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PROF. AELFO MARQUES LUNA Materials de Engenharia Elétric Volume I Revisdo das Propriedades dos Materiais Estudo dos Dielétricos MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA VOLUME | PROF. AELFO MARQUES LUNA APRESENTACAQ Desde 1973, quando comeyamos a lecionar a disciplina de "Materiais Elétricos ¢ Magnéticos" para os alunos do curso de Engenharia Elétrica da UFPE ¢ da Escola Politécnica, pertencente a extinta FESP, hoje UPE, observamos além da caréncia de obras didéticas em lingua patria sobre o tema considerado, uma certa dificuldade na abordagem dos assuntos pelo fato de estarem dispersos em muitos livros, em publicagdes técnicas, ou ‘em catélogos e artigos apresentados em congressos ou seminatios de engenharia, Assim sendo, em margo de 1979, com © propésito de tentar reunir numa s6 obra todas as informagGes possiveis sobre os materiais usados pela engenharia elétrica, reunimos nossas notas de aula e publicamos o primeiro volume do livro texto "Materiais para Engenharia Elétrica", editado pela Companhia Hidroelétrica do Sdo Francisco- CHESF, empresa na qual, na época, exercia minhas atividades profissionais, concomitante com as de docente, Neste primeiro volume foi apresentado uma introdugdo as propriedades gerais da matéria e um estudo sobre os materiais dielétricos. A idéia original era publicar mais 4 volumes tratando respectivamente do estudo dos materiais condutores, dos semicondutores € dos magnéticos, encerrando 0 quinto volume com uma abordagem sobre os principais problemas da construgao elétrica, Por razies varias esse projeto ficou restrito ao primeiro volume ¢ a elaboragdo de trés apostilas sobre materiais condutores, semicondutores ¢ magnéticos, complementando de forma parcial o nosso projeto inicial. Decorridos mais de 20 anos da nossa primeira tentativa editorial observamos no horizonte nacional a surgimento de poucas obras tratando do tema, além das reedigdes do clissico “Eletrotécnica Geral" do prof. Emnani da Mota Rezende, cita-se entre elas a obra de prof Walfredo Schmidt ("Materiais Elétricos", em dois volumes, publicados pela Edgard Blucher, editados por sina! em 1979) ¢ posteriormente o livro de Deleyr Barbosa Saraiva, "Materiais Elétricos" editado pela Guanabara-2, em 1983. Deste modo constatamos a permanéneia, da falta de um maior oferta de livros didéticos em lingua portuguesa sobre 0 assunto, um pouco atenuada pelas obras anteriormente citadas. Tal constatagéo nos animou, desde 0 ano de 2000, a voltar a trabalhar no projeto de fazer um livro texto mais completo, ou methor dizendo compilar numa obra mais completa ¢ atualizada sobre os materiais usados pela engenharia elétrica, baseado como sempre cm minhas notas de aula e na compilagiio de varios autores conceituados. cujas obras constam na nossa bibliografia Entendemos que o objetivo da disciplina, hoje chamada na UFPE, de "Tecnologia dos Materiais", é de capacitar os alunos no conhecimento das propriedades e das téenicas de processamento dos materiais utilizados pela Engenharia Elétrica, visando subsidiar sua selegio criteriosa , baseada na anélise de suas propriedsides, permitindo assim que se possa ‘aumentar a eficiéncia, a vida Gtil e a confisbilidade das maquinas e equipamentos elétricos, bem como reduzir os seus custos de manufatura ¢ de manutengao, Depreende-se dei a importincia do estudo das propriedades dos materiais, tanto nos seus aspectos qualitatives, quanto quantitativos. A abrangéncia dos assuntos tratados nesta disciplina caractetiza uma abordagem de natureza multidisciplinar, transformando-se numa excelente oportunidade para aplicagao dos conheeimentos de Fisica € Quimica, aprendidos no inicio do curso de engenharia. conceito de propriedade é percebido nesse trabalho como a “a reagho peculiar que 0 material apresenta quando solicitado por um agente externo". A modema Ciéncia dos Materiais vé uma importante correlagdo entre a estrutura dos materiais e as suas propriedades, principio este que possibilitou um extraordindrio desenvolvimento desta nova ciéncia, Neste primeiro volume, nos Capitulos II e IIL, € feito inicialmente uma recapitulagao das principais teorias sobre a estrutura da matéria, bem como sobre as diversas formas de agregago da matéria, Em seguida, nos Capitulos IV a IX, ainda obedecendo um critério de revisdo, so abordadas as principais propriedades mecéinicas, térmicas, clétricas, magnéticas dticas € quimicas dos materiais, sendo esta diltima propriedade enfocada mais sob o ponto de vista dos fendmenos de degradago dos materiais, No Capitulo X ¢ realizada uma introdugdo geral ao estudo dos dielétricos, descrevendo as suas principais caracteristicas, tais como os fendmenos de polarizagiio e de perdas.. Nos capitulos XI e XII sfo estudados os materiais dielétricos gasosos, explorando-se com mais detathes 9 seu comportamento condutivo e a sua rigidez dielétrica, quando submetidos a campos elétricos uniformes e no uniformes. A seguir so consideradas as principais propriedades e aplicagbes do ar, nitrogénio, hidrogénio, diéxido de carbono, gases nobres e gases eletronegativos, destacando 0 hexafluoreto de enxotre (SFs). O efeito Corona ¢ as "descargas parciais" so também objeto de uma andlise no Capitulo XII, No Capitulo XIII so examinados os liquidos dielétricos, em particular os éleos isolantes de origem mineral, enumerando as suas principais caracteristicas, aplicagdes , ensaios laboratoriais e os métodos de recuperagio de dleos contaminados. No capitulo XTV também. sto tratados 05 dleos sintéticos a base de bifenis policlorados (ascareis) e outros dleos resistentes ao fogo, tais como 0s fluidos de silicone, ésteres organicos e outros. No capitulo XV € desenvolvida uma introdugao mais detalhada dos dielétricos sélidos, abordando-se os fendmenos de condutividade e diversos tipos de rigidez dielétrica que se ‘manifestam, em especial a disrupgao de natureza eletrotérmica, onde o fator temperatura & relevante. Nesta Capitulo, ainda ¢ elaborado um estudo minucioso sobre o envelhecimento térmico dos materiais ¢ dos fatores que afetam este processo, culminando com a apresentagao da_classificagdo térmica dos materiais isolantes elétricos, estabelecida pela IEC (Comissao Elétrica Internacional). Encerrando este Capitulo as mais extenso, é feita uma descrigio_analitica dos _fenémenos que ocorrem quando do aquecimento/reftigeragao das méquinas elétricas, destacando a importancia dos dispo de arrefecimento utilizados por elas. ‘Nos capitulos XVI ¢ XVI sdo estudados os polimeros de origem natural ¢ sintética e suas aplicagdes sob a forma de produtos plastics, salientando-se entre eles os silicones. No ‘Capitulo XVIII sao abordados os vernizes, as massas “compund", os betumes e asfaltos ¢ as ceras. Nos Capitulos XIX e XX sio considerados os materiais dielétricos fibrosos (papel e papeldo) as micas. Finalmente nos Capitulos XXIa XXII sio vistos a porcelana e © vidto como materiais diclétricos e suas aplicagdes mais importantes sobre a forma de adores no Capitulo XXIII. E nosso proposito, no Volume If, desenvolver um estudo semelhante sobre os materiais condutores, semicondutores e magneticos, encerrando assim este extenso e multidisciplinar conjunto de informag6es sobre os materiais usados pela engenharia elétrica. Esperamos que este livro texto possa ser itil aos nossos alunos de Curso de Engenharia Eleniea, modalidede Fletrotéenica e ficamos na expectativa de receber as criticas ¢ contribuigdes que possam aprimora-lo. Para a elaboragdo de um trabalho desta natureza foram despendidas muitas horas de trabalho, muitas vezes noites a dentro, em detrimento de nosso lazer e da companhia de nossa familia, mas que nos proporcionou imenso prazer to vé-lo concluido. Sem sombra de diividas elaborar um livro téenico ¢ um ideal digno de qualquer sacrificio e nos conforta a certeza de dividir com os nossos leitores os conhecimentos e experiéncias que aqui tentamos transmitir. Fazemos questio de frisar que as figuras e graficos usados neste trabalho tiveram todos eles as suas fontes de origem devidamente indicadas. Por fim queremos dedicar este nosso trabalho a minha querida esposa Vania, que muito nos estimulou e aos nossos preciosos filhos ¢ netos.. Prof. Aelfo Marques Luna Recife; outebrode2004— flexfe, Janta & 2006 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume [DICE DOS ASSUNTOS Volume I Tem | Assunto Pagi ‘Capitule T= Tntrodugto Ti introduslo e perspectivas histOricas 1 12 ‘Citneia dos Materiais ¢ Engenharia 2 13 ‘Conceito de propriedade 3 it ‘Critérios de selegto dos materials 4 15 (Classifieagao dos materiais 4 16 [Qualitatividade —e — quantitatividade das, s propriedades 7 Relevincia da metrologia é 18 no Brasil eos orgios 7 19 Cielo dos materia a 1.10 [Recursos ¢ reservas de materials 9 ‘Um exemplo da multiplicidade dos materials no] 12 ‘campo da engenharia el6trica Capitulo HM - Estrutura atémica e Nignsbes| interatémicas 21 Estrutura da matéria- Breve histérico 3 22, ‘A dualidade do elétron 16 23) ‘Caracteristicas importantes das partieulas| 16 subatémicas ‘A tabela periédica de Mendeleyev 7 ‘As ligagées atémicas wo Ligacdes idnicas 19 ‘Ligacies covalentes 19 Ligacdes metilicas 2 Ligacdes secundirias ow fracas 23 Em busea dos tijolos fundamentals da matéria =| 24 Leitura para reflexio > ‘Capitulo III - Estados da matéria 3a [O estado gasoso 28 32 ‘O estado liquide 29 33 ‘O estado sélido 31 33.1 __ [As extruturas eritaiinas 31 33.2 | Estruturas amorfus 32 333 [Bstruturas mistas 33 38 Classificacio dos materiais slides 34 36 ‘Algumas conclusées 36 Capitulo IV - Propriedades mecdnicas ‘Natureza dos esforcos mecinicos B Deformagbes elisticas e plisticas 40 Duetilidade e maleabilida a z Dureza a a5 ‘Outras propriedades 45 Capitulo V - Propriedades termicas Escalas termomeétricas e unidades de calor B MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume I Capacidade calories 2 ‘Transmissio do calor 30 Expansio t€rmica 52 Capitulo VI- Propriedades elftrieas ei Condutividade e resistividade eletrica 5 62 ‘Bandas de energia nos materials s6lidos 57 63 Condugho elétrica em termos das bandas de[ 60 energin ‘Mobilidade dos elétrons a Resistividade dos meta @ Tnflugncia da temperatura Gl Tofluénein das impurezas 64 Influéncia das deformagbes plisticas oh Semicondutividade 6 ‘Os materias islantes (delétricos) 6 ‘Capacitineiae coustante dielétricn os Rigidez delériea o Capitulo VII - Propriedades magnéticas 7a ‘Os fendmenos magnéticos 7h 72 Dipolos magnéticos Ti 73 [Campos magnéticos © outresparimetros|"—— 72 maguéticos 7A_ | Nogées sobre a origem dos fendmenos magnéticos a TE | Cinssfiengo dos materiais magnéticos 75. Capitulo VII - Propriedades Sticas ar tos bisicos 9 82. Ses da luz com 0s sides aL [8.3 [Polarizagto eletrdnica - 82 Ba Propriedades Gticas dos metais 8 os Propriedades Gticas dos nko metals 84 86 Fendmenos de fuminescéncia 35 Lasers 85 Capitulo 1X Propriedades quimicas 3a Reatividade quimiea 3 92 Corrosto e degradagio dos materia $8 93 ‘Conceito de corrosio 39 94 Processo de deterioragio por dissolugio quimica 39 95 Oxidugio eletroquimica dos metais 30 96 ‘Oxidaglo eletroquimiea do ferro em atmoafera|” 92 imida a7, Fendmenos de corrosto galvanien 3 98 Prevengio da corrosio 37 9.8.1 Revestimentos protetores 38 Proteslo eat6dica 9, Uso de inibidores de corrosio 99, vitar a formagio de pares galvinicos 39) ‘Capitulo X = Bstudo dos dielétricos 101 | Conceito de dieétrico 102 102 [Dieltrico Ideal versus dieletrico real 103 ‘Mecanismos de polarizaeio nos dielétrisos 104 Perdas nos materiais dieéiricos 107, Propriedades higroseépicas Wos materinis 110) Capitulo XI Propeledadee gerals dos gases dielétricos u a 9 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF, Aelfo Marques Luna - Volume | Til [ Coniideragies init Tia Os gases dielétricos AIS ‘Condutividade don eee 5 11.4 | Perdas dielétricas nos gsaes 117 115 | Disrupedo eldtrica dos gases 118 Capitulo XII Dielétricos gavoaos esas aplicagbes 2:1 | Vantagens da téenien de isolapto gasosa ia 12.2 [Estmdo do ar 127 12.3 | Beito corona 128 Descargas incompletas 131 12:5 | Descargas parcial 131 12.6 Estudo do nitrogénio_ 133 12.7 —}Gis earbinico 133 12.8 | Estudo do hidrogénio 133 12.9 | Estudo dos gases nobres 134 12.10 | Estudo dos guseseletronegativos 138 1.11 | Estudo do SF, e suas aplicaSes 135 12:12 [Outros gases eletronegatives 138 (Como aconteceoefeito pelicalar 139 Capitulo XIII = Liquidosdielétricos ‘Comportamento-dosliguldos dieléricor ia Condlutvidade das dielétricoslquides tai Rigierdielétricn dos Vquidos iso 143 Gteo nineral derivado do petréleo 148 Propriedades dos dleos minerais isolantes: 146 Garacteristinsfisieas 146 (Caracteristcaselétricas 146 (Caracteristieas quimicas 17 ‘Campos de aplicagSes dos deosisolantes 148 ‘Anilise do éleo mineral isolante 150 Ensaio de rigider\ dilérica 1S Teor de apm 153 “Teor de acidez ou indice de neutralizagio 153 “Tensto interfacial 153 Fator de poténcia 154 ‘Andlise cromatografica dos gases disolvidos 155 Gases permanentss 158 Métodos « equipameator usados para realizar a] ~~ 157 andlisecromatografica 139 | Reeuperagio dos Sleos miners soantes 57 139;1 | Técnicas de recondicionamento 158 13.9.2 —[ Téenleas de regeneracio 159 ‘Capitulo XIV = Geos sinticos stu dos ascares : 1a Processo de obtengso do ascarel 163 Propriedades do ascarel 163 Aplicagdeseletrotéenicas do ascarel 164 ‘Outras aplcasées do ascarel 168 O acidente de Yusho, no Japio 166 Interdisfo descarte do asearel no Brasil 166 2 ——[ luidos de silicone 167 14.3 | Outros liguidordilGiicosressientes ao Fogo 166 143.1 Esteres organi 169 14.3.2 |Hidrocarbonetos de alto peso molecular (R-Temp) 170 ML MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume 1 143.3 [Novos liquidos resistentes a0 fogo 170 ‘Capitulo XV = Dielétricos silidos isa Estudo da condutividade dos dielétricas sOlidos 17 18.2 [Estudo da rigidez dielétrica dos sdlidos 173 152.1 [Fatores que influenciam s variagho da rigidez| 174 dielétrien dos slidos 15.22 | Tipos de disrupslo dielétries dos s6lidos 175 153 |Envelhecimento térmico 178 15.3.1 [Lei de Montsinger 178. 1532 |Lei de Dakin 179 154 |Classificagdo térmica dos materiais isolantes| 181 elétricos TSS |Fatores “que afetam 0 envelhecimento dos] 183 materinis isolantes 156 | Mecanismos de aquecimento/refrigeraglo das| 184 smquinas elétricas Refrigerasdo direta__ de enrolamentos de] 188 hidrogeradores Capitulo XVI - Polimeras 16a Introdugio Dr 162 [Os hidrocarbonetos 192 16.3 Moléculas poliméricas 192 164 | Processos de obtenco dos polimeros 193 16.4.1 |Polimerizagio por adigao 194 16.4.2 | Polimerizacio por condensagio 195 16.5 |Estrutura molecular dos polimeros 197 16.6 | Comportamento térmico dos pe 199 168 | Polimeros naturais 199 16.9 | Pollmeros sintéticos 201 16.9.1 | Pollmeros termoplisticos 201 16.9.2 | Polimeros termoestaveis 204 16.11 | Elastmeros ou borrachas 205 16.111 [Principals tipos de elastémeros 207 16.2 |Modalidades de aplicagies dos polimeros 208, ‘Uma reflexto ecolégica 208 ‘Capitulo XVII - Plisticose silicones Td Definigées e composigUes dos plisticos 2 17.2 | Obtengio industrial dos produtos plisticos 212 17.3 [ Aplicagdes dos materials plisticos 215 17.4 [Siticones 215 17.5 | Propriedades gerais dos silicones 216 17.6 | Processos de obten¢do dos silicones 217, 17.7 | Diferentes tipos de silicones 219 ‘Capitulo XVIII ~ Vernizes, miassas “compound”, betumes/asfaltos e ceras 18.1 [Os vernizes aE 18.1.1 | ClassificagSes dos vernizes 223, 18.1.2 | Cuidados na aplicasto dos veralzes . 226 18.1.3 | Métodos de Impregnacdo 237, 18.2 | Massas ¢" compound” 229 18.3 | Betumes 0 asfaltos 230) 184 |Ceras 231 "Transformadores encapsulados em resina (eecos) _ (Capitulo XIX - Materiais fibrosos Vv < 4 a a a « q « « « < q « q q 4 4 « 4 4 4 4 4 4 q 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 « 4 4 « 4 4 4 4 4 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume | 19:1 [Os materials fbrosos Ba 19.2 [Madeira 235, 19.3 |Fapet 138 ‘Um pouco de historia 236 19.4 |Tipos de papéis usados como isolantes 238. 19.5 | Aplicagées do papel _ 239 19.6 | Papelio dielétrico 241 19.7 __| Fibras sintéticas 2402 Uso de capacitores para corregio do ator de] 243, poténeia Capitulo XX A mien i ‘A mica a5, 20.2 Processos de extragio da mica 246. 20.3 cipais propriedades das micas 246 20.6 Produtos micacéos usados pela inddstria elétrica 247 205 Mica sintética 299 ‘Capitulo XXI - Produiot cerfimicos FIR Porcel 251 21.1.1 | Obtengio da porcelana 252 22 Prineipais propriedades da porcelana 258, 21.3 [Aplicagses eletrotécnicas da porcelana 259 21.4 | Outras variedades de poreclana 260 ‘Capitulo XXII - Estudo do vidro ma ‘O que é 0 vidro 102, 22.2 | Fendmeno de transigio vitrea 262 2.3 Tmportincin da velocidade de resfriamento do} 264 videp 2a.4___ | Tipos de video 266 22,5 Processos de obtengao do vidro 269 22.6 | Propriedades do vidro 270. 22.7 | Aplicagbes eletrotéenicas do vidro 270. 22.8 | Fibras ae vidro 27 Tim poueco da hist6ria do video 213, (Capitulo XXIII - Estudo dos isoladores 2B Estudo dos isoladores usados em linhas de] 275 transmissio ‘Tipos de isoladores Te Nivel de isolamento para as linhas de alta tensto 280, Caracteristicas mecinicas ¢ elétricas dos Isoladores |__281 ‘Correntes de fuga nos isoladores 282 Poluigho nos isoladores 282 Esforgos solicitantes nos isoladores 283, Distribuigdo das tensdes nas cadeias de isoladores 286 Estudo comparativo entre os diversos isoladores 288, Bibliografia consultada Dados biograficos do autor ‘Tabelas de conversio -MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 CAPITULOI 1.1 - INTRODUGAO E PERSPECTIVAS HISTORICAS (Os materiais cercam 0 homem de todos os lados e desempenham um papel crucial na cultura e desenvolvimento da humanidade. Na habitagdo, no transporte, nas vestes, rnas comunicagées, no lazer ena alimentaga0, ou seja em cada segmento do Estrutura—* — Propriedades > Desempenho MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL I 1.4- CRITERIOS DE SELECAO DOS MATERIAIS Hé varios critérios nos quais so baseadas as decisbes finais para selegdo adequada dos materiais, O primeiro de todos é a caracterizagio das condigBes de servigo, a partir das quais € possivel delinear as propriedades requeridas pelo material'a set Utilizado, Somente em raras oportunidades as propriedades de.um material atendem dd forma ideal as condigées de servigo, onde € entdo necessério buscar uma solugdo de compromisso entre as propricdades. Exemplo classic envolve a resisténcia rmecfnica e ductilidade dos materia: normalmente, um material que tem alta resisténcia mecdnica tem uma limitada ductilidade. Em tal condigdo um razoavel ‘compromnisso entre duas ou mais propriedades pode tornar-se necessério. {Um segundo critério considera a degradacdo das propriedades que pode ocorrer com 0 material quando em servigo. Exemplo: redugao da resisténcia mecdnica como decorréncia de temperaturas elevadas ou de corrosso ambiental Finalmente, um aspecto que provavelmente supera em importincia aos outros ros citados 6 a questdo econémica. Quanto custard o produto final 2 material é ‘encontrado com facilidade na natureza’? E também em quantidades adequadas para atender a demanda comercial ? Seu processamento é complexo ou simples 2. Muitas ‘vezes um material pode ser encontrado com um elenco ideal de propriedades, fentrelanto, 0 seu custo é proibitivo. Mas uma vez. ¢ inevitével adotar uma solugao de compromisso entre os diversos requisites. 1,5-CLASSIFICAGAO DOS MATERIAL Existe uma imensa variedade de materiais e sob o ponto de vista de suas aplicagdes na Engenharia _podem ser classificadas de varios modos. (Os materiais podem ser agrupados segundo o seu estado de agregagto, assim tem-se ‘os materiais no estado gasoso, liquide e sélido. A Ciéncia pesquisa atualmente outros estados de agregagiio dos materiais tais como 0 “plasma” e a “matéria condensada” Os materiais podem ser de origem natural ou sintétiea ¢ também podem ser de natureza inorgdnica ou orgdnica. (Os materiais inorgdnicos compoem a maior parte da crosta teragtre. So encontrados nas rochas ¢ constituidos de metais ¢ seus derivados, 6xi iroxidos, sulfetos, silicatos, cloretos etc. Isto é, pertencem ao denominado reifo Mineral. ncluem ainda ‘compostos de todos elementos, com exceso do carbono cm \ubstincias organicas. ‘Os materiais orgénicos compreendem a grande parte dos produtos renovaveis, pertencentes aos reinos Animal e Vegetal. Todos contém carbono hidrogénio, podendo apresentar também em sua composi¢do atomos de oxigénio, nitrogénio, tenxofte ou fésforo. Um exemplo desses materiais © dos mais antigos é a madeira. ‘Aos materials naturals 0 homem acrescentou uma grands diversidade de outros produtos , destacando-se entre eles os pollmeros sintéticos, cuja caracteristica principal & apresentarem pesos moleculares elevados. Os polimeros so produtos rgdnicos, para os quais a matéria prima principal 0 petréleo. Sn Le OH EOOOHLOO44444ORHEOEOAEE MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 1.6- ASPECTOS DE QUALITATIVOSS E QUANTITATIVOS DAS P ROPRIEDADES © conhecimento cientifico de uma propriedade, ou seja, 0 conhecimento cientifico da reapio que o material apresenta quando solicitado por um estimulo extemo, pode ser de natureza qualitativa ou quantitative, © primeiro resulta de tepresentagdes ‘esqueméticas que ajudam 0 observador a determinar previamente quais as variaveis ue podem ser controladas. Como exemplo considere-se a informag2o qualitativa de que a resistividade dos metais condutores aumenta com a temperatura., ou seja, limita-se a uma descrigfo fendmenolégica da propriedade e dos fatores nela rvenientes. Por outro lado 0 conhecimento cientifico quantificado , como o préprio nome diz, mede os resultados produzidos pela reagio do material ao estimulo cextero, este também devidamente mensurado. A propriedade € assim caracterizada por um nimero, que & expresso mediante um “sistema de unidades”, bem definido e tuniversalmente aceito, némero este obtido por meio de procedimentos ou processos de medigdo devidamente “normalizados”, os quais parametrizam a ago dos fatores extemos varidveis que podem influenciar a quantificagao do conhecimento. ‘Adotar procedimentos ou processos normalizados significa dizer que as medigSes da propriedade devem obedecer a um conjunto padronizado de operagies © usar instramentos de medi¢do devidamente aferidos. Esses procedimentos assim padronizados constituem a origem das normas. AS normas so acordos documentados que contém especificagdes técnicas ou outros critérios precisos destinades « ser utilizades de forma sistemitica, tanto sob formas de regras, diretrizes ou definicdo de caracteristicas para assegurar que os materiais, produtos, processus e servicos sito aptos para seu emprego adequado e confidvel. ‘A idéia de medir esté intrinsecamente associada as atividades do engenheiro. Pitdgoras, famoso matematico que viveu alguns séculos antes de Cristo, dizia que os “ndmeros regem o mundo”. Lord Kelvin dé também uma mensagem muito importante sobre a quantificagiio dos fendmenos observados pelo homem: “Quando podemos medir alguna cousa de que falamos e podemos expressa-ta em mimeros nds sabemos algo sobre ela; mas quando ndo podemos expressa-ta em ‘mimeras, nosso conhecimento um conkecimento pobre e insuficiente © conhecimento cientifico quantificado das propriedades dos materiaié possibilita seleciona-los de forma correta e adequada, ou seja, permite a escolha criteriosa de materiais de BOA QUALIDADE. Nos dias atuais, de economia globalizada fortemente competitiva valoriza-se muito a “qualidade” dos materiis, entendendo-se como tal esse atributo ou condiggo dos materiis que os distingue de outros e Ihes determina uma ceracteristica peculiar mais valiosa.. Por este conceito acima expresso a qualidade parece ser, a primeira vista, uma idéia Yaga, se 0 processo de sua avaliagao permanecer no campo puramente qualitativo, ou seja, no cxpressar-se quantitativamente por melos de ntimeros, como ¢ recomendado por Lord Kelvin, Pode-se afirmar que a METROLOGIA, consituida pelos sistemas de ur fs tmetricas, reconhecidos universalmente, tais como o Sistema Internacional SI, sistema CGS ete, em conjunto com « NORMALIZACAO, constituida por sta ¥ MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA — VOL 1 pelo conjunto de normas, técnicas intemacionais e nacionais, formam um “continuum” que desdgua na caracterizagio da QUALIDADE. METROLOGIAs—— NORMALIZACAO Z QUALIDADE, ‘Nio pode haver qualidade sem normalizagéo ¢ esta para sua aplicaglo, depende de medigSes com instrumentos aferidos adequadamente ¢ da expressio das grandezas medidas, segundo um sistema metrolgico universalmente consagrado, Tem-se . portanto, a METROLOGIA como base, a NORMALIZAGAO como referéncia © @ QUALIDADE como fim. O niimero que mede, ou seja, 0 ntimoro tetrico, & 0 fundamento de todos 0s conhecimentos cientificas ¢ técnicos © veio transformar a QUALIDADE ~ uma idéia relativamente vaga - em QUANTIDADE, ‘uma idéia precisa. 1.7- RELEVANCIA DA METROLOGIA. E preciso frisar que a metrologia ndo se preocupa tio somente com uso adequado de sistemas de unidades padronizadas © reconhecidas, mas também com a aferigo © calibragio dos instrumentos de medigfo utilizados nos provessos produtivos ¢ comerciais. Para tal mister existe no Brasil uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Indistria , do Comércio ¢ do Turismo, denominada INMETRO ~ Instituto Nacional de Metrologia, Normalizagio ¢ Qualidade Industrial que atua como érezo executive do Conselho Nacional de Metrologia, Normalizagdo ¢ Qualidade Industral ~ CONMETRO, colegiado este que € drgio normative do Sistema Nacional de Metrologia, Normalizacto e Qualidade Industrial - SINMETRO. Esta estrutura fol crlada pelo Governo Federal pela Lei n. 5966 de 11/11/1973, cabendo a0 INMETRO substtuir 0 entdo Instituto Nacional de Pesos e Medidas — INPM e ampliar seu raio de ago a servigo da sociedade brasileira. Historicamente, desde o Primeiro Império, 0 pals preocupou-se com a uniformizagso das medidas brasileiras, que eram na época numerosas e confusas, sendo, portato, causadoras de transtomos comerciais prejutzos financeiros. Mas apenas em 1862, D Pedro TL promulgava a Lei Imperial n. 1137 e com ela oficializava, em todo terrt6rio nacional , o sistema métrico decimal francés, tendo sido o Brasil uma das primeiras nnagBes a adotar 0 novo sistema decimal, que seria paulatinamente utilizado em todo o mundo. Em 1961, com a criag%o do Instituto Nacional de Pesos e Medidas - INPM, jé mencionado anteriormente, foi implantado no pais o Sistema Nacional de Unidades ‘em todo territério nacional. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA VOL 1 1.8- A NORMALIZACAO NO BRASIL E OS ORGAOS INTERNACIONAIS No Brasil conjunto de Normas Técnicas para as engenharias € coordenado e claborado pela “Associngao Brasileira de Normas Técnicas- ABNT™ A.ABNT € uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e reconhecida bito nacional como intemacional, sendo a representante no Brasil da IEC ¢ da ISO, ‘Tabalhos de elaboragdo das normas técnicas s8o realizados por meio de Comités, Nestes Comités so reunidos diversos profissionais de cada setor especifice de renomada experiéncia técnica. A ABNT jétem no seu acervo mais de 7500 Normas Técnicas. A obediéncia rigorosa as Nonnas Técnicas ¢, sem sombra de dividas, o aval mais valioso do engerhoire para sssegurar, tanto a qualidade dos materiais como dos produtos © DAS obras resultant. A nalureza das normas da ABNT pode ser identifcada por mieio das siglas que precedem a sua numeragto: —[Classificagio NB |Procedimento Especificagio PB |Padronizagao Método, SB_|Simbologia Terminologia Convém anotar que nas normas INMETRO (precedido pelas let foi registada na ABNT. Dente os diversos Comités da ABNT, 0 de n.03, trata especificamente dos assuntos relacionados com a érea da Engenharia Elétrica Observa-se que as Normas Técnicas da drea clétrica so fortemente jn hormas européias, especialmente nas normas da Intern ABNT, além do nimero de registro da norma no tras NBR), também consta o ndmero com que a norma rganiza¢do mundial que elabora e publica pezinas internacionais para tudo aquilo que é tratado pela eletrotéenica . eletroniee ¢ do fomentar 0 desenvolvi Conexas no mundo, tendo em vista a facilitagto do comérc as nagdes, bem como desenvolver a cooperagio nos dor tecnico e econdmico, de bens e servigos entre ios intelectual, cientifico, MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA — VOL 1 ‘Outros paises possuem também Srgiios de normalizagio que sio influentes no ccontexto internacional, tais como: - ‘ANSI- American National Stendards Insitute. - ASTM- American Society for Testing Materials yor NEC- National Electrical Code ve & DIN- Deutsches Institut fr Normung 3 AFNOR- Associ Frangaise de Normalisation ¥ BSI- British Standards Institute . GOST- Russia - VDE- Alemanha * IRAM- pilus Arent de. omen de Materiales ay . COPANT — Corncss2d Pane Prrertcana 60 VS ’ MN = AesOecd ctor Percy, Adbrerint Faces 4 or 1.9-cICLO DOS MATERIAIS. * °° ~ Le. Mar make pois, Mower Eewepein, Lt VOIm Teen uy (Os materiais consumidos pela humanidade podem ser visualizados como fluindo num. vasto ciclo de materiais, ou seja, poucos sfo 0s materiais que podem ser usados no seu estado natural ou bruto. Na sua grande maioria eles sio elaborados, ow seja, submetidos a diversos processos de transformagées fisicas © quimicas que 0 ‘conduzem a sua forma final de uso. Assim as diversas etapas do processamento sto: Estado bruto [So extraidos da terra por meio de rocessos de mineraco. perfuracio, exploragio et. Exemplos: petréleo, metais. Extragdo das ervores nas florestas ete Estado bruto intermediario (Os materiais so convertidos em) materiais BASE, ou seja,| beneficiados. (Os metais por processos metalingicos so transformados em lingotes; 0 ppetr6leo em produtos petroquimicos (naftay; em madeira serrada; em ipedras compostas etc. Materials de engenharia (Os lingotes de metal alumiinio so transformados em fios isolados com [produtos potiméricos derivados do petréleo; @ madeira € transformada| em madeira compensada; os produtos petroquimicos sfo transformados em componentes plisticos etc "Uiilizagio como produto final Ultimo estégio & a aua utilizagio nos equipamentos, méquinas, dispositivos etc. -MATERIAIS DE ENGENHARIA FLETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA VOL 1 A capacidade de produgio dos materiais ¢ estreitamente ligada aos recursos naturais © as possibilidades de reciclagem dos residuos. Nos dias atuais a acumulagao de equipamentos ¢ de bens de consumo ¢ acompanhada de um excess0 localizado de ‘materiais usados (sucatas). Apés seu desempenbo a servigo do homem, os matcriais fetomam como sucata ou sob a forma de residuos e percorrem 0 caminho de volta a terra, ou se vidvel penetram no denominado “cielo de reprocessamento”. Exemplos significativos sto exibidos pelo aluminio, ferro, cobre, vidro, papel etc. H4, portanto, um sistema global de transformagdo regenerativa. A recupera¢do para os polimeros orginicos é mais dificil em face de sua estrutura quimica ser mais complexa Neste ciclo existe uma forte interagao entre @ matéria, a energia envolvi Processos e 0 meio ambiente. MATERIA. >| ENERGIA MEIO AMBIENTE Po Esses trés elementos nfo podem ser desassociados, particularmente nos dias de hoje quando a qualidade do espago vital & muito questionada pelos ambientalistas.. Muitos dos materiais que usamos sio derivados de fontes niio renovaveis, isto &, de recursos impossiveis de serem regenerados. Nestes incluem-se 05 polimeros, para os quais a matéria prima bisica € 0 petnileo. Estes recursos esto se tomando aradualmente escassos, o que demandaré as seguintes providencias: 4) Descoberta de novas reservas adicionais; b) © desenvolvimento de novos materisis que possuam —propriedades comparéveis, porém apresente impacto ambiental menos adverso; ©) Maiores esforgos de reciclagem e/ou o desenvolvimento de novas teenologias de reciclagem. Como decorréncia desse quadto esté se tomando cada vez mais importante considerar © ciclo de vida dos materiais “desde 0 bergo até o seu timulo”, em relagéo ao seu processo global de fabricacto. Na Fig, 1.3 € apresentado um diagrama descrevendo o ciclo dos matetiais, com as suas maliplas fases de transformagées sucessivas, que vlo da exploragio dos recursos naturais até a formagdo dos residuos. Uma gestio dtima deste ciclo & muito dificil de se realizar na pritica. 1.10 - RECURSOS E RESERVAS DE MATERIAIS Os recursos de um elemento quimico sfo constituldos pela quantidade deste elemento disponivel na crosta terrestre, nos oceanos e na atmosfera e que podem ser extrafdos no futur. Para calcular os recursos de um elemento deve-se ter em conta a sua concentraszo ‘media na crosta terrestre até uma profundidade relativamente baixa, ou seja, 1 km de rofundidade. Esta porgdo limitada da crosta terrestre corresponde a uma massa de MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL cerca de 10 ton. A concentragio media dos elementos quitmicos na crosta terrestre & geralmente muito baixa para que os trabalhos de extragio ¢ obtengdo da maioria dos metais sejam rentéveis, Somente as jazidas, ou seja, somente nas zonas onde a concentragto de um mineral € importante, valem a pena ser exploradas comercialmente. AA parte dos recursos que é atualmente susceptivel de ser explorada economicamente & ‘denominada de reserva. As reservas s0. muito menores que os recursos © o limite ‘entre os dois € determinado pelo conjunto de fatores econémicos ¢ tecnol6gicos relacionados com a sua exploragdo. Eles variam ao longo do tempo ¢ dependem igualmente das estratégins econdmicas praticadas pelos paises possuidores dessas riquezas e dos grandes grupos industriais, DISTRIBUICAO PORCENTUAL DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS NA CROSTA TERRESTRE, NOS OCEANOS E ATMOSFERA Cresta Continental ‘Oeeanos, “Rimosters ‘(dkm) Massa de 10” Massa 10" ton Massa de 10" ton Oxighnio 47% Niropiaio 79% Silke 7% Hidrogtata 10% Onigéaio 19% ‘Aluminio 376 ‘Argénio 2%: Ferra 5% Calcio 4% Sodio 3% Pottssio 3%, Magnesto 276 7 Titanio 04% Dados extaidos & Ivo “Tniodueton Ia Science des Wairiant” de Wied Karz, Jean P. Meicier& Giaké Zambel Presses Polytechniquset Universes Romaine Suse. De acordo com a tabela acima, nove elementos quimicos compoem 99.4% da massa da crosia terrestre. Entre eles en -se dois metais muito importantes: 0 ferro ¢ 0 aluminio que sfo atualmente pfoduzidos cm larga escala. A concentragao média dos outros metais da crosta terrestfe e.__que)nio figuram na tabela ¢ inferior a 0,01%, ow seja, inferior a 100 g/ton. E 0 caso do-eobre que é, entretanto, produzido numa escala pproxima a do aluminio. A costa terrestre € composta, em cerca de 96% de seu volume, por éxidos que constituem recursos inesgotiveis para a fabricagio de produtos cerimicos. Os polimeros orginicos sto claborados a partit do carbono ¢ de hidrocarbonetos que ‘constituem igualmente de recursos muito extensos. A extragio ¢ a fabricagdo de produtos exigem uma enorme quantidade de energia, decorrendo dai que 0 prego dos materiais € fortemente dependente do custo da ‘energia. Do ponto de vista energético, os materiais organicos sto particularmente favorecidos, pois a energia necesséria @ sua sfntese (conteddo enengético intrinseco) ¢ 20 seu processamento € muito menor do que aquela necesséria & obtenglo © fabricagao dos metais e dos produtos cerémicos. Certos metais, como por exemplo, 0 aluminio, em particular, é consumidor intensivo de energia elétrica. Para se obter um kg de aluminio consome-se cerca de 13,4 kWh de energia elétrica. O crescimento da demanda pelos metais vem sendo contido pela sua substituigdo por materiais ‘orgfnicos em face de razses relacionadas com o custo da energia. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 CICLO DOS MATERIAIS Fig. 1 CONCEITOS CHAVES Desempenho do material Estrutura do material Metrologia ‘Normalizagio ‘Normas Técnicas da ABNT Normas IEC ¢ 180 Propriedade do material Processamento do material Qualidade Recursos ¢ reservas MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF, AELFO MARQUES LUNA = VOL 1 UM EXEMPLO DA MULTIPLICIDADE DOS MATERIAIS NO CAMPO DA. ENGENHARIA ELETRICA, Os materiais so frequlentemente caracterizados por suas funges ou suas propriedades mais tipicas: materiais de alta resisténcia mecdnica, condutores elétricos, imas permanentes etc. Para melhor conhecer as fungSes miltiplas que devem possuir os materia, observe-se a composigo de uma linha eléirica de alta tenso(foto acim. © cabo que deve transmitir a corrente elétrica deve ser um bom condutor de eletricidade. Como a tensfo elétrica € muita clevada, suspendem-se os cabos acima do solo (dai a expressdo inglesa muito usada “overyhead ines”) ¢ usa-se 0 ar como isolante, justificando assim a existéncia das torres de sustentagéo da linha. Para © numero de torres, © cabo condutor deve ser leve € bastante resistente & ruptura. Sabe-se que'os melhores condutores elétricos so os metais no estado puro: 0 cobre € 0 aluminio preenchem este ultimo requisito, entretanto, 0 aluminio no apresenta uma resistencia mecinica satisfatéria, Entdo € preciso usar um cabo condutor eomposto de varios matcriais. A alma do cabo € constituida de fios de ego muito resistentes as solicitagdes mecdnicas elevadas, mas caracterizados por uma condutividade elétrica fraca. A transmissio da energia eléttica ¢ predominantemente pelos fios de aluminio dispostos em volta da alma de ago do cabo, pois este apresenta uma condutividade bem maior que 0 ago. AAs torres sto fabricadas de ago para poder resist a tragdo dos cabos condutores, que nelas so suspensas e tensionados. O ago deve ser protegido contra a corrosio por meio de uma pintura protetora de natureza polimérica, ou por um revestimento metalico, como por exemplo, de zinco, a qual confere ao ago una melhor resistencia 0s ata sf, Tal processo de protecdo denomina-se “zincagem a quente” -owBalvanizagao”, ~~ Elementos isolantes so necess&ti05 para fixar 05 cabos condutores no alto das torres metalicas. Esta importante fungdo ¢ cumprida por meio dos isoladores feitos em | porcelana, que ¢ um material cerdimico. Podem ser usados isoladores de vidro,“como alternativa aos de porcelana. O concreto, que ¢ outro material cerimico, também ¢ usado nas fundages das torres. Acrescente-se ainda toda uma miscelénea de ferragens galvanizadas para efetuar as conexées entre os cabos € os isoladores ¢ destes com as estruturas de sustentagio. Conclusao: quase uma dezena de materiais é necessdria para a construgo de uma linha de transmissao de alta tensao. A combinagio eriteriosa de suas propriedades permite estabelecer um sistema funcional adequado aos propésitos do projeto. ‘Trata- ‘se evidentemente de um cxemplo pouco complexo, entretanto, mostra que toda realizagdo técnica coloca geralmente cm jogo um numero significative de materiai ‘cujas propriedades devem ser combinadas judiciosamente. Ri RR RRR REE RE EEE EERE BEE EEE EEOEEEEEEEEEERERAAABEERED MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA — VOL 1 CAPITULO IT ESTRUTURA ATOMICA E LIGACOES INTERATOMICAS Uma razio importante para se ter uma compreensio da estrutura e das ligasdes interatomicas se deve ao fato de que ela permite explicar as propriedades de um material, Por exemplo, 0 earbono, que pode existir tanto na forma de grafite como na forme de diamante, Enquanto, o grafite ¢ relativamente macio “como graxa” ao tato, o diamante € 0 mais duro material conheeido. A matéria com a qual é feito 0 mundo composta de particulas discretas, de dimensdes submicroscépicas e onde as leis de Comportamento sio descritas pelas teorias atBmicas. Os estados de organizagio da matéria sto muito variados, desde a desordem completa dos dtomos nos gases até a ordem ditatorial, quase perfeita dos stomos num monocristal, 2.1- ESTRUTURA DA MATERIA ~ BREVE HISTORICO. A curiosidade do homem sobre a constituigdo da matéria € muito antiga, remonta aos [lsofos gregos que defendiam a tese de que a matéria nfo é continua e sim composta de Pequenas particulas indivisiveis chamadas dtomos (palavra grega que significa no divisive), Esta teoria € devida ao filésofo Demécrito que viveu quatrocentos anos antes de Cristo prevaleceu por mais de 20 séculos, até as chamadas leis ponderais de John Dalton (1805), que afirmavam: 8) A matéria é constituda de pequenas particulas chamadas de étomos; b) 0 tomo ¢ indivisivel e sua massa e seu tamanho é caracteristico para cada elemento quimico; ©) Os compostos sto formados de atomos de diferentes elementos quimicos. Em 1811 Amedeo Avogadro, completou a teoria atémica de Dalton, criando o conceito de molécula e em 1883 Lord Kelvin fez. a primeira estimativa do tamanho dos Atomos ¢ moléculas, cerca de 10° cm. A essas teorias segui-se uma fascinante histéria de modelos descobertas sobre a intimidade da matéria a qual vale a pena fazer uma breve retrospectiva. J. Thomson, em 1897, descobre experimentalmente que o étomo éra composto de Particulas com carga elétrica positiva, chamada depois de protons e de particulas carregadas hegativamente, as quais ele deu o nome de elétrons. Este titesmo J.J. Thomson, induzido por Lord Kelvin, formulou, em 1904, um modelo que deserevia o atomo como uma esfera de eletricidade positiva © no seu interior estavam distribuida os elétrons, Como a matéria ; via de regra, é eletricamente neutra, considerou-se que a carga elétrica dos prétons e dos elétrons devia ser a mesma a fim de se cancelarem, 13 +B 4 Ee=energia final £ hh =constante de Planck (6,5262 x 10° Js) e v a freqléncia da radiagdo. "Uw'>") y yet MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 Entretanto, em 1911 este modelo foi derrubado pelas experiéncias de Emest Rutherford com 0 espalhamento de particulas alfa (niicleos de hélio) quando bombardeava laminas finas de varios materials. Rutherford propos assim um novo modelo, no qual a carga elétrica positiva estava concentrada numa regigo central do dtomo , muito pequena, chamada de nicleo , ¢ os elétrons girariam em torno do niicleo, atraidos eletricamente. Um a a X | modelo bastante similar ao sistema planetirio. Veja a Fig. 2.1 (a). Contudo este novo modelo de Rutherford apresentava uma séria dificuldade: se os elétrons giravam em toro do niicleo, de acordo com a teoria classica do magnetismo, irradiavam energia sob forma de ondas eletromagnéticas; assim sendo os elétrons perderiam energia / neste movimento de rotagao e se precipitariam sobre o niicleo do tomo. Veja a Fig. 2.1(b). ‘A resposta para este impasse foi concebida por Niels Bohr (1913) quando afirmou que os elétrons de um dtomo sé podem mover-se em determinadas drbitas ao redor do nticleo, sem absorverem, nem emitirem energia. Segundo Bohr 0 numero dessas érbitas podia ser até 7 (para dtomos maiores) ¢ receberam 0 nome de “niveis ou camadas eletronicas” i 5 Ae] S 7 seio0 earegaco e eF pesivamente se @ ©) Fig, 21 (4) Model do dtomo de Rutherford. (6) 0 eron_preciptndos sobre o nileo do domo, (Adaptado do livro de Angelo Fernando Ps Edt. Hemus~ SP). ““Materiais de Engenharia - Microestrutura e Propriedades” Foram designadas a partir do ndcleo pelas letras K.L,M,N,O,P € Q. Niels Bohr também afirmava, em um segundo postulado, que um elétron pode passar de um nivel para outro, bastando para tanto o fornecimento de energia (por exemplo calor) para que um ou mais elétrons absorvam esta energia passando para estagios encrgéticos mais elevados. Se o tomo adquire energia suficiente, o elétron pode até separar-se do tomo, ficando este ionizado. Em caso contrario, se 0 elétron passa de uma érbita de maior energia para uma de menor energia, como decorréncia deste movimento 0 elétron emitird radiago, A energia radiante emitida ou absorvida surgira como um féton, de freqligncia v, de acordo com a equacio: -Er=hv (2.1) energia inicial “vee aod ye Oe

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