944) desereveu de modo bastante claro em sta anise da sociedade plural: uma soci dade polidinica intgrada no espago mercant, sob 0 controle de tum sistema estatal dominado por um dos grupos, mas debaindo amplorespapos de dversidade cultural nos serores de atvdade re liglosa e domestica, (© que os antropélogos posteriores nfo apreciaram de mane ‘a adequada foi a possvel variedade de serores de arculago se poragdo, a vaiedade de sistemas poliénicos que isso implica. ‘Temos conhecimento de alguns sistemas comerciais da Melané sla, de objeros pertencentes& ala efera de prestigio da economia, ‘ainda de algunas das exquems e prescrges que drier a situa ‘to comercial solando de ours atvidades. Temas informagées fobre divesos sistemas policntricostradicionais no sudeste da Asia (Giscurido adlante"), inegrados simultaneamente na esfera ‘comercial de prestigo e em esturuas pllticas quase feudais. Al fumas regioes do sudoeste da Asia apresentam formas baseadas ‘numa economia de mercado mais amplamente monetarizada, 20 asso que a integrasso politica tem um cater polictneic. Ha, KEG. Kahan, Neighbours in Lacs, p.13548, 198 LIME FOUTIONAT E)OCELINE STREIFEFENART também, a cooperacio rial e produtiva ea integraco poli do sintema de casas da India, onde talver somente o parenesco © 4 vida doméstca permancsim como um setor prosrto e seam fontes de diversidade cultural. Nada se lvera a0 juntarse esses sis temas diversos sob aeiquera cada ver mais amplae vaga de soci dace *plural”, ao passo que uma pesquisa das variedades de es: ‘ura pode lancar muita luz sobre as formas sociais e cultras. (© que podemosdesignar como ariculago eseparaio noni ‘vel macossocalcoresponde as conjuntorssematicos de pres xighes de paps no nivel micrssoil. © principio de que a idenidade mica tmpia uma sre de resrgoe sobre sts de apis que um indvduo pode desempenkar,e sobre paretos aque ele pode eclher pare derentes spo de wang! & co. ‘mum a ts esses sistemas. Melhor dzendo, considerada esate 10,4 identidade eica domina @ main dos cutros esanuos © define as conselagdes de exoios ou personalidades soils que tum indsviduo com aqulaidendade pode asomit. Quanto a isso, aidensidade erica ¢comparivel a0 sexo ou posit sec, pelo fato de ela exercer um constangiment sobre obenefiio im vod as sas avdades, nto apenas em agua stages cits definidas Assim, poeta dae igalmene gue ela in erat, pelo fo de Que nio pode ser igorada e afta de modo remporirio por ourasdeiniges da sto. As resis sobre 0 comporamento de um indivduo que dem de sua ‘dencdade emicarendem enio a ser able e, nas sociales poliemieas complers, bastante compreesivas;¢ a8 convenes ‘moras e socials que a compdem tomar se cada ves mas resi tenes & modanga po esarem ligndas ents de forma exec ada como carci devama idenidade singular. 1 Aneppo olga enfitedo pried ena ie ce in ‘aque carts lies univer quete devel ao Orne Me ‘io € compen nes perspec ma er qu prsamerte salge moment mpl Je una rem solos a ces ol. ‘as dag eo acai coven © pes ere En. ‘Adie ene ox ros ise nent cy pre bea ‘ine da veto, sr torn mar ada. {THOMAS DA EMICIDADE » ‘A associagao das identidades dos padroes valorativos 'A anilise das caracteristcasinteracionals e organizacionals das rlagoes interemicas nto deu atengio suficient as quests ‘eferentes& manutencio das fontera. Talve: isso tena aconte- cdo porque os entropdlogos raciocnaram baseados em uma ideia condutora enganosa da situagfo intertnicaprottipica. Ti nnhasea rendénciaa pensar em termos de povs diferentes, com di ferentes bistrias e cultras, enconzando-se acomodandose uns 0s outs, geralmente em um conten colonial. A fim de visual sarasnecesidades bsicas par acoexstncia da dversidadeétn- ‘a eu sugeriria que nds nos pergunsssemos anes de tudo o que & ‘cess para fer com que as ditingSes énicas emejam numa dererminada dea. Os préequisitos organizacionas sto claramen- te [uma categorizsio dos setores da populago em categoria &- tattirasexclusiase imperative 2. uma aceitcdo do principio dde que as normas aplicadas a uma categoria pode sr difrene do poco, ou de petenga 3 um grupo familia. Ito ainda ndo exp {tomment por que tals mudangascondurem 2 mudanas ee fori de dentidade enc, dead intoados (ano ser em re tne) of grupos énicos dicopmizados pela woo mina de Festcas, No co dh adogi e ineorporaao de indus, ra alors dos casos, imate, de qualquer forma, indvidus io- Iados ¢ salem, dena de propor familiares preesableidos, como acaneee en o§ya05, ua assimilago cultural eo com ple €comprenavel nese caso, cada nova peson trae com Plemmente imersa no padeo de elages eexpecatvas propras fos yas, Nos curs exemplos, € menos ea porque esa mu dhangstoal de enidade oa. Nio podemos amar que 0 dlcome de uma rege de integrsio etre uiveralment api vel, de modo que a pica da polca de um grupo ou a adocio {de seu prio de apart, em questo de subsinnciaeexno- ‘i, acre igualmente 9 sdosio de suns outa pares eformas. De fio, o caso dos pans (Ferdinand, 1967 refua dreamente este argument, uma ve que as frontsiras do grupo enico phan ‘no coinidem com as dos conjunta ean polices. Ul zando a auroidensficfo como o rte fundamental da iden dade emia, deveria se, entio, perftamente poste para um ‘upo pequeno de pathan assum as obrgaes potas de per tenga mama mibobalich, ou adotr a pics agricola e domes: tis do Kohiso c, condo, coninuar auodenominandose tathan. De acordo com 0 mesmo principio, devetamos spear ue 0 proceso de nomazao ene os urs condurse a0 nasc- ‘ment de uma sep némade dos fr, semelhame, em seu mo de sulsiténia aos bars, mas diinguindose deles por ou tos tos cultuis e pela denominago én. Eases dar que i jusament so que asec em mu ta sages hiss. Nos casos em que no dosed, percebe- ‘moss efetos ongnzadoresecaalzadores das distinges ics. Par exon os fares responses pela dren, vamos eam rats expliagbes especies para as mudangss de Wenidade que foram adiantadas nos exemplosaneriorment discus. “ORAS DA ETMICIDADE 29 [No cto das zona frontirips ds pathans a infutnla ease suranga nas socedades segments eanrquics desta regio det tam de agdes humanas previa os, antes, do reppeito que conse fucm por eass ages julgaas por mci de paces de avallagto Aceitos. Os pincipis espacs pblios para exibigio das ies ‘hans soo conslho tal eof lupe onde eencenaa hosp tlidade. Mas oaldeto no Kohno em um pari devidu no qual 2 hospinlidade que ele pode oferecerdifimente pode compet om dos servos conquisados dos snosputhans, 0 paso que O dente dum lr tach no pe lar em nenhur eonseho trib Para manera denadade pashan nesas segs, declaar se concorente na cored com tm eompeddot com pads valo- ‘ats phan sgn condenarse de ane wm dserpenko tonlmene defen. Prem, a asumit uma idenilade khis cu baluc, onde pode, pela mesma ago, ober grande sues 4 segundo cals que se womam perdnentes. Os inenivos para ma munanga de dendade sh, pos, inerenes as mudangas de iraunstinca. obvie que crcunstncisciferenes fivorecem desempenos

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