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Apés a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos indicados anteriormente, eles sao elaborados e classificados de forma sistematica. Antes da andlise e interpretagio, os dados devem seguir os seguintes passos: selecio, codifi- cagio, tabulacdo. a) Selegao. E o exame minucioso dos dados. De posse do material coletado, © pesquisador deve submeté-lo a uma verificagdo critica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informagGes confusas, distorcidas, incompletas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa. Muitas vezes, o pesquisador, nao sabendo quais aspectos siio mais impor- tantes, registra grande quantidade de dados; outras vezes, talvez por ins- trugées mal compreendidas, os registros ficam incompletos, sem detalhes suficientes, A selecdo cuidadosa pode apontar tanto 0 excesso como a falta de informagées. Neste caso, a volta a0 campo para reaplicacao do instru- mento de observacao, pode sanar esta falha. A selecSo concorre também para evitar posteriores problemas de codificacio. ) Codificagio. E a técnica operacional utilizada para categorizar os dados que se relacionam. Mediante a codificacio, os dades sao transformados em simbolos, podendo ser tabelados € contados. A codificacdo divide-se em duas partes: 1. classificagio dos dados, agru- pando-os sob determinadas categorias; 2. atribuicdo de um cddigo, nui- mero ou letra, tendo cada um deles um significado. Codificar quer dizer transformar 0 que € qualitative em quantitativo, para facilitar nio sé a tabulagio dos dados, mas também sua comunicacio. | A técnica da codificaciio nao é automitica, pois exige certos critérias ow nor- mas por parte do codificador, que pode ser ou nio o proprio pesquisador. ¢ Tabulagao. E a disposicaia dos dados em tabelas, possibilitando maior faci- lidade na verificagdo das inter-relagées entre eles. E uma parte do processoPesquisa 151 ‘écnico de andlise estatistica, que permite sintetizar os dados de observa- Sto, conseguidos pelas diferentes categorias e representi-los graficamen, ‘s: Dessa forma, poderao ser melhor compreendidos e interpretados mais rapidamente, Os dados so classificados pela diviséio em subgrupos e reunidos de modo que as hipéteses possam ser comprovadas ou refutadas. lida com pequeno niimero de casos e com poucas tabulagdes mistas, sendo menos ‘ispendioso. Em estudos mais amplos, com niimeros de casos ou de tabulages mis- tas bem maiores, o emprego da tabulagtio mecdnica é o indieado: economiza tempo, esforgo, diminui as margens de erro e, nesse caso, fica mais economica 8.2.3.3 Andlise « interpretagao dos dados Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, 0 passo seguinte é a anilise ¢ interpretagée dos mesmos, constituindo-se ambas no nucleo central da pesquisa, Para Hest (1972:152), “representa a aplicacdo légica dedutiva e indutiva do pro- cesso de investigagio”. A importancia das dados est nao em si mesmos, mas em Proporcionarem respostas as investigagdes. Analise ¢ interpretacao so duas atividades distintas, mas estreitamente relacio- nadas e, como proceso, envolvem duas operagées, que seriio vistas a seguir, J. Anélise (ou explicagéo). Ea tentativa de evidenciar as relagGes existentes Entre o fenémeno estudado e outros fatores. Essas relagdes podem ser “estabelecidas em fungao de suas propriedades relacionais de causa-efeito, Produtor-produto, de correlagbes, de anillise de contetido etc. (Trujillo, 1974:178), Em sintese, a elaboracioda andlise, propriamente dita, é realizada em trés niveis: a) Interpretacao, Veri ficagdo das relagdes entre as varidveis independente e dependente, ¢ da variavel interveniente (anterior a dependente e Posterior 4 independente), a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenémeno (variével dependente). >) Explicagdo, Esclarecimento sobre a origem da varidvel dependente e ne- cessidade de encontrar a varidvel antecedente (anterior is varidveis inde- pendente e dependente). ©) Especificagtio, Explicitagdo sobre até que ponto as relagées entre as varid- vels independente e dependente sio validas (como, onde e quando),152 Fundamentos de Metodologia Cientifica * Marconi e Lakatos Na andlise, o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados decorrentes do trabalho estatistico, a fim de conseguir respostas as suas indagagdes, e procura estabelecer as relagdes necessdrias entre os dados obtidos e as hipdteses formuladas. Estas so comprovadas ou refutadas, mediante a andlise. 2. Interpretagao. E a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo as respostas, vinculando-as a outros conhecimentos, Em geral, a interpretacdio significa a exposigaia do verdadeiro significade do material apresentado, em relagao a0s objetivos propostos ¢ ao tema. Esclarece no $6 0 significado do material, mas também faz ilagdes mais amplas dos dados discutidos. Na interpretagdo dos dados da pesquisa é importante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e acessivel. Dois aspectas so importantes: a) Construco de tipos, modelos, esquemas. Apés os procedimentos esta- tisticas, realizados com as varidveis, ¢ a determinacao de todas as relages permitidas ou possiveis, de acordo com a hipétese ou problema, é chegado © momento de utilizar os conhecimentos teéricos, a fim de obter os resul- tados previstos. b) Ligagdo com a teoria. Esse problema aparece desde o momento inicial da eseolha do tema; é a ordem metedolégica e pressupde uma definicao em relagao as alternativas dispontveis de interpretagio da realidade social. Para proceder a andlise € interpretagéo dos dados, devem-se levar em conside- ragdo dois aspectos: + planejamento bem elaborado da pesquisa, para facilitar a andlise e a inter- pretagiio; * complexidade ou simplicidade das hipéteses ou dos problemas, que reque- rem abordagem adequada, mas diferente; a primeira exige mais tempo, mais esforgo, sendo mais dificil sua verificagdio; na segunda, ocorre 0 con- tririo. Mesmo com dados validos, é a eficdcia da andlise e da interpretagio que deter- minard o valor da pesquisa. Best (1972:150-152) aponta alguns aspectos que podem comprometer o éxito da investigacao: 1. Confusio entre afirmagGes e fatos. As afirmagdes devem ser comprova- das, tanto quanto possivel, antes de serem aceitas como fatos. 2. Incapacidade de reconhecer limitagdes. Tanto em relagdo ao grupo quanto pelas situagGes, ou seja, tamanho, capacidade de representacdo e a prépria composig&o, que pode levar a resultados falsos.Pesquisa 153 3. Tabulagdo descuidada ou incompetente. Realizada sem os cuidados ne- cessdrios, apresentando, por isso, tracos mal colocados, somas equivoca- das etc. 4. Procedimentos estatisticos inadequados. Leva a conclusées sem vali- dade, em consequéncia de conhecimentos erréneos ou limitagdes nesse campo. 5. Erros de célcuilo, Os enganos podem ocorrer em virtude de se trabalhar com um mimero considerdvel de dados e de realizarem muitas operagoes. 6. Defeitos de ldgica. Falsos pressupostos podem levar a analogias inadequa- das, a confusées entre relagao e causa e/ou a inversdo de causa ¢ efeito. 7. Parcialidade inconsciente do investigador. Deixar-se envolver pelo pro- blema, inclinando-se mais 4 omissio de resultados desfavoraveis & hipdte- se e enfatizando mais os dados favordveis, 8. Falta de imaginagao. Impede a descoberta de dados significativos e/ou a capacidade de generalizag6es, sutilezas que ndo escapariam a um analista mais sagaz. A imaginagao, a intuigao e a criatividade podem auxi pesqtiisador, quando bem treinadas. 8.2.3.4 Representagdo dos dados: tabelas, quadros ¢ gréficos Tabelas ou Quadros: é um método estatistico sistematico, de apresentar os dados em colunas verticais ou fileiras horizontais, que obedece & classificagdo dos objetos ou materiais da pesquisa. & bom auxiliar na apresentagdo dos dados, uma vez que facilita, ao leitor, a compreensio ¢ interpretagio répida da massa de dados, podendo, apenas com uma olhada, apreender importantes detalhes e relagdes. Todavia seu propésito mais im- portante é ajudar o investigador na distingdo de diferencas, semelhangas ¢ relagées, por meio da clareza e destaque que a distribuicao I6gica e a apresentagao grdfica oferecem As elassificagdes. Quanto mais simples for a tabela ou o quadro, concentrando-se sobre limitado niimero de ideias, melhor; ficam mais claras, mais objetivas, Quando se tém muitos dados, é preferivel utilizar um ntimero maior de tabelas para nao reduzir o seu valor interpretativo. O que caracteriza a boa tabela € a capacidade de apresentar ideias e relacdes independentemente do texto de informacées. . Regras para a utilizagéo das tabelas. No texto, a tabela deve identificar-se pela pa- lavra escrita com letra maitiscula, seguida de um algarisme romano, correspondente. © titulo se coloca a dois espacos abaixo da palavra TABELA € se ordena em forma de pirdmide invertida, nao se usando pontuacdo terminal. © titulo principal deve ser154 Fundamentos de Metodologia Clentfiea + Marconi ¢ Lakator curto, indicando claramente a natureza dos dados apresentados; esporadicamente, pode aparecer um subtitulo. As fontes dos dados, representados na ilustragao, devem ser colocadas abaixe da tabela, com nome do autor, se houver, e a data. Para muitos autores, tabelas e quadros sfio sinénimas; para outros, a diferenca refere-se ao seguinte aspecto: a) Tabela. E construida, utilizando-se dados obtidos pelo préprio pesquisador ‘em niimeros absolutos e/ou percentagens, b) Quadro. E elaborado tendo por base dados secundarios, isto é, obtidos de fontes como o IBGE e outros, inclusive livros, revistas etc. Desta forma, 0 quadro pode ser a transcrigao literal desses dados, quando entdo necessi- tam indicagao da fonte. Finalmente, alguns autores denominam de tabela, independentemente da fonte dos dados, toda a representagao visual que requer ntimeros (absolutas e/ou em per- centagens), utilizando-se o quadro para agrupamento de palavras e frases. Grdficos. So figuras que servem para a representacdo dos dados. O termo é usado para grande variedade de ilustragdes: graficos, esquemas, mapas, diagramas, desenhos etc, Os gréficos, utilizados com habilidade, podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma clara € de facil compreensio, Em geral, sio empregados para dar destaque a certas relagées significativas. A representagdo dos resultados estatisticos com elementos geométricos permite uma descricao imediata do fendmeno. Existem numerosos tipos de graficos estatisticos, mas todos eles podem formar dois grupos: a) Gréficos informativos. Objetivam dar ao piiblico ou ao investigador um conhecimento da situagao real, atual, do problema estudado, Devem ser feitos com cuidados tais que o desenho impressione bem, tenha algo de atraente, mas este cuidado artistico nao deve ser exagerado a ponto de pre- judicar o observador na apreensio facil dos dados. b) Graficos analiticos (histéricos, politicos, geogréficos). Seu objetivo, além do de informar, é fornecer ao pesquisador elementos de interpretacao, cél- culos, inferdncias, previsdes, Devem conter 0 minimo de construgGes ¢ ser simples. Podem ser usados também como graficos de informacao. Serdo vistos juntamente com as ta- belas de frequéncias. Tipos de gréficos: linear, de barras ou colunas, circular ou de segmentos, de setores, diagramas, pictéricos, cartogramas, organogramas etc.Pesquisa 155, 8.2.3.5 Conclusdes = Ultima fase do planejamento e organizagao do projeto de pesquisa, que explicita s resultados finais, considerados relevantes, AS conclusées devem estar vinculadas & hipétese de investigagio, cujo contetido foi comprovado ou refutado, Em termos formais, é uma exposigéo factual sobre o que foi investigado, anali- sado, interpretado; é uma sintese comentada das ideine essenciais e dos principais resultados obtidos, explicitados com preciso e clareza, Ao se redigirem as conclusdes, os problemas que ficaram sem solugao serao apontados, a fim de que no Futuro possam ser estudados pelo préprio autor ou por outros. Em geral, nao se restringem a simples conceitos Pessoais, mas apresentam i fertncias sobre os resultados, evidenciando aspectos edlides © aplicdveis a outros fenémenos, indo além dos objetives imediatos, Sem a coneluséo, o trabalho parece nao estar terminado. A introduc e a con- clusdo de qualquer trabalho cientifico, via de regra, sto as Ultimas partes a serem redigidas,Marina de Andrade Marconi Eva Maria Lakatos fundamentos de Metodologia Cientifica 7* Edigdio‘As autoras e a editora empenharam-se para citar adequadamente e dar 0 devida crédito a todos os detentores dos direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possives acertos caso, inadvertidamente, a identificacso-de algum deles tenha sido omitida, No ¢ responsabilidade da editora nem das autoras a ocoméncia de eventuais perdas ou danos a pessoas ou bens que tenham origem no uso desta publicacio. Apesar dos melhores esforcos das autoras, do editor e dos revisores, é inevitével que surjam erros no texto, ‘Assim, so bem-vindas as comunicacdes de usuarios sobre corres des ou sugestoes referentes ao conteddo ou 20 nivel pedagdgico que auriliem o aprimoramento de edicdes futuras. Os comentérios dos leitares, podem ser encaminhados & Editora Atlas $.A. pelo e-mail editorialcsa@grupogen.com.br. Direitos exclusivos para a lingua portuguesa Copyright © 1985 by Editora Atlas S.A, Uma editora integrante de GEN | Grupo Editorial Nacional 1. ed, 1985; 2. ed. 1990; 3, ed. 1991; 4. ed. 200175. ed. 2003; 6. ed. 2005; 7. ed. 2010 (8 impressdes) Reservados todos 0s direitos, € proibida a duplicagao ou reproducao deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meins (eletrénico, mecdnico, grava¢ao, fotecopis, distribuigsona internet ou outros), sem permissdo expressa da editora, Reservados todos os direitos. £ proibida a duplicardo ou reproducao-deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrEnico, meciinico. gravaciio, fotocépia, distribuicso na internet eu outros), sem permissio expressa da ed Run Conselheiro Nébias, 1384 Campos Elisios, So Paulo, SP ~ CEP 01203-904 Tels.: 21-3543-0770/1 1-5080-0770 editorialcsa@grupogen.com.br \wwrw.grupogen.com. br Designer de capa: Paulo Ferreira Leite Projeto Grafico e Editoracao Eletronica: Lino Jato Editoracae Grafica Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacdo (CIP) (Cdmara Brasileira do Livro, SP; Brasil) Lakatos, Eva Mara. Fundamentos de metodologia cientifica / Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. Paulo : Atlas, 2016. Fed. = S80 Bibliografia ISBN 978-85-224-97598- Ciencia - Metadotogia 2. Pesquisa ~ Metedologia |. Marconi, Marina de Andrade. I. Titulo indices para catélogo sisternatica 1, Método cientifiea 501.8, 2, Metadologia cientfica 501.8, 3. Metodologia da pesquisa 001 42. 4. Pesquisa : Metodologia 001.42 91-1926 001.42 00-501.8