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CONSTITUICAO DE 21 DE AGOSTO DE 1911 A Assembleia Nacional Constituinte, tendo sancionado, por unanimidade, na sessiv de 19 de Junho de 1911, a Revolugdo de 5 de Outubro de 1910, ¢ afirmando a sua confianga inquebrantavel nos superiores destinos da Patria, dentro de um regime de liberdade ¢ justica, estatui, decreta ¢ promulga, em nome da Nagio, a seguinte Constituigio Politica da Repiblica Portuguesa: TITULO I DA FORMA DO GOVERNO E DO TERRITORIO DA NACGAO PORTUGUESA ARTIGO 1° A Nagiio Portuguesa, organizada em Estado Unitirio, adopta como forma de governo a Republica, nos termos desta Constituigao. ARTIGO 2° O territério da Nag&io Portuguesa é 0 existente a data da pro- clamagdo da Republica. § tnico — A Nagao nio renuncia aos direitos que tenha ou possa vir a ter sobre outro qualquer territério. TITULO IL DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS ARTIGO 3.° A Constituigdo garante a portugueses e estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade dos direitos concernentes 4 liberdade, A seguranga individual e & propriedade, nos termos seguintes: 1.© ~ Ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude da Ici: 2.9—A lei é igual para todos, mas sé obriga aquela que for promulgada nos termos desta Constituicio; 3.°— A Repablica Portuguesa ndo admite privilégio de nasci- mento, nem foros de nobreza, extingue os titulos nobiliérquicos ¢ de conselho ¢ bem assim as ordens honorificas, com todas as suas prer- rogativas ¢ regalias. Os efeitos civicos e os actos militares podem ser galardoados com diplomas especiais. Nenhum cidadéo portugués pode aceitar condecoragdes estrangeiras; 4.°-— A liberdade de consciéncia ¢ de crenga é inviolavel; 5. — O Estado reconheve a igualdade politica ¢ civil de todos os cultos ¢ garante o seu exercicio nos limites compativeis com a ordem publica, as leis e os bons costumes, desde que nao ofendam os principios do direito publico portugues; 6.°— Ninguém pode ser perseguido por motivo de religifio, nem perguntado por autoridade alguma acerca da que professa; 7.° — Ninguém pode, por motivo de opinido religiosa, ser pri- vade dum direito ou isentar:se do cumprimento de qualquer dever civie 8.° —E livre o culto piblico de qualquer religiio nas casas para isso escolhidas ou destinadas pelos respectivos crentes, ¢ que poderio sempre tomar forma exterior de templo; mas, no interesse da ordem publica ¢ da liberdade ¢ seguranga dos cidadaos, uma lei especial fixard as condigdes do seu exercicio; 9.°— Os cemitérios ptblicos terao cardcter secular, ficando livre a todos os cultos religiosos a pratica dos respectivos ritos, desde que ndo ofendam a moral piblica, os principios do direito ptiblico portugues e a lei; 10.° — O ensino ministrado nos estabelecimentos publicos ¢ particulares fiscalizados pelo Estado sera neutro em matéria religiosa; 11.9 — O ensino primario elementar sera obrigatério e gratuito; 12.9 — f mantida a legislagdo em vigor que extinguiu ¢ dissol- yeu em Portugal a Companhia de Jesus, as sociedades nela filiadas, qualquer que seja a sua denominagao, c todas as congregacées reli- giosas e ordens monisticas, que jamais serfio admitidas em territé- rio portugués; : 13.° — A expresso do pensamento, seja qual for a sua forma, é completamente livre, sem dependéncia de caugHo, ccnsura ou autorizagdo prévia, mas o abuso deste direito é punivel nos casos ¢ pela forma que a lei determinar; 14.° — O dircito de reunidio ¢ associagao é livre. Leis especiais determinar&io a forma e condigées do seu exercic 15.° —E garantida a inviolabidade do domicilio, De noite ¢ sem conscntimento do cidadao, 86 se podera entrar na casa deste a reclamagio feita de dentro, ou para acudir a vitimas de crimes ou desastres; de dia, s6 nos casos e pela forma que a lei determinar; 16.° — Ninguém podera ser preso sem culpa formada a nao ser nos casos da flagrante delito e nos seguintes: alta traigdo, falsifica~ cio de moeda, de notas de bancos ¢ titulos da divida piblica portu- guesa, homicidio voluntario, furto doméstico, raubo, faléncia frandulenta ¢ fogo posto: 17.9 — Ninguém seri conduzido & prisfio ou nela conservado, estando jd preso, se se oferecer a prestar caucdo idénea ou termo de residéncia, nos casos em que a lei os admitir; 18.0 — A excepgio do flagrante delito, a prisio no podera executar-se sendo por ordem escrita da autoridade competente ¢ em conformidade com a expressa disposi¢ao da lei; 19,° — Nao havera prisio por falta de pagamento de custas ou sclos 20.° — A instruc&o dos feitos crimes seré contraditoria, assegu- rando aos arguidos, antes ¢ depois da formacio da culpa, todas as garantias de defesa; 21.° — Ninguém sera sentenciado senao pela autoridade com- petente, por virtude de lei anterior e na forma por cla prescrita. 22.0 Em nenhum caso poder ser estabelecida a pena de morte, nem as penas corporais perpétuas ou de duragGo ilimitada; 23.°— Nenhuma pena passard da pessoa do delinqucnte. Por- tanto, nfo haveré em caso algum confiscagdo de bens, nem a inffai- mia do réu se transmitird aos parentes, em qualquer grau; 24.° — 6 assegurado, exclusivamente em beneficio do conde- nado, o dircito de revisio de todas as sentengas condenatérias; § tinico — Leis especiais determinardo os casos e a forma da revisac 25.0 —E garantido o direito de propriedade, salvo as limita- Ges estabelecidas; 26.° — 6 gurantido o exercicio de todo o género de trabalho, indtistria ¢ comércio, salvo as restri¢Ges da lei por utilidade publica. S86 o Poder Legislativo e os corpos administrativos, nos casos de reconhecida utilidade, poderdo conceder o exclusivo de qualquer exploracdo comercial ou industrial; 27.9 —Ninguém € obrigado a pagar contribuigdes que nfo tenham sido votadas pelo Poder Legislativo ou pelos corpos admi- nistrativos, legalmente autorizados a langé-las, e cuja cobranca se nao faga pela forma prescrita na lei; 28.° — O sigilo da correspondéncia é inviolavel; 29.° — E reconhecido o dirdito a assisténcia pitblica; 30.°— Todo © cidad&o poder apresentar aos poderes do Fstado reclamagées, queixas e peti¢des, expor qualquer infracgdo da Constituicfio ¢, sem necessidade de prévia autorizacdio, requerer perante a autoridade competente a efectiva responsabilidade dos infractores; 31.° — Dar-se-A 0 habeas corpus sempre que o individuo sofrer ou se encontrar em iminente perigo de sofrer violéncia, ov coacgao, por ilegalidade, ou abuso de poder. . A garantia do Aubeas corpus sé se suspende nos casos de estado de sitio por sedicZo, conspiragdo, rebelidio ou invaséio estrangeira. Uma lei especial regulard a extensdo desta garantia € 0 seu processo; 32.°-- A qualquer empregado do Estado, de corpos adminis- irativos ou de companhias que tenham contratos com o Estado, € garantido 0 scu emprego, com os dircitos a ele inerentes, durante 0 servigo militar a que for obrigado; 33.0 — O estado civil e os respectivos registos so da exclusiva competéncia da autoridade civil; 34.9 — Se alguma sentenca criminal for executada, e vier a provar-se, depois, pelos meios legais competentes, que foi injusta a condenago, teri o condenado, ou os seus herdeiros, o dircito de haver reparagio de perdas e danos, que sera feita pela Fazenda Nacional, precedendo sentenga nos termos da lei; 35,0 — Fora dos casos expressos na lei, ninguém, ainda que em estado normal das suas faculdades mentais, pode ser privado da sua liberdade pessoal, sem que preceda autorizagiio judicial, salvo caso de urgencia devidamente comprovado e requerenda-se imedia- tamente a necessdria confirmagao judicial; 36.° ~- Toda a pessoa internada ou detida num estabelecimento de alienados ou em carcere privado, assim como o seu representante legal e qualquer parente ou amigo, pode, a todo o tempo, requerer ao juiz respective que, procedendo as investigagdes necessiirias, a ponha imediatamente em liberdade, se for caso disso; 37.0 —E Kcito a todos os cidadios resistir a qualquer ordem que infrinja as garantias individuais, se nao estiverem legalmente suspensas; 38.¢ — Nenhum dos Poderes do Estado pode, separada ou con- juntamente, suspender a Constituigdo ou restringir os direitos nela consignados, salvo nos casos na mesma taxativamente expressos. ARTIGO 49 A especificagdo das garantias ¢ direitos expressos na Constitui- Ho nfo exclui outras garantias ¢ direitos ndo enumerados, mas resultantes da forma de governo que ela estabelece ¢ dos principios que consigna ou constam doutras leis. TITULO I DA SOBERANIA E DOS PODERES DO ESTADO ARTIGO 5° A Soberania reside essencialmente na Nacdo. ARTIGO 62 Sao drgios de Soberania Nacional o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judicial independentes e harmdnicos entre si. SECCAQ 1 DO PODER LEGISLATIVO ARTIGO 7.2 © Poder Legislativo € exercido pelo Congreso da Reptiblica, formado por suas Camaras, que se denominam Camara dos Depu- tados ¢ Senado. § 1.°—Os membros do Congresso sto representantes da Nagfo c no dos colégios que os clegem. § 2.° — Ninguém pode ser ao mesmo tempo membro das duas Camaras. § 3.°— Ninguém pode ser Senador com menos de trinta ¢ cinco anos de idade e Deputado com menos de vinte ¢ cinco. ARTIGO 8.9 A CAmara dos Deputados e 0 Senado siio eleitos pelo sufragio directo dos cidadios cleitores. § unico —A organizacio dos colégios eleitorais das duas Camaras e 0 pracesso de eleigdo serdio regutados pelo lei especial. ARTIGO 9° © Senado serd constituido por tantos Senadores quantos resul- tem da eleigdo de trés individuos por cada distrito do continente € das ilhas adjacentes, e de um individuo por cada provincia ultramarina. § unico Para a eleic&io dos Senadores, em cada um dos dis- tritos do continente ¢ ilhas adjacentes, as respectivas listas conterao dois nomes. ARTIGO 10° Para a eleigio da Camara dos Deputados ¢ do Senado, 0s colé- gios eleitorais reunir-se-o por direito préprio se néio forem devida- mente convocados antes de finda a legislatura e no prazo que a lei designar. ARTIGO 11° © Congresso da Repibblica reine, por direito préprio, na capi- tal da nag&o, no dia 2 de Dezembro de cada ano. A sesso legisla- tiva duraré quatro meses, podendo ser prorrogada ou adiada somente por deliberagio propria tomada em sesso conjunta das duas Camaras, Cada legislatura durara trés anos. ARTIGO 12° © Congreso poderé ser convocado extraordinariamente pela quarta parte dos seus membros ou pelo Poder Executivo. ARTIGO 13. As duas CAmaras, cujas sess6es de abertura ¢ encerramento serio nos mesmos dias, funcionardo separadamente ¢ em sessdes piiblicas, salvo deliberacdo em contrario. As deliberagdes serio tomadas por maioria de votos, achando- se presente, em cada uma das Camaras, a maioria absoluta dos seus membros, § nico — A cada uma das Camaras compete verificar e reco- nhecer os poderes dos seus membros, eleger a sua Mesa, organizar 0 seu Regimento interno, regular a sua policia e nomear os seus empregados. ARTIGO 14° As sessées conjuntas das duas Camaras serdo presididas pelo mais velho dos seus Presidentes. ARTIGO 152 Os Deputados ¢ Senadores sdo inviolaveis pclas opinides ¢ votos que emitirem no exercicio do seu mandato. O seu voto é livre e independente de quaisquer insinuagées ou instrugdes. ARTIGO 16.° Durante o exercicio das fungSes legisiativas, nenhum membro do Congresso poder scr jurado, perito ou testemunha, sem autori- zagio da respectiva Camara. ARTIGO 17° Nenhum Deputado ou Senador poderd ser ou estar preso, durante 0 periodo das sess6es, sem prévia licenga da sua CAmara, excepto em flagrante delito a que seja aplicivel pena maior ou equi- valente na escala penal. ARTIGO 18. Se algum Deputado ou Senador for processado criminalmente, “levado o processo até a proniincia, o juiz comunicé-la-é A respectiva Camara, a qual decidird se 0 Deputado ou Senador deve ser sus- penso ¢ se 0 process deve seguir no intervalo das sessdes ou depois de findas as fungdes do arguido. ARTIGO 19 Os membros do Congresso terdo, durante as sessées, um subsi- dio fixado pela Assembleia Nacional Constituinte. ARTIGO 20° Nenhum membro do Congresso, depois de eleito, poder cele-- brar contratos com o Poder Executivo, nem aceitar deste ou de qualquer governo estrangeiro emprego retribuido ou comissio subsidiada. § 1° — Exceptuam-se desta tiltima proibigio: 1.°— As missées diplomaticas; 2.6 — As comissées ou comandos militares e os comissariados da Reptiblica no Ultramar; 3.° — Os cargos de acesso e as promogées legais; 4.° — As nomeagées que por lei sfo feitas pelo Governo, prece- dendo concurso ou sob proposta feita pelas entidades a quem legal- mente caiba fazer indicag4o ou escolha do funciondrio a nomear. § 2.° — Nenhum Deputado ou Senador, poderd, porém, aceitar nomeagdo para as misses, comissdes ov comandos, de que tratam os n.% 1.° ¢ 2." do pardgrafo antecedente, sem licenga da respectiva Camara, quando da aceitagio resultar privacdo de exercicio das fungdes legislativas, salvo nos casos de guerra ou naqueles em que a honra e integridade da Nag&o se acharem empenhadas. ARTIGO 21° Nenhum Deputado ou Senador poderd servir lugares nos con- selhos administrativos, gerentes ou fiscais de empresas ou socieda- des constitufdas por contrato ou concessio especial do Estado ou que deste hajam privilégio n&o conferido por lei genérica, subsidio ‘ou garantia de rendimento (salvo 0 que, por delegagdo do Governo, representar nelas os interesses do Estado) ¢ outrossim no poderd ser concessionario, contratador ou sécio de firmas contratadoras de concessées, arrematagées ou empreitadas de obras pitblicas e opera- gées financeiras com o Estado. § winico — A inobservancia dos preceitos contidos neste artigo ‘ou no antecedente importa, de pleno direito, perda do mandato e anulacdo dos actos € contratos neles referidos. DA CAMARA DOS DEPUTADOS ARTIGO 22° Os Deputados séo eleitos por trés anos. § winico —O Deputado eleito para preencher alguma vaga ocorrida por morte ou qualquer outra causa s6 exercerd o mandato durante o resto da legislatura. ARTIGO 23° £ privativa da Camara dos Deputados a iniciativa: a) Sobre impostos; b) Sobre organizagao das forgas de terra ¢ mar; ¢) Sobre a discussio das propostas feitas pelo Poder Executivo; @) Sobre a pronincia dos membros do Poder Executivo, por crimes de responsabilidades praticados nessa qualidade de acordo com disposto na presente Constituicao; e) Sobre @ revisio da Constituicio; f) Sobre a prorrogac&o e o adiamento da sessdo legislativa. DO SENADO ARTIGO 24° Os Senadores sfio eleitos por seis anos. Todas as vezes que houver de se proceder a eleig6es gerais de Deputadas, 0 Senado sera renovado em metade dos seus membros. § 1.°— Para a primeira renovagio do Senado, assim consti. tuido, decidir a sorte sobre os distritos e provincias ultramarinas cujos representantes devam sair, e nas subsequentes a antiguidade da eleicao. § 2.° — O Senador eleito para preencher algume vaga ocorrida por morte ou qualquer outra causa exercer4 0 mandato pelo tempo que restava ao substituido. ARTIGO 25.2 Ao Senado compete privativamente aprovar ou rejeitar, por votagao secreta, as propostas de nomeagio dos governadores ¢ comiss4rios da Republica para as provincias do ultramar. § Gnico — Estando encerrado 0 Congresso, o Poder Executivo 86 poderd fazer, a titulo provisério, as riomeagées de que trata este artigo, DAS ATRIBUICOES DO CONGRESSO DA REPUBLICA ARTIGO 26. Compete privativamente ao Congreso ‘da Repibblica: 1° — Fazer leis, interproté-las, suspendé-las ¢ revoga-las; 2,9 — Velar peta observancia da Constituigao ¢ das leis ¢ pro- mover 0 bem geral da Nagao; 3.°— Orcar a receita ¢ fixar a despesa da Reptblica, anual- mente, tomar as contas da receita ¢ despesa de cada exercicio finan- ceiro e votar anualmente os impostos: 4.°— Autorizar 0 Poder Executivo a realizar empréstimos € outras operagtes de crédito, que no sejam de divida flutuante, esta- belecendo ou aprovando previamente as condigdes gerais em que devem ser feitos; 5.9 — Regular 0 pagamento da divida interna ¢ externa; 6.9 — Resolver sobre a organizagdo da defesa nacional; 7.9 — Criar suprimir empregos pitblicos, fixar as atribuicdes dos respectivos empregados e estipular-Ihes os vencimentos; 8.° — Criar ¢ suprimir alfandegas; 9.° — Determinar 0 peso, 0 valor a inscrigfo, 0 tipo ¢ a deno- minagao das moedas; 10.° — Fixar o padro dos pesos ¢ medidas; 11.°— Criar bancos de emissao, regular a emissiio bancaria € tributa-la; 12.° — Resolver sobre os limites dos tcrritérios da Nagao; 13.9 — Fixar, nos termos de leis especiais, os limites das divi- sdes administrativas do pais ¢ resolver sobre a sua organizago geral; 14.° — Autorizar o Poder Executivo a fazer a guerra, se nfio couber o recurso a arbitragem ou esta se malograr, salvo caso de agressdo iminente ou efectiva por forcas estrangeiras, c a fazer a paz; 15.° — Resolver definitivamente sobre tratados e convengées; 16.° — Declarar em estado de sitio, com suspensdo total ou parcial das garantias constitucionais, um ou mais pontos do territé- rio nacional, no caso de agressfio iminente ou efectiva por forgas estrangeiras ou no de perturbacéo interna, § 1.9 — Nao estando reunido o Congresso, exercerd esta atri- buigio 0 Poder Executivo. § 2.° — Este, porém, durante o estado de sitio, restringir-se-4, nas medidas de repressdo contra as pessoas, a impor a detengdo em lugar nfo destinado aos réus de crimes comuns. § 3.° — Reunido o Congresso, no prazo de trinta dias, o que poderd ter lugar por direito préprio, o Poder Executivo Ihe relataré motivando-as, as medidas de excepgHo que houverem sido tomadas © por cujo abuso s4o responsdveis as autoridades respectivas. 17,° — Organizar 0 Poder Judicial nos termos da presente Constituigao; 18.9 — Conceder amnistia; 19.° — Eleger 0 Presidente da Repiblica; 20.° — Destituir 0 Presidente da Republica, nos termos desta Constituigio; 21.9 — Deliberar sobre a revisio da Constituigéo antes de decorrido 0 decénia, nos termos do § 1.° do artigo 82.°; 22.0 Regular a administragdo dos bens nacionais; 23.° — Decretar a alienagdo dos bens nacionais; 24.° — Sancionar os regulamentos elaborados para execugiio das leis. § unico — Os regulamentos sem esta sangao consideram-se provisérios. 25.°.— Continuar no exercicio das suas fungées legislativas, depois de terminada a respectiva legislatura, se por algum motivo as eleigdes nao tiverem sido feitas nos prazos constitucionais. § ‘nico — Esta ampliagio de fungées prolongar-se-A até A realizagio das eleicées que devem mandar ao Congresso os seus novos membros, ARTIGO 27.2 ‘As autorizagées concedidas pelo Poder Legislative ao Poder Executive no poderfio ser aproveitadas mais de uma ver. DA INICIATIVA, FORMACAO E PROMULGACAO. DAS LEIS E RESOLUCOES ARTIGO 28° Salvo 0 disposto no artigo 23.°, a iniciativa de todos 0s projec- tos de lei compete indistintivamente a qualquer dos membros do Congresso ou do Poder Executivo. ARTIGO 29.9 projecto de lei adoptado numa das Cimaras seri submetido @ outra; e, se esta 0 aprovar, envid-lo-4 ao Presidente da Reptiblica para que o promulgue como lei. ARTIGO 30.9 A formula da promulgagdo é a seguinte: «Em nome da Nagao, o Congresso da Republica decreta, ¢ eu promulgo, a lei (ou resolu- fo) seguinten. ARTIGO 31° © Presidente da Repiiblica, como chefe do Poder Executivo, promulgaré qualquer projecto de lei dentro do prazo de quinze dias a contar da data em que lhe tenha sido apresentado, O seu silencio, até ao iiltimo dia do referido prazo, equivale A promulgacao da lei. ARTIGO 32° O projecto de lei aprovado numa das Camaras serd enviado & outra, que sobre ele deveré pronunciar-se o mais tardar na sesso legislativa seguinte Aquela em que tenha sido aprovado. Em caso de falta serA promulgado o texto aprovado pela Camara que i projecto. ARTIGO 33.2 © projecto duma Camara, emendado na outra, voltard 4 pri- meira, que se aceitar as emendas, o enviard, assim modificado, ac Presidente da Repablica, para a promulgac&o. Se a Camara iniciadora nfo aprovar as emendas ao projecto, serfio estas, com cle, submetidas & discussdo ¢ votagdo das duas Camaras reunidas em sess%o conjunta, © texto aprovado sera enviado ao Presidente da Republica, que o promulgaré como kei. ARTIGO 34° No caso de rejeig&o pura ¢ simples, por uma das Camaras, do Pprojecto j4 aprovado na outra, proceder-se-d como se o projecto tivesse sofrido emendas em vez de rejei¢io. ARTIGO 35.2 Os projectos definitivamente rejeitados ndo poderdo ser reno- vados na mesma sessio legislativa. SECGAO 11 DO PODER EXECUTIVO ARTIGO 36° O Poder Executivo & exercido pelo Presidente da Repablica ¢ pelos Ministros. ARTIGO 37° © Presidente da Repiblica representa a Nag&o nas relagdes gerais do Estado, tanto internas como externas. DA ELEICAO DO PRESIDENTE DA REPUBLICA ARTIGO 38." A cleigéo do Presidente da Repiblica realizar-se-4 em sessio especial do Congresso, reunido por direito préprio, no 60.° dia ante rior ao termo de cada periodo presidencial. § 1.° — O escrutinio sera secreto ¢ a eleigdo sera por dois tergos dos votos dos membros das duas Camaras do Congresso reunidas em sessfo conjunta, Se nenhum dos candidatos tiver obtido essa maioria, a eleigio continuard, na terceira votagdo, apenas entre os dois mais votados sendo finalmente eleito o que tiver maior numero de votos. §2.° — No caso de vacatura da presidéncia, por morte ou qual- quer outra causa, as duas Camaras, reunidas em Congresso da Repiblica por direito préprio, procederao imediatamente eleigaio do novo Presidente, que exercera o cargo durante o resto do periodo presidencial do substituido. § 3.°— Fnquanto sc no realizar a eleigdo # que se refere 0 pardgrafo anterior, ou quando, por qualquer motivo, houver impe- dimento transitério do exercicio das fungées presidenciais, os Ministros ficardo conjuntamente investidos na plenitude do Poder Executivo, ARTIGO 39.2 S6 pode ser cleito Presidente da Republica o cidado portu- guts, maior de 35 anos, no pleno gozo dos direitos civis ¢ politicos, e que no tenha tide outra nacionalidade. ARTIGO 40." S&o inelegiveis para o cargo de Presidente da Repiiblica: a) As pessoas das familias que reinaram em Portugal; 5) Os parentes consanguineos ou afins em 1.° ou 2.° gra, por direito civil, do Presidente que sai do cargo, mas s6 quando & pri- meira eleigdo posterior a esta saida. AR GO 41° © Presidente eleito que for membro do Congresso perde ime- diatamente, por ¢feito da eleigo, aquela qualidade. ARTIGO 42° © Presidente é eleito por quatro anos ¢ no pode ser reeleito durante © quatriénio imediato. § tnico — O Presidente deixa o exercicio das suas fungdcs no mesmo dia em que expira o seu mandato, assumindo-as logo o éleito. ARTIGO 43° Ao tomar posse do cargo, o Presidente pronunciard, em sesstio conjunta das Camaras do Congresso, sob a presidéncia do mais velho dos presidentes, esta declaragdo de compromiss «Afirmo solenemente, pela minha honra, manter ¢ cumprir com lealdade ¢ fidelidade a Constituicio da Repiblica, observar as Icis, promover o bem geral da Nagiio, sustentar e defender a integridade ea independéncia da Patria Portuguesa». ARTIGO 44." © Presidente néo pode ausentar-se do territério nacional sem permissio do Congreso, sob pena de perder 0 cargo. ARTIGO 45° © Presidente receberé um subsidio que sera fixado antes da sua eleigfo, e nfo poderd ser alterado durante 0 periodo do seu mandato. § Gnico — Nenhuma das propriedades da Nagao, nem mesmo aquela em que funcionar a Secretaria da Presidéncia da Republica, pode ser utilizada para cémodo pessoal do Presidente ou de pessoas da sua familia. ARTIGO 46° O Presidente pode ser destitufdo pelas duas Cémaras reunidas em Congresso, mediante resoluco fundamentada ¢ aprovada par dois tergos dos seus membros ¢ que claramente consigne a destitui- eGo, ou em virtude de condenac&o por crime de responsabilidade. DAS ATRIBUIGOES DO PRESIDENTE DA REPUBLICA ARTIGO 47° Compete ao Presidente da Republica: 1.° — Nomear os Ministros de entre os cidadaos portugueses elegiveis ¢ demiti-los; 2.° — Convocar o Congreso extraordinariamente, quando assim o exija o bem da Nac&o; 3.°. - Promulgar ¢ fazer publicar as leis © resolugdes do Con- gresso, expedindo os decretos, instrugdes ¢ regulamentos adequados a boa execugdo das mesmas; 4.° — Sob proposta dos Ministros, prover todos os cargos civis e militares ¢ exonerar, suspender e demitir os respectivos funciond- rios, na conformidade das leis ¢ ficando sempre a estes ressalvado 0 recurso aos tribunais competentes; 5.0 — Representar a Nago perante o estrangeiro e dirigir a politica externa da Repiblica, sem prejuizd das atribuigées do Congresso; 6.° — Declarar, de acordo com os Ministros, ¢ por periodo nao excedente a trinta dias, o estado de sitio em qualquer ponto do territério nacional, nos casos de agressio estrangeira ou grave per- turbaco interna, nos termos dos §§ 1.°, 2.9 ¢ 3.° do n° 16.° do artigo 26.° desta Constituigo; 7.9 — Negociar tratados de comércio, de paz e de arbitragem e ajustar outras convengées internacionais, submetendo-as A ratifica- go do Congreso. § Unico — Os tratados da alianga serao submetidos ao exame do Congresso, em sessiio secreta, se assim o pedirem dois tergos dos seus membros; 8.°— Indultar e comutar penas; 9.°— Prover a tudo quanto for concernente A seguranga interna ¢ externa do Estado, na forma da Constituigdo. ARTIGO 48° As atribuigdes a que se refere o artigo antecedente serao exerci- das por intermédio dos Ministros e nos termos do astigo 49.°. DOS MINISTROS ARTIGO 49.9 Todos os actos do Presidente da Republica deverdo ser referen- dados, pelo menos, pelo Ministra competente. No o sendo, sio nulos de pleno direito, nfio paderao ter execuco € ninguém Ihes deverd obeditncia. ARTIGO 50° Os Ministros née podem acumular o exercicio doutro emprego ou fungo publica, nem ser eleitos para a Presidéncia da Republica, se nfo tiverem deixado de exercer o seu cargo seis meses antes da eleigao. § 1.°—Os membros do Congreso que accitarem o cargo de Ministro no perderdo o mandato. § 2.° — Aplicam-se aos Ministros as proibigdes e outras dispo- sigdes enumeradas no artigo 21.° e seu pardgrafo. ARIIGO 51.2 Cada Ministro é responsavel politica, civil e criminalmente pelos actos que legalizar ou praticar. Os Ministros scrio julgados, nos crimes de responsabilidade, pelos tribunais ordinérios. ARTIGO 52° Os Ministros devem comparecer nas sessées do Congresso tém sempre o direito de se fazer ouvir cm defesa dos seus actos. ARTIGO 53" De entre os Ministros, um deles, nomeado também pelo Presi- dente, sera presidente do Ministério ¢ responderé n&o s6 pelos neg6- cios de sua pasta mas também pelos de politica geral. ARTIGO 54° Nos primeiros quinze dias de Janeiro, 0 Ministro das Finangas apresentaré. a Camara dos Deputados 0 Orgamento Geral do Estado. DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE ARTIGO 55 So crimes de responsabilidade os actos do Poder Executivo ¢ seus agentes que atentarem: 1.°— Contra a existéncia politica da Nagio; 2.0 Contra a Constituigo € 0 regime republicano democratico; 3.9 Contra 0 livre exercicio dos Paderes do Estado; 4.°—- Contra 0 yozo € 0 exercicio dos direitos politicos individuais; 5.°— Contra a seguranga interna do pais; 6.9— Contra a proibidade da administraga 7.9 — Contra a guarda e 0 emprego constitucional dos dinhei- ros publicos; 8 © — Contra as leis orgamentais votadas pelo Congresso. § 1.2 —A condenagio por qualquer destes crimes implica a perda do cargo ¢ a ineapacidade para exercer fungdes pblicas. § 2°—O Presidente da Republica nfo ¢ responsavel pelos actos de administragéo dos Ministros ou seus agentes, sendo-o ape- nas pelos crimes indicados nos n.™ 1.°, 2.9, 3.9, 4.0 ¢ 5.8 deste artigo. SECGAO II PODER JUDICIAL ARTIGO 56° © Poder Judicial da Repiblica ter por rgaos um Supremo Tribunal de Justica e tribunais de primeira e segunda instancia. § unico — © Supremo Tribunal de Justica terd a sua sede em Lisboa. Os tribunais de primeira ¢ segunda inst&ncia serdo distribui- dos pelo pais, conforme as necessidades da administragdo da justica o exigirem. ARTIGO 57° Os juizes do quadro da magistratura judicial so vitalicios inamoviveis; ¢ as suas nomeagées, demissdes, suspensdes, promo- goes, transferéncias ¢ colocagées fora do quadro sero feitas nos termos da lei organica do Poder Judicial. ARTIGO 58° £ mantida a instituigo do juri. ARTIGO 592 A intervengSo do jiri serd facultativa as partes cm matéria civil e comercial, ¢ obrigatéria em matéria criminal quando ao crime caiba pena mais grave do que priso correcional e quando os delitos forem de origem ou de cardcter politico. ARTIGO 60. Os jufzes serio irresponsdveis nos seus julgamentos, salvo as excepgdes consignadas na lei. ARTIGO 61° Nenhum juiz poderd aceitar do Governo fungées remuneradas. Quando convier ao servico puiblico, 0 Governo poderd requisitar os jufzes que entender necessdrio para quaisquer comiss6es permanen- tes ou temporirias, sendo as nomeagées feitas nos termos que a respectiva lei organica determinar. ARTIGO 62° As sentengas ¢ ordens do Poder Judicial sero executadas por oficiais judicidrios privativos, aos quais as autoridades competentes ser’o obrigadas a prestar auxilio quando invocado por eles. ARTIGO 63." © Poder Judicial, desde que, nos feitos submetidos a julga- mento, qualquer das partes impugnar a validade da Iei ou dos diplo- mas emanados do Poder Exccutivo ou das corporagées com autoridade piblica, que tiverem sido invocados, apreciaré a sua legitimidade constitucional ou conformidade com a Constituigao € principios nela consagrados. ARTIGO 64° Presidente da Republica seré processado ¢ julgado nos tribu- nais comuns pelos crimes que praticar. § unico — Levado o processo até a pronéncia, o juiz comunicé- la-d ao Congresso, que, em sesso conjunta das duas CAmaras, deci- dira se 0 Presidente da Republica deve ser imediatamente julgado ou se 0 seu julgamento deve realizar-se depois de terminadas as suas fungdes. ARTIGO 65° Se algum Ministro foi processado criminalmente, levado 0 pro cesso até a promincia, o juiz comunicd-la-4 4 Camara dos Deputa~ dos, a qual decidira se 0 Ministro deve ser suspenso e se 0 processo deve seguir no intervalo das sess6es ou depois de findas as fungdes do arguido. TITULO IV DAS INSTITUICOES LOCAIS ADMINISTRATIVAS ARTIGO 66° A organizagao ¢ atribuigdes dos corpos administrativos sero reguladas por lei especial e assentardo nas bases seguintes: 1.*— O Poder Exccutivo nao tera ingeréncia na vida dos cor- pos administrativos; 2.4 — As deliberagées dos corpos administrativos poderdo ser modificadas ou anuladas pelos tribunais do contencioso quando forem ofensivas das leis e regulamentos de ordem geral; 3.8 Os poderes distritais e municipais seréo di deliberative ¢ executivo, nos termos que a lei prescrever; 4.4—Exercicio do referendum, nos termos que a lei determinar; 5.8 — Representagao das minorias nos corpos administrativos; 6.*— Autonomia financeira dos corpos administrativos, na forma que a lei determinar. dos em TITULO V DA ADMINISTRACAO DAS PROVINCIAS ULTRAMARINAS ARTIGO 67° Na administrago das provincias ultramarinas predominaré o regime da descentralizacio, com leis especiais adequadas ao estado de civilizagho de cada uma delas. TITULO VI DISPOSICOES GERAIS ARTIGO 68.9 Todos 0s portugueses, cada qual segundo as suas aptiddes, so obrigados pessoalmente ao servico militar, para sustentar a indepen- déncia e a integridade da Patria e da Constituigdo e para defendé- Jas dos seus inimigos internos ¢ externos. ARTIGO 69.9 A forca publica é essencialmente obediente ¢ nfo pode formu- lar petigdes ou representagdes colectivas, nem reunir senéo por autorizagio ou ordem da autoridade competente. Os corpos arma- dos nfo podem deliberar. ARTIGO 70° Leis especiais providenciarao acerca da organizagdo e adminis- tragdo das forcas militares de terra e mar em todo o territério da Repiblica. ARTIGO 71° Para os condenados por crimes e delitos eleitorais nfo hd indulto. Pode todavia a Camara, a propésito de cuja eleigao foram cometidos crimes ou delitos, tomar a iniciativa da concessdo de amnistia, quando a votem dois tergos dos seus membros, ¢ s6 depois de os condenados haverem cumprido metade da pena, quando esta scja a prisio, A aministia nao pode abranger as custas e selos do processo, as multas e as despesas de procuradoria, ARTIGO 72° Os crimes de responsabilidade, a que se refere o artigo 55.°, scréo definidos em lei especial. ARTIGO 73" A Repiblica Portuguesa, sem prejuizo do pactuado nos scus tratados de alianga, preconiza o principio da arbitragem como o melhor meio de dirimir as questées internacionais. ARTIGO 74° So cidadaos portugueses, para o efeito do exercicio dos di tos politicos, todos aqueles que a lei civil considere como tais. § nico — A perda e a recuperagio da qualidade de cidadio portugués so também reguladas pela lei civil. ARTIGO 752 F assegurado a todos aqueles quc, 4 data de ser promulgada esta Constituigao, se encontrem servindo no exército ¢ na armada, 0 direito & medalha militar, nos termos das respectivas leis e regulamentos. § unico — Sao mantidas as pensdes que até o presente foram concedidas aos condecorados com a Ordem da Torre e Espada. ARTIGO 76.2 E mantida a medalha 20 mérito, filantropia e generosidade, bem como a de bons servicos no Ultramar. ARTIGO 77. Anualmente, o Congresso destinaré algumas das suas sessées para tratar exclusivamente dos interesses locais ¢ reclamagées feitas ao Poder Legistativo pelos corpos administrativos, na parte em que o Estado deve intervir. ARTIGO 78° Uma lei especial fixaré 0s casos ¢ as condigées em que o Estado concederd pensdes as familias dos militares mortos no servigo da Repiblica, ou aos militares inutilizados em razio do mesmo ser- vigo, ARTIGO 79° Os diptomas concedidos por feitos cfvicos e actos militares poderao ser acompanhados de medalhas. ARTIGO 80 Continuam em vigor, enquanto ndo forem revogados ou revis- tos pelo Poder Legislativo, as leis e decretos com forga de lei até hoje existentes, e que como lei ficam valendo, no que explicita ou implicitamente nao for contrario ao sistema de governo adoptado pela Constituicdo e aos prineipios nela consagrados. ARTIGO 81° Aprovada esta Constituigio, serd logo decretada e promulgada pela Mesa da Assembleia Nacional Constituinte ¢ assinada pelos membros desta. TITULO ViT DA REVISAO CONSTITUCIONAL ARTIGO 82° A Constituigéo da Republica Portuguesa scré revista de dez em dez anos a contar da promulgagde desta, e, para esse efeito, terd poderes constituintes o Congreso cujo mandato abranger a época da revisdo. § L°— A revisio poderd ser antecipada de cinco anos se for aprovada por dois tergos dos membros do Congresso em sesso conjunta das duas Camaras. § 2.° Nao poderao ser admitidas como objecto de delibera- go propostas de revisio constitucional que nao definam precisa- mente as alteragdes projectadas, nem aquelas cujo intuito seja abolir a forma republicana do governo. DISPOSICOES TRANSITORIAS ARTIGO 83° O primeira Presidente da Repiiblica Portuguesa sera eleito em sesso especial marcada para o terceiro dia posterior Aquele em que a Constituigdo tiver sido aprovada pela Assembleia Nacional Cons- tituinte e depois de fixado o seu subsidio. A eleic&o sera por escrutinio secreto ¢ maioria absoluta dos membros da Assemblcia Nacional Constituinte com poderes verifi- cados até a véspera. Se, depois de realizado o segundo escrutinio, se verificar niio haver maioria absoluta, o terceiro escrutinio seré por maiora rela- tiva entre os dois candidatos mais votados no segundo. O primeiro mandato presidencial terminara no dia 5 de Outu- bro de 1915, § tinico — Pura esta eleigdo nao haverd a incompatibilidade a que se refere 0 artigo 50.° desta Constituigaio. ARTIGO 84° Na sesso imediata Aquela em que tiver lugar a elei sidente da Reptiblica proceder-se-A a eleigdo do Senado. § 1° — Os primeiros Senadores sero eleitos de entre os Depu- tados A Assembleia Nacional Constituinte, maiores de trinta anos. Serfo em numero de setenta e um, € os restantes membros da Assembleia Nacional Constituinte formardo a primeira Camara dos Deputados. § 2.°—A escolha dos Senadores pela Assembleia Nacional Constituinte far-se-a em quatro eleigdes: as trés primeiras por lista de vinte e um nomes e a iltima por lista de oito nomes. Nas trés primeiras listas havera representagao de todos os distritos, desde que os Deputados desses distritos estejam nas condigées do presente artigo. § 3.° — O mandato dos membros das duas Camaras assim for- madas termina quando, finda a sesso logislativa de 1914, se houver constituido 0 novo Congreso nos termos prescritos pela Cons- tituigdo. ARTIGO 852° O primeira Congresso da Republica elaborard us seguintes leis: a) Lei sobre os crimes de responsabilidade; 6) Cédigo Administrativo; ¢) Leis orginicas das provincias ultramarinas; d) Lei da organizagio judiciérias; 2) lei sobre a acumulagio de empregos piblicos; A) Lei sobre incompatibilidades politicas; g) Lei eleitoral. § nico — Paralelamente ¢ em sessdes alternadas proceder-se~a & discussio do Orgamento Geral do Estado ¢ doutras medidas urgentes. ARTIGO 86.° ‘As vagas que ocorrerem na primeira Camara dos Deputados s6 sero preenchidas se esta houver sido reduzida a menos de cento € trinta e cinco membros. ‘As vagas do primeiro Senado serao preenchidas na forma do disposto no artigo 84.° e seus pardgrafos enquanto a Camara dos Deputados tiver mais de cento ¢ trinta e cinco membros. ARTIGO 87" Quando estiver encerrado © Congresso podera o Governo tomar as medidas que julgar necessdrias ¢ urgentes para as provin- cias ultramarinas. § Gnico — Aberto o Congresso, o Governo prestara contas das medidas tomadas. Sala das sessdes da Assembleia Nacional Constituinte, em 21 de Agosto de 1911. = Anselmo Braamcamp Freire, Presidente = Bal- tazar de Almeida Teixeira, Primeiro Sectetirio = Afonso Henriques do Prado Castro e Lemos, Segundo Secretari

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