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7 Hans Jonas O PRINCIPIO RESPONSABILIDADE Ensaio de uma ética para a civilizagto tecnolégica conreavonTo catrutoy ‘A RESPONSABILIDADE HOJE: FUTURO AMEACADO EA IDEIA DE PROGRESSO |. FUTURO DA HUMANIDADE E FUTURO DA NATUREZA 1. Solidariedade interes com o mundo organo © futuro da humane € 0 primeito dever do comportamento colt ‘humang na idade da cviizaio tenca, que se tornou “todo-poderos no que tange a0 seu potencil de destrigo, Ese futuro da humanidade ind, obviamente,ofaturo da natures como sua condigt sine qu non, Mas, mesma independentemente deste fst, estima consi ur pontabiidade metafsica,na medida em que 9 homem se tornou peigoso ‘io s paras, mas para toda iosera. Mesmo gue ose pose sepa rar 35 duas coisas — ou sea, mesmo que em um meio ambiente degrade do (ecm grande paste substi por artes) fs pose 0s nosos descendents una vid digna de ser chamada humana, mesmo assim a plenitude da vida proguzida durant o longo trabalho eitivo da nature ‘1 eagoa enregueem nosss mos teria ditito de reclamar nossa prote ‘10, Mas como impossivelsepase exes dois plnor sem desfigurat 3 Jmagem do homemy, e como nagullo que € mais decisvo — «sabe, na ternativa“preservasio ou destruigio” — oF interes humanos cine: ‘dem cons resto da vida, que su pita tereste no sentido mais sui- ‘ne da express, podemostratar as dua obrigagbes sob o conceit-chave Ae dever para com o omen, sem incorrer em ur redulonismo antropo- ‘trio, O reduconismo antropoctntriso, que nos destacse nos deren tn de td a ntureaa restant, significa apenas reduzire desumanizar © Jhometn, pois «atofe da sua esenca, aa hipStese mais ois da sus rmanatengo biligics, contradzo seu objetivo express, a sua preserva ‘io stncionada pela dignidade do seu Ser. uma perspectiva verdadet Famente humans, a natreza conserva a sua dignidade, que se contapoe 40 abitrio do noso poder. Na medida em que ea nos ero, deveros Fielidade a totlidade desu erigio. A fidelidade ao nosso Ser € apenas 0 dpice,Patendidocortetamente, ase Spice abrange todo o restante 2.0 egolamo das expécies ese resultado simbidtico global (Quando alta pela exstna freghentemente impde a esctha entre © ho- rem e natures, homem, de fato, em em primero lugar, Mesmo que ask aas eaggee ae et ae ee ade superior Ou caso se contest agui aida de um dito “maior 0 «egoimo da especie sempre se impbe na natura Prtanto,o exerci do Poder humano em reag3o a0 mundo vivo estate & um dito natura, Fundado em nosso maior poder Esse fi o pont de vista pico detodon {95 tempos ao longo dos quis o conjunto da naturezaparecia invulners- ‘el etando, portant, intiramentedsponivel para os homens, como ob- jeto de uses particulates Mas, seo deve mt reagto a homer se apresen "a como prioitii, ele deve inl o dever em elagio 8 natures, como ‘sondigio da sun prpriacontnuidade e como um dos elementos de sua réprin intepridadeexstoncial. Poderiamos i adiantceaemar que a salt, ariedade de destino entre homer e natura, slidariedade rectm-reve. Tada plo perigo comum que ambos corti, nos permite descobris nova. ‘mente a dgnidade propria da natuer, conclamando-nos «defender ox seu ieeses para alm dos aspectosutlitios Néo €necesiio dizer que propria lei da natoreza exch uma interpetagdo sentimental dese ever, ois ela €obviamente parte daguela“interidad” a ser preservad ‘No mando viv, a conquista de outas vidas € un fit dao, ua ver que «ada pie vive de otras ou contribu para modifica o mio ambiente ddaquelas. Asim, a simples autopreservacto de ca Se, como o imps 4 ‘atureza, representa uma intervengio constants no equilbio testa da ido. Dito de forma simples: comer eer cami €o principio da existe. ia dessa diversidade, qual devemos obeditncs, (A troca metab com © teino ndo-orginio — mode pelo qual do ters comecado-— apresen. lass somente no seu nivel mais inferior) A soma dessas interferéncas situa, reciprocamente restrivase que forgosamente implicam a des. teuigh de elementos indivdusis constitu o todo smb, ainda que no-ettico, com suas ids vinds eparmanéncis, que a dindmica da ‘volug préshamana nos permite conheet. A severa ei da ecologa in ‘edia toda pihagem excesiva de uma ese por outra(compreendida ‘rimeiramente por Malthus) toda supremacia exorbitant do "mai forte fantindo, assim, a preservgto de conto, lo bstante a ocorrncia ‘de muaangas em seus elementos particulates. At recentemente mesmo a «resent ntervengo human nfo constitu una excoio a esse quad. 3.A perturbacio do equilbrio simbisico pela homem -Apenas com a superioridade do pensament e com o poder da ciilizagso téznia, que ele raz consig, fi possvel que uma forma de vda,"o ho. ‘mem fosse capaz de amengar todas as demais formas (e com isso a a mesma tam) “natures” no poder tercorido wm sco maior do {que este de aver produsido o homers, «teria aristotlica de uma te Teologia da toalidade da natstea (phys), que estaria a servigo dela mes ‘ma, garsntindoautomaticamente a intepraio das partes no todo, vem a ‘er cabalmente contestada por ese timo acontecimento, coisa que Aris totles jams poderia supor. Para Aritteles, a eazdo humana, rags ‘qual o homen se destacava da nature, sera incapaz de lesa esa mes sma natureza pea sua comterplago. O intlectoprtico emancipado, que produaiu acini’ wma heranga daqueleintelecto tere, confronta a atureza nos com 0 seu pensament, mas com ose faze, cujo modo ‘no € mais compatiel como funcionarentoinconscente do conjunt: ‘om o home, a naturera perturbou-s,dexando aberta apenas posi- Dis da sua fculdade moral (que dveros atsbuirshe iguaimente) conn um sbsttto inert para a sua capacidade de auto-eguacio ago a prejuicads 1 alg terivel no penssmento de que asus caus repo fs em solo to instivel ot, ars sermos mais modestos, que agulo que podemos compreender da aa casa dependa de n6s. Na Lnha do tempo Ss evolugdoye mesmo naguela, nds mais euta dabistéria humana, tase de uma maudanga sibitano destino da naturera. Sua possilidade ‘estava dada com o aparecimento do pensamento ¢ da vontade livres os, “quis rrompem na naturezs como home mas sa reaidede amadure- eu lentamente es revelousubitamente, No século XX aleangou- 0 ‘el longamente prepara, undo o pergo se evidencin eve torn ci oA unito do poder com a zie trazconsigo a respoasbiidade, fo {que sempre se compreendew, quando se tatava da esera das reagBes intersubjetvas. © que to se compreendera a nova expansi da respon- sabildade sabre a biosfr e « sobrevivencia da humanidade, qu decor ‘Siplesmente da extensdo do poder sobre as coisas edo fato de que este ‘ej sobretudo, um poder destrtivo. © poder eo prig revelam um de- ‘ere quil, pot meio da soldaiedade impratva como resto do mundo animal, se estende do noso Ser para oconjunto,independentemente do 4.0 perigo revel o“nto a0 no-ser" como nosso dever primorl Recapitulemos 0 deer do qual flamos surge om a ameaya sobre aquilo de que filam. Antes dso, ndohavera menu sentido em tatar de tal fssunto. Quem esté amengado levanta a vor, Tudo que era considerado como dado, como evidentemente acto, no requerendo nenhuma aga tspesfice — que exist homens, que exist avid, que exita um mn- ‘do-—, aparece subtamenteiuminado pelos eelémpagos da tempestade Aameacadora do agir humano. Sob mesma liz aparece eno 0 n0¥0 de ver. Nascido do pergo, esse dever lama, sobretudo, or um ica da p= sergio, da preservacio da prey, enio por uma dics do progreso ‘ou do aperfegoamento. Apesar da modéstia do seu obaio, seu immpers tivo pode se muito dif de er abedecdo, aver exe mais saci do que todos aqueles qu vsavam a methorar a sorte da espéce humana, No ico do capitulo anterior dssemos que o homem, dixando de se apenas um agente executor do trabalho resiador da natura, para stor nar também o seu destruidr poten, deveria incorpori sa vontade ("im dss trabalho, impondo ao seu poder um “nto uo aoe Eu conscqéacia do poder negatio da liberdad, que "devo" oun devs” venha antes do dever positive. Ese fato ¢ apenas o comego da morale naturalmente, no basta para uma doutrna paiva das obrigagBes. e- laments, para nossa empress eric, nflizmente, pars nos situago tual, ndo precios adentar a eoria do bem humana ¢ do “home melhor’, que deveria ser deduida do conhecimento da sun estncia, Por ‘ora, ado o wal a respito do home "verdadeio” se situa emt um, plano posterior 20 simples slvrnento da sun condigior a exstncia da ‘rumanidade em um ambiente saisftéio. Da questio em aberto sobre 0 que deveria ser homem, questo que pode merecerrespsta varies, diane do perigo absolut que paira neste momento da histria mandi, somos devividos a0 primezoimperativo, que se encontrava como fn ddamento daguela questo, masque antes nunca precisa ser enuncdo ‘0 imperativo de que devahaver homens fetivaments, mas coma homes, se "como" wansport a esncia, al com a conhecemos ot intuimos, para o imperative do “que eva, como fundamento ultimo da sua in condicionalidade, devendoimpedir que sua observinciadevore a propria sanglo ontoldgica, ou sea, que a existénclaOntca tena dexado de et uma exiténcia humana, Considerando a severidade dos saerfcios que possam see necesiros, cn questo pode te trnar o sepecto mais p= ‘iio da tia da sobrevivéncia que nos est sendo imposta: um destla- ‘eir ene dois abismos, no qual os meis podem destrui o fin. Ese

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