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COMBATES AEREOS Ofensiva no oeste Com defesas vulnerdveis, Bélgica e Holanda nado conseguiram resistir G ofensiva alema, iniciada em 10 de maio de 1940. AQ de outubro de 1939, trés dias antes da rendigdo polonesa, Hitler emitiu ao seu estado-maior a Diretriz de Guerra n.° 6, onde afirmava que a Franga ¢ a Gra-Bre- tanha ndo pretendiam encerrar a guerra ¢ acabariam atraindo a Bélgica ea Holanda para seu lado. Dizia ainda que a reagdo ale- ma deveria ser imediata, ¢ em escala maci- ‘6a, para que os inimigos nao tivessem tem- po de refazer seu poderio militar. O ata ‘que a Holanda, Bélgica e Luxemburgo de- veria destruir 0 maior numero possivel de uunidades francesas e aliadas, afastando eventuais ameagas & area do Ruhr, pélo vi- tal da indistria alema. ‘No entanto, Hitler superestimou a fle- xibilidade estratégica dos anglo-franceses, ue assistiram, impassiveis, ao esmagamen- to da Polénia e ao deslocamento para oes- te das sessenta divisdes alemas envolvidas na campanha. Perdia-se uma oportunida- de tinica para desfechar um contragolpe de- cisivo na Alemanha nazista. ‘A 19 de outubro, 0 OKW (Alto Coman- do da Wehrmacht) apresentou a primeira versio do Fall Gelb (Plano Amarelo), com as operagées de invasio da Bélgica, Holan- dae Franca. O plano ainda seria mudado ‘varias vezes, até ser posto em execugo em maio de 1940, Capitalizando o fator surpresa, 0 primei- ro ataque deveria ocorrer nas Ardenas, re- ‘io dificil, montanhosa e com densas flo- restas. A travessia da fronteira francesa se- ria pelo rio Meuse, entre Sedan e Dinant, seguida de uma grande ofensiva até o es- tuario do Somme, na costa do canal da Mancha. Se a ousada ofensiva fosse bem- sucedida, cortaria as comunicagdes e dei- xaria 0 Exército francés do sul isolado das forcas belgas,britfnicas e francesas do nor te. Os alemaes poderiam, entdo, destrosé- las uma a uma. ‘Ao sul da principal ofensiva das Arde- nas, haveria uma ago retardada contra poderoso 1.° Grupo do Exército francés, estacionado atrés das fortificagdes da Li- nha Maginot. Essa linha era um sistema de- fensivo constituido de fortes, posigdes de artilharia e obstéculos antitanque, que se estendia por 320 km, de Longuyon, pas- sando por Vosges, Haguenau sobre 0 Re- noe chegando até Basiléia, na frontera sul- ¢a. 0 Bxito dos ataques nas Ardenas ¢ con- tra Linh Maginot tinha como pré-requi- Apesar de sua carga de bombas relativamente reduzida, os Dornier Do ITZ tiveram bom desempenho em 1940, sito a ofensiva vitoriosa contra a Bélgica a Holanda, que deveria atrair para o nor- te as unidades do 2.° Grupo do Exército francés e da Forca Expedicionéria britani- ca. Em toda a operacdo, a rapidez seria es- sencial, além de forte apoio aéreo ofen- siva das divisdes Panzer (carros de com- bate) Das 174 divisdes alemas disponiveis no este, 75 foram mobilizadas para 0 ataque inicial, marcado para a madrugada de 10 de maio. Para o norte foram o 18.° Exér ito, comandado pelo general Georg von Kichler, ¢ 0 6.°, sob 0 comando do gene- ral Walter von Reichenau, totalizando 29 divisdes, trés delas blindadas. Tais forcas constituiam 0 Grupo de Exércitos B, co- mandado pelo general Fedor von Bock, ‘que recebeu a missdo de aniquilar 0 Exér- ito holandés, cruzar o estratégico canal Albert, imobilizar os aliados em Flandres em seguida ajudar as tropas da ofensiva nas Ardenas a destruir as forcas cercadas, 0 18.° Exército deveria atacar o norte da Holanda, empregando tropas aerotrans- portadas para a ocupagdo de posigdes es- tratégicas fortificadas. O 6.° Exército de- veria operar no sul da Holanda e na Bélgi- 2, no setor Litge-Maas, auxiliado por duas divisdes Panzer. © ataque principal as Ardenas foi con fiado ao general Gerd von Rundstedt, co. ° mandante do Grupo de Exércitos A. Dis punha de 46 divisdes, das quais sete Pan. zer ¢ trés motorizadas. A ponta de langa, que deveria liderar 0 ataque através do Meuse, consistia no poderoso Panzergrup- pe (Grupo de Carros Blindados), do gene- tal Ewald von Kleist, com mais de 350 car- ros de combate médios do tipo P2Kpfw IIL eV. Pela direita, a ofensiva teria a cober- tura do 4.° Exército, do general Giinther von Kluge. © 12.° Exército, do general Sig- mund List, ¢ 0 16.°, do tenente-general Ernst Busch, atacariam pelos flancos nor- te e sul de Luxemburgo. No sul, 0 Grupo C, comandado pelo ge- neral Withelm Ritter von Leeb, deveria conter 0 inimigo ao longo da Linha Magi- not € na margem direita do Reno. Era in- tegrado pelo 7.° Exército (general Friedrich Dollmann) e por dezenove divisdes do 1.° Exército (general Erwin von Witzleben), Poderio aéreo A forga-tarefa escalada pela Luftwaffe pa- rao Plano Amarelo seria a maior ja posta em ago em toda a guerra, Do total de 4.417 avides de combate, 3.530 foram man: dados para a frente ocidental, além de 475 planadores de transporte ¢ 45 de assalto. ‘0 Grupo B, de Von Bock, era apoiado pe- la Lufiflotte 11 rota Aérea 11), do gene- ral Albert Kesselring. Suas unidades deve- riam conquistar a supremacia aérea na Ho- landa e Bélgica, além de apoiar as forgas terrestres alemas ¢ executar audaciosos de- Henschel Hs 1234-1 do II Lehrgeschwader 2. Aparentemente obsoleto, provou ser uma valiosa arma de aiaque ao solo. No transcorrer da guerra, ‘0s alemaes consideraram @ possibilidade de retomar sua producdo, sembarques de tropas aerotransportadas ¢ Iangamentos de pira-quedistas. Para esta iilima tarefa, a Luftwaffe poderia usar cer cea de 430 Junkers Ju $2/3m de transpor- te, a maioria dos quais havia participado das operagdes na Escandinavia Para 0 Grupo A, de Von Rundstedt, foi escalada a Lufiflotte III, do general Hugo Sperrle, também encarregada de fornecer apoio limitado as funedes defensivas do Grupo C, de Von Leb. A principal forca de ataque tatico era constituida pelo VIII Fliegerkorps (VIII Corpo Aéreo, conjunto de 1.000 a 1.500 avides), comandado pelo tenente-general Wolfram von Richthofen. Reunia 380 Jun- kers Ju 87B-2 Stuka ¢ 45 Henschel Hs 123A-1, avides de apoio aproximado, além de cagas monomotores ¢ bimotores, bom- bardeiros de nivel e avides de reconheci- ‘mento tatico. Deveria apoiar a Luftflotte I na regido de Maastricht-Dordrecht ¢, posteriormente, ajudar a Luftilotte III na ofensiva das Ardenas, As Luftflotten I ¢ III dispunham de 1,120 bombardeiros Heinkel He 111 e Dor- nier Do 17Z. Também estavam sendo ree- quipadas com os excelentes bombardeiros médios Junkers Ju 88-1, até ent&o utili- zados exclusivamente em operagdes antina- vio. A maioria dessas aeronaves integrava 0 II Fliegerkorps, do tenente-general Bru- no Loerzer As atividades de escolta cabiam a 1.016 cacas_ monomotores Messerschmitt. Me 109E-1/3/4 ¢ 248 bimotores Me 110C- equitativamente distribuidos entre as duas Luiiflotten. Havia ainda grande quantida. de de avides de reconhecimento. A firia da Luftwaffe recaiu inicialmen. te sobre a Luchtvaartafdeling (Forca A¢- rea holandesa) e a Aéronautique Militaire (Forga Aérea belga). A Forga Aérea holan- desa dispunha de 132 aeronaves, incluin do 28 cagas Fokker D.XXI ¢ 23 eagas bi motores Fokker G.1A; os belgas possuiam onze Hawker Hurricane Mk 1, quinze Gloster Gladiator Mk II, 23 Fiat CR.42, 82 Fairey Fox e 21 Remard R-31. Bem mais poderosa era a Armée de I’Air (Forca Aé- Cena tipica do avanco alemao nos Paises Baixos: sem reacdo efetiva dos aliados, colunas de blindados seguiam em velocidade acelerada, A Forca Aérea holandesa resistiu com bravura aos primeiros ataques alemdes. 0 1.° Regimento tinha dez Fokker C.X, nove bombardeiros Fokker T.V e quatro esquadrithas de cacas: duas com 23 Fokker G.1A ¢ duas com 20 Fokker D.XXI. 0 2.° Regimento dispunha de quatro alas de reconhecimento (basicamente Fokker C.V) e duas esquadrithas de cacas, wma com oito Fokker D.XXI ‘outra com onze Douglas DB-8A-3N. rea francesa), sob 0 comando do general Vuillemin. Seu corpo de cagas compunha- se de 278 Morane-Saulnier M.S.406, 140 Bloch M.B.1S1 e 152, 98 Curtiss 754-3 Hawk e 36 Dewoitine D.520, apoiados por cerea de cem Potez 631, cagas de longo al- cance diurnas e noturnos. A forga de bom- bardeiros reunia mais de 150 Amiot 143, Farman 222e Bloch 200, e muitos bombar- deiros Lioré et Oliver LeO 451 de excelente desempenho. Os avides de reconhecimen- 0 e observacdo chegavam a mais de 350. ‘As unidades da Armée de I’Air foram distribufdas por trés zonas operacionais: a do norte, comandada pelo general Auge- eau, encarregava-se de fazer a cobertura do trecho compreendido entre o canal da Mancha e o rio Saar (territério que atual- mente pertence 4 Alemanha Ocidental); na zona operacional do leste, a responsabili- dade pelo setor do Saar cabia a 3." Divi- sfo Aérea, enquanto as unidades da zona operacional do sul estavam encarregadas de guardar a fronteira franco-italiana. Na zona operacional do norte, a 1:* Di- visdo Aérea contava 275 cagas monomo- tores e 25 bimotores, oitenta bombardei- ros de reconhecimento e $5 bombardeiros noturnos dos grupamentos 6.°, 9.°, 21.°, 23.° €25.° edo Grupamento Maritimo. A. esse total de 450 avides somavam-se os apa- relhos das BAFF (British Air Forces in France, Foreas Aéreas Britanicas na Fran- ga), comandadas pelo marechal-do-ar A. S. Barratt, A Luftwaffe utilizou como avido de treinamento alguns Fokker G.1A da Forca Aérea holandesa, capturados durante a “guerra dos cinco dias”. Os alemies atacam Na véspera do ataque & Holanda, 0 adido holandés em Berlim alertou seu governo para o fato iminente, o que motivou 0 es- ado de alerta de todas as forcas militares a partir das 3 horas da madrugada de 10 de maio de 1940. Mas os alemies estavam bbem preparados. A exemplo do que ocor- rera na Noruega, as primeiras acoes da ofensiva consistiram em desembarques de tropas aerotransportadas. O 1.° Regimen to de Para-quedistas ¢ a 22.* Luftlanddi- vision (infantaria do ar) iniciaram a ofen- siva durante a madrugada, com dois ata~ gues principais. O primeiro visava & cap- tura do Forte Eben-Emiael e das pontes so- bre o canal Albert em Vroenhoven, Veld- wezelt e Kanne, de enorme importancia: a passagem do 6.° Exército através da Bél- ‘gica em diregdo ao oeste, principal fungdo do plano, dependia da captura desses ob- jetivos. O segundo ataque foi dirigido pa- ra.a tomada de Haia — onde estava a fa- miflia real holandesa —, de Rotterdam e das. pontes sobre os diversos afluentes dos rios COMBATES AEREOS Fokker D.XXI da 1.% Esquadritha de Cacas holandesa, Em 1940, 0 grupo estava baseado em De Kooy 4 Embora fossem encomenda da Finlandia, os Fokker G.1A acabaram mobilizados pela Holanda. ‘Maas ¢ Waal, elementos também indispen- sdveis para o desenvolvimento da ofensiva alem As 4horas ¢ 30 minutos, 42 avides de re- bboque Ju 52/3m partiram de Koln-Ostheim Koln-Butzweilerhof, levando igual nime- 10 de planadores de assalto DFS 230A. Es- sas aeronaves transportavam 0 Destaca mento de Assalto Koch, um grupo de s padores da7.* Fliergerdivision (dvisto a& rea) um destacamento com holofotes, pa- ra 0 ataque @ Eben-Emael es pontes do canal Albert. Com excesdo da ponte de Kanne, as demais foram tomadas intactas Em Eben-Emael, os planadores desceram diretamente sobre as eipulas do forte ¢ os sapadores colocaram cargas de demoliglo capazes de destruir suas muralhas de 25-28 cm de espessura; as 13 horas ¢ 15 minutos do dia 11 de maio, Eben-Emael estava em poder dos alemdes. Durante a tarde, 0 fo- 0 de artilharia belga foi superado pelas ar~ mas Flak (antiagreas) de 88 mm do Regi- mento Aldinger e pelas bombas dos Ju 87 Hs 123, que apoiavam os paira-quedistas. COMBATES AEREOS As 3 horas do dia 10, a Luftwaffe reali zou 05 primeiros bombardeios, destinados 8 facilitar o assalto dos para-quedistas aos ‘aeroportos de Waalhaven-Rotterdam, Oc- Kenburg, Ypenburg, Valkenburg e as pon- tesde Moerdijk e Dordrecht. Registraram- se duros combates em todos esses lugares; ‘© mais violento ocorreu em Ypenburg, on- deo fogo antiaéreo derrubou onze dos tre- z Ju S2 que levavam a 6.* Companhia do 65.° Regimento de Infantaria, Em Valken- burg, os Ju 52 que'transportavam tropas, de infantaria e do 2.° Regimento de Para- uedistas ficaram atravessados na pista do aeroporto, bloqueando a passagem dos vides que traziam outras unidades. Com poucas excerdes, todos os objetivos haviam sido atingidos no final do dia. Noar, os Fokker D.XXI e G.1A da For- a Aérea holandesa levaram grande des- vantagem perante os Me 109E e 110: dos 125 avides em servico, 62 estavam perdi- dos no dia 10 de maio, prejuizo semelhan- te ao sofrido pela Forca Aérea belga. Na Polénia e na Holanda, os Junkers Ju 87B Stuka abriram caminho para avanco acelerado das divisoes blindadas e da infantaria, Apesar dos apelos urgentes das forcas terrestres belgas € holandesas, s6 as 12 ho- ras e 15 minutos o comando britanico or- denou que a RAF bombardeasse Waalha- ven. Na mesma ocasido ocorreu uma de sastrosa surtida de seis Blenheim I(F) do Comando de Cacas, atacados por um gru- po de Me 110C-1 quando metralhavam Waalhaven. Cinco casas britdnicos foram derrubados, todos equipados com IFF (identification friend or foe, idemificacao ‘amigo ou inimigo), um equipamento ultra. secreto, sem dispositivos de destruigao. No- ve Blenheim IV da 15." Esquadritha (Wyton) atacaram Waalhaven as 16 horas, destruindo dezesseis avides alemaes em ter- ra. As 15 horas e 50 minutos, doze Ble- nheim da 40.* Esquadrilha levantaram oo para atacar Ypenburg; trés deles foram derrubados pelos Me 109E. Os Ju 52 que ddesceram perto de Haia foram atacados pe los Blenheim IV da 110.* Esquadrilha, combate no qual foram destruidos quatro avides alemaes e um da RAF. No dia seguinte, a RAF enviowa 17.* Es- quadrilha (Hurricane) com a missa0 de pa- trulhar a area de Delft-Haia-Rotterdam. Travou-se novo combate ao norte de Rot- terdam, com a perda de cinco cagas da RAF contra quatro alemaes. A tarde, hou- ve novos bombardeios e combates em Ypenburg, Maas-Tongres ¢ Bruxelas. A 13 de maio, aviges Spitfire e Defiant bombardearam tropas alemas ao norte de Haia, derrubando em seguida cinco Ju 87. Mas a Luftwaffe parecia estar por toda parte: quando os britanicos se retiravam, surgiram 27 Me 109E, que destruiram cin- co Defiant da 264,* Esquadrilha, Rotterdam bombardeada A ago da RAF na Holanda e Bélgica nao teve forca suficiente para enfrentar os ale- mies. Em terra, os holandeses resistiram com bravura entre Katwijk e Haia e na ponte Willems, ao sul de Rotterdam. Na manha do dia 13, porém, a 9.* Divisio Panzer cruzava a ponte Moerdijk, avan- gando contra Rotterdam. Na tarde de 14 de maio, foi programado o ataque final a ponte Willems, em Rotterdam. ‘A situagdo estava confusa, com sinais cruzados e tentativas de conversagdes, ¢ 0 resultado para os aliados foi uma tragédia: 57 He I11H-1 descarregaram toneladas de bombas de 50 kg © 250 kg, arrasando to- talmente Rotterdam, matando 814 civis © deixando 78 mil desabrigados. Os aliados exploraram bastante 0 fato, classificando- 0 como o “reide do terror’®. No entanto, ‘como a cidade de Dordrecht também esta va ameacada de ataque semelhante, a re- sisténcia militar chegou ao fim. As 16 ho- ras ¢ 50 minutos de 14 de maio de 1940, ‘0s comandantes holandeses ordenaram que ‘suas tropas depusessem as armas. Todo © peso dos exércitos alemaes recairia, entdo, sobre a Bélgica e a Franga, COMBATES AEREOS _—————— A ofensiva-relampago alemdG, das Ardenas ao canal da Mancha, dividiu e derrotou as forgas aliadas. A participacdo da Luftwaffe na ofensiva No este comecou & 1 hora e 30 minutos de 10 de maio de 1940, com o lancamento de minas junto ao litoral da Gra-Bretanha eda Holanda. Seguiram-se os ataques de bombardeiros de média e baixa altitude, os desembarques da infantaria aérea ¢ os lan. gamentos de para-quedistas, que neutral zaram as defesas holandesas e belgas e pre pararam o caminho para o Grupo B de e- xércitos alemaes (Von Boch). Paralelamen- te, 0 Grupo A (Von Rundstedt) abria ca- minho pelo Luxemburgo, penetrando nas ‘Ardenas e procurando chegar a Franca pe- Jo Meuse, entre Charleville ¢ Sedan O avanco deparou com uma resisténcia tenaz do Exército holandés, que se defen. dia nas posigdes da chamada Vesting Hi land (Fortaleza Holanda). Ao mesmo tem- 0, 0 7.° Exército francés, do general Hen. 1 Giraud, e a Forga Expedicionaria brita- nica, comandada por Lord Gort, chegavam Bélgica para formar uma linha defensi va ao longo do rio Dyle. Nos dois primei ros dias de campanha, as manobras dos exércitos aliadas obtiveram algum sucesso, apesar dos problemas de comunicacao e da escassez de reservas. Nos ares, porém, a su perioridade era da Luftwaffe. Antes mesmo de levantar véo, boa par- te do efetivo das forgas aéreas, holandesa e belga, foi danificada, sob os fortes bon bardeios e ataques alemaes aos aeroportos de Diest, Saint-Trond, Eindhoven, Ar- ‘hem, Schiphol, Beauvechain, Deurne, Liége, Bruxelas ¢ outros locais. Os’ avides que conseguiram decolar viram-se superados pelos Messerschmitt Me 109E e Me I10C-1 do Ie IV Flieger- korps (corpo aéreo). As 5 horas do primei- ro dia de combate, $3 dos 179 avides em ‘operacao na Forea Aérea belga haviam si do destruidos em terra. © mesmo aconte- eu aos holandeses, enquanto os He Ile Dornier Do 172-1’ langavam ataques de longo alcance contra sistemas de comuni- capdo e aeroportos da Armée de Air (For- a Aérea francesa) e das BAFF (British Air Forces in France, Forgas Aéreas Britdnicas na Franga). No dia 10 de maio, as BAFF dispunham de 26 esquadrithas, num total de 416 vides. Eram oito esquadrithas de bombar- deiros leves Fairey Battle MR.(128 aero- naves), duas de Blenheim Mk 1V¥22), seis, detagis Hawker Hurreane M1 Oohaus- tro de avides Blenheim (64), cinco de Wes- tland Lysander (90) e uma ala de PR Su. permarine Spitfire. Em conseqiiéncia da campanha na No ruega, 0s reforcos do Comando de Cacas as BAFF foram muito limitados. A 10 de maio, os Hurricane da 3.* Esquadrilha voaram para Merville-Calonne, enquanto 79." seguia para Mons-en-Chausée e a 501.* deslocava-se na direcdo de Béthe- niville Com longo alcance, grande poténcia de fogo e alta velocidade, as bimotores ‘Messerschmitt Me 110C atuaram como cagas de ataque e de reconhecimento tdtico durante a ofensiva ocidental alema. COMBATES AEREOS Messerschmitt Me 110C-2 Zerstorer da I Staffel (1. Esquadritha) do Gruppe 1. Esteve baseado em Charleville (Franca) em Junho de 1940. Sucessos iniciais As esquadrilhas britanicas recém-chegadas realizaram 73 agdes no dia 10 de maio, tra vando combate com mais de oitenta avioes alemaes, destruindo seis deles ¢ perdendo dois Hurricane em acidentes de pouso. A SO1.* Esquadrilha chegou a Bétheniville as 16 horas e 30 minutos e, menos de 2 horas depois, um par de Hurricane enfrentou mais dé quarenta He 111 sobre 0 acropor- to. A 87." Esquadrilha ainda estava em Se- non, sob controle francés, e trés reides fo- ram interceptados antes que a unidade re- tormasse ao setor britanico. Nesse desloc mento, travaram quatro combates com bombardeiros He 111 e Do 17Z na regiao de Méziéres, até se juntarem & 85." Esqua- drilha — que ja enfrentara a Luftwaffe em Ghent-Gramont ¢ em Thielt Enguanto eram_providenciados mais Hurricane, os Gladiator que sobraram na 607.* Esquadrilha, em Vitry-en-Artois, permaneceram em acio sobre a fronteira da Bélgica das 4 horas e 40 minutos até as 20 horas e 40 minutos. No final do dia, 0 ‘Componente Aéreo da RAF registrava um total de 161 missdes, 81 das quais resulta- ram em combate, Perderam-se dois Hur ricane e seis sofreram danos, contra a des. truigdo de 36 avides alemacs (localizaram. se desirocas de dezesseis deles) Noticias terriveis Na mana de 10 de maio, 0 QG das BAFF recebeu a noticia da penetragdo da Wehr: macht em Luxemburgo: as esquadrithas britanicas viam-se forcadas a se deslocar. ‘As T horas ¢ 25 minutos, o comando cha- mou de volta uma forga de Blenheim e Bat tle, As 9 horas e 30 minutos, oito Battle da 142." Esquadrilha estavam em alerta, a- uardando permissao oficial para decolar Foram finalmente liberados ao meio-dia, por ordem do marechal-do-ar A. S. Bar- Tatt e partiram em missdo para Dippach, no Luxemburgo, onde se perderam trés dos ito aparelhos, Seguiram-se novos ataques de Battle, cada um dos quais armado com quatro bombas de 113 kg. Os briténicos espacharam um total de 32 avides; treze foram abatidos pelo fogo antiagreo ou por acronaves alemas No primeiro dia de batalha, os britani- cos perderam 21 aparelhos ¢ tiveram trés danificados. Quatro avibes do Componen- te Aéreo da RAF foram destruidos em ter- ra ou em aterrissagens forcadas, ¢ quatro Blenheim Mk IV do 2.° Grupo (Bombar- deiros) no retornaram das incursBes a Ypenburg e Waalhaven. No final do dia, as forgas aéreas da Holanda e da Bélgica encontravam-se praticamente fora de ago, enquanto 0s recursos anglo-franceses che- gavam ao limite extremo. As baixas da Luftwaffe também eram significativas, em especial nos Kampferuppen (grupos de combate), ¢ unidades de transporte Na mana de 11 de maio, os para-que- dlistas alemaes tinham conseguido formar uma linha de frente de 18 km na margem ocidental do canal Albert, entre as unida- des da 7." Divisao belga. Outros desta mentos de para-quedistas apoiados pelos Ju 87 da 2.* €77.* esquadrilhas (VII Flie~ sgerkorps) tomaram as pontes de Veldwe- zelt e Vroenhoven. O avanco da 3.* ¢ da 4.4 divisdes Panzer foi detido com a des- truigdo da ponte de Maastricht, mas a tar- de jf havia sido improvisada uma ponte so- bre pontoes. A destruigio dessa ponte e das outras s0- bre o canal Albert era de vital importan- cia, pois retardaria a Blitzkrieg. Pela ma- nha, dez dos quinze Fairey Battle da For- ca Aérea'belga foram derrubados durante © ataque & ponte de pontdes de Maastricht Logo depois, quinze bombardeiros france- ses, juntamente com Battle e Blenheim bri tAnicos, atacaram-na de novo, enfrentan- do intenso fogo da artilharia antiaérea de 20.¢ 37 mm. ‘Os cagas da RAF também operavam na rea, A 85.* Esquadrilha destruiu oito vides alemées, com a perda de um Hurri- cane, e, na regido de Bruxelas, a 87.* Es- quadritha dispersou uma formagao de mais de sessenta Ju 87. Dos dezoito avides bri- anicos destruidos em terra no dia 11 de maio, a maioria correspondia aos Blenheim da 114." Esquadrilha, surpreendidos em Condé-en-Vraux durante um ataque de bai- Xa altitude, muito bem conduzido por no- ve Dornier 17Z-1, Os alemaes sobrevoaram. orio Marne a 15m de altitude e lancaram 150 bombas de 50 kg sobre o acroporto préximo a Sissonne, destruindo seis Ble- heim e danificando os restantes, No dia 12, os aliados investiram nova- ‘mente contra as pontes do canal Albert e de Maastricht. 0 2.° Grupo (Bombardei ros) realizou quatro ataques, comecando com os Blenheim da 107.* Esquadrilha, pouca depois das 8 horas. Em seguida, en- traram em agdo a 15.*,a 110." ea 82." es- quadrithas, que no decorrer do dia perde- ram onze Blenheim. Os Battle e Blenheim operaram entre Vroenhoven e Veldwezelt, perdendo doze aparellios. Os LeO 451 ¢ Amiot 143 da 1.* Divisio Aérea francesa também participaram dos combates. Do lado alemao, o dia foi de vit6rias pa- ra 0 Flakbatailionen (batalhao de artilha- Fairey Fox II do 1.° Regimento da Bélgica, forografados no inicio de 1940. Muitos foram destruidos em terra nos primeiros dias da campanha. Em 10 de maio de 1940, as unidades da Forca Aérea belga que atuavam na linha de frente agrupavamn-se em trés regimentos aéreos, com dezesseis esquadrilhas e 182 avides. Gloster Gladiator Ida 1.* Esquadritha (“La Cométe") do 2.° Regimento, composta de quinze aparelhos em maio de 1940. ria antiaérea) ¢ 0 Jagdgeschwader 27 27. Regimento de Cacas), equipado com avides Messerschmitt Me 109E-1 e E-3. O Gesch- wader realizou 340 surtidas. Cada piloto ‘cumpriu quatro ou cinco misses no decor- rerdo dia. Ao todo, derrubaram 35 avides, pperdendo apenas tum. Essas agdes represen- faram a primeira utilizaa0 do Messersch- mitt Me 109 de maneira to devastadora. ‘Os aliados ja conheciam o Me 109. Apa- relhos capturados durante a ‘‘guerra de ‘mentira"” — os meses em que nfo ocorre- ram hostilidades na frente ocidental, dei- xxando os alemdes livres para esmagar a Po- nia — tinham sido pilotados ¢ testados pela RAF e pela Forca Aérea francesa. A surpress foi a grande quantidade de Me 109 © 4 maneira pela qual cram operados. O subtipo Emil chegou aos grupos de caca em 1939, substituindo os Me 109B-1, B-2 D-1; utilizaram-se em maio de 1940 as va- Fiantes E-l, E-3 e E-, com motores (0 melhor caca da aviagao francesa era 0 Dewoitine D.520. A 10 de maio, equipava apenas 0 Grupo de Caga 1/3, rna regido dos Alpes. Daimler-Benz DB601A-1 ou Aa. Os cagas monomotores, e num grau menor o bimo- tor Me 110C-1 Zerstorer, asseguraram a su- perioridade alema na frente ocidental. desempenho dos cagas Depois dos primeiros dias de combate, a Luftwaffe langou seus Me 109E contra os Morane-Saulnier M.S.406, Bloch M.B.151 © 152, Curtiss Hawk H7SA-3 e Dewoitine Flat CR.42 Falco n.° 5. Era um dos quinze cacas da 3.* Esquadritha do 2.° Regimento da Fora Aérea belga. Fairey Battle da 5. Esquadritha (3.* Regimento), com catorze aparethos em 10 de maio de 1940. A Fairey construiu dezoito Battle na Belgica. D.520 da Forga Aérea francesa, ¢ contra 0 Hawker Hurricane Mk I da RAF. Os ale- mies levaram a melhor, embora todos es- ses cagas apresentassem tanto aspectos po- sitivos como negativos. ‘Com um motor em linha Daimler-Benz DB 6014-1 de 1.100 hp, 0 Messerschmitt Me 109E-1 estava equipado com quatro metrathadoras Rheinmetall-Borsig MG17 de 7,92 mm e mira Zeiss Revi C.12/D. COMBATES AEREOS Dewoitine D.520n.° 31, > atuando na Esquadritha de Cacas de Defesa, em junho de 1940. A unidade defendia as instalagdes aeronduticas localizadas em Toulouse (Franca). Atingia velocidade maxima de $50 km/h 24.000 m de altitude com uma razio ini- Gial de subida de 930 m/min. Era seguro « facil de manejar, com boa velocidade de rolamento e alta razao de subida. Em con- ‘trapartida, tinha um trem de aterragem es- treito que causava dificuldades nos pousos ¢ decolagens, armas relativamente leves e apresentava certa debilidade estrutural nas asas. Num balanco final, porém, tratava- se de um excelente avido de combate. Em termos numéricos, o Morane-Saul- nier M.S.406 era o caca mais importante da Forca Aérea francesa, Tinha um motor em linha Hispano-Suiza 12Y-31 de 860 hp, um canhdo Hispano-Suiza HS-9 ou HS-404 de 20 mm e duas metralhadoras MAC 1934, com dispositive de mira Baille- Lemaire GH-38. A velocidade maxima atingia 485 km/h a 5.000 m — altitude que alcancava em 6 minutos, enquanto os Me 109 levavam 6 minutos e 12 segundos. En- {re 0s aspectos positivos estavam a segu- ranga, a fécil operacdo e os armamentos adequados. Figuravam como desvantagens a baixa poténcia e, em conseqiiéncia, a ace- leragdo Ienta, 0 que 0 tornava inferior a0 Me 109E-1. Qs Bloch M.B.151 ¢ M.B.152 integra- vam nove esquadrilhas de caga. O M.B.152 era uma versio mais potente do 151, com motor radial Gnome-Rhéne 14N-25 de s'franceses possulam poucos Breguet 693, um dos melhores avides de ataque ao solo disponiveis em 1940. 8 —— — 1.100 hp e quatro metralhadoras MAC 1934 de 7,5 mm (ou duas metralhadoras ¢ dois canhdes Hispano-Suiza HS-404 de 20 mm). Tinha mira Baille-Lemaire GH-38 atingia velocidade maxima de $15 km/h a 4,000 m, alcangando uma altitude de 5.000 mem 6 minutos. Seguro, re bem. desenvolvido e bem armado, facil nobrar em combate (principalmente em ro- lamento e arfagem), com alta aceleracio de mergulho, o M.B.152 era um adversario a altura do Me 109E- Quatro groupes de chasse (grupos de ca- ‘¢a) eram equipados com avides americanos Curtiss Hawk H75 — uma variante para exportagdo do Curtiss P-36 da Forca Aé- rea do Exército dos Estados Unidos. Re- sistente ¢ facil de manobrar, 0 modelo H75A-3 tinha motor radial Pratt & Whit- ney R-1830-S1C3-G Twin Wasp de 1.200 hp e dispunha de quatro ou seis metralha- doras FN-Browning de 7,5 mm. Sua velo- ‘cidade méxima era de 515 km/h a 4.600 m, altitude atingida em cerca de 6 minutos. Mais lento na subida e em vo horizontal do que 0 Me 109, apresentava ainda a des- vantagem de ter pouca aceleracdo. Mesmo assim, foi um dos cacas franceses mais. bem-sucedidos. ‘O melhor avido francés era 0 Dewoitine 1D.520, que em 10 de maio de 1940 s6 atua- va na 3.* Esquadrilha do Groupe de Chasse 1. Excelente monomotor de asa baixa e mo- tor em linha Hispano-Suiza 12Y-45 de 910 hp, possuia forte armamento, com um ca- nhdo Hispano-Suiza HS-404 de 20 mm ¢ quatro metralhadoras MAC 1934 de 7,5 mm. Chegava aos 530 km/h a 6.000 m, atingindo a altitude de 4.000 m em 4 mi- nutos. De facil manutengio, veloz ¢ com excelente _manobrabilidade, 0 D.520 equiparava-se ao Me 109E-1 em todos os aspectos — mas 0s franceses no dispu- nham de um ntimero suficiente de apa- relhos. 4. vido Curtiss Hawk da 3. Bsquadritha (5.° Regimento). A insignia da unidade, a cabeca de um cchefe indio Seminole, foi desenhada na Primeira Guerra Mundial para a Esquadritha La Fayette. Antes de maio de 1940, a Franca ‘encomendou aos americanos 730 cacas Hawk H75A, nem todos eniregues. (© Hawker Hurricane Mk I era a espinha dorsal das BAFF e do Comando de Cacas da RAF. Com motor Rolls-Royce Merlin III de 1,030 hp, trazia oito metralhadoras Browning Mk II de 7,7 mm, atingia velo- cidade maxima de 521 km/h a 4.770 me uma altitude de 6.095 m em 8 minutos ¢ 12 segundos. De facil operagdo e manuten- fo, tina poténcia de fogo superior & do Me 109E-1, mas menor aceleragio. Em termos de organizario, 0s cacasalia- dos muitas vezes operaram em desvant gem devido & falta de entrosamento entre franceses e britanicos, ao niimero reduzi- do de aparelhos mobilizados para cada ‘missio e &s téticas de combate mal conce- bidas. A superioridade aérea alema era ob- tida com atuagdo a nivel de Gruppe (gru- os de 36 a 50 aeronaves) et bate fluidas, baseadas no Rorte (par) ou Schwarm (quatro), desenvolvidas desde a Guerra Civil Espanhola. Tudo isso, porém, s6 foi percebido mais tarde: na ocasiao, franceses e britanicos procuravam apenas conter a Luftwaffe. A Forca Aérea francesa combatia desespera- damente desde o inicio da campanha, e 0: britdnicos esgotavam suas reservas. A 12 de maio, as BAFF receberam os Hurrica- ne da 504.* Esquadrilha, baseada em Es- sex, € no dia seguinte o Comando de Ca- ¢as enviou mais 32 pilotos e avides para completar unidades dizimadas AERONAVES FAMOSAS Hawker Tempest e Sea Fury O dificil desenvolvimento, pela Gra-Bretanha, de dois dos melhores cagas do fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1937, sob a lideranga de Sir Sydney Camm, a equipe de pro- jetos da Hawker langou-se a tarefa de criar um caca totalmente novo. Conforme estabelecia a concorréncia F.18/37, daquele ano, © avido deveria ter um motor de 2.000 hp, que poderia ser um Rolls-Royce Vulture ou um Napier Sabre. O trabalho na cidade de Kingston comecou tenso, em meio a muitas dificuldades ¢ discusses. A experiéncia do Tornado com ‘© motor Vulture resultou em fracasso; mas o Typhoon impulsio- nado pelo Sabre — que por pouco nao foi cancelado — amadu- receu como um grande caca-bombardeiro de ataque a baixa alti- tude e lancador de foguetes. A pritica logo demonstrou que o Typhoon nao rendia bem a grande altitude, tanto pela pouca confiabilidade do motor Sabre como por sua asa, muito espessa e sempre com tendéncia a esto- Jar ou a iniciar turbilhonamento nos mergulhos a baixa velocida- de. Uma boa solucdo para o problema do motor sugeria 0 em- prego do Bristol Centaurus, enorme maquina radial com dezoito cilindros, sem valvulas, originalmente destinada a bombardeiros. Um prottipo extra do Tornado (0 HG641) voou em 23 de outu: bro de 1941 com esse grande impulsor. O resultado foi um noti- vel desempenho boa maneabilidade. Nunca se explicou por que © projeto acabou cancelado e substituido pelo Typhoon, uma vez que 0 motor Centaurus ndo cabia na fuselagem desse avido. Mas a boa experiéneia ndo se perderia. [As discusses em torno do motor a ser empregado atingiram extremos. O projetista da Bristol, Sir Roy Fedden, declarou que © marechal-do-ar Sir Wilfrid Freeman jurou vingar-se por causa de pontos de vista divergentes a respeito do problema. Freeman chegou a forgar o chefe de projetos, Sydney Camm, a remover um Centaurus ja instalado numa fuselagem inteiramente nova. O que havia por tris de tanta polémica ¢ confusao — ¢ do inevi- tavel deterioramento de relagdes — era apenas a necessidade de concentrar esforgos em umas poucas combinagdes motor/fuse- Formagao de Tempest Mk V da 5O1.* Esquadritha da RAF. Esta foi acionada contra as bombas voadoras V-I em agosto de 1944, apés ser equipada com 0 novo caga da Hawker. 3 AERONAVES FAMOSAS Versées do Hawker Tempest e do Fury lagem. Para completar o clima negativo, em julho de 1941 0 Mi- nistério da Produgdo Aerondutica cancelou a ordem de execugao 40s protstipos planejados com os motores Wright R-3350 Cyclone 18 ¢ Fairey Monarch. Enquanto a questdo dos motores se arrastava desalentadora em 1941, outro trabalho progredia numa segunda frente. Em marco de 1940, Camm havia aprovado o estudo para uma nova asa de reduzida relagao espessura/corda (mais grossa na parte interna do que se costumava usar) e maior perfil de aerofélio, do tipo laminar". Apenas dois projetistas puderam ser destacados pa- +a esa tarefa, mas, nos primeiros meses de 1941, o modelo Haw- ker P.1012 ja tomava forma. Tinha asa com 14, 5% de espessura raraize 10 na ponta, em comparagio com os 18% do Typhoon. Em lugar de doze metralhadoras, precisava alojar nas asas qua to canhées de 20 mm; como estes estavam instalados bem mais atrés do que no Typhoon Mk IB, com as culatras e municiadores para fora e para trés da longarina traseira, uma grande corda se fazia necesséria nesse ponto. Com isso, ia'se conformando uma asa do tipo eliptico. A esse respeito, mais tarde, assim se expres- saria Camm, com uma pitada de humor britdnico: “O Estado- Maior da Aerondutica nao accitaria nada que nao se parccesse ‘2 um Spitfire". Tendo inicialmente a envergadura 13,1 m, as asas tiveram as pontas ‘‘aparadas", de modo a reduzi-la para 12,5 m. Um pouco menos do que o Typhoon, mas, gracas a forma elipti- a, sua area alar aumentou de 25,92 para 28,06 m. Uma caracteristca-chave do projeto da asa consistiu no em- prego de radiadores integrados no bordo de ataque (pata 0 mo- for Sabre), que prometiam um baixo arrasto, embora sacrificas- sem algum espaco dos tanques de gasolina. Isso se acentuava com a utilizagdo de uma asa mais delgada. Descobriu-se, no entanto, ‘que havia a possibilidade de alongar a fuselagem 0,53 m & frente do cockpit, o que nao afetava muito a visibilidade do piloto ¢ ava espago para um tangue muito maior, apesar de exigir uma eriva mais alta Em outubro de 1941, 0 projeto estava praticamente completo, No dia 18 de novembro, sob a especificagao para concorréncia publica F,10/41, era assinado um contrato para dois protstipos,, que receberam as designagdes de HMS95 e HMS99. Nomenclatura do Hawker Sea Fury FB.Mk 14 SE Os Sea Fury TT. Mk 20, aparethos biplaces em tandem, foram usados na Alemanha para rebocar alvos. 36 Na Europa, além da Marinha britdnica, apenas a da Holanda operou os Sea Fury. ‘No fim dos anos 40, recebeu doze Mk 50 e dez Mk 51; seguiram-se 210 FB.Mk 51 fabricados pela Fokker. AERONAVES FAMOSAS © W232 era um Sea Fury FB.Mk II Série 7 de producto. Na Guerra da Coréia cumpriu muitas missées de combate com a 802.* Esquadritha, baseada no Ocean. Aposentado em 1958, ao invés de ser sucatado, foi readquirido pela Hawker para revenda. Caracteristicas Hawker Sea Fury FB.Mk 11 Tipo Caga-bombardeiro naval, monoplace. Propulsto Motor Bristol Centaurus de 2.550 hp rs sem valvalas. Desempenho Velocidede maxima (sem carga), 740 km/h, a 5.485 m; razllo de subida inicial, 1.317 m/min; aleance (sem tanque complementar), 1.126 km. esos Vazio, 4.191 kg; carregado, 5.602 kg; maximo, 6.645 kg. Dimensies Envergadura, 11,7 m; comprimento, 10,57 m; altura, 4,84 m; drea ‘lar 26,01 m?. ‘Armamento Quatro canhdes British Hispano Mk $ de 20 mm, com 145 projéteis ‘cada um; duas bombas de até 454 kg ou doze foguetes de calibre até 127 mm. com dezoito cilindros, AERONAVES FAMOSAS Conhecido’como Typhoon Mk II em'Claremont House, Esher (para onde se transferiu o escrit6rio de projetos durante a guer~ ra), © novo caga acabou recebendo o nome oficial de Tempest, em janeiro de 1942, Mais cinco prototipos foram encomendados, ficando assim a programagao: LAS94, 0 Typhoon Mk Il cance- lado (Centaurus); HMS95 Tempest Mk V (Sabre instalado num Typhoon); HMS99 Tempest Mk I (Sabre IV e radiadores nas asas); LA602 e 607 Tempest Mk II (Centaurus); ¢ LA610 ¢ 614 Tem- pest Mk III ou IV (respectivamente com motores Griffon IIB ou 61). O LAS94, que nao chegou a ser construido, ¢ 0 LA610 € 614 foram desviados para um projeto posterior, o programa F.2/43, Dos dois prototipos originais, o HMS99 deveria receber priori- dade de producdo, mas, em vista do esforco concentrado no aper- feigoamento da instala¢ao totalmente nova do motor e do radia dor, Sydney Camm decidiu apressar 0 HMS95, deixando-o igual 2 um Typhoon normal, apenas com a nova asa. Até 0 cockpit ra antigo, com “porta de carro”. Esse avidlo voou pela primeira vez em 2 de setembro de 1942. Em agosto, a Hawker havia recebido um contrato para quatro: centos Tempest Mk I (0 HMS99). Enquanto isso, a empresa ex- perimentava 0 HMS95, considerando-o um grande aperfeigaa- ‘mento em relagdo ao Typhoon, embora o cockpit logo fosse al terado, ganhando uma capota deslizante em forma de bolhae a deriva sofresse aumento ¢ se acrescentasse a ela uma aleta dorsal. O surgimento do Tempest Todos esperavam com ansiedade o término do ““verdadeiro” Tem: pest Mk I, mas um atraso na entrega do motor retardou o pi miro vGo até 24 de Fevereiro de 1943. © HMS99 também tinha ‘© cockpit original do Typhoon ¢ a mesma empenagem, mas seu desempenho agradou ¢ ele acabou se firmando como o mais ve- loz de todos os cacas da Hawker até aquela data, conseguindo atingir a marca dos 750 km/h, Camm pressionou @ ferramenta- ria, instalada em Langley, para que produzisse a nova asa (a li- ‘nha de montagem dos Typhoon havia sido deslocada para Glos- ter), mas os motores Sabre IV continuavam nao-disponiveis. Co- O novo projeto de asa e 0 motor Sabre IV de 2.500 hp na afilada tarenagem methoraram 0 desempenho do Tempest Mk I. Os radiadores localizavam-se nos bordos de ataque. cy Tempest Mk V Série 2 destinado a 274.* Esquadritha da RAF em 44. Mais tarde, nesse ano, renumerow-se a 274.* para 174.4, @ 0 EJ783, assim como outros Mk V, foi sucatado. ‘mo iiltimo recurso, ele rapidamente esquematizou um Tempest V “‘fabricdvel”, baseado no HMS95, mas com empenagem re- projetada, Accita essa stgestdo, o contrato transferiu-se para es- sa nova versdo improvisada e quem ganhou com isso foi a Forsa ‘Aérea da Gra-Bretanha. Repetia-se 0 que havia ocorrido com 0 projeto do Spitfire, quando o Mk IX (um motor Merlin 61 num Spitfire Mk V) invadiu as linhas de produgao, em lugar do Mk VIII, que seria definitivo. (Os Tempest Mk V, de série, comegaram a ser produzidos a par- tir do dia 21 de junho de 1943. Como nessa verso 0 radiador de resfriamento do éleo ficava colocado sob © motor, 0 espago vago no bordo de ataque, dentro da asa, péde ser ocupado por mais combustivel. Na pratica, porém, colocou-se um tanque ape- nnas na asa esquerda. Os primeiros cem avides traziam 0 canhao de série normal Hispano Mk II e foram chamados de Tempest Mk V Série 1; 0s aparelhos subseqilentes receberam o canhao Mk V, de cano curto, com os bocais embutidos no bordo de ataque. Uma mudanea de maior importancia para o piloto consistia na adigdo de compensadores de mola nos ailerons, ineremento pio- neito nos avides da RAF. Pela primeira vez dava-se ao piloto to- da a capacidade de rolamento de que ele precisava. ‘No total, oitocentos Tempest Mk V foram entregues, entran- do em servigo em grande quantidade. Os primeiros atuaram no Regimento Newchurch (esquadrilhas 3.*, 486.* e mais tarde a 56.*), sob o comando de R. P. Beamont, principal defensor do Typhoon junto & RAF. Esse grupo, depois reforeado pelas es- quadrilhas $01.*, 80,* € 274.*, mostrou-se a unidade mais bem- sucedida na perigosa tarefa de localizar, perseguir ¢ abater as bom- bas voadoras V-1 langadas contra a Grd-Bretanha. Seus apare- thos destrufram 638 das 1.771 bombas voadoras derrubadas pela Forga Aérea. Os Tempest também mostraram desempenho satis- fatdrio contra alvos em terra e ao enfrentar uma Luftwaffe cada dia mais acuada e menos numerosa Mais problemas © tempo passava ¢ 0 Tempest-Centaurus, muito superior, atrasa- va-se continuamente por uma ou outra dificuldade. Freeman in: Modelo experimental do Tempest, desenvolvido pela companhia Napier durante a Segunda Guerra Mundial Tem radiador anular e spinner aberto no centro,

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