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© que é flosofa? Jost Oreega y Gasset 1 edicdo ~ agosto de 2016 —cepet ‘Titulo original: Que é iloso ol. VI das Obras completa do ‘tor, Maid: Alianza EdtoralRevista de Occidente, 1983. Os direitos desta edigio pertencem 20 Rae dager tte & Desenolvieno Pofssonle Tecnoligco Rua Angelo Vicentin, 70, CEP: 13084.060 ~ Campinas ~ sp ‘Telefone: 19-3249-0580 e-mail: livzos@cede.comn.be Editor Diogo Chiuso Editorassistente: ‘Thomas Perron Tradusao: Felipe Denard Revisioe ‘Lucas Cardoso Capa & Raitoragao: EOntivero me caraLognArica Onega y Gasset, José Nat Sloot? | Joué Onega y Gases tradi de Felipe Denar osficio de Maria Zambrano ~ Campinas, SP: Vide Edhoal ON: 978.85-67394.96.1 ilosoia ¥ José Orrega y Gasset, Titulo {INDICES mana catAvoco stsremAnico Const Editor Adcice Godoy lex Kya Sia Diogo Chas Si Grn de Camagp “Thomae cnt VIDE EDITORIAL ~ www.videeditorial.com.br Reservados todos os dizcitos desta obra, rabid toda qualaver eprodusio desta dio por qualquer meio on forma, aca tietinica ou mene, Forotpi,eavaio ou qualquer ome an de ‘=producdo, sem permissio expressa do editor 7 NOI awl Te ee era ee me ae aloe CN re area a aren ee ocr a or razes que nao é urgente e nem interessante co- municar agora, tive de suspender 0 curso piiblico iniciado por mim na Universidade. Como aquele ntento nao era inspitado por razGes ornamentais e sun- arias, mas por um sério desejo e quase pressa de dar a conhecer novos pensamentos que, a meu ver, nao ca- -ecem de interesse, pensei que no devia deixar aquele curso estrangulado em seu nascimento, subordinado a interferéncias aneddticas, ao fim e ao cabo muito pouco substanciosas. Por esses motivos, encontro-me hoje dian- te de vocés neste lugar. Como muitos dos presentes escutaram minha primei- 1 aula, no é 0 caso de reiterar o que eu disse 14. $6 me interessa retomar dois pontos essenciais: © primeiro € que, sob o titulo dessas aulas, “O que é filosofia?”, nao me proponho a fazer uma introdugao ele- nentar a filosofia, mas exatamente 0 oposto. Vamos tomar © conjunto da filosofia, 0 filosofar mesmo, € vamos sub- meté-lo a vigorosa analise. Por que existe no mundo dos homens essa estranha fauna dos filésofos? Por que hé, en- tre 0s pensamentos dos homens, o que chamamos “filoso- fias”? Como se vé, 0 tema nao é popular, mas hirsutamente enico. Nao se esquecam, pois, de que se trata de um curso académico, de um curso universitério, se bem que in par- tibus infidelium, Declarando lealmente a vocés o cruzeiro dla nayegagao que nos espera, fico livre e desobrigado para a nenhuma das asperezas conceituais que tal fo, Mas, além disso, esse problema jper-técnico, nos obriga tecnicamente a na menos técnico que existe: o de de- “nossa vida”, no sentido mais ime- ys vagamente de vida didria, o cotidiano da vida. ilo ponto que relembro de minha primeira ha reta o caminho mais curto. Os geandes temas deixam conquistar quando se os trata a Jericé — indo até eles curvamente, em s coneéntricos cada vez mais estreitos e insinuan- isso, todos os assuntos que tocarmos, mesmo os tiverem um primeizo aspecto mais literario, reapare- es em circulos posteriores, de raio mais, teve s6 a aparéncia de uma pura frase ou de um \etafbrico, surgiré em outro como o trago mai ‘oso problema, nos do século XIX foram, dizia en conferéncia, uma das etapas uma idade anti-filosofi- que se pudesse radicalmen- le que durante esses anos Como nao é possivel 1 para a cultura, sua oi reduzi-la a um predisposi- je consiste » afa de ir novamente em diregao ; plena, completa; em suma, a Num perfodo de trinta anos a atitude do fildsofo diante de seu préprio labor se modifi- jo me refiro agora ao fato de o contetido doutrinal sofia ser distinto hoje do que havia um quarto de 9 atras, mas ao fato de que, antes de elaborar € pos- suir esse contetido, ao iniciar seu trabalho, o filésofo tem temperamento ou predisposi¢ao muito diferentes dos pensador das geragdes anteriores encontrava em si. natural que diante de tal mudanga nos ocorra per- como se produziu aquela reducio e encolhimento nimo filos6fico, e 0 que aconteceu depois para que de novo se dilate, recupere a £6 em si mesmo e até volte mar a ofensiva? O esclarecimento de cada um desses ys $6 se encontraria definindo a estrutura do homem ropeu em cada um desses tempos. Toda explicagao que, ‘a entender as mudangas visiveis que aparecem na su- orficie hist6rica, no descer até encontrar as mudancas Jatentes, misteriosas, que se produzem nas entranhas da alma humana, sera superficial. Pode até ser que baste {108 efeitos limitados do nosso tema, como a que va- ar hoje da mudanga aludida; mas s6 se soubermos é insuficiente, que tira do fato hist6rico sua dimensio fundidade e converte o processo da hist6ria num omente duas dimensdes. no d Mas indagar a sério por que acontecem essas variacées «lo de pensar filos6fico, politico ou artistico, equiva- ver uma pergunta de tamanho excessivo: equivale a pear a questo de por que mudam os tempos, por que ) sentimos nem pensamos hoje como ha trinta anos, ¢ a humanidade nao vive estacionada num idénti- iével repertorio, mas, a0 contrério, anda sempre 3 eee ____——~Ss oueeritosonn? 2 Para que algo importante mude no mundo € preciso {que mude o tipo de homem e~entenda-se ~0 de mulher; é preciso que aparegam multidGes de criaturas com uma sen- idade vital distinta da antiga ¢ homogénea entr € a geragdo: uma vatiedade humana, no sentido rigoroso que 0s naturalistas dio ao conceito de “variedade”. O: membros dela vém ao mundo dotados de certas caracte- cas tipicas, disposigdes, preferéncias que Ihes do uma fisionomia comum, diferenciando-os da geragao anterior. Mas essa idéia inocula stbita energia e dramatismo a0 , to elementar como inexplorado, de que em todo te coexistem trés geragées: os jovens, os homens 103, 08 velhos. Porque isso significa que toda atus- rica, todo “hoje” envolve, a rigor, trés tempos , 18s “hoje” diferentes, ou, dito de outra manei- > presente é rico de trés grandes dimensGes vitais, jadas nele, queiram ow nao, entedadas s outras e, a0 serem diferentes, necessaria- I hostilidade. “Hoje” 6, para uns, vin- {ros quarenta, para outros sessenta; € 6 de vida tao distintos tenham de ser festamente 0 dramatismo que constitui o fundo = ¥ dle toda convivéncia atual, E, & Iuz mje SBS adorenane.0. oc equivoco oculto na aparente ee em hist6ri, ¢ deve tt chet 1929 parece um tinico tempo; mas eragio de historindores emanl i yntems infiel a si mesma, fugindo hoe na a ge d o formato de se 1eore ando a toda hora chap eo modificant wracio. Em soma, por que hé witria. No i yamos respeitosamente lesvii indo adiante. Mas importa- inquieta, gime do : # necessario antnciat ve ide vio elevada questo, see ce dizer que os historiado me ausa mais cadical das ™ ‘ou varios homens inventem ul Seana anaes ‘ me anda a fico da hist 7 mares aa muda a cor do Atlantico se um pintor Ee coe enjo de vermello. Mas se i i su pincel Pee inp eles pins alt a Pabst) entao a superficie : Ta 5 ma cor nova. jdéia ¢ vibra co cael éri tempos se tingt a st6ria, a face dos ee i idéia nova, nao vibram com ‘um sentimel uma i : ie uma sme pou ses PSE DT na i imento est mat idéia € esse senti nes pe fon os, prontos. Sem essa prclisPOsie radi at leserto. da massa, vodo pregador Seria pregador no d havi ‘anos eu prego 208 gio € o mais importa nova go mundo uma bi vasa idéia pegou, sobretudo 1 dos diferentes e, si: vyejo au ede um tempo

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