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E SUSTENWUSILIDADE, REFLEXOES SOBRE 0 MODERNO SISTEMA ALIMENTAR: ABUNDANCIA, DESPERDICIO E RESIDUOS. /DE ALIMENTOS VEJA, AINDA, MAIS DUAS DEZENAS DE TRABALHOS ABSOLUTAMENTE ORIGINAIS Rea ae een eae etar) Peeeuoettcee tina Ceo atin Rrra treater ant Peter eens! Dee a eee) San une oad Re eee eet Peete INCENTRAGKO DE CLORO ATVO EM SANTHZANTES NDUSTRIALIZADOS. See ee eed Consultoria em higiene e seguranca sanitaria de alimentos m_mmmm A Higiene Alimentar oferece os servicos de assessoria e consultoria técnica em estabelecimentos alimenticios. O nosso objetivo é garantir a qualidade e a segurancga alimentar do seu estabelecimento, disponibilizando todas as ferramentas que nos sao oferecidas, promovendo satisfagao, reconhecimento e confianca. Implementamos sistemas para garantir a qualidade total. EDITORIAL SOBERANIA ALIMENTAR, NO BRASIL ENO MUNDO: ENTRE A ABUNDANCIA E 0 DESPERDICIO. pretexto de se alimentar uma populago global que eresce exponencialmente, a abordagem mais tradi- cional, ao longo do iltimo século, foi buscar © aumento da produgdo total de alimentos. A principal diretriz,para se lidar com um cendrio de demanda crescente por alimentos tem sido a busca por melhoria continua na pro- dutividade das culturas (fortemente influenciadas pelo aprimoramento de fertlizantes e pesticidas). Com vistas a aumentar a disponibitidade alimen tar, tem-se defendido um sistema de producao, distribuigio e consumo de- sigual e injusto, com fortes impactos na satide piblica, permanecendo a fome no mundo e a violagdo de di- reitos humanos. Entretanto, o capita lismo, entendido como aquele modo de produgao e consumo que une a, 0 poder ¢ a natureza na unidade dial ca, tem sido capaz de evadir a assim chamada dinémica malthusiana atra- vés de uma surpreendente capacidade acumulagao histétiea de produzir, lo- calizar e ocupar a natureza de maneira barata e externalizada ao sistema, HH quem considere que reduzir a perda e o desperdicio de alimentos po- deria aliviar parte das pressoes sobre a produgio agricola nos préximos anos © aumentar a seguranga alimentar, es- pecialmente para os setores mais po- bres e vulneriveis da sociedade. Por outro lado, o aproveitamento de ali- mentos no utilizados comercialmente poderia ser uma soluglo eficaz para a resolugdo dos problemas emergenciais que 0 mundo enfienta devido & fome (BELIK; CUNHA; COSTA, 2012) Entretanto, reduzir 0 desperdicio de alimentos 6, potencialmente, um dos “frutos mais faceis de colher” para se concentrar na busca pelo “es~ verdeamento” da cadcia alimentar, melhorar sua eficiéncia e aumentar a disponibitidade de alimentos. Re- cuperar ¢ consumir alimentos prove- nientes do lixo pressupde a existéncia de excedentes alimentares ¢ que eles sio descartados. Isto se inscreve na atual sociedade capitalista ocidental, caracterizada pela produgdo massific cada, pela hiperabundancia, pelo con- sumismo desenfreado e pelo desper- dicio alarmante, Pensar nas diversas tapas da cadeia de aprovisionamento consumo alimentar, nas suas traje- torias em nivel global © no conjunto de recursos naturais econémicos despendidos permite avaliar melhor a magnitude do desperdicio alimentar © dos impacts ambientais, a escala mundial, que esses processos confi- guram, Até certo ponto, o desperdicio € apenas mais um sinal da insustenta- bilidade do crescimento, Quando se diz que o grande volu- me de alimentos que so perdidos ou desperdigados seria mais do que sufi- ciente para alimentar os famintos do mundo, cria-se a falsa expectativa de que se reduzindo as perdas ou o des- perdicio de uns, equaciona-se a fome de outros. Estes sio fenémenos de natureza distinta que niio se conectam. de forma direta, quando se sabe que a condigdo de faminto resulta da in- capacidade de acesso aos alimentos © nfo da falta de bens, A légica econémica, que predo- mina no sistema alimentar global (c no Brasil), bem como a auséncia de ages educativas estio na raiz do problema que se quer enfrentar. Embora a questio das P&DA aponte Gesafios € impactos comuns, ndo hé uma iinica solugio, & preciso consi- derar a especificidade da cultura do Gescarte ¢ do padrio de desenvolvi- mento socioeconémico local. Para Maluf (2013, p. 9), quando se ado- ta enfoque abrangente, intersetorial e sistémico da seguranca alimentar € nutricional, outros e mais amplos aspectos entram em cena na aborda- gem de como a redugdo das PRDA diminui a inseguranga alimentar © nutricional, Ou seja, trata-se de uma estratégia imprescindivel & garantia do Direito Humano a Alimentagio Adequada (DHAA), “direito fun- damental do ser humano, inerente & dignidade da pessoa humana e in- dispensdvel & realizagdo dos direitos consagrados na Constituigdo Fede- ral” (BRASIL, 2006). Entretanto, observa-se uma sétie de violagdes a esse direito, quando se entende 0 alimento constituido como uma mer- cadoria e que, como tal, no cumpre sua fungo estruturante da organiza- do social ¢ ganha a de acumular ca- pital, numa repetigao interminavel da circulagio enquanto tal Muitos autores defendem que o termo soberania alimentar traz em seu bojo uma forma de produgdo que pretende unir a produtividade com a conservagio ambiental, e que a conservagdo da biodiversidade & benéfica para a produgao de peque- na escala, aumentando a eficiéncia na producdo. Ou seja, & um sistema que usa melhor os recursos ambien- tais disponiveis, sendo beneficiado pelos servigos ecossistémicos, como EDITORIAL © controle de pragas, por exemplo. H4 também o jinteresse em preser var os saberes agricolas tradicionais, como a rotagao de plantio, e nao s6 de preservar, mas reconhecer que es- ses saberes impactam positivamente a produgdo de alimentos. ‘A légica centrada no lucro & ca- paz de gerat 0 paradoxo de fazer que alimentos, transformados em commodities, gerem fore e insegu- ranga, Camara (2017) chama atengao para 0 reconhecimento do valor da biodiversidade como um importante ponto chave para lidar com os siste- ‘mas alimentares. De fato, “alimentos mais tecomendados & saiide tm 0 menor impacto ambiental” e 0 inver- so € verdadeiro. Essa relagdo pode ser visualizada na pirimide dupla alimentos-meio ambiente Na pritica, saiide humana e pro- tecdo ambiental se encaixam em. um tinico modelo alimentar, haven- do quem advogue a busca de uma nova equagio, onde os elementos que determinam saide © bem-estar se equilibrem com a conservagio da natureza. As pesquisas na rea de nu- jo sempre estiveram interligadas com setores da satide ¢ agricultura, deixando de fora muitas vezes as questies ambientais, um importante elo com o setor de nutti¢do, iretanto, em muitos desperdicio tomou-se um recurso, impulsionado pela produgdo de fron- teiras de produtos baseados em resi duos. Isto tem sido permitido por no- vas regulamentagdes (por exemplo, privatizagao da gestdo de residuos) © métodos de processamento (como @ compostagem, a biodigestio de residuos para energia, entre outros). Frente aos desafios © contradigdes do contexto, congratulamo-nos com abordagens que se concentram nos mecanismos metablicos, politicos, econdmicos, legais e/ou burocriticos que questionam a produgdo dessas fronteiras localizadas de commodi- lies, Por esses so continuar motivos, & preci ampliando nossos entendimentos sobre as bases fun- dantes que sustentam 0 desperdicio de alimentos, considerando-se a es- cala, 08 desafios técnicos, operacio- nais, mas, sobretudo, os aspectos politico-institucionais e sociocultu- rais que nos impedem de avancar por caminhos alternativos, considerando © alimento para além de sua fungdo de mercadoria (Este Editorial é extraido do tra- batho da mesma autora, que aparece publicado na integra, nesta edigéo, nas paginas 21 a 27) Sylmara Goncalves Dias, dezem- bro, 2018, Profassora Associada da Escola de ‘Artes, Ciéncias e Humanidades da Universidade de S80 Paulo, Programas de Pés-Greduaro em Cisncia Ambiental e Sustentabilidade Bacharelado em Gestao Ambiental Especialista em Sustentabildade nas cadkeias de produco e consumo. ESALQ USP, Piracicaba-SP. Nesta edigdo constam publicados os melhores trabalhos apresentados no IV Congresso de Marketing, Alimentos e Agronegécio (COMA), realizado no dia 13 de setembro de 2018, na + Videos técnicos. www.higienealimentar.com. br PREZADO LEITOR: Estamos a sua disposigdo para fornecer-lhe o material de que necessitar para a elaboracao de tcc, artigos técnicos e pesquisas, buscas bibliogrdficas, dissertagdes e teses. Temos ainda disponiveis: * Colecdes anuais e edigdes avulsas da Revista Higiene Alimentar, desde 1985 até 2018. + Livros e fasciculos sobre assuntos relativos a alimentos. + Pessoal para orientagdo e treinamento em ciéncias alimentares. Para solicitages e informagoes, acesse: icpanetta@higienealimentar.com.br ASSINANTE Mantenha seus dados cadastrais sempre atualizados. Entre em contato conosco por telefone: (11) 5589-5732 por fax: (11) 5583-1016 OME Tesssca lessons www.higienealimentar.com.br i} REVOLUGAO DOS PLANOS HACCP FSSC 22000 IFS ISO 22000 1s 11ey Rete aren eum aac ome OME QUAL Ss eee mcm ay Cee Ore one ee cine onn cores Cee aR eee eat Ores —_— Po Nada substitui a especializacéo. I Desde 1993, quem atua no setor de alimentos pode

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