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Ministerio de Intercessio 2 Renin” A viIsAO DO INTERCESSOR APOSTILA 2 MODULO II a Digitalizado com CamScanner SUMARIO APRESENTACA CAPITULO! CONCEITO DE VISAO O intercessor precisa ter visdo para se identificar com aquele por quem intercede .11 act, 2 A visdo: um conjunto de valores essenciais na Intercessao. Ampliar a visdo para ver 0 todo. Empenhar-se em conhecer a missao para ampliar a visao.. Conhecer a identidade e a histéria da RCC. CAPITULO II AVISAO DO INTERCESSOR..... Ver além dos limites humanos ....... a) Conhecer o seu Ministério. b) Conhééer a RCC -. c) Conhecer os Projetos da RCC. d) Conhecer a doutrina da Igreja e) Conhecer os acontecimentos na sociedade e no mundo.... CAPITULO IIL AVISAO NATURAL. aes Aviso natural formada pela mente humana.. Adqui Os beneficios da visao natural. E necessério.o nosso empenho pessoal para adquirir a visdo natural ir conhecimento para ampliar a visio navural. Os limites da visdo natural... CAPITULO IV AVISAO ESPIRITUAL... Investir na espiritualidade pessoal para adquirir a visao espiritual... ‘S6 ao homem de Deus é dada a capacidade de ver. Os beneficios da visao espiritual... Os limites da visdo espiritual.. Digitalizado com CamScanner A wsto 00 Intencesson CAPITULO V BLOQUEIOS DA VISAO ... Os bloqueios que nos impedem de ver CAPITULO Vi COMO OBTER A VISAO’ A nossa participacao é determinante para obtermos a visio. A fé amplia a nossa visdo A fé deve ser fortalecida com o testemunho no dia-a-dia. Atitudes concretas.para obter a visdo CAPITULO VII PASSOS PRATICOS PARA AMPLIAR A VISAO A) REMOVER OS BLOQUEIOS DA VISAO ESPIRITUAL B) PEDIR OS CARISMAS. C) VIVENCIAR AS PRATICAS ESPIRITUAIS D) PARTICIPAR DO GRUPO DE ORACAO E) PARTICIPAR DA SANTA MISSA..... BIBLIOGRAFIA.... Digitalizado com CamScanner Capitulo 1 CONCEITO DE VISAOo O intercessor precisa ter visio para se identificar com aquele por quem intercede 0 Catecismo da Igreja Catélica ensina- -nos que “na intercessdo, aquele que ora ‘no procura seus préprios interesses, mas pen- a, sobretudo nos dos outros’ (Fl 2,4) e reza mesmo por aqueles que the fazem mal". Cyril John, em seu livro “Rezar erguen- __do maos santas. 0 poder da intercessao pro- fética’, ao discorrer sobre as dez regras da intercessdo nos recorda da importancia do intercessor rezar identificando-se sempre com a pessoa afligida. Para 0 referido autor, verdadeira marca da intercessao 6 assu- mir para nés mesmos os fardos daqueles por quem oramos”? Desta forma, se ao interceder pedimos em favor de algo ou alguém, a ponto de nos colocarmos no lugar da pessoa pela qual es. tamos intercedendo, ou ainda, de nos identi- ficarmos pessoalmente com a situa¢do pela qual estamos rezando, parece evidente que o intercessor necessita ter uma viséo agucada, pois s6 assim ele conseguird se identificar com aquele por quem ele intercede. CATEC, 2635 Jona, Cyril - Rezar erguendo mos santas. O poder As imtreessdo profética, Ed. RCC Brasil, p. 98. A visdo: um conjunto de valores es- senciais na Intercessao Um dos mais importantes entre os cin- 9 sentidos humanos é a visdo. Ela nos per- mite ter a percep¢do do mundo com todas as suas formas e cores, que tanto impressionam ‘© homem desde os tempos mais remotos. No entanto, ndo queremos tratar aqui da visdo como um sentido, mas da visao natural como @ capacidade de observacdo e entendimen- to do mundo que nos rodeia e da visdo es- piritual que nos faz ver 0 mundo sob a ética do Espirito Santo. A visdo que nos referimos diz respeito a um conjunto de valores que do essenciais; portanto, ndo podem faltar na obra do Senhor que estamos construindo. Esta construcao nao é apenas minha ou da minha familia, mas é uma construcao colet va daqueles que o Senhor tem colocado nes- te lugar para servi-lo e aqui cumprir a sua misao. Jesus declara em Mateus 6,22 que a lampada do corpo sao os olhos e se os olhos forem bons, todo 0 corpo tera luz, mas se os olhos forem maus, todo 0 corpo estara em trevas. Quando passamos a conhecer a Pa- lavra de Deus, aprendemos que existem dois tipos de olhos no ser humano: os naturais que usamos para a visio material e os espi- rituais para a visdo espiritual. Por isso node- ‘mos dizer que dependendo da visao de cada um, o homem pode ser mais natural ou mais, espiritual. A alma possui duas faculdades principais que chamamos de “entendimento” © “vontade’. Através do entendimento perce- Digitalizado com CamScanner bemos as coisas e através da vontade as es- colhemos ou as rejeitamos. Assim cada um de nés é exatamente o resultado daquilo que v8, por isso a Biblia mantém uma adverténcia Para sermos cuidadosos e responsaveis em nossa visdo. Ampliar a visao para ver 0 todo Conta-se, que certa vez o presidente Juscelino Kubitschek, durante a construcao de Brasilia, parou diante da obra da catedral e entre os muitos operdrios que estavam ali trabathando, perguntou a dois deles o que eles estavam fazendo. Um disse que estava edificando um muro, o outro, disse ao presi- dente que estava construindo uma catedral. Visao 6 isso, mesmo quando vocé nao vé o todo, sabe que cada acdo e cada atitude es- t80 de acordo com o resultado final esperado Para tudo o que precisamos edificar: a Igreja © nosso ministéria, a nossa casa, a nossa fa- milia, a nossa profissao, casamento, etc. pre- cisamos de uma boa visdo, porque ¢ ela que nos manterd unidos e fortalecidos nos dias mais dificeis. E esta a visdo que se espera de um intercessor. Uma visdo que, embora sujeita as limitagdes humanas, é capaz de ver 0 todo, gracas 20 seu esforco em procurar crescer no conhecimento e na fé, atitudes estas que ampliam a sua visao. Ver o todo nao significa conhecer to- das as situagdes e seus pormenores, muito menos se exige do intercessor que ele tenha vivenciado pessoalmente as situagdes pelas quais ird interceder. Nao é necessério, por- tanto, nenhum conhecimento técnico e espe- cifico sobre aquilo que se esta intercedendo. Todavia, ¢ essencial que o intercessor tenha um norte. Sua intercessao deve ter um senti- do e um objetivo, No livro de Provérbios 29,18 estd escri- to que: "Por falta de visio, 0 povo vive sem freios; ditoso 0 que observa a.instrucao”. Esta necessidade de se ter um norte parece ser prépria do ser humano e tem-se ‘Avvisio bo Inreacesson 10 revelado como um grande aliado seu na bus- ca de seus objetivos. A um dos mais célebres escritores ¢ intelectuais do Império Romano, Séneca’, foi atribuida a seguinte citacdo: “se vocé nao sabe para qual porto esta navegan- do, nenhum vento é favoravel”. Muito embora 2 necessidade de se ter um norte (de se saber em qual porto se quer chegar, como nos diz o filésofo) parece ter sempre acompanhado a humanidade e, nos dias atuais, tal fato parece assumir maior re- levancia, em um mundo tae aberto e recep- tivo as inovacdes nao é incomum nos.depa- rarmos.com um excesso de informacées. A todo o momento somos surpreendides por novidades, as quais geralmente chegam até nés por intermédio de empolgantes anincios publicitérios, onde tudo é muito bonito, agra davel, cmodo e facil Aqui, é oportunc lembrar 0 que disse Santa Faustina, em seu Diario: “Oh! Como tudo atraio homem para a terra! Mas.a fé viva mantém a alma em esferas mais elevadas’ A verdade é que, em meio a tantas coi- as aparentemente benéficas, parece impos- sivel encontrar o inimigo. Aqui, porém, esta © grande perigo, eis que, socorrendo-nos novamente da citagao de Séneca, nem todos 0s ventos sao favoraveis. A necessidade, por- tanto, de intercessores dotados de apurada visio e discernimento é iminente, sob pena de sermos todos sufocados pelo joio (cf. Mt 13, 24-30). “0 trigo e 0 joio que crescem jun- tos eram a melhor expresso de que a pro- posta do novo ser humano e da nova socie~ dade que Jesus queria, devia ser realizada sob a conviceao de que a realidade tangivel do mal seré companheira insepardvel da his- toria da salvagao* O mal estar, portanto, sempre presen- te. Diante desta assertiva nao ha como nao se reconhecer 0 valor da intercessaoe a neces- 3 Lucius drmaeus Seneco. (Corduba, 4€ — Roma, 65) fo) um dos mais célebres advogado, esetitor¢ inelectial do mpério Romano. Conhcido também como Séneca (ou Sete a), 0 Fildsofo, sua obra terra eHlosStica,tida como modelo do pensador esioica durante o Renascimen‘o, inspirou o desen- volvimenio da tragédia na drematurgia europeia renascentista, < Comentirio constante da Biblia Sagrada, Editora Ave Maria, edigao de estudos,p- 1540. Digitalizado com CamScanner sidade de os intercessores estarem constan- temente aprimorando a sua visdo para que possam ver muito além daquilo que esta fisi- camente diante de seus olhos. Neste momento, um exemplo mais con- creto, talvez possa nos auxiliar a compreen- der a importancia de se ter um norte. Os pais catélicos nunca saberéo de antemao quais 0 exatos desafios e dificuldades que encon- trarao na criacdo de seus filhos. Isto, porém, no os impede de ter filhos, porquanto sa~ bem, independentemente dos percalcos que poderao surgir no caminho, quais so 0s va~ lores essenciais que devem ser transmitidos a uma familia crista. Assim acontece também na vida de um intercessor. Nem sempre o caminho sera claro. Nem sempre o intercessor entender os motivos pelos quais deve interceder por uma determinada situacdo. Saber aonde se quer chegar, porém, é essencial para que sua misséo seja desempenhada com fidelidade e para que se cumpra sempre a vontade do Pai Empenhar-se em conhecer a missao para ampliar a visao Sabemos que a intercesséo muitas ve~ “zes é a ltima instancia de protecao contra 0 inimigo e, diante disso, nao é preciso mui- to esforco para se perceber como é nobre a misséo que possuem os intercessores. Eis ai a razao pela qual a visdo é to importante para o intercessor. Para que esta iso pos- sa ser alcancada de forma plena, além de se deixar conduzir pelo Espirito Santo, 0 in- tercessor necesita ter exato conhecimento de qual é 0 objetivo do Ministério ao qual ele Pertence, pois s6 assim-serd capaz de enten- der qual é 3 sua real missao. Quando temos uma visao restrita, ela nos limita a ver as situagées isoladamente, sem significado algum, e isso nos torna pes- Soas amargas é tristes. Ao contrério, quan- do temos uma visao ampliada, conseguimos ver as situagSes dificeis de nossa vida ou do nosso ministério como que fazendo parte de um todo, vendo nelas um sentido. Uma boa ‘A.visio 90: InreRcEsson an viso nos permite ver oportunidades nos fa- tos e nas situacées que nos rodeiam onde a maioria das pessoas s6 vé problemas. Desta forma, sentimo-nos mais felizes e seremos capazes de grandes obras através da nossa intercessio. Como vimos acima, a visdo também & construida a partir do nosso esforco pessoal em nos dispor a conhecer as coisas que fa- zem parte da nossa vida, do nosso Movimen- to Eclesial, da nossa Igreja, do nosso Ministé- rio, etc, Esta busca de conhecimento muitas vezes se da quando procuramos nos infor- mar através dos meios de comunicacao e de formacao que nos sao disponibilizados para este fim. Na RCC. por exemplo, temos diver sos meios que se utilizarmos sero muito iteis para ampliar a nossa visao, tais como, 9 site www.rccbrasil.org.br, a revista da RCC (RENOVACAO), os eventos promovidos pelo nosso Movimento e as diversas modalidades de formaro, por exemplo, o Instituto de Edu- cago a Distancia (IEAD), as apostilas de for- macdo. etc, Além destes canais de comuni- cagao e formacao disponibitizados pela RCC, temos ainda a Biblia, o Catecismo da Igreja Catdlica e todos os demais documentos do Magistério da Igreja que sao fontes inesgotd- veis de formacao e de crescimento espiritual que fazem parte deste tesouro que a Igreja nos oferece. Conhecer a identidade e a histéria da RCC Uma boa visdo é fundamental para pre- servar a nossa histéria e a nossa identidade, mantendo-as vivas para as geracées futuras, pois se no nos conhecermos e nao souber- mos para onde queremos ir, certamente ndo conseguiremos ter éxito na nossa missao. Assim como 0 povo'da Biblia no Antigo Tes- tamento que para manter-se no caminho do Senhor e para nao se esquecer da sua Alian- ¢a sempre se dirigia ao Senhor como o Deus de Abraao, 0 Deus de Isaac o Deus de Jacé (cf. Ex 3,6). Com esta atitude eles procuravam ndo se desviar das Leis e dos Mandamentos de Deus, mantendo viva a sua Historia e pre- Digitalizado com CamScanner servando a sua identidade, Quando othamos para o passado nao com saudosismo, mas com-o objetivo de for- talecer a fé e de manter a identidade a partir daqueles que nos antecederam, a nossa vi- $40 do futuro se torna muito mais perfeita ¢ assim nos tornamos cada vez mais fortes e Confiantes. Muitas vezes Ndo vemos a mao de Deus se mover nos fatos e situacdes embara- G0sos do nosso dia-a-dia, mas quando olha- Mos para tras e nos lembramos dos feitos do Senhor através dos nossos pais, veremos Que Ele est fazendo mais do que podemos imaginar. Cotidianamente somos submetidos 4 prova, mas somos convidados a perseverar © a crer nas promessas de Deus. Ter viso é acreditar que as promessas de Deus se cum- Prirdo. E é pela fé, que é uma poderosa len- te que nos capacita a ver além daquilo que a visdo natural nos permite, que veremos o cumprimento destas promessas. O intercessor que exerce 0 seu minis- tério com as capacidades da visao natural e da visdo espiritual tem muito mais éxito no exercicio do seu ministério, pois este inter- cessor adquire a partir da visio a capacidade de compreender e discernir as mogées e di- recionamentos que o Espirito Santo the con- cede durante a intercessao. Quando conhe- cemos os objetivos e a identidade do nosso Movimento, quando conseguimos ver o todo, a nossa intercessao se torna mais objetiva e direcionada, pois conseguimes identificar onde cada inten¢3o sé encaixa no todo do Movimento e, a partir desta vis3o, podemos nos abrir &s mogées do Espirito Santo que aperfeicoarao a nossa intercessao. Nos capitulos seguintes vamos apro- fundar este conceito para que possamos en- contrar o caminho de Deus para o exercicio do nosso Ministério. Digitalizado com CamScanner Capitulo VER ALEM DOS LIMITES HUMANOS Ver além dos limites humanos 0 intercessor é um profeta chamado a arrancar, pelo poder da oracdo, os adeptos da sinagoga de satands ¢ levd-los & presen- 2 de Deus (cf. Ap 3,9), afinal, tudo pode ser mudado pelo poder da oracao. 0 intercessor com visSo ampliad2 nao poe barreiras para a aco de Deus, 20 contrério, com uma ora- 80 ousada, enfrenta situacées humanamen- te impossiveis e as vence por seu ministério pessoal. A pessoa que vé 0 mundo com visao ampliada tem a sensibilidade mais agucada. Ele consegue perceber com mais transpa- réncia as oportunidades do presente e visua- fizar com clareza as tendéncias do futuro. No segundo livre dos Reis, 0 profeta Flizeu pede a Deus para dar a capacidade de ver a0 seu servo que, apesar de ser piedo- 0 e andar com um homem de Deus, sofria do mal da cegueira espiritual. Quando viu a multido de soldados inimigos cercando a ci- dade para maté-los, desespercu-se, e gritou para o profeta, “Ai meu senhor! que vamos fazer agora?”, Eliseu um homem de grande visdo, disse: "Nao temas, 0s que esto conos- co s40 mais numerosos do que os que estéo com eles. Eliseu orou dizendo: “Senhor, abri- -lhe os olhos para que veja. 0 Senhor abriu os olhos do servo, e este viu 9 monte cheio de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu” lil Reis 6,15-17) Muitas vezes nos assemelhamos a0 servo de Eliseu. A nossa visdo esta fisica- mente restrita ao limite que os nossos olhos alcancam. Para superar esse limite, neces- sitamos utilizar a dimensdo espiritual. para ver com olhos espirituais as solucces de Deus. Muitas das dificuldades que passamos 580 porque desconhecemos esta capacida- de de ver. Habitamos em um mundo mate~ fial, no entanto, além de sermes natursis somos também espirituais. E 9 espiritc, as~ sim como a carne, tambem tem uma visao. | sé que uma visio espiritual. Entao é preciso que aprendamos a diferencié-la e usa-la com mais assiduidade. Quando nos disciplinames. a cuidar do nosso espirito através da oracac constante, ele interage continuamente com ¢ Espirito de Deus @ assim somos por Ele guia- dos. “Quando vier 0 Pariclito, 0 Espirito da Verdade, ensinar-vos~d toda a verdade. or- que nao falara por si mesmo, mas dira o que ouvir, e anunciar-vos-a as coisas que virde” (Jo 16,13). O intercessor de visdo amptiada profe- tiza “vida” para 0 povo caida, machucado, de~ sanimado, morto pelo pecado (cf. £2 37,1-14), Deus fara até onde consequirmos enxergat com os othos da fé. 0 intercessor com viséo, ampliada sabe reconhecer quais os valores essenciais que ndo podem faltar na obra do Senhor. Quando se tem visdo, mesmo) quando nao se vé o todo, percebe-se se cada acdo, Se cada atitude esta de acordo com a resultada final esperada. E preciso ver @ todo. Var além do que esta 3 nossa frente, aa inter Neste sentido, ver 9 todo par cessor deve sign a) Conhecer 0 seu Ministério 0 Ministério de Intercessao existe para salvar almas. E um combate espiritual onde cada intercessor que une seu esforco 8 gra- sa de Deus leva muitos irmaos 8 converséo. Neste sentido este Ministério desenvolve um trabalho de intercessao, ligado a Rede de In- tercess3o Nacional, que visa apoiar e forta- lecer os grupos de intercessdo dos Grupos de Oracdo, disponibilizando formacées com © intuito de treinar o intercessor na gran- de missao de sustentar na ora¢3o todos os projetos de evangelizacao da Renovacdo Ca- rismatica Catélica do Brasil. Por isso 0 inter- cessor precisa estar bem informado sobre as orientacdes e a forma correta de exercer a intercessao na RCC. b) Conhecer a RCC - A Renova¢ao Carismatica Catélica tem como misséo propagar a cultura de Pente- costes, evangelizando com renovado espirito missionério através do Batismo no Espirito Santo ¢ 0 seu principal momento é 0 Grupo de Oraco. 0 Batismo no Espirito Santo,-os Carismas e a Vida Fraterna sao elementos que formam a identidade da RCC. c) Conhecer os Projetos da RCC Hé varios projetos na RCC, mas alguns precisam ser conhecidos mais profunda- mente pelos intercessores. Para isso 0 inter- cessor precisa se esforcar para conhecé-los através do Direcionamento Nacional da RC- CBRASIL, dos diversos eventos promovidos pelo Movimento, das diversas formacées dis- ponibilizadas, etc. d) Conhecer a doutrina da Igreja € de fundamental importancia o intercessor conhecer a Biblia e a Tradic3o Apostélica. Ambas s6 podem ser autentica- mente interpretadas pelo Sagrado Magis- tério- da Igreja, Diz 0 Concilio Vaticano Il: "0 oficio de interpretar autenticamente a Pala~ vra-de Deus escrita ou transmitida foi confia- Avisio 60 IunincEsson “ do unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo’” Sema autoridade do Magistério,portan- to, a Biblia, como a temos hoje nem existiria, pois foi o proprio Magistério quem definiu os livros que deveriam fazer parte da Sagrada Escritura (os chamados “canénicos”) e quais no deveriam (os chamados “apécrifos’), no pontificado do Papa Sao Ddmaso®. A inter- pretacao da Biblia sem o Magistério da Igreja é perigosa, pois pode levar a interpretacdes equivocadas e com péssimas consequéncias em todos os sentidos. Assim, é fundamental que cada inter- cessor procure conhecer a Doutrina da Igre- ja através dos documentos publicados pelos Bispos, pelo Papa e sempre tenha & mao 0 Catecismo da Igreja, tanto para um estudo sistematico, como para ser fonte de consulta quando houver necessidade. e) Conhecer os acontecimentos na so- ciedade e no mundo Ter conhecimento das noticias atuais & muito importante para o intercessor, pois ha muitas coisas acontecendo em nossas cida- des, bem como em todo 0 mundo, que afetam nossas vidas de varias maneiras. Saber o que estd acontecendo ao nosso redor nos ajuda a ficar prontos e preparados para enfrentar- mos as mais diferentes situagées que podem acontecer. Se as manchetes atuais dizem que uma grande tempestade est sendo pre- vista para ocorrer nos préximos dias, 0 inter~ cessor pode ser alertado pelo Espirito Santo para interceder clamando a Deus para livrar aquela cidade ou aquele Pais de tal perigo. Da mesma forma, se as manchetes atuais so sobre eleigdes, sobre guerras, tragédias, ou perigos iminentes o intercessor pade ser chamado a orar por estas intencdes. Quando estamos bem informados, con- seguimos compreender melhor aquilo que Constiuigae Dogmatica Dei Verbum, 1. 0, 2 ree a Sé-de Roma de 366 § 384 i nat yu pelo: menos originéio, da antiga Eppa. s if Digitalizado com CamScanner na ora¢ao o Espirito Santo deseja nos reve- lar. Sabendo dos acoritecimentos podemos ligar os fatos que poderiam ter ligacdo com 0 que o Senhor nos esta inspirando a orar e, desta forma, entender a mensagem de Deus para situacGes que ignorariamos. Para o intercessor ficar atualizado com as noticias e acontecimentos ele precisa bus- car estas informacées através dos diversos meios de comunica¢ao que hoje em dia es- tao acessiveis a todos nds, tais como, jornais, revistas, noticidrios de TV, de Radio, internet, etc. Procurar se inteirar das noticias atuais deve fazer parte do dia-a-dia de todo inter- cessor, pois desempenha um papel vital no exercicio do seu ministério. Além de tudo isso o intercessor ainda precisa ver que a intercessao realizada nos Grupo de Oracao e demais instancias for- ma um “cinturdo”, uma “muralha” de prote- cdo para toda a Renovacao Carismatica. Ver que a intercessao é 0 suporte para todos os servicos na RCC (prega¢ao, missao, coorde- nagées e projetos) e que todo intercessor é, na verdade, um trabalhador que esta recons- truindo a-muratha,-cada um em sua posic¢ao- A intercessao é a ultima instancia de prote- ¢ao contra 0 inimigo e contra os nossos er- ros e pecados, por isso, o intercessor sabe que nao pode deixar brechas e nem vacilar. E necessério estar vigilante em tempo integral. Interceder pelas intengdes especificas, mas vendo o que se esta construindo. A visho DO InTERcEssoR Digitalizado com CamScanner Capitulo IIT A VISAO NATURAL A visao natural formada pela mente humana A visio natural que aqui nos referi- mos é tudo aquilo que adquirimos através da busca do conhecimento que nos permite compreender e assimilar as realidades do mundo exterior. No € necessério discorrer muito para se perceber a importancia desta viso, eis que é inconteste que poder ver 0 reino fisico nos permite compreender muitas coisas. O homem é um animal racional dotado, por cria¢do, com a faculdade do entendimen- to. Este dom o distingue dos animais, dando- -the uma forma de vida mais perfeita e mais elevada. Hé duas faculdades intelectuais que se combinam para constituir 0 que chamamos “mente”: a faculdade de conhecer e a facul- dade d2 compreender. Pode-se dizer que, de certo modo, os animais possuem também uma mente, pois, instintivamente, conhecem tudo o que é necessario a persuasdo de sua espécie e a cria¢do de seus filhotes, 0 ho- mem, por seu lado, possui também o que se chama uma mente animal, isto é, caracteriza- da principalmente pela faculdade de conhe- cer, No homem, entretanto, 0 conhecimento No é instintivo; precisa ser, ao contrario, ad- Quirido por um lento e laborioso processo de aprendizagem. A razao disso ¢ que, para ele, ©-conhecimento é apenas um meia de adqui- Fir. 0 entendimento. Com efeito, é preciso co- SoMhecer primeiro, para entender depois. Mas : desejo de compreender esta presente, e & dominante, desde o principio. € este desejo que dé origem 3 curiosidade e excita o anseio de saber, Este desejo de compreender dirige secretamente toda a nossa aprendizagem. pondo em ordem os conhecimentos adq ridos para servirem de base & obten¢do de verdades mais elevadas. Adquirir conhecimento para ampliar a visdo natural Esta visdo natural do reino fisico poder ser ampliada se estiver associada ao conhe~ cimento intelectual. Aqui, um breve exemplo podera elucidar a questo. Alguém que nao conhece as Escrituras e vé uma Biblia Sagrs- da falard, certamente, que esta diante de um livro, E evidente que 0 que foi dite ndo esta incorreto. A Biblia Sagrada é efetivamente um livro. Todavia, aquele que conhece 0 seu contedo tera uma visdo muito mais preci- sae abrangente acerca deste livro. Sabera 0 que efetivamente este livro representa, Certamente, se a esta pessoa the fos- sem oferecidos, além da Biblia Sagrada, ou- tros livros e the fosse dada a possibilidade de escolher um deles, ela teria 0 discernimento necessério para fazer a sua escolha com se- guranca, eis que saberia a saciedade e todas as riquezas que podem ser extraidas da Pa- lavra de Deus. © conhecimento intelectual enrique ce nossa visao natural, eis que nos: permite compreender além daquilo que & fisicamente Digitalizado com CamScanner palpavel e presumivel. Possibilita-nos, como no exemplo acima, fazer escolhas mais as+ sertivas. E aqui, vale 3 pena abrir um pequeno paréntese, para relembrar 0 exato significa- do da palavra assertividade: "Assertividade € um substantivo feminino que expressa a qualidade do que é assertivo, afirmativo ou positive. A palavra assertividade deriva de asserto, que significa uma proposicao deci- siva, Assertividade é uma competéncia emo- cional que determina que um individuo con- segue tomar uma posicdo clara, ou seja, ndo fica ‘em cima do muro’. Uma pessoa asser- tiva afirma 0 seu eu e a-sua autoestima, de- monstra seguranca e sabe o que quer e qual alvo pretende alcangar”? A leitura deste conceito parece trazer alegria e conforto 20 coraco. Que bom se em nossas atitudes didrias pudéssemos ser sempre assertivos. Isto certamente nos tra- ria mais seguranca e tranquilidade. Todavia, 9 fato de no 0 sermos - a0 menos em todas as atividades - nao é motivo para desanimar. Ao contrério, poderemos nos valer de inime- ros recursos que nos So postos & disposi¢ao para que possamos aprimorar e enriquecer nosso conhecimento, em busca de uma visao mais agucada que nos permitira agir com maior discernimento. Os beneficios da visdo natural O uso da razao e do conhecimento nos permite ver o reino fisico, a situacao palpavel, sob a dtica iumana e com maturidade. Leva- -se em conta a importancia do planejamento e da organiza¢ao para enfrentar e resolver as situaces que no dia-a-dia surgem na vida de todos nés. Quando usamos esta habilida- de adquirida pelo conhecimento através da pesquisa, do estudo e da observacao, nasce ‘em nds o bom senso ea capacidade de racio- cinio légico para lidar com as adversidades, Devemos utilizar esta capacidade no Ministério de Intercessao para que a nossa intercessao leve em conta as realidades da Igreja, do nosso Movimento, do nosso Gru- ‘www significados.com br/assertividade, eonsultado em 17/10/2014, od A visto on bvrecastoa - po de Oracdo e do mundo em que vivernos. Para isso é importante estar @ par dos acon- tecimentos, saber quais 340 0s objetivos & a8 agées que estamos realizando para que possamos apresenta-los 3 Deus quando nos reunirmos para interceder. Muitos conflitos ¢ dificuldades sdo ge- rados na dimensdo natural e devem ser re- solvidos com os recursos naturais que 0 Se- nhor deseja nos revelar enquanto oramos. Desta forma é preciso ver que astas solucdes também nos serao reveladas pelo Senhor para que as utilizemos no nosso ministéric. E necessario o nosso empenho pessoal para adquirir a viso natural A visio natural ou conhecimento inte- lectual, porém, depende de nés. E necessério nos empenharmos continuamente para que possamos adquirir novos conhecimentos e. com isto, ampliar nossa visdo natural para crescer no conhecimento de nosso Senhar e Salvador Jesus Cristo (cf. 2 Pd 3.18). Quando falamos de visdo natural que- remos nos referir ao conhecimento adquiri- do através da observacdo, do experimento e do estudo. 0 intercessor pode obter esta vi- so através das formacdes disponibilizadas pela RCC, através do estudo dos documentos da Igreja, sobretudo, do Catecismo da Igreja Catélica, Outras maneiras de intercessor ad quirir a visdo natural acerca da Renovacdo Carismatica seria 0 acesso ao portal da RC- CBRASIL®, a leitura da revista da RCC (revista RENOVACAO), etc. Tuda isso possibilitara ao intercessor adquirir um conteiida de conhe- cimento importante sobre o nosso Movimen- to Eclesial sobre a nossa Igreja, Estar informado sobre os acontecimen- tos na sociedade através da leitura de jor- nais, revistas e outros meias de comunicacau 6 também uma forma de adquirir a visio na- tural. Este conhecimento é muito importante para a missao do intercessor, pois é a partir dele que o intercessor fica informado das ne- . sumacebouilore. be Digitalizado com CamScanner cessidades do povo para apresenta-las dian- te do Senhor. Os limites da visao natural Embora ndo possamos ignorar a im- portncia da visdo natural, ndo podemos também deixar de reconhecer que esta visao, por si s6, é limitada, porquanto, nao raras ve- Zes, vemos apenas aquilo que € dbvio e pre- sumivel. Nas Escrituras podemos encontrar um exemplo muito significative acerca do quan- to a visao natural pode ser insuficiente para a solucao de conflitos. Mais ainda, pode-se mostrar prejudicial se a ela ficarmos limi- tados. No capitulo 13 do livro dos Numeros, Moisés, apés ouvir o Senhor, envia homens para explorar a cidade de Jericé. Quando se fala em explorar terras (conhecer 0 territé- rio), a visdo natural é, sem sombra de duvi das, primordial. Somente quem tem boa ca~ pacidade de observacdo podera descrever, com detalhes, tudo aquilo que encontrou e viu em um determinado territério. Todavia, na referida passagem biblica, “9 relatorio (vs. 25-29), apesar de, no princi- pio animador, transforma-se logo em moti- vo de desanimo: a cidade explorada é muito poderosa. Apesar do entusiasmo inicial de alguns (x30), 0 desénimo transparece nas palavras que descreve a terra como impene- travel e povoada por gigantes (vs.31-33)"? Esta passagem é capaz de demonstrar que a visdo natural, embora inicialmente util, pois permitiu que os exploradores entras- sem e saissem da cidade com seguranca & descrevessem 0 territério, mostrou-se, em um segundo momento, prejudicial. A-visdo natural causou uma espécie de bloqueio nos exploradores que. naquele momento, conseguiram ver somente as div ficuldades. Assustaram-se com 9 gue viram e ficaram impossibilitados de perceber que Deus poderia agir naquela situa¢o e thes , Comentirio constante da Biblia Sagrada, Editora Ave Matin, edigdo de estos, p. 209. A sisko 00. Invincesson trazer a solugao de que precisavam. Muitas vezes, também nés, respalda- dos unicamente na visdo natural, ficamos aténitos diante de uma determinada situa- G0 e nao conseguimos seguir adiante, pois estamos presos aquilo que esta fisicamente diante de nés, _Este é um ponto negative da visdo natu- ral. E que, em alguns momentos, sentiremos medo, pois estaremos téo atrelados aqui: lo que estamos vendo fisicamente, que nao conseguiremos ver a possibilidade de Deus agir em nosso favor. Isso apenas nos mostra ‘© quanto somos pequenos diante do inimigo. Nasce aqui, portanto, a necessidade de desenvolvermos e aprimorarmos, em con- junto com a visdo natural, a visdo espirituat ou sobrenatural. Este é 0 segundo tipo de vi- 530 que trataremos no préximo capitulo. Digitalizado com CamScanner Capitulo IV : A ViSAO ESPIRITUAL Investir na espiritualidade pessoal para adquirir a visdo espiritual Nem tudo que enfrentamos é de ordem natural e fisica, conforme nos ensina Séo Paulo na sua carta aos Efésios, quando diz que sao contra as forcas espirituais que te- mos de lutar (cf. Ef 6,12). Por isso, se manti- vermos apenas a visdo natural ~ a qual, alids, no primeiro momento ¢ positiva, mas que se 1ndo a aliarmos a visdo espiritual, ela se torna negativa - corremos grande risco de perecer, pois, tendo em vista que muitas batalhas sao espirituais, teremos que concordar que ne- cessitaremos de habilidades e armas espiri- tuais para combater nesta dimensao. Quando analisamos os fatos apenas com 0 discernimento humano, ou seja, com a visdo natural, enxergamos apenas 0 que é presumivel e 0 que é ébvio, vemos apenas as dificuldades e os problemas e, certamente, teremos dificuldades para combaté-los, pois se a origem do combate for espiritual, a nos- a habilidade humana seré insuficiente para alcangarmos as vitérias necessarias e, nes- te caso, o resultado seria 0 abatimento e 0 medo. . ‘A visio natural nos proporciona ver as realidades naturais e os acontecimentos na histdria. E necessario ter esta capacidade para analisar as circunstancias da vida com o discernimento humano, no entanto, apenas a visdo natural nao é suficiente para 0 com- bate que enfrentamos na intercessao, sendo necessario que o intercessor também invista na sua espiritualidade pessoal para desen- aa volver a capacidade de ver na dimensao es- piritual, A visdo espiritual é ter os olhos do nos- so cora¢ao iluminados pelo Espirito Santo de Deus, é ter o pleno conhecimento de Deus 3 respeito de todas as coisas. € ver come Deus ve. E a capacidade de perceber a vontade de Deus em uma determinada situacao ou até mesmo encontrar uma solucao ou uma sai- da para problemas ou conflitos que néo con- seguiriamos resolvé-los se fizéssemos uso apenas dos recursos humanos da razaoe do bom senso. A pessoa com visdo espiritual é alguém que nao se fecha em sua realidade mate- rial - @ até mesmo psiquica - mas se abr transcendéncia. Abre-se 4 atuacao do Esni- rito Santo @ se deixa por Ele transformar. E capaz de perceber a forga do Espirito Santo dentro de si e encontrar Deus em si mesmo. Maravilhoso 6, portanto, 0 que o desenvolvi- mento da visdo espiritual nos proporciona: encontrarmo-nos com Deus em nosso inte- rior. A certeza do encontro, certamente, éo melhor incentivo para que busquemos apri- morar nossa visao espiritual. A visdo espiritual é esta capacidade de ver claramente o que Deus quer que vejamos 6 quando enxergamos 0 mundo sob 0 ponte de vista de Deus ~ “Invoca-me e eu te respon- derei, revelando-te coisas que desconheces'. (Ur 33,3) 0 apéstolo Paulo tinha visdo espiritual. Ele disse“... ndo fui desobediente & visdo ce- lestial” (Atos 26,19). A visdo celestial ou es: Digitalizado com CamScanner piritual tornou-se a forca impulsionadora na vida de Paulo. Ele reconheceu que ter apenas uma visdo das situacdes nao é suficiente, S6 ao homem de Deus é dada a capacidade de ver No Evangetho segundo Sao Jodo, Jesus faz a seguinte promessa: “Quando vier 0 Pa- raclito, o Espirito da verdade, ensinar-vos-4 toda a verdade, porque nao falard por si mes- mo, mas dira o que ouvir, e anunciar-vos-4 as coisas que virgo. Ele me glorificar, porque recebers do que é meu, e vo-lo anunciard. Tudo 0 que o Pai possui é meu. Por isso disse hd de receber do que é meu, e vo-lo anuncia- ra", (Jo 16,13-15) Quando nos abrimos a acdo de Deus deixamos 0 Espirito Santo agir em nossa vida, esta promessa de Jesus se cumpre e passamos a adquirir capacitacées espirituais que sao essenciais para o nosso ministério e para a nossa vida. Como vimos acima, 0 servo do profeta Elizeu, apesar de ser piedoso e andar com um homem de Deus, sofria do mal da ce- gueira espiritual, Quando viu a multidio de soldados inimigos cercando a cidade para matdé-los, desesperou-se, e gritou para o pro- feta, “Ai meu senhor! que vamos fazer ago- ra’, (2Reis 6,15) O apéstolo Paulo escrevendo a Igreja de Corinto, mostra a razao pela qual o servo de Eliseu agiu assim: “Ora, o homem natural nao compreende as coisas do Espirito de Deus, porque the parece loucura; e nao pode enten- dé-las, porque etas se discernem espiritual- mente. Mas 0 que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido”. (1Cor 2,14-15) Deus quer nos dar visao espiritual para que tenhamos discernimento e sabedoria Nao podemos agir como um homem natural sem Cristo. Assim como Eliseu clamou pelo seu servo, nés também podemos clamar ao Espirito Santo que interceda por nés acerca deste assunto para enxergarmos mais espi- 22 A visto 90. nrrnetston ritualmente as situagdes em fossa missdo ‘no Ministério de Intercesséo. Os beneficios da visao espirituat Ter visdo espiritual ¢ crer, antes de qualquer coisa, que 0s céus se mover a nos- so favor. $6 teremos visdo espiritual plena se Jesus fizer parte a todo instante de nos- sa vida. Devemos clamar ao Senhor para que nossos olhos se abram para as coisas espirituais. Nao queremos ser como Tomé, que acreditou sé por que viu. A visdo espi- ritual nos permite ultrapassar estes limites da visdo natural, de forma que possamos en- contrar as solucdes que somente com o dis- cernimento humano nao a5 encontrarfamos. Ela nos permite ver além das dificuldades e problemas concretos que a visdo natural nos apresenta. Ela nos remete a confiar sempre no Senhor e, assim. enche-nos de coragem @ nos permite ver a solucdo que ainda ndo ocorreu no mundo exterior (palpavel), mas que, nos planos de Deus, ja é certa. Nunca de- vemos nos esquecer, podemos estar cercado pelos nossos inimigos, mas com certeza uma batalha nas regides celestiais esta aconte- cendo a nosso favor. Eliseu, em 2 Rs 6,17 mostra a forca da visdo espiritual. “Eliseu nao trabatha para o rei, mas para a paz. Enquanto os reis se en- frentam com seus exércitos, 0 profeta en- frenta ambos com uma sé arma, a fé, com a convic¢do de que sé em Deus e por Deus é Possivel superar os conilitos!® Esta certeza de que Deus nunca nos abandona é fundamental para que possamos desenvolver esta visdo sobrenatural. 0 Cate- cismo da Igreja Catdlica, em seu paragrafo 301, ensina-nos que: “Com a criacio, Deus no abandona sua criatura a ela. mesma. Nao somente the da 0 ser e a existéncia, mas também a sustenta a todo instante no ser, da-the 0 dom de agir e a conduz aseu termo. Reconhecer esta dependéncia completa em relaco ao Criador é uma fonte de sabedoria e liberdade, alegria e confianca” Comentirio constante da Biblia Sagrada, Editora-Ave Maria, edigdo de estudos, p. 492, Digitalizado com CamScanner Os limites da visdo espiritual No entanto, para nos capacitar a enxer- gar com visdo espiritual a fim de nos fazer compreender 0 que o Senhor deseja nos re- velar durante a nossa ora¢ao, o Espirito San- to se utilizara também da nossa viséo natu- ral, ou seja, daquilo que adquirimos através das nossas capacidades naturais e da sabe- doria que acumulamos fazendo uso da nossa inteligéncia, do nosso raciocinio e do nosso empenho na busca do conhecimento. Caso contrario, a exemplo do que ocorre com a visdo natural, a visdo sobrenatural também apresentard aspectos negatives. Quando achamos que tudo acontece unicamente na dimensao espiritual correremos 0 risco de nos tornar iluministas e, neste caso, a conse- quéncia sera sempre negativa, pois perdere- mos a capacidade de discernimento ao ponto de ndo mais levar em conta as capacidades humanas que nos so necessarias para exer- cermos 0 nosso ministério com seguranca e assertividade. Quando partimos do principio que tudo depende apenas do espiritual e nao fazemos a nossa parte, a visdo espiritual, por si s6 se torna negativa. Sao Tomas de Aquino diz que a graca supée a natureza, isto é, Deus age a partir dos nossos esforcos quando rea- lizamos a parte que nos cabe nas lutas do dia-a-dia, Desta forma, nao podemos fazer com que a nossa fé no Senhor nos torne su- jeitos passivos, a ponto de ficarmos inertes diante das dificuldades e problemas que a vida moderna nos apresenta. — necessario, como em tudo, um equilibrio. E na jun¢ao dos aspectos positives de cada uma das espécies de visdo que encontraremos um bom caminho. Josué e Calebe, em Nm 14,6-9, mostram-nos a importancia de fazermos a nossa parte. ‘Ambos percorreram a terra a que 0 Senhor os tinha conduzido, mas, contrariamente aos demais israelitas, nao ficaram murmurado e dela se queixando. Ao contrario, viram que a terra era boa - “é uma terra onde corre leite © mel” (Nm 14,8) - e acreditaram em uma solucae divina, em especial com relacao ao povo que nela habitava ~ “Somente nao vos revolteis contra o Senhor, e nao tenhais medo do povo dessa terra: 0. devoraremos A.uisto bo Iyvenctsson como pao. Nao ha mais salvagao para eles, porque o Senhor estd conosco.” (Nm 14,9) Assim, ndo nos cabe qualquer tipo de inércia ou pregui¢a, sob pena de negligen- ciarmos 0 nosso préprio crescimento espiri- tual, permitindo, assim, que 0 pecado entre em nossa vida ¢ dela tome conta. E neces- sdrio buscarmos todos os recursos que 0 Senhor ja nos disponibilizou e que esto a0 nosso alcance. “Deus é 0 Senhor soberano de seus designios. Mas, para a realizacdo dos mesmos, serve-se também do concurso das criaturas. (...) Pois Deus ndo somente dé as suas criaturas 0 existir, mas também a digni- dade de agirem elas mesmas, de serem cau- sas e principios umas das outras e de assim cooperarem no cumprimento de seu desig- rio” A propria Palavra de Deus nos exorta ao trabatho: “Procurai viver com serenidade, ocupando-vos das vossas préprias coisas e trabathando com vossas mags, como vo-lo temos recomendado.” (1 Ts 4,11) Todos nés, portanto, necessitamos de planejamento e organizacao para desempe- nharmos as atividades que nos competem. ‘Ao nos deixarmos conduzir unicamente pela visdo espiritual corremas 0 sério risco de nos tornarmos seres humanos pacatos e disso- ciados da realidade em que vivemos. Deve- mos ser, portanto, participes da construgao do Reino e nao meros expectadores, que es- peram ansiosos que alguma coisa aconteca, 0 mundo sempre exigiu que nds fizéssemos a nossa parte. O Evangelho de Jodo traz exemplos concretos desta postura ativa que se espera das criaturas (Jo 2,7 ¢ Jo 6,8-9). Quando fazemos a nossa parte @ nos abrimos 2 ag3o de Deus em nossa vida co- mecaremos a enxergar as solugdes de Deus que nos sao reveladas pelo Espirito Santo na dimensao espiritual, mas sempre a partir da- quilo que ja adquirimos através das nossas capacidades naturais. Quando isso ocorre, gradativamente, 0 Senhor vai nos curando de mal da cegueira espiritual e, consequente- mente, vamos sendo.capacitados a enfrentar com vitérias as dificuldades e.0s problemas, 8 CATEC, 306. Digitalizado com CamScanner A ¥ISAO D0. INTERCESSE vendo as solucdes que o Senhor sempre dis- ponibiliza, pois conseguiremos enxergar com clareza a solucdo de Deus e isso gerard em nds a coragem para realizarmos grandes coisas através da intercessdo. Digitalizado com CamScanner Capitulov BLOQUEIOS DA VISAO Apés estudar sobre os tipos de visdo e ver as maravilhas que acontecem quando hd um equilibrio entre visao natural e visio espiritual, uma pergunta parece inquietar © nosso cora¢ao: E possivel desenvolver e aprimorar a visdo que temos, em especial para que possamos sempre agir e conduzir 0 que nos é confiado de acordo com a vontade do Pai? A resposta sera certamente positiva. Mas, para tanto, é necessdrio que sejamos sempre vigilantes. Nao sejamos servos maus e preguicosos! Muitas coisas em nossa vida podem co- laborar para nos impedir de ver com os olhos do espirito e nos tornar cegos para as reali- dades que esto em nossa volta. Nossa visd0 pode tornar-se obscurecida, de maneira que fica distorcido 0 modo como othamos para as coisas em nossa vida didria. E quando isso acontece vivemos com medo e ansiedade: Preocupamo-nos excessivamente com coi- sas materiais; a nossa fé e a nossa esperan- ¢a do abaladas de tal forma que jd nao con- seguimes ver as vitérias de Deus em nossa vida e em nosso Ministério. Estes bloqueios que nos impedem de obter a visdo, normal- mente estao relacionados com as atitudes pecaminosas que livremente praticamos'no nosso dia-a-dia. Neste sentido é importante identificar os principais bloqueios da visao. Os bloqueios que nos impedem de ver a) 0 Pecado As atitudes de pecade, como a falta de perdao, a mentira, a impureza e outras nos * fazem perder a vis3o, porque 0 pecado cega © nosso espirito e nos afasta da comunhao com o Senhor impedindc-nos de ver e ouvir. “Nao, ndo é a mao do Senhor que é in- capaz de salvar, nem seu ouvido demasiado surdo para ouvir, sd vossos pecados que colocaram uma barreira entre vés e vosso Deus. Vossas faltas s30 o motivo pelo qual a Face se oculta para néo vos ouvir". Is 59,1-2) Sabemos pela Palavra de Deus que todos nds somos pecadores e que o pecado faz parte da nossa natureza carnal, portanto enquanto habitarmos neste mundo sempre haveremos de necar. No entanto, 0 Senbac espera de todos 6s que lutemos contra 9. pecado e que na ‘detenhamos i o Senhor nos chama a santidade. E para que (0 pecado nao nos derrote o Senhor nos dis- ponibilizou o Sacramento da Peniténcia para recorrermos a ele sempre que pecarmos. 0 intercessor que deseja ter visdo espiritual nao pode deixar de tutar contra ¢ pecado em sua vida se esforcando em dar bons teste- munhos € recorrende periodicamente 4 este Sacramento. 0 pecado cega 0 entendimento. corrompe o coracao e separa o homem de Deus. 0 pecado nos cega e nos poe uma Vir seira, a qual 56 nos permite ver apenas 05 nossos interesses nos impedinde de ver com Digitalizado com CamScanner Avista 90. 0s olhos do Espirito. “O pecado € uma falta contra a razéo, a verdade, a consciéncia reta: é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com © préximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como uma palavra, um ato ou um desejo con- trdrios a lei eterna”.?? 0 pecado é um dos fatores que nos im- pede de ter uma visdo mais apurada. 0 Ca- tecismo da Igreja, em seu paragrafo 2519, alerta-nos: "A pureza do coracao é candic30 Prévia da visao Santo Agostinho, em sua obra Confis- s6es, ensina-nos que “pela prapensao imo- derada para os bens inferiores, embora se- jam bons, se abandonam outros melhores e mais elevados, ou seja, a Vs, meu Deus, a vosse verdade e a vossa lei!?” Santa Catarina de Sena, em seu livro 0 Didlogo, mostra-nos como nos distancia- mos de Deus ao estarmos em pecado e nos fechamos para a sua graca: “Afogados no rio do falso amor mundano, eles morrem para @ oraca. Assemelham-se ao cadaver, privado de sensacées, que jd no se move a nao ser carregado por outros. Nos pecadores, assim ‘mortos’, a meméria jd nao retém a recorda- ¢80 da minha misericérdia, ainteligéncia ndo compreende minha verdade, preacupada que estd com a prépria sensualidade e pessoa, a vontade permanece insensivel 3 minha von- tade @ apega-se as realidades mortas. Com 2 morte destas trés faculdades, toda a ativi- dade interna e externa se esvazia quanto a graca's” Mais uma vez, precisamos ser proati- vos. Inicialmente, para que nao caiamos em pecado. Precisamos estar sempre alertas. 0 mundo esta repleto de tentacdes, muitas das quais revestidas de uma aparéncia inofensi- va. E preciso muito discernimento de nossa Parte, para que ndo nos deixemos levar pelo CATEG, 1849, » Confissées de Santo Agostinho, Ed, Vozes de Bolso, 2*edigfo, p53. s Contissdes de Santo Agostinho, Ed. Paulus, 12 iedigdo, p. 83 e 84, Iwtencesson fascinio de falsas promessas. De inicio, por- tanto, espera-se que fenhamos uma atitude preventiva; ou seja. que nos empenhemos a0, maximo para nao pecarmos. Nao estamos livres, todavia, de come- termos erros. Somos humanos e estamos sujeitos a quedas. Assim. tao logo identifica- da a fatha cometida, precisamos novamente agir. Neste segundo momento, com humitda- de e como cora¢ao arrependido devemos re- correr ao sacramento da Peniténcia. “Toda a forca da Peniténcia reside no fato de ela nos reconstituir na graca de Deus e de nos unir a Ele com a maxima amizade"’.” A visdo, em todas as suas espécies, 6 uma graga divina. Ao estarmos em pecado, fechamo-nos para a graca. “Como é triste, Jesus, se nds mesmos somos a causa da perda das gracas. Quem compreende isso é sempre fiel’."* Busquemos, portanto, ser sempre figis a Deus e a Ele estar sempre unidos com la- Gos bem estreitos, para que sejamos mere- cedores da sua graca. b) Incredulidade Definimos incredulidade como descon- fianga, negativismo, malicia, orgutho e infide- lidade, € uma recusa deliberada a crer. Nas- ce do desejo de rejeitar o que é verdadeiro sobre Deus por motivo de conveniéncia ou deficiéncia. € admitir a existéncia Deus, mas ter dificuldade de acreaitor que Ele pode rea lizar milagres e prodigios em nossa vida, No entanto, nado basta somente crer que Deus existe, € necessdrio também crer que Ele é real e pode atuar concretamente em nossa realidade, na lossa dimensao natural, No episédio da cura da filha de Jairo vemos um caso tipico de incredulidade de- Monstrado por algumas pessoas que apés Constatar a morte da menina insistiram com i CATEC, 1468, * Santa Maira Faustina Kowalska, “A misericérdia ivina na mika alma —Didrio”, Ed. Provincia da Misericérdia Divina da Congregaedo dos Marianos no Brasil, &t* edigdo, p, 202, parigrafo 690. 26 Digitalizado com CamScanner ieeecnaiaa ise case

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