You are on page 1of 16
a 4 NOTAS A RESPEITO DA F DE SIMBOLOS —ASAO A compreensiio e interpretagéio do simbolismo inconscien- te 6 uma das principais ferramentas do psicanalista. Muitas ve- zes ele se defronta com a tarefa de compreender e reconhecer © significado nado de um simbolo em especial mas de todo o processo de formacio de simbolos. Isto se aplica especialmente ao trabalho com pacientes que demonstram uma perturbacdo ou jnibigéo na formagdo ou no uso livre de simbolos, como por exemplo, pacientes psicéticos_ou esquizdides. Seguem-se dois exemplos muito elementares. O paciente A era um esquizofrénico em um hospital psiquidtrico. Certa vez seu médico Ihe perguntou porque deixara de tocar o violino desde sua doenga. Ele retrucou ‘com certa violéncia. “Por que? Vocé acha que eu iria masturbar-me em ptiblico?” Outro paciente, B, sonhou certa noite que ele e uma mo- ga estavam tocando um dueto de violinos. Teve associagdes com usar as m4os, masturbar, etc., das quais surgiu com clareza que o violino representava seus genitais ¢ que tocar o violino representava uma fantasia masturbatoria da relacio com a moga. Aqui temos dois pacientes que aparentemente utilizam os ino representando mesma. situagdo: o violit © genital masculino, e tocar 0 violino representando a nae bagaio. O modo pelo qual os simbolos funcionam, condo, i jolit -se tio comple! bem diferente. Para A, © violino tornara-se t20 p ; : , que tornou-se impossivel equacionado, com seu érgdo genital ave i : tocd-lo em publico. para B, tocar 0 violino em sua vida des: mesmos simbolos na a 77 pera cra uma sublimaga y Importan principal diferenga entre eles € que para A o significado sim- holico do violing era consciente, para B inconsciente, Nao pen- so, porem, que esta era a diferenga mais Impostante entre os doin pacientes, No caso de B, 0 filo do significado do sonho formarse completamente consciente de modo algun impediu-o a A, por outro lado, havi MuUitOs sim de usar seu violing, Pi Me da mesmi forma em que bolos operando em seu inconsci © Violino era uuilizado a nivel conscien Outro exemplo vem de um paciente esquizofrénico em Nas primeiras semanas de sua ani » enrubescendo e dando risadinhas, € du- falar comipo, Subseqiientemen- ise, una situagdo analitic 7 veio para uma se rante a sessio toda nio ousayv te descobrimos que antes desta hora estivera freqiientando uma classe de terapia ocupacional onde fez um banquinho (stool) de pano, que trouxera consigo, A razao para o seu siléncio, scu enrubescimento e suas risadinhas era que no consepuis falar a respeito disso comigo, Para ele, 0 banquinho no qua estivera trabalhando, a palavra stool que teria que usar em conexdo com ele, © as fezes (stool) que expelia no banheiro cram tao completamente sentidas como uma € mesina coisa que cra incapaz de falar-me a respeito, (N.T. Fin inglés, a palavra stool significa, a0 mesmo tempo, banquinho © fezes). Sua © subseqiiente revelou que esta equagio dos trés stools, , era, nessa Epoca, completamente 1 era que estava siente € des- ané a palavra, a cadcira € as fer inconsciente, Tudo de que tinha conscién cavergonhado € niio podia falar comigo, (Este crito detalhadamente no capitulo 8.) A principal diferenga entre a manei ¢ 0 Stfundo paciente Violino Mor-penieatiasculino nao era que em um dos ci cfa-conscrenite € ile, may que no primero caso era GEM de-como~ sendo—o 6rp.A0 penital, ¢ no segundo, como representando-o, De acordo com a definigao de bern violino de A, 0 esquizofrénico, seria considerado um como o & no sonho de B. May nao sera um simbolo na vida desperta de B, na qual era usado como sublim pela qual_o primeiro Como simbolo do Or, bso simbolo puto incon Jones (1916), 0 simbolo, Gao. 73 ~~ ac rrers _Em seu artigo, Jones (1916) diferenc mo inconsciente € outras formas de apresentava as seguintes decl simbolismo inconsciente: it java entre simbolis- Tepresentacio indire! e arage C! i SOLS a espeito do verdadeiro Gu e todo o processo de simbolizagao € realizado in- conscientemente. (ii) Todos os simbolos representam idéias do eu (self) das relagGes sanguineas imediatas e dos fendmenos do nas- cimento, vida e morte. (iii) Um simbolo tem um significado constante. Muitos simbolos podem ser usados para representar a mesma idéia reprimida, mas um dado simbolo tem um significado cons- tante que é universal. (iv) O simbolismo surge como resultado de conflito in- trapsfquico entre as “tendéncias repressoras e 0 reprimi- do”. Ainda: “Somente o que é reprimido é simbolizado; somente o que é reprimido necessita ser simbolizado.” | (i) Um simbolo representa o que foi reprimido da cons Jones distinguiu ainda entre a sublimacao ¢ a simboliza- i | cdo. “Simbolos”, disse ele, “surgem quando 0 afeto que investe | a idéia simbolizada nao se mostrou capaz, no que se refere ao cacgdo na qualidade que é denotada simbolo, daquela modi ; pelo termo sublimacao. / | Resumindo 0 ponto de vista de Jones, poderiamos dizer | a | lesejo deve ser _abandonado por causa do con- ele pode je modo simbolico, € bandonado pode ser que quando um d flito e € reprimido, ele pode se expressar d 6 objeto do desejo que foi forgado a ser al substituido por um simbolo. "Mais trabalho analitico, e em ¢s| nilise do quedo com criangas pequenas, confirmou completa ns a pontos principais da formulagio de Jones. Os a ean resses e impulsos da crianga se dirigem para os aise exis pais e para o seu proprio; € sfio estes _objetos ei Pe inte tindo no inconsciente que fazem surgir ero ae Jones resses pela via da simbolizagao. Todavia 4 Ceeeublanee cedo de que os simbolos se formam quando nao ha pecial a analise do brin- 719 ‘a desavengas. De fato, Tones, assim como Freud, es. nuitos artigos interessantes ana’ isando © contetido da creveu. No seu artigo de 1923 sobre a andlise de ey ein nfo concordou com este ponto de vista da relagho entre simbolizagtio ¢ sublimagho, Ela tentou mostrar da cri — uma _atividade sublimada — ¢ uma Spt inka Se var «Sess consideré-lo uma questio de terminologia ¢ ‘aceitar o ponto de vista de Jones de que deverfamos chamar de simbolos apenas aqueles substitutos que tomam o lugar do ‘objeto sem qualquer mudanga de afeto. Por outro lado, hé vantagens imensas no estender a definic&io para cobrir simbo- Jos utilizados na sublimagio. Em primeiro lugar a definicio mais ampla corresponde melhor ao uso lingufstico comum. O conceito de Jones exclui a maioria do que é chamado de “sim- bolo” em outras ciéncias ¢ na linguagem corriqueira. Em se- gundo Sugar, ¢ eu irei elaborar este ponto mais adiante, parece aver um desenvolvimento continuo dos simbolos primitivos descritos por Jones até os simbolos utilizados na auto-expres- sho, comunicagiio, descoberta e criagio. Em terceiro lugar, ¢ dificil estabelecer uma conexio entre os desejos muito primiti- vos € processos na mente ¢ 0 desenvolvimento ulterior do in- dividuo a nfo ser que se aceite 0 conceito mais amplo de simbo- lismo. Do ponto de vista analftico, o interesse_da_crianca pelo undo 9 é determinado por uma série de deslocamentos x § mais primitivos a outros omo poderia ser efetuado Em 1930, Melanie Klein levantou o problema da inibicio na formagiio dos simbolos. Ela descreveu um menino de qua- tro anos, Dick, autista, que nfo conseguia falar nem brincar; ele niio demonstrou afeto ou ansiedade e nio se interessave P& Jas coisas que estavam A sua volta, exceto trincos de porta, est ges ¢ trens, que pareciam fasciné-lo, A anilise revelou que & erianga estava petrificada pelo medo de sua agressio em rela- corpo da mile, e do proprio corpo da mie, porque sen go a0 ones ee mau em fungio de seus ataques a ele, 9 da intensidade de suas ansiedades, ele 80 erigira defesas poderosas contra suas f, Resultou uma paralisia de sua vida aramns & Tespelto dela, dos simbolos. Ele nao dotara o manaa pores formagio quer_ sign ficado Fsimbélico¥stporiania sve © cercava de qual- ele. Melanie Klein chegou a conclusaio de ee ee = = que se i i: Sio_ndo_se_processa,_.todo_o. desenvolvimento do. ego solv uma parada, | 10..do._ego_ sofre Se aceitarmos este i i ponto de vista, c i cessos de simbolizagéo requerem um a Sea Lite dadoso. Para comegar, parece-me util, ane SH ae 4 © eaes > lorris (1938 ea a simbolizagao como uma relacao entre trés oneal isto é, uma relacao entre a coisa simbolizada, a coisa funcio- nando como simbolo, e uma pessoa para a qual um representa © outro, Em termos psicolégicos, 0 | simbolismo seria uma rela- ¢4o entre 0 €£0, 2 objeto e o simbolo. “A formagio_de simbolos ¢ uma_atividade. do_ ego tentan- do lidar com _as_ansiedades “mobilizadas pela sua relagdo com o objeto e é gerada_ ‘primordialmente pelo medo dos objetos 1S edo da perda ou jnacessibilidade dos objetos bons. Perturbagoes na relagaéo do ego com os objetos se refletem em perturbacoes na formagao de simbolos. Em particular, pertur- bagées na diferenciag&o entre 0 egoe 0 objeto conduzem a per- turbagdes na diferenciacg&éo entre 0 simbolo ¢ 0 objeto simbo- lizado e portanto ao pensamento _concreto caracteristico das . Pensamento psicoses. “A formagao de simbo te tao cedo quanto as relat fung&o com as alteragdes € os objetos. Nao apenas © préprio modo pelo qual os si Ss Paeen price exatamente O estado de desenvolviment f ego € seu modo de lidar com os objetos. Se © sda JO visto como uma relacao entre trés termos, OS roblemas 38 an magio_de_simbolos s devem ser sempre examinados 259° °™ seusobjeto® titudes basicas los comega muito cedo, provavelmen- goes objetais, mas muda de cardter € no carater das relagdes entre 0 £0 contetido real do simbolo mas 0 {mbolos se formam © sdo ea 9 do da relagao_do_¢go. com _ oan ‘entarei descrever rapidamente algu! do com seus objetos ¢ ° modo pelo qual, segumt la formaga0 le do ego para e fi penso, OS objetos influenciam 0S processos Bi simbolos ¢ © funcionamento do simbolismo, Minha descrigi, aqui, se fun amenta nos conccitos Kleinianos das posi Oes para. aa we moe € depressiv De acordo com Melanie Klein, ido desenvolvimento se divide em duas fases, 4 9 do grupo de doencas ee a posterior 0 das manfaco-depressivas, Na a etapa oral ’ primeira constituinds 0 ponto de fixa esquizofteni / ico descrigdo, que necessariamente sera muito esquemitica, min . . selecionarei apenas aqueles pontos que sao diretamente relevan- tes ao problema da formagao de simbolos. As principais caracteristicas das primeiras relagdes objetais do bebé sao as seguintes. O objeto € visto como dividido num idealmente bom € em um totalmente mau. O alvo do ego éa uniao total com o objeto ideal ¢ aniquilagéo total do objeto mau assim como das partes més do eu (self). O pensamento onipotente predomina e 0 sentimento da realidade € intermiten- te e precirio. O conceito de auséncia praticamente nao existe. Sempre que 0 estado de unido com 0 objeto ideal nao existe, o que se vivencia nao é auséncia; o ego se sente assaltado pela contraparte do objeto bom — 0 objeto, ou objetos, mau. Esta é a época da realizagao alucinatéria de desejos, descrita por Freud, quando a mente cria objetos que entao passam a ser sentidos como disponiveis. De acordo com Melanie Klein, tam- bém é a época das alucinagdes mds quando, se as condigées ideais nao forem preenchidas, 0 objeto mau € igualmente aluci- nado e sentido como real. Um mecanismo de defesa preponderante nesta fase ¢ a identificagio projetiva, Na identificagéo projetiva, 0 sujeito, na fantasia, projeta grandes partes de si mesmo no objeto € 0 objeto passa a se identificar com as partes do eu (self) que € vivenciado como contendo, Similarmente, os objetos internos sao projetados para fora e identificados com partes do mundo externo que passam a representa-los. Estas primeiras_projesoes. ¢ identificagdes so o inicio do processo de formaviia dos. sus Estes simbolos primitivas, contudo, niio_sio sentides. pelo €g0 como simbolos cu suhstitutos, mas, “como_o proprio objet? original, So tao diferentes dos simbolos formados mais tarde que acho que merecem um nome préprio. No capitulo 8, si 82 giro 0 termo equacdo, Esta mais da palavra simbolo a equasdo_simbélica, um eamarneed de alterdla aqui para sentido um tanto diverso, ace por Klein (1930) num A equacdo simbdlica ent; ji on no mundo interno e externo &, segunda cena € 0 simbolo mento concreto do esquizofrénico; substitutes base do pensa- originais, ou partes do eu (self), podem ser tilised mts livremente mas, como nos dois exemplos de pacientes mane frénicos que citei, praticamente nao sao diferentes aeEea original. Estes substitutos so. sentidos e tratados como se fos. sem_idénticos a ele. Esta nao-diferenciagao entre a coisa_sim- bolizada eo simbolo € parte da perturbagdo da relacdo entre 0 e jeto. Partes do ego e dos objetos internos so pro- jetados no objeto e identificados com ele. A diferenciagio en- tre o eu (self) e 0 objeto fica obscurecida. Entdo, j4 que uma parte do_ego € confundida com o objeto, o simbolo — que.é uma criagao € | ima fungao do ego — torna-se, por sua vez, con- fandido_com_o objeto que é simbolizado. Quando tais equacdes simbélicas sao formadas em relagéo aos objetos maus, é feita uma tentativa de lidar com elas como © fora com o objeto original, isto é, mediante aniquilacao total e escotomizacao. Na discussio de Melanie Klein (1930), pare- cia que Dick nao formara relagdes simbdlicas com o mundo externo. O artigo foi escrito bem no inicio da andlise de Dick, e sou Jevada a especular, com base na minha propria experién- cia com esquizofrénicos, se, subseqientemente, nao se verifi- cou que Dick formara numerosas equagdes simbélicas com © mundo externo. Se for assim, estas teriam carregado a ansie- dade total vivenciada em relag&o ao objeto original persecuto- rio ou produtor de culpa: 0 corpo da mae de Dick, de modo que ele se sentia obrigado a lidar com elas pela aniquilacao, isto é, pela retirada total de interesses. A medida em que su tos lise progrediu e ele comecou a demonstrar interesse ae ages objetos do consultério, Dick parecia ter formado at es de simbélicas. Por exemplo, quando viu certos restos aa ae idpis lapis ele disse, “Pobre Mrs. Klein”. Para ele as po cram Mrs. Klein cortada em pedacinhos. 83 Este foi o caso na andlise de meu paciente Edward (veja itulo 8). Em certa etapa da andlise tinha havido uma cert capi de formacio simbélica na base de uma equacio simbilica goer odo que alguma ansiedade foi deslocada da pessoa de Boat analista, sentida como um objeto interno mau, para substitutos no mundo externo. Depois ele lidou com os numerosos perse- guidores do mundo externo mediante escotomizacao. Esta fase de sua andlise, que durou varios meses, foi caracterizada por um empobrecimento extremo de seus interesses no mundo ex- terno, Neste ponto seu yocabuldrio também se tornou muito pobre. Proibia-se 0 uso de muitas palavras, 0 mesmo fazendo comigo, palavras que ele sentia terem o poder de produzirem alucinagGes e que portanto deviam ser abolidas. Isto é surpre- endentemente similar ao comportamento de uma tribo paraguaia, os Abipones, que nao podem tolerar palavras que os fagam lembrar dos mortos. Quando um membro da tribo morre, todas as palavras que tem alguma afinidade com os nomes do fale- cido sio imediatamente retiradas do vocabuldrio. Em conse- qiiéncia, sua lingua é extremamente dificil de aprender, por es- tar cheia de bloqueios e neologismos que substituem as pala- vras proibidas (Fraser 1922). © desenvolvimento do ego e as mudangas na relagao do ego com seus objetos séo gradativas. Também € gradual a mu- danga dos simbolos primitivos, que eu denominei equagdes simbélicas, para os simbolos completamente formados durante a posicfo depressiva. E apenas para fins de clareza que eu faco aqui uma distinco muito nitida entre as relagdes do ego nas posices parandide-esquiz6ide e depressiva, respectivamente, 0 mma distingdo igualmente nitida entre as equacdes simbélicas Pera que so formados durante e depois da posisé ca prnctnat ae eesiste depressiva foi alcancada, a caracteristt- um objeto total, pam objetais é que 0 objeto é sentido com Percepcao da diterenciaete span a 14 um gra 10. Ao ns tmp ae Separate 0299 © oie a ambivalencia € sentida de ol jeto é reconhecido como um torte fase_est4 Iutando com sua amen Oeg0 nese ma Som sua_ambivaléncia, Sua relagao com © 84 objeto caracteriza-se pela culpa, medo da real da perda e luto, e um anseio por soos Ou experigncia mesmo tempo, OS processos de introjecdo se te ° objeto. Ao nunciados do que os de projecio, ate are mais pro- de reter 0 objeto dentro de si, assim como 0 eee © anseio z r, Acallobjeto: Testau- . mto normal, depois de repetidas experién- cias de perda, recuperacio, e re-criagio, estabelece-se se, mente um objeto bom dentro do ego. A medida que o ue. desenvolve e se integra, estas mudancas em relagdo ao objeto afetam fundamentalmente 0 sentido de realidade do ego. Com uma consciéncia crescente da ambivaléncia, a diminuigio da intensidade_d: ‘projegdo_e_a crescente diferenciagdo entre o eu (self) ¢.0 objeto, ha um crescente sentimento da realidade, tan- to interna como externa. “O mundo interno se torna diferenciado “ do mundo externo. O pensamento onipotente, caracteristico da fase anterior, gradualmente dd lugar a um pensamento mais realista. Simultaneamente, e como parte do mesmo processo, hd uma rerta modificagao dos_objetivos_instintuais primarios. Mais cedo, o alvo era possuir 0 objeto totalmente se* fosse sentido como bom ou aniquild-lo totalmente se fosse sentido co- mo mau. Com o reconhecimento de que os objetos bom e mau sfo um s6, estes alvos instintivos sio ambos modificados gra- dualmente. O ego passa a se preocupar cada vez mais no salvar © objeto de sua propria agressao e possessividade. E isto_im- plica um certo grau_de_inibicdo dos alvos instintuais diretos, “tanto agressivos como libidinais. Esta situagdo “é um estimulo poderoso_para_a_ criagao_de simbolos-€ os simbolos adquirem_novas _ fungoes_que_alteram Q seu_carater, O_simbolo é necessario para _deslocar a2 ressi- vidade do objeto original e, desta forma, diminuir_@ culpa eo. miedo da perda. © alvo do deslocamento € salvar_o-objeta,c-a- ie enor_do_.que.a Gulpavivenciada em_selagio_a_sle_é_muilo—me peice Tesultante do ataque a objeto_original. Desta one eae bolo aqui nao € equiv: nte ao objeto original. Os sit também sao criados no_mundo_in rno_ como pelo. ri 19 um_melo_‘ le res-_ sera en } faurar; re-criar, recapturar € possult novamenté_0., dee ee nn cence me 85 nal, Mas, de acordo com o sentimento crescente de realidade, des sio agora sentidos como criados pelo ego € portanto nunca > completamente equacionados com’ 0 objeto original, Ereud (1923) postula que uma” modificagao dos” alvos instintuais € a condigao basica da sublimagéo. No meu ponto de vista, a formaga igo depressiva exige cdo dos simbolos na pos alguma inibigdo dos alvos instintivos diretos em relagao ao obje- to original € assim os simbolos se tornam disponiveis para a sublimacio. Os simbolos, criados internamente, podem entao ser reprojetados no mundo externo, dotando-o de significado simbslico, A capacidade de vivenciar a perda e o desejo de re-criar 0 objeto dentro de si mesmo da ao individuo a liberdade incons- ciente no uso de simbolos. E, como o simbolo € reconhecido como uma criagéo do sujeito, diversamente da equacao sim- bolica, pode ser usado livremente pelo sujeito. Quando um substituto no mundo externo € utilizado como um simboloy ele pode ser usado mais livremente do que o objeto original ja que ele nao se identifica completamente com © mesmo. Mas, na medida em que se distingue do objeto origi- nal, o simbolo também € reconhecido como um objeto em si mesmo. As propriedades do_simbolo_sao_reconhecidas,. respei- tadas e usadas porque nao existe nenhuma confusdo com o objeto original que ofusque_as_caracteristicas_do_novo objeto usado_como simbolo. ~ Em uma anilise, podemos algumas vezes seguir, de modo claro, as mudangas nas relagdes simbolicas na atitude do pacien- te para com suas fezes. No nivel esquizdide, 0 paciente espera que suas fezes sejam o seio ideal. Se ele nao puder manter esta idealizagio, suas fezes se tornam persecutérias; sio expulsas como um seio mordido, destruido e persecutério. Se o paciente tenta simbolizar suas fezes no mundo externo, os simbolos no mundo externo sdo sentidos como fezes-perseguidores. Nenhu- ma sublimagdo das atividades anais pode ocorrer nestas con- digdes. No nivel depressivo, a sensagao € que o seio introjetado foi destruido pelo ego e pode ser re-criado pelo ego. As fezes podem ent&o ser sentidas como algo criado pelo ego a partir 86 do objeto ¢ podem ser avaliadas fi ao mesmo tempo como o produto bor, ia simbolo do seio e Eater la propria criatividade Quando esta relagio simb6lica com as fezes produtos do corpo foi estabelecida, pode ocorrer una p wane para substancias no mundo externo tais como tinta ar an que entio podem ser usadas para sublima an Quando este estigio do desenvolvimenio foi alcancad cle, estagio, naturalmente, nio_é irreversivel. Se as ansiedades forem fortes demais, pode ocorrer uma regressiio a posi 0 parandide-esquizdide em qualquer etapa do desenvolvimento do individuo ¢ cle pode recorrer a identificagio projetiva como defesa contra a ansicdade. Entdo os simbolos que foram cons- trufdos ¢ que estavam funcionando como simbolos na sublima- gio, revertem a equagées simbdlicas concretas. Isto se deve principalmente ao fato de que na identificagio projetiva ma ) lC., ga, 0 ego novamente sce confunde com 0 objeto; 0 simbolo se confunde com a coisa simbolizada ¢ portanto se tansforma em uma equaciio. No exemplo do paciente esquizofrénico A citado no ini io 4 estabele- deste artigo, houve um colapso de uma sublima cida. Antes do seu colapso esquizofrénico, 0 violino estivera do como simbolo e usado para fins de sublimagio. funcionan ‘oncretamente Somente na época da sua doenga ele se tornara c equacionado ao pénis. Palavras que se tinham desenvolvido numa fase em que 0 cgo estivera relativamente amadurecido se tornaram equacionadas com os objetos que deveriam repre- m vivenciadas como objetos concretos quando a sulta a confusdo entre Os sim- nesmo o pensamento, sentar e fora: idenuificagdo projetiva ocorreu. Res bolos criados pelo ego, a palavra, ou até m € 0 objeto que deveriam simbolizar. Gostaria de, neste ponto, resumi "Os termos “equagao simbolica” € “simbolo” as condicées nas quais surgem. Na equagao simbél a, © tuto-simbélico & sentido ser o objeto original. As proprias pro- priedades do substituto nfo sio reconhecidas ou aceitas. A equacdo simbélica é usada para negar a auséncia ir Oo que quero dizer com respectivamente, € ica, © substi- ideal ou para controlar um objeto persecutério. Pertence as etapas mais primitivas do desenvolvimento. O simbolo propriamente dito, disponivel para & sublimacao. ii Jindo o desenvolvimento do ego, € sentido representar 6 objet sio reconhecidas, respei- j i acteristic © objeto; suas proprias car ! ante usadas, O simbolo surge quando os sentimentos depres- sivos predominam sobre os parandide-esquizdides, quando a se- paragio do objeto, a ambivaléncia, a culpa ¢ a perda podem ser toleradas ¢ vivenciadas. O simbolo € usado no para negar a perda mas para sobrepujé-la. Quando 0 mecanismo de identi- ficagdo projetiva é usado como defesa contra as ansiedades de- pressivas, Os simbolos jé formados e que funcionam como sim- bolos podem reverter a equagdes simbélicas. A formacao de simbolos governa a capacidade de comuni- cacao, jf que toda a comunicacao se faz mediante simbolos. Quando ocorrem perturbagoes esquizéides nas relagdes objetais, a capacidade de comunicagéo é similarmente perturbada: pri- meiro porque a diferenciagdo entre 0 sujeito ¢ o objeto se des- faz; segundo, porque os meios de comunicacgdo estao ausentes ja que os simbolos sao sentidos de modo concreto € portanto nao estéo disponiveis para fins de comunicagaéo. Uma das difi- culdades sempre recorrentes na andlise de pacientes psicdticos é esta dificuldade de comunicagéo. As palavras, por exemplo, quer as do analista quer as do paciente, sfo sentidas como sen- do objetos ou agdes, e nao podem ser usadas facilmente para fins de comunicagao. Os simbolos sao necessdrios nao somente para a comunica- ¢4o com o mundo externo, mas também na comunicagio inter- na. Na realidade, poder-se-ia perguntar 0 que significa quando falamos das pessoas estarem em contato com seu inconsciente. Nao € que tenham conscientemente fantasias primitivas, como @s que se tornam evidentes em suas andlises, mas apenas que tém alguma consciéncia de seus préprios impulsos e sentimen- tos. Nao obstante, acho que queremos dizer algo mais; 0 que queremos explicitar € que elas t8m comunicagao real com suas fantasias inconscientes. E isto, como qualquer outra forma de comunica¢ao, 86 pode ser feito com a ajuda de simbolos. De modo que nas pessoas que “estao em contato consigo_mesmas” 88 h& uma formagio constante e livre quais clas podem estar Conscientes € em controle simbélicas das fantasias Primitivas subjacentes de lidar com pacientes esquizofrénicos ¢ esquizéi apenas no seu recess em se comunicar conosco mente no seu fracasso em se comunicar Censigo mesmos, Qi quer parte de seu ego pode estar expelida de outra arte ual~ quer sem nenhuma comunicagio disponivel entre as partes qual- A capacidade de comunicar-se Consigo mesmo usando sim- polos é, acho eu, a base do pensamente verbal. Esta € a capaci- dade de se comunicar consigo mesmo por meio de palavras, Nem toda comunicagao interna € pensamento verbal, mas todo pensamento verbal € uma comunicacio interna por meio de simbolos — palavras. Um aspecto importante da comunicagao interna é a inte- gracdo de desejos, ansiedades ¢ fantasias anteriores em etapas subseqiientes do desenvolvimento mediante a simbolizagao. Por exemplo, na fungdo genital completamente desenvolvida, todos os objetivos anteriores — anais, uretrais, orais — podem ser simbolicamente expressos e preenchidos, um ponto descrito com rara beleza no Thalassa de Ferenczi (1923). E isso me leva ao ponto final de meu artigo. Penso que uma das tarefas importantes desempenhadas pelo ego na posi- Gao depressiva é a de lidar nao apenas com as ansiedades de- pressivas, mas também com conflitos anteriores nao solucio- nados, Uma nova conquista pertencente posicéo depressiva € a capacidade de simbolizar e desta forma diminuir a ansieda- de e solucionar 0 conflito. Isto é usado para lidar com contflitos anteriores nao resolvidos simbolizando-os. Ansiedades com as quais nao se podia lidar antes por causa da extrema concretude da experiéncia com 0 objeto e com os substitutos do objeto nas equagées simbélicas, podem, gradualmente, vir a ser manejados Pelo ego mais integrado via simbolizagéo. Desta forma podem Ser integrados. Na posigdo depressiva e mais tarde, os sim ° rs Sto formados nao apenas do objeto total destruido 5 ace Caracteristico da posicaéo depressiva mas também ° io , dividido (extremamente bom e extremamente mau) ¢ a es nas do ubjeto total mas também dos objetos parciais. '8 de simbolos, Mediante os das expressées A dificuldade ides nao Teside Mas principal- 89 ™ objetais € ansiedades parandides ¢ idez das como parte do processo integrat ais das relagoes ser simboliza' depressiva. O conto de fadas € um exemplo adequado, Lida 5 C4 ba mente com a bruxa € a fada-madrinha, 0 Principe Enea... ogre mau, etc. € tem em si grande parte de contey fo ene frenico. E, contudo, um produto altamente integrado, und cao artistica que simboliza de maneira comp! : e desejos primdrios da crianga. Gostaria de ilustr. do conto de fadas mediante algum mater! adolescente esquizofrénica. Esta moga tinha estado suieita aay. cinagdes e nitidamente esquizofrénica desde a idade de tro anos. Tinha, porém, muitos aspecios depressivos ¢ havig sua vida fases de integracdo relativamente maiores. Nestas fases nas quais se sentia menos perseguida, e, como me contou, ¢ seguia vivenciar 2lgum anseio pelos pais, ela costumava ex ver contos de fadas. Nas fases ruins, as figi dos seus contos de vida se tornavam vivas e a perseguiam. Um dia, de- pois de muitas semanas de siléncio, quando ela estava ob mente alucinada de modo muito persecutério ela, de repente, se virou para mim e perguntou com muito medo, “O que sic as bruxas de Lancashire?” Eu nunca ouvira falar das bruxas de Lancashire, ela nunca as mencionara antes, mas eu sadia que ela prépria provinha de Lancashire. Depois de algumas ! pretacSes ela me contou que acs 1} anos, uma época em gui esteve livre de alucinagdes, ela escrevera um conto de fades acerca das bruxas de Lancashire. A fase de sua anilise que s¢ seguiu a esta sessdo foi muito reveladora. Descebrimos que 2s bruxas de Lancashire representavam a ela mesma e sua Mae. A situago de ansiedade foi diretamente para a primeira infincia. quando percebia a si mesma e a sua mde como devorando ums a outra ou devorando seu pai. Quando foi obtido um grau or de integragdo e ela estabeleceu uma relagdo mais realist seus pais, a situagdo anterior foi manejada pela formagie de simbolos: escrevendo 0 conto de fadas acerca das bruxes de Lancashire, Na deterioragdo subseqiiente de sua saude, a situa Gao persecutéria anterior voltou com intensidade concret mas Pod Ona pe 2 Cra. a com on de nova forma. O conto de fa cobrou vig ; . vida: Lancashire — as figuras de conto de fad. ue as bruxas de naram uma realidade externa concreta. nt (We criara, se tor. in claro como esta coneretizagio do fey aaa cn da identificagio projetiva, Ela virou-se para mim indngow a respeito das bruxas de Lancashire, Esperava que ee! a quem fossem. Na verdade, ela pensava que eu care Seen de Lancashire. Fantasiara inconscientemente que el; cado dentro de mim aquela parte sua que invent de Lancashire, e tinha perdido contato com esta parte. Ela pe deu todo senso de realidade nesta projegio e toda a lenbeans . Fi ‘ anga de que criara este simbolo, “as bruxas de Lancashire”. Seu simbolo confundiu-se comigo, um objeto externo real uma bruxa @ tinha colo- ara_as bruxas . : © assim eu me tornei para ela uma realidade concreta externa — cu me transformara em uma bruxa de Lancashire. O modo pelo qual o ego, em processo de maturagio, na elaboragio da posigdo depressiva, lida com as relagdes objetais primitivas, € de importancia primordial. Uma certa integragao e relagdes objetais totais podem ser alcangadas na posig’io depres- siva, acompanhadas da dissociacio de experiéncias anteriores do ego. Nesta situagao, existe algo isolado no ego, como uma “bol- sa” de esquizofrenia ¢ atua como uma ameaga constante es- tabilidade. No pior dos casos, ocorre um colapso mental ¢ as ansiedades anteriores e as equagées simbdlicas dissociadas inva- dem o ego. Na methor das hipsteses, € possivel que se desen- volva e funcione um ego relativamente amadurecido x trito. aS Tes- Contudo, se o ego, na posigio depressiva, for suficiente- mente forte e capaz de lidar com as ansiedades, grande parte das situagdes anteriores pode ser integrada no ego ¢ manejad: por meio da simbolizacio, enriquecendo o ego com toda a ple- tora das experiéncias anteriores. = A palavra “simbolo” vem do termo grego para poreices acasalar, integrar. O processo de formagio de simbolos é Lee ° eu, um processo continuo de juntar e integrar 0 interno & me externo, 0 sujcito com o objeto € as experiéncias anterior’ as posteriores. 91 +. O MUNDO INTERIOR E AS RELACOES DE OBJETO INTERNAS Klein empregou a expresso mundo interno a partir de 193! u-a episodicamente na Psicandlise da Crianga (por exemplo: ttt 7. C£~Connri malyse. p. 293 . . we in Rgsais de Psweht on a la thoorie de I inhibition intellectuetle”, in Essais de P.°

You might also like