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Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas (tenha em conta

a realidade da sua escola) para se aproximarem de um modelo


de biblioteca 2.0?

Inicio esta reflexão, completamente extemporânea face ao prazo


recomendado, com dois desafios acrescidos e que desde logo aceitei:
fazer o inverso, partir dos comentários que fiz para a elaboração da
minha reflexão; fazer diferente, rever as leituras obrigatórias e reforçar
aspectos menos abordados nos comentários, o que se afigura difícil dada
a riqueza dos diálogos que se estabeleceram.
Desde logo, a pergunta que nos foi colocada refere passos, os passos da
BE que me fizeram lembrar o caminho trilhado até aqui, a este momento
de charneira, como dizem os geógrafos, em que surgem novos
caminhos, não tão lineares e calmos mas porventura bem mais
estimulantes. No meu comentário associei às mudanças actuais, a
“revolução” que significou o aparecimento das estantes abertas e de
livre acesso por contraponto a uma época em que, encerradas, se
tinham como guardiãs de tesouro inacessível numa escola só para
alguns, onde o conhecimento era imutável e hierarquicamente
transmitido e ao professor responsável pela biblioteca cumpria a
conservação e inventariação. E dizendo isto, que longo caminho foi já
percorrido e como é e se quer diferente a BE!
Para David Lee King, a transformação de uma biblioteca tradicional
numa biblioteca 2.0 opera-se segundo ondas, recordando num esquema,
os círculos concêntricos que uma pedra faz na água ao cair: da biblioteca
“tradicional” às melhorias introduzidas com os motores de busca, as
bases de dados online e do correio electrónico; da mudança de horizonte
despoletada pelas necessidades de responder às procuras actuais e
futuras aos projectos‐piloto, em que aprende acerca da biblioteca 2.0 e
começa a editar blogues; da oferta de participação ao utilizador para
além de informação ao envolvimento da comunidade: este é o objectivo,
a biblioteca e a sua comunidade local criam uma comunidade digital
através da sua sucursal digital.
O que é hoje então a BE e que desafios se colocam para que possa ser
uma BE 2.0?
A BE 2.0 será aquela que poderá potenciar a Web 2.0, vista como “um
conjunto de princípios e práticas que interligam uma rede de sítios e
serviços com os quais os utilizadores interagem e aos quais acrescentam
valor.” Assim na BE 2.0 criam-se “conexões em comunidades de
utilizadores com interesses em comum.” Para Maness (2006) quatro
princípios caracterizam a Biblioteca 2.0: centrada no utilizador pois o
utilizador participa na criação de conteúdos e serviços disponibilizados
na Web pela biblioteca; disponibilizadora de experiências multimédia,
tendo tanto as colecções como os serviços componentes vídeo, áudio e
realidade virtual; socializadora, interagindo com os utilizadores quer de
forma síncrona quer de forma assíncrona e inovadora ao serviço da
comunidade, na procura constante de inovação e acompanhando as
mudanças que ocorrem na comunidade, adaptando os seus serviços
para permitir aos utilizadores procurar, encontrar e utilizar a informação.
No meu segundo comentário introduzia a preocupação, para além de
componentes fundamentais, como a equipa formada, a gestão
sensibilizada e colaborante, os equipamentos disponíveis e operacionais,
da necessidade de um plano estratégico, de uma visão e orientação pois,
o seu papel hoje é central no que respeita às literacias da informação, no
apoio ao currículo, captação dos utilizadores que hoje são “participantes
activos na construção do conhecimento” e que se sentem confortáveis
com a tecnologia e a quem urge ensinar e preparar para um futuro em
mudança rápida e contínua. A BE 2.0 é a oportunidade que temos para
mudar o sistema educativo e ajudar a transformar a forma como se
processa o ensino-aprendizagem.
Para finalizar reforço a ideia de que ao professor bibliotecário se
pede “partilha e a colaboração são as palavras-chave, não a produção.
Não temos que inventar a roda sistematicamente, temos que, por exemplo
indexar os sítios onde a roda já foi inventada e disponibilizá-lo na nossa
Biblioteca” (Teresa Pombo in comentários). Pede-se que seja um um
profissional de excelência num redimensionamento do seu papel na
escola.
“Teacher-librarians have come along way from the time when they
were considered caretakers of the book collection. Now they are
information providers, consultants, curriculum activists, instructional
designers, instructional leaders, production specialists and most important,
teachers” (Kreiser and Horton, 1992, p. 313).
Isto mesmo me lembrava a minha coordenadora Alice Santos, (que
também por aqui anda!), que no primeiro ano em que entrei para a equipa
escreveu a seguinte dedicatória no pequeno livro que me ofereceu, A
Biblioteca de Umberto Eco,
“ Que possamos dar as mãos e abrir janelas para que outros
venham debruçar-se nelas”

Dora Pinheiro

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