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a NUPF Rai Gatto Soares ‘Qesana Sinia Dansluk Caos Alerts Foreein ation Germano Beck News Mara Henriques Rocha UPF editors Fame MK. Rising ‘CONSELHO EDITORIAL Beam Bacaltchak Giomara Beninca Eliane Lucia Colusi Genmana A. D. Sears Hage Tourinho Filho Joan Anaracy Santin Karon 0. Likia Lorena Conslter Geib Tus Aion Cimsaler Marea Antinio Montoya Mateus Flores Paulo Beker Pedra Alexandre V.Escutepuy Pires Saremba Viera Claudia Stu Org. pf Toldo Questées de Lingtiistica Universidade de Passo Fundo 2003 ers lag Asintaxe emnovasdimensées — - <| [ia ana Das Introdugao Quando se tata do ensino de gramitica ne escola sineae assume papal primerdial no ensino dasimtaeo que os potesso- 1s ter oporuunidade de mostrar aos alunos um dos fundamentos de uma lingua: a ardeulogio. Uma wsta eo dicenério nos leva a ‘campresner 0 quanto ess plate & poston. NSo 38 nos est os da linguagem, mas samisim na biologi, na engenharia mecsn- ‘xe na misica Ha biologi, por exomplo, 0 conceit do articulagio ‘assume um papel fundamental na comprecasto do funconarnento os orcs snatmios, Noses cao, aticungso 0 ponta de contata entre dois estos, B © que nos permite mer at partes do nosso ‘xepo.O cove, por exemple, um elamento articular pore ‘celia, Ele permite que dias partes importants do nosso corpo possam edguls movimento, sem a perda de cntato entre ea. 1a inguagem, 3 noo da mebiliads no & sv! cm ‘anatomi. Mls podem rage par. o nos campo de eto als ‘pects importantes da iia de articulaio ma bolgia, Coramen- te, nfo poems nos esquecer de que oconesto de “area” ad ‘pie mavizes importantes no esto da ingungem que ni so en- ‘contrades a bing. Mas o professor pode rer id de tic ‘io dos esudos anatdmieos para enrquece una aula de gram, ‘Acs poucos ee val musrando o que tem de comum e 0 que tem de Aieente no concen de ariculago mas duxs reas de esti, Articulagao e gramatica No nosso campa de est, o eanceito do “articulagio"éempro- ‘nso na fondtien ena sintane Na fone, & utlizado para expicae © process de produ dos sons a linungen. No presente to, wi fos nos concentra ne concelta de articulagao aplicad a inte. ‘Antes de entrar no concete de “ariculao" em sinta, 6 preci so refletibrevemente sobre ns vars faces do estudo de wma ings. Fodemot observar a interacso entre os falantes para comprecnder fiversosaspectos da Kngua, como as estratéglas que ulizames para ‘convener os nosios intelocutares quando falamos ov escrevemos. Podemos obscrvar também a diferenga entre a fala de possoas do regiées diferentes do pais, ou classes Socials distnts,e intorpretar ‘esas diferengas de diversos pontos de vita, Podemos, ainda, wori= ‘er as formas de expressio, sea estudando a sua organizagio em ‘eos, bom como as tpologiastextuns, saa estudando 2s motiva es deoldgias de determinades procodimentos de expresso. Alm. {iso, podemos procurarentandor cone a signiicngo & produit afi, podemos dizar que estamos longe de esgotar as poss Dilidades do recorte no campo de estudos da lingua. Ao trazer & Jembranga algumas dessas possibilidades de estado, queromos si= thar brevemente a gramatiea nesse ample aque de posablidades ‘deestudar a lingua. A gramstica é una das éreas neste vasto campo “deestudos que procura explicara lingua. partir da sua organicidade, HS duas expresses muito importantes nesse conceit, $59 elas: "a partir” “organicidade”, ‘Vejamos primeiro @ Giima expresso, A ngua comporta uma imenso ornica. Nessa imensio, podemos concober unilades quo seartculam, formando niceos, que, por sua vez, também contraem rmlacio com outros nicleas. Aix, vamos falar disso com mais deta ‘hes. A outa expressto que destacamos daquele conceito foi “a par= tir. Dissemos que a gramética procuraexplicar a lingua 2 partir do ‘su organicHlade. O que queremos dizar é que adimens3o puramen ‘eorganica da lingua nao nos fomece todas as condi para conho- ‘cermos uina Lingus, Vamon 8 uma comparagio. Eetidar © e=quel -numano na sua organicidade,observando uricamente 05085060 sua aniculagdes. 6 muito pouco para quem pretende conkeces 0 corpo (581 humane. E conhecer © corpe humano, por su vea, 6 ada muito pouco para quem quer concer o ser humano, Ms, se earmos ape fas no compo da anstomis humana, mos razavel seguranca RAS opera com as diversas dimenstes do corpo humano: sistema digesti- ‘o,sstema nervoso, sistem Seo, ete. Tomos também rade _guranca quanto 3s prinepaisimterligacées entre esses sistemas. ‘No caso da linguagem, a coisa 6 mais complica. Aquilo que _chamariames de “estrus orginica de ums ngua” é algo precio, ‘eremos em seqigncia quea articulagao de urna unidade cam outra smuitas vezes no esté presente na estrutura,E diferente da anato- ‘mia humana, onde as articulagGes sao também de ordem orginia, Por isso, utilizamos a expressio “a partir”. O que queremos dizer & que a perspectiva segundo @ qual unidades so organizam em ni ‘lecs orgonicamente estruturados & apenas 0 panto de parida de tum estado de lingua na drea da gramatica. Enfim, queremoschogar | teze segundo a qual a cimensio orgnica na linguagem requer ‘uma iterligagso necessdra com uma outradimensio, que denomi- fhamos de dimensto enuncoriva. Aereditamos que, desea form, ‘podemos razeavelmente formular oF contorios da sea dle estado {a linguagem que denominemos de “graméuca". Adianto, no pre sente tao, veremos alguns aspectos dessas dua dimensbos Articulagao e sintaxe ‘Vejamos agora o conceit de artculagéo na nivel da sentenga Dissemos que, do ponto de vista da organicidado, lingua comport uma organizago em vnidades que se combinam entre s. A base dessa combinagio & a sentenca (também denominada de “era¢io" ‘pos gramatieas escolares). Vajamos como essa unidades se ati lam na lingua portuguesa Ha ués formas de artculagio de unidades na sentenca em os ling. A primeira forma se dé através de um elemento articslador Vojamos a exprossio: (1) Casa de madeira, Temos aqui a prepesicio “de” como ariculador entre as un- ades "casa" "madeira", que si0 dois substantivos ‘A segunda forma de ardculago se dé através da ateracia em ‘uma das unidades, Vejamos: (2) Bs cant (@) Voo! canton Nesse caso. as unidades "cantel” ¢ “cantow" so duas formas verbais do verbo “cantar. Eas sofreram alteragées na terminagio para se articular com as unidades “eu” @ "voc", que so 05 pronc- -mes correspondentes. ‘As duas formas de articulagie que acabamos de ver sto \deeceiveis no préprio plano da organicidade. Isso quer dizer quo promos localizé-las na sentenga,O primeira elemento de aticula- ‘ho (preposigio "de" uma palavrasuténoma, Por sua vez 08 ele ‘mentos de arciculogio que vimos em (2) e (3) esto pesos no corpo {do uma das unidades ariculadas, como os sufi “ei” (em "ca 11"}0 "ou" (em “eantou"). Por outro lad, a terosra forma de articulagio & mais comple- xa, justamente porque ado podemos detectar um elemento lartculador no “corpo” da sentengs. Vejamos as sentences alain (2) Bu ame Maria, (6) Hlo amou Maria 1 vimeos que asaltergies no verbo demnonstram a articulagSo| entre duas unidades. Neste caso, ata-se de auvom relagio “ame” fede eleem relagio a “amou- Mas camo podomos concaber a relagi0 ‘entre ama e "Mais" (8) mote “Maria” (57? Essas palavras, en- quanto unidades ds seatenga, também participam de tm processo de ariculagio. Diremas, em principio, que ua espe do open enc de uma unidado em relagao a outa, Normalmente, £8 digo "Eu ame, espera-so que eu diga quem amei, No exemplo (4), "Ma- Fa" est na sentenga como uma unidade necessia para “completa” ‘uma informagéo, Diriames, portato, o seguinte- 9 articungéo entre "ame" ¢ “Maria” so dd pela relagSo de dependéncia que wna nid {de contra em relagdo a outra. Como ao tinhamos uma para para (601 fazer a articulaglo, nom uma correlagio entre as das unidades ‘maradas por sufixo, ivemas de buscar un outa caminto para exp ‘caressa aticulacio. O que fizomes fol cbservarocontoido ansmiti- o pola sontenga, Bm outras palavras imagine! que lozutor ds- faa sentenga narrava ums passagem da sum vida, por exemple 6, 9 tivosse dito essa sentenga no decortur dessa narraciva sem a paivra Marla’, haveria um prejuaa na informacio, Por lao, as graméticas teaticianais denominam “Maria” de objeto, Iso significa quo 0 sonti- mento do amar esteve “direcionado” para “Maria” No entanto, a explicago cima ainda deixa a dese). Vejames: (A. Podeo gostou muito de Maria. voce? B, Mais do que isso. Eu amei A nario de aticulogso agora gantua uma outra particularidde, ‘Ali de nfo termes tum elemento articulador nem mn suo ara ‘marr a rela entre duas unidades, somente uma das unidades rican ests presenta no corpo da sontenga. Estamos nos referin {do faa do locutor (8). Espocfcamento a sua ttm sontenga. Quan do oo diz "Ba amet", potemos recuperar a outraunidade que ma- ‘tm ariclacio com 0 verbo. Trataso do substantive "Maria". Mas recuperamos esa unidade na sontenga de um outro locutor Ems ‘como ese, a gramitca sempre dove que hua elipao, ot & "Ma "a" no aparece materialmente, mas esti, no lugar do objet. Eso ovemas postular um lugar do objeto em (6), poderiamos dizer que ‘em (7) ¢ (8) tamlsém temnes 0 mesmo fenéenen? (7) Quem ama nio vé defetos, quem odeia nio vé quaidades (@) 86 quem ama conhece a Dous. Logicamente, nesses dois casos, no podemos recuperar 0 ob- Joto do verbo "amar", Justamente porque eles foram retirades de ‘uma ita com ros provérbios. numeradios, e sem nentuma re ‘clo entre eles. Poderfamos ainda falar em elipss? Pederiamos, como ‘om (6), supor a exsténcia de uma unidade a ser corretacionada 20 ‘verbo “amar”, configurando-se 0 fendmano da aniculagie? ‘Como vimos, estudar fatos da lingua observando somente 35 ‘unidades formalmente presontes na dimemio anydnica pode nos levara grandes impasces. Em razio disso, eros de operar também to com 9 dimensto enunciativa. Pretendemes mostra, com a reflex feita, que a unidade chamada “objeto”, antes de sor uma palaves, lum lugar sinttico. Se fosse apenas a palavr, quando ela no apa- ecesse, como em (6) no teriamos a unidade objeto. Mas nto fica -mos satisfetos com essa solugso justamente porque sentimes que ‘existe o lugar do objeto. embora no estejaall a palavra para ocupar fesse ugar. As condigdes de ccupagio do lugar sintético esto no nivel da enunciagée. Voltemas aos casos (6) (8), no sentido de ‘explicar melhor 0 papel da dimenséo enunciativa na sintaxe ‘0 verbo “amar” acumuloy, ne docorrer da histéria do sets uso, ‘uma meméria das enunciagdes de que fez parte. A recoréncia do uso esse verbo ao longo da histéra da lingua resultou num lugar js pre prado para abrigaro objeto. Ess lugar seria algo como urna tilha constiuida na hstéia das enunciagées do verbo. Cada vee que eri _mos uma nova sentenga eam esse verbo, a enunciago Sofre uma coergie histérica, projetandoo lugar do objeto. Na matoria das vezes, ‘le 6 ccupado prontarpente com um substan ~ camo am (4) © (5) tum pronome ou mesmo uma sentenca intra, Em outros casos, com> ‘em (6), © processo de textualizago de que faz parte @ sentence $e fencarrega de oferecer as plstas de recuperaci do objeto no texto, [esse eas, consideramos quo os locutores "A" © "B” esto num pro- ce9s0 interativ de constieuigio de textos orals. Eves textos sho 6 um referente comum entre os dois texas. Dessa forma texto do locutor “B” pode prestindir da explictagio do ebjeto, que ja foi ‘xplicitad no texto do locutor "J em (7) © (8), a enuncagSo pro ‘vorbial da sontenca 6 uma forte condicio para um uso generalizanto 0 verbo. Isto 0 sentimento do amor 6 projetado a todo aquole que ‘ama. © sujelto “quem” j6 nas indica Isso, Dessa forma, se 0 objeto tem caroceristess tao generallzantes, ele no adquire uma represen ‘aco, através de palavras,capaz de ocuparo lugar. Maso lugar exist fenquanto projego hisérica da enunciagio do verbo. nim, tlvee estajamos em condigios de explictar um pov mals 0 canceto de “arculagao” que estamos desenvolvendo. Disse- mos que hi es formas de sriculsgio entre a uniades da Kings Portuguesa. No decorrer da nossa explanacSo fomos argumentande 3 Tavor da idéia segundo a qual 8 dimensio orginica da lagu mio & (a2) _eudoom, Besse forme, poemos afimarque a articsiagionatingua& contri no conento eats uma histria das enunciages da lingua © uma atulidade do iso. A hist das enumeiagesproporcins est Diliago de lugares, e esses higores si essendiais para a configura das unidades da lingua, F quer expresso que viermos a proferr tern, nactssarinmente, dese ranizar a partis desse arcabougo de hi- ‘aes. A expliitago ou no da articlagio ete ss unidades str, de tim ado, a cero dos lagaressinctoase, do outo, a necessidades ‘consetuidas na consti da textsalidade. Agora vamos tormar mals ‘concretas esis reflexes, esbocando alums pequenss anlises. Uma breve reflexao sobre o lugar do sujeito \Vamnos analisar 0 lugar do sujelto!& uz da perspoctiva que ‘aprosentamos, Para isso, pariremos de algumas frases e toxtos em, tomo de poquenos scontecimentes normals no dia-a-dia, todos e ‘volvendo 0 verbo “esquecer (©) Quando soube do acidente, Pedro sai apressado. Pegou o ‘atroe foi dito para o pronto-socoro, Na corer, esquecet: (0 documentos em casa. (10) Bsqueci meus documentos! Fim (®), podesos Mentificar em “Pero” 0 sujlto de “sau”. Na ‘nossa perspectva (Dias, 2002 a}, 0 sujelto aciona o verbo, determi hand sua conjugacéa, dof a presenga de concordancia entre 05 {ols tormos (oujeta e verbo) na maloria das vazes em que hd 0553 ‘detorminacio,” Na dima sentenga do texto, a saber "Na correria, Sa ewe nen ee SoS eric Setters ptosis po ie o vor ean de » otaartga's verb css wo gers" sage acon es ¢ determina. Sar Se ee ieee aise ras SS eee (631 ‘esquaceu os documentos efn casa”, 0 verbo aprasenta na conjuga- {so (tareira pessoa do singular as pistas da determinacso do sujei- to. No entanta, aqui no temos 0 terme que efetiva 9 sijelo. Messe cso, 0 higar do sujita np fol ocupade na dimensio orgies. Mas vimos que a auséncia de uma unidade explicia na ardeulagao néo Invalida essa articulago. Tendo em vista a existncia do lugar sin- ‘tico, 0 processo de textualzagio de que faz parte a sentenga en carrogou-se de oforecer as pistas para que a defintude do sujito sj recuperada no texto, O sujeto 6 ia sido explicitado no inicio dda venta. Trata-se de "Pedro". 4 om (10), 0 lugar do sujeito também ni é ecupado. Mas é ‘no priprio dispositive de interlocugo que vamos conhecer a identi- ade do sujet gramatical, e nio em um texto." O sujeito aqui éa primeira pessoa do singular. represontada por eu (que, nesce caso, & 6 locutor da suntenca). Todas as gramétieas radicionais costurmam, denominar de “ocult” oujeit da sontenca(10) Alguns gramétices, ‘como Curae Cintra (1985), defendam a tese de que tamisém em (@) eeriames *sujito cculto”. De qualquer forma, essa dovomina- ‘io, bem como a descriio do fenémeno que essas gramatias apr Sentam ndo nos oferece uma compreenséo adequada do problema da nio-ocupacio do lagar do sujito, Em (11), seguir temos a ocupagi do lugar do sujeito através {o pronoms eu, determinande a conjugacio do verbo “esquecer”. (11) F se acontecesse 0 sequinte: ou esquego uma Bolsa na sala, voed pega minha bots, bre, coloca droga dentro. entro- «gana delegacia. A poliia vai me reconheoer pelos dacumen tes. O que acontece? sea ocupagio do lugar do sujeito apresenta uma caracterstica Intoressante, Noose rata aquido locutor da sentenga, Esse "eu" ape senca-se com caracterisicas de indefinigSo e equivale a “alguém", _mas cbsorve que a terminacdo verbal se submete a determinacio do sujeito que assume a ocupagio, ito 6, primeira pessoa. Vimos qe 0 Tocutor ments wma eens na qual 6 "eu" eo “voc” representa pessoa que went a experioncar a stung deserta no texto 164) on (12), pr outro lado, sssome-se a piipria emuneiogio da ‘Sentonga o cardter indefnigo do suelo, (22) Alguém esqueceu uma bos ne sala, [Nesse caso, pademes notar que 0 verbo st submnete da mesma forma a feigdo formal do sujelto que assumiu a ocupagto (erceira pessoa do singular). Quando a ocupegso do lugar do sujet ape senta tacos de indefinigio, come vines ein (11) « (12), temos a onigoes propicias para a acorréncia de entencas como (13). (43) Bsqueceram uma bolsa na sta Aqui 0 propso lugar do sujeito acionao verbo, determinando a sun conjugacio. Nesse caso, no temos as condighes de recupers ‘lo textual da dainitude do sujeito , muito menos, um termo que ‘cupe formalmente © hig - como 0 “alguém” em (12) para proj tara determinagio do verbo. A ceeelra pessoa do paral fo reserva a pela lingua no sentido de caracterizar esse fenmeno, En (14), ‘tems algo diferente, \ (14) Bsqueceu? Tome Lembratinat is um texto tipico de comercial de remédio. Este € fetiio, A ‘sentencaintorrogativa com 0 verbo “esquocer” indica que o txt & dirigidoa um interlocutor, definido come vocée que assume a deter ‘minago do verbo quanto &terminagio (equnda pessoa). Nesse caso fembora hao trago de deinituce da ccupagio, © pronome “voce” fornece a abrangéncia que se requar de umn comercial, que visa atingie ‘qualquer consumidor potencalmente afetado pela mensagem deseo comorcial. Essa abertura para a “genealizagio” que @ wood assume nessa sentonga atua frramente na aanfiguracio do meta am (05), (15) Quem esquece de onde veio esquece quem &. esse caso, a ocupagto do lugar do sujeto na senteniga “Quem ‘esquece de onde velo” se dé através de um pronome que projota 0 _mfgximo a genoralizag3o. Essa generalizagSe 6tpien dos provérbios, ‘ques invocados como verdades universas, vidas, portant, para todos e om qualquer sinsagso Entim, vimor que a ocupacio do lugardo sujsitaé condiciona a por fatoros ligados 3 definitude,& indefinigso w & generlizag5o, 165) Lugares sintaticos e ensino do portugués Pretondemes, agora, ofrocer ao professor alguns subsidies para 1 flexi om toeno do hugar do syjeto een sla de aula Para 650, © professor pode utilizar textos praduzidos pelos prépries alunos. Vie ‘mosa seguir fazer uma breve refleio sobre o sujet a partir dared ‘0 de um aluna do ansine fundamental de Campina Grande (PS)? (16) Ba fui pro sitio da minha avé com meus pais. Com muita rmelancia, mas no tomei banho de so, porque esqueceram ‘meu calgdo. Minha avé brigou comigo porque derrubei a vas- ‘soura na galinha, ‘Umexarecio de andlise deste texan poderia comerar plas formas verbais de primeira pessoa, uma vez que essa 6 uma narraiva em que ‘narrador conta tum epissdlo de sua propia vida. Destaquemos esses verbos! “fui, “com”, “wom, “derrubei”, Das quatro formas, apenas primeira tem o lugar do sujet ocupado ("Bu fu"), justamente porque axqola que inci 0 texto, F nese cso, & comm que 0 personage ‘da rarrativaqparega destacado, Nas outres ocoeréocins, ni ha cca ‘odo lugar do sujet, nem hi necessidade de recuperarmosa defnitude lose sueito no inicio do tera, Into & eu sti que os agers de eto “derruboi" podem sor ecupados por "eu", justa- ‘mente porque a forma verbal de primeira pessoal do singular 6 aceita fesse pronome como sjeito, Uma boa estranégia para leva alino fxar melhor essa questo seria tocar personagens nessa narrative, depois, veriicar se area desonvolvida acima se mantém. Vejamas ‘agra ima versdo do mesmo texto, com uma mudanga de parsonage. (162) Pedro foi pro sito da minha a6 com meus pais. Coment ‘muita melancia, mas ne tomou banho de ro, porque esque Sept Cone mutacin er ma nan, One 1871 ‘A modincagto que flaemos fol a roca da “meus pais” por “duos “amigas da turma a primeira sentenca, Pederfamos adoear a mesma forma de anilise edizer que, stand a forma verbal “esqueceramy” terceia pessoa do plural, triamos “duas amigas da turma’ como pos- sioelscandidatasasujeito de “esquocoram”. Ora, se nos ativermos apo ‘as £0 plano da organicidade, isto 6, 20 nivel formal, morfologico, a endlise padera perar por aqui, deixando em aberta 9s possibliiades ossveis no nivel formal. Mas defendemes a ida segundo qual ae ectos da intorpretaco do texto so fundamentais para avancarmos nt anilisesintitica, Dessa maneira, vamos afistar* a possbilidade do equeceram” ter coma sujeito “duas amigas da turma”. Com eft, 0 tesa no dé nentsuma pista de que as dass amigas setiam respons vels por levar oealgioe que urkam se esquocid dessa responsabilid de, Dassa manors, provavedmente, temas wm caso no qual no i ceupagio do lugar. O lugar do suet da forma verbal "esqucceran ora absorvido pola indeinigso. Consideragées finais "Esporamos ter mostrado, no percurso dessa rex, que ocon- ‘xt de ariculagio pode ser mais bem aproveitade no ensino da gr ritica. Quando nos concontramos nesse canceite, somes lovados 9 ampli leque de observacio da lingua. Quando concebemos a gra _mstica no s6 a partir da dimensio orgnica, mas também da dimen ‘so enunciativa, chegamos ao concete de "lugar sineético”, Esperamos ter mostrado que esse cmexto nos permite sar das afiemagies dispar- sas sobre a lingua, que caacterizam as gramticas de lina tadional (0 concrito de “higne” tomavso a base para o tratamentn das fungées, Sinvéticas, permitinds uma explieagio integrada para os fenémenos ‘ramatiais. Finalmente, uina dae vantagens da ampliagio das pers Pectivas de compreenso da lingua através da gramética€ a aproxima- ‘io entre os estos gramaticals @ os estudos do texto. Acreditamas {quo isso pode ausliar em muito a compreensio dos fendmenos gram ‘is nas escolas de nivel fundarnental e medio, 1 Hse ann iat tent pa rt agen ‘tu scan apr fn ropa pare epeacs Seas (681 Referéncias DENVENISTE, Emile, Os niveis da andlise lingistica, In; ___ Pro- lamas de linguistien gora. Sio Paso: NacionalAISP, 1076p 127~ 140. CONTA, Gelso; CINTRA, L. Nova gramitica do poreugués conten ‘porines, fie de Janeiro: Nova Frontera, 1985, DIAS, Luiz F Gramstica« ensino do portugues: abrinde horizoates, In: MOURA, D, (Org), Lingua e ensino: dimensbes hecorogéneas. Macei6: Edufal, 2000. p. 21-28, 0 fata lingtistico @ a constituigso de um saber de entremeio, Tm ROSING, TMK; BECKER, P. (Org). Jornada liordriae do Passo undo: 20 anos de histéria ~ Ensaies. Passo Fundo: UPF/Edelira, 2001. p. 191-198, . _ (2). 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